Hoje Macau SociedadeHabitação | Preço médio do metro quadrado desceu 2,1 por cento [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] península de Macau é a zona do território onde as casas estão cada vez mais acessíveis. Os valores desceram em Setembro e há mais compradores interessados O preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu, no mês passado, 81.769 patacas, traduzindo uma diminuição ligeira face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais divulgados esta semana. Estatísticas disponibilizadas no portal dos Serviços de Finanças, respeitantes às transacções de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo, indicam que o preço médio do metro quadrado sofreu uma descida de 2,1 por cento em termos anuais e de 1,2 por cento em termos mensais. Já o número de fracções transaccionadas registou uma subida de 49,8 por cento face a igual mês do ano passado – com 934 casas vendidas contra 466 – reflectindo ainda um crescimento face a Agosto, mês em que foram transaccionadas 745. Das três áreas de Macau, a península foi a única que registou uma queda do preço médio do metro quadrado – o valor caiu de 80.993 para 77.432 patacas – e aquela onde se verificou o maior número de transmissões. O preço das casas manteve-se em alta na ilha de Coloane, com o valor médio a atingir 106.803 patacas, o mais elevado das três zonas, onde foram vendidas em Setembro apenas 21 fracções (menos três relativamente a 2015). Já na ilha da Taipa, aumentaram, em termos anuais homólogos, tanto os preços das casas, como o número de vendas (de 70 para 185). Desde a liberalização de facto do jogo em Macau, em 2004, o sector imobiliário tem estado sempre em alta. No entanto, os preços começaram a cair no início de 2015, registando desde então flutuações. O preço médio do metro quadrado das casas em Macau caiu 13 por cento no ano passado face a 2014.
Angela Ka SociedadeAmbiente | Representantes da reciclagem deixam mais recados ao Governo <h5>As empresas de reciclagem do território já viram melhores dias. Greves e encontros com o Governo são tentativas de manter vivo o negócio, mas os resultados não se manifestam. Entre falências e esperanças, ficam os recados</h5< [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]anifestações, greves e encontros com o Executivo são algumas das medidas que os empresários ligados à reciclagem têm levado a cabo de modo a prosseguir actividade. No entanto, a falta de apoio continua mas não impede alguns de prosseguir para novos focos de mercado. Ao HM, Chan Man Nin, presidente da Associação Comercial de Materiais Recicláveis voltou a queixar-se com as dificuldades sofridas pelo sector na manutenção do negócio. Um dos problemas fundamentais é mesmo a falta de espaço para armazenar os produtos reciclados. Chan Man Nin conta ainda que este mês, algumas empresas, incluindo a sua, receberam um aviso da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental acerca da invalidade dos pedidos ao plano de apoio financeiro à aquisição de produtos e equipamentos para a protecção ambiental e conservação energética. O aviso não causou surpresa visto que no ano passado, aquando do encontro com a direcção da DSPA, tinha já sido informado acerca da rejeição dos pedidos. A justificação que lhe foi apresentada foi de que “não existia esse tipo de financiamento”. O aviso recentemente recebido refere que “faltam alguns dados e não cumpre o prazo de entrega, pelo que é considerado inválido”, diz Chan Man Nin visivelmente desanimado. “O Governo continua a ignorar as nossas dificuldades e nem perguntou nada, nem nos ouviu. Deixou apenas que as empresas surgissem e que agora estejam a desaparecer” desabafa. <h4>Mais que dinheiro, trabalho</h4> Por outro lado, Au Weng Heong, responsável da Tai On Environmentalist Recycling & Regeneration Factory Limited, referiu ao HM que a sua empresa não encontrou nenhum problema nem dificuldade quanto ao funcionamento dos seus negócios. Apesar de ver o seu pedido de financiamento reprovado devido à ausência de facturas, considera que é mais importante o papel do Governo em dar o exemplo no que respeita à reciclagem. “Se o próprio Executivo agir de acordo com a protecção do ambiente e reciclar os seus materiais, nós temos mais negócios” explica o empresário. Au Weng Heong adianta ainda que cabe também ao Executivo exigir às empresas a prática da reciclagem porque o fundamental são “as imposições que devem ser feitas pelo próprio exemplo de quem manda”. Cabe depois às empresas trabalhar com dedicação e profissionalismo. Como exemplo, tem a sua empresa que já conseguiu parcerias com alguns hotéis que querem participar deste tipo de acções, porque também “há ainda muitas empresas que não têm qualquer projecto de reciclagem,” referiu. Au Weng Heong também considera a falta de terrenos como uma das dificuldades que enfrenta, no entanto não antevê solução.
Hoje Macau China / ÁsiaAniversário | Pequim celebra 80 anos desde o fim da Longa Marcha A China celebra este mês, com séries de televisão, documentários ou exibições, 80 anos desde o fim da Longa Marcha, a epopeia que consagrou o Partido Comunista Chinês (PCC) e o seu líder Mao Tse-Tung [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]erante o cerco do exército da República da China, então controlada pelo Partido Nacionalista Kuomintang (KMT), os guerrilheiros comunistas empreenderam, a partir de Outubro de 1934, uma travessia de 6.000 quilómetros. Durante essa retirada, que começou no sul da China e terminou em Yanan, aldeia do norte onde os comunistas estabeleceram uma base a partir da qual conquistariam o país, morreram mais de 90% dos combatentes. O aniversário tem sido celebrado ao longo deste mês, com a difusão diária de notícias e artigos assinados, séries de televisão, programas de rádio, concertos ou exibições, que exaltam o heroísmo dos fundadores do PCC e a necessidade de o país realizar uma “nova Longa Marcha”. “A China está no início de uma nova Longa Marcha, rumo ao rejuvenescimento da nação chinesa”, proclamou o jornal oficial do PCC, o Diário do Povo, num editorial assinado no início deste mês. A agência oficial Xinhua destacou ainda a “inteligência e vontade” daquela epopeia como inspiração para o mundo e a China de que se pode “tornar possível o impossível”. Deixem-me sonhar O Presidente chinês, Xi Jinping, celebrou a ocasião com visitas a museus na região de Ningxia, noroeste da China, e em Pequim. O líder chinês afirmou que o partido tem de adoptar o espírito daquela marcha, para alcançar o “sonho chinês” de rejuvenescimento da nação e o objectivo de construir uma “sociedade moderadamente confortável”, até 2021, quando o PCC celebra 100 anos desde a fundação. “Nós, a nova geração, devemos concretizar a nossa Longa Marcha”, disse. Evocar a lenda é “uma lembrança para todos de que o partido, de facto, significou e significa algo”, apesar de ter perdido o “propósito e legitimidade”, afirmou à agência France Presse Trey McArver, analista político na Trusted Sources, em Londres. As referências de Xi à Longa Marcha reflectem o seu desejo de canalizar a autoridade de Mao, disse à AFP Liu Tong, historiador na Universidade de Jiaotong, em Xangai. A administração da China tornou-se mais centrada na figura do líder, desde que Xi ascendeu ao poder, um estilo que se “assemelha ao de Mao em muitos aspectos”, afirmou o historiador, acrescentando que celebrar a Longa Marcha relaciona Xi com o “símbolo de triunfo dos comunistas”.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Televisão chinesa divulga pormenores de processos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] estação de televisão estatal da China começou esta semana a transmitir um documentário que revela ao público os detalhes de alguns dos casos de corrupção mais dramáticos do país. A série – dividida em oito episódios – foi para o ar pela primeira vez na noite da passada segunda-feira e, escreve a agência Reuters, promete uma abordagem em que não ficam de fora os defeitos dos protagonistas das histórias de subornos e de vidas extravagantes, desvendadas pelo Partido Comunista Chinês (PCC) nos últimos anos. O Presidente Xi Jinping lançou uma campanha contra a corrupção mal chegou ao poder, há quase quatro anos, tendo então prometido que ninguém – independentemente da posição – ficaria de fora do combate a um dos principais problemas da política nacional. A promessa foi cumprida, com homens outrora poderosos a caírem em desgraça. Três destes “tigres” estão em destaque no primeiro episódio da série: Bai Enpei, o antigo chefe do PCC na província de Yunnan; Zhou Benshun, que liderou o partido em Hebei; e Li Chuncheng, vice-secretário da estrutura política em Sichuan. Bai Enpei e Li Chuncheng já foram condenados, mas Zhou Benshun continua a aguardar julgamento – os detalhes mais curiosos são precisamente os que dizem respeito ao político de Hebei. O enterro da tartaruga Com um fundo de imagens de um templo budista e ao som de cânticos de monges, os autores do documentário descrevem Zhou como estando envolvido em “práticas supersticiosas”. “Tinha expectativas contando com a protecção de seres sobrenaturais”, conta o narrador. “Depois de uma tartaruga ter morrido em sua casa, transcreveu escrituras e enterrou-as com o animal.” O ex-alto funcionário do Partido Comunista Chinês até tinha um tratador para os animais de estimação, conta um investigador. Os funcionários do PCC não devem ter qualquer envolvimento em actos religiosos e a acusação de superstição é frequentemente utilizada contra os suspeitos de corrupção como forma de denegrir, ainda mais, a imagem dos arguidos. Os três políticos caídos em desgraça admitem a culpa durante o programa – a Reuters vinca que não foi possível confirmar com os protagonistas se a participação foi feita de forma voluntária. No entanto, o PCC vê com bons olhos as confissões e os actos de contrição: há funcionários que conseguiram evitar a pena de morte porque mostraram remorsos e cooperaram com as investigações. Ao assumir a culpa, Li Chuncheng, condenado em 2015 a 13 anos de prisão, não conseguiu conter as lágrimas. “Comecei a achar, desde novo, que sob a liderança do Partido conseguiria contribuir para o progresso da sociedade, fazer as pessoas felizes. Mas, no fim, por minha causa, não alcancei os meus objectivos. Desiludi o Partido. Desiludi as pessoas”, admitiu. O documentário chama-se, numa tradução livre, “Sempre na estrada”, uma referência ao desejo que o PCC tem em não abrandar o combate à corrupção. Estão prometidas novas revelações para o final desta semana. O primeiro episódio da série foi de imediato alvo de muito debate nas redes sociais chinesas, com algumas pessoas a considerarem as lágrimas de Li Chuncheng, o antigo político de Sichuan, pouco convincentes e muito teatrais.
