João Luz SociedadeReciclagem | Macau tem mais de 4.000 postos de recolha Estão espalhados pelo território de Macau mais de 4.000 postos de reciclagem, indicou Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), em jeito de balanço. Passados 15 anos da criação da DSPA, o seu director recordou, em declarações ao jornal Ou Mun, que o Programa de Pontos Verdes foi criado em 2011, começando a recolha selectiva de materiais para reciclagem. Apesar das inúmeras críticas à eficácia dos programas de reciclagem do Governo, que antes da existência da DSPA era gerida pelo equivalente ao Instituto para os Assuntos Municipais, Raymond Tam salienta que a redução de desperdício na fonte e a recuperação de recursos são prioridades políticas do Governo. O responsável salientou que em 2019, a DSPA introduziu as máquinas de recolha de garrafas de plástico e em 2021, estes equipamentos foram actualizados para também recolher latas de alumínio. O peso das coisas Em relação à contabilidade actual, Raymond Tam afirmou que este ano, até ao final de Julho, foram recolhidos dos postos de reciclagem espalhados pela cidade, das máquinas de recolha e das escolas quase 3,42 mil toneladas de papel, quase 1,1 mil de toneladas de resíduos de plástico e 13,4 milhões de latas. Em relação à reciclagem de resíduos alimentares, o responsável realçou o programa de recolha que, desde 2012, tem alargado a sua rede de entidades e empresas participantes. Neste aspecto, Raymond Tam salienta que nos primeiros sete meses deste ano, as autoridades receberam mais de 1,2 toneladas de resíduos alimentares, provenientes de 220 restaurantes. A recolha e tratamento deste tipo de desperdício foi reforçado pela entrada em funcionamento dos centros ambientais Alegria, subordinados à DSPA, que começaram a receber resíduos alimentares em Abril de 2021. O líder da DSPA realçou no balanço dos trabalhos de protecção ambiental, o progresso conseguido no tratamento de equipamentos electrónicos, pilhas e baterias usadas. Entre o início de 2020 até Julho deste ano, foram recebidos cerca de 805 mil equipamentos electrónicos e eléctricos, e entre o fim de 2016 e Julho deste ano, foram recolhidas cerca de 332 toneladas de pilhas e baterias usadas.
Hoje Macau SociedadeLixo | Ausência de reciclagem deixa alunos “tristes” O deputado Lam Lon Wai afirmou ontem que os alunos das escolas ficam “tristes”, porque apesar de separarem o lixo para ser reciclado, os funcionários que recolhem os resíduos acabam por juntar tudo no mesmo recipiente. A situação foi denunciada ontem pelo legislador da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), numa questão colocada ao Executivo, na Assembleia Legislativa. “Os alunos separam os resíduos, mas depois os trabalhadores que fazem a recolha juntam tudo novamente. Os alunos ficam tristes, porque fizeram o trabalho de separação, mas não teve efeito”, relatou Lam Lon Wai. “Os alunos acabam por muitas vezes levarem os seus sacos para as escolas, e depois colocam o lixo nesses sacos e enviaram para a DSPA [Direcção de Serviços de Protecção Ambiental], para garantir que é feita reciclagem”, acrescentou. O também subdirector da Escola Secundária para Filhos e Irmãos dos Operários queixou-se ainda de que, ao contrário do que acontecia no passado, as escolas deixaram de ter trabalhos de recolha de jornais para efeitos de reciclagem. Em resposta às denúncias, o director da DSPA, Raymond Tam, prometeu que o assunto vai ser tratado pelos serviços e que haverá uma maior promoção da necessidade de reciclar nas escolas.
João Luz Manchete SociedadeAmbiente | Associação defende reciclagem em vez de aterro-lixeira Numa palestra organizada por organizações ambientalistas de Macau, Hong Kong e Taiwan, foram apontadas alternativas à construção do aterro para resíduos de construção ao largo das praias de Coloane. A separação, reciclagem e reutilização foi apontada como o melhor caminho, à semelhança do que se faz no Interior e em Hong Kong Separar, classificar, reciclar e reutilizar foram os quatro pilares de acção para lidar com os resíduos do sector da construção civil defendidos numa palestra organizada no domingo em que participaram associações de defesa do ambiente de Macau, Hong Kong e Taiwan. Com a perspectiva cada vez mais real da construção da chamada “ilha ecológica” ao largo das praias de Coloane, onde o Governo pretende aterrar resíduos de construção, a tónica da palestra centrou-se em propostas mais amigas do ambiente. A Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong defendeu que o Governo de Macau devia apostar na construção de uma infra-estrutura de tratamento deste tipo de resíduos. “Será que a ilha ecológica pode resolver efectivamente o assunto de resíduos da construção no futuro? Caso o Governo Central não aprove a sua construção, o Executivo da RAEM já pensou noutra opção? E quem vai cuidar dos golfinhos e do ambiente marítimo?” perguntou Viena Mak Hei-man, directora-adjunta da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong. A representante indicou que Macau precisa de mudar de política e apostar na gestão eficiente dos resíduos de construção, ao invés de fazer mais aterros. Viena Mak deu como exemplos a existência de instalações semelhantes em cidades e províncias do Interior da China como Jilin, Pequim, Liaoning, Shaanxi, Guangdong. A ambientalista estimou que Macau só precise de um hectare de terra para este tipo das instalações, enquanto que para construir o aterro-lixeira serão necessários cerca de 250 hectares, uma área maior do que dois campus da Universidade de Macau em Hengqin. Razões económicas Recorde-se que em 2015, o Governo da RAEM adjudicou à Agência Comercial e Industrial Nam Yue a concepção e construção da primeira fase da Linha de Produção da Instalação de Triagem de Resíduos da Construção de Macau, com um valor de 362 milhões de patacas. No entanto, até agora o projecto nunca avançou e a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental revelou este ano que não havia terrenos para lançar o projecto. Viena Mak salientou que a construção do projecto de triagem de resíduos ficaria abaixo de um décimo do custo do aterro ao largo de Coloane. A activista argumentou ainda com as prioridades avançadas pelo Governo de Hong Kong, que passam pela redução da produção de resíduos da construção, o aumento da taxa de reciclagem e a diminuição do uso de lixeiras para descartar este tipo de material. “O abandono de lixo é pior prática e a ideia da ilha ecológica é baseada nessa mesma prática, sem pensar na reciclagem de resíduos ou no seu tratamento preliminar”, apontou. Além disso, no Interior da China tem-se verificado nos últimos anos o reforço da classificação e reutilização, com a instalação em estaleiros de obras de espaços provisórios, ou em locais próprios, destinados ao tratamento e reciclagem de resíduos.
João Santos Filipe PolíticaMoradores | Ngan Iek Hang quer visitas a centros de reciclagem O deputado Ngan Iek Hang defende a realização de visitas de estudo às instalações de reciclagem e às regiões vizinhas, como forma de aumentar a reciclagem em Macau. A sugestão consta de uma interpelação escrita, em que o legislador ligado aos Moradores defende que é necessário aumentar a taxa de reciclagem e reduzir a produção de lixo doméstico. “Será que as autoridades têm intenção de organizar visitas e viagens de estudo, visitas de estudo, cursos, entre outras formas, para incentivarem os residentes a observarem melhor o trabalho de classificação e reciclagem de lixo em Macau e noutras regiões?”, pergunta Ngan. Segundo o membro da Assembleia Legislativa, esta é uma forma de “melhorar os conhecimentos dos residentes sobre a classificação de resíduos”, especialmente sobre a “identificação de resíduos perigosos”. Ngan Iek Hang cita os dados oficiais e diz que a taxa média de reciclagem em Macau é de 22,5 por cento. “O nosso objectivo a longo prazo deve passar por envolver toda a sociedade na divisão do lixo e criar um bom ciclo de reciclagem”, opinou. O deputado defendeu também que o exemplo do outro lado da fronteira de criar uma “cidade sem lixo” deve ser seguido. Para acompanhar o que se faz no Interior, o legislador quer saber se as autoridades estão abertas a participar em programas de maior cooperação nesta área. A interpelação de Ngan Iek Hang surge depois do Governo ter proposto a criação de um aterro junto das praias para albergar lixo de construção. A proposta é polémica, mas Ho Iat Seng atirou responsabilidades para o Governo Central. Ngan nunca menciona o assunto.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAmbiente | Lei Chan U preocupado com abate de motos O deputado elogia o programa para subsidiar o abate das motos mais poluentes, mas quer saber quais os planos do Governo para lidar com os veículos abatidos. A reciclagem das baterias dos veículos eléctricos, que têm um ciclo de vida de cinco a oito anos, é outra das questões a ter de ser resolvida Lei Chan U está preocupado com as consequências do programa que subsidia o abate de motos, aquando a compra de motos eléctricas. Para o deputado, o território corre o risco de não ter espaço para guardar os veículos abatidos, nem capacidade para lidar com as baterias eléctricas descartadas. Segundo o programa apresentado no início da semana, na compra de uma moto eléctrica, o Governo subsidia o abate da moto antiga. No entanto, a viatura para abate tem de ter mais de 12 anos e oito meses e estar em circulação, ou seja, matriculada. O valor do subsídio é de 3.500 patacas. Os cálculos das autoridades apontam que a medida vá resultar num abate de 2.550 a 7.650 motos. Contudo, o número é considerado preocupante para Lei Chan U, deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). “Nos últimos anos, o número de viaturas abatidas em Macau cresceu de forma dramática, e muitos dos lugares de estacionamento do Governo para guardar os veículos abatidos ou retirados das ruas estão cheios”, justificou o legislador, numa interpelação escrita. Lei recorda que nos últimos anos foi estabelecido um mecanismo para que Macau enviasse viaturas abatidas para o Interior, mas que o número de veículos mandado para o outro lado da fronteira “nunca foi satisfatório”. Por isso, considerou que o projecto piloto ficou aquém das expectativas. Assim, o deputado questionou se o Executivo fez um planeamento sustentável sobre o impacto do programa e da capacidade para lidar com os veículos acumulados. Das baterias Além das viaturas abatidas, outro problema para Lei Chan U passa pelas baterias. Segundo os dados citados pelo deputado, uma bateria de um veículo eléctrico tem uma vida que dura de cinco a oito anos. Contudo, com a tecnologia dos veículos eléctricos a acumular anos, surgem problemas por todo o mundo sobre o que fazer com as baterias descartadas. Lei aponta o exemplo do Interior onde só em 2020 cerca de 200 mil toneladas de baterias foram descartadas, sem que houvesse a preparação necessária para lidar com este tipo de lixo. O deputado aponta que se as baterias não forem tratadas podem tornar-se uma fonte de poluição. Neste contexto, Lei Chan U pede ao Executivo de Ho Iat Seng que revele os seus planos para lidar com as baterias que daqui a uns anos vão ser descartadas na RAEM. Apesar das questões levantadas na interpelação escrita, Lei Chan U considera que a iniciativa do Governo é positiva e um passo em frente na direcção correcta de protecção do ambiente.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGrupo Macau Waste Reduction alerta para necessidade de reciclar O grupo Macau Waste Reduction organiza este fim-de-semana a iniciativa mensal para promover a consciencialização sobre a reciclagem e alertar para o impacto negativo do uso do plástico. Desde 2019, o grupo foi responsável por mais de cinco toneladas de lixo reciclado Um dia para que a comunidade se aperceba da quantidade de lixo criada diariamente e ensinar a população a reciclar. É este o objectivo da Actividade de Reciclagem, promovida todos os meses pela associação Macau Waste Reduction, que volta a ser realizada este fim-de-semana. A iniciativa foi explicada por Capricorn Leong, uma das responsáveis do grupo, em declarações ao HM. “Quando uma pessoa vem aos nossos eventos fica com um conhecimento mais prático de como separar os materiais, de forma a aumentar a racionalidade e eficácia da reciclagem”, afirmou. “Por exemplo, são ensinados procedimentos como a necessidade de separar os plásticos transparentes daqueles com cor, porque a verdade é que são feitos com plásticos diferentes”, acrescentou. A iniciativa é feita desde Fevereiro de 2019, no segundo fim-de-semana de cada mês. No sábado, vai decorrer entre as 10h e as 11h45, no lado de Macau, em cinco locais: Escola Portuguesa de Macau, Centro da Associação Baptista Ha Wan, Centro Comunitário Amor aos Vizinhos da Igreja Evangélica Sun Tou Tong e Universidade de São José. No domingo, a iniciativa decorre na Taipa, entre as 10h30 e 12h15 no Colégio Anglicano de Macau. Os interessados apenas precisam de comparecer com parte do lixo que pretendem reciclar. Em média, participam em cada evento entre 30 a 50 pessoas, e algumas famílias optam por levar crianças. Contudo, os procedimentos adoptados para a reciclagem surpreendem sempre alguns dos participantes. “Há muita gente que não se apercebe da complexidade até reparar no número de sacos diferentes que temos para a separação dos plásticos”, relata a responsável. “Só depois é que começam a olhar para os rótulos e números das embalagens que têm essas informações. No dia-a-dia não há muita gente a ler o rótulo das garrafas ou caixas depois de acabar de beber ou comer produtos em embalagens de plástico”, aponta. Com peso A “lição” serve também para perceber a complexidade não só da reciclagem, mas também do impacto causado pelo plástico. “Normalmente quando as pessoas participam começam a perceber a quantidade de lixo que produzem e a responsabilidade de reciclá-lo de maneira correcta”, explicou Leong. “Para quem vem pela primeira vez, o processo pode ser trabalhoso, porque é preciso lavar, secar e fazer a divisão pelo tipo de cor”, reconhece. “Claro que se não produzirmos tanto plástico, este é um processo que pode ser evitado… Também há a alternativa de simplesmente deitar tudo no lixo e depois respirar o ar poluído ou comer os alimentos criadas na terra poluída…”, acrescenta. Apesar de um processo que pode ser trabalhoso, desde Fevereiro de 2019 até Julho deste ano, a Macau Waste Reduction calcula ter reciclado 5,72 toneladas, entre plásticos, papel e metais.
