Mar do Sul da China | Pequim realizou “patrulhas de combate”

Pequim realizou “patrulhas de combate” no disputado mar do Sul da China, onde Filipinas, Estados Unidos, Japão e Austrália também efectuaram manobras conjuntas.

“Em 7 de Abril, o Comando do Teatro Sul do Exército de Libertação do Povo Chinês está a organizar patrulhas conjuntas de combate naval e aéreo no mar do Sul da China”, disse o exército chinês, num comunicado. “Todas as actividades militares que perturbem a situação no mar do Sul da China e criem pontos críticos estão sob controlo”, acrescentou o exército, numa aparente alusão aos exercícios conjuntos dos quatro países. A China não divulgou quaisquer detalhes sobre a natureza e localização exacta das manobras.

No sábado, as Filipinas, os Estados Unidos, o Japão e a Austrália anunciaram, num comunicado conjunto, que iriam realizar ontem exercícios navais e aéreos na zona económica exclusiva das Filipinas. “Demonstrando o nosso compromisso colectivo de fortalecer a cooperação regional e internacional rumo a um Indo-Pacífico livre e aberto, as nossas forças de defesa e exércitos combinados realizarão uma actividade de cooperação marítima”, disseram os quatro países.

O comunicado recordou que o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia deu em 2016 razão a Manila sobre a soberania de várias ilhas e atóis nestas águas, uma decisão que as autoridades chinesas se recusaram a cumprir.

O ministro da Defesa do Japão defendeu que a questão do mar do Sul da China “está directamente relacionada com a paz e a estabilidade da região e é uma preocupação legítima da comunidade internacional”. “O Japão opõe-se a quaisquer mudanças unilaterais ao status quo pela força, quaisquer tentativas, bem como quaisquer acções que aumentem as tensões no mar do Sul da China”, acrescentou Minoru Kihara, citado no comunicado.

Antes da cimeira

O exercício decorre poucos dias antes de uma cimeira que irá reunir em Washington o Presidente dos EUA, Joe Biden, e os líderes das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr, e do Japão, Fumio Kishida. No início da semana, o navio de guerra australiano HMAS Warramunga chegou à província filipina de Palawan, perto da zona marítima disputada.

As tensões regionais intensificaram-se no ano passado, com a China a afirmar de forma mais assertiva a alegada soberania sobre áreas marítimas também reivindicadas pelas Filipinas, Japão e Taiwan. Em resposta, os Estados Unidos procuraram reforçar as suas alianças na região, particularmente com os seus aliados tradicionais, o Japão e as Filipinas.
Além das Filipinas e da China, também o Vietname, a Malásia e Brunei reivindicam parte deste mar estratégico, através do qual flui 30 por cento do comércio mundial e que alberga 12 por cento dos navios pesqueiros mundiais, bem como depósitos de petróleo e gás.

8 Abr 2024

Mar do Sul | Protestos de Pequim e Manila após novo incidente

China e Filipinas disseram ontem ter apresentado protestos em simultâneo junto dos dois Governos, depois de um novo incidente no mar do Sul da China, onde Pequim e Manila mantêm reivindicações territoriais.

As Filipinas disseram ter convocado um diplomata da embaixada chinesa em Manila, na sequência de “acções beligerantes” da guarda costeira chinesa e de um navio chinês perto de um recife no mar do Sul da China.

Manila expressou “forte protesto contra as acções agressivas levadas a cabo no sábado pela guarda costeira chinesa e pela milícia marítima” contra um navio de abastecimento filipino ao largo do atol Tomás Segundo, um recife disputado naquelas águas.

De acordo com as Filipinas, a guarda costeira chinesa bloqueou um navio de abastecimento e danificou-o com canhões de água, ferindo três soldados. A guarda costeira chinesa descreveu as manobras como “regulação, intercepção e expulsão legítimas” de um navio estrangeiro que “tentou entrar em águas chinesas pela força”.

Também a embaixada da China em Manila afirmou ter enviado também um “protesto solene” às Filipinas na sequência do incidente.

“No dia 23 de Março, as Filipinas violaram os próprios compromissos, ignoraram a firme oposição e os avisos prévios da China e insistiram em enviar um navio de abastecimento e dois navios da guarda costeira para entrar arbitrariamente nas águas perto do recife Ren’ai, nas ilhas Nansha da China”, afirmou a embaixada, em comunicado, utilizando o nome chinês para o atol.

26 Mar 2024

Filipinas | Pequim adverte Manila para pôr fim a “infracções e provocações”

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China advertiu as Filipinas de que deverão por fim de imediato “às infrações e provocações e abster-se de minar a paz e a estabilidade”, no mar da China meridional. O aviso surge após o último incidente, no sábado, em que uma patrulha da Guarda Costeira da China disparou canhões de água contra um barco filipino.

“Apesar da forte oposição da China, as Filipinas enviaram um barco de abastecimento e dois barcos da Guarda Costeira a 23 de Março, sem permissão do Governo chinês, para invadirem as águas adjacentes de Ren’ai Jiao do Nansha Qundao da China, numa tentativa de enviar materiais de construção ao navio militar encalhado ilegalmente em Ren’ai Jiao, para reparação e reforço”, declarou o porta-voz, citado pela agência Xinhua.

A mesma fonte defendeu que a Guarda Costeira da China tomou “as medidas necessárias no mar para salvaguardar direitos, bloqueou firmemente os barcos filipinos e frustrou a tentativa das Filipinas” e acrescentou que Nansha Qundao e as águas adjacentes, incluindo Ren’ai Jiao, “sempre foram território da China”.

“Isto está estabelecido no largo curso da história e cumpre com o direito internacional”, advogou.

“Se as Filipinas insistirem em seguir o seu próprio caminho, a China continuará a adoptar medidas decididas para salvaguardar a soberania territorial e os seus direitos e interesses marítimos. As Filipinas devem estar preparadas para suportarem todas as consequências”, insistiu.

25 Mar 2024

Filipinas rejeita propostas marítimas contrárias aos seus interesses

O Governo das Filipinas afirmou ontem que rejeitou propostas de Pequim que visam reduzir as tensões no Mar do Sul da China, por serem “contrárias” aos interesses do país. Em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros das Filipinas afirmou ter recebido de Pequim, no ano passado, várias propostas relacionadas com o sector marítimo.

“Apesar de algumas propostas terem sido consideradas viáveis, foi determinado, após um estudo cuidadoso, análise e deliberação do Governo filipino, que muitas das restantes propostas chinesas são contrárias aos nossos interesses nacionais”, afirmou o ministério.

Manila citou como exemplo uma proposta, feita em Março de 2023 pelo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Sun Weidong, que insistia “em açcões que seriam consideradas como aquiescência ou reconhecimento do controlo e administração da China sobre o Atol de Ayungin”, conhecido na China como Rén’ài e internacionalmente como Second Thomas.

“Ayungin faz parte da zona económica exclusiva das Filipinas. As Filipinas não poderiam considerar a proposta da China sem violar a constituição filipina ou o Direito internacional”, salientou o ministério, uma vez que o território se encontra a menos de 200 milhas da costa filipina – um limite estabelecido pela ONU como fronteira marítima legítima entre Estados, numa convenção a que a China aderiu em 1996.

Este atol, situado no arquipélago das Spratly e onde as Filipinas têm um punhado de tropas estacionadas num navio encalhado intencionalmente desde 1999, está no centro de recentes disputas e incidentes que têm afectado as relações entre Manila e Pequim sobre as reivindicações territoriais no Mar do Sul da China.

Mar bravo

Na semana passada, navios da guarda costeira chinesa abalroaram e dispararam canhões de água contra navios filipinos que se encontravam numa missão de reabastecimento do posto militar, ferindo pelo menos cinco pessoas. Para além deste atol, os dois países disputam a soberania do recife de Scarborough, perto da ilha filipina de Luzon, e de várias ilhas nas Spratlys, onde o Brunei, a Malásia e o Vietname também têm reivindicações.

O comunicado oficial de ontem surge em resposta a um artigo publicado pelo Manila Times na segunda-feira, no qual um “alto funcionário chinês” acusava Manila de inação em relação às propostas de Pequim para normalizar a situação nas zonas em disputa.

O ministério sublinhou na mesma nota que as Filipinas abordaram estas negociações confidenciais “com a maior sinceridade e boa fé” e que está surpreendido com “a divulgação pela China de pormenores sensíveis das nossas conversações bilaterais”.

Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia confirmou a soberania das Filipinas sobre a área, embora Pequim não reconheça a decisão e reivindique, por razões históricas, quase todo o Mar do Sul da China, uma via fundamental para o comércio mundial e rica em recursos energéticos.

13 Mar 2024

Mar da China | Pequim critica exercícios de EUA e Filipinas

As águas do Mar da China continuam agitadas. Pequim condena os exercícios militares conjuntos das tropas norte-americanas e filipinas na região que diz ser uma demonstração de força desapropriada

 

A China qualificou ontem como provocações os exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e as Filipinas no Mar do Sul da China, onde o exército chinês está a realizar manobras paralelas. Para Pequim, tais exercícios constituem um ataque à integridade territorial da China, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin.