Hoje Macau Eventos MancheteProjecto do Teatro Meridional sobre Macau em cena até Novembro Maria João Belchior [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a sala, a primeira luz ilumina uma névoa. É a imagem inicial de um Oriente mágico que estamos prestes a conhecer ou, quem sabe, a primeira pista de um caminho que nos leva à recordação de Macau, onde chegámos há muito tempo. A mais recente produção do Teatro Meridional – “Macau” – entrou em cena a 12 de Outubro, em Lisboa, onde vai ficar até 6 de Novembro. A palavra, a dança e a música unem-se na evocação de um lugar real e tantas vezes imaginado. E o resultado é sublime. Em palco, o actor Romeu Costa, a bailarina Margarida Belo Costa e o músico Rui Rebelo personificam uma ideia de Macau, um lugar no Oriente que se nos apresenta como resultado de fragmentos e memórias de uma viagem feita a primeira vez há muitos séculos. Na História, Macau, o sítio, ficou gravado no tempo também através da escrita de contos, romances e poemas, por autores portugueses e macaenses. Agora, em Lisboa, ouvimos essas histórias. A dramaturgia, trabalho da encenadora Natália Luiza, traz-nos um texto final, fruto de uma selecção que juntou 22 autores. E é pela voz de Romeu Costa, pelos movimentos dançantes de Margarida Belo Costa e pela música composta por Rui Rebelo que a viagem começa e prossegue num enriquecimento que nos surpreende até ao fim. <h4>Do bazar ao tancá</h4> Em passos largos, Romeu Costa atravessa o bazar. No espaço cénico imaginamos um mercado. Ouvimos os vendedores. A bailarina, a vendedora chinesa, transporta os cestos que olhamos como cheios de coisas. É ela quem cativa o ocidental, é ela o “outro” que encanta num fascínio pelo exótico que representa. Os colares de contas entrelaçam-se, giram entre si. Romeu Costa abre a sombrinha de papel e segue caminho nas suas palavras que nos transportam à lenda de Wong Mei. O conto de Deolinda da Conceição projecta-se numa sombra. Do outro lado da fina cortina, a bailarina, agora na figura da pobre chinesa castigada a ir buscar água à fonte, surge recortada na perfeição. Numa contraluz, a sombra da sua silhueta entrança-se na realidade das palavras de uma lenda que se passa entre este mundo e o outro. Entre a terra e o céu dá-se um casamento. Soam os panchões, saltam os papéis vermelhos da fortuna e a música prolonga a história. Até hoje, a gente da terra continua a ir àquela fonte de água na busca de encontrar a sorte. A peça teatral e a música nasceram de uma raiz comum – Macau. “Estive perfeitamente livre para criar”, diz Natália Luiza, a encenadora que investigou a prosa e a poesia por autores portugueses e macaenses. Do resultado surgiu muito material onde a dificuldade “prazerosa” foi encontrar um sentido entre os textos que os relacionasse uns com os outros. É verdade que há um caminho mas, mais certo ainda, é que não é só um, uma vez que os diferentes tempos de escrita retratam mais do que uma Macau. A do tempo antigo, a do patuá, a dos tempos da Guerra e do pós-II Guerra, a Macau moderna, a Macau das lendas e a cidade dos factos e dos números. Poetas, escritores, cronistas, bloggers, são vários autores na voz de Romeu Costa, sempre em palco com a bailarina que não cessamos de seguir na sua perfeição de movimentos. Dança, balança, caminha em passos curtinhos. É a mulher de um Oriente que nos “deixou cativos”. O tempo não se lê num sentido cronológico em que o peso aparente do passado se reflecte no presente. No casino, é Bocage quem fala, mas também Rai Mutsu, um blogger contemporâneo. As narrativas da tradição oral, recuperadas, entre outros, pelo escritor Wenceslau de Moraes, relembram-nos Darumá e a origem do chá. Coisa santa, como se vê. Tudo flui – palavra, luzes, sombras, movimentos, melodia. Ao fundo, Rui Rebelo toca flauta chinesa, um entre vários instrumentos que viajaram especificamente para este espectáculo. Os gongos chineses, as flautas e o erhu vão soando, qual deixa que oferece uma nova direcção à nossa imaginação. <h4>Macau sã assi</h4> Maria Ana Acciaioli Tamagnini, Altino do Tojal, Camilo Pessanha, Benjamim Videira Pires, Maria Ondina Braga, José dos Santos Ferreira, Henrique de Senna Fernandes, Deolinda da Conceição, Carlos Frota, Alberto Eduardo Estima de Oliveira, Fernanda Dias, entre vários outros nomes, surgem na folha de apresentação que lemos antes de entrar na sala. São parte inalienável do conjunto de escrita que inspirou o texto final. Mas “Macau” não é para ser visto em sentido literal. São “evocações”, explica a encenadora do Meridional, Natália Luiza. Do texto, partiu-se para a música, imaginada por Rui Rebelo especialmente para este espectáculo. Tal como a dança. Trata-se de um “trabalho em conjunto” que traz ao público em Lisboa um leque de autores que muitas vezes já só se encontram em bibliotecas. O patuá, num poema de Adé (José dos Santos Ferreira), chega-nos como numa canção onde há quem tente reconhecer algo familiar. É do “Poéma di Macau”, estórias dentro da história da própria língua no território. Guardamos os versos e embarcamos no destino que nos levou até ali. Seguimos com a lenda de A-Chan, de um livro de Henrique de Senna Fernandes. No tancá pressentimos quão frágil é a história daquele amor. Nasce Mei Lai, a pequena criança, que a tancareira passa ao soldado que regressa ao seu país. Ficamos atentos a ver como a tinta-da-china fica mesmo gravada na pele. Da beira-rio à casa de chá, da rua animada ao bazar, da vendedora à máscara chinesa, da cortina com sombras ao templo, do real ao imaginado, não demos pelo tempo a passar. Foram séculos, agora contados numa escrita poética para ser ouvida. <h5>O teatro ao encontro do mundo</h5> Fruto de um trabalho de pesquisa da língua portuguesa e da sua escrita poética, ficcional e de prosa, o projecto Contos em Viagem, concebido pelo Teatro Meridional, nasce em 2006 com a primeira peça “Brasil”. Em 2007, apresenta-se “Contos em Viagem – Cabo Verde”, e, no ano 2009 “Contos em Viagem – Brasil, Novas Rotas”. “Macau” é parte do projecto que continua com o conceito de uma viagem literária a partir de textos não dramáticos. A escolha de virar para Oriente vem ao encontro de diminuir um “desconhecimento que a nossa passagem cultural por Macau teve, e continua a ter, em termos da produção literária aí escrita e desenvolvida.” O Teatro Meridional comemora em 2017 o seu 25º aniversário.
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasBob Dylan aos olhos da China 今夜我们唱鲍勃 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] semana passada estive a trabalhar num ensaio sobre o Livro dos Cânticos, uma colecção de poesia clássica chinesa, que inclui 305 palavras cuja origem remonta a um período compreendido entre os séculos XXI e VII AC. Nessa altura, escrevi: “…A poesia na sua forma original deve encontrar-se nos cânticos… As letras ficaram registadas, embora a música e a representação que lhe estava associada tenham sido gradualmente esquecidas. Estas palavras arcaicas tornaram-se poemas, constituindo uma memória que nos transporta a sentimentos e disposições de alma que se perderam na noite dos tempos. Os poemas combatem o esquecimento: são o grito dos nossos antepassados contra o olvido.” Pouco tempo depois Bob Dylan ganhava o Nobel da Literatura, e os protestos que esta escolha desencadeou fizeram-se ouvir de imediato. Enquanto isto, pus-me a pensar que, para os chineses, esta deliberação não foi nada surpreendente, embora receie que a minha análise não tenha nada a ver com a decisão da máquina de Estocolmo. Demos agora uma olhadela rápida à imagem de Dylan na China através dos média de língua inglesa. O Guardian menciona a digressão de Dylan na China em 2011. “Na semana em que Ai Weiwei, o artista e activista, foi preso, Bob Dylan teve autorização para actuar em Pequim. Ninguém sabe ao certo porque é que qualquer uma destas decisões foi tomada, mas isso também não incomodou as 6.000 pessoas que encheram a arena do Estádio dos Trabalhadores, nessa noite…” O concerto teve lugar em Pequim e o alinhamento “seguiu à risca o programa aprovado”. Até aqui não há nada de surpreendente, porque a China é a China e o público chinês compareceu “não pela música, mas pela lenda” e Dylan “não cantou, falou”. Ou seja, “cantou” poesia. A minha análise tem pernas para andar. Bob Dylan foi/é um sábio poeta chinês. Durante os últimos dias, vimos nos canais de língua chinesa, o povo expressar-se directa e abertamente mostrando, de forma esmagadora, o seu apoio a Bob Dylan – ao contrário do meu círculo de amigos do hemisfério ocidental. O público chinês partiu à descoberta de Bob Dylan, artista plástico, e de Bob Dylan. romancista: não existem limites para o brilhantismo e para o talento deste homem. Encantados com esta vitória, os chineses já sugeriram que Zhang Chu deverá ser o próximo galardoado com o Nobel da Literatura. E aqui vai Zhang Chu 张楚, aposto que nunca tinham ouvido falar dele: https://bit.ly/2eb1Mxl
