Salários | Motoristas de Zhuhai deixaram passageiros pendurados

[dropcap]N[/dropcap]o primeiro fim-de-semana de funcionamento da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, após a abertura à circulação, verificou-se uma baixa frequência de veículos. O motivo prende-se com os autocarros de turismo, de cor dourada, cujos motoristas deixaram vários turistas pendurados sem transporte.

Uma fonte ligada ao sector, ouvida pelo jornal All About Macau, explicou que os motoristas entendem que há uma grande diferença salarial entre os três territórios ligados pela ponte. Em Hong Kong, um motorista pode receber 20 mil dólares de Hong Kong, em Macau esse valor chega a ser mais elevado dada a grande procura e pouca oferta de profissionais. Em Zhuhai, os motoristas ganham mais de dez mil yuan por mês, mas representantes do sector duvidam que a maioria receba perto deste valor.

Não se sabe ainda quando o protesto vai terminar e quando a circulação dos autocarros volta à normalidade. Em Macau, apesar de terem circulado, num período de tempo, autocarros de cinco em cinco minutos, acabaram por se registar filas de espera de passageiros.

A empresa que opera os chamados autocarros dourados não explicou as razões que levaram a que os serviços tenham sido afectados. As autoridades de Macau e Zhuhai ainda não reagiram a esta questão. Não foram divulgadas as cláusulas dos contratos dos motoristas.

30 Out 2018

A primeira travessia da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau

O primeiro carro saiu de Macau às 9h da manhã em ponto com destino a Zhuhai. Pouco depois, entrava no sentido inverso o primeiro condutor que vinha de Hong Kong. Entretanto, os autocarros começavam a vai e vem entre as três regiões. Os passageiros, na sua maioria, movidos pela curiosidade foram os primeiros a atravessar a Ponte HZM

[dropcap]I[/dropcap]niciou-se ontem a circulação de veículos na ponte que liga Zhuhai, Hong Kong e Macau. O primeiro carro a entrar à hora certa, no posto fronteiriço da ilha artificial de Macau tinha Sun ao volante. Os ponteiros do relógio apontavam as 9 horas em ponto e não havia tempo a perder, uma vez que Sun estava a caminho de Zhuhai para uma reunião. Segundo o condutor, a ponte vai ser especialmente útil para se dirigir de automóvel ao Interior da China, onde tem reuniões com alguma frequência. “Esta ponte é uma estrutura que facilita muito o transporte entre as regiões, o que ajuda nas relações comerciais”, disse satisfeito.

Já no sentido inverso, e minutos depois entrava em Macau Chen, vindo de Hong Kong. Em declarações ao HM, mostrou-se especialmente satisfeito por ter demorado “apenas 30 minutos a chegar ao território”. Chen teve, contudo, um percalço: ficou retido na entrada, porque tinha marcado o lugar no parque de estacionamento fronteiriço, com lotação para 3000 veículos, para as dez da manhã. Mas a viagem foi mais curta que o esperado. Chen vem a Macau pelo menos uma vez por semana em trabalho. A partir de agora, vai optar pela maior ponte de travessia marítima do mundo, até porque “é muito fácil chegar a Macau desta maneira”.

Curiosidade pública

Na área reservada à compra de bilhetes para os autocarros que ligam Macau a Zhuhai e Hong Kong pessoas movidas pela curiosidade compravam o bilhete de autocarro para seguirem, maioritariamente para Hong Kong. Era o caso do casal Kuok, actualmente a residir em França, e que aproveitou os dias de férias no território para experimentar uma das primeiras travessias entre Macau e Hong Kong. Havia também quem só quisesse ver como “estava o ambiente”, tal como afirmou Leong.

FOTO: Sofia Margarida Mota

A caminho

O HM juntou-se aos que seguiram para região administrativa especial vizinha. Sem filas na bilheteira e com ingresso comprado, 16 minutos depois o autocarro arrancava com destino ao posto fronteiriço de Hong Kong. No veículo, com lotação para 50 lugares e que cheirava a novo, seguiam 22 passageiros.

Asher, estudante de Macau, foi uma das pioneiras a rodar no tabuleiro da ponte, acompanhada pelos pais. “Estou a aproveitar a folga da família e vamos ver como é que funciona a travessia para Hong Kong pela ponte”, referiu. Ainda a caminho, não conseguia dizer se seria uma opção melhor que o ferry, “mas, acima de tudo, é uma alternativa, o que é bom”. Asher não deixou de sublinhar o tempo reduzido da viagem, pouco mais do que 30 minutos, “sendo que o autocarro é muito confortável”.

Já Cheng, que também ali estava para experimentar”, salientou a vista que a travessia proporciona. “É mais bonito, conseguimos apreciar melhor o mar e as ilhas à nossa volta”, referiu. Por outro lado, a ida por terra evita os enjoos de que padece nas viagens de barco quando se desloca a Hong Kong.

“Até agora, a viagem é perfeita”, disse, mais ou menos a meio da travessia. Cheng salientou ainda que a travessia por autocarro pode vir a representar uma ameaça ao funcionamento dos ferrys. “Se os barcos não baixarem os preços, penso que muita gente vai começar a vir pela ponte”.

Chegados ao destino

A viagem foi realmente curta. Meia hora depois do arranque, avistava-se o Aeroporto Internacional de Hong Kong de um lado e o teleférico do outro.

A saída do posto fronteiriço aconteceu sem percalços, nem filas, pelo menos às 12h13 de uma manhã tranquilo de quarta-feira. Em Hong Kong, a estrutura de acesso à ponte está equipada com vários estabelecimentos comerciais e postos de informação turística. Acresce ainda um posto de check-in para as companhias Cathay Pacific, Cathay Dragon, Hong Kong Airlines e Hong Kong Express e que faz a ligação imediata ao aeroporto. Também para o aeroporto, exist um shuttle disponível 24h por dia, de 8 em 8 minutos e que demora, contando com o tempo de espera, 15 minutos a chegar ao destino.

No exterior, há uma extensa rede de autocarros que fazem as principais ligações às várias zonas do território. Na paragem do A11, que faz a ligação a Central, uma funcionária de uma agência de viagens sita em Kowloon manifestou desagrado pelo tempo que se demora desde a sede da agência a Zhuhai, onde acompanhou uma excursão de turistas. A razão é a quantidade de transportes necessários para chegar à entrada da ponte na ilha de Lantau. Contudo, ressalvou, “é a melhor forma de ir para o aeroporto para quem vem de Macau ou Zhuhai, ou de regressar a estes territórios depois de uma viagem”.


Raimundo do Rosário: Trânsito haverá sempre

A ponte está a funcionar e as pessoas devem preparar-se porque haverá sempre trânsito. Foi esta a mensagem deixada por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, quando questionado sobre o primeiro dia de funcionamento da ligação Hong Kong – Zhuhai – Macau. “Trânsito haverá sempre. No primeiro dia, as coisas podem não correr tão bem, mas, por enquanto, não há notícias de problemas”, afirmou sobre os engarrafamentos registados ontem na zona da Areia Preta, que permite o acesso ao tabuleiro. O secretário abordou ainda o caso do autocarro que avariou na ponte. “Houve problemas com um autocarro. Fui informado logo de manhã, mas estas coisas acontecem e estão a ser resolvidas, o que significa que o sistema funciona”, afirmou. “Não devemos estar sempre à procura de problemas. Está a funcionar bem, houve uma viatura avariada, mas está tudo resolvido”, acrescentou.

Custos das viagens

Bilhete de autocarro para HK – 65 patacas
Tempo de viagem – 40 minutos
Do posto fronteiriço de Hong Kong a Central
Custo – 40 patacas
Autocarros de 20 em 20 minutos
Tempo de viagem – 45 minutos
Total
Custo – 105 patacas
Tempo aproximado – 105 minutos

Para o Aeroporto Internacional de Hong Kong (AIHK)
Bilhete de autocarro para HK – 65 patacas
Tempo de viagem – 40 minutos
Do posto fronteiriço de Hong Kong ao AIHK
Shuttle 24h de 10 em 10 minutos
Tempo com espera – 15 minutos
Custo – 6 HKD
Total
Tempo – 55 minutos
Custo – cerca de 71 patacas

O primeiro dia

8619 – Total de entradas e saídas de pessoas – das 9h às 16h

Por destino
1249 – de e para Zhuhai
7165 – de e para Hong Kong
205 pessoas entraram pelos corredores para veículos

Entradas e saídas de viaturas até às 15h
46 entradas
59 saídas

Entradas e saídas de autocarros até às 15h – 113

Estacionamento no posto fronteiriço
295 lugares de estacionamento ocupados
3 lugares com reserva prévia

Tempo médio de inspecção fronteiriça integral por pessoa – 20 segundos
Tempo medio de passagem transfronteiriça por viatura – 10 a 15 segundos

75 bombeiros destacados
12 viaturas de emergência

Pedidos de serviços de emergência médica – 3
Pedidos de socorro – 2

25 Out 2018

Cheias | Barreira no Porto Interior pode inundar Zhuhai, diz engenheiro

Presidente da Associação de Engenharia Geotécnica de Macau e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico defende que o projecto que o Executivo pretende construir na zona do Porto Interior para travar as inundações pode levar a água para as regiões vizinhas, como Zhuhai

[dropcap]É[/dropcap] membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) e presidente da Associação de Engenharia Geotécnica de Macau e não concorda com o projecto que o Governo quer erguer na zona do Porto Interior para travar as inundações em alturas de tempestade.

Ao HM, Lee Hay Ip defendeu que a construção de barreiras no Porto Interior pode vir a causar inundações nas regiões vizinhas, como Zhuhai, Ilha de Hengqin ou Wanchai. O engenheiro não põe de parte que outras cidades do sul da China possam ser afectadas, mas diz que são necessárias mais informações para chegar a essa conclusão.

