Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | China e EAU em exercícios militares conjuntos O Ministério da Defesa chinês anunciou ontem que o Exército de Libertação Popular está actualmente a realizar exercícios militares conjuntos com o seu homólogo dos Emirados Árabes Unidos, no noroeste da China. Os exercícios tiveram início no final de Junho e prolongar-se-ão até ao final deste mês, informou o ministério em comunicado. O local escolhido para os exercícios é a região de Xinjiang. Os exercícios, denominados “Hawk Shield 2024”, são os segundos exercícios conjuntos entre os dois países. De acordo com o ministério, os exercícios têm como objectivo “promover a compreensão e a confiança mútuas, reforçar os intercâmbios e aumentar a cooperação estratégica” entre as forças armadas de ambos os países. Os primeiros exercícios conjuntos também tiveram lugar em Xinjiang, em Agosto de 2023, envolvendo as forças aéreas de ambos os exércitos. Os Emirados Árabes Unidos são um dos países árabes do Golfo tradicionalmente aliados dos Estados Unidos, mas também mantêm relações estreitas com a China, um dos destinos mais importantes das suas exportações de petróleo. Pequim tem procurado afirmar-se como o maior parceiro comercial do mundo árabe e um dos seus principais aliados políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | China sanciona empresa dos EUA por ingerência Pequim rejeita “a falsa narrativa” sobre Xinjiang “inventada e difundida” por Washington e vai aplicar sanções contra a empresa de informações e dados norte-americana Kharon A China vai impor sanções contra uma empresa norte-americana e dois indivíduos por interferirem nos assuntos internos e “espalharem falsidades” sobre os direitos humanos em Xinjiang (noroeste), anunciou ontem o Governo chinês. Os alvos são a empresa de informações e dados norte-americana Kharon, o respectivo director de investigação, Edmund Xu, e a antiga investigadora do Centro de Estudos de Defesa Nacional dos Estados Unidos Nicole Morgret. A China proibirá a entrada no país de Xu e Morgret e congelará os bens móveis e imóveis da empresa e de ambos na China, segundo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. Nos últimos anos, a Kharon produziu relatórios que alegam a existência de trabalho forçado nalgumas indústrias da região noroeste da China, estrategicamente importante, rica em recursos energéticos e onde vivem os uigures e outras etnias muçulmanas. Washington anunciou este mês a inclusão de três empresas chinesas na lista de entidades sancionadas pela Lei de Prevenção do Trabalho Forçado dos Uigures, que já afectou 30 empresas desde que o Presidente Joe Biden a promulgou em 2021. A lei proíbe a importação para os Estados Unidos de bens produzidos em Xinjiang ou por entidades sancionadas, a menos que agências como os serviços aduaneiros certifiquem que não foram produzidos com trabalho forçado. Matéria sensível Numa conferência de imprensa, Mao Ning acusou Washington de “inventar e difundir uma falsa narrativa sobre Xinjiang”, segundo a agência espanhola EFE. Mao disse que Washington usa “o pretexto de alegados problemas de direitos humanos em Xinjiang para impor sanções ilegais contra empresas e funcionários chineses”, numa violação do direito internacional. Acusou a Kharon de recolher há muito tempo “informações sensíveis sobre Xinjiang” e de fornecer provas para “sanções ilegais” dos Estados Unidos. Acrescentou que Pequim já apresentou uma queixa formal contra os Estados Unidos e insistiu que Washington deve “deixar de caluniar e difamar a China”. Xinjiang produz cerca de um quinto do algodão mundial e é também rica em petróleo e gás natural, segundo a televisão britânica BBC.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Pequim pede medidas concretas para atenuar preocupações com sanções A recente visita da secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen foram classificadas como positivas pelas autoridades chinesas que pedem agora que os progressos alcançados nas negociações sobre sanções se façam agora sentir no terreno A China qualificou ontem como construtiva a visita da secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, a Pequim e pediu a Washington que adopte medidas concretas para responder às suas preocupações com sanções impostas contra empresas do país asiático. “As reuniões foram francas e construtivas e espera-se que Washington mantenha uma atitude pragmática e racional. Os Estados Unidos devem tomar medidas concretas para responder às preocupações da China sobre sanções e restrições”, disse ontem o ministério das Finanças do país asiático, em comunicado. O ministério referiu que, nos últimos anos, os EUA introduziram “sanções e medidas restritivas contra a China, que lesaram os interesses e direitos legítimos das empresas chinesas”. “Durante as reuniões com Yellen, o lado chinês reiterou as suas preocupações e pediu que os EUA removem as taxas alfandegárias punitivas impostas sobre bens importados da China, parem de reprimir empresas chinesas, tratem o investimento bilateral de maneira justa, não imponham controlos nas exportações para a China e cancelem a proibição de importação de produtos oriundos da região de Xinjiang”, é indicado no comunicado. A nota sublinhou que para uma relação económica bilateral ser saudável ambas as partes devem “respeitar os respectivos direitos e interesses legítimos da outra parte”. “A concorrência saudável deve seguir os princípios da economia de mercado e as regras da Organização Mundial do Comércio. A China está empenhada em continuar a abrir-se e sempre esteve empenhada em acelerar a criação de um ambiente de negócios baseado na Lei”, acrescentou o comunicado. As divergências entre os dois países “não devem ser motivo de distanciamento de ambas as partes”, mas antes “motivo para fortalecer os intercâmbios e o diálogo”. Segundo Pequim, o desenvolvimento da China constitui “uma oportunidade e não um desafio para os Estados Unidos”. “A China e os EUA devem buscar o consenso. O desenvolvimento chinês traz benefícios, não riscos. O fortalecimento da cooperação é a opção certa para os dois países”, concluiu o ministério. As reuniões com Yellen “mostraram que a China está disposta a cooperar para enfrentar os desafios globais, incluindo a estabilidade macroeconómica e financeira global, as alterações climáticas ou problemas de dívidas soberanas”, lê-se na mesma nota. A visita de Yellen terminou com reuniões de alto nível para melhorar a comunicação entre os dois lados, especialmente na parte económica, embora ambos os países reconheçam que continuam a existir diferenças importantes. Regras da competição Nos quatro dias que passou na capital chinesa, Yellen reuniu-se com os principais formuladores de política económica do país asiático, entre eles o primeiro-ministro, Li Qiang, o novo chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) no banco central, Pan Gongsheng, o ministro das Finanças, Liu Kun, e o vice-primeiro-ministro, He Lifeng. Yellen afirmou durante a visita que “uma separação entre as duas maiores economias do mundo seria desastrosa para ambos os países e desestabilizadora para o mundo”, mas também expressou preocupação “com acções coercivas contra empresas norte-americanas” e pediu uma competição saudável “baseada em regras”. Os dois lados abordaram as restrições que os EUA impuseram no ano passado à exportação de ‘chips’ semicondutores para a China, uma medida que visa limitar a capacidade de Pequim de desenvolver supercomputadores, sistemas militares avançados ou sistemas de inteligência artificial. Pequim respondeu com limitações à exportação de gálio e germânio, dois metais fundamentais para o fabrico de semicondutores, produto que está no centro das tensões comerciais e tecnológicas entre os dois países.
Hoje Macau Manchete PolíticaXinjiang | Responsável realça felicidade sem precedentes Representantes de Xinjiang visitaram Macau. O líder do Governo da região autónoma uigur realçou a estabilidade contínua da sociedade e o sentimento de felicidade e segurança, nunca antes registado em Xinjiang. Por sua vez, André Cheong apontou ao reforço da cooperação entre as regiões Macau recebeu a visita de representantes do Governo da Região Autónoma Uigur de Xinjiang. Na passada sexta-feira, André Cheong, na qualidade de Chefe do Executivo interino da RAEM, reuniu com o presidente do governo da região uigur, Erkin Tuniyaz e o vice-secretário do Partido Comunista Chinês da região. Erkin Tuniyaz referiu que nos últimos anos, a região de Xinjiang “está virada para o desenvolvimento de alta qualidade” e o desenvolvimento da economia, metas tornadas possíveis pela “estabilidade contínua da sociedade”, refere o Gabinete de Comunicação Social (GCS). O presidente do Governo de Xinjiang afirmou ainda que a estabilidade na região abriu caminho à “união e progresso dos grupos étnicos e a um grau de sentimento de realização, de felicidade e de segurança, nunca antes registado”. No plano da cooperação entre as duas regiões, Erkin Tuniyaz salientou que Xinjiang, enquanto área central da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, tem como objectivo intensificar a cooperação com Macau no âmbito da economia e comércio, ciências e educação, cultura e turismo e sector financeiro. Litania local Por sua vez, André Cheong “apontou que Xinjiang é uma região vasta, com recursos abundantes, belas paisagens naturais e fortes costumes étnicos, enquanto que Macau possui as suas vantagens únicas, particularmente o papel, cada vez mais importante, de plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa”. O governante local referiu que neste último aspecto, do papel de Macau enquanto plataforma, o “desempenho é progressivamente mais evidente”. O Chefe do Executivo interino sublinhou ainda que, no futuro, Macau e Xinjiang devem “aprofundar a comunicação e ligação, fortalecendo a cooperação e intercâmbio”, sem especificar em que vertentes essa colaboração será reforçada. André Cheong fez também a habitual apresentação sobre a situação socioeconómica de Macau, repetindo que “o Governo da RAEM está determinado em promover a estratégia da diversificação adequada da economia de “1+4”, bem como a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Investimento de mais de 12 mil milhões de dólares em estradas A Região Autónoma Uigur de Xinjiang, noroeste da China, planeia investir 83,2 mil milhões de yuans na construção de estradas em 2023, indica o Diário do Povo. O investimento será alocado para 66 projectos de construção de estradas, dos quais 22 serão concluídos este ano, disse Li Xuedong, vice-director do departamento. Nos últimos anos, Xinjiang tem assistido a um desenvolvimento robusto dos transportes. “Apenas em 2022, Xinjiang gastou mais de 74,8 mil milhões de yuans na construção de estradas, um recorde desde 2018”, disse Li. A extensão total das vias rápidas em Xinjiang atingiu 11 mil km. Todos os lugares de nível da sub-região e quase 90 por cento dos lugares do nível distrital estão acessíveis por este tipo de estradas. Em Junho do ano passado, ficou operacional uma nova estrada que atravessa o deserto de Taklimakan. Localizada na sub-região autónoma mongol de Bayingolin, no sul de Xinjiang, a estrada que liga o distrito de Yuli e o distrito de Qiemo é a terceira através do deserto de Taklimakan, o segundo maior deserto de areia movediça do mundo.