Sérgio Fonseca Desporto Grande Prémio de MacauCorrida da Guia ainda faz parte do imaginário dos pilotos portugueses [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de em 2015 ter estado representado pelo jovem Francisco Mora e pelo piloto local Rodolfo Ávila, a edição deste ano da Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau voltará a ter representação portuguesa, neste caso através do experiente Tiago Monteiro. O ex-piloto de Fórmula 1 e actual piloto oficial da Honda no mundial de turismos (WTCC) vai conduzir um Civic TCR na prova da RAEM e é um candidato nato aos lugares cimeiros de uma corrida que conhece bem e na qual até já subiu ao pódio. O piloto portuense nunca escondeu a sua paixão pelo Circuito da Guia e fê-lo saber uma vez mais num tweet quando a sua participação deste ano foi anunciada: “eu adoro este circuito…há circuitos citadinos e depois há Macau…” A presença de Monteiro nesta corrida dá continuidade a uma tradição lusitana ou não fizesse a Corrida da Guia parte do imaginário dos pilotos portugueses de velocidade. Ainda no tempo da administração portuguesa do território, nomes sonantes do automobilismo nacional como Ni Amorim, Jorge Petiz, Manuel Fernandes, Carlos Rodrigues ou Miguel Ramos viajaram até Macau para correr naquela que é ainda é hoje considerada a mais emblemática prova da especialidade no Sudeste Asiático. Com eles trouxeram histórias e avultaram o nome de uma corrida que era seguida fora de horas atentamente por muitos em Portugal através da RTP. A Corrida da Guia ainda desperta interesse nos pilotos portugueses de carros de turismo e hoje, em que os regulamentos da prova são similares aos dos campeonatos nacionais europeus, incluindo o de Portugal, são vários aqueles que ponderam correr no território nos anos vindouros. Um dos prováveis pilotos a embarcar numa aventura a Oriente é Fábio Mota, que tem já um sólido currículo internacional em provas de GT e Turismo. “Neste momento, estou centrado na Taça Europeia FIA de Carros de Turismo – ETCC, que usa carros semelhantes aos do TCR International Series, mas um dia espero ir até Macau e conhecer o Circuito da Guia”, disse o piloto de Vila Nova de Gaia ao HM. “Desde pequeno que gosto muito do Grande Prémio de Macau. Cresci a ver as corridas na televisão nas madrugadas de Portugal a torcer pelo André Couto que tem sido uma presença constante e, quando comecei a minha carreira no karting, sempre foi um desejo meu um dia ir ao Circuito da Guia e participar na prova. É um dos traçados mais selectivos do mundo e, depois de ter corrido no Nordschleife e em Spa-Francorchamps, a vontade de correr lá tornou-se ainda mais intensa”, explica o piloto do SEAT Léon TCR amarelo do ETCC. Outro piloto que pondera um dia correr no Grande Prémio de Macau é Gustavo Moura. “Correr em Macau é um objectivo para mim”, disse ao HM o piloto portuense que este ano defende as cores da equipa Ventilações Moura Laser no Campeonato Nacional de Velocidade – Turismos. “Penso que para já é um pouco cedo na minha carreira para pensar nisso, mas no futuro era uma prova que gostaria de realizar. Gosto muito de circuitos citadinos e pelo que ouço dizer, o Circuito de Guia é o mais exigente do mundo deste tipo de traçados. É sem dúvida uma prova que está no meu horizonte, seria a concretização de um desejo”, explicou Moura que até já recebeu este ano uma proposta de uma equipa estrangeira para participar no evento do território.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA nova ordem económica internacional (I) “As the Chinese economic transformation is unprecedented in human history, there are no successful models from which the Chinese can learn in order to smoothly and effectively transform their planned economy to a market economy. Nonetheless, the so-called Socialist Market Economy, or Economic Taoism approach, appears to have been remarkably successful. Although there is no agreement in the literature on whether a coherent Chinese model of economic growth exists, it seems clear that the approaches of Taoism, combined with its traditional guanxi relationships, have helped China in “groping for stones to cross the river.” It may be too early to say that the Chinese Economic Taoism paradigm has come of age; however, it is indisputable that China has found a unique way to develop its economy and that this has enabled it to respond effectively to the recent financial crises.” “China in the International Economic Order: New Directions and Changing Paradigms” – Lisa Toohey, Colin B. Picker and Jonathan Greenacre [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s mercados emergentes que cresciam a grande rapidez e a brecha que sempre os tinha separado dos países industrializados, começava a fechar-se no inicio do século XXI. A convergência realizava-se num ambiente de liberalização económica, em que se acreditava, que os sistemas financeiros de todos os países, formariam uma rede uniforme, mas esse período terminou. Os países emergentes já não crescem à velocidade de antes, especialmente, em comparação com os países desenvolvidos, e as fissuras entre os diferentes sistemas tornam-se mais evidentes. A última sondagem anual aos executivos de empresas pela “PricewaterhouseCoopers (PwC)” designado por “19th Annual Global CEO Survey”, mostra que apenas 35 por cento dos inquiridos crêem que o mundo caminha para uma maior unidade económica, e cerca de 59 por cento dos inquiridos acreditam que vários modelos económicos irão coexistir e competir entre si. A confirmar essa análise, apenas basta observar quão diferente é o investimento público e privado nos Estados Unidos, China, Japão e União Europeia (UE). Esses países e região operam com premissas fundamentalmente diferentes, acerca da forma como a economia se deve organizar. A tensão entre esses diferentes pressupostos aumenta de forma gradual, indicando que uma nova ordem económica mundial está a surgir para substituir a que existiu desde o final da II Guerra Mundial. A economia global, num futuro próximo, será definida por um conjunto complexo de relações económicas em permanente mudança. As economias continuarão interligadas, mas com regras em constante mudança no comércio internacional. A forma mais eficaz para o líder de uma empresa gerir esta complexidade, ou atravessar a entrada para a próxima ordem económica com confiança e habilidade, é concentrar a atenção em três tendências base, como a dispersão do poder económico, a contínua evolução de modelos de crescimento dirigidos pelo Estado e a aceleração da ruptura que sofrem as empresas, como consequência da alteração tecnológica. Essas tendências podem parecer evidentes, mas nenhuma à primeira vista é na realidade. Além disso, continuarão a evoluir em direcção incerta. Se forem analisadas cuidadosamente, os empresários poderão ajudar as suas organizações a tomar as medidas necessárias para avançar na nova ordem económica mundial. A dispersão do poder económico está a produzir uma alteração fundamental. O dólar está a perder a sua posição exclusiva como moeda de reserva mundial e nas próximas décadas, nenhum país poderá dominar a balança de pagamentos, como fez os Estados Unidos durante mais de setenta anos. O último acontecimento idêntico foi no final da II Guerra Mundial, e o catalisador foi a Conferência de Bretton Woods, em 1944. Após a Conferência, os Estados Unidos converteram-se no país que negociava os acordos internacionais para que as actividades financeiras fossem realizadas com ordem, adoptando dessa forma, a posição de líder mundial até ao presente. As instituições multilaterais que surgiram então, como o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), estavam sujeitas à forte influência dos Estados Unidos e funcionaram bastante bem, durante muito tempo, o que não quer dizer que não tenham existido conflitos. Quando unilateralmente os Estados Unidos abandonaram o padrão ouro, em 1971, por exemplo o “Choque Nixon” provocou dois anos de negociações, até que as grandes economias aceitassem que as suas moedas flutuassem face ao dólar. Os Estados Unidos durante o período do pós-guerra, negociaram com as grandes economias para tomar as decisões mais importantes. A intenção foi quase sempre favorecer países amigos, quase todos com economias democráticas e liberais. Durante as sete décadas após a Conferência de Bretton Woods, a superioridade económica dos Estados Unidos baseou-se em quatro pilares. Os dois primeiros foram a sua possante importância económica em expansão, e as redes comerciais que estabeleceu e dominou e que eram também, os motores do crescimento global. Os outros dois pilares foram o estatuto do dólar como moeda global de reserva e a sua influência nas instituições multilaterais. Assim, trouxe estabilidade à economia global, e uma plataforma para a cooperação internacional. As economias emergentes estão a pôr em causa os quatro pilares. O país desafiador mais notável é a China, cuja influência económica global surgiu rapidamente na última década. A China, em 2014, converteu-se na maior economia do mundo, em termos de poder aquisitivo. Era até então a de maior crescimento entre os países que constituem o G20. A indicação da importante influência económica chinesa é importante, como se pode ver pela sua recente desaceleração, que teve repercussões nos mercados mundiais. Essa influência enfraqueceu o primeiro pilar, ou seja, a força da economia dos Estados Unidos após a II Guerra Mundial. A China é também o maior exportador mundial. A rápida adopção desse papel deu-lhe uma enorme influência nas redes comerciais, enfraquecendo o segundo pilar. Por outro lado, está-se a deteriorar a eficácia dos acordos comerciais multilaterais, sendo substituídos por acordos regionais que começam a preponderar. Os acordos regionais representam uma erosão da capacidade americana para definir as regras a nível global. O progresso da China em estabelecer o renminbi (RMB) como moeda para acordos internacionais, enfraquece o terceiro pilar velozmente. Quanto ao quarto pilar a China está a tentar alargar a sua presença nas actuais instituições multilaterais e a criar novas. A sua contribuição para o orçamento da ONU, duplicou entre 2010 e 2015, e presentemente representa 