“Quando a barreira fechar, teremos de ver o que vai acontecer com a circulação da água, e esta questão tem de ser respondida pelo Governo”, apontou.

“O Governo propôs uma solução permanente para a construção de uma barreira ao longo de Macau até Wanchai. De acordo com as nossas informações, esta zona pode assemelhar-se à zona do rio Tamisa, em Londres. A minha preocupação é que, depois da construção desta barreira, pode não só não ter capacidade para parar as inundações como pode levar a um aumento das inundações nas regiões vizinhas de Macau”, acrescentou.

Lee Hay Ip duvida, portanto, que este projecto, que tem o aval do Governo Central, possa ser bem sucedido. “A água pode ir para Zhuhai. Do ponto de vista da engenharia, poderíamos dizer que vamos ser bem sucedidos com este projecto? Apenas estamos a levar a água para fora de Macau, o que vai causar inundações em Zhuhai. Este esquema pode então ser bem sucedido?”, questionou.

“Parece-me que quantas mais barreiras forem construídas, mais a água será empurrada para o redor de Macau. Depende de como o projecto será desenvolvido, mas não vejo como pode funcionar sem afectar as nossas regiões vizinhas”, apontou o engenheiro.

Como alternativa, Lee Hay Ip acredita que pode ser criado um lago artificial no Porto Interior com ligação aos lagos nas zonas Sai Van e Nam Van, que possa expelir a água de volta para o delta do Rio das Pérolas. “Este esquema baseia-se na ideia de que não devemos lutar contra a água. Poderíamos formar um lago na zona do Porto Interior, semelhante aos lagos das zonas de Sai Van e Nam Van. Aí iríamos construir uma linha paralela na zona do Porto Interior, desde a zona do Fai Chi Kei até à Barra, e iria formar-se o lago do Porto Interior.”

Aí, “se fosse necessário, poderíamos ligar o lago do Porto Interior aos outros dois lagos, e aí iria formar-se uma zona amortecedora, com três reservas temporárias, e poderíamos bombear a água dos lagos para o rio, criando um sistema de circulação”.

“Às escuras”

Lee Hay Ip não pretende, para já, abordar o caso nas próximas reuniões do CPU, mas assegurou que o sector de engenharia e toda a sociedade têm estado “às escuras” sobre o projecto do Porto Interior.

“O Governo tem de responder a essas questões. Não há informações para nós, não questionaram as pessoas de Macau, incluindo os engenheiros. Apenas poderemos questionar e ficar preocupados. Continuamos às escuras, e parece que não têm consultado ninguém em Macau e apenas submeteram este conceito junto do Governo chinês. Não sei até onde foram em termos de concepção.”

Lee Hay Ip remata ainda com ironia. “Vamos fazer parte do projecto da Grande Baía, mas com este esquema poderemos afectar as nossas regiões vizinhas (sorrisos). Não queremos criar problemas para os nossos vizinhos, mas com este projecto parece que isso vai acontecer. Ao resolvermos os nossos problemas vamos causar problemas em Zhuhai”, concluiu.

23 Out 2018

Nova ponte entra em funcionamento esta quarta-feira

A Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai entrar em funcionamento na quarta-feira, um dia depois da cerimónia oficial de inauguração. Do trânsito à migração, as autoridades de Macau garantem estar tudo a postos

[dropcap]É[/dropcap] já depois de amanhã, pelas 9h, que a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai entrar em funcionamento. A abertura acontece no dia seguinte à cerimónia oficial de inauguração, que terá lugar no edifício do posto fronteiriço de Zhuhai, onde vai estar o Chefe do Executivo, Chui Sai On.

A confirmação foi feita na sexta-feira pelo Governo que garante estar tudo a postos para a abertura da ponte, nove anos depois do lançamento da primeira pedra. Com uma extensão total de 55 quilómetros, esta passa a ser maior ponte do mundo a fazer travessia sobre mar.

O trânsito figura como uma das principais preocupações. Em conferência de imprensa, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) assegurou que “todas as instalações rodoviárias envolventes estão preparadas”, mas reconheceu que o arranque das operações da Ponte do Delta vai exercer “pressão” sobre o tráfego na zona norte de Macau. Em particular entre as Portas do Cerco e a Rotunda da Amizade, junto à qual fica a via de acesso à zona A dos novos aterros que, por sua vez, faz a conexão à ilha artificial onde se encontra instalado o posto fronteiriço de Macau.

Carreiras novas

Duas carreiras de autocarros públicos (101X e 102X) vão ligar Macau e a Taipa ao novo posto fronteiriço, que serve a Ponte do Delta, conhecida pelo seu design em forma de Y. A primeira vai funcionar durante 24 horas, com uma frequência entre 8 e 30 minutos; enquanto a segunda das 7h às 23h, com uma frequência entre 12 e 20 minutos. De resto, o acesso pode ser feito por táxi ou através de ‘shuttles’ das operadoras.

Até 250 mil na fronteira

Também no posto fronteiriço de Macau na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, erguido em menos de um ano, as autoridades asseguram estar tudo a postos, tanto ao nível de pessoal como de equipamentos. As instalações, com uma área superior a 600 mil metros quadrados, estão prontas para receber até um máximo de 250 mil entradas e saídas por dia, a capacidade para que foram projectadas, segundo números do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). No caso das passagens de e para Hong Kong, pode lidar com até 150 mil pessoas por dia, enquanto no de Zhuhai com um máximo de 100 mil.

A fronteira de Macau começa a funcionar 24 horas por dia, ao contrário da de Zhuhai que, numa fase inicial, apenas estará aberta das 8h às 22h. O facto de ainda não haver instalações para a emissão de visto à chegada figura como outro problema do lado de Zhuhai.

Com efeito, como explicou a PSP, entre Macau e Zhuhai vai ser aplicado o “modelo de inspecção fronteiriça integral”, descrito como “um modelo inovador na China e no mundo”. Os canais electrónicos de três portas destinam-se aos residentes de Macau com idade superior a 11 anos que tenham na sua posse o salvo-conduto de entrada e saída da China. “Para efeitos de inspecção fronteiriça, os utilizadores dos canais têm que dar consentimento na transmissão dos seus dados pessoais e elementos biométricos recolhidos ‘in loco’ para os sistemas informáticos dos serviços congéneres de Zhuhai e de Macau”, refere um painel explicativo, ressalvando que os dados servem apenas para a verificação imediata da entrada/saída, não sendo conservados pelas autoridades de Zhuhai. 

Além dos canais automáticos, o posto fronteiriço tem balcões semi-automáticos e manuais, num total de 68 passagens. Já para o caso de Hong Kong, foi adoptado o modelo do Terminal Marítimo do Porto Exterior e do Pac On, estando disponíveis 44 canais entrada/saída, ou seja, 22 em cada sentido, e 60 canais electrónicos, com 30 em cada sentido.

Já no caso dos veículos existem 36 faixas. Os autocarros de ligação vão figurar como o principal meio de transporte da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, assegurando a conexão entre os postos fronteiriços de Hong Kong e de Macau e os de Hong Kong e Zhuhai, respectivamente. No total, estão previstas mais de 200 partidas por dia, com intervalos, em média, de cinco minutos durante a hora de ponta.

Os autocarros de Hong Kong e de Macau têm percursos e horários pré-definidos, tendo sido atribuídas 50 quotas: 34 a Hong Kong e as restantes 16 a Macau. O transporte vai ser assegurado pela Shun Tak, que lidera as ligações marítimas entre Macau e Hong Kong por via da TurboJet, estando o preço dos bilhetes fixado em 80 patacas.

Pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vão ainda poder circular os que conseguiram uma das 600 quotas atribuídas por sorteio a automóveis (300 a particulares e 300 a empresas de Macau com ligações a Hong Kong). Foram ainda entregues 40 quotas a Macau para veículos de aluguer transfronteiriço que não podem, contudo, entrar na China.

Para dar resposta ao fluxo encontram-se disponíveis mais de 8.000 lugares de estacionamento nos dois auto-silos da zona de administração de Macau. O primeiro (Este) oferece 3.000 para automóveis ligeiros do exterior de Macau, enquanto o segundo (Oeste) oferece 5.143 lugares (3.089 para carros e 2.054 para motos), destinando-se aos residentes de Macau. No caso de um carro, por exemplo, o preço por cada hora ou fracção é de seis patacas durante o horário diurno. 

Segundo a DSAT, os governos de Macau e Hong Kong estão actualmente “a acelerar os planeamentos dos automóveis transfronteiriços de mercadorias e autocarros ‘shuttle’ para o Aeroporto Internacional de Hong Kong”.

“A abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai incrementar o fluxo de pessoas, mercadorias e de capital entre estes três territórios, contribuir para o desenvolvimento da economia local, a cooperação regional, alargando a dimensão e a escala do mercado para Macau, oferecendo novas oportunidades de negócio a empresas e investidores, como beneficiará uma melhor integração de Macau na estratégia nacional de desenvolvimento, tais como a Grande Baía”, realçou o porta-voz do Governo, Victor Chan, na mesma conferência de imprensa. A inauguração da ponte deve contar com a presença do Presidente da China, Xi Jinping.

22 Out 2018

Empresas de Macau e Zhuhai esperam mais negócios com abertura de mega ponte

[dropcap]R[/dropcap]esponsáveis de pequenas e médias empresas de Macau e da cidade chinesa de Zhuhai disseram hoje à Lusa que esperam garantir mais negócios com a abertura da maior travessia marítima do mundo que vai ligar os dois territórios e Hong Kong.

