Isabel Castro Manchete SociedadeInternet | Comissariado da Auditoria aponta falhas no serviço WiFI GO É um serviço que entra na lógica da ‘cidade inteligente’, mas que é problemático. O Governo gastou, pelo menos, 160 milhões de patacas no sistema de banda larga sem fios. O Comissariado da Auditoria analisou o WiFi GO e não gostou do que viu. Há serviços pagos que não foram sequer instalados [dropcap style≠’circle’]“H[/dropcap]á problemas no que respeita aos trabalhos de planeamento, à fiscalização dos serviços de operação, à instalação de pontos de acesso sem fios e das respectivas liquidações.” O resumo é feito pelo Comissariado da Auditoria (CA), que ontem divulgou um relatório sobre o sistema de banda larga sem fios, o WiFi GO. O serviço começou a ser instalado em 2010, com o objectivo de disponibilizar a cidadãos e turistas acesso gratuito à Internet. O sistema tem vindo a ser instalado de forma faseada em espaços do Governo, em instalações públicas, nos principais postos fronteiriços e em pontos turísticos. De acordo com o CA, que realizou a auditoria entre Janeiro e Maio de 2016, o Executivo gastou, até Março do ano passado, 160 milhões de patacas. Este dinheiro foi investido na instalação da rede, nos serviços de operação e no pagamento de despesas relacionadas com os circuitos alugados. Com o estudo, o Comissariado da Auditoria pretendia avaliar a qualidade do serviço. Desde logo chegou à conclusão de que o carácter “vago e abrangente” dos “objectivos gerais e específicos” do planeamento do WiFi GO fez com que “não existisse uma direcção concreta quanto à sua execução, podendo ter conduzido à instalação arbitrária e até indiscriminada de pontos de acesso”. O sistema era uma das apostas da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT), entretanto extinta. “Dadas estas circunstâncias, será difícil determinar, com certeza, em que momento é que os objectivos propostos pela DSRT foram alcançados”, indica o relatório do CA, que não encontrou fundamentos para a selecção da maior parte dos pontos de acesso ao serviço. A auditoria avaliou também o sistema de fiscalização adoptado pela DSRT, que se revelou “imperfeito e insuficiente, pois não era capaz de assegurar a qualidade do serviço WiFi GO”. Dos 183 pontos de acesso escolhidos pelo comissariado, 30 tinham uma qualidade de ligação “insatisfatória”. Os pontos de acesso ao ar livre obtiveram uma taxa de aprovação de 48,6 por cento nos testes de ligação e de velocidade. Em termos gerais, foram aprovados 66,6 por cento dos pontos testados. “Porém, a qualidade da ligação é pouca satisfatória, constituindo um desperdício do erário público”, considera o CA. Em vez de se dar a ideia de que se está numa cidade internacional, o serviço “afecta a experiência dos turistas, deixando-os com uma percepção negativa em relação à imagem de Macau”. Problemas com a lei Os problemas não terminam aqui. De acordo com a auditoria, em seis das oito fases de instalação do WiFi GO, o número de dispositivos instalados foi inferior ao previsto nos contratos. O Governo gastou mais 422 mil patacas do que era suposto, uma vez que as 25 obras em questão, que não chegaram a ser realizadas, foram pagas pela DSRT. Trata-se de uma situação “desrazoável e desfavorável” para a Administração, sublinha o CA, que explica o que esteve na origem deste desfasamento entre serviços pagos e recebidos: os contratos fixavam um preço total e não incluíam cláusulas de revisão. O problema passou despercebido durante anos porque a DSRT não fez qualquer menção nos documentos de liquidação. “Só depois de ter sido apontado pelo CA, durante a auditoria, é que a DSRT introduziu pela primeira vez num novo contrato de aquisição, uma cláusula de revisão do preço”, lê-se ainda no relatório. A DSRT defendeu-se dizendo que algumas das obras previstas para certos locais não foram realizadas de acordo com os planos iniciais, tendo sido transferidas para outros locais. O CA consultou os projectos de execução mas, como não mencionavam o valor previsto, “qualquer ponderação objectiva dos preços das obras se tornaria difícil”. O comissariado acrescenta que “é de estranhar o facto de a DSRT transferir as obras de instalação para outros locais não previstos no contrato sem ter tido a devida autorização escrita”. Perante este cenário, “obviamente que a DSRT não agiu de acordo com a lei”. Pensar no futuro Quanto às sugestões, o CA sugeriu que a DSRT – que, entretanto, se juntou aos Correios – deve efectuar um estudo que tenha em conta o desenvolvimento global de Macau, definindo de forma exacta “os efeitos concretos e os objectivos que se pretendem alcançar com o serviço WiFi GO”. Além de uma boa selecção dos pontos de acesso, recomenda-se a definição de mecanismos que garantam a eficácia económica do serviço e a criação de um regime de fiscalização que permita assegurar a qualidade do sistema. O comissariado deixa ainda conselhos sobre o modo como devem ser firmados os contratos entre serviços públicos e fornecedores de serviços: “É necessário definir com maior detalhe possível o conteúdo das prestações estipuladas no contrato, bem como a forma de cálculo do preço”. Em situações de incerteza, a Administração deve evitar fixar um preço total, optando por uma forma de cálculo que “permita assegurar que o pagamento seja efectuado de acordo com os bens e/ou serviços efectivamente recebidos ou prestados”, sugere o CA. Em suma, “o papel a exercer pelo WiFi GO não é claro”, sendo que “não está nitidamente definido quais são os principais beneficiários deste serviço: se os cidadãos, se os turistas”. A auditoria permitiu concluir que “as situações verificadas levaram a que, apesar do avultado investimento público neste serviço ao longo dos anos, os resultados concretos alcançados ficassem aquém das expectativas”, resultado para o qual contribuem os problemas técnicos, nomeadamente no acesso à Internet e na instabilidade do sinal de wi-fi. Não esquecendo que o serviço gera “críticas entre cidadãos e turistas”, o Comissariado da Auditoria frisa que, pelo facto de os problemas nunca terem sido “adequadamente resolvidos”, um serviço pensado para beneficiar a população acabou por ser “inútil”, afectando a confiança do público “também em relação a outros projectos do Governo”. Por fim, recomenda-se que se tenha uma perspectiva conjuntural do sistema WiFi GO, atendendo a que tanto o sector privado, como alguns serviços públicos disponibilizam também eles gratuitamente o serviço de wi-fi.
Sofia Margarida Mota SociedadeLegend Palace Hotel abriu com promessa de diversificação [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem inaugurado, com pompa e circunstância, o Hotel e Casino Legend Palace. O complexo é mais uma valência da Macau Legend Development, propriedade de David Chow e, em dia de inauguração, não faltaram as personalidades ilustres do território e a tradição chinesa. O novo hotel de cinco estrelas é uma construção em homenagem ao facto de “Macau ser conhecido pela Monte Carlo do Oriente”. “A construção é, assim, inspirada na cidade europeia”, frisou David Chow no discurso de abertura. “Estou feliz por abrir este hotel que foi feito em 13 meses. Penso que é um tipo de estrutura completamente nova em Macau e que é uma opção diferente para atrair muitas pessoas ao território”, afirmou ao HM à margem do evento. A cerimónia contou ainda com a presença de Vítor Sereno. O cônsul de Portugal não deixou de referir a sua particular satisfação por este ser mais um evento em que o protagonista tem nacionalidade portuguesa. “David Chao é um cidadão português e fico muito satisfeito por apostar neste empreendimento e na diversificação pedida pelo Governo da RAEM e da China Continental”, disse. Já Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, apontou ao HM a importância de um novo hotel na península. Para a directora, “esta parte de Macau, a península, não tem tido muitas aberturas de espaços como este e, por isso, pode contribuir para novos produtos para os turistas”. Senna Fernandes contrapõe com a situação do Cotai, onde se tem registado a abertura de unidades hoteleiras, salientando que “é importante ter aqui um produto tão diversificado como este”. O novo empreendimento conseguiu autorização para 15 mesas de jogo, conta com 223 quartos, e vários espaços comerciais e de restauração. Docas para todos os gostos O Legend Palace integra o complexo da Doca dos Pescadores e “reflecte o compromisso da empresa nem promover o desenvolvimento do turismo no território”, frisou o proprietário. David Chow acrescenta ainda a intenção em reforçar a marina e, desta forma, “concretizar a política do turismo individual, através de embarcações de recreio”. Paralelamente, a Macau Legend Development pretende continuar os trabalhos de iluminação na cobertura recentemente construída na “boulevard” do recinto, promover a exibição de obras a serem expostas no Museu dos Dinossauros e, desta forma, promover a oferta de novos produtos fora do sector do jogo. Na calha estão também a construção de uma Casa da Ópera e de um Centro de Exposições.
Hoje Macau SociedadeJustiça | António Lai não assinou auto de declarações no CCAC O antigo chefe de gabinete de Ho Chio Meng, António Lai, deixou ontem em tribunal a ideia de que foi induzido pelo Comissariado contra a Corrupção, na fase de investigação do processo. Vai daí, recusou-se a assinar o seu depoimento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-chefe de gabinete de Ho Chio Meng, António Lai, recusou-se a assinar o auto de declarações no Comissariado contra a Corrupção (CCAC). De acordo com a Rádio Macau, que tem estado a acompanhar o julgamento do processo conexo ao do antigo procurador, António Lai, arguido, sugeriu mesmo que o depoimento foi induzido. Segundo o que diz o CCAC, o antigo número dois de Ho Chio Meng foi claro nas explicações que deu aquando da inquirição. O arguido disse que o ex-procurador escolheu as empresas que, durante dez anos, ficaram com todos os contratos de obras, bens e serviços do Ministério Público (MP). É esta a informação que consta no auto de declarações que António Lai se recusou a assinar por “não concordar” com o que está escrito. O facto não impediu que a acusação pedisse ao tribunal para ler o depoimento, alegando que as declarações foram depois confirmadas no MP. Para a acusação, António Lai está a contradizer-se porque, confrontado em tribunal com contratos muito específicos – alguns com mais de dez anos – tem vindo a alegar falhas de memória. No auto de declarações do CCAC consta que o antigo número dois de Ho Chio Meng identificou as empresas alegadamente sugeridas pelo ex-procurador e quais os serviços prestados. Ontem, o arguido esclareceu que nunca soube o nome das empresas e explicou que foi “o funcionário do CCAC” que lhe mostrou uma lista com o nome das companhias, tendo-lhe dito que “Ho Chio Meng estava envolvido”. “Têm de ver o ambiente [em que o depoimento foi prestado]”, frisou. Dúvidas sobre a contradição Apesar de se ter recusado a assinar o auto de declarações, António Lai confirmou parcialmente o depoimento quando foi ouvido pelo MP, às quatro da manhã: declarou que Ho Chio Meng lhe “deu a entender” quais as empresas a escolher. Já em tribunal, o ex-chefe de gabinete apenas mantém que o antigo procurador indicou Wong Kuok Wai para ser o empreiteiro e fornecedor do MP. O empresário, primeiro arguido no processo, era quem dava a cara pelas dez empresas que ficaram com as adjudicações do MP, contextualiza a Rádio Macau. Segundo a emissora em língua portuguesa, António Lai tem vindo também a afirmar que houve casos em que Ho Chio Meng “entregou cotações” – o que foi lido pelo arguido como um sinal em como o ex-procurador queria que fossem escolhidas aquelas empresas. O tribunal tem dúvidas, pelo que vai analisar se o António Lai está ou não a contradizer-se.
Hoje Macau SociedadeReceitas públicas voltaram a subir em Janeiro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas da Administração de Macau aumentaram seis por cento em Janeiro, em termos anuais homólogos, impulsionadas pela subida da verba encaixada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo, indicam dados oficiais. De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou o primeiro mês do ano com receitas totais de 8,998 mil milhões de patacas, estando cumpridas em 9,9 por cento. Os impostos directos sobre o jogo foram de 7,258 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 7,7 por cento face ao primeiro mês do ano passado e uma execução também de 9,9 por cento face ao Orçamento autorizado para 2017. A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 80,6 por cento nas receitas totais, 80,7 por cento nas correntes e 94,7 por cento nas derivadas dos impostos directos. Já na rubrica da despesa verificou-se uma queda de 28,9 por cento face ao primeiro mês de 2016, para 2,615 mil milhões de patacas – influenciada por um declínio de 29 por cento nos gastos correntes –, com a taxa de execução a corresponder a 3,1 por cento. No primeiro mês do ano não foram despendidas verbas ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) – cujo valor orçamentado para 2017 é de 15,256 mil milhões de patacas. Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou assim um saldo positivo de 6,383 mil milhões de patacas – com a ‘almofada’ financeira a aumentar 32,7 por cento em termos anuais homólogos para um valor que excede o previsto para todo o ano, colocando a taxa de execução em 114,7 por cento do orçamentado. Os valores das receitas e despesas referentes ao Orçamento aprovado e respectiva execução, que é mensalmente divulgada, incluem apenas os “serviços centrais”, ou seja, a conta Central do Governo, excluindo organismos autónomos, como a Autoridade Monetária ou a Fundação Macau, por exemplo. O aumento da receita pública – que volta a crescer após meses de quedas anuais homólogas – encontra-se em linha com o desempenho da indústria de jogo que tem vindo a mostrar sinais de recuperação desde a segunda metade do ano passado.