Salomé Fernandes Manchete PolíticaReciclagem | Lei Chan U sugere sistema de reembolso de valor das garrafas O deputado Lei Chan U submeteu uma interpelação escrita em que questiona se o Governo vai ter como referência países em que os consumidores pagam um depósito pelas garrafas de bebidas que compram, podendo ser reembolsados se as reciclarem Lei Chan U quer que o Governo adopte um sistema em que o consumidor paga um valor extra pelas garrafas e latas de bebidas, havendo reembolso quando a embalagem vazia for reciclada. Em interpelação escrita, o deputado reconheceu os esforços da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) no âmbito da reciclagem, dando exemplos como a cobrança de sacos de plástico. No entanto, observou que “devido ao rápido desenvolvimento económico e social, apesar de a quantidade de reciclagem de alguns resíduos ter aumentado, não foi possível compensar o aumento dos resíduos gerados”. Para incentivar à redução de resíduos e reciclagem, o deputado sugere a implementação de um sistema de depósito de garrafas, tendo como referência países como a Alemanha, Dinamarca e Noruega. Lei Chan U explica que os consumidores precisam de pagar um depósito por garrafas de cerveja, bebidas e água, que varia com o tamanho da embalagem. Se enviaram as garrafas vazias para reciclagem podem receber este valor de volta, na forma de dinheiro ou vales de consumo. Entre as diferentes formas de reciclar garrafas e latas, o deputado destacou que as máquinas automáticas para devolução em supermercados é a escolha mais popular. “Basta colocar as garrafas vazias uma a uma na máquina. Depois de passarem no teste, o voucher é impresso. Pode ser usado para consumo directamente no supermercado ou trocado por dinheiro. O sistema atingiu resultados notáveis, e a taxa de reciclagem de garrafas e latas nos países em causa excedeu 90 por cento”, descreveu. Alargar a rede As medidas da DSPA que Lei Chan U considera que “têm sido eficazes” incluem não apenas a cobrança por sacos de plástico, mas também o programa de pontos verdes, em que as pessoas podem reciclar garrafas em máquinas automáticas, obtendo pontos em troca. De acordo com dados publicados pela DSPA na sua página electrónica, em Outubro de 2019 foram instaladas pela primeira vez máquinas de recolha de garrafas de plástico, com uma recolha superior a 74 mil garrafas até Dezembro do ano passado. Actualmente, existem 42 destes pontos de recolha. A partir de um certo montante de pontos verdes, os participantes podem trocá-los por cupões de compras de supermercado ou por lembranças da DSPA. Lei Chan U questionou se as autoridades vão expandir a rede de reciclagem e instalar máquinas de recolha de todos os tipos de garrafas e latas que cumprem os requisitos de reciclagem em todos os supermercados de Macau.
Pedro Arede Manchete SociedadeAmbiente | Imposição de testes obriga a cancelar actividades de reciclagem Iniciativas de reciclagem da Macau for Waste reduction foram canceladas depois da CPSP ter anunciado a exigência de todos os participantes apresentarem um teste de ácido nucleico negativo. A responsável do grupo, Capricorn Leong, diz estar chocada e não compreender os critérios das autoridades [dropcap]D[/dropcap]uas actividades de reciclagem da Macau for Waste Reduction foram canceladas depois do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ter notificado o grupo de que todos os participantes e voluntários das iniciativas estão obrigados a apresentar um teste de ácido nucleico negativo. As estações de reciclagem ao ar-livre tinham como objectivo sensibilizar a população para a importância de reciclar e recolher lixo e estavam agendadas para os dias 11 e 18 de Julho na Praça de Jorge Álvares e na Taipa (Ocean Garden). A estação de recolha que permanecerá activa está marcada para o dia 18, sábado, na Escola Portuguesa de Macau. Numa publicação no Facebook, onde dá conta da notificação da polícia, o grupo Macau for Waste Reduction justifica a decisão de cancelar as iniciativas com o facto de ser um pequeno grupo ambiental, “sem capacidade financeira para subsidiar os testes de ácido nucleico dos participantes”. Contactada pelo HM, Capricorn Leong, activista e responsável pelo grupo diz estar chocada com a exigência das autoridades de apresentar um teste de despistagem à covid-19, porque, para além das estações de reciclagem serem eventos ao ar-livre, Macau já deu mostras de ter regressado à normalidade. “Estamos chocados e muito desiludidos. Pessoalmente, não consigo compreender qual é o critério aplicado, quando toda a gente sai à rua para jantar fora ou ir às compras, recorrendo muitas vezes a autocarros lotados para o fazer. Além disso, anteriormente expliquei ao Governo que a nossa actividade decorre com os participantes em constante movimento, sendo que a maior parte nem sequer iria ficar mais de 15 minutos”, explicou Capricorn Leong. Tempos difíceis Capricorn Leong refere ainda que a necessidade de realizar este tipo de eventos é da maior importância, pois se “todos evitassem produzir resíduos plásticos desnecessários”, não seria preciso realizar, “de forma tão urgente”, este tipo de iniciativas. A activista lembra ainda que o critério de exigir a apresentação de testes de ácido nucleico “não se aplica a actividades com fins lucrativos” e dá o exemplo de um evento que decorreu no passado fim-de-semana na zona do Fisherman’s Wharf destinado ao comércio. “Se calhar, da próxima vez é melhor mudar o nome do nosso evento para ´Roadshow da consciência ambiental da Grande Baía’”, rematou Capricorn Leong. Recorde-se que no passado mês de Junho, o CPSP já tinha impedido que fossem montadas outras estações de reciclagem em locais públicos, obrigando as mesmas a passar para locais privados.
João Luz SociedadeAmbiente | CPSP não autoriza habitual actividade de reciclagem [dropcap]T[/dropcap]odos os meses um grupo de activistas de defesa do ambiente organiza estações de reciclagem em lugares públicos, para recolher lixo e sensibilizar a população para a importância de reciclar. Porém, após notificação às autoridades, as activistas depararam-se com uma novidade: o Corpo de Polícia de Segurança Pública não autorizou, pela primeira vez, que fossem montadas as “estações de reciclagem”. Numa publicação de Facebook, Annie Lao esclareceu que “a organização da assembleia não foi autorizada, porque pode colocar em perigo a saúde pública e a segurança”. As acções estavam marcadas para a Taipa (Ocean Garden) e no centro da Península de Macau, mas passaram para locais privados, a saber a LUSH (no Leal Senado) e Ha Wan Baptist Association (das 10h às 12h), e na Escola Portuguesa de Macau (das 15h às 17h). Em declarações ao HM, Capricorn Leong, uma das activistas que organiza o evento, e que enviou o pré-aviso às autoridades, confessou estar desiludida, mas garante que em Julho vai fazer o mesmo pedido. Quanto à justificação apresentada pelo CPSP, à luz de outros eventos que não obtiveram autorização com a mesma justificação, a activista não quis “adivinhar a razão para a decisão”, mas compreende a defesa da saúde pública. Aliás, a acção de sensibilização e recolha de material reciclável foi suspensa, por iniciativa das activistas devido à pandemia, entre Fevereiro e Abril, mas, em Maio o grupo organizou as estações de reciclagem, com autorização do CPSP.
Hoje Macau SociedadeResíduos | DSPA promove separação em pequenos restaurantes [dropcap]P[/dropcap]romover a consciência da comunidade para a recolha correcta de resíduos alimentares é o objectivo do projecto-piloto de recolha de Resíduos Alimentares dos Estabelecimentos de Restauração e Bebidas, mais do que focar-se na quantidade de resíduos tratados. A admissão está na resposta da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) a uma interpelação escrita de Zheng Anting. A ideia é “alterar o hábito de abandono de resíduos” e permitir, a longo prazo, preparar a recolha de resíduos alimentares de grande envergadura e alterar os hábitos de funcionários de pequenos restaurantes que não tenham condições para a “própria instalação de equipamentos de tratamento”. A DSPA destaca na resposta a Zheng Anting que participam no projecto-piloto meia centena de pequenos e médios estabelecimentos de restauração e bebidas, desde Junho de 2018, até agora. Relativamente a planos de recolha de desperdícios alimentares, regista-se a participação de cerca de 90 instituições nas acções de recolha de resíduos alimentares. A concepção preliminar das instalações centrais de tratamento de resíduos alimentares, assim como a avaliação de impacto ambiental e prospecção geotécnica estará a cargo de uma empresa de consultoria. Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA economia e psicologia da reciclagem “What a piece of work is a man! how noble in reason! how infinite in faculty! in form and moving how express and admirable! in action how like an angel! in apprehension how like a god! The beauty of the world, the paragon of animals”. Act II, scene 2, of Hamlet [dropcap]T[/dropcap]odos nós sabemos que devemos reciclar, mas mesmo os recicladores comprometidos podem ser erráticos, limpar e separar garrafas em um dia e colocar no lixo no dia seguinte. Porquê? Acontece que uma série de factores influencia as nossas decisões sobre o que colocar ou não na lixeira verde. É de considerar que dois desses factores surgiram em pesquisas recentemente realizadas sobre os hábitos de descarte. Foi descoberto primeiro, que as pessoas têm mais probabilidade de reciclar itens que não foram distorcidos, como latas de refrigerante e papel que não foi rasgado em pedaços e que se denomina por ” factor de distorção”. Os resultados de vários estudos demonstram que a decisão do consumidor de reciclar um produto ou colocá-lo no lixo pode ser determinada pela medida em que o produto foi distorcido durante o processo de consumo. Especificamente, se o processo de consumo distorce um produto suficientemente da sua forma original ou seja, mudanças no tamanho ou na forma, os consumidores percebem como menos útil e, por sua vez, são mais propensos a colocá-los no lixo, ao invés de os reciclar. Tais descobertas apontam para resultados importantes do processo de consumo que foram amplamente ignorados, e fornecem percepções iniciais sobre os processos psicológicos que influenciam o comportamento da reciclagem. A segunda descoberta refere-se ao facto de que são mais propensos a reciclar itens ligados a um elemento da sua identidade, como por exemplo, um copo da McDonald’s ou da Starbucks, que contém o nome da marca e que é denominado por “factor de identidade”. É sabido que as identidades dos consumidores influenciam as decisões de compra e as pessoas criam fortes conexões de identidade, ou ligações com produtos e marcas. Os estudos sobre a matéria, ainda necessitam de determinar se os produtos ligados à identidade são tratados de forma diferencial à disposição em comparação com os produtos que não estão ligados à identidade. Os actuais estudos realizados, mostram que quando um produto consumido diariamente como por exemplo, papel, copos e latas de alumínio estão ligados à identidade do consumidor, é menos provável que seja descartado e tenha maior probabilidade de ser reciclado. Além disso, a tendência de reciclar um produto vinculado à identidade aumenta com a força e a positividade da conexão entre o consumidor e o produto ou marca. O comportamento de descarte pode ser explicado pela motivação dos consumidores para evitar a destruição de um produto que esteja ligado a si, porque é visto como uma ameaça à identidade Os consumidores estarão mais propensos a reciclar, em vez de colocar no lixo um produto se estiver vinculado à identidade de um consumidor, e ocorre porque colocar um produto vinculado à sua identidade no lixo é simbolicamente semelhante a destruir uma parte do “eu”, uma situação que os consumidores estão motivados a evitar. O terceiro factor afecta não o que reciclamos, mas o quanto fazemos. As pessoas que sabem que vão reciclar depois de concluir uma tarefa que gera resíduos usam mais muito mais recursos do que teriam de outra forma. Alguns ambientalistas propõem um modelo utilitarista em que a reciclagem pode reduzir as emoções negativas dos consumidores de desperdiçar recursos ou seja, retirar mais recursos do que está a ser consumido e aumentar as emoções positivas dos consumidores, a partir da disposição dos recursos consumidos, fornecendo evidências para cada componente da função utilidade, usando uma série de problemas de escolha e formulando hipóteses baseadas em um modelo utilitário parcimonioso. As experiências com comportamento real de descarte apoiam as hipóteses do modelo. Os estudos sugerem que as emoções positivas associadas à reciclagem podem dominar as emoções negativas associadas ao desperdício e como resultado, os consumidores poderiam usar uma quantidade maior de recursos quando a reciclagem é uma opção e, de modo mais impressionante, esse montante poderia ir além do ponto em que a sua utilidade de consumo marginal se torna zero. Os proponentes ampliam o modelo teórico e introduzem a utilidade de aquisição e o efeito moderador do custo de reciclagem (financeiro, físico e mental) e de uma perspectiva política, esta proposta defende uma melhor compreensão do comportamento de disposição dos consumidores para aumentar a eficácia das políticas e campanhas ambientais. É de notar que o “factor de distorção” é importante quando se examina por exemplo, o conteúdo da colecta selectiva no ecoponto nos contentores de metal e de papel e do espaço dedicado ao lixo para não reciclagem. Os pedaços de papel intactos, em geral, foram reciclados e os fragmentos de papel foram destruídos e quanto às latas de alumínio, as intactas foram recicladas e as amassadas ou esmagadas foram descartadas. O que explica este factor? Quando um item é suficientemente distorcido ou alterado em tamanho ou forma, as pessoas percepcionam como inútil e como algo sem futuro e colocam no lixo. Tal facto explica parcialmente porque tanto material reciclável termina no aterro. Ainda que, as pessoas estejam sensibilizadas para reciclar muitos itens comuns, apenas 65 por cento do papel e 55 por cento do alumínio são reciclados. Ao conscientizar as