Economia | Angela Leong pede museu do jogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong juntou-se aos membros da lista com que se candidatou às eleições legislativas, William Kuan e Arnaldo Ho, e reuniu com o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Segundo um comunicado, a deputada sugeriu a criação de um museu do jogo, para que mostrem os jogos tradicionais da China, a história do desenvolvimento do jogo em Macau e as mudanças que o sector trouxe à sociedade. Além disso, Angela Leong considera que o território deveria ter um parque temático semelhante ao “Universal Studios”, para enriquecer os recursos turísticos. A deputada lembrou ainda que existe insuficiência de terrenos e de recursos humanos.

20 Nov 2017

51º Grande Prémio de Motos de Macau – Vitória amarga

O Circuito da Guia voltou a mostrar-se este fim-de-semana impiedoso e, por mais sofisticadas e aperfeiçoadas que sejam as medidas de segurança impostas, a crueza é ainda uma característica intrínseca dos desportos motorizados

[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]lenn Irwin venceu a 51ª edição do Grande Prémio de Motos de Macau que fica marcada pelo acidente mortal do inglês Daniel Hegarty. Na quinta volta da tradicional prova de sábado à tarde, o piloto inglês, que participava pela segunda vez na prova, perdeu o controlo da sua Honda CBR1000RR na Curva dos Pescadores. A corrida foi prontamente interrompida, para prestar os primeiros socorros ao piloto da TopGun Racing, que foi rapidamente transportado para o Centro Hospitalar Conde São Januário, onde iria chegar já sem vida. A corrida não recomeçou e a cerimónia do pódio foi realizada com enorme pesar.

Para segundo plano forçosamente fica a parte desportiva do evento deste ano, onde Glenn Irwin e a sua Ducati 199RS mereciam todo o destaque. Ainda na sexta-feira o piloto da Irlanda do Norte entrou para o livro dos recordes do Grande Prémio, ao rodar em 2:23.081, um tempo que para além de lhe ter dado a pole-position, tornou-se o recorde a melhor volta ao Circuito da Guia. Irwin destronou o antigo recorde de Stuart Easton que já levava sete anos.

Apesar da ameaça de chuva que pairou sobre Macau no sábado, a corrida realizou-se como o previsto, com a pista seca e condições climatéricas  adequadas.

Irwin fez um bom arranque, defendendo-se dos vários ataques de Peter Hickman, o vencedor das duas últimas edições, e que na primeira volta ainda chegou a liderar. Enquanto Michael Rutter desceu de terceiro para quinto na partida, Martin Jessopp geria a sua corrida atrás dos dois primeiros, procurando o primeiro triunfo na corrida.

O piloto da bem afinada Ducati vermelha da Paul Bird Motorsport, que soube como tirar proveito da melhor performance dos pneus Metzeler sobre os Dunlop que equipavam os rivais das favoritas BMW, conseguiu sacudir a pressão de Hickman e já tinha conseguido uma vantagem de um segundo para o seu principal adversário nas cinco voltas realizadas e que lhe valeram o primeiro triunfo entre nós. Contudo, esta foi uma vitória sem nada para festejar.

“O que temos hoje não é uma celebração.  As corridas são irrelevantes. Esta é uma forma muito triste de ficar no topo do pódio com champanhe aberto. É um fim muito triste”, disse, em lágrimas, Irwin no final da prova.

Michael Rutter, que conseguiu ultrapassar Jessopp e Connor Cummins, completou o pódio.

Óbito | Daniel Hegarty (1986-2017)

Daniel Hegarty, de 31 anos, casado e pai de duas crianças menores, não era um dos nomes sonantes da prova, mas era um experiente piloto de corridas de estrada e uma das esperanças do motociclismo da especialidade do Reino Unido segundo a imprensa especializada.

Na sua segunda participação na prova, Hegarty qualificou-se no 15º lugar, onde rodava quando perdeu o controlo da sua mota na Curva dos Pescadores e chocou violentamente contra as barreiras de protecção.

De acordo com o comunicado da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, “o corredor britânico sucumbiu aos ferimentos quando seguia na ambulância a caminho do Hospital Conde São Januário”.

Segundo o coordenador da Comissão Organizadora, Pun Weng Kun, o piloto “sofreu ferimentos graves” e foi de imediato transportado para o hospital. A comissão contactou com a família e membros da equipa garantindo que lhes será prestada toda a assistência.

A última fatalidade no Grande Prémio de Macau de Motos tinha acontecido em 2012, quando o português Luís Carreira perdeu a vida na mesma curva na primeira sessão de qualificação.

Triste fado lusitano

André Pires, o único piloto português da “metrópole” a participar na 64ª edição do Grande Prémio de Macau, não chegou a alinhar na corrida de motos, devido a um problema na sua montada.

“Infelizmente é um dos dias mais tristes da minha carreira. Até agora nunca tive um caso de uma corrida em que eu não pudesse alinhar e sempre fizemos tudo para correr”, disse o piloto de Vila Pouca de Aguiar ao HM. “Há coisas que nos ultrapassam, sem dúvida. No warm-up tivemos uma avaria no motor e não temos como prosseguir. Ainda tentámos fazer tudo, mas não temos as peças suplentes.”

O piloto transmontano, que se qualificou no 23º lugar entre vinte e oito concorrentes, estava satisfeito com os resultados obtidos até ao problema.

“Conseguimos melhorar, até baixei cinco segundos a minha melhor volta. Estava mesmo muito perto do meu melhor tempo e de bater o meu próprio recorde”, explicou, acrescentando que, apesar dos meios limitados ao seu dispor, espera voltar em 2018: ”Espero que surja aí qualquer coisa para que no ano que vem estejamos cá com mais força.”

Quanto à Kawasaki ZX10R do Team of Portugal, essa “vai agora para Portugal, fica arrumada e para o ano vamos ver. Esta é uma mota com que corremos em Portugal. Fez a época toda sem problemas mas chegou aqui e aconteceu isto. É triste e não há explicação. Se tivéssemos um motor suplente ainda podíamos ter tentado trocar, mas não temos. Nem dinheiro, nem motor…”

20 Nov 2017

Taça da Corrida Chinesa | Assunção no primeiro degrau

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]élder Assunção deu uma grande alegria à comunidade macaense, e não só, ao vencer a Taça da Corrida Chinesa do 64ª edição do Grande Prémio de Macau.

Depois de na sexta-feira ter mostrado habilidade para rodar entre os primeiros, o piloto macaense qualificou-se no quarto lugar para a corrida de sábado de manhã. Decidido, Assunção subiu uma posição logo nos primeiros metros da prova, quando o veterano Kenneth Look perdeu o controlo do seu BAIC D50 e gerou uma carambola atrás de si, que provocou a interrupção da corrida para retirar as seis viaturas acidentadas

No recomeço, Assunção colou-se à traseira de David Zhu, que se debatia com um carro danificado e pouco cooperante, e ultrapassou o experiente piloto chinês à quarta volta. Contudo, o piloto do território dificilmente poderia ambicionar mais que um já fabuloso segundo lugar, no entanto, quando o Zhang Zhi Qiang seguia isolado na primeira posição, rumo a um triunfo fácil, a sete voltas do fim, o diferencial do BAIC D50 que partiu da pole-posiiton falhou.

Assunção herdou então a liderança na corrida e apesar de alguns problemas de pressão de óleo no carro não abrandou o ritmo, terminando com uma confortável vantagem de 11 segundos para Zhu. Num pódio em que todos os concorrentes tripularam os novos BAIC D50, Brian Lee, de Taiwan, subiu ao último degrau. O outro piloto de Macau em prova, Liu Lic Ka, arrancou de último lugar, mas levou o seu SEAT Leon ao quarto posto final.

20 Nov 2017

Corrida da Guia – Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo: O mandarim inglês

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o regresso do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo, depois de dois anos de ausência, o marroquino Mehdi Bennani e o inglês Rob Huff, ambos em Citroen, dividiram os triunfos, sendo que Huff ficou também com o título de vencedor da Corrida da Guia de 2017.

Com a vitória na segunda corrida do fim-de-semana, Huff tornou-se o piloto com mais triunfos no Circuito da Guia, tanto em duas, como em quatro rodas, desempatando assim com Michael Rutter.

A primeira corrida do WTCC foi disputada no sábado, com os três primeiros da grelha de partida – Bennani, Tom Coronel (Chevrolet) e Ryo Michigami (Honda) – a terminarem por esta ordem. A corrida de 8 voltas terminou mais cedo, quando à sexta volta, Norbert Michelisz, um dos candidatos ao título, cortou a passagem, ao despistar-se na zona do Ramal dos Mouros, causando um choque em cadeia que ir envolver também Esteban Guerrieri (Honda), Rob Huff (Chevrolet) e Tom Chilton (Citroen). Entre os candidatos ao ceptro do campeonato, Björk foi o melhor, ao terminar no quarto lugar, ao passo que o húngaro da Honda ficou ainda assim com o quinto posto.