João Luz SociedadeSegurança | Crime aumenta nos casinos A delinquência associada ao sector do jogo continua a representar a maior preocupação para as autoridades policiais de Macau. O ano passado viu os crimes de usura e cárcere privado subirem, principalmente, perpetrados por não residentes no território [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s casinos são a maior fonte de rendimento do território, mas também o foco de maior crescimento de criminalidade violenta, em particular o crime de sequestro que subiu 22,9 por centro em 2016, em relação ao ano transacto. Apesar de, nos últimos seis meses, as receitas do sector do jogo terem subido, a indústria ainda enfrenta alguns sinais de instabilidade que deixa os casinos mais vulneráveis à criminalidade. Esta é uma das razões elencadas pelo secretário para a Segurança para justificar os números apresentados ontem à comunicação social. Wong Sio Chak promete, no entanto, que “as autoridades policiais vão manter-se atentas ao ajustamento da indústria, contando com o auxílio da segurança privada dos casinos”. O secretário adiantou ainda que, segundo os dados fornecidos pela Polícia Judiciária (PJ), a maioria dos ofensores não são residentes em Macau. Wong Sio Chak aproveitou para tranquilizar a sociedade, referindo que como a “maioria dos casos aconteceu dentro dos próprios casinos, não existe motivo para alarme”. O secretário completou que, “no fundo, as ocorrências não se reflectem na segurança da sociedade de Macau”. Neste caso, o sequestro foi uma das manchas na apresentação das autoridades, registando uma subida de 22,9 por cento em 2016, totalizando 504 casos, face aos 410 do ano anterior. Este tipo de crime representou 60 por cento dos incidentes de criminalidade violenta ocorridos em Macau, fazendo-a crescer 11,3 por cento em relação a 2015. Em suma, no ano passado registaram-se 840 casos de crimes violentos. O sequestro é um crime que anda de mãos dadas com a usura, não sendo por isso de estranhar que a agiotagem tenha subido 32,5 por cento em 2016, totalizando 469 casos. Sócios criminosos Outro dos tipos de crime que viu uma subida considerável foram as ocorrências ligadas a associações criminosas, que cresceram 19 por cento, para um total de 32 casos. Wong Sio Chak explicou que este aumento ocorreu porque foram realizadas “mais investigações, nomeadamente contra a imigração ilegal”. Também os abusos sexuais de crianças registaram uma subida enorme, de 60 por cento, para 16 casos, em relação às 10 ocorrências de 2015. Em sentido inverso estiveram os furtos de viaturas, que desceram 22,2 por cento, a burla também diminuiu 32,9 por cento, enquanto os assaltos a residências também baixam 32,1 por cento em 2016. No ano passado, Macau teve apenas um homicídio registado, repetindo o singular número de 2015. Os casos de roubo tiveram um decréscimo de 13,3 por cento em 2016, totalizando 98 ocorrências. Outro dos itens em destaque na apresentação foi a circulação de moeda falsa em Macau, que registou uma subida de 65,5 por cento para um montante total de sete milhões de patacas. No entanto, as autoridades esclareceram que o crescimento deste tipo de crime se deveu ao trabalho de polícia desenvolvido, até porque em 2015 tinham sido apreendidas notas falsas num montante de 11 milhões de patacas. No total, a polícia de Macau instaurou 14387 inquéritos criminais em 2016, o que representou um acréscimo de 5,4 por cento. Sem rasto À margem da apresentação dos números da criminalidade de 2016, as autoridades referiram-se ao caso do pintor tibetano, Tashi Norbu, que terá sido barrado à entrada em Macau. Wong Sio Chak começou por dizer que não iria comentar casos concretos por motivos de sigilo e segurança. Leong Man Cheong, comandante da PSP, esclareceu quanto à alegada proibição de entrada no território do pintor de origem tibetana que “não houve registo do pedido de entrada”. O responsável da polícia acrescentou: “Ele nunca tentou entrar no território, portanto, não percebo de onde veio essa notícia”. Top secret O secretário para a Segurança referiu-se ao caso do assassinato de Kim Jong-nam quando foi questionado pelos jornalistas, afirmando que a polícia de Macau “está atenta ao caso”. Wong Sio Chak explicou que será “garantida a segurança a cidadãos e turistas”, mas não se iria pronunciar sobre o caso concreto. “É o nosso trabalho, temos de manter alguma confidencialidade no que estamos a fazer”, comentou o governante.
Hoje Macau China / ÁsiaEstratégia de erradicação da pobreza elogiada por Guterres [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, salientou há dias em Munique, que o desenvolvimento é um canal importante para prevenir conflitos, sobretudo no que diz respeito à frágil situação internacional. Guterres referiu também que a China foi o país que mais contribuiu na erradicação da pobreza no mundo, na última década. A China, cuja população supera os 1,3 mil milhões, é o país com maior número de população pobre erradicada, além de ser um dos países a cumprirem mais cedo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODB). Nos últimos 30 anos, mais de 700 milhões de chineses foram retirados da pobreza, com o número da população em situação de miséria a cair para 558 milhões em 2015, um total de 70% da população retirada da pobreza no mundo inteiro. Xi Jinping, logo após assumir o cargo, apresentou o plano ambicioso de erradicar até 2020 toda a população pobre no critério actual, de modo a tornar o país numa sociedade modestamente confortável, indica o órgão de comunicação estatal, China Daily. Para o efeito, a China estabeleceu um mecanismo do combate à pobreza a cinco escalões. Durante os quatro anos entre 2013 e 2016, a China retirou por ano mais de 10 milhões de pessoas da miséria, totalizando em 55,6 milhões de indivíduos. Concretamente, a estratégia chinesa na erradicação da pobreza frisa a precisão na assistência de famílias, planeamento, uso de fundos, acesso a medidas, entre outros, para que os programas de combate à pobreza atinjam todas as pessoas desfavorecidas. A estratégia supracitada não só abre um novo capítulo para a missão chinesa do combate à pobreza, mas também oferece um exemplo piloto a muitos países menos desenvolvidos, afirma a publicação. Directivas presidenciais O Presidente Xi Jinping apresentou uma série de propostas em relação à cooperação global na luta contra a pobreza, tais como “acelerar o processo global de erradicação da pobreza”, “reforçar a cooperação na luta contra a pobreza”, e “melhorar o ambiente internacional de desenvolvimento”, entre outras, tendo sido galardoado com a resposta positiva da ONU e alguns países em desenvolvimento. Para além disto, a China tem procurado realizar cooperações sul-sul, prestando assistência a outros países em desenvolvimento, sem adicionar qualquer condição política, visando apenas ajudar os países menos desenvolvidos a erradicar a pobreza. Nos últimos uns 60 anos, a China tem oferecido um total de 400 mil milhões de yuans de assistência a 166 países e organizações internacionais, assim como enviou mais de 600.000 pessoas em missões de ajuda humanitária.
Hoje Macau EventosÓscares | Musical de Chazelle com mais estatuetas. “Moonlight” é o melhor filme O musical “La La Land”, com seis estatuetas, arrecadou o maior número de prémios da 89.ª edição dos Óscares. Mas foi derrotado por “Moonlight” na categoria de melhor filme. A entrega do prémio principal ficou marcada por uma confusão de envelopes [dropcap style≠’circle’]“L[/dropcap]a La Land” partiu como favorito aos prémios da Academia de Hollywood, com 14 nomeações, mas afinal conquistou seis estatuetas: a de melhor realizador (Damien Chazelle), de melhor actriz principal (Emma Stone), a melhor banda sonora original, a melhor canção original (“City of Stars”), a melhor produção artística e a melhor fotografia. Além de ter ficado aquém das nomeações alcançadas – que puseram o musical lado a lado com “Titanic” (1997), por exemplo –, “La La Land” falhou na obtenção do prémio mais importante da noite, o de melhor filme, com “Moonlight” a sagrar-se vencedor apesar de um primeiro anúncio errado que dava a vitória ao musical, numa confusão com o envelope que marcou o final da cerimónia. “Moonlight”, contracenado por Mahershala Ali e Naomie Harris, conta a história de um jovem afro-americano que luta para encontrar o seu lugar à medida que cresce em Miami, pelo que o derradeiro Óscar da noite acaba por responder, em parte, às críticas da falta de diversidade entre os premiados nos últimos anos. Novos, longos e diferentes A 89.ª gala dos Óscares, que decorreu no Teatro Dolby, em Los Angeles, ficou ainda marcada por uma série de estreias e recordes. Damien Chazelle, de 32 anos, que conquistou o Óscar com “La La Land: Melodia de Amor”, tornou-se no mais jovem realizador a ser distinguido; Mahershala Ali, que venceu o Óscar de melhor actor secundário pela sua interpretação em “Moonlight”, foi o primeiro actor muçulmano a receber uma estatueta dourada; enquanto “O Herói de Hacksaw Ridge”, realizado por Mel Gibson, conquistou o de melhor mistura de som, naquele que foi o primeiro Óscar em 21 nomeações para Kevin O’Connell. “O.J. Made in America”, com quase oito horas, venceu na categoria de melhor documentário, transformando-se no filme mais longo a receber um Óscar, destronando “Guerra e Paz”, a adaptação russa que venceu, em 1969, a estatueta de melhor filme estrangeiro (467 minutos contra 431 minutos). Política e ausências Destaque ainda para os Óscares das categorias de melhor filme estrangeiro e de melhor documentário em curta-metragem. “O Vendedor”, do realizador iraniano Asghar Farhadi, que tinha declarado que não iria estar presente na cerimónia em protesto pelas medidas anti-imigração de Donald Trump, recebeu o prémio para melhor filme estrangeiro; enquanto “Os Capacetes Brancos” (“The White Helmets”), sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Síria, conquistaram a estatueta de melhor documentário em curta-metragem. A cerimónia foi também palco de vários discursos políticos, a começar pelas várias intervenções do anfitrião, Jimmy Kimmel, sobre o facto de os Estados Unidos serem hoje um país “dividido”, passando pela declaração lida pela astronauta iranian Anousheh Ansari em nome de Farhadi, até às frases de apresentadores como Gael García Bernal que, enquanto mexicano e ser humano, se mostrou “contra qualquer tipo de muro” que estabeleça uma separação. A meio da gala, Kimmel enviou, através do Twitter, uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em menos de 10 minutos, foi partilhada por mais de 150 mil utilizadores. “Olá Donald Trump. Estás por aí?”, escreveu Kimmel na sua conta no Twitter, durante a cerimónia transmitida em directo por televisões de todo o mundo, após perceber que o Presidente dos Estados Unidos, um utilizador activo das redes sociais, ainda não tinha comentado nada no Twitter, duas horas depois do início da gala. As estatuetas Melhor filme: – “Moonlight” Melhor realizador: – Damien Chazelle, “La La Land” Melhor actor: – Casey Affleck, “Manchester by the sea” Melhor actriz: – Emma Stone, “La La Land” Melhor actor secundário: – Mahershala Ali, “Moonlight” Melhor actriz secundária: – Viola Davis, “Vedações” Melhor filme de animação: – “Zootrópolis” (Byron Howard, Rich Moore e Clark Spencer) Melhor argumento original: – “Manchester by the sea” (Kenneth Lonergan) Melhor argumento adaptado: – “Moonlight” (Barry Jenkins) Melhor filme estrangeiro: – “O Vendedor” (Asghar Farhadi, Irão) Melhor desenho de produção: – “La La Land” (David Wasco e Sandy Reynolds-Wasco) Melhor fotografia: – “La La Land” (Linus Sandgren) Melhor guarda-roupa: – “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” (Colleen Atwood) Melhor montagem: – “O Herói de Hacksaw Ridge” (John Gilbert) Melhores efeitos visuais: – “O Livro da Selva” (Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon) Melhor caracterização: – “Esquadrão Suicida” (Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson) Melhor montagem de som: – “O Primeiro Encontro” (Sylvain Bellemare) Melhor mistura de som: – “O Herói de Hacksaw Ridge” (Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace) Melhor banda sonora: – “La La Land ” (Justin Hurwitz) Melhor canção original: – “City of Stars” (Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, “La La Land”) Melhor documentário: – “O.J. Made in America” (Ezra Edelman e Caroline Waterlow) Melhor documentário em curta-metragem: – “The White Helmets” (Orlando von Einsiedel e Joanna Natasegara) Melhor curta-metragem: – “Sing” (Kristof Deák e Anna Udvardy) Melhor curta-metragem de animação: – “Piper” (Alan Barillaro e Marc Sondheimer)