Hoje Macau Grande Plano MancheteONU | Conselho de Direitos Humanos rejeita proposta dos EUA sobre Xinjiang A hegemonia dos EUA e dos seus aliados na ONU parece ter conhecido melhores dias. O Conselho dos Direitos Humanos recusou uma proposta que pretendia uma investigação sobre o Xinjiang, no que é considerada uma “vitória diplomática da China”. Países muçulmanos votaram ao lado de Pequim O Conselho de Direitos Humanos da ONU, constituído por 47 Estados membros, rejeitou a proposta dos EUA e de alguns países ocidentais de debaterem os direitos humanos sobre o Xinjiang, o que foi considerado pelos meios de comunicação social ocidentais como uma “vitória diplomática” da China. Apesar da pressão dos EUA e dos seus aliados, o projecto de decisão acabou por não ser apoiado pela maioria dos membros do Conselho, especialmente países em desenvolvimento. O resultado foi o seguinte: A favor (17): República Checa, Finlândia, França, Alemanha, Honduras, Japão, Lituânia, Luxemburgo, Ilhas Marshall, Montenegro, Países Baixos, Paraguai, Polónia, República da Coreia, Somália, Reino Unido e Estados Unidos. Contra (19): Bolívia, Camarões, China, Costa do Marfim, Cuba, Eritreia, Gabão, Indonésia, Cazaquistão, Mauritânia, Namíbia, Nepal, Paquistão, Qatar, Senegal, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Venezuela. Abstenções (11): Argentina, Arménia, Benim, Brasil, Gâmbia, Índia, Líbia, Malawi, Malásia, México e Ucrânia. Países muçulmanos com a China Alguns países com população maioritariamente muçulmana, como a Indonésia e alguns do Médio Oriente e África incluindo os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Camarões e Costa do Marfim, votaram contra o debate enquanto países como a Argentina, Brasil, Índia e Ucrânia se abstiveram. “Esta é uma vitória para os países em desenvolvimento e uma vitória pela verdade e justiça”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “Os direitos humanos não devem ser utilizados como pretexto para inventar mentiras e interferir nos assuntos internos de outros países, ou para conter, coagir e humilhar outros”, disse ela. Os EUA e um grupo de países ocidentais, incluindo a Grã-Bretanha, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia apresentaram um projecto de proposta na 51ª sessão em curso do Conselho de Direitos Humanos para realizar um debate especial sobre a situação dos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang na próxima sessão do Conselho, no início de 2023. Mas no mesmo dia, em nome de quase 70 países, um representante do Paquistão fez uma declaração conjunta no Conselho de Direitos Humanos para exortar outros países a deixarem de interferir nos assuntos internos da China nas regiões de Xinjiang, Hong Kong e Xizang. Também se opuseram à politização dos direitos humanos e à duplicidade de critérios, ou à interferência nos assuntos internos da China, sob o pretexto dos direitos humanos. Além disso, mais de 20 países fizeram também declarações de apoio à posição da China no Conselho de Direitos Humanos, elevando para quase 100 o número total que expressou apoio à China. Alguns países com elevada proporção de população muçulmana votaram contra o projecto de decisão porque concordam com as medidas preventivas da China para combater o terrorismo violento, a radicalização e o separatismo, e alguns tomaram ou planeiam tomar medidas semelhantes nos seus países. “Medidas semelhantes adoptadas por outros países não suscitaram fortes reacções ou críticas por parte dos EUA e do Ocidente, porque estes países não são inimigos imaginários do Ocidente e, portanto, não são visados”, disse um membro da delegação chinesa. No início de Agosto, 32 enviados diplomáticos enviados à China e diplomatas de 30 países islâmicos visitaram Xinjiang, e o que a delegação viu e ouviu pelo caminho “é completamente diferente do que alguns meios de comunicação social ocidentais relataram como a liberdade de crença religiosa. Vários direitos dos muçulmanos estão devidamente garantidos”, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Pequim fala de manipulação Em resposta ao movimento dos EUA e de alguns países ocidentais, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin afirmou que “certos países ocidentais utilizam o Conselho dos Direitos Humanos como instrumento de manipulação política. Eles aplicam descaradamente dois pesos e duas medidas e chegaram ao ponto de nomear e envergonhar alguns países em desenvolvimento e de os pressionar abertamente”. “Isto envenenou a atmosfera e levou a uma confrontação agravada no Conselho de Direitos Humanos, o que é prejudicial à cooperação internacional em matéria de direitos humanos”, disse Wang Wenbin. Wang disse ainda que “o facto de quase 100 países terem manifestado a sua compreensão e apoio à posição legítima da China mostrou que as tentativas de um punhado de países ocidentais de utilizar as chamadas questões de direitos humanos para atacar e difamar a China falharam repetidamente. Isto diz muito sobre quem goza de amplo apoio e quem não goza”. O projecto de proposta, se aprovado, assinalaria a primeira vez que as preocupações com os direitos humanos na China fossem formalmente colocadas na agenda do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Os EUA e algumas forças ocidentais estão a preparar-se para exigir uma maior escala de “investigações” sobre a região chinesa de Xinjiang por parte de outros órgãos da ONU e relatores especiais, incluindo o Comité contra a Tortura, o Comité sobre Desaparecimentos Forçados e relatores sobre trabalhos forçados. Além disso, segundo os chineses, “os EUA e o Ocidente utilizaram este projecto de proposta para testar a cooperação do novo Alto Comissário sobre temas anti-China, uma vez que não estão totalmente satisfeitos com o anterior relatório do Alto Comissário da ONU sobre Xinjiang”. Vitória diplomática mas… Alguns meios de comunicação ocidentais descreveram o resultado como “um grande golpe” para os EUA e seus satélites, uma vez que o projecto de decisão foi apresentado por países como os EUA, o Reino Unido, a Austrália e o Canadá. O Financial Times afirmou: “A votação foi uma vitória diplomática para a China, que rejeitou as críticas às suas acções em Xinjiang como sendo infundadas”. “Este resultado mostrou que alguns países possuem os valores certos e perspectivas de direitos humanos, e resistem à poderosa campanha de difamação dos EUA e do Ocidente e mantêm opiniões claras sobre os direitos humanos em Xinjiang, o que também assinalou o sucesso da comunicação internacional da China sobre direitos humanos”, disse He Zhipeng, professor de direito internacional na Escola de Direito da Universidade de Jilin. “O que os EUA e alguns países ocidentais têm feito é tipicamente politizar as questões dos direitos humanos. O que realmente lhes interessa não são os direitos humanos em Xinjiang, mas jogar Xinjiang e as cartas dos direitos humanos para conter a China e abrandar o desenvolvimento do país”, afirmou. “Independentemente da forma como o projecto de decisão esteja disfarçado, a sua verdadeira intenção é aproveitar-se dos organismos de direitos humanos da ONU para interferir nos assuntos internos da China, de modo a servir o seu propósito político de utilizar questões relacionadas com Xinjiang para conter a China, que é outro exemplo de politização e instrumentalização das questões de direitos humanos”, disse Chen Xu, o representante permanente da China junto da ONU em Genebra. Na 51ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU e na Assembleia Geral da ONU no final de Setembro, “mais países manifestaram a sua oposição à politização das questões de direitos humanos por parte dos EUA e dos países ocidentais, o que, aos olhos dos peritos, mostrou que a China e um grupo mais vasto de países irão trabalhar em conjunto para defender o verdadeiro multilateralismo e resistir à hegemonia dos EUA”. Contudo, os chineses mantêm “um optimismo cauteloso em relação a esta vitória faseada devido à estreita margem de voto”. Observadores chineses disseram que “os EUA e o Ocidente continuarão a coagir aqueles que se abstiveram na votação a mudarem as suas posições e a intensificarem os esforços para difamar a China sobre a sua política de Xinjiang nas próximas reuniões. No entanto, mais países que mantêm pontos de vista objectivos sobre os assuntos de Xinjiang resistirão à campanha de difamação dirigida pelos EUA contra a China”. Como desta vez houve uma margem estreita na votação, um perito advertiu que “os EUA e o Ocidente irão certamente utilizar uma série de medidas de pressão ou coacção sobre os países que se abstiveram para mudar a sua posição e planeiam lançar uma campanha de direitos humanos dirigida a Xinjiang na próxima reunião do órgão de direitos humanos da ONU em Março de 2023, para a qual a China deverá estar bem preparada”. Em Março há mais O Conselho de Direitos Humanos da ONU realiza pelo menos três sessões regulares por ano, num total de pelo menos 10 semanas, que têm lugar em Fevereiro-Março, Junho-Julho e Setembro-Outubro, de acordo com o seu portal. As sessões podem durar três, quatro ou cinco semanas, dependendo do programa de trabalho. O Gabinete do Alto Comissário para os Direitos Humanos (ACDH) divulgou “um relatório de avaliação” sobre a região chinesa de Xinjiang a 31 de Agosto. A China disse que o relatório era “completamente inválido” e “um instrumento político” ao serviço dos EUA e de alguns países ocidentais para conter a China. Segundo Pequim, o relatório surgiu depois dos EUA e alguns países ocidentais terem imposto uma enorme pressão sobre a anterior chefe dos direitos humanos da ONU, Michelet Bachelet, antes e depois da sua visita à região chinesa de Xinjiang. Ela anunciou mais tarde que não queria um segundo mandato como Alta Comissária. O austríaco Volker Türk foi nomeado pelo Secretário-Geral da ONU António Guterres a 8 de Setembro como sucessor de Bachelet. Ainda segundo Pequim, “mesmo um relatório sem credibilidade e legitimidade, não se atreve a fazer passar as falácias de trabalho forçado, genocídio, repressão religiosa, e esterilização forçada, que aparentemente mostraram que a mentira do século cozinhada pelo Ocidente faliu, e o Ocidente deu um tiro no próprio pé”. Anna Malindog-Uy, especialista em relações internacionais das Filipinas, disse que, “nos últimos anos, a comunidade internacional ganhou um conhecimento mais claro de que os direitos humanos reclamados pelos EUA e pelo Ocidente não se adequam aos interesses da maioria dos outros países”. A perita apelou à China e a outros países em desenvolvimento “para melhorarem a comunicação sobre os direitos humanos e colocarem o desenvolvimento, a segurança e outros factores