Os exercícios visam “demonstrar força e não são conducentes ao controlo de disputas e da situação”, afirmou aos jornalistas em Pequim, citado pela agência francesa AFP. As manobras militares conjuntas realizam-se após uma série de incidentes em águas disputadas.

Manila e Pequim têm uma longa história de disputas marítimas no Mar do Sul da China, mas o ex-presidente filipino, Rodrigo Duterte, estava relutante em criticar o poderoso vizinho. Desde que assumiu a presidência em Junho de 2022, o seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., adoptou uma posição mais dura contra a China em questões de soberania e aproximou-se dos Estados Unidos.

Em Dezembro, navios chineses dispararam canhões de água contra navios filipinos durante duas missões de abastecimento separadas em recifes disputados, de acordo com vídeos divulgados pela guarda costeira filipina. Registou-se também uma colisão entre um navio filipino e um navio da guarda costeira chinesa. Na altura, a China e as Filipinas culparam-se mutuamente pelo acidente.

Neste contexto, o exército chinês anunciou na quarta-feira que as suas forças navais e aéreas estavam a “efectuar patrulhas de rotina” nas próximas 24 horas no Mar do Sul da China. O exército não especificou o local destes exercícios nem o número de soldados ou aviões envolvidos. O anterior exercício militar chinês a ser tornado público no Mar da China data de Novembro. A China realizou outros quatro exercícios em Setembro.

Ponto estratégico

Os exercícios dos Estados Unidos com as Filipinas envolvem um grupo aéreo naval do porta-aviões de propulsão nuclear “Carl Vinson”, segundo a Marinha norte-americana.

“A Marinha dos Estados Unidos efectua regularmente exercícios deste tipo para reforçar os laços com as nações aliadas e parceiras”, declarou em comunicado, acrescentando que as manobras também terão a duração de dois dias. A China afirma ter sido a primeira nação a descobrir e a dar nome às ilhas do Mar do Sul da China, uma vasta zona marítima por onde passa actualmente grande parte do comércio entre a Ásia e o resto do mundo.

Outros países ribeirinhos (Filipinas, Vietname, Malásia, Brunei) têm reivindicações concorrentes e cada um deles controla várias ilhas. Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem, uma organização com sede nos Países Baixos, rejeitou as reivindicações chinesas, considerando-as sem base jurídica.

Pequim denunciou a decisão, alegando que os procedimentos das Filipinas perante o tribunal não estavam em conformidade com a lei. Nos últimos anos, a China construiu ilhas artificiais no Mar da China e militarizou-as para reforçar posições.

“O Mar do Sul da China está a tornar-se uma zona defensiva fundamental para a China”, disse à AFP o analista militar Michael Raska, professor na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura. Pequim pretende fazer desta vasta zona marítima “uma via navegável controlada apenas pela China”, para reforçar a influência e capacidade de projecção, segundo Raska.

Perante as reivindicações territoriais da China e a sua crescente influência e capacidade militar, as Filipinas assinaram este ano acordos militares com os Estados Unidos e a Austrália.

5 Jan 2024

Mar do Sul | Pequim acusa navio dos EUA de “entrar ilegalmente” na região

As Forças Armadas da China acusaram ontem um navio da marinha norte-americana de “entrar ilegalmente” em águas próximas do Segundo Recife Thomas, cuja soberania é disputada entre Pequim e Manila.

Uma força naval chinesa foi mobilizada para seguir o USS Gabrielle Giffords durante a operação, de acordo com um comunicado do Teatro Sul do Exército de Libertação Popular.

Nos últimos meses, navios das marinhas e das guardas costeiras da China e das Filipinas têm-se confrontado repetidamente em torno do Segundo Recife Thomas, numa altura em que a China tenta impedir as Filipinas de reabastecer e reparar um navio de guerra enferrujado que encalhou intencionalmente em 1999 para servir de posto militar avançado.

A China acusou os EUA de se imiscuírem em águas distantes da sua costa e aumentarem as tensões regionais, na sequência da navegação do USS Giffords, um navio de combate litoral concebido para operar em zonas costeiras.

“Os Estados Unidos perturbaram deliberadamente a situação no Mar do Sul da China, violaram seriamente a soberania e a segurança da China, prejudicaram seriamente a paz e a estabilidade regionais e violaram gravemente o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, demonstrando plenamente que os Estados Unidos são a maior ameaça à paz e à estabilidade no Mar do Sul da China”, lê-se no comunicado emitido pelo Teatro do Sul das Forças Armadas chinesas.

A China reivindica a soberania de praticamente todos os recifes e outros afloramentos no Mar do Sul da China e transformou alguns deles em ilhas com pistas de aterragem que podem ser utilizadas pelas Forças Armadas.

5 Dez 2023

Mar do Sul | Navios dos EUA e Filipinas navegam juntos

Navios da Marinha dos Estados Unidos e das Filipinas navegaram na segunda-feira juntos pela primeira vez em águas no Mar do Sul da China, onde Manila e Pequim disputam a soberania de várias ilhas.

“Navios da Marinha das Filipinas e dos EUA realizaram navegações conjuntas na segunda-feira, no Mar das Filipinas Ocidental (como Manila designa partes do Mar do Sul da China sob a sua soberania)”, confirmou ontem o porta-voz da Marinha das Filipinas, o capitão Benjo Negranza.

As manobras entre Washington e Manila surgem num momento de renovada tensão entre a China e as Filipinas no Mar do Sul da China, que Pequim reivindica quase na totalidade e onde nos últimos meses a Marinha filipina denunciou o assédio a vários navios por parte de navios chineses, na costa oeste de Palawan, a sudoeste do arquipélago filipino.

O contratorpedeiro norte-americano US Navy Alrleigh e a fragata filipina BRP Jose Rizal navegaram juntos nessas águas, onde também realizaram “manobras de aproximação a outras embarcações”, disse Negranza.

“Este teste procura proporcionar uma oportunidade para a Marinha das Filipinas e a Marinha dos EUA para o Indo-Pacífico testarem e aperfeiçoarem a doutrina marítima existente e demonstrarem as suas capacidades de defesa em linha com o compromisso partilhado de manter a paz e a segurança na região”, explicou a Marinha das Filipinas.

Desde que chegou ao poder, no ano passado, o Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., aproximou-se de Washington e permitiu que os Estados Unidos aumentassem significativamente a sua actividade militar no arquipélago, onde já têm acesso a nove bases militares.

6 Set 2023

Mar do Sul da China | Pequim acusa Filipinas de se deixarem manipular pelos EUA

O Ministério das Relações Exteriores da China, pela segunda vez em poucos dias, instou as Filipinas a rebocar imediatamente o navio militar “encalhado” no recife Ren’ai Jiao (também conhecido Recife Ren’ai) e restaurar o seu estado original de não ter pessoal ou instalações naquela ilhota, de acordo com uma declaração de terça-feira do ministério, enfatizando que o recife Ren’ai faz parte do Nansha Qundao (Ilhas Nansha) da China.

“As Filipinas prometeram explicitamente várias vezes rebocar o navio militar deliberada e ilegalmente ‘encalhado’ em Ren’ai Jiao. No entanto, 24 anos se passaram e, em vez de rebocá-lo, as Filipinas procuraram repará-lo e reforçá-lo em grande escala, a fim de ocupar permanentemente Ren’ai Jiao”, lê-se no comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Também na terça-feira, Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional chinês, disse, em resposta à última declaração do Departamento de Defesa dos EUA sobre o assunto, que “as observações dos EUA ignoram os factos e acusam sem fundamento a China das suas acções legítimas e legais de aplicação da lei marítima. A China opõe-se firmemente a esta atitude”.

O porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Patrick Ryder, disse no domingo no X (antigo Twitter) que “estamos ao lado dos nossos aliados filipinos na condenação dos esforços da RPC para impedir as operações legais no Second Thomas Shoal”.

Wu afirmou que “os EUA não são parte na questão do Mar do Sul da China e não têm o direito de interferir na mesma. Exigimos que os EUA deixem imediatamente de utilizar a questão do Mar do Sul da China para criar problemas e semear a discórdia, e respeitem genuinamente a soberania territorial da China e os direitos e interesses marítimos no Mar do Sul da China, bem como os esforços positivos desenvolvidos pelos países da região para manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”.

Os navios da Guarda Costeira da China (CCG) interceptaram legalmente e tomaram medidas de aplicação de avisos. Perante a ineficácia dos avisos através de múltiplas comunicações verbais, foram utilizados canhões de água como forma de evitar o confronto directo e a colisão, observou Wu.

“As operações no local foram razoáveis, legais, profissionais e em conformidade com os regulamentos. A China continuará a tomar as medidas necessárias para salvaguardar firmemente a sua soberania nacional e apela às Filipinas para que cumpram os seus compromissos e cessem imediatamente todas as acções provocatórias”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês.

