Pequim promete apoiar Venezuela independentemente das circunstâncias internacionais

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, assegurou ontem que a China vai continuar a apoiar a Venezuela na defesa da sua “soberania e dignidade nacional”, independentemente das mudanças no cenário internacional.

“A China e a Venezuela são bons amigos e parceiros e, independentemente da mudança das circunstâncias internacionais, a China continuará a apoiar a Venezuela na defesa da sua soberania e dignidade nacional, bem como no desenvolvimento económico e social do país”, disse Wang durante uma reunião, em Nova Iorque, com o seu homólogo venezuelano, Yván Gil, de acordo com um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Wang transmitiu as saudações do chefe de Estado chinês, Xi Jinping, e felicitou Nicolás Maduro pela sua reeleição como Presidente, uma posição que contrasta com a da União Europeia (UE), que reiterou ontem que não reconhece a legitimidade do Presidente venezuelano, segundo o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.

As declarações reafirmam a posição diplomática da UE depois de o Parlamento Europeu ter aprovado esta semana uma resolução não vinculativa que reconhece Edmundo González como o legítimo vencedor das eleições venezuelanas de 28 de Julho.

“O povo venezuelano vai unir-se e ultrapassar os desafios, alcançando novos êxitos no desenvolvimento do país”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.

Amizade duradoura

Gil sublinhou que, no ano passado, os Presidentes da Venezuela e da China elevaram as suas relações a uma “parceria estratégica infalível” e que este ano celebram o 50.º aniversário das suas relações diplomáticas, marcando um “momento-chave” na sua história bilateral.

De acordo com o ministro venezuelano, a Venezuela é “o parceiro mais fiável da China”, empenhada em reforçar ainda mais a cooperação para benefício mútuo dos dois povos.

A visita de Wang aos Estados Unidos faz parte da sua participação na 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, onde representará a China e procurará obter o apoio do Sul Global numa altura de fricção com o Ocidente.

O ministro, que estará em Nova Iorque até 28 de Setembro na qualidade de enviado especial de Xi, assistirá também ao debate de alto nível do Conselho de Segurança e manterá reuniões com os seus homólogos do Grupo dos Vinte países mais desenvolvidos e emergentes (G20) e dos BRICS.

25 Set 2024

Venezuela | Caritas Macau e Portuguesa ajudam grávidas e crianças

Da visita do presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, a Macau resultou uma parceria com a Caritas Macau que visa ajudar grávidas e crianças com fome na Venezuela. A organização liderada por Paul Pun vai ajudar com os custos de transporte de medicamentos e outros bens de apoio

 
[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa e de Macau vão enviar nutrientes e medicamentos para ajudar parturientes e crianças subnutridas venezuelanas, disse à Lusa o presidente da instituição de Portugal.
Foi acordado o “envio de nutrientes e também de medicamentos para crianças subnutridas e para parturientes”, afirmou Eugénio Fonseca, após uma reunião com a Caritas Macau no último dia da visita que realizou ao território.
“Os medicamentos foram-nos doados em Portugal e é preciso fazer chegar lá [Venezuela]”, acrescentou, explicando que “a forma mais segura”, por indicação da Caritas venezuelana “é por via postal”, precisou. A Caritas de Macau “vai ajudar a suportar o custo”, acrescentou o responsável da Caritas Portuguesa. Esta é uma das medidas concretas que resultou da visita desta semana a Macau.
“Vamos conseguir apoio financeiro da Caritas de Macau para realizar em Portugal uma acção de formação em empreendedorismo social para pelo menos 40 colaboradores”, numa “área que é importante, face aos novos desafios em termos sociais, resultantes até da crise que vivemos há anos”, declarou.

Mais partilhas

A Caritas Portuguesa e a de Macau vão igualmente avançar com a partilha de experiências na área da reintegração social de reclusos e no intercâmbio de colaboradores.
“Queremos diversificar o protocolo já assinado na área de apoio a reclusos (…) com a Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais em Portugal” e “dos projectos que tenham a ver com a preparação dos reclusos para a sua reintegração social”.
A ideia passa por apresentar um projecto. “E partilharmos experiências que vamos tendo em Portugal para replicar” em Macau, até porque a Caritas local “é a única que faz voluntariado e apoia em termos sociais os reclusos na cadeia em Macau”, esclareceu, adiantando que haverá ainda “intercâmbio entre colaboradores”, estando ainda por acertar “em que moldes”.
Das reuniões resultou ainda um acordo para se estabelecer uma parceria entre as duas Caritas e a Universidade de São José para que seja criado um prémio que passe a distinguir “a melhor tese de mestrado”, com direito a publicação em Macau através da Editorial Caritas.
Quanto ao desenvolvimento de projectos conjuntos em países como São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau, no âmbito da qualificação de quadros qualificados, por exemplo, Eugénio Fonseca explicou à Lusa que a definição destes ficará dependente da reunião interministerial do Fórum Macau agendada para este ano e que vai juntar representantes ao mais alto nível dos países lusófonos. A visita começou na última segunda-feira e serviu para reactivar a colaboração com a congénere de Macau. A Caritas foi fundada em 1945 em Portugal e em 1951 em Macau.

13 Jan 2020

Venezuela | Caritas Macau e Portuguesa ajudam grávidas e crianças

Da visita do presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, a Macau resultou uma parceria com a Caritas Macau que visa ajudar grávidas e crianças com fome na Venezuela. A organização liderada por Paul Pun vai ajudar com os custos de transporte de medicamentos e outros bens de apoio

 

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa e de Macau vão enviar nutrientes e medicamentos para ajudar parturientes e crianças subnutridas venezuelanas, disse à Lusa o presidente da instituição de Portugal.

Foi acordado o “envio de nutrientes e também de medicamentos para crianças subnutridas e para parturientes”, afirmou Eugénio Fonseca, após uma reunião com a Caritas Macau no último dia da visita que realizou ao território.

“Os medicamentos foram-nos doados em Portugal e é preciso fazer chegar lá [Venezuela]”, acrescentou, explicando que “a forma mais segura”, por indicação da Caritas venezuelana “é por via postal”, precisou. A Caritas de Macau “vai ajudar a suportar o custo”, acrescentou o responsável da Caritas Portuguesa. Esta é uma das medidas concretas que resultou da visita desta semana a Macau.

“Vamos conseguir apoio financeiro da Caritas de Macau para realizar em Portugal uma acção de formação em empreendedorismo social para pelo menos 40 colaboradores”, numa “área que é importante, face aos novos desafios em termos sociais, resultantes até da crise que vivemos há anos”, declarou.

Mais partilhas

A Caritas Portuguesa e a de Macau vão igualmente avançar com a partilha de experiências na área da reintegração social de reclusos e no intercâmbio de colaboradores.

“Queremos diversificar o protocolo já assinado na área de apoio a reclusos (…) com a Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais em Portugal” e “dos projectos que tenham a ver com a preparação dos reclusos para a sua reintegração social”.

A ideia passa por apresentar um projecto. “E partilharmos experiências que vamos tendo em Portugal para replicar” em Macau, até porque a Caritas local “é a única que faz voluntariado e apoia em termos sociais os reclusos na cadeia em Macau”, esclareceu, adiantando que haverá ainda “intercâmbio entre colaboradores”, estando ainda por acertar “em que moldes”.

Das reuniões resultou ainda um acordo para se estabelecer uma parceria entre as duas Caritas e a Universidade de São José para que seja criado um prémio que passe a distinguir “a melhor tese de mestrado”, com direito a publicação em Macau através da Editorial Caritas.

Quanto ao desenvolvimento de projectos conjuntos em países como São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau, no âmbito da qualificação de quadros qualificados, por exemplo, Eugénio Fonseca explicou à Lusa que a definição destes ficará dependente da reunião interministerial do Fórum Macau agendada para este ano e que vai juntar representantes ao mais alto nível dos países lusófonos. A visita começou na última segunda-feira e serviu para reactivar a colaboração com a congénere de Macau. A Caritas foi fundada em 1945 em Portugal e em 1951 em Macau.

13 Jan 2020

Venezuela: Padre luso-descendente considera alarmante violência nas igrejas

Por João Pedro Fonseca e Felipe Gouveia, da agência Lusa

 

[dropcap]O[/dropcap] pároco da missão católica portuguesa em Caracas, Alexandre Mendonça, considera “alarmante que na celebração de uma missa as pessoas tenham de suportar gás lacrimogéneo e agressividade” policial, mas considera uma inevitabilidade, porque “ninguém escapa à realidade do país”.

A invasão de uma igreja, em San Cristobal, no Estado de Táchira, por parte de militares e polícias, na passada quarta-feira, já não surpreende o padre Alexandre Mendonça: “É uma realidade, a igreja está no país, e o país tem muita violência e em qualquer sítio podem acontecer coisas destas…”.

A Igreja Católica tomou uma posição veemente sobre estes acontecimentos de San Cristobal, mas não chegou nenhuma resposta do Governo de Nicolás Maduro. Alexandre Mendonça não se surpreende com isso.

“Do Governo, a palavra paz ouve-se a cada instante. Mas, se se preparam para a guerra, eu creio que o caminho da paz não é por aí. O caminho da paz é a construir justiça, fraternidade, perdão, solidariedade. Preparar para a guerra para alcançar paz para mim é contraditório”, clarifica.

O padre Alexandre, que celebrou este domingo uma missa na capela do Centro Português, em Macaraquai, utilizou várias metáforas na homilia, recorrendo a textos bíblicos. Questionado sobre esta mensagem, Alexandre Mendonça explicou que a missão da igreja é transmitir mensagens positivas.

“Todas estas calamidades que estamos a viver têm uma resposta precisamente naquilo que veio a vencer o pecado, a morte e a escuridão, para falarmos de luz, perdão e vida e aí encontramos força para o presente e, também, coragem para enfrentar um futuro, ainda que esteja marcada por grande incerteza”, disse.

O padre Alexandre, que durante a homilia se referiu à situação difícil que se vive no país, lembrou um pensamento da Madre Teresa de Calcutá e que o Papa Francisco tem usado e que também diz usar: “Quem não vive para servir não serve para viver”.

Sobre os actos de violência que se registaram nos últimos dias, o pároco disse que é preciso deixar “tanta soberba, orgulho, vaidade. O nosso coração, que é de pedra, tem de transformar-se em coração de carne, para que o amor ao próximo passe a ser uma verdade tangível e não palavras vãs que o vento as leva”.

Falou também nas ideologias: “Quando abandonamos Deus na nossa vida. Quando queremos substituí-lo por ideologias, quaisquer que elas sejam, passamos a acreditar num Deus que não existe. Pôr em prática aquilo que não é real leva-nos ao caminho do engano e do sofrimento”.

Habituado a ver o lado positivo das coisas, lembra: “nestas circunstâncias tão difíceis, se algo há de positivo é que aprendemos a olhar mais para os que estão ao nosso lado.

O padre luso-descendente afirma que os acontecimentos de dia 30, com a posição política de Juan Guaidó, não são garantia de mudanças. “Honestamente, digo-vos que já São 50 anos de Venezuela. Não creio. Não é que não me afete, mas esperar que aquilo que se passou, que foi doloroso, até com mortos, vai trazer mudanças… Se o coração do homem não se transforma, a vida que o circunda também não se transforma”.

O padre referiu-se na missa à angústia vivida em Turumo, onde celebrou uma missa também nesta manhã de domingo, e onde lhe foi passada a informação de que existiam ameaças do Governo da Venezuela por causa do dinheiro do Novo Banco retido em Portugal. Que poderia haver uma retaliação do Governo através da expropriação do Centro Português.

Esse rumor, defende o padre, não tem qualquer base factual, pelo que pediu prudência. “Não se deve inventar desgraças maiores. É nosso dever minimizar e aliviar a angústia que as pessoas já levam no seu dia a dia”.

Juan Guaidó desencadeou na madrugada da passada terça-feira um golpe de força contra o regime, em que envolveu militares e apelou à adesão popular.

A iniciativa da passada terça-feira constituiu o arranque da denominada “Operação Liberdade”, que, segundo Guaidó, visa pôr termo ao que chama de “usurpação” da presidência por Nicolás Maduro.

A presidência interina de Guaidó é reconhecida por cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos da América, enquanto Maduro, que tem o apoio da Rússia, além de Cuba, Irão, Turquia e alguns outros países, considerou que a “Operação Liberdade” configura uma tentativa de golpe de Estado.

Nicolás Maduro, que tem sido alvo de forte contestação nas ruas, mas que aparentemente mantém o controlo das instituições, continua a contar, aparentemente, com a lealdade das chefias militares, mantendo o país num impasse.

Os confrontos registados desde a madrugada da passada terça-feira provocaram a morte de cinco manifestantes, três dos quais menores, e 239 ficaram feridos, segundo informações das Nações Unidas.

6 Mai 2019

Pequim pronto a ajudar Venezuela após apagão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China afirmou ontem estar pronta para “prestar assistência técnica” à Venezuela, que sofre desde quinta-feira passada o pior apagão da sua história, no meio de uma grave crise política e social.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, afirmou que “se o governo venezuelano precisar de ajuda, a China a prestará da melhor maneira possível”.

Lu revelou que Pequim “está muito preocupado” com os apagões e expressou esperança de que a Venezuela “possa descobrir a causa desse problema e restaurar o fornecimento de electricidade e a ordem social”.

“A China está disposta a oferecer assistência e apoio técnico à Venezuela”, disse o porta-voz.

Questionado se Pequim planeia enviar “especialistas” para a Venezuela, em breve, para resolver o problema, Lu limitou-se a afirmar que “não há informações sobre o envio de especialistas”.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que o apagão se deve a um ciberataque coordenado dos Estados Unidos.

Maduro disse que iria pedir ajuda à ONU e aos seus aliados China, Cuba, Rússia e Irão, para investigar o alegado “ataque cibernético” que terá causado o apagão.

Lu não confirmou, no entanto, se acredita na versão de Maduro.

 

Fases da crise

Entretanto, o chefe do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, reconhecido por cerca de cinquenta países como Presidente do país, liderou na terça-feira protestos da oposição devido à falha na energia elétrica.

Em 24 de Janeiro passado, a China expressou o seu apoio ao Governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, e condenou a “intromissão nos assuntos internos” do país pelos Estados Unidos, depois de Washington ter reconhecido o líder provisório autoproclamado, Juan Guaidó.

No entanto, na semana seguinte, Pequim revelou-se menos enfático no seu apoio a Maduro, afirmando que mantém “contactos estreitos com todas as partes” envolvidas na crise política na Venezuela, “através de vários canais”.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

14 Mar 2019

Venezuela| Rússia e China rejeitam qualquer acção militar

Os dois principais aliados de Nicolas Maduro expressaram esta semana o seu repúdio contra qualquer ingerência externa na Venezuela e deixam o aviso de que uma acção militar no país seria interpretada como um “acto de agressão contra um Estado soberano e uma ameaça à paz e à segurança internacional”

[dropcap]A[/dropcap]Rússia e a China opuseram-se esta quarta-feira a qualquer acção militar contra a Venezuela, numa altura em que os Estados Unidos querem avançar com uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise venezuelana.

Em Wuzhen (leste da China), o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou que Moscovo, um aliado do Presidente venezuelano contestado Nicolás Maduro, está a trabalhar com todos os países que encaram com preocupação o cenário de uma eventual interferência militar na Venezuela.

Nas mesmas declarações, Lavrov, que se encontrou em Wuzhen com os seus homólogos chinês e indiano, denunciou as tentativas “descaradas” de criar “pretextos artificiais” para uma intervenção militar, como, por exemplo, o argumento de uma operação humanitária.

A administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, que contesta Nicolás Maduro e reconhece o opositor Juan Guaidó como Presidente interino venezuelano, já afirmou que não descarta nenhuma opção, inclusive militar, para lidar com a crise venezuelana.

E o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já chegou a declarar que “os dias de Maduro estão contados”.

Washington pretende avançar esta semana com a votação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre os últimos acontecimentos na Venezuela e focada na autorização para a entrada da ajuda humanitária naquele país.

É previsível que a Rússia, que como os Estados Unidos e a China é membro permanente do Conselho de Segurança e tem a capacidade de vetar a resolução, rejeite o texto norte-americano.

“Não é por acaso que as autoridades do Brasil, por exemplo, já declararam que não vão participar ou disponibilizar o seu território aos norte-americanos para uma agressão contra a Venezuela”, referiu ainda Lavrov.

 

Palavras ditas

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo também destacou que “nenhum” país latino-americano, incluindo o Grupo de Lima (13 países latino-americanos e o Canadá), expressou publicamente o apoio a uma intervenção militar.

“Acho que os Estados Unidos deveriam ouvir os países da região”, concluiu Lavrov.

As palavras de Lavrov surgem no mesmo dia em que o Senado russo (câmara alta do parlamento) advertiu, numa declaração, que uma intervenção militar na Venezuela seria interpretada como um “acto de agressão contra um Estado soberano e uma ameaça à paz e à segurança internacional”.

O Senado russo também apelou à comunidade internacional e a várias organizações, como a ONU ou o Parlamento Europeu, para apoiarem um diálogo, um processo político pacífico na Venezuela e para evitarem “qualquer tentativa de ingerência externa”.

Já a China, país que é tradicionalmente favorável a uma política externa fundamentada na não-ingerência, frisou que a actual crise política que abala a Venezuela é um assunto interno.

“A questão venezuelana é por natureza um problema interno da Venezuela”, afirmou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, no seguimento das declarações do seu homólogo russo sobre uma eventual intervenção militar estrangeira.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês também pediu respeito pelas “princípios básicos das relações internacionais” e pela “soberania” dos Estados.

Até à data, cerca de 50 países já reconheceram o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó (que se autoproclamou em Janeiro), como Presidente interino da Venezuela.

Já Maduro conta com o apoio da Rússia e da China. As autoridades chinesas temem que um regime liderado pela oposição venezuelana não pague os milhões de dólares emprestados por Pequim a Caracas.

 

1 Mar 2019

UE condena uso de violência na entrada de ajuda humanitária na Venezuela

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] União Europeia (UE) pediu ontem moderação às forças de segurança venezuelanas, e que evitem o uso de força, na entrada de ajuda humanitária na Venezuela.

“Fazemos um forte apelo aos organismos de segurança de cumprimento da lei para que mostrem moderação, evitem o uso da força e permitam a entrada de ajuda”, referiu a alta representante da UE para a política externa, Federica Mogherini, em comunicado.

Repudiando “o uso de grupos armados para intimidar civis e legisladores”, a UE apelou ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que “reconheça a emergência humanitária” dada a escalada de tensão no país.

Federica Mogherini recordou que, entre 2018 e 2019, a União Europeia se comprometeu a dar mais de 60 milhões de euros em ajuda humanitária e apoio ao desenvolvimento na Venezuela para “aliviar o sofrimento dos mais vulneráveis”.

No sábado, as forças leais a Nicolás Maduro impediram a entrada no país de ajuda humanitária, parte da qual enviada pelos Estados Unidos, pelas fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil.

O dia ficou marcado por actos violentos na chegada da ajuda humanitária, com camiões incendiados na fronteira com a Colômbia e outros a regressar ao Brasil, registando-se pelo menos quatro mortos em confrontos e 285 feridos, e deserções entre as forças venezuelanas.

A entrada da ajuda humanitária tinha sido convocada por Juan Guaidó, líder do parlamento venezuelano e o autoproclamado Presidente interino da Venezuela.

 

Tudo em aberto

Na rede social Twitter, Juan Guaidó anunciou no sábado que vai pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha “abertas todas as opções para conseguir a libertação” do país.

“Os acontecimentos de hoje [sábado] obrigam-me a tomar uma decisão: propor formalmente à comunidade internacional que devemos manter abertas todas as opções para conseguir a libertação desta Pátria que luta e que continuará a lutar. A esperança nasceu para não morrer, Venezuela!”, escreveu Guaidó na sua conta oficial no Twitter.

Segundo dados da ONU, a grave crise económica e social que afecta a Venezuela levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015.

Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes, incluindo cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.

25 Fev 2019

Venezuela: China critica “pretensa ajuda humanitária” que poderá originar um conflito

[dropcap]A[/dropcap]China manifestou hoje a sua oposição à entrada em força este fim de semana na Venezuela da “pretensa ajuda humanitária” norte-americana ao sublinhar que poderá desencadear um conflito no país, envolvido uma grave crise política interna.

O gigante asiático é o principal credor de Caracas, a quem concedeu milhares de euros de empréstimos, e continua a reconhecer Nicolás Maduro como o único presidente legítimo do país sul-americano, imerso em graves dificuldades económicas.

Milhares de toneladas de ajuda humanitária norte-americana estão armazenadas desde 7 de Feveriro na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta. Um outro centro de recolha foi instalado no norte do Brasil.

O opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, prometeu que esta ajuda será encaminhada no sábado para o país. Nicolás Maduro opõe-se intransigentemente a esta medida, entendida como um pretexto para uma intervenção militar norte-americana, também já denunciada por Moscovo.

“Se esta pretensa ajuda humanitária foi enviada à força para a Venezuela, poderá desencadear um conflito e implicar graves consequências”, advertiu Geng Shuang, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“A China opõe-se a uma intervenção militar na Venezuela e a qualquer acção susceptível de provocar um escândalo ou distúrbios”, afirmou em conferência de imprensa.

Os envios de alimentos e medicamentos destinados aos venezuelanos afectados pela crise económica tornaram-se no pretexto de uma luta de poder entre o Presidente Nicolás Maduro e Juan Guaidó.

A Casa Branca indicou que o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, se desloca na segunda-feira à Colômbia para expressar o “apoio sem reservas” dos Estados Unidos a Juan Guaidó.

Washington tem repetido por diversas vezes que “todas as opções” são admissíveis, incluindo o uso da força.

22 Fev 2019

Pompeo e Guterres discutiram situação na Venezuela

[dropcap]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reuniram ontem, numa altura de crescente tensão devido à entrega de ajuda humanitária na Venezuela prevista para este fim de semana.

O encontro, marcado à última hora a pedido dos Estados Unidos, aconteceu na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, e durou cerca de 30 minutos, com Mike Pompeo a recusar prestar declarações. No entanto, as Nações Unidas já tinham confirmado que a situação na Venezuela seria um dos assuntos em discussão.

Em entrevista a uma televisão, o chefe da diplomacia norte-americana defendeu a necessidade de levar ajuda à Venezuela, devido a uma “enorme crise humana” no país. “Este fim de semana vamos tentar entregar centenas de toneladas de ajuda paga por contribuintes norte-americanos.

Esperamos conseguir passar na fronteira”, disse Pompeo ao canal NBC, antes de se encontrar com Guterres. O secretário de Estado disse que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está “decidido” a dar ajuda humanitária aos venezuelanos, embora o Governo de Nicolas Maduro a rejeite.

Maduro ordenou na quinta-feira o encerramento da fronteira com o Brasil, adiantando que estava “a avaliar” um decreto semelhante na fronteira com a Colômbia, onde está armazenada a ajuda internacional organizada por países que reconhecem o chefe do parlamento, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.

O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.

O auto-proclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou que em 23 de Fevereiro entrará a ajuda humanitária no país, referindo que existem “250 a 300 mil venezuelanos em risco de morrer”.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se auto-proclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos anti-governamentais desde 23 de Janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

22 Fev 2019

Venezuela | Japão declarou ontem apoio ao Presidente interino Juan Guaidó

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão declarou ontem o apoio do seu país ao auto-proclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. “O nosso país pediu eleições antecipadas (…), mas infelizmente isso ainda não aconteceu”, disse Taro Kono durante uma conferência de imprensa.

“Dadas as circunstâncias, apoiamos claramente o Presidente interino Guaidó e apelamos novamente ao país para que realize eleições livres e justas”, disse Kono.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se auto proclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

20 Fev 2019

Delegação do Parlamento Europeu impedida de entrar na Venezuela

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do Parlamento Europeu (PE), que tinha sido convidada pela Assembleia Nacional venezuelana (AN) a visitar a Venezuela, foi no domingo impedida de entrar no país e obrigada a apanhar um voo de regresso a Madrid.

A expulsão dos eurodeputados foi denunciada pelo deputado opositor Francisco Sucre, através da sua conta oficial no Twitter, onde afirma que a delegação já tinha chegado ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía (norte de Caracas), o principal do país.

“Queremos alertar a opinião pública nacional e internacional que o regime usurpador de Nicolás Maduro acaba de proibir a entrada na Venezuela de uma delegação de euro-deputados que vieram a convite da Assembleia Nacional da Venezuela e do seu presidente Juan Guaidó”, escreveu.

Numa outra mensagem, o deputado afirma que esta é uma “nova amostra de que Nicolás Maduro é um tirano que pretende isolar a Venezuela do concerto das nações livres e que gera sofrimento no seu povo, que padece de uma emergência humanitária complexa”.

“Denunciamos este novo atropelo contra a liberdade e a democracia. Proíbem a entrada aos euro-deputados e retêm os seus passaportes sem razão ou explicação alguma, o que é um abuso de força de um regime que recorre à força para aferrar-se ao poder”, sublinhou.

Francisco Sucre publicou ainda um vídeo, em que explica que os deputados mostraram às autoridades uma carta com o convite feito pela presidência da Comissão de Política Exterior do Parlamento, mas que obtiveram como resposta “isso não vale nada”.

Entretanto, também através do Twitter, o porta-voz do Partido Popular espanhol, Esteban González Pons, um dos deputados expulsos da Venezuela, explicou que “a única explicação” para o sucedido é que Maduro “não os quer” no país.

A delegação estava composta pelos euro-deputados Esteban González Pons, José Ignácio Salafranca Sánchéz-Neyra e Juan Salafranca. Dela fazia parte também o euro-deputado português Paulo Rangel, que perdeu o voo de ligação entre Madrid e Caracas.

18 Fev 2019

Venezuela | Possibilidade de intervenção militar norte-americana no horizonte

Uma nota no caderno de Conselheiro para a Segurança Nacional norte-americano, John Bolton, onde se lê “5000 tropas para a Colômbia”, voltou a trazer para a ordem-do-dia a possibilidade de intervenção militar para mudança do regime de Nicolás Maduro. Entretanto, falando de negócios, Pequim tenta pôr água na fervura ao mesmo tempo que encara o petróleo venezuelano como uma alternativa viável ao crude iraniano

[dropcap]O[/dropcap] ambiente de caos continua a ser o prato-do-dia na Venezuela. Enquanto a comunidade internacional se divide entre quem manda no país, uma nota do Conselheiro para a Segurança Nacional norte-americano, John Bolton, acrescentou gasolina ao fogo diplomático.

John Bolton, que tem um percurso político extremamente belicista e próximo de lobbies do armamento, já havia ventilado que na questão da Venezuela “todas as opções estavam em cima da mesa”. Uma expressão utilizada para dizer que a intervenção militar é uma possibilidade a considerar.

Entretanto, a forma como Bolton “revelou” a frase “5000 tropas para a Colômbia” tem dividido analistas. Há quem diga que se trata de um descuido que pode enunciar um bluff, ou um aviso a Nicolás Maduro, há quem ache que o conflito é uma possibilidade credível.

Independentemente da intervenção norte-americana em mais uma operação de mudança de regime na América Latina, Maduro denunciou a possibilidade de haver forças em território colombiano com intenção de invadir a Venezuela. Nomeadamente, militares que desertaram e se tornaram “mercenários”, estando em curso uma conspiração contra Maduro, a partir Colômbia, com o objectivo de dividir o exército venezuelano.

“Um grupo de militares desertores, que se tornaram mercenários ao serviço da oligarquia colombiana, conspira a partir da Colômbia para dividir as forças armadas (…). E onde aparecer um traidor, justiça!”, disse Maduro antes de começar uma marcha ao lado de 2.500 militares.

Toque de reunião

Em cenas transmitidas pela televisão estatal, Nicolás Maduro pode ser visto a andar pela base militar do Forte Tiuna, em Caracas, com os principais comandantes e dezenas de soldados. “Amam a vossa pátria? Defenderão a constituição? Defenderão o seu comandante em chefe?”, perguntou Maduro às tropas, que responderam com gritos: “sim, comandante em chefe!”.

Desde que o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se declarou Presidente interino na semana passada, Maduro apareceu quase diariamente na televisão estatal com os seus militares, projectando uma imagem de invencibilidade, mesmo quando a pressão internacional aumenta contra o seu Governo. O Presidente da Venezuela disse à agência de notícias russa RIA Novosti que está disposto a sentar-se com a oposição para dialogar com uma agenda aberta, sobre a “paz e o futuro” do país. As declarações de Nicolás Maduro à RIA Novosti surgem em plena crise política, que se agravou em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional autoproclamou-se Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Maduro.

E o petróleo?

Com tem vindo a ser frequente nos conflitos armados desde a segunda metade do século passado, a presença de petróleo num país torna-o inevitavelmente mais apetecível em termos de intervenção militar. Se por um lado os recursos energéticos da Venezuela fazem salivar empresas como a Exxon Mobil, que teve como antigo CEO Rex Tillerson, ex-secretário de Estado da Administração Trump, também Pequim está atenta à possibilidade que a Venezuela representa.

Como tal, não é de espantar que os importadores chineses de crude olhem com atenção para Caracas, vendo aí uma oportunidade para comprarem petróleo a preços apetecíveis, beneficiando das sanções dos EUA e de menos exportações do Irão, afirmam analistas contactados ontem pela agência Lusa. As sanções impostas pelos EUA às exportações de petróleo do Irão deixaram, temporariamente, a China com um regime de excepção, o que fez com que as petrolíferas iranianas privilegiassem o país asiático nas suas vendas.

Mas, os analistas dizem que o clima de crescimento das importações a partir do Irão deverá terminar em 2019 e a China olha para a Venezuela como o país alternativo à sua necessidade energética, antecipando que podem ali comprar petróleo a preços baixos, devido à crise que o país atravessa. “É expectável que o interesse chinês na América do Sul faça aumentar as exportações de crude venezuelano para a Ásia até aos 500 mil barris por dia”, afirmou ontem Lim Jit Yang, director de análise de mercado petrolífero da S&P Global Analytics.

Diplomacia oleosa

Por outro lado, uma visita do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, à China, em 2018, abriu caminho a mais intensas relações comerciais na área petrolífera.

Em 2018, devido ao regime de excepção à China nas sanções norte-americanas ao Irão, este país tornou-se o sétimo cliente mais importante das refinarias chinesas, que registaram aumentos de importações na ordem dos 30 por cento relativamente ao ano anterior, atingindo números recorde de 506 mil barris de petróleo por dia, segundo dados da S&P Global. Contudo, os analistas consideram que 2019 será um ano de inversão desta tendência, depois de o Irão ter anunciado, em Dezembro passado, que vai diminuir a sua produção, deixando as refinarias chinesas, sobretudo as do nordeste e sudoeste (as principais clientes de crude iraniano) particularmente preocupadas.

Ao mesmo tempo, a China não esconde a preocupação com o facto de o Governo norte-americano poder terminar a qualquer momento o regime de excepção permitido à China, nas sanções impostas ao Irão, que abrangem a proibição de venda de petróleo. Perante este cenário, as empresas chinesas importadoras de crude começaram a olhar com muita atenção a capacidade de exportação de petróleo por parte da Venezuela.

O interesse cresceu, nas últimas semanas, após o anúncio, de sanções do Governo norte-americano para as importações de crude oriundo da Venezuela, que obrigará a empresa estatal, a PDVSA, a procurar novos mercado, oferecendo preços competitivos.

Outros interesses

Até ao momento, os principais importadores asiáticos de crude venezuelano encontram-se na Índia, mas as empresas chinesas têm já fortes relações com o país sul-americano e podem intensificar o seu interesse. Contudo, analistas chamam a atenção para o facto de algumas refinarias chinesas não estarem preparadas tecnologicamente para o tipo de crude exportado pela Venezuela, o que poderá arrefecer este interesse.

Em contrapartida, a PDVSA aceita pagamentos em euros e em dólares, o que facilita as contas-correntes dos importadores.

“A flexibilidade de pagamento e os baixos preços que a empresa estatal venezuelana pode permitir são variáveis importantes para um redirecionamento das exportações em direcção à China”, explica Oceana Zhou, analista sénior da S&P Global Analytics.

Para tornar este cenário ainda mais complexo, o interesse chinês pelo crude venezuelano pode ser mal visto pela Rússia, que é o maior exportador de crude para a China e pretende manter, e aumentar, as suas quotas de mercado na segunda maior economia mundial.

Em 2018, a Rússia aumentou as exportações para a China em 20 por cento, para 1,44 milhões de barris de crude por dia, reforçando a sua posição de maior cliente energético. As empresas de análise dizem que as expectativas para 2019 são para um crescimento das importações desde a Rússia pelo quarto ano consecutivo, mas referem que a China pode querer diversificar os seus mercados, nomeadamente na Venezuela, beneficiando de preços mais competitivos do que os russos.

Em Setembro de 2018, o Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, fez uma visita de quatro dias a Pequim e regressou com 28 acordos bilaterais, incluindo um empréstimo de cerca de cinco mil milhões de euros, para fortalecer a indústria petrolífera venezuelana. O empréstimo, segundo foi anunciado na altura, destina-se a melhorar e a aumentar a capacidade de produção de 300 furos petrolíferos na região de Ayachucho, onde são produzidos milhares de milhões de barris de crude.

O acordo previa também que a empresa petrolífera estatal venezuelana PDVSA cedesse 9,9 por cento das suas acções na empresa chino-venezuelana Sinovensa à empresa petrolífera estatal chinesa CNPC (que já detinha 40 por cento das acções).

 

1 Fev 2019

Venezuela | Pequim apoia Maduro e condena “intromissão” americana

A China expressou ontem apoio ao Governo venezuelano liderado por Nicolas Maduro e lamentou a “intromissão nos assuntos internos” do país pelos Estados Unidos, depois de Washington ter reconhecido o líder provisório auto-proclamado, Juan Guaidó

 

[dropcap]”A[/dropcap] China apoia os esforços do Governo da Venezuela para manter a sua soberania, independência e estabilidade”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Questionada sobre se Pequim continua a apoiar Maduro, Hua lembrou que, “em 10 de Janeiro, a China, e muitos outros países e organizações internacionais, enviaram representantes à cerimónia de posse do Presidente”. A porta-voz lembrou ainda que Pequim “se opõe à interferência nos assuntos internos da Venezuela” e espera que a comunidade internacional faça “esforços nesse sentido”.

Hua expressou o desejo de Pequim de que “as partes na Venezuela procedam de acordo com os interesses fundamentais da nação e do povo, sob a premissa do respeito pela Constituição, para resolver as diferenças políticas, através do diálogo e da consulta”.

Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

“Levantemos a mão: Hoje, 23 de Janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou, num dia marcado por protestos contra Nicolás Maduro por todo o país que fizeram pelo menos sete mortos.

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de Janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Tempo que foge

Nicolás Maduro iniciou a 10 de Janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

Em 15 de Janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objectivo de organizar eleições livres e justas”.

Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina, à excepção de México, Bolívia e Cuba, e da Rússia – que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.

Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou para a realização de “eleições livres”.

A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

25 Jan 2019

Senadores dos EUA querem saber se chinesa ZTE violou sanções ao ajudar Venezuela

[dropcap]D[/dropcap]ois senadores norte-americanos pediram ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que investigue se a empresa de chinesa de equipamento para telecomunicações ZTE estaria a violar as sanções impostas pelos EUA ao ajudar a Venezuela.

O pedido foi feito na quarta-feira pelos senadores Marco Rúbio e Chris Van Hollen, através de uma carta e, segundo a imprensa norte-americana, em causa estaria a ajuda prestada pela ZTE “na monitorização e seguimento dos cidadãos venezuelanos, desde 2016”.

Esta ajuda teria permitido a criação de uma base de dados, com o “cartão da pátria”, promovida pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) para supervisionar o comportamento da população.

Os senadores querem ver determinado se a ZTE usou ilegalmente componentes norte-americanos ou ajudou o Governo do Presidente Nicolás Maduro a violar processos democráticos ou direitos humanos, bem como se terá trabalhado com indivíduos sancionados pelos Estados Unidos.

Até ao momento não houve qualquer reacção oficial de parte do Governo de Maduro nem da empresa chinesa que, segundo a imprensa venezuelana, desenvolve vários projectos na Venezuela, em aliança com a telefónica estatal CANTV.

29 Nov 2018

Coreia do Norte agenda visitas oficiais ao México, Cuba e Venezuela

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação da Coreia do Norte encabeçada pelo presidente da Assembleia Popular Suprema, Kim Yong-nam, vai deslocar-se numa visita oficial ao México, Cuba e Venezuela, segundo a agência de notícias oficial norte-coreana KNCA.

Kim representará Pyongyang no México durante a tomada de posse do Presidente Andrés Manuel López Obrador, agendada para 1 de Dezembro. A agência oficial não forneceu detalhes sobre as deslocações e as datas em que a delegação norte-coreana chegará aos três países.

Kim Yong-nam, para além de presidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, é também o presidente honorário do regime de Pyongyang, representando o país em viagens institucionais.

O anúncio destas deslocações surge depois de Kim ter visitado o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

18 Nov 2018

A cada oito horas é assassinado um menor na Venezuela, diz Observatório 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cada oito horas um menor é assassinado na Venezuela, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Observatório Venezuelano de Violência e a Cecodap, uma organização não governamental de defesa dos direitos humanos.

Os dados fazem parte do relatório “Somos Notícia”, correspondente a 2017, ano em que 1.134 crianças ou adolescentes foram assassinados na Venezuela.

O relatório foi feito com base em notícias divulgadas pela imprensa venezuelana, regional e nacional.

“As estatísticas permitem analisar que no ano de 2017, a cada dia, foram assassinadas três crianças ou adolescentes [entre 15 e 17 anos] na Venezuela. A cada oito horas, um menino, uma menina ou um adolescente morreu de forma violenta”, refere o relatório.

Segundo o documento, a violência na Venezuela “não tem limites” e afeta crianças “de todas as idades e ambientes, famílias, comunidades e escolas”.

“Os dados indicam que 76 crianças dos 0 aos 4 anos de idade morreram assassinadas. Nem sequer a sua curta idade ou condição de vulnerabilidade deteve a ação criminosa”, sublinha o relatório.

Outras 125 vítimas tinham entre 10 e 14 anos e 108 homicídios foram classificados como “resistência à autoridade”.

Quanto aos motivos que levaram ao homicídio, em 643 casos foram “ajustes de contas (vingança)”, em 92 o motivo foi roubo e 24 casos relacionam-se com razões passionais dos progenitores.

Ocorreram ainda 21 mortes por “encomenda” e 19 por rixas, entre outras.

Os dados dão conta ainda de que ocorreram 32 casos de homicídio por abuso policial e que 23 menores foram assassinadas no âmbito de protestos sociais ou políticos.

Segundo o Cecodap, na Venezuela, há grupos de criminosos que atraem crianças de 10 a 11 anos de idade para atividades criminosas, seduzindo-as com alimentos e outros produtos escassos no país.

O relatório precisa ainda que 777 menores participaram em roubos no ano de 2017, 141 em assassinatos e 91 estiveram envolvidas com narcotráfico.

Já outras 56 crianças participaram em pilhagens a estabelecimentos comerciais, 20 delas em sequestros, 16 em abusos sexuais e cinco em delitos de violência de género.

Além dos homicídios, 311 crianças foram obrigadas a realizar trabalho infantil, 270 morreram devido à contaminação em hospitais, 205 por má nutrição e 137 transformaram-se em mendigos.

“A pobreza, a inflação, a grave falta de abastecimento e o controlo na distribuição e venda de alimentos têm afetado muito especialmente as crianças e adolescentes, com resultados dolorosos e irreparáveis, como a morte por desnutrição ou doenças, graves casos desnutrição, a perda de tamanho e peso em números consideráveis da população”, explica.

Segundo o relatório, tem havido “situações inéditas” em que as crianças são tiradas da escola “por não terem alimentos ou meios de transporte”.

“A presença de crianças e jovens a procurar comida em caixotes de lixo, a separação porque os pais não podem mantê-las e o aumento de casos de pais que emigram, deixando os filhos sozinhos ou acompanhados por um familiar distante, concretizam situações de desintegração familiar, abandono e deterioração da qualidade de vida e do desenvolvimento das chamadas ‘crianças deixadas para trás”, acrescenta.

3 Out 2018

Nicolás Maduro ordena pagamentos de gasolina e petróleo em criptomoeda

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Venezuela ordenou esta segunda-feira que o pagamento da gasolina, do petróleo e das taxas aeroportuárias para viajantes passe a ser feito através da criptomoeda El Petro.

“Estamos a pôr em marcha o ‘blockchain’ nacional do Petro (…) e hoje entram em funcionamento todos os mecanismos para que qualquer venezuelano possa inscrever-se”, Nicolás Maduro.

O anúncio teve lugar durante um ato transmitido em simultâneo pelas rádios e televisões do país, durante o qual realizou a ativação oficial do “blockchain” (livro branco) do Petro.

Por outro lado, Maduro explicou que a partir de 5 de novembro o Petro passará a estar disponível para venda em bolívares soberanos, a moeda atual venezuelana, em seis casas de câmbio do país.

O Petro poderá ser usado para a compra e venda de bens móveis e imóveis, passagens de avião, reservas de hotéis no exterior e até “um cachorro quente em Nova Iorque”.

A criptomoeda Petro estará respaldada pelas reservas de petróleo, minerais, ouro, diamante, ferro e alumínio, que estão por explorar.

Segundo Nicolás Maduro, segunda-feira, uma vez que foi posto em marcha o novo sistema do Petro, ocorreram “ciber-ataques provenientes dos Estados Unidos, da França e da Colômbia, para tentar tirar de circulação o Petro”.

2 Out 2018

Diplomacia | Pequim dá voto de confiança a Nicolás Maduro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo chinês expressou ontem a sua confiança na situação política e económica da Venezuela, a propósito da visita oficial do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao país asiático, que deverá resultar em vários acordos de cooperação. “Após umas eleições presidenciais sem percalços, a situação na Venezuela melhorou e o Governo está activamente a promover uma reforma financeira e económica”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa.
Maduro iniciou ontem uma visita de Estado, de quatro dias, à China. “A China acredita que o Governo e o povo da Venezuela serão capazes de lidar com as suas questões internas dentro de um enquadramento jurídico”, afirmou Geng. O porta-voz lembrou que a Venezuela é um “parceiro estratégico” de Pequim.

Durante a sua visita, Maduro reunir-se-á com o homólogo chinês, Xi Jinping, e ambos testemunharão a assinatura de vários acordos bilaterais, indicou Geng Shuang.

Questionado sobre a possibilidade de Pequim fornecer apoio financeiro a Caracas, Geng afirmou apenas que essa cooperação entre os dois países “beneficia a população [venezuelana] e está a funcionar muito bem”.

A cooperação “segue o princípio do benefício mútuo, em linha com as normas internacionais”, acrescentou.

Nicolás Maduro visita a China numa altura em que o seu país atravessa uma grave crise económica e social. O líder venezuelano reunirá ainda, em Pequim, com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e com Li Zhanshu, presidente da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China.

14 Set 2018

Reportagem | Samuel, o voluntário que mata a fome dos venezuelanos nas ruas do Brasil

Por Carolina de Ré, da agência Lusa 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ssim que a noite cai, Samuel parte na sua carrinha branca para começar a tarefa de distribuir comida aos imigrantes venezuelanos que vivem nas ruas da cidade brasileira de Boa Vista, perto da fronteira com a Venezuela.

Com caixas de leite, chocolate em pó, arroz, feijão, açúcar, café e roupas na carrinha, começa a sua jornada como voluntário nas imediações dos abrigos de acolhimento e da cidade, onde milhares de venezuelanos passam fome.

“Tenho que sair na hora certa, na hora em que as pessoas estão a cozinhar para ter certeza que elas vão comer e não vender os alimentos. Elas têm que ter ‘fogón’ [uma lata de metal cheia de madeira usada pelos venezuelanos para cozinhar]”, explica à reportagem da Lusa, que o acompanhou durante uma noite.

Antes de cada paragem, Samuel, que pediu para não ser identificado pelo seu nome completo, decide a quem irá distribuir os alimentos. Famílias com crianças têm prioridade, no entanto, também se solidariza com homens, na maioria jovens, quando percebe que estão nas ruas, caídos, exaustos porque passaram o dia inteiro sem comida.

“Ei vagabundo, como está? Tem ‘fogón’?”, diz antes de parar perto dos abrigos onde ele e o seu carro são reconhecidos de longe.

O voluntário faz perguntas sobre o dia-a-dia das famílias dos venezuelanos que vivem em barracas armadas nas ruas e são chamados por ele de “vagabundos”, palavra usada com uma conotação carinhosa e aceite com humor pelos imigrantes com os quais conversa.

“Vagabundo, se você não se comportar vou devolvê-lo para o [Presidente venezuelano, Nicolás] Maduro. Quer voltar para o Maduro?”, brinca com um homem à frente de um abrigo.

“‘Non’, estou tranquilo. Tem um cigarro?”, ouve em resposta.

Perto da rodoviária, uma área perigosa da cidade de Boa Vista, uma pausa para tomar um café e instruções sobre o procedimento: distribuir a comida rápido e preparar-se para correr.

Enquanto Samuel separa arroz, leite, café e açúcar para cerca de 15 homens que dormiam na calçada, o carro torna-se no foco de interesse de um outro grupo de venezuelanos, obrigando-o a abandonar o local apressadamente.

Entre paragens, Samuel conta que nem seus colegas de trabalho em Boa Vista nem os seus filhos que vivem no Rio de Janeiro sabem sobre a distribuição de alimentos que faz.

Samuel afirma ser um homem que não gostava de política, mas garante não ignorar o impacto negativo causado pela vinda de cerca de 30 mil venezuelanos para Boa Vista e a revolta de boa parte da população local.

“A verdade é que da Venezuela para o Brasil vieram as prostitutas, os bandidos e os miseráveis. Eles estão a causar problemas, mas não consigo dar as costas aos miseráveis”, disse.

Sobre a precariedade da vida dos imigrantes que estão na região da fronteira mais ao norte do Brasil, localizada a mais de 3.400 quilómetros da cidade do Rio de Janeiro, confessa que, embora prefira permanecer anónimo, agrada-lhe saber que é lembrado por quem socorre.

“Eu ajudei uma venezuelana que é cega. Uma vez ela deu-me um abraço tão forte, tão verdadeiro, que até hoje me emociono. Ela nunca me viu, mas sabe ao longe quando estou por perto”, lembra.

“Se eu tivesse que escolher entre ser imortal e ser eterno escolheria ser eterno. Não sei, mais acho que estas pessoas vão se lembrar de mim para sempre. Então, posso ser eterno na vida delas”, acrescenta.

No final da jornada, com o carro e a feição mais leve, Samuel reconhece que encontrar soluções para mitigar o impacto da crise migratória em Roraima, o estado menos populoso e um dos mais pobres do Brasil, será uma missão difícil.

“Não há solução mágica, mas seria bom que houvessem mais voluntários e que as organizações não-governamentais e os políticos deixassem de aproveitar este sofrimento dos venezuelanos para promoverem os seus interesses”, conclui.

A morte de um brasileiro e de um venezuelano após um furto num comércio local na quinta-feira agravou a tensão causada pelo fluxo migratório em Boa Vista.

Alguns venezuelanos que vivem num acampamento visitado pela reportagem da Lusa, perto do abrigo Jardim Floresta, disseram à Lusa que tinham medo de serem atacados por brasileiros.

No sábado, um protesto organizado por moradores de Boa Vista pediu a expulsão dos venezuelanos que estão nas ruas da cidade e os ânimos tiveram que ser controlados pelo Exército brasileiro, que evitou um novo conflito.

O incidente aconteceu dez dias depois que o Presidente do Brasil, Michel Temer, ter anunciado a mobilização de 3.200 soldados para reforçar a segurança na região.

Há cerca de um mês, na cidade de Pacaraima, que fica na fronteira do Brasil com a Venezuela, um conflito acabou com a expulsão de 1.200 venezuelanos que estavam na cidade, após um assalto a um comerciante brasileiro.

De acordo com dados oficiais, desde 2017 entraram no Brasil 154.920 venezuelanos por via terrestre na cidade de Pacaraima, mas cerca de 79.402 deles regressaram para seu país.

Dos que decidiram permanecer no Brasil, cerca de 5.200 estão a viver em abrigos construídos em Boa Vista e dependem da ajuda humanitária do Governo brasileiro e da Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

Outros milhares permanecem acampados nas ruas em busca de abrigo e trabalho.

9 Set 2018

Venezuela | Maduro acusa homólogo colombiano de ordenar alegado atentado de que foi alvo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, de ter ordenado o alegado ataque de que foi alvo este sábado, que provocou sete feridos.

“Tudo aponta para a extrema-direita venezuelana, em aliança com a extrema-direita colombiana e tenho a certeza que Juan Manuel Santos está por detrás deste atentado”, denunciou Maduro, durante um transmissão televisiva ao país este sábado, desde o palácio presidencial de Miraflores.

O Presidente da Venezuela explicou que o seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, vai abandonar a presidência do país, no dia 7 de agosto e que não podia deixar o poder “sem fazer dano” ao seu país.

“Tratou-se de um atentado para me matar. No dia de hoje (sábado) tentaram assassinar-me. As investigações apontam a Bogotá”, disse.

Duas explosões, aparentemente provocadas por um ‘drone’ [avião não tripulado], obrigaram hoje o Presidente da Venezuela a abandonar rapidamente uma cerimónia de celebração do 81.º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar).

O ato, que decorria na Avenida Bolívar de Caracas (centro), estava a ser transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões venezuelanas e no momento em que Nicolás Maduro anuncia que tinha chegado a hora da recuperação económica ouviu-se uma das explosões, que fez inclusive vibrar a câmara que focava o chefe de Estado.

Nesse instante, a mulher do Presidente venezuelano, Cília Flores, e o próprio chefe de Estado olharam para cima.

Antes da televisão venezuelana suspender a transmissão foi possível ainda ver, o momento em que militares rompiam a formação.

“As investigações estão muito avançadas” e já “foram capturados parte dos autores materiais do atentado e capturada parte da evidência [drone]”, afirmou o Presidente venezuelano.

Por outro lado disse esperar que o Presidente norte-americano, Donald Trump, entre outros, colaborem com a Venezuela, porque, segundo Maduro, as primeiras investigações indicam que vários dos responsáveis intelectuais e financeiros do atentado vivem na Florida.

“Espero ter a colaboração dos Governos do continente, onde estão parte destes redutos da extrema-direita fascista”, frisou.

Colômbia já negou acusações

A Presidência da Colômbia refutou a afirmação do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que acusou o seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, de ter ordenado o alegado ataque de que foi alvo este sábado.

“Isso não tem base, o presidente está empenhado no batismo da sua neta Celeste, e não em derrubar governos estrangeiros”, disse uma fonte da presidência colombiana aos jornalistas, este sábado.

“Tudo aponta para a extrema-direita venezuelana, em aliança com a extrema-direita colombiana e tenho a certeza que Juan Manuel Santos está por detrás deste atentado”, denunciou Maduro, durante uma transmissão televisiva ao país, desde o palácio presidencial de Miraflores.

O Presidente da Venezuela explicou que Juan Manuel Santos vai abandonar a presidência do país, no dia 7 de agosto e que não podia deixar o poder “sem fazer dano” ao seu país.

5 Ago 2018

Venezuela: Promoção da língua portuguesa é importante, diz Secretário de Estado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse ontem que a promoção do ensino da língua portuguesa é importante num momento em que a Venezuela prepara a sua integração no sistema oficial.

O governante destacou também a promoção da língua portuguesa como motivo de integração para os portugueses que querem regressar a Portugal ou aos Países de Língua Oficial Portuguesa.

“A promoção do ensino de língua portuguesa na Venezuela é uma grande prioridade na medida em que constitui um fator essencial, quer à boa integração dos portugueses neste país, mas constitui um motivo e um fator de mobilidade muito importante para aqueles que querem regressar a Portugal ou a países de língua portuguesa e que têm na língua fator de integração social, ao nível profissional, empresarial e económica”, disse à agência Lusa, em Caracas.

Segundo o secretário de Estado, por esta razão teve vários contactos com o presidente do Instituto Camões, bem como com instituições venezuelanas de ensino superior.

“Estabelecemos um acordo com a Universidade de Carabobo, visitámos a Unidade Pedagógica Experimental Libertador, que tem um protocolo estabelecido em dezembro de 2016, no seguimento da primeira visita que realizámos ao país e que tem por principal objetivo formar professores de língua portuguesa”, disse.

Por outro lado, precisou que há hoje “cerca de 1.200 alunos no básico e secundário a estudarem a língua portuguesa” na Venezuela.

“Investimos cerca de 150 mil euros por ano na promoção e defesa da língua portuguesa, quer com o ensino como língua de herança, como ensino integrado, e temos ouvido da parte das instituições uma vontade muito genuína de integrarem a língua portuguesa como oferta nas escolas públicas”, disse.

Segundo José Luís Carneiro, é uma boa notícia que, a partir de setembro ou outubro, pela primeira, vez a oferta de língua portuguesa seja integrada nas escolas públicas venezuelanas.

“Isto constituirá mais um fator da boa integração cívica dos portugueses na Venezuela, mas muito particularmente também um fator da sua mobilidade para os países de expressão oficial portuguesa e, naturalmente, também de sua boa integração caso decida regressar a Portugal”, sublinhou.

Por outro lado, reiterou “que, para além deste número de alunos na Venezuela, do básico e do secundário, cerca de 1.200 alunos, 450 no ensino superior, mas existem atualmente em Portugal do 950 alunos que estão nas escolas da Madeira e do continente”, do pré-escolar ao ensino secundário.

28 Jun 2018

Venezuela: Organização de Estados Americanos critica “eleições sem democracia”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Organização de Estados Americanos (OEA) condenou o Presidente da Venezuela por realizar eleições sem existir democracia no país e considerou as presidenciais de domingo “uma farsa”.

“Não se pode ter democracia sem eleições, mas Nicolás Maduro demonstrou que podem realizar-se eleições sem ter democracia”, disse o secretário-geral da OEA, Luís Almagro, num comunicado divulgado na segunda-feira.

Para a OEA, o último domingo “foi um dia infame para a democracia nas Américas”, em que “o ditador [Nicolás] Maduro tentou, sem sucesso, dar uma roupagem democrática ao seu regime totalitário”.

“O totalitarismo e a democracia não podem conviver. As eleições na Venezuela foram um exercício sem as mínimas garantias para o povo, realizaram-se com uma falta generalizada de liberdades públicas, com candidatos e partidos proscritos e com autoridades eleitorais carentes de qualquer credibilidade, submetidas ao poder executivo”, afirmou.

Por outro lado, Almagro destacou que “o Estado [venezuelano] usou todos os recursos à sua disposição para a farsa”.

“Não reconhecemos Nicolás Maduro como o Presidente legítimo da Venezuela. A Venezuela necessita de um governo de transição que possa gerar um sistema eleitoral legítimo, que por sua vez permita soluções para o país”, afirmou.

Segundo Luís Almagro, “o pior que pode acontecer à Venezuela é o prolongamento da ditadura”.

“A crise humanitária, resultado da falta de comida e medicamentos, é cada vez mais profunda, como testemunham milhares de venezuelanos que abandonam o país diariamente”, frisou.

As instituições venezuelanas “não têm nenhuma legitimidade nem credibilidade”, acrescentou.

“O sistema político, as suas autoridades e o seu Presidente são uma fraude. Vamos dar resposta à falta de democracia na Venezuela. Não podemos ser indiferentes e não o seremos. Continuaremos a lutar por sanções mais fortes contra o regime. Continuaremos a lutar pelo fim da ditadura venezuelana”, concluiu.

Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais antecipadas de domingo com 5.823.728 (67,7%) votos, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

O opositor Henri Falcon obteve 1.820.552 votos. O pastor evangélico Javier Bertucci 925.042 e o engenheiro Reinaldo Quijada 34.6714 votos, indicou o CNE.

De acordo com o CNE, foram registados 8.603.936 votos válidos, que correspondem a uma participação de 46% dos 20.527.571 eleitores.

Catorze países chamam embaixadores para consultas e reduzem relações com a Venezuela

Os 14 países do Grupo de Lima chamaram para consultas os seus embaixadores em Caracas e anunciaram que vão reduzir as relações diplomáticas e apresentar um protesto pelos resultados das eleições presidenciais de domingo na Venezuela.

O Grupo de Lima é formado pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.

Num comunicado conjunto afirmam “não reconhecer a legitimidade” das eleições presidenciais antecipadas de domingo, em que Nicolás Maduro foi reeleito Presidente da Venezuela, “por não cumprirem com as regras internacionais de um processo democrático, livre, justo e transparente”.

“Acordamos reduzir o nível das relações diplomáticas com a Venezuela, pelo que os embaixadores [destes 14 países] em Caracas vão ser chamados a consultas e vão ser convocados os embaixadores da Venezuela para expressar o nosso protesto”, lê-se no documento.

Por outro lado, o Grupo de Lima “reitera a sua preocupação pelo agravamento da crise política, económica, social e humanitária que tem deteriorado a vida na Venezuela, que se vê refletida na migração em massa de venezuelanos que chegam aos nossos países em difíceis condições e na perda das instituições democráticas, do estado de direito e da falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos”.

Também que vão apresentar, no quadro do 48º período de sessões da assembleia-geral da Organização de Estados Americanos, uma nova resolução sobre a situação na Venezuela.

Nesse sentido propõe aos países da região a adoção de várias medidas para atender os fluxos migratórios de venezuelanos “obrigados a abandonar o seu país” devido à crise.

Essas medidas passam por uma reunião de alto nível (para a primeira quinzena de junho) com autoridades migratórias dos distintos países para trocar experiências e definir diretrizes para uma resposta integral que inclua temas de facilidades migratórias e documentos de identidade.

“Considerar a possibilidade de realizar contribuições financeiras destinadas a organismos internacionais competentes para fortalecer as capacidades institucionais dos países da região, em especial os países vizinhos, para atender o fluxo migratório dos venezuelanos”, é outra possibilidade admitida pelo grupo no documento.

Por outro lado, convocam uma reunião com responsáveis pelo setor da saúde, para coordenar ações em matéria de saúde pública e fortalecer a cooperação, para atender “a emergências”, dar apoio no abastecimento de medicamentos por instituições independentes e desenvolver ações de vigilância epidemiológica na Venezuela e em países vizinhos, em particular perante o reaparecimento de doenças como o sarampo, o paludismo e a difteria.

O Grupo de Lima prevê ainda solicitar às autoridades de cada país que emitam boletins e circulares ao sistema financeiro e bancário sobre o risco em que podem incorrer se realizarem operações com o Governo da Venezuela e coordenar ações internacionais para que não sejam concedidos empréstimos ao Governo da Venezuela, exceto para ações de ajuda humanitária.

“O Grupo continuará acompanhando o desenvolvimento da situação na Venezuela, com o propósito de adotar as medidas adicionais que correspondam, de maneira individual ou coletiva, para favorecer o restabelecimento do estado de direito e da ordem democrática nesse país”, conclui.

22 Mai 2018

A Venezuela tem 234 presos políticos – ONG

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum Penal Venezuelano (FPV) denunciou ontem que tem registros da existência de 234 presos políticos e 7.210 pessoas submetidas a processos judiciais por motivos políticos, na Venezuela.

“O mês de março de 2018 terminou com 235 presos políticos e com 7.210 pessoas submetidas as processos penais sob medidas cautelares por motivos políticos na Venezuela”, anunciou o FPV na sua conta do Twitter.

Segundo o FPV, 90 presos políticos estão em prisão domiciliária, 78 em comandos da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), 70 nos Serviços Bolivarianos de Inteligência (Sebin – serviços secretos).

Por outro lado, há 48 presos políticos na cadeia de Santa Ana (Estado de Táchira, sudoeste do país), seguidas por Ramo Verde (38), 26 de Julho (23), La Pica (14), Core (13), Uribana (10), comandos da Polícia Nacional Bolivariana (9) e polícias estaduais (9).

Nos calabouços do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (Cicpc, antiga Polícia Técnica Judiciária) estão nove, no Centro Libertador cinco, em Tocuyito quatro, no Centro Cabimas quatro e três no Rodeo II.

Na Direção-Geral de Contrainteligência Militar há três presos políticos, no Rodeo II dois, em Puente Ayala dois, no Forte de Tiúna (principal base militar de Caracas) dois, no Internado de Cumaná, em Alayón e em Cerra um em cada.

Entre os casos mais conhecidos de presos políticos está o ex-ministro da Defesa venezuelano, Raul Baduel.

Por outro lado, o filho do ex-ministro, que também se chama Raul Baduel, e os estudantes Alexander Tirado e Alejandro Zerpa, presos por protestar contra o regime o Governo venezuelano.

3 Abr 2018

Pequim, contra declarações dos EUA, sai em defesa da Venezuela 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo da China tomou posição na segunda-feira sobre as ameaças feitas pelos Estados Unidos à Venezuela, depois da viagem do secretário Rex Tillerson a vários países da América Latina. Tillerson chegou a defender um golpe militar na Venezuela e criticou a China, ao dizer que não há espaço para uma nova “potência imperial” na região. O secretário norte-americano pediu, inclusive, aos países do continente que intervenham no país vizinho, liderado por Nicolas Maduro.

O Tesouro dos Estados Unidos acusou a China de ajudar o governo do presidente venezuelano com investimentos suspeitos envolvendo empréstimos em troca de petróleo. Num discurso proferido na sexta-feira,no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o principal diplomata especialista em economia do Tesouro dos EUA, David Malpass, disse que o foco da China nas “commodities e em acordos financeiros vagos” prejudicaram, e não ajudaram, países da América Latina. O ataque ao papel chinês no apoio ao governo da Venezuela veio um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter aventado a hipótese de um golpe militar no país sul-americano rico em petróleo, antes de iniciar uma digressão de cinco dias pela América Latina.

O porta-voz do MNE chinês Geng Shuang disse que a cooperação financeira bilateral com a Venezuela foi estabelecida com base em princípios comerciais benéficos para os dois países. “O que os Estados Unidos disseram é infundado e extremamente irresponsável”, afirmou Geng. A cooperação entre a China e a Venezuela auxiliou a construção de mais de 10 mil casas de baixo custo, a geração de electricidade e o gasto com electrodomésticos para três milhões de lares venezuelanos de baixo rendimento, acrescentou, segundo informa a Reuters.

“A cooperação China-Venezuela incentivou favoravelmente o desenvolvimento socioeconómico da Venezuela e é aprovada e apoiada por todos os níveis da sociedade”, disse Geng. “Uma Venezuela estável atende aos interesses de todos os lados”. Ainda segundo a Reuters, recentemente, após a imposição de sanções individuais e económicas sobre Caracas pelos EUA, Maduro acusou Washington de tentar depô-lo para ter mais acesso à riqueza petrolífera do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

 

EUA temem perder influência

Washington advertiu vários países latino-americanos sobre os riscos da influência cada vez maior de Pequim na região e sobre os riscos de uma suposta dependência excessiva da segunda economia mundial, advertências vistas pela China como uma falta de respeito à política exterior dessas nações.

Enquanto a administração Trump rompeu acordos e questiona alianças, o gigante asiático impulsionou os laços políticos, culturas e sociais, com destaque para a América Latina; as viagens constantes de Xi Jinping continuam a seguir a proposta de construir “uma comunidade global de futuro partilhado”. Na América Latina, a China, que há mais de dez anos é um importante parceiro comercial, aumenta agora sua influência política, cultural e social para ocupar o vazio criado pela ausente estratégia norte-americana. E, dessa maneira, a China acabou por se tornar uma ameaça aos interesses dos EUA na região, que por décadas esteve presente interferindo continuamente na soberania e nas decisões dos países latino-americanos.

Tillerson, pouco antes de fazer uma viagem por países como o México, Argentina, Peru e Colômbia, afirmou que a região não precisa de “novas potências imperiais” e advertiu sobre a estratégia de se apoiar excessivamente na China, “que significa ganhos no curto prazo em troca de uma dependência no longo prazo”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês considerou que essa premissa é falsa e que o intercâmbio com a América Latina se baseia “em interesses comuns e necessidades mútuas”. Como a China defendeu até o momento, a sua aproximação com as outras nações acontece seguindo os princípios de “igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão”.

A China reforçou recentemente seus laços com a região durante o segundo fórum ministerial entre o gigante asiático e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizado há apenas duas semanas em Santiago, no Chile, como informa o El País. O bloco decidiu apoiar, numa declaração oficial, a iniciativa chinesa da nova Rota da Seda – o megaprojeto de interconexão mundial idealizado pelo presidente chinês, Xi Jinping, que colocou sobre a mesa bilhões de dólares para investi-los em obras de infra-estrutura que melhorem a conectividade. O objectivo, segundo o MNE chinês, Wang Yi, é que o país se transforme no “parceiro mais confiável” da região.

7 Fev 2018