nos critérios dos direitos humanos para formar um conceito abrangente de direitos humanos para contrariar os movimentos hipócritas dos EUA e do Ocidente em matéria de direitos humanos”. Países ocidentais na berlinda Outro perito, que trabalha para o Conselho de Direitos Humanos e pediu o anonimato, disse que “enquanto os EUA e o Ocidente estão a tentar exercer mais influência, os países em desenvolvimento têm um envolvimento mais activo na governação interna dos direitos humanos e uma influência crescente em organismos relacionados”. Por outro lado, o historial dos direitos humanos nos EUA e nalguns países ocidentais também tem sido criticado em reuniões do Conselho de Direitos Humanos com muitos países, instando o Alto Comissário a conduzir investigações sobre os seus crimes, quer no seu próprio país, quer nos países onde semearam guerras e caos. Na quinta-feira, Jiang Duan, embaixador da missão chinesa na ONU em Genebra, condenou severamente a interferência militar ilegal dos EUA na Síria e exortou-a a deixar de violar os direitos humanos básicos do povo sírio. A condenação de Jiang é a mais recente condenação contra os EUA e o historial dos direitos humanos de alguns países ocidentais, uma vez que mais países, incluindo a China, os criticam por imporem sanções unilaterais e violarem os direitos humanos nos seus próprios países e em todo o Médio Oriente. Lamento da Amnistia Internacional A secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnes Callamard, afirmou que “a votação protege os responsáveis por violações dos direitos humanos, em vez de proteger as vítimas”, ao mesmo tempo que coloca o Conselho de Direitos Humanos numa “posição ridícula”, por ignorar as conclusões de um relatório recente, divulgado a 31 de agosto, em que era mesmo utilizado o termo “genocídio”. “Os interesses políticos e económicos não deveriam triunfar perante as graves dúvidas sobre direitos humanos, e nenhum país deveria poder livrar-se do escrutínio do Conselho”, lamentou num comunicado Callamard, que ainda acredita em prosseguir “a luta por justiça” para as vítimas por outras vias. “Isto é um desastre. Isto é realmente decepcionante”, disse por sua Dolkun Isa, presidente do Congresso Mundial Uyghur. “Nunca desistiremos, mas estamos realmente desiludidos com a reacção dos países muçulmanos”, acrescentou. Marc Limon, do Universal Rights Group, disse que se tratou de um “grave erro de cálculo”, citando o timing que coincide com uma moção de acção sobre a Rússia liderada pelo Ocidente. “É um golpe sério para a credibilidade do conselho e uma vitória clara para a China”, disse ele. “Muitos países em desenvolvimento irão vê-lo como um ajustamento para longe da predominância ocidental no sistema de direitos humanos da ONU”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteXinjiang e a luta contra o terrorismo. Que estratégia perfilhar? De 1990 até 2016, foram inúmeros e bárbaros os atentados terroristas no Xinjiang e um pouco por toda a China, levados a cabo por extremistas islâmicos. Como procederam os chineses para erradicar os que pretendiam separar a região do país e fundar um estado teocrático? Os anos 90 do século passado assistiram ao surgimento, organizado globalmente, do extremismo e terrorismo de inspiração islâmica, mas que não encontrou eco na maior parte dos muçulmanos, nem dos seus líderes espirituais. A leitura wahabita do Corão, em grande parte seguida e defendida por teóricos originários da Arábia Saudita (mas não só), impunha uma visão radical do Islão, que propunha um califado universal teocrático, no qual se levaria ao limite a imposição de uma versão radical da sharia (lei islâmica) através de normas como a proibição da música e da dança, a separação de homens e mulheres — que seriam forçadas a cobrir na totalidade o seu corpo pelo uso da burka e seriam consideradas como cidadãs de segunda, sem quaisquer tipo de liberdades que não lhes fossem concedidas pelos elementos do sexo masculino das suas famílias —, a educação das crianças unicamente através de Corão e dos haddits, entre outras medidas radicais, que reflectem o carácter extremista e medieval deste tipo de práticas e pensamento. Pior ainda: para estes extremistas era fundamental matar os que apelidavam de “infiéis” e “traidores”, ou seja, os que não seguiam a religião muçulmana e os que, seguindo essa religião, não adoptavam a sua versão “correcta” do islamismo. E foi precisamente nesses anos 90 que começaram a surgir ataques terroristas organizados um pouco por todo o mundo, sob a bandeira da Al-Qaeda e outras, sendo os mais conhecidos e falados nos media internacionais os que visavam alvos americanos e europeus. Todos nos lembramos dos atentados no Quénia, em Londres, em Madrid e, sobretudo, nas Torres Gémeas em Nova Iorque, no ano de 2001. Milhares de ataques, milhares de vítimas Contudo, a tentativa de criação de regiões sob a bandeira do “califado” e o espalhar do terror não se limitaram a alvos do chamado Ocidente. Os extremistas propuseram igualmente como alvos regiões a Oriente, sobretudo aquelas onde existia uma maioria muçulmana. Assim, a Região Autónoma do Xinjiang, no Oeste da China, tornou-se um dos seus locais favoritos, aproveitando o facto de ali existir uma extensa comunidade islâmica, maioritariamente constituída por uigures. Para o Xinjiang foram então enviados de outros países inúmeros “pregadores” e “soldados”, com o objectivo confesso de radicalizar os seus habitantes e ensiná-los a lutar pelo extremismo e pelo separatismo. E, de facto, estes elementos terroristas foram relativamente bem-sucedidos, na medida em que, de 1990 a 2016, ocorreram centenas, talvez milhares de ataques terroristas naquela região e por toda a China, uma dimensão hoje ignorada e até escamoteada pela maior parte dos medias ocidentais que, graças a diversas manipulações, crêem ver nessa jihad uma luta pela conservação da identidade e cultura do povo uigur, quando na realidade esta extensa etnia de mais de 11 milhões nunca professara uma versão radical e extremista do Islão. Objectivo último dos terroristas: a criação de um novo estado, separado da China, a que chamavam Turquestão Oriental. Apesar de nunca terem conseguido doutrinar a esmagadora maioria dos uigures, ainda assim, as ideias extremistas conseguiram arrebanhar algumas centenas de indivíduos, dispostos a matar e a morrer. A lista de atentados é horrífica, bárbara e impressionante, geralmente dirigida a civis inocentes, como a colocação de bombas em autocarros, o esfaqueamento desenfreado de passantes, o assassinato de condutores de camionetas que depois eram dirigidas contra multidões nas ruas das cidades. Não se pense, no entanto, que estes actos terroristas se limitaram à região do Xinjiang e suas cidades, como Urumqi ou Kashgar, pois eles ocorreram um pouco por toda a China, de Pequim a Cantão, passando por Kunming, no Yunnan. Os terroristas, porém, não se limitavam a atacar cidadãos chineses de origem han. Alguns dos principais alvos foram também líderes religiosos muçulmanos, de etnia uigur e outras, que não alinhavam com o radicalismo e o extremismo, nem estavam de acordo com a jihad ou o separatismo, como foi o caso, ainda durante os anos 90, do imã da Grande Mesquita de Yecheng, vários membros de associações islâmicas, geralmente esfaqueados por grupos de fanáticos. Ocorreram também mais 40 atentados bombistas em locais repletos de gente como centros comerciais e mercados, hotéis, etc., bem como tentativas de captura de aviões que, fracassadas, se resumiam ao detonar de bombas nos aeroportos. Também um grande número de instituições governamentais foi, durante todo este período, alvo dos ataques terroristas, tendo resultado na maior de polícias e outros agentes das autoridades. Em Urumqi, capital de Xinjiang e cidade-mártir do terrorismo, tivemos a oportunidade de visitar um espaço onde estão documentados estes atentados, a sua barbárie e o desrespeito pela vida humana que os animava. Não foram uma dezena ou centena, mas muitos mais, numa dimensão insuspeita mesmo para quem conhece de perto a China, e que se estenderam quase por três décadas, provocando milhares de mortos e feridos, a destruição de lojas, casas, apartamentos e milhares de veículos. Duas estratégias diferentes Logo, a pergunta que imediatamente se impõe é: por que razão demorou o estado chinês tanto tempo a parar estes terroristas e acabar com os ataques? Os Estados Unidos, por exemplo, adoptaram uma estratégia de resposta rápida, invadindo os países onde os terroristas encontravam refúgio, como o Afeganistão e a Somália, e no caminho deu-se também a invasão ilegal do Iraque, reprimindo a comunidade islâmica no seu país, não se importando de violar as suas próprias leis, com a criação do campo de concentração de Guantánamo, em Cuba, onde ainda hoje permanecem indivíduos nunca julgados ou sequer acusados. São também conhecidos os famosos “black spots” (locais secretos em vários países), onde se praticam actos contrários à legislação americana como as detenções por mera suspeita e a tortura. Na sequência dos ataques ao World Trade Center, os EUA aprovaram igualmente o Patriot Act, que permitia às forças da ordem um alcance policial, que alguns condenaram por entenderem que não respeitava os direitos civis e a privacidade dos cidadãos. Mas, com estas acções, os EUA conseguiram realmente reduzir as capacidades logísticas das forças terroristas e evitar um grande número de atentados por elas planeados. Já a estratégia chinesa revelou-se diferente, também porque no seu próprio país o terrorismo e a radicalização atingiram uma dimensão muito maior. Questionado pelo HM, um dirigente em Urumqi explicou que se trata de uma estratégia de longo prazo, que passa por uma intervenção social de modo a desradicalizar alguns desses elementos, sobretudo os mais jovens, e pela elevação do nível de vida das populações, especialmente nas áreas rurais, de modo a atenuar uma eventual e natural insatisfação, numa região que demorou a acompanhar a evolução económica que acontecia noutras regiões da China. Severidade e compaixão “Xinjiang adoptou uma política que balança entre a severidade e a compaixão. Os líderes e os principais membros dos grupos terroristas, que organizam, planeiam e implementam crimes violentos são severamente punidos, de acordo com a lei. Contudo, os que confessam e se mostram arrependidos, tal como jovens iludidos pelo discurso extremista, ou quem ajuda a combater esses crimes, embora neles tenha de alguma forma participado, são tratados com leniência com o objectivo de os reformar”, concluiu o dirigente em conversa com o HM. Assim, segundo os números fornecidos por oficiais em Xinjiang, desde 2014, as