Com a abertura agendada para terça-feira, a ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing).

“Vai ser mais fácil para nós em termos logísticos, tanto na relação com Hong Kong como com a China [continental]”, defendeu a responsável pela Refresh Moment, Joyce Fong.

“Esperamos mais negócios e oportunidades quando a ponte abrir”, indicou a proprietária da empresa de Macau, até porque “vai ser possível ir mais vezes lá porque fica tudo mais perto”, sobretudo Hong Kong para onde estão a tentar expandir a atividade.

Já a responsável pela San Meng, uma empresa de tecnologia de Macau no setor turístico e cultural, destacou que “vai ser mais fácil e mais rápido” chegar ao mercado também de Hong Kong, o que considerou ser vital para o crescimento da companhia.

Phoenix Wong disse acreditar que, com a nova ponte, Macau será um dos territórios mais beneficiados, em especial na capacidade de atração de turistas para aquele território que é já considerado a capital mundial do jogo.

Do lado da China continental, mais propriamente da cidade de Zhuhai, o proprietário da Hengoin Finantial Investment Group destacou “a grande importância da infraestrutura”.

“Mais dinheiro, pessoas e produtos na Grande Baía” vão, por sua vez, criar a oportunidade de “desenvolver grandes companhias e mais oportunidades para uma maior cooperação”, argumentou o empresário.

Já o coordenador de Comunicação e Marketing do Instituto Internacional de Macau, António Monteiro, disse à agência Lusa que era crucial ser realizado um esforço por parte das autoridades “em apostar na promoção” de um projeto, como é o caso da Grande Baía, sobretudo quando pode estar em causa uma oportunidade para eventuais investidores lusófonos.

A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai abrir na próxima terça-feira numa cerimónia em Zhuhai, cidade adjacente a Macau.

As autoridades de Hong Kong, Macau e Zhuhai realizaram, no final do mês passado, três dias de testes na ponte, cujos resultados foram enviados para Pequim e determinaram a data da inauguração.

A estrutura principal mede 29,6 quilómetros, com uma secção em ponte de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros, numa extensão total de 55 quilómetros.

A construção começou em 2011 e previa-se a abertura para 2016, mas vários problemas, como acidentes de trabalho, uma investigação de corrupção, obstáculos técnicos e derrapagens orçamentais obrigaram a um adiamento da inauguração.

18 Out 2018

Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau abre na próxima terça-feira

[dropcap]É[/dropcap] oficial. A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai ser oficialmente inaugurada na próxima terça-feira, dia 23, anunciou ontem o Gabinete de Ligação da República Popular da China em Hong Kong, segundo o South China Morning Post.

A inauguração da ponte, com uma extensão total de 55 quilómetros que a transforma na maior travessia sobre o mar do mundo, tem lugar nove anos depois do lançamento da primeira pedra.

A cerimónia vai ter lugar em Zhuhai e, segundo o mesmo jornal, há rumores que apontam para a possibilidade do Presidente da China, Xi Jinping, marcar presença, embora seja improvável que visite Macau ou Hong Kong.

A Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK) avança também a hipótese de o vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng ser outro dos convidados de honra.

17 Out 2018

Secretário dos Transportes de Hong Kong desconhece data de abertura da ponte HZM

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Transportes de Hong Kong afirmou desconhecer quando a ponte que liga a cidade a Macau e a Zhuhai vai abrir à circulação, desmentindo que a abertura ocorra no final deste mês.

“[Sobre a abertura] da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau no final deste mês, devo dizer que, para mim, isto é uma novidade. Não tenho qualquer ideia de quando a ponte vai abrir” à circulação, declarou Frank Chan Fan, no final de um programa de rádio em que participou no sábado, de acordo com o jornal South China Morning Post.

O secretário para os Transportes e Habitação da antiga colónia britânica afirmou que as três cidades continuam à espera que o Governo central dê “luz verde” para a inauguração.

Há 15 dias, à margem da cerimónia do 69.º aniversário da implantação da República Popular da China, também o chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, admitiu aos jornalistas desconhecer a data de abertura e indicou que a mesma será divulgada “em tempo oportuno”.

As autoridades de Hong Kong, Macau e Zhuhai realizaram, no final do mês passado, três dias de testes na ponte. Os resultados destes testes foram enviados para Pequim e deverão determinar a data de abertura, indicou o diário.

Considerada a maior travessia marítima do mundo, a ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing).

A estrutura principal mede 29,6 quilómetros, com uma secção em ponte de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros, numa extensão total de 55 quilómetros.

A construção começou em 2011 e previa-se a abertura para 2016, mas vários problemas, como acidentes de trabalho, uma investigação de corrupção, obstáculos técnicos e derrapagens orçamentais obrigaram a um adiamento da inauguração.

14 Out 2018

Si Ka Lon quer Macau-Zhuhai e Guangzhou ligadas por comboio

À semelhança da recém-inaugurada linha ferroviária de alta velocidade que liga Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou, o deputado Si Ka Lon propõe a ligação por comboio entre Macau, Zhuhai e Guangzhou

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado à Assembleia Legislativa Si Ka Lon defende a construção de uma linha ferroviária que una Macau a Zhuhai e a Guangzhou, num modelo semelhante ao da vizinha Hong Kong que passou a estar ligada por comboio a Shenzhen e a Guangzhou. Isto porque, a seu ver, a ligação só trará vantagens, nomeadamente no contexto da construção da Grande Baía.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Si Ka Lon defendeu que a nova linha ferroviária de alta velocidade de Hong Kong para a China, que irá reduzir consideravelmente o tempo de viagem, pode trazer benefícios indirectos aos residentes de Macau, bem como fomentar a economia local. O deputado argumenta que há muitos residentes de Macau que visitam Hong Kong, seja para fazer compras ou para apanhar ligações aéreas, e que também há um número considerável de residentes a estudar, ou trabalhar, em Shenzhen e Cantão.

Na perspectiva de Si Ka Lon, a nova linha ferroviária Hong Kong-Shenzhen-Guangzhou motiva procura pela rede de trânsito entre Macau-Zhuhai-Guangzhou, podendo servir de exemplo para o lado oeste do Delta do Rio das Pérolas, dado que produz efeitos práticos para a zona da Grande Baía e também no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O deputado defende assim uma ligação directa Macau-Zhuhai-Guangzhou, na medida em que a integração de Macau num projecto do tipo, idêntico ao de Hong Kong, teria amplos benefícios nomeadamente no quadro da cooperação regional. De acordo com o Ou Mun, Si Ka Lon entende que, com vista a garantir a ligação entre todas as cidades integradas na Grande Baía, além do comboio Hong Kong-Shenzhen-Guangzhou, é preciso outro que ligue Guangzhou, Zhongshan, Zhuhai e Macau, as quais seriam integradas na rede de comboio de alta velocidade da China.

A Grande Baía, que pretende tornar-se uma região metropolitana de nível mundial, abrange Macau e Hong Kong, bem como nove cidades da província de Guangdong (Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen, Zhaoqing).

Oito mil por dia

Segundo estimativas oficiais, o comboio entre Hong Kong e a China deverá transportar diariamente mais de 8.000 passageiros entre o centro financeiro asiático e o centro industrial vizinho da província de Guangdong. O comboio vai de Hong Kong a Shenzhen em apenas 14 minutos, enquanto para a capital de Guangdong, Guangzhou, a viagem dura agora pouco mais de meia hora.

O projecto tem estado sob polémica, particularmente devido ao facto de o Governo de Hong Kong ter permitido a cedência de jurisdição do novo terminal de West Kowloon a Pequim, que pode realizar controlos de imigração e alfândega no terminal de Hong Kong. Esta decisão provocou críticas por parte da oposição pró-democrata da Região Administrativa Especial que argumentou que a medida é uma violação da Lei Básica.

25 Set 2018

Tufão “Mangkhut” | Governo e Macau Water reuniram com Zhuhai

A Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) reuniu ontem com a concessionária responsável pelo abastecimento de água no território, a Sociedade de Abastecimento de Água de Macau (Macau Water) e a Companhia de Abastecimento de Água da Zona Económica Especial de Zhuhai a Macau, com o objectivo de discutir as “medidas de protecção contra o tufão e inundações, com vista a garantir o fornecimento regular e seguro de água bruta e canalizada durante a passagem de tufão”, aponta um comunicado oficial.

A DSAMA adiantou também que a Macau Water está preparada para o fornecimento de água canalizada a hotéis e habitações durante e depois da passagem do tufão “Mangkhut”. “Depois de ter examinado a situação actual das diversas estações de tratamento de água, a DSAMA confirma que a Macau Water está preparada para o tufão, os painéis de retenção de água estão bem colocados nas instalações de produção de água na Estação de Tratamento de Água na Ilha Verde e no Reservatório Central de Macau, cuja altura máxima é de 2,6 metros, enquanto a porta de estanque vai ser fechada.”

Além disso, a concessionária “já encheu todos os tanques de água elevados e vai estar atenta ao seu nível de água, a fim de garantir uma reserva suficiente para satisfazer as necessidades”.

Além disso, a Macau Water garante que vai aumentar “o número de funcionários em serviço e reforçará a inspecção das estações de tratamento de água”. “Na altura, os funcionários responsáveis pelo tratamento de água e rede de tubagens estarão em serviço na Estação de tratamento de água na Ilha Verde, no Reservatório Central de Macau e na Estação de tratamento de água de Coloane. Os funcionários responsáveis pela reparação dos equipamentos estarão em serviço na Estação de tratamento de água na Ilha Verde e no Reservatório Central de Macau”, explica o mesmo comunicado.

