Hoje Macau PolíticaFórum Macau | Fundo chinês com sede em Macau a 1 de Junho A mudança, de Pequim para Macau, da sede do fundo chinês de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para os países lusófonos vai realizar-se a 1 de Junho. A novidade foi dada pelo secretário para a Economia e Finanças [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] anúncio foi feito pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que indicou que a cerimónia de inauguração da sede do fundo vai realizar-se durante o VIII Fórum Internacional sobre Investimento e Construção de Infra-estruturas, que decorre a 1 e 2 do próximo mês. O presidente do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Chi Jianxin, tinha avançado em Outubro, à Agência Lusa, que a sede do fundo ia ser transferida de Pequim para Macau com o objectivo de facilitar a divulgação e o contacto junto dos potenciais interessados. Numa primeira fase, a sede do fundo vai ficar localizada no centro de apoio empresarial do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e, posteriormente, vai mudar-se para o futuro “Complexo de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Aquando da V Conferência Ministerial do Fórum Macau, em Outubro último, realizou-se uma cerimónia de descerramento da placa do referido complexo, ainda por construir. O primeiro-ministro Li Keqiang assistiu à cerimónia. O descerramento da placa simboliza “o novo patamar para Macau na criação da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, segundo o Governo de Macau. Lionel Leong afirmou que a mudança da sede do fundo para Macau, que tinha descrito anteriormente como uma “prenda” de Pequim, constitui “um passo importante no reforço de Macau como ‘plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa’”. O que falta agora O complexo, além de ser no futuro o palco para o Fórum Macau, vai albergar o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviço Empresarial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Centro de Formação, o Centro de Informações, e um Pavilhão sobre Relações Económicas, Comerciais e Culturais entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Com uma área de 14.200 metros quadrados, terá ainda um Pavilhão de Exposição alusivo ao desenvolvimento urbanístico de Macau e irá disponibilizar “escritórios temporários e permanentes para os serviços públicos, organismos e as associações da China e dos países lusófonos envolvidos na construção da plataforma e organização do Fórum, segundo dados revelados anteriormente. O complexo ainda não tem uma data de abertura prevista. Em Fevereiro, após a primeira ronda do concurso público da empreitada de concepção e construção, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes indicou que, segundo as estimativas, a obra poderia ter início no segundo semestre e que o prazo máximo de execução era de 600 dias.
Hoje Macau Manchete PolíticaLusofonia | São Tomé e Príncipe adere ao Fórum Macau São Tomé e Príncipe faz, a partir de ontem, parte Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O país deixou de ter relações com Taiwan e passou a estar próximo de Pequim. Ficou também mais perto de Macau [dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] partir desta reunião, São Tomé e Príncipe já é um país participante do nosso Fórum”, disse ontem a secretária-geral do secretariado permanente do Fórum Macau, Xu Yingzhen, no final da reunião em que foi aprovada a integração do país, três meses depois do corte das relações diplomáticas com Taiwan. Segundo Xu, todos os membros concordaram com a integração de São Tomé. “O nosso Fórum fica mais completo, já temos todos os países de língua portuguesa neste fórum. Desejo que São Tomé possa beneficiar deste mecanismo”, disse. Quanto a uma possível adesão da Guiné Equatorial, a secretária-geral disse não ter qualquer notícia. “Não foi um tema discutido na reunião”, indicou. O próximo passo será a escolha do delegado e participação nas actividades. “Depois desta reunião já pode participar activamente em todas as acções do secretariado permanente, mas como membro novo tem de ter tempo para estudar e pensar em quais actividades lhes convém participar”, explicou. No dia 20 de Dezembro, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país. São Tomé e Príncipe encontrava-se, até agora, excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan. Criado em 2003 por Pequim, o Fórum Macau tem um Secretariado Permanente e reúne a nível ministerial a cada três anos. Na V Conferência Ministerial, em Outubro último, não esteve qualquer representante de São Tomé, apesar de o país ter participado como observador nas reuniões do Fórum e de, em 2013, ter enviado, pela primeira vez, um representante com a categoria de ministro. Fundo antes de Julho Xu Yingzhen disse ainda que a mudança da sede do fundo chinês de mil milhões de dólares destinados a investimentos de e para o universo lusófono para Macau deve acontecer na primeira metade deste ano. “O Banco de Desenvolvimento da China está a discutir com o Governo da RAEM para acelerar os passos para trazer a sede principal para Macau. Acho que na primeira metade deste ano vai estar aqui”, afirmou. A mudança da sede do fundo para Macau foi anunciada em Outubro do ano passado e esperava-se que pudesse acontecer ainda em 2016. Já em Janeiro deste ano, a directora-geral da empresa de gestão do fundo, Jin Guangze, disse que a equipa estava “a trabalhar nos aspectos jurídicos” para que tal se “concretize o mais rápido possível”. O fundo, com o valor global de mil milhões de dólares, aprovou até agora três projectos, em Angola, Moçambique e Brasil. O projecto de construção de uma estância turística em Cabo Verde, que vai inaugurar a indústria de jogo no país, do empresário de Macau David Chow estava, em Janeiro, “na fase de análise, mas quase a finalizar”, estando em causa o financiamento em 20 milhões de dólares. “Já finalizámos quase todas as etapas, só falta uma aprovação para poder arrancar esse projecto”, disse na altura Song Feng, diretor-geral adjunto do departamento de gestão do fundo.
Hoje Macau PolíticaFórum Macau | Portugal indica novos representantes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] delegada da AICEP em Macau, Maria João Bonifácio, é a nova delegada de Portugal no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), anunciou o cônsul-geral. Por outro lado, Rodrigo Brum – ex-chefe de gabinete do antigo governador Rocha Vieira –, passa a ser secretário-geral adjunto do Fórum, disse ainda Vítor Sereno, em declarações à margem de um encontro do secretário de Estados das Comunidades, José Luís Carneiro, com associações representantes da comunidade portuguesa que vive em Macau. A Lusa assinala que delegada da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) substitui Vítor Sereno como representante de Portugal no Fórum Macau, tal como tinha noticiado a imprensa local. O Fórum Macau tem um secretariado permanente e reúne-se ao nível ministerial de três em três anos. O secretariado permanente tem um secretário-geral (Xu Yingzhen, indicada por Pequim) e dois secretários-gerais-adjuntos, um deles nomeado pelos países de língua portuguesa e outro indicado pelo Governo de Macau (Echo Chan). Integram ainda o secretariado sete delegados de outros tantos países de língua portuguesa.
Andreia Sofia Silva PolíticaObras do edifício do Fórum Macau arrancam este ano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) admitiu nove das 12 propostas que recebeu para a “empreitada de concepção e construção do Complexo de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, mais conhecido como edifício do Fórum Macau. O projecto será edificado na zona do Lago Nam Van e a construção “poderá ter início no segundo semestre do corrente ano”. Prevê-se que a obra demore cerca de um ano e meio a ser realizada, segundo as previsões da DSSOPT. De fora ficaram três propostas, que não foram aceites porque “não cumpriam as disposições definidas no programa do concurso e nos esclarecimentos prestados por escrito aos concorrentes”, aponta um comunicado. O edifício irá albergar o Centro de Exposição dos Produtos dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviço das Empresas da China e dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Informações, o Pavilhão de Exposições sobre as Relações Económicas e Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa e as Respectivas Culturas, o Centro de Formação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, bem como o Pavilhão de Exposição sobre o Desenvolvimento Urbanístico de Macau. O concurso público para a entrega de propostas esteve envolto em polémica, uma vez que vários arquitectos relataram ao HM que a tradução para português das cláusulas técnicas chegou com um mês de atraso. Além disso, houve diversas alterações ao projecto a meio do processo. Olhando para a lista de concorrentes disponibilizadas pela DSSOPT, conclui-se que nenhuma empresa portuguesa participou no concurso público, que previa candidaturas em regime de consórcio.
