UM diz que novos Estatutos correspondem a ideias do Comissariado de Auditoria

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) está satisfeita com os novos Estatutos da Fundação para o Desenvolvimento da UM (FDUM), ontem dados a conhecer pelo HM depois de publicados em Boletim Oficial. Numa carta-resposta enviada a este jornal, a instituição de ensino superior diz que contactou juristas para a elaboração das novas regras, que vêm responder a críticas do Comissariado de Auditoria.
“A FDUM e a UM estão convictas de que os novos Estatutos estreitam e clarificam a relação entre as duas instituições, permitindo à Fundação que apoie a UM no sentido de ser mais competitiva e de ter maior projecção, contribuindo assim para o desenvolvimento, a longo prazo, desta Universidade”, indica a instituição. “Após longas discussões, a Fundação decidiu rever os seus Estatutos, no sentido de estreitar e esclarecer a relação entre as duas instituições, permitindo à UM participar directamente na gestão da FDUM.”
A falta de uma relação entre as duas instituições era precisamente o foco do relatório do Comissariado, que criticava a UM por não ter qualquer poder de controlo sobre a FDUM. Em Fevereiro de 2015, o relatório tornado público incidia sobre o funcionamento da Fundação, especialmente porque esta era constituída como uma pessoa colectiva de direito privado, o que “não permitia à UM fiscalizar nem controlar, nem intervir no seu funcionamento”, deixando os donativos destinados ao seu desenvolvimento entregues a uma fundação com a qual não mantinha qualquer relação jurídica.
Com os novos Estatutos, o objectivo da FDUM mantém-se igual aos Estatutos de 2009 – “uma fundação de substrato patrimonial com fins de interesse social e não lucrativos, estabelecida nos termos do Direito Civil, que se rege [por estes] Estatutos e leis aplicáveis na RAEM” – mas os dirigentes mudam face ao que foi apontado pelo CA, ficando os da UM a cargo da Fundação.
Na resposta ao HM, a UM diz que, durante o processo de revisão dos Estatutos, foram ouvidas “diversas opiniões”, tendo sido contactados juristas “contratados exclusivamente para o tratamento deste assunto”.
Os juristas e as partes envolvidas realizaram vários encontros, diz a UM, tendo concordado que, desde que o funcionamento e actividades da FDUM estivessem de harmonia com as políticas da UM. E também para que fossem reestruturados o Conselho de Curadores e Conselho de Administração da Fundação.
No décimo artigo dos Estatutos, pode ver-se que o Conselho de Curadores é composto por “cinco a 11” pessoas, sendo que o presidente é o Presidente do Conselho da UM, neste caso Peter Lam. A UM diz que “a ocupação dos cargos pelos dirigentes da UM ficariam satisfeitas as exigências de todas as partes”-
Com os novos Estatutos o reitor da Universidade desempenha as funções de vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação. “Os outros membros da Fundação são todos recomendados pelo Conselho da UM e nomeados pelo Conselho de Curadores FDUM. Assim sendo, os Estatutos revistos não só reforçaram o vínculo legal entre as duas instituições, como também melhoraram o modo de funcionamento e o sistema de supervisão da Fundação, indo de encontro às exigências das partes interessadas”, afirma a UM.

7 Out 2016

AL | Para residentes, desempenho “nem é bom nem é mau”

Um inquérito realizado pela Associação Nova Visão revela que, entre mil inquiridos, a maioria considera que o desempenho da Assembleia Legislativa “nem é bom nem é mau”. Só 0,76% considera que o trabalho feito no hemiciclo é “muito satisfatório”. Pereira Coutinho é o deputado mais conhecido

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma sondagem que abrange apenas um universo de 922 pessoas, mas as suas conclusões revelam que a população pode não estar tão próxima da Assembleia Legislativa (AL) quanto se pensa. A um ano de eleições, a Associação Nova Visão foi saber o que as pessoas pensam do hemiciclo e dos seus deputados eleitos pela via directa.
Em relação ao desempenho da AL, 50,56% dos inquiridos considera que “nem é bom nem é mau”, enquanto que apenas 0,76% consideraram que o trabalho do hemiciclo “é muito satisfatório”. Cerca de 18% dos entrevistados defenderam que o funcionamento da AL “não é satisfatório”, 16,16% acham que é “muito insatisfatório”, enquanto que 9,44% simplesmente não consegue ter uma opinião.
Este é o terceiro inquérito realizado pela Associação e foi feito em Setembro com entrevistas via telefone. Estabelecendo uma comparação com o ano de 2015, conclui-se que a avaliação ao desempenho da AL se manteve praticamente inalterada, sempre com uma percentagem média de 50% de inquiridos que consideram que o seu trabalho “nem é bom nem é mau”. O grau de satisfação, contudo, tem vindo a aumentar, sendo de 19%, enquanto que a insatisfação caiu ligeiramente, sendo actualmente de 20%.
Segundo um comunicado, a Nova Visão considera que mais cidadãos têm vindo a prestar atenção aos trabalhos legislativos. Verifica-se mesmo uma maior proporção de inquiridos que defendem que o desempenho da AL, em termos de execução de funções, tem vindo a melhorar em relação ao passado. Apenas 3,9% das pessoas acha que a AL está “muito pior” do que nos anos anteriores. A percentagem de pessoas que consideram que houve avanços diminuiu 1%, enquanto que naqueles que pensam que houve um retrocesso houve uma diminuição de 2%.

Coutinho em alta

Do total de 14 deputados eleitos pela via directa, José Pereira Coutinho lidera. Ele é o mais conhecido, estando à frente de Ng Kuok Cheong e Au Kam San, do campo pró-democrata, que ocupam o segundo e terceiro lugares, respectivamente. Angela Leong, Mak Soi Kun e o seu parceiro Zheng Anting ocupam o fim da tabela.
A Associação perguntou aos inquiridos se sabiam se os nomes da lista eram deputados, sendo que, neste caso, Chan Meng Kam ficou à frente, com 89% de respostas. Pereira Coutinho ficou em segundo lugar com 89,26% de respostas.
Pelo contrário, o deputado Zheng Antig é o menos conhecido de entre os inquiridos, ao lado de nomes como Wong Kit Cheng ou Leong Veng Chai, número dois de Pereira Coutinho.
O parceiro político de Coutinho tem, aliás, piores resultados do que o líder da lista Nova Esperança. Surge sempre nos últimos lugares no que diz respeito ao reconhecimento dos nomes enquanto deputados. Na parte em que os inquiridos dizem não reconhecer os nomes apontados como sendo membros do hemiciclo, Leong Veng Chai obteve 29,83% das respostas.

7 Out 2016

Melinda Chan preocupada com recuperação do Templo de A-Ma

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]elinda Chan queixou-se ontem ao Governo de não haver qualquer progresso nas obras de reparação do pavilhão do Templo de A-Má, que ficou danificado por um incêndio em Fevereiro deste ano. A deputada diz que não começaram ainda quaisquer obras, depois do presidente do Instituto Cultural (IC) ter dito que estas demorariam um ano.
“Na altura do incêndio, muitos departamentos governamentais fizeram inspecções ao templo”, relembra a deputada em interpelação escrita entregue ao Executivo. “O IC também já entregou um relatório sobre os danos da estrutura do templo à Direcção Nacional do Património Cultural, revelando que a recuperação da estrutura poderia ser concluída em três meses, enquanto a recuperação para o seu estado original demoraria um ano. O presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, garantiu em Maio que se conseguiria lançar os trabalhos de recuperação este ano.”
Até agora, contudo, nada feito. A deputada diz que houve já cidadãos que se queixaram que até hoje as obras ainda não tiveram início e que estão a preocupados que o pavilhão não possa abrir antes do Ano Novo Chinês, em Fevereiro próximo.
O Templo é um dos mais visitados por residentes e turistas nesta época. Aquando do incêndio, Ung Vai Meng tinha dito que iria ser necessário um ano de obras, apesar de o pavilhão principal se encontrar em estado “aceitável” e peças tidas como históricas não terem ficado danificadas. Mas mais de meio ano já passou e não há qualquer avanço.
Melinda Chan aproveitou ainda a interpelação escrita para falar da questão da conservação das construções antigas e do património, sendo que a deputada considera que falta um plano de “conservação ampla e profissional” ao Governo que acusa de, muitas vezes, estar a propor discussões “caso a caso”. Além de interpelar quais são as melhores medidas de conservação e o progresso de recuperação do templo, Chan também pergunta sobre os regulamentos de segurança contra incêndio para outros templos.

7 Out 2016

Saúde | Comissão para as Ciências da Vida estuda procriação assistida

Em 2015, os Serviços de Saúde detectaram ilegalidades em tratamentos relacionados com a fecundação. A promessa de que iriam ser emitidas recomendações ainda se mantém, mas a Comissão para as Ciências da Vida só agora começou a estudar a questão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo está a estudar a procriação medicamente assistida, trabalho que desenvolvido pela Comissão de Ética para as Ciências da Vida. O anúncio chega num comunicado após a segunda reunião do grupo e depois de, no ano passado, os Serviços de Saúde (SS) terem confirmado a existência de tratamentos ilegais em Macau relacionados com fecundação.
A dias de entrarem em vigor as novas directrizes para a determinação da morte cerebral, que vão abrir as portas ao transplante de órgãos, um comunicado do grupo dá a conhecer que os membros da Comissão, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, e a responsável da Unidade Técnica de Licenciamento das Actividades e Profissões Privadas de Prestação de Cuidados de Saúde, Leong Pui San, “apresentaram (…) a estipulação das legislações, antecedida da elaboração das orientações, para fiscalizar a procriação medicamente assistida”.
Em 2015, clínicas privadas estariam a levar a cabo tratamentos de fecundação ilegais, sendo que haveria até pessoas a vir ao território à procura de “serviços de procriação medicamente assistida”, como forma de fugir à “rigorosa fiscalização no interior da China e em Hong Kong”. Um dos grandes problemas na altura era que estes pacientes “requeriam a prática de actos imorais e ilegais, como por exemplo o diagnóstico pré-implantação ou a escolha do sexo” do bebé, como indicavam os SS.
Entre Março de 2012 e Janeiro de 2015, através da Unidade Técnica de Licenciamento para as Actividades Privadas de Saúde, os SS receberam quatro pedidos e duas consultas apresentadas por unidades de saúde sobre a prestação de cuidados de procriação medicamente assistida, às quais frisaram a inexistência de disposições em Macau. Por cá ainda não existe um diploma legal específico sobre a técnica, apenas existindo algumas disposições avulsas que não tornam legal a prática. Os SS diziam que iriam emitir orientações em “breve”, algo que ainda não foi feito e que voltou a ser tema nesta reunião.
“[Vão ser feitas] orientações antes da legislação da procriação medicamente assistida, de modo a prevenir a ocorrência de actos imorais e de infracções”, indica a Comissão.

Dias do fim

Foi em Abril deste ano que os SS anunciaram as novas regras para a definição de morte cerebral, depois de décadas de estudos. A porta fica assim aberta para transplantes, ainda que falte legislação para tal, e o Governo assegurou que iria dar prioridade ao transplante de rins quando começar a fazer transplante de órgãos. Isto ainda que o fígado – como sugeriram informações fornecidas ao HM o ano passado – seja o órgão mais procurado.
As novas regras entram em vigor a 23 deste mês mas são apenas a base para os transplantes, algo que o Executivo admite ser complexo. Difícil é também, diz agora o Governo em comunicado, a procriação assistida.
“Tendo em conta que a execução do transplante de órgãos e da procriação medicamente assistida envolvem problemas éticos mais complexos na prática, a Comissão irá continuar a discutir o assunto mais profundamente na próxima reunião.”
Nesta quarta-feira, a Comissão presidida por Alexis Tam levou a cabo a segunda sessão ordinária. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, citado em comunicado, frisou que “o Governo atribui grande importância à promoção da execução do transplante de órgãos, de forma a melhorar a qualidade de prestação de cuidados de saúde”. Actualmente, recorde-se, as pessoas têm de sair de Macau para serem transplantadas.
O comunicado indica que na reunião foi ainda discutida a investigação científica em Macau, bem como a execução do transplante, a “justa alocação” de órgãos, o reforço da educação e promoção da doação e a preparação do hospital.

