Amnistia Internacional lança campanha dirigida à Apple por armazenar dados na China

A Amnistia Internacional lançou ontem uma campanha dirigida à multinacional Apple, por ter “atraiçoado” milhões de usuários chineses do serviço de armazenamento da empresa, o “iCloud”, ao torná-lo “vulnerável ao escrutínio arbitrário do Governo chinês”.

O “iCloud” na China é desde Fevereiro passado operado por uma empresa chinesa, o Guizhou-Cloud Big Data Industry (GCBD), numa mudança que implica que todos os dados que sejam armazenados naquele serviço na China – incluindo fotos, vídeos, documentos e cópias de segurança – estarão sujeitos a novos termos e condições.

A decisão foi tomada de acordo com novas regulações chinesas, que exigem que as empresas armazenem todos os dados de utilizadores chineses dentro da China.

“Ao entregar o serviço iCloud na China a uma empresa local sem garantias suficientes, as autoridades chinesas passaram a ter acesso, potencialmente sem restrições, a todos os dados no iCloud armazenados por usuários chineses”, adverte em comunicado o diretor da AI para a Ásia Oriental, Nicholas Bequelin. “A Apple sabe disso, mas não advertiu os seus clientes sobre os riscos”, acrescenta.

A organização não governamental de defesa dos direitos humanos considera que “na procura por lucros, a Apple expôs os utilizadores chineses do iCloud a enormes riscos de privacidade”.

Todos diferentes

Numa referência a um anúncio da Apple de 1984, a campanha refere que “Todos os utilizadores da Apple são iguais, mas alguns são menos iguais do que outros”.

“[O chefe executivo da Apple] Tim Cook prega a importância da privacidade, mas para os clientes chineses da Apple, estes compromissos não têm sentido”, diz Becquelin.

A AI lembra que os internautas chineses “podem ser detidos e presos simplesmente por difundir, comunicar ou aceder a informação e ideias que as autoridades não aprovam”.

A China é o terceiro maior mercado da Apple, a seguir aos Estados Unidos e Europa.

O regime chinês bloqueia ‘sites’ como o Facebook, Youtube e Google. As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão bloqueadas no país, enquanto comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’ são sujeitos ao controlo das autoridades.

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