Hoje Macau SociedadeFórum Macau | Fundo financia projectos no Brasil e em Cabo Verde O fundo da China de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para o universo lusófono aprovou financiamento para um projecto de energia solar no Brasil. E está prestar a aprovar outro de hotelaria em Cabo Verde. O anúncio foi feito ontem em Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova foi divulgada em Macau, durante uma sessão de apresentação do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa aos empresários de Macau – no valor de mil milhões de dólares –, de modo a que estes possam também concorrer a financiamento para projectos em países lusófonos. O director-geral adjunto do departamento de gestão do fundo, Song Feng, afirmou que, além dos dois projectos em Angola e Moçambique já anteriormente revelados, foi financiado um terceiro no Brasil, “um projecto solar que pode atingir uma capacidade de 200 megawatts na sua produção”. O projecto tem um investimento total de 200 milhões de dólares e conta com financiamento de 20 milhões do fundo, que pretende “posteriormente injectar mais”. E David Chow também Referindo que há “meia dúzia de projectos na fase final de análise”, Song Feng chamou a atenção para um de “uma empresa de Macau que investiu em Cabo Verde num hotel de cinco estrelas”, numa referência ao projecto do empresário David Chow, director executivo da Macau Legend. Este projecto “ainda está na fase de análise mas quase a finalizar” e deverá receber também 20 milhões de dólares de financiamento – Chow investiu cerca de 300 milhões de dólares. “Já finalizámos quase todas as etapas, só falta uma aprovação para poder arrancar esse projecto”, que o fundo espera que consiga “trazer mais vantagens financeiras” ao país. O projecto de David Chow, cônsul honorário de Cabo Verde, prevê a construção de uma estância turística no Ilhéu de Santa Maria, situado defronte da capital, Cidade da Praia, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados e inaugura a indústria de jogo no país. Quanto à candidatura do projecto do terminal do Porto de Sines, em Portugal, Song Feng disse apenas que ainda está a ser analisada, e não revelou o valor do financiamento, indicando apenas que o fundo atribui entre cinco e 50 milhões de dólares, consoante a envergadura dos projectos. Em Macau quanto antes Em Outubro do ano passado, o presidente do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Chi Jianxin, revelou que a sede do fundo deverá ser transferida de Pequim para Macau, indicando que tal poderia acontecer ainda em 2016. Ontem, a directora-geral da empresa de gestão do fundo, Jin Guangze, disse apenas que a equipa está “a trabalhar nos aspectos jurídicos” para que tal se “concretize o mais rápido possível”. O fundo, com o valor global de mil milhões de dólares, tinha aprovado já o financiamento de dois projectos: um proveniente da Angola e um chinês para Moçambique. Um projecto agrícola em Moçambique, da empresa chinesa Wanbao, foi o primeiro a obter financiamento do fundo, criado oficialmente em Junho de 2013 por iniciativa conjunta do Banco de Desenvolvimento da China e do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização de Macau. Avaliado em aproximadamente 200 milhões de dólares, o projecto, na região do baixo Limpopo, perto da cidade de Xai-Xai, obteve “luz verde” do fundo, que contribuiu com apenas 10 milhões de dólares. O segundo projecto, proveniente de Angola, está relacionado com o fornecimento de equipamentos para a distribuição de electricidade.
Andreia Sofia Silva SociedadeFórum Macau | Ding Tian, secretário-geral adjunto, fala em evolução [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário-geral adjunto do Fórum Macau, recentemente nomeado pelo Governo Central, disse ontem ao HM que vê uma evolução no percurso feito pela entidade, por comparação aos anos anteriores. “Vemos que o Fórum conseguiu grandes sucessos e já foram realizadas cinco conferências ministeriais. Este secretariado desempenhou o seu papel de forma excelente. Em comparação com a situação de há três anos, penso que a situação é diferente. Há uma evolução”, declarou Ding Tian. “Como podemos seguir, fazer o Fórum avançar nas relações entre a China e os países de língua portuguesa? Esse é um grande desafio para o secretariado permanente”, apontou o representante de Pequim à margem de um encontro com os órgãos de comunicação social. Questionado sobre a transferência da sede, de Pequim para Macau, do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento, Ding Tian assumiu não ter ainda quaisquer informações sobre a data certa em que essa mudança se irá concretizar. Entretanto, foi ontem anunciado que será feita uma sessão de apresentação do fundo por parte do Instituto de Promoção do Investimento e Comércio de Macau (IPIM), por forma a “promover o desenvolvimento da cooperação empresarial no âmbito do investimento”. A sessão está agendada para o próximo dia 25. Neste momento, o fundo já deu financiamento a três projectos ligados ao universo da lusofonia. Ding Tian domina a língua portuguesa, tendo desempenhado funções no departamento de ajuda externa do Ministério do Comércio da República Popular da China. “Possui vasta experiência em assuntos da economia e comércio externo”, aponta um comunicado oficial. Ding Tian desempenhou também funções em Cabo Verde, Brasil e Timor-Leste.
Andreia Sofia Silva PolíticaFórum Macau | Adesão de São Tomé e Príncipe continua sem data Ainda não há novidades sobre a entrada de São Tomé e Príncipe no Fórum Macau. Echo Chan, que já assume funções como secretária-geral adjunta, quer que o Fundo de Cooperação tenha a sua sede na RAEM já este ano [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dia depois de ser tornado público que estava de regresso ao Fórum Macau como secretária-geral adjunta, em representação do Governo local, Echo Chan participou no evento de Primavera da entidade e confirmou aos jornalistas que ainda não há qualquer novidade sobre a entrada de São Tomé e Príncipe como país membro do Fórum Macau. “Segundo o meu conhecimento, o Fórum Macau está aberto [à entrada do país]. Podemos agendar para que [esse assunto] seja discutido, mas neste momento não temos mais informações. Não está nada agendado, mas estamos abertos para marcar essas discussões”, afirmou. Foi em Dezembro último que São Tomé e Príncipe decidiu oficializar o corte de relações diplomáticas com Taiwan, fazendo de imediato uma aproximação à China. Em relação à transferência da sede do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa para Macau, Echo Chan espera que aconteça ainda este ano. “Estamos a ter boas conversações com o fundo e uma das medidas é a mudança da sede para Macau. Tudo está a ser desenvolvido com a Direcção dos Serviços de Economia e o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento. Vamos tentar que seja este ano, queremos isso, estamos a esforçar-nos, queremos que seja o mais depressa possível.” Li Keqiang em destaque De regresso ao cargo que ocupou apenas durante oito meses em 2015, Echo Chan pretende realizar as medidas anunciadas por Li Keqiang, primeiro-ministro chinês, aquando da sua visita ao território, por ocasião da V Conferência Ministerial do Fórum Macau. “Das oito medidas anunciadas para o Fórum Macau, cinco são exclusivamente sobre a plataforma de Macau. Essas cinco medidas são o meu objectivo principal, como a promoção de Macau como centro financeiro e implementar associações empresariais entre a China e os países de língua portuguesa, bem como o projecto do complexo do Fórum Macau.” Sobre o seu regresso, Echo Chan referiu apenas que “este ano foi a conferência ministerial, participei e apoiei este projecto”. “Ele [secretário para a Economia e Finanças] gostaria que eu voltasse ao secretariado e deu-me esta oportunidade para trabalhar no Fórum Macau, para desenvolver a plataforma de Macau. Há medidas para implementar nestes três anos. Temos muitos trabalhos para fazer”, frisou. Quem também mostrou estar satisfeita com o regresso de Echo Chan foi Xu Yingzhen, secretária-geral do secretariado permanente do Fórum. “É muito positivo o regresso de Echo Chan, é uma boa notícia, porque tem muita experiência com o Fórum Macau, conhece o funcionamento. Creio que o seu regresso nos vai ajudar muito nos trabalhos futuros”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFórum Macau | Concurso público para edifício gera constrangimentos O concurso público para a construção do edifício do Fórum Macau foi feito com atrasos, levando a desigualdades entre os arquitectos locais. A tradução para português das cláusulas técnicas chegou um mês depois, além de que houve alterações do projecto a meio do processo [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ários arquitectos de língua portuguesa estão a correr contra o tempo para participar no concurso público para a “empreitada de concepção e construção do Complexo de Serviços para Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, vulgo edifício do Fórum Macau, a ser construído nos lotes C15 e C16 do lago Nam Van. A TDM teve conhecimento de que houve atrasos no processo de tradução e alterações súbitas no projecto, informação que o HM confirmou junto de um arquitecto que está ligado ao processo, e que não quis ser identificado. “As cláusulas técnicas, que dizem respeito às condições específicas de cada obra, tiveram a versão portuguesa com um mês de atraso. Nessa altura deparámo-nos com uma outra situação, comum a todos os candidatos: a alteração do caderno de encargos. Na versão chinesa vinham as áreas com determinadas dimensões, e depois, já na versão traduzida e também em chinês, as áreas tinham sido alteradas de forma significativa. Houve salas que aumentaram e outras que diminuíram, e quem começou do início deparou-se ali com dificuldades devido às alterações. Dá ideia de que o programa inicial foi feito por várias pessoas, quando deveria ter sido centralizado”, explicou. O concurso público teve início a 19 de Outubro do ano passado, sendo que só em Novembro houve a tradução em português. O prazo final para as candidaturas é dia 23 deste mês, sendo que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) não aceitou os vários pedidos de prolongamento do prazo. “Quando [o organismo] disse que não aceitava, apresentou mais esclarecimentos”, apontou o mesmo arquitecto. “Há empresas que continuam a pedir o prolongamento, ninguém sabe o que vai acontecer, porque a entrega deste projecto bastante exigente terá de ser feita a 23 deste mês.” Apesar dos esclarecimentos, os candidatos vêem-se obrigados a trabalhar na quase escuridão. “Ainda há coisas que não estão esclarecidas e sobre as quais não temos a certeza: se é a versão chinesa que não está bem feita ou a versão portuguesa que não está explícita. Algumas situações ainda não são claras.” Só para os grandes O HM contactou vários arquitectos que estão a participar neste concurso público. Apesar de terem confirmado a existência de alterações súbitas no projecto em causa, optaram por não prestar declarações. Ontem, à margem do evento de Primavera do Fórum Macau, Echo Chan, recém-apontada secretária-geral adjunta da entidade, afirmou não ter conhecimento do caso, pelo facto da obra estar sob a alçada da DSSOPT. Até ao fecho da edição, a DSSOPT não prestou os esclarecimentos solicitados por este jornal. O arquitecto com quem o HM falou faz ainda referência a um tipo de concurso público ao qual as empresas de pequena dimensão não têm capacidade de concorrer, além de não promover o debate de ideias criativas. “A tabela [orçamento] é elevada, pelo que nem todos os construtores de Macau podem concorrer, só as grandes empresas. Os arquitectos não podem concorrer livremente e têm de estar ligados a empresas de construção”, afirma. “Só as empresas ligadas a grandes empresas chinesas é que poderão ter esta oportunidade e isto provocou alguma celeuma entre os arquitectos locais, porque se fosse um concurso de ideias todos podiam concorrer e estávamos em pé de igualdade. E ainda se as condições, em português e chinês, tivessem surgido na mesma altura. Estamos mais uma vez com um concurso de concepção e construção que, neste aspecto, sacrifica um pouco as ideias, e estão a apresentar-nos uma situação que não é igual para todos os arquitectos”, concluiu.