7 Out 2016

Turismo | Maioria dos turistas chega por lazer e recomenda Macau

Vêm por causa da gastronomia, das lojas de marcas caras e do património. O turista que chegou a Macau no segundo trimestre do ano prevê voltar à RAEM e recomendar o território como destino de férias e até nem joga muito

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] maioria dos turistas que chega a Macau passa cá a noite e planeia ficar mais de dois dias, vem por lazer e recomenda o território a quem pedir sugestões para férias. São estas as conclusões do mais recente estudo do Instituto de Formação Turística (IFT) sobre o perfil do visitante da RAEM.
Tornado público esta semana, o estudo – levado a cabo por Leonardo (Don) A.N. Dioko, Patrick Lo, Wendy Tang e Virginia Hong – refere-se apenas ao segundo trimestre deste ano, ainda que não seja muito diferente dos resultados anteriores. Mostra que, de um universo de 1030 turistas, a maioria chega à RAEM atraída pela gastronomia, património e compras, com os locais de origem a ajudarem a esta diversidade.
“A maioria dos turistas (68%) vem da China, Hong Kong (17%) e Taiwan (8%). Só 7% são de outros países asiáticos e de países ocidentais. Cerca de 85% dos entrevistados vêm a Macau por lazer e para passar férias, sendo que o outro propósito é visitar amigos e família (8%), seguido de negócios, com 5%”, começa por indicar o relatório. “Cerca de 41% dos turistas da China continental consideram as compras como o principal propósito para cá vir, enquanto que 43% dos de Hong Kong e 42% de Taiwan dizem ser a cozinha que os atrai mais. Visitar o património mundial é o factor principal para 47% dos turistas de outros países asiáticos e 33% dos ocidentais cá venham.”
De fora da tabela das razões por que os turistas cá chegam, com números abaixo dos 20%, ficam os festivais, as atracções artísticas e culturais e a estadia em hotéis de luxo. Apesar de Macau ser destino de casinos, apenas 26% dos entrevistados admitiu jogar enquanto está no território, com 25% a dizerem que, quando o fazem, gastam menos de mil dólares de Hong Kong.

Volto já

A pouca permanência dos visitantes no território foi já assunto de preocupação para a Direcção dos Serviços de Turismo, mas os dados do IFT mostram que os turistas estão mais inclinados para cá ficar por mais do que um dia. E que tendem a regressar.
“Cerca de 52% dos entrevistados passou cá a noite e 48% eram visitantes de apenas um dia. Mas 85% dos que cá ficaram admitiram que planeavam ficar em Macau cerca de dois a três dias. A maioria (77%) veio em grupos de uma a três pessoas e 67% dos entrevistados estavam já a repetir a visita a Macau.” Quase 60% destes vieram cá mais de três vezes nos últimos cinco anos e quase todos recomendam o território como um local a visitar.
“A maioria diz que vai de alguma forma indicar Macau como um destino a visitar a outras pessoas.”
A internet é o meio mais eficaz para fazer chegar turistas a Macau, indica o relatório do IFT, não fosse o facto de mais de 75% dos nosso turistas terem menos de 35 anos.

Aumentam turistas e infracções de taxistas

Nos quatro dias da Semana Dourada entraram nas fronteiras de Macau 1,9 milhões de visitantes, um aumento de 11,7% em relação ao ano passado. Da mesma forma, subiram também as infracções cometidas por taxistas: se no mês de Setembro estas totalizaram 248 casos, só em quatro dias ascenderam a 111. A maioria das infracções cometidas por taxistas diz respeito à cobrança abusiva de tarifas – 184 até dia 4 de Outubro e contando com Setembro –, seguindo-se 105 casos de recusa de passageiros, 65 outras violações, de acordo com dados da PSP. Foram também multados 139 motoristas do serviço de transportes Uber e 156 outros condutores sem licença de transporte de passageiros.

7 Out 2016

Educação Moral | Mak Soi Kun pede unificação dos manuais

O deputado Mak Soi Kun quer que os manuais de Educação Moral e Cívica sejam unificados do ensino primário ao secundário. Paul Chan Wai Chi, docente e ex-deputado, não concorda e diz que ideia “viola o conceito da educação moderna” e até a Lei Básica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ensino da Educação Moral e Cívica deverá ser obrigatório em todas as escolas até 2020, mas até lá o deputado Mak Soi Kun deseja ver mudanças ao nível dos manuais utilizados nos estabelecimentos de ensino. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado eleito pela via directa alertou para o facto de não existir uma unificação dos livros da disciplina, ao nível do ensino primário, secundário geral e secundário complementar. Dados apresentados pelo deputado, referentes ao ano lectivo de 2014/2015 mostram que o livro “Educação Cívica e Moral” é usado em 63% das escolas primárias, enquanto que no ensino secundário a taxa de utilização ronda os 50%. Este livro é disponibilizado pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) mas não é obrigatório.
Mak Soi Kun questiona, por isso, a unificação e a consistência do ensino da disciplina, tendo referido que vários professores defenderam a unificação dos manuais em prol de um ensino de qualidade. “Esse manual não consegue satisfazer as exigências para que haja um melhor ensino”, escreveu o deputado na sua interpelação.
Já Paul Chan Wai Chi, professor do ensino secundário e ex-deputado pró-democrata, discorda. Em declarações à publicação All About Macau, Chan Wai Chi diz que não está de acordo com a unificação dos manuais desta disciplina. E não só.
O deputado considera que Mak Soi Kun não conhece o funcionamento do ensino, referindo até que a sua proposta não é prática e que viola completamente o conceito de uma educação moderna. Para o docente, tem sido garantida a independência e diversificação do ensino, sendo que actualmente as escolas tomam as suas próprias decisões na hora de escolherem os manuais, sem necessidade de aprovação do Governo.
O antigo deputado acredita que a unificação do manual seria uma medida totalmente divergente em termos de educação, violando o princípio de liberdade das crenças religiosas e autonomia das escolas definido na Lei Básica. “O actual manual de educação cívica e moral inclui o ensino religioso e muitas escolas são católicas, o que respeita a Lei Básica, que permite a manutenção da educação religiosa”, apontou.
Paul Chan Wai mostrou-se ainda preocupado com a queda gradual da autonomia das escolas em termos de utilização dos manuais, desde o lançamento do Quadro da Organização Curricular e implementação das competências académicas básicas. Chan Wai Chi também disse estar contra a tendência do foco nos exames, algo que, defende, irá restringir o desenvolvimento integrado dos alunos.

7 Out 2016

Câmara de Comércio Luso-Chinesa defende actualização da parceria estratégica de 2005

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) disse à Lusa que as relações comerciais entre os dois países “estão francamente boas” e defendeu que a parceria estratégica global assinada em 2005 poderia ser actualizada. “As relações comerciais [entre Portugal e China] estão francamente boas, conseguimos aproveitar, finalmente, ao longo dos últimos 10 anos o crescimento económico da China de importação”, afirmou o secretário-geral da CCILC. Sérgio Martins Alves adiantou que para tal foi “determinante haver um investimento político para a eliminação de regras de acesso ao mercado”.
Além disso, hoje em dia, há maior facilidade em viajar até à China, o que não acontecia há uma década, e os chineses também aproveitaram o crescimento do consumo interno para apostar no Ocidente.
“Mas podíamos fazer mais, podíamos fazer acções e ‘roadshows’ mais concertados, os agentes económicos podiam articular-se melhor quando fazem promoções naquele mercado, podiam articular-se melhor quando pretendem trazer a Portugal delegações relevantes de investidores e grandes importadores”, sublinhou Sérgio Martins Alves.
Ou seja, o secretário-geral da CCILC defendeu um maior grau planificação e coordenação. Esta planificação e organização também deveria ser aplicada na área do investimento chinês, o qual tem um peso “já significativo” no mercado português, onde se manifesta nas áreas financeira, energética e na saúde, por exemplo. “E ainda bem, vemos com muito bons olhos a chegada destes investidores, que se tornaram membros da Câmara do Comércio”, adiantou.
“Suspendemos grandes projectos de investimento estratégico nacional, como o comboio de alta velocidade”, recordou, apontando que actualmente “não se conhece grandes objectivos estratégicos nacionais para os quais o país vá procurar envolver os seus parceiros e grandes investidores chineses”. “Acho que isso era de facto muito importante”, defendeu, afirmando que “teria sido interessante ter sensibilizado a China para outros investimentos do tipo produtivo”, considerou.
No âmbito da visita do primeiro-ministro à China, o secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa espera que estes temas sejam abordados. “E que talvez a parceria estratégica global assinada em 2005 pudesse ser actualizada, inscrevendo novas metas a atingir na área da exportação e investimento, criando novos mecanismos de dinamização das relações económicas bilaterais e até sectoriais”, concluiu.

O que vendemos e o que compramos

Entre o grupo de produtos mais vendidos por Lisboa a Pequim constam os veículos e outro material de transporte (com um peso de 41,9% das exportações totais em 2015), os minerais e minérios (18,1%), máquinas e aparelhos (8,9%), pastas celulósicas e papel (7%) e alimentares (4,1%).
No ano passado, as exportações de veículos e outro material de transporte para Pequim diminuíram 20,1% para 351,8 milhões de euros, enquanto as vendas de minerais e minérios aumentaram 14,3% para 152,1 milhões de euros.
Por sua vez, as vendas de máquinas e aparelhos totalizaram 74,6 milhões de euros em 2015, mais 58,5% face ao ano anterior, as de pastas celulósicas e papel progrediram 17,4% para 59 milhões de euros e as alimentares mais do que duplicaram (161,1%) para 34,3 milhões de euros.
Entre Janeiro e Julho deste ano, as exportações de pastas celulósicas e papel e as alimentares subiram 34% e 75,5%, respectivamente, mas as de veículos e outro material de transporte (-72%), minerais e minérios (-32,1%) e máquinas e aparelhos (-2,9%) recuaram.
Em termos de compras a Pequim, as máquinas e aparelhos lideram a lista, com um peso de 34,1% nas importações totais, seguidas dos metais comuns (11,9%), químicos (7,1%), matérias têxteis (6,4%) e vestuário (5,7%).
No ano passado as importações de máquinas e aparelhos totalizaram 607 milhões de euros, uma subida de 8,7% face a 2014, com as compras de metais comuns a subirem 16% para 211,3 milhões de euros, bem como as de químicos, que cresceram 26,7% para 126 milhões de euros.
Já as importações de matérias têxteis recuaram 5,1% no ano passado, para 113,2 milhões de euros, tal como as de vestuário, que diminuíram 3,2% para 101,8 milhões de euros.
Nos primeiros sete meses deste ano, as compras a Pequim de máquinas e aparelhos, metais comuns e químicos subiram 8,7%, 16% e 26,7%, respectivamente.
Já as de matérias têxteis e de vestuário baixaram 5,1% e 3,2%, respectivamente.
No que respeita à exportação de serviços de Lisboa para Pequim, esta diminuiu 33,2% no ano passado, face a 2014, para 108,5 milhões de euros. No mesmo período, as importações de serviços cresceram 9,4% para 262,4 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Portugal em 153,9 milhões de euros.