pessoas desse factor poder-se-ia potencialmente mudar o comportamento do descarte. As empresas direccionadas para a sustentabilidade poderiam melhorar as taxas de reciclagem por meio de inovações em embalagens que, por exemplo, aumentam a facilidade de abertura e diminuem a distorção, o que poderia melhorar a probabilidade de as embalagens serem recicladas e até mesmo reutilizadas. A exploração ao factor de identidade, foi revelado em um recente estudo da Universidade de Yale, em que foi efectuada uma visita a um café onde o empregado escreveu incorrectamente o nome do cliente na chávena descartável, e escrever os nomes dos clientes nas chávenas tornou-se um padrão em muitos cafés, ligando o produto a alguma parte da identidade do cliente. Foi pedido a um grupo de voluntários para provar e avaliar o café. Os participantes foram questionados sobre os seus nomes, e os que foram soletrados correctamente ou intencionalmente grafados erroneamente nas suas chávenas. Aqueles cujos nomes foram escritos correctamente eram significativamente mais propensos a reciclar a sua chávena do que aqueles cujos nomes foram escritos incorrectamente. Foram realizados diversos outros estudos com diferentes produtos e formas de vincular o produto às identidades dos consumidores, como usar bandeiras americanas ou logótipos de universidades, que ligam as pessoas a importantes identidades de grupo. Foi descoberto consistentemente que as pessoas são mais propensas a reciclar do que a descartar produtos ligados à identidade, e que a destruição desses produtos pode reduzir a auto-estima e como seria de esperar, é uma pena jogar um pedaço de si no lixo, para que as pessoas o evitem fazer. Ao criar uma ligação de identidade ou tornar uma conexão existente mais forte, pode-se transformar os consumidores menos propensos a colocar itens no lixo reciclável. Muitas empresas já vinculam produtos às nossas identidades, mas podem não estar cientes das consequências do descarte. A Coca-Cola, por exemplo na sua campanha “Compartilhe uma Coca-Cola” teve um estrondoso sucesso, pois os consumidores encontram os seus nomes nas garrafas, tendo aumentado as taxas de reciclagem para aqueles que bebem uma garrafa com o seu nome. A campanha da Coca-Cola retornou aos Estados Unidos em Maio de 2014 e os fãs americanos sedentos têm clamado por encontrar os seus nomes em garrafas de Coca-Cola, Diet Coke ou Coca-Cola Zero. A Coca-Cola passou a personalizar as garrafas com o primeiro e último nome e mais de mil nomes e sobrenomes estão disponíveis, com quase duzentos sobrenomes incluídos. Às vezes, a opção de reciclar pode influenciar a quantidade de um item que é usado. Por exemplo, no estudo foram examinados o quanto as pessoas consomem quando têm a opção de reciclar versus colocar no lixo. Os sujeitos da pesquisa foram instruídos a usar a quantidade do produto que queriam. Em um estudo, umas pessoas embrulharam presentes; em outro, usavam papel para resolver problemas matemáticos. Em cada experiência, metade dos participantes poderia reciclar o que usavam; a outra metade só podia descartá-lo. Foi constatado que as pessoas usavam muito mais recursos como papel de embrulho, papel, copos e embalagens plásticos quando sabiam que iriam reciclar. Como é possível explicar tais situações? As descobertas sugerem que as emoções positivas associadas à reciclagem podem dominar as emoções negativas, como a culpa, associada ao desperdício e como resultado, os consumidores sentem-se à vontade para usar uma quantidade maior de recursos quando a reciclagem é uma opção. A conservação de recursos em um domínio pode levar a desperdiçar recursos em outro, que tem a ver com o bom comportamento anterior e cujo fenómeno é conhecido nas ciências sociais como licenciamento moral. A grande questão é reciclar ou colocar no lixo? O sucesso da reciclagem depende da resposta que milhares de milhões de pessoas dão a essa pergunta diariamente. É de realçar que aprendemos com os economistas comportamentais nos últimos anos, que muitas das nossas decisões são, nas palavras de Dan Ariely no seu livro “Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions“ previsivelmente irracionais. Assim, é com essa decisão. Mas ao trazer os nossos factores à disposição, podemos alterar o comportamento individual, estimular a criação de embalagens que incentivem a reciclagem e aumentar a eficácia das políticas e campanhas ambientais. A previsível irracionalidade de que fala Dan Ariely é de que a nossa irracionalidade acontece da mesma forma e sempre. Na economia convencional, a suposição que todos somos racionais implica que, na vida quotidiana, computemos o valor de todas as opções que enfrentamos e depois seguimos o melhor caminho possível de acção, e se cometermos um erro e fizermos algo irracional? Aqui também a economia moderna tem uma resposta pois as forças do mercado vão cair sobre nós e rapidamente colocar-nos de volta ao caminho da justiça e racionalidade. É com base nessas suposições, de facto, que gerações de economistas desde Adam Smith foram capazes de pensar conclusões sobre tudo, desde a tributação e políticas de saúde até aos preços de bens e serviços. Mas, somos muito menos racionais do que a teoria económica padrão assume. Os nossos comportamentos irracionais não são aleatórios nem sem sentido, são sistemáticos, e desde que os repetimos sempre, de forma previsível, então não faria sentido modificar a economia padrão, para afastá-la da “ingénua” psicologia que muitas vezes falha os testes da razão e da introspecção, e que talvez seja mais importante o escrutínio empírico. Andreia Sofia Silva SociedadeAmbiente | Residente promove acção de reciclagem este sábado [dropcap]A[/dropcap]ngus Lam, residente de Macau, decidiu promover este sábado, na Taipa, uma acção de reciclagem de resíduos à semelhança da iniciativa “Waste-no-mall”, que acontece em Hong Kong. Ao HM, Angus Lam assegurou que não recebeu quaisquer subsídios governamentais ou apoio de associações, e que está a promover a iniciativa apenas nas redes sociais. “Todos nós temos a responsabilidade de proteger o planeta. Mas além da questão da reciclagem, também quero promover uma mensagem junto do público, de que todos podem conseguir aquilo em que acreditam”, contou ao HM. O ponto de recolha estará localizado na Rua de Coimbra, junto ao Jardim Cidade das Flores, e podem ser entregues resíduos como garrafas de água e outros recipientes de plástico e papel. A iniciativa “Waste-no-mall” começou em Hong Kong, promovida por um grupo de cidadãos preocupados com as questões ambientais, e realiza-se todos os fins-de-semana. A campanha visa promover uma reciclagem adequada e a recolha de resíduos domésticos ou outros artigos que podem ser doados. O primeiro ponto de recolha foi criado em Yuen Long, em 2016, mas, actualmente, o “Waste-no-mall” acontece em diferentes localizações nas zonas de Central e Kowloon, sem esquecer as ilhas e os Novos Territórios. Todo o trabalho de recolha e tratamento dos resíduos é feito por voluntários. João Luz VozesMulher de papelão [dropcap]O[/dropcap]mbros arqueados num ângulo semelhante à geometria das pernas, que em tudo se assemelha à forma do carrinho que empurro pelas ruelas da cidade. O meu corpo transforma-se, adapta-se a esta tarefa que podia ser um dos doze trabalhos de Héracles. A minha fisionomia perde, diariamente, a forma e a suavidade angular a favor das arestas rectas, a minha aparência copia o desenho funcional do carrinho que empurro. Como se os meus ombros, cotovelos e costas tivessem sido soldados pela biologia de bate-chapas, como se os meus ossos fossem feitos de metal e os ligamentos, nervos e músculos fossem parafusos e juntas. Dobro-me como ferro moldado pela fornalha do tempo e dos árduos labores, o meu corpo sem o carrinho não faz sentido, fica perdido, sem função, sem matéria para impelir, sem forma. O meu esqueleto precisa de empurrar algo, é um suporte, a minha natureza é impulsionadora. Sem esse amparo mal me aguento nas pernas arqueadas em angulosa rectidão. Apanho papelão, cartão, todo o sortido de embalagens que o mundo produz em excesso e que são o refugo do consumo, tudo o que resta a todos é o meu sustento. Sou o reflexo humano das sobras de papelão que resultam do fim do comércio, o resultado do desfecho do ciclo do transporte de mercadorias que sobeja nas traseiras das grandes superfícies. Sou o desperdício que vive do desperdício. Também em tempos idos tive outros desígnios que não este. Fui mãe, filha, mulher, tia e sobrinha, fui amante, desejei e fui desejada, até resvalar para o esquecimento numa cidade demasiado egocêntrica para atentar nos que caem sem suporte. Ainda assim, não me rendo às adversidades. Pago com o corpo todas as patacas que consigo amealhar para a minha subsistência. Estou no degrau mais baixo da escala social, mas não me poupo a esforços neste duro quotidiano de catar papel. Limpo a carne que resta das ossadas que são deitadas fora após o grande banquete do retalho. Sou força motriz, aniquiladora da inércia, a resposta vigorosa perante montanhas de adversidades, sou o dínamo, a potência, a veemência, a determinação que recusa baixar os braços. Olhos postos no horizonte, apesar de cabisbaixa, galgo metros entre o trânsito e o congestionamento dos passeios. Sou a Rainha da termodinâmica, o motor do verdadeiro empreendedorismo que está a milhas de distância daquele que se multiplica nas páginas dos jornais, onde filhos de bilionários mostram onde gastam o outro papel que as gerações anteriores juntaram, muitas vezes às custas dos meus antepassados. Sou a negação da inércia, velocidade e massa em movimento. O equivalente humano a uma lei de Newton a empurrar matéria-prima para reciclagem San Ma Lo acima. Enquanto toda a gente corre, contrai empréstimos, marca férias, é promovido, despedido, protesta contra o aumento da mensalidade do condomínio, eu respiro expiração dos escapes na esperança de ter o suficiente para um prato de arroz. A minha presença é volumosa, atabalhoada, um problema para a natural fluidez dos leitos de gentes e carros. Ainda assim, sou invisível. A minha condição oculta-me, torno-me impalpável, incorpórea, uma montanha de cartão empurrada por um fantasma. Todos me contornam como se não existisse. Mas eu continuo aqui, a empurrar o mundo todos os dias. Victor Ng SociedadeReciclagem | Associações lançam programa de redução de garrafas de plástico A Sinergia Macau, em parceria com a Green Future e o grupo Macau Less Plastic Lifestyle, criou um mapa que explica onde as pessoas podem consumir água, com o objectivo de reduzir o uso de garrafas de plástico. O mapa passa a estar disponível nas redes sociais e em aplicações de telemóvel [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês associações juntaram-se para compilar informações relativamente aos sítios onde se pode recolher água para consumo no território, com o objectivo de reduzir o uso de garrafas de plástico. Trata-se da Green Future, liderada pelo activista ambiental Joe Chan, a Sinergia Macau, de Lam U Tou [ex-candidato às eleições legislativas] e o grupo Macau Less Plastic Lifestyle, criado no Facebook. O mapa dos locais onde a água pode ser consumida estará disponível nas redes sociais, incluindo o Google Maps, e ainda numa aplicação de telemóvel criada em Hong Kong. Joe Chan, ligado à Green Future, adiantou ontem em conferência de imprensa que, segundo os dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), o número de garrafas de plástico deitadas ao lixo no território atinge as 17 toneladas. Para o activista, a situação é “chocante”. O ambientalista lembrou que a taxa de reciclagem dessas garrafas é muito baixa, uma vez que se trata de uma actividade que não traz grandes lucros e são os próprios funcionários que, muitas vezes, se recusam a entregar o material. Rix Un, presidente da Green Future, explicou que esta actividade de recolha de água em garrafas de plástico usadas já teve início em Hong Kong. Com base nas respostas do Instituto Cultural e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), bem como no apoio dado por voluntários, apurou-se que existem em Macau 104 sítios para recolha de água e que passam a estar sinalizados no novo mapa. Na perspectiva de Rix Un, o número dos sítios disponíveis é satisfatório, mas no futuro vai continuar a impulsionar a instalação de mais bebedouros para facilitar o consumo de água a residentes e turistas. Situação “preocupante” Sonic Pun, representante do grupo Macau Less Plastic Lifestyle Group, explicou ontem que, além das plataformas onde este mapa já está disponível, está a ser pensada a possibilidade de ser utilizado na aplicação Wechat. Lam U Tou também considerou “preocupante” a situação do excesso do uso de garrafas de plástico em Macau. Além disso, o candidato às legislativas nas eleições de 2017, com uma antiga ligação à Federação das Associações dos Operários de Macau, espera que a DSPA elabore mais instruções para melhorar a qualidade da água e garantir a devida regulamentação. Quanto a este ponto, Lam U Tou prometeu reunir com o director da DSPA, Raymond Tam. Sofia Margarida Mota SociedadeReciclagem do lixo | Proposta vai ser legislada no primeiro semestre de 2018 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] regime de gestão de resíduos de materiais de construção vai ser legislado no primeiro semestre do próximo ano. De acordo com Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), a proposta já foi melhorada após consulta pública e, desta feita, vai substituir a fracturação em papel relativa ao tratamento e transporte de resíduos por uma modalidade de cobrança electrónica. De modo a proceder a esta medida a DSPA reuniu já com os sectores envolvidos e pretende com a iniciativa diminuir na fonte resíduos de materiais de construção com a colaboração da sociedade e dos sectores envolvidos”, lê-se em comunicado oficial. Visão de futuro Na reunião com os sectores que irão participar na iniciativa, foram ainda definidos os planos de tratamento de resíduos a curto médio e longo prazo. O início das obras de melhoramento das características geológicas dos aterros é a prioridade. De acordo com a DSPA, o objectivo é “consolidar as lamas da camada inferior da zona de aterro, com métodos de execução das obras de construção civil, para as estabilizar e criar mais espaço”, refere o mesmo comunicado. Está também projectado o destino dos materiais inertes resultantes de demolições e construções. “Depois de serem selecionados e servirem de material de enchimento podem ser aplicados no aterro da zona E1 dos Novos Aterros Urbanos”, explica o Governo. A intenção, afirma a DSPA, é atenuar a pressão no aterro actualmente existente. Já a médio prazo, “planeia-se que se apliquem os materiais inertes de demolição, construção e lamas que satisfaçam a respectiva qualidade, servindo como alguns dos materiais de enchimento do aterro na zona D dos Novos Aterros Urbanos”. O tratamento dos materiais inertes resultantes de demolição e construção mediante cooperação inter-regional é o plano traçado para ser concretizado a longo prazo. Sofia Margarida Mota SociedadeReciclagem | Sustentabilidade passa por cooperação regional [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está no caminho da sustentabilidade, mas as dificuldades, associadas com as características próprias do território, ainda são muitas. Por limitações ligadas à falta de espaço, a solução para problemas como a reciclagem passa pela cooperação regional. A ideia foi deixada pelo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). “Não temos espaço no território para tratar os lixos e o aterro está praticamente cheio” afirmou José Tavares. Para o responsável, Macau pode até “fazer uma primeira triagem antes de enviar o lixo para os sítios específicos e estes serem depois reutilizados”, apontou o responsável. No entanto, “a questão é que não temos capacidade nem espaço aqui e o projecto tem de ser regional. Sou apoiante disso”, sublinhou o presidente do IACM. José Tavares garantiu ainda que o novo mercado de Saec Pai Van vai ter as portas abertas no próximo ano apesar dos atrasos causados pelos estragos com a passagem do tufão Hato pelo território. Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeQuatro milhões para recolha de lixo electrónico O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação foi lançado ontem. A DSPA vai recolher e separar o lixo electrónico. O aproveitável será reutilizado por instituições sociais, enquanto o restante seguirá para o Japão e para o continente. A medida tem um orçamento previsto de quatro milhões de patacas. [dropcap style≠'circle']F[/dropcap]oi lançado ontem o projecto-piloto que pretende proceder à colecta de lixo electrónico no território. O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação tem um custo previsto de cerca de quatro milhões de patacas e pretende recolher telemóveis, televisões, computadores, impressoras e cartuchos de tinta. Os electrodomésticos ficam, para já de fora da iniciativa, sendo que poderão, daqui a um ano, fazer parte do programa. Os materiais recolhidos podem vir a ser reutilizados através da sua doação a entidades de cariz social ou, quando inaproveitáveis, são desmantelados. “As componentes electrónicas seguem para o Japão, enquanto as plásticas vão para o continente de forma a terem o devido tratamento”, esclareceu o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais, Chan Kwok Ho. Adjudicação por consulta A recolha de resíduos fica a cargo da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) mas o seu tratamento foi adjudicado por consulta à Chong Heng Technology. “Escolhemos, sem recorrer a concurso público, uma empresa de Hong Kong que já tem muita experiência no tratamento deste tipo de resíduos e contamos com essa experiencia para o plano de Macau”, justificou Chan Kwok Ho. No entanto o responsável não exclui a hipótese de vir a ser considerada a abertura de um concurso público daqui a um ano, findo o projecto piloto. A DSPA vai disponibilizar quatro postos fixos para a recolha de resíduos: dois em Macau, um na Taipa e um em Seac Pai Van. No entanto, “e de modo a facilitar a vida dos residentes”, o Governo irá ainda ter uma carrinha todas as quintas-feiras e sábados de tarde, a parar em 16 pontos de Macau. “Funciona como uma recolha ao domicilio”, afirmou o responsável. Privados de fora O plano, durante este primeiro ano em que vai estar activo, vai ser dirigido apenas a empresas públicas, cidadãos e escolas. A razão, apontou Chan Kwok Ho, tem que ver com o fato de as empresas privadas terem a seu cargo “uma responsabilidade social na matéria”. Por outro lado, esta é uma forma de garantir que este serviço seja dado a empresas ligadas ao ambiente. “Pretendemos dar mais espaço para que o sector privado dê negócio às empresas de recolha de resíduos e de reciclagem do território, afirmou o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais O objectivo de toda a acção é ainda “aumentar a consciência ambiental dos cidadãos em relação à redução, reutilização e recolha de resíduos recicláveis, adquirindo experiência para uma futura operação de reciclagem em grande escala”, sublinhou Chan Kwok Ho. A medida é tomada em conformidade com a política de gestão que pretende proceder à redução e separação de resíduos a partir da fonte. Os resíduos electrónicos somam aproximadamente 7000 toneladas anuais no território. O plano vem ainda no seguimento da recolha de pilhas que teve início no ano passado e que já arrecadou mais de cinco toneladas destes objectos. Hoje Macau SociedadeAmbiente | “Lai-si” recolhidos poupam 61 árvores [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) recolheu mais de um milhão e meio de envelopes de “lai si” durante uma campanha de incentivo à reciclagem deste tipo de material, muito utilizado por altura do ano novo chinês. O programa terminou no passado sábado, com a DSPA a dar conta agora dos resultados e a elogiar a adesão da população à iniciativa. Ao todo, foram recolhidos quase 4500 quilogramas de envelopes vermelhos. Depois de terem sido seleccionados, foram contados cerca de 610 mil – ou 1800 quilogramas – que podem ser reciclados. Para a direcção de serviços, “o programa alcançou a eficácia pretendida”. O programa foi lançado a 2 de Fevereiro. Foram disponibilizados mais de 200 postos de recolha em diversas zonas de Macau, sendo que a DSPA contou com o apoio de diversos serviços públicos, associações, escolas, bancos, supermercados, empresas de jogo e hotéis. Pretendeu-se assim “facilitar aos cidadãos a prática dos actos ambientais através de uma rede comunitária”. Os envelopes recolhidos tinham de estar intactos, para poderem ser reutilizados. “Ofereceu-se, assim, o apoio aos trabalhos de carácter ambiental através de acções pessoais e reduziu-se o desperdício de materiais”, sublinha a DSPA no balanço da iniciativa. Segundo as estimativas da direcção de serviços, os “lai si” aproveitados na campanha evitam o abate de 61 árvores. “Alguns envelopes serão utilizados como materiais amigos de ambiente em actividades e workshops, e os envelopes de melhor qualidade serão distribuídos ao público através da colaboração” com várias associações para que possam ser de novo usados. A DSPA promete continuar com campanhas relacionadas com a reciclagem e redução de resíduos. Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno sem terrenos para reciclagem, crematório e combustíveis [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Executivo confirmou ontem que continua sem terrenos disponíveis para a instalação de uma central de reciclagem, um crematório e um armazém de combustíveis. “Quanto aos crematórios, os serviços competentes estão a tentar encontrar terrenos mas não é fácil. Estamos à procura de terrenos nas zonas de Coloane e Taipa, mas temos de ponderar se isso vai criar impacto junto da população e dos turistas”, explicou Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Em relação à central de reciclagem “não está a ser ponderada” a sua construção nos novos aterros, adiantou Li Canfeng. Quanto ao armazém de combustíveis “também não é adequado incluir este armazém na zona A [dos novos aterros]”, embora haja uma possibilidade. “Estamos a ponderar escolher a ilha artificial [criada no âmbito da nova ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai]. Em termos funcionais deve ser um local mais apropriado e estamos a trabalhar nesse sentido”, referiu o director. Os deputados criticaram o facto de não existir, a curto prazo, qualquer plano concreto para estas áreas. De frisar que, neste momento, não há serviços de cremação no território, sendo que a única possibilidade é uma deslocação a Zhuhai. “Quanto ao armazém de combustíveis, é uma bomba-relógio para a população da zona norte”, referiu o deputado Ho Ion Sang. “Até agora existe na zona um armazém provisório. Aquela é uma zona envelhecida e com muitas limitações em termos de renovação”, alertou. Raimundo do Rosário admitiu dificuldades e disse que as associações ligadas ao sector dos combustíveis não querem mudar-se para a zona do Pac On. “Pouco depois da minha tomada de posse mantive contacto com as associações sobre o assunto e disse que em Macau é difícil encontrar um local para esse armazém. Na ilha artificial demora tempo a definição do plano. Nos próximos um ou dois anos vai ser essa a situação. Se as associações não querem mudar-se para o Pac On, não posso fazer nada. Não vamos estar aqui a dar voltas sobre o assunto, é esta a situação. Não há muitos lugares para esse armazém e acho que o Pac On é o sítio ideal para isso.” Quanto ao desenvolvimento da zona A dos novos aterros, o Secretário admitiu que “foram ultrapassados todos os prazos definidos”. “Achava que tudo estaria pronto no final do ano passado, mas essa zona está atrasada e não posso avançar com datas para outras zonas”, concluiu. Angela Ka SociedadeAmbiente | Representantes da reciclagem deixam mais recados ao Governo <h5>As empresas de reciclagem do território já viram melhores dias. Greves e encontros com o Governo são tentativas de manter vivo o negócio, mas os resultados não se manifestam. Entre falências e esperanças, ficam os recados</h5< [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]anifestações, greves e encontros com o Executivo são algumas das medidas que os empresários ligados à reciclagem têm levado a cabo de modo a prosseguir actividade. No entanto, a falta de apoio continua mas não impede alguns de prosseguir para novos focos de mercado. Ao HM, Chan Man Nin, presidente da Associação Comercial de Materiais Recicláveis voltou a queixar-se com as dificuldades sofridas pelo sector na manutenção do negócio. Um dos problemas fundamentais é mesmo a falta de espaço para armazenar os produtos reciclados. Chan Man Nin conta ainda que este mês, algumas empresas, incluindo a sua, receberam um aviso da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental acerca da invalidade dos pedidos ao plano de apoio financeiro à aquisição de produtos e equipamentos para a protecção ambiental e conservação energética. O aviso não causou surpresa visto que no ano passado, aquando do encontro com a direcção da DSPA, tinha já sido informado acerca da rejeição dos pedidos. A justificação que lhe foi apresentada foi de que “não existia esse tipo de financiamento”. O aviso recentemente recebido refere que “faltam alguns dados e não cumpre o prazo de entrega, pelo que é considerado inválido”, diz Chan Man Nin visivelmente desanimado. “O Governo continua a ignorar as nossas dificuldades e nem perguntou nada, nem nos ouviu. Deixou apenas que as empresas surgissem e que agora estejam a desaparecer” desabafa. <h4>Mais que dinheiro, trabalho</h4> Por outro lado, Au Weng Heong, responsável da Tai On Environmentalist Recycling & Regeneration Factory Limited, referiu ao HM que a sua empresa não encontrou nenhum problema nem dificuldade quanto ao funcionamento dos seus negócios. Apesar de ver o seu pedido de financiamento reprovado devido à ausência de facturas, considera que é mais importante o papel do Governo em dar o exemplo no que respeita à reciclagem. “Se o próprio Executivo agir de acordo com a protecção do ambiente e reciclar os seus materiais, nós temos mais negócios” explica o empresário. Au Weng Heong adianta ainda que cabe também ao Executivo exigir às empresas a prática da reciclagem porque o fundamental são “as imposições que devem ser feitas pelo próprio exemplo de quem manda”. Cabe depois às empresas trabalhar com dedicação e profissionalismo. Como exemplo, tem a sua empresa que já conseguiu parcerias com alguns hotéis que querem participar deste tipo de acções, porque também “há ainda muitas empresas que não têm qualquer projecto de reciclagem,” referiu. Au Weng Heong também considera a falta de terrenos como uma das dificuldades que enfrenta, no entanto não antevê solução. Hoje Macau Manchete SociedadeMacau só tem dois postos de recolha de pilhas para reciclagem A DSPA colocou mais um contentor para recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau e está localizado no edifício deste organismo. A medida surge depois de um deputado ter questionado sobre as medidas ambientais levadas a cabo por este Governo. A questão agora é perceber que tipo de reciclagem é feita na RAEM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) informou que já colocou mais um contentor de recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau, localizado nas suas instalações. Esta resposta vem na sequência da interpelação feita, no início deste mês, pelo deputado Au Kam San que quis saber qual o resultado das políticas ambientais do Governo. Na altura, Au especificou a situação da reciclagem das pilhas por ter chegado ao seu conhecimento o caso de um cidadão que, tendo dificuldades em encontrar um local para depositar pilhas usadas, contactou a DSPA. Terá sido então informado que devia dirigir-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau (ETRPM), que está localizada na Avenida Son On, Pac-On, na ilha da Taipa, mas não sem antes ter sido informado que devia fazer uma marcação prévia. Por considerar que esta resposta não é adequada às necessidades reais do momento, Au Kam San decidiu pôr o dedo na ferida e questionou o executivo sobre esta matéria, avançando ainda que, até aquele momento, a DSPA não disponha de nenhum meio para reciclar pilhas. A resposta da DSPA não se fez por esperar. Foi criado mais um posto de reciclagem onde as pilhas