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasDeus é o nada a olhar-se ao espelho [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]itornelos, Abysmo, 2014, é o primeiro e único livro publicado pela poeta Joana Emídio Marques, até à data. O livro é composto de três partes: “Ritornelos”, com 52 poemas; “Cânticos da Floresta”, com 14 poemas; e “Litanias”, com 8 poemas. E entre cada poema da primeira parte do livro encontramos as belas ilustrações de Bárbara Fonte (nas duas partes finais do livro, as ilustrações aparecem no início e não entre poemas). Uma vez mais, o título do livro dá-nos alguma indicação fenomenológica acerca daquilo que nos mostra. Ritornelos é um termo musical (dois pontos seguido de uma barra vertical), que indica a repetição de uma parte da partitura, isto é, a repetição da sua execução musical. Pode também tratar-se da indicação de um refrão. Aqui, e partindo da sua função musical, a palavra remete para uma ideia próxima da do devir e não da repetição, como se se tratasse da vida como uma repetição infinita, mas sempre diferente. Em suma, um voltar atrás, não da mesma maneira – isso seria um eterno retorno – mas sempre de modo diferente. Múltiplos modos diferentes e nenhum melhor do que o anterior, pois trata-se de um devir sombrio, como se o infinito ou a repetição do infinito não passasse do eco de uma gargalhada de Deus: “(…) tudo isto / que se repete repetindo-se / eco da gargalhada de Deus.” (p. 51) O devir aparece-nos logo nos primeiros versos: “Acordando infinitamente / para o que há-de vir / (…)” Embora seja ao ritornelo 25, da primeira parte, página 57, que o devir se assume em toda a sua pujança: O que se torna tempo não poderás somá-lo é abissal e infinito esperar que nasça o princípio no interior do que só vês de fora. Não, não podes somá-lo entre os dedos idênticos nem à verdade nem à carne, o que se torna tempo é este exacto instante que se cumpriu se perdeu. O termo devir aparecia já à página 47: “como se soubesses o devir do tempo / (…)”. Não há, contudo, ou parece não haver um sentido positivo neste devir, em Joana Emídio Marques. O devir é negro, sombrio, onde a morte mesma não é abrigo. Escreve à página 29: “O Ser não devolve o não Ser / o símbolo não devolve o sentido.” Ou ainda nos versos finas do poema à página 63: “Um homem cai / num buraco aberto pelo tempo / mergulha / na láctea corrente de lírios e desaparece. / Depois outro e outro ainda / até não haver qualquer rumor / que não seja o da Babilónia / bebendo sofregamente / na corrente fluvial os lírios de leite.” Esta presente consciência da perda, contínua consciência de uma falta de sentido, ou pelo menos de uma qualquer possibilidade de alcançá-lo, vê-lo-emos melhor no final deste texto. Por ora, mostremos como no humano, a única possibilidade de fuga, que seria a invenção do outro, a transformação do outro numa amplificação do eu, acaba sempre por se virar contra nós, porque é sempre nas palavras e na necessidade que elas têm de sentido que o outro vive, como escreve a poeta no belo ritornelo 39: Eras agora voltas ao fogo à tarde de experimentar estar entre os reflexos. Eras agora a voz vem desmembrar o passado em presente. Eras sem acidente que evocasse o princípio. Eras, quando eu era eu te designava te existia. Este poderoso poema, imerso numa ontologia do devir, em que tornar-se é o único lugar disponível, repete a palavra “eras”, como expressão fundamental do humano. “Eras”, segunda pessoa do pretérito imperfeito do verbo ser, sugere a ideia de nevoeiro, a ideia de estarmos imersos num ambiente em que não vemos o que está a acontecer, ambiente próprio da memória e da literatura – era uma vez –, que pressupõe um nunca ter sido. Este ver, em cada um de nós, simultaneamente uma memória de outro e um nunca ter sido, revela-nos antes de mais como um ser de palavra, um ser de continua transformação através da palavra, que é o modo como a consciência tem acesso ao que não é a própria consciência, um reflexo de si mesma, que é já um outro. Dito de outro modo: “Eras / agora voltas ao fogo / à tarde de experimentar estar entre os reflexos”; cada um de nós é para nós mesmos um reflexo derivado de se experimentar, isto é, um reflexo derivado dos outros. “Eras” é uma expressão reflexa de nós mesmos, aqui e agora e no tempo, que também ele só existe numa permanente mudança, “o que se torna tempo / é este exacto instante / que se cumpriu / se perdeu.” (25, p. 57) Por isso, Beirute – no ritornelo 27 – somos todos nós e todos os tempos do mundo. Beirute será ainda amanhã, quando amanhã talvez nem exista; Beirute será ainda no início dos tempos, quando este talvez não tenha sequer existido. “Beirute / e já não há carne que possa chamar um nome / (…) // E já não há carne / a que se possa chamar um nome. / Só Deus atravessando uma palavra, / carregando-a nos braços / devolvendo-a ao sono, anuncia: / Beirute.” A capital da Síria, para além do que hoje é, para além do que foi ao longo dos tempos, assume também aqui o símbolo de não sentido do mundo, de não sentido do humano. Estamos continuamente entre, a caminho de nos tornarmos nós mesmos – em sentido nietzschiano – e de nos tornarmos nada; um nada que já fomos e que tornaremos a ser. Mas também encontramos a identidade entre devir e existência na segunda parte do livro, em “Cânticos da Floresta”. À página 131, cântico 3, Joana Emídio Marques escreve: “Já não sou a minha carne / e o carrossel gira, / gira, gira, gira, / passa por ti e não pára. / Já não sou a tua carne / és Outra, és Tu.” No fundo, a vida não pode ser vivida a não ser que seja uma criação. Melhor seria dizer, como se adivinha que a poeta diga, a vida só pode ser vivida se imaginada, como quem agora lança uma linha ao mar e imagina um peixe no futuro. Mas, para além desta sombra de Nietzsche, evidentemente um Nietzsche apropriado pela poeta, ou até mesmo um Nietzsche à revelia da poeta, estende-se também uma solidão enorme, onde o início do cântico 4, à página 133, o enuncia de modo belo e aterrador: “Aqui / na casa das cadeiras vazias / (…)”. Este aqui somos nós na beira da página, e sempre na beira da vida. Mas esta solidão, que é reflexo da impossibilidade de reconciliação com o espelho, com os outros, connosco – e qual nós, aquele que estamos para ser, aquele que fomos ou aquele que vamos sendo? – já se encontrava desde o início do livro, em todo o primeiro poema, que começa “Acordando infinitamente / para o que há-de vir / as horas caminham no sentido contrario ao dos pássaros” (e poucos livros terão um início tão próximo da perfeição), e o poema termina “E agora onde me vão eles enterrar?” Esta impossibilidade de reconciliação, seja com o que for ou com quem for, ancora num imenso solipsismo, fazendo deste livro, já longe de Nietzsche, um devir negro, um devir sombrio. Este solipsismo, encontra-se enunciado de modo mais metafísico ao poema 3 da primeira parte do livro: “Entre os possíveis e as coisas / não ser nada, / nem sequer inclassificável.” Por isso, podemo-lo dizer agora, a presença contínua de Deus ao longo do livro nos aparece mais como nada do que como Todo. Deus é a solidão perfeita, redonda, sem mácula, sem passado, sem futuro, sem lembrança ao rés da pele, sem desejo. Quando se escreve Deus, neste livro, escreve-se nada e solidão. Deus surge no livro apenas ao poema 16, com os seguintes versos: “No fim da penumbra / Deus chamou-te a olhar / três noivas-cilindro / erguendo sobre o mundo seus corpos brancos / seus corpos-silo / prostrado na solidão dos milénios.” Aparece depois várias vezes ao longo do livro e, quando não aparece literalmente, aparece em metonímias, sinédoques, antonomásias. Mas sempre significando o misterioso absoluto e infinito nada. Deus é o nada que se olha no espelho. O silêncio a parte musical do nada. Porque a solidão, que é o nada fazendo-se humano, tem também o seu lado musical, o silêncio, e que percorre as páginas deste livro, como não poderia deixar de ser, sendo ele tão musical, desde o título ao último verso. Recuperemos agora aquilo que mostrámos atrás acerca da consciência de uma falta de sentido, ou pelo menos de uma qualquer possibilidade de alcançá-lo. Este livro de Joana Emídio Marques, uma espécie de itinerário de Deus a Deus (que é o nada a olhar-se ao espelho), começa com os versos já citados, “Acordando infinitamente / para o que há-de vir”, e termina com este “Se acordar agora adormecerei?”, perfazendo formalmente um percurso no sonho. Toda a existência é sonho, ou parece ser um sonho, algo que não é nem ser, nem não-ser. Ritornelos mostra-nos que nunca chegaremos a saber se existimos ou se sonhamos, se estamos vivos a caminho da morte ou mortos a caminho da vida. O devir, o nada, a solidão… o que é este mundo? O que é eu? Por quê a vida? “ – Eu Sou, / gritei depois de morta.” (p. 107) Terminamos com um poema de Joana Emídio Marques, o cântico 8, à página 139: Não sou eu que vivo, mas a flor que dando-se às eternidades pretéritas respira no que desconhece a beleza inaugural do dia. Já não sou eu que vivo mas o tempo estranhado pelo sem-tempo em madrugadas tão plenas que tecem caminhos. Um dia, quando voltar da morte e me detiver em frente à janela que me puxa par adentro do segredo e do mistério ter-te-ei despido. Já não sou eu que vivo e se gritar afogo-me no meu próprio eco neste campo de escombros átomos explodindo nas carnes das casas. Já não sou eu que vivo mas o grito o milagre nos corredores da noite nas mãos dadas a ninguém. Entranhas de Deus espalhadas sobre a tua ausência.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasPalácio de Mafra e Tapada candidatos a Património Mundial da UNESCO Michel Reis [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dossier de candidatura do Palácio Nacional de Mafra e respectiva tapada a Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), foi entregue ao comité internacional desta organização no dia 27 de Janeiro de 2017, correspondendo a uma etapa histórica neste complexo e exigente processo, que permitirá a tomada de decisão da UNESCO. Constando da lista de bens patrimoniais portugueses a serem alvo de processo de classificação proposta pela Comissão Nacional da UNESCO desde 2004, o monumento voltou a constar da listagem em 2016, depois de uma recomendação da UNESCO em 2013 para que fossem actualizadas as listas dos estados-membros, a cada 10 anos, pré-requisito para a inscrição de bens na Lista do Património Mundial. Em 2014, a Câmara de Mafra constituiu uma comissão municipal, composta pelo director do Centro Cultural de Belém, ex-secretário de Estado da Cultura e vereador Elísio Summavielle e por outros dois vereadores, destinada a elaborar a candidatura do Palácio Nacional a património mundial da UNESCO. A candidatura a património mundial pretende contribuir para a valorização e promoção monumental e ambiental daquele conjunto arquitectónico, ao contribuir para a atracão de turistas e para o desenvolvimento socioeconómico do concelho. O dossier de candidatura, designado Real Edifício de Mafra, foi coordenado pelo município e pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) da República Portuguesa, com a colaboração do Palácio Nacional, Escola das Armas, Tapada Nacional e Paróquia de Mafra. Caso venha a ser atribuída a classificação, os parceiros querem fazer coincidir o anúncio da UNESCO com as comemorações dos 300 anos do lançamento da primeira pedra do palácio, que se assinalam este ano e têm o ponto alto a 17 de Novembro. Estas comemorações estão a ser alvo de um vasto programa de actividades que teve início a 17 de Novembro de 2016. Datado do início do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra, situado a 28km de Lisboa, mandado construir pelo Rei D. João V em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana Josefa, Arquiduquesa de Áustria ou, há quem diga, a cura de uma doença de que sofria, é o mais importante monumento representante do barroco em Portugal, nomeadamente do barroco joanino. A sua construção foi iniciada em 1717 e concluída em 1755, ano em que ocorreu o grande terramoto na capital portuguesa. Os trabalhos começaram no dia 17 de Novembro de 1717 como um modesto projecto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses; e Dom João V e o seu arquitecto alemão Johann Friedrich Ludwig (conhecido em Portugal por João Frederico Ludovice), iniciaram planos mais ambiciosos, não se poupando a despesas. Construído em pedra lioz da região, o edifício colossal ocupa uma área de perto de quatro hectares (37.790 m2), compreendendo 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. A sua construção empregou 52 mil trabalhadores. Tal magnificência só foi possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu ao monarca por em prática uma política mecenática e de reforço da autoridade régia. O monumento é uma referência do pensamento urbanístico, arquitectónico e natural da civilização ocidental, quer enquanto unidade, congregando um paço real, uma basílica, um convento, um hospital monástico, um jardim e uma tapada, quer devido aos seus equipamentos de prestígio, entre os quais se conta uma das mais notáveis e ricas bibliotecas europeias do século XVIII, abrangendo todas as áreas de estudo; a mais importante colecção de escultura barroca em Portugal e fora de Itália, da autoria de mestres italianos e portugueses da época (no reinado de D. José I, que precedeu D. João V, foi criada em Mafra uma importante Escola de Escultura, sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, de que são exemplo os retábulos de mármore da Basílica); dois carrilhões, os maiores do mundo, constituídos por 119 sinos afinados musicalmente entre si; encomendados na Flandres a dois fundidores de sinos diferentes e pesando o maior 12 toneladas, num total de 217 toneladas; e o único conjunto conhecido de seis órgãos de tubos concebidos para utilização simultânea, instalado na basílica, encomendados por D. João VI, no final do séc. XVIII, para substituir os primitivos que estavam degradados. Estes instrumentos foram construídos pelos dois mais importantes mestres organeiros portugueses da época – António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes – tendo sido terminados entre 1806 e 1807. Criada em 1747, a Tapada possui mais de 500 animais de 60 espécies diferentes, entre gamos, veados, javalis, aves como a águia de Bonelli ou o bufo real, répteis como salamandras, tritões e cobras e uma floresta de 800 hectares. Algumas das árvores são consideradas de interesse público, como o castanheiro-da-índia, a olaia e o sobreiro. Nunca tendo sido residência permanente da Família Real, o Palácio de Mafra foi até ao fim da monarquia frequentemente visitado pelos monarcas, que aqui vinham celebrar algumas festas religiosas ou caçar na Tapada. Foi também em Mafra que o último Rei de Portugal, D. Manuel II passou a sua última noite no país antes da sua partida para o exílio aquando da implantação da República, a 5 de Outubro de 1910. Mudança de estatuto Decretado Monumento Nacional pelo Decreto de 10 -1-1907 e pelo Decreto de 16-6-1910, o Paço Real é transformado em museu, abrindo logo em 1911 com a designação de Palácio Nacional de Mafra que mantém até hoje. O Convento foi incorporado na Fazenda Nacional quando da extinção das ordens religiosas em Portugal, a 30 de Maio de 1834 e, desde 1841 até aos nossos dias, foi sucessivamente ocupado por diversos regimentos militares, sendo actualmente sede da Escola das Armas. Para além desta escala verdadeiramente europeia, o monumento constitui, inquestionavelmente, um referencial identitário do Concelho de Mafra, não só porque tão grandiosa construção inaugurou uma nova fase no desenvolvimento deste território, mas também porque o posicionou num patamar superior de visibilidade nacional e internacional. Em 2010, foi concluído o restauro dos seis órgãos históricos do monumento, um conjunto único em todo o mundo, e que representou um investimento de 1milhão de euros. Os instrumentos estiveram a ser restaurados durante 11 anos, sob a supervisão do mestre organeiro português Dinarte Machado. Por Portaria publicada no Diário da República em 17 de Setembro de 2015, o Governo de Portugal autorizou a Direcção-Geral do Património Cultural a celebrar contrato destinado à operação de Reabilitação dos Carrilhões e Torres Sineiras do Palácio Nacional de Mafra. Em 2015, a DGPC lançou o concurso público no valor de 2,3 milhões de euros para as obras de restauro dos carrilhões e sinos do monumento, o maior conjunto sineiro do mundo que está em risco. A garantia desta recuperação era fundamental para o Estado e a Câmara de Mafra poderem candidatar o monumento a património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). A tutela apontou na altura o prazo de conclusão para o final de 2017 , data que coincide com as comemorações dos 300 anos sobre o lançamento da primeira pedra do monumento, mas que afinal não se irá concretizar.