Autor do novo recorde da pista da Corrida da Guia na qualificação de sexta-feira, Huff partiu confiante da pole-position para a corrida de ontem, tendo Michelisz ao seu lado. Isto, apesar dos mecânicos da equipa Allinkl.com Münnich Motorsport terem passado a noite a tentar recuperar o carro francês.

Com a pista bastante molhada, a corrida iniciou-se atrás do Safety-Car conduzido pelo português Bruno Correia. O piloto húngaro da Honda ainda atacou a liderança por duas ocasiões, mas a vitória de Huff nunca foi realmente beliscada, até porque o segundo lugar servia perfeitamente as aspirações de Michelisz no campeonato. A corrida foi mais interessante na luta pelo terceiro lugar do pódio, com Chilton a ultrapassar Guerrieri na última volta, na curva D. Maria, quando o argentino cometeu um erro.

Satisfação britânica

No final da corrida, Huff mostrou-se extremamente satisfeito com a vitória. O inglês agradeceu o esforço da sua equipa, salientando que “não queria ter outra época no WTCC sem ter uma vitória. Macau sempre foi bom para mim, sinto-me confortável aqui e sabia que poderia vencer, apesar de nunca ter corrido aqui à chuva.”

Sobre o recorde obtido, Huff  referiu que “ganhar nove meses no mesmo lugar é algo especial e fazê-lo em Macau, o que eu considero o mais difícil circuito do mundo, ainda mais. Acho que vai demorar algum tempo até aparecer alguém que iguale este recorde”.

Bjork terminou no quinto posto e a luta pelo título será decidida dentro de quinze dias no Qatar, tendo o piloto sueco da Volvo mais seis pontos e meio que Michelisz.

 

Missão cumprida

Sem ambições à partida, o piloto de Macau Mak Ka Lok, o único representante da RAEM nas quatro principais corridas do programa, cumpriu os seus objectivos para este fim-de-semana, qualificando-se para a corrida, mesmo tendo para isso beneficiado de uma autorização especial dos Comissários Desportivos, visto que o seu melhor tempo ficou uma décima de segundo aquém do tempo mínimo para se qualificar automaticamente. Nas duas corridas, o piloto do Lada optou por uma toada conservadora, terminando no 17º lugar em ambas as corridas.

Adeus à Guia

A corrida de ontem representou um adeus a esta geração de carros do WTCC ao Circuito da Guia. Apesar do contrato ainda não estar assinado, o Eurosport Events, o promotor do WTCC, deverá chegar a um entendimento com a WSC Ltd,  para que em 2019 o WTCC utilize os carros do TCR, vistos a competir na Corrida da Guia em 2015 e 2016.  O calendário provisório do WTCC para 2019 está igualmente por ser oficializado. Questionado pelo HM, o Eurosport Events não quis comentar sobre a possibilidade do Grande Prémio de Macau permanecer no calendário do campeonato no próximo ano.

20 Nov 2017

Taça CTM de Carros de Turismo: Glória a dobrar para os da casa

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]eong Ian Veng (Mitsubishi Evo9) venceu a Taça CTM de Carros de Turismo de Macau, na primeira vez que esta corrida foi disputada por duas classes diferentes: uma para viaturas 1600cc Turbo e outra para viaturas 1950cc ou Superior. Ao vencer a classe 1600cc Turbo, Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) voltou a subir ao lugar mais alto do pódio do Grande Prémio oito anos depois.

Numa corrida disputada na manhã de ontem, com o Circuito da Guia bastante molhado, a partida foi feita atrás do Safety-Car por razões de segurança. Veng aproveitou a maior potência do seu carro para suplantar o poleman Mitsuhiro Kinoshita (Nissan GTR R34) ainda antes da Curva do Lisboa. A corrida não teve desenvolvimentos na frente até que os dois primeiros começaram a ultrapassar os concorrentes atrasados. Quando o líder da corrida se aproximava da traseira de Lio Kin Chong (Subaru) na curva um, a duas voltas do fim, o ex-piloto de motas entrou em pião e bateu nos muros. Veng provavelmente também exagerou na travagem para evitar o carro descontrolado que estava à sua frente, entrando também ele em pião e batendo nos muros. Ao mesmo tempo, um acidente com três carros na zona da montanha bloqueou a pista e foram mostradas bandeiras vermelhas.

A corrida não recomeçou, o que significou que Veng venceu, à frente do seu adversário nipónico e do colombiano Júlio Acosta (Lotis Évora). O estreante Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi Evo9) e Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo9) foram os 12º e 14º, respectivamente, na categoria 1950cc ou Superior.

Mais intensa foi a luta pela vitória na classe 1600cc Turbo. Filipe Clemente Souza (Chevrolet Cruze) fez um bom arranque e ultrapassou o favorito Paul Poon (Peugeot RCZ), seis vezes vencedor desta corrida. Contudo, um toque na curva do Mandarim danificou o seu carro, que acabou por sucumbir à quinta volta com sobreaquecimento do motor.

Com Poon a sentir inúmeras dificuldades com o seu carro, o vencedor da Taça ACP de 1999, Jerónimo Badaraco, não se fez rogado e ultrapassou o piloto de Hong Kong à sétima volta, mantendo depois uma vantagem de segurança suficiente para vencer a categoria, para além de ter sido o nono classificado da geral. Leong Chi Kin (Mini Cooper S) completou o pódio, terminando à frente de Célio Alves Dias (Mini Cooper S) que vinha a recuperar posições e tempo para os demais.

Rui Valente (Mini Cooper S), que afirmou não ter gozado a corrida devido à falta de visibilidade, e Eurico de Jesus (Ford Fiesta) ficaram classificados mais cá para trás, com o veterano piloto português a encerrar o Top-10 da categoria.

20 Nov 2017

Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA: “Sr. Macau quem mais”

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]doardo Mortara venceu pela sexta vez no Circuito da Guia e conquistou a “SJM Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA”, uma prova que ficou marcada pelo aparatoso choque em cadeia na Corrida de Qualificação da tarde de sábado.

Numa edição em que os quatro Mercedes AMG GT3 mostraram ser os carros melhor preparados, Mortara e Maro Engel foram os mais rápidos na qualificação de sexta-feira entre os 20 participantes.

A Corrida de Qualificação, no sábado, disputou-se em condições particularmente difíceis, pois chegou a “pingar” antes da corrida, existindo zonas com óleo na pista das corridas anteriores, segundo os relatos dos pilotos. No arranque, Daniel Juncadella tocou ligeiramente nos muros, danificando a direcção do seu Mercedes que se partiu quando o espanhol tentou curvar no Ramal dos Mouros.

Com o carro alemão a bloquear o caminho e catorze carros atrás de si a alta velocidade, o resultado só poderia ser um: um choque em cadeia de proporções dantescas que rapidamente se tornou viral nas redes sociais.

A corrida iria prosseguir mais tarde com os oito carros sobreviventes. Mortara que tinha perdido a primeira posição para Engel, beneficiou dos problemas de bateria no carro do alemão para recuperar a primeira posição. O “Sr Macau” voltou a vencer, desta vez seguido pelo BMW “Art Car” de Augusto Farfus e pelo Mercedes de Raffaele Marciello que teve que usar todos os seus reflexos para evitar colidir com Juncadella.

Seis dos doze carros danificados no sábado foram recuperados para a corrida de domingo. Como a pista se encontrava molhada, os catorze concorrentes tiveram que efectuar duas voltas atrás do Safety-Car antes da partida. Na ânsia de fugir aos seus perseguidores, Mortara quase deitava tudo a perder, tocando nos muros de protecção da curva um. Felizmente o seu Mercedes não acusou o toque, já o mesmo não poderá dizer Marciello, que para roubar o segundo lugar a Farfus nos primeiros metros da prova empurrou o brasileiro, danificando o radiador do seu Mercedes, desistindo pouco depois.

Farfus foi obrigado parar nas boxes para reparar a traseira do BMW, permitindo a Robin Frinjs assumir o segundo lugar. Numa corrida que teve a presença do Safety-Car por mais duas ocasiões em pista, mantendo o pelotão bastante compacto, anulando qualquer tipo de vantagem construída por Mortara, o holandês da Audi e Maro Engel travaram um duelo aceso pelo segundo posto, que Frinjs levou a melhor. Com Mortara a cometer ligeiros erros, que não o deixaram fugir claramente rumo ao triunfo, os três primeiros classificados terminaram separados por apenas um segundo e três décimas.

“Fomos competitivos quando tínhamos que ser. Foi uma corrida com muito stress, condições de pistas mistas, onde era fácil cometer erros. Eu próprio bati na primeira curva quando queria fugir”, explicou Mortara que junta este triunfo às vitórias em Macau na Fórmula 3 em 2009 e 2010 e na Taça GT Macau de 2011 a 2013. “Esta vitória é especial, porque é a minha primeira com a Mercedes e representa também o excelente trabalho dos mecânicos”.

