Associação de Jovens Macaenses | Jorge Valente pondera deixar direcção

Com oito anos de existência celebrados na última semana, a Associação de Jovens Macaenses pode mudar de presidente no próximo ano. Isto porque Jorge Valente está a ponderar não se recandidatar para dar lugar a sangue novo

 

O mandato de Jorge Valente como presidente da Associação dos Jovens Macaenses termina este ano, e nas próximas eleições a liderança poderá ter um novo rosto. Isto porque o empresário confessou ao HM que está a ponderar não se recandidatar.

“Provavelmente não me recandidato como presidente da direcção porque as ideias novas acabam por se esgotar se for sempre a mesma pessoa. Nos últimos anos atraímos mais jovens e preparamos mais pessoas para se chegarem à frente e levarem a associação a fazer coisas mais inovadoras.”

Os estatutos determinam que os associados não podem ter mais de 45 anos. Apesar de ainda não ter atingido essa idade, Jorge Valente disse que está na altura “de surgirem outras pessoas que, no próximo mandato, levem a associação a patamares mais altos”.

O actual dirigente “gostaria de ver mais dinamismo e mais vertentes” na associação. Com oito anos celebrados na passada quinta-feira, a Associação dos Jovens Macaenses sofreu as consequências da pandemia, ao ter de cancelar uma série de eventos.

“O nosso mandato termina no fim deste ano e para o ano há novas eleições. A próxima equipa terá de definir o que a associação vai fazer no futuro”, declarou.

Balanço positivo

Nos últimos oito anos, a Associação dos Jovens Macaenses viu muitos jovens sair para outras entidades, mas Jorge Valente considera que esse é um sinal de que os jovens macaenses estão hoje mais despertos para o associativismo.

“A divulgação aumentou, o que fez com que os jovens macaenses tenham percebido que a sociedade de Macau é inclusiva. Não estamos excluídos. Vários jovens entraram para a nossa associação, saíram e entraram para outras associações de matriz portuguesa ou outras mais ligadas aos seus passatempos. De outra forma, talvez não tivessem começado.”

Em relação ao futuro e à integração regional do território na Grande Baía, Jorge Valente considera que “a comunidade macaense adapta-se e sobrevive”. “É uma questão de fazer ajustamentos e seguir em frente”, frisou.

A associação “começou do nada” há oito anos, mas conseguiu “firmar a sua presença”. “Hoje temos uma maior participação, embora ainda seja longe do que queríamos atingir na altura. Mas o balanço que faço é positivo. Ao longo destes anos tivemos de ser de tudo um pouco, para toda a gente. Temos uma vertente de desporto, fazemos viagens de intercâmbio, actividades relacionadas com música, palestras com vários temas”, defendeu.

Relativamente ao futuro, Jorge Valente quer que a associação se mantenha eclética e não apenas virada para a vertente comercial.

8 Set 2021

Economia | “Situação vai continuar no próximo meio ano”, Jorge Neto Valente

O empresário Jorge Neto Valente defende que, a curto prazo, as perspectivas económicas são “muito más” e que a situação se deve arrastar, pelo menos, por mais seis meses. Para o sócio da fábrica de máscaras criada em 2020 em Macau, o novo surto prova que “é preciso ter capacidade de produção local”

 

A reboque do prolongamento da pandemia e do surgimento de novos casos de covid-19, o empresário Jorge Neto Valente considera que o tecido empresarial de Macau está a atravessar um “momento difícil” e não vê melhorias no horizonte dos próximos seis meses.

“Há muitas empresas a entrar em falência e outras que vão entrar (…) muito em breve. A situação está mesmo muito má, porque os turistas são praticamente inexistentes, a pandemia piorou e as poupanças que as pessoas tinham estão a chegar ao fim. Portanto, o ciclo é bastante mau. A curto e a médio prazo, as perspectivas são muito más e toda a gente concorda que a situação vai continuar assim, pelo menos, nos próximos seis meses, se não for mais”, apontou ao HM.

Apesar de referir que, face ao novo surto de covid-19, as empresas de Macau estão a colaborar plenamente com todas as regras e medidas de contingência implementadas pelos Serviços de Saúde, Neto Valente afirma que, do ponto de vista comercial há “um grande problema”. Isto, quando passados praticamente dois anos, as empresas continuam a “sofrer muito”, sem que haja uma perspectiva para o final das consequências da pandemia.