podem ser colocadas diariamente entre as 9h e as 5h45 horas e onde não é necessário fazer marcação prévia. Este posto de recolha aceita todas as pilhas excepto as baterias de automóveis. Pilhas tóxicas As pilhas apresentam na sua composição metais pesados considerados perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. Falamos de mercúrio, chumbo, cobre, zinco, cádmio, manganês, níquel e lítio. Esses metais podem chegar até aos seres humanos através da ingestão de água ou através de alimentos que estiveram em contacto com estes compostos. Como? Através da cadeia alimentar. Assim, se uma pilha for deitada no solo, ficará durante 50 anos a libertar todos os elementos tóxicos de que é feita. Durante esse tempo os materiais pesados entram no solo, contaminando este e os lençóis de água. Bastava isto para que o ser humano seja rapidamente afectado, mas não nos podemos esquecer que há ainda a contaminação feita através da cadeia alimentar. Assim, sempre que comer carne ou peixe de um animal que, por sua vez, já ingeriu alimento produzido em ambiente contaminado, acaba por estar a afectar duplamente o organismo. Já para não falar que alguns deles têm efeitos cumulativos, isto é, vão-se acumulando, potenciando exponencialmente os efeitos nocivos. Todos estes elementos químicos provocam reacções no corpo. A saber: o mercúrio debilita o cérebro causando perda de memória; o cádmio causa problemas renais que podem ir até à insuficiência renal crónica, tem a duração de 10 a 30 anos no meio ambiente e o organismo demora bastante até eliminá-lo. Se for inalado causa ainda inflamações nos pulmões. O lítio afecta sobretudo o coração. O cádmio provoca ainda danos no aparelho digestivo e o chumbo “ataca” as articulações podendo provocar a paralisia dos membros. Existem vários tipos de pilhas, umas mais poluentes que outras, mas todas elas comportam riscos graves para a saúde. Para preservar o meio ambiente é importante que todos tenham presente que são pequenos gestos que contribuem para grandes feitos. “Não é bem reciclagem” Na opinião de Joe Chan, da União Macau Green Student, “ter mais um local de recolha de pilhas é uma atitude positiva, até porque reciclar estes materiais nocivos para o ambiente, está unicamente nas mãos do Governo e cabe a ele dar o exemplo”. São atitudes como estas que contribuem para aumentar a consciência das pessoas quanto ao ambiente e à temática da reciclagem, afirmou. Quanto à questão de serem apenas dois os locais existentes para fazer este tipo de reciclagem, “não é fácil colocar depósitos em todos os departamentos do Governo e conseguir dar resposta à recolha e à sua destruição. Temos de dar tempo ao tempo, mas ainda assim acho que é uma atitude positiva. Digamos que foi ligado o botão de todo um grande processo”. Quanto à questão da reciclagem propriamente dita, Joe Chan diz que, de acordo com o que sabe, “não há uma reciclagem propriamente dita a acontecer. O que fazem é: queimam todas as pilhas na incineradora e as cinzas provenientes da queimada, que são altamente tóxicas e nocivas, são colocadas em camadas. Uma camada de cinza outra de cimento. No final, são enterradas. Não é a solução ideal, mas é melhor que deitar lítio, chumbo e mercúrio directamente para o solo”, explica. O HM contactou a DSPA para obter esclarecimentos quanto à forma como a reciclagem é feita, mas até ao momento do fecho da edição, não chegou nenhuma resposta. Fa Seong A Canhota VozesPéssima experiência de reciclagem? Não, ainda pior [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é novidade que, em Macau, o tratamento do lixo não é bem feito e acho que já nenhum residente estranha a super baixa taxa de reciclagem de materiais essenciais, como o papel, o plástico, o vidro e o metal. É que, como quase todos consideram que não fazer reciclagem é algo muito comum aqui, o caminho acaba por ser esse: a população prefere não ser amiga do ambiente. Mas a péssima situação no território não se deve simplesmente à falta de consciência das pessoas. É um problema crítico que tem responsabilidades de vários lados. A Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só faz promoção: é do uso de transportes públicos e menos carros privados, de prémios de hotel verde, prendas por sorteio a quem não usar saco plástico quando fizer compras, é organizar visitas à zona ecológica em Cotai… Porque não colocar, simplesmente, mais caixotes para facilitar a vida aos cidadãos que queiram fazer reciclagem? Talvez porque os chamados “pontos de recolha pública de recursos residuais” sejam da responsabilidade do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), entidade que não tem competência para avançar com uma protecção ambiental mais séria. Essa missão deveria ser da DSPA. Uma pesquisa no site do IACM mostra que, de facto, existem mais de 200 pontos de reciclagem em toda a cidade. Como é que não é suficiente? Eu tento explicar, até porque isto que vou contar já me aconteceu: estive na futura biblioteca do Patane e queria encontrar um ponto de recolha de recursos residuais por perto. Só consegui depois de subir até à praça em frente ao Jardim de Camões, ou andando cerca de 600 metros até à Doca do Lam Mau ou Bacia Norte do Patane. Se os materiais que quisesse reciclar fossem muitos e pesados, não teria a mínima vontade de andar a pé até lá. A minha intenção de fazer reciclagem foi completamente destruída. Não percebo porque é que o Governo não pode pôr pontos de reciclagem em todos os pontos de recolha de lixo. Mas a péssima experiência de reciclagem em Macau não acaba aqui. Uma mulher de Taiwan que tinha o hábito de fazer reciclagem e que vive, agora, em Macau partilhou a sua experiência “incrível” na página do Facebook “Nickie in Macau”. Será que algum leitor sabe onde se pode fazer reciclagem de pilhas no território? Sim? Não? Esta taiwanesa também não e, por isso, questionou a DSPA. “Para a reciclagem de pilhas, deve deslocar-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos, ao lado da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. É preciso reservar antes de se deslocar”, respondeu uma funcionária. O quê? A compra de pilhas é tão fácil mas os cidadãos precisam de ir ao Pac On fazer reciclagem? O Governo considera que um residente normal prefere ir até lá do que deitar pilhas num caixote de lixo que está ao lado de sua casa? Penso que isto é uma grande vergonha para Macau face ao que se passa no estrangeiro. Além disso, todos os anos, quando se aproxima o Ano Novo Chinês, o IACM apela aos cidadãos a não deitarem as mobílias de grande dimensão ao lado de pontos de recolha de lixo, mas sim a chamar um camião ou a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR) para transportar estes móveis à Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Sim faz todo o sentido, mas duvido se a maioria de residentes tem conhecimento disso e, mesmo que saiba, no ângulo de um cidadão comum, quem não quer mudar de coisas velhas para novas o mais rápido e barato possível? Quem é que prefere pagar para as coisas que já não precisa, em vez de as deitar fora, no lixo normal? O lixo aqui está sempre em fase de estudo. Depois de estudos sobre a cobrança de resíduos de construção e de sacos de plástico, agora o Governo continua a pagar milhões a outros para fazer estudos sobre a cobrança de lixos domésticos. Não posso dizer que fazer estudos não é útil, e inclusive a ideia de cobrança de lixos domésticos é prática e já foi apelo de grupos de protecção ambiental. Mas irrito-me com o baixo nível de Macau, com o dinheiro constantemente gasto e que não chega a nenhuma conclusão. É como o deputado Ng Kuok Cheong costuma dizer: “Um parvo com tanto dinheiro.” Joana Freitas Manchete PolíticaReciclagem | Governo não vai legislar separação de resíduos Estão a aumentar os resíduos, mas nem por isso a sua separação. Ainda assim, o Executivo não quer legislar a matéria, apostando antes na formação [dropcap style]O[/dropcap]Executivo não vai, para já, legislar a separação de resíduos, ainda que se tenha notado um aumento destes nos últimos anos. Numa resposta ao deputado Zheng Anting, o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) explica que é na promoção que reside a táctica. “Ainda que o Governo não preveja regulamentar directamente a recolha selectiva de resíduos através de legislação, continuará a promover a recolha selectiva mediante a criação de políticas, além de educação, divulgação e melhoria de instalações”, indica José Tavares. “Apesar de não existir uma disposição legal que obrigue à recolha selectiva de resíduos, há muita vontade em continuar a proceder, de forma constante, aos trabalhos de educação.” O presidente admite que as infracções que aconteceram nos espaços públicos relativas ao abandono de lixo aumentaram: por exemplo, em 2011 foram cerca de dez mil autuações por causa deste problema, sendo que em “cada ano de 2014 e 2015 registaram-se mais de 19 mil autuações”. Cerca de 50% dos responsáveis são “cidadãos locais”, mas o instituto “vai intensificar a divulgação da educação” e “pedir à Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), empresa responsável pela recolha do lixo, que “reforce a limpeza das ruas”. O IACM não se estende nas palavras, mas fala numa eventual revisão do Regulamento Geral dos Espaços Públicos. “O IACM tem atendido às opiniões apresentadas por cidadãos, inclusive sobre a adequação, a nível da aplicação, das multas correspondentes a condutas diferentes. Numa revisão posterior dessa disposição legal, vamos ter em consideração a situação actual do desenvolvimento da sociedade.” Cada vez mais Sobre a reciclagem dos resíduos, José Tavares diz que houve um aumento de resíduos que podem servir para reciclar, mas admite que “a taxa de recolha não cresceu da [mesma] forma”. A CSR tem o contrato de recolha de lixo por mais dez anos e uma das obrigações da empresa é recolher os resíduos separadamente, algo que garante fazer tendo “quatro veículos” para tal. O IACM garante que tem colocado mais caixotes de reciclagem em espaços públicos – havendo, neste momento, 60 pontos de reciclagem de vidro e 321 dos outros materiais. Os resíduos têm “um tratamento prévio em Macau”, mas depois são enviados para a região vizinha porque não há reciclagem no território. Escolas e instalações públicas são abrangidas pelo programa de separação de lixo e o IACM garante estar “nesta fase a colaborar com o Instituto de Habitação na instalação de 1018 contentores” de recolha selectiva em “algumas habitações públicas novas”. Hoje Macau PolíticaAL | Raimundo do Rosário disse não saber como implementar sistema de reciclagem O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu, em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), que o plano de reciclagem para o território falhou e que não sabe como melhorar as campanhas de sensibilização. “Tem havido um fracasso em Macau, é um plano fracassado. Em frente da minha casa tenho um recipiente de aço para recolha de plástico, papel e metais. Nunca me cruzei com alguém a fazer o mesmo, já fui lá várias vezes”, disse Raimundo do Rosário, durante um debate dedicado a responder às perguntas dos deputados. “Temos feito acções de sensibilização, destinadas a crianças e adultos. Entendo que se trata de uma obrigação do cidadão. Ensinar que se deve deitar o papel [no papelão], não sei como deve ser feito isto. Tenho andando atrás da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental [em relação a este assunto], mas como é que podemos incutir essa ideia às pessoas?”, indagou. Raimundo do Rosário admitiu também não saber “o que acontece” aos resíduos após a sua colocação nos pontos de recolha. “Quando coloco um resíduo num local não sei o que lhe acontece. Será que todos os resíduos vão ser misturados? Isso não sei. Vou informar-me”, afirmou. O Secretário respondeu assim à questão da deputada Chan Hong, que indicou que a “taxa de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” e “está aquém do objectivo definido”. Chan Hong perguntou ao Secretário pelos resultados de um estudo que o Governo encomendou sobre o sector de recolha de resíduos, mas Raimundo do Rosário indicou apenas que “os resultados estão a ser analisados”. Quanto à criação de uma lei sobre a recolha e separação do lixo, uma questão levantada pela mesma deputada, o Secretário considerou não ser necessária. “Ou a pessoa tem intenção de fazer isto ou não tem. Acho que mais vale reforçar a sensibilização. Agora, produzir uma lei para obrigar as pessoas a separar o lixo? Não temos intenção, temos mais leis para produzir”, concluiu. 12»