Mortara sucede a Laurens Vanthoor, que não correu no domingo, devido aos danos causados na célula de segurança do seu Porsche no acidente de sábado, como detentor da Taça do Mundo FIA GT. A Mercedes fica com esse titulo, no que respeita aos construtores automóveis.

Na cerimónia do pódio não se abriram as garrafas de champanhe em respeito a Daniel Hegarty.

 

Maratona de reparações

O paddock do Grande Prémio não dormiu. As equipas de GT fizeram uma maratona para reparar os seus carros e tiveram que usar todos os recursos disponíveis. A Honda foi buscar o NSX GT3 que estava em exibição na concessionária da marca na cidade para reparar o carro de Renger Van der Zande, utilizando a caixa-de-velocidade, suportes do motor, entre outras coisas, do carro de exposição. O Audi R8 de Nico Muller recebeu as peças do carro que estava numa mostra na Doca dos Pescadores. A equipa alemã HCB Rutronik Racing canibalizou o carro de Fabien Plentz para Lucas di Grassi correr, ao passo que a Craft Bamboo Racing precisou de peças do Porsche de Vanthoor para colocar o carro de Darryl O’Young a andar. A FIST Team BMW praticamente que reconstruiu um carro novo para Marco Wittmann, mantendo apenas a célula de segurança do BMW M6 GT3, tendo até o tejadilho sido obrigada a trocar.

20 Nov 2017

Macau recebeu piloto com “sangue azul” que sonha com a Fórmula 1

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]erdinand Zvonimir von Habsburgo terminou o Grande Prémio de F3 em quarto lugar, após ter cruzado a meta com três rodas. No entanto, se ainda existisse o Império Austro-Húngaro, Ferdinand estaria a estudar para ser Imperador, em vez de piloto

Entre os 22 pilotos que estiveram a competir em Macau, também houve “sangue azul”, nomeadamente ligado ao Império Autro-Húngaro. Ferdinand Zvonimir von Habsburgo é o bisneto de Carlos I da Áustria, último imperador austríaco, e esteve em Macau atrás do sonho de chegar á Fórmula 1. Uma carreira fora do comum na família, como o próprio Ferdinand Habsburgo, de 20 anos, reconheceu.

“Do lado do meu pai, que é a família com as ligações directas à Casa de Lorena, sou o primeiro a dedicar-se a uma carreira no automobilismo. Talvez algum dos meus primos tenha experimentado de forma pontual este desporto, não tenho a certeza, mas sou o primeiro a ser profissional”, disse Ferdinand Zvonimir von Habsburgo, ao HM.

Apesar do bisavô, avô e pai se terem dedicado à política, Ferdinand, que tem mais duas irmãs, acredita que a vida que escolheu não é significativamente diferente da dos seus antecessores.

“Ao meus olhos, eles tinham aquele interesse genuíno pela política. E foram bons nessa área. Quando era criança nunca tive um interesse muito forte na política, ao contrário deles, o que realmente me interessa são os desportos motorizados. E foi numa carreira desta natureza que apostei”, defendeu.

“Somos uma família muito focada no que fazemos e, quando nos dedicamos a uma actividade fazemo-lo de forma muito séria, por isso não me considero diferente dos outros Habsburgo. Só estou focado numa actividade em que eles não estavam”, acrescentou.

Paixão pela F1

Apesar de ter uma população com menos de nove milhões de habitantes, a Áustria tem dois campeões mundiais de Fórmula 1, Niki Lauda, que venceu em 1975 e 1977, e Jochen Rindt, campeão mundial 1970. Rindt é o único campeão a título póstumo, uma vez que morreu durante os treinos para o Grande Prémio de Itália, desse ano.

Enquanto Lauda, cujo pai era um importante homem de negócios, sempre teve a família contra a sua carreira, apesar de ter sido campeão mundial em duas ocasiões, o mesmo não se passou com Ferdinand.

“A minha família sempre aceitou bem este meu interesse. O facto de eu ser muito dedicado, mostrou-lhes que era algo que eu queria levar a sério. É esse o tipo de mentalidade que eles esperavam que eu tivesse. Fosse enquanto piloto de desportos motorizados ou trabalhador de uma fábrica se fosse essa a carreira que eu queria…”, apontou. “Quanto a esta última profissão não tenho tanta a certeza que me apoiassem”, admitiu o piloto de 20 anos.

“Por outro lado, eles financiam-me, por isso acho que se não me esforçasse e os resultados não aparecessem por falta de empenho que me diriam: ‘nós amamos-te, mas estás a desperdiçar o nosso dinheiro’. O que também pode acontecer com qualquer aluno que vá para a universidade”, acrescentou.

Gosto pela música

Uma conversa com Ferdinand Zvonimir von Habsburgo permite facilmente perceber que o piloto de 20 anos não tem nos seus horizontes a política. Actualmente a viver em Londres, Ferdinand admite que se não tivesse enveredado por uma carreira no desporto, teria escolhido ser músico, área em que se gostaria de ter formado.

“Não sei como vai ser o futuro e o que vou querer fazer, quando deixar o automobilismo. Contudo, se não tivesse escolhido ser piloto, teria sido músico. Quando tinha mais tempo, cheguei a fazer parte de algumas bandas, e desde pequeno que sempre toquei diferentes instrumentos, como bateria, guitarra, piano. Também sei cantar”, admitiu Habsburgo.

“Mas agora estou um pouco ferrugento. Como piloto só estou em casa dois ou três dias por semana, e não tenho tempo para praticar. Às vezes toco só para relaxar”, sublinhou.

Este é um percurso universitário que o austríaco admite seguir, quando abandonar a carreira de piloto: “Nos próximos anos vou ser piloto, quero chegar à Fórmula 1 e esta é uma carreira que exige uma dedicação a 100 por cento. Mas quando acabar, talvez vá estudar para um conservatório”, explicou.

Segunda visita

Esta foi a segunda vez que Habsburgo esteve em Macau, depois de em 2016 também ter competido na Fórmula 3, corrida que não terminou. Uma primeira visita de má memória para o austríaco, que estava doente e mal saiu do hotel.

“Este ano cheguei a Macau, uma semana antes da corrida, e tive dois dias para ver a cidade. Como já cá tinha estado no ano passado sabia os locais onde queria ir. Aproveitei para visitar a parte antiga da cidade e gostei muito”, confessou.

“Também aproveitei para dar uma volta por algumas lojas e restaurantes. Para ser sincero gostei muito da comida portuguesa e macaense”, frisou.

Apesar de nem sempre acontecer, desta vez Ferdinand contou com o apoio do pai, Karl von Habsburgo, que o abraço fortemente no final da corrida, depois do despiste que lhe custou a vitória.

“O meu pai conseguiu acompanhar-me este fim-de-semana. Como é uma pessoa muito ocupada, isso nem sempre acontece, mas desta vez conseguiu. Ele conhece melhor esta parte da Ásia do que eu, e gosta muito de vir a Hong Kong e Macau”, revelou sobre o sobrinho de Carlos I da Áustria.

20 Nov 2017

Grande Prémio de Macau | Eurico de Jesus: “O meu objectivo era manter-me seguro”

O que é que se passou nesta corrida?

Penso que tive o set-up errado para o meu carro. O carro estava muito escorregadio  e de muito difícil condução especialmente com este tipo de tempo. A pista não está demasiado má, mas por causa da chuva, ainda que seja pouca, não tinha visibilidade nenhuma, o que torna a corrida um pouco perigosa, especialmente este ano em que temos duas classes diferentes. Acaba até por ser muito perigoso. Logo na primeira volta, quando cheguei à montanha e os carros de maior potência chegaram a mim, deram-se situações de muito perigo. Mas, felizmente, conseguimos resistir e correu tudo bem. Mas no último momento da corrida houve alguns acidentes sérios em que os carros saíram da estrada e tivemos de parar a corrida.

Têm duas classes em que uma é muito mais rápida do que a outra. Vale a pena correr nestas circunstâncias?

O problema não é a outra classe ser mais rápida. O problema é que com o chão um pouco escorregadio, eles são mais rápidos nas rectas mas são mais lentos nas curvas.

São 34 carros ao mesmo tempo. Sabia em que posição estava ou limitava-se a guiar?

Para ser honesto, porque não estou a lutar pela corrida, mas sim pela minha classe, a rádio foi-me informando em que posição é que eu estava e por isso ia sabendo do meu lugar. O meu objectivo era manter-me seguro e manter o carro inteiro. Fiquei no décimo lugar na minha classe e tínhamos 18 carros.

Era o que esperava?