Estado das trocas Portugal-China

Exportações portuguesas descem em 2016
As exportações de bens portugueses para a China recuaram 35,1% nos primeiros sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 366,5 milhões de euros, segundo dados do INE. Entre 2011 e 2015, as exportações de bens para Pequim subiram 27,1% e as importações 4,4%.

Importações da China sobem
De Janeiro a Julho de 2016, as importações subiram 2,6% para 1.039,4 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Lisboa em 672,9 milhões de euros.

China foi 10.º cliente de Portugal em 2015
A China era, em 2015, o décimo cliente de Portugal e o seu sétimo fornecedor. Portugal ocupava a 71.ª posição como cliente de Pequim e a 66.ª em termos de fornecedores daquele país.

Exportações para Macau subiram
As exportações de bens portugueses para Macau subiram 67,5% nos primeiros sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 25,6 milhões de euros, segundo dados Instituto Nacional de Estatística (INE). Os produtos alimentares são o grupo de bens mais exportados por Portugal para Macau, representando um terço do total das vendas para aquela região.

Importações de Macau aumentaram
As importações de Macau cresceram 85,3% para 600 mil euros, com o saldo da balança comercial positivo para Portugal em 24,9 milhões de euros, ainda segundo o INE.

Investimentos da China em Portugal
Dezembro de 2011 – Venda de 21,35% da eléctrica portuguesa EDP à China Three Gorges, por 2,69 mil milhões de euros.
Fevereiro de 2012 – Venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa. Inaugurado o centro tecnológico da Huawei (empresa de telecomunicações) em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros já investidos no mercado português.
Maio de 2014 A chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde.

Chineses lideram nos vistos dourados

O sector imobiliário é uma aposta da China e os chineses lideram, por nacionalidades, os vistos dourados em Portugal. Desde 8 de Outubro de 2012 até final de Agosto, 2.835 investidores chineses tinham obtido Autorização de Residência para actividade de Investimento (ARI), segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

7 Out 2016

Oferta de Putin dispara importação de gelados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de alimentos são equivalentes a 30% de todas as exportações russas para a China. Os lacticínios estão-se a tornar cada vez mais populares porque os chineses estão a adoptar cada vez mais um estilo de vida saudável, afirmou a analista Sofia Pale na publicação New Eastern Outlook. O leite russo, ao contrário do leite de soja, “é considerado na China como um dos produtos mais saudáveis”, disse a especialista do Centro para o Sudeste Asiático, Austrália e Oceania do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, acrescentando que, quem tem hábitos de comida saudável, não se sente desencorajado pelos preços altos.
O leite importado aumenta de popularidade na China porque as pessoas desconfiam dos produtores locais, que estiveram envolvidos num escândalo em 2008 quando se revelou que mais de 20 empresas acrescentaram melamina aos seus produtos, o que levou à morte de 6 crianças e cerca de 300 mil pessoas ficaram doentes. “Entre 2010 e 2013 o volume de vendas de leite importado cresceu de 15 mil para 195 mil toneladas, conforme informou a associação de produtores de lacticínios chinesa”.
O sorvete russo também se deve tornar num sucesso de vendas na China, depois do presidente russo ter trazido este ano uma embalagem de gelado como presente para o presidente chinês Xi Jinping. Esta sobremesa já começou a ganhar popularidade na China, mas a acção de Putin do líder russo provocou uma loucura. Segundo o relatório mais recente do jornal China Daily, mais de 271 toneladas de sorvete russo no valor de US$ 863 mil foram importadas pela China nos primeiros oito meses de 2016.
“O gelado russo é caracterizado pelos seus ingredientes e um sabor incrível”, disse ao jornal Wang Xianzhe, funcionário da Manzhouli Ange Import & Export Company, o maior importador de sorvete russo para a China. Pale notou também que entre outros produtos alimentícios exportados para a China estão a carne e o peixe, bem como chocolate, óleo de girassol, cerveja e mel. “A grande procura por estes produtos pode ser explicada pelo facto de que contêm ingredientes mais naturais que os mesmos produtos feitos na China”, disse a analista.

7 Out 2016

Lusofonia | Três milhões para a festa que traz HMB, Don Kikas e Os Tubarões

As cores, sons e sabores dos países lusófonos vão animar a zona das Casas Museu da Taipa de 20 a 23 de Outubro. O evento, que este ano custa três milhões de patacas, continua a querer ser um marco na agenda turística local

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sítio é o do costume e a data marcada é de 20 a 23 de Outubro. É a 19.ª edição do Festival da Lusofonia que aí vem e que está orçamentada em três milhões de patacas. Esta edição promete trazer, mais uma vez, os sons dos quatro cantos do mundo que têm em comum a ligação lusa.
À semelhança das edições anteriores, um dos pontos fortes do evento é a realização de espetáculos que juntam artistas locais a outros, oriundos dos países que integram a edição. Das nações integrantes fazem parte Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O anfiteatro das Casas Museu da Taipa vai receber desde a Tuna Macaense, à capoeira brasileira, danças e cantares portugueses, performances e fados, entre artistas locais e outros convidados, de modo a mostrar as raízes desta “comunidade imensa que é a comunidade lusófona”.
De destaque, para a organização, são espectáculos de música e dança de artistas lusófonos ou os de música ligeira de artistas de Macau. Entre os nomes em cartaz estão agendados, para dia 21, a actuação de Don Kikas que vem de Angola, Knananuk de Timor e os Latin Connection, que representam Goa, Damão e Diu.
Vindos de Portugal estão os HMB e de Cabo Verde “Os Tubarões”. “Os Garimpeiros” de Moçambique também cá chegam e todos têm concertos agendados para o dia 22 das 20h00 às 23h00. A fechar a edição está Margareth Menezes, do Brasil, Tino Trimó da Guiné-Bissau e Tonecas Prazeres de São Tomé e Príncipe.

Comes e bebes

O petisco não falta e o Jardim Municipal do Carmo e o Largo homónimo voltam a ser palco dos chefs que ali vão mostrar a gastronomia dos países da lusofonia. Feijoadas do Brasil, moambá de Angola ou cachupa de S. Tomé são só algumas das iguarias que os interessados vão poder pôr à boca durante o evento. A acompanhar a edição vai ainda estar no ar a Rádio Carmo , uma edição especial que acompanha, em directo, convidados, visitantes e actividades.
Relativamente à edição do ano passado – cujo orçamento estava situado nos 3,3 milhões de patacas – os números deste ano são inferiores porque o “Instituto Cultural (IC) poupou essencialmente na publicidade, tendo agora uma maior divulgação online”, explica o responsável. O programa está preparado para acolher cerca de 20 mil pessoas, “mais ou menos o mesmo número do ano passado”, segundo a apresentação por parte do IC realizada ontem.
Porque é um evento a pensar em todos, para o mais pequenos estão disponíveis passeios de pónei e espaços especiais com a realização de workshops a eles dedicados.
Também para todos estão, como em anos anteriores, a ser preparados torneios de jogos tradicionais e matraquilhos com direito a prémios monetários aos melhores classificados e uma pequena aventura num simulador do Grande prémio. À festa justam-se vários stands de exposições que integram o que se faz nos países com ligação a Portugal.

Acessos mais fáceis

O Festival da Lusofonia acontece desde 1998 e tem como objectivo a promoção e divulgação das culturas e costumes dos países lusófonos bem como a homenagem às comunidades de expressão portuguesa sendo que faz parte das metas do IC “transformar o festival num marco das efemérides locais de modo a que se concretize enquanto ponto da agenda turística da região”.
De modo a facilitar o acesso ao local, tema que tem vindo a ser polémico, o IC garante que está em comunicação com a Direcção dos Assuntos de Tráfego, de modo a que esta estabeleça as devidas medidas para o aumento da frequência dos transportes públicos enquanto decorre o festival. Por outro lado, e para os que pretendem aceder à zona das Casas Museu da Taipa de carro, estará disponível o silo perto da zona do Carmo.