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA economia e psicologia da reciclagem “What a piece of work is a man! how noble in reason! how infinite in faculty! in form and moving how express and admirable! in action how like an angel! in apprehension how like a god! The beauty of the world, the paragon of animals”. Act II, scene 2, of Hamlet [dropcap]T[/dropcap]odos nós sabemos que devemos reciclar, mas mesmo os recicladores comprometidos podem ser erráticos, limpar e separar garrafas em um dia e colocar no lixo no dia seguinte. Porquê? Acontece que uma série de factores influencia as nossas decisões sobre o que colocar ou não na lixeira verde. É de considerar que dois desses factores surgiram em pesquisas recentemente realizadas sobre os hábitos de descarte. Foi descoberto primeiro, que as pessoas têm mais probabilidade de reciclar itens que não foram distorcidos, como latas de refrigerante e papel que não foi rasgado em pedaços e que se denomina por ” factor de distorção”. Os resultados de vários estudos demonstram que a decisão do consumidor de reciclar um produto ou colocá-lo no lixo pode ser determinada pela medida em que o produto foi distorcido durante o processo de consumo. Especificamente, se o processo de consumo distorce um produto suficientemente da sua forma original ou seja, mudanças no tamanho ou na forma, os consumidores percebem como menos útil e, por sua vez, são mais propensos a colocá-los no lixo, ao invés de os reciclar. Tais descobertas apontam para resultados importantes do processo de consumo que foram amplamente ignorados, e fornecem percepções iniciais sobre os processos psicológicos que influenciam o comportamento da reciclagem. A segunda descoberta refere-se ao facto de que são mais propensos a reciclar itens ligados a um elemento da sua identidade, como por exemplo, um copo da McDonald’s ou da Starbucks, que contém o nome da marca e que é denominado por “factor de identidade”. É sabido que as identidades dos consumidores influenciam as decisões de compra e as pessoas criam fortes conexões de identidade, ou ligações com produtos e marcas. Os estudos sobre a matéria, ainda necessitam de determinar se os produtos ligados à identidade são tratados de forma diferencial à disposição em comparação com os produtos que não estão ligados à identidade. Os actuais estudos realizados, mostram que quando um produto consumido diariamente como por exemplo, papel, copos e latas de alumínio estão ligados à identidade do consumidor, é menos provável que seja descartado e tenha maior probabilidade de ser reciclado. Além disso, a tendência de reciclar um produto vinculado à identidade aumenta com a força e a positividade da conexão entre o consumidor e o produto ou marca. O comportamento de descarte pode ser explicado pela motivação dos consumidores para evitar a destruição de um produto que esteja ligado a si, porque é visto como uma ameaça à identidade Os consumidores estarão mais propensos a reciclar, em vez de colocar no lixo um produto se estiver vinculado à identidade de um consumidor, e ocorre porque colocar um produto vinculado à sua identidade no lixo é simbolicamente semelhante a destruir uma parte do “eu”, uma situação que os consumidores estão motivados a evitar. O terceiro factor afecta não o que reciclamos, mas o quanto fazemos. As pessoas que sabem que vão reciclar depois de concluir uma tarefa que gera resíduos usam mais muito mais recursos do que teriam de outra forma. Alguns ambientalistas propõem um modelo utilitarista em que a reciclagem pode reduzir as emoções negativas dos consumidores de desperdiçar recursos ou seja, retirar mais recursos do que está a ser consumido e aumentar as emoções positivas dos consumidores, a partir da disposição dos recursos consumidos, fornecendo evidências para cada componente da função utilidade, usando uma série de problemas de escolha e formulando hipóteses baseadas em um modelo utilitário parcimonioso. As experiências com comportamento real de descarte apoiam as hipóteses do modelo. Os estudos sugerem que as emoções positivas associadas à reciclagem podem dominar as emoções negativas associadas ao desperdício e como resultado, os consumidores poderiam usar uma quantidade maior de recursos quando a reciclagem é uma opção e, de modo mais impressionante, esse montante poderia ir além do ponto em que a sua utilidade de consumo marginal se torna zero. Os proponentes ampliam o modelo teórico e introduzem a utilidade de aquisição e o efeito moderador do custo de reciclagem (financeiro, físico e mental) e de uma perspectiva política, esta proposta defende uma melhor compreensão do comportamento de disposição dos consumidores para aumentar a eficácia das políticas e campanhas ambientais. É de notar que o “factor de distorção” é importante quando se examina por exemplo, o conteúdo da colecta selectiva no ecoponto nos contentores de metal e de papel e do espaço dedicado ao lixo para não reciclagem. Os pedaços de papel intactos, em geral, foram reciclados e os fragmentos de papel foram destruídos e quanto às latas de alumínio, as intactas foram recicladas e as amassadas ou esmagadas foram descartadas. O que explica este factor? Quando um item é suficientemente distorcido ou alterado em tamanho ou forma, as pessoas percepcionam como inútil e como algo sem futuro e colocam no lixo. Tal facto explica parcialmente porque tanto material reciclável termina no aterro. Ainda que, as pessoas estejam sensibilizadas para reciclar muitos itens comuns, apenas 65 por cento do papel e 55 por cento do alumínio são reciclados. Ao conscientizar as pessoas desse factor poder-se-ia potencialmente mudar o comportamento do descarte. As empresas direccionadas para a sustentabilidade poderiam melhorar as taxas de reciclagem por meio de inovações em embalagens que, por exemplo, aumentam a facilidade de abertura e diminuem a distorção, o que poderia melhorar a probabilidade de as embalagens serem recicladas e até mesmo reutilizadas. A exploração ao factor de identidade, foi revelado em um recente estudo da Universidade de Yale, em que foi efectuada uma visita a um café onde o empregado escreveu incorrectamente o nome do cliente na chávena descartável, e escrever os nomes dos clientes nas chávenas tornou-se um padrão em muitos cafés, ligando o produto a alguma parte da identidade do cliente. Foi pedido a um grupo de voluntários para provar e avaliar o café. Os participantes foram questionados sobre os seus nomes, e os que foram soletrados correctamente ou intencionalmente grafados erroneamente nas suas chávenas. Aqueles cujos nomes foram escritos correctamente eram significativamente mais propensos a reciclar a sua chávena do que aqueles cujos nomes foram escritos incorrectamente. Foram realizados diversos outros estudos com diferentes produtos e formas de vincular o produto às identidades dos consumidores, como usar bandeiras americanas ou logótipos de universidades, que ligam as pessoas a importantes identidades de grupo. Foi descoberto consistentemente que as pessoas são mais propensas a reciclar do que a descartar produtos ligados à identidade, e que a destruição desses produtos pode reduzir a auto-estima e como seria de esperar, é uma pena jogar um pedaço de si no lixo, para que as pessoas o evitem fazer. Ao criar uma ligação de identidade ou tornar uma conexão existente mais forte, pode-se transformar os consumidores menos propensos a colocar itens no lixo reciclável. Muitas empresas já vinculam produtos às nossas identidades, mas podem não estar cientes das consequências do descarte. A Coca-Cola, por exemplo na sua campanha “Compartilhe uma Coca-Cola” teve um estrondoso sucesso, pois os consumidores encontram os seus nomes nas garrafas, tendo aumentado as taxas de reciclagem para aqueles que bebem uma garrafa com o seu nome. A campanha da Coca-Cola retornou aos Estados Unidos em Maio de 2014 e os fãs americanos sedentos têm clamado por encontrar os seus nomes em garrafas de Coca-Cola, Diet Coke ou Coca-Cola Zero. A Coca-Cola passou a personalizar as garrafas com o primeiro e último nome e mais de mil nomes e sobrenomes estão disponíveis, com quase duzentos sobrenomes incluídos. Às vezes, a opção de reciclar pode influenciar a quantidade de um item que é usado. Por exemplo, no estudo foram examinados o quanto as pessoas consomem quando têm a opção de reciclar versus colocar no lixo. Os sujeitos da pesquisa foram instruídos a usar a quantidade do produto que queriam. Em um estudo, umas pessoas embrulharam presentes; em outro, usavam papel para resolver problemas matemáticos. Em cada experiência, metade dos participantes poderia reciclar o que usavam; a outra metade só podia descartá-lo. Foi constatado que as pessoas usavam muito mais recursos como papel de embrulho, papel, copos e embalagens plásticos quando sabiam que iriam reciclar. Como é possível explicar tais situações? As descobertas sugerem que as emoções positivas associadas à reciclagem podem dominar as emoções negativas, como a culpa, associada ao desperdício e como resultado, os consumidores sentem-se à vontade para usar uma quantidade maior de recursos quando a reciclagem é uma opção. A conservação de recursos em um domínio pode levar a desperdiçar recursos em outro, que tem a ver com o bom comportamento anterior e cujo fenómeno é conhecido nas ciências sociais como licenciamento moral. A grande questão é reciclar ou colocar no lixo? O sucesso da reciclagem depende da resposta que milhares de milhões de pessoas dão a essa pergunta diariamente. É de realçar que aprendemos com os economistas comportamentais nos últimos anos, que muitas das nossas decisões são, nas palavras de Dan Ariely no seu livro “Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions“ previsivelmente irracionais. Assim, é com essa decisão. Mas ao trazer os nossos factores à disposição, podemos alterar o comportamento individual, estimular a criação de embalagens que incentivem a reciclagem e aumentar a eficácia das políticas e campanhas ambientais. A previsível irracionalidade de que fala Dan Ariely é de que a nossa irracionalidade acontece da mesma forma e sempre. Na economia convencional, a suposição que todos somos racionais implica que, na vida quotidiana, computemos o valor de todas as opções que enfrentamos e depois seguimos o melhor caminho possível de acção, e se cometermos um erro e fizermos algo irracional? Aqui também a economia moderna tem uma resposta pois as forças do mercado vão cair sobre nós e rapidamente colocar-nos de volta ao caminho da justiça e racionalidade. É com base nessas suposições, de facto, que gerações de economistas desde Adam Smith foram capazes de pensar conclusões sobre tudo, desde a tributação e políticas de saúde até aos preços de bens e serviços. Mas, somos muito menos racionais do que a teoria económica padrão assume. Os nossos comportamentos irracionais não são aleatórios nem sem sentido, são sistemáticos, e desde que os repetimos sempre, de forma previsível, então não faria sentido modificar a economia padrão, para afastá-la da “ingénua” psicologia que muitas vezes falha os testes da razão e da introspecção, e que talvez seja mais importante o escrutínio empírico.
Andreia Sofia Silva SociedadeAmbiente | Residente promove acção de reciclagem este sábado [dropcap]A[/dropcap]ngus Lam, residente de Macau, decidiu promover este sábado, na Taipa, uma acção de reciclagem de resíduos à semelhança da iniciativa “Waste-no-mall”, que acontece em Hong Kong. Ao HM, Angus Lam assegurou que não recebeu quaisquer subsídios governamentais ou apoio de associações, e que está a promover a iniciativa apenas nas redes sociais. “Todos nós temos a responsabilidade de proteger o planeta. Mas além da questão da reciclagem, também quero promover uma mensagem junto do público, de que todos podem conseguir aquilo em que acreditam”, contou ao HM. O ponto de recolha estará localizado na Rua de Coimbra, junto ao Jardim Cidade das Flores, e podem ser entregues resíduos como garrafas de água e outros recipientes de plástico e papel. A iniciativa “Waste-no-mall” começou em Hong Kong, promovida por um grupo de cidadãos preocupados com as questões ambientais, e realiza-se todos os fins-de-semana. A campanha visa promover uma reciclagem adequada e a recolha de resíduos domésticos ou outros artigos que podem ser doados. O primeiro ponto de recolha foi criado em Yuen Long, em 2016, mas, actualmente, o “Waste-no-mall” acontece em diferentes localizações nas zonas de Central e Kowloon, sem esquecer as ilhas e os Novos Territórios. Todo o trabalho de recolha e tratamento dos resíduos é feito por voluntários.
João Luz VozesMulher de papelão [dropcap]O[/dropcap]mbros arqueados num ângulo semelhante à geometria das pernas, que em tudo se assemelha à forma do carrinho que empurro pelas ruelas da cidade. O meu corpo transforma-se, adapta-se a esta tarefa que podia ser um dos doze trabalhos de Héracles. A minha fisionomia perde, diariamente, a forma e a suavidade angular a favor das arestas rectas, a minha aparência copia o desenho funcional do carrinho que empurro. Como se os meus ombros, cotovelos e costas tivessem sido soldados pela biologia de bate-chapas, como se os meus ossos fossem feitos de metal e os ligamentos, nervos e músculos fossem parafusos e juntas. Dobro-me como ferro moldado pela fornalha do tempo e dos árduos labores, o meu corpo sem o carrinho não faz sentido, fica perdido, sem função, sem matéria para impelir, sem forma. O meu esqueleto precisa de empurrar algo, é um suporte, a minha natureza é impulsionadora. Sem esse amparo mal me aguento nas pernas arqueadas em angulosa rectidão. Apanho papelão, cartão, todo o sortido de embalagens que o mundo produz em excesso e que são o refugo do consumo, tudo o que resta a todos é o meu sustento. Sou o reflexo humano das sobras de papelão que resultam do fim do comércio, o resultado do desfecho do ciclo do transporte de mercadorias que sobeja nas traseiras das grandes superfícies. Sou o desperdício que vive do desperdício. Também em tempos idos tive outros desígnios que não este. Fui mãe, filha, mulher, tia e sobrinha, fui amante, desejei e fui desejada, até resvalar para o esquecimento numa cidade demasiado egocêntrica para atentar nos que caem sem suporte. Ainda assim, não me rendo às adversidades. Pago com o corpo todas as patacas que consigo amealhar para a minha subsistência. Estou no degrau mais baixo da escala social, mas não me poupo a esforços neste duro quotidiano de catar papel. Limpo a carne que resta das ossadas que são deitadas fora após o grande banquete do retalho. Sou força motriz, aniquiladora da inércia, a resposta vigorosa perante montanhas de adversidades, sou o dínamo, a potência, a veemência, a determinação que recusa baixar os braços. Olhos postos no horizonte, apesar de cabisbaixa, galgo metros entre o trânsito e o congestionamento dos passeios. Sou a Rainha da termodinâmica, o motor do verdadeiro empreendedorismo que está a milhas de distância daquele que se multiplica nas páginas dos jornais, onde filhos de bilionários mostram onde gastam o outro papel que as gerações anteriores juntaram, muitas vezes às custas dos meus antepassados. Sou a negação da inércia, velocidade e massa em movimento. O equivalente humano a uma lei de Newton a empurrar matéria-prima para reciclagem San Ma Lo acima. Enquanto toda a gente corre, contrai empréstimos, marca férias, é promovido, despedido, protesta contra o aumento da mensalidade do condomínio, eu respiro expiração dos escapes na esperança de ter o suficiente para um prato de arroz. A minha presença é volumosa, atabalhoada, um problema para a natural fluidez dos leitos de gentes e carros. Ainda assim, sou invisível. A minha condição oculta-me, torno-me impalpável, incorpórea, uma montanha de cartão empurrada por um fantasma. Todos me contornam como se não existisse. Mas eu continuo aqui, a empurrar o mundo todos os dias.