Não é exactamente um bom resultado. Não estava com um carro realmente competitivo. Como as regras mudaram nós agora podemos fazer muitas mudanças nos motores e havia carros com melhores condições do que o meu. Talvez no próximo ano possamos regressar com melhores condições.

O que achou deste fim-de-semana de corridas?

Em primeiro lugar estou muito triste por causa do acidente de sábado. Também somos pilotos e apesar de não estarmos a conduzir motas, estamos muito tristes. Antes de começarmos a corrida já sabíamos que os nossos carros não eram muito competitivos e por isso o nosso objectivo era também divertirmo-nos e fazer o melhor que pudéssemos.

Divertiu-se então?

Nem por isso. Mas está tudo bem. Não tivemos acidentes de maior e todos os nossos pilotos estão bem.

João Filipe e Sofia Margarida Mota

Jerónimo Badaraco

“Estou muito contente com o meu carro e com a minha equipa”

Começou em terceiro lugar, na categoria 1600cc. Como é que conseguiu chegar ao primeiro lugar?

A primeira coisa que tinha de ter em mente era ter uma condução segura porque o piso não estava muito bom e tinha muita água. A nossa corrida que agora está dividida em duas classes e faz com que seja mais difícil para nós. Os carros da outra classe têm muito mais vantagem nesta condição do circuito. Há muitos qualificados de 1950cc que andam menos mas com este tipo de piso conseguem avançar. Por outro lado, e como estava tudo tão confuso, só soube que estava em primeiro lugar quando acabei a corrida. Calculava que estava nos primeiros três lugares, mas depois houve um acidente e quando voltei é que perguntei qual a minha posição e afinal era o primeiro lugar. Estava a lutar com o Paul Poon e não sabia que era pelo primeiro lugar.

Acabou por ultrapassá-lo durante a corrida e não reparou?

Não, não reparei. Com esta chuva, a visibilidade é mesmo muito reduzida e é muito perigoso.

Vai continuar a correr na mesma equipa?

Agora só quero descansar um bocadinho e ter férias sem ter de pensar em corridas nem em carros de corridas, e depois logo se vê, no próximo ano, o que vou fazer.

Está a pensar deixar as corridas?

Logo se vê, para já só quero relaxar um bocadinho. Depende também do patrocínio Estou muito contente com o meu carro e com a minha equipa. Vamos ver.

20 Nov 2017

Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 Suncity Grupo – Taça do Mundo de F3 da FIA: Jackpot saiu a Ticktum

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á um velho dizer nas corridas de automóveis que tão bem se aplica à corrida de ontem – “para terminares em primeiro, primeiro tens que terminar”.

Daniel Ticktum venceu a 64ª edição do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 Suncity Grupo, a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA, num final de corrida dramático em que o piloto inglês de 18 anos beneficiou do despiste na última curva dos dois primeiros classificados à altura.

O piloto britânico da equipa alemã Motopark largava do oitavo lugar para a sua terceira corrida de Fórmula 3, com esperanças de chegar ao pódio. Ticktum fez uma excelente corrida até ao terceiro lugar, mas o piloto protegido da Red Bull estava longe de imaginar o cenário que lhe esperava na abordagem à última curva.

Terceiro classificado o ano passado e com o estatuto de favorito este ano, Sérgio Sette Câmara herdou o primeiro lugar na corrida logo após a primeira ronda de bandeiras amarelas. O brasileiro da Motopark liderou boa parte da corrida, mas a duas voltas do fim viu-se sob intensa pressão de Ferdinand Habsburg que paulatinamente foi subindo lugares na classificação até se colocar na traseira do seu rival, ganhando dois segundos nas últimas três voltas.

O piloto austríaco de sangue real da equipa Carlin estava disposto a vencer o Grande Prémio à primeira e depois de não ter conseguido concretizar a manobra de ultrapassagem ao brasileiro no Lisboa, fez a última volta com a “faca nos dentes”.

Na última curva, Habsburg tentou uma ultrapassagem impossível a Câmara. Para evitar o toque, o brasileiro saiu da sua trajectória habitual, e o resultado final foi trágico para ambos. Câmara foi o primeiro a bater nas barreiras de protecção da Curva “R”. Habsburg ainda tentou completar a curva, mas com a velocidade que ia acabou também ele por bater nos muros, terminando a corrida em três rodas e no quarto lugar como consolação.

A vitória de Ticktum acaba por acontecer na penúltima passagem pelo Lisboa. O inglês, então a rodar em quinto, fez uma ultrapassagem de encher o olho a Maximilian Gunther e a Lando Norris, subindo ao terceiro lugar. O que viria a acontecer a seguir, nem Ticktum queria acreditar.

“Não há palavras para descrever o que sinto e senti quando cruzei a linha de meta”, afirmava o vencedor. “Com estes períodos de bandeiras amarelas e Safety-Car, é preciso ter calma e eu estava calmo. Claro que há quem vá dizer que eu tive sorte, mas o meu andamento durante o fim-de-semana e aquela ultrapassagem quase que fazem para merecer esta vitória.”

Lando Norris chegou a Macau como o “todo favorito”, mas só o foi na quinta-feira. O piloto de reserva da McLaren F1 perdeu o primeiro lugar na qualificação para a Corrida de Qualificação na sexta-feira e no sábado foi apenas sétimo, após uma corrida em culpou os pneus para tão pálida exibição. Ontem, Norris correu atrás do prejuízo, mas este segundo lugar acabou por ser imerecido para quem tão elevadas expectativas trazia consigo.

Ralf Aron completou o pódio. O piloto da Estónia teve um fim-de-semana discreto em que nem se deu por ele, mas um final de corrida onde superou Gunther e Pedro Piquet valeu-lhe um resultado de todo inesperado para quem largou do 13º lugar para esta corrida.

Para a decisiva corrida do fim-de-semana, o piloto inglês Callum Illott largou do lugar da pole-position fruto do triunfo incontestado na Corrida de Qualificação de sábado, em que se impôs, por esta ordem, a Joel Eriksson, Sérgio Sette Câmara e Maximilian Gunther. O grande favorito para esta corrida, o inglês Lando Norris, foi apenas sétimo no confronto da manhã de sábado.

Callum Illott e Joel Eriksson dividiram a primeira linha da grelha de partida, mas ambos ficaram cedo fora da contenda. Mick Schumacher também teve problemas no seu monolugar, mas fez a melhor volta da corrida.

 

Rendez-vous à Macao

Trinta e quatro anos depois do lançamento do livro “Regresso a Macau” da conhecida banda desenhada belga, as cores da Vaillante voltaram a ser novamente “vistas” no Circuito da Guia, desta feita, com o franco-argentino Sacha Fenestraz a vestir a pele de Michel Valliant, ao volante de um monolugar Dallara-Volkswagen da equipa Carlin decorado com as cores da equipa fictícia Vaillante. Curiosamente no livro saído da caneta de Jean Graton, inspirado numa visita ao território em 1981, a Vaillante participou no Grande Prémio em parceria com a Theodore Racing. Desta vez, foram rivais. O próximo livro de Michel Valliant em Macau, agora escrito por Philippe Graton, que esteve entre nós no Festival Literário Rota das Letras, está previsto sair em Outubro de 2018.

20 Nov 2017

Trump critica Hillary depois de declarações sobre abusos sexuais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, classificou sábado a sua adversária nas eleições presidenciais de 2016 como a “pior perdedora de todos os tempos”, depois desta o acusar de não aceitar qualquer responsabilidade no caso de abusos sexuais feitos por várias mulheres.

“A desonesta Hillary Clinton é a pior (e a maior) perdedora de todas os tempos. Ela simplesmente não pode parar, o que é tão bom para o Partido Republicano. Hillary, continua com a tua vida e tenta novamente daqui a três anos”, escreveu Donald Trump, na rede social Twitter, referindo-se às eleições presidenciais de 2020.

O Presidente dos Estados Unidos já expressou, em outras ocasiões, o desejo de Hillary Clinton competir com ele nas próximas eleições para a Casa Branca, embora a ex-secretário de Estado tenha afirmado que a sua carreira “como política activa” chegou ao fim.

A reacção de Trump surge horas depois de Hillary Clinton ter acusado o seu ex-adversário eleitoral de alegados abusos sexuais a várias mulheres no passado.

Clinton referia-se ao caso do senador democrata Al Franken, eleito pelo Estado do Minnesota, que foi acusado na quinta-feira de beijar à força e apalpar em 2006 uma correspondente desportiva da televisão Fox TV, agora uma animadora de rádio em Los Angeles.

A acusação contra Franken ocorreu num momento em que o problema dos abusos sexuais está a agitar o Congresso dos Estados Unidos devido às alegações contra Roy Moore, candidato republicano ao Senado pelo Alabama, acusado de se ter aproveitado de várias adolescentes durante quatro décadas.

Quem se assume

Na entrevista à estação de rádio WABC, em Nova Iorque, Clinton valorizou o facto de Franken assumir a responsabilidade.