Electricidade garantida

No que diz respeito ao fornecimento de electricidade, o Governo também assegura que não deverão ocorrer problemas. “Está verificado e confirmado o funcionamento regular das instalações de fornecimento de electricidade de reserva em cada estação e o automóvel que gera energia de reserva pode ser utilizado.”

Além disso, a DSAMA “coordenou com a CEM sobre medidas de apoio de contingência, para reforçar a segurança de fornecimento de electricidade às estações de tratamento de água”.

Recorde-se que o ano passado, a 23 de Agosto, várias casas ficaram sem luz durante algumas horas após a passagem do tufão Hato, sendo que o fornecimento de água ficou suspenso durante vários dias em algumas das zonas mais afectadas no território.

15 Set 2018

Rui Valente está por agora fora do Grande Prémio de Macau

Foi um fim-de-semana de decisões aqui ao lado no Circuito Internacional de Zhuhai para os pilotos de carros de Turismo locais. O segundo “Festival de Corridas de Macau” do ano trouxe muita animação, alegrias, tristezas e decidiu os apurados para a Taça de Carros de Turismo de Macau da 65ª edição da Grande Prémio de Macau

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] competição organizada pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) que este ano está novamente dividida em duas classes – “AAMC Challenge 1.6 Turbo” e “AAMC Challenge 1950cc ou Superior” (anteriormente designada como Roadsport Challenge) – teve novamente quatro corridas e, mais uma vez, quatro vencedores diferentes.

À imagem do primeiro confronto, os pilotos de Hong Kong foram mais fortes entre os carros de motor 1600cc Turbo, enquanto na colorida categoria para viaturas de cilindradas superiores a 1950cc foram os pilotos de Macau a tomarem conta dos acontecimentos.

 

Classe do Suncity

A classe “AAMC Challenge 1.6 Turbo” reuniu os mesmos vinte e sete participantes do primeiro evento e a primeira corrida, no sábado, foi totalmente dominada pelos muito bem preparados Peugeot RCZ da equipa Suncity Racing Team de Hong Kong. Andrew Lo estreou-se a vencer, tendo a companhia na cerimónia do pódio dos seus companheiros de equipa Alex Fung e Paul Poon que tinha arrancado da pole-position.

Ryan Wong (Chevrolet Cruze) foi o quarto classificado e melhor dos representantes de Macau, terminado à frente de Leong Chi Kin (MINI Cooper S).

Dentro do Top-10 terminou o melhor dos nomes portugueses, Célio Alves Dias (MINI Cooper S), no nono posto. No que respeita à armada de macaenses, Hélder Assunção foi 13º, Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) finalizou no lugar seguinte, ao passado que Eurico de Jesus foi 16º. Rui Valente complicou as contas da qualificação, ao ser apenas 20º classificado devido a problemas de travões que destruíram ao longo da corrida um pneu. Filipe Souza (Chevrolet Cruze) continuou a sua senda de infortúnios e nem sequer arrancou para a primeira corrida do fim-de-semana devido a problemas de motor.

No domingo, dia decisivo para muitos, a corrida foi disputada em piso molhado, mas gradualmente a secar. A Suncity Racing Team fez outra dobradinha, com Alex Fung a ver a bandeira de xadrez à frente de Paul Poon. Sem andamento para ombrear com os dois primeiros, Cheong Chi On (Peugeot RCZ) foi o melhor dos representantes do território, conquistando o último lugar de honra.

Destaque para a corrida inglória de Rui Valente. O piloto português, que teve um acidente no treino matinal e que por isso não participou na qualificação, arrancou de último. Apostando em pneus slicks e com o asfalto a secar, Valente foi galgando posições durante as 12 voltas, terminando num doloroso 9º lugar. Mais uma volta e Valente teria subido a oitavo e com isso conseguido o ambicionado apuramento para o Grande Prémio. Naquele que é o seu 30º ano no automobilismo, Valente terá agora que esperar que algum dos 18 pilotos que ficou à sua frente não se inscreva para a Taça de Carros de Turismo de Macau do mês de Novembro.

Badaraco, o vencedor desta categoria na “Taça CTM” na pretérita edição do Grande Prémio, deu um ar da sua graça, terminando no quarto posto. Assunção foi 14º e “Bebe” Eurico finalizou em 23º, enquanto Dias terminou classificou no 19º posto, mas já com duas voltas de atraso. Filipe Souza somou mais um abandono.

 

Para os de cá

Na mais numerosa categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Superior”, onde cinquenta concorrentes lutaram por apenas dezoito vagas, assistiu-se dois triunfos de pilotos da RAEM, a exemplo do que tinha acontecido no primeiro fim-de-semana no mês de Maio.

Na tarde de sábado Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9) voltou a impor-se, com uma certa naturalidade, vencendo a corrida a seu bel-prazer, obtendo o seu segundo triunfo do ano. Stephen Lee (Mitsubishi Evo9) e o japonês Mitsuhiro Kinoshita (Nissan GTR-34) perfizeram o pódio.

No domingo foi a vez do veterano Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) levar a melhor, por um segundo e meio sobre Samson Fung (Audi TTRS) de Hong Kong e Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi Evo9). O piloto macaense já tinha sido quarto classificado na primeira corrida e voltou ao pódio numa corrida em que terminou a escassos dois segundos e meio do vencedor.

Luciano Castilho Lameiras teve um fim-de-semana desapontante, tendo-se qualificado para a corrida de sábado, mas não cumprindo qualquer volta, ao passo que no domingo só realizou três voltas. Por seu lado, Jo Merszei optou por não alinhar na prova por não ter uma viatura competitiva à disposição, como tinha ficado evidente no primeiro evento.

Nos próximos dias a AAMC deverá anunciar o início do período de inscrições para o Grande Prémio, onde os 18 melhores classificados de cada categoria têm acesso imediato. Aqueles que não conseguiram o apuramento directo terão que esperar por alguma desistência para terem acesso à grande corrida do ano.

3 Jul 2018

Academia do Sporting realiza torneio de futebol para sub-13

O Campo do D. Bosco recebe no sábado um torneio organizado pela Academia do Sporting, que conta com a participação de equipas vindas de Zhuhai, Shenzhen e Hong Kong

 

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m torneio para aferir a qualidade do trabalho desenvolvido e comparar o nível interno com as regiões vizinhas. É desta forma que os responsáveis Academia do Sporting definem os objectivos da primeira edição do torneio internacional de juvenis, que se realiza este sábado, no campo D. Bosco.

“É uma oportunidade para aferir em que nível está o trabalho que temos vindo a realizar dentro da academia do Sporting. Queremos ver como nos encontramos perante as outras regiões, uma vez que vamos ter pela frente equipas de Hong Kong, Shenzhen e Zhuhai”, disse Nuno Capela, Director Técnico da academia.

O torneio vai contar com seis equipas participantes no total. O território vai estar representado pela equipa da Academia do Sporting, Escola Portuguesa de Macau e Escola de Futebol de Macau, uma formação sob a tutela do Instituto do Desporto. A cidade de Hong Kong vai ser representada por AET ARKsports, Zhuhai pela FYFC e Shenzhen pela Escola Primária Meiyuan.

Nuno Capela reconheceu também que o torneio está a criar expectativas junto da comunidade e dos pais. “A informação só se tornou pública esta semana e a reacção que temos recebido tem sido muito boa. Mesmo entre os pais há expectativas enormes porque sentem que é um dia que pode ficar facilmente na memória dos miúdos”, revelou.

Está previsto que os jogos comecem pelas 9h da manhã e terminem por volta das 17h30, marcando o final do evento. Segundo o modelo da competição, as equipas vão ser divididas em dois grupos de três. Os primeiros classificados dos grupos disputam a final e os segundos classificados vão jogar pela atribuição do terceiro lugar.

 

Para repetir

Por parte da organização, que tem estado principalmente a cargo de Nuno Capela e Pedro Lopes, Director Administrativo da Academia, existe a esperança que a competição se possa repetir no futuro.

“Esperamos poder a vir repetir o torneio porque a nossa ideia é criar um torneio de juvenis do Sporting que se realize de forma anual. Este mês ainda não sei se será possível repetir no próximo ano, mas é este o nosso desejo”, explicou Nuno Capela, que é também o treinador do Sporting de Macau.

Apesar de tudo, o torneio esteve em risco de não se realizar, depois da MGM não ter concretizado um patrocínio que tinha ficado apalavrado. A operadora tem sido um dos parceiros da Academia do Sporting, com a criação de bolsas para alguns jogadores poderem participar nas actividades da escola de futebol.

“Infelizmente não vamos poder fazer o torneio nos moldes em que inicialmente tínhamos pensado, porque não foi possível concretizar o acordo verbal anunciado”, reconheceu o director técnico do Sporting, José Reis.

“Mas assim que esse cenário se confirmou, o Pedro Lopes e o Nuno Capela entraram imediatamente em campo para reunir outros apoios financeiros de logísticos e realizar o evento, mesmo que com um orçamento substancialmente reduzido”, frisou.

5 Jun 2018

Residentes de Macau alvo de alegada burla em Zhuhai

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]erca de cinco centenas de investidores, incluindo de Macau, foram alegadamente vítimas de burla num negócio de compra de fracções comerciais em Zhuhai. Segundo cartas enviadas na noite de segunda-feira ao HM, assinadas por proprietários das fracções comerciais da Yangming Plaza, em Zhuhai, os espaços, que adquiriram para investimento foram hipotecados.

De acordo com os investidores, o processo de arrendamento das lojas a terceiros foi entregue a uma empresa em Zhuhai. A descoberta de que as fracções comerciais tinham sido hipotecadas por um banco deu-se depois de, este mês, terem deixado de receber as respectivas rendas das fracções compradas no início de 2016.