7 Out 2016

E porque os dias

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap] porque uns dias, isto. E porque outros dias, aquilo. E de aquilo, na imprecisão rústica do que se traça como se fosse caminho a fazer. E porque das roupas sobra o desconhecimento provisório, como o de pessoas estranhas a querer envolver de adjectivos decorativos um corpo que não se fez daquilo. Que não se encontrou ali, e que não se veste de roupa estreia, larga, comprida e curta. Não se veste para a estação. Não se apeia num vestido justo. Não cai de um sapato raso. Não desmaquilha os olhos. Não espreita debaixo da cama. Não lava a loiça da semana. Nem caixas para meias, quanto mais. E molduras e conveniências. E rosas de plástico com vinhos caros à mistura. Há um recreio vago. Menos mal. E um carrocel, um jardim, um cabaret, uma passerelle, uma roda- viva. E a leveza insustentável e o peso imponderável. E tudo muito mexido, muito batido. Como claras. Em castelo. De nuvens, castelos de nuvens. Cúmulos. Ah, Iago.
Porque as nuvens não têm vértices. Vértice é ponto agudo e pico. Não é ângulo nem aresta. Não há poética que valha a falha da geometria. Mesmo existencial. Quando querer fazer de um ponto uma linha, uma junta de planos fracturados é extrapolar. Elaborar é arquitectar. O vértice é o elemento centrado e precário. Acutilante e que fere. O não lugar da geometria. A parte ínfima e desprezável no encontro de planos. Superfícies. Há pessoas feitas de vértices. Os vértices dos dias. E há pessoas feitas de planos. Ou meras superfícies. E outras, feitas de outras coisas.
Eu desço e desço nos dias – ou muitos deles – a hipotenusa. Esperando que o triângulo não esteja invertido para a queda não ser para dentro e para trás. E depois outras definições.
E um dia destes, desprevenidas chegam as primeiras chuvas para ficar. Tem que ser. Mas esta luz já mais baixa, um pouco mais pálida, também é bela. E não há nada tão melódico como alguns daqueles momentos depois da chuva, no meio das árvores, em que indefinidamente se vai continuando a ouvir o gotejar imparável e incerto, Pequenos sons mais harmoniosos do que qualquer sinfonia. É o tempo a desfiar-se sem regra, sem ritmo e sem previsão. É o que fica a ecoar para além do desgoverno desolador do céu a abater-se sobre nós. A sinfonia das gotas que sobram nas fibras resistentes de cada tronco de cada árvore. Como o que sobra de um pensamento de amor. Em lágrimas de despedida ou de não ter sido. O que sobra e escorre para além de qualquer fórmula. Sem emoção. Como do discurso, como dos sentimentos como da vida vivida sem consistência. Uma realidade a ecoar como tempo e como deriva. E os regueiros formados na força da queda. E a melodiosa encaminhada de águas por caminhos recém-abertos. Moldados no acaso da terra, das fragilidades da física da terra. Da disputa de forças, entre o poder de escavar e o de resistir. O de gravar e o de consumir. E como num pensamento de amor, há o que cai, o que molha, o que agride, o que resiste e o que fica. O que fica. Dos sentimentos ficam os sentimentos na sua evolução própria. Aos discursos, reflecte-se-hes a deriva imponderável. Mas os sentimentos são elaborações para além do discurso. Aquém de tudo. Da vontade, da vaidade, da ética. Se falamos de amor, não falamos de gostar ou de critérios de gostar, ou para gostar. Não falamos de gostar, ou de construções, ou de relações. Não se passa entre pessoas. Passa-se em pessoas. Secreto e íntimo, contraditório, inconsequente e vasto como todas as planícies conceptuais deste planeta a expandir-se para dentro e para fora de si, cefaleias à parte, e dos outros. Também.
Não há maneiras melhores ou piores de amar. Não há amores melhores. Só inevitabilidades. O que se ama define um critério para sempre. Específico em si. Único, sem paradigmas, sem necessidade, sem qualidades. Só a necessidade e o paradigma definido em si. E a partir daí as qualidades. Sem comparação a outro. Nem livro de instruções. E as de amar diferentes sempre das de estar com. As qualidades. As instruções. As medidas. As caixas e as arrumações. Há um amar em estado puro. Perfeito ou primordial. As relações do estar, essas imperfeitas. Que dizer do amar. Há um lado de querer bem que é como o reverso da dor. Uma espécie de lado cristão, do lado contrário ao da dor. Em que é quando nos sentimos mais miseráveis que reconhecemos ainda ali a possibilidade de querer bem. Ás vezes acontece assim. Outras vezes querer. Mal. Não saber querer. Não saber sem dor.
E amar é uma catadupa de palavras inscritas no gesto. O gesto de amar que devia ser o único território. Acariciar com todas as palavras dentro. Ou para dentro, talvez. Fazer bem sem deixar rasto de cheiro como no território marcado dos animais. Um gesto de pluma. Ou um peso-pesado invisível. Um fazer bem no momento certo e sair de mansinho para não pesar. Mais do que o suficiente de saber uma vez.
Eu não tenho regras. Tenho inevitabilidades. Não posso ter umas, e não posso deixar de ter as outras. Como ou não como e durmo ou não indiferentemente. Trabalho e cumpro porque faz parte de mim sobreviver. Um pouco cheia de poucas regras, para ser rigorosa. Cheia dos espaços vazios entre definições. E quando me sinto mais miserável em tudo sei que está ali a possibilidade de me apurar na carícia mais doce no desvelo de amar e derramar palavras e gestos de bem, se o meu bem- querer estiver ali. E só não o faço por que não está ali como se estivesse. E não há que invadir. Vou divagando.
Ama-se na circunstância ou ama-se por que não pode deixar de ser. Encontros e desencontros. Então. Os dados são lançados pela ocasionalidade do acaso. O acaso a favor ou o acaso contra. Nada a fazer. Ama-se na facilidade ou então na miséria. É isso. A diferença está aí. Tirar medidas ou não. Uns dias e os outros
Não há uns dias e os outros. Talvez dantes. Vestidos de um colorido nítido de cores puras ou cores difusas, ou, aquelas não-cores do espectro dos neutros mas de impressão decisiva, desalentadora. Uma intermitência conhecida e que oferecia a espectativa de mudança sempre que o abismo ameaçava ser de vez. Mas agora é tudo de uma imprecisão mais dialética, não ao longo dos dias mas de um dia só, no desconhecido dos outros. Instantes de paragem em qualquer das premissas. Clara enquanto lugar de um tempo. Dependente de pequenos farrapos da espuma das coisas. Decisivos. No preciso instante em que se instalam. Precários, contudo. Uma translacção imparável pelas faces das coisas e a permanente escuta às possibilidades do desequilíbrio do corpo. Uma dança, quase. Um solo nos limites das possibilidades de contrariar a gravidade, a apetência do cérebro pelo equilíbrio. Mas esvoaçar nos limites. Expandir os membros nesse limiar e compensar de imediato o centro de gravidade abalado. Um reajuste renovado em ciclos sem descanso. O que sinto. Por isso ter que parar, simbolicamente sentar-me. Reter esta entrada de sinais à porta. Por uma vez. As pessoas morrem e renascem. Partem para sempre e regressam do mesmo modo. Eu sou de uma enorme monotonia. Tenho uma órbita. As coisas é que giram nos seus eixos, apresentando as faces. Equidistante de mim e dos outros. E da qual caio, umas vezes para dentro e outras para fora. E depois volto. A um ponto qualquer que consiga tocar e me devolva à elipse confortável.
Eu acho muitas vezes que temos a alma moldada para encontrar umas coisas e não outras. Não sei se é bom ou mau. Picasso dizia: eu não procuro, acho. Mas é redutor.
Hoje fui ver o mar que vi tão pouco neste verão. O cair da noite no início do outono. The fall. Anyway. E aqueles vultos como fantasmas ali. A transmutar-se um em outro. Ela mais dramática. Ali está, a minha alma moldada para encontros entre mar e terra. Um no outro. Impressos na fronteira. Como pintura. Mas já feita. Só para encontrar. Ver, na matéria plástica e fluida da areia e na matéria mutante e líquida da água. Que ficaram lá. Sem ficar. Figuras. Eu vejo sempre figuras. Acompanham-me, talvez. E também ali, a harmonia e o segredo que equilibra, resume-se ao balanço certos entre brancos e negros. E as paletas de cinza, que encobrem discretamente as cores que lhe deram origem.
De repente pergunto-me o que me deu para estar aqui a falar do amor. Do amar, na realidade. É talvez porque o verão se foi. Como se abruptamente no dia marcado mas só por acaso é assim. Na verdade flui para longe. Lentamente. Visivelmente.
E é agora talvez, que chega o fim do verão. Ou ontem. Ou lá mais para o meio da tarde e da noite. No calendário já foi mas isso não importa. E, talvez porque, quando chega o fim do verão, é quando mais apetece falar do amor. O amor. Chegaria dizê-lo assim. Ou é talvez a vocação nostálgica entre tempos. Entrementes. Ou é talvez o amor que é da família fonética do calor. Ou. Acrescentar ardor e humor e odor. Feromonas distantes. Entre si. Amores efémeros de verão. Mas eu tenho aquela vocação para os amores mortais do acaso e do por engano. Ou mortíferos… Romeu e Julieta na era da tecnologia e de outros venenos, ter-se-iam encontrado e desencontrado de outras formas. Desencontrados no desespero do seu amor proscrito, distraídos por um post, uma mensagem curiosa, um “like” inesperado. Distraídos da vocação dramática do seu amor pelo qual valia a pena morrer, mas não era para ser. Foi simplesmente o erro. E dizer que valia a pena morrer, só depois e porque aconteceu. Hoje seria tudo mais divergente do momento. Do veneno. Do punhal. E teríamos ficado sem ele. Esse amor referencial.
Tudo se arredonda no bom tempo. Do verão. Essa ausência que se avizinha que se adivinha sem se querer como a noite dos sentidos. Hibernação. A norte do imaginário. O polo magnético que aponta para o verão seguinte. Ou o outro. Ou o outro. E apetecer fecharmo-nos numa biblioteca aquecida de memórias e livros mortos. Dizia Borges que a haver paraíso, seria esse no lugar onírico de uma. A demonstrar a incapacidade de tudo ver e viver. O transcendente ramificado em estantes temáticas, geográficas, ou em autorias incontáveis e inapropriáveis. Como o mundo. E dentro do mundo. Ou como um cérebro. Com todas as alturas inacessíveis e todas as escadas a poder subir. Mas esses lugares, tantos feitos maravilhosos de conteúdo e potencialidade. Tantos formulados numa estética luxuosa de acordo com o valor e uma época. Palácios arrumados e herméticos vistos de fora. Dos vidros das estantes. O saber fechado ali. Tanto saber e tanto mistério. Tantas coisas e não coisas. Tantas e tão maravilhosas de maravilhosamente mortas. Caladas. Em bibliotecas. Ou então sussurrantes de apelos e tentações. Lembro aquela, banal, de “As asas do desejo”, de W. Wenders. Repleta de murmúrios e da respiração secreta dos anjos. Mas eu não gostaria de ascender ao paraíso de uma. Viver. Cada vez me rodeio de menos livros. Mortos. Vou-os deixando por aí, porque muitos se calaram. Muitos nunca disseram. Mas os livros são um amor específico com todos. Não se pode obrigar. Acontece porque tem que acontecer. No dia certo.

7 Out 2016

Piratas para restaurar a brilhante dinastia

“No século XVII a dimensão geográfica dá lugar à dimensão demográfica e com o declínio dos antigos colonizadores, outros aparecem: ingleses, holandeses e franceses. O fascínio tinha acabado e estava-se no tempo do distanciamento objectivo, devido ao avanço científico da Europa. É na crença egocêntrica de possuir uma civilização universal e com o dever de elevar todos os povos a esse estádio ‘superior’, que começa a corrida para a constituição dos impérios coloniais, com as vantagens materiais e políticas que daí decorriam”
Tien-Tse Chang, O Comércio Sino-Português entre 1514 e 1644

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s últimos imperadores Ming tão ocupados estavam com a sua imortalidade e em luxos que nem tinham tempo para os assuntos de Estado. A decadência imperou. Vivendo a população na miséria, era ainda obrigada a pagar altas rendas e taxas, o que levou, em 1627, os camponeses a revoltarem-se e a pegarem em armas para se protegerem a norte de Shaanxi, estendendo-se para Shanxi e Henan.
Em 1635, os chefes de grupos armados de camponeses reuniram-se em Xingyang, província de Henan, para planearem uma estratégia. Li Zicheng, um dos líderes, com o seu exército ocupou, em 1644, Xian e toda a província de Shaanxi, tendo aí formado o Estado de Dashun. Partiu depois para Leste e passando por Shanxi e Hebei, chegou a Beijing, levando o último imperador da dinastia Ming, Chongzhen (1628-44) a refugiar-se no Monte Wansui (Colina da Longa Vida) a Norte do Palácio Imperial. Aí ficou 43 dias, mas todos os esforços falharam e sem uma solução para a complicada situação, o imperador enforcou-se.
A China ficava sem governo imperial por alguns meses, período conhecido pelo Interregno Shun. As tropas Ming combatiam os revoltosos camponeses em muitas partes da China e uma pequena corte Ming mudou-se para Nanjing, agora com o nome de Yingtian.