“Eu não ouço isso de Roy Moore ou de Donald Trump. Olhe o contraste entre Al Franken, aceitando a responsabilidade, pedindo desculpas, e Roy Moore e Donald Trump, que não fizeram nada disso”, criticou a ex-candidata presidencial democrata.

Em Outubro, a Casa Branca disse que todas as mulheres que acusaram Trump de assédio sexual mentem e essa é a posição oficial sobre o assunto.

Durante a campanha eleitoral de 2016, várias mulheres alegaram que o então candidato presidencial republicano abusou sexualmente delas, tendo Trump repetidamente negado.

O então candidato presidencial, que fez a fanfarronada pública sobre apalpar as partes privadas das mulheres – mas negou que o tenha feito –, acabou eleito Presidente, meses antes de uma cascata de alegações de assédio sexual, que tem terminado com a carreira de homens poderosos em Hollywood, empresas, comunicação social e política.

20 Nov 2017

Óbito | Morreu Malcolm Young, guitarrista e co-fundador dos AC/DC

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]alcolm Young, guitarrista e co-fundador do grupo de rock AC/DC, morreu sábado aos 64 anos, vítima de doença prolongada, anunciou a banda, fundada na Austrália em 1973, na sua página na Internet.

“Com profunda tristeza, anunciamos o falecimento de Malcolm Young”, lê-se na nota, que lembra que o guitarrista co-fundou a banda com o irmão Angus, salientando a “enorme dedicação e compromisso” que sempre mostrou com o grupo.

“Como guitarrista, compositor e visionário, foi um perfeccionista e um homem único. Sempre defendeu os seus pontos de vista e fez e disse exactamente o que quis. Tinha muito orgulho em tudo o que fez e a lealdade para com os fãs era inultrapassável”, acrescenta a nota dos AC/DC, escrita por pelo próprio Angus Young.

No comunicado, em que surge Malcolm numa fotografia sentado ao lado de um amplificador tendo ao colo a “sua” guitarra “Gibson Les Paul”, Angus refere que, como irmão, é-lhe “difícil expressar em palavras o que significou o irmão para a sua vida, “uma vez que a ligação entre ambos era “única e muito especial”.

“Deixa para trás um enorme legado que irá perdurar para sempre”, considerou Angus, que termina a nota com um simples “Malcolm, belo trabalho”.

Nascido na cidade escocesa de Glasgow, Malcolm e Angus criaram a banda em 1973, em Sidney, na Austrália.

20 Nov 2017

Convidado de casamento chinês

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omo em qualquer parte do mundo, a cerimónia do matrimónio na China é uma epopeia de mil labores e rituais simbólicos que culminam no dia em que o noivo conquista definitivamente a noiva, começando a perdê-la de imediato. Ok, dramatizo, mas foi assim que senti a coisa, como uma mudança de estação.

No entanto, a primeira reflexão foi bem mais prática. Não faria mais sentido o lançamento de arroz num casamento oriental? Esta forma de agressão ritualística com comida, após uns copos de vinho chileno, agigantou-se para a fantasia do arremesso de noodles aos recém-casados. Tudo é possível no sossego da imaginação enquanto se sorri educadamente para os convivas de mesa.

Mas, adiante. No meio de um considerável fosso linguístico e cultural, foi-me explicado que a própria data do casamento não é deixada ao acaso. Como tal, a data deve ser escolhida por um monge, um vidente, ou alguém com uma sintonia paranormal ao universo da boa e má numeração. O objectivo é encontrar um dia auspicioso para dar o nó.

Na véspera do grande dia, cumpre-se a cerimónia de escovar o cabelo da noiva, algo que ultrapassa em muito o significado de uma normal ida ao cabeleireiro. A tarefa deve ser executada pela mãe, ou sogra, enquanto são recitadas frases de desejos de um matrimónio que dure a vida inteira, onde não faltem filhos, dinheiro e saúde. Estes gestos trazem a noiva, definitivamente, para a idade adulta.

Outro aspecto interessante e bem diferente do que se passa na cultura ocidental é a serenata que o noivo faz enquanto a noiva se encontra noutra sala atrás de uma porta semi-aberta. Este detalhe do protocolo chinês tem como palco a casa da noiva onde o noivo tenta recolher a aprovação dos amigos e familiares da sua futura esposa. Não me foi explicado o que acontece no caso do noivo ter uma voz de unhas em quadro de ardósia.

No fundo, esta parte da cerimónia pretende representar a ideia de que a lindíssima noiva não se entrega a um pelintra qualquer. Finda a cantoria e alguns jogos de compreensão impossível, a noiva sai do quarto e junta-se ao seu futuro esposo e encaminha-se para o automóvel que a levará ao altar, que neste caso foi num hotel em Kowloon.

Chega a altura de uma das fases mais importantes do casamento chinês, a cerimónia do chá, em que os noivos agradecem e demonstram todo o respeito que os seus pais merecem por os terem aturado este tempo todo.

À semelhança do casamento ocidental, há também o corte de um bolo de núpcias mas, no Oriente o bolo é falso, num aparato desprovido de sentido para um português com apetites de pastelaria.

No fundo, o casamento chinês é um somatório de cerimónias carregadas de simbolismo e respeito, longe do deboche e da ébria orgia de excessos que é a celebração do matrimónio à ocidental. Talvez fosse desta específica boda, mas a educação e a classe foram a tónica da noite inteira.

Indo ao que interessa, e àquilo que nos une enquanto seres humanos, a noite foi marcada pelo festim infinito de comida, um desfile sem fim de iguarias e copos sempre cheios. Um mundo inteiro unido em mil brindes, com os noivos e os seus séquitos a irem de mesa em mesa brindar com os convidados.

A certa altura senti pena dos noivos que não tiveram um momento de descanso ao longo do dia, forçados a não desarmar os amistosos e agradecidos sorrisos perante milhentas fotografias de circunstância.

Como não poderia deixar de ser, a última mesa a ser desocupada no inteiro andar do hotel, onde se celebraram pelo menos três casamentos, foi a nossa. Ali ficámos a vogar numa maré cheia de tinto chileno até nos mandarem embora, cumprindo o nosso desígnio de ébrios marinheiros, aportados pelo acaso num casamento chinês em Hong Kong.

A minha primeira boda oriental deixou-me com uma ideia sentimentalista de unidade entre os povos. Seja em que canto do mundo for, o dia do casamento é uma festa e uma celebração de indulgência para todos, menos para os noivos, vítimas de mil labores festivos. Que vivam uma longa vida nos braços um do outro.

20 Nov 2017

Futebol de Sete | Benfica bate Sporting por 2-0 e está nas “meias-finais”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de uma boa primeira parte, os leões não conseguiram marcar qualquer golo diante das águias e perderam o encontro decisivo. Nas “meias” do Torneio de Futebol de Sete os encarnados vão ter pela frente o Kei Lun enquanto o Ka I vai defrontar o Cheng Fung.

O Benfica de Macau e o Ka I são as duas equipas do Grupo B que se apuraram para as ‘meias-finais’ do Torneio de Futebol de Sete, após as águias terem vencido, na sexta-feira, o Sporting de Macau por 2-0. Os apurados juntam-se assim a Cheng Fung e Kei Lun, que já se tinham qualificado, através do Grupo A.

Na passada sexta-feira, águias e leões encontram-se no Canídromo para o encontro decisivo, mas depois de uma primeira parte muito bem conseguida do Sporting, foi o Benfica que venceu a partida.

Já no segundo tempo, o defesa do Benfica Chan Man tenta fazer um passe em profundidade para desmarcar Nicholas Torrão. A bola sofre um desvio na defensiva contrário, e acaba por seguir mesmo para a frente do avançado das águias. Torrão rodou e rematou em jeito, fazendo o 1-0 , com a bola a passar por cima do guardião adversário.

O golo foi apontado logo no primeiro minuto da segunda parte e teve um impacto no ânimo leonino. Mais sete minutos, e aos 28, arrancada forte, pelo lado esquerdo, do Benfica e assistência para Carlos Leonel. À entrada da área o avançado rematou para o 2-0.

Ao HM, Daniel Melo, director técnico do Benfica, destacou o facto da formação não ter sofrido golos e ter tido uma actuação muito pragmática.

“Não termos sofridos golos mais uma vez, mostra que estamos muito bem em termos defensivos. Mas o mais importante era fechar a participação na fase de grupos, para facilitar as contas do apuramento. Foi que conseguimos”, disse o director técnico.

“O nosso objectivo foi alcançado, conseguimos chegar às meias-finais. Agora queremos vencer o próximo desafio, antes de pensar em definir outras metas para a competição”, acrescentou.

Capela elogia progressão

Por sua vez, Nuno Capela, treinador dos leões, elogiou o desempenho da primeira parte no encontro de sexta-feira, reconhecendo que depois do primeiro golo a equipa acusou a desvantagem.