Hoje Macau Desporto5ª Jornada Liga de Elite | O líder manteve o estatuto João Maria Pegado [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]em grandes surpresas, foi assim que se realizou mais uma jornada da Liga de Elite. Destaque para os primeiros pontos dos Development Team e do Lai Chi. A equipa da associação(Development 0 vs 0 Polícia)conseguiu este ponto saboroso e teve talvez o seu melhor jogo até ao momento, a equipa da Polícia com este empate consegue o terceiro jogo sem derrotas e sem sofrer golos um registo sem dúvida bastante bom para a equipa de Ka Li Man que assim segue no 5º lugar da tabela. O Lai Chi foi a outra equipa a conseguir o primeiro ponto da prova,(Lai Chi 2 vs 2 Chen Fung)contra a equipa de João Rosa que volta a desiludir depois do empate na segunda jornada com Benfica o que poderia antever uma boa prestação, principalmente com equipas que lutam pela permanência, mas a verdade é que já desperdiçaram 5 pontos contra essas mesmas equipas estando neste momento em 6º lugar a um ponto da Polícia. Já o Lai Chi e os Development Team garantiram um ponto importante na luta pela sobrevivência na 1ªDivisão encurtando para dois pontos a distância para Sporting de Macau e KA I que se encontram com 3 pontos. KA I que perdeu com o Benfica de Macau(KA I 0 vs 5 Benfica) e assim confirma o seu decréscimo de rendimento averbando a quarta derrota seguida depois da vitória na ronda inaugural contra o Sporting. O Benfica de Macau por seu turno continua seguro na perseguição do líder com nova goleada e novamente com destaque para Nicholas Torrão que conseguiu mais um hat-trick reforçando a liderança nos melhores marcadores. Os leões do território averbaram mais uma derrota mas novamente mostraram uma boa imagem contra um candidato ao título(Sporting 0 vs 2 CPK). O CPK conseguiu os três pontos com uma noite inspirada de Diego Patriota marcando os dois golos do jogo com o golo da tranquilidade a vir novamente de bola parada. Sexta-feira gorda Na sexta-feira realizou-se o jogo de maior cartaz,(Monte Carlo 2 vs 0 Kei Lun) com a liderança em jogo, já que com uma vitória o Kei Lun poderia chegar ao primeiro lugar. O Monte Carlo começou por mostrar que queria resolver essa questão rápido tentando chegar à vantagem cedo. Apresentando-se na sua variação de sistema conforme o momento do jogo, que tanto pode estar no 5-2-3 quando tentava pressionar a primeira fase de construção do Kei Lun, como depois de o Kei Lun passar essa fase de construção recuava as linhas e colocava-se num 5-4-1 e foi num desses momentos de pressão à primeira fase de construção do adversário que provocou o erro do central do Kei Lun, que num mau atraso ao guarda redes, deixa Hougaro Da Silva no um para um com Jorge Tavares que facilmente o contorna e faz o primeiro golo da partida logo aos 23 minutos. Estava alcançado o primeiro objectivo de marcar cedo. O jogo decorria num ritmo algo lento talvez pelo frio que se fazia sentir à hora do jogo com algumas boas oportunidades para os dois lados do campo, quando numa bola nas costas da defesa do Kei Lun, Diego Souza derruba o jogador do Monte Carlo que se isolava e o árbitro assinala falta e mostra vermelho ao jogador do Kei Lun mesmo no final da primeira parte. Pior não poderia ser para equipa de Josecler que chegava ao intervalo a perder por um golo e com menos um elemento. Nos segundos 45 minutos da partida poderíamos pensar que o Monte Carlo iria facilmente resolver a questão mas não foi bem assim. O Kei Lun demonstrou um coração imenso e mesmo com menos um, lancou-se para a discussão do jogo onde dois jogadores sobressaíram : Taylor Gomes a fazer a ligação com o ataque da sua equipa e na baliza Jorge Tavares que ia mantendo o resultado na margem mínima. Mesmo antes do golo da tranquilidade do Monte Carlo, auto golo do defesa do Kei Lun ao tentar cortar um remate de Miguel Noronha, o Kei Lun teve duas excelentes oportunidades para empatar que se o conseguisse teria com certeza complicado o jogo para os pupilos de Cláudio Roberto. Destaque ainda para uma grande penalidade falhada por Neto que poderia ter feito o 3-0 que seria um resultado demasiado desnivelado para o que se passou dentro das quatro linhas. Em suma, excelente atitude do Kei Lun mas tem que melhorar a sua organização defensiva. O Monte Carlo conseguiu o mais importante que era manter a liderança do campeonato, mas terá que melhorar também alguns aspectos na sua forma de defender porque na próxima jornada será o Benfica de Macau, que com Nicholas Torrão na forma soberba em que se encontra, não desperdiçará as oportunidades que o a equipa canarina ofereceu ao Kei Lun. Algo para o técnico trabalhar esta semana antes do grande jogo na próxima jornada. Melhor jogador da jornada Nicholas Torrão – Pela segunda vez consecutiva é o nomeado e não há como o não ser. Está atravessar um excelente momento de forma e a maneira que finaliza é de uma subtileza só alcance dos avançados de categoria. Sem dúvida o melhor jogador desta primeiras cinco jornadas.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesPêlos, para que vos quero? [dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]anhei consciência da obsessão contemporânea pelos pêlos femininos quando me apercebi que fotografias de mulheres de bikini, com pêlos a saírem dos lados da linha do razoável, são censuráveis. Tentem publicar uma fotografia nas redes sociais de alguém com uns pêlos púbicos à vista desarmada e vejam o que acontece. Os pêlos (os púbicos, especialmente) são grotescos, são obscenos, são um atentado à nossa ideologia anti-pêlo! Não fossemos nós parte do grupo que objectifica a forma feminina como se não houvesse amanhã – o amanhã vem sempre, com exigências cada mais absurdas de como os nossos pêlos se devem comportar. Claro que esta não é uma perspectiva particular de agora, há evidências de que já existiriam sofisticadas técnicas de remoção de pêlos durante o apogeu da civilização egípcia, por exemplo. A partir daí as mulheres de ‘classe’ tiveram períodos de maior ou menor pressão para se depilarem, de forma a parecerem mais ‘limpas’. A ideia é de que o pêlo é sinónimo de sujidade, e no entanto esta relação pêlo-sujidade não é tão absurda, os pêlos de facto são os causadores dos odores indesejáveis. Na bela puberdade bem que nos assustámos da forma como começamos a cheirar, e de como os pêlos começaram a crescer como que plantados pelas nossas pernas, sovacos e genitais. Para os rapazes ainda cresce na cara (a chatice que não há-de ser fazer a barba…)! Por isso, se os pêlos aparecem em tempos conturbados como a puberdade, é normal que o relacionamento com estes seja de particular dificuldade, dentro das diferenças de género. Os rapazes/homens quase que fazem rezas para que qualquer pelito apareça no buço – e assim ser carregado com respeito e orgulho. Ai pêlos que vos quero para confirmar a minha virilidade! Mas para as meninas/mulheres os pêlos são reprimidos – em todas as áreas. O que é confuso, e surpreendente, porque são a forma mais natural de assinalar a nossa maturidade sexual. Se desde muito cedo as raparigas começam a ver as miúdas em placards gigantes a apresentarem pernas totalmente lisas de pêlos, e sovacos macios, quando começam a entrar no mundo do sexo deparam-se com outras ausências, principalmente, de pêlos púbicos. Parece anedota, mas a verdade é que os rapazes, frutos de uma educação pornográfica, não estão à espera que as miúdas tenham pêlos lá em baixo. Isto, no mundo ocidental, claro, porque nem todas as mulheres foram apanhadas na obsessão que é de ter uma vulva lisa, macia e sem pêlos. O que os investigadores começam a reparar (a correlacionar) é que quem mais depila as partes de baixo tem maior tendência para apanhar uma DST’s. Não é uma informação que me surpreenda especialmente, porque os pêlos não são tão inúteis para serem perpetuamente retirados assim que avistam a luz do dia. Pensem lá nos pêlos do nosso nariz que conseguem prevenir imensas infecções e doenças. Podemos também ponderar que se usamos lâminas em zonas tão íntimas podem causar micro-lacerações, o ambiente ideal para infecções se propagarem… Os pêlos podem constituir uma temível floresta negra para quem se aproxima dos zonas íntimas femininas, mas não passam disso mesmo, uma floresta negra – mas útil e protectora. Quanto às outras zonas corpóreas, há quem diga que vivamos tempos mais simpáticos para dispor com alguma segurança os nossos tão naturais pêlos. Há quem o faça a pintar os pêlos das axilas com cores exuberantes, há quem tire fotografias das suas pernas peludíssimas com o hashtag ‘as princesas têm pêlos’ e publiquem pelas redes sociais. Há tentativas, de facto, de normalizar o pêlo feminino, mas caramba – é difícil. Por mais que tente não passar a lâmina pelas pernas de duas em duas semanas, sinto que vou ser julgada por ter estes naturais folículos pilosos que me fazem sentir mais próxima do mundo dos primatas… do que do complexo mundo feminino.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesNinguém escapa ao braço da lei [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dia 22 de Fevereiro foi o dia do Juízo Final para Donald Tsang, antigo Chefe do Executivo de Hong Kong. Foi acusado de conduta indevida durante a governação e condenado a 20 meses de prisão. Andrew Chan, juiz do Supremo Tribunal, não autorizou a liberdade condicional devido à gravidade das acusações. A Wikipedia faz uma breve descrição do caso de Tsang, “Em 5 de Outubro de 2015, “Tsang foi confrontado com duas acusações de conduta indevida durante o exercício de cargo púbico pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) (CCAC em Macau). A 11 de Outubro de 2016, o Tribunal da Relação de Hong Kong (High Court), deliberou a favor da acusação e decidiu que Tsang deveria enfrentar uma acusação adicional por aceitação de benefícios e por suposta violação do Regulamento para a Prevenção do Suborno. O julgamento, que contou com a presença de um júri, teve início a 10 de Janeiro tendo o réu declarado-se inocente de todas as acusações. A 17 de Fevereiro o júri considerou Tsang culpado de uma das acusações de conduta indevida (da primeira) e inocente da segunda. Por enquanto o júri foi inconclusivo quanto à acusação de aceitação de benefícios por parte de terceiros. Foi condenado a 20 meses de prisão no dia 22 de Fevereiro.” O sistema jurídico de Hong Kong é diferente do de Macau. A presença de um júri para crime graves foi estipulada através do artigo 86 da Lei Básica da cidade. O júri é composto por jurados. Os jurados são pessoas comuns que terão de ser residentes em Hong Kong. O processo de selecção tem duas fases. Inicialmente a escolha é feita pelo Tribunal e depois o grupo seleccionado é sujeito à aprovação do réu. A rejeição de um jurado por parte do réu não precisa de ser justificada. No entanto este direito tem um limite, o réu só pode rejeitar no máximo cinco pessoas. Devido à seriedade deste caso o júri foi composto por nove jurados. Para que o veredicto seja proferido, o júri tem de tomar uma decisão maioritária. Ao juiz cabe apenas decidir a pena a aplicar, caso o réu tenha sido declarado culpado. O South China Morning Post divulgou a 11 de Novembro de 2016 as três acusações imputadas a Donal Tsang nos seguintes termos, “A primeira das três acusações alega que Tsang, enquanto exerceu as funções de Chefe do Executivo e presidiu ao seu gabinete, o Conselho Executivo, revelou conduta indevida por ter ocultado transacções comerciais com Wong Cho-bau relativas ao aluguer de uma penthouse. Na altura, Tsang era responsável pela atribuição de licenças para concessão de espaço radiofónico, lê-se na acusação. Na segunda incriminação de conduta indevida, Tsang é acusado de ter sugerido a nomeação do designer de interiores – Barrie Ho para um prémio e uma distinção honorífica atribuídos pela cidade. Estes acontecimentos tiveram lugar entre Dezembro de 2010 e Julho de 2011.” A terceira acusação é a aceitação de benefícios por parte do Chefe do Executivo”. O júri não chegou a um veredicto quanto a esta última acusação e por isso o Secretário da Justiça pediu um novo julgamento. O novo julgamento está provisoriamente agendado para o próximo mês de Setembro. É previsível que Tsang entreponha recurso para anular esta decisão. Este caso é de vital importância para Hong Kong. Antes do mais, porque é a primeira vez que um representante do mais alto cargo oficial de Hong Kong é processado judicialmente pelo ICAC. A sua condenação é uma mensagem clara para que todos entendam que a corrupção é ilegal e estritamente proibida em Hong Kong. Mesmo um antigo Chefe do Executivo não está à margem da lei, não existe excepção para esta regra. A mensagem “todos devem obedecer à lei” foi claramente transmitida. O respeito pelo Estado de Direito em Hong Kong está bem patente nesta situação. Para além disto, a condenação de Tsang funciona como um aviso para todos os governantes de Hong Kong porque, para além da sentença normal, será implementada uma sentença preventiva para impedir que casos semelhantes venham a acontecer no futuro. A sentença preventiva é um castigo adicional imposto ao réu. É aplicada para impedir a ocorrência de casos similares posteriormente. Esta punição só pode ser aplicada em situações especiais. O caso de Tsang pertence a esta categoria. Acresce ainda que, a sentença preventiva em conjunto com a condenação de Tsang são uma prova inequívoca para todos os investidores, em especial para os investidores estrangeiros, da coragem do Governo de Hong Kong na luta contra o suborno e a corrupção. Neste momento Tsang está na prisão. Devido ao seu estatuto, é natural que tenha uma cela só para ele e que não esteja em contacto com os outros prisioneiros. O novo julgamento terá lugar em Setembro. Por agora não fazemos ideia de qual será o veredicto. Fiquemos atentos aos desenvolvimentos.