Os cerca de 500 proprietários, que alegam ter investido 200 milhões de renminbis no referido centro comercial, referem que endereçaram uma missiva ao Governo de Zhuhai, mas que não receberam qualquer resposta até ao momento. Se não for entretanto encontrada uma resolução, os investidores garantem que vão comunicar o alegado caso de burla a instâncias superiores.

31 Mai 2018

Automobilismo | AAMC organiza prova da Taça da Corrida Chinesa em Zhuhai

Sem espaço no programa da 65ª edição do Grande Prémio de Macau, a Taça da Corrida Chinesa terá a sua corrida da RAEM no Circuito Internacional de Zhuhai. O calendário para 2018 deste troféu monomarca foi dado a conhecer na passada sexta-feira

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, o organizador desta corrida, que na realidade não é apenas uma, mas sim um campeonato disputado com viaturas BAIC Senova D50 TCR em vários circuitos da Grande China, esperava regressar ao Circuito da Guia este ano, mas acabou por ver a sua prova ultrapassada pela “Taça de Grande Baía”.

A Taça da Corrida Chinesa, prova que o ano passado foi ganha no Circuito da Guia pelo macaense Hélder Assunção, vai manter o espírito das edições anteriores, realizando cinco eventos organizados pelas associações desportivas nacionais da República Popular da China, Hong Kong, Taiwan e Macau.

A prova até aqui organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) no fim-de-semana do Grande Prémio de Macau como última prova da temporada, vai passar agora a ser a prova de abertura. A Taça da Corrida Chinesa sob a égide da AAMC irá decorrer no fim-de-semana de 30 de Junho e 1 de Julho, no circuito permanente da cidade chinesa adjacente à RAEM, durante o segundo “Festival de Corridas de Macau” do ano.

“A cerimónia de abertura da Taça da Corrida Chinesa será na casa da associação automóvel de Macau, AAMC, em Zhuhai, Guangdong, de 30 de Junho a 1 de Julho. Esta será a primeira vez que a Taça da Corrida Chinesa corre no Circuito Internacional de Zhuhai, enfrentando com empenho os desafios da primeira pista construída na China”, dizia comunicação da organização do campeonato colocada a correr nas redes sociais.

Para além de Zhuhai, o calendário de cinco eventos inclui também passagens por circuitos em Guangzhu, Ningbo, Xangai e Wuhan.

Milhões para a Taça da Grande Baía

Entretanto, o promotor da “Taça de Grande Baía”, Eric Wong, confirmou à imprensa de Hong Kong, o que o HM já tinha noticiado em primeira mão: esta nova adição ao programa do Grande Prémio será disputada com viaturas da marca Lotus. O gestor da Richburg Lotus escreveu dois artigos de opinião na imprensa de Hong Kong, publicados na pretérita semana, onde revelou que a sua organização adquiriu vinte e cinco Lotus, motorizados com blocos V6 de 3.5 litros, por 20 milhões de dólares de Hong Kong. Com negociações em curso entre a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e o promotor desta iniciativa, pormenores sobre os moldes de como esta competição destinada a pilotos da região Guangdong-Hong Kong-Macau será disputada serão dados a conhecer ao público mais tarde.

30 Mai 2018

Chui Sai On reforça papel de colaboração regional

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, voltou a sublinhar a vontade de Macau em reforçar o intercâmbio entre as autoridades locais, as do Interior do país e dos países vizinhos.

A ideia foi dada na passada sexta-feira num encontro de Chui Sai On com a delegação da quarta edição do “Plano de Visitas de Presidentes da Câmara” de países adjacentes à China, que visitou Macau. Em causa está um contributo conjunto para o desenvolvimento da economia à escala global, refere o comunicado enviado à comunicação social.

Macau tem de ser visto como uma peça fundamental, considerou o Chefe do Executivo, por múltiplas razões. Chui Sai On recorreu ao passado e recordou que “Macau tem uma longa história enquanto interposto comercial, baseado em rotas terrestres e marítimas antigas que ligam a Ásia e o Ocidente, desempenhando desde sempre uma função de plataforma”, lê-se. É com esta função que “o território tem promovido um intercâmbio comercial e cultural entre os países envolvidos e criado um ambiente de cooperação benéfico para todas as partes”, apontou o Chefe do Executivo.

No entender do Chefe do Executivo, a estratégia de cooperação em projectos como o da Grande Baía, passa por criar uma região metropolitana de nível mundial, reforçando as cooperações económica, comercial, cultural e turística entre as várias cidades.

Neste âmbito, considerou, “Macau pode exercer ainda melhor as suas funções de Centro Mundial de Turismo e Lazer, assim como de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, lê-se em comunicado.

 

A benção do continente

Neste encontro, participou também o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau, Ye Dabo. O comissário sugeriu à delegação que aproveite a estadia em Macau para aprofundar conhecimentos sobre o impulso dado pelo princípio de “Um País, Dois Sistemas” ao desenvolvimento socioeconómico.

Já o representante das cidades da China interior e governador do município de Zhuhai, Yao Yisheng, afirmou que o planeamento geral da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau vai ser lançado em breve, “sendo esta uma nova e importante oportunidade para as cidades chinesas reforçarem a cooperação com Macau e se abrirem ainda mais”.

Ao mesmo tempo, com a implementação plena da estratégia nacional “Uma Faixa, Uma Rota”, e tendo em conta o facto de a ligação entre os locais ser cada vez mais estreita e conveniente, as cidades do interior da China ganham mais condições para aumentar o nível de cooperação com Macau, no sentido de potenciarem o seu papel em prol de uma maior abertura do País ao exterior, e se alcançar maior desenvolvimento.

 

Cidades quase irmãs

O responsável acrescentou, ainda que Zhuhai e Macau estão ligados “pelo sentimento de proximidade entre as pessoas”. Yao Yisheng defende que os dois territórios devem, com base na plataforma já existente, potenciar ainda mais a cooperação, com vista a impulsionar as colaborações no âmbito da economia, do comércio, do turismo e da cultura.

Por sua vez, o chefe da delegação da quarta edição do “Plano de Visitas de Presidentes da Câmara” de países adjacentes à China, o governador da Província de Savannakhet da República Democrática Popular do Laos, Santiphab Phomvihane, afirmou que o evento possibilita o encontro entre os representantes das regiões participantes, “no qual podem partilhar ideias e trocar experiências nas áreas de investimento, comércio e turismo”. Para o responsável os resultados têm sido positivos.

23 Abr 2018

Ponte do Delta | Autoridades relativizam despreendimento de blocos de betão de ilha artificial

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] entidade que gere a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau descartou preocupações de segurança gerados com o despreendimento de blocos de betão de uma das ilhas artificiais, garantindo que a estrutura é segura. Engenheiros contestam as explicações dadas e alertam para os perigos.

O alarme soou com a divulgação de imagens aéreas a mostrar blocos quebra-mar desprendidos das bordas da ilha artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau – que liga a secção de Hong Kong ao túnel subaquático em águas da China. A entidade que gere o projecto multimilionário descartou preocupações relativas à segurança na sequência do aparente colapso da estrutura que deve proteger a ilha artificial ao longo do trecho principal.

A Autoridade da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau garantiu que a estrutura funciona como suposto, mas a explicação não convence especialistas da antiga colónia britânica que advertiram para um risco catastrófico de o túnel subaquático ligado à ilha artificial ser arrastado por causa de protecção insuficiente. A Autoridade da Ponte do Delta – que abarca representantes dos três governos – afirmou que os blocos de betão foram especialmente concebidos para submergirem de “forma aleatória” durante a maré alta, de modo a evitar que o topo da estrutura da ilha seja afectado pelas ondas. Além disso, dado que a ilha se encontra ligada a um túnel, a concentração de dolos, como são conhecidos esses blocos de betão, exerceria muita pressão, argumentou ainda em comunicado, citado pelos ‘media’ de Hong Kong. O empreiteiro construiu em estrita conformidade com o projecto, que foi completamente inspeccionado e aprovado atendendo aos padrões exigidos, complementou a mesma entidade, acrescentando que o local resistiu à devastação do tufão Hato no verão passado.

 

Peritos duvidam

No entanto, especialistas mantém-se preocupados, observando que as ondas de uma intempérie podem danificar o paredão se os dolos não estiverem a proteger as bordas da ilha artificial. Ngai Hok-yan, engenheiro de infra-estruturas, afirmou ter reservas relativamente à explicação facultada pela autoridade da Ponte do Delta, questionando se a protecção será suficiente com apenas uma camada de dolos no ponto de conexão com o túnel. “A nossa prática padrão é usar pelo menos duas camadas de dolos para servirem de zona de protecção”, explicou, apontando ainda que cada bloco pesa apenas cinco toneladas quando noutros projectos em Hong Kong, como o de um reservatório, foram usados dolos de 25.

“Parece-me que a protecção para a ilha artificial é insuficiente”, afirmou ao jornal South China Morning Post, observando que “o túnel pode desprender-se e flutuar com fendas e infiltração de água. Nesse caso, seria o fim do túnel e da ponte também”, alertou.

Albert Lai Kwong-tak subscreveu, qualificando as explicações da Autoridade da Ponte de “irrazoáveis”, ao sustentar que mesmo havendo necessidade de distribuir aleatoriamente os dolos a área em causa deveria ser menor. “Pode haver um problema de assentamento irregular da ilha artificial”, disse o engenheiro, apontando que, se for o caso, o túnel pode estar em risco, embora não acredite que a ilha esteja em perigo iminente.