“O Sporting fez uma excelente primeira parte. Dominámos o jogo, criámos muitas oportunidades e há uma flagrante aos três, quatro ou cinco minutos, em que existe uma clara grande penalidade a nosso favor que não foi assinalada”, disse o técnico leonino.

“Apesar desse lance continuámos a trabalhar porque só a vitória nos interessava. A equipa tentou tudo, mas depois na segunda parte sofremos cedo e começamos a sentir que já ia ser complicado virar o jogo”, reconheceu.

Na próxima fase da competição o Benfica vai ter pela frente o Kei Lun, e o Ka I vai defrontar o Cheng Fung. Os encontros ainda não estão agendados no portal oficial da Associação de Futebol de Macau.

Para o Benfica, o objectivo passa agora por conseguir carimbar a presença na final: “Na meia-final vamos tentar ter mais controlo de jogo, mais iniciativa e materializar essa postura. O objectivo vai ser sempre trabalhar para nos qualificarmos para a final”, afirmou Daniel Melo.

20 Nov 2017

Hong Kong | Uma em cada cinco pessoas é pobre

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de pobres em Hong Kong continua a subir e chegou a um valor recorde no ano passado, com um em cada cinco habitantes a viver abaixo do limiar da pobreza, de acordo com dados oficiais sexta-feira divulgados.

O limiar da pobreza é definido em metade da mediana do rendimento mensal por agregado familiar, de acordo com o tamanho do agregado.

Em 2016, este valor foi de 4.000 dólares de Hong Kong  por uma pessoa, 9.000 dólares de Hong Kong por duas pessoas e 15 mil dólares de Hong Kong por um agregado de três pessoas, noticia o jornal South China Morning Post.

Um relatório da Oxfam sobre gastos com a alimentação indica que uma pessoa deve gastar no mínimo 1.696 dólares de Hong Kong em comida por mês de modo a satisfazer as suas necessidades nutricionais básicas.

O relatório de 2016 sobre a Situação da Pobreza em Hong Kong revela que 1,35 milhões dos 7,35 milhões de residentes da cidade podem ser considerados pobres, um número superior ao registado em 2015, quando eram 1,34 milhões.

Hong Kong só começou a medir a pobreza entre os seus residentes em 2009, e os números do ano passado são os mais elevados em termos de valores absolutos.

“O envelhecimento da população e a redução do tamanho das famílias têm impulsionado a taxa de pobreza”, disse o número dois do Governo de Hong Kong Matthew Cheung Kin-chung, durante a divulgação do relatório anual, sexta-feira.

Cheung, que lidera a Comissão da Pobreza, indicou, porém, que os números do estudo podem estar sobrestimados, já que apenas os rendimentos, e não os bens, são avaliados.

Após serem tidos em conta os apoios do Governo, como a pensão para idosos ou segurança social, o número de pobres desce para 996 mil, o que representa menos 25 mil que em 2015.

20 Nov 2017

A importância das ideias

[dropcap style≠’circle’]“T[/dropcap]enho uma ideia bestial para um romance!”Tenho a certeza de que todos os escritores já ouviram isso. Normalmente surge em conversa com uma criatura bem-intencionada mas incapaz de aquilatar o valor de uma ideia relativamente à sua concretização literária. “Isto daria um livro óptimo!”. Talvez. Talvez não. O que não faltam são exemplos de ideias geniais arrastadas pelo pântano de uma trama incipiente até ao suspiro da vergonha alheia. E, por outra parte, os exemplos contrários também abundam: Romeu e Julieta, por exemplo, o franchise de boy meets girl mais aclamado de sempre.

O problema está na percepção do valor intrínseco da ideia. O capitalismo aplicado à tecnologia decorrente da ciência produziu um entendimento muito específico do que é uma ideia. Uma ideia deixou de ser uma possibilidade passível de materialização técnica mais ou menos feliz para ser o valor absoluto na cadeia de concretização das coisas. Mesmo que a realidade não corresponda a este enunciado romântico da importância superlativa da ideia, a verdade é que passámos a encará-la deste modo.

Quando pensamos no Google, na Apple ou no Facebook, pensamos naqueles que perseguiram um sonho visionário sobre o qual alicerçaram fortunas incomensuráveis e uma influência de nível planetário. O problema é o da memória selectiva: por cada multinacional ciclópica, há milhões de projectos que definharam do trajecto do estirador para o público. Por cada Google, houve um Hotbot, um AOL Search ou um Altavista; por cada Facebook, um Hi5 ou um Myspace. E estes exemplos dizem respeito a empresas com milhões de utilizadores que, por motivos mais ou menos óbvios, foram perdendo popularidade e clientes até se tornarem uma nota de rodapé na história da internet. Os projectos que não passaram sequer de animadas conversas com amigos e de apaixonados sales pitches perante investidores são, na verdade, a pilha de cadáveres sobre a qual repousam as pouquíssimas coroas de glória da indústria.

A verdadeira dificuldade não parece ser a de pensar num “computador pessoal”, num “smartphone” ou numa “rede sem fios”, só para citar exemplos mais óbvios. A verdadeira dificuldade, não obstante o peso decisivo da ideia que preside ao percurso que cada projecto percorre, é precisamente o espaço entre o lampejo de génio e as carteiras dos clientes, e esse espaço está minado das mais diversas dificuldades, desde as puramente técnicas às financeiras, desde as estruturais às que dependem da moda em vigor. Esse espaço é também um espaço invisível ao público e um limbo do qual a maior parte dos vencedores não se orgulham.

Portanto, quando alguém me conta uma ideia genial para um romance, o que apetece imediatamente pedir à criatura em questão é um caderno de encargos e um mapa ou, mais comedidamente, um algoritmo; qualquer coisa que faça a ponte entre as resoluções de ano novo e deixar de fumar. Qualquer coisa que não seja a andorinha perdida a caminho da primavera que nunca mais chega. Qualquer coisa grande em todas as medidas. Ou dizer, pura e simplesmente, faz tu.

20 Nov 2017

Pyongyang | Enviado chinês na capital norte-coreana

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m enviado especial do Governo chinês chegou este fim-de-semana à Coreia do Norte, num período de crescente isolamento do regime de Kim Jong-un, imposto com a aprovação da China, devido ao seu programa nuclear e de mísseis balísticos.

Song Tao, chefe do Departamento de Colaboração Internacional do Partido Comunista Chinês (PCC), é o primeiro funcionário com nível ministerial a visitar a Coreia do Norte, desde Outubro de 2015.

Os meios oficiais chineses informaram que Song reuniu-se com Kim Jong-un para transmitir os resultados do XIX Congresso do PCC, realizado em Outubro passado, mas a visita coincide com um período em que Pyongyang enfrenta as mais duras sanções de sempre, após ter efetuado vários testes nucleares e com mísseis balísticos.

A China, que é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial do regime norte-coreano, votou a favor das sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, e adoptou ainda sanções unilaterais.

Durante a recente visita do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Pequim, o Governo chinês disse à administração norte-americana que as sanções estavam a começar a ter efeito e poderão pressionar Pyongyang a retornar ao diálogo.

“É um passo importante. Vamos a ver o que acontece!”, escreveu sexta-feira Trump na rede social Twitter, sobre a visita de Song e a possibilidade de Pyongyang voltar à mesa de negociações.

Nos anos 1950, China e Coreia do Norte lutaram juntos contra os EUA. O PCC e o Partido dos Trabalhadores, formação política única na Coreia do Norte, têm ligações de longa data.

Posição definida

No entanto, desde que, em 2013, ascendeu ao poder, Xi Jinping nunca se encontrou com Kim Jong-un, tendo-se mesmo tornado no primeiro líder chinês a visitar a Coreia do Sul antes de ir à Coreia do Norte.

Em editorial, o principal jornal norte-coreano, o Rodong Sinmun, descartou a hipótese de o país negociar o seu programa nuclear.

O texto assegura que Pyongyang já aprendeu que “não há outra forma de se opor à repressão imperialista dos Estados Unidos, a não ser através da dissuasão nuclear”.

Nos últimos meses, os sucessivos ensaios nucleares de Pyongyang e a retórica beligerante de Trump elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).

20 Nov 2017

Jet Li e Jack Ma unem-se para levar tai-chi aos Jogos Olímpicos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] estrela chinesa de cinema Jet Li e o magnata chinês Jack Ma criaram juntos uma nova arte marcial, com base no tai-chi, visando a sua inclusão nos Jogos Olímpicos, informou sexta-feira a agência noticiosa oficial Xinhua.

Ma, que desde há 20 anos pratica tai-chi, e Li baptizaram esta nova arte marcial como Gong Shu Dao, com o objectivo de profissionalizar as artes marciais com origem na China e a sua inclusão no programa olímpico.

O coreano taekwondo e o japonês judo são já desportos olímpicos.

