Comércio | China acompanha Fórum Macau em viagem a Portugal e Angola

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do Fórum Macau fez-se acompanhar, entre os dias 7 e 14 deste mês, pelo director do Departamento dos Assuntos de Taiwan, Hong Kong e Macau do Ministério do Comércio da China numa viagem oficial a Portugal e Angola. A visita aconteceu entre os dias 7 e 14 deste mês, mas só ontem foi divulgado um comunicado oficial.

Em Portugal foram feitas visitas ao Ministério da Economia, onde ambas as partes “manifestaram boas avaliações às relações económicas e comerciais sino-lusófonas, assim como afirmaram o importante papel do Fórum de Macau e de Macau como uma plataforma na promoção do desenvolvimento dessas relações”.
Foi também discutido o projecto “Uma Faixa, Uma Rota” e foi debatido a realização das medidas anunciadas na 5ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau. Outro trabalho realizado prendeu-se com a preparação para a 6ª conferência, que ainda não tem data para acontecer.

Na agenda constaram igualmente encontros com a AICEP e com a Embaixada da China em Portugal, tendo sido feita uma visita ao Centro de Experiências de Inovação Tecnológica da Huawei em Portugal.
Em Angola, a delegação teve um encontro com o director dos Serviços da Ásia e Oceânia do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que serviu também para abordar o papel do Fórum Macau nos últimos 15 anos. Foi também feita uma visita à Embaixada da China em Angola e ao projecto do Instituto das Relações Internacionais, cuja construção conta com o auxílio da China.

Depois das visitas aos dois países, a delegação será recebida em São Tomé e Príncipe.

20 Nov 2018

Conferência ministerial do Fórum Macau adiada para 2020

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] sexta conferência ministerial do Fórum Macau, prevista para o próximo ano, foi adiada para 2020, foi anunciado na sexta-feira em comunicado do Gabinete de Comunicação Social.

A decisão foi avançada na reunião de quinta-feira da comissão para o desenvolvimento da plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa, presidida pelo chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On.

Em declarações à Rádio Macau, a secretária-geral do Fórum Macau, Glória Batalha, indicou que a reunião “vai ser adiada para não coincidir com eventos de alto nível, como a próxima eleição para o cargo do chefe do Executivo”.

Além da eleição do chefe do Executivo, assinalam-se em 2019 “os 20 anos da transição de Macau para a China”, acrescentou a responsável do Fórum Macau.

Glória Batalha adiantou que “a data de 2020 já teve o aval da China”.

O Fórum Macau, criado em 2003 por Pequim, reúne-se a nível ministerial a cada três anos, tendo o último encontro decorrido em em outubro de 2016.

Em 2017, as trocas comerciais entre a China e a Lusofonia fixaram-se em 117.588 milhões de dólares (cerca de 96 mil milhões de euros), verificando-se um crescimento de 29,4%.

14 Out 2018

Lusofonia | Festival apresenta D.A.M.A e exposição de Vítor Marreiros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cartaz da 10ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, onde está incluído o Festival da Lusofonia, foi ontem apresentado e inclui os portugueses D.A.M.A. e uma exposição de Vítor Marreiros na residência consular. Haverá ainda espaço para o teatro e gastronomia.

A décima edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa arranca no próximo dia 9 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, tem um cartaz repleto de música, gastronomia, exposições e teatro, que vão passar por lugares como as Casas-Museu da Taipa, a Doca dos Pescadores e Largo do Senado.

De Portugal chegam os D.A.M.A., um projecto que mistura a música pop com o rap e que é composto pelos músicos Francisco “Kasha” Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho. O primeiro álbum da banda foi lançado em 2014 e intitula-se “Uma questão de princípio”. O cartaz tem também artistas oriundos de outros países de língua portuguesa, como é o caso de Black Jesus, de Timor-Leste, Moza Band Feast, de Moçambique, Rui Sangara, da Guiné-Bissau, Banda Circulô, do Brasil, e Grace Évora e Banda, de Cabo Verde. O angolano Paulo Flores, que tem já 28 anos de carreira e cerca de 15 discos gravados, é outro dos destaques. Da China foi convidado o Grupo Artístico Folclórico do Distrito de Songjiang, próximo de Xangai.

Estes artistas vão actuar no festival da lusofonia, que decorre no fim-de-semana de 12 a 14 de Outubro, estando também previstos concertos no Largo do Senado, entre os dias 15 e 17 de Outubro, e na Doca dos Pescadores, entre os dias 13 e 18 de Outubro.

Na área da gastronomia, quatro restaurantes vão acolher a iniciativa “Sabores do Mundo” dos Países de Língua Portuguesa, cujos dez chefes de cozinha foram propostos pelas associações lusófonas locais. Na Doca dos Pescadores estará aberto ao público o “Stand dos produtos alimentares dos países de língua portuguesa”, bem como o workshop entre pais e filhos da cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Por outro lado, vão estar patentes, nas Casas-Museu da Taipa exposições de arte contemporânea de artistas oriundos de Angola e Cabo Verde, nomeadamente Guilherme Manpuya e Tutu Sousa. Haverá também, na Doca dos Pescadores, uma feira de artesanato com dez artesãos vindos da província de Guizhou.

O Clube Militar acolhe a exposição de pintura lusófona, que decorre entre os dias 15 de Outubro e 4 de Novembro. Para celebrar os 15 anos de existência do Fórum Macau, estará patente na Doca dos Pescadores a exposição de fotografias “Ponto de Encontro, Pontes Intangíveis”, aberta ao público entre os dias 13 de Outubro e 4 de Novembro.

Residência artística

A exposição do designer gráfico Vítor Marreiros, na residência consular, será outro dos pontos altos do cartaz da semana cultural e pode ser visitada entre os dias 12 de Outubro e 8 de Novembro. Autor, há muitos anos, dos cartazes oficiais das comemorações do 10 de Junho, Vítor Marreiros não apresenta uma exposição em nome individual desde 2014.

Numa entrevista concedida o ano passado, explicou as razões dessa ausência. “Não exponho o meu trabalho numa galeria, ele está à vista. Já esteve mais, mas está à vista. Faço poucas exposições, nestes cerca de 30 anos devo ter feito umas quatro ou cinco, incluindo duas em parceria com o meu irmão [Carlos Marreiros] e com Ung Vai Meng, em Osaka. Não trabalho para fazer exposições.”

Com um programa à parte, decorre, este ano no edifício do antigo tribunal, o festival TEATRAU – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa, entre os dias 9 e 14 de Outubro.

A história dos estaleiros navais de Lai Chi Vun será contada pela companhia teatral Dream Theater Association, numa peça com o nome “O nosso estaleiro naval ‘Victory’”, localizado na povoação de Coloane. Vão também participar companhias de teatro vindas do Brasil, Angola, Cabo-Verde e Guiné-Bissau.

Todo o cartaz da semana cultural entre a China e os países de língua portuguesa tem a organização do Fórum Macau e do Instituto Cultural, entre outros e é coordenado pelo Instituto Português do Oriente.

Glória Batalha Ung, secretária-geral adjunta do Fórum Macau, referiu que o orçamento desta edição é de nove milhões de patacas, montante que não representa grande aumento face ao ano passado.

Rodrigo Brum, secretário-geral adjunto do Fórum Macau, explicou a importância crescente que a cultura tem tido nas relações entre a China e os países de língua portuguesa.

“O Fórum está a viver o seu 15º ano de existência e importa referir que o objectivo prioritário, tal como foi estabelecido na sua criação, era a dinamização da interacção económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, mas não constava a parte cultural. Mas na décima edição do evento já existe uma rotina estabelecida e tem sido dada importância à questão cultural, além dos assuntos económicos”, frisou.

Para Rodrigo Brum, “o maior envolvimento nas questões culturais é um ponto assente do Fórum Macau”, sendo a cultura “a instrumentalização dos objectivos prioritários” definidos na 5ª Conferência Ministerial, concluiu.

27 Set 2018

Comércio entre a China e os PLP subiu 21,5% até Julho

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 82,15 mil milhões de dólares nos primeiros sete meses do ano, traduzindo um aumento de 21,50 por cento face ao período homólogo do ano passado.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados ontem no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 57,53 mil milhões de dólares – mais 20,38 por cento – e vendeu produtos no valor de 24,61 mil milhões de dólares – mais 24,19 por cento em termos anuais homólogos.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 61,31 mil milhões de patacas, mais 22,86 por cento do que nos primeiros sete meses do ano passado. As exportações da China para o Brasil atingiram 20,06 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 28,14 por cento; enquanto as importações totalizaram 41,24 mil milhões de dólares, mais 20,45 por cento em termos anuais homólogos.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 18,28 por cento, atingindo 15,82 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,24 mil milhões de dólares – menos 0,60 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 14,58 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 20,23 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral entre Janeiro e Julho cifrou-se em 3,39 mil milhões de dólares – mais 6,81 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,09 mil milhões de dólares – mais 1,43 por cento – e comprou produtos avaliados em 1,29 mil milhões de dólares, mais 16,87 por cento face aos primeiros sete meses do ano passado.

21 Set 2018

Cimeira China-África | Fórum Macau defende relações bilaterais

 

Glória Batalha Ung, secretária-geral adjunta, defendeu que o sucesso do Fórum China-África, que se realiza hoje e amanhã em Pequim, passa pelo fomento de relações bilaterais

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]importância da participação dos países africanos de língua portuguesa no Fórum China-África “deve ser avaliada no contexto das relações bilaterais” que estes mantêm com Pequim, disse à agência Lusa a secretária-geral adjunta do Fórum de Macau.

Em causa, enuncia Glória Batalha Ung, está a participação de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, os cinco países africanos entre o oito que fazem parte do Fórum de Macau, uma plataforma de cooperação multilateral entre a China e os países de língua portuguesa.

A terceira edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) deverá juntar em Pequim, entre hoje e amanhã, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano.

A cimeira contará com três novos países: São Tomé e Príncipe, Burkina Faso e a Gâmbia, que elevam assim para 53 o número de nações africanas com relações com a China. Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no continente fixou-se em 3 mil milhões dólares, com destaque para novos sectores como indústria, finanças, turismo e aviação. O primeiro Fórum de Cooperação China-África aconteceu em Pequim, em 2006, e a segunda edição decorreu na África do Sul, em 2015.

Intenções africanas

São Tomé e Príncipe estreia-se hoje numa cimeira ao mais alto nível com a China, para onde viajou o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, com investimento chinês para a construção de 300 apartamentos para funcionários públicos na mira do Governo.

“Durante a minha estadia, um dos ministros que me acompanha irá assinar alguns acordos, um dos quais tem a ver com o projecto de construção de blocos de apartamentos para os funcionários públicos”, explicou. Patrice Trovoada diz-se satisfeito com o reatamento da cooperação entre os dois países, após uma suspensão de cerca de 20 anos, quando estabeleceu a cooperação com o Taiwan.

Também Angola vai estar representada ao mais alto nível neste fórum, tendo na agenda as negociações para uma nova linha de crédito chinês de 11.000 milhões de euros, para financiar vários projectos.

A comitiva é liderada pelo Presidente de Angola, João Lourenço, que terá encontro bilateral com o homólogo chinês, Xi Jinping, tal como anunciou, em comunicado, o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto.

Em quase duas décadas, as relações comerciais dos países de língua portuguesa com a China registaram um aumento significativo. Se em 2002, antes do estabelecimento do Fórum Macau, o valor global das trocas comerciais era de cerca de 6.000 milhões de dólares, em 2017 foi de 117,6 mil milhões de dólares.

Já o investimento directo da China nos países lusófonos passou de 56 milhões de dólares em 2003, para cerca de 5.700 milhões de dólares em 2016, sendo que o investimento total da China nestes países é de 50 mil milhões de dólares.

3 Set 2018

Bilinguismo | Universidade Cidade de Macau e Fórum Macau assinam acordo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) e a Universidade da Cidade de Macau assinaram, na sexta-feira, um acordo de cooperação no âmbito da formação de quadros bilingues.

De acordo com a secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, a cooperação bilateral poderá contribuir para a elevação de Macau como plataforma na formação de quadros bilingues em chinês e português, enunciado na quinta conferência ministerial da China.

Na ocasião, Xu Yingzhen agradeceu à Universidade os colóquios realizados nesta área e a criação do Instituto para a Investigação dos Países de Língua Oficial Portuguesa.

29 Mai 2018

Rodrigo Brum, Secretário-Geral Adjunto do Fórum de Macau: “Dar a conhecer esta imensa China”

Rodrigo Brum assumiu o cargo de Secretário-Geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau no passado dia 1 de Setembro. A prioridade do economista é ter as representação dos oito países de língua portuguesa dentro do organismo. Para já, estão a ser dados os primeiros passos para a apresentação dos representantes de empresas oriundas de países de língua portuguesa a potenciais parceiros da China

Assumiu funções em Setembro, quais os maiores desafios com que se tem deparado no Fórum Macau?
Cumprir com o meu primeiro objectivo que já foi anunciado, ou seja, assegurar a participação efectiva de todos os países de língua portuguesa.

O que falta para conseguir esse objectivo?
Já conseguimos a representação do Brasil. O Brasil era uma falha óbvia muitas vezes apontada ao Fórum por todos, inclusivamente jornalistas. É um país com uma dimensão e uma relação com a China que não pode estar alheado do Fórum Macau. É com muito gosto que vimos nesta última reunião anual, a declaração do embaixador do Brasil, que chefiou a delegação do país, a referir que iria existir, dentro de pouco tempo, a nomeação de um delegado, baseado em Hong Kong para acompanhar os trabalhos do Fórum Macau. Isso aconteceu já na prática com a deslocação que terminou no passado sábado, em que o delegado do Brasil junto do Fórum também participou. Trata-se do Rafael Rodrigues Paulino, segundo secretário do consulado geral do Brasil em Hong Kong.

Conseguindo a representação dos oito países de língua portuguesa no Fórum Macau, o que pode vir a fazer com isso efectivamente?
Posso passar para o segundo objectivo que tenho: a organização para uma actuação consertada destes oito países dentro do objectivo principal e declarado do Fórum: a divulgação, promoção e o incremento das relações económicas, comerciais e de investimento entre a China e os países de língua portuguesa.

FOTO: Sofia Mota

Tem sido apontada ao Fórum alguma falta de acção no estabelecimento dessas relações. O que é que está a ser feito para realmente concretizar acções de cooperação efectiva entre a China e os países de língua portuguesa?
Em concreto, posso referir esta última viagem à China que aconteceu na semana passada e que diz respeito à vertente de actuação do Fórum  que tem que ver com a divulgação dos países de língua portuguesa junto dos municípios e províncias chinesas. Trata-se de abrir oportunidades a estes países, porque passam a ter um maior conhecimento desta imensa China que tem uma dimensão económica e geográfica muito grande. Mas há uma outra vertente que foi menos desenvolvida que tem que ver com a divulgação da China junto dos países de língua portuguesa, bem como dos mecanismos de funcionamento do próprio Fórum Macau. Essa parte tinha sido menos desenvolvida e na última reunião ordinária anual, em finais de Março, foi já deliberado que visitaremos todos os oito países a partir deste ano, e com um carácter regular e anual. Esta é uma mudança significativa e importantíssima para os países de língua portuguesa: darmo-nos a conhecer e criarmos oportunidades junto dos países. Não de forma ocasional, mas de forma regular. Teremos missões a todos os países a partir deste ano. Estão já marcadas as missões ao Brasil e a Cabo Verde e estamos a tratar das seguintes.

Ou seja, ainda estamos numa fase de apresentações mútuas? Estamos agora no início de construção de uma relação com os países envolvidos, é isso?
É uma nova fase.

Mas isso não deveria ter acontecido desde o início das actividades do Fórum?
Cheguei há seis meses.

Relativamente à agenda que teve na semana passada, que actividades considera, de um ponto de vista de utilidade, as mais eficazes?
Não gostaria de me fixar só na semana passada, porque a viagem que fizemos começou na semana anterior com o encontro em Pequim, comemorativo do dia da língua e cultura da comunidade dos países de língua portuguesa apoiado, pela segunda vez, pelo Fórum Macau e que foi organizado pelas embaixadas dos países de língua portuguesa. Desta vez teve a coordenação da embaixada de Cabo Verde.

E qual é o papel do Fórum nesta questão da língua portuguesa e da sua divulgação?
Tem certamente. Consideramos que também a cultura tem influência ou pode proporcionar oportunidades em termos comerciais nas relações entre a China e os países de língua portuguesa, ou seja, é uma base de partida para a actividade económica. Relativamente à semana passada em concreto, há talvez três tipos de visitas e de contactos que são feitos durante estas deslocações. Há a divulgação dos países junto de entidades, empresários e associações chinesas e isso consubstancia-se em reuniões que são tipicamente apresentações por cada um dos delegados do seu próprio país, seguido de uma interacção entre os participantes.

Há alguma questão que apareça nessa fase de interacção entre os participantes? Algumas curiosidades em particular?
Generalizar uma experiência de dois ou três contactos na semana passada não é correcto. De facto, existe uma necessidade de conhecimento que só perante as respostas concretas dos delegados é que faz sentido. É uma acção de divulgação pura e muito necessária porque, como já disse estamos perante uma China imensa para quem destrinçar estes países também não é fácil. Essa acção existe e tem que ver com a divulgação junto das entidades oficiais ao mais alto nível, bem como de empresas e associações comerciais e empresariais destas cidades e províncias que visitamos. Depois temos a segunda vertente em que existem as visitas que fazemos a empresas e a outros organismos para conhecimento do que existe na China por parte dos próprios países para saberem o que é que existe e o que, porventura, pode vir a ser o próximo destino de relações comerciais com estas empresas que visitámos. Ao fazermos estas visitas estamos a permitir que os países se posicionem junto das entidades em questão e em que poderão ter mais interesse, quer como investidores quer como meros fornecedores de serviços ou de produtos.

E a terceira vertente destas visitas diz respeito a quê?
Há outro aspecto que pode parecer secundário e, talvez por isso possa ser por vezes descurado, mas que também está incluído na nossa agenda e em especial nesta em que estivemos envolvidos na semana passada. Tem que ver com uma parte mais cultural e talvez mais lúdica em que conhecemos os ambientes destas cidades e municípios que visitámos, ou seja, não basta ter reuniões em salas fechadas de hotel. É preciso sair e ver o que se passa. Uma ida a um mercado, a um centro comercial ou a um centro histórico pode ser tão importante como qualquer contacto comercial.

Estamos a falar de trocas comerciais entre culturas muito diferentes mesmo no que respeita a protocolos de negócio. O Fórum Macau pode ter um papel na divulgação de conhecimento acerca deste assunto?
É importantíssimo. Em todas as relações comerciais entre sociedades diferentes há sempre uma necessidade de alguma aproximação e de “tradução” de conhecimentos e de critérios e procedimentos entre as várias sociedades. É sabido que em relação à China e aos países de língua portuguesa esta necessidade é grande porque as diferenças culturais são muitas. É evidente que o conhecimento mútuo entre as partes envolvidas é útil em qualquer circunstância, neste caso este trabalho desenvolvido pelo Fórum Macau é de extrema importância.

A Grande Baía é um projecto inter-regional que inclui Macau. No entanto, a livre circulação prevista entre as partes é aplicada apenas a chineses. O Fórum Macau poderia ter interesse em fomentar relações comerciais dentro da Grande Baía? Está a fazer alguma coisa neste sentido tendo em conta os interesses dos países de língua portuguesa?
A pujança desta região que envolve Macau e a província de Guangdong sempre foi importantíssima no desenvolvimento da China. Esta zona é uma zona riquíssima com a integração das regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong complementadas pelas posições e pelo peso das cidades vizinhas de Zhuhai e de Shenzhen. Tudo isto faz desta região uma zona, por excelência, de entrada no mercado chinês e isso não é de agora. Esse conceito, às vezes esgotado, de Macau ser uma plataforma não é só para os discursos, é uma realidade no acesso a esta região.

Como é que isso se insere na Grande Baía?
Estamos numa posição privilegiada para aceder a estes mercados que agora estão a ser agregados nesta iniciativa da Grande Baía.

O Fórum Macau já fez alguma coisa tendo em conta esta iniciativa?
Esta iniciativa está a ser construída. O Governo de Macau participa activamente e não o Fórum de Macau. Não me compete concorrer com o Governo. Agora posso-lhe dizer que ainda no ano passado, e já na minha presença, estivemos numa importantíssima reunião em Zhuhai, do Fórum, entre a China e os países latino-americanos. São formas de interagir e de ligar este Fórum, os países que o constituem e os nossos vizinhos.

A presença de Pequim no Fórum tem sido mais acentuada, nomeadamente nos cargos de direcção. O que é que quer isto dizer? 
Não falo por Pequim, mas factos são factos. O envolvimento concreto que a China e a parte chinesa no Fórum tem junto deste organismo é do conhecimento público. No ano passado, o Fórum Macau passou a contar, além da secretária-geral indicada estatutariamente por Pequim, com um secretário-geral adjunto também estatutariamente previsto e indicado por Pequim. Há um óbvio e objectivo envolvimento de Pequim e isso temos todos de ter consciência de que tem significado.

Como é que gostaria de ver o Fórum Macau no final do seu mandato?
Gostaria de ver concretizados os primeiros objectivos que mencionei no início. Já seria muito bom.

16 Mai 2018

Brasil | Nomeado novo delegado para Fórum Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo brasileiro confirmou ontem a nomeação de Rafael Rodrigues Paulino para o cargo de delegado no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

“O Governo brasileiro comunicou ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) a designação do secretário Rafael Rodrigues Paulino como delegado naquele Fórum, a partir de 18/4/2018”, informou o Itamaraty num comunicado enviado à Lusa.

Rodrigues Paulino, segundo secretário do Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong, substitui o diplomata Rodrigo Mendes Araújo, que actualmente trabalha na embaixada brasileira em Pequim. Segundo o Governo, as mudanças no fórum reflectem o desejo do Brasil de estreitar ainda mais as suas relações diplomáticas com a China, que é actualmente o seu maior parceiro comercial.

No ano passado, o investimento chinês no Brasil atingiu 20,3 mil milhões de euros, segundo dados divulgados pelo Ministério do Planeamento, Desenvolvimento e Gestão brasileiro.

27 Abr 2018

Ex-responsável do Fórum de Macau diz que fundo chinês de investimento não pode ser capital de risco

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m antigo responsável do Fórum de Macau defendeu ontem que o fundo chinês destinado a investimentos de e para os países lusófonos deve “voltar às origens” e deixar de ser capital de risco.

“É impossível que os nossos países recorram a capital de risco. É preciso fazer o fundo regressar às origens”, disse Manuel Amante da Rosa, embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em Itália e antigo secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum de Macau (indicado pelos países lusófonos), sobre o fundo chinês.

Por seu lado, Marcelo Pedro D’Almeida, que também foi secretário-geral adjunto do Fórum (indicado pelos países lusófonos) e é diretor-geral da cooperação internacional da Guiné-Bissau, considerou que a organização devia prestar “assistência específica aos países-membros sobre a utilização do fundo sem riscos”.

Rita Santos, antiga secretária-geral adjunta do Fórum (indicada pela Região Administrativa Especial de Macau), defendeu que o fundo chinês concretizar projetos “nos próximos três anos”.

Por outro lado, afirmou que os empresários do interior da China precisam de informação sobre os países lusófonos e os delegados dos países que integram o Fórum – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – têm essa informação.

“É necessária uma reorganização interna de cada país para que os delegados tenham mais responsabilidades e os projetos na mão”, destacou, no painel sobre “Desenvolvimento e reforma do mecanismo do Fórum”.

Na quarta e última parte do seminário do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) por ocasião do 15.º aniversário da sua criação, os intervenientes, todos antigos responsáveis do secretariado permanente, sublinharam os progressos da organização, mas lembraram “as novas oportunidades de cooperação” decorrentes da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota” e “a necessidade de repensar e adequar” o Fórum.

Para o antigo secretário-geral adjunto do Fórum de Macau (indicado pelos países lusófonos) Vicente Jesus de Manuel, de Moçambique, os “progressos relativos ao mecanismo de cooperação precisam de maior divulgação, através da sociedade civil”.

No painel anterior sobre “Áreas e modelos de cooperação”, Djazalde Pires dos Santos Aguiar, assistente do ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de São Tomé e Príncipe, defendeu a necessidade de “afinar modelos de financiamento do fundo para atender a diferentes projetos”.

São Tomé e Príncipe aderiu ao Fórum de Macau há cerca de um ano, depois de reatar as relações diplomáticas com Pequim.

O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong afirmou que o Governo português apoia “mais iniciativas a nível empresarial a terem lugar nos países de língua portuguesa e que visem promover e valorizar as potencialidades dos mercados, promover sinergias e identificar complementaridades”.

Criado em 2003 por Pequim, o Fórum Macau tem um Secretariado Permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e é dirigido pela secretária-geral, Xu Yingzhen.

Em 2017, as trocas comerciais entre a China e a Lusofonia cresceram 29,4% e fixaram-se em 117.588 milhões de dólares (cerca de 96 mil milhões de euros).

22 Mar 2018

Fórum Macau, 15 anos | Necessária aposta nas empresas e mais meios

Além do papel institucional que o Fórum Macau tem tido nos últimos 15 anos, há ainda muito a fazer como, por exemplo, aprofundar ligações com empresas e associações do sector e disponibilizar “mais meios”, defendeu Jorge Costa Oliveira. Um seminário fez a radiografia de um organismo que, anos depois da sua criação, ainda não coordena o fundo financeiro criado por Pequim e que só no próximo ano deverá ter uma sede própria

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum Macau encarou-se a si próprio em dois seminários que contaram com a presença dos actuais e antigos dirigentes, incluindo o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho e do ex-secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, que se fez acompanhar de Echo Chan, secretária-geral adjunta do Fórum.

Jorge Costa Oliveira, ex-secretário de Estado da Internacionalização do Governo português e antigo membro do primeiro Executivo da RAEM (foi membro do extinto Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional), recordou os tempos em que, na Administração portuguesa, o Fórum Macau era apenas uma ideia.

“Foi no período posterior à transição que houve a coragem de lançar o Fórum Macau. A ideia de Macau como plataforma para promover a ligação nas áreas económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa já existia, mas a verdade é que nenhuma ideia é interessante se não houver vontade de a concretizar. Na China houve essa vontade.”

Em 15 anos houve muitas acções de formação para quadros de Macau e dos países de língua portuguesa, nas mais diversas áreas, além da promoção de eventos empresariais. Pequim criou um fundo financeiro para grandes projectos de infra-estruturas, chamado de Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento que, anos depois, continua a ser gerido por Pequim.

A sede do Fundo deverá ser transferida para a RAEM, onde já trabalha uma equipa de profissionais oriunda do continente. Ainda assim, Xu Yingzhen, secretária-geral do Fórum Macau, continua a não ter certezas do número de projectos que estão por aprovar e quais os montantes envolvidos. Há, para já, apenas quatro projectos aprovados para receber o dinheiro do Fundo, localizados em Moçambique, Angola e dois no Brasil.

Vários anos depois da sua criação, o Fórum Macau continua a não ter um espaço próprio. O edifício, localizado próximo do lago Nam Van, está actualmente em construção e só deverá abrir portas no próximo ano.

À margem do evento, Xu Yinghzen disse aos jornalistas que o futuro passa por uma maior aproximação aos empresários, uma sugestão que foi, aliás, defendida por vários oradores presentes nos seminários.

A voz às empresas

“Foi afirmado que deve haver uma orientação dos trabalhos para o sector empresarial e que essa ligação se deve aprofundar ainda mais para que o Fórum ofereça serviços e para que o sector empresarial possa aproveitar mais informações e oportunidades de investimento. Isso coincide com o nosso propósito, pois o corpo principal é o sector empresarial. Temos de trabalhar mais para que o sector empresarial de cada país possa aproveitar mais o nosso Fórum”, adiantou.

Para dar uma melhor resposta aos anseios dos empresários no futuro, Xu Yingzhen promete mudanças. “Nos últimos anos, o secretariado investiu muitos esforços neste tipo de contactos com associações e firmamos alguns memorandos com associações locais e com o interior da China e todos os anos participámos em encontros empresariais. No futuro vamos investir mais esforços.”

A secretária-geral garantiu que o Fórum tem trabalhado em parceria com o Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento e com o Instituto de Promoção do Investimento e Comércio de Macau (IPIM), mas que é necessário fazer mais.

“Acho que trabalhamos algumas vezes para o mesmo propósito, que é o de fornecer mais serviços ao sector empresarial. Participamos em muitas actividades organizadas pelo IPIM e este também nos apoia em algumas actividades. Em relação ao Fundo, eles têm os seus próprios procedimentos de avaliação dos projectos e, nesse sentido, o Fórum nunca intervém. Somos um canal para que o Fundo se possa apresentar.”

Omoletes com mais ovos

Uma das vozes que defendeu uma maior aproximação ao sector empresarial foi Jorge Costa Oliveira, actualmente CEO da empresa de consultadoria JCO Consulting.

“Uma das áreas de grande potencial para o futuro do Fórum Macau é a cooperação ao nível das associações empresariais. O Fórum tem feito um trabalho notável de promoção da China e das suas oportunidades, a todos os níveis, dando a conhecer as oportunidades que existem nos PALOP junto dos empresários chineses. É uma tarefa difícil, porque, no resto do mundo, todos sabemos que existem grandes oportunidades na China, mas a verdade é que na China há grandes oportunidades dentro do país, à volta dele e agora na Rota da Seda.”

Contudo, “há muito trabalho a fazer ainda”, frisou. “O trabalho que o Fórum tem feito é, sobretudo, institucional. Há uma tentativa grande de envolver entidades e agências públicas a nível central, provincial e local. Mas o seu grande objectivo é contribuir para aumentar as relações comerciais entre a China e os PALOP. E a verdade é que quem importa, exporta e investe, são as empresas.”

Na prática, Jorge Costa Oliveira defendeu uma concentração da acção do Fórum Macau nas principais cidades dos países envolvidos nesta iniciativa do Governo Central. “Faz sentido haver uma concentração nas principais áreas metropolitanas e trabalhar com associações comerciais dessas áreas. Conhecer as oportunidades e sectores para que se deve olhar. O próximo salto qualitativo, que é importante que o Fórum faça, sem prejuízo do trabalho que já faz hoje, é uma maior proximidade em relação às associações empresariais, para poder chegar de forma mais directa ao mundo das empresas.”

Para Jorge Costa Oliveira, “ambição” é a palavra que interessa para os próximos anos. “Todos nós queremos um Fórum mais ambicioso e achamos importante que possa continuar a progredir, mas este tem de ter mais meios e não se podem pedir mais omoletes com os mesmos ovos”, frisou.

“Deve existir articulação entre o Fórum e as novas possibilidades que foram atribuídas a Macau, e estou a pensar na plataforma financeira, onde temos de trabalhar mais. Grande parte do capital que esteve disponível nas últimas décadas, de entidades públicas chinesas, vai diminuir e vão existir mais exigências em termos de análise de risco.”

Chegar a mais países

Chen Jian, ex-vice-ministro do comércio da China, defendeu que o Fórum Macau “tem de ser um mecanismo aberto”, tendo apontado a necessidade de chegar a “países terceiros”.

“Temos de ter inovação na nossa actuação e agir de acordo com as necessidades dos países. Podemos colocar todos os projectos nas instalações do Fórum, para que as pessoas saibam quais as situações actuais dos países, tal como o nosso novo membro, São Tomé e Príncipe. Se os projectos não forem divulgados atempadamente as pessoas não os vão conhecer”, frisou Chen Jian.

Henrique Horta Santos, representante da Guiné-Bissau no Comité de Estabilidade Financeira na União Monetária Oeste Africana, falou da necessidade de maior conhecimento entre países, em termos de panorama económico, cultura e idioma.

“Existem empresários chineses que não conhecem bem a realidade dos países. Sem pôr de parte os riscos envolventes, terá de haver uma campanha séria de sensibilização para que os países possam estar interessados. Tanto a Guiné-Bissau como a China e Macau têm interesse em aprofundar o conhecimento, porque o capital só vai onde se sabe que o risco é controlado. Não deixa de ser preocupante o desconhecimento, o factor língua e as realidades de cada país.”

 

Embaixador da Guiné-Bissau fala num maior empenho do Fórum

O embaixador da Guiné-Bissau em Pequim defendeu ontem “um maior empenho e envolvimento pleno de todos os países de língua portuguesa” no Fórum de Macau para reforçar a cooperação multilateral.

Malam Sambu intervinha na sessão de abertura do seminário do Fórum Macau, por ocasião do 15.º aniversário da sua criação e da plataforma entre Pequim e o bloco lusófono. “A pretendida cooperação multifacetada, em ambiente político-económico internacional complexo e com desafios de tão grande dimensão, impõe um maior empenho e envolvimento pleno de todos os países de língua portuguesa”, declarou.

O decano dos embaixadores lusófonos em Pequim referia-se à iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, a cooperação da capacidade produtiva e a construção da zona da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau.

Malam Sambu sublinhou a necessidade de “um maior nível de organização e operacionalização” dos países-membros – China e os oito países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste).

“Uma melhor coordenação futura” dos países-membros, com a “definição de objectivos e metas comuns” com o secretariado permanente do Fórum, é fundamental para aumentar a cooperação entre a China e o bloco lusófono, disse.

“A cooperação entre a China e os países de língua portuguesa atingiu já um patamar que pode ser considerado relevante, mas podemos antever a expressiva dimensão que poderá ter no futuro”, considerou.

No início da sessão, o secretário para a Economia e Finanças da Macau, Lionel Leong, afirmou que o Governo do território “vai continuar a apoiar os trabalhos do Fórum e a empenhar-se na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”. “A cooperação e o intercâmbio económicos obtiveram resultados notáveis”, destacou o responsável, sobre o papel de Macau como plataforma entre a China os países lusófonos.

Na sua intervenção, o director do departamento para os assuntos de Taiwan, Hong Kong e Macau do Ministério do Comércio chinês, Sun Tong, sublinhou que “as trocas comerciais entre Pequim e o bloco lusófono aumentaram mais de dez vezes nos últimos 15 anos”. “A China insiste na cooperação internacional através da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e procura um novo padrão de abertura, ao mesmo tempo que pretende aprofundar a cooperação com os países de língua portuguesa em vários domínios”, afirmou.

 

São Tomé e Príncipe, um ano de adesão

Um dos novos passos dados pelo Fórum Macau foi a adesão de São Tomé e Príncipe, depois do corte de relações diplomáticas com Taiwan. Hélio Almeida, Governador do Banco Central e ex-ministro do Plano e Finança do país, defendeu que o Fórum Macau “está numa fase de consolidação”, sendo “importante trilhar novos caminhos”. “[Existe] a questão da imagem e credibilidade, a questão financeira e encontrar o que cada um dos membros do Fórum tem de melhor. No caso de São Tomé, é um país pequeno, temos de ver o que é possível fazer de diferente. E depois passa-se para uma expansão que é natural e incontornável.”

22 Mar 2018

As figuras e os eventos de 2017

PERSONALIDADE DO ANO – Albano Martins

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] economista sem papas na língua conseguiu, entre outros feitos, o desiderato civilizacional de fechar o Canídromo. E é mesmo assim, quer queiram quer não. Macau deixa de estar no mapa mundial da crueldade animal, graças aos esforços contínuos, persistentes, carrácicos, de Albano Martins e de outros da sua equipa na ANIMA. Devem os nossos governantes pensar que lhes saiu a sorte grande, na medida em que a solução do problema atraiu a atenção de celebridades, como a inesquecível Brigitte Bardot, proporcionando uma imagem mais positiva de Macau. Contudo, a coisa não se fica por aqui. Fechada a arena dos cães, havia que saber o destino a dar-lhes e Albano Martins, aos poucos, está a conseguir encontrar donos, da Austrália à Inglaterra, para os canídeos libertos da escravidão da pista. Assim se evita que tenham a triste de sorte de virar carne enlatada para consumo de outra bicharada. Além da questão do Canídromo e dos galgos, a ANIMA continua a desenvolver a sua acção preventiva, pedagógica e profilática, poupando uma trabalheira ao IACM e educando as novas gerações no sentido de estenderem aos animais o respeito que não devotam aos humanos. Albano Martins é fonte de orgulho para a RAEM e a comunidade portuguesa residente.

 

REVELAÇÃO DO ANO – Eleitores
Foto: GCS

As eleições deste ano terminaram sob o signo da surpresa, com perda de votos por parte das listas dos “estrangeiros” (Guandong e Fujian) e clara vitória das forças “democráticas”. Claro que o regime político se encarrega que tal não tenha, na prática, a devida importância mas não deixou de ser surpreendente ver mais jovens a votar e alguns dos “institucionalizados” baixar na votação. Até parece que, aos poucos, a população adquire alguma maturidade política e nos arriscamos a ter finalmente um “povo”, capaz de governar uma região como manda o princípio “Macau governado pelas suas gentes”, deixando de lado as origens étnicas e tendo como farol o interesse de toda a população e não apenas de alguns clãs cujos interesses estão bem identificados.

POLÍTICO DO ANO – SULU SOU
Sofia Margarida Mota

Ele começou por hesitar e dizer mesmo que não se candidataria às eleições legislativas. Mas as circunstâncias ditaram que Sulu Sou surgisse como cabeça de lista da Novo Macau, para ser eleito e obter um excelente resultado, quando no passado tal não acontecera, sob a batuta de Jason Chao. Sulu Sou é de outra estirpe: educado, inteligente, bem falante. Além disso, não se conhecem posições “anti-patrióticas”, nem parece ser esse o seu principal combate. Pelo contrário, tem posto o acento tónico na desmontagem de negócios, o que o poderia tornar um elemnto precioso na AL. Talvez por isso, os outros deputados suspenderam o seu mandato argumentando que ele está a ser julgado pelo tenebroso crime de, durante uma manifestação, ter atirado aviões de papel à polícia…

 

GOVERNANTE DO ANO – Helena de Senna Fernandes
Gonçalo Lobo Pinheiro

A directora dos Serviços de Turismo não verga perante as adversidades, nem vacila face a desafios difíceis. E foi assim que deitou as mãos ao trabalho e nos proporcionou um ano tranquilo, sem choques nem polémicas, nas áreas que tutelou. Como se não bastasse a diária responsabilidade de gerir centenas de milhares de turistas, Helena de Senna Fernandes levou a bom porto, este ano, a realização da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. O que, convenhamos, não é para meninas…

 

DESILUSÃO DO ANO – Fórum Macau 

A excelente iniciativa do governo de Pequim de proporcionar a Macau o papel de ponte para os países lusófonos teve a sua consubstanciação no Fórum Macau. Só que desde o início até hoje, esta entidade ainda não conseguiu convencer ninguém, sobretudo no que diz respeito às expectativas criadas. A RAEM tem desiludido no papel de aproximar a China dos países lusófonos. De tal modo que o Governo Central, depois de anos a fio sem resultados palpáveis, resolveu agora nomear alguém que não é de Macau para a direcção. Vergonha para o Executivo local que não soube encontrar modo de fazer progredir o Fórum. É que nem sequer parecem ter sido tocados pelo discurso que Li Keqiang aqui proferiu em 2016, no qual indicava 19 (!) medidas para fortalecer a cooperação com a lusofonia. E o que fez Macau?

 

EVENTO DO ANO – Tufão Hato
Foto: GCS

Chegou, soprou e venceu. E, quando se foi embora, deixou descoberta muita careca descoberta neste humilde território à beira-rio plantado. A resposta governamental foi tão tímida, talvez desastrada e a revelar tanta insuficiência, que há quem diga que existe um antes e um depois do Hato, no modo como Pequim olha para este seu fiel filho. Ele há males que vêm por bem e ninguém é capaz de dizer que as coisas não estavam a precisar de um abanão…

 

VERGONHA DO ANO – Assembleia Legislativa
GCS

A votação de 28 deputados para suspender o mandato de Sulu Sou foi uma página negra na história da Assembleia Legislativa de Macau. O voto secreto ilibou alguns mas não tanto como os mesmos podem pensar. Tratou-se de um tiro no pé, de um disparate legislativo e político que demonstra a impreparação cívica dos deputados. Enfim… uma autêntica desgraça.

 

ARTISTA DO ANO – Filipe Dores
Foto: Sofia Margarida Mota

Existe uma certa estranheza na obra deste pintor macaense, que a dota de um subtil poder hipnótico. Talvez o modo como pelas suas telas se fixa a luz ou o permanecer hierático dos prédios ou ainda o silêncio hopperiano que se evola das composições, estejam na origem dessa unheimlich, desse uncanny, certaine étrangeté, de que nos fala Freud e que provoca, para alguns, a emergência do lado mágico da arte.

 

FIGURA INTERNACIONAL DO ANO – Xi Jinping
JOHANNES EISELE/AFP/Getty Images)

Considerado pela Economist como “o homem mais poderoso do mundo”, o presidente da China teve um ano de glória. Internamente reforçou e de que maneira o seu controlo do aparelho do Partido e do Estado. Mas foi externamente que Xi Jinping mais brilhou, talvez por o mundo não estar habituado a ver a China assumir um papel de liderança nas mais diversas áreas. A iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e a criação de conceitos como uma “comunidade global de futuro partilhado” levarão a China a desempenhar um papel no mundo nunca antes almejado.

PERIGO DO ANO – Cibersegurança

A proposta de lei do Governo, que será certamente aprovada, vai permitir uma invasão da privacidade de cada um de forma nunca dantes sequer sonhada. 1984 já lá vai e Macau prepara-se para seguir os passos da Mãe-Pátria no que diz respeito ao controlo da internet, por meios legais. O problema é que ética e legalidade nem sempre (raramente) andam de mãos dadas.

 

LIVRO DO ANO – Manuel da Silva Mendes: memória e pensamento (I Volume)

Este livro, editado pela Livros do Oriente, de Rogério Beltrão Coelho e Cecília Jorge, recupera uma das figuras mais importantes e fascinantes da cultura de Macau do século XX. Aqui se reúnem textos de Silva Mendes sobre arte e filosofia, e três estudos de António Aresta, Tiago Quadros e Amadeu Gonçalves. Imprescindível. Ficamos à espera do segundo volume.

 

EXPOSIÇÃO DO ANO – “Tracing Liners”, de João Palla
Sofia Margarida Mota

Uma exposição singular do arquitecto João Palla que, de quando em vez, espraia a sua criatividade pelas artes plásticas. O caso vertente impressionou pela inteligência como denuncia as figuras subjacentes à visão, aqui, ali, em todo o lado a que o humano ousa querer chegar.

 

AZAR DO ANO – Morte na Guia

A morte de dois motociclistas no Circuito da Guia veio ensombrar o Grande Prémio de Macau. E, sobretudo, levantar a discussão sobre se o traçado é passível de albergar corridas em duas rodas. Entretanto, o Circuito da Guia foi considerado o “melhor de sempre” pelo WTTC.

 

Prémios Especiais

 

O estou aqui, estou ali do ano 

GCS

Wong Sio Chak – Parece que já não existem dúvidas de que o actual Secretário para a Segurança é um dos candidatos “silenciosos” ao cargo de Chefe do Executivo. Pelo menos, é o que muitos afirmam pelos bastidores da política local. Independentemente das suas qualidades profissionais e pessoais, há quem tema pela sua postura “legalista” e uma demasiada proximidade às práticas do primeiro sistema.

 

E o agora, Manel? Do ano 

Foto: GCS

Alexis Tam – O super-secretário defrontou-se este ano com algumas contrariedades, nomeadamente ali para os lados do Instituto Cultural. De tal modo que Alexis Tam, provavelmente cansado de ver a areia fugir-lhe entre os dedos, nomeou alguém que deve ser da sua máxima confiança. A ver vamos no que dá… ou não dá…

 

vou andar por aí do ano 

Chan Meng Kam• O homem forte da comunidade de Fujian afastou-se das lides políticas e a sua ausência foi bastante notada, nomeadamente no resultado eleitoral que as listas que patrocina obtiveram. É certo que ele nunca disse ter abandonado para sempre a política e será bem capaz de regressar daqui a quatro anos.

 

O levanta-te e anda, lázaro! do ano

Au Kam San – Quando muitos julgavam que a sua força política se esvaíra nas lutas intestinas da Novo Macau, Au Kam San regressou com uma inesperada votação nas eleições que o colocou acima do velho compagnon de route Ng Kuok Cheong. Não desprezes que faz o trabalho de casa, diz um rifão. E, neste caso, contam muito os anos de acção sistemática e trabalho silencioso do deputado junto da população de Macau.

2 Jan 2018

Delegado de Cabo Verde satisfeito com cooperação

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] delegado de Cabo Verde no Fórum Macau, Nuno Furtado, em funções desde Julho, vê a participação do seu país na plataforma comercial como uma mais valia que não pode ser descurada. Prova disso, é a presença efectiva nas actividades do Fórum e os resultados tanto a nível turístico como no que respeita a investimento. “Cabo Verde tem estado no Fórum com uma presença muito forte na agenda, tem sido promovido como destino turístico e realizado um grande trabalho no que toca à captação de investimentos para o país”, disse ao HM após a abertura da 9ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Fórum Macau.

O investimento local no arquipélago já está em curso com a construção e um complexo do empresário local, David Chao que, “é um projecto muito estruturante para a cidade da Praia na medida em que vai contribuir para desenvolver uma cidade mais moderna e para dinamizar a economia, trazendo emprego e qualidade de vida à Praia”, salientou o responsável.

 

Cultura integrada

No que respeita à promoção da cultura enquanto elemento integrante das actividades do Fórum Macau, Nuno Furtado não deixou de elogiar o papel do Governo Central na promoção desta componente como eixo da política “Uma faixa, uma rota”. Para o delegado, “a cultura é um elemento de aproximação entre os povos e em Cabo Verde é muito rica em vários aspectos”.

As línguas são também um aspecto que Nuno Furtado quis sublinhar.

O delegado que, além do português fala mandarim, apontou a promoção do ensino de línguas que o Fórum tem levado a cabo. “Somos uma entidade que está muito virada para a promoção, não só comercial mas também para as cultura e a língua que é um elemento que une os povos e facilita o contacto”, disse enquanto elogiava o papel do Governo Central tanto na divulgação do mandarim como na promoção do português na China.

Trata-se de uma estratégia fundamental, até porque, apontou Nuno Furtado, é necessária “para que sejam criadas mais relações a nível comercial e diplomático bem como entre a sociedade civil”.

17 Out 2017

Fundo de Cooperação do Fórum Macau | Investimento em indústria e energia em destaque

Energia e indústria foram ontem as áreas de investimento em destaque na acção de promoção do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China Países de Língua Portuguesa, que reuniu em Macau perto de uma centena de participantes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] acção de promoção do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China Países de Língua Portuguesa que decorreu ontem no território destacou o investimento no sector industrial e energético.

Na intervenção inicial, o director dos Serviços de Economia de Macau, Tai Kin IP, afirmou esperar que as empresas do território possam “produzir vantagens multiplicadoras” para a exploração do mercado dos países lusófonos e “ampliar o espaço de desenvolvimento”, nomeadamente nas áreas da energia e da indústria transformadora, em conjunto com as firmas do interior da China.

O objectivo desta acção de promoção é apresentar critérios e formas de investimento, procedimentos de candidatura e ambiente de investimento nos países de língua portuguesa aos empresários de Macau, disse.

A instalação da sede do Fundo em Macau “contribui para a participação das empresas” locais em projectos realizados em países lusófonos e traz “novos destaques para o desenvolvimento financeiro com características próprias de Macau” e “promove o desenvolvimento diversificado da economia” da Região Administrativa Especial chinesa, acrescentou Tai Kin Ip.

Reforço positivo

A iniciativa de cooperação anunciada em 2010, o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa viu o seu papel reforçado com o anúncio da instalação do Fundo em Macau, o que contribui para implementar ainda mais o apoio do Estado [chinês] aos trabalhos de construção de Macau como plataforma de serviço para a cooperação comercial entre Pequim e o bloco lusófono.

A instalação do Fundo, criado oficialmente em Junho de 2013, foi concretizada já este ano em Macau.

A subdirectora do departamento para os Assuntos Económicos e encarregada da divisão de Comércio do Gabinete de Ligação em Macau, Chen Xing, lembrou que desde a criação deste fundo se registou uma “subida drástica” da cooperação económica entre a China e o bloco lusófono [Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste].

“Muitas empresas de países de língua portuguesa abriram sucursais na China, que também está a realizar muitas obras em países de língua portuguesa, no valor de nove mil milhões de dólares” norte-americanos, disse a responsável, sublinhando que esta cooperação abrange áreas como a marítima, a tecnologia, os recursos humanos, a financeira e a medicina, entre outras.

Com a iniciativa “uma Faixa, uma Rota” e a necessidade de industrialização dos países de língua portuguesa, o Fundo de Cooperação ajuda Macau a desempenhar o papel de plataforma.

Pequim estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que se reúne a nível ministerial de três em três anos.

Por seu lado, a representante do Fundo, Jin Guanze, destacou os projectos no Brasil, Angola e Moçambique, no valor de 650 milhões de dólares norte-americanos, como resultado da crescente promoção que reforça a capacidade do Fundo, para a qual destacou também a importância do desenvolvimento do projecto de integração regional Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Até Julho passado, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 31,29 por cento, em termos anuais homólogos, atingindo 67,61 mil milhões de dólares, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega chineses.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, seguindo-se Angola e em terceiro lugar Portugal.

13 Out 2017

Mostra de teatro lusófono “Teatrau” começa este sábado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] quarta edição do “Teatrau – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa” arranca já este sábado, no contexto da semana cultural da China e dos países de língua portuguesa. Participam este ano cinco companhias teatrais de Portugal, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Moçambique.

A companhia teatral Hiu Kok, de Macau, volta a participar com a peça “O cuco da noite escura”. Apesar desta companhia já ter estado presente noutras edições do Teatrau, trata-se, segundo João Laurentino Neves, director do Instituto Português do Oriente (IPOR), de um novo projecto.

“Há, no seio da companhia Hiu Kok, diversos projectos artísticos, um pouco à semelhança do projecto Artistas Unidos, em Portugal. Os jovens que vêm este ano fazer a peça fazem parte de um projecto que não tem a ver com as outras edições”, explicou ao HM.

A peça em questão será em chinês, com tradução em português. No caso da companhia que representa Macau, a escolha recai sob o Instituto Cultural. O IPOR decidirá, através de um concurso, a companhia que representa Portugal, e, este ano, é a Nómada Art & Public Space, que vai mostrar o projecto “Solange – uma conversa de cabeleireiro”.

No caso das companhias teatrais oriundas dos países de língua portuguesa, a escolha cabe aos delegados do Fórum Macau.

João Laurentino Neves declarou que, para participar no Teatrau, existem critérios que determinam a presença dos projectos de teatro.

“Não é comportável ter grandes companhias e isso obriga-nos a tomar opções. Apostamos numa mostra de teatro em que a companhia apresenta poucos actores, a mostra deve incidir sempre no trabalho do actor e no texto.”

Depois, é importante, no caso de Portugal, que se trate de “uma peça que tenha circulado e que tenha tido bons comentários”.

Além disso, “o texto deve ser revelador daquilo que é a literatura em português e que conte com um desempenho de actores que possa trazer às outras companhias propostas inovadoras”.

Público a crescer

João Laurentino Neves acredita que, na hora de falar de público, há que abordar três dimensões, que vão muito além das pessoas que se dirigem ao Teatro D.Pedro V.

Há que olhar para os workshops que se realizam nas escolas e universidades, pois abrangem “pessoas que não vão necessariamente ver as peças, mas que recebem os actores e fazem diversas acções”. “Essa é uma dimensão importante da mostra, não se esgota no palco”, acrescentou.

O director do IPOR destaca também “a dimensão dos workshops com associações ou projectos locais de artes performativas”. Ao todo, estão em causa cerca de mil pessoas. “Esperamos ter mais pessoas este ano”, acrescentou Laurentino Neves.

Ao nível dos espectadores, o director do IPOR sugere um maior apoio do Governo. “Esperamos que nesta edição possamos ter mais ajudas. Temos de analisar como podemos reforçar a informação junto dos diversos públicos, tal como as comunidades de estudantes e todos os que falam português, como língua materna ou não. Era importante que os serviços públicos da RAEM pudessem dar uma ajuda”, concluiu.

11 Out 2017

Fórum Macau | Novo edifício será “funcional, muito simples”

 

Carlos Marreiros será o arquitecto responsável pelo projecto do novo edifício do Fórum Macau, que será “muito simples, funcional, sem arestas”. A política “Uma Faixa, Uma Rota” dá o mote ao projecto, que tem “um problema funcional complexo” por resolver

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum Macau vai finalmente ter uma casa própria que ficará erguida daqui a 600 dias, bem junto ao edifício da Assembleia Legislativa. Ao HM, o arquitecto Carlos Marreiros levanta a ponta do véu de um projecto cheio de complexidades por ultrapassar.

“O projecto está pronto. É só acertar os pormenores, porque até o orçamento está pronto. Temos, naturalmente, de ver que um projecto é sempre um livro aberto até ao fim.”

O edifício será “muito simples, funcional, sem arestas” e será erguido tendo como pano de fundo a ideia por detrás da política nacional “Uma Faixa, Uma Rota”, fundamental nas relações culturais e económicas que a China quer estabelecer com os países de língua portuguesa. Neste âmbito, o Fórum Macau será a casa onde essas relações se materializam.

Carlos Marreiros garante que o calendário será cumprido, apesar das dificuldades que o projecto acarreta, em grande parte associadas ao terreno onde será erguido o edifício.

“Vai ser um esforço brutal. A obra é de grande envergadura e tem dificuldades, porque é numa zona de aterro, tem uma cave. O edifício vai ter três andares e terá nove metros de altura. É um edifício baixo, mas vasto.”

“O problema funcional do edifício é muito complexo, com muitas regras de segurança. O edifício tem um programa muito exigente nesse sentido”, acrescentou Marreiros.

A Companhia de Construção e Engenharia Omas, ligada à família Ma, foi a vencedora do concurso público onde participaram um total de 12 candidatos. A proposta feita foi a quarta mais barata, no valor de 692,8 milhões de patacas. Carlos Marreiros vai trabalhar ao lado dos engenheiros José Silveirinha e Jorge Lipari Pinto e orgulha-se de estar inserido numa equipa cem por cento local.

“A equipa é toda local e isso dá-me muita alegria, porque não é fácil concorrer com construtoras de grande dimensão, que Macau não tem. Participaram construtoras da República Popular da China com muita experiência a nível internacional, mas nós fomos a equipa que ganhámos.

Um concurso polémico

O concurso público para a construção da sede do Fórum Macau não foi pacífico, pois houve atrasos que originaram desigualdades no acesso ao concurso, sobretudo da parte de arquitectos portugueses. A tradução para português das cláusulas técnicas do concurso chegou um mês depois, além de que houve alterações do projecto a meio do processo.

Confrontado com estas eventuais desigualdades, Carlos Marreiros lembrou que se tratam de situações “que não são agradáveis”, até porque ele próprio não lê chinês.

Ainda assim, “hoje em dia temos de fazer um esforço”, assegura. “A língua chinesa é a língua oficial de Macau. As traduções demoram algum tempo mas as pessoas têm de ter a noção de que estão em Macau, RAEM da China. A língua principal é a chinesa”.

“Houve algumas reclamações neste sentido, mas percebo que não é agradável. O tempo foi curto, mas como conseguimos responder, doze equipas também o fizeram”, frisou.

Marreiros afastado do projecto do Palácio Sommer

Carlos Marreiros assegurou ao HM que não será o arquitecto responsável pela renovação do Palácio Sommer, situado em Lisboa e recentemente adquirido pela Fundação Macau (FM). O arquitecto disse que chegou a ser convidado para participar como consultor ou colaborador, mas negou, por “não estar interessado”. “O projecto será desenvolvido por equipas portuguesas e faz todo o sentido que assim seja. Todo o projecto é feito lá”, contou Marreiros, que também faz parte do conselho de curadores da FM. O edifício foi comprado a Liu Chak Wan, empresário local que é, também, membro do mesmo conselho de curadores.

8 Out 2017

Fórum Macau | Construtora da família Ma vence concurso polémico

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Construção e Engenharia Omas, ligada à família Ma, venceu o concurso para a concepção e construção do Complexo de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa do Fórum Macau, que vai ficar situado junto à Assembleia Legislativa.

No entanto, de acordo com a Rádio Macau, o concurso esteve envolto em polémica, com vários arquitectos a queixarem-se que a tradução para português de cláusulas técnicas só chegou ao interessados com um mês de atraso. Ainda de acordo com a mesma fonte, foram igualmente feitas várias alterações durante o processo do concurso.

A proposta da Companhia de Construção e Engenharia Omas tem um valor de 692,8 milhões de patacas e foi a quarta mais barata das nove apresentadas. Segundo a Rádio Macau, da equipa do projecto da construtora fazem parte o arquitecto macaense Carlos Marreiros e os engenheiros José Silveirinha e Jorge Lipari Pinto.

O prazo para a execução do projecto é de 600 dias, existindo a hipótese de a obra ser concluída a tempo da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que deverá acontecer nos últimos meses de 2019.

O novo complexo do Fórum Macau vai ser construído num terreno com uma área de 14 mil metros quadrados, junto à Assembleia Legislativa. Está previsto que o edifício receba todas as plataformas do fórum, como o centro de formação, de serviços e de exposição de produtos dos países de língua portuguesa.

26 Set 2017

Fórum Macau | Nove propostas para construção do complexo

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de nove propostas de orçamento foram ontem abertas nos serviços de Obras Públicas e Transportes referentes à construção do futuro complexo do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua (Fórum Macau) na zona do lago Nam Van, junto à Assembleia Legislativa.

 De acordo com a informação divulgada pelo canal de rádio da TDM, as propostas, com valores que variam entre 598 milhões e 1,06 mil milhões de patacas, serão conhecidas até à manhã desta quarta-feira. Só após a análise da comissão técnica haverá a decisão sobre qual a empresa responsável pelo projecto, que deverá ser ainda iniciado este ano.

O novo complexo será edificado em dois lotes de terreno com 14 mil metros quadrados, terá uma altura variável entre os 14 e os 21 metros e dois pisos em cave para estacionamento.

De acordo com o caderno de encargos, o novo edifício vai albergar todas as plataformas do Fórum Macau incluindo os centros de exposição de produtos dos países de língua portuguesa, de serviços para empresas, de formação e o pavilhão de exposições de relações económicas e da cultura lusófona.

A obra deverá estar concluída ainda a tempo de receber a sexta conferência ministerial que deverá ter lugar no final do ano de 2019, quando se celebrarem os 20 anos da transferência da administração de Macau de Portugal para a China.

23 Ago 2017

Entrevista | Gualter Vera Cruz, delegado de São Tomé e Príncipe no Fórum Macau

 

Assumiu funções no passado dia 1. Gualter Sousa Pontes da Vera Cruz é o primeiro delegado de São Tomé e Príncipe no Fórum Macau. O representante pretende trazer as mais-valias do seu país para a China. Conta que São Tomé tem hoje uma estabilidade política que garante o desenvolvimento da nação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] que é que representa a entrada de São Tomé e Príncipe numa organização como o Fórum Macau?

Em primeiro lugar, quero dar relevo a dois aspectos que acho que são de extrema importância ao nível internacional. O Fórum Macau tem como membro a China, um país com um nível económico de destaque. A própria cultura chinesa encontra aqui um meio para a sua divulgação. Por outro lado, temos os países de língua portuguesa em que São Tomé e Príncipe se insere. Por motivos que não vale a pena referir, ficámos de fora num primeiro momento, mas ainda bem que acabámos por reconhecer uma só China e que começámos a fazer parte desta família. A partir deste momento, há um conjunto de actividades que nós, enquanto membros dos países de língua portuguesa, tencionamos realizar para dar o nosso contributo. Queremos ajudar também o Fórum a cumprir com os seus objectivos para que tudo funcione dentro do programado. Não é por ser pequeno que São Tomé pode ser considerado um país que não tem a dar a esta organização. Somos uma cultura reconhecida por todos como sendo de grande valor. Estamos situados no Golfo da Guiné e temos à nossa volta um conjunto de países com um número elevado de população. Estamos a falar numa população de aproximadamente 300 milhões, o que significa um grande mercado em que podemos servir de elo de ligação. Somos duas ilhas com uma grande diversidade natural. Temos um ecossistema muito forte e que já é considerado pela UNESCO. Como tal, temos o nosso contributo a dar e é isso que vamos fazer: contribuir para que tudo funcione e cumprir com os objectivos.

Pode dar o exemplo de algumas actividades que tem planeadas no âmbito do Fórum?

Encontramos, nesta altura, o Fórum já numa fase avançada das suas actividades. Iniciei funções a 1 de Agosto e o Fórum já existe desde 2013. É preciso começar de uma forma equilibrada e sem atropelos. Mas os nossos objectivos estão bem definidos. Temos áreas de extrema importância para o nosso país. Um exemplo tem que ver com o sector das pescas em que temos uma área muito vasta de mar, 160 vezes maior que o próprio país. Este mar pode ser aproveitado de várias formas, tanto pelas pescas, como pelo turismo. O Fórum pode vir a ser uma plataforma para encontrar parceiros e entidades que nos podem ajudar a explorar convenientemente estes sectores. No que respeita ainda ao turismo, a biodiversidade da ilha de Príncipe é uma reserva mundial. Queremos ter este aspecto em conta para que possa vir a ser explorado. Sabemos que não podemos fazer um turismo de massas, mas temos de apontar para um turismo selectivo direccionado para a área eco-cultural. Para já, penso que são dois aspectos de grande importância e que podemos dar como prioritários para trabalhar com o Fórum.

Falou do reconhecimento de uma só China, em detrimento do reconhecimento de Taiwan. Foi uma decisão estratégica tendo em vista a relevância cada vez maior da China no mundo?

Trata-se apenas do reconhecimento de uma só China e daquilo que é evidente. Há todo um conjunto de factores por detrás desta decisão.

Pode dar exemplos de alguns desses factores?

Podíamos falar de vários factores. Somos membros dos países de língua portuguesa e queríamos também estar presentes neste Fórum, o que foi possível a partir do momento em que reconhecemos a existência de uma só China. Podemos considerar que este é o aspecto mais importante.

Acabou de assumir o cargo de delegado. Que desafios é que encontra neste início de funções? 

Como disse, o Fórum é uma organização com uma estrutura formada, com pessoas simpáticas e onde tem existido um forte elo de ligação. Já dá para ver que há, dentro da estrutura, muita entreajuda. O desafio, neste momento, passa por mim: se sou capaz de acompanhar este processo que já vai avançado e que já tem uma dinâmica muito forte. O desafio é meu.

Como é que pensa fazer isso?

Percebendo como funciona ao certo a dinâmica do Fórum. Penso que será também um processo rápido.

Macau é considerada uma plataforma privilegiada na comunicação entre a China e os países de língua portuguesa. Como é que vê São Tomé, nesta ligação?

São Tomé é constituído por duas ilhas e é um lugar pequeno. Macau também é um local pequeno e tem algumas semelhanças geográficas. Macau permite-nos aproximar do Continente e permite a São Tomé chegar a este mercado de grande valor e com muitos consumidores.

O que é que a China pode vir a dar a São Tomé? 

A questão não passa somente pelo que podemos vir a ter da China, mas sim da troca que podemos fazer. Temos valores e coisas a dar e é nessa troca que pretendemos desenvolver esta relação. O Fórum permite que haja uma relação de foro comercial entre os países envolvidos. É nesta base que também vamos funcionar. Vamos colocar à disposição um conjunto de valores que temos à nossa disposição e analisar, tendo Macau como plataforma, o que se pode fazer para aproveitar, da melhor forma, esta sinergia. Nesta relação, a China vai perceber o que temos. O início de actividade foi em Agosto e ainda estamos a ver o que vamos fazer, quer na parte das trocas comerciais, quer no próprio processo de negociação que se possa vir a fazer nas diversas áreas.

 Falou do elo que pode ser São Tomé com os países do Golfo da Guiné. Como é que isto se pode materializar?

São Tomé e Príncipe apresentou recentemente, em Inglaterra, a sua agenda de transformação do país. Temos dois pilares fundamentais nesta agenda: o porto marítimo e o aeroporto. Por um lado, precisamos de alargar o aeroporto para que seja capaz de receber um número de aviões que nos permita fazer esse elo de ligação com vários países. Relativamente ao porto, pretendemos um porto de águas profundas para que possamos ancorar barcos maiores. A partir deste processo, penso, muitas transformações podem acontecer no território de São Tomé. Com melhores ligações e com mais qualidade, tudo pode acontecer.

Como é que vê o desenvolvimento do país nos últimos anos?

Temos vários momentos históricos em São Tomé e Príncipe. Um é de 1975 a 1991, em que a abertura do país foi muito reduzida. Depois de 91, tivemos períodos em que houve muitas alterações políticas, o que não nos permitiu apresentar um conjunto daquilo que seria possível lá fazer. Mas, nesta altura, temos uma agenda em que há condições para o arranque do desenvolvimento do país. Há uma estabilidade política, há um Governo para quatro anos, temos um Presidente da República eleito que já mostrou a sua disponibilidade para apoiar o Governo naquilo que é a sua agenda de transformação. Do ponto de vista político, está garantida a estabilidade. No que diz respeito à educação, também estamos a trabalhar no sector. Quando há uma alteração constante de governos, como aconteceu até há muito pouco tempo, não é possível fazer muito. Mas, nesta altura, posso dizer que a educação está a ser alvo de muitas alterações: estamos a fazer uma aposta forte na formação dos jovens. A geração mais nova é a base para o desenvolvimento de qualquer país para que se possa garantir o futuro. A aposta está a ser feita, quer na formação profissional, quer no ensino superior. Há ainda o aspecto social que merece algum destaque. Neste sentido, há também uma grande aposta no fornecimento de energia eléctrica para que esteja ao alcance de todos. Já temos uma cobertura de cerca de 95 por cento do território. A água potável também tem sido uma questão a necessitar de solução, mas estamos a ter agora condições para resolver este tipo de problemas. São Tomé e Príncipe está no bom caminho. Se estamos a tentar atrair investidores para o país é necessário que exista garantia de electricidade. Fizemos outra coisa que aparentemente pode não parecer de grande valor mas que é muito importante: a isenção de vistos para portadores de passaportes de vários países da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá e, claro, da China. A partir de agora, as pessoas com estas nacionalidades podem estar em São Tomé até 15 dias. Estamos a permitir que as pessoas nos conheçam para que, in loco, vejam o que temos e, depois, tomem a decisão de quererem ou não investir no país. Tínhamos de fazer esta abertura e estamos a ter sucesso. Já registámos um aumento muito grande na entrada de turistas em São Tomé.

Falando em investidores e turismo. O país é conhecido pela sua beleza natural e o seu ecossistema. Já existe alguma estratégia para garantir o equilíbrio de modo a manter os recursos naturais com o aumento do turismo?

Temos um departamento de ambiente que está a tratar disso. Conhecido pela sua beleza e património natural, é do nosso interesse manter a nossa biodiversidade o mais intacta possível. O nosso valor principal está aí. O próprio desenvolvimento também acarreta alguns custos e vamos, de certeza, ter cuidado para que o impacto seja o menor possível.

A Guiné Equatorial ainda aguarda adesão ao Fórum. Como é que vê esta situação?

É uma decisão que tem de ser analisada por todos os países membros e não me cabe dizer se deve ou não. Tem de ser uma decisão tomada em conjunto.

13 Ago 2017

Fórum Macau | Cabo Verde e São Tomé com novos delegados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s novos delegados de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe no Fórum Macau entraram ontem em funções. Nuno Miguel Melo Furtado substitui Mário Vicente como representante de Cabo Verde junto do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). Mário Vicente, cujas funções cessaram na segunda-feira, desempenhou o cargo desde 2011.

Formado em política internacional pela Universidade do Povo, de Pequim, Nuno Furtado será igualmente o representante da agência cabo-verdiana de promoção de investimentos, a Cabo Verde Trade Invest. Antes de ser nomeado delegado para o Fórum Macau, Nuno Furtado, de 41 anos, fluente em mandarim, era conselheiro do presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde para a área da diplomacia.

Gualter Sousa Pontes da Vera Cruz assumiu funções como o primeiro delegado de São Tomé e Príncipe no Fórum Macau. São Tomé e Príncipe aderiu à organização em Março, depois de, em Dezembro, ter cortado relações diplomáticas com Taiwan e reconhecido a República Popular da China. Dias depois, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país africano.

Gualter Sousa Pontes da Vera Cruz desempenhou funções de assessor do Ministro das Finanças, Comércio e Economia Azul de São Tomé e Príncipe.

O Fórum Macau tem um secretariado permanente e reúne-se a nível ministerial de três em três anos.

2 Ago 2017

Fórum Macau | Os objectivos do novo delegado de Cabo Verde

Nuno Furtado é o novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau. Antes de partir para o território confessou que é necessário captar investimento por parte das empresas cabo-verdianas, com o foco no mercado chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau quer as empresas cabo-verdianas focadas nas potencialidades do mercado chinês e não apenas no fundo de financiamento da organização, apostando, em simultâneo, na captação de investimentos para o arquipélago.

“A internacionalização das empresas cabo-verdianas para este mercado ainda é muito incipiente. O nosso empresariado está muito interessado no fundo de financiamento. É importante não vermos o fundo somente como um alvo, mas conhecer o mercado chinês e o que o mercado chinês pode dar a Cabo Verde em termos de serviços, de produtos e até de conhecimento (kow-how)”, disse Nuno Furtado, em entrevista à agência Lusa, a poucos dias de partir para Macau.

Formado em política internacional pela Universidade do Povo, de Pequim, Nuno Furtado, assume a partir de 1 de Agosto o lugar de delegado de Cabo Verde no Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), substituindo no cargo Mário Vicente.

Nuno Furtado, que assumirá a função de “elo de ligação” entre o Fórum Macau e o Governo de Cabo Verde, será igualmente o representante da agência cabo-verdiana de promoção de investimentos, a Cabo Verde Trade Invest.

“Queremos ter um intercâmbio muito fluente em termos comerciais e empresariais e apostar fortemente na captação de investimentos via Cabo Verde Trade Invest”, disse, adiantando que as novas orientações do Governo apontam para a internacionalização das empresas e captação de investimento chinês para Cabo Verde.

Missão de três anos

Nuno Furtado, que terá uma missão de três anos, traça como objectivo a promoção da entrada de empresas cabo-verdianas no mercado chinês e a captação de investimentos chineses para o arquipélago.

“O objectivo é ver empresas cabo-verdianas a penetrar no mercado chinês. Queremos que os nossos empresários tenham acesso ao mercado chinês e ao mesmo tempo gostaria de ver em Cabo Verde algumas empresas chinesas a investirem forte, principalmente no sector da economia marítima e agricultura”, afirmou.

O Governo da China vai apoiar Cabo Verde na criação da Zona Económica Exclusiva de São Vicente, projecto que Nuno Furtado acredita irá arrastar um conjunto de investimentos.

Ainda assim, o novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau adiantou que, pelas primeiras impressões, está a ver “algum receio” dos empresários chineses em investirem em Cabo Verde por causa da dimensão do mercado.

Por isso, entende que a sua missão passa também por convencer os empresários chineses que Cabo Verde pode ter, enquanto plataforma de entrada no continente africano, um papel semelhante ao que Macau tem para a China.

“Temos que potencializar Cabo Verde como plataforma para fazer com que o capital chinês entre aqui e ao mesmo tempo penetre na Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO). E aqui falamos de um mercado de 300 milhões de pessoas”, sublinhou.

Sobre o fundo de financiamento, Nuno Furtado assinala a exigência na elaboração dos projectos e o valor relativamente elevado dos investimentos admitidos.

“Alguns empresários cabo-verdianos têm lá projectos, mas nunca tiveram ‘feedback’ e, normalmente, isso acontece porque os montantes envolvidos são muito baixos. É preciso que os empresários cabo-verdianos comecem a pensar um pouco mais em grande em termos de projectos de investimento”, disse.

Cabo Verde muda o seu delegado no Fórum Macau pouco tempo depois de ter acolhido, na cidade da Praia, o Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial da China e dos Países de Língua Portuguesa, ocasião em que foram assinados vários protocolos entre Cabo Verde e a China.

“São esses protocolos que devem ser acompanhados para materialização de acções concretas”, considerou.

Nuno Furtado, 41 anos, fluente em mandarim, é formado em política internacional pela universidade do Povo em Pequim, China, e antes de ser nomeado delegado para o Fórum Macau era conselheiro do presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde para a área da diplomacia.

17 Jul 2017

Comércio entre a China e os Países de Língua Portuguesa sobe 41,51%

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 41,51% até Maio, em termos anuais homólogos, atingindo 46,32 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais. Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 33,22 mil milhões de dólares, mais 48,90%, e vendeu produtos no valor de 13,10 mil milhões de dólares, mais 25,70%.

Brasil

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 33,18 mil milhões de dólares entre Janeiro e Maio, um valor que traduz um aumento anual homólogo de 37,97%. As exportações da China para o Brasil atingiram 10,15 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 32,78%, enquanto as importações chinesas totalizaram 23,02 mil milhões de dólares, mais 40,39% face aos primeiros cinco meses do ano transacto.

Angola

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 72,98%, atingindo 10,04 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 843,01 milhões de dólares, mais 37,82%, e comprou mercadorias avaliadas em 9,2 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 77,12%.

Portugal

Já com Portugal, terceiro parceiro da China entre os países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se em 2,25 mil milhões de dólares – mais 7,26% –, numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 1,48 mil milhões de dólares, menos 4,69%, e comprou produtos avaliados em 761,69 milhões de dólares, mais 42,08% face aos primeiros cinco meses do ano passado.

Outros

Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de só ter passado a fazer parte da ‘família’ do Fórum Macau no final de Março, após a China ter anunciado o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé e Príncipe, dias depois de o país africano ter cortado relações com Taiwan e reconhecido Pequim.

O comércio entre São Tomé e Príncipe e a China é insignificante: entre Janeiro e Maio cifrou-se em 3,31 milhões de dólares (2,88 milhões de euros), valor que corresponde na totalidade às exportações chinesas.

13 Jul 2017

Fórum Macau | Assessor de ministro da Economia de S. Tomé escolhido para delegado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] assessor do ministro são-tomense das Finanças, Comércio e Economia Gualter Vera Cruz foi escolhido para delegado do país no Fórum Macau, anunciou ontem o organismo.

A informação foi avançada ontem pela secretária-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), Xu Yingzhen, à margem da tomada de posse da coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente.

“Já escolheram um delegado e acaba de chegar a Macau, tem muitos contactos com o secretariado permanente e também já manifestou o seu desejo de participar nas próximas actividades. É o assessor do ministro da economia de São Tomé e Príncipe, é o Dr. Vera Cruz”, afirmou Xu.

São Tomé aderiu, no final de Março, ao Fórum Macau, depois de, em Dezembro, ter cortado relações diplomáticas com Taiwan e reconhecido a República Popular da China. Dias depois, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país.

São Tomé e Príncipe encontrava-se excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau.

O Fórum Macau tem um secretariado permanente e reúne-se a nível ministerial de três em três anos.

Xu falava à margem da cerimónia de tomada de posse de Mok Iun Lei, a nova coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente. Mok exerceu vários cargos nos Serviços de Estatística e Censos e também no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, entre outras funções. Domina o chinês, o português e o inglês.

6 Jun 2017

Fórum Macau | Fundo está a analisar mais de 20 projectos

Foi lançado em 2013 mas, até agora, serviu apenas para ajudar em três projectos lusófonos. Os mil milhões de Pequim poderão agora começar a ter outra utilidade. Espera-se que, com a transferência do fundo para Macau, sejam construídas mais redes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fundo chinês de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para o universo lusófono, cuja sede foi ontem oficialmente transferida para Macau, continua a analisar mais de 20 projetos, incluindo de Portugal e Timor-Leste.

A informação foi facultada numa conferência de imprensa conjunta do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e da Direcção dos Serviços de Economia (DSE), à margem da cerimónia de descerramento da placa da sede do fundo, que marca a sua transferência de Pequim para Macau, inserida no 8.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF), que arrancou ontem.

Activado em Junho de 2013, o denominado Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, anunciado em 2010 pelo então primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, aprovou, até ao momento, o financiamento de apenas três projectos em Moçambique, Angola e Brasil, concedendo um montante total de cerca de 35 milhões de dólares norte-americanos.

Trata-se de um projecto agrícola em Moçambique da empresa chinesa Wanbao, um relacionado com o fornecimento de equipamentos para transmissão e distribuição de electricidade em Angola e um projecto solar no Brasil que, no seu conjunto, representam investimentos na ordem de 600 milhões de dólares.

Actualmente, o fundo encontra-se a acompanhar mais de 20 projectos, incluindo de Portugal, Timor-Leste, Brasil e Cabo Verde envolvendo investimentos de 800 milhões de dólares, ou seja, um número de candidaturas idêntico ao que tinha em mãos há mais de um ano.

No caso de Portugal, está sob análise um projecto relacionado com o terminal do porto de Sines. “Estamos a olhar para esse projecto, temos de acompanhar, de avaliar, penso que ainda está numa fase inicial”, disse à Agência Lusa o presidente do fundo, Chi Jianxin, à margem do IIICF, indicando que foi recentemente discutido em Pequim com um representante português dos Negócios Estrangeiros.

Já no caso de Cabo Verde o pedido de financiamento diz respeito ao projecto hoteleiro do empresário de Macau David Chow, que prevê a construção de uma estância turística no ilhéu de Santa Maria, situado defronte da capital, Cidade da Praia. Não foram divulgados detalhes sobre as outras candidaturas.

Casa nova em três anos

O fundo vai funcionar provisoriamente no Centro de Apoio Empresarial adstrito ao IPIM, prevendo-se que se mude, dentro de três anos, para o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Aquando da V Conferência Ministerial do Fórum Macau, em Outubro último, realizou-se uma cerimónia de descerramento da placa desse complexo – que está ainda por construir –, aproveitando a presença do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Chi Jianxin entende que a mudança da sede do fundo de Pequim para Macau apresenta vantagens, desde logo porque o território tem uma maior relação de proximidade com os países de língua portuguesa, o que irá permitir uma maior divulgação relativa à operacionalidade do fundo, que segue as regras do mercado, e potenciar candidaturas, “permitindo criar uma rede mais ampla de cooperação”.

O Governo de Macau destacou, por seu turno, que a mudança da sede tem “um sentido significativo”, nomeadamente por possibilitar um maior apoio às empresas locais na exploração de oportunidades nos mercados dos países de língua portuguesa.

Em paralelo, o fundo, ao tornar-se numa empresa registada e explorada em Macau, vai formar profissionais na área, “criando um precedente de desenvolvimento do sistema financeiro com características próprias de Macau”.

Tal surge na senda do novo desígnio de transformar Macau numa “plataforma de serviços financeiros entre a China e os países de língua portuguesa” – plasmado nas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, para o período 2017-19, no âmbito da V Conferência Ministerial do Fórum Macau.

Ontem foram ainda celebrados dois protocolos referentes à cooperação estratégia no desenvolvimento e investimento em Macau e nos países de língua portuguesa entre o fundo e empresas da China e entre o fundo e empresas de Macau.

2 Jun 2017

Cimeira | Governo promete ligação com empresas dos países de língua portuguesa

Na primeira cimeira sobre a construção de uma plataforma de serviços para a cooperação com os países de língua portuguesa, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, destacou o papel que Macau pode ter como elemento de ligação entre as empresas do espaço lusófono e as que estão localizadas na China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo apresentou ontem algumas ideias sobre o papel que o território poderá desempenhar na ligação entre as empresas sediadas no Continente e as que fazem parte dos mercados lusófonos.

Chui Sai On discursou na Cimeira sobre a Construção da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa de Macau, que se realizou ontem. No seu discurso, o governante “prometeu que Macau irá apoiar activamente o sector industrial e comercial dos países de língua portuguesa no desenvolvimento da cooperação com as empresas estatais nacionais e o mercado do Interior da China”.

O Chefe do Executivo garantiu que o Governo “já elaborou o planeamento geral de estratégias, mecanismos e recursos” nesta área. Além disso, “estão a ser desenvolvidos diversos trabalhos programados para a construção da plataforma”, estando a ser “continuadamente introduzidos novos elementos”. Nesta perspectiva, “torna-se entusiasmante o futuro do desenvolvimento [de Macau]”, acrescentou Chui Sai On.

O lado bom

O Chefe do Executivo afirmou ainda que a cimeira que ontem teve a sua primeira edição vai proporcionar “uma ligação mais estreita entre as empresas estatais nacionais, as empresas de Macau e as empresas dos países de língua portuguesa”.

No caso de Macau, “as empresas estatais nacionais têm contribuído, de forma ímpar, para o desenvolvimento económico [do território], trazendo-lhe novas energias nas diversas fases”, frisou.

O território está ainda a posicionar-se em prol de uma maior integração no “desenvolvimento nacional”, participando em políticas implementadas por Pequim, como é o caso de “Uma Faixa, Uma Rota”, sem esquecer a integração na zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, entre outras medidas.

Chui Sai On lembrou ainda os diversos projectos que já estão em curso no âmbito do Fórum Macau, tal como a concretização das 18 medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, onde se inclui o início da construção do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. A primeira fase do concurso público para a construção daquela que será a sede do Fórum Macau terminou em Fevereiro deste ano, tendo a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes recebido propostas de nove empresas.

1 Jun 2017