 

6 Abr 2018

Proibição | Pró-democratas contra novo Regimento da Assembleia Legislativa

Os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong realizaram uma conferência de imprensa para mostrarem o seu desagrado face à alteração ao Regimento da Assembleia Legislativa. Uma das razões prende-se com a proibição do uso de cartazes pelos deputados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] decisão da Comissão de Regimento e Mandatos da Assembleia Legislativa (AL) de não permitir que os tribunos usem cartazes no plenário continua a fazer correr tinta, ao ponto de motivar uma conferência de imprensa dos deputados pró-democratas Ng Kuok Cheong e Au Kam San. O último explicou que, por vezes, durante as sessões plenárias os deputados não conseguem expressar completamente as suas ideias devido às restrições colocadas pelas regras internas da AL. É aí que os cartazes têm a sua utilidade, permitindo uma intervenção suave que não perturbe a ordem de trabalhos do órgão legislativo.   

Ainda dentro deste assunto, a dupla de pró-democratas não está satisfeita com o facto de esta medida apenas incidir sobre a conduta dos deputados, uma medida que consideram reduzir as próprias funções e capacidades da AL.

Na passada semana, o presidente da Comissão de Regimento e Mandatos, Vong Hin Fai, afastou a hipótese desta interdição restringir os direitos dos membros da AL.

De acordo com Au Kam San, a proibição de cartazes com mensagens políticas nos plenários foi uma ideia que surgiu de Chan Iek Lap, deputado eleito por via indirecta. A intenção será proteger a solenidade e dignidade da AL. Au Kam San, que também faz parte da Comissão de Regimento e Mandatos, não assinou a proposta de resolução que estatui a restrição.

O deputado pró-democrata argumentou ainda que em todos os congressos, assembleias e parlamentos em países democráticos não existe esta proibição.

Tempo escasso

A Comissão de Regimento e Mandatos mereceu a crítica dos deputados pró-democratas por causa de alterações que não constam da proposta de resolução. Os deputados são do entendimento de que os plenários não deveriam terminar às 20h, horário em que os trabalhos são suspensos. De igual modo, gostariam que as reuniões das comissões permanentes e de acompanhamento fossem abertas ao público, ideia que, de resto, tem sido subscrita recentemente por vários deputados.

Atendendo a todas estas reticências, Ng Kuok Cheong e Au Kam San vincaram que vão votar contra a proposta de resolução que visa alteração ao Regimento da AL, um dos pontos da ordem do dia do plenário desta tarde.

Apesar de não ter realizado um inquérito a outros tribunos, Au Kam San acredita que a maioria dos deputados eleitos por via directa irá votar contra as alterações ao funcionamento do plenário.

Durante a conferência de imprensa de ontem, Au Kam San disse ter recebido uma mensagem a pedir-lhe que participe numa reunião da Comissão de Regimento e Mandatos hoje de manhã, antes do plenário marcado para a tarde. O deputado confessou que não tem conhecimento do objectivo deste compromisso, uma vez que os detalhes das alterações foram discutidos nas reuniões passadas da comissão.

Grande Baía | Macau e Zhuhai antecipam ideia com Hengqin

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] parceria estratégica entre Macau e Zhuhai na Área Piloto do Comércio Livre de Hengqin será aprofundada, de forma a potenciar o fluxo de pessoas e mercadorias entre as duas regiões. Esta foi uma das decisões tomadas na reunião entre as autoridades da RAEM e os representantes de Zhuhai, nomeadamente o governador do município, Li Zezhong. Lionel Leong explicou que a experiência da Ilha da Montanha permite aprofundar a cooperação bilateral nas áreas industriais, emprego, protecção ambiental, educação, cultura e tecnologia. Ambos os representantes concordaram que esta cooperação potencia os benefícios que resultam da política “Uma Faixa, Uma Rota” e da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau. O secretário para a Economia e Finanças acrescentou que Macau continuará a potencializar as suas funções enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

27 Jul 2017

Ponte em Y | Preocupações de Hong Kong não são partilhadas por Macau

A ligação entre Hong Kong-Zhuhai-Macau está quase completa, criando receios na outra região de administração especial, em particular entre os movimentos pró-democratas. Por cá, a questão é vista mais da perspectiva económica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] assunto não é novo, mas tem muitos contornos políticos, principalmente em Hong Kong. À medida que a construção da maior ponte do mundo chega ao fim, os receios trazidos pela inevitável integração lançam gasolina na fogueira das relações já tensas entre o território e Pequim.

Com a celebração dos 20 anos da transferência de soberania de Hong Kong, e a visita de Xi Jinping ao território, as velhas preocupações do Governo colonial britânico são hoje evocadas pelas forças pró-democratas da região, que temem que o projecto da ponte ponha em causa a política “Um país, dois sistemas”.

“Dentro de 10 a 15 anos, quando estas infra-estruturas estiverem concluídas, Hong Kong será visto apenas como parte da China devido à ausência de uma fronteira clara.” As palavras são de Kwok Ka-ki, deputado pró-democrata de Hong Kong, em declarações à agência Reuters. O tribuno alarga a sua desconfiança também à ligação ferroviária com o Interior da China.

Por cá, Au Kam San considera que “a ponte não causa uma grande influência em Macau”. “Não penso que as fronteiras entre as três regiões fiquem menos visíveis”, declara. O deputado à Assembleia Legislativa (AL) não considera que a infra-estrutura coloque em causa a política “Um país, dois sistemas”.

O pró-democrata local recorda que a ponte da Baía de Shenzhen, que causou muitos protestos do outro lado do Delta, pode levantar problemas mais complicados em termos políticos. Com o arranque desse transporte público prevê-se que polícias do Interior da China possam exercer acções de fiscalização junto dos passageiros oriundos de Shenzhen em território de Hong Kong. Uma questão diferente, que foi considerada na outra região de administração especial como o aperto de controlo de Pequim.

Em Macau, Au Kam San entende que, como já existe a Ponte Flor de Lótus, com ligação à ilha de Hengqin, que não prejudicou o princípio “Um país, dois sistemas”, acrescentando que não será a nova ponte a causar erosão à política estatuída nas declarações conjuntas.

Margens históricas

A ponte é um projecto que tem sido discutido há décadas. Em 1983, o histórico empresário de Hong Kong Gordon Wu lançou a ideia para a construção da infra-estrutura. Esta seria a resposta rodoviária ao crescendo de trocas comerciais entre a antiga colónia britânica e a cidade de Shenzhen, bem antes da transferência de soberania.

Albano Martins entende os receios de integração por parte de um sector de Hong Kong mais activo politicamente, “porque os sistemas são, de facto, muito diferentes”. Porém, o economista entende que “a China irá cumprir com o acordo firmado na assinatura da Declaração Conjunta e terá de manter o segundo sistema a funcionar até se esgotarem os 50 anos”. O analista vê com naturalidade os desejos de aceleração nas forças mais agressivamente pró-Pequim, a fim que a integração se faça progressivamente.

Por exemplo, os casos de políticos pró-democratas a serem barrados nas fronteiras de Macau e Hong Kong são, na óptica de Albano Martins, “uma violação ao segundo sistema”. Ou seja, uma aproximação à forma como se faz política no Interior da China. Porém, o economista não considera que a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau possa, por si só, ser tão preponderante do ponto de vista da integração política.

O membro do Partido Comunista Chinês e director da Autoridade da Ponte, Wei Dongqing, encara o projecto como uma forma de ligação para promover a unidade, tanto física, como mental. “É uma ligação psicológica, ainda assim estamos confiantes num futuro com um mercado único, um povo único. Esse é o sonho”, disse o alto funcionário à Reuters.

É precisamente este sonho que é visto como um pesadelo para os pró-democratas de Hong Kong que encaram a construção como uma aproximação do território à China comunista.

Travessia financeira

“Acho que facilitará, em muito, o fluxo de mercadorias e serviços entre os três sítios que já têm uma enorme tendência de integração económica”, comenta Wang Jianwei, académico da Universidade de Macau, especialista em política externa chinesa.

O professor da Faculdade de Ciências Sociais olha para a situação como uma questão de inevitabilidade económica. “Macau e Hong Kong não podem passar ao lado da possibilidade de se conectarem com uma região e mercado maiores”, comenta. Wang Jianwei vê a integração como uma hipótese de desenvolvimento económico com grande potencial para a criação de emprego. Ficar de fora do projecto de construção que está em curso seria uma decisão com consequências maiores do que o preço político a pagar. Porém, o académico não acha que “o Governo Central veja a construção da ponte como uma forma de se imiscuir politicamente em Hong Kong e Macau”.

Por outro lado, Albano Martins considera que houve uma ilusão criada pela forma como a China se abriu economicamente. “Com a aproximação ao segundo sistema do ponto de vista da adesão à economia de mercado, houve quem ficasse com a ideia de que o primeiro sistema poderia ser absorvido pelo segundo”, comenta. Porém, essa situação é contrária à “própria dinâmica de manutenção do sistema de partido único”.

O economista entende as preocupações da população de Hong Kong, sobretudo das famílias que “viveram os dramas do êxodo de Xangai depois da conquista do poder pelo Partido Comunista Chinês”. Albano Martins acrescenta ainda que este será um problema que terá sempre de ser enfrentado pelos descendentes de uma “elite empreendedora de Xangai, que ajudou muito à criação do tecido económico de Hong Kong e que tem um trauma com a aproximação de Pequim”.

Reverso da moeda

No meio de tanta celeuma, o facto é que o controlo fronteiriço se mantém. Além disso, há uma realidade que parece estar a escapar aos activistas pró-democratas de Hong Kong: a ponte também vai para Zhuhai. “A aproximação entre as três cidades incrementa as comunicações e os transportes, mas também a compreensão entre as três regiões”, projecta Wang Jianwei. O professor da Universidade de Macau espera que a ponte encoraje ainda mais o incremento do turismo do Continente nas regiões administrativas especiais.

