Hoje Macau SociedadeSaúde | Coimbra e Macau lançam doutoramento nos próximos dois anos A Universidade de Coimbra e a Universidade de Macau esperam lançar, nos próximos dois anos, um doutoramento em co-tutela na área da Saúde, disse ontem à Lusa o vice-reitor para as Relações Externas da instituição de ensino portuguesa. “Espero que rapidamente se fechem as partes de pormenores mais científicos, académicos e burocráticos, para já em 2025, 2026 termos esse doutoramento conjunto, que acaba no fundo por reforçar, agora pelo lado de Saúde […] uma cooperação que é ancestral entre a Universidade de Coimbra e a Universidade de Macau e que era sobretudo realizada e continua a ser pela área do Direito”, disse à Lusa João Nuno Calvão da Silva, que se encontra em Macau para uma visita de quatro dias. O acordo para o estabelecimento deste doutoramento em co-tutela vai ser assinado na terça-feira. Há cerca de um ano, as duas instituições de ensino superior formalizaram a criação do Laboratório Conjunto em Envelhecimento Cognitivo e Ciências do Cérebro. Agora, “há que conciliar a investigação e o ensino”, notou o responsável. “Para essa parte da investigação andar é muito importante esta parte da transmissão do saber e da realização deste doutoramento dual ou em co-tutela, que passa por, de facto, a cooperação académica na formação de doutorandos, dos doutores, em áreas da Saúde e das nossas faculdades de Medicina e Ciências Médicas”. O acordo vai envolver “o intercâmbio de estudantes que acabarão por dar conteúdo a esse trabalho em conjunto na área da Saúde em geral e das Neurociências em especial”, notou. No doutoramento em regime de co-tutela, o estudante pode obter o grau de doutor simultaneamente em duas universidades onde existam programas doutorais, com ou sem parte lectiva, reconhecidos como congéneres pelas duas instituições, lê-se no portal da Universidade de Coimbra.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAmílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra: “Há uma vontade de partilharmos conhecimentos” O reitor da Universidade de Coimbra (UC) Amílcar Falcão esteve recentemente em Macau para estreitar relações com o ensino superior local. O responsável, com formação em farmácia, destaca a colaboração de Macau no projecto europeu na área do envelhecimento saudável e o potencial da prática clínica da medicina tradicional chinesa, embora admita faltar ainda alguma evidência científica Esteve em Macau onde recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade Politécnica de Macau (UPM), além de ter feito outros contactos oficiais. Que balanço faz da visita? Foi a primeira vez que estive em Macau. A UC tem ligações fortes com Macau já há algum tempo. Temos um laboratório conjunto com a Universidade de Macau (UM), na área da engenharia informática, a funcionar. Queria muito ir a Macau na sequência dos contactos feitos pelo vice-reitor para as relações externas e receber o doutoramento honoris causa que generosamente a UPM me concedeu. Fomos recebidos ao mais alto nível e isso era importante para perceber como podemos cooperar no futuro. No geral, a visita correu bastante bem e confirmou as minhas expectativas, pois tenho uma impressão muito boa da China. Fui vice-reitor da UC durante oito anos e estive na génese da criação do Instituto Confúcio, além de ter estado ligado ao desenvolvimento da área da medicina tradicional chinesa (MTC) [na UC]. Este foi um dos temas abordados na viagem, nomeadamente ao nível de um projecto de investigação que temos na área do envelhecimento, um problema da China, Portugal e dos países mais desenvolvidos. Penso que existe uma confiança mútua com as autoridades chinesas e isso é importante para os projectos que iremos desenvolver e que já estão em andamento. Relativamente a Hengqin. Que papel pode ter esta região nas cooperações com a UC? Uma das razões componentes distintivas do Instituto Confúcio em Coimbra é ter o foco na MTC. Temos, aqui em Coimbra, formação nessa área. Sou farmacêutico de formação e há componentes da MTC que entendo, mas não parece que tenham fundamento científico evoluído. Mas, por outro lado, há áreas dessa mesma medicina que, pela evidência clínica, merecem mais estudos e conhecimentos. Quais? A MTC tem, sobretudo, um papel mais preventivo? Sim. Na questão da longevidade e qualidade de vida das pessoas pode ter impacto. Esse é o tema do projecto que temos em carteira e que no qual estamos a trabalhar de forma mais aprofundada. Aí a MTC tem muito a acrescentar ao que é a medicina ocidental, ao nível da compreensão do corpo e dos seus pontos, permitindo mitigar dores e situações de ansiedade. Temos muitos séculos de MTC que podem e devem ser aproveitados para aprendermos, aprofundando cientificamente alguns aspectos. No parque de MTC em Hengqin há duas áreas, relacionadas com a produção de medicamentos e com o controlo de qualidade, e há uma vontade de partilharmos conhecimentos e trabalharmos em conjunto. Vamos tentar perceber o que a UC pode contribuir para essa matéria, nomeadamente na identificação de componentes activos na MTC. Como esses componentes podem depois ser aplicados na prática? Podem depois de ser transpostos para medicamentos que usamos na Europa ou EUA, que não sejam propriamente plantas nem produtos medicinais, como chás ou infusões. O potencial desse trabalho é enorme. A China, juntamente com Macau e o nosso laboratório conjunto, está muito entusiasmada em usar a inteligência artificial (IA) para procurar moléculas e desenvolver novos medicamentos a partir da MTC. Creio que aí temos um papel importante como parceiros, porque podemos ajudar, quer pela experiência que temos no desenvolvimento de novos medicamentos, quer porque claramente faz falta a componente experimental e