Victor Ng SociedadeReciclagem | Associações lançam programa de redução de garrafas de plástico A Sinergia Macau, em parceria com a Green Future e o grupo Macau Less Plastic Lifestyle, criou um mapa que explica onde as pessoas podem consumir água, com o objectivo de reduzir o uso de garrafas de plástico. O mapa passa a estar disponível nas redes sociais e em aplicações de telemóvel [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês associações juntaram-se para compilar informações relativamente aos sítios onde se pode recolher água para consumo no território, com o objectivo de reduzir o uso de garrafas de plástico. Trata-se da Green Future, liderada pelo activista ambiental Joe Chan, a Sinergia Macau, de Lam U Tou [ex-candidato às eleições legislativas] e o grupo Macau Less Plastic Lifestyle, criado no Facebook. O mapa dos locais onde a água pode ser consumida estará disponível nas redes sociais, incluindo o Google Maps, e ainda numa aplicação de telemóvel criada em Hong Kong. Joe Chan, ligado à Green Future, adiantou ontem em conferência de imprensa que, segundo os dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), o número de garrafas de plástico deitadas ao lixo no território atinge as 17 toneladas. Para o activista, a situação é “chocante”. O ambientalista lembrou que a taxa de reciclagem dessas garrafas é muito baixa, uma vez que se trata de uma actividade que não traz grandes lucros e são os próprios funcionários que, muitas vezes, se recusam a entregar o material. Rix Un, presidente da Green Future, explicou que esta actividade de recolha de água em garrafas de plástico usadas já teve início em Hong Kong. Com base nas respostas do Instituto Cultural e da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), bem como no apoio dado por voluntários, apurou-se que existem em Macau 104 sítios para recolha de água e que passam a estar sinalizados no novo mapa. Na perspectiva de Rix Un, o número dos sítios disponíveis é satisfatório, mas no futuro vai continuar a impulsionar a instalação de mais bebedouros para facilitar o consumo de água a residentes e turistas. Situação “preocupante” Sonic Pun, representante do grupo Macau Less Plastic Lifestyle Group, explicou ontem que, além das plataformas onde este mapa já está disponível, está a ser pensada a possibilidade de ser utilizado na aplicação Wechat. Lam U Tou também considerou “preocupante” a situação do excesso do uso de garrafas de plástico em Macau. Além disso, o candidato às legislativas nas eleições de 2017, com uma antiga ligação à Federação das Associações dos Operários de Macau, espera que a DSPA elabore mais instruções para melhorar a qualidade da água e garantir a devida regulamentação. Quanto a este ponto, Lam U Tou prometeu reunir com o director da DSPA, Raymond Tam.
Sofia Margarida Mota SociedadeReciclagem do lixo | Proposta vai ser legislada no primeiro semestre de 2018 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] regime de gestão de resíduos de materiais de construção vai ser legislado no primeiro semestre do próximo ano. De acordo com Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), a proposta já foi melhorada após consulta pública e, desta feita, vai substituir a fracturação em papel relativa ao tratamento e transporte de resíduos por uma modalidade de cobrança electrónica. De modo a proceder a esta medida a DSPA reuniu já com os sectores envolvidos e pretende com a iniciativa diminuir na fonte resíduos de materiais de construção com a colaboração da sociedade e dos sectores envolvidos”, lê-se em comunicado oficial. Visão de futuro Na reunião com os sectores que irão participar na iniciativa, foram ainda definidos os planos de tratamento de resíduos a curto médio e longo prazo. O início das obras de melhoramento das características geológicas dos aterros é a prioridade. De acordo com a DSPA, o objectivo é “consolidar as lamas da camada inferior da zona de aterro, com métodos de execução das obras de construção civil, para as estabilizar e criar mais espaço”, refere o mesmo comunicado. Está também projectado o destino dos materiais inertes resultantes de demolições e construções. “Depois de serem selecionados e servirem de material de enchimento podem ser aplicados no aterro da zona E1 dos Novos Aterros Urbanos”, explica o Governo. A intenção, afirma a DSPA, é atenuar a pressão no aterro actualmente existente. Já a médio prazo, “planeia-se que se apliquem os materiais inertes de demolição, construção e lamas que satisfaçam a respectiva qualidade, servindo como alguns dos materiais de enchimento do aterro na zona D dos Novos Aterros Urbanos”. O tratamento dos materiais inertes resultantes de demolição e construção mediante cooperação inter-regional é o plano traçado para ser concretizado a longo prazo.
Sofia Margarida Mota SociedadeReciclagem | Sustentabilidade passa por cooperação regional [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está no caminho da sustentabilidade, mas as dificuldades, associadas com as características próprias do território, ainda são muitas. Por limitações ligadas à falta de espaço, a solução para problemas como a reciclagem passa pela cooperação regional. A ideia foi deixada pelo presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, à margem do Fórum Económico “Cidades Sustentáveis”, uma iniciativa integrada na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa). “Não temos espaço no território para tratar os lixos e o aterro está praticamente cheio” afirmou José Tavares. Para o responsável, Macau pode até “fazer uma primeira triagem antes de enviar o lixo para os sítios específicos e estes serem depois reutilizados”, apontou o responsável. No entanto, “a questão é que não temos capacidade nem espaço aqui e o projecto tem de ser regional. Sou apoiante disso”, sublinhou o presidente do IACM. José Tavares garantiu ainda que o novo mercado de Saec Pai Van vai ter as portas abertas no próximo ano apesar dos atrasos causados pelos estragos com a passagem do tufão Hato pelo território.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeQuatro milhões para recolha de lixo electrónico O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação foi lançado ontem. A DSPA vai recolher e separar o lixo electrónico. O aproveitável será reutilizado por instituições sociais, enquanto o restante seguirá para o Japão e para o continente. A medida tem um orçamento previsto de quatro milhões de patacas. [dropcap style≠'circle']F[/dropcap]oi lançado ontem o projecto-piloto que pretende proceder à colecta de lixo electrónico no território. O plano de reciclagem de equipamentos de informática e comunicação tem um custo previsto de cerca de quatro milhões de patacas e pretende recolher telemóveis, televisões, computadores, impressoras e cartuchos de tinta. Os electrodomésticos ficam, para já de fora da iniciativa, sendo que poderão, daqui a um ano, fazer parte do programa. Os materiais recolhidos podem vir a ser reutilizados através da sua doação a entidades de cariz social ou, quando inaproveitáveis, são desmantelados. “As componentes electrónicas seguem para o Japão, enquanto as plásticas vão para o continente de forma a terem o devido tratamento”, esclareceu o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais, Chan Kwok Ho. Adjudicação por consulta A recolha de resíduos fica a cargo da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) mas o seu tratamento foi adjudicado por consulta à Chong Heng Technology. “Escolhemos, sem recorrer a concurso público, uma empresa de Hong Kong que já tem muita experiência no tratamento deste tipo de resíduos e contamos com essa experiencia para o plano de Macau”, justificou Chan Kwok Ho. No entanto o responsável não exclui a hipótese de vir a ser considerada a abertura de um concurso público daqui a um ano, findo o projecto piloto. A DSPA vai disponibilizar quatro postos fixos para a recolha de resíduos: dois em Macau, um na Taipa e um em Seac Pai Van. No entanto, “e de modo a facilitar a vida dos residentes”, o Governo irá ainda ter uma carrinha todas as quintas-feiras e sábados de tarde, a parar em 16 pontos de Macau. “Funciona como uma recolha ao domicilio”, afirmou o responsável. Privados de fora O plano, durante este primeiro ano em que vai estar activo, vai ser dirigido apenas a empresas públicas, cidadãos e escolas. A razão, apontou Chan Kwok Ho, tem que ver com o fato de as empresas privadas terem a seu cargo “uma responsabilidade social na matéria”. Por outro lado, esta é uma forma de garantir que este serviço seja dado a empresas ligadas ao ambiente. “Pretendemos dar mais espaço para que o sector privado dê negócio às empresas de recolha de resíduos e de reciclagem do território, afirmou o chefe do centro de gestão de infra-estruturas ambientais O objectivo de toda a acção é ainda “aumentar a consciência ambiental dos cidadãos em relação à redução, reutilização e recolha de resíduos recicláveis, adquirindo experiência para uma futura operação de reciclagem em grande escala”, sublinhou Chan Kwok Ho. A medida é tomada em conformidade com a política de gestão que pretende proceder à redução e separação de resíduos a partir da fonte. Os resíduos electrónicos somam aproximadamente 7000 toneladas anuais no território. O plano vem ainda no seguimento da recolha de pilhas que teve início no ano passado e que já arrecadou mais de cinco toneladas destes objectos.
Hoje Macau SociedadeAmbiente | “Lai-si” recolhidos poupam 61 árvores [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) recolheu mais de um milhão e meio de envelopes de “lai si” durante uma campanha de incentivo à reciclagem deste tipo de material, muito utilizado por altura do ano novo chinês. O programa terminou no passado sábado, com a DSPA a dar conta agora dos resultados e a elogiar a adesão da população à iniciativa. Ao todo, foram recolhidos quase 4500 quilogramas de envelopes vermelhos. Depois de terem sido seleccionados, foram contados cerca de 610 mil – ou 1800 quilogramas – que podem ser reciclados. Para a direcção de serviços, “o programa alcançou a eficácia pretendida”. O programa foi lançado a 2 de Fevereiro. Foram disponibilizados mais de 200 postos de recolha em diversas zonas de Macau, sendo que a DSPA contou com o apoio de diversos serviços públicos, associações, escolas, bancos, supermercados, empresas de jogo e hotéis. Pretendeu-se assim “facilitar aos cidadãos a prática dos actos ambientais através de uma rede comunitária”. Os envelopes recolhidos tinham de estar intactos, para poderem ser reutilizados. “Ofereceu-se, assim, o apoio aos trabalhos de carácter ambiental através de acções pessoais e reduziu-se o desperdício de materiais”, sublinha a DSPA no balanço da iniciativa. Segundo as estimativas da direcção de serviços, os “lai si” aproveitados na campanha evitam o abate de 61 árvores. “Alguns envelopes serão utilizados como materiais amigos de ambiente em actividades e workshops, e os envelopes de melhor qualidade serão distribuídos ao público através da colaboração” com várias associações para que possam ser de novo usados. A DSPA promete continuar com campanhas relacionadas com a reciclagem e redução de resíduos.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno sem terrenos para reciclagem, crematório e combustíveis [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Executivo confirmou ontem que continua sem terrenos disponíveis para a instalação de uma central de reciclagem, um crematório e um armazém de combustíveis. “Quanto aos crematórios, os serviços competentes estão a tentar encontrar terrenos mas não é fácil. Estamos à procura de terrenos nas zonas de Coloane e Taipa, mas temos de ponderar se isso vai criar impacto junto da população e dos turistas”, explicou Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Em relação à central de reciclagem “não está a ser ponderada” a sua construção nos novos aterros, adiantou Li Canfeng. Quanto ao armazém de combustíveis “também não é adequado incluir este armazém na zona A [dos novos aterros]”, embora haja uma possibilidade. “Estamos a ponderar escolher a ilha artificial [criada no âmbito da nova ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai]. Em termos funcionais deve ser um local mais apropriado e estamos a trabalhar nesse sentido”, referiu o director. Os deputados criticaram o facto de não existir, a curto prazo, qualquer plano concreto para estas áreas. De frisar que, neste momento, não há serviços de cremação no território, sendo que a única possibilidade é uma deslocação a Zhuhai. “Quanto ao armazém de combustíveis, é uma bomba-relógio para a população da zona norte”, referiu o deputado Ho Ion Sang. “Até agora existe na zona um armazém provisório. Aquela é uma zona envelhecida e com muitas limitações em termos de renovação”, alertou. Raimundo do Rosário admitiu dificuldades e disse que as associações ligadas ao sector dos combustíveis não querem mudar-se para a zona do Pac On. “Pouco depois da minha tomada de posse mantive contacto com as associações sobre o assunto e disse que em Macau é difícil encontrar um local para esse armazém. Na ilha artificial demora tempo a definição do plano. Nos próximos um ou dois anos vai ser essa a situação. Se as associações não querem mudar-se para o Pac On, não posso fazer nada. Não vamos estar aqui a dar voltas sobre o assunto, é esta a situação. Não há muitos lugares para esse armazém e acho que o Pac On é o sítio ideal para isso.” Quanto ao desenvolvimento da zona A dos novos aterros, o Secretário admitiu que “foram ultrapassados todos os prazos definidos”. “Achava que tudo estaria pronto no final do ano passado, mas essa zona está atrasada e não posso avançar com datas para outras zonas”, concluiu.