Wang Jianwei vê a infra-estrutura como a forma de implementar o ciclo de vida de um dia, em que “uma pessoa possa viver em Zhuhai, trabalhar em Hong Kong e regressar no mesmo dia”.

O académico espera ainda que a ponte contribua para “reduzir as suspeitas e mau ambiente entre as pessoas”. Como Macau e Hong Kong têm um estilo de vida e cultura diferentes do Interior da China, isso também será um “desafio para os ‘mainlanders’ que serão sujeitos a um espírito mais liberal”.

O facto é que, economicamente, ambas as regiões administrativas especiais dependem da China, a segunda maior economia mundial, como seria inevitável. Nesse aspecto, Albano Martins explica que “o cerco económico está feito”. A restante integração política é a grande questão, ainda envolta em grandes dúvidas, uma vez que os três territórios têm jurisdições e culturas políticas bem distintas. O economista não duvida de que “a integração não se vai fazer sem alguns danos colaterais para as populações”. O grau desses danos está por apurar, assim como a direcção das influências culturais num sentido bilateral. Para que o futuro se clarifique “é preciso ver o que acontece com a renovação de gerações”.

Um dos desafios é saber como a liberdade de expressão será tratada, feita a total integração política, assim como o respeito pelos direitos humanos. Mas também do lado de Pequim, até que ponto as novas gerações, com maior fluidez de movimentos e possibilidades económicas, irão encarar e construir o futuro da China.

29 Jun 2017

Provas de qualificação para o Grande Prémio começaram em Zhuhai

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Circuito Internacional de Zhuhai acolheu o primeiro Festival de Corridas de Macau, um evento organizado pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC), que tem, para além de contar para o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa), tem como finalidade apurar os pilotos para a Taça CTM de Carros de Turismo de Macau do 64º Grande Prémio de Macau do mês de Novembro. Este ano, ao contrário de anos anteriores, as provas de qualificação para o grande evento do mês de Novembro juntam os pilotos de território aos pilotos de Hong Kong e outras paragens.

Neste primeiro evento, os pilotos de Macau dominaram os acontecimentos, vencendo as quatro corridas realizadas no circuito permanente da cidade continental chinesa adjacente à RAEM.

Dias e Souza e limitada

A categoria “AAMC Challenge 1.6 Turbo” assistiu a dois triunfos de pilotos macaenses. Contrariando o favoritismo dos pilotos de Hong Kong, no sábado, Filipe Souza (Chevrolet Cruze) partiu da pole-position para  primeira corrida, tendo ao seu lado Célio Alves Dias (Mini Cooper S), no entanto o campeão de Macau em título viria a abandonar, devido a um furo, abrindo as portas do triunfo a Alves Dias. O piloto macaense viu a bandeira de xadrez com uma margem superior a dois segundos sobre Samson Fung (Peugeot RCZ), o melhor representante da região vizinha, e Leong Chi Kin (Mini Cooper S).

No domingo, Souza teve a sua vingança, partindo do primeiro posto, tendo por lá ficado durante as 12 voltas, superando o veterano Paul Poon (Peugeot RCZ) e Leong Chi Kin. Souza fez ainda a volta mais rápida.

Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) foi 11º classificado na primeira corrida, mas desistiu na segunda. Já Rui Valente penou com problemas mecânicos no primeiro dia, ficando-se pelo modesto 20º lugar. No domingo, o piloto português finalizou no 14º lugar, terminando a segunda corrida do fim-de-semana à frente de Alves Dias, mas ficando com um sabor amargo de boca, porque problemas de travões impediram um resultado quase certo dentro dos dez primeiros.

Vitórias repartidas

A categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” juntou mais de cinco dezenas de viaturas. Também aqui os pilotos da RAEM se superiorizaram à concorrência. Arrancando das duas primeiras posições, Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9) e Billy Lo (Mitsubishi Evo7) passearam na frente da corrida sem oposição. Ng Kin Veng (Mitsubishi Evo9) completou um pódio preenchido só por pilotos do território. Aproveitando o facto de Leong Ian Veng não ter completado uma só volta, a segunda corrida foi ganha por Lo, seguido por Simon Yan  (Mitsubishi Evo9) e Ng Kin Veng. O oitavo posto conquistado por Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo9) foi o melhor resultado dos pilotos de matriz portuguesa, ele que na corrida de sábado tinha desistido com um problema na bomba que puxa a gasolina. O estreante Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi Evo7) somou ao 16º lugar da corrida de sábado um interessante nono lugar no domingo. Hélder Assunção (Mitsubishi Evo9) levou para casa um 19º lugar como melhor resultado do fim-de-semana.

O segundo e decisivo Festival de Corridas de Macau está agendado para 23 a 25 de Junho, novamente no Circuito internacional de Zhuhai.

29 Mai 2017

Ponte do Delta | Zhuhai anuncia planta do posto fronteiriço

As autoridades de Zhuhai já divulgaram os planos para a fronteira que vai existir na ligação entre Hong Kong, a cidade chinesa e Macau. A prioridade no acesso vai ser dada aos transportes públicos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]cupa uma área total de 107,33 hectares e vai ser instalado na ilha artificial construída para o efeito. As autoridades da cidade chinesa vizinha deram a conhecer os detalhes do posto fronteiriço de Zhuhai na Ponte do Delta.

De acordo com a imprensa chinesa, que teve acesso aos pormenores da planta, a zona oriental da fronteira tem ligação ao segmento principal da ponte. A parte ocidental da estrutura está virada para o município chinês, enquanto o lado sul fará a ligação ao posto fronteiriço de Macau.

O terreno onde vai ficar instalada a fronteira tem espaço para outras infra-estruturas: as autoridades explicam que existem áreas para serviços industriais, instalações públicas e ainda uma zona reservada para o desenvolvimento.

A planta revela também as localizações concretas das zonas funcionais do posto fronteiriço de Zhuhai, como o controlo da documentação, a zona integrada do serviço e o centro de transportes rodoviários.

A planta permite ficar ainda a perceber-se como é que vai ser feito o controlo dos transportes no posto fronteiriço: a ideia é controlar e orientar a entrada de viaturas privadas na ilha artificial, sendo que vai ser dada prioridade aos veículos públicos.

A planta também reserva uma abertura na rede rodoviária subterrânea da cidade para que possa ser feita uma ligação ao centro de transportes rodoviários do posto fronteiriço. A zona sul permitirá chegar ao posto fronteiriço de Macau.

A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau deverá estar concluída no final deste ano. A secção da cidade vizinha já está concluída: ficou pronta com o túnel de Gongbei, um projecto que demorou quatro anos a ser executado. A passagem tem mais de 2700 metros de comprimento e atravessa o posto fronteiriço.

5 Jan 2017

Instituto da UM em Zhuhai recebe 4,5 milhões da China para investigação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Investigação Científica Tecnológica da Universidade de Macau em Zhuhai vai receber mais de 4,5 milhões de yuan da Fundação Nacional de Ciências Naturais (FNCN) para projectos de investigação científica. A notícia foi ontem divulgada pela própria universidade, que diz ter recebido aprovação para 12 projectos de investigação este ano.
Depois de, no ano passado, o Instituto ter recebido um financiamento à volta do mesmo valor da mesma fundação chinesa, o Instituto viu ser-lhe concedido este valor que corresponde a cerca de 30% dos 40 pedidos feitos pela instituição. “É uma taxa de sucesso alta, comparativamente aos dois anos anteriores”, sublinha o Instituto.
Os projectos vão ser dirigidos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, Faculdade de Ciências da Saúde e Instituto de Ciências Médicas Chinesas.
O Instituto de Investigação Científica Tecnológica da Universidade de Macau em Zhuhai foi criticado pelo Comissariado de Auditoria no ano passado. A instituição foi criada em 2011 com o objectivo de fixar uma base de investigação na China continental e conseguir obtenção de apoios financeiros atribuídos pela Fundação Nacional para as Ciências Naturais, mas foi criada em forma de entidade privada não empresarial, o que levou o Comissariado a considerar que a situação impede a “fiscalização eficaz e controlo” e faz com que a universidade “corra riscos na gestão do Instituto de Investigação”. Uma reestruturação estaria a caminho, mas até agora nada se sabe. Como avançou ainda o HM, o Instituto terá também violado a Lei Básica, segundo juristas, na medida em que que houve transferência de fundos de Macau para a região vizinha sem autorização. Mas, questionado pelo HM, o Governo optou por não investigar o caso, porque no relatório que espoletou esta ideia não estava claramente descrita esta “interpretação”.

13 Set 2016

Lesados com investimento em Zhuhai pedem ajuda a Gabinete de Ligação

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi entregue ontem uma petição junto do Gabinete de Ligação do Governo Central da China na RAEM e do Governo local, que denuncia um negócio relativo a fracções adquiridas por residentes locais no Condomínio Ling Xiu Cheng, em Zhuhai. Na entrega da petição – que aconteceu também em Hong Kong e Zhuhai, além de Macau – estiveram mais de cem pessoas que dizem ter sido enganadas na compra das referidas fracções, sendo que lhes tinha sido “prometido” um lucro substancial.
Contactado pelo HM, José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que se juntou à causa, afirma que se trata de “uma acção derivada de uma ludibriação que os queixosos sofreram relativamente ao investimento”. As declarações do deputado foram feitas após reunião com os responsáveis pela petição.