Hoje Macau VozesAd impossibilia nemo tenetur [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]odia ser uma cena de filme, uma passagem de telenovela ou de qualquer outra narrativa de ficção. Mas foi real, uma realidade extravagante e à medida da desproporção que tanto se tem exibido nos tempos que correm. Aconteceu-me aquilo que, infelizmente, aconteceu já a tantos outros residentes de Macau, e é tão absurdo que me sinto impelida a deixar estampada a perplexidade e indignação sobre o desajuste da actuação das autoridades da RAEM. Desembarcava no terminal marítimo da Taipa após a longa viagem que começa do outro lado do mundo e termina quase 24 horas depois. Se a viagem é habitualmente cansativa, pior ainda com gripe, febre e ouvidos bloqueados, o que foi o caso. Ansiando por um antipirético, um duche quente e uma boa noite de sono, colocava o polegar direito na máquina de identificação destinada a residentes e que abre portas automaticamente após o devido reconhecimento. As portas não abriram, nada que não possa acontecer. Chegou um polícia, o que é normal nestas circunstâncias em que compete às autoridades desbloquear a situação. Só que toda a normalidade acabou nesse preciso momento e o que se seguiu foi, aos meus olhos, pura aberração. O polícia conduziu-me a uma sala ao canto esquerdo de quem chega ao terminal e deu-me indicações para ali ficar. Saiu e deixou-me na sala com algumas cadeiras vazias e um balcão de atendimento sem ninguém. Aturdida pela viagem, gripe e ouvidos bloqueados, tudo me parecia estranho e no vago estava longe de imaginar o que viria a seguir. Não terá passado muito tempo até que um segundo polícia, do lado de dentro do balcão e com uns papéis na mão, me diz num inglês rudimentar “you go court”. Nada me ocorria, absolutamente nada que me levasse a pensar em tribunais. Julguei, por momentos, tratar-se de um caso antigo em que fui roubada, mas esse caso estava resolvido e encerrado. Teria algo ficado por esclarecer? Entre os pontos de interrogação e exclamação que se erguiam, não conseguia perceber coisa alguma a não ser que tinha de ir a tribunal. Continuei a aguardar por informações ou esclarecimentos. A espera foi longa até que surge um novo dado transmitido no mesmo inglês tosco, mas suficiente para perceber que estava relacionado com o carro ou com a condução. Enquanto a espera prosseguia contactei por telemóvel alguns amigos contando o absurdo de estar na polícia do terminal marítimo da Taipa por qualquer coisa que se tinha passado com o carro, alguma multa por pagar, ou algo do género… fosse o que fosse, “pelo amor da santa”, não haveria outra forma de me darem conhecimento? A espera continuava longa. A dada altura e num inglês um pouco mais elaborado sou informada de que seria levada num carro da polícia para a esquadra número 3 e que não poderia usar mais o telemóvel a partir do momento em que entrasse nesse veículo. Não queria crer! O que teria eu feito de tão danoso para ser levada à polícia e ser privada da liberdade de deslocação e de comunicação? Incrédula, angustiada e consumida por tudo o que se estava a passar, fiz a última chamada antes de entrar no carro da polícia. Pela voz de um amigo que domina o cantonês e que falou directamente com o agente da autoridade, fiquei a saber que tinha um mandado de detenção! Um mandado de detenção dirigido a uma pessoa que tem os seus direitos, cumpre os seus deveres, uma pessoa de bem que respeita a lei e os bons costumes. É muito grave! Que teria eu feito de tão atentatório para ser detida à chegada à RAEM e conduzida num carro da polícia à esquadra número 3 em Macau? Estava em choque total. Passavam-me pela cabeça flashes saídos do X-Files, do Twilight Zone, Histórias insólitas, do incrível… Com a mala de viagem, entro na esquadra número 3. Vejo homens e mulheres virados contra uma parede, um polícia a fotografar e a tirar as impressões digitais aos detidos, outras pessoas a serem levadas para uma sala onde ficavam trancadas. Face ao cenário penso: era só o que me faltava fazerem-me isto também! E não é que o fizeram?! Contra tudo o que me era possível supor, fui fotografada, tiram-me as impressões digitais e trancaram-me numa cela onde outras pessoas, como eu detidas, aguardavam o momento seguinte. Qual foi afinal a minha culpa? Soube na esquadra. Ultrapassei a velocidade permitida numa estrada em Coloane que tem por limite máximo 60 km. O radar registou 74 km ao passar o meu carro. Foi em Maio de 2016 e nunca soube da infracção até ao momento em que fui detida. Porquê? Porque mudei de casa e a notificação da multa por excesso de velocidade foi enviada para a morada anterior. Ao mudar de casa fiz a actualização de morada em todos os documentos, incluindo a carta de condução, mas escapou-me um documento: o registo de propriedade automóvel. Foi precisamente esse o documento usado pelas autoridades para chegarem ao meu contacto, mesmo sabendo do meu número de telemóvel que constava do processo escrito em chinês e que me foi mostrado na polícia. Com a multa por pagar, o caso seguiu os trâmites habituais previstos na lei e acabou em tribunal, onde fui julgada à revelia em Novembro de 2016, tendo sido condenada ao pagamento de uma multa de mil patacas ou 10 dias de pena de prisão, caso a multa não fosse paga. Tudo isto aconteceu sem que alguma vez pudesse sequer suspeitar, muito menos saber, que estava obrigada ao pagamento de uma multa ou a ser julgada em tribunal. Entre a infracção cometida e o julgamento à revelia, estive sempre em Macau, a trabalhar no mesmo sítio onde trabalho há mais de 30 anos e sem a mínima intenção de fugir à lei ou às autoridades. Por que é que me trataram como se fosse uma foragida? Ad impossibilia nemo tenetur, ou seja, ninguém está obrigado ao impossível. Ora, para mim era impossível executar uma ordem que nunca conheci e que nunca me chegou. Senti-me tratada como criminosa e por tal humilhada. E para quê tanto aparato em torno de uma situação que, no final, se resolveu na esquadra da polícia com o pagamento da multa e custas do tribunal acrescentadas à conta? Tenho por princípio e norma cumprir as minhas obrigações. Pergunto, estará a RAEM a cumprir as obrigações que lhe competem tratando desta forma os seus cidadãos? Quantos residentes da RAEM foram já importunados à saída de Macau ou à entrada por questões deste género? Sei que não sou caso único e, espantosamente, até há quem ache normal este procedimento das autoridades. Preocupante entendimento. Para mim é completamente defeituoso e por isso não posso calar-me. ANA ISABEL DIAS, Residente Permanente da RAEM
Hoje Macau VozesDireito de resposta [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]xmo. Senhor Director : Relativamente à reportagem sobre o Centro UNESCO de Macau, publicada no V/ Jornal no dia 23 de Fevereiro de 2017 e onde está escrito: “a fraca divulgação e a pouca utilização do lugar perdido no meio do NAPE / pouco respeito por um dos edifícios que melhor deveria defender a cultura em Macau”, vem esta Fundação, na sua modesta opinião, afirmar que o que foi dito naquela reportagem não corresponde à verdade. No dia 21 de Fevereiro de 2017, uma jornalista do V/ Jornal questionou esta Fundação com a seguinte pergunta: “What kind of project Macau Foundation is developing for this space?” e “Does Macau Foundation is thinking to expand activities in UNESCO Center in Macau, to promote more heritage?”. Como na altura a Fundação não se apercebeu qual era a “verdadeira intenção” da questão colocada, deu como resposta as informações resumidas sobre a situação da utilização diária do Centro UENSCO e não foram dados, efectivamente, muitos pormenores sobre os trabalhos desta Fundação e do Centro UNESCO. Futuramente esta Fundação gostaria de reforçar e aperfeiçoar as suas comunicações com o V/ Jornal, dado o interesse do V/ Jornal sobre as actividades da Fundação Macau. Para que o V/ Jornal e o público tenham o correcto conhecimento sobre os trabalhos da Fundação Macau, nomeadamente na promoção da concretização dos objectivos da UNESCO em Macau, entende esta Fundação dever esclarecer os seguintes pontos: O Centro UNESCO de Macau é uma subunidade da Fundação Macau. Com o desenvolvimento desta Fundação não é somente o Centro UNESCO de Macau mas antes a Fundação Macau, no seu conjunto, que assume a concretização dos objectivos da UNESCO. Assim, ao longo dos últimos anos, a Fundação Macau tem vindo a manter contactos assíduos com a UNESCO, efectuando muitos dos seus trabalhos para prosseguir o cumprimento das missões da UNESCO em Macau, nomeadamente: Organização, várias vezes, de grupos de estudantes de Macau para participar no “Festival das Artes de Crianças da Ásia Oriental” (sigla em inglês: CPAF); Apoio ao “Prémio de Protecção de Património Cultural da Ásia-Pacífico da UNESCO” (UNESCO Asia-Pacific Awards for Cultural Heritage Conservation), sendo a Escola Portuguesa de Macau uma das entidades premiadas; Para além disto, a Fundação Macau tem colaborado na conferência internacional em Macau, juntamente com o Comité da Ásia-Pacífico “Memória do Mundo da UNESCO” (MOWCAP), organizando todos os anos representantes para participar nas reuniões internacionais promovidas por este Comité, dando assistência aos seus membros tanto na participação nas reuniões realizadas no Interior da China como no apoio aos contactos necessários entre o País e a UNESCO; Através da concessão de subsídios às associações locais, a Fundação Macau promove, de uma forma muito dinâmica, o desenvolvimento da educação, ciência e tecnologia, e cultura da sociedade do Território; A Fundação Macau está neste momento a preparar o “Programa de Estágios na UNESCO dos Finalistas do Ensino Superior de Macau” com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior e a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, de modo a apoiar os jovens que mais se distinguem nos estudos para poderem realizar estágios na sede ou nas delegações da UNESCO. A Fundação Macau dedica todo o seu esforço para promover a conservação e o desenvolvimento da história e cultura de Macau. É desejo da Fundação Macau fazer uma apresentação de alguns dos seus trabalhos referentes à preservação, organização e promoção do patrimómio intangivel de Macau que é, efectivamente, uma das área mais importantes para a UNESCO. Ao longo dos últimos anos, a Fundação publicou ou apoiou a edição de um grande número de colectâneas de arquivos e documentos históricos de Macau depositados na China, em Portugal e noutros países do mundo, incluindo as chapas sínicas da Torre de Tombo e os mapas espalhados pelo mundo, para além da edição da Cronologia da História de Macau. A Fundação, tem vindo a dedicar muito esforço aos trabalhos editoriais do Projecto “Memória de Macau” e à “Colectânea das Crónicas das 10 Artes – Tomos de Macau”. O Projecto “Memória de Macau” foi iniciado no ano de 2012, dando eco ao Projecto “Memória do Mundo” da UNESCO, que foi iniciado no ano de 1992, tendo como objectivo promover a conservação dos elementos histórico-culturais em todo o mundo. O Projecto “Memória de Macau” implica a criação dum banco de dados de multimédia na plataforma de internet para disponibilizar a interacção com o público interessado, procedendo-se para tal à recolha, organização e integração dos dados histórico-culturais de Macau do passado ao presente espalhados pelo mundo e a sua digitalização para serem preservados futuramente. Os trabalhos da “Colectânea das Crónicas das 10 Artes – Tomos de Macau” também arrancaram em 2012, sendo este um trabalho de grande relevância ligado às artes e cultura locais. Trata-se de uma cooperação entre a Fundação Macau e o Centro de Desenvolvimento das Artes e Cultura Étnicas e Folclóricas do Ministério da Cultura da China, com vista a recolher e organizar todos os elementos disponíveis sobre as artes e cultura folclóricas tradicionais de Macau, de modo a promover e conservar a riqueza multicultural popular e mostrar as realizações de Macau no âmbito das artes e cultura. A publicação compreende canções e músicas folclóricas, música instrumental, óperas, baladas, contos, provérbios e danças, entre outros temas. Estes dois importantes projectos contam com mais de uma centena de especialistas, académicos e estudantes na participação dos trabalhos. Depois dos esforços dedicados ao longo dos últimos cinco anos, já se compilaram 6 dos tomos da “Colectânea” que foram já definitivamente aprovados. Quanto ao Projecto “Memória de Macau”, prevê-se a publicação dos resultados no fim deste ano. A Fundação Macau, além de promover, com grande esforço, a organização, estudos e investigação e publicação das fontes histórico-culturais de Macau, também incentiva e apoia muitas acções das associações ligadas à conservação histórico-cultural local como, por exemplo, os apoios que foram dados, desde o ano de 2008, à Associação de História Oral de Macau para realizar projectos como, por exemplo, “Estudos de História Oral do Bairro da Rua de Felicidade de Macau, Estudos da História Oral das Tendas de Jornais de Macau e a Exposição das Tendas de Jornais de Macau, entre outras acções. Por outro lado, a Fundação promoveu e apoiou a candidatura “Os Arquivos da Diocese de Macau” para concorrer à “Memória do Mundo” da Região Ásia-Pacífico, assim como a organização dos “Arquivos e manuscritos do Templo Kong Tac Lam de Macau” que também foram integrados na “Memória do Mundo”, ainda apoiou a digitalização destes arquivos tão preciosos e as instituições locais para desenvolverem actividades, tais como palestras, conferências e estudos para a conservação dos patrimónios culturais e na formação de embaixadores do património. Finalmente, e para concluir, a Fundação, há uns tempos atrás, organizou a acção estudantil “Passeio de Estudo pelo Centro Histórico de Macau” que contou com a participação de mais de 20 mil estudantes e professores oriundos de mais de 40 escolas e o Concurso Escolar de “Perguntas sobre o Património Mundial de Macau” que contou com 77 equipas concorrentes. Estas actividades evidenciam que a Fundação tem vindo a apoiar, sem reservas, a conservação do Património Cultural de Macau. Com o espaço quase totalmente ocupado, o Centro UNESCO de Macau é utilizado não só para organizar as próprias actividades da Fundação Macau como também é cedido a outras instituições e grupos para as suas actividades de diferentes categorias e modalidades. Em 2015, no Centro UNESCO de Macau realizaram-se um total de 35 exposições, 14 seminários / concertos / cerimónias de atribuição de prémios, sendo a taxa de utilização do espaço de 322 dias. Em 2016, foram realizadas lá 41 exposições, 7 seminários / concertos / cerimónia de atribuição de prémios, sendo a taxa de utilização do espaço de 311 dias. Acresce-se que, no Centro UNESCO de Macau foi instalado o “Centro de Aconselhamento ao Ensino Superior (FM – AECM)” que presta diariamente informações aos estudantes, tendo recebido um total de 38,923 consultas. Pelo tudo o que aqui foi exposto, é notório que a Fundação não pode concordar de modo algum com o título – Centro UNESCO, um espaço sub-aproveitado: Esquecimento Global nem com o teor da reportagem: “Centro UNESCO com pouca utilização/ fraca divulgação e com pouca utilização do lugar perdido no meio do NAPE / pouco respeito por um dos edifícios que melhor deveria defender a cultura em Macau”. Quanto ao edifício do Centro UNESCO, a Fundação planeou há alguns anos atrás uma obra de ampliação, contudo, devido às exigências do planeamento urbano naquela zona, a obra não foi aprovada pelos serviços competentes. Actualmente, a Fundação procede à manutenção e reparação do Centro UNESCO regularmente e sempre que as necessidades o justifiquem, pois a taxa de utilização do Centro UNESCO é muito alta e, por esta razão, é desejo da Fundação, no futuro, aperfeiçoar e optimizar aquelas instalações que o fará no momento certo e mais adequado para melhor servir a sociedade. Actualmente, as notícias sobre as actividades realizadas no Centro UNESCO, em língua chinesa e portuguesa, estão disponíveis no website desta Fundação. Se pretender adquirir informações sobre as actividades realizadas no Centro UNESCO, pode ser consultado o website desta Fundação (https://www.fm.org.mo). O antigo website do Centro UNESCO de Macau (https://www.unesco.org.mo) já não funciona, desde o mês de Outubro do ano passado, mas se clicar na opção “Actividades do Centro” no antigo website será redireccionado para o website desta Fundação. O antigo website do Centro UNESCO irá ser eliminado mais tarde. Para terminar, a Fundação aproveita a oportunidade para agradecer o V/ Jornal para advertir e chamar a nossa atenção aos nossos trabalhos. Com os melhores cumprimentos e um abraço amigo. Macau, 24 de Fevereiro de 2017. O Presidente do Conselho de Administração, Wu Zhiliang
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia vai erguer edifício para a cremação do defunto rei [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de quatro meses depois da morte do rei Bhumibol Adulyadej, a Tailândia lançou ontem, com grande pompa, a obra do monumento para a cremação do monarca, que deve ter lugar no próximo Outono. A poucos metros do grande palácio, enquanto monges budistas ecoam mantras, os generais no poder na Tailândia, após o golpe de Estado de Maio de 2014, presidiram à cerimónia durante a qual foram colocados os primeiros pilares do edifício. A data de cremação do rei Bhumibol Adulyadej não foi ainda oficialmente divulgada mas, segundo fontes governamentais, deve ter lugar em Outubro ou Novembro, altura em que termina o ano de luto nacional. Organizada no grande palácio de Sanam Luang, em pleno ‘coração’ da capital, Banguecoque, a cremação real será um enorme evento. Apesar de o orçamento não ter sido divulgado publicamente, as autoridades prevêem gastar milhões de euros por essa ocasião. Sete décadas de união Bhumibol Adulyadej, de 88 anos, que morreu em Outubro do ano passado, depois de uma longa doença, pondo fim a um reinado de sete décadas em que personificou a unidade do país que lhe valeu o título do mais antigo monarca em exercício, era profundamente venerado. Bhumibol Adulyadej chegou ao poder em 9 de Junho de 1946, depois da morte do irmão mais velho, o rei Ananda Mahidol, vítima de um acidente com arma de fogo, no palácio real de Banguecoque. O acidente ficou até hoje por explicar. No início do reinado, já depois da abolição da monarquia absoluta no país, em 1932, o papel do rei foi ensombrado por uma série de líderes militares fortes. Mas com o apoio de outros membros da família real e alguns generais, Bhumibol Adulyadej fortaleceu o papel da monarquia, com uma série de visitas às províncias mais remotas e através de numerosos projectos de desenvolvimento agrícola. Apresentado como um semideus e benfeitor da nação, as suas imagens são omnipresentes no país e o culto da personalidade foi reforçado após o golpe de Estado de 22 de Maio de 2014, realizado pelos militares em nome da defesa da monarquia. A família real tailandesa está protegida por uma das leis sobre lesa-majestade mais severas do mundo, e nos últimos dois anos, os processos por crimes de ofensa à monarquia multiplicaram-se e as sanções aumentaram. Sem qualquer prerrogativa constitucional, Bhumibol Adulyadej exerceu uma enorme autoridade moral e foi sempre visto como a única personalidade capaz de unir os tailandeses. Rico percurso Oficialmente, o rei está acima da política, mas Bhumibol interveio em alturas de grande tensão – 1973, 1981 e 1992 -, assistindo a numerosos golpes militares, 19 constituições e ainda mais primeiros-ministros, para encontrar soluções não-violentas em algumas crises. Nascido em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), Bhumibol Adulyadej viveu e estudou na Suíça até final da Segunda Guerra Mundial. Em 2006, recebeu do então secretário-geral da ONU Kofi Annan o primeiro prémio de mérito de Desenvolvimento Humano. A Bhumibol Adulyadej sucedeu o seu filho Maha Vajiralongkorn que foi proclamado rei da Tailândia no início de Dezembro.
Hoje Macau SociedadeFundação Macau | Orçamento cresce 16 vezes em 15 anos [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om uma gestão de fundos questionada amplamente, a Fundação Macau revelou ter uma reserva equivalente a 29,2 mil milhões de patacas. Em entrevista à Agência Lusa, o presidente do conselho de administração da instituição afastou qualquer suspeita em relação ao funcionamento da mesma A Fundação Macau (FM) tem nos seus cofres uma quantia que representa quase um terço do valor da receita do orçamento da RAEM para 2017, de quase 103 mil milhões de patacas. Hoje em dia, os fundos da fundação, no valor de 29,2 mil milhões de patacas, são mais de 16 vezes superior à data da sua criação. Os dados foram relevados por Wu Zhiliang, em entrevista à Agência Lusa, baseado no valor reportado pela instituição aos Serviços de Finanças. Esta reserva funciona como uma conta poupança à qual acrescenta, todos os anos, 1,6 por cento das receitas da indústria do jogo. Parte da reserva encontra-se aplicada em depósitos, acções, fundos e em títulos de dívida estrangeira, um investimento que gera um retorno anual na ordem dos 2,5 por cento. “O dinheiro foi entregue a alguns bancos, são eles que o geram e não pode haver prejuízo”, garantiu Wu Zhiliang à Lusa. Meia dúzia de queixas As dúvidas sobre a gestão da FM dividem-se entre a sociedade civil e alguns deputados da Assembleia Legislativa. Porém, Wu Zhiliang afasta qualquer sombra de suspeita. “Todos os anos acontecem alguns casos de denúncia sobre o mau uso de apoios concedidos pela fundação”, comentou o presidente do conselho de administração da FM em entrevista à agência Lusa. Wu Zhiliang indicou que, anualmente, a instituição recebe “meia dúzia de queixas” e que, apesar dos casos suspeitos, nunca nenhuma foi dada como provada. “A fundação tem um sistema bastante rigoroso em fiscalizar o uso do apoio concedido”, explicou. No entanto, tem sido questionada a escolha das instituições que a FM financia. Neste capítulo é de salientar que em Junho de 2016, o Comissariado Contra a Corrupção arquivou o caso da Universidade de Jinan, na China. Em questão estava um subsídio no valor de 100 milhões de reminbis concedido à instituição de ensino, cujo vice-presidente do conselho geral é Fernando Chui Sai On.
Rui Flores VozesFortaleza Europa [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á um risco muito sério de a Europa deitar por terra quase 60 anos de integração política e os valores liberais que a têm marcado. Seis décadas após a constituição da Comunidade Económica Europeia, solidariedade, igualdade e fraternidade são chavões pouco populares. Esta deriva iliberal tem acontecido um pouco por toda a Europa, quer a ocidente quer a oriente, mas tornou-se evidente quando o Reino Unido votou pela saída da União Europeia em Junho do ano passado. Isto tem acontecido quer por acção quer por inacção. Por acção, por exemplo, as vedações construídos pela Hungria, nas suas fronteiras, para evitar que os refugiados por lá passassem a caminho da Alemanha e dos países nórdicos; por inacção, por exemplo, dos governos que se comprometeram a acolher no prazo de dois anos 160 mil refugiados que se encontram na Grécia e em Itália. No início deste mês, tinham apenas recebido pouco mais do que 14 mil pessoas, ou cerca de 9 por cento do total com que se haviam comprometido. O programa de recolocação de refugiados, que começou em Setembro de 2015, foi adoptado pelo Conselho Europeu com o objectivo de aliviar os governos de Atenas e de Roma da pressão migratória de milhares de candidatos a asilo que estavam então a inundar a Europa. A probabilidade de os Estados-membros da União Europeia cumprirem a promessa de acolher os restantes 146 mil nos próximos sete meses parece muito pouco provável. A Europa está pois, paulatinamente, de eleição em eleição, de medida em medida, de lei em lei, a transformar-se numa espécie de fortaleza, incapaz de receber quem lhe bate à porta e incapaz de integrar os outros europeus. A Áustria que esteve recentemente à beira de eleger o primeiro presidente de extrema-direita na repetição uma segunda volta eleitoral controversa, acaba de adoptar legislação laboral em que se privilegia os trabalhadores nacionais em relação aos estrangeiros. Privilegia? Melhor seria escrever “discrimina os trabalhadores estrangeiros”, pois é disso que se trata, de uma discriminação. Na Holanda, que vai a votos no dia 15 de Março, o Partido da Liberdade, de Geert Wilders, com um discurso anti-imigração, anti-islâmico, está à frente nas sondagens. Não é por isso de estranhar que a força política que segue em segundo lugar nas sondagens, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia, do primeiro-ministro Mark Rutte tenha definido a contenda eleitoral como uma luta pela “identidade”. Da Holanda, dos holandeses, dos valores que o país abraça. E em França, Marine Le Pen continua a subir nas sondagens. Enquanto, nos Estados Unidos, Donald Trump promete erguer mais barreiras, quer à circulação de pessoas – a vedação com o México já existe em quase 1200 quilómetros, vem aí agora o muro – e de mercadorias – a promessa de cobrar tarifas de 45 por cento sobre certos produtos oriundos da China ainda não foi alvo de uma ordem executiva, mas também não parece ter sido abandonada –, na Europa essas barreiras parece que já têm alguns metros de altura. Neste fim-de-semana, um antigo colega meu em Portugal, que vive há anos na Estónia, tornou pública, no Facebook, uma certa aversão que os estónios sentem pelos estrangeiros. A coisa piorou tanto que já é visível nos bares, em que, ao final do dia, os imigrantes são perseguidos e ameaçados, sem que ninguém intervenha para acalmar os ânimos. Esta falta de entusiasmo no acolhimento tem levado, por exemplo, milhares de iraquianos que chegaram à Europa no pico da crise migratória a regressar à sua terra. O New York Times deu à estampa há dias uma reportagem, com nomes, com rostos, com imagens, de iraquianos que não aguentaram o ambiente hostil em que foram recebidos e voltaram a casa. Alguns estavam na Finlândia. A Organização Internacional para as Migrações reconhece que só no ano passado ajudou 3.500 iraquianos a deixarem a Europa de regresso ao Médio Oriente. Os muros estão construídos. E não vão desaparecer durante uma noite, deitados abaixo por hordas de europeus empenhados na solidariedade, fraternidade, na igualdade, na internacionalização. A Europa está a fechar-se sobre si própria. Temos vivido em quase permanente crescimento económico durante décadas. Estamos hoje melhor do que quando os nossos pais tinham a nossa idade. Trabalhamos menos horas do que eles trabalhavam e ganhamos mais por isso. A entrada em circulação do euro ocorreu há quinze anos. Para muitos jovens, a realidade do euro é a única que conhecem. Os universitários do programa de mobilidade Erasmus, que têm agora 20 e poucos anos, não têm memória do escudo, peseta ou franco. Assimilámos ao longo das seis décadas de integração europeia que somos europeus. Temos um passaporte que nos lembra isso. Os cursos superiores obedecem todos às mesmas regras de validação. A divisa que usamos é a mesma numa maioria de Estados. As marcas da roupa da moda estão disponíveis em todas as grandes cidades europeias. E ao mesmo preço. Os salários e os impostos é que ainda são muito diferentes… Os tempos da viagem fácil, da deslocalização – o termo imigrante foi dando lugar ao termo mais vago e menos negativo de expatriado – e do dinheiro barato parecem um longínquo passado. A realidade é que temos dado por adquirido algo que pode estar à beira do colapso. Este estado de coisas parece não ser permanente. A crise financeira, económica e social de 2008 não passou. As suas ondas de choque continuam a ser sentidas, com esta reacção social contra o que não é daqui, aquele que é de fora. Os anos da internacionalização que marcaram a segunda metade do Século XX e os primeiros anos do Século XXI parecem fazer agora parte de uma memória feliz de um tempo em que a vida era mais fácil.
Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasTempos difíceis. Ai o cinema, ai o cinema [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ard Times, For These Times, é o título da obra literária do Charles Dickens e do terceiro filme do João Botelho (1988), 90 minutos, com um preto e branco nativo (na rodagem) notável, filmado em 35 mm por Elso Roque, direcção de arte de Jasmim de Matos, um talento que infelizmente já não partilha connosco nem as esperanças nem o sofrimento do quotidiano vivido. Mas este título e esta crónica, não é sobre esta obra cinematográfica, é sobre os continuados TEMPOS DIFÍCIEIS do cinema Português. O anunciado novo enquadramento legislativo, em lugar de ser um tempo de reflexão crítica por parte dos seus principais actores, os que o fazem, e os que o distribuem em sala, sobre qual cinema serve Portugal, e qual a legitimidade e a eficácia na decisão dos apoios públicos ao cinema, tem sido um tempo de vigor nas explosões intestinas, na defesa dos interesses já conhecidos e em vigor nestas últimas três a quatro décadas, ou seja, desde os anos 80 do século vinte. Nas redes sociais, em artigos de imprensa, em cartas abertas postas a circular em festivais internacionais de cinema, a pressão das facções dos “donos” do direito a fazer cinema com fundos públicos em Portugal, manifesta-se de forma mais corporativa e fratricida, do que na verdade empenhada em posicionamentos estéticos ou teóricos sobre um pensamento sistematizado sobre o cinema neste tempo concreto da hipermodernidade que vivemos. Em resumo, temos assistido ao território da criação cinematográfica radicado em duas igrejas. Ambas falam em nome da relação do cinema com o público, ou melhor com os públicos. O deus verdadeiro está em cada uma, segundo os próprios funcionários, ou crentes, da instituição respectiva. Uma igreja segue mais de perto a teologia do marketing, essa grande ciência que sabe mais das nossas vontades e necessidades do que nós mesmos, e a outra, sente-se dona, legitima e única continuadora da chamada política de autor – movimento do cinema europeu iniciado com a geração dos “Cahiers du cinema”, Bazin, Godard, etc, afirmando recusar-se a tratar os públicos como imbecis. Mas, a razão de fundo da querela é outra, é que, para filmar em Portugal com o mínimo de condições necessárias para cumprir as obrigações com as equipas técnicas e artísticas; os custos de desenvolvimento, preparação, produção, pós-produção e de comunicação de um filme com possibilidade de existir nos circuitos de exibição nacional e internacional, salvo casos esporádicos e nessa condição únicos, é necessário ter os apoios financeiros que resultam das políticas culturais públicas e, como os montantes são sempre escassos, o eixo do mal instala-se, e em cada igreja, instala-se a verdade com exclusão do que lhe esteja fora. Conviria, parece-me, traçar de forma breve o “estado da arte”, com o enfoque no cinema e na sua contaminação no banal quotidiano. O cinema é matéria de múltiplos territórios, é transdisciplinar, é arte e indústria, contamina comportamentos, atitudes, artes, num duplo movimento de apropriação e recriação do apropriado. É o mais poderoso construtor do “phatos” (palavra grega que significa paixão, excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento, sentimento, ligação afectiva), utilizando a terminologia do cineasta Eisenstein (1898-1948), neste tempo da irrupção de milhões de subjectividades, de comunidades afectivas territorialmente difusas. O cinema afirma-se enquanto olhar singular do homem sobre si e sobre o mundo. Capaz de transportar o espectador para a tela, o cinema é produtor de modelos e da reflexão crítica aos modelos que cria, é construtor de sombras e de luz, inventor de presentes, passados e futuros possíveis, afirma a radical dimensão da construção simbólica como alicerce e pilar para toda a tentativa hermenêutica do humano olhar sobre o mundo. Presente na forma e no desejo do habitar dos quotidianos pelas populações urbanas indiferentemente das geografias e modos de vida, sejam mais ou menos conservadoras, liberais, alternativas, dissidentes, feministas, pós-feministas ou pós-revolucionárias, o cinema está presente e, essa presença, sustenta e enforma olhares e subjectividades, visões do eu e do outro. O cinema é uma poderosa força construtora de mundos e do mundo. É neste contexto que se tem de pensar a política de fundos públicos de apoio ao sector. O momento de um novo enquadramento legislativo é talvez o melhor dos tempos para, por exemplo, pensar a articulação entre fundos públicos para o cinema e política externa de Portugal. O cinema e os objectivos e necessidades estratégicas de Portugal no curto, médio e longo prazo. A questão é, ou pelo menos a mim parece-me que deveria ser: Que cinema serve Portugal? Qual a legitimidade e a eficácia na decisão dos apoios públicos ao cinema? Pode um sistema de júris exteriores à administração pública cumprir com eficácia o entendimento das políticas públicas para o cinema? Se sim, de que forma? Apesar da chamada participação dos actores em campo, não se encontra facilmente qual seja a não legitimidade a que seja o ICA que assuma e garanta as decisões de financiamento com base no cumprimento das linhas programáticas de curto e médio prazo definidas em sede própria – o governo eleito. A constantemente transparência enquanto valor, o chamado não dirigismo do gosto pelo poder político, com a solução dos júris vindos e representantes dos diversos sectores da actividade cinematográfica, é, ou pode ser, um pensamento bondoso, mas nada garante que seja mais do que isso A obrigatoriedade de pensar o cinema numa visão integrada e alargada tanto às questões da comunicação de Portugal no mundo contemporâneo, como à oferta cultural em território nacional, como à diversidade estética própria da cinematografia contemporânea, não me parece que fique necessariamente melhor entregue fora do que dentro do organismo que depende da tutela do Ministério da Cultura. Em registo de conclusão. A velha discussão Bragança – Paris, apoia-se na irrelevante, estafada e sem fundamentação teórica credível, oposição entre cinema arte e cinema indústria, paradoxalmente, continua a legitimar o discurso e pensamento sobre o cinema que se faz e que importa fazer. O cinema, “ o diálogo do mundo contemporâneo”, como afirmou Elia Kazan, é arte e indústria, tem a razão da sua paixão nos públicos numa ancestralidade muito anterior a si, a necessidade de narrativas que acompanha a história do homem no mundo. A discussão arte cinematográfica versus indústria é bacoca, ignorante e enganosa. O que existe são diferentes modelos de produção, e todas as possibilidade de filme conhecidas ou a conhecer. A questão dos fundos públicos, das políticas públicas para o cinema português é central e vai continuar a ser, mas nenhuma igreja tem legitimidade acrescida.
Hoje Macau China / ÁsiaSeguros | Detentor de quarta maior fortuna do país expulso da indústria [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão Reguladora de Seguradoras da China expulsou da indústria por dez anos Yao Zhenhua, quarta maior fortuna do país, por cometer irregularidades na compra de acções do gigante imobiliário Vanke, informou sábado a imprensa oficial. Yao, fundador do conglomerado financeiro Baoneng, facultou informação falsa para ser autorizado a aumentar o capital da sua filial seguradora Foresea Life, uma operação com a qual financiou a aquisição de títulos da Vanke, segundo a imprensa oficial chinesa. Após uma investigação, o regulador chinês concluiu que a Foresea Life não utilizou fundos dos seus accionistas, como afirmado na altura, para o aumento de capital em Novembro de 2015 o que permitiu que se tornasse no sócio maioritário na Vanke e desencadeou uma luta pelo controlo da imobiliária. A comissão responsabilizou directamente Yao por essa informação errónea, decidindo retirá-lo da presidência da Foresea Life e proibiu-o de participar no sector dos seguros durante a próxima década. O regulador dos seguros da China anunciou também que, a partir de agora, irá oferecer aconselhamento para “melhorar” a gestão da Foresea Life, uma empresa que já puniu, em Dezembro, pela sua implicação na disputa pelo controlo da Vanke. Fim de ciclo A suspensão da indústria seguradora trava a ascensão no mundo empresarial chinês de Yao Zhenhua, um empresário praticamente desconhecido até há pouco mais de um ano e que, no espaço de meses, ascendeu à quarta posição da lista dos mais ricos, publicada pela Hurun, equivalente chinês da Forbes. Além disso, encerra-se mais um capítulo no caso Vanke, uma longa disputa que implica várias das maiores imobiliárias chinesas e que aparentemente ter-se-á resolvido no passado mês de Janeiro com a entrada no capital da empresa do grupo estatal Shenzhen Metro Group que ficou como segundo maior accionista. A batalha pelo controlo desta empresa, a maior no ramo imobiliário residencial na China, teve início no final de 2015, quando a Baoneng se tornou no principal accionista, apesar da oposição do fundador da imobiliária, o magnata Wang Shi. Para comprar as ações da Vanke, a Baoneng fez com que a Foresea Life pedisse um crédito equivalente ao dobro do seu capital, decisão que motivou a investigação da Comissão Reguladora de Seguradoras e resultou agora na sanção imposta a Yao. A equipa de gestão da imobiliária tentou travar a manobra da Baoneng por diversas ocasiões e, em Janeiro, conseguiu finalmente a esperada entrada no universo de accionistas da Shenzhen Metro Group, a firma que opera a rede de metro da cidade chinesa de Shenzhen, em substituição do conglomerado estatal China Resources. Assim, a Vanke espera obter acesso à edificação de terrenos disponíveis junto às novas linhas de suburbano de Shenzhen, a cidade onde tem a sua sede, de modo a garantir a sua futura viabilidade. Os reguladores também estão a analisar a compra de títulos da Vanke efectuadas pela imobiliária Evergrande, no final do ano passado, que lhe permitiu converter-se na terceira maior accionista, seguindo métodos similares aos da Baoneng e também através de uma filial seguradora.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteArmazém do Boi | Workshop e exposição para reflectir Macau Gil Mac regressa a Macau para um woprkshop no Armazém do Boi em que os participantes são convidados a trabalhar em logótipos que representem a cidade. O espaço é de criação e reflexão para que, no final, resulte uma exposição em caixas de cartão que comuniquem o território [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma semana para a criação de logótipos em caixas de cartão capazes de reflectir a cidade, é a proposta do workshop Macau™ que vai ter lugar no Armazém do Boi. Gil Mac é o responsável pelo evento. A participação do artista marca a presença portuguesa na programação de 2017 do Armazém e resultou do open call “Seed in Spring” promovido pela entidade local. A cidade não é nova para Gil Mac e a ideia, neste regresso, é pensar Macau e o branding do lugar. “A primeira vez que estive em Macau foi em 2007 com a Teatro do Frio para apresentar um espectáculo a solo no festival Fringe e apaixonei-me pela cidade. Voltei em 2014 com o colectivo (DEMO) para o mesmo festival com o projecto ‘UWAGA!’. Estivemos no Armazém do Boi várias semanas com uma oficina de arte urbana e tipografia”, recorda. Foi aí que conheceu e se surpreendeu com a criação artística “made in Macau”. “Conheci uma nova geração de artistas muito criativa, com espírito crítico e “politicamente” envolvidos. Fizemos várias intervenções no espaço público e o resultado foi muito interessante”, aponta Gil Mac. O evento, que vai ter lugar entre 12 e 19 de Março, tem como mote “a riqueza histórica e multicultural do território e a sua contemporaneidade identitária tendo em conta as particularidades”. Para Gil Mac, o território é detentor de características que se concretizam nos fluxos de turismo e de consumo, na globalização e na mudança dos espaços públicos e privados, e estes serão alguns dos temas em análise.O Macau™ aparece ainda na sequência do trabalho que, o também designer gráfico, tem vindo a desenvolver dentro do projecto pessoal “whatever ™”. Comunicar a urbe As premissas que fundamentam o evento são as necessidades da cidade e as suas representações. No entanto, não se trata de um resultado de intervenção em espaço público mas sim expositivo e com uma linguagem associada à publicidade através do uso do branding, com os olhos postos na síntese que é o logótipo. A ideia passa ainda por “fazer a desconstrução da comunicação das marcas que se encontram na cidade e a forma como se comunicam.” O objectivo inicial seria a realização de um workshop durante uma semana, mas na ausência de espaço disponível o programa foi reorientado. O evento será feito em vários momentos. Numa primeira fase, é realizado um briefing, a 12 de Março, com os participantes e onde são dadas as premissas. Segue-se uma semana de trabalho. “Este tempo é um momento em que as pessoas vão olhar para a cidade, reflectir no que ela diz e trabalhar em esboços, fotografias e ideias, para que no fim-de-semana seguinte, num terceiro momento, se faça uma síntese dos logos que foram criados no período anterior e seja criado um objecto gráfico a preto e branco”. A materialização é feita em caixas de cartão porque, afirma, “são objectos que normalmente têm em si informação acerca dos produtos que transportam e, muitas vezes, esta informação é também um logótipo”. Para Gil Mac, “o mais importante é a experiência” sendo que a discussão dos diferentes pontos de vista e opiniões sobre a cidade culminarão em trabalhos “mais ricos”. “No cerne do evento está a reflexão do que é que é Macau neste momento”, afirma. Os participantes vão procurar, de uma forma criativa, comunicar com a cidade, e, ao olhá-la com outros olhos, encontrar nela características que possam ser representadas graficamente. “[Os participantes] serão encorajados a ver a cidade de outra forma nas suas múltiplas facetas: na arquitectura, nos símbolos e dinâmicas”. O curto período de tempo do workshop também representa um desafio, considera, na medida em que permite desenvolver capacidades de trabalho sob pressão. Gil Mac é um artista multifacetado. Conimbricense, nasceu em 1975. Estudou artes gráficas, fotografia e multimédia e teve formação adicional em tipografia. Paralelamente, desenvolve projectos associados ao teatro e à música experimental. Admirador de Camilo Pessanha tem vindo a desenvolver o projecto “Inscrição” que deu o mote, no ano passado, à performance “ORACULO”, no Festival Rota das Letras. Camilo Pessanha regressa à edição deste ano, desta feita com a performance Hydra & Orpheu e o projecto DEMO. A ideia é mostrar a influência do poeta local na geração de escritores modernistas portugueses em que se inclui Fernando Pessoa.
Victor Ng SociedadePaul Chan Wai Chi aponta lacunas a normas educativas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s normas profissionais do pessoal docente das escolas públicas e privadas, com implementação prevista para o próximo ano lectivo, continuam a ser criticadas. Paul Chan Wai Chi, ex-deputado, em declarações ao HM considera que há lacunas ainda por preencher. “Na verdade, os aspectos da ética e do desenvolvimento profissional dos professores não estão mencionados”, afirmou. Por outro lado, “o código de conduta não tem um planeamento em relação à credenciação dos docentes para melhorar a qualidade dos professores”, disse o trabalhador do sector educativo. Paul Chan Wai Chi considera que o documento não tem capacidade para resolver os problemas actuais nem oferece instruções de forma clara sobre o desenvolvimento profissional do pessoal docente. “As normas não conseguem garantir o desenvolvimento profissional dos professores, um aspecto de extrema importância, e não conseguem fomentar o seu trabalho.” De acordo com Chan Wai Chi, só com o incremento da qualidade dos docentes é que Macau pode assumir uma melhor educação. O ex-deputado adiantou ainda que os professores têm muitas funções administrativas em consequência da mais recente legislação e, como tal, vêem, o seu trabalho cada vez mais complicado. Paul Chan Wai Chi lamenta ainda que o Executivo não tenha feito uma reflexão profunda acerca do assunto e sugere que se realize uma consulta dirigida a grupos de docentes e a associações educativas após a entrada em vigor das novas normas educativas de modo a definir um caminho para o futuro desenvolvimento da qualidade dos professores. Aquando da sua publicação em Boletim oficial, no início do mês, Teresa Vong defendeu que as normas profissionais do pessoal docente pecam por não incluírem os direitos dos professores. “Estas regras dão ênfase às responsabilidades dos professores. Não houve uma elaboração dos direitos dos professores. Não são normas de conduta muito completas.”
Isabel Castro Manchete SociedadeMigração | Artista de origem tibetana barrado à entrada de Macau O pintor de origem tibetana Tashi Norbu foi impedido de entrar no território no passado sábado. Era um regresso a Macau para participar numa iniciativa de uma galeria local. O cidadão belga diz que não lhe foi dada qualquer justificação, mas admite não ser visto com bons olhos em Pequim [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] notícia é avançada pela entidade que convidou o artista, em nota à imprensa: o pintor Tashi Norbu foi impedido de entrar em Macau no passado sábado, quando se preparava para participar num evento promovido pela Galeria iAOHiN Amber. O artista vinha ao território para uma performance ao vivo, mas teve de dar meia volta e regressar a Hong Kong. “Planeava mostrar a minha arte, a linguagem e as técnicas que estudei durante toda a minha vida”, disse Tashi Norbu ao telefone, citado pelo comunicado. “É triste que tenha sido impedido de apresentar o meu trabalho em Macau”, lamenta. Tashi Norbu é cidadão belga e vive na Holanda. Em Abril de 2016, o pintor esteve na RAEM para uma mostra também promovida pela Galeria iAOHiN. “A minha exposição do ano passado em Macau foi muito bem-sucedida e foi por isso que a iAOHiN me voltou a convidar, desta vez para a inauguração da nova galeria. Ia pintar um ‘galo de fogo’, o símbolo deste ano novo lunar, que está também presente no calendário tibetano”, explicou o artista plástico. “Quero apenas fazer a minha arte, e as únicas mensagens que quero passar com os meus quadros são o amor e a bondade”, garante o pintor de origem tibetana. Tashi Norbu destaca ainda que viajou um pouco por todo o mundo, foi já convidado por uma “diversidade de países com culturas diferentes”, sendo que “esperava que esse fosse o caso de Macau”. O pintor já tinha passado, no entanto, por uma situação semelhante na Polónia. Organização desiludida De acordo com a galeria, apesar de, no ano passado, o artista plástico ter conseguido entrar no território, tanto à chegada, como na partida esteve retido durante uma hora pelos Serviços de Migração – uma situação que não se verificou em Hong Kong, onde atravessou a fronteira sem qualquer problema. Desta feita, as autoridades não apresentaram qualquer justificação para negarem a entrada, mas Tashi Norbu admite que pode ser considerado “um pintor controverso” por Pequim. A entidade organizadora do evento especula que a obra do artista “poderá ser banida na China por retratar monges tibetanos e cenas espirituais com o Dalai Lama e tibetanos no exílio”. Acresce o facto de Tashi Norbu ter vendido a um coleccionador de Hong Kong um quadro chamado “O Guarda-chuva Precioso”. Trata-se de uma referência aos protestos de 2014 na antiga colónia britânica, “com um guarda-chuva amarelo no meio de monges a voar e, entre eles, uma freira católica”. Na mesma nota à imprensa, o responsável pela galeria, Simon Lam, diz-se “desiludido com a atitude das autoridades”, por considerarem “a arte uma ameaça e impedirem algo que não era mais do que uma performance artística”. O responsável considera que “isto não é o que Macau deveria estar a fazer, a censura é simplesmente algo que está errado, e não há justificação possível, uma vez que Tashi Norbu teve autorização para estar em Hong Kong na semana passada, sem qualquer problema”.
Hoje Macau SociedadePais com dúvidas sobre turmas bilingues [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ncarregados de educação expuseram este fim-de-semana as suas dúvidas sobre as turmas bilingues que vão ser criadas, pela primeira vez, a partir do próximo ano lectivo, em duas escolas públicas de Macau, a dias da abertura das inscrições. A forma de funcionamento das turmas bilingues, em português e mandarim, os requisitos exigidos aos alunos ou a língua veicular das disciplinas figuraram entre as perguntas colocadas por pais – chineses e portugueses – que encheram a sala onde teve lugar uma sessão de esclarecimento sobre o projecto-piloto promovida pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Com o intuito de formar talentos bilingues, o Governo anunciou, na semana passada, que pretende criar uma ou duas turmas em português e chinês no primeiro ano do ensino primário e ensino secundário geral na Escola Oficial Zheng Guanying, e no primeiro ano do ensino primário na Escola Primária Luso-Chinesa da Flora. Diana Massada, que tem um filho a frequentar o primeiro ano do ensino infantil na Zheng Guanying, do qual é o único ocidental, foi uma das participantes: “A razão de ter vindo cá é tentar perceber até que ponto esta formação de bilingues se vai efectivar, porque o projecto é, sem dúvida, interessante e necessário em Macau”, afirmou, falando das dificuldades na prática. “Para um aluno que em casa fala português ter o ensino de português como língua estrangeira é desmotivante – não é bom pedagogicamente. E, portanto, é preciso pensar este projecto para que se possam formar bilingues – quer de língua-mãe, em casa chinesa, quer de língua-mãe, em casa portuguesa”, observou, considerando o projecto “essencial para Macau”, apesar de ter “muito para andar e ser trabalhado”. Promessas de equilíbrio Segundo Iun Pui Un, chefe de departamento de Gestão e Administração Escolar da DSEJ, e as directoras das duas escolas, as disciplinas vão ser ministradas parte em português e parte em mandarim, pretendendo-se um “equilíbrio”, para permitir aos alunos “aplicar mais essas duas línguas” e “fortalecer as suas bases”. Com efeito, o português vai ser a língua veicular das aulas de educação física, artes visuais ou música; enquanto disciplinas mais fundamentais, como matemática, por exemplo, vão ser leccionadas em mandarim, segundo explicado durante a sessão. Outra dúvida teve que ver com o conhecimento que os alunos precisam de ter à partida. “O melhor é ter já uma base, mas não é um princípio fundamental. É só o ideal”, sublinhou Iun Pui Un, garantindo que aos alunos com dificuldades será dado “apoio” complementar. Vários pais manifestaram interesse no novo programa, mas também “preocupação”, receando que os seus filhos não se consigam adaptar ao novo modelo de ensino ou que seja exercida uma maior pressão sobre eles ao nível da aprendizagem. O período de inscrição para as turmas bilingues decorre de 1 a 31 de Março. A criação das novas turmas bilingues será estendida, anual e progressivamente, aos anos de escolaridade mais avançados.
Hoje Macau SociedadeSaúde | São Januário refuta erro médico em paciente com grave trauma O Centro Hospitalar Conde de São Januário descartou a possibilidade de erro no diagnóstico e tratamento de um paciente com um grave trauma. O esclarecimento chegou depois de queixas de familiares na sequência de uma segunda opinião clínica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] caso teve início em Fevereiro de 2016, altura em que um homem, de 65 anos, deu entrada na urgência com um trauma grave na cabeça provocado por um acidente de trabalho, estando em causa o tratamento a que foi submetido pelo hospital público que realizou uma conferência para prestar esclarecimentos sobre o caso. Segundo declarações reproduzidas nas redes sociais chinesas, com base em relatos de familiares, o paciente foi diagnosticado erradamente, mas o director do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Kuok Cheong U, garantiu que não foi detectado qualquer erro após investigação interna na sequência das queixas apresentadas em cartas ao hospital, Serviços de Saúde e secretário da tutela. Dado que o relatório clínico foi avaliado e reportado a Alexis Tam e se considera estar tudo em conformidade, o hospital deu o caso como fechado, cabendo à família decidir se pretende avançar com uma queixa para os tribunais. De acordo com dados facultados pelo CHCSJ, após entrar na urgência, o diagnóstico do paciente, em coma profundo, foi de traumatismo crânio-encefálico grave e hérnia cerebral, pelo que foi submetido a uma intervenção cirúrgica urgente – drenagem de hematoma subdural e craniotomia descompressiva. Essa operação foi “bem-sucedida” e o paciente ficou fora de perigo, segundo o CHCSJ. Após tratamento na Unidade de Cuidados Intensivos, e depois da traqueostomia, foi encaminhado para a enfermaria geral. Mas, entretanto, sempre segundo o hospital, verificou-se “acumulação do fluido subdural e infecção do sistema nervoso central” e, após tratamento, incluindo drenagem externa, ambas as situações foram “controladas”. Novas complicações surgiram gradualmente, como hidrocefalia, pelo que, em Maio, o paciente foi submetido à derivação ventrículo-peritoneal. Segundo explicaram, em comunicado, os Serviços de Saúde, o estado do paciente estabilizou e melhorou face ao período anterior às operações, apesar de ainda estar em coma, pelo que “era necessário um tratamento de reabilitação”. Após discussão e consentimento da família, o doente foi transferido para o Centro de Reabilitação da Federação das Associações dos Operários de Macau, de acordo com a mesma fonte. A opinião de Hong Kong A família decidiu, no entanto, pedir uma opinião a um especialista de Hong Kong e, segundo as declarações divulgadas nas redes sociais, um médico da região vizinha afirmou que uma das operações não tinha sido bem-sucedida, pois “a pressão do tubo de drenagem estava muito baixa, levando a que as duas partes do cérebro ficassem inclinadas para um dos lados do mesmo” e “o tubo de drenagem tinha bloqueado, perdendo a respectiva função”. O CHCSJ garante que adiou a derivação ventriculoperitoneal até a infecção intracraniana ficar completamente controlada, porque, caso contrário, poder-se-ia expandir e causar uma grave peritonite –, afirmando que não a fez apenas depois de os familiares terem relatado as recomendações do hospital de Hong Kong, como referido, e que uma nova TAC demonstra que essa cirurgia foi “bem-sucedida”. “O tratamento e o diagnóstico do hospital atendem às regras convencionais do tratamento da neurocirurgia”, reiterou o CHCSJ, manifestando-se disponível para voltar a receber o paciente que, na sexta-feira, foi novamente operado, desta feita, no Kiang Wu. Na conferência de imprensa, foi explicado que a intervenção naquele hospital privado de Macau serviu para voltar a colocar o dreno, que terá sido removido em Hong Kong após aconselhamento.