Andreia Sofia Silva PolíticaEcho Chan volta ao Fórum Macau [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] oficial: pouco mais de dois meses após a saída de Cristina Morais do cargo de secretária-geral adjunta do Fórum Macau, eis que o Governo optou por escolher um rosto com alguma experiência. Echo Chan está assim de regresso ao lugar que ocupou durante oito meses. A confirmação foi feita através de um comunicado oficial. O HM já tinha, há algum tempo, colocado a questão, sem ter obtido resposta. “A assessora deste gabinete [do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong], Chan Keng Hong Echo, foi indicada pelo secretário para exercer, em representação do Governo da RAEM, as funções de secretário-geral adjunto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau.” Segundo o mesmo comunicado, a escolha teve em conta “a bem-sucedida realização no território da 5.ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, em Outubro de 2016, e o objectivo de responder ao desenvolvimento económico e comercial verificado entre a China e os países de língua portuguesa”, além de ter em conta “o apoio à concretização dos diversos trabalhos do Fórum de Macau”. O gabinete de Lionel Leong explica que Echo Chan “domina as línguas chinesa e portuguesa”, tendo sido vogal executiva do Conselho de Administração do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), lugar que vinha ocupando desde a sua saída do Fórum Macau. Echo Chan foi também coordenadora-adjunta do gabinete preparatório do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, tendo coordenado posteriormente essa entidade. Questões pessoais Echo Chan deixou o lugar em Outubro de 2015, tendo sido a sucessora de Rita Santos, pessoa que, até hoje, foi a que mais tempo se manteve no lugar de secretária-geral adjunta. Na altura, Echo Chan invocou “razões pessoais e familiares” para deixar o lugar. Também Cristina Morais disse ao HM que a sua decisão se pautou pelos mesmos motivos. “Findo o termo de uma comissão, é natural que as pessoas possam optar por ficar ou sair. No meu caso, optei por assumir funções diferentes, em vez de assumir a prorrogação. Foi por motivos pessoais que deixei o Fórum Macau. Optei por voltar à Direcção dos Serviços de Economia. Continuarei a fazer parte do Fórum Macau porque estarei no departamento de relações económicas internacionais”, apontou. O HM tentou obter reacções à escolha de um nome repetido para o lugar, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer qualquer contacto. Xu Yingzhen é secretária-geral do Fórum Macau, tendo como braço direito Vicente de Jesus Manuel.
Hoje Macau Manchete Sociedade VozesEspecial 2016 | Raimundo do Rosário é a personalidade do ano Personalidade do ano – Raimundo do Rosário [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Transportes e Obras Públicas chegou, viu e…convenceu. E porquê? Porque – vejam lá bem! – é capaz de tomar decisões, algo que há muito não se via pelas bandas do seu pelouro. Ao segundo ano da sua presença no Governo, as coisas parece que querem andar, ainda que emperradas pelas areias do costume. Ele diz que não sabe, não diz que não pode e não teme atirar o prazo das obras para as calendas, quando esse é o seu triste destino. É o caso do metro ligeiro, entre outras. Raimundo do Rosário conhece bem os interesses locais, demasiado bem para ser optimista. Mas, nesta RAEM do quanto-menos-te-mexes-melhor, foi uma lufada de racionalidade, desassombro e eficácia, bem necessária depois da Era Glacial que se seguiu ao incidente Ao Man Long e ao empata-obras que o substituiu. Ninguém espera que faça milagres ou que os milagres se façam por si, mas deverá manter a mesma postura e demonstrar a mesma vontade em defender o interesse público se quiser terminar o ano em 2019 a sua passagem pelos mais altos cargos do Governo da RAEM com uma nota extremamente positiva. Depois da sua presença em Lisboa, na delegação de Macau, será o final dourado de uma distinta carreira como servidor da coisa pública. Ralhete do ano – Li Keqiang A presença do primeiro-ministro expôs as fraquezas do Governo local, que, além de ser manso e garantir a mansidão popular,pouco efectuou no sentido de implementar os desígnios de Pequim. De tal modo que Li Keqiang não se coibiu de, em “édito-rei”, exigir as medidas que há muito deveriam estar longe do papel e das intenções. Os governantes coraram e a oligarquia encolheu os ombros, pois pouco disto lhe interessa. Todos disseram que sim e as cabeças ficaram a abanar até o pó da carruagem de Li assentar no fim da estrada. Depois, a partilha do bolo continua. A ver vamos se o discurso criativo do primeiro-ministro cai em saco roto ou não. Governante do ano – Lionel Leong O Secretário para a Economia e Finanças é o homem das “missões impossíveis”: uma, diversificar a economia de Macau; duas, convencer os empresários locais a dotarem-se de uma postura contemporânea e menos ambiciosa. Outro deixaria correr o marfim, mas Lionel Leong tem-se distinguido pelo modo como está por dentro dos dossiês e parece por isso levar a sério as suas hercúleas tarefas. A cadeira no Olimpo ainda está à vista. Revelação do ano – Wong Sio Chak Raramente a polícia é trampolim para mais altos voos, mas o ano de 2016 revelou um Wong Sio Chak, ex-director da judiciária e agora Secretário para a Segurança, de peito firme e asas abertas, angariando apoios ao supremo cargo na RAEM. Nesse sentido, é uma revelação. A prosseguir nessa heróica senda, faz tremer os liberais pela sua postura, um tanto ou quanto militarizada, e a visão, que partilha sem pudor, de uma sociedade securitária, talvez demasiado regrada, uma espécie de Singapura retardada e fora do tempo. Treme a Macau do laissez-faire, laissez-passer, um dos traços identitários mais fortes desta terra. Temem os que preferem um mundo de “amplas liberdades democráticas”, tal qual Álvaro Cunhal nos ensinou. Desilusões do ano Festival de Cinema – Pariu um rato. Mais uma vez o que poderia ter sido e até parecia que ia ser, não chegou a ser nem metade. Filmes premiados com salas vazias, e, sobretudo, uma irrelevância final, muito fruto da exclusão de Marco Muller, que chegou a ser confrangedora. Macau demonstrou não ter capacidade para aquilo que anunciou. O Governo, depois da casa desfeita, ainda quis pôr um freio na bizarra situação. Conseguiu mas o cavalo não chegou a sair da estrebaria. Prometeu muito. Pariu um rato. Porque a rolha foi roída pelo rei da Rússia. Hotel Estoril – Convidar e desconvidar Siza Vieira não lembra a ninguém. Ah..não..espera…aconteceu a Oese de Pecos, onde afinal nada