“O exército chinês cumprirá resolutamente os seus deveres e missões e salvaguardará firmemente a soberania nacional e os direitos e interesses marítimos”, disse Wu.

Os analistas afirmaram que a China continua a insistir numa via diplomática para resolver o problema e que continua a instar as Filipinas a cumprirem a sua promessa, e que as forças policiais chinesas não prejudicarão o pessoal das Filipinas, mas impedirão Manila de reforçar a embarcação militar na região. “Se as forças armadas dos EUA se envolverem e incitarem Manila a provocar ainda mais a China para agravar a tensão, as forças armadas chinesas estão também totalmente preparadas para qualquer eventual escalada da situação, a fim de salvaguardar eficazmente a soberania e os direitos legítimos da China, embora esta não queira que a tensão aumente”, afirmaram.

Divulgação de provas

Na terça-feira, o CCG divulgou um vídeo que mostra como o navio do CCG reagiu com uma contenção racional durante todo o processo. O vídeo, que tem a duração de 2 minutos e 40 segundos e foi gravado às 9h40 do dia 5 de agosto, mostra que o navio 5201 da CCG lançou um canhão de água de aviso contra um navio das Filipinas.

Analistas que viram o vídeo disseram, na terça-feira, que o navio CCG não alterou a sua rota durante toda a operação e que foi quando o barco filipino mostrou a sua determinação em entrar nas águas perto do recife Ren’ai que a parte chinesa disparou canhões de água contra ele para o avisar e afastar.

“O CCG demonstrou grande contenção nas suas acções face à intrusão das Filipinas. Foi precisamente devido à contenção profissional da China, e não ao uso intencional da força como outros países teriam feito em casos semelhantes, que o incidente não se transformou numa grande colisão”, disse Tian Shichen, capitão reformado da Marinha e fundador do grupo de reflexão independente Global Governance Institution e director do instituto não governamental International Center for the Law of Military Operations na terça-feira.

“Foi o departamento de aplicação da lei da China que se envolveu no incidente e não os navios de guerra militares chineses, o que torna a natureza do conflito diferente”, salientou Tian. “No entanto, nenhum país deve ser ingénuo ao ponto de encarar a contenção da China como uma forma de sucumbir, ser intimidado ou ser forçado a fazer concessões”, sublinhou Tian.

A posição da China de exigir que as Filipinas rebocassem o navio de guerra “encalhado” nunca foi alterada nos últimos anos, nem o será desta vez, disse Ge Hongliang, diretor do Centro de Investigação de Segurança Marítima China-ASEAN da Universidade de Nacionalidades de Guangxi.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China esclareceu na terça-feira que a causa da actual situação no recife de Ren’ai se deve ao facto de a parte filipina ter ignorado a boa vontade e a sinceridade da China e ter avançado com o envio de materiais de construção para reparar e reforçar o navio militar “encalhado” em grande escala.

Mais tarde, na terça-feira, a Embaixada da China nas Filipinas divulgou um comunicado afirmando que, desde o início deste ano, a China propôs uma série de iniciativas marítimas às Filipinas, incluindo a gestão da situação no recife de Ren’ai, e tem estado a aguardar a reação do lado filipino.

“O Mar do Sul da China não é um “parque de caça” para países de fora da região fazerem maldades e semearem a discórdia”, disse a embaixada chinesa, opondo-se a quaisquer palavras ou actos que criem tensão e provoquem confrontos no Mar do Sul da China, e instando os EUA a respeitarem seriamente a soberania territorial da China e os direitos e interesses marítimos no Mar do Sul da China. O porta-voz criticou a acção das Filipinas como uma grave violação do direito internacional e da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (DOC) assinada entre a China e os países membros da ASEAN.

Apesar do diferendo, a China tem continuado a insistir que está aberta ao diálogo para encontrar uma solução. Na declaração de terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou às Filipinas para que tratassem correctamente as questões marítimas através do diálogo. “A China está disposta a continuar a trabalhar com as Filipinas para lidar correctamente com as questões marítimas através do diálogo e da consulta e defender conjuntamente as relações bilaterais e a estabilidade marítima”, afirmou o porta-voz do ministério.

Durante a reunião entre o embaixador chinês nas Filipinas, Huang Xilian, e a subsecretária dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Theresa Lazaro, na segunda-feira, Huang afirmou que o recurso a propaganda e a introdução de terceiros não ajudará a resolver a questão e só complicará a situação. Huang apelou às Filipinas para que iniciem o processo de negociação o mais rapidamente possível.

“A China tem estado a aguardar as reacções das Filipinas e espera que as duas partes possam lançar diálogos o mais rapidamente possível para salvaguardar conjuntamente a paz e a tranquilidade nas águas relevantes”, lê-se num comunicado divulgado pela Embaixada da China nas Filipinas.

Não se deixem usar

“Os Estados Unidos têm vindo a apoiar descaradamente as Filipinas, que infringem a soberania da China, mas essas manobras não serão bem sucedidas”, afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China numa declaração de segunda-feira, criticando os Estados Unidos por terem, “à revelia dos factos, atacado as acções legítimas e legais da China no mar, destinadas a salvaguardar os seus direitos e a fazer cumprir a lei”.

“A tentativa dos Estados Unidos de fazer da chamada decisão arbitral sobre o Mar do Sul da China, que viola o direito internacional, incluindo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, não afectará a firme determinação da China em salvaguardar a sua soberania territorial, os seus direitos e interesses marítimos em conformidade com a lei”, disse o porta-voz chinês. O porta-voz instou os EUA a deixarem de utilizar a questão do Mar do Sul da China para semear confusão e discórdia.

Ge disse que, com base na contínua propaganda das Filipinas, pode dizer-se que Manila está claramente a tentar “tirar partido” ou “ganhar interesses indevidos” na questão do Mar do Sul da China com a ajuda dos EUA. O incitamento dos EUA sobre a disputa em torno do recife de Ren’ai poderia levar as Filipinas a tomar mais acções provocatórias que poderiam ser inesperadas ou incontroláveis. Tal incitamento equivale a activar a promessa do tratado de aliança entre os EUA e as Filipinas, o que significa que as Filipinas seriam arrastadas para uma guerra entre grandes potências, a China e os EUA, ou entre países regionais. Esta é uma receita para o desastre para as próprias Filipinas, disse Ge.

Comentando algumas vozes dos meios de comunicação social ocidentais que afirmam que a China está, na verdade, a testar o compromisso de defesa dos EUA para com as Filipinas, utilizando o canhão de água para afastar a intrusão das Filipinas, Song Zhongping, um perito militar chinês e comentador televisivo, disse que se trata de uma questão relativa à soberania territorial da China. O facto de os Estados Unidos ajudarem ou não as Filipinas não irá influenciar a posição da China de defender a sua soberania territorial e os seus direitos marítimos.

9 Ago 2023

Mar do Sul | Lançada investigação sobre antigos naufrágios

Foi lançada no sábado uma investigação arqueológica sobre dois antigos naufrágios descobertos no Mar do Sul da China, abrindo um novo capítulo na arqueologia do mar profundo da China, de acordo com uma conferência de imprensa realizada no domingo em Sanya, Província de Hainan.
Durante a pesquisa arqueológica sobre o primeiro naufrágio, localizado perto do talude continental noroeste do Mar do Sul da China, os investigadores estabeleceram com sucesso uma fundação permanente de mapeamento subaquático no canto sudoeste do local do naufrágio. A busca e a investigação preliminar, bem como o registo de imagens, foram realizados, de acordo com a Administração Nacional do Património Cultural (NCHA, na sigla em inglês), informa a agência Xinhua.
Em Outubro de 2022, dois antigos naufrágios foram descobertos a uma profundidade subaquática de cerca de 1.500 metros perto da costa continental noroeste do Mar do Sul da China. Um deles consiste principalmente em relíquias de porcelana, estima-se que contenha mais de 100 mil peças que remontam ao reinado do imperador Zhengde da dinastia Ming (1506-1521).
O outro naufrágio contém principalmente um grande número de troncos de madeira. Através de um estudo preliminar, foi determinado que o navio em questão estava carregado de carga e tinha navegado do exterior para a China antiga. Remonta ao reinado do imperador Hongzhi da dinastia Ming (1488-1505).
Com a aprovação da NCHA, esforços conjuntos entre institutos de pesquisa e um museu local serão feitos para realizar novas investigações arqueológicas envolvendo os dois naufrágios em três fases durante cerca de um ano.

22 Mai 2023

Navio de guerra dos EUA no mar do Sul da China, Pequim denuncia “intrusão”

Depois da visita da líder de Taiwan aos EUA, que motivou uma forte reacção chinesa, e de uma delegação do Congresso visitar Taipé, um navio de guerra americano passeia-se pelo Estreito. Pequim declarou esta presença como sendo “ilegal”

 

A Marinha norte-americana anunciou ontem que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China, com Pequim, em manobras militares em torno de Taiwan, a denunciar “a intrusão” do contratorpedeiro. “Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar”, disse a Marinha dos Estados Unidos, numa declaração, acrescentando que o USS Milius tinha passado perto das ilhas Spratly. O navio passou a menos de 12 milhas náuticas (22 quilómetros) do recife Mischief, reivindicado pela China.