autoridades destruíram cerca de 1500 grupos, prenderam cerca de 12 mil terroristas, apreenderam mais de dois mil artefactos bombistas e puniram cerca de 30 mil pessoas por actividades religiosas ilegais, confiscando igualmente centenas de milhares de cópias de propaganda extremista. É preciso considerar que a população uigur atinge 11,6 milhões de pessoas (45% de uma região com um total de 25,85 milhões), cuja esmagadora maioria rejeita o islamismo radical, o separatismo e a teocracia. No entanto, o grosso da actividade governamental tem sido, segundo os oficiais, dirigida à prevenção e à desradicalização, tentando “combater o problema na sua origem”. As medidas incluem “a melhoria das condições de vida, a promoção do conhecimento da lei através da educação e o estabelecimento de centros de treino vocacional”. Ainda segundo os documentos oficiais, foram criados novos postos de trabalho que permitiram tirar da pobreza extrema milhões de pessoas de zonas rurais, implementados 9 anos de educação compulsiva, melhorada a saúde pública e o sistema de segurança social. A China tem igualmente, há muito tempo, uma política de discriminação positiva para as minorias étnicas que passa por nunca ter sido imposta a política de “um só filho” (entretanto abandonada) e pela facilitação de entrada nas universidades do país. Foi também criado um Instituto de Estudos Islâmicos onde são formados os futuros imãs que, actualmente, é frequentado por cerca de 400 alunos. Orgulho na diversidade “Não quisemos nunca destruir a identidade do povo uigur, que faz parte há muitos séculos do mosaico de culturas da China, que se orgulha da sua diversidade”, explicou um oficial ao HM. “Por isso, adoptámos uma política de combate ao terrorismo e ao extremismo a longo prazo, o que talvez tenha, pela sua leniência, sido a causa de terem passado tantos anos até termos conseguido acabar com os ataques”. De facto, desde 2016, que a situação no Xinjiang acalmou e não aconteceram mais atentados, ali ou noutros lugares da China. A intensificação das acções terroristas, já no século XXI, encontra-se também relacionada com a dispersão de elementos do Estado Islâmico (EI), na sequência da guerra na Síria, onde, enquanto opositores ao regime laico de Bashar al-Assad, dispuseram e dispõem de um paradoxal auxílio americano e só foram derrotados (parcialmente) depois da Síria ter pedido ajuda militar à Rússia e graças à coragem do povo curdo, entretanto abandonados pelos seus aliados de ocasião estadunidenses. Entretanto, a cessação dos atentados terroristas tem permitido ao governo chinês implementar diversas medidas no sentido de proporcionar à população do Xinjiang uma significativa melhoria das suas condições de vida e fomentar de modo sério a sua ligação com o resto do país, através da construção de inúmeras vias de comunicação, estradas e ferrovias, e com o exterior permitindo àquela região reassumir o seu papel de ponto nevrálgico da Nova Rota da Seda, ou seja, de escoamento de produtos de e para a Eurásia. Mais recentemente, os Estados Unidos e os seus aliados têm feito do Xinjiang um “dano colateral” na sua investida anti-China, albergando alguns dos elementos terroristas fugidos do país, destinando 500 milhões de dólares para a promoção de desinformação sobre a China e financiando o aparecimento de organizações alegadamente defensoras da identidade uigur que acusam a China de vários abusos, entre os quais o genocídio dessa minoria étnica e a destruição da sua cultura. Contudo, basta ver os números para constatar que, ao invés de ter diminuído, pelo contrário todos os anos a população uigur tem aumentado, o que por si só torna ridícula e abstrusa a acusação, e revela como leviana e grotesca a acusação de genocídio, ofendendo aqueles povos que, de uma forma ou de outra, sofreram realmente experiências genocidiárias, como os judeus durante a II Guerra Mundial, ou as populações ameríndias na América do Norte, durante e após a colonização. Entretanto, Xinjiang prossegue o seu plano de desenvolvimento económico e social que passa, inclusivamente, pela protecção das culturas e das identidades das minorias, na medida em que essas culturas e identidades constituem uma riqueza imaterial fundamental para a prossecução desse desenvolvimento. Esta atitude de preservar as identidades das minorias e, inclusivamente, fazer dessas identidades pólos de desenvolvimento turístico, deita por terra as acusações de etnocídio (destruição cultural), algo que pode facilmente ser constatado no terreno. * O Hoje Macau deslocou-se a Xinjiang a convite do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Países islâmicos não alinham com críticas do Ocidente Observadores ocidentais mostraram-se surpreendidos, na passada terça-feira, pelo facto de nenhum país de maioria muçulmana no Conselho de Direitos Humanos da ONU ter feito qualquer menção ao relatório sobre os uighures em Xinjiang. Reino Unido, EUA e União Europeia manifestaram a sua preocupação por este facto. Já a delegação chinesa – que é um dos actuais 47 membros do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas – reiterou as críticas ao relatório, alegando que foi baseado em “informações falsas e conclusões erradas”. “É mais um exemplo de como os instrumentos de Direitos Humanos são utilizados pelos países ocidentais”, afirmou a delegação chinesa, que qualificou de “inaceitável” que o Alto Comissariado liderado por Bachelet até 31 de Agosto tivesse procurado, por um lado, a cooperação com Pequim e, por outro lado, o “confronto deliberado”. Às críticas feitas pela China ao relatório juntaram-se outros membros actuais do Conselho, como a Venezuela, Bolívia ou Cuba, que consideraram o documento “tendencioso” e sem qualquer utilidade, por não ter sido validado pelo país envolvido. No lado dos países observadores, a Rússia – que este ano foi expulsa do Conselho por causa da invasão da Ucrânia – afirmou que o relatório sobre Xinjiang marca um “momento de politização sem precedentes” numa instituição que, ao denunciar a situação na China, ignora “os abusos na Europa, nos EUA e em outros países ocidentais”.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Concluída primeira linha ferroviária do mundo em torno de um deserto A China inaugurou ontem a primeira linha ferroviária do mundo que circunda por completo um deserto, com a abertura de um trecho de 825 quilómetros, entre as cidades de Hotan e Ruoqiang, na região de Xinjiang. A linha ferroviária circular, em torno do maior deserto da China, o Taklimakan, está distribuída por 2.712 quilómetros, uma vez que o trecho recém-inaugurado foi integrado noutros três já existentes, segundo a empresa estatal China Railway. O trecho que conecta a cidade de Hotan, no sudoeste de Xinjiang, e a vila de Ruoqiang, no sudeste, leva cerca de 11 horas a ser percorrido, com uma velocidade projectada de 120 quilómetros por hora, e paragem em 22 estações. A construção da última secção começou em 2018 e usou 434 pilares pré – fabricados, para criar cinco pontes elevadas, que compõem 49,7 quilómetros da rota. Os construtores criaram também 50 milhões de metros quadrados de plantação de relva e plantaram 13 milhões de plantas que crescem naquele tipo de solo, como o espinheiro – mar, para proteger a ferrovia, recorrendo a uma técnica muito utilizada na região, frequentemente afectada por tempestades de areia. A China investiu nos últimos anos na construção de infraestrutura para desenvolver Xinjiang, uma das mais voláteis regiões da China e palco de conflitos étnicos no passado.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Guterres quer visita de Bachelet O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aguarda uma autorização da China que autorize a Alta Comissária para os direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, a visitar de forma “credível” a província de Xinjiang, indicou a ONU. Guterres, que se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, “manifestou a sua expectativa que os contactos entre os serviços” de Bachelet e as autoridades chinesas “permitam uma visita credível da Alta Comissária à China, incluindo a Xinjiang”, onde Pequim é acusado de violações dos direitos humanos contra a minoria muçulmana dos uigures. No final de janeiro, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, afirmou que Pequim estava “disposto” a permitir uma visita à China e a Xinjiang da Alta Comissária. Mas Pequim recusa a elaboração de um inquérito da ONU.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Embaixador nos EUA considera “genocídio uma mentira absoluta” Qualquer tentativa externa de desestabilizar Xinjiang, por uma força estrangeira intervencionista, nunca será consentida, explica embaixador chinês nos EUA “A China não consentirá com nenhuma tentativa externa de desestabilizar Xinjiang, ou mesmo de fragmentar a China e impedir a revitalização da nação chinesa”, disse o embaixador chinês, Cui Tiankai. Durante a reunião online “Xinjiang é uma Terra Maravilhosa”, organizada pela embaixada e pelo governo da Região Autónoma Uigur de Xinjiang, Cui afirmou que os assuntos de Xinjiang são assuntos internos da China e que, os 1,4 mil milhões de chineses de vários grupos étnicos não permitirão que nenhuma força intervencionista impeça o desenvolvimento da China. “Nos Estados Unidos e em outros países ocidentais, as mentiras sobre Xinjiang ainda prevalecem. Calúnias sistémicas e sanções unilaterais contra a China são frequentes”, disse o embaixador, “mas tais mentiras não suportam o escrutínio dos factos”, acrescentou. “O chamado ‘genocídio’ é apenas uma mentira absoluta”, assinalou Cui, citando números da população uigur em Xinjiang, que dobrou de 5,55 milhões para mais de 12 milhões nos últimos 40 anos. Descrevendo o “trabalho forçado” como “sem fundamento”, Cui enfatizou que “os trabalhadores em Xinjiang escolhem os seus empregos, incluindo os da indústria de colheita de algodão, por sua própria vontade. Eles assinam contratos de trabalho de forma livre e igualitária, seus direitos e interesses estão bem protegidos e recebem remuneração integral”. “Se ganhar a vida decentemente é ‘trabalho forçado’, então eles deveriam merecer apenas a ”pobreza forçada’ e o ”desemprego forçado”?” indagou o embaixador. “Suscitando preocupações com os direitos humanos de Xinjiang, pretendem usar Xinjiang para conter a China”, disse o embaixador, convidando esses países ocidentais a ouvir o que dizem os 25 milhões de habitantes de Xinjiang de variados grupos étnicos e os 1,4 mil milhões de chineses, e “falar a verdade partindo da falsidade, e o certo partindo do errado”. Shohrat Zakir, presidente do governo regional, afirmou que Xinjiang gasta mais de 70% de seus gastos anuais com o orçamento público geral para proteger e melhorar a subsistência de todos os seus grupos étnicos. “Não houve nenhum ataque terrorista violento em Xinjiang por mais de quatro anos”, destacou Zakir, acrescentando que a região obteve conquistas sem precedentes no desenvolvimento económico e social e na subsistência da população. “As pessoas de todos os grupos étnicos em Xinjiang são inabaláveis na sua determinação de salvaguardar a unidade e a segurança nacionais, assim como a solidariedade étnica e a prosperidade e estabilidade do país”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaJogos Olímpicos de Inverno | Todos contra o boicote O Governo chinês alertou ontem Washington para que não boicote os Jogos Olímpicos de Inverno 2022, em Pequim, depois de o executivo de Joe Biden ter revelado que está a considerar uma abordagem conjunta com aliados. O boicote surge como uma possibilidade, face aos abusos contra minorias étnicas de origem muçulmana em Xinjiang, no extremo noroeste da China. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China rejeitou as acusações e alertou sobre uma “resposta robusta da China” a um potencial boicote aos jogos. “A politização do desporto vai prejudicar o espírito da Carta Olímpica e os interesses dos atletas de todos os países”, disse o porta-voz, Zhao Lijian. “A comunidade internacional, incluindo o Comité Olímpico dos Estados Unidos, não o aceitará”, apontou. O Departamento de Estado dos EUA sugeriu que um boicote olímpico está entre as possibilidades, mas um alto funcionário disse mais tarde que não foi ainda discutido. O Comité Olímpico Internacional e o Comité Olímpico e Paraolímpico dos EUA já disseram que se opõem a boicotes. A oposição foi reiterada por Susanne Lyons, presidente do conselho de diretores do Comité Olímpico e Paraolímpico dos EUA. “Nós opomo-nos a boicotes de atletas, porque eles mostraram ter um impacto negativo sobre os atletas, embora não tratassem de forma eficaz as questões globais”, disse Lyons. O Comité não deseja “minimizar as graves questões de Direitos Humanos que estão a acontecer na China”, mas acredita que diplomatas e oficiais do comércio e outros governantes estão mais bem equipados para lidar com estas preocupações. O secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse na quarta-feira que a Casa Branca não está a planear um boicote aos jogos de 2022. “Não discutimos, e não estamos a discutir, qualquer boicote conjunto com aliados e parceiros”, esclareceu.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoseph Chan Nap-kee, especialista na política “Uma Faixa, Uma Rota”: “China nunca quis ser a ‘polícia do mundo’” O presidente do Centro de Investigação e Desenvolvimento Económico ‘Uma Faixa, Uma Rota’, sediado em Hong Kong, defende que existe no Ocidente uma visão errada de que a dívida gerada pelos empréstimos concedidos pela China neste âmbito é uma armadilha. Joseph Chan Nap-kee frisa que os uigures devem ser ajudados com empregos, uma vez que não dominam o mandarim, e alerta para a presença de espiões em Hong Kong Faz parte do projecto silkaandroadexplained, que tem por objectivo a despolitização desta iniciativa. Concorda que este seja o caminho? Todas as reacções dos países ocidentais depois do lançamento deste projecto têm um lado bastante político, mas há também o aspecto dos negócios e das trocas culturais. Arrancámos com esta iniciativa com a ideia de partilha cultural antes de avançarmos para a área dos negócios. Mas os países precisam de dinheiro e o foco acaba por recair mais na economia. Esta política não é um tratado, não é como a NATO, ou outra organização internacional. Não há requisitos especiais para aderir. Qualquer país o pode fazer, mas claro que o Ocidente olha para tudo isto de uma forma diferente em relação à perspectiva da China, como se o país quisesse conquistar o mundo. Mas do que temos visto até agora a China deu zero provas de querer ser o número um ou de querer conquistar o mundo. O que o Presidente Xi está a tentar trazer com esta iniciativa prende-se com o facto de a China estar a crescer muito rapidamente. Temos recursos humanos de topo, temos 1.4 biliões de pessoas. Há 40 anos a nossa população era jovem, mas estamos no século XXI e com uma população mais envelhecida. Depois de 40 anos da reforma e abertura [com Deng Xiaoping] a maior parte das cidades chinesas tornaram-se sítios tão caros para viver como Hong Kong, Tóquio ou Londres. Por isso têm de movimentar as indústrias para outros países, repetindo a mesma fórmula de sucesso da China em outros países. Pode dar exemplos dessa transferência? Temos o Paquistão, com uma população superior a 200 milhões de pessoas, o Bangladesh, a Indonésia, as Filipinas. Todos estes países têm uma grande força de trabalho e precisam do mercado chinês. O foco do nosso presidente é partilhar com eles a nossa experiência, alargar o mercado em prol do desenvolvimento económico. Acho que ‘uma faixa, uma rota’ é sobre isso. Fala-se muito na questão da dívida [dos países em relação à China] como uma armadilha. Do facto de a dívida ser muito superior ao PIB [Produto Interno Bruto] destes países ou da sua real capacidade de pagamento. De novo, penso que este é um pensamento muito ocidental. Porquê? Há 40 anos, quando a China avançou para a reforma e abertura, o Ocidente emprestou muito dinheiro ao país. E isso foi uma armadilha? Tínhamos condições de pagar? Com a política ‘Uma Faixa, Uma Rota’há um calendário de pagamentos, e se os empréstimos não forem devolvidos, o país abre a possibilidade de um novo pagamento. Ou seja, nunca há a intenção de transformar essa dívida numa armadilha. Isto tem a ver com o facto de o Ocidente estar habituado a ser o número um, a controlar quando os países de terceiro mundo começam a emergir. Sentem-se ameaçados. Em 1979 a China só podia pedir emprestado. O país nunca entrou em incumprimento e foi isso que levou o país a recuperar. O que surpreendeu o Ocidente foi o facto de a China ter crescido até ser hoje um dos principais mercados mundiais. Segundo os padrões do FMI [Fundo Monetário Internacional], ainda somos um país em desenvolvimento. A União Europeia (UE) olha também para esta política como uma ameaça, ou pelo menos alguns países europeus? Acredito que a maior parte das nações europeias não olham para esta política como uma ameaça, mas como uma oportunidade. Quais os maiores desafios trazidos pela pandemia em relação a esta política? São necessárias mudanças nos investimentos em prol de uma adaptação a uma nova realidade? O sucesso da China deve-se ao que aconteceu há 40 anos, quando se decidiu apostar na construção de infra-estruturas para facilitar o crescimento. Isto prova que sem infra-estruturas os sectores da logística e manufactura não poderiam ter atingido os padrões actuais. Isso leva também a outras questões. Como uma nação em desenvolvimento, será que temos escolha? O Ocidente fala muito das questões da democracia e das alterações climáticas. Para ser honesto, penso que a China é o único país que está a apostar nesta matéria. Sabemos que temos problemas de poluição que é preciso resolver, e a China é o único país que gasta grande parte do seu orçamento com as alterações climáticas. Quando falamos de democracia, qual é o padrão? Nos últimos dias todos falam da questão do algodão de Xinjiang. Já esteve em Xinjiang? Não. Diria que mais de metade dos que falam sobre Xinjiang nunca estiveram lá. Não são fáceis as deslocações à província. É muito fácil ir a Xinjiang. Temos muitos investimentos na região e passo muito do meu tempo lá. O que aconteceu com a BBC, não houve sequer verificação de factos. Será que temos de perder tempo com uma questão gerada nas redes sociais? Não. Vamos gastar tempo a ajudar os uigures. Como os podemos ajudar? Dando-lhes empregos. E é essa a ajuda desejada pelos uigures? Iria recusar ajuda, se lha dessem? Você iria aproveitar o emprego. A maior parte dos uigures são iletrados, então o que podem fazer? Podem ter formação. Pensa que os uigures podem trabalhar sozinhos num país onde a maior parte da população é da etnia Han? Nos EUA, se os migrantes não falarem inglês, conseguem trabalhar? É essa a questão. Se os uigures ficarem restringidos em Xinjiang, sem a ajuda dos Han, como pode haver um crescimento e criação de emprego? Não podem sobreviver. Porque é que ninguém critica os americanos? Mas não quero enveredar muito por esse caminho porque ‘Uma Faixa, Uma Rota’ não tem a ver com política. É para ajudar os nossos países vizinhos. A China nunca quis ser um líder global, a ‘polícia do mundo’, porque somos ainda um país em desenvolvimento. E os EUA querem ser essa “polícia do mundo”? Claro, ainda são. Por exemplo, qual é o seu papel em Hong Kong? Nenhum. São assuntos internos que temos de resolver com o país. Porque é que estão a meter as mãos em Hong Kong? O território tem uma nova lei eleitoral e foi implementada a lei de segurança nacional. Não teme que esta situação política possa afastar os empresários? Não. Os números falam por si. Os empresários podem falar sobre isso, mas não estão a ir embora. Os espiões têm medo, mas não os empresários no geral. Que tipo de espiões? Hong Kong tem muitos espiões, isso é conhecido. O território é um dos principais centros de espionagem do mundo. [Estão nas ] organizações não governamentais, em algumas plataformas de redes sociais, revistas. Não têm uma presença, mas sim uma representatividade, e o que fazem? Recolhem dados para outros países. São estas as pessoas que se preocupam com a lei da segurança nacional (risos). Qual o papel que Hong Kong deve ter na política “uma faixa, uma rota”? Desempenhamos um papel muito importante porque Hong Kong é a única cidade na China onde vigora a Common Law, e onde está implementada a política “um país, dois sistemas”. Continuamos a ter autonomia em tudo. Não temos capacidade diplomática porque somos apenas uma cidade, mas temos as nossas regras e o nosso Direito. Olhando para Macau, há uma relação próxima com o Direito português. Qual é a sua visão para o papel de Macau na política “uma faixa, uma rota”? Macau tem outro papel a desempenhar, tem de lidar com os países de língua oficial portuguesa. O Brasil é parte desta política, e porquê? Porque o actual presidente é pró-Trump [Jair Bolsonaro], não estou certo de ele ser pró-Biden. A China compra muitos produtos ao Brasil, como carne. A relação entre os dois países não é tão boa como antes, mas não posso dizer que seja uma relação má. Digo isto porque o cônsul-geral do Brasil em Hong Kong continua a promover a ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Acredito que estão a tentar melhorar as relações.