parece haver de novo. A não ser os novos estudos, as novas consultas e os novos concursos. Evento do ano – Fórum Macau A presença de primeiros-ministros e outros figurões já seria suficiente para destacar este evento, cuja importância para a RAEM é, sobretudo, apreciada por quem o vê de fora. As medidas anunciadas por Li Keqiang foram muito bem recebidas por todos os países participantes, e, sobretudo, por quem ficou à porta a roer as unhas: São Tomé e Príncipe. De tal modo que, entretanto, a ilha já se divorciou da ilha e arranjou casório com o continente. O Fórum desempenha o seu papel… Instituição do ano – Centro do Bom Pastor A aprovação da lei da violência doméstica foi uma grande vitória para as organizações que por ela combateram e nenhuma esteve mais perto da linha da frente do que o Centro do Bom Pastor, dirigido pela irmã Juliana Devoy. Se esta lei foi aprovada e se hoje as pessoas gozam de protecção contra a violência como nos países civilizados, tal deve-se muito aos incessantes esforços desta instituição e da sua face mais conhecida. Artista do ano – Ivo M. Ferreira O filme “Cartas da Guerra”, baseado na obra epistolar de António Lobo Antunes, está a ter uma visibilidade única, se pensarmos que se trata de uma obra de um residente de Macau e que, além das críticas esfuziantes, foi pré-seleccionado para os Óscares. Ivo M. Ferreira mostra até que ponto é possível existirmos e que este céu cinzento da descrença local bem pode esperar. Ele vai ali, já volta. Figura Internacional do ano – António Guterres Avíssaras! O secretário-geral da ONU é português e os portugueses conhecem bem a sua capacidade para o diálogo e, de um modo geral, para a conversa, a conversinha e mesmo para a converseta. Este é, aliás, um traço comum ao puro lusitano. Pode ser que esta capacidade, aliada a um também lendário malabarismo numérico, façam de António Guterres o homem com o perfil certo para o cargo. O mundo parece pensar que sim. Vergonha do ano – Ho Chio Meng É muito aborrecido, para não dizer chato, saber que o antigo procurador da RAEM foi preso e acusado de 1500 e tal crimes. Não sei…é assim uma sensação desagradável pensar que o responsável máximo pela defesa dos interesses públicos andava a meter a mão em massa que não lhe pertencia nem era suposto pertencer. A sua detenção foi um golpe duro na credibilidade do sistema judiciário de Macau. E, se pensarmos que este senhor foi um dia putativo candidato ao cargo de Chefe do Executivo, colhendo apoios nas mais variadas paróquias, que isto nos sirva de lição para um futuro não muito longínquo. Livro do ano – Delta literário de Macau O livro do consagrado e respeitado professor Carlos Seabra Pereira, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau, constitui um marco na crítica literária de Macau. Nele são referidos e apreciados os principais autores que escreveram ou escrevinharam por estas terras, num esforço que se reconhece praticamente exaustivo e titânico. Até hoje nada se tinha escrito assim. Exposição do ano – Ad Lib A craveira internacional de Konstantin Bessmertny é um dado de facto mas a sua arte, inquietação e reflexão não descansam à sombra dos louros justamente recolhidos. A exposição que apresentou no Museu de Arte de Macau é um exemplo maduro da sua capacidade artística e da imaginação critica a que nos habituou. Filme do ano – Sisterhood Ainda longe da exigência técnica e plástica de “Cartas da Guerra”, “Sisterhood” é um enunciado corajoso e desassombrado de Tracy Choi, luminosa crueza na sociedade morna, hipócrita e desenxabida de Macau. A realizadora mostra mão e um sentido próprio para o seu trabalho. espera-se mais. Prémios especiais O que mais me irá acontecer do ano – Helena de Senna Fernandes E de repente cai-lhe no colo um festival internacional de cinema, cujo director desapareceu misteriosamente, embora para parte certa. A directora dos Serviços de Turismo teve de assumir a cabeça do animal. Salvou-a ver extensamente filmes “nos aviões” e a persistência com que repete o seu filme favorito: “Música no Coração” O que vou fazer se me deixarem do ano – Alexis Tam O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura lançou uma mão-cheia de projectos mas, a cada um deles, praticamente sem excepções, foi contestado pelas auto-denominadas “forças vivas da população”. E Alexis Tam, sistematicamente, recuou e fez mais consultas, que é como quem diz, lavou daí as suas mãos. A sua pele deve estar seca. O pêndulo de Foucault do ano – Ho Iat Seng A eterna reserva moral da RAEM, enquanto presidente da Assembleia Legislativa, revelou-se um homem com uma desmedida tendência para a harmonia e o consenso. E também para a prudência quando tal é necessário. De tal modo que é capaz de embalar e fazer adormecer um frasco de anfetaminas. O vira disco e toca o mesmo do ano – Ng Kuok Cheong Os acontecimentos em Hong Kong retiram cada vez mais margem de manobra aos democratas locais. E Ng Kuok Cheong é um bom exemplo disso: este ano a sua criatividade levou-o a querer discutir o sufrágio universal na Assembleia Legislativa, como tem feito todos os anos. E, como em todos os anos, levou uma nega quase geral. O grande salto em frente do ano – Casinos Jogo a cair, receitas a baixar, e os casinos de Macau a investir como cães danados. No Cotai, se juntarmos os trapinhos recentes de todos eles, a coisa vai parar à módica quantia de 17 mil milhões de patacas. Isto quando as renovações das licenças estão em águas de bacalhau. É o que se chama uma aposta. O Auslander Raus! Do ano – Ella Lei e companhia Quando toda a gente sabe que Macau parava sem mão-de-obra estrangeira, a qual precisamos como de chao min para a boca, de gente qualificada e não só, a deputada Ella Lei e companhia continuam a defender que a causa das causas é expulsar os trabalhadores alienígenas. Isto numa cidade onde o desemprego não atinge os dois por cento. De facto o ridículo não mata e a perda de tempo também não. O centro é onde eu quiser do ano – Song Pek Kei O Governo quer uma biblioteca central no centro da cidade. Parece lógico. Pois. Mas nem para todos nasce esse sol. A deputada Song Pek Kei entende que a biblioteca central deve ser nos novos aterros. O problema é que deixa de ser central, capisce? Não? Pois… O a gente manda e mainada do ano – Táxis As multas não os demovem, os fiscais não lhes metem medo. Eles são os taxistas de Macau. Fazem o que querem e ao Governo mostram…pirilau. Por essas ruas acima, navegam como querem, cobram o que lhes apetece e nada de levantar a grimpa que ainda te partem o focinho. São a prova de que este é um Estado falhado.