Angela Ka SociedadeAmbiente | Representantes da reciclagem deixam mais recados ao Governo <h5>As empresas de reciclagem do território já viram melhores dias. Greves e encontros com o Governo são tentativas de manter vivo o negócio, mas os resultados não se manifestam. Entre falências e esperanças, ficam os recados</h5< [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]anifestações, greves e encontros com o Executivo são algumas das medidas que os empresários ligados à reciclagem têm levado a cabo de modo a prosseguir actividade. No entanto, a falta de apoio continua mas não impede alguns de prosseguir para novos focos de mercado. Ao HM, Chan Man Nin, presidente da Associação Comercial de Materiais Recicláveis voltou a queixar-se com as dificuldades sofridas pelo sector na manutenção do negócio. Um dos problemas fundamentais é mesmo a falta de espaço para armazenar os produtos reciclados. Chan Man Nin conta ainda que este mês, algumas empresas, incluindo a sua, receberam um aviso da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental acerca da invalidade dos pedidos ao plano de apoio financeiro à aquisição de produtos e equipamentos para a protecção ambiental e conservação energética. O aviso não causou surpresa visto que no ano passado, aquando do encontro com a direcção da DSPA, tinha já sido informado acerca da rejeição dos pedidos. A justificação que lhe foi apresentada foi de que “não existia esse tipo de financiamento”. O aviso recentemente recebido refere que “faltam alguns dados e não cumpre o prazo de entrega, pelo que é considerado inválido”, diz Chan Man Nin visivelmente desanimado. “O Governo continua a ignorar as nossas dificuldades e nem perguntou nada, nem nos ouviu. Deixou apenas que as empresas surgissem e que agora estejam a desaparecer” desabafa. <h4>Mais que dinheiro, trabalho</h4> Por outro lado, Au Weng Heong, responsável da Tai On Environmentalist Recycling & Regeneration Factory Limited, referiu ao HM que a sua empresa não encontrou nenhum problema nem dificuldade quanto ao funcionamento dos seus negócios. Apesar de ver o seu pedido de financiamento reprovado devido à ausência de facturas, considera que é mais importante o papel do Governo em dar o exemplo no que respeita à reciclagem. “Se o próprio Executivo agir de acordo com a protecção do ambiente e reciclar os seus materiais, nós temos mais negócios” explica o empresário. Au Weng Heong adianta ainda que cabe também ao Executivo exigir às empresas a prática da reciclagem porque o fundamental são “as imposições que devem ser feitas pelo próprio exemplo de quem manda”. Cabe depois às empresas trabalhar com dedicação e profissionalismo. Como exemplo, tem a sua empresa que já conseguiu parcerias com alguns hotéis que querem participar deste tipo de acções, porque também “há ainda muitas empresas que não têm qualquer projecto de reciclagem,” referiu. Au Weng Heong também considera a falta de terrenos como uma das dificuldades que enfrenta, no entanto não antevê solução.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau só tem dois postos de recolha de pilhas para reciclagem A DSPA colocou mais um contentor para recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau e está localizado no edifício deste organismo. A medida surge depois de um deputado ter questionado sobre as medidas ambientais levadas a cabo por este Governo. A questão agora é perceber que tipo de reciclagem é feita na RAEM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) informou que já colocou mais um contentor de recolha de pilhas à disposição dos residentes de Macau, localizado nas suas instalações. Esta resposta vem na sequência da interpelação feita, no início deste mês, pelo deputado Au Kam San que quis saber qual o resultado das políticas ambientais do Governo. Na altura, Au especificou a situação da reciclagem das pilhas por ter chegado ao seu conhecimento o caso de um cidadão que, tendo dificuldades em encontrar um local para depositar pilhas usadas, contactou a DSPA. Terá sido então informado que devia dirigir-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau (ETRPM), que está localizada na Avenida Son On, Pac-On, na ilha da Taipa, mas não sem antes ter sido informado que devia fazer uma marcação prévia. Por considerar que esta resposta não é adequada às necessidades reais do momento, Au Kam San decidiu pôr o dedo na ferida e questionou o executivo sobre esta matéria, avançando ainda que, até aquele momento, a DSPA não disponha de nenhum meio para reciclar pilhas. A resposta da DSPA não se fez por esperar. Foi criado mais um posto de reciclagem onde as pilhas podem ser colocadas diariamente entre as 9h e as 5h45 horas e onde não é necessário fazer marcação prévia. Este posto de recolha aceita todas as pilhas excepto as baterias de automóveis. Pilhas tóxicas As pilhas apresentam na sua composição metais pesados considerados perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. Falamos de mercúrio, chumbo, cobre, zinco, cádmio, manganês, níquel e lítio. Esses metais podem chegar até aos seres humanos através da ingestão de água ou através de alimentos que estiveram em contacto com estes compostos. Como? Através da cadeia alimentar. Assim, se uma pilha for deitada no solo, ficará durante 50 anos a libertar todos os elementos tóxicos de que é feita. Durante esse tempo os materiais pesados entram no solo, contaminando este e os lençóis de água. Bastava isto para que o ser humano seja rapidamente afectado, mas não nos podemos esquecer que há ainda a contaminação feita através da cadeia alimentar. Assim, sempre que comer carne ou peixe de um animal que, por sua vez, já ingeriu alimento produzido em ambiente contaminado, acaba por estar a afectar duplamente o organismo. Já para não falar que alguns deles têm efeitos cumulativos, isto é, vão-se acumulando, potenciando exponencialmente os efeitos nocivos. Todos estes elementos químicos provocam reacções no corpo. A saber: o mercúrio debilita o cérebro causando perda de memória; o cádmio causa problemas renais que podem ir até à insuficiência renal crónica, tem a duração de 10 a 30 anos no meio ambiente e o organismo demora bastante até eliminá-lo. Se for inalado causa ainda inflamações nos pulmões. O lítio afecta sobretudo o coração. O cádmio provoca ainda danos no aparelho digestivo e o chumbo “ataca” as articulações podendo provocar a paralisia dos membros. Existem vários tipos de pilhas, umas mais poluentes que outras, mas todas elas comportam riscos graves para a saúde. Para preservar o meio ambiente é importante que todos tenham presente que são pequenos gestos que contribuem para grandes feitos. “Não é bem reciclagem” Na opinião de Joe Chan, da União Macau Green Student, “ter mais um local de recolha de pilhas é uma atitude positiva, até porque reciclar estes materiais nocivos para o ambiente, está unicamente nas mãos do Governo e cabe a ele dar o exemplo”. São atitudes como estas que contribuem para aumentar a consciência das pessoas quanto ao ambiente e à temática da reciclagem, afirmou. Quanto à questão de serem apenas dois os locais existentes para fazer este tipo de reciclagem, “não é fácil colocar depósitos em todos os departamentos do Governo e conseguir dar resposta à recolha e à sua destruição. Temos de dar tempo ao tempo, mas ainda assim acho que é uma atitude positiva. Digamos que foi ligado o botão de todo um grande processo”. Quanto à questão da reciclagem propriamente dita, Joe Chan diz que, de acordo com o que sabe, “não há uma reciclagem propriamente dita a acontecer. O que fazem é: queimam todas as pilhas na incineradora e as cinzas provenientes da queimada, que são altamente tóxicas e nocivas, são colocadas em camadas. Uma camada de cinza outra de cimento. No final, são enterradas. Não é a solução ideal, mas é melhor que deitar lítio, chumbo e mercúrio directamente para o solo”, explica. O HM contactou a DSPA para obter esclarecimentos quanto à forma como a reciclagem é feita, mas até ao momento do fecho da edição, não chegou nenhuma resposta.
Fa Seong A Canhota VozesPéssima experiência de reciclagem? Não, ainda pior [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é novidade que, em Macau, o tratamento do lixo não é bem feito e acho que já nenhum residente estranha a super baixa taxa de reciclagem de materiais essenciais, como o papel, o plástico, o vidro e o metal. É que, como quase todos consideram que não fazer reciclagem é algo muito comum aqui, o caminho acaba por ser esse: a população prefere não ser amiga do ambiente. Mas a péssima situação no território não se deve simplesmente à falta de consciência das pessoas. É um problema crítico que tem responsabilidades de vários lados. A Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só faz promoção: é do uso de transportes públicos e menos carros privados, de prémios de hotel verde, prendas por sorteio a quem não usar saco plástico quando fizer compras, é organizar visitas à zona ecológica em Cotai… Porque não colocar, simplesmente, mais caixotes para facilitar a vida aos cidadãos que queiram fazer reciclagem? Talvez porque os chamados “pontos de recolha pública de recursos residuais” sejam da responsabilidade do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), entidade que não tem competência para avançar com uma protecção ambiental mais séria. Essa missão deveria ser da DSPA. Uma pesquisa no site do IACM mostra que, de facto, existem mais de 200 pontos de reciclagem em toda a cidade. Como é que não é suficiente? Eu tento explicar, até porque isto que vou contar já me aconteceu: estive na futura biblioteca do Patane e queria encontrar um ponto de recolha de recursos residuais por perto. Só consegui depois de subir até à praça em frente ao Jardim de Camões, ou andando cerca de 600 metros até à Doca do Lam Mau ou Bacia Norte do Patane. Se os materiais que quisesse reciclar fossem muitos e pesados, não teria a mínima vontade de andar a pé até lá. A minha intenção de fazer reciclagem foi completamente destruída. Não percebo porque é que o Governo não pode pôr pontos de reciclagem em todos os pontos de recolha de lixo. Mas a péssima experiência de reciclagem em Macau não acaba aqui. Uma mulher de Taiwan que tinha o hábito de fazer reciclagem e que vive, agora, em Macau partilhou a sua experiência “incrível” na página do Facebook “Nickie in Macau”. Será que algum leitor sabe onde se pode fazer reciclagem de pilhas no território? Sim? Não? Esta taiwanesa também não e, por isso, questionou a DSPA. “Para a reciclagem de pilhas, deve deslocar-se à Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos, ao lado da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. É preciso reservar antes de se deslocar”, respondeu uma funcionária. O quê? A compra de pilhas é tão fácil mas os cidadãos precisam de ir ao Pac On fazer reciclagem? O Governo considera que um residente normal prefere ir até lá do que deitar pilhas num caixote de lixo que está ao lado de sua casa? Penso que isto é uma grande vergonha para Macau face ao que se passa no estrangeiro. Além disso, todos os anos, quando se aproxima o Ano Novo Chinês, o IACM apela aos cidadãos a não deitarem as mobílias de grande dimensão ao lado de pontos de recolha de lixo, mas sim a chamar um camião ou a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR) para transportar estes móveis à Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Sim faz todo o sentido, mas duvido se a maioria de residentes tem conhecimento disso e, mesmo que saiba, no ângulo de um cidadão comum, quem não quer mudar de coisas velhas para novas o mais rápido e barato possível? Quem é que prefere pagar para as coisas que já não precisa, em vez de as deitar fora, no lixo normal? O lixo aqui está sempre em fase de estudo. Depois de estudos sobre a cobrança de resíduos de construção e de sacos de plástico, agora o Governo continua a pagar milhões a outros para fazer estudos sobre a cobrança de lixos domésticos. Não posso dizer que fazer estudos não é útil, e inclusive a ideia de cobrança de lixos domésticos é prática e já foi apelo de grupos de protecção ambiental. Mas irrito-me com o baixo nível de Macau, com o dinheiro constantemente gasto e que não chega a nenhuma conclusão. É como o deputado Ng Kuok Cheong costuma dizer: “Um parvo com tanto dinheiro.”
Joana Freitas Manchete PolíticaReciclagem | Governo não vai legislar separação de resíduos Estão a aumentar os resíduos, mas nem por isso a sua separação. Ainda assim, o Executivo não quer legislar a matéria, apostando antes na formação [dropcap style]O[/dropcap]Executivo não vai, para já, legislar a separação de resíduos, ainda que se tenha notado um aumento destes nos últimos anos. Numa resposta ao deputado Zheng Anting, o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) explica que é na promoção que reside a táctica. “Ainda que o Governo não preveja regulamentar directamente a recolha selectiva de resíduos através de legislação, continuará a promover a recolha selectiva mediante a criação de políticas, além de educação, divulgação e melhoria de instalações”, indica José Tavares. “Apesar de não existir uma disposição legal que obrigue à recolha selectiva de resíduos, há muita vontade em continuar a proceder, de forma constante, aos trabalhos de educação.” O presidente admite que as infracções que aconteceram nos espaços públicos relativas ao abandono de lixo aumentaram: por exemplo, em 2011 foram cerca de dez mil autuações por causa deste problema, sendo que em “cada ano de 2014 e 2015 registaram-se mais de 19 mil autuações”. Cerca de 50% dos responsáveis são “cidadãos locais”, mas o instituto “vai intensificar a divulgação da educação” e “pedir à Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), empresa responsável pela recolha do lixo, que “reforce a limpeza das ruas”. O IACM não se estende nas palavras, mas fala numa eventual revisão do Regulamento Geral dos Espaços Públicos. “O IACM tem atendido às opiniões apresentadas por cidadãos, inclusive sobre a adequação, a nível da aplicação, das multas correspondentes a condutas diferentes. Numa revisão posterior dessa disposição legal, vamos ter em consideração a situação actual do desenvolvimento da sociedade.” Cada vez mais Sobre a reciclagem dos resíduos, José Tavares diz que houve um aumento de resíduos que podem servir para reciclar, mas admite que “a taxa de recolha não cresceu da [mesma] forma”. A CSR tem o contrato de recolha de lixo por mais dez anos e uma das obrigações da empresa é recolher os resíduos separadamente, algo que garante fazer tendo “quatro veículos” para tal. O IACM garante que tem colocado mais caixotes de reciclagem em espaços públicos – havendo, neste momento, 60 pontos de reciclagem de vidro e 321 dos outros materiais. Os resíduos têm “um tratamento prévio em Macau”, mas depois são enviados para a região vizinha porque não há reciclagem no território. Escolas e instalações públicas são abrangidas pelo programa de separação de lixo e o IACM garante estar “nesta fase a colaborar com o Instituto de Habitação na instalação de 1018 contentores” de recolha selectiva em “algumas habitações públicas novas”.
Hoje Macau PolíticaAL | Raimundo do Rosário disse não saber como implementar sistema de reciclagem O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu, em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), que o plano de reciclagem para o território falhou e que não sabe como melhorar as campanhas de sensibilização. “Tem havido um fracasso em Macau, é um plano fracassado. Em frente da minha casa tenho um recipiente de aço para recolha de plástico, papel e metais. Nunca me cruzei com alguém a fazer o mesmo, já fui lá várias vezes”, disse Raimundo do Rosário, durante um debate dedicado a responder às perguntas dos deputados. “Temos feito acções de sensibilização, destinadas a crianças e adultos. Entendo que se trata de uma obrigação do cidadão. Ensinar que se deve deitar o papel [no papelão], não sei como deve ser feito isto. Tenho andando atrás da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental [em relação a este assunto], mas como é que podemos incutir essa ideia às pessoas?”, indagou. Raimundo do Rosário admitiu também não saber “o que acontece” aos resíduos após a sua colocação nos pontos de recolha. “Quando coloco um resíduo num local não sei o que lhe acontece. Será que todos os resíduos vão ser misturados? Isso não sei. Vou informar-me”, afirmou. O Secretário respondeu assim à questão da deputada Chan Hong, que indicou que a “taxa de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” e “está aquém do objectivo definido”. Chan Hong perguntou ao Secretário pelos resultados de um estudo que o Governo encomendou sobre o sector de recolha de resíduos, mas Raimundo do Rosário indicou apenas que “os resultados estão a ser analisados”. Quanto à criação de uma lei sobre a recolha e separação do lixo, uma questão levantada pela mesma deputada, o Secretário considerou não ser necessária. “Ou a pessoa tem intenção de fazer isto ou não tem. Acho que mais vale reforçar a sensibilização. Agora, produzir uma lei para obrigar as pessoas a separar o lixo? Não temos intenção, temos mais leis para produzir”, concluiu.