O pirata Nicolau

Zheng Zhilong (1604-61), natural de Fujian, nasceu a 16 de Abril de 1604 em Nanan, Quanzhou, e tinha passado algum tempo enquanto jovem em Macau, onde chegou com 18 anos, sendo convertido e baptizado com o nome cristão de Nicolau. Ao reconhecer o bom dinheiro que se fazia no comércio juntou-se a um grupo de piratas, que atacavam sobretudo holandeses sedeados em Taiwan e mercadores chineses, fazendo ainda comércio com o Japão.
Diz o Padre Manuel Teixeira, “O pirata maroto, era este o nome que os portugueses davam a Iquan”, ou Cheng Chi-lung, que depois de regressar “à sua terra, partia para o Japão, onde se colocou ao serviço dum rico comerciante chinês, Li Han, juntando-se ali com a japonesa Tagawa.” E foi dessa relação que no Japão nasceram, em 1624, o seu filho Zheng Sen e uma filha, Úrsula de Vargas.
Em 1624, os holandeses tomaram o sul de Taiwan e Zheng Zhilong, a trabalhar para Li Dan no Japão, sabendo português, foi aí colocado pelo seu chefe como tradutor na Companhia Holandesa das Índias Orientais. Li Dan, comerciante no Japão, China e Taiwan, tratava Iquan como um filho e casou-o com a filha adoptiva. Tendo Iquan mudado os seus negócios para Taiwan, passou a trabalhar para outro pirata, Yan Siqi, altura em que a VOC começou a colocar fora da ilha todos os que lhe faziam frente. Os holandeses ainda usaram Iquan para lutar contra os espanhóis em Manila, mas este abandonou o seu trabalho de intérprete, em 1625, após a morte do seu novo chefe.
Tomando o comando, formou o grupo Shi Ba Zhi, que em Agosto desse mesmo ano, devido à morte de Li Dan, herdou os navios deste e a sua riqueza, engrossando assim o grupo, que se tornou independente. Iquan, como os holandeses lhe chamavam, passou então a só reconhecer como seu nome Zheng Zhilong e usou Taiwan, entre 1626 e 1628, como base para atacar as costas de Guangdong e Fujian, colocando aí grandes problemas à dinastia Ming. Apenas roubava e raptava governantes e ricos negociantes, mas tratava bem o resto da população, ajudando mesmo os mais carenciados, o que levou as pessoas a acreditarem mais nele do que no governo Ming.
“Em breve, comandava 400 juncos que, em fins de 1627, se elevaram a mais de 1000. Apoderou-se de Amoy, e dali dominava toda a costa entre os rios Yangtzé e o das Pérolas. O Imperador, vendo não o poder vencer, nomeou-o em 1628 comandante da frota imperial, com o grau de mandarim, na condição de limpar os mares de outros piratas, o que ele aceitou, estabelecendo em Amoy o seu quartel general”, segundo o Padre Manuel Teixeira, que prossegue: “Iquan tinha 300 negros ao seu serviço, sendo todos cristãos e escravos fugidos de Macau”.
Este historiador refere ainda uma questão conflituosa surgida entre Zheng Zhilong e os portugueses. Após a expulsão dos cristãos do Japão e tendo a sua filha aí nascida sido baptizada na fé cristã, com eles fugiu para Macau. Ao saber de tal, Zheng Zhilong enviou recado aos portugueses para que lha mandassem, visto ser sua filha, mas estes não atenderam às pretensões. E nem mesmo as terríveis ameaças lançadas sobre cercar Macau com a sua esquadra, demoveram os portugueses da decisão de não a entregar.
“A 1 de Maio de 1639, leu-se no Senado uma carta dos negociantes portugueses que se achavam em Cantão, contando o que “havia sucedido à nossa gente com os chineses da armada de Icoão, que no dito Cantão estão e do mais que tinha sucedido e do estado e aperto em que os ditos portugueses estão, assim do risco de suas pessoas, como dos cabedais dos moradores…” Por isso, o Senado elegeu dez indivíduos dos mais velhos e experimentados cidadãos desta cidade para tratar do assunto com os oficiais da Câmara, referentes à feira de Cantão. “Boxer nota que essa filha devia ser uma que casara em Macau com um português (ou macaísta), chamado António Rodrigues, filho dum cidadão chamado Manuel Belo”, e em nota o Padre Manuel Teixeira refere, após o casamento cristão em Macau de Úrsula de Vargas, filha de Nicolau I-Kuan, com António Rodrigues, foram estes viver em 1642 com o mandarim Iquan em Ankai. “Levados por esta palavra e obrigados pela grande discórdia (de lembrar ser 1642 o ano da Restauração em Macau) que havia naquela cidade de Macau entre todos e a grande fome que sobreveio, embarcaram para esta cidade de Anay, onde vivem”.

Sem soldo para comer

Macau já desde 1630 prestava ajuda à dinastia Ming, que lhe tinha aberto as portas do País do Meio, enviando um destacamento de 400 militares, assim como canhões para a ajudar a combater os manchus na Grande Muralha. Encontravam-se em Guangxi quando foram interrompidos na sua marcha, devido às intrigas dos comerciantes de Cantão junto aos mandarins provinciais. Em 1644, após a conquista de Beijing pelos manchus, as forças leais à dinastia Ming que lhes faziam resistência, voltam a pedir ajuda aos portugueses.
A China encontrava-se em guerra contra os tártaros e, aproveitando-se disso, proliferavam nos seus mares os piratas onde faziam grandes e ricas presas. Macau, sentindo-se ameaçada, levou o Senado, em sessão de 8 de Julho de 1646, a mandar equipar embarcações ligeiras, os chós, para protegerem dos ladrões os barcos de comércio da cidade. Assim partiram em perseguição dos piratas, levando-os a apressado retiro.
No entanto, ainda nesse ano em Outubro, “os soldados, com soldo em atraso, envolveram-se em desordem com os donos das lojas chinesas. O mandarim de Chinsam mandou fechar as Portas do Cerco, impedindo a vinda das provisões e veio a Macau exigir satisfações: “e para o compor foi preciso não só dar público castigo aos soldados, mas despender com ele prata”. Pouco depois, veio uma chinesa a vender comestíveis a Macau e os soldados roubaram-lhos, usando de violência. Com estas desordens, por falta de pagamentos e penúria da cidade, se pôs alguma artilharia em venda”, segundo o Padre Manuel Teixeira, que refere terem os canhões de Bocarro servido para tudo; “acudir a Goa, a Portugal, à China e às Filipinas e até pagar os soldados esfomeados…”

Fim da dinastia Ming

O general Ming, Wu Sangui, que governava a Passagem de Shanhaiguan, em 1644 acedeu aos manchus passarem pela Grande Muralha, para em conjunto com as tropas Ming combaterem os revoltosos camponeses.
As tropas manchus encontraram a China sem dinastia no Trono do Dragão há já alguns meses e assim, em 1644, ocuparam Beijing para onde mudaram a sua capital, até então em Shenyang. Daí Li Zicheng teve que partir e seguindo para Oeste até Shanxi, foi perseguido pelas unidas tropas manchus e Ming, sendo morto em Hubei com 39 anos de idade.
Foi então que muitos oficiais Ming, a cooperar com os manchus contra os camponeses, se mudaram para o lado destes, passando a combater os invasores manchus. Com a morte do último imperador da dinastia Ming em Beijing no ano de 1644, a pequena corte Ming estabeleceu-se em Nanjing e aí formou a dinastia Ming do Sul (1644-1662). Zhu Yousong, príncipe de Fu, tornou-se o Imperador Hong Guang (1644-1645) e libertou da prisão Zhu Yujian, condenado desde 1636, quando lhe fora retirado o título de príncipe de Tang.
Durou um ano essa pequena corte Ming desunida e corrupta, sendo em Junho de 1645 derrotada em Yingtian (Nanjing) pelas forças Qing e a corte dos Ming do Sul voltou a fugir, agora para Hangzhou. Aí se dividiu, parte vai para Shaoxing (Zhejiang) e outra, refugia-se em Fuzhou (Fujian), onde subiu ao trono da dinastia Ming do Sul o Imperador Long Wu (Agosto 1645 – Outubro 1646) e cujo nome era Zhu Yujian, príncipe de Tang. Pertencia à oitava geração descendente do terceiro filho do primeiro imperador da dinastia Ming e tinha a esperança de conseguir derrotar os manchus, que já tinham formado a dinastia Qing.
Zheng Zhilong era o mais poderoso aliado do Imperador Long Wu com quem tinha uma grande amizade, pois ajudara-o a chegar a imperador. Mas, em 1646, com as vitórias do exército Qing no centro da China e em Fujian, a 6 de Outubro, o Imperador Long Wu foi capturado e executado. Os manchus compraram com um cargo Zheng Zhilong e este, percebendo a definitiva derrota da dinastia Ming, aceitou. Foi levado para Beijing com a família, onde o mantiveram, procurando atrair o filho, Zheng Chenggong, que recusou abandonar os Ming e governou as costas de Fujian desde 1646.
Nos finais de 1650 era apenas ele no mar que lutava para restabelecer a dinastia. Derrotado em 1659, no estuário do rio Yangtzé, com essa batalha dá-se o fim do foco de resistência dos chineses han, pertencentes à dinastia Ming e voltando a Fujian, daí parte à frente de 25 mil pessoas para Taiwan onde, após um cerco de nove meses, tomou em Abril de 1661 a ilha aos holandeses. Em 1662, Zheng Chenggong morreu de doença aos 38 anos, mas Taiwan continuou independente com o seu filho Zheng Jin e só foi conquistada ao neto em 1683, passando para o domínio dos Qing.
Pouco nos estendemos sobre a personagem do pirata Zheng Chenggong, ou Coxinga, como é conhecido pelos europeus, pois a sua história já foi apresentada no HM, encontrando-se escondida também na divindade Zhu Da Xian. Quanto ao seu pai, Zheng Zhilong foi colocado na prisão em 1655 e morto em 24 de Novembro de 1661.
Em 1669, a VOC, cujo objectivo fora atacar os pontos-chaves do império espanhol e português, era a mais rica companhia privada do mundo com mais de 150 navios mercantes, 40 de guerra, 50 mil funcionários e um exército de 10 mil soldados.

7 Out 2016

Rosenqvist é cabeça de cartaz do Grande Prémio de F3

Felix Rosenqvist é o cabeça de cartaz da edição deste ano do Grande Prémio de Macau, que decorre entre 17 e 20 de Novembro. O piloto sueco volta para tentar bater um recorde e ser o primeiro tricampeão na Fórmula 3. Apesar da ausência do campeão europeu, a organização diz esta será uma das melhores corridas de sempre, indica a rádio Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Grande Prémio Fórmula 3 de Macau soma já duas notícias de última hora. Além da passagem de testemunho para a Federação Internacional do Automóvel (FIA), esta semana soube-se que o campeão europeu de Fórmula 3, Lance Stroll, não vem a Macau por ter “outros compromissos”.
A emissora frisa ainda que Frédéric Bretrand, director da FIA, garante que a corrida deste ano será tão boa ou até melhor do que as anteriores porque há mais carros do que nunca e os melhores entre os melhores marcam presença.
“Em relação a Lance [Stroll], lamentamos que não esteja aqui. Mas julgo que tem outras questões para resolver e desejamos-lhe o melhor futuro. A lista de participantes é fantástica. Quando se vê o número de pilotos que estão a voltar depois de já terem ganho a corrida uma vez…Só querem estar aqui mais uma vez por causa deste título de Taça Internacional. Em cima disto, temos ainda os números 2,3, 4 e 5 do campeonato da Europa”, sublinha Frédéric Bretrand, citado pela rádio.
Pela primeira vez, a prova rainha do Grande Prémio recebe a chancela da FIA, o que faz com que, também pela primeira vez, Macau receba, ao mesmo tempo, duas Taças do Mundo. Se vai ou não continuar a ser assim, é uma questão de esperar para ver: “Vamos dar um passo de cada vez. Fazemos este ano e vamos ver o que acontece no próximo. Mas é certo que, se for um sucesso, há uma forte hipótese de continuarmos para sempre”, indica a emissora.
Na edição deste ano, Macau mantém a Taça do Mundo de GT. Além do actual campeão, Maro Engel, voltam a marcar presença Edoardo Mortara, que soma várias vitórias no circuito da Guia, e o piloto de Macau André Couto, que este ano compete com um Lamborghini.
Nesta edição, assinalam-se também os 50 anos do Grande Prémio de Motos. Vão competir Peter Hickman, actual campeão, e os veteranos Michal Rutter, Stuart Easton, McGuinness e Ian Hutchinson. O piloto de Macau Rodolfo Ávila não participa nesta edição. De Portugal, regressa Tiago Monteiro.

Três pilotos portugueses no Grande Prémio Macau

Três pilotos portugueses vão participar na 63.ª edição do Grande Prémio de Macau, em Novembro, quando a Fórmula 3 passa, pela primeira vez, a contar para a Taça do Mundo da Federação Internacional Automóvel (FIA).
Tiago Monteiro volta a Macau a uma nova versão da corrida Guia, a “Corrida da Guia Macau 2.0T”, depois de o Campeonato Mundial de carros de turismo, WTCC, ter deixado de se disputar na cidade.
Na segunda Taça GT Mundial da FIA participa André Couto, que corre tradicionalmente com as cores de Macau, e o Grande Prémio de Motos conta novamente com a presença de André Pires (Bimota), foi ontem anunciado.
Na Fórmula 3 não competem portugueses, mas a corrida conta com o sueco Felix Rosenqvist, que vai tentar vencer pela terceira vez consecutiva em Macau.
Destaque ainda para pilotos de topo da lista do Campeonato Europeu de F3 da FIA, como o alemão Maximilian Günther, o neozelandês Nick Cassidy e os britânicos George Russel e Callum Ilott.
Já o canadiano Lance Stroll, que se sagrou campeão do circuito europeu no passado fim de semana, cancelou a ida a Macau por motivos de agenda.