Hoje Macau PolíticaFórum Macau com “atitude aberta” perante relações de São Tomé com China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) tem uma “atitude aberta” à entrada de São Tomé e Príncipe, que restabeleceu esta semana relações diplomáticas com Pequim. “São Tomé e Príncipe é um dos membros familiares da lusofonia, pelo que o secretariado permanente tem uma atitude aberta quanto à sua participação no Fórum Macau. Caso a parte santomense apresente o pedido, o secretariado permanente está disposto a submeter aos países participantes do Fórum para efeitos de discussão”, indicou à Lusa o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau. No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país. São Tomé e Príncipe encontrava-se, até agora, excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan. Na V Conferência Ministerial, em Outubro, não esteve qualquer representante de São Tomé, apesar de o país ter participado como observador nas reuniões do Fórum e de, em 2013, ter enviado, pela primeira vez, um representante com a categoria de ministro. São Tomé e Príncipe suspendeu relações com Pequim em 1997, reconhecendo Taiwan. No entanto, o Presidente Manuel Pinto da Costa visitou a China em pelo menos duas ocasiões. Quando São Tomé decidiu reconhecer Taiwan, a ilha era um dos quatro “tigres asiáticos”, ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, Taiwan investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional. Mas os tempos mudaram e a República Popular da China tornou-se na segunda maior economia mundial, com as maiores reservas cambiais, no valor de 3,44 biliões de dólares.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFórum Macau | Académicos falam em falta de estratégia e desconhecimento Pedro Coimbra, Arnaldo Gonçalves e Luís Crespo consideram que a população local continua a não saber as funções e o papel do Fórum Macau. Num debate organizado pelo jornal Ponto Final, muito se falou sobre a ausência de uma estratégia concreta por parte do Executivo local [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]odos eles mantêm blogues onde comentam a actualidade do território, mas poucos escrevem regularmente sobre o Fórum Macau. Ainda assim, Pedro Coimbra, autor do blogue “Devaneios a Oriente”, Arnaldo Gonçalves, do “Exílio do Andarilho” e Luís Crespo, do “Bairro do Oriente”, participaram num debate organizado pelo jornal Ponto Final sobre o Fórum e o seu futuro, intitulado “Fórum Macau: Quo vadis?”. Apesar da fraca adesão do público, o debate aconteceu e deixou algumas ideias: poucos sabem o que o Fórum Macau faz ou aquilo que o Governo do território quer fazer com uma entidade criada em 2003. As críticas foram quase tantas como as questões. “É algo mais institucional, que tem que ver com circunstâncias históricas. É um Fórum sem grande ambição e acho que nunca terá grande ambição. É um instrumento diplomático de relações externas da China”, disse ao HM o académico Arnaldo Gonçalves. No debate, o académico afirmou que ainda não percebeu a estratégia do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. “Há uma mudança de estilo na projecção internacional de Macau entre Edmund Ho e Chui Sai On, e o [Fórum] teria outro tipo de desenvolvimento. Se o Governo de Macau está realmente interessado no Fórum e se tem uma estratégia, ainda não percebi que o Secretário Lionel Leong a tenha. Já tivemos três coordenadoras [Cristina Morais vai deixar o cargo], qual é a sequência na liderança da estrutura? Não percebi ainda o que o Governo quer do Fórum.” Luís Crespo defendeu que poucos conhecem o trabalho do Fórum Macau. “Existe um certo desencanto. Sabemos muito pouco sobre aquilo que o Fórum faz. É algo que não se faz sentir no nosso dia-a-dia. Há a história do centro de produtos portugueses em Zhuhai, ou outras medidas que são anunciadas ao mais alto nível, mas depois não se vêem grandes resultados. Fomos bafejados pela sorte e a China tem sido bastante generosa, mas não estamos a aproveitar isso, porque depois dependeria do epicentro da lusofonia, que é Portugal, e que nunca demonstrou interesse em continuar aqui em Macau”, apontou. Bilateralismo em queda O jurista Pedro Coimbra alertou para o facto de a China manter relações bilaterais com países membros do Fórum Macau. “As ligações ao petróleo não passam pelo Fórum. Penso que foi a China, farta de alertar o território com os discursos sobre diversificação económica, que nos deu este presente. Uma estrutura comandada por Pequim para que Macau se volte para outras coisas que não o jogo. Nestes anos Macau mexeu com o Fórum? Não se viu nada.” Arnaldo Gonçalves lembrou ainda que as relações bilaterais atravessam também um período de crise. “As relações bilaterais fazem-se sem o Fórum e estão a fazer-se muito mal: veja-se a evolução das relações económicas, é dramática. Relações com Angola e Brasil, com queda de exportações de 60 por cento, é cair na vertical”, disse ao HM. O debate focou-se ainda no facto de apenas dois projectos terem sido aprovados no processo de candidatura ao fundo financeiro anunciado por Pequim. “Pusemos as expectativas à frente da realidade e isso acontece no Fórum. Não nos podemos esquecer que o dinheiro é da China e tem de ser aplicado com bom senso. Os projectos têm de ter consistência e não podem ser um conjunto de boas intenções. Isso não está a acontecer e estão a pôr o carro à frente dos bois”, defendeu Arnaldo Gonçalves. Quanto à candidatura de projectos de Macau, o cenário parece ser negro. “Não acredito que haja empresas de Macau [a concorrerem ao fundo] porque não há empresas tecnologicamente filiadas aqui, são de Hong Kong e isso tem que ver com a pequenez do território. Os empresários daqui são sobretudo de Hong Kong.” Ainda assim, colocou-se a questão: vale a pena a existência do Fórum Macau? Sim, defenderam os participantes, por ser mais um instrumento de diplomacia externa chinesa. “É importante Macau ter isto porque não tem outra janela para o mundo. Que projecto tem Macau como cidade internacional, virada para os outros países? Nenhum. A China quer apenas fazer marketing político”, defendeu o académico Arnaldo Gonçalves.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFórum Macau | Cristina Morais diz que saiu por “motivos pessoais” Cristina Morais resolveu não continuar como coordenadora do Fórum Macau, alegando “motivos pessoais” para a saída. O deputado José Pereira Coutinho diz que o Fórum Macau tem sofrido “intromissão de pessoas” e acusa o Secretário para a Economia e Finanças de “nunca se ter interessado” pelo organismo [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] difícil encontrar respostas para o facto da coordenação do Fórum Macau em nome do Governo da RAEM continuar a não se pautar pela estabilidade, sendo raras as pessoas que queiram comentar o assunto. Após a saída de Rita Santos, que se reformou, Echo Chan ficou apenas oito meses no cargo e Cristina Morais está também de saída, ao fim de um ano em funções, conforme noticiou o Jornal Tribuna de Macau. Em declarações ao HM, Cristina Morais deu as mesmas explicações que Echo Chan deu em Outubro do ano passado para sair. “Findo o termo de uma comissão, é natural que as pessoas possam optar por ficar ou sair. No meu caso, optei por assumir funções diferentes, em vez de assumir a prorrogação. Foi por motivos pessoais que deixei o Fórum Macau.” “Optei por voltar à Direcção dos Serviços de Economia. Continuarei a fazer parte do Fórum Macau porque estarei no departamento de relações económicas internacionais”, disse ainda Cristina Morais, que traça um balanço positivo do seu trabalho. “Foram feitas muitas reportagens a esse respeito e talvez não seja necessário da minha parte acrescentar mais informações. Já foi anunciado um novo plano de acção e um novo memorando, e as expectativas são muito boas. No plano de acção há novas áreas de cooperação e penso que os países de língua portuguesa terão grande vontade em desenvolver essas áreas. Vamos ver de que forma serão organizados novos grupos de trabalho, para permitir que essas áreas sejam desenvolvidas. Tenho expectativas positivas”, disse ainda ao HM. Há já algum tempo que existia o rumor de que Cristina Morais sairia do Fórum Macau após a realização da 5ª Conferência Ministerial. Problemas internos Convidado a comentar mais uma baixa do Fórum Macau, o deputado José Pereira Coutinho defende que “Cristina Morais saiu desde o primeiro dia em que foi nomeada para o Fórum”. “Vai ser muito difícil encontrar uma pessoa com perfil para o cargo”, acrescentou ainda o deputado, que fala em “amadorismo e falta de profissionalismo” no seio da entidade, que se reflectem “nos resultados externos dos trabalhos do Fórum. Coutinho faz ainda uma acusação directa a Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças. “O maior responsável pela confusão da última conferência ministerial é o Secretário Lionel Leong, que desde o início nunca se interessou pelo Fórum Macau.” O deputado dá como exemplo o facto de nenhum membro do Governo de Macau ter ido ao aeroporto receber António Costa, primeiro-ministro português. O HM apurou que Costa foi recebido pela vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, e por Jackson Chang, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM). “Houve uma falha protocolar grave quanto ao esquecimento em receber o primeiro-ministro português no aeroporto de Macau, já que nenhum Secretário ou chefe de gabinete estiveram presentes. Nem sequer havia um intérprete para traduzir a conversa entre o primeiro-ministro português e a vice-ministra do comércio chinês”, referiu Coutinho. Em resposta ao HM, o gabinete de Lionel Leong confirmou que o Secretário não pôde, de facto, estar presente no aeroporto por motivos de agenda, pois tinha de estar ao lado do primeiro-ministro chinês na Torre de Macau para apresentar “a estratégia sobre a promoção da diversificação adequada da economia e do desenvolvimento sustentável industrial