Promessas vãs

A situação deriva de uma promessa de lucro, não cumprida, feita pelo responsável pelo arrendamento das fracções. Entre Junho de 2013 e Junho de 2016 o lucro obtido “situou-se apenas entre os 7% e os 9 %”. Com a alegada recessão do mercado, o mesmo responsável admitiu que o valor das rendas ainda teria que baixar cerca de 50%. A compra destas fracções pelos quase 200 residentes locais implicou “investimentos enormes sendo que há pessoas que venderam as casas que tinham em Macau para poder investir em Zhuhai”, afirma José Pereira Coutinho.
A entidade gestora do empreendimento tem vindo a mudar ao longo do tempo, o que “provoca uma grande complexidade jurídica e de compreensão deste processo. Trata-se de cerca de três ou quatro tipos de contratos envolvidos, em diferentes actividades” pelo que análise poderá ainda demorar uns dias, alerta o deputado.
O presidente da ATFPM aconselha ainda a apresentação de queixa por parte dos lesados ao Conselho de Consumidores de Macau alertando para a falta de legislação que defenda o consumidor. Por outro lado, alerta para o cuidado com investimentos na China “que podem correr mal”. A lei de Macau nada pode fazer face a investimentos feitos no continente.

Com Angela Ka

6 Jul 2016

Petição | Investidores em Zhuhai queixam-se ao Chefe do Executivo

Residentes entregaram ontem uma petição a Chui Sai On para que o Governo lhes dê ajuda no caso de compra de habitações em Zhuhai. Cerca de 200 famílias queixam-se de terem comprado casas num condomínio que não corresponde às expectativas

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]arecia difícil resistir a tal projecto imobiliário. Um condomínio em Zhuhai, intitulado Hills Beyond Sea, prometia uma floresta privativa, um “clube privado luxuoso” e serviços de administração semelhantes aos de um hotel. Cerca de 200 famílias de Macau investiram os seus recursos para comprar apartamentos na cidade vizinha entre 2012 e 2013, mas em 2014, quando o edifício ficou pronto, perceberam que faltavam a maior parte das infra-estruturas e acessos, sendo que será construído um jardim infantil privado que não estava previsto.
Ontem os mesmos investidores dirigiram-se à sede do Governo para entregar uma petição a Chui Sai On, Chefe do Executivo, pedindo ajuda para “defender os interesses legítimos”, alegando estar em “completo desespero”.
O deputado José Pereira Coutinho esteve presente na entrega da petição. “São valores astronómicos. As famílias não encontraram aquilo que constava nas brochuras do projecto. As estruturas que haviam sido planeadas e mostradas não correspondem à realidade. Não se sabe o que se passa mas o promotor imobiliário (Fomento Predial Fanyue SA) fez outros negócios com as partes do terreno que deviam fazer parte dessas moradias. Estas perderam o seu valor face à ausência de estruturas de floresta privada e condomínio privado. O que era para ser uma coisa de luxo deixou de ser”, disse Coutinho aos jornalistas.
Do Executivo Coutinho espera uma acção que proteja os direitos dos consumidores. “O Governo de Macau tem reuniões semestrais e anuais com a zona de Zhuhai e Cantão em que participam dezenas de representantes dos serviços públicos. É nestas reuniões que se debatem assuntos de muito interesse, tendo em consideração que cada vez mais as pessoas de Macau e do interior da China estão mais próximas e há sobretudo uma maior ligação na área da habitação, já que as pessoas têm cada vez menos capacidade para comprar uma fracção e adquirem mais fracções na República Popular da China (RPC). Há que encontrar mecanismos da protecção dos direitos dos consumidores, o Governo deve introduzir estes mecanismos na aquisição de bens e serviços.”

Desde 2014

Assim que perceberam que tinham comprado gato por lebre os moradores não pararam. Na carta que entregaram ao Chefe do Executivo é referido que a partir de Agosto de 2015 foram feitos contactos com o promotor imobiliário, a Comissão do Partido Comunista Chinês (PCC) de Zhuhai e vários serviços públicos da cidade chinesa, sendo que “o promotor imobiliário recusou sempre abordar a questão e atendeu-nos com uma atitude muito negativa”.
Coutinho aponta: “Foram contactados quatro ou cinco entidades do município de Tau Mun sem que tenham conseguido qualquer justificação para as razões das mudanças estruturantes do edifício”, concluiu.

8 Jun 2016

Cristiana Su, Relações Públicas no Instituto Cultural

[dropcap]C[/dropcap]ristiana Su é, tal como tantos outros jovens que por cá andam, natural de Macau. No entanto, o seu nome engana quem possa julgar que viveu em Portugal. Na verdade, a história desta jovem é particular, no sentido em que não segue o destino habitual.

Ao invés de ter ido estudar para Portugal, Inglaterra ou EUA como tantos outros, o rumo de Cristiana foi diferente: aos oito anos de idade mudou-se com a família para a região vizinha de Zhuhai, onde cresceu e cumpriu o ensino educativo até atingir a maioridade. Aos 18, retorna ao berço que a viu nascer, com um objectivo claro: licenciar-se. Foi assim que a sua história no território (re)começou.

“Mudei-me para cá e fiz a licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade de Macau”, começou a jovem por explicar ao HM. Viver em Zhuhai, diz, foi bom enquanto durou, mas parece-se mais com “um local de relaxamento e descanso, para onde as pessoas vão quando se reformam”.

Macau tornou-se assim num local onde Cristiana se imaginou a evoluir profissionalmente. Fruto de heranças distintas, tem dupla nacionalidade e nasceu em Macau: duas mais-valias que fazem do mundo a cidade de Cristiana.

Entre estudos e novos conhecimentos, acabou por cumprir um estágio de seis meses na Universidade de Coimbra. Actualmente, trabalha como Relações Públicas e Organizadora de Eventos Culturais no Instituto Cultural, onde se diz “muito feliz”. Isto não só porque gosta de viver em Macau e naquilo em que a cidade se está, aos poucos, a transformar, mas porque muito se interessa por actividades culturais, como são a realização de exposições, peças de teatro, concertos, entre outras.

“Estou no IC desde Agosto [do ano passado] e a adorar o que faço, especialmente porque posso fazer parte da transformação de Macau na área cultural”, diz ao HM. Uma das curiosidades acerca desta jovem é o facto de falar, fluentemente, três línguas.

“Falo Inglês porque é a língua com que comunicamos em casa e Mandarim e Português porque aprendi mais tarde”, esclarece.

Entre ajudar a organizar eventos culturais e comunicá-los aos meios de comunicação, faz algumas traduções e participa activamente em algumas dessas actividades. Questionada sobre o actual panorama cultural na região, Cristiana diz considerar que o Governo “está a fazer um grande esforço” nesse sentido. À parte do trabalho no IC, a jovem sente-se privilegiada por viver em Hac-Sá e poder usufruir daquele zonas, dos seus trilhos de caminhada e da praia e de pequenos cafés que vão surgindo por toda a cidade, o desenvolvimento daquilo a que chama de “crescente cultura de fazer e beber café”.

Ocidentais no Oriente

Não é, no entanto, comum ouvir-se uma jovem notoriamente loira, de traços ocidentais, a falar Mandarim como se de uma nativa quase se tratasse. Natural é, por tudo isso, que a comunidade chinesa se surpreenda ao ouvir Cristiana a comunicar fluente e comodamente na língua da Mãe-Pátria.

“É muito engraçado quando, em trabalho, se combina alguma coisa com alguém por telefone, em Chinês, e depois se chega ao sítio e a pessoa não nos reconhece porque não parecemos a pessoa que atendeu a chamada”, conta Cristiana, entre risos.

A experiência de trabalhar num departamento que faz da cultura personagem principal é, para a jovem, bastante boa, uma vez que não é só possível perceber as mudanças progressivas da cidade, mas também do contexto de mentalidade local. “Acho que nunca vi tantas notícias sobre novas exposições e eventos culturais nos jornais como hoje em dia e isso é um dos sinais de que Macau e a comunidade estão cada vez mais preocupados com a difusão da cultura”, explica.

Pelos olhos de uma criança dos anos 90, esta era uma cidade segura, mais calma e que Cristiana associa à presença lusa. “Antes, relacionava muito Macau à herança cultural portuguesa e a Portugal, porque a diferença entre Macau e Zhuhai, mesmo sendo as duas zonas chinesas, é muito diferente. Mas hoje em dia, associo Macau a toda a indústria do Turismo, aos grandiosos hotéis e casinos”, distingue a jovem, licenciada em Estudos Portugueses. “Vejo Macau como uma cidade internacionalizada”, frisa. Cristiana justifica esta internacionalização com o facto de haver sempre coisas a acontecer, lojas e restaurantes a abrir numa cidade que actualmente pouco pára.

De Zhuhai para o mundo

“A vida é mais fácil. Atravessa-se a fronteira e há mais coisas, mais parques, mais natureza, mais desporto e eu gostei dos anos que lá vivi e acho que Macau hoje é um pouco confuso, com muita gente e trânsito”, confessa ao HM. Ainda assim, embora descreva Macau como um “pouco insuportável para se viver”, gosta de cá estar e não pretende deixar já o território. Hoje em dia prefere Macau a Zhuhai.

“Para pessoas que procuram um emprego e uma vida mais atarefada, este é um sítio melhor”, justifica. A vida de Cristiana começou em Macau, para passar quase dez anos por Zhuhai e simplesmente regressar à região que a viu nascer.

No entanto, não se trata de um caminho sem fim e Macau pode não ser a última casa do jogo. “Gosto muito desta cidade para viver e trabalhar, mas não me imagino a criar família e ter filhos aqui, por isso projecto uma próxima etapa da minha vida noutro sítio e os EUA ou Portugal são duas das possibilidades”. O que importa, diz, “é tentar”, já que a vida são dois dias e um deles está já a passar.

Neste momento, Cristiana parece querer aproveitar aquilo que a cidade e a vida lhe dá, nunca descartando o facto do mundo ser agora global e capaz de acolher quem o quiser abraçar.

5 Jul 2015