Lista agrada

“A lista de entrada é óptima. Quando vemos o número de pilotos que voltam depois de já terem vencido a corrida, é porque querem estar novamente cá devido a este título mundial. Além disso, temos o número três, quatro e cinco do campeonato europeu, a corrida vai ser difícil”, disse Fréderic Bertrand, director da Federação Internacional do Automóvel (FIA), em conferência de imprensa.
Com a Taça do Mundo de F3, Macau passa a ser o único lugar do mundo que recebe simultaneamente duas Taças do Mundo, em termos de desporto motorizado, destaca a organização. A decisão de manter a competição mundial será um processo a determinar “passo a passo”.
“Realizamos [a Taça] este ano e vemos o que se vai passar no próximo. Mas certamente que, se for bem-sucedido este ano, há uma boa oportunidade de continuar para sempre. Esperamos que seja pelo menos tão bom como antes e talvez um pouco melhor. Quando olhamos para o nível dos pilotos podemos esperar uma corrida muito dura”, afirmou Bertrand.

Pirelli e o concurso

O envolvimento da FIA fez mudar o fornecedor de pneus, passando da Yokohama para a Pirelli. “Essa é outra das diferenças de estar ligado à FIA, temos um processo muito justo de concurso para escolher o fornecedor. A Pirelli venceu. A Yokohama também concorreu mas não conseguiu”, explicou Bertrand.
O Grande Prémio de Motos assinala este ano a 50.ª edição e, por esse motivo, os três primeiros classificados vão receber um prémio adicional. Marcam presença dos britânicos Peter Hickman (campeão do ano passado), Martin Jessopp (segundo classificado em 2015), Michael Rutter (campeão oito vezes e terceiro classificado no ano passado), Stuart Easton (três vezes campeão), John McGuiness e Ian Hutchinson. O Grande Prémio de Macau realiza-se entre 17 e 20 de Novembro.

7 Out 2016

Fórmula E | Hong Kong prepara-se para a prova com caras conhecidas do GP de Macau

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já este fim-de-semana que Hong Kong se veste a rigor e recebe a sua primeira prova de automobilismo nas ruas da cidade. Na sua terceira temporada, o Campeonato FIA de Fórmula E, uma competição exclusiva para viaturas eléctricas, visita pela primeira vez o sul da China. Inicialmente oferecida a Macau, a prova da Fórmula E na ex-colónia inglesa cumpre o sonho da Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA) e de várias gerações que lutaram anos a fio contra a oposição das autoridades locais para garantir um evento que em todo se assemelhasse ao Grande Prémio de Macau.
Este evento, que vai ter como plano de fundo o Porto Victoria, só é hoje possível dada a vontade do governo de Hong Kong em promover as novas tecnologias amigas do ambiente, onde se incluem os carros eléctricos. A cidade vizinha goza de padrões de mobilidade cobiçados por outras grandes cidades e tem a circular actualmente mais de quatro mil viaturas eléctricas, graças aos apoios do governamentais.
“Enquanto Singapura tem a Fórmula 1 e Macau tem o Grande Prémio, Hong Kong parece o último lugar que nos possa vir à cabeça quando falamos de corridas de carros. Muitos em Hong Kong gostam de automobilismo e têm um alto nível de conhecimento sobre sustentabilidade, o que faz desta cidade um sítio ideal para acolher a Fórmula E,” diz Alan Fang, o CEO da Formula Electric Racing (Hong Kong) Limited, a empresa promotora da competição no território vizinho. “É a nossa missão promover a mensagem da sustentabilidade através de um novo tipo de automobilismo e é por isso que o governo nos deu tanto apoio quanto tivemos que colocar esta corrida juntos.”
Apesar da promoção da prova a cabo do Turismo de Hong Kong não ter sido nada de extraordinário, de acordo com os residentes, todos os 40 mil bilhetes terão sido já vendidos para os dois dias do evento. Para além da corrida única de cinquenta minutos da Fórmula E, que inclui uma paragem nas boxes para troca de carro, haverá no programa uma corrida para 16 celebridades e pilotos de renome de Hong Kong com viaturas eléctricas da marca Volkswagen. O circuito de 1860 quilómetros de perímetro foi desenhado pelo arquitecto português Rodrigo Nunes.

Caras conhecidas

Entre os vinte pilotos que compõem a grelha de partida da Fórmula E estão várias caras conhecidas do Grande Prémio de Macau. O português António Félix da Costa, emprestado pela BMW Motorsport à equipa da família Andretti, com quem o construtor alemão tem uma parceria técnica, vai participar na sua terceira temporada. O vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2013 vai finalmente concentrar-se a tempo inteiro e é um dos favoritos à luta pelas primeiras posições.
Félix da Costa não é o único ex-vencedor da prova de Fórmula 3 do Circuito da Guia. A defender as cores do construtor indiano Mahindra está o sueco Félix Rosenqvist, vencedor na RAEM em 2014 e 2015, e a representar a Audi Sport ABT está o brasileiro Lucas Di Grassi, que ganhou em 2006. Também presente vai estar o alemão Maro Engel, vencedor o ano passado da primeira edição da Taça do Mundo FIA de GT. Na DS Virgin Racing será possível encontrar o argentino José María López, o penúltimo piloto a vencer uma corrida do WTCC nas ruas do território.
O campeonato tem várias outras estrelas, como Nelson Piquet Jr, filho do incontornável ex-campeão do mundo de Fórmula 1 e que a FIA não quis que participasse no Grande Prémio de Macau deste ano, Nicolas Prost, filho de Alain Prost, ou os ex-pilotos de Fórmula 1 Sébastien Buemi e Jêrome D’Ambrosio.

7 Out 2016

Mal-entendidos destroem as equipas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a cultura chinesa, acredita-se muito numa coisa: o destino (緣份). Destino no sentido das relações que vamos tendo com outros. Acredita-se que conhecer uma pessoa é algo já destinado, marcado para as nossas vidas: porque é que conhecemos este mas não aquele? Porque é que nos tornamos amigo de uma pessoa que conhecemos há pouco tempo e não de um colega com quem estamos sempre? Todas as pessoas que conhecemos na vida têm os seu próprio destino.
Eu valorizo muito as relações com amigos, colegas e, claro, família. Mas, obviamente, nem sempre que consigo manter boas relações com todos. Eu também ignoro, eu também sou responsável por mal-entendidos. Eu também me zango, ralho, magoo outros, com ou sem razão. Apesar de tudo, tento não manter as partes negativas dos outros na minha mente.
Talvez estes meus pensamentos sejam formados através dos filmes ou telenovelas que via muito anteriormente. Mas há algo que ouvi e que me ficou sempre na memória: “Lembra-te sempre que detestar uma pessoa é muito cansativo e essa pessoa não fica cansada, apenas tu”.
É por causa disto que não costumo deixar que o ódio por alguém invada a minha mente mesmo que alguém me tenha feito mal. Não espero vinganças de ninguém por causa dos meus defeitos, desde que não continue a fazer mal.
Também não gosto de olhar de lado nem de detestar uma pessoa sem razão, de forma fácil. O que me interessa mais é saber porque é que uma pessoa faz determinadas coisas, qual é a intenção, o que pensa, ou sentia quando o fez. Se calhar esta forma de pensar pode ser considerada parva, mas sei que, apesar de nem sempre estar certa, também há mal-entendidos ou preconceitos formados.
Mas também acho que é perigoso não esclarecer o que é a verdade quando alguém entender que algo está mal, porque, mesmo que nos possamos importar com o que os outros pensam e falam, estas coisas podem a qualquer momento afectar emoções, relações e até a vida quotidiana. Passando um longo tempo, é possível que esses mal-entendidos façam com que as pessoas se tornam inimigas.
Os mal-entendidos, penso eu, são uma arma “fria”, que destrói e magoa silenciosamente. Sobretudo quando existem entre família, num grupo ou numa equipa. Podem derivar de suspeitas, enganos, raiva, ciúmes e até ódio, algo que não é nada necessário. Além do mais, quando os mal-entendidos se espalham de uns para outros, esse erro desnecessário fica cada vez maior e o resultado poderá ser irreversível.
“Se uma equipa tem uma boa comunicação, se não se poupa a cooperação entre uns e outros, o poder que se produz poderá ser tão forte que até Deus o teme.”
Li esta frase num livro chamado “Avança-se um pouco um dia depois do outro”, de um autor pouco conhecido de Taiwan. Como nenhum de nós vive numa ilha isolada, a única forma de conseguir sucesso é aceitar a ajuda e ajudar os outros. Quando não há comunicação entre as pessoas, nem se tenta conversar, sobretudo no caso de mal-entendidos, quem perde somos nós próprios.
Eu não peço a todos que se perdoem uns aos outros, aos que fazem mal a si próprios ou àqueles à sua volta, mas peço a todos que repensem se existem mal-entendidos e falem! É a única forma de talvez se poder evitar perdas de ambos os lados.

7 Out 2016

Miguel Lança: “Recorri à pintura para aliviar o stress”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m passeio com um dos filhos reavivou-lhe uma paixão antiga, quase como quem vai buscar algo ao baú das memórias. Miguel Lança costumava pintar na escola, mas acabou por deixar esse hobby de lado com o passar dos anos. Foi o filho mais velho que, tendo igualmente paixão pelas artes, o levou de novo ao mundo das telas e dos pincéis.
“Um dia passámos por uma loja, comprámos umas telas e umas tintas e começámos a aventurar-nos. Comecei então a pintar, sobretudo com acrílico, com técnicas mistas. Tenho algumas obras pintadas a óleo. Também gosto de usar tinta da china”, contou Miguel Lança ao HM.
Hoje mostra um pouco do seu trabalho através da sua página do Facebook, a Msv Art. Uma visita leva-nos a compreender que se tratam de obras dominadas pela cor e pelos traços fortes.
A trabalhar actualmente como chefe de sala no Instituto de Formação Turística (IFT), onde também dá alguma formação prática aos alunos, Miguel Lança pinta nas horas vagas para “aliviar o stress do dia-a-dia”. Apesar de não fazer dessa a sua profissão principal, Miguel já realizou duas exposições.
“As minhas experiências foram apenas duas exposições que fiz no Venetian, uma em que fui convidado por uns alunos que estavam a frequentar um curso no IFT e que precisavam de artistas locais para expor. A outra exposição foi através de um amigo que me convidou para expor os meus trabalhos.”
Inspirações não as tem, sendo o seu trabalho marcado pela espontaneidade, com base naquilo que vê. Aqui, a cultura chinesa também acaba por ter uma certa influência.
“Uma vez, para celebrar os dez anos de Macau, pintei um quadro com carpas, por ser um peixe que existe muito na Ásia. Às vezes inspiro-me em algumas fotografias que tirei, do Hotel Lisboa, do Jardim Lou Lim Ioc… as coisas vão surgindo naturalmente, não posso dizer que seja algo planeado. Agarro nos pincéis e nas tintas e é o que sai. Também gosto de usar tinta da china.”
Miguel Lança acredita que ser artista em Macau pode ser fácil, mas também difícil. “Há que reunir os contactos necessários, temos algumas facilidades. A Fundação Rui Cunha dá a possibilidade a artistas locais para exporem os seus trabalhos, bem como o Instituto Cultural e até a Macau Creative”, lembrou.