pré-clínica, com animais, à MTC. É algo que estamos habituados a fazer em Coimbra. Como explica esta ausência de fundamento científico em algumas áreas da MTC? Há questões dessa natureza que tenho dificuldades em responder porque não sou político. Diria que talvez uma mistura entre o facto de a China ter estado fechada ao mundo muitos anos e alguma resistência por parte da comunidade científica ocidental a esse tipo de medicina. Falamos aqui de Macau e da China, mas se formos para o Brasil ou África encontramos um cenário semelhante com as medicinas mais tradicionais, e até em Portugal. Temos as ervanárias que vendem chás diversos. O chá de valeriana tem uma componente ansiolítica importante para controlar a ansiedade, por exemplo. Há um potencial de prática médica chinesa de séculos que não está cientificamente provada, no sentido de dizermos que há ensaios clínicos feitos em pessoas e um dossier para colocar o medicamento no mercado, mas há uma evidência clínica muito forte que é de aproveitar e tentar procurar estimular. É natural que ao longo de séculos regiões que são mais longínquas que as nossas tenham desenvolvido as suas metodologias e se tenham baseado na evidência do poder curativo e preventivo. Os seus conhecimentos são, muitas vezes, empíricos, mas é um empirismo que mostra resultados. Cabe à ciência reproduzir esses resultados e tentar encontrar soluções. Macau pode ajudar a internacionalizar a MTC, ao nível da medicação e dos próprios profissionais? Penso que sim. Macau pode mesmo funcionar como uma porta para a entrada e saída de serviços e produtos trabalhados em conjunto com a República Popular da China. Fale-me mais desse projecto de investigação na área do envelhecimento que a UC está a desenvolver e onde as instituições de Macau irão colaborar. Temos um projecto em Coimbra muito relevante, em que somos referência, relativamente à vida activa e envelhecimento. É um dos maiores projectos financiados que existem na Europa e que pretende ter várias componentes e dimensões, podendo beneficiar muito com a colaboração de Macau e da China. Uma das componentes dessa iniciativa tem a ver com a criação de empresas na área da saúde e do envelhecimento. Temos a intenção de criar conhecimento sobre o envelhecimento e os factores que o causam, e que podem estar relacionados com a genética. Falamos de uma população caucasiana, em Portugal, e de uma população asiática em Macau e China. Temos com os brasileiros um projecto semelhante. O aumento da população envelhecida e da esperança média de vida é comum a Portugal e a China, embora sejamos países muito diferentes. Queremos estudar essas diferenças e como se pode contribuir para que haja um melhor envelhecimento, com mais qualidade de vida. Há um grupo de pessoas que está a ser trabalhado em Macau e outro em Portugal. Queremos a internacionalização do nosso próprio projecto através de Macau, atingindo assim objectivos que, de outra forma, não iríamos conseguir, pois limitados a Portugal não íamos conseguir fazer esse tipo de estudos com caracterização genética. É um projecto de investigação de sete anos que será concluído em 2027. Do encontro com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, saíram novas ideias sobre a cooperação, algo de concreto? Sim. O Chefe do Executivo foi muito amável e aberto às ideias que levávamos, tendo demonstrado muito interesse, quer ao nível da ciência e do que é a componente empresarial, com a criação de empresas da área. Mostrou vontade de apoiar, até financeiramente, projectos. A possibilidade de termos um laboratório conjunto nesta área [MTC], associado ao que já temos na área da informática, é importante para movimentar investigadores. Uma das coisas que fizemos em Macau foi também ao nível do programa de doutoramento na área do envelhecimento que temos na UC. Iremos introduzir uma componente de IA nesse programa de doutoramento cuja gestão foi atribuída a Macau. Iremos começar já a fazer esse doutoramento conjunto.
Hoje Macau PolíticaEnsino | Ho Iat Seng recebeu reitor da Universidade de Coimbra O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e o Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, discutiram a saúde dos mais velhos e a possibilidade de futuros projectos de cooperação entra a instituição portuguesa e o Instituto Politécnico de Macau. A informação sobre o encontro de sexta-feira foi divulgada pelo Gabinete de Comunicação Social. De acordo com o Governo da RAEM, Ho Iat Seng afirmou a Amílcar Falcão “esperar que a Universidade de Coimbra trabalhe com as instituições do ensino superior da RAEM, aproveitando as suas experiências e técnicas na área da investigação científica como uma alavanca para dar apoio na promoção da indústria de Big Health”. Esta cooperação, indicou o Chefe do Executivo, pode “ajudar o Governo na elaboração de uma política gerontológica mais científica e sistemática, que lide melhor com a questão do envelhecimento da população no território”. Segundo a nota de imprensa, o Chefe do Executivo considerou que a relação entre a UC e a UPM é boa e que tem sido composta por “uma comunicação estreita” com o “desenvolvimento de vários planos de cooperação”. Ho disse também a Amílcar Falcão que a instituição que este dirige pretende “iniciar um projecto conjunto [com a UPM] na área da gerontologia, sobre o estudo e resposta do envelhecimento social”. Por sua vez, Amílcar Falcão terá elogiado o Governo de Macau, que avaliou com nota positiva. Segundo o Governo da RAEM, o reitor “realçou o forte empenho do Governo da RAEM na optimização da estrutura industrial através da construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin […] e demonstrou ter ficado muito impressionado considerando que será ampla a perspectiva de futuro desenvolvimento”.