“O contratorpedeiro lança-mísseis USS Milius entrou ilegalmente nas águas adjacentes ao recife Meiji [nome oficial chinês para o recife Mischief] nas ilhas Nansha [nome chinês das Spratly] da China, sem a autorização do Governo chinês”, declarou o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês Tian Junli. A força aérea chinesa “seguiu e vigiou o navio de guerra”, acrescentou em comunicado.

A passagem deste navio de guerra norte-americano numa zona contestada ocorreu quando a China realiza pelo terceiro dia consecutivo exercícios militares em redor de Taiwan, em protesto contra uma visita aos EUA da líder da ilha, Tsai Ing-wen.

A China disse ontem que mobilizou caças com “munição real” e o porta-aviões Shandong para executarem “ataques simulados” a alvos em Taiwan, após ter cercado o território com dezenas de aviões e navios de guerra. “Vários grupos de caças H-6K com munição real realizaram vários ataques simulados em alvos importantes na ilha de Taiwan”, informou o Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, especificando que o Shandong também “participou nos exercícios”.

O exército chinês enviou dezenas de caças e 11 navios de guerra para próximo de Taiwan, na sequência do encontro entre a líder da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, informou o Ministério da Defesa de Taiwan.

Os militares chineses anunciaram anteriormente “patrulhas de prontidão de combate” para um período de três dias, num aviso a Taiwan. A decisão de enviar aviões e navios de guerra para próximo do território surgiu após o encontro entre Tsai e McCarthy, na Califórnia. Este fim de semana, Tsai reuniu com uma delegação do Congresso dos EUA, depois de voltar a Taipé.

A China respondeu ao encontro entre Tsai e McCarthy com o aumento da actividade militar e a proibição de viagens e sanções contra entidades e pessoas associados à viagem de Tsai aos EUA.

Entre domingo e segunda-feira, 70 aviões cruzaram a linha mediana do estreito de Taiwan, uma fronteira não oficial, de acordo com o comunicado do Ministério da Defesa de Taiwan. Entre os aviões que cruzaram o espaço aéreo constam oito caças J-16, quatro caças J-1, oito caças Su-30 e aviões de reconhecimento. Isto ocorreu depois de, entre sexta-feira e sábado, oito navios de guerra e 71 aviões chineses terem sido detetados perto de Taiwan, de acordo com o Ministério de Defesa da ilha.

O Ministério disse, em comunicado, que está a abordar a situação de uma perspectiva de “não escalar conflitos e não causar disputas”. Taiwan disse estar a monitorizar os movimentos chineses através dos sistemas de mísseis em terra e navios da Marinha.

Além das patrulhas de prontidão de combate, o Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real na baía de Luoyuan, na província de Fujian, que fica no leste da China e defronte a Taiwan, anunciou a Autoridade Marítima local no fim de semana.

Nos últimos anos, as incursões de jactos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a ex-presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA Nancy Pelosi ter visitado a ilha, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, incluindo lançamento de mísseis e uso de fogo real.

11 Abr 2023

Mar do Sul | Forças chinesas expulsam navio dos EUA das Paracels

A região voltou a registar um incidente com a entrada ilegal do contratorpedeiro USS Milius nas águas do arquipélago das Paracels

 

O exército chinês indicou ontem ter expulso um navio de guerra norte-americano que “entrou ilegalmente” nas águas de um arquipélago, controlado por Pequim, no mar do Sul da China. O contratorpedeiro USS Milius “entrou ilegalmente” ontem “sem autorização das autoridades chinesas” nas águas das Paracels, indicou o porta-voz do teatro da operação sul do exército chinês Tian Junli, num breve comunicado.

“As forças navais e aéreas foram mobilizadas para seguir e vigiar este navio, bem como para lançar uma advertência e obrigá-lo a sair da zona”, sublinhou.

O porta-voz denunciou uma manobra norte-americana que “compromete a paz e a estabilidade no mar do Sul da China” e garantiu que o exército “mantém-se atento e tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar com firmeza a soberania nacional” chinesa.

Este incidente ocorre num contexto de luta de influência entre Pequim e Washington nesta zona marítima e de forte rivalidade em vários outros aspectos: Taiwan, [rede social] TikTok, direitos da minoria uigur ou ainda comércio.

Contactadas pela agência de notícias France-Presse, as forças armadas norte-americanas para a zona Ásia-Pacífico não reagiram de imediato.

Águas concorridas

As Paracels, um arquipélago situado à igual distância das costas chinesas e vietnamitas, são disputadas por Pequim e Hanói. A marinha chinesa retomou o controlo do conjunto das ilhas em 1974, na sequência de um conflito naval.

A China afirma ter sido a primeira nação a descobrir e nomear as ilhas do mar do Sul da China, pelo qual transita actualmente grande parte do comércio entre a Ásia e o resto do mundo.

Desta forma, o Governo chinês reivindica uma grande parte das ilhas desta zona marítima. Mas outros países, como as Filipinas, o Vietname, a Malásia e o Brunei, também reivindicam a soberania em alguns destes locais.

Cada país controla várias ilhas e atóis, nomeadamente no arquipélago das Spratleys, mais a sul, onde os incidentes são muito mais frequentes do que nas Paracels.

Os Estados Unidos e por vezes alguns dos aliados ocidentais conduzem regularmente, no mar do Sul da China, operações denominadas “liberdade de navegação”, enviando para a zona navios de guerra para contestar as pretensões chinesas.

Ao longo da última década, Pequim garantiu o controlo sobre alguns ilhéus e atóis desta região marítima, através de trabalhos de alargamento e da construção de instalações militares, visíveis em fotos de satélite divulgadas pelos meios de comunicação social ocidentais.

23 Mar 2023

ASEAN | Firmados acordo de cooperação no Mar do Sul da China

A China e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) concordaram em realizar projectos de cooperação marinha e, em conjunto, manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China, anunciou na terça-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin.

As observações de Wang formam proferidas após a 38.ª Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto para a Implementação da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (DOC, em inglês), que foi realizada em Jacarta, Indonésia, de 8 a 10 de Março, indica o Diário do Povo.

Wang revelou que a China e os países da ASEAN continuaram a avançar na consulta sobre o texto do Código de Conduta no Mar da China do Sul (COC) e tiveram uma profunda troca de opiniões sobre a implementação do DOC e a cooperação marítima.

“Concordaram em realizar múltiplos projectos de cooperação prática em campos como pesquisa científica marinha, protecção ambiental e operação de busca e salvamento no mar, intensificar o diálogo e a comunicação, aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e defender conjuntamente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”, exaltou o dirigente.

Wang acrescentou que as partes também chegaram a um acordo sobre o plano de trabalho para este ano e concordaram em realizar múltiplas rondas da Reunião de Altos Oficiais sobre a Implementação do DOC.

16 Mar 2023

Pequim protesta contra presença de navio militar dos EUA no Mar da China

Um navio militar norte-americano cruzou hoje o Mar da China próximo de um arquipélago controlado por Pequim, situação que o exército chinês considerou tratar-se de um “ato de provocação”, exigindo a saída do vaso de guerra.

Segundo a Marinha dos Estados Unidos, o “destroyer” USS Benfold “está na plenitude dos seus direitos e liberdades de navegação nas proximidades das ilhas Paracel, em conformidade com o direito internacional”.

O arquipélago é um grupo de pequenas ilhas e recifes, no Mar da China Meridional, a cerca de um terço da distância do Vietname ao norte das Filipinas e são também reivindicadas por Hanói, embora seja controlado há mais de 50 anos pela China.

Num comunicado, o exército chinês denunciou a entrada “ilegal” e “não autorizada” do navio nas águas das ilhas Paracel. A Marinha e a Força Aérea da China, prossegue o comunicado, receberam ordens para “rastrear, vigiar, alertar e afastar” o navio.

“Exigimos solenemente que os Estados Unidos cessem imediatamente essas provocações. Caso contrário, vão expor-se às consequências graves e imprevisíveis desses incidentes”, acrescentou o exército chinês.

A China afirma ter sido a primeira nação a descobrir e a nomear as ilhas do Mar da China Meridional, por onde passa grande parte do comércio marítimo atual entre a Ásia e o resto do mundo, reivindicando quase toda a área marítima.

No entanto, vários países vizinhos (Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei) têm reivindicações concorrentes de soberania, que às vezes se sobrepõem.

Em 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA) em Haia, decidiu que as reivindicações históricas de Pequim no Mar do Sul da China são infundadas. A China, porém, ignorou a decisão, considerando a instituição incompetente para decidir sobre disputas territoriais.