“Desde 1990, todos os praticantes de artes marciais na China têm pensado como levar [o tai-chi] aos Jogos Olímpicos, e temos trabalhado nesse sentido durante décadas, mas sem sucesso”, afirmou Li, durante a cerimónia de apresentação do Gong Shu Dau, citado pela Xinhua.

Li, que luta desde os oito anos e foi campeão nacional da China aos 12, revelou que debateu esta questão com Jack Ma e decidiram imitar as experiências do Japão e Coreia do Sul.

Ambos adoptaram então por converter o tai-chi aos padrões exigidos pelo programa olímpico.

Jack Ma é fundador do grupo Alibaba, responsável por cerca de 90% do comércio electrónico na China, e um dos homens mais ricos do país.

20 Nov 2017

Pequim | Português distinguido como DJ do ano

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]iguel Santos foi para Pequim estudar chinês na Universidade de Língua e Cultura, mas foi nos clubes nocturnos da capital chinesa que descobriu a sua vocação, tendo decidido já enveredar pela carreira de DJ.

“Estou a tentar concentrar-me mais na música”, conta à agência Lusa DJ Nigls, como é conhecido na noite de Pequim. “Se calhar, terminarei o curso depois”, diz.

O interesse de Nigls, 24 anos, pela música electrónica surgiu “através de amigos” e por influência do irmão. Há sete anos, estreou-se como DJ, mas foi só em 2012 que começou a tocar “a sério”, em estabelecimentos nocturnos de Wudaokou, a zona universitária de Pequim.

Hoje, toca quase todos os fins-de-semana no Lantern, um dos mais emblemáticos clubes ‘underground’ da capital chinesa, situado junto ao Estádio dos Trabalhadores, ícone da arquitetura socialista, erguido em 1959 para celebrar o 10.º aniversário da China comunista.

“A indústria da música electrónica na China não está ainda ao nível da Europa”, considera o DJ português, ressalvando que “está a crescer” e deverá lá chegar “dentro de cinco anos”.

A chamada “vida nocturna” é uma indústria nova na China, mas que tem vivido um ‘boom’ nos últimos anos, com ‘nightclubs’ e bares a brotar rapidamente nas grandes cidades do país.

“As pessoas têm necessidade de ter experiências novas e contacto com coisas diferentes”, afirma Nigls.

Para o português, um dos “grandes obstáculos” ao desenvolvimento da música electrónica na China é a ausência da cultura do ‘dance floor’.

No país asiático, a maioria das discotecas reserva pouca área para as pistas de dança, optando por preencher o espaço com mesas.

“O público chinês aprecia a música e quer também dançar, mas um pouco pela sua cultura precisam sempre de ver uma pessoa a dançar e a sentir a música para se libertarem e não se sentirem envergonhados”, nota.

Das raízes

Nascido em Macau, Miguel Santos mudou-se para Portugal aos dez anos, mas decidiu voltar para a Região Especial Administrativa chinesa aos 16, para terminar o ensino secundário.

Concluído o liceu, rumou a Pequim para estudar chinês na Universidade de Língua e Cultura, considerada uma “míni-ONU”, com cerca de 9.000 alunos estrangeiros.

“Queria crescer como pessoa e ver o mundo de outra maneira”, diz.

Nigls toca sobretudo Techno e House.

O seu ‘set’ mais longo foi em Qingdao, cidade costeira do norte da China, onde tocou 12 horas seguidas. O truque para evitar o cansaço é sentir a energia do público, afirma.

“Se estiveres a tocar e as pessoas entrarem na tua viagem e sentirem a tua música, tu sentes também a energia que te estão a transmitir e acabas por esquecer o cansaço”, explica.

Nigls define a música electrónica como um “outro lado da música”, em que “qualquer ferramenta” pode ser usada para criar um som.

“Há certos sons que se calhar nunca ouviste ou nunca pensaste que podiam ser enquadrados na música, mas o processo de produção de música electrónica passa bastante por isso: a experimentação com os equipamentos, para criar sons interessantes e trabalhares o produto final”, diz.

O português foi considerado DJ do ano de Pequim pela revista City Weekend Beijing, uma publicação em língua inglesa voltada para a comunidade de expatriados na capital chinesa.

Para Miguel Santos, um bom DJ deve ter “uma visão do dance floor” e conseguir “estudar as pessoas e a atmosfera do clube”.

“É alguém que sabe conectar as pessoas na sua viagem musical e criar a sua história numa noite”, resume.

20 Nov 2017

Lisboa | Livros do Oriente apresenta duas novas edições

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro volume de textos do sinólogo Manuel da Silva Mendes (1867-1931), que se fixou em Macau, no início do século XX, e “O Silêncio dos Céus”, de Fernando Sobral, que tem Macau por cenário, em 1851, são dois novos títulos dos Livros do Oriente, publicados a semana passada.

O livro “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” reúne todos os textos sobre arte, filosofia e religião, cultura e tradições chinesas, do advogado e juiz português, e inclui três ensaios sobre o autor, de António Aresta, Amadeu Gonçalves e Tiago Quadros. Esta edição surge quando se assinalam os 150 anos do nascimento do intelectual, em Vila Nova de Famalicão, que viveu em Macau de 1901 a 1931.

“O Silêncio dos Céus”, de Fernando Sobral, decorre no contexto das guerras de ópio, centrando-se nas conspirações, paixões, relações de amizade e de ódio que rodeiam uma tentativa de independência de Macau.

“Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” é apresentado em Lisboa, esta segunda-feira, a partir das 17:30, pelo investigador António Aresta, na Delegação Económica e Comercial de Macau.

20 Nov 2017

Literatura | Escritor Sergio Ramírez vence Prémio Cervantes 2017

Sérgio Ramírez, ex-vice-presidente da Nicarágua, é o vencedor da edição deste ano do prémio Cervantes, o mais importante da literatura hispânica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor nicaraguense Sergio Ramírez venceu o Prémio Cervantes 2017, no valor de 125.000 euros, o mais importante galardão da literatura hispânica, anunciou ontem o ministro espanhol da Educação, Cultura e Desporto, Íñigo Méndez de Vigo.

Nascido em 1942, em Masatepe, a 50 quilómetros de Manágua, Sergio Ramírez venceu o Prémio Alfaguara de Romance com “Margarita, está lindo o mar”, em 1998, obra publicada em Portugal pela Difel, numa tradução de Helena Pitta.

Do autor está também publicado em Portugal “Tiveste Medo do Sangue?”, romance publicado pela Editorial Caminho, em 1989, numa tradução de Manuel Ruas.

Sergio Ramirez foi vice-presidente da Nicarágua no primeiro Governo sandinista (1979-1990).

A agência noticiosa espanhola, Efe, refere que, com a atribuição do prémio ao nicaraguense Sergio Ramírez, volta a cumprir o princípio, não escrito, de que o galardão é atribuído alternadamente entre um autor espanhol e um latino-americano.

No ano passado, o vencedor foi o espanhol Eduardo Mendoza, nascido em Barcelona, em 1943.

Entre títulos originais de Sergio Ramírez, disponíveis no mercado livreiro português, contam-se “La manzana de oro. Ensayos sobre literatura”, “Antologia personal. 50 anos de cuentos” e “Cuentos completos”, assim como os romances “Flores oscuras”, “La Fugitiva”, “El cielo llora por mi” e “Sara”, publicados pela Alfaguara espanhola.

Outras obras

Ramírez é também autor, entre outras obras, de “El viejo arte de mentir”, “Mil y una muertes”, “Sombras nada más”, “El reyno animal”, “Catalina y Catalina”, “Cuando todos hablamos” e “Adiós, muchachos”, relato da revolução sandinista da Nicarágua.

O Prémio Cervantes foi criado em 1975, pelo Ministério da Cultura de Espanha, com o intuito de reconhecer a carreira de um escritor que, com todo o seu trabalho, contribuiu para enriquecer o legado literário hispânico.

O poeta espanhol Jorge Guillén foi o primeiro distinguido, em 1976, seguindo-se o cubano Alejo Carpentier, os espanhóis Damaso Alonso e Gerardo Diego, o argentino Jorge Luis Borges e o uruguaio Juan Carlos Onetti.

Entre os distinguidos contam-se também Maria Zambrano, Octavio Paz, Rafael Alberti, Ana María Matute, Gonzalo Torrente Ballester, Ernesto Sábato, Carlos Fuentes, Juan Marsé e Juan Goytisolo.

20 Nov 2017

Restaurante Fado com novo menu marcado pelos paladares da quadra festiva

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] restaurante Fado, no Hotel Royal Macau, serve a quadra natalícia à mesa revestindo os sabores tradicionais da consoada e passagem de ano com o requinte que transforma uma refeição em algo mais do que isso. Sob a batuta do Chef Luís Américo, o novo menu do Fado transporta para Macau os paladares que preenchem a época que se avizinha.