Hoje Macau China / ÁsiaXinjiang | Dois ex-funcionários condenados à pena de morte A China condenou ontem à pena de morte um ex-funcionário da educação e um ex-funcionário da justiça na região de Xinjiang, noroeste do país, com pena suspensa de dois anos, por acusações que incluem separatismo e corrupção. Sattar Sawut, ex-funcionário da educação, e Shirzat Bawudun, ex-funcionário da justiça, são os mais recentes casos dos muitos burocratas de Xinjiang, quase todos membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur, que foram condenados por porem em perigo a segurança nacional. As detenções fazem parte de uma campanha contra o que Pequim designa de “funcionários de duas caras”, que procuram minar o domínio chinês na região a partir de dentro do sistema político. Estas sentenças geralmente são comutadas para prisão perpétua, após dois anos de bom comportamento. Os dois homens declararam-se culpados e nenhum dos dois apelou da sentença, disse Wang Langtao, vice-presidente do tribunal popular regional de Xinjiang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Sattar Sawut foi detido em 2018 e não se sabe quando foi a detenção de Shirzat Bawudun. O tribunal disse na terça-feira que Sattar Sawut, o ex-chefe do Departamento regional de educação “incorporou separatismo étnico, violência, terrorismo e conteúdo de extremismo religioso em livros didáticos em línguas minoritárias”. “Sattar Sawut aproveitou a compilação e publicação de livros de idiomas étnicos para escolas primárias e secundárias para dividir o país, a partir de 2002”, afirmou Wang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. O réu “instruiu outros a escolher várias pessoas com pensamentos separatistas para se juntarem à sua equipa responsável pela compilação de livros”, acrescentou. Wang disse que Shirzat Bawudun, ex-chefe do Departamento de justiça regional de Xinjiang, foi condenado por “dividir o país, ter conspirado com o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental e oferecido ajuda a separatistas e extremistas religiosos, e colaborado com separatistas e forças estrangeiras”. O Movimento Islâmico do Turquestão Oriental é listado como um grupo terrorista pelas Nações Unidas. Shirzat Bawudun reuniu com representantes do Movimento e encorajou outros a juntarem-se ao grupo, disse Wang. Também “realizou actividades religiosas ilegais no casamento da sua filha” e aceitou subornos no valor de 11,12 milhões de yuans, disse Wang. O tribunal disse que os livros didáticos aprovados por Sattar Sawut foram usados durante 13 anos, trazendo “graves consequências” para a região. As edições de 2003 e 2009 dos livros continham 84 passagens pregando separatismo étnico, violência, terrorismo e extremismo religioso e que várias pessoas se inspiraram nos livros para participar de um motim antigovernamental sangrento na capital regional Urumqi em 2009. Sattar Sawut também abusou das suas posições oficiais para aceitar subornos no valor de 15,05 milhões de yuans, disse o tribunal. Terrorismo | A luta continua Pequim disse na terça-feira que a Região Autónoma Uigure de Xinjiang ainda enfrenta ameaças de terrorismo e extremismo, apesar de nenhum ataque terrorista ter ocorrido nos últimos quatro anos. Questionado pela CGTN se as actividades actuais em Xinjiang ainda são de “contra-terrorismo” e “desradicalização”, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, respondeu afirmativamente. “Mesmo que Xinjiang não tenha registado um único ataque terrorista nos últimos quatro anos, a região continua a enfrentar ameaças e desafios de terrorismo e extremismo”, disse Zhao. “É necessário que Xinjiang continue a trabalhar contra o terrorismo e a radicalização com base na lei”, sublinhou.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Negociações para enviar representantes a Xinjiang O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, anunciou ontem o início de “sérias negociações” com a China para enviar representantes a Xinjiang. “Sérias negociações estão em andamento entre o escritório do Alto Comissariado [para os direitos humanos] e as autoridades chinesas”, disse António Guterres, em entrevista ao canal CBC, do Canadá, acrescentando: “Espero que, em breve, cheguem a um acordo e que o Alto Comissariado para os Direitos Humanos possa visitar a China sem restrições ou limitações”. “A China tem-me dito repetidamente que deseja que esta missão aconteça”, sublinhou Guterres, indicando que, para a ONU, o mais importante é a missão decorrer com “acesso ilimitado ao que o Alto-Comissário queira visitar”.
Hoje Macau China / ÁsiaH&M deixa de aparecer em plataformas de comércio electrónico na China Várias plataformas de comércio eletrónico na China deixaram ontem de mostrar a loja digital da marca de vestuário sueca H&M, meses depois de a empresa ter anunciado a suspensão da utilização do algodão de Xinjiang. A decisão da marca deveu-se à alegada utilização de trabalho forçado no sector naquela província autónoma do noroeste da China. De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, as pesquisas da marca sueca nas plataformas JD.com, Taobao, Tmall e Pinduoduo não produziram quaisquer resultados. Na quarta-feira, o Comité Central da Liga Comunista da Juventude chinesa publicou uma mensagem, na rede social Weibo na qual perguntava: “Querias ganhar dinheiro na China enquanto espalhas boatos para boicotar o algodão de Xinjiang? Querias!”. O texto estava acompanhado pelo comunicado da H&M, na qual a marca afirmava proibir “qualquer tipo de trabalho forçado” na sua cadeia de produção “independentemente do país ou região”. A empresa indicou também que ia pôr fim à relação de trabalho com um fornecedor chinês até que fossem esclarecidas as alegações contidas um relatório, segundo o qual 82 firmas chinesas e estrangeiras tinham beneficiado da deslocalização forçada de membros da minoria uigure. Até às 11:30, a mensagem da Liga Comunista da Juventude tinha já mais de 40 mil partilhas e mais de 411 mil “gostos” e 16 mil comentários, muitos deles a favor da expulsão da marca do país. Outras empresas, como a norte-americana Nike, que no ano passado emitiu uma declaração semelhante à da H&M, também foram afectadas por apelos ao boicote de alguns utilizadores chineses da internet, o que levou o actor Wang Yibo a rescindir o contrato publicitário com a Nike. Algodão de Xinjiang não chega para o país Como maior consumidor mundial e segundo maior produtor de algodão, a China, com uma produção de cerca de 5,95 milhões de toneladas em 2020/2021, teve de responder à procura total de 7,8 milhões de toneladas. A produção de algodão de Xinjiang correspondeu a 5,2 milhões de toneladas, representando cerca de 87% da produção nacional e cerca de 67% do consumo interno. O algodão de fibra longa de Xinjiang, um dos que apresenta melhor qualidade no mundo, não satisfaz a procura há vários anos. A fim de atender à procura doméstica, a China precisa de importar cerca de 2 milhões de toneladas de algodão por ano. Nos últimos anos, a China expandiu activamente os seus canais de importação para garantir a estabilidade da cadeia de abastecimento. Foi também estabelecido um sistema de reserva de algodão para defender os interesses dos cotonicultores nacionais.