Os Estados Unidos e outros países ocidentais realizam regularmente “operações de liberdade de navegação”, oficialmente com o objetivo de afirmar o caráter internacional deste mar.

O envio do USS Benfold é a primeira operação do género este ano e ocorre uma semana depois de Washington ter acusado Pequim de reivindicar “ilegalmente” a maior parte do Mar do Sul da China.

Este mar é um dos principais pontos de atrito entre chineses e norte-americanos, cujas relações também estão tensas em torno do futuro de Taiwan e de Hong Kong, direitos humanos ou questões comerciais.

Ao longo de vários anos, Pequim consolidou o controlo sobre certas ilhas e atóis no Mar da China Meridional, principalmente no arquipélago de Spratly, realizando obras de expansão para montar instalações militares.

21 Jan 2022

Mar do Sul da China | Troca de acusações no Conselho de Segurança da ONU

Os Estados Unidos e a China trocaram acusações no Conselho de Segurança da ONU, durante uma reunião sobre segurança marítima, devido às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China. O representante chinês acusou Washington de se ter tornado na “maior ameaça à paz e à estabilidade” na região

 

Na reunião promovida na segunda-feira pela Índia, país que preside ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em Agosto, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi salientou que os oceanos e mares são património comum de todas as nações e povos e que estão a enfrentar várias ameaças.

Presente na reunião virtual, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, abordou as reivindicações cada vez mais assertivas da China em algumas zonas do mar do Sul da China, apesar da decisão de um tribunal internacional as ter rejeitado há cerca de cinco anos.

O governante norte-americano alertou que um conflito naquela região ou em qualquer oceano “teria graves consequências globais para a segurança e o comércio”. “No mar do Sul da China, assistimos a encontros perigosos entre navios em alto mar e a acções provocatórias para fazer avançar reivindicações marítimas ilegais”, apontou.

“Os Estados Unidos deixaram claro as suas preocupações em relação às acções para intimidar outros Estados que acedam legalmente aos seus recursos marítimos”, acrescentou.

No último incidente, que decorreu no mês passado, militares chineses relataram que perseguiram um navio de guerra dos EUA de uma área que reivindicam no mar do Sul da China, declaração que a Marinha norte-americana considerou falsa.

As más intenções

Já o vice embaixador da China, Dai Bing, respondeu a estas afirmações acusando os Estados Unidos de se tornarem “na maior ameaça à paz e à estabilidade no mar do Sul da China”, considerando que as declarações dos norte-americanos no Conselho de Segurança têm “motivação inteiramente política”.

Dai Bing considerou ainda que a decisão do tribunal internacional, contra as suas pretensões e a favor das Filipinas, é “inválida e sem qualquer força vinculativa”, referindo que “existiram erros óbvios na determinação dos factos”.

Segundo o embaixador chinês, a situação no mar do Sul da China é normalmente estável e Pequim está a esforçar-se para concretizar um código de conduta regional, com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), composta por dez membros.

Os países que formam o Conselho de Segurança da ONU lançaram na segunda-feira um apelo para o reforço da cooperação perante o aumento da criminalidade e insegurança nos oceanos devido à intensificação da pirataria, terrorismo ou tensões entre nações. “O Conselho de Segurança reconhece a importância de fortalecer a cooperação internacional e regional para responder às ameaças para a segurança marítima”, destacaram, em comunicado conjunto.

Segundo a ONU, a situação dos oceanos tem vindo a deteriorar-se até “níveis alarmantes” como resultado de disputas por delimitações e rotas entre países, mas também devido a ataques armados por piratas ou terroristas e ainda o aumento da pesca ilegal.

“Apesar da diminuição do tráfego marítimo, como resultado da pandemia de covid-19, no primeiro semestre de 2020 foi registado um aumento de quase 20 por cento de alegados actos de pirataria e assaltos armados”, salientou Maria Luiza Ribeiro Viotti, chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.

11 Ago 2021

Exército chinês diz ter expulsado navio de guerra dos EUA no Mar do Sul da China

O exército da China disse ontem que expulsou um navio de guerra dos Estados Unidos de uma área disputada no Mar do Sul da China, depois de Washington ter alertado que um ataque às Filipinas motivaria uma retaliação.

O Exército de Libertação Popular disse que enviou navios e aviões após o navio Benfold dos EUA entrar em águas reivindicadas por Pequim, em torno das Ilhas Paracel. As forças chinesas “avisaram e expulsaram” o navio de guerra, disseram os militares, em comunicado.

Pequim reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos, incluindo as Filipinas, Malásia e Vietname. A China rejeitou a declaração de apoio do governo norte-americano, no domingo, à decisão de um tribunal internacional a favor das Filipinas nas suas disputas territoriais com Pequim.

“Reafirmamos que um ataque armado às forças armadas filipinas, embarcações públicas ou aeronaves no Mar do Sul da China invocaria compromissos de defesa mútua dos EUA”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em comunicado.

O Artigo IV do Tratado de Defesa Mútua entre os Estados Unidos e as Filipinas obriga os dois países a ajudarem-se mutuamente, em caso de um ataque. As ilhas são “território inerente à China”, apontou o exército chinês, no comunicado difundido ontem, sublinhando que “as ações dos militares dos EUA violaram gravemente a soberania e a segurança da China”.

A Marinha dos EUA, numa declaração do escritório de Relações Públicas da 7ª Frota, rejeitou a declaração chinesa como falsa, mas não deu detalhes de um possível encontro com o exército da China.

O Benfold efetuou a operação “de acordo com o direito internacional e depois continuou a operar normalmente nas águas internacionais”, referiu o comunicado.

A declaração chinesa foi a “mais recente de uma longa série de ações da [República Popular da China] para deturpar as operações marítimas dos EUA legais e afirmar as suas reivindicações marítimas excessivas e ilegítimas”, lê-se no comunicado da Marinha.

No domingo, a administração Biden afirmou o seu apoio à decisão do tribunal de 2016, que rejeitou as reivindicações da China fora das suas águas territoriais reconhecidas internacionalmente.

“Em nenhum lugar, a ordem marítima baseada em regras está mais ameaçada do que no Mar do Sul da China”, disse Blinken. Ele acusou a China de continuar a “coagir e intimidar os Estados costeiros do Sudeste Asiático, ameaçando a liberdade de navegação numa via comercial global crítica”.

A decisão do painel foi uma “farsa política”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian. Ele disse que as reivindicações territoriais da China têm “base histórica e jurídica suficiente”. “A China deplora e rejeita firmemente os erros dos Estados Unidos”, apontou.

13 Jul 2021

Filipinas e EUA retomam exercícios militares conjuntos

Filipinas e Estados Unidos iniciaram ontem um treino militar conjunto de duas semanas em território filipino, num exercício designado “Balikatan”, que foi suspenso no ano passado devido à pandemia da covid-19. O exercício militar foi retomado numa altura de escalada da tensão entre Manila e Pequim devido a disputas territoriais no mar do Sul da China.

“O Balikatan deste ano realiza-se sob restritos protocolos de saúde, devido à pandemia da covid-19. Entre os ajustes necessários, reduzimos o número de participantes, com 736 militares das Filipinas e 225 participantes dos Estados Unidos”, disse o chefe das Forças Armadas das Filipinas, o General Cirilito Sobejana. Os exercícios deste ano vão concentrar-se em exercícios aéreos, segurança marítima e assistência humanitária a civis em caso de desastre natural, para evitar contacto directo.

A decisão de prosseguir com o Balikatan foi anunciada no domingo, depois de os secretários de Defesa dos EUA e das Filipinas, Delfin Lorenzana e Lloyd Austin, respectivamente, realizarem uma reunião por telefone para discutir os exercícios e ameaças à segurança regional na semana passada.

As Filipinas apresentaram vários protestos diplomáticos, nas últimas semanas, contra a presença de navios chineses na sua zona económica exclusiva ao redor do recife Whitsun. Pequim, que reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, garante que se tratam de barcos de pesca que estacionaram ali devido ao mar agitado.
Filipinas, Vietname, Malásia, Taiwan e Brunei reivindicam também partes do mar do Sul da China, por onde circula 30% do comércio global e que abriga 12% das reservas pesqueiras mundiais, além de campos de petróleo e gás.

As Filipinas são o único país que possui uma decisão que apoia as suas reivindicações, uma vez que o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia atribuiu a propriedade de vários territórios, incluindo o Atol de Scarborough e parte do arquipélago das Spratly, onde a China construiu bases militares em ilhas artificiais edificadas sobre atóis e recifes, para assumir o controlo de facto.

Pequim nunca reconheceu a decisão e continua com as suas actividades militares e pesqueiras dentro da zona disputada e do resto dos países vizinhos, uma expansão que os EUA seguem, já que ambas as potências lutam pelo domínio do Pacífico.

A ligação de domingo entre Lorenzana e Austin serviu também para reafirmar o compromisso dos dois países com o Tratado de Defesa Mútua – que data de 1951 – e a importância do Acordo de Visita de Tropas, que o presidente filipino Rodrigo Duterte suspendeu por alguns meses, no ano passado.