História com 11 anos

A história de Miguel Lança em Macau começou há 11 anos, quando veio por intermédio do pai, que já cá estava. Com um curso técnico-profissional, Miguel começou a trabalhar no restaurante Fernando, em Hac-Sá, lugar escolhido por inúmeros turistas de vários países. Daí, onde esteve quase uma década, guarda boas memórias.
“Foi uma boa experiência, é um restaurante com muitos clientes, alguns já de vários anos, passam por lá muitas pessoas, dá para fazer novas amizades. Foi uma experiência engraçada.”
Esteve oito anos como gerente, tendo passado depois para o Clube Militar, onde trabalhou como chefe de sala. “Sempre gostei muito da área da hotelaria, mas no início da minha carreira trabalhei mais em bares e discotecas”, revela ao HM.
Miguel Lança recorda o período em que 500 patacas chegavam para comprar toda a comida necessária para casa e onde um apartamento era bem mais barato. Onze anos após a sua vinda para o Oriente, Miguel destaca a segurança e o desenvolvimento de um território que teve um crescimento galopante.
Nunca trabalhou directamente na área de confecção de alimentos, mas defende que a variedade de pratos portugueses continua a não existir em Macau, apesar das inúmeras inaugurações de espaços que aconteceram nos últimos anos.
“Existem muitos restaurantes mas na maior parte dos menus a oferta é quase a mesma. Há restaurantes com uma boa feijoada, um bom leitão, mas não se pode dizer que haja um restaurante que reúna todas as condições e se possa dizer ‘aqui é tudo bom’. Há um bocado essa falha nos restaurantes portugueses, tudo é idêntico, a maneira de confeccionar a comida é muito semelhante. Não há muita diversidade”, concluiu.

7 Out 2016

Fórum Macau | Empresários aplaudem delegação em Macau do Fundo de Investimento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo de Cooperação e Desenvolvimento do Fórum Macau, criado em 2010 para financiar projectos em Países de Língua Portuguesa, deverá mesmo ter uma delegação no território, apesar de ainda não existir uma data oficial para que isso aconteça. Quanto ao Banco de Desenvolvimento da China também deverá ter uma delegação no território, informação confirmada ontem por Jackson Chang, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), no âmbito de uma entrevista conjunta com responsáveis do Fórum Macau.
“O IPIM recebe as dúvidas das PME de Macau. Quando querem apresentar a candidatura precisam de ir a Pequim. Já tivemos reuniões com o Banco de Desenvolvimento da China e no futuro as PME poderão apresentar as suas candidaturas junto do IPIM. O IPIM poderá receber os documentos e depois entregar junto do Banco. No futuro o Banco de Desenvolvimento irá ter uma delegação em Macau para facilitar as candidaturas dos empresários de Macau. Esperamos que possam criar uma representação em Macau”, defendeu.
Jackson Chang alertou para a burocracia decorrente da ausência de uma delegação. “As PME tinham de ir a Pequim várias vezes só para apresentar documentos e agora o IPIM pode dar apoio e evitar tantas deslocações. O Governo de Macau deu essa sugestão e o Banco ainda está a considerar [a possibilidade]”, acrescentou.

Empresários apoiam

A ideia, que já tinha sido avançada pelo antigo secretário-geral do Fórum Macau Chang Hexi, parece agradar aos empresários locais contactados pelo HM.
“Isso já devia ter sido feito antes, quando os Países de Língua Portuguesa estavam em grande desenvolvimento e Macau não estava em recessão económica. Há muitos empresários que têm dificuldade em fazer negócio, é preciso fazer muitas viagens para a China e apresentar muitos documentos, o que acaba por diminuir a intenção [de investir]. As oportunidades passam e não sei se já é tarde ou não. A economia da China e regional já não está tão boa como há anos”, disse o empresário Henrique Madeira Carvalho.
As inúmeras deslocações a Pequim “afastaram as empresas”, defendeu ainda. “Os empresários não podem estar à espera porque o mundo e a economia mudam rapidamente. Não se pode fazer negócios sem o apoio dos bancos e de um fundo. Podem haver muitos planos, mas com a falta de financiamento é difícil.”
Afonso Chan, vice-presidente de uma empresa na área de materiais e infra-estruturas, afirmou que se trata de “uma boa notícia para todas as PME”. “Macau é parte da China e o Governo também investiu uma parte no capital e uma das condições é que as PME tenham acesso a este Fundo.”
Rita Santos, que foi secretária-geral adjunta de Chang Hexi, também aplaude a alteração. “Para requerer esse Fundo é preciso passar por vários trâmites do Banco que gere o Fundo, têm de ser respeitados muitos requisitos e é por isso que, até agora, não avançaram muitos projectos. Essa é uma decisão correcta e prática, porque Macau é que é plataforma. É preciso que haja um organismo aqui para que os empresários locais possam participar.”
Rita Santos alerta para a falta de interesse das empresas locais. “É preciso haver muitos incentivos por parte do Governo de Macau, para ver como é que as empresas podem procurar projectos e fazer parcerias com as empresas do interior da China, porque as empresa de Macau, por si só, não têm capacidade financeira. Com o Fundo em Macau, claro que facilita”, rematou.

6 Out 2016

Fórum Macau | Secretária-geral pede maior cooperação com sector privado

Em tempo de crise, China e Países Lusófonos limpam as armas. As dificuldades em fomentar o comércio também estão relacionadas com a fraca diversificaçãoo da oferta

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está prestes a acolher a 5ª Conferência Ministerial do Fórum Macau (realiza-se entre os dias 11 e 12 de Outubro), mas os desafios económicos não vão ser esquecidos. Num ano os números do comércio bilateral baixaram dos 132 mil milhões de dólares americanos (dados de 2014), para apenas 9,8 mil milhões de dólares o ano passado. A Angola pediu apoio ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e nem sempre os números do comércio foram animadores. Contudo, em entrevista concedida ontem aos órgãos de comunicação social, os responsáveis do Fórum Macau mostraram-se optimistas quanto ao novo plano de acção a ser traçado em dois dias de reunião.
Segundo Xu Yingzhen, nova Secretária-Geral do organismo, será feita uma maior análise às potencialidades da política “Uma Faixa, Uma Rota”. “Vamos coordenar-nos melhor com a política e introduzir os conceitos para uma futura cooperação. Bilateralmente e unilateralmente vai ser discutida esta política”, explicou.
Apesar da existência de um Fundo de Cooperação e Desenvolvimento, Xu Yingzhen defendeu uma maior participação do sector privado. “Os créditos preferenciais poderão ser algo para promover a cooperação, mas esta depende do mercado e das instituições privadas. Notámos que há iniciativas do sector privado para participar na cooperação, não apenas do Banco de Desenvolvimento da China mas outros bancos e instituições financeiras. De uma forma mais sustentada há que haver maior participação do sector privado e não apenas do sector financeiro.”
A nova secretária-geral do Fórum Macau quer ainda que sejam destacadas as capacidades produtivas de cada país. “Talvez possamos usar o Brasil como uma ponte para entrar na América do Sul, Portugal para entrar na Europa e os [outros] países para entrar em África. Podemos pensar novas formas de cooperação mediante consultas.”

As dificuldades

O último plano de acção do Fórum Macau falava na meta dos 160 mil milhões de dólares americanos em trocas comerciais, valor que nunca foi atingido. Mas Xu Yingzhen mostra-se confiante para os próximos anos.
“O ambiente do comércio internacional está em baixo e os preços das mercadorias baixaram imenso. A redução do comércio entre a China e os PLP devem-se a essas razões. Mas tenho esperança que o comércio possa melhorar com uma melhoria do ambiente internacional e de facto existem muitas potencialidades para uma futura cooperação no âmbito comercial.”
Questionada sobre as consequências negativas que alguns cenários sócio-políticos podem trazer, tal como a crise política no Brasil ou o pedido de resgate de Angola, a secretária-geral optou por desvalorizar.
“Não creio que isso aconteça, porque existem sempre as necessidades de mercado. Há uma base muito sólida em termos de cooperação. As empresas chinesas têm os seus contactos muitos estáveis com os mercados dos PLP e assim que seja melhorado o ambiente do comércio internacional penso que o comércio bilateral possa voltar à sua tendência de crescimento.”

Yuan vai facilitar

Vicente de Jesus Manuel, secretário-geral adjunto, lembrou que a conjuntura actual dos países não é das melhores. “As trocas comerciais estão a cair 18 a 19% em relação aos anos anteriores, por isso uma das saídas para reverter a situação é diversificar a economia dos países de língua portuguesa, que são mais exportadores de matéria-prima não processada. Temos o processo de internacionalização do yuan, o que vai facilitar o investimento como também as trocas comerciais”, explicou. “No próximo plano de acção os países vão explorar os benefícios que podem ter em conjunto com a política ‘Uma Faixa, Uma Rota’, prevendo-se ainda a criação de um plano de acção em relação à capacidade produtiva. A expectativa é maior. As áreas antes acordadas serão reforçadas”, concluiu Vicente de Jesus Manuel.

As promessas que a China cumpriu

– Concedidos 1800 milhões de yuan como crédito preferencial para a zona económica especial e o Instituto Confúcio em Moçambique. Angola recebeu infra-estruturas e o Instituto Técnico-Profissional, bem como um centro de distribuição de energia. Timor-leste recebeu uma escola, enquanto que a Guiné-Bissau ganhou um novo centro de saúde

– Fundo de Cooperação e Desenvolvimento resultou em dois empréstimos, estando mais três projectos em fase de aprovação. Há 20 projectos por analisar

– Enviados 200 médicos, equipamentos e materiais para África. Angola, Moçambique e Guiné-Bissau foram os países mais beneficiados, sendo que só para este último foram canalizados 30 milhões de yuans para o combate ao Ébola

Nova secretária-geral é fluente em… espanhol

Xu Yingzhen, a nova secretária-geral do Fórum Macau, é fluente em Espanhol e não domina a Língua Portuguesa, idioma que serve de base à instituição que coordena e a toda a cooperação entre os países lusófonos e a China. Ainda assim, Xu Yingzhen garantiu que tal não traz quaisquer condicionantes ao seu trabalho. “Penso que não existem quaisquer obstáculos porque tenho uma comunicação fluida com os meus colegas. Todos os dias temos diálogo sobre o nosso trabalho e o Espanhol é muito parecido com o Português. É um desafio para mim, seria melhor que eu dominasse o Português com a maior brevidade possível. Ainda estou a aprender”, referiu.
Para Rita Santos, o facto da nova secretária-geral não falar Português não constitui qualquer problema. “Nesse aspecto não é importante, porque domina a língua oficial, o Chinês. É uma pessoa com capacidade de liderança e conexões com o Governo Central e organismo ligados a cooperações já delineadas”, disse ao HM. O HM tentou ainda obter outras reacções sobre o facto de Xu Yingzhen não dominar o Português, mas até ao fecho desta edição não foi possível.
Xu Yingzhen é licenciada em língua espanhola pela Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim, tendo entrado em 1989 para o Ministério do Comércio da China. A actual secretária-geral do Fórum Macau foi directora-geral adjunta do Gabinete para os Assuntos das Américas e Oceânia, com uma passagem pela Câmara do Comércio da China no Chile.

6 Out 2016

FAOM pede reforço do direito a feriados e folgas

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]ei Chan U, vice-secretário geral da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defendeu que o direito a folgas e feriados deve ser reforçado, quando da revisão da Lei Laboral. Segundo o Jornal do Cidadão, Lei Chan U referiu que esse direito não diz apenas respeito à classe trabalhadora, mas é uma condição essencial para construir relações laborais harmoniosas e uma sociedade amigável.
O responsável defendeu que os direitos laborais já registaram muitos avanços, mas que ainda existem problemas com a manutenção de baixos padrões. Comparando com vários países desenvolvidos, Lei Chan U referiu que em Macau trabalham-se mais horas, mas os feriados pagos e a licença de maternidade vigoram por um período bem mais curto. Lei Chan U considera que, quando da revisão do diploma, há espaço para melhorias em termos de recompensa de feriados pagos, folgas semanais e dias de licença de maternidade. Alertando para aquilo que considera ser uma tendência a nível mundial, o vice-secretário geral da FAOM pede que o Governo implemente mudanças em prol da felicidade da população, criando medidas laborais mais benéficas.