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador chinês em Roma convida deputados a visitarem Xinjiang O embaixador chinês em Roma convidou ontem os deputados italianos a visitarem pessoalmente a região de Xinjiang, na China, para verificar se a minoria muçulmana de uigures é realmente vítima de “genocídio”. “Convido-vos pessoalmente a irem a Xinjiang (…) para verem a realidade e averiguarem se realmente existe um genocídio, se os uigures realmente sofreram um genocídio nos últimos 20 anos”, disse o embaixador Li Junhua, dirigindo-se ao comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento italiano. “Se quiserem ir, avisem-me. Digam à embaixada, para que possamos organizar (a viagem)”, acrescentou Li. Desde 2019, a China insiste em que convida diplomatas estrangeiros para visitar Xinjiang, mas uma delegação da UE disse, nesse mesmo ano, que as pessoas com quem tinham contactado estavam controladas e liam a partir de textos que tinham sido preparados pelas autoridades chinesas. Uma outra viagem, destinada a embaixadores de países da UE, foi este mês cancelada. Perante o comité de deputados italianos, o embaixador Li Junhua defendeu que a China foi “compelida a reagir” a uma acção hostil. “Será que é apenas a UE que pode impor sanções à China? A China não pode fazer o mesmo? Teremos, assim, uma relação justa e igual?”, questionou o embaixador chinês em Roma.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE chinês refuta “mentiras” sobre Xinjiang O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês criticou nesta sexta-feira certos políticos ocidentais, profissionais de imprensa e académicos por fabricarem mentiras sobre o chamado “genocídio” e “trabalho forçado” em Xinjiang. Hua Chunying respondeu quando solicitada a comentar as observações feitas por alguns políticos canadianos, americanos e australianos sobre os assuntos de Xinjiang. Observando que a população Uigur em Xinjiang mais que dobrou nos últimos 40 anos, Hua perguntou se alguém já tinha visto um “genocídio” como esse. “Recentemente, algumas pessoas do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália têm espalhado constantemente mentiras a respeito dos assuntos de Xinjiang”, disse Hua, acrescentando que o lado chinês explicou detalhadamente a real situação em Xinjiang de várias formas, mas essas pessoas aparentemente não estão dispostas a ouvir. “Essas pessoas – certos políticos, profissionais dos media e académicos do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália – nunca estiveram em Xinjiang, Nunca viram a beleza de Xinjiang com seus próprios olhos e nunca sentiram a harmonia e a felicidade de pessoas de vários grupos étnicos em Xinjiang”, disse Hua. Hua disse que mais de 200 milhões de turistas visitaram Xinjiang em 2019, e que a China acolherá os políticos, profissionais dos media e académicos do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália, que queiram visitar Xinjiang e conversar com as pessoas que lá vivem, se realmente esperam entender a situação real da região. No entanto, “a China opõe-se firmemente à chamada ‘investigação’ com base na presunção de culpa”, acrescentou. Salientando que o genocídio já foi uma realidade no Canadá, Estados Unidos e Austrália, Hua disse que alguns ocidentais gostam de fazer acusações infundadas contra a China quando se trata de direitos humanos, mas repetidamente ignoram os problemas nos seus próprios países. “Será que os políticos canadianos, americanos e australianos têm algo a dizer sobre esses problemas? Eles condenam esses problemas?” questionou Hua. Hua disse que os direitos à vida e à saúde são prioridades máximas dos direitos humanos em todos os momentos, em todos os países e em todas as sociedades. Hua mencionou ainda “a felicidade do povo chinês durante a Festa da Primavera” e as “dificuldades dos cidadãos dos EUA no sul do Texas, no clima frio, depois de cortes maciços de energia e interrupções no abastecimento de suprimentos de primeira necessidade. “Em termos de garantia dos direitos humanos, acreditamos firmemente que estamos no caminho certo e temos plena confiança no futuro”, disse Hua. “As pessoas que fabricam e difundem consistentemente mentiras sobre os assuntos de Xinjiang visam usar os direitos humanos como desculpa para interferir nos assuntos internos da China, prejudicar a segurança e estabilidade, e bloquear o desenvolvimento da China”, disse Hua, acrescentando que tais conspirações estão “condenadas ao fracasso”. Hua exortou essas pessoas a concentrarem-se nas suas próprias sociedades e na solução de problemas nos seus próprios países, acrescentando que se insistirem em prejudicar os interesses da China, o país tomará medidas concretas e necessárias.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim pede a Londres para parar de “interferir nos assuntos internos da China” O embaixador chinês na Organização das Nações Unidas, Zhang Jun, pediu ontem ao Reino Unido para que “pare de interferir nos assuntos internos da China”, após Londres ter anunciado medidas sancionatórias por causa da perseguição aos uigures em Xinjiang. O Reino Unido anunciou que vai proibir o comércio de mercadorias relacionadas com o trabalho forçado da minoria muçulmana dos uigures, em Xinjiang, no momento em que escalam as tensões entre o Londres e Pequim e semanas depois de um polémico acordo de princípio sobre investimentos entre a China e a União Europeia, de que os britânicos já não fazem parte. O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, disse que a atitude de Pequim face aos uigures é uma “barbárie” que está a ser cometida sob pretexto de combate ao terrorismo e ao radicalismo islâmico. Em resposta, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Zhang Jun disse que esta medida de Londres é um ataque “puramente político” e “sem fundamento” e aconselhou a diplomacia britânica a não “interferir nos assuntos internos da China”. Zhang referia-se ao facto de Raab ter criticado o que chamou de “violações inaceitáveis dos direitos humanos”, anunciando medidas para proibir as importações e exportações vinculadas ao trabalho forçado dos uigures. Os uigures são o principal grupo étnico em Xinjiang, uma enorme região no noroeste da China que tem fronteiras comuns com o Afeganistão e com o Paquistão. De acordo com especialistas estrangeiros, um milhão de uigures foram detidos nos últimos anos em campos de reeducação política, apesar dos desmentidos de Pequim, que afirma tratarem-se de centros de treino vocacional, destinados a manter as pessoas longe da tentação do islamismo radical.
Hoje Macau China / ÁsiaTurquia afasta eventual envio de uigures para China após ratificação de tratado A Turquia assegurou ontem que não irá enviar membros da minoria muçulmana uigur refugiados em território turco para a China, apesar da recente ratificação por parte de Pequim de um tratado de extradição com Ancara. “É incorreto dizer que (a ratificação de Pequim) significa que a Turquia irá enviar uigures de volta para a China”, afirmou o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, numa conferência de imprensa realizada na capital do país, Ancara. “Isso só será aplicado a pessoas culpadas (de crimes). No passado, existiram pedidos para o envio de uigures que se encontravam na Turquia para a China. A Turquia não aplicou tais medidas”, prosseguiu o ministro dos Negócios Estrangeiros turco. No sábado passado, o Parlamento chinês ratificou um tratado de extradição assinado em 2017 com Ancara, acordo que Pequim quer utilizar, em particular, para acelerar o regresso de alguns uigures suspeitos de “terrorismo” e refugiados em território turco. O Parlamento turco não ratificou o texto, mas a medida anunciada pelas autoridades chinesas suscitou preocupação junto da diáspora uigur – estimada em cerca de 50.000 pessoas – refugiada na Turquia, maioritariamente na cidade de Istambul. A Turquia tem laços linguísticos e culturais com os uigures (um dos 56 grupos étnicos que existem no território chinês), que são maioritariamente muçulmanos e falam na sua grande maioria uma língua relacionada com o turco. O Estado turco foi durante muito tempo um dos principais defensores da causa uigur a nível internacional. Posteriormente, e de forma a proteger os interesses económicos do país, as críticas turcas em relação ao tratamento desta minoria ficaram mais discretas. Alguns artigos publicados denunciaram que a Turquia já deportou, de forma discreta, membros da minoria uigur para a China, nomeadamente através de países terceiros. Os uigures (bem como os cazaques) são etnicamente distintos do grupo étnico maioritário na China, os chineses han, e constituem uma grande parte da população em Xinjiang (noroeste), uma vasta região chinesa que faz fronteira com o Afeganistão e o Paquistão. Esta etnia representa um pouco menos de metade dos 25 milhões de pessoas que vivem na região de Xinjiang, um vasto território semidesértico no noroeste da China há muito atingido por ataques violentos, que Pequim atribui a elementos separatistas e islamitas. A China tem sido acusada de ter lançado uma política de vigilância máxima e de concentrar minorias étnicas chinesas de origem muçulmana em campos de doutrinação e reeducação no extremo noroeste do território chinês. Segundo peritos estrangeiros, pelo menos um milhão de pessoas, incluindo uigures, estarão nestes “campos”. Pequim tem sempre rejeitado este alegado plano de “genocídio cultural” de minorias muçulmanas na China, alegando que estas instalações são “centros de formação profissional”, destinadas a ajudar a população a encontrar trabalho e a mantê-la afastada do extremismo e do terrorismo. Muitos dos refugiados uigures que se encontram na Turquia não têm notícias dos seus familiares que estão nestas estruturas. Denúncias internacionais também apontaram este ano que os uigures estão a ser alegadamente submetidos a esterilizações forçadas, no sentido de reduzir e controlar a natalidade desta população. Cerca de 20 uigures voltaram hoje a concentrar-se, pelo nono dia consecutivo, em frente ao consulado chinês em Istambul para pedir notícias dos respetivos familiares. Também apelaram às autoridades turcas para que não ratifiquem o tratado de extradição com a China. “Estamos muito preocupados. Esperamos que o Estado (turco) não aprove isso”, disse, em declarações à agência France Presse (AFP), Omer Faruh, cuja mãe e filhos estão detidos no território chinês.
Hoje Macau SociedadeMacau impõe quarentena a quem chegar de Kazilsu Kirgiz, Xinjiang [dropcap]M[/dropcap]acau impôs a partir de hoje a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias a todos que queiram entrar no território e tenham estado nos 14 dias anteriores na prefeitura chinesa de Kazilsu Kirgiz, na província de Xinjiang. A decisão foi tomada após terem sido “encontradas 15 pessoas assintomáticas e infectadas nos cantões de Karekaiqike e de Pilal, do distrito de Akto da prefeitura autónoma de Kazilsu Kirgiz”, no noroeste da China, indicou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Da mesma forma, as autoridades informaram no domingo que vão contactar a partir de hoje aqueles que já entraram em Macau, de forma a acompanharem o estado de saúde e para organizarem a realização de testes. “O Centro de Coordenação decidiu, de imediato, transformar a cor do código de saúde dos indivíduos que estiveram da prefeitura autónoma de Kazilsu Kirgiz, Xinjiang, nos últimos 14 dias, para a ‘cor amarela’, sendo que estes (…) necessitam de realizar auto-gestão de saúde, suspender a sua actividade profissional e devem ser acompanhados pelos serviços de saúde”, de acordo com a mesma nota.
Hoje Macau China / ÁsiaChina acusa senadores norte-americanos de mentirem sobre Xinjiang [dropcap]A[/dropcap] China acusou hoje um grupo de senadores norte-americanos de mentirem, após estes terem proposto declarar Pequim culpada do “genocídio” de muçulmanos na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país. A resolução dos senadores acusa Pequim de repressão contra os chineses das minorias étnicas muçulmanas uigur e cazaque e culpa Pequim de levar a cabo um “genocídio”. A China sofreu, nos últimos anos, vários ataques à bomba e esfaqueamentos atribuídos a separatistas e extremistas uigures, que resultaram na morte de dezenas de civis. Uma vasta região semidesértica, onde os uigures representam quase metade da população, Xinjiang foi convertido num Estado policial, em nome da luta contra o terrorismo. Mais de um milhão de pessoas foram internadas em campos de doutrinação, segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos. A China afirma que estes campos são “centros de treino vocacional”, destinados a ajudar os uigures a encontrar empregos e afastá-los do extremismo religioso. “Esses senadores norte-americanos estão empenhados em fabricar todos os tipos de mentiras para desacreditar a China e obter benefícios políticos”, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa. “Entre 2010 e 2018, a população uigur de Xinjiang aumentou de 10,17 milhões para 12,72 milhões (…) Em que se baseiam essas acusações de um alegado genocídio”, questionou. Wang culpou antes os Estados Unidos pela “assimilação e massacre em grande escala” dos nativos americanos. “Isso não é um genocídio”, questionou o porta-voz. A resolução foi apresentada por senadores eleitos de ambos os partidos, Republicano e Democrata. A ONU define genocídio como um crime cometido “com a intenção de destruir, na totalidade ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, em particular através de medidas “destinadas a prevenir nascimentos dentro do grupo”. A China é acusada por um estudo publicado pelo instituto de pesquisa norte-americano Jamestown Foundation de “esterilizações forçadas” em Xinjiang.
Hoje Macau China / ÁsiaDisney | Entidades acusadas de abusos de direitos humanos nos créditos de “Mulan” Estreia amanhã nos cinemas chineses “Mulan”, o filme da Disney que multiplica polémicas e contratempos. Primeiro, foram as críticas que chegaram ao Global Time, de falta de autenticidade revelada no trailer, seguido do apoio público da protagonista, Liu Yifei, à polícia de Hong Kong e finalmente do adiamento da estreia devido à pandemia. Agora, aumentam apelos ao boicote devido à presença de entidades oficiais de Xinjiang nos créditos do filme [dropcap]C[/dropcap]ada vez existem mais preocupações éticas no comportamento dos consumidores, até mesmo no entretenimento, numa extensão da “cancel culture”. A grande produção dos estúdios da Disney “Mulan” é um dos mais recentes campos de batalha política, principalmente depois de o filme ter estreado na plataforma de stream Disney+. Nos créditos finais, a Disney agradece a agências do Governo chinês acusadas de abusos contra os direitos humanos na província de Xinjiang pela ajuda dada na produção. Entre as organizações está o departamento de segurança pública da cidade de Turfán ou o departamento de propaganda do Partido Comunista Chinês na região. Turfán é uma cidade da periferia de Ürümqi, a capital da província onde se suspeita estar em curso um genocídio cultural. Este departamento público foi incluído pelo Governo norte-americano numa lista de organizações envolvidas em violações e abusos de direitos humanos. O filme, que já havia gerado controvérsia, voltou assim a provocar uma onda de críticas e apelos ao boicote, algo inimaginável quando foi anunciado que os estúdios da Disney iriam produzir uma adaptação em filme da animação com o mesmo nome lançada em 1998. Até agora, a Disney ainda não comentou o caso publicamente. Não se sabe ao certo “quanto” do filme foi rodado em Xinjiang, mas de acordo com inúmeras publicações nas redes sociais, e em entrevistas, de pessoas ligadas à produção sabe-se que a produção teve lugar em vários pontos da província. Desde que o filme ficou disponível na plataforma Disney+, na sexta-feira, a ligação entre a obra e o poder político em Xinjiang tornou-se incendiária nas redes sociais. O caso levou várias organizações de defesa dos direitos humanos a exigir a divulgação de acordos entre o Governo chinês e a Disney firmados na sequência da autorização para filmar na província, uma das zonas mais vigiadas do mundo. “É profundamente perturbante que a Disney tenha julgado normal entrar em parcerias, e agradecer a departamentos de propaganda e de segurança pública envolvidos em genocídio”, referiu à CNN Isaac Stone Fish, da Asia Society, uma organização sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque. Montanhas de problemas O projecto de readaptar “Mulan” para filme de acção tinha tudo para ser um sucesso de bilheteira, em particular na China, o segundo maior mercado do mundo no consumo de filmes produzidos por Hollywood. No ano passado, as críticas começaram quando ficou disponível o trailer do filme, levando a queixas em vários quadrantes chineses em relação à falta de rigor histórico e ao excesso de estereótipos na forma como se retratavam as personagens. Um artigo publicado em Julho de 2019 no jornal oficial Global Times deu voz a várias opiniões negativas, nomeadamente do crítico de cinema Shi Wenxue que referiu que as casas, maquilhagem e guarda-roupa eram característicos da Dinastia Tang. Apesar de temporalmente deslocada da data em que se desenrola a narrativa, os estúdios da Disney preferiram usar “o imaginário mais conhecido da China antiga”. Porém, um dos aspectos mais criticados foi o facto de nas cenas de luta serem usados técnicas e movimentos típicos dos ninjas japoneses. Outra presença nipónica está no estilo do mobiliário usado em algumas cenas. O mesmo crítico, citado pelo Global Times, apontava “Mulan” como um exemplo perfeito de como o Ocidente não entende e deturpa a China, socorrendo-se de estereótipos que apelam à imaginação ocidental. Ao longo do artigo são enumeradas razões para duvidar que “Mulan” seja uma obra apelativa ao público chinês. O contra-ataque da Disney chegou em forma de entrevista a outro órgão de comunicação oficial do Governo Central. Em discurso directo à agência Xinhua, o presidente da Walt Disney Studios Motion Picture Production, Sean Bailey, garantiu o empenho da equipa em ser fiel à história. “Passámos muito tempo, no início da produção, com académicos, especialistas e pessoas da região. Estivemos muito tempo na China”, revelou. Bailey acrescentou que não só o elenco é chinês, como também foi contratado um produtor chinês para fazer “Mulan”. Aliás, o compromisso da Disney com o público e as autoridades chinesas pode-se aferir a partir das múltiplas entrevistas dadas à Xinhua, de Bailey, ao realizador Niki Caro, à actriz principal, Liu Yifei, até chegar ao CEO da Disney Bob Chapek. Opiniões virais Tudo indicava que a Disney tinha em mãos um sucesso garantido. Em Agosto do ano passado, vários activistas pró-democracia apelaram ao boicote a “Mulan” depois de a actriz principal, Liu Yifei, ter demonstrado nas redes sociais o apoio à polícia de Hong Kong. Isto numa altura em que as autoridades da região vizinha enfrentavam acusações de violência policial. “Apoio a polícia de Hong Kong. Podem-me atacar agora. Que vergonha, Hong Kong”, partilhou Liu na sua conta de Weibo, um post originalmente publicado pelo Diário do Povo. Depois da publicação da actriz, de nacionalidade norte-americana, #BoycottMulan subiu na lista dos mais populares hashtags do Twitter. Após a polémica, que o departamento de marketing da Disney com certeza dispensava, chegou a pandemia do novo tipo de coronavírus. Sem condições para haver público nas salas de cinema, a Disney viu-se forçada a adiar a estreia em Março. Os pedidos para a companhia de estúdios ser transparente quanto aos acordos estabelecidos com o Governo Central chegaram de vários quadrantes. Yaqiu Wang, um investigador chinês da Human Rights Watch, pediu à Disney para revelar que tipo de assistência recebeu das autoridades de Xinjiang e que acordos firmou com as autoridades da província. Stone Fish, da Asia Society, realça em declarações à CNN que é comum as empresas fazerem pequenas concessões ao Governo Central para acederem ao mercado apetecível chinês. “Os estúdios entendem que têm de se comprometer com Pequim, que podem censurar ligeiramente os filmes para aceder ao mercado chinês, mantendo a integridade. Não é necessário dar os passos extra que a Disney deu, e pelos quais agora está a ser, e bem, criticada”, rematou o activista. Sequelas políticas Em Outubro do ano passado, o Governo norte-americano elaborou uma lista negra de organizações políticas em Xinjiang proibidas de comprar produtos aos Estados Unidos. Até ao dia de ontem, ainda não era claro se a Disney seria investigada pelas autoridades norte-americanas devido às ligações ao poder provincial da região do noroeste chinês. Ainda assim, a empresa foi alvo das críticas de alguns políticos norte-americanos. O republicano Mike Gallagher, do Wisconsin, escreveu no Twitter que “enquanto o PCC comete crimes contra a humanidade em Xinjiang, a Disney agradece a quatro departamentos de propaganda que mentem sobre esses crimes. Também agradece ao departamento de segurança pública da cidade de Turfán, uma entidade apontada como responsável por essas atrocidades”. Importa recordar que no ano passado, Mike Pence criticou empresas norte-americanas por tentarem silenciar opiniões sensíveis para aceder ao mercado chinês. Por exemplo, o vice-presidente norte-americano acusou a Nike de “deixar a consciência à porta”, assim como jogadores e empresários da NBA, por alinharem com o PCC contra os movimentos pró-democracia de Hong Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China detecta mais de 100 casos pelo terceiro dia consecutivo [dropcap]A[/dropcap] China identificou, nas últimas 24 horas, 127 casos de covid-19, o terceiro dia consecutivo com mais de 100 casos, a grande maioria em Xinjiang, no noroeste do país, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde. A região autónoma de Xinjiang contou 112 novos casos. Na província de Liaoning, no nordeste da China, foram diagnosticados mais 11. Todos estes casos ocorreram por contágio local. O país detectou ainda quatro casos entre viajantes oriundos do exterior, os chamados casos “importados”. O número representa uma tendência crescente nos últimos dias: 105 casos na quarta-feira, 101 na terça-feira e 68 na segunda-feira. A mesma fonte detalhou que, até à meia-noite, 17 pacientes receberam alta e oito deram entrada em estado grave. O número total de casos activos na China continental fixou-se em 684, entre os quais 41 estão em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634, entre um total de 84.292 pacientes diagnosticados oficialmente na China desde o início da pandemia. Mais de 78.974 superaram a doença e receberam alta. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 667 mil mortos e infectou mais de 17 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).