Hoje Macau SociedadeInformática | Universidade Politécnica e Universidade de Coimbra com protocolo A Universidade de Coimbra (UPM) e a Universidade Politécnica de Macau (UPM) estabeleceram um acordo de cooperação para o estabelecimento de um laboratório conjunto em Informática. Numa nota de imprensa enviada na sexta-feira à agência Lusa, dia da assinatura do acordo, a Universidade de Coimbra (UC) revelou que a parceria define os termos para o estabelecimento do “UPM-UC Joint Research Laboratory in Advanced Technologies for Smart Cities”, na Faculdade de Ciências Aplicadas da UPM, em Macau. O protocolo foi assinado pelo reitor da UC, Amílcar Falcão, e pelo reitor da UPM, Im Sio Kei, numa cerimónia realizada em formato híbrido, a partir da Sala do Senado. “O objectivo do laboratório é realizar projectos conjuntos de investigação nas áreas da computação, inteligência artificial e tecnologias de informação e comunicação, com impacto no desenvolvimento de cidades inteligentes – promovendo também parcerias académicas internacionais entre a UC e a MPU e apoiando a formação de jovens investigadores de ambas as partes”, sintetizou a organização portuguesa. De acordo com a informação disponibilizada, destaca-se que “este protocolo vem reforçar o carácter estratégico da crescente colaboração entre a Universidade de Coimbra e a Universidade Politécnica de Macau na área de Informática”. “Para além do duplo grau de reconhecimento dos cursos de doutoramento em Informática das duas instituições, os docentes e investigadores da Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC têm colaborado na formação e orientação dos estudantes do programa de doutoramento da MPU e desenvolvido projectos de investigação conjunta”.
João Santos Filipe SociedadeUM ultrapassa Universidade de Coimbra no Ranking Mundial de Universidades 2020 [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau ultrapassou a Universidade de Coimbra no Ranking Mundial de Universidades 2020, publicado pela empresa Quacquarelli Symonds, especializada no ensino superior. Os resultados foram revelados ontem e a Universidade de Macau surge na 387.ª posição do ranking, o que representa uma subida de 56 lugares, face à edição de 2019, quando estava em 443.º. Com esta subida a Universidade de Macau conseguiu ficar pela primeira à frente da Universidade de Coimbra. A instituição portuguesa subiu um lugar no ranking do 407.º lugar para o 406.º, mas mesmo assim acabou ultrapassada pela UM. Ao nível da pontuação geral no ranking, a instituição de Macau conseguiu 28,7 pontos, em 100 possíveis. Ao nível do rácio de número de professores para os estudantes, a UM teve 24,3 pontos, enquanto a pontuação para o número de trabalho da UM citados em estudos internacionais foi de 43,9 pontos. No critério da internacionalização das faculdades e rácio de alunos estrangeiros, a UM somou 100 pontos e 96,2 pontos, respectivamente. Ao nível da reputação académica, a UM somou 11,2 pontos. Mesmo assim, o critério com pior resultado foi a preparação para o mundo do trabalho em que a instituição local não foi além dos 6,4 pontos, em 100 possíveis. A UM confirma assim a tendência de subida no ranking e desde que entrou pela primeira na tabela das 1000 universidades para a QS, em 2015, nunca mais parou de subir. A UM é a única instituição do território presente no ranking. Questão coimbrã Já a Universidade de Coimbra somou 24,1 pontos. O rácio de estudantes internacionais foi o critério em que somou melhores resultados, com uma pontuação de 57,2 pontos. Ao nível de citações em estudos internacionais e reputação académica, a UC somou 37,1 e 30,1 pontos, respectivamente. Já no rácio de professores para alunos, a instituição portuguesa teve 19 pontos. Os critérios em que a UC teve um pior desempenho foram na preparação para o mundo do trabalho, com 13,1 pontos e internacionalização das faculdades, com 12,4 pontos. A melhor universidade do ranking foi o Massachusetts Institute of Technology (MIT) com um total de 100 pontos, enquanto a Universidade de Tsinghua, em Pequim, foi a melhor chinesa, com 88,6 pontos. Ao nível de Portugal, a Universidade de Lisboa foi a melhor com 31,9 pontos.