6 Out 2016

Angela Leong pede formação a residentes para operacionalização do Metro Ligeiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong defende que a operacionalização do metro ligeiro deverá passar pelos locais, os quais devem receber mais formação para o efeito. Numa carta enviada aos meios de comunicação social, a deputada considera que essa formação deve ser planeada antecipadamente, por forma a assegurar a entrada em funcionamento do metro sem falta de recursos humanos.
Angela Leong fala ainda de “falta de informação” no processo. A deputada apontou que, embora tenha sido assinado, em 2013, o “memorando de cooperação técnica no projecto do Metro Ligeiro” entre a Universidade de Macau (UM) e o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), o público pouco sabe sobre o seu conteúdo. Esse memorando deveria avançar mais detalhes sobre a gestão do transporte público e a formação dos seus trabalhadores, mas pouco ou nada é conhecido.
“Com esta falta de transparência na informação, é inevitável que haja grandes dúvidas por parte do público quanto à existência de profissionais locais suficientes para acompanhar a operacionalização do Metro Ligeiro”, escreveu a também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM).
Angela Leong pede que o Governo reforce a formação de talentos na área da tecnologia e da gestão de transportes, por forma a garantir um funcionamento eficaz do metro. Segundo os planos do Executivo, este deverá entrar em funcionamento na Taipa em 2019.

6 Out 2016

Violência Doméstica | Lei entrou ontem em vigor mas números já subiram

Apesar das denúncias de violência doméstica terem aumentado exponencialmente no primeiro semestre de 2016, os dados não revelam um aumento de casos, mas a consequência do debate acerca do tema. É a conclusão de Celeste Vong, presidente do IAS

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s denúncias de violência doméstica registados no primeiro semestre de 2016 já ultrapassam o total de casos de 2015. A informação foi adiantada ontem pela presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Celeste Vong, que não considera os números alarmantes nem reflexo do aumento de casos. Os dados, diz, apontam antes para o resultado dos esforços que têm vindo a ser implementados pelo IAS nos últimos meses, entre os quais a entrada em funcionamento da linha aberta de apoio à vítima e as acções informativas e de sensibilização da população promovidas pelo organismo a que preside. Tudo por causa da entrada em vigor, ontem, da Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica.
“Com a divulgação que tem sido feita pelo IAS, os resultados que temos conseguido são satisfatórios, o que leva a que o número de casos tenha subido bastante”, explica Celeste Vong, enquanto adianta que “este é também o fruto da colaboração entre o IAS e muitas instituições”.
No total, e de Janeiro a Junho deste ano, foram apresentadas 96 queixas que incluem um total de 97 vítimas contra os 80 casos, com 82 vítimas, do ano passado. A maioria envolve violência entre casais (65 casos), seguidos de violência que envolve crianças, com um total de 22 queixas.
As expectativas, com a entrada em vigor do novo diploma, são em direcção a um aumento dos números no sentido destes representarem que, de facto, há mais informação e que as pessoas “vão perdendo o medo e a vergonha de denunciarem os seus agressores”.

Mais estruturas de apoio

Celeste Vong adianta ainda que o IAS tem na agenda a abertura de mais um centro de acolhimento para vítimas de violência doméstica, sendo que os dois que neste momento estão sob a sua tutela não se encontram, contudo, com “lotação esgotada”.
Por outro lado, com a entrada em funcionamento do Mecanismo de Cooperação sobre a Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, também inaugurado ontem, o IAS terá a seu cargo um papel coordenador. Entrelaçadas estarão as comunicações e acções entre o organismo e as sete entidades públicas envolvidas e que envolvem as Forças de Segurança, a área da educação e juventude ou a Secretaria para a Justiça. Paralelamente, continuarão as cooperações “essenciais com as instituições privadas que reúnem as condições necessárias para actuar neste tipo de casos”.

Próxima estação: adopção

Juliana Devoy, presidente do Centro do Bom Pastor, entidade que tem a seu cargo, entre outras funções, o acolhimento e apoio a vítimas de violência doméstica, não escondeu o contentamento pela entrada em vigor da Lei da Violência Doméstica. A religiosa, que assistia ontem à cerimónia que marcou a entrada em vigor do diploma, estava visivelmente satisfeita com a vitória na luta para a qual deu a cara e que, finamente, está no papel. No entanto, o caminho não acaba e outras metas se levantam. O próximo passo é lutar por uma revisão da lei das adopções. Para Juliana Devoy é inconcebível que as mães menores não possam dar as suas crianças para adopção, nem que a legislação não facilite este processo e com isso mantenha as crianças a crescer em abrigos quando poderiam ser acolhidas por uma família.

6 Out 2016

Ministro português da Educação em Macau com dossier EPM na agenda

[dropcap≠’circle’]T[/dropcap]iago Brandão Rodrigues, ministro português da Educação, vai estar de visita ao território nos dias 12 e 13 de Outubro. De acordo com a rádio Macau, a deslocação ao território acontece na mesma semana em que o Primeiro-Ministro português, António Costa, estará também em Macau. No entanto, os dois governantes portugueses não se vão cruzar, já que Costa parte dia 12 para Cantão.
Na agenda de Tiago Brandão Rodrigues está a Escola Portuguesa de Macau, com quem o Ministro deve abordar o dossier da nova estrutura accionista da Fundação da Escola Portuguesa bem como as obras que devem ser realizadas no estabelecimento de ensino, indica a rádio.
Na agenda do governante está ainda o apoio de Macau à escola, da Fundação Macau, de cerca de nove milhões de patacas, que termina este ano lectivo. O Chefe do Executivo já manifestou intenção de continuar a apoiar a instituição.
Tiago Brandão Rodrigues vai visitar as instalações da Escola Portuguesa no dia 13 de Outubro, dois dias depois da visita de António Costa à escola. Antes de Macau, Tiago Brandão Rodrigues desloca-se à China.

6 Out 2016

Impostos | Agravação de multas por declarações falsas em fase de estudo

A DSF está a rever o Regulamento do Imposto Profissional e espera aumentar as multas para evitar casos de falsas declarações. Ainda não há data para a conclusão. Para já a fase é de estudo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo está a estudar a agravação das multas para quem prestar declarações falsas sobre relações de trabalho ou rendimentos dos trabalhadores. É o que diz Iong Kong Leong, director dos Serviços de Finanças (DSF), que responde a uma interpelação de Kwan Tsui Hang e frisa que a revisão do Regulamento do Imposto Profissional, que prevê o agravamento das multas a aplicar, está em “fase de estudo”.
A deputada Kwan Tsui Hang tinha questionado o Governo sobre medidas a implementar para evitar casos em que os patrões estariam, alegadamente, a aproveitar dados de empregados já despedidos ou candidatos que foram apenas entrevistados para prestar falsas declarações, com vista à redução dos impostos ou para conseguir uma maior quota de trabalhadores não-residentes. A deputada dizia ainda ter havido também empregados que, por causa desta violação à lei, tiveram de pagar impostos que não deveriam ter sido pagos por eles.
“Isto deve-se ao facto de as autoridade não exigirem a assinatura dos empregados para confirmar os seus dados na declaração dos impostos profissionais, apresentados pelas entidades empregadoras”, frisava Kwan Tsui Hang, considerando este problema uma lacuna que tem de ser colmatada. É que para a deputada, mesmo quando a ilegalidade era encontrado o valor da multa previsto no Regulamento do Imposto Profissional “é tão baixo, que não surte nenhum efeito dissuasor”.
Já em Abril, a DSF admitia que “há toda a necessidade de agravar o valor da multa”, mas defendia que pedir ao trabalhador para assinar as declarações não iria ajudar a evitar casos, já que “também é difícil confirmar as assinaturas”. Desta vez, o organismo indica que vai proceder à revisão da legislação quando terminar os estudos e que irá pedir a assinatura dos trabalhadores semelhante à que se encontra no BIR, bem como a cópia deste documento de identificação, para que este conjunto seja entregue com o formulário de registo dos impostos profissionais. A ideia, defende a DSF, é aumentar a credibilidade das informações dos empregados nas declarações dos impostos profissionais apresentadas pelos empregadores.

6 Out 2016

Wong Kit Cheng pede melhores condições de vida na Ilha Verde

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng considera que o planeamento da zona da Ilha Verde não tem seguido o rumo esperado. Numa carta enviada aos meios de comunicação social, Wong Kit Cheng, que também é vice-presidente da Associação Geral das Mulheres, defende que muitas habitações já foram concluídas, mas que o aperfeiçoamento do meio ambiente e a melhoria das condições de vida dos moradores nunca receberam a devida importância por parte do Executivo.
Na carta, a deputada recorda que o projecto do Plano de Ordenamento Urbanístico da Zona da Ilha Verde tem vindo a receber muita atenção junto do público desde que foi lançado, em 2009. A deputada, que também representa a União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), referiu que muitos moradores se têm queixado da falta de instalações e da perturbação causada pelo tráfego. O lixo e os carros abandonados deixados perto de uma colina, onde existe o abandonado Convento jesuíta, também chamaram a atenção de Wong Kit Cheng, que exige uma maior conservação destes espaços.
Para a deputada, a zona da Ilha Verde possui muito valor arqueológico e ambiental, por ter árvores raras, o Convento jesuíta e uma fortaleza. Os cidadãos também se queixaram que a zona tem sido marginalizada pelo Governo, existindo poucas infra-estruturas de saúde, restaurantes ou supermercados.
Wong Kit Cheng pede, por isso, que o Governo tenha em consideração o valor histórico e ambiental do lugar e que avalie a densidade populacional da zona, por forma a transformar a Ilha Verde numa zona do território mais propícia para viver.

6 Out 2016

Governo cria lista de salvaguarda de árvores antigas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo publicou ontem uma Lista de Salvaguarda de Árvores Antigas e de Reconhecido Valor, que inclui mais de 550 registos. A lista, publicada no Boletim Oficial, estava prevista na Lei de Salvaguarda do Património Cultural, aprovada em 2013, que estabeleceu que “integram o património cultural todos os bens”, incluindo árvores, “que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização”.
O diploma estabelece que os proprietários ou outros “titulares de direitos reais sobre as árvores” listadas devem comunicar “ao Instituto Cultural ou ao serviço público competente para a respectiva manutenção as situações susceptíveis de conduzir à sua deterioração, destruição ou perda”. A mesma legislação define que os proprietários das árvores “têm o dever de manter as mesmas, podendo, caso o necessitem, solicitar apoio técnico ao serviço público competente” para a sua manutenção.
“É proibido arrancar, cortar ou de alguma forma danificar, total ou parcialmente, árvores antigas e de reconhecido valor, salvo para efeitos da sua manutenção”, acrescenta ainda o texto, que proíbe também a transplantação ou remoção, “salvo no caso de relevante interesse público ou de adopção de medidas que visem prevenir situações de ameaça à segurança pública, declaradas pelo serviço público competente para a respectiva manutenção”.
A Lei de Salvaguarda do Património Cultural entrou em vigor em 2014, quase nove anos depois da inscrição do Centro Histórico de Macau na lista de Património Mundial da UNESCO, em Julho de 2005. O território, que tem crescido devido à criação de aterros, fechou 2015 com uma superfície total de 30,4 quilómetros quadrados.

6 Out 2016