5 por cento do total das suas contribuições. Tem uma participação cada vez maior nos esforços de paz, controlo das alterações climáticas e redução da pobreza. A criação de uma nova ordem económica global é inevitável. Ainda que a China não vá substituir os Estados Unidos, tornar-se-á cada vez mais difícil a estes, recuperarem a sua posição de domínio económico global, porque existem outras economias a aumentar o seu poder de influência. O FMI prevê que a Índia, terceira economia mundial, seja até ao final de 2016, a de maior crescimento do G20. Surgirá como um actor económico influente com interesses próprios. Em um mundo de poder económico em dispersão, a estabilidade será mais considerada que nunca. Pela natureza dessa estabilidade, não será estabelecida por nenhuma das grandes potências, pois dependerá da qualidade das relações económicas entre os principais países, incluindo aqueles que tenham sistemas económicos diferentes. A actual alteração no poder económico global será distinta da última grande mudança em 1944, pois o poder de influência na economia em termos globais passou do Reino Unido para os Estados Unidos, que são dois países com uma visão do mundo semelhante, mas mesmo assim, o processo de transferência da polaridade de um lado ao outro do Atlântico levou quarenta anos, pois tinha-se dado nos começos do século XX. Actualmente, assistimos a um reequilíbrio muito mais rápido, entre os diferentes sistemas económicos e políticos, cada um, com distintivo nível de confiança nos mercados e no papel do Estado. O modelo de Estado da China tem criado um crescimento significativo na última década. É evidente que este modelo não será suplantado por uma forma tradicional de capitalismo, em um futuro previsível. O modelo de Estado mantém a popularidade porque está associado a um forte crescimento nas economias emergentes. Os governos dos países da América do Sul e Rússia, entre países de outras áreas, mantiveram-no nos últimos anos. A dispersão do poder económico e as incompatibilidades consequentes estiveram mais em evidência nas áreas da logística, telecomunicações, suporte lógico e infra-estrutura. É de considerar que a existência de sistemas paralelos em esferas competitivas de influência, o movimento de provimentos, bens, serviços, capital e talentos de uma esfera de influência a outra é menos alinhado. As empresas não estarão isentas de sofrer interrupções periódicas, como atrasos na obtenção da acreditação dos pagamentos ou nas taxas alfandegárias. Um possível exemplo envolve o sistema global de pagamentos. A denominada de “The Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT)” é uma cooperativa que fornece uma plataforma de comunicação, produtos e serviços para ligar mais de dez mil e oitocentos bancos, distribuidoras de valores e clientes corporativos em mais de duzentos países e territórios. O SWIFT permite aos seus utilizados a troca de informações financeiras de forma automatizada e padronizada, com segurança e confiança total, o que reduz os custos, diminui o risco operacional e elimina as ineficiências operacionais. Além disso, também une a comunidade financeira no sentido de melhorar a colaboração na adaptação das práticas de mercado, definição de normas e debater questões de interesse comum. O seu grande mal é de estar sujeita à influência dos bancos americanos e europeus. A “China International Payment Service (CIPS)” é um sistema de pagamento que oferece serviços de compensação e de liquidação para os seus participantes nos pagamentos RMB, transfronteiriços e de comércio. É uma infra-estrutura do mercado financeiro na China. O CIPS foi planeado para ser desenvolvido em duas fases. A primeira designada por, CIPS (Fase I), teve lugar a 8 de Outubro de 2015. O primeiro grupo de participantes directos é constituído por dezanove bancos chineses e estrangeiros, que foram criados na China e cento e setenta e seis participantes indirectos que abrangem seis continentes e quarenta e sete países e regiões. O CIPS assinou um memorando de entendimento com a SWIFT, para a sua implantação como um canal de comunicação seguro, eficiente e confiável para a ligação do CIPS com os membros da SWIFT, o que proporcionaria uma rede que permite que as instituições financeiras em todo o mundo, possam enviar e receber informações sobre transacções financeiras em um ambiente seguro, padronizado e confiável. O CIPS é por vezes referido como o “Sistema de Pagamentos Internacional da China”. Tendo sido apresentado primeiramente como alternativa ao SWIFT, com vista a processar pagamentos internacionais denominados em RMB, nunca irá substituir o SWIFT, porque 45 por cento das transacções internacionais são denominadas em dólares e todos os bancos internacionais terão a necessidade de aceder ao sistema bancário americano. Todavia, com o CIPS a funcionar bem, alguns bancos internacionais poderiam decidir operar sem a licença da banca americana e os Estados Unidos teriam menor autoridade para impor regras a bancos não americanos.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasTuga & Lola, Vinhos e Tapas | O lugar do petisco ibérico No mais recente espaço de Cristiana Figueiredo e Mónica Gonzzalez há enchidos e queijos espanhóis com vinhos portugueses, sem esquecer a tortilha, as gambas salteadas e o pão português. A gastronomia ibérica serve-se à mesa no Tuga & Lola [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a seguir a um supermercado filipino e a um restaurante de rua chinês, que serve as típicas refeições hotpot, que encontramos um espaço de petiscos e bebidas completamente diferente, cujo nome faz lembrar uma célebre marca de roupa espanhola. O Tuga & Lola, espaço de tapas e vinhos, abriu há cerca de um mês na Rua da Tercena e vende o melhor do mundo português e espanhol: tem o pão e os queijos, os enchidos e os vinhos. Este não é o primeiro projecto desenvolvido por Cristiana Figueiredo e por Mónica Gonzzalez. A portuguesa, socióloga e proprietária do espaço Cuppa Coffee, na Taipa, já tinha trabalhado com a espanhola num negócio totalmente diferente, na área das lembranças para turistas e pequenas decorações de casa. Mónica, que já foi piloto de helicópteros, tinha um negócio de importação de chás, carnes curadas, queijos e vinhos de Espanha. “Como a nossa parceria correu tão bem, pensámos que poderíamos fazer uma coisa que fosse meio portuguesa, meio espanhola, porque as pessoas gostam de petiscar. Criámos este conceito e encontrámos este espaço que estava num sítio óptimo, com um preço óptimo, uma coisa difícil de encontrar”, contou Cristiana Figueiredo ao HM. Numa tábua de madeira chegam fatias de presunto e de queijo para comer com pão, bem como tortilha espanhola ou cogumelos salteados, sem esquecer as gambas com azeite e alho. A ideia é petiscar enquanto se bebe um copo de vinho tinto ou rosé. Mas há também espumante para preparar sangrias. “A ementa foi feita por gosto pessoal e nas expectativas das pessoas. Todos pensam em gambas e pequenos pratos com coisas fritas, como a tortilha. Foi muito simples”, disse Cristiana Figueiredo. No Tuga & Lola também se vendem queijos e presuntos importados, os quais vêem directamente do produtor, com preços são mais apelativos. “Temos o presunto pata negra, mas o que é realmente diferente é a língua de vaca fumada, servido com um pouco de azeite e vinagre, e o presunto de vaca, que não temos em Portugal. Pensámos que aquilo que combinaria com as tapas são os vinhos secos e as sangrias”, disse a proprietária. Cristiana Figueiredo frisou que a abertura deste novo espaço “não foi uma coisa planeada”. “A Mónica já tinha sido dona de um restaurante espanhol na Taipa. Eu sei mais do lado da pastelaria e padaria, ela domina a preparação das comidas”, contou a empresária portuguesa. Para já, o Tuga & Lola está aberto ao público em regime de take away, organizando pontualmente alguns eventos privados. “Decidimos abrir a porta para ver a reacção das pessoas apenas”, referiu Cristiana, que espera que o espaço ganhe outro dinamismo daqui a uns meses. Experiência que vem de trás A vontade de enveredar por coisas novas sempre existiu na mente de Cristiana e Mónica, que vivem em Macau há mais de uma década. “Somos pessoas que gostamos de fazer coisas e para alguém ser empreendedor é preciso não gostar de rotinas nem de horários, e aí tem de se encontrar outra solução. E passa muitas vezes por gerir os próprios horários.” No caso de Cristiana, tudo começou com o Cuppa Coffee e com a ideia de fazer diferente num território onde não havia estabelecimentos desse género. “Quando chegámos a Macau, há 15 anos, não havia cafés como aqueles a que estávamos habituadas em Portugal, onde há sítios onde podemos estar e estudar, por exemplo. Achamos que faltava um café com um conceito novo, mais internacional. Eu e o meu marido achamos que podíamos criar isso e começou tudo por aí, sem nenhum tipo de experiência. Tínhamos de fazer as nossas próprias coisas e então fomos ler como se faziam as coisas. Temos pães e bolos produzidos por nós, a nossa padaria é artesanal.” Esses produtos artesanais, sem químicos, corantes ou conservantes, e que não são congelados, também podem ser encontrados na montra do Tuga & Lola. “Queremos ter um espaço para que as pessoas se possam sentar lá em baixo a petiscar. Acabámos por ficar aqui e foi uma feliz coincidência o facto de termos uma casa de cocos mesmo em frente, muito conhecida pelos turistas. Queremos ter uma simbiose com o vizinho e um sítio dinâmico, com lugares sentados, pois só assim será sustentável”, concluiu Cristiana Figueiredo.