Para o empresário, a incerteza dos tempos e a realidade do novo contexto deve servir para motivar as empresas a puxar pela capacidade de adaptação, independentemente de o vírus poder vir a ser controlado ou de ser adoptada uma política fronteiriça mais flexível.

“Não adivinho o futuro, mas, como empresários (…) o que temos de fazer é adaptar-nos à realidade actual e sobreviver num novo contexto através da experiência adquirida. Mesmo que o sector recupere um pouco e que os turistas comecem a voltar (…) temos de saber como vamos sobreviver perante um futuro em que o sistema fiscal tem menos receitas económicas”, defendeu.

Receita da casa

Jorge Neto Valente, também sócio de uma fábrica de máscaras criada no ano passado em Macau, apontou ainda que o novo surto local de covid-19 veio provar a importância da capacidade de produção dentro de portas. Sobretudo, quando o surgimento de novos casos implica alterações às regras de passagem fronteiriça e, consequentemente, constrangimentos ao nível do abastecimento de mercadorias no território.

“Este último surto veio provar que é preciso ter capacidade de produção local. Mal surgiram os novos casos, no dia seguinte, houve uma corrida aos testes de ácido nucleico e (…) à compra de máscaras”, começou por explicar.

“Sentimos, desde logo, que houve mais procura [por máscaras]. O problema que se põe é que [como se viu], quando há surtos, não se consegue importar nada porque os próprios condutores de camiões de mercadorias ficaram imediatamente condicionados a nível fronteiriço pela obrigatoriedade de apresentar testes de ácido nucleico com a validade de 12 horas”, partilhou com o HM.

13 Ago 2021

Líderes de associações contestam conclusões de novo livro de Roy Eric Xavier

“The Macanese Chronicles: A History of Luso-Asians in a Global Economy” é o título do mais recente livro de Roy Eric Xavier, académico da Universidade de Berkeley. Roy Eric Xavier defende que as associações macaenses não estão a desenvolver devidamente o seu papel de ligação entre a diáspora e as oportunidades económicas da Grande Baía e da China, mas Miguel de Senna Fernandes e Jorge Valente contestam: não só o interesse da diáspora é pouco como as associações não têm meios para fazerem esse trabalho

 

[dropcap]O[/dropcap] mais recente livro de Roy Eric Xavier, macaense e académico da Universidade de Berkeley, Califórnia, traça o retrato das comunidades luso-asiáticas ao longo dos séculos e o seu papel na construção da primeira economia a ligar a Europa à Ásia. Publicado pelo jornal Ponto Final e pela Far East Currents Publishing, e distribuído pela Amazon, a obra “The Macanese Chronicles: A History of Luso-Asians in a Global Economy” traça também o retrato da comunidade macaense desde os seus primórdios, sobretudo o seu papel económico.

Mas Roy Eric Xavier não deixa de lançar algumas críticas sobre a actuação das associações de matriz macaense quanto ao fraco aproveitamento das oportunidades económicas lançadas pela China nos dias de hoje, nomeadamente no que diz respeito ao projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Os líderes macaenses em Macau têm tido dificuldades em definir o seu próprio legado histórico enquanto tentam definir o papel da comunidade na agenda geopolítica da China”, lê-se nas conclusões do livro.

O autor fala de falhas na comunicação entre associações e membros da comunidade macaense na diáspora que “procuram informação sobre oportunidades regionais de comércio e de negócios”. Há uma “apatia” e uma “falta de ligação com as empresas”, aponta Roy Eric Xavier.

“A falta de capacidade dos líderes macaenses de incluir empresários e profissionais de turismo” em actividades como os Encontros da Comunidade Macaense pode ter efeitos negativos, aponta o livro. “A indiferença em relação a novos negócios em Macau pode minar a relação dos macaenses com a China em geral”, lê-se.

Ao HM, o autor defendeu que “as oportunidades que os líderes macaenses obtiveram da China desde a transição não foram utilizadas plenamente”. E dá exemplos. “O fundo recebido nos últimos 20 anos pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foi dado para encorajar as trocas culturais, de turismo e empresariais com a diáspora macaense, mas o CCM não conseguiu atrair as gerações mais jovens.”

Roy Eric Xavier alerta ainda para o decréscimo crescente da participação dos mais jovens nos Encontros, “na maioria devido ao facto de o CCM não envolver os macaenses jovens que querem trazer novas oportunidades de negócio para Macau”. “O CCM evita questões durante os Encontros sobre visitas a zonas tecnológicas em Shenzhen. Isto poderia ser apenas uma de muitas oportunidades para desenvolver parcerias, e para ajudar a diversificar a economia de Macau através do turismo cultural. Mas estas oportunidades não foram aproveitadas”, acrescentou.

Objectivos distintos

Roy Eric Xavier disse também ao HM que reuniu e comunicou com os líderes do CCM várias vezes, mas que teve sempre não como resposta às suas sugestões. “Disseram-me sempre que o seu interesse não passa pelo envolvimento nos negócios. Além disso, comunicaram com os líderes das casas de Macau na diáspora para não darem crédito à minha investigação ou a outras tentativas de envolvimento. Mas eu não vou desistir”, confessou.

Para o autor, “é importante que a China reconheça os macaenses a nível internacional, especialmente os que residem nos EUA, Europa e Austrália, e que estão dispostos a ultrapassar as actuais tensões entre a China e os EUA ao trabalhar com a China, desenvolvendo parcerias empresariais e culturais”. “O CCM e outros líderes macaenses em Macau que desperdiçam esta oportunidade não representam toda a comunidade”, frisou Roy Eric Xavier.

Em relação ao projecto da Grande Baía, “alguns líderes macaenses em Macau simplesmente não vêem como o turismo cultural pode trazer novos visitantes às oportunidades de negócio”. “Muitos macaenses da diáspora estão envolvidos nas áreas da tecnologia e indústrias que o projecto da Grande Baía espera atingir. Não tem havido o encorajamento ou convites por parte do CCM ou de outras associações de macaenses para se envolverem”, aponta.

Contactado pelo HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), disse que as associações locais não têm recursos financeiros e humanos para levar para a frente a tarefa que Roy Eric Xavier propõe.

“Ele tem uma perspectiva que não é a nossa, a de aproveitar a comunidade para os negócios”, frisou. “Os Encontros não são para fazer negócios, mas se nascerem daí, tudo bem. As pessoas com quem contactamos não têm nada a ver com o mundo dos negócios, para começar. Sabemos as nossas limitações e as nossas associações não estão vocacionadas para isso”, disse Miguel de Senna Fernandes.

O presidente da APIM destaca também o facto de serem escassos os pedidos de informações por parte da diáspora macaense para o investimento. “A comunidade macaense que está na diáspora luta pela sobrevivência nos locais onde se encontram e trabalham, e a maioria deles não pensa na Grande Baía. Se é uma pena, claro que sim. Não recebemos pedidos de informações, que eu saiba. Ninguém da diáspora manifestou interesse em desenvolver algum projecto económico aqui.”

Acrescentar e não mudar

Miguel de Senna Fernandes não tem dúvidas de que, com mais recursos, até se poderia pensar em criar uma plataforma exclusivamente destinada aos negócios, à semelhança de uma câmara de comércio. Mas, para já, é impossível.

Quanto a uma possibilidade de mudança na forma de actuação, o presidente da APIM diz que “não vamos mudar, mas podemos acrescentar”. “Há sempre horizontes para mais, desde que haja condições. Mas fora deste âmbito não é fácil ter esse tipo de ambição porque não temos meios. Caso contrário a própria comunidade portuguesa teria outra dinâmica. Mas com uma câmara de comércio não seria apenas para a comunidade, teríamos inevitavelmente de incluir membros que não têm nada a ver com a comunidade macaense. E assim seria apenas mais uma organização.”

Jorge Valente, presidente da Associação de Jovens Macaenses, fala também de escassos pedidos de informação por parte da diáspora, uma média de dois por ano, um número que considera muito baixo.

“As oportunidades da Grande Baía estão a ser mal aproveitadas não apenas pelos macaenses, mas por Macau inteiro. Até agora não houve o devido aproveitamento, mas com esta crise da covid-19 penso que as pessoas estão seriamente a querer aproveitar essas oportunidades”, declarou ao HM.

Quanto ao papel dos Encontros da comunidade macaense, “sempre foi uma decisão dos líderes de que não serviria apenas para reviver o passado ou como um espaço de convívio, mas para que tivesse também uma componente comercial de forma duradoura”. “Foi uma pena que isso não tenha acontecido, mas é algo que não podemos forçar e que os participantes também têm de desenvolver”, acrescentou.

Os programas dos Encontros da comunidade macaense passaram a incluir algumas visitas ao Interior da China e a Hengqin nos últimos anos, com a economia à espreita, mas a verdade é que é difícil contabilizar os resultados práticos.

“Quando vamos a Hengqin e quando visitamos empresas na China ou em Macau isso faz parte da componente empresarial, mas não dizemos que esta pessoa vai assinar um contrato com aquela empresa, por exemplo. Para isso acontecer teria de estar tudo bem negociado, os Encontros servem mais como um primeiro passo para esse contacto.”

Jorge Valente não concorda que as associações mudem a sua matriz em função da vertente económica. “As pessoas têm é de saber os objectivos de cada associação e contactarem a associação certa para fazer as perguntas certas. Há perguntas que nos fazem e transmitimos essas questões a outras associações que têm a informação mais completa, ou dizemos para se deslocarem ao IPIM”, por exemplo. O HM tentou chegar à fala com Leonel Alves, presidente do CCM, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

Comunidades esquecidas

Este livro nasceu de alguns artigos já publicados no blogue Far East Currents, mas é sobretudo um retrato “das migrações [dos macaenses] e o desenvolvimento da sua cultura até ao presente”. “Queria destacar a grande comunidade macaense de Hong Kong, onde nasci. A segunda parte do livro conta-nos várias histórias de individualidades e eventos que, em conjunto, mostram a deterioração gradual das relações dos macaenses da segunda geração com o Governo colonial britânico. Esta é uma história que não está devidamente explorada e escrevi o livro também para encorajar mais investigações e bolsas para esta área”, defendeu ao HM.

Mas o livro é também o retrato do desenvolvimento de várias comunidades luso-asiáticas em locais como Goa e Malaca. Comunidades essas que têm sido destinadas ao esquecimento, defende Roy Eric Xavier.

“Os Governos e instituições de todo o mundo deveriam reconhecer e celebrar as contribuições destas comunidades para a cultura de cada país. Há muitas influências que não são reconhecidas, incluindo a língua, arte e diferentes gastronomias. O facto de muitas destas comunidades terem mantido estas tradições desde o século XVI sugere a longevidade e a força destas culturas, bem como as contribuições que os portugueses trouxeram a diferentes culturas no mundo”, rematou.

29 Set 2020

Máscaras | Jorge Valente ponderou fazer a fábrica na Ilha da Montanha

A fábrica de máscaras prevista para Macau só não foi já para Hengqin porque era necessária “para ontem”, mas a hipótese continua em cima da mesa em caso de expansão. Ao HM, Jorge Valente, sócio do projecto, conta ainda como foi difícil convencer os parceiros que o plano de abrir uma fábrica em Macau não era uma anedota

 

[dropcap]A[/dropcap] fábrica de máscaras prevista para abrir em Macau na zona da Areia Preta pode expandir-se para a Ilha de Hengqin. Quem o diz é o empresário e sócio do projecto, Jorge Neto Valente, adiantando ainda que a fábrica só não vai abrir já na Ilha da Montanha porque a nova fronteira entre Macau e o território ainda não está operacional.

“Ponderámos muito abrir a nossa fábrica na Ilha da Montanha, mas acabámos por decidir fazer em Macau neste momento, por uma razão muito simples: a nova fronteira ainda não está aberta. Creio que depois de a nova fronteira estar aberta vai haver facilidades em passar pessoas e materiais. Como precisávamos da fábrica para ontem (…) a fronteira de Hengqin continua a ser uma fronteira que é morosa e que não oferece vantagens”, disse.

Prevendo que a fábrica entre em funcionamento já em Maio, Jorge Valente aponta para que esse passo seja dado “daqui a seis meses ou um ano”, quando a fronteira já estiver a funcionar bem. “Se expandirmos a nossa fábrica daqui a um ano, muito provavelmente, já iremos para Hengqin. Mas só depois da nova fronteira abrir”, sublinhou.

Segundo o empresário, a unidade fabril resulta de um investimento total “não superior a sete milhões de patacas” da AS King – Produtos Médicos Limitada e terá a capacidade de produzir entre 50 mil a 140 mil máscaras diariamente.

Questionado sobre se foi fácil mobilizar o financiamento e as peças necessárias para pôr o projecto em marcha, Jorge Neto Valente revelou que numa fase inicial o trabalho passou sobretudo por convencer os parceiros de que se tratava de um plano sério.

“Muitos pensavam que era uma anedota. Tanto os fornecedores da China, como governantes e associações a quem pedimos ajuda pensaram que não era possível em Macau”, explicou o empresário. “Quando se fala de diversificação da indústria, a verdade é que não se pensa mesmo em indústria. Macau não é um sítio onde exista agricultura ou indústria e quando falámos numa fábrica de máscaras, acharam que não era verdade”, acrescentou.

Menos mal

Sobre a possibilidade de o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau poder vir a sofrer consequências a longo prazo, Jorge Valente não se mostra preocupado e afirma mesmo que “se as crises forem bem aproveitadas é possível planear melhor o futuro em situações semelhantes”.

Quanto à recuperação económica de Macau, o empresário considera que “as coisas vão melhorar”, mas que “vamos passar do péssimo ao muito mau”, prevendo uma recuperação lenta. “Ainda vamos passar por muita dor, mas (…) vamos sobreviver”, apontou.

27 Abr 2020

Associação leva jovens à China para potenciar negócios com diáspora de Macau

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Associação dos Jovens Macaenses disse à Lusa esperar que as visitas promovidas pela instituição ao interior da China possam resultar em novos negócios e ligações da diáspora de Macau ao continente.

“Estas cidades chinesas menos conhecidas, de segunda ou terceira linha são, em muitos casos, as ‘gemas escondidas’ da China”, afirmou Jorge Neto Valente para justificar a visita anual da associação, na qual participaram 39 jovens numa deslocação à província chinesa de Anhui, no leste da China, que decorreu ao longo passada semana.

O responsável referia-se a Hefei, capital da província de Anhui, onde se desenvolveu um polo tecnológico de empresas nas áreas da computacão e da tradução automática, visitado pelo grupo.

“A partir daqui, espero que estes jovens voltem de novo a Anhui, quer em turismo, quer para desenvolver um negócio”, sublinhou.

A visita foi organizada em conjunto com o Gabinete de Ligação do Governo central chinês em Macau, e decorreu entre 29 de outubro e 2 de novembro.

Oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Reino Unido, Austrália e Hong Kong, entre outros, os 39 jovens, com idades até aos 45 anos, visitaram a Montanha Amarela e a aldeia de Hongcun, um dos cenários do filme de Ang Lee “O Tigre e o Dragão”, de 2000.

O grupo manteve ainda encontros com representantes da Conferência consultiva política do povo chinês de Anhui e do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Governo Popular da Província de Anhui.

A iniciativa surge na sequência do IV Encontro da Comunidade Juvenil Macaense, cujo programa incluiu, entre outra atividades, palestras, aulas de dança folclórica e do Dragão (milenar tradição de origem chinesa), de culinária e de patuá, uma língua crioula macaense de base portuguesa.

6 Nov 2018

Maló suspensa por falta de higiene e prática de procriação médica assistida

A clínica Maló em Macau foi encerrada por seis meses devido à prática ilegal de procriação médica assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia e falta de condições de higiene e segurança. O HM falou com um antigo accionista que conta o risco que a marca correu ao vender a clínica

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]suspensão da licença aconteceu na sequência de “irregularidades graves”, segundo notícia veiculada pela emissora pública TDM, que informou também que a clínica comunicou através das redes sociais que estava fechada para efeitos de remodelação. O motivo para a acção dos Serviços de Saúde (SS) prende-se com a suspeita de que na clínica se fizessem procriação medicamente assistida, tráfico e contrabando de medicamento oncológicos, assim como falta de condições higiénicas e de segurança nas instalações.

“Acho que os SS devem ter feito a investigação devida para emitir a suspensão”, comenta Jorge Valente, ex-accionista da sucursal de Macau.

Numa nota enviada posteriormente aos jornalistas, os SS informaram que “o Hospital Taivex/Malo está suspenso até 21 de Maio de 2018 devido à prática de procriação medicamente assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia, falta de condições de higiene e segurança para a prestação de cuidados de saúde”.

As instalações foram encerradas na passada quinta-feira, tendo sido aplicadas duas multas. Uma no valor de 103.000 patacas a quatro médicos e um enfermeiro, e outra de 76.000 patacas.

Marca marcada

“A licença de um médico foi suspensa por um período de 90 dias. Não houve nenhuma vítima resultante desta situação, no entanto não está excluída a possibilidade de uma sanção penal já que o caso foi remetido ao Ministério Público para acompanhamento”, referiu o comunicado dos SS.

A investigação à clínica fundada em Macau por Paulo Maló foi desencadeada após denúncias recebidas pelos SS em 2016 e já em Junho deste ano, sobre a “prática ilegal de serviços de oncologia, técnicas de procriação medicamente assistida, tráfico e contrabando de medicamentos destinados ao tratamento oncológico no interior da China, efetuadas, alegadamente, pelo Hospital de Dia “TaivexMalo”, acrescentou. Foi também detectada uma página de Internet que publicitava no interior da China “a prestação de serviços de procriação medicamente assistida no Hospital “TaivexMalo””.

“Quando éramos administradores mantínhamos a qualidade e segurança exigidas. Não sei o que aconteceu, depois de termos saído, pelos vistos, alguma coisa mudou”, conta Jorge Valente. O ex-accionista da clínica acrescenta que “este caso tira credibilidade a uma empresa, ou marca” e que a empresa-mãe deve ter sido “apanhada de surpresa”. Porém, Jorge Valente considera que este “é um risco inerente quando se vende uma empresa e uma marca”.

Os SS revelaram que “após a audiência dos médicos envolvidos, dos profissionais de saúde e do responsável deste hospital de dia, foram recolhidas provas suficientes de que a unidade realizou técnicas de procriação medicamente assistida e prestou serviços de oncologia, sem autorização dos Serviços de Saúde”.

É de salientar que depois de efetuadas as melhorias exigidas, e de uma inspecção pelos Serviços de Saúde, a clínica pode requerer o termo da suspensão da licença.

27 Nov 2017

Melinda Chan, da lista 18, foi a grande derrotada das eleições

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] noite eleitoral começou bem para os lados da Doca dos Pescadores e os primeiros resultados, após a contagem dos votos de Coloane, pareciam indicar a reeleição de Melinda Chan, que concorria como líder da lista 18, a Aliança pr’a Mudança.

Contudo, à medida que as horas passavam, os gritos de euforia e os sorrisos depressa passaram às lágrimas da derrota. Melinda Chan não foi reeleita deputada por uma margem de 160 votos, e cá fora não faltaram rostos tristes e de semblante carregado, incluindo o de David Chow, seu marido e empresário, que esteve sempre ao seu lado à medida que se viam os números no ecrã.

“Estava confiante e estou muito desiludida”, disse aos jornalistas, por volta das 2h00, quando já se conheciam os primeiros vencedores. “Nunca pensei que não ia vencer, mas respeito a decisão dos cidadãos. Não sei o que aconteceu, talvez não tenham gostado do que disse na campanha”, apontou.

A candidata derrotada não sabe o que vai fazer a seguir. Continuar o trabalho na Associação de Beneficência Sin Meng é um dos planos, tal como “tirar umas longas férias”. O desapontamento de Melinda Chan foi tão grande que não sabe sequer se será candidata nas próximas legislativas, daqui a quatro anos. “Não me parece que vá concorrer novamente”, frisou.

O número três da lista, Jorge Valente, também se mostrou francamente desiludido, naquela que foi a sua estreia na política. “Teremos menos uma voz na Assembleia Legislativa que levaria várias ideias, incluindo algumas minhas”, respondeu. “Acho que perdemos alguns votos que viriam dos casinos, das listas que representam os trabalhadores, e os democratas ganharam alguns lugares. Temos de aceitar o resultado”, adiantou.

Apoiantes de Melinda Chan no auditório da Doca dos Pescadores. Foto: HM

Mudança de estratégia

No início da noite, o ambiente era de festa e vários residentes de Macau, a viver no Continente, deslocaram-se de propósito à Doca dos Pescadores para ver Melinda Chan vencer de novo.

Na plateia encontravam-se vários jovens, como foi o caso de Mathew Wong, de 27 anos e trabalhador num banco. “Ela teve um papel importante na discussão sobre a lei de protecção dos animais e lei da violência doméstica. Sinto que ela representa a maioria das pessoas. As gerações mais jovens querem uma mudança na sociedade e acredito que a maioria pensa que o futuro de Macau tem de mudar”, defendeu ao HM.

Mathew Wong não tem dúvidas de que a passagem do tufão Hato por Macau fez despertar consciências. “Muitas pessoas perceberam que algo tem de mudar no Governo e que precisamos de melhores transportes e infra-estruturas, mais transparência e menos burocracia”, apontou.

Foto: HM

Jorge Fão, que foi número dois de David Chow, marido de Melinda Chan, no hemiciclo, disse que a Aliança pr’a Mudança tinha mudado a sua estratégia. Dos assuntos sociais, queria começar a abordar as necessidades dos pequenos empresários e do sector do turismo.

“Mudámos para a classe média, média alta. Mudámos a estratégia, com alguns riscos, mas mudámos. Acho que isto vai dar bons resultados porque, neste momento, vamos contar com uma base de apoio suficiente. Vamos ver se isto vai pegar”, disse ao HM. Horas depois, ficou confirmado que a mudança de estratégia não gerou frutos.

18 Set 2017

Jorge Valente defende “flexibilização” da importação de mão-de-obra

[dropcap style≠’circle’]A[/drocpap]o contrário do que é opinião corrente e declamada entre muitos políticos da RAEM, nomeadamente “tradicionais” e “democratas”, Jorge Valente defendeu este fim de semana a “flexibilização” da importação de mão-de-obra. Isto porque a considera essencial para as pequenas e médias empresas “sobreviverem e crescerem”, defendeu, em entrevista à Rádio Macau, conduzida por Gilberto Lopes e Hugo Pinto.

O candidato às eleições legislativas, que será o número três da lista de Melinda Chan, define os problemas e as preocupações das pequenas e médias empresas como um dos seus vectores de orientação política. Assim, considerou que a lei que regula a importação de mão-de-obra não defende as pequenas e médias empresas e argumentou que a questão principal não passa por autorizar mais trabalhadores estrangeiros, mas sim “flexibilizar” a sua contratação.

O incompreensível estado do sítio

Outra área que Jorge Valente sublinhou é o trânsito. O candidato quer uma melhor rede de transportes públicos e que se aposte nos autocarros amigos do ambiente: “Só devíamos usar autocarros a gás ou eléctricos. As três companhias de autocarros públicos deviam ser proibidas de usar autocarros a gasolina ou a gasóleo. Também ainda não percebi como não é possível ter ciclomotores eléctricos”.

No que diz respeito às concessionárias de transportes, Jorge Valente também defende uma nova política de subsídios, afirmando que devem ser calculados com base no número de utilizadores da rede, em vez de se privilegiar os percursos.

Sobre a habitação, outro tema no centro das preocupações da população, Valente afirma que o Governo deve disponibilizar anualmente um número de casas económicas e sociais e, nos terrenos que foram recuperados, devem ser construídas fracções que só possam ser adquiridas por quem está a comprar a primeira casa.

Por um Chefe “empresário”

Nas questões económicas, o candidato diz que o salário mínimo não é importante no actual momento, uma vez que não deve “trazer nada de valor acrescentado à população de Macau”. Avaliando a acção governativa, Valente acusa o Executivo de ser “muito passivo” e “muito reactivo”, e aponta a experiência empresarial como um requisito para o futuro Chefe do Executivo, que deve ser “uma pessoa decisiva”.

O candidato defendeu ainda o ensino do português e do chinês em todas as escolas de Macau, a partir do ensino infantil.

Na entrevista, Jorge Valente desvalorizou a polémica em torno do jantar no Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, no qual discursou, e que foi alvo de críticas por parte do deputado José Pereira Coutinho, que acusou Pequim de interferência nas eleições. Valente garante que tem discursado em vários eventos nas últimas semanas, e que não tem oferecido jantares a ninguém.

Com o cargo de presidente da Associação dos Jovens Macaenses suspenso por causa da corrida à Assembleia Legislativa, Jorge Valente reconhece que será difícil ser eleito, mas não impossível. O candidato observa que “um bom resultado é entrarem dois” e “óptimo é entrarem três”.

26 Jun 2017