BOK | Festival volta a trazer o teatro experimental ao território

Começa amanhã e vai até 8 de Julho. É festival BOK que vai ocupar o Edifício do Antigo Tribunal. Este ano o evento não vai para a rua, mas a organização promete, a quem se deslocar aos espectáculos, uma experiência a registar

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeça amanhã. É o BOK, festival que se dedica à apresentação de espectáculos for do circuito comercial. Nesta quinta edição, a ideia é a interactividade com o público e o factor surpresa domina o programa.

Ao contrário das edições anteriores, em que os espectáculos tinham apresentações espalhadas pelo território, este ano a organização optou por uma situação inversa e o programa do festival vai estar concentrado no Edifício do Antigo Tribunal.

A ideia, apontou Erick Kuok em entrevista ao HM, tem que ver com a própria temática desta edição. Em causa está a dinâmica capaz de ser criada com o público, sendo que a organização pretende, desta forma, testar as possibilidades do que um espectáculo pode fazer com os espectadores e de que forma os pode integrar no palco. “Se por um lado, nesta edição, temos uma concepção mais formal de teatro – os espectáculos voltam a ser feitos neste tipo de espaços, ao contrário do ano passado em que andámos em espaços alternativos –, por outro, podemos jogar com isso e dinamizar o interior do próprio teatro e usar o público”, explicou o organizador.

O projecto que, pelo segundo ano, está de pé sem apoios do Governo, tem nesta edição os horizontes estendidos. Para o efeito, a organização estabeleceu parcerias com companhias de Taiwan, Coreia e Hong Kong para trazer espectáculos a Macau, mas não só. A pensar nos artistas locais, é intenção do BOK, poder levar com este trabalho os artistas locais ao exterior.

Começar pelo local

O festival tem início com as duas secções pensadas para a promoção de artistas locais. “Give it a Shot” é um espaço de trabalho em tempo real em que os projectos de Macau têm, diz Erik Kuok, “um acompanhamento crítico para que sejam devidamente desenvolvidos”.

Este ano, a secção tem lugar nos dias 1 e 2 de Julho e integra projectos dedicados à dança, música clássica e electrónica independente. Da coreógrafa Chloe Lao, é apresentado o espectáculo de dança “Artificial Roses”, baseado no conto homónimo de Gabriel Garcia Marquez. Vão ainda ser mostrados publicamente “E-arrangement of Vivaldi’s Summer”, do quarteto de cordas Opus-A, e “Chemtrails, Morgellons”, de Sonia Ka Ian Lao.

A secção “Bok Lab”, é o espaço em que são apresentados os trabalhos desenvolvidos no “Give It a shot” do ano passado. Nesta edição, Miki To vai apresentar “Moderation”. A iniciativa está agendada para os dias 28 e 29 de Junho, às 20h e pretende ser um espaço de reflexão social.

De 28 a 30 de Junho, às 21h15, é também o tempo marcado para a apresentação de “Picturesque” pelos Water Singers. De acordo com a organização, trata-se de um espectáculo que convida a “uma viagem na escuridão, sem nada mais a não ser a voz”.

Desafiar limites

O final da edição de 2017 do BOK é preenchida por espectáculos internacionais. Entre 4 e 8 de Julho tem lugar a secção “Crossibition” em que a ideia é trazer ao território espectáculos experimentais que demonstrem “maturidade a nível de conteúdo, meios e formas de encarar o público”, aponta a organização.

Este ano foram seleccionadas três peças em que “o espaço, os sentidos e a experiência do público fossem testados”.

De Hong Kong vem o grupo de teatro “Heteroglossia”, com “Woyzeck” do dramaturgo alemão Georg Büchner. A ideia é a exploração de técnicas narrativas utilizadas em conteúdos de cinema e a sua adaptação para o palco.

“Bodies in the Dark” é a peça trazida pela companhia coreana “Elephants Laugh”. O espectáculo é feito num ambiente de escuridão absoluta em que “podendo ser desconfortável, irá testar os limites do público”, lê-se na apresentação facultada pelo BOK.

De Taiwan, a companhia “Riverbed Theatre” apresenta “Hypnosis: The Just for you Project”. A companhia de Taipé traz um espectáculo destinado a um público de um elemento em que o objectivo é “criar um ritual de intimidade e ligação e um veículo para o subconsciente”.

Acabar à conversa

O festival conta ainda com um espaço dedicado à conversa informal e ao encontro entre artistas e o público. É o “BOK CLUB”.

Para Erik Kuok, “o teatro é também um espaço para as pessoas partilharem ideias, para conversarem”. Este ano o espaço de conversa vai ter lugar num bar na zona da Praia Grande onde vão ser apresentados pequenos espectáculos. Ao mesmo tempo, a organização tem na agenda a realização de algumas pop up performances. “Estas apresentações serão sempre uma surpresa porque o público nunca sabe o que vai acontecer. Tem de ir para se surpreender e para ver”, explicou o organizador.

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