Hoje Macau SociedadePortugal é “País Parceiro” na 21ª edição da MIF [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 21ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa) arranca amanhã e dura até ao dia 22 de Outubro. Este ano Portugal terá um pavilhão próprio na qualidade de “País Parceiro”, enquanto que Pequim será a “Cidade Parceira”, sendo a primeira vez que são estabelecidas estes pavilhões temáticos. O pavilhão português terá como tema “surpresas de Portugal”, sendo que irá servir para apresentar “o ambiente de investimento económico e comercial, as suas infra-estruturas e a sua dinâmica de futuro”. Quanto ao pavilhão de Pequim irá debruçar-se, entre outros projectos, sobre a organização dos Jogos Olímpicos de Inverno em 2022. Segundo um comunicado oficial, “serão organizadas delegações ao mais alto nível para virem a Macau participar em exposições e apresentações de grande envergadura, por forma a procurarem oportunidades de cooperação bilateral e multilateral”. A nova edição da MIF terá cerca de 1600 expositores e delegações oriundas de 50 países ou regiões. Para além da realização da Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa, será lançada, pela primeira vez, a Zona Especial de Serviços Comerciais para as Pequenas e Médias Empresas Sino-lusófonas. Será ainda lançado o serviço de bolsas de contacto online “dedicado a aumentar a eficácia da MIF”. O público poderá visitar a MIF nos dias 21 e 22 de Outubro, sendo o dia 22 dedicado a contactos empresariais e oficiais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaVisita de Li Keqiang | Deputados exigem reacção do Governo às 19 medidas Melhorar o sistema financeiro, mudar a legislação, formar mais quadros e apostar na dinamização do ensino do português. Eis os pedidos feitos pelos deputados ao Governo no rescaldo da visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, à RAEM [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês deixou o território na semana passada após ter apresentado 19 novas medidas para a RAEM cumprir no âmbito do Fórum Macau, mas os deputados à Assembleia Legislativa (AL) pediram ontem ao Governo para agir em prol do cumprimento dessas políticas, por forma a aproveitar os “presentes” dados por Pequim. Na abertura de mais uma sessão legislativa, a maioria dos deputados exigiu mudanças no sector financeiro e uma melhoria no ensino do português, com a contratação de mais professores. “No momento em que a economia está num período de reconversão, valorização e diversificação adequada, o desenvolvimento de uma indústria financeira vai dar os primeiros passos. Para a criação de uma plataforma de serviços entre a China e os países de língua portuguesa é necessário um bom regime jurídico”, alertou o deputado Zheng Anting. O deputado eleito pela via directa disse mesmo que, sem novas leis, Macau jamais poderá responder aos apelos de Pequim. “Se o actual regime jurídico para a área financeira, já desactualizado, não for revisto o quanto antes, será impossível criar a referida plataforma. Para alcançar esse objectivo e assegurar a estabilidade e segurança do sistema financeiro, bem como dar apoio às empresas chinesas e portuguesas, exorto o Governo a melhorar, o quanto antes, os diplomas e leis relacionados com a indústria financeira”, acrescentou. Também Mak Soi Kun exigiu que o Governo comece a trabalhar mais rapidamente em consonância com as medidas anunciadas por Pequim. “Alguns cidadãos perguntam se estamos preparados e se temos capacidade para receber estes presentes generosos do Governo Central. De acordo com um estudo, levado a cabo por uma associação, sobre o desenvolvimento e a competitividade dos jovens de Macau, menos de 10 por cento deles sabem português. Mas, na verdade, este é apenas um dos vários problemas”, defendeu. Mak Soi Kun considerou que “o Governo deve compreender bem as políticas concedidas pelo Governo Central e potenciar os seus efeitos”. “Deve proceder a todos os preparativos necessários e reforçar a capacidade global, melhorar a qualidade e aumentar o número de profissionais das respectivas áreas”, vincou. Já o deputado Ho Ion Sang garantiu que a reformulação do sistema financeiro será uma das soluções para diversificar a economia. “Face à desaceleração económica e à grande pressão sobre o crescimento económico, encontrámos uma oportunidade de reestruturação económica e de reconversão industrial, nomeadamente nos sectores bancário e financeiro, que podem desempenhar um papel de motor na melhoria da qualidade e no reforço da rentabilidade da nossa economia.” Contudo, “depender unicamente do sector privado, como é o caso actualmente, não resolve a carência de quadros qualificados”, apontou. “O Governo deve encetar negociações com as instituições de ensino superior locais, no sentido de organizar cursos de especialização com vista às reais necessidades do sector financeiro.” Mais português é preciso Vários deputados debruçaram-se ainda sobre a necessidade de se apostar ainda mais no ensino do português, através da abertura de cursos e recrutamento de docentes. “A taxa de utilização e da generalização do português não tem sido alta e a sociedade também ignora a importância do português. Por isso, quanto à formação de talentos bilingues de chinês e português recomenda-se que o Governo promova políticas de desenvolvimento do seu ensino, e concretize o plano de ensino de três línguas escritas (chinês, português e inglês) e quatro faladas (cantonense, mandarim, português e inglês), mencionado no seu plano quinquenal. Há que reforçar a formação pós-laboral dos docentes de língua portuguesa e optimizar a introdução de professores”, apontou Wong Kit Cheng. Chan Hong, deputada nomeada, disse mesmo que a língua portuguesa nunca foi um idioma muito utilizado em Macau, “por razões históricas”. “Após o retorno à pátria, essa língua tem sido cada vez menos utilizada pela população. Um estudo efectuado em 2014 pelo Centro de Estudos de Línguas e Cultura de Macau revela que a taxa de utilização da língua portuguesa varia entre 0,4 por cento e 0,9 por cento. Atendendo a que é uma das línguas oficiais da RAEM, deve ser-lhe dada mais importância, mas não é essa a realidade.” Governo é “uma vergonha” Por sua vez, a deputada Melinda Chan defendeu que o Executivo local “deve reforçar a iniciativa e a eficiência para concretizar os pormenores das políticas e medidas referidas, aproveitando ao máximo a determinação e o apoio do Governo Central”. Au Kam San, que foi o último dos deputados a falar antes da ordem do dia, falou dos atrasos na construção de habitação pública para afirmar que “é uma vergonha termos um Governo assim”. A sua interpelação, intitulada “o chá que arrefece depois da ausência – vai passar despercebido o discurso de Li Keqiang?”, alertou para o facto de o primeiro-ministro ter mandado “resolver devidamente” os problemas da habitação e do trânsito. “Mas o primeiro-ministro já partiu. O Chefe do Executivo e os dirigentes vão prestar a devida atenção a isso?”, lançou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteChina | Livro Branco destaca combate à miséria A constatação é oficial: a redução da pobreza é a grande prova dos progressos da China em matéria de direitos humanos. Em termos globais, 70 por cento das pessoas que saíram da miséria são chinesas, aponta um livro branco publicado ontem em Pequim [dropcap style]D[/dropcap]esde a abertura da China ao mundo e o início das reformas do país, mais de 700 milhões de pessoas saíram da pobreza. O número faz parte de um livro branco publicado ontem pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado. “Depois de anos de tentativas e testes, a China acumulou muita experiência na promoção dos direitos humanos através do desenvolvimento orientado para a redução da pobreza”, lê-se no documento, que fala de “um novo modelo de alívio da pobreza de características chinesas”. Para combater um dos principais problemas sociais do país, o Governo Central criou fundos especiais que, entre 2011 e 2015, chegaram aos 189,84 mil milhões de yuan, com um aumento anual médio de 14,5 por cento. “As autoridades vão continuar a destinar mais fundos para que seja possível o combate à pobreza nos próximos cinco anos”, assinala o livro branco, amplamente divulgado pela agência oficial Xinhua. No final do ano passado, a China continuava a ter 55,75 milhões de pessoas que viviam na pobreza – o equivalente à população de um país de dimensão média. Pequim pretende acabar com o flagelo até 2020. A educação primeiro O relatório indica que, entre 2011 e 2015, o Governo Central deu prioridade à educação como forma de erradicar a pobreza. Para assegurar o acesso dos cidadãos ao sistema de ensino, as autoridades adoptaram medidas para promover a educação obrigatória, diminuir o fosso entre as zonas rurais e urbanas e melhorar as infra-estruturas ligadas à educação nas áreas mais carenciadas. Foram ainda criados mais subsídios e bolsas para estudantes. Nos últimos três anos, Pequim gastou 83,1 mil milhões de yuan na renovação de escolas, para viabilizar o programa de ensino obrigatório, e destinou 14 mil milhões de yuan para a construção de dormitórios que albergam cerca de 300 mil professores em zonas rurais remotas. Nas áreas rurais menos desenvolvidas – sobretudo no centro e no oeste do país –, o número de crianças a frequentar jardins-de-infância aumentou cerca de 30 por cento, de 21,53 milhões, em 2011, para 27,89 milhões, no ano passado. Foram atribuídos subsídios para professores que leccionam nas províncias mais pobres, beneficiando um milhão de docentes em 600 condados. Há mais números: um programa de educação específico para as áreas que lutam contra a pobreza envolveu 183 mil alunos em 832 condados, entre 2012 e 2015. Já nos últimos dois anos, o crescimento médio do número de estudantes das zonas rurais a entrar no sistema universitário foi superior a 10 por cento. Menores protegidos “Para garantir que o direito das crianças à segurança social, à educação e a outros serviços públicos é efectivamente salvaguardado nos esforços de combate à pobreza, a China introduziu um sistema e serviços inclusivos de segurança social, e levou a cabo trabalhos para o encorajamento da protecção de menores”, aponta ainda o livro branco. “O país também promoveu o estabelecimento de um sistema de resgate e protecção de crianças ao nível dos condados, vilas e aldeias”, refere o documento. Os números oficiais reconhecem que cerca de 10 mil menores desaparecem todos os anos, mas há organizações internacionais de defesa dos direitos humanos que falam em 70 mil sequestros. O relatório explica que, desde 2011, mais de metade dos condados chineses implementaram um programa de melhorias da alimentação para os estudantes das zonas rurais que frequentam o ensino obrigatório. O projecto implicou um investimento público de 67 mil milhões de yuan, beneficiando 33,6 milhões de alunos. Em 2012, o Governo tinha já apresentado um programa de nutrição de crianças para as zonas mais carenciadas, disponibilizando gratuitamente bens alimentares para bebés entre os seis e os 24 meses. Só no ano passado, Pequim atribuiu 500 mil milhões de yuan para este programa, que beneficia 2,11 milhões de crianças em 341 condados. Lá fora também Não é só dentro de casa que a China tem estado a combater a pobreza, assinala o livro branco ontem publicado sobre a matéria da autoria do Gabinete de Informação do Conselho de Estado. Num texto publicado pela agência Xinhua, destaca-se que Pequim tem ajudado activamente outros países em desenvolvimento na resolução dos problemas relacionados com a miséria. Durante as mais de seis décadas desde o estabelecimento da República Popular da China em 1949, Pequim disponibilizou quase 400 mil milhões de yuan a 166 países e organizações internacionais, enviou mais de 600 mil trabalhadores humanitários, prestou assistência médica a 69 países e ajudou mais de 120 países em desenvolvimento a atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, enumera o relatório. Além disso, em