Este acordo – suspenso entre fevereiro e junho de 2020 – fornece o quadro jurídico para que as tropas dos EUA possam ir regularmente às Filipinas para realizar exercícios militares conjuntos, como o Balikatan, atividade que tem sido realizada anualmente desde 1984.

13 Abr 2021

Mar do sul da China | Filipinas devem parar com alegações, diz MNE chinês

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China instou as Filipinas a pararem com “alegações infundadas sobre a questão do Mar do Sul da China”.

O Secretário de Defesa das Filipinas, Delfin Lorenzana, exortou os navios chineses, que ainda estão nos arredores do recife de Niu’e, a partirem. O MNE filipino também declarou que, com base na arbitragem do Mar do Sul da China e na sua sentença, “as Filipinas negam que o recife de Niu’e e as suas águas adjacentes sejam locais de pesca tradicionais para os pescadores chineses”.

Em resposta, o porta-voz Zhao Lijian disse que “o Recife de Niu’e faz parte das Ilhas Nansha da China e tradicionalmente oferece abrigo contra o vento aos barcos de pesca chineses. Portanto, é normal que os navios de pesca chineses se refugiem perto do recife devido às condições adversas do mar”.

Zhao considerou que a sentença do Tribunal Arbitral do Mar do Sul da China é “ilegal e inválida”. “A China não a aceita ou reconhece e opõe-se firmemente a quaisquer reivindicações e acções nela baseadas. A soberania, direitos e interesses chineses no Mar da China do Sul estão em conformidade com o direito internacional”.

Para Zhao, “as Filipinas tentaram recorrer a uma decisão ilegal e inválida para negar tal soberania e direitos no Mar do Sul da China, violando a Carta das Nações Unidas e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS)”. “Esperamos que as Filipinas tenham uma visão objectiva e correcta e parem imediatamente com as alegações sem fundamento para evitar impactos negativos nas relações bilaterais e na paz e estabilidade no Mar do Sul da China”, advertiu Zhao.

8 Abr 2021

Forças chinesas respondem a presença militar americana junto à sua costa

China e Estados Unidos enviaram, nos últimos dias, porta-aviões para águas disputadas nos mares do Leste e do Sul da China, numa altura de renovadas tensões entre os países da região e Pequim. No domingo, um grupo ofensivo de porta-aviões dos EUA, liderado pelo USS Theodore Roosevelt, entrou no Mar do Sul da China pelo Estreito de Malaca, segundo a unidade de análise Sondagem da Situação Estratégica do Mar do Sul da China, que tem base em Pequim. A mesma fonte disse que o destruidor de mísseis teleguiados USS Mustin também está a operar no Mar do Leste da China e se aproximou do rio Yangtsé, no leste chinês, no sábado.

A China estava ontem também a realizar exercícios navais com porta-aviões, perto de Taiwan, visando “salvaguardar a soberania chinesa”. A Marinha chinesa disse que os exercícios que envolvem o Liaoning, um dos seus dois porta-aviões, são rotineiros e agendados anualmente. No sábado, o Liaoning passou pelo Estreito de Miyako, no sudoeste do Japão, dias depois de o ministério da Defesa da China ter instado o Japão a “parar todos os movimentos provocativos” nas contestadas Ilhas Diaoyu, no Mar do Leste da China.

Analistas consideram que a presença naval no Indo-Pacífico destaca o risco de conflito militar entre China e Estados Unidos, à medida que Pequim afirma as suas reivindicações marítimas na região e Washington concentra a sua estratégia de Defesa na contenção da China.

Na última semana, a China e as Filipinas, país tradicionalmente aliado dos EUA, enfrentaram renovadas tensões, provocadas pela presença de navios chineses no Recife Whitsun, no Mar do Sul da China. Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros das Filipinas disse que as alegações da China, de que os barcos estavam no recife para se protegerem do mau tempo, são “falsidades gritantes” e “claramente [uma] narrativa falsa das reivindicações expansivas e ilegítimas da China no Mar Ocidental das Filipinas”.

Manila também rejeitou a afirmação de Pequim de que o recife nas disputadas Ilhas Spratly é uma área de pesca tradicional chinesa e novamente exigiu que os barcos deixassem a área da sua zona económica exclusiva.

Os EUA, o Japão e a Indonésia também aumentaram a pressão sobre a China, na semana passada. O Japão expressou preocupação com a nova lei para a guarda costeira da China, que permite que a sua força quase militar use armas contra navios estrangeiros, em águas reivindicadas pela China, e com o aumento da presença da guarda costeira da China em águas próximas às ilhas contestadas.

China adverte Japão

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, advertiu ontem o Japão para que não se coligue com os Estados Unidos contra a China, nas vésperas de uma cimeira entre Washington e Tóquio. Wang disse ao homólogo japonês, Toshimitsu Motegi, numa conversa por telefone, que os dois países devem garantir que as relações bilaterais “não se envolvem no chamado confronto entre os grandes poderes”, segundo o comunicado do ministério chinês.

Wang acrescentou que Pequim “espera que o Japão, como país independente, olhe para o desenvolvimento da China de forma objectiva e racional, em vez de ser enganado por alguns países que têm uma visão tendenciosa contra a China”. “O desenvolvimento da China não apenas permitiu ao povo chinês viver uma vida melhor, como contribuiu positivamente para a promoção da estabilidade e prosperidade regional”, referiu Wang.

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, viaja para Washington, para se encontrar com o Presidente, Joe Biden, a 16 de abril, na primeira cimeira presencial do líder dos EUA, desde que assumiu o cargo em janeiro. Biden, em contraste com Donald Trump, enfatizou a reconstrução dos laços com aliados europeus e asiáticos.

7 Abr 2021

Austrália em exercícios militares com EUA, Japão e Índia no Mar do Sul da China

[dropcap]A[/dropcap] Austrália vai participar, uma década depois, em exercícios militares no Mar do Sul da China, em novembro, com os Estados Unidos, Índia e Japão, quando se intensificam as tensões diplomáticas e comerciais entre Camberra e Pequim.

As manobras são “críticas para melhorar as capacidades marítimas da Austrália, criar interoperabilidade com os parceiros próximos e demonstrar (…) determinação coletiva em apoiar um Indo-Pacífico aberto e próspero”, disse a ministra da Defesa australiana, Linda Reynolds, em comunicado.

Os exercícios militares, iniciados em 1992 por Washington e Nova Deli, juntam este ano quatro potências indo-pacíficas, onde persistem as preocupações com a militarização da China e as disputas territoriais entre os países da região.

Reynolds, que se encontrou com o homólogo japonês, Nobuo Kishi, em Tóquio, na segunda-feira, expressou “forte oposição a qualquer ação unilateral coerciva ou desestabilizadora que possa alterar o ‘status quo’ ou aumentar as tensões no Mar do Sul da China”.

Da mesma forma, a ministra australiana indicou que se opõe a qualquer tentativa de modificar o ‘status quo’ do Mar do Sul da China e reafirmou a importância da livre navegação na região estratégica em termos militares e comerciais, sem mencionar abertamente Pequim.

O executivo de Camberra “acredita que a participação nas manobras militares vai fortalecer a capacidade da Índia, da Austrália, do Japão e dos Estados Unidos de trabalharem juntos para manter a paz e a estabilidade em toda a região”, disse a chefe da diplomacia australiana, Marise Payne, citada no mesmo comunicado.

A Austrália tinha participado, pela última vez em 2007, nestes exercícios denominados de Malibar, descritos por Pequim como ações de uma “coligação antiChina”, após forte pressão sobre o Governo trabalhista de Kevin Rudd para manter relações com o gigante asiático, o maior parceiro comercial.

Este ano, as relações entre Pequim e Camberra ficaram ainda mais tensas depois da Austrália lançar uma investigação independente sobre a origem da pandemia da covid-19. A China, por sua vez, suspendeu ou aumentou as tarifas sobre vários produtos importados do país oceânico.

Da mesma forma, as recentes leis contra espionagem e interferência em assuntos internos na Austrália também contribuíram para o escalar da tensão com Pequim, além de matérias relacionadas com direitos humanos e liberdade de imprensa.

20 Out 2020

Mar do Sul da China | Exercícios militares chineses reacendem polémicas antigas

Um exercício de larga escala ao longo da costa do Pacífico, em quatro regiões diferentes, relançou receios da tomada de territórios disputados pela força. Além disso, revelou o músculo militar chinês e a capacidade para actuar em múltiplos teatros de operações. Pequim queixa-se de que o exercício foi “espiado” por um avião norte-americano

 

[dropcap]O[/dropcap] Golfo de Bohai, uma parte do Mar Amarelo e os mares sul e este da China têm sido palco de um exercício militar de larga escala das Forças Armadas Chinesas.