Hoje Macau China / ÁsiaCoimbra | Chissano realça papel de Academia nas relações sino-lusófonas O novo organismo, apresentado esta terça-feira em Coimbra, a Academia Sino-Lusófona, visa reforçar as relações entre os países de língua portuguesa e a China. Na apresentação marcaram presença, entre outros, o antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano e o embaixador chinês em Portugal, Cai Run [dropcap]O[/dropcap] antigo Presidente da República de Moçambique Joaquim Chissano disse esta terça-feira em Coimbra que a Academia Sino-Lusófona (ASL), agora apresentada, vai contribuir para o fortalecimento das relações entre os países de língua portuguesa e a China. Para Joaquim Chissano, a Academia Sino-Lusófona, apresentada na Universidade de Coimbra (UC), na presença do embaixador da República Popular da China em Portugal, Cai Run, “é uma parte de uma dinâmica” que deve ser aproveitada pelos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e pela China, no relacionamento entre si. O novo organismo, dirigido por Rui de Figueiredo Marcos, director da Faculdade de Direito da UC, “vai impulsionar” essas relações e o trabalho que vier a desenvolver ajudará a “descobrir novas maneiras” de Portugal, demais parceiros lusófonos e a própria China se “relacionarem também com outros países” no mundo, declarou o ex-presidente moçambicano aos jornalistas. Chissano interveio numa sessão, no auditório do Colégio da Trindade, na Alta de Coimbra, em que a UC apresentou a ASL, com o objectivo de “reforçar os laços” com a China e os países de língua portuguesa. Língua de crescimento No seu discurso, Joaquim Chissano realçou “o papel que a Academia pode jogar no desenvolvimento” dos países envolvidos, com “uma visão inovadora” e com vista “de uma maximização das vantagens para todos”. “O mundo académico pode e deve jogar um papel muito relevante” neste domínio, disse, ao realçar que o Português é quarta língua mais falada “e a terceira com maior crescimento no mundo”. Joaquim Chissano pediu aos doadores para continuarem a ajudar Moçambique, na sequência do ciclone tropical Idai, que atingiu o país em Março, causando centenas de mortos e avultados danos materiais. A ajuda internacional recebida “ainda é insuficiente”, disse depois aos jornalistas. Na cerimónia, em que actuou o coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, usaram também da palavra o professor Rui Marcos, o reitor da Universidade, Amílcar Falcão, e o embaixador Cai Run. O diplomata chinês valorizou o aprofundamento das relações entre a China e os países da CPLP, em geral, vincando que o relacionamento entre Lisboa e Pequim vive “a sua melhor fase”.
Hoje Macau China / ÁsiaXangai | Estudantes vão aprender português em Coimbra [dropcap]O[/dropcap]s alunos da Universidade de Fudan, em Xangai, vão poder frequentar cursos intensivos de Verão de língua portuguesa na Universidade de Coimbra, após a assinatura de acordos entre as duas instituições. Na cerimónia de assinatura, Qu Weiguo, director da Faculdade de Línguas e Cultura Estrangeiras da Universidade de Fudan, salientou o crescente interesse dos alunos chineses na aprendizagem do português, segundo um comunicado divulgado ontem pelo Consulado-Geral de Portugal em Xangai. Os protocolos abrem ainda portas ao intercâmbio de alunos, professores e investigadores com a Universidade de Fudan, “uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior da China”, disse à agência Lusa o vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da Universidade de Coimbra, João Nuno Calvão da Silva. No mês passado, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Estudos Internacionais de Pequim formalizaram a criação do Centro de Estudos sobre a China e os Países de Língua Portuguesa. A universidade portuguesa criou no ano passado a Academia Sino-Lusófona e o Centro de Estudos Chineses, em parceria com a Academia Chinesa de Ciências Sociais, e desde 2016 que conta com um Instituto Confúcio. Os acordos com a Universidade de Fudan foram assinados na sexta-feira passada em Xangai, 10 dias após o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa ter passado pela cidade chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaUniversidades de Coimbra e Pequim criam centro de estudos para estreitar relações [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Coimbra (UC) e Universidade de Estudos Internacionais de Pequim (BFSU) formalizaram ontem a criação do Centro de Estudos sobre a China e os Países de Língua Portuguesa, para reforçar a cooperação. “Vai potenciar a capacidade de se ter uma relação mais forte com a China e de fazermos uma triangulação entre China, Portugal e países de língua portuguesa. É uma grande universidade que nos escolheu a nós como parceiro para esta estratégia da China para dialogar” com o mundo lusófono, salientou o reitor da UC, Amílcar Falcão, que falava em Coimbra, aos jornalistas, após a assinatura do acordo. Para o responsável, as duas áreas principais de actuação deste centro de estudos serão o Direito e as Letras. No caso do Direito, a escolha deve-se quer à relação com Macau, quer com os países Língua Portuguesa, em que “Portugal teve um papel muito relevante ao nível das suas constituições”. Na Faculdade de Letras, a cooperação irá centrar-se “na componente da Língua”, sendo que a UC já tem cursos em mandarim “e a ideia será aumentar a oferta e diversificá-la, dependendo do tipo de oportunidades que possam surgir”, esclareceu Amílcar Falcão. O vice-reitor da BFSU, Yan Guohua, salientou que já há uma relação “de longa data com a Universidade de Coimbra”, sendo que este centro de estudos permite reforçar a cooperação entre instituições e países, “expandido as áreas de colaboração, como estudos culturais, intercâmbios e a investigação da História dos dois países”. Durante a sessão, o vice-reitor da UC para as relações externas, João Nuno Calvão da Silva, realçou o compromisso da República Popular da China com o direito internacional público, destacando o “respeito com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas” ou sobre os acordos de transição de Hong Kong e Macau. “Nos domínios da energia, financeiro, portuário ou da saúde a ligação entre ambos os países é fortíssima”, notou, acreditando que poderá ser potenciada com o projecto chinês da “nova rota da seda”. A BFSU foi a primeira universidade chinesa a leccionar a língua portuguesa, sendo também “a escola por excelência” de formação dos diplomatas da China, salientou o vice-reitor.