várias ocasiões a China perdoou os juros de empréstimos a nações fortemente endividadas e menos desenvolvidas. O livro branco sublinha que a China pretende aumentar a cooperação com países em vias de desenvolvimento e organizações internacionais em matéria de combate à pobreza e direitos humanos: Pequim vai “partilhar conceitos avançados e a experiência acumulada nesses campos através da ajuda externa, projectos de cooperação, transferência tecnológica e intercâmbio entre gabinetes de estudo”. O Gabinete de Informação do Conselho de Estado assegura que o compromisso da China em relação ao combate à pobreza “representa o sentido de responsabilidade no mundo”. Assim sendo, o Governo Central vai “continuar a honrar as obrigações internacionais atendendo ao estado do seu próprio desenvolvimento”. O relatório de 2015 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio indica que a proporção de pessoas que vivem na extrema pobreza na China caiu para metade, de 61 por cento, em 1990, para 30 por cento, em 2002 – em 2014, o número tinha baixado para 4,2 por cento, recorda o livro branco. O que diz a Human Rights Watch Os números do livro branco ontem publicado por Pequim mostram uma redução efectiva da pobreza, mas os problemas em termos de direitos humanos do país ensombram a conquista das últimas décadas, considera a analista Maya Wang, investigadora da Human Rights Watch. Numa reacção ao documento da autoria do Gabinete de Informação do Conselho de Estado, Maya Wang começa por dizer que “é inegável que as pessoas na China ganharam muito em termos materiais ao longo dos últimos anos”, mas salienta que se trata do resultado de um trabalho conjunto. “Considero que é justo dizer-se que a melhoria das condições de vida se deve à acção do Governo Central, mas não só: é também o resultado do trabalho muito árduo das pessoas que viviam na miséria e que conseguiram sair da pobreza. Portanto, é uma combinação entre a acção do Governo e os esforços da própria população”, destaca a investigadora. Wang ressalva que “continua a haver muita pobreza na China e o nível de desenvolvimento do país é muito desequilibrado”, e diz também que “o esforço contínuo de luta contra a pobreza acaba por ser manchado pelo facto de o Governo Central continuar a restringir direitos humanos essenciais, como a liberdade de informação e de expressão”. A analista dá o exemplo de cidadãos das zonas rurais a quem são, de forma indevida, expropriadas as terras e que, “se se queixarem, são detidos ou punidos de outra forma pelas autoridades”. “Existem poucos canais para que as vítimas deste tipo de injustiças possam apresentar queixa e obter justiça de forma pública”, nota. ISABEL CASTRO
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaOrçamento de 2015 | Secretário pediu explicações aos serviços Os números do orçamento de 2015, apresentados ontem na Assembleia Legislativa, voltaram a incomodar pelas baixas ou mesmo nulas taxas de execução. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, pediu explicações aos serviços [dropcap style]O[/dropcap] Governo foi ontem à Assembleia Legislativa (AL) apresentar a execução orçamental do ano passado e, mais uma vez, os números surpreenderam pelas piores razões: muitos serviços públicos simplesmente não executaram o orçamento que lhes foi destinado no âmbito do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração). Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, pediu explicações aos serviços. “A minha tutela também está preocupada quanto às taxas de execução de zero por cento. Já enviámos cartas aos serviços e após termos os dados vamos apresentá-los à AL”, disse o governante, que admitiu existirem várias razões por detrás da baixa execução. “Poderá haver diferentes razões para que as taxas de execução sejam de zero, poderá haver várias situações, tal como atrasos nas obras. Esperamos que todos os serviços, quando fizerem o seu orçamento, avaliem a execução orçamental ou possam elevar a taxa de execução do seu PIDDA. A futura lei de enquadramento orçamental [votada hoje na AL], poderá aumentar essa taxa de execução”, frisou Lionel Leong. Mak Soi Kun foi o primeiro deputado a lançar o alerta sobre os baixos ou nulos valores de execução orçamental. “Há cerca de 58 projectos sem execução e, na área da Segurança, há quatro projectos com execução orçamental zero. Isto quer dizer que projectos como o centro de actividades desportivas, instalações de saúde ou ligados à nova área marítima de Macau não avançaram. Os trabalhos não estão a acompanhar as necessidades reais. São medidas ligadas à vida da população e praticamente esses trabalhos não foram implementados”, acusou. O seu número dois, Zheng Anting, também pediu explicações. “Quando se fala de orçamento na área das Obras Públicas a taxa de execução é superior a 80 por cento, mas temos de avaliar se as obras realizadas pelas Obras Públicas surtiram os seus efeitos, após o dinheiro gasto”, apontou. Sem respostas, Lionel Leong destacou o trabalho já realizado por Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas. “Sabemos que o Secretário Raimundo já fez esforços para elevar a taxa de execução dos projectos e já encetámos diálogo.” No ano passado, o Governo gastou 9496 milhões de patacas em subsídios concedidos à população, em que se incluem os cheques pecuniários e apoios no pagamento da electricidade e água, entre outros. No que diz respeito a subsídios para idosos, os montantes ascenderam aos 517 milhões de patacas, enquanto os subsídios para as camadas mais desfavorecidas foram de 498 milhões. O sector da educação representou 11,9 por cento dos gastos do Executivo, a saúde 7,8 por cento, a habitação 2,1 por cento e os gastos com segurança pública representaram 8,4 por cento. A despesa no âmbito do PIDDA subiu 23,3 por cento face a 2014. O relatório da execução orçamental de 2015 foi aprovado na generalidade e vai agora ser analisado pelos deputados em sede de especialidade.
Andreia Sofia Silva PolíticaNg Kuok Cheong volta a pedir debate sobre implementação do sufrágio universal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong apresenta hoje uma moção para a realização de um debate sobre a reforma do sistema político e a implementação do sufrágio universal directo para a eleição do Chefe do Executivo. O pedido será feito ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, antes do arranque do plenário desta tarde. A moção refere que, “segundo a decisão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) e as explicações relativas, se for necessário, e no enquadramento da Lei Básica, é possível ser realizada a eleição do Chefe do Executivo através do sufrágio universal”. Posto isto, o “Chefe do Executivo deve lançar a reforma do sistema político o mais rapidamente possível para garantir que todos os procedimentos possam ser concluídos a tempo de, no ano de 2019, se possa realizar a eleição do Chefe do Executivo através do sufrágio universal, permitindo aos cidadãos de Macau elegerem o dirigente máximo com o seu voto, para que se possa cumprir o bem-estar social”, refere o pedido de moção. O deputado do campo pró-democrata tem lutado nos últimos anos, ao lado do parceiro de bancada Au Kam San, pela reforma política, no que diz respeito à eleição de deputados e do Chefe do Executivo. Em 2014, ambos os deputados entregaram uma proposta para a realização de um debate sobre o tema, mas esta seria chumbada em plenário com apenas três votos a favor. O mesmo tema foi ontem abordado por Ng Kuok Cheong no período de interpelações antes da ordem do dia. Citando um estudo feito, que mostra que 60 por cento dos inquiridos desejam que o Chefe do Executivo possa ser eleito pela via do sufrágio universal, Ng Kuok Cheong pediu que Chui Sai On, actualmente em funções, “respeite a opinião pública e concretize o desejo da maior parte dos inquiridos e melhore o regime eleitoral”, e ainda para “assumir uma atitude de abertura em relação à forma de propositura”.
Andreia Sofia Silva PolíticaLei do ruído | Deputados pedem alteração contra futuros atrasos nas obras Quatro deputados exigiram ontem ao Governo uma revisão da lei da prevenção e controlo do ruído ambiental para que, no futuro, não existam atrasos em projectos como o Metro Ligeiro ou quarta ligação entre a península e a Taipa [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] certo que o Governo já admitiu a revisão da lei da prevenção e controlo do ruído, um ano e meio após a sua implementação. Mas ontem quatro deputados à Assembleia Legislativa (AL), ligados ao sector da construção civil, pediram a revisão da lei, por forma a evitar atrasos em grandes projectos de obras públicas já pensados para o território. Lau Veng Seng, Fong Chi Keong, Chui Sai Cheong e Chui Sai Peng sugerem a alteração da lei vigente que regula as circunstâncias em que há lugar a dispensa. “A lei de prevenção e controlo do ruído ambiental entrou em vigor há um ano e meio, e agora é tempo de rever a sua execução”, alegam. Isto porque “embora o sector da construção possa requerer ao Governo a realização de obras à noite, o respectivo requerimento tem de passar por um procedimento administrativo complexo, o que gasta muito tempo, com um custo administrativo elevado”. “Numa perspectiva futura, vão iniciar-se as obras do Metro Ligeiro, as dos novos aterros, a da quarta ligação Macau-Taipa e outros grandes projectos de infra-estruturas estreitamente relacionados com a vida da população. Se a lei não for flexível resultará em atrasos dos mesmos, o que vai acabar por prejudicar a confiança e as expectativas que a população deposita nas acções governativas”, escreveram os deputados, que falam ainda de constrangimentos no dia-a-dia do território. “Se os sectores profissionais da construção quiserem executar obras à noite há que obter uma autorização do Chefe do Executivo. Mais, neste momento, o número de veículos motorizados registados atingiu os 240 mil, o que aumenta a pressão sobre as ruas de Macau. Com a aplicação da nova lei, as obras que antes se podiam realizar nas ruas durante a noite têm de ser planeadas para a parte da manhã, o que de certeza causa incómodos aos utentes das rodovias e até agrava a situação do congestionamento do trânsito. Para além disso, as obras de construção são cada vez mais complexas e algumas técnicas utilizadas têm de ser executadas de forma contínua”, sublinham. Os quatros deputados entendem que o novo diploma deve ter um mecanismo para que o sector da construção civil possa trabalhar sem constrangimentos. “Propõe-se ao Governo que introduza um mecanismo simples de isenção de controlo de horário, para que as unidades de execução de obras consigam requerer junto do Governo, após avaliação, a realização de obras de forma contínua, sem ultrapassar o âmbito do controlo do ruído”, concluíram na interpelação antes da ordem do dia.
Angela Ka PolíticaLei Kin Iun entregou petição a Secretário para a Segurança [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]ei Kin Ion, activista e presidente da Associação Activismo para a Democracia, entregou ontem uma petição no gabinete do Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, exigindo a este uma investigação a alegados actos ilícitos praticados por um grupo de pessoas ligadas à máfia. Tal como já foi noticiado, Lei Kin Iun acusa estas pessoas de terem cercado a sua habitação e de o terem obrigado a ficar em casa por ocasião da visita de Li Keqiang, primeiro-ministro da China. Durante os três dias da visita Lei Kin Iun afirma que não conseguiu sair de casa. A polícia acabou por considerar que o caso se devia a uma “disputa de dinheiro”, mas na carta entregue ao Secretário para a Segurança o activista afirma duvidar da decisão das autoridades, frisando que não conhece sequer aqueles que cercaram a sua casa. “Segundo a lei vigente, a restrição da liberdade pessoal já constitui um crime, mas a polícia usou o pretexto da disputa de dinheiro, terá feito isso de forma deliberada?”, questionou, afirmando que vai levar este caso até ao fim.
Angela Ka SociedadeTurismo associado a cruzeiros deve ser coordenado com Hong Kong [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau deve considerar a cooperação com Hong Kong no que respeita à atracção de turistas de barcos de cruzeiro. A ideia é defendida pelo secretário-geral da Associação de Federação da Indústria e Comercial de Turismo de Macau, Leng Sai Vai, que vê assim um modo de alargar o efeito da medida, anunciada pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, sobre a concessão de vistos individuais a embarcações de recreio. O dirigente associativo considera que Macau não terá necessidade de construir o seu próprio porto para o efeito e sugere a criação de um sistema de cooperação com o porto de Hong Kong. A região vizinha já tem condições para receber, por exemplo, cruzeiros, e Macau poderia colaborar para que ambos os territórios usufruam das vantagens advindas deste tipo de turismo. Leng Sai Vai não deixa de salientar a importância desta faixa de turistas para o sector e as mais-valias para a RAEM. “As experiências já tidas por outras regiões conseguem provar que os turistas em barcos de cruzeiro não são numerosos. No entanto, têm altas taxas de consumo, dado o elevado poder económico que, normalmente, possuem, e a grande disponibilidade para aproveitar as valências de lazer que lhes forem concedidas”, afirma. Macau apresenta vantagens competitivas únicas, nomeadamente no que respeita a hotelaria de luxo, sendo que a atracção do turismo de barcos de cruzeiro é um alvo importante a ter em conta, remata Leng Sai Vai.
Angela Ka Manchete SociedadeTurismo| Governo recusa abrigo marítimo na Doca dos Pescadores Li Keqiang incentiva o aproveitamento da costa da RAEM e a atribuição de vistos individuais a barcos de recreio, mas o Governo nega a construção de pontão para refúgio de embarcações na Doca dos Pescadores. David Chow, responsável pelo pedido, não está satisfeito e considera que a medida não vai de encontro às directivas do primeiro-ministro chinês [dropcap]F[/dropcap]oi rejeitado o pedido de construção de um pontão para protecção marítima, de modo a formar uma zona de abrigo para barcos de recreio, na Doca dos Pescadores. A solicitação foi feita pelo director executivo da Macau Legend Development, David Chow, que se mostrou indignado com o indeferimento e acusa o Executivo de não apresentar orientações claras no que diz respeito ao aproveitamento da costa marítima do território. Em declarações ao jornal Ou Mun, David Chow elogia a medida sugerida pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, que na recente visita à RAEM deixou clara a indicação para que se proceda ao aproveitamento da zona costeira da região, bem como a possibilidade de atribuição de vistos individuais a barcos de recreio. Para o empresário, é uma iniciativa que poderia liderar o desenvolvimento da região em vários sectores, na medida em que os clientes das embarcações de recreio têm um forte poder económico e podem representar um papel impulsionador das várias vertentes do sector do turismo. David Chow não esconde a esperança de que o Executivo venha a pensar de forma mais inovadora, tendo como referência as experiências bem-sucedidas das regiões vizinhas e ideias de peritos na matéria. Ideias turvas “O Governo deve clarificar a conotação e orientação deste novo mercado. Dentro dos esclarecimentos a dar, deve esclarecer se a orientação do sector dedicado à embarcação de recreio vai, ou não, ficar a seu cargo, ou se, pelo contrário, será delegada a empresas particulares”, afirma o antigo deputado. Para David Chow, é claro que o turismo que abrange embarcações de recreio necessita, urgentemente, de apoio e de um planeamento global capaz de o desenvolver. Por outro lado, é necessária a cooperação com outros sectores de transporte e lazer para que Macau passe a estar ao nível de uma cidade internacional, defende. Motivo de queixa é também o tempo que a Doca dos Pescadores tem aguardado para poder desenvolver o turismo de barcos de recreio. “Estivemos 10 anos à espera para poder construir um porto”, explica o magnata local. A Macau Legend Development solicitou recentemente ao Executivo autorização para construir um pontão de protecção a embarcações de recreio que lhe foi agora negado. “Os investidores não sabem o que podem fazer”, lamenta David Chow.
Hoje Macau SociedadeAcções da Crown Resorts com quebra de 10 por cento após detenções [dropcap]A[/dropcap]s acções da empresa de jogo australiana Crown Resorts, com casinos em Macau, desceram mais de 10 por cento nas primeiras transacções de ontem na bolsa de Sidney, após confirmada a detenção de 18 funcionários do grupo na China. O jornal Australian Financial Review noticiou que pelo menos 18 pessoas foram detidas para interrogatório pelas autoridades chinesas, incluindo três australianos que fazem parte da equipa de vendas e marketing no país. Entre os detidos consta ainda um executivo da empresa encarregado de atrair grandes apostadores chineses para a Austrália. “Em relação às notícias publicadas este fim-de -semana, a Crown Resorts Limited acredita que o vice-presidente executivo Jason O’Connor é um dos 18 funcionários que foram detidos pelas autoridades chinesas”, afirmou a empresa em comunicado. O grupo ainda não conseguiu contactar os funcionários. “Até à data, a Crown ainda não conseguiu falar com nenhum dos funcionários e está a colaborar com o departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio para contactar urgentemente com os seus funcionários e averiguar a situação”, refere. A mesma nota revela ainda que a Crown ainda não foi informada sobre os motivos das detenções. A emissora pública Australian Broadcasting Corporation avançou, entretanto, que estas estão relacionadas com a angariação de grandes apostadores chineses para jogar em casinos no estrangeiro. Já o jornal Australian Financial Review escreve que as detenções podem estar relacionadas com a operação “Operation Chain Break”, que visa travar o fluxo ilícito de fundos para casinos além-fronteiras. O Governo australiano diz que os seus funcionários consulares em Pequim estão a tentar obter mais detalhes sobre este caso. “As autoridades chinesas têm três dias para notificar a detenção de cidadãos australianos, de acordo com o previsto num tratado bilateral”, afirmou um porta-voz, indicando que a notificação oficial deveria ser feita ainda ontem.
Angela Ka Manchete SociedadeCorrupção | Ex-chefe da DSAT condenado a 12 anos e meio de prisão O Tribunal Judicial de Base decidiu condenar Lou Ngai Wa, ex-chefe de divisão de Gestão de Transportes dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, a 12 anos e seis meses de prisão por ter manipulado contratos de concessão em auto-silos. Os restantes seis arguidos foram considerados culpados [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ontem lida no Tribunal Judicial de Base (TJB) a sentença que condenou o antigo chefe de divisão de Gestão de Transportes da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) a 12 anos e seis meses de prisão, bem como ao pagamento de 30 mil patacas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Lou Ngai Wa viu ser-lhe aplicada a pena pelo crime de corrupção, por ter manipulado contratos de concessão em parques de estacionamento públicos. Pun Ngai, segundo arguido e também ex-funcionário da DSAT, foi condenado a sete anos e nove meses de prisão. Chan Chi Biu, empresário e terceiro arguido, foi condenado a seis anos e três meses, tal como a sua esposa Chan In Sheong, condenada a quatro anos e seis meses de prisão. Já Leong Ion Fai e Yan Wo Shun foram condenados a quatro anos de prisão. O tribunal considerou que Lou Ngai Wa recebeu subornos e cometeu actos ilícitos, aproveitando-se do facto de ser funcionário público, sendo que tal pôs em causa a justiça, a competitividade e a honestidade dos actos, afectando ainda a credibilidade das autoridades. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o TJB disse ainda que a intenção de Lou Ngai Wa em cometer os crimes foi elevada e que os seus actos foram predatórios. Foram confiscados cerca de 10,5 milhões de patacas de subornos recebidos por Lou Ngai Wa e Pui Ngai, seu subordinado, tendo sido exigido aos acusados o pagamento do montante equivalente aos bens adquiridos através dos actos ilícitos. Os cerca de cinco milhões de patacas do interesse económico partilhados por Lou Ngai Wa, Pun Ngai, Chan Chi Biu e Leong Ion Fai também foram objecto de confisco. Entre 2012 e 2015, Lou Ngai Wa e Pun Ngai terão ajudado três empresas de gestão de parques de estacionamento a ganharem os contratos de concessão do Governo, sendo que os auto-silos envolvidos representavam 70 por cento de todos os estacionamentos públicos disponíveis. Os subornos pagos pelas empresas a estes ex-funcionários da DSAT ascenderão a 20 milhões de patacas, incluindo outros montantes ligados a actos ilícitos. O antigo chefe de divisão da DSAT terá ainda praticado o crime de branqueamento de capitais com a compra de bens no interior da China, incluindo apostas de futebol feitas fora de Macau e transferências de dinheiro feitas para a conta bancária da sua amante, a residir no interior da China. Os arguidos foram detidos em Abril do ano passado.
Angela Ka SociedadeCCAC | Processos de dívida de terrenos estão entregues [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi entregue ao Centro ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) a análise aos processos relativos aos terrenos em divida pelo secretário-geral do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Ho Ion Sang. A informação, adiantada pelo canal chinês da Rádio Macau, é consequência da suspeita de que muitas destas dívidas podem não se justificar e integrar processos já caducados. “O nosso centro já procedeu à entrega da análise às autoridades e esperamos que o Governo possa considerar o devido acompanhamento do assunto”, afirma o deputado ao mesmo tempo que lamenta não ter ainda tido qualquer resposta por parte do Executivo. Ho Ion Sang sublinha a falta de recursos locais, nomeadamente falta de terra, e afirma que são os residentes que suspeitam da legalidade no que respeita à divida de terrenos. O deputado espera ainda que o CCAC faça devidamente o seu trabalho e que proceda a uma investigação profunda desta matéria de modo a promover a transparência na gestão territorial. Em causa estão os seis processos de dívida de terras que integram os casos relativos ao Wynn e MGM e ao Galaxy que foram contraídos “para a liberalização do jogo”, a habitação pública da Ilha Verde, a pedreira de Coloane, em articulação com o plano de construção de habitação pública, a Praça Flor de Lótus para construção pública e os lotes U2,U4 e U5 do Pac-On para ampliação da Incineradora de Resíduos Sólidos da Taipa. No total somam 88.806 metros quadrados a ser devolvidos aos anteriores concessionários dos terrenos originais.
Hoje Macau SociedadeAngela Leong concorda com proibição de entrada a croupiers nos casinos A deputada e administradora da Sociedade de Jogos de Macau disse ontem no hemiciclo que concorda com a vontade do Executivo em proibir os croupiers de jogarem nos casinos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, deputada e administradora-delegada da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), afirmou concordar com a proibição do acesso dos trabalhadores do sector do jogo a todos os casinos fora do horário laboral. Numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa (AL), a deputada eleita por sufrágio universal garantiu que a iniciativa merece todo o seu apoio e faz “votos de que sejam esclarecidos os respectivos objectivos e que a proposta de lei seja elaborada com toda a cautela, com vista à sua real e eficaz operacionalidade”. A Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos (DICJ) de Macau indicou haver um consenso quanto ao controlo do acesso dos trabalhadores do sector aos casinos fora das horas de serviço e “que se vai fazer todo o possível para apresentar a correspondente proposta de lei à AL antes do termo desta sessão”, de acordo com a deputada. “Nestes últimos anos, têm surgido, de quando em vez, notícias sobre trabalhadores de casinos viciados no jogo. Segundo vários relatórios de estudo sobre o assunto, os ‘croupiers’ são os mais expostos ao perigo da dependência”, sublinhou Angela Leong, para quem “os operadores do sector do jogo ganham bem, mas o seu trabalho é monótono, e a necessidade de fazer turnos limita as suas relações sociais”. Dinheiro nas mãos A isto “juntam-se as elevadas somas de dinheiro que lhes passam pelas mãos e a impossibilidade de atenuar o stress e de resistir à sedução do dinheiro, que os leva a apostar”, observou a deputada, apontando, por outro lado, que “também não são poucos os trabalhadores que consideram que a ordem de interdição de entrada nos casinos é uma discriminação”. Neste sentido, defendeu que “os serviços competentes devem auscultar as opiniões do sector e também as dos trabalhadores para pensarem novamente sobre como fazer a lei e conseguirem chegar a um consenso”. “O Governo deve reforçar as políticas sobre o jogo responsável, garantindo aos trabalhadores da indústria do jogo uma vida saudável, com vista a poderem contribuir, em boa forma, quer física, quer psicológica para o desenvolvimento sustentável da indústria do jogo de Macau”, sustentou Angela Leong, quarta mulher do magnata do jogo Stanley Ho. O Instituto de Acção Social (IAS) emite anualmente um relatório relativo ao “sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo”, em que junta informação estatística sobre quem procura ajuda devido a problemas relacionados com o jogo, na tentativa de compreender hábitos e comportamentos. Em 2015, encontravam-se registadas 147 pessoas no sistema central, dos quais mais de 80% eram residentes de Macau. Aproximadamente 20% das pessoas empregadas que procuraram ajuda do Governo eram ‘croupiers’ (que trabalham em mesas de jogo dos casinos), de acordo com o documento publicado pelo IAS.
Sofia Margarida Mota EventosCinema | Mostra de cinema português na Fundação Oriente São dez filmes portugueses que compõem o cartaz do NY Portuguese Short Film Festival em Macau. A sexta edição do evento está marcada para os próximos dias 21 e 22 e, de entre filmes premiados a novidades, o programa é do que melhor se faz, em formato curto, no cenário luso [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão filmes curtos, todos feitos em Portugal e que já deram a volta a, pelo menos, meio mundo, os que vão preencher parte do próximo fim-de-semana. A mostra tem lugar na Fundação Oriente e traz a Macau a selecção da VI NY Portuguese Short Film Festival, iniciativa que marca o início da passagem de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos da América. O objectivo, segundo a organização, é dar a conhecer a nova geração de realizadores numa mostra que passa um pouco por todo o mundo. Do trajecto fazem parte países como Austrália, Senegal, Brasil, China ou Angola, e Macau não fica de fora. A iniciativa começa no dia 21, às 19h30, com a projecção de “Pronto, era assim”, de Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira. A curta é um documentário animado, já amplamente premiada e totalmente produzida com recurso ao stop motion. O argumento versa sobre a história de seis idosos que, sobre a forma de entrevistas, dão voz aos objectos que protagonizam, partilhando as suas histórias de vida em momentos fragmentados que oscilam entre o passado, presente e futuro. Uma questão de fé A mostra segue com o filme de Luís Porto, “Deus providenciará”, que traz ao ecrã Maria, uma mulher que vive sozinha no interior do país, numa aldeia recôndita. Personagem de fortes convicções morais e religiosas, vive sozinha e não tem como justificar uma gravidez súbita e indesejada que lhe traz a angústia de como conciliar a exigência da religião com a sua vontade. Ainda o programa não vai a meio e é a vez de uma pausa na vida de Jorge, a figura que está cansada do quotidiano e que protagoniza “Tenho um rio”, de Ricardo Teixeira. Mas Jorge vai acompanhado pela efemeridade representada por Teresa que o ajuda a enganar a fadiga com momentos de amor. “Lei da gravidade”, de Tiago Rosa-Rosso, continua a programação e traz uma ficção beckettiana, onde o absurdo toma conta de duas personagens à espera que o seu filme aconteça. A noite termina com uma curta convidada e que já viu o nome candidato ao Óscar. É “Feral”, de Daniel Sousa que numa produção, novamente, animada, relata uma incursão à infância através de uma criança encontrada na floresta, que tenta a adaptação a uma civilização que lhe é alheia, através dos recursos que sempre conheceu. Quotidianos desiludidos “Isa”, de Patrícia Vidal Delgado, abre a sessão do dia 22 de Outubro, às 17h. É a história de uma jovem cabo-verdiana que acredita no teatro para incentivar a discussão social sobre os problemas do bairro. A tarde continua com o aclamado filme de João Tempera, “O assalto”, e segue com “Prefiro não dizer”, de Pedro Augusto Almeida, que retrata os fragmentos da rotina de quem vive num espaço isolado que rotula e condiciona as opções de vida. Depois, é exibido “Lingo”, realizado por Vicente Niro, que aborda a relação dos indivíduos com as redes sociais e com a restante sociedade, através da personagem homónima. A iniciativa termina com mais uma película convidada: desta feita, trata-se da obra de Luísa Sequeira, “Os cravos e a Rocha”. A realizadora viaja até 25 de Abril de 1974, altura em que o cineasta brasileiro Glauber Rocha está em Portugal e regista em película “As Armas e o Povo”, um filme em que, com um olhar estrangeiro e particular, rompe com as regras convencionais do modo de se fazer cinema.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Lançada com êxito missão ao Espaço com dois astronautas Com o lançamento da nave tripulada “Longa Marcha 2F”, esta segunda-feira, a China continua a tentar aproximar-se da Europa e dos Estados Unidos nas conquistas espaciais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou ontem com êxito a missão espacial tripulada Shenzhou-11, com dois astronautas a bordo, que deverão passar um mês no espaço, no laboratório Tiangong-2. O foguetão “Longa Marcha 2F” foi lançado sem problemas às 07:30 locais, a partir do centro de Jiuquan, na província de Gansu, no deserto de Gobi, segundo os responsáveis pela missão. Uma câmara colocada dentro da cápsula permitiu ver os dois astronautas, Jing Haipeng e Chen Dong, durante todo o lançamento e chegada à órbita terrestre. Esta é a sexta missão que a China envia para o espaço com astronautas a bordo e será a mais longa, se tudo correr como planeado. Os dois tripulantes da nave Shenzhou-11 permanecerão 33 dias em órbita. A missão anterior demorou 15 dias. Jing Haipeng, de 50 anos, faz a sua terceira viagem espacial e comanda a nave, levando consigo o estreante Chen Dong, de 37 anos. O principal objectivo da missão Shenzhou-11 é verificar o correcto funcionamento dos sistemas do laboratório Tiangong-2 e começar os preparativos para a futura estação espacial chinesa, que as autoridades de Pequim esperam ter a funcionar até 2022. Os dois astronautas farão ainda experiências científicas, que incluem projectos em colaboração com instituições académicas e outros propostos por estudantes do ensino secundário de Hong Kong sobre medicina, física espacial ou botânica. Pequim tem vindo a investir no seu programa espacial, na tentativa de acompanhar os progressos dos Estados Unidos da América e da Europa. Anunciou em Abril que quer enviar uma nave espacial “perto de 2020” para orbitar Marte, aterrar e colocar um ‘rover’ para explorar a superfície do Planeta Vermelho. Pequim vê o programa espacial como um símbolo do progresso da China e da sua emergência como potência mundial. No entanto, até agora, tem reproduzido apenas actividades em que os Estados Unidos e a União Soviética foram pioneiros há várias décadas. Parabéns presidenciais O presidente chinês Xi Jinping enviou uma mensagem de felicitações pelo lançamento bem-sucedido da nave espacial tripulada. Xi expressou enviou mensagens de parabéns a todos os investigadores e funcionários envolvidos na missão assim como aos astronautas. Pediu que os funcionários da missão garantam a boa realização das metas planeadas, encorajando-os a “abrir novos caminhos de forma constante para o programa espacial tripulado, para que o povo chinês dê maiores passos e avance mais na pesquisa do espaço, e faça novas contribuições para construir a China numa potência espacial”, relata a Xinhua. O Presidente chinês enviou a mensagem de Goa, onde participou na 8º Cimeira dos BRICS.