Entre os muitos “brinquedos”, a China estreou o navio anfíbio de assalto Type 075, que saiu de Xangai no dia 5 de Agosto e terminou no passado fim-de-semana a sua primeira viagem. Vídeos e fotografias partilhados em portais de internet dedicados a questões militares mostram o gigantesco navio a aportar na tarde de domingo na doca naval de Hudong-Zhonghua, a “casa” da maior construtora naval de defesa do estado chinês, a China State Shipbuilding Corp.

De regresso à base, depois do primeiro teste de mar, o Type 075 trazia a chaminé chamuscada por fumo, um detalhe na boa nova para o Exército de Libertação Popular que terá assim um novo trunfo pronto para ser usado.

Citado pelo China Daily, o analista militar Wu Peixin referiu que o facto de o baptismo do navio de guerra ter demorado 18 dias, antes de regressar ao porto de partida, deve significar que teve um bom desempenho nos muitos testes que terá realizado ao longo da jornada inaugural. Caso contrário, o exercício teria acabado muito mais cedo.

O Type 075 foi apenas uma das estrelas do exercício que continua, por exemplo, ao largo de Hainan até sábado. Importa referir que a ilha de Hainan, que fica cerca de 400 quilómetros de Macau, é local de “estacionamento” de um dos porta-aviões chineses.

Ao mesmo tempo que se desenrolavam os treinos militares ao largo da ilha, as autoridades da província de Guangdong montavam um cordão de segurança para controlar o tráfico marítimo.

Também no Mar Amarelo, ao largo de Lianyungang, uma área de mar ficou com acesso restrito durante os exercícios navais com fogo real. De acordo com o South China Morning Post, até 30 de Setembro estão previstos exercícios militares com fogo real no Golfo de Bohai.

Sinais de alerta

O conjunto de exercícios militares têm sido vistos por analistas internacionais e governos como um sinal forte de prontidão operacional para um confronto de larga escala com o Estados Unidos e Taiwan. Mesmo sem intenção de iniciar uma guerra, a altura escolhida, durante as convenções partidárias na corrida presidencial norte-americana, pode ser encarada como uma forma de demonstrar capacidade de mobilização de vários tipos de forças para múltiplos locais em simultâneo.

Importa referir também que estes exercícios acontecem apenas um mês depois de uma outra demonstração bélica de larga escala, incluindo manobras perto de Taiwan, na altura em que a região foi visitada pelo representante da saúde da Administração Trump, Alex Azar.

Além disso, em Julho, as forças armadas chinesas já haviam realizado exercícios, em particular de defesa aérea, nas mesmas regiões, mas separadamente, depois de manobras de dois porta-aviões norte-americanos no Mar do Sul da China.

Outra leitura, que vai para lá da reacção política com demonstrações de força, é a localização dos exercícios. Se a proximidade do Golfo de Bohai a Pequim indica uma postura militar meramente defensiva, os restantes teatros de operações podem ter diferentes leituras.

Nesse sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Delfin Lorenzana, declarou no domingo que os direitos históricos que a China alega na disputa do Recife de Scarborough não existem e que a China ocupa ilegalmente o disputado território, ao largo da maior ilha filipina Luzon. Lorenzana condenou particularmente a actuação da guarda costeira chinesa e de frotas piscatórias como actos de “confiscação ilegal”.

Resposta de Hanói

Também o Governo do Vietname condenou a presença de forças militares, em particular de bombardeiros, a sobrevoar as ilhas Paracel, um arquipélago praticamente equidistante entre os territórios chinês e vietnamita, com cerca de 130 pequenas ilhas de coral.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname comentou os exercícios chineses como actos que “comprometem a paz”. “O facto de terem sido enviados bombardeiros não só viola a soberania do Vietname como coloca em perigo a situação na região”, referiu o porta-voz do ministério, citado pela agência Reuters.

Espião espia espião

Ontem, de acordo com a agência Xinhua, Pequim acusou os Estados Unidos de enviarem um avião espião U-2 que terá “trespassado” uma zona proibida, para observar os exercícios conduzidos pelo Exército de Libertação Popular. O aparelho de reconhecimento a elevada altitude terá entrado no espaço aéreo chinês no teatro de operações do norte, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian. “A violação do espaço aéreo não só afectou severamente os normais exercícios e as actividades de treino, como também violou as regras de comportamento para a segurança aérea e marítima entre a China e os Estados Unidos e as práticas internacionais”, declarou Wu.

O porta-voz prossegui referindo que “a actuação norte-americana poderia facilmente ter resultado em maus julgamentos e mesmo acidentes”. Em comunicado enviado à CNN, a Força Aérea norte-americana do Pacífico confirmou o voo do U-2, mas negou ter violado qualquer regra.

“Um aparelho U-2 conduziu operações na área do Indo-Pacífico dentro leis internacionais aceites e de acordo com os regulamentos de voo. O pessoal das Forças Aéreas de Pacífico vai continuar a voar e a operar onde as leis internacionais permitirem, quando melhor achar”, lê-se no comunicado.

O U-2 é dos aviões mais antigos do inventário das Forças Armadas norte-americanas. O primeiro modelo foi desenvolvido nos anos 1950, durante a Guerra Fria, para espiar a expansão militar soviética, algo que os críticos da política internacional de Washington, inclusive Pequim, acusam estar de volta. Os modelos antigos conseguiam voar a altitudes fora do alcance das baterias antiaéreas.

Corrida às armas

Para gáudio das multinacionais de defesa, também do outro lado do espectro geopolítico se investem biliões em armamento.

Além da injecção financeira, categorizada na campanha eleitoral de Donald Trump como a reconstrução do exército, esta semana o Wall Street Journal publicou um editorial escrito por Mark Esper, secretário da Defesa. O governante referiu que em resposta à aposta militar de Pequim, os Estados Unidos estão a acelerar a Estratégia de Defesa Nacional.

Com o objectivo de modernizar e adaptar as forças armadas norte-americanas, a competição bélica da China é o pano de fundo para o vigoroso investimento militar.

“Para a liderança política chinesa, o poder militar é central para atingir os objectivos que pretendem. Entre estes objectivos mais proeminentes, destaca-se a remodelação da ordem internacional de formas que colocam em perigo regras globalmente aceites e que normalizam o autoritarismo. Este reordenamento oferece condições ao Partido Comunista Chinês para poder exercer coerção sobre outros países e infringir as suas soberanias”, escreveu o secretário da Defesa.

Na sequência deste jogo de pingue-pongue diplomático, o governante revelou que se prepara para visitar o Pacífico com reuniões marcadas com os líderes da região, parando no Havai, Palau e Guam.

A visita deverá ter na agenda a preparação da RIMPAC, o mega exercício militar naval, que acontece de dois em dois anos sob a batuta do Pentágono. O exercício deveria estar a realizar-se neste momento, mas foi sofrendo sucessivos atrasos devido à pandemia da covid-19.

27 Ago 2020

Diplomatas chineses e australianos discutem no Twitter sobre Mar do Sul da China

[dropcap]D[/dropcap]iplomatas chineses e australianos envolveram-se numa discussão no Twitter sobre as movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, após Camberra ter apoiado a posição dos Estados Unidos sobre as reivindicações territoriais chinesas.

A Austrália requisitou recentemente um memorando nas Nações Unidas que aponte que as reivindicações “não têm base legal”, envolvendo-se assim numa controvérsia que atraiu reações fortes de Pequim.

O alto comissário australiano nas Nações Unidas Barry O’Farrell escreveu, na quinta-feira, na rede social Twitter, que disse ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia que as medidas da China são “desestabilizadoras e suscetíveis de provocar uma escalada”. Em resposta, o embaixador chinês Sun Weidong acusou O’Farrell de “desconsiderar os factos”. “É evidente quem salvaguarda a paz e a estabilidade e quem desestabiliza e provoca escaladas na região”, acusou.

O’Farrell reagiu ao apontar que a China devia seguir uma decisão do tribunal internacional de Haia, que remonta a 2016, e que rejeitou a maioria das reivindicações de Pequim. A China denunciou a decisão como “ilegal” e não vinculativa.

Os comentários de O’Farrell atraíram elogios dos internautas da Índia, onde o público e os políticos têm apelado a uma linha mais dura nas relações com a China, após um confronto sangrento ao longo da fronteira disputada entre os dois países.

A China disse hoje que bombardeiros de longo alcance estiveram entre as aeronaves que participaram de exercícios aéreos recentes sobre o Mar do Sul da China, face às crescentes tensões entre Washington e Pequim em torno daquela rota marítima estratégica.

Os exercícios incluíram partidas e aterragens noturnas e simularam ataques de longo alcance, disse o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Ren Guoqiang. Entre os aviões constaram os bombardeiros H-6G e H-6K, versões atualizadas de aeronaves há muito usadas nas forças armadas da China, disse Ren.

Os exercícios foram agendados anteriormente e visam aumentar as habilidades dos pilotos para operar sob todas as condições, independentemente do clima ou da hora do dia. Ren não detalhou se foram usadas bombas reais.

A China construiu pistas de aterragem em muitas das ilhas no Mar do Sul da China, incluindo ilhas artificiais sobre recifes de coral. Os navios chineses, incluindo dois porta-aviões do país, realizam operações frequentes na área, às vezes para monitorar e, ocasionalmente, assediar navios de outros países.

Pequim reivindica como sua a maioria do Mar do Sul da China, apesar dos protestos do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei. Este mar estratégico, por onde transitam anualmente cerca de 5.000 mil milhões de dólares de mercadorias, tem vastas reservas de gás e petróleo.

As tensões recorrentes entre países com fronteiras com o mar do sul da China são consideradas como uma fonte potencial de conflito na Ásia.

3 Ago 2020

Pentágono denuncia exercícios militares chineses no mar do Sul da China

[dropcap]O[/dropcap] Pentágono denunciou na quinta-feira a realização de exercícios militares por parte de Pequim ao largo de um arquipélago no mar do Sul da China, acção que considera “desestabilizar ainda mais” a situação naquela região.

“O Departamento de Defesa está preocupado com a decisão da China em realizar exercícios militares no arquipélago de Paracel, no mar do Sul da China, entre 01 e 05 de julho”, realçou o Pentágono, em comunicado, citado pela agência AFP.

Segundo os norte-americanos, estas actividades “destabilizam ainda mais a situação” naquela área que é reivindicada pela China, mas também pelo Vietname e Taiwan. “Estes exercícios também violam os compromissos assumidos pela China na declaração sobre a conduta de todas as partes no mar do Sul da China de 2002”, acrescentou Washington.

O Pentágono refere-se ao texto assinado pelos países da Associação das Nações do Sudeste Asiático que prevê que todas as partes “evitem actividades que possam complicar ou agravar disputas ou ameaçar a paz e a segurança”.

O comunicado destaca ainda que esta é apenas a acção “mais recente de uma longa lista da China nas reivindicações marítimas ilegais e feitas para prejudicar os seus vizinhos asiáticos”.

Washington acrescenta que apenas quer “uma região livre e aberta, onde todos os países, grandes e pequenos, sejam seguros e soberanos, livres de coerção e que possam desenvolver as suas economias de acordo com normas e padrões internacionais”. Assegura também que irá “continuar a monitorizar” as atividades militares chinesas na região.

O arquipélago de Paracel são ilhas da China e do Vietname, reivindicadas pelos dois países juntamente com Taiwan, e que são controladas há mais de 40 anos por Pequim, que as militarizou, instalando mesmo mísseis naquela região.

A Marinha dos EUA patrulha regularmente este arquipélago e o dos Spratleys, mais ao sul, para garantir a liberdade de navegação em águas internacionais, perante os protestos regulares por parte da China contra esta situação.

Nos últimos anos, Pequim tem tomado medidas mais agressivas para reivindicar aquelas águas estratégicas. Em Julho de 2016, um tribunal de arbitragem internacional invalidou as reivindicações históricas da China com base no tratado das Nações Unidas, decisão que foi rejeitada por Pequim após ter recusado participar no caso.

3 Jul 2020

Mar das Filipinas | Porta-aviões dos EUA em manobras contra reivindicações chinesas

[dropcap]D[/dropcap]ois porta-aviões da marinha norte-americana estão a realizar operações duplas no Mar das Filipinas, indicaram ontem fontes militares, numa demonstração da prontidão da sua força militar em apoio aos aliados do sudeste asiático, pressionados pelas reivindicações territoriais da China.

Navios e aviões designados para acompanhar os porta-aviões Nimitz e Ronald Reagan começaram os exercícios no domingo passado, informou em comunicado a 7ª frota dos Estados Unidos, responsável pelas operações no Indo-Pacífico.

“As operações demonstram o nosso compromisso com os aliados regionais (…) e a nossa prontidão para enfrentar todos os que desafiam as normas internacionais”, disse o contra-almirante George Wikoff, comandante do Grupo de Ataque 5, num comunicado.

“A marinha dos EUA realiza regularmente operações integradas de grupos de ataque para apoiar um Indo-Pacífico livre e aberto e promover uma ordem internacional baseada em regras, em que cada país pode atingir o seu potencial sem sacrificar a soberania”, acrescentou.

Os líderes do sudeste asiático emitiram também uma das suas declarações mais fortes de sempre em oposição às reivindicações territoriais da China de praticamente todo o Mar do Sul da China.

Os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático subscreveram a posição do Vietname numa declaração emitida no sábado passado.

“Reafirmamos que a UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], de 1982, é a base para determinar direitos marítimos, direitos soberanos, jurisdição e interesses legítimos sobre zonas marítimas”, lê-se no comunicado.

A Convenção define os direitos das nações aos oceanos do mundo e demarca zonas económicas exclusivas onde os estados costeiros têm o direito à exploração exclusiva dos recursos de pesca e combustível.

A China tem procurado bloquear estas declarações, pedindo o apoio do Camboja e outros aliados da ASEAN.
O secretário de Defesa das Filipinas, Delfin Lorenzana, alertou ainda que qualquer medida da China para estabelecer uma zona de identificação de defesa aérea sobre o Mar do Sul da China seria altamente desestabilizadora.

Zona agitada

Alguns países da região temem que a China esteja a considerar a criação de uma zona de identificação de defesa aérea na região do Mar do Sul da China, semelhante ao que fez em 2013, no Mar do Leste.

Essa declaração anterior foi amplamente ignorada, com os EUA entre os países que afirmaram que não cooperariam com as exigências chinesas. A China disse que a decisão depende de até que ponto se sente ameaçada.

Lorenzana considerou que a decisão de Pequim violaria os direitos de outros países no acesso às suas zonas económicas exclusivas.

“Eles continuariam a usar essas águas e o espaço aéreo e aumentariam ainda mais a tensão, podendo resultar em percalços ou erros de cálculo no mar e no ar”, apontou Lorenzana.

Os navios da marinha dos EUA e do Japão realizaram exercícios conjuntos no Mar do Sul da China, em 23 de Junho, reunindo dois dos maiores rivais militares da China.

O exercício foi projectado para “praticar e aprimorar a interoperabilidade bilateral entre as duas marinhas”, explicou a 7ª Frota dos EUA em comunicado.

Os exercícios reuniram o navio de combate norte-americano USS Gabrielle Giffords e os navios de Autodefesa Marítima do Japão JS Kashima e Shimayuki JS Shimayuki (TV-3513).

30 Jun 2020

Mar do Sul | Pequim reafirma recusa de arbitragem internacional

Apesar das reivindicações filipinas, a China não altera uma vírgula à sua posição de soberania sobre a totalidade do Mar do Sul e recusa qualquer posição internacional que ponha em causa as suas pretensões

 
[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo filipino que o país não reconhecerá uma decisão arbitral internacional que não vá ao encontro das pretensões chinesas no Mar do Sul da China, foi sábado divulgado.
Esta posição chinesa foi transmitida pelo porta-voz do governo da Filipinas, citado pela agência AP, na sequência de uma reunião entre os dois países, durante a qual foi abordada a questão em torno da soberania do Mar do Sul da China.
A China reclama a soberania total daquele mar, apesar da existência de uma decisão de 2016 de um tribunal internacional que invalida a pretensão chinesa.
Os chineses não reconhecem essa decisão e têm expandido a sua presença no território, militarizando uma série de ilhas e recifes disputados.
“O Presidente Xi Jinping reiterou que o seu governo não reconhece a decisão arbitral, no entanto ambos os Presidentes entendem que estas diferenças não devem prejudicar o bom relacionamento entre os dois países”, sublinhou o porta-voz filipino.
O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que tem reforçado os laços com Pequim, é criticado por nacionalistas e grupos de esquerda nas Filipinas, por não exigir à China que cumpra com a decisão do tribunal.

Manobras perigosas

O Mar do Sul da China é de vital importância geoestratégica, já que ali circula 30 por cento do comércio global e 12 por cento da pesca mundial, contendo ricas reservas de petróleo e gás.
Em Junho passado, uma colisão entre uma embarcação pesqueira filipina e uma embarcação chinesa em águas disputadas provocou a ira de vários grupos nacionalistas filipinos, apesar de Manila e Pequim terem minimizado o incidente.
Em Maio passado, o líder filipino falou brevemente do assunto com Xi, mas o porta-voz presidencial das filipinas, Salvador Panelo, indicou que Duterte abordaria desta vez o assunto de forma mais directa.
O secretário de Defesa das Filipinas, Delfin Lorenzana, pediu a Pequim este mês para explicar as movimentações dos navios de guerra chineses em águas reivindicadas pelas Filipinas e acusou a China de abusar.
Lorenzana disse que a China não pediu permissão para enviar vários navios de guerra pelo estreito de Sibutu, na ponta sul do arquipélago das Filipinas, em quatro ocasiões, entre Fevereiro e Julho.
Acusou ainda dois navios chineses que fazem prospecção de operar na zona económica exclusiva das Filipinas.

2 Set 2019