Diana do Mar SociedadeProfessor da UM fora da corrida a reitor da Universidade de Coimbra Yang Chen, professor da Universidade de Macau, desistiu de concorrer à reitoria da Universidade de Coimbra por a audição pública dos candidatos ao cargo ter que ser feita em português, uma língua que não domina [dropcap]Y[/dropcap]ang Chen, um dos cinco aspirantes a reitor da Universidade de Coimbra, retirou a sua candidatura ao cargo. A informação foi avançada pela própria instituição de ensino superior num comunicado, divulgado na noite de quarta-feira, que não adiantava, porém, os motivos. “Disseram-me que tenho de fazer a apresentação em português, língua que eu não falo”, explicou ontem o professor de Matemática da Universidade de Macau ao HM, referindo-se à audiência pública dos candidatos, marcada para o próximo dia 4 de Fevereiro. Na entrevista concedida ao HM, publicada na edição de quarta-feira, o académico, natural de Singapura, tinha antecipado a possibilidade de não chegar à fase da audição pública dos candidatos, dado que estava a aguardar por uma resposta ao e-mail que enviara sobre a possibilidade de fazer a apresentação em inglês, por não falar a língua de Camões. Actos e omissões O regulamento eleitoral deixa claro que o programa de acção a submeter aquando da apresentação das candidaturas tinha de ser redigido em português – algo que Yang Chen cumpriu e por isso foi aceite como candidato. No entanto, as regras nada referem sobre a língua a ser usada na audição pública. Com a saída de Yang Chen, o número de candidatos à liderança da Universidade de Coimbra fica reduzido a quatro. Além do actual vice-reitor Amílcar Falcão, do docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e do director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, participa na corrida a astrónoma brasileira Duília Fernandes de Mello, que passou a ser agora a única estrangeira aspirante ao cargo. A eleição do reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vai ser feita numa reunião plenária do Conselho Geral, marcada para o próximo dia 11 de Fevereiro. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.
Diana do Mar EntrevistaYang Chen, professor da UM candidato a reitor da Universidade de Coimbra: “Seria interessante ser o primeiro estrangeiro” Yang Chen, de 61 anos, professor de Matemática na Universidade de Macau desde 2012 decidiu tentar a sorte e candidatar-se a reitor da Universidade de Coimbra, que nunca visitou. Com um programa centrado no financiamento e na captação de estudantes chineses, ficou “agradavelmente surpreendido” por ser admitido à corrida, ao lado de quatro adversários [dropcap]P[/dropcap]or que razão decidiu candidatar-se ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra? Toda a minha vida estive preocupado com a vida académica. Depois, dado que o meu contrato [na Universidade de Macau] termina em Agosto de 2020, pensei que seria boa ideia mudar e fazer algo diferente, como trabalho administrativo, e dedicar-me um pouco menos à investigação. Foi a primeira vez que apresentei uma candidatura à liderança de uma universidade. Qual a sua relação com Portugal e com a Universidade de Coimbra? Não tenho, de facto, grande ligação a Coimbra. Fui a Portugal quando era mais novo, quando ainda estava no Reino Unido [a ensinar], mas tenho colaborado com uma portuguesa [Maria das Neves Rebocho], de outra universidade. Mas nunca visitou a Universidade de Coimbra? Não. Nunca estive na Universidade de Coimbra. Estive apenas na universidade onde essa minha amiga trabalha [Universidade da Beira Interior], mas sei que tem uma grande história, que é uma universidade muito antiga e bastante reputada. Não teve curiosidade em lá ir pelo menos antes de se candidatar? Não. FOTO: Sofia Margarida Mota Como reagiu quando soube que tinha sido admitido como candidato, a par com mais quatro aspirantes ao cargo, incluindo outro estrangeiro? Estava à espera? Fiquei agradavelmente surpreendido por ter sido seleccionado, até porque pensei simplesmente que a universidade poderia ter já alguém em mente ou algo do género. Uma vez admitido à eleição, que tem lugar a 11 de Fevereiro, está confiante na possibilidade de ser escolhido para o cargo? Sim, sinto-me confiante, porque penso que reúno as condições, mas se não for escolhido está tudo bem na mesma. Dado que não falo português esse será um factor que provavelmente não joga a meu favor e posso até não chegar à fase da audição pública dos candidatos [marcada para o próximo dia 4 de Fevereiro]. Ainda não sei. Neste momento, estou a aguardar pela resposta a um e-mail que enviei à pessoa responsável pelo recrutamento, alertando para o facto de não falar português. Não há problema se entenderem que não é possível fazer a apresentação em inglês e que, portanto, não é adequado ir. Como olha para o perfil dos restantes quatro candidatos? Não sei bem quem são. Sei apenas que há outra estrangeira, uma brasileira da área da Física, que acredito ser muito forte, que há candidatos de Humanidades e que pertencem à Universidade de Coimbra. Não vi bem o perfil, mas tenho a certeza de que são inteligentes e bons no que fazem. Penso que vai depender do tipo de pessoa que estão à procura ou da área. Que mais-valia acredita poder oferecer se assumir a reitoria da Universidade de Coimbra? O que eu gostaria de fazer era expandir a população universitária, em particular, de fora da União Europeia, porque eles pagam propinas mais elevadas. Todas as universidades precisam de dinheiro. Também penso que poder-se-ia apostar mais na investigação científica de qualidade. O financiamento é, aliás, uma das prioridades do programa de acção que submeteu, em que promete um “fluxo mais estável” de recursos, nomeadamente proveniente de estudantes da China… Sim, porque tenho muitos contactos com a comunidade de matemáticos na China e devo ser capaz de abordá-los com vista a captar mais estudantes. Penso que pode ter algum impacto. O meu ponto é que a universidade precisa de estudantes, especialmente, de qualidade. De outro modo, para que serve? Que estratégia tem em mente para o fazer? Seriam estudantes mais focados na sua área em particular? Não. Os chineses têm revelado muito interesse em áreas como a administração e negócios, por exemplo. Como líder de uma universidade, não poderia apenas olhar para a minha área, mas para todas as que a universidade oferece, tentando impulsionar as mais fortes e melhorar as mais fracas. Há muitos chineses que querem ir estudar para fora e se forem para Portugal tanto melhor. No programa de acção relativiza o impacto do abrandamento económico da China na ambição das famílias chinesas de porem os filhos a estudar no exterior. Não antecipa mesmo qualquer efeito? Não. Os pais poupam a vida toda para que os filhos possam ir para universidade, procuram bolsas para o estrangeiro. Os números, de qualquer modo, são muito grandes… Em paralelo, penso que a actual conjuntura, da guerra comercial [entre a China e os Estados Unidos] vai beneficiar os países europeus. Os estudantes chineses normalmente procuram os Estados Unidos para prosseguir os estudos e, agora, será mais difícil. O mesmo deve acontecer no caso do Reino Unido devido à saída da União Europeia. Está ciente de que caso seja eleito tornar-se-á no primeiro estrangeiro a assumir a liderança da Universidade de Coimbra? Sim, seria interessante ser o primeiro estrangeiro. Seria fora do comum, atendendo sobretudo a que é uma universidade muito antiga. Quem é Yang Chen? Natural de Singapura, de origem chinesa, Yang Chen, de 61 anos, é licenciado em Física pela Universidade Nacional de Singapura, obteve o grau de mestrado no Instituto de Tecnologia do Illinois e doutoramento na Universidade de Massachusetts, na mesma área, ambos nos Estados Unidos. Durante 20 anos foi professor no Imperial College, em Londres, até entrar para Universidade de Macau, onde lecciona Matemática desde Agosto de 2012. Novo reitor da UC eleito a 11 de Fevereiro As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro. Antes, no dia 4, tem lugar uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, marcada para o dia seguinte. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição. Existem cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato à frente da Universidade de Coimbra, entre os quais dois estrangeiros (o singapuriano Yang Chen e a brasileira Duília Fernandes de Mello). O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, completam a lista de candidatos aceites. Durante o processo houve cinco candidaturas excluídas “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”. Desde a entrada em vigor do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), no final de 2007, que a eleição do reitor é feita pelo Conselho Geral e que são aceites candidaturas externas à Universidade de Coimbra. Na primeira eleição, após a entrada em vigor das novas regras, em 2011, surgiram duas candidaturas internacionais, das quais uma foi aceite (o polaco Krzysztof Sliwa).
Diana do Mar Manchete SociedadeProfessor da Universidade de Macau candidato a reitor da Universidade de Coimbra [dropcap]Y[/dropcap]ang Chen, professor de Matemática na Universidade de Macau, figura como um dos dois estrangeiros candidatos ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra (UC). O anúncio foi feito pela instituição de ensino superior que deu conta de que há cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato. Investigador nascido em Singapura, doutorado em Física pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, Yang Chen lecciona actualmente Matemática na Universidade de Macau. A segunda candidata estrangeira é Duília Fernandes de Mello, doutorada em astronomia pela Universidade de São Paulo e professora catedrática da Universidade Católica da América. Segundo o ‘site’ da associação Mulher das Estrelas, criada pela própria, Duília de Mello publicou mais de 100 artigos científicos, colabora com o Goddard Space Flight Center, da NASA, tendo sido escolhida, em 2014, pela revista brasileira Época, como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil. A comissão eleitoral informou, na noite de quarta-feira, em nota de imprensa, que foram aceites cinco candidaturas, tendo sido também excluídos cinco processos, “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”. O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, são os outros nomes, tendo já anunciado as suas candidaturas no ano passado. As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro, havendo a 4 do mesmo mês uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, no dia seguinte. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.
Sofia Margarida Mota SociedadeUniversidade de Coimbra cria Academia Sino-Lusófona A troca de conhecimentos de direito português e chinês é um dos grandes objectivos da recém-criada Academia Sino-Lusófona na Universidade de Coimbra. A entidade representa mais um espaço de aproximação académica entre a centenária instituição de ensino superior e a República Popular da China [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Coimbra criou a Academia Sino-Lusófona, uma entidade que visa “desenvolver estudos avançados e efectuar acções de formação focadas nas relações entre a China, Portugal e os Países de Língua Portuguesa”, revela um comunicado emitido pela instituição de ensino superior. O foco dos trabalhos da academia será a área jurídica analisada segundo uma perspectiva interdisciplinar, acrescenta o mesmo documento. A Academia Sino-Lusófona terá entre as suas principais funções a organização de eventos científicos, gestão de parcerias com entidades chinesas, promoção, elaboração e a publicação de estudos científicos, em especial em matéria de direito comparado chinês e português. Terá ainda a seu cargo a realização de cursos não conferentes de grau e outras acções de formação em matérias de direito chinês e/ou português, ciência da administração, ciência política e políticas públicas e ainda a prestação de serviços de consultoria jurídica e o desenvolvimento actividades de intercâmbio cultural. O novo organismo, com sede no Colégio da Trindade-Casa da Jurisprudência, tem como director Rui Manuel de Figueiredo Marcos, também director da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e como presidente honorário António Pinto Monteiro, professor catedrático dessa mesma faculdade. Reatar de laços A entidade tem ainda como objectivo reatar as antigas relações entre a instituição de ensino superior portuguesa e a China. “A criação da Academia Sino-Lusófona da Universidade de Coimbra (ASL-UC) assume-se como mais um passo na reaproximação entre a instituição conimbricense e a República Popular da China (RPC), uma das prioridades estratégicas da UC nos últimos anos”, refere o comunicado. Trata-se de uma entidade que, juntamente com o Instituto Confúcio da Universidade de Coimbra, criado em 2016, aposta no reforço das parcerias com instituições académicas da RPC, e que terá ainda como objectivos o desenvolvimento de canais de divulgação da UC em língua chinesa e a criação de bolsas de estudos dirigidas ao fomento das relações académicas. Ainda de acordo com o comunicado, a UC recorda tempos em que “Coimbra foi um elemento fundamental da comunicação científica e circulação de estudiosos entre a Europa e a China”. Uma fase à qual se sucedeu um período de algum distanciamento institucional, “que se tem vindo a superar através de várias iniciativas de relevo”, lê-se. “A criação da Academia Sino-Lusófona é, assim, um marco importante no desenvolvimento das nossas relações com a República Popular da China, que já estão num nível sem igual num passado recente, fruto do investimento estratégico que temos feito”, refere o Reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva.
Hoje Macau SociedadeCooperação | Universidade de Coimbra cria curso sobre China e países de língua portuguesa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Coimbra (UC) acaba de criar um novo curso, cujas aulas começam em Setembro, intitulado “A China e os Países de Língua Portuguesa na Economia Mundial: Comércio, Turismo, Cooperação e Desenvolvimento”. O curso de formação avançada terá como destinatários os alunos que já trabalhem em determinadas áreas ou estudantes chineses que estejam a estudar português. O curso, que tem a coordenação de Cármen Amado Mendes, docente de relações internacionais da Faculdade de Economia da UC, visa “reinventar o futuro de uma relação que já tem séculos”. “A UC, que desempenhou um papel importantíssimo na história do relacionamento Ocidente-Oriente, estabelecendo a ponte entre a Europa e a China a partir de meados do século XVI, tem um passado de intensa colaboração e contributos para o conhecimento mútuo e reforço dos laços de amizade sino-lusófonos”, lê-se no comunicado. Além disso, a UC lembra que “tem formado muitos estudantes chineses, futuros diplomatas no mundo lusófono, professores ou tradutores de língua portuguesa e até juristas, uma vez que o Direito vigente em Macau, tal como nos países de língua portuguesa, é o Direito português”. De acordo com a universidade portuguesa, “o curso oferece um melhor entendimento da estrutura institucional e do ambiente comercial e de negócios, altamente complexo e incerto, da China e dos Países de Língua Portuguesa”.
Hoje Macau China / ÁsiaProtocolo | Universidade de Coimbra mais ligada à Câmara de Comércio Luso-Chinesa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Coimbra (UC) assina hoje um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC). De acordo com um comunicado, o acordo tem como objetivo “estabelecer cooperação académica, científica e cultural entre as partes com vista à realização conjunta de atividades de natureza académica, científica, técnica, pedagógica e cultural, em áreas de interesse comum.” O mesmo documento aponta que a universidade portuguesa tem sido “um polo de atração de muitos estudantes chineses que querem aprender a língua e a cultura portuguesas e frequentam um número crescente de cursos nas mais variadas áreas”. Quanto ao Instituto Confúcio da UC, estabelecido em 2016, “reúne todas as condições para contribuir para a difusão da língua e cultura chinesas, para a melhoria significativa do conhecimento da Medicina Tradicional Chinesa em Portugal e para a qualificação dos profissionais portugueses que a exercem entre nós, bem como para a formação de todos os interessados em aprofundar as relações entre Portugal e a China”.
Angela Ka Perfil PessoasLeung Chon Kei, estudante de Direito | Coimbra é uma lição [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o único aluno de Macau a estudar Direito na Universidade de Coimbra, enverga a tradicional capa e batina que todos os estudantes da cidade usam, mas apesar da experiência singular os desafios são muitos. Leung Chon Kei, aluno do terceiro ano, confessa que o primeiro sentimento que teve quando entrou na faculdade foi de abandono, sendo que ainda não conseguiu acostumar-se à sensação de solidão. Leung é um dos bolseiros do projecto de continuação dos estudos em Portugal, lançado em 2004 pelo Governo, que tem o objectivo de formar profissionais bilingues na área jurídica. Saído de Macau após a conclusão do ensino secundário, Leung Chon Kei começou a vida de estudante universitário em Lisboa onde, com outros bolseiros, fez um semestre no curso de língua portuguesa, sendo que o segundo semestre o ensino passou a estar focado em conteúdos jurídicos. “Quando cheguei a Portugal não tinha muitas expectativas, porque já tinha no país estado uma vez. Não estava animado, nem nervoso”, recordou. Após um mês de frequência de um curso de Verão, a alegria sentida durante o processo de aprendizagem da língua não diminuiu, algo que o fazia não parar de aprender coisas novas da língua de Camões. “A minha paixão sobre o idioma continuou e decidi começar a fazer o curso de Português no Instituto Português do Oriente (IPOR)”, contou. As primeiras noites gastas a estudar a língua mostraram-lhe os desafios quando ainda andava no ensino secundário. “Depois isso vai-se tornando um hábito.” O suporte que já tinha da língua inglesa acabou por ajudá-lo na aprendizagem. “É impossível associarmos o português com o chinês porque não há qualquer semelhança. Se pensarmos em chinês, a gramática vai ficar toda errada.” Chegado a Lisboa, e já com um nível elevado de português na bagagem, Leung Chon Kei ainda frequentou cursos nocturnos na Delegação de Macau em Lisboa para a preparação aos exames nacionais portugueses. Lost in translation A primeira aula em Coimbra trouxe ainda mais desafios ao jovem estudante, que descreve o momento como sendo uma “aula de ditado”. Leung Chon Kei só queria anotar tudo o que o professor estava a dizer. “No primeiro ano andei nervoso, e tive sorte que apanhei alguns alunos de Macau do quarto ano que me explicaram algumas dúvidas. Mas depois de dois a três meses comecei a perceber tudo o que os professores diziam nas aulas.” Apesar de ter enveredado pelo Direito, esta área não foi amor à primeira vista. Depois, tudo mudou: “Há muitos raciocínios lógicos e posso aprender coisas sobre diferentes áreas sociais”. A um ano de terminar a licenciatura na cidade dos estudantes, Leung Chon Kei diz que a maior desvantagem de estudar Direito em Portugal é o grande desconhecimento que continua a existir entre Portugal e Macau. Apesar de o Direito de Macau ser de matriz portuguesa, o jovem estudante fala das crescentes diferenças em ambas as jurisdições e teme dificuldades quando chegar ao território, onde terá de frequentar o curso de introdução ao Direito de Macau. Ainda assim, está confiante na carreira que o espera e pretende fixar-se em Macau, onde continua a existir carência de profissionais bilingues na área do Direito. A existência de muitas vagas são um chamariz para que regresse à terra que o viu nascer. Em Coimbra, há tempo para estar com os colegas de curso, apesar da exigência do curso e da língua. Ao fim de três anos em Portugal, Leung Chon Kei já percebeu as diferenças em relação ao pequeno território do sul da China. “Macau é para trabalhar e Portugal é para passar férias, porque em Macau há poucos espaços onde podemos estar e tem uma elevada densidade populacional, o que faz com que pensemos em trabalhar, em ter uma vida mais ocupada. Em Portugal temos mais espaço, ar livre, praias e ambientes que são bons para descansar.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePortuguês | UC, IPM e Cantão começam Mestrado em Setembro na China É já em Setembro deste ano que a Universidade de Coimbra põe em marcha um novo curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong. O IPM dá uma ajuda no corpo docente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de Coimbra (UC) e a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong, em Cantão, vão arrancar já no ano lectivo de 2016/2017 com um curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, que dará resposta aos muitos licenciados e docentes que procuram uma maior formação na língua de Camões. Esta é a primeira vez que se cria um Mestrado desta natureza com a participação de Portugal, China e Macau. O curso é da UC, que vai enviar quatro docentes para Cantão, sendo também a universidade responsável pela atribuição dos diplomas aos alunos. O Mestrado será avaliado pela Agência Portuguesa de Avaliação e Acreditação. O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai enviar mais dois docentes, conforme explicou ao HM Carlos André, coordenador do Centro. “Para chegar aqui começámos a trabalhar quando cheguei, há três anos. É um grande passo no sentido da cooperação, ainda que a agência seja uma autoridade independente do Governo. Mas esta agência irá à universidade em Cantão avaliar o curso. O primeiro ano será feito em Cantão e o segundo, que é a preparação da tese, já tem uma parte substancial que decorre em Coimbra, com os orientadores. A defesa da tese será em Coimbra”, referiu Carlos André. Para já estima-se que o Mestrado possa acolher 20 alunos. “A universidade em Cantão fez um estudo de mercado, não se partiu para isto do nada, e eles avaliaram a possibilidade do número poder chegar a 20. Foi fundamental saber isso porque entendemos que o curso deve avançar se houver o mínimo de dez alunos”, garantiu ainda o director do Centro Pedagógico e Científico do IPM. Acima das expectativas Carlos André, que durante três anos tem realizado visitas a todas as universidades da China que ensinam o Português, já tem os dados finais do levantamento que fez sobre as necessidades existentes. “Não é fácil ter os dados sequer e só nas universidades os números surpreendem. Sem falar de Macau, eu apontava para a existência de 1700 estudantes, mas ultrapassam os 2500. Em Macau existem 1300 estudantes de Português nas universidades, entre cursos [da língua] ou disciplinas opcionais.” O novo Mestrado “não responde às necessidades do sistema”, garantiu Carlos André. “Nada do que qualquer um de nós está a fazer responde às necessidades do sistema, porque a China é muito grande”, rematou.