“A ideia deste menu foi pegar nos ingredientes que são tradicionais da noite de natal e da  passagem de ano, esse foi o mote, percorrer aquelas iguarias que são habituais nesse período”, conta o Chef Renato Santos, co-autor do menu.

O banquete inicia-se com um pequeno iogurte de camarão, uma entrada fresca e suave para abrir as hostilidades. “A ideia do iogurte é jogar com as duas texturas, o creme e o tártaro, à qual se alia a alusão ao final do ano com o marisco”, descreve o Chef.

A segunda entrada é o polvo assado, servido com areia de cebola, chutney de pimentos assados e chicória. Começa o passeio de paladares pelos conceitos que preenchem uma típica mesa de noite natalícia. Apesar do creme de pimentos assados aludir ao tradicional polvo grelhado, a alface chicória confere à entrada a frescura e o equilíbrio necessário para contrabalançar o peso do polvo.

Rei Bacalhau

O primeiro prato da refeição, como não poderia deixar de ser tratando-se de um natal à portuguesa, é o bacalhau, reinterpretado pelos cozinheiros do Fado. Apesar do prato ter um twist moderno, tanto no paladar como na apresentação, reúne todos os elementos do tradicional bacalhau de consoada. O peixe vem acompanhado por hortaliças, com couve local, um cremoso puré de batata, cenoura e azeite.

De seguida é servido o carré de borrego e roupa velha de alheira. “Um conceito que  a cultura local não deve conhecer, mas que os portugueses compreendem bem”, explica Renato Santos. A ideia por detrás deste prato foi aliar a ideia da roupa velha com um típico prato nobre da noite de consoada.

Para terminar em beleza, o Fado propõe uma aletria com cardamomo, granola de frutos secos e gelado de uvas passas. “As pastas nascem aqui na Ásia e achámos que seria interessante fazer uma sobremesa que tivesse um bocadinho dessa influência asiática à qual juntámos o sorvete de uvas passas e uma granola com frutos secos, tudo o que tem a ver com o natal”, revela Renato Santos. A conjugação de todos os pratos é bastante equilibrada, trazendo para a mesa do Fado todo o requinte dos sabores tradicionais do Natal.

20 Nov 2017

UM | Yonghua Song, engenheiro electrotécnico, é o novo reitor

Sai Wei Zhao, antes de completar o seu mandato, entra Yonghua Song. Está escolhido o novo reitor da Universidade de Macau depois de um processo de selecção que durou meses e que contou com vários candidatos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] próximo reitor da Universidade de Macau (UM) vai ser Yonghua Song, académico da área de engenharia electrotécnica e inicia funções no próximo dia 9 de Janeiro, anunciou ontem a instituição de ensino superior pública.

A UM destaca que o professor Yonghua Song trabalhou, durante um longo período, na área da investigação e ocupou cargos de direcção em instituições de ensino superior britânicas e da China, com experiência na gestão de alto nível do ensino superior.

Yonghua Song, que se tornará no nono reitor da Universidade de Macau, sucede a Wei Zhao.

“Tendo em conta a sua profunda experiência na gestão institucional, largo horizonte internacional, amplas redes de contacto (…), bem como o seu grande entusiasmo e empenho no desenvolvimento do ensino superior, o Conselho da Universidade entende que o professor doutor Song é a melhor escolha para liderar a UM no seu futuro desenvolvimento”, refere a instituição em comunicado.

O Conselho da Universidade recomendou, por unanimidade, Yonghua Song como o único candidato para o cargo de reitor, uma proposta aceite pelo chefe do Executivo de Macau, Fernando Chui Sai On.

Passagem pela Tsinghua

Yonghua Song é doutorado pelo China Electric Power Research Institute. Em 2002, obteve o doutoramento em Ciência, na Universidade Brunel, pelos seus contributos na área electrotécnica. Em 2014, foi-lhe atribuído o doutoramento honorário em engenharia, pela Universidade Bath, de acordo com a mesma nota da UM.

Em 1991, foi trabalhar como docente e investigador no Reino Unido e seis anos mais tarde contratado como professor catedrático no Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da Universidade Brunel, tornando-se, em 2004, no primeiro académico chinês a integrar a equipa de gestão de alto nível duma universidade britânica, segundo salienta a UM.

Nesse mesmo ano, Yonghua Song foi eleito ‘fellow’ da Academia Real de Engenharia. Posteriormente, em 2007, passou a ser professor catedrático de engenharia electrotécnica na Universidade de Liverpool, acumulando as funções de reitor executivo da Xi’an Jiaotong – Universidade de Liverpool em Suzhou, na China.

Em 2009, regressou à China na sequência de um convite da Universidade de Tsinghua, assumindo as funções de professor catedrático de engenharia electrotécnica e reitor assistente daquela universidade. Desde Novembro de 2012, é vice-reitor executivo da Universidade de Zhejiang, sendo ainda director do ‘campus’ internacional e professor catedrático de engenharia electrotécnica da mesma universidade.

Dedicado à investigação de sistemas eléctricos, Yonghua Song “contribuiu para o desenvolvimento da indústria da energia eléctrica através dos seus trabalhos nas áreas da energia, engenharia informática e engenharia de controlo”, sublinha a UM.

Yonghua Song foi nomeado, em 2002, consultor do Conselho de Ciência e Tecnologia do Governo de Macau, cargo que ainda desempenha.

O processo de recrutamento internacional para o cargo de reitor da UM foi lançado depois de, em Março, Wei Zhao, ter comunicado que pretendia deixar o lugar no termo do seu mandato, em Novembro de 2018. Contudo, a sua saída foi antecipada, dado que o seu sucessor assume funções já em Janeiro.

Wei Zhao iniciou em 2008 um mandato de cinco anos como reitor da Universidade de Macau, o qual foi renovado, por igual período de tempo, em 2013.

20 Nov 2017

Habitação | Preço médio do metro quadrado sobe 31%

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu 117.360 patacas em Outubro, mais 31% que o registado no mesmo mês do ano passado, indicam dados oficiais.

Segundo estatísticas publicadas no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, ao mesmo tempo que os preços subiram em termos anuais homólogos, o número de fracções transaccionadas desceu: venderam-se 930 casas, menos 20% que em Outubro de 2016.

Das três áreas de Macau, a Taipa era a mais cara em Outubro e onde se verificou o maior aumento de preços em termos anuais, de acordo com os mesmos dados respeitantes às transacções de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo.

Nesta zona, o preço médio do metro quadrado fixou-se em 134.747 patacas, mais 55% que no mesmo mês do ano passado.

Esta foi também a zona onde se verificou um maior aumento no número de transacções de imóveis: de 206 vendidos em Outubro de 2016, passou-se para 287 este ano, ou seja, mais 39%.

A segunda zona mais cara de Macau era a ilha de Coloane, onde o metro quadrado custava em média 122.869 patacas, registando uma ligeira diminuição de preço em relação ao ano passado, de 2%.

Apesar de os preços em Coloane se terem mantido estáveis, verificou-se uma acentuada descida no número de fracções transaccionadas: de 231 para 14, ou seja, menos 94%.

A península de Macau foi a zona que, em Outubro, registou os preços médios mais baixos (104.524 patacas, mais 28%) e também onde se venderam mais casas, 629, apesar de uma queda anual de 13% nas transacções.

20 Nov 2017

Receitas públicas excedem até Outubro o previsto para todo o ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas públicas de Macau subiram 14,8 por cento até Outubro e atingiram 94.971 milhões de patacas, excedendo o orçamentado para todo o ano de 2017, indicam dados oficiais divulgados.

De acordo com dados provisórios disponíveis no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou os primeiros dez meses do ano com receitas totais de 94.971 milhões de patacas, traduzindo uma execução de 104,5 por cento.

Os impostos directos sobre o jogo foram de 76.266 milhões de patacas, reflectindo um aumento de 17,4 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado e uma execução de 106,1 por cento comparativamente ao orçamento autorizado para 2017.

A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 80,3 por cento nas receitas totais, 80,4 por cento nas correntes e 91,9 por cento nas derivadas dos impostos directos.

Já as despesas cifraram-se em 55.691 milhões de patacas nos primeiros dez meses do ano, menos 5,2 por cento em termos anuais homólogos, estando cumpridas em 65,3 por cento.

Nesta rubrica destacam-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que alcançaram 8.537 milhões de patacas, traduzindo um aumento de 158 por cento, mas uma execução de 56 por cento.

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulava até Outubro um saldo positivo de 39.279 milhões de patacas, um aumento de 64 por cento em relação aos primeiros dez meses do ano transacto.

A almofada financeira excede em muito o previsto para todo o ano (5.567 milhões de patacas), com a taxa de execução a corresponder já a 705,5 por cento do orçamentado para o corrente ano de 2017.

20 Nov 2017