local”. “Esta forma de recepção foi combinada previamente após uma profunda comunicação e coordenação com a parte portuguesa”, explicou ainda o gabinete. Além disso, o governante afirmou ter estado presente na despedida de Macau de António Costa, tendo referido que está “muito atento aos trabalhos relativos ao Fórum Macau”. Pouca formação Coutinho fala ainda da “falta de formação do pessoal que trabalha no Fórum, que teve enormes dificuldades em informar os convidados”, tendo mesmo ocorrido “o abandono de uma das delegações dos países africanos, que falhou nos transportes de retorno ao país”. O deputado frisou ainda que o Fórum Macau “sempre sofreu intromissões por parte de pessoas estranhas, ávidas em colher louros e proveitos individuais por parte do pessoal do chefe de gabinete de Lionel Leong”. Glória Batalha Ung, vogal executiva do IPIM, confirmou ao HM que a entidade ainda não recebeu novas indicações sobre a pessoa que irá substituir Cristina Morais. “Saiu por assuntos particulares e vai ser substituída, penso que não haverá problema e que o Secretário vai coordenar bem o processo. Ainda não recebemos instruções sobre isso.” Um comunicado oficial divulgado ontem explicava apenas que Cristina Morais ponderou “por sua própria vontade os contextos e experiências profissionais de que dispõe”, tendo sido nomeada chefe do departamento de relações económicas externas da DSE. “Quanto ao sucessor para o cargo de coordenador do Gabinete de Apoio do Fórum Macau, será divulgado em tempo oportuno e de acordo com os termos processuais”, pode ler-se. Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau e representante de Portugal no Fórum Macau, não quis fazer comentários.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFórum Macau | Li Keqiang continua a exigir diversificação económica O primeiro-ministro chinês chegou ontem ao território, sob apertadas medidas de segurança. Nas suas intervenções, insistiu particularmente na diversificação económica para a RAEM e elogiou a implementação local do princípio “um país, dois sistemas” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]polícia povoou vários pontos do território e a ponte de Sai Van chegou a estar fechada ao trânsito. A chegada de Li Keqiang, primeiro-ministro chinês, a Macau pautou-se pela adopção de fortes medidas de segurança. À chegada ao aeroporto, logo às dez da manhã, o primeiro-ministro deixou uma mensagem a Macau em prol de uma economia mais diversificada. Nas suas palavras, o Governo Central “continuará a apoiar Macau na concretização e execução do papel ‘Um Centro, Uma Plataforma”, tendo prometido ainda medidas de apoio “no sentido de promover a economia local, acelerar a sua diversificação adequada e manter a estabilidade e prosperidade de Macau a longo prazo”, disse Li Keqiang, segundo um comunicado oficial. Esta é a primeira vez que Li Keqiang visita Macau enquanto chefe do Governo chinês, para uma visita de três dias no âmbito do Fórum Macau. À chegada, na manhã de ontem, foi recebido pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, bem como por Edmund Ho, na qualidade de vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Estiveram ainda presentes duas centenas de estudantes da escola primária e pela Banda da Polícia de Segurança Pública. A delegação que o acompanha inclui o conselheiro de Estado Yang Jing, o vice-secretário-geral do Conselho de Estado, Xiao Jie, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, o director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Xu Shaoshi, e o ministro do Comércio, Gao Hucheng. Vamos a diversificar A tarde de ontem foi destinada a uma reunião da comitiva de Li Keqiang com o Executivo local, por forma a fazer o balanço da actividade governativa. Antes do começo do encontro, que decorreu à porta fechada, o primeiro-ministro chinês voltou a falar da necessidade de diversificação económica. “O Governo Central sempre se pautou pela diversificação adequada da economia e manter a estabilidade e prosperidade. O objectivo é o desenvolvimento social e da economia, bem como manter a estabilidade a longo prazo, em prol do bem-estar dos compatriotas.” Li Keqiang disse que Pequim “reconhece o trabalho do Governo da RAEM, especialmente nos últimos dois meses, em que houve uma alteração na economia que vai reverter no futuro”, numa referência à recuperação das receitas do Jogo. Para o dirigente, “Macau está muito moderna, sendo possível constatar a prosperidade, mas também uma diversificação cultural. Acredito que isso vai continuar e que a economia vai diversificar-se. Também posso ver que Macau vai ter um futuro brilhante sob a liderança do Chefe do Executivo”. Chui Sai On, por sua vez, fez uma referência ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o qual contém objectivos a concretizar nos próximos cinco anos. “O Governo da RAEM está confiante de que nos próximos cinco anos possa levar a cabo todo o projecto, o qual tem como objectivo a estabilidade e o bem-estar da população. Macau vai aproveitar a parte do desenvolvimento que lhe diz respeito e vai tomar atenção às ocorrências do exterior que possam afectar (o território). Depois de um ano de estudo, ouvindo todos os serviços competentes, foi anunciado um projecto sobre o planeamento de Macau”, frisou. Um exemplo bem sucedido Aquando da sua chegada ao território, Li Keqiang disse ainda que a sua vinda à RAEM representa “uma oportunidade para se encontrar com os compatriotas locais, e que “foi com grande satisfação que, ao sair de avião, viu os sorrisos de crianças do território, que representam a esperança e futuro de Macau”. O líder chinês recordou ainda que quando do 10.º aniversário da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China, em 2009, esteve em Zhuhai, adjacente ao território, para a cerimónia do lançamento das obras da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e que, na altura, se deslocou de propósito à Ponte Flor de Lótus para observar Macau à distância, pelo que “hoje ao pisar este tesouro de território, que implementou de forma bem-sucedida o princípio de ‘um país, dois sistemas’, espera observar, percorrer e ouvir a cidade, para sentir melhor a transformação de Macau, as tradições e costumes locais e a vida quotidiana dos compatriotas de Macau”. Li Keqiang participa hoje na cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum Macau, um dos principais pontos da sua deslocação, que termina na quarta-feira, dia 12. Presença do PM chinês significa compromisso com a cooperação O primeiro-ministro, António Costa, considerou ontem que a presença do seu homólogo chinês, Li Keqiang, no Fórum Macau significa o compromisso político da China na cooperação com os países de língua portuguesa. “Este Fórum Macau de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa vai ser muito importante. Trata-se de um evento que sublinha a importância que a China continua a atribuir a Macau como ponte para a Lusofonia”, defendeu o líder do executivo português, antes de destacar a participação do primeiro-ministro chinês. “A presença do primeiro-ministro chinês significa um grande compromisso da China ao nível da cooperação com os países lusófonos. No domínio da cooperação trilateral entre a China, Portugal e os restantes países lusófonos há muito que ainda fazer muito em conjunto”, disse. António Costa salientou depois o conhecimento que Portugal tem dos restantes países de língua portuguesa, assim como “a capacidade que a China possui em investir e em estar presente”. “Pode haver cooperações trilaterais com empresas brasileiras ou africanas. Estamos perante uma oportunidade de grande de desenvolvimento”, disse.
Carlos Morais José EditorialFórum Macau: Cartões não chega [dropcap]O[/dropcap] Fórum Macau foi uma iniciativa de Pequim de uma extraordinária importância para a RAEM. Não tanto por aquilo que até hoje tem sido feito por aqui, mas porque definiu, no longo prazo, uma estratégia para Macau. E, por muito que isso ainda possa custar a alguns dos actores desta praça, esta decisão da capital catapultou a região especial para fora de si mesma, obrigando-a à internacionalização. Macau não pode, aos olhos de Pequim, viver apenas do Jogo, pois tal não é conveniente para o país e pode ser fatal e desinteressante para a população. E também não chega a especulação imobiliária que tem feito a riqueza de alguns. É cumprindo a sua vocação de sempre (porta para a China) que Macau serve o país desde o século XVI. É pena que pessoas menos informadas, talvez aqui chegadas há pouco tempo, não metam de uma vez na cabeça que este é o caminho, que ele não é novo e que está aqui para lavar e durar. A ponte para os países lusófonos é uma óbvia fonte de diversificação, uma das poucas exigências de Pequim. Por outro lado, Portugal está em ano abençoado. Ele é o campeonato da Europa de futebol e a ONU; a geringonça, o turismo e o investimento estrangeiro. Mas o que me surge como mais curioso na relação com a China é o facto das empresas chinesas compreenderem a importância de terem quadros portugueses para as suas relações com os países lusófonos. Os portugueses, quando chamados pelos chineses, têm dado bem conta do recado e isso parece estar a dar os seus frutos. Ora esta mudança de paradigma tem a vantagem de ultrapassar o mero domínio dos números para se centrar nas pessoas. Como sempre dissemos, não existe cooperação entre países que possa ser reduzida a negócios. As relações interpessoais são fundamentais para estabelecer confiança, metas comuns, situações interessantes para ambos os lados. Como disse muito bem Fernanda Ilhéu, não basta trocar cartões, coisa que o Fórum Macau tem levado demasiado tempo a perceber. É preciso trocar ideias, analisar contextos, detectar os pontos de interesse comuns e as eventuais complementaridades. É preciso um maior conhecimento mútuo e esse surge através da cultura e das pessoas. Os números não têm país, não têm cara, nem vão à bola ao domingo. Os cartões, sozinhos, também não.
Andreia Sofia Silva PolíticaFórum Macau | Empresários aplaudem delegação em Macau do Fundo de Investimento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo de Cooperação e Desenvolvimento do Fórum Macau, criado em 2010 para financiar projectos em Países de Língua Portuguesa, deverá mesmo ter uma delegação no território, apesar de ainda não existir uma data oficial para que isso aconteça. Quanto ao Banco de Desenvolvimento da China também deverá ter uma delegação no território, informação confirmada ontem por Jackson Chang, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), no âmbito de uma entrevista conjunta com responsáveis do Fórum Macau. “O IPIM recebe as dúvidas das PME de Macau. Quando querem apresentar a candidatura precisam de ir a Pequim. Já tivemos reuniões com o Banco de Desenvolvimento da China e no futuro as PME poderão apresentar as suas candidaturas junto do IPIM. O IPIM poderá receber os documentos e depois entregar junto do Banco. No futuro o Banco de Desenvolvimento irá ter uma delegação em Macau para facilitar as candidaturas dos empresários de Macau. Esperamos que possam criar uma representação em Macau”, defendeu. Jackson Chang alertou para a burocracia decorrente da ausência de uma delegação. “As PME tinham de ir a Pequim várias vezes só para apresentar documentos e agora o IPIM pode dar apoio e evitar tantas deslocações. O Governo de Macau deu essa sugestão e o Banco ainda está a considerar [a possibilidade]”, acrescentou. Empresários apoiam A ideia, que já tinha sido avançada pelo antigo secretário-geral do Fórum Macau Chang Hexi, parece agradar aos empresários locais contactados pelo HM. “Isso já devia ter sido feito antes, quando os Países de Língua Portuguesa estavam em grande desenvolvimento e Macau não estava em recessão económica. Há muitos empresários que têm dificuldade em fazer negócio, é preciso fazer muitas viagens para a China e apresentar muitos documentos, o que acaba por diminuir a intenção [de investir]. As oportunidades passam e não sei se já é tarde ou não. A economia da China e regional já não está tão boa como há anos”, disse o empresário Henrique Madeira Carvalho. As inúmeras deslocações a Pequim “afastaram as empresas”, defendeu ainda. “Os empresários não podem estar à espera porque o mundo e a economia mudam rapidamente. Não se pode fazer negócios sem o apoio dos bancos e de um fundo. Podem haver muitos planos, mas com a falta de financiamento é difícil.” Afonso Chan, vice-presidente de uma empresa na área de materiais e infra-estruturas, afirmou que se trata de “uma boa notícia para todas as PME”. “Macau é parte da China e o Governo também investiu uma parte no capital e uma das condições é que as PME tenham acesso a este Fundo.” Rita Santos, que foi secretária-geral adjunta de Chang Hexi, também aplaude a alteração. “Para requerer esse Fundo é preciso passar por vários trâmites do Banco que gere o Fundo, têm de ser respeitados muitos requisitos e é por isso que, até agora, não avançaram muitos projectos. Essa é uma decisão correcta e prática, porque Macau é que é plataforma. É preciso que haja um organismo aqui para que os empresários locais possam participar.” Rita Santos alerta para a falta de interesse das empresas locais. “É preciso haver muitos incentivos por parte do Governo de Macau, para ver como é que as empresas podem procurar projectos e fazer parcerias com as empresas do interior da China, porque as empresa de Macau, por si só, não têm capacidade financeira. Com o Fundo em Macau, claro que facilita”, rematou.
Andreia Sofia Silva PolíticaFórum Macau | Secretária-geral pede maior cooperação com sector privado Em tempo de crise, China e Países Lusófonos limpam as armas. As dificuldades em fomentar o comércio também estão relacionadas com a fraca diversificaçãoo da oferta [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau está prestes a acolher a 5ª Conferência Ministerial do Fórum Macau (realiza-se entre os dias 11 e 12 de Outubro), mas os desafios económicos não vão ser esquecidos. Num ano os números do comércio bilateral baixaram dos 132 mil milhões de dólares americanos (dados de 2014), para apenas 9,8 mil milhões de dólares o ano passado. A Angola pediu apoio ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e nem sempre os números do comércio foram animadores. Contudo, em entrevista concedida ontem aos órgãos de comunicação social, os responsáveis do Fórum Macau mostraram-se optimistas quanto ao novo plano de acção a ser traçado em dois dias de reunião. Segundo Xu Yingzhen, nova Secretária-Geral do organismo, será feita uma maior análise às potencialidades da política “Uma Faixa, Uma Rota”. “Vamos coordenar-nos melhor com a política e introduzir os conceitos para uma futura cooperação. Bilateralmente e unilateralmente vai ser discutida esta política”, explicou. Apesar da existência de um Fundo de Cooperação e Desenvolvimento, Xu Yingzhen defendeu uma maior participação do sector privado. “Os créditos preferenciais poderão ser algo para promover a cooperação, mas esta depende do mercado e das instituições privadas. Notámos que há iniciativas do sector privado para participar na cooperação, não apenas do Banco de Desenvolvimento da China mas outros bancos e instituições financeiras. De uma forma mais sustentada há que haver maior participação do sector privado e não apenas do sector financeiro.” A nova secretária-geral do Fórum Macau quer ainda que sejam destacadas as capacidades produtivas de cada país. “Talvez possamos usar o Brasil como uma ponte para entrar na América do Sul, Portugal para entrar na Europa e os [outros] países para entrar em África. Podemos pensar novas formas de cooperação mediante consultas.” As dificuldades O último plano de acção do Fórum Macau falava na meta dos 160 mil milhões de dólares americanos em trocas comerciais, valor que nunca foi atingido. Mas Xu Yingzhen mostra-se confiante para os próximos anos. “O ambiente do comércio internacional está em baixo e os preços das mercadorias baixaram imenso. A redução do comércio entre a China e os PLP devem-se a essas razões. Mas tenho esperança que o comércio possa melhorar com uma melhoria do ambiente internacional e de facto existem muitas potencialidades para uma futura cooperação no âmbito comercial.” Questionada sobre as consequências negativas que alguns cenários sócio-políticos podem trazer, tal como a crise política no Brasil ou o pedido de resgate de Angola, a secretária-geral optou por desvalorizar. “Não creio que isso aconteça, porque existem sempre as necessidades de mercado. Há uma base muito sólida em termos de cooperação. As empresas chinesas têm os seus contactos muitos estáveis com os mercados dos PLP e assim que seja melhorado o ambiente do comércio internacional penso que o comércio bilateral possa voltar à sua tendência de crescimento.” Yuan vai facilitar Vicente de Jesus Manuel, secretário-geral adjunto, lembrou que a conjuntura actual dos países não é das melhores. “As trocas comerciais estão a cair 18 a 19% em relação aos anos anteriores, por isso uma das saídas para reverter a situação é diversificar a economia dos países de língua portuguesa, que são mais exportadores de matéria-prima não processada. Temos o processo de internacionalização do yuan, o que vai facilitar o investimento como também as trocas comerciais”, explicou. “No próximo plano de acção os países vão explorar os benefícios que podem ter em conjunto com a política ‘Uma Faixa, Uma Rota’, prevendo-se ainda a criação de um plano de acção em relação à capacidade produtiva. A expectativa é maior. As áreas antes acordadas serão reforçadas”, concluiu Vicente de Jesus Manuel. As promessas que a China cumpriu – Concedidos 1800 milhões de yuan como crédito preferencial para a zona económica especial e o Instituto Confúcio em Moçambique. Angola recebeu infra-estruturas e o Instituto Técnico-Profissional, bem como um centro de distribuição de energia. Timor-leste recebeu uma escola, enquanto que a Guiné-Bissau ganhou um novo centro de saúde – Fundo de Cooperação e Desenvolvimento resultou em dois empréstimos, estando mais três projectos em fase de aprovação. Há 20 projectos por analisar – Enviados 200 médicos, equipamentos e materiais para África. Angola, Moçambique e Guiné-Bissau foram os países mais beneficiados, sendo que só para este último foram canalizados 30 milhões de yuans para o combate ao Ébola Nova secretária-geral é fluente em… espanhol Xu Yingzhen, a nova secretária-geral do Fórum Macau, é fluente em Espanhol e não domina a Língua Portuguesa, idioma que serve de base à instituição que coordena e a toda a cooperação entre os países lusófonos e a China. Ainda assim, Xu Yingzhen garantiu que tal não traz quaisquer condicionantes ao seu trabalho. “Penso que não existem quaisquer obstáculos porque tenho uma comunicação fluida com os meus colegas. Todos os dias temos diálogo sobre o nosso trabalho e o Espanhol é muito parecido com o Português. É um desafio para mim, seria melhor que eu dominasse o Português com a maior brevidade possível. Ainda estou a aprender”, referiu. Para Rita Santos, o facto da nova secretária-geral não falar Português não constitui qualquer problema. “Nesse aspecto não é importante, porque domina a língua oficial, o Chinês. É uma pessoa com capacidade de liderança e conexões com o Governo Central e organismo ligados a cooperações já delineadas”, disse ao HM. O HM tentou ainda obter outras reacções sobre o facto de Xu Yingzhen não dominar o Português, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Xu Yingzhen é licenciada em língua espanhola pela Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim, tendo entrado em 1989 para o Ministério do Comércio da China. A actual secretária-geral do Fórum Macau foi directora-geral adjunta do Gabinete para os Assuntos das Américas e Oceânia, com uma passagem pela Câmara do Comércio da China no Chile.
Hoje Macau PolíticaConferência Ministerial do Fórum Macau em Outubro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa vai realizar-se nos próximos dias 11 e 12 de Outubro, anunciou ontem o Governo. A conferência ministerial do chamado Fórum Macau vai ter por base a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, estando o foco apontado ao desenvolvimento, “de modo a promover as relações económicas e comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, refere um comunicado oficial. Esta conferência ministerial, que será a quinta desde 2003, vai contar com a participação de delegações oficiais da China e de sete países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste). São Tomé e Príncipe encontra-se excluído por manter relações diplomáticas com Taiwan em detrimento de Pequim. No entanto, São Tomé e Príncipe tem participado como observador nas reuniões do Fórum Macau. Aliás, na última conferência ministerial, realizada em 2013, enviou, pela primeira vez, um representante com a categoria de Ministro. Na conferência ministerial vai ser assinado, como tem sido prática, o plano de acção para a cooperação económica e comercial para o próximo biénio (2017-2019). O Fórum Macau tem, desde 11 de Agosto, uma nova secretária-geral: Xu Yingzhen, que era conselheira comercial para a América Latina do Ministério do Comércio da China, foi escolhida para suceder a Cheng Hexi.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCPU | Fórum Macau a caminho dos Nam Van Os três centros do Fórum Macau poderão ter casa nos Lagos Nam Van. A zona vai acolher escritórios, um pavilhão e uma sala de exposições de modo a também albergar serviços do Executivo e outras actividades para a população [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s três centros que integram a plataforma Fórum Macau irão ter casa nas margens do Lago Nam Van. A informação foi ontem adiantada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, no final da 9ª Reunião Plenária de 2016 do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Raimundo do Rosário afirma que “os terrenos C15 e C16 junto aos Lagos Nam Van estão destinados à construção de escritórios, um pavilhão, uma sala de exposições e poderão ainda albergar os três centros do Fórum Macau”. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas adverte, no entanto, que esta iniciativa ainda não tem um carácter definitivo: “definitivo não sei, mas serão as instalações do Fórum e eventualmente escritórios associados e depois o Centro de Convenções que serve ao Governo e o Pavilhão” que poderá servir a população. No entanto “só quando tivermos o projecto é que se verá rigorosamente o que vai ser”. Raimundo do Rosário não adianta, no entanto, se o Centro de Produtos Alimentares do Fórum Macau, que neste momento está na Praça do Tap Seac, irá mudar para as instalações nos Nam Van, sendo que “admite que sim, mas sem ser definitivo”. Tectos baixos O aproveitamento dos terrenos do Executivo não está isento de críticas que, na sua maioria, são dedicadas à pouca altura que está pensada para o edifício dos escritórios. Para o CPU, os 18 metros previstos ficam aquém das necessidades de instalações que o Governo tem. “O Executivo deverá pensar se, na escassez de terrenos e tendo em conta os montantes avultados destinados ao pagamento de rendas, não será melhor rever o limite de altura e ponderar para que seja mais alto?” questiona o CPU. Por outro lado a não previsão de construção de um parque de estacionamento também gera polémica no seio do Conselho. Mak Soi Kun dá o exemplo: “Tóquio confrontado com a falta de espaço, é uma cidade agora construída em altura.” O membro do CPU aconselha o Executivo a ir pelo mesmo caminho. Tendo sido os 18 metros previstos um valor que teve em conta a conservação da paisagem, Paulo Tse sugeriu que “a altura depende da perspectiva e da utilidade e estou de acordo que se pretenda preservar a paisagem mas também precisamos de calcular o que podemos construir pois Macau é uma cidade pequena, pelo que um prédio mais baixo poderá não ser suficiente visto que no futuro o Governo poderá precisar de mais instalações.” Valores de referência Em resposta a DSSOPT afirma que os 18 metros são “apenas um número de referência a partir do qual existe uma base para que o projecto possa ser discutido”. Quanto à questão do estacionamento a resposta veio directamente de Raimundo do Rosário que afirma que “também gostaria que cada fracção tivesse um lugar de estacionamento”, mas que tal não é possível. Perante os pedidos de um projecto de pormenor o Secretário reitera que “há uma lei de planeamento urbanístico e precisamos o plano director para depois ter o de pormenor” O final dos trabalhos não se prevê num futuro próximo, “vai demorar alguns anos para se poder concluir este trabalho” conclui o Secretário.
Joana Freitas PolíticaChang Hexi substituído por conselheira do Ministério do Comércio chinês [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hang Hexi foi substituído no cargo de secretário-geral do Fórum Macau por uma ex-conselheira do Ministério do Comércio chinês. O anúncio foi feito através de um comunicado do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, depois de Chang Hexi já ter saído do território. A partir de agora, é Xu Yingzhen a nova secretária-geral do organismo formado em 2003. “A nova secretária-geral do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Xu Yingzhen, iniciou funções em 11 de Agosto”, lê-se num comunicado. “Chang Hexi regressou a Pequim em 11 de Agosto para exercer novas funções.” No comunicado não é possível perceber que tipo de funções vai assumir Chang Hexi, que trabalhou como secretário-geral durante oito anos. Xu Yingzhen era conselheira comercial para a América Latina do Ministério do Comércio da China, foi directora-geral adjunta do Gabinete para os Assuntos das Américas e Oceânia e passou pela Câmara do Comércio da China no Chile. É licenciada em língua espanhola pela Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim e ingressou em 1989 no Ministério do Comércio chinês. “Dedicou-se aos trabalhos da área comercial durante vários anos e possui uma vasta experiência em assuntos externos e bons conhecimentos sobre a situação actual dos Países de Língua Portuguesa, tendo também participado nos trabalhos relacionados com as edições anteriores da Conferência Ministerial do Fórum”, assegura o Secretariado. Segundo o Fórum, Xu Yingzhen já chegou a Macau no mês passado, tendo estado a inteirar-se da situação do território desde então. Nunca foi oficialmente anunciada a saída de Chang Hexi até este comunicado. No Fórum Macau participam a China, Portugal, Angola, Brasil, Moçambique, Timor-Leste, Guiné-Bissau e Cabo Verde. São Tomé e Príncipe está excluído por manter relações diplomáticas com Taiwan em detrimento de Pequim. O Secretariado Permanente do Fórum tem um secretário-geral (indicado por Pequim) e dois secretários-gerais adjuntos (um indicado pelos países de língua portuguesa e outro pelo Governo). Integram ainda o Secretariado sete delegados de sete países de língua portuguesa que fazem parte do Fórum.
Tomás Chio PolíticaFórum Macau | Governo prepara-se para injectar restantes 350 milhões Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, confirmou ao jornal Ou Mun que o Governo está a ultimar a injecção dos 350 milhões de dólares norte-americanos para o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, sendo esta a última parte de um montante de 400 milhões de patacas que Macau se comprometeu a desembolsar. “Os restantes 350 milhões de dólares já estão a ser preparados e o Governo vai discutir com o Banco de Desenvolvimento da China sobre as formas de acesso ao Fundo, e a forma como as empresas de Macau podem participar no investimento em conjunto com os países lusófonos”, apontou o Secretário. Conforme foi avançado em 2013, o Fundo, anunciado pelo Governo Central, vai contar com mil milhões de dólares norte-americanos, para o qual vão contribuir vários países. Macau investiu 50 milhões de dólares logo na primeira fase do projecto, que visa fomentar os negócios de Pequenas e Médias Empresas (PME) do mundo lusófono e o incremento das relações com a China. Lionel Leong não apresentou datas concretas para a inauguração dos três centros de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, os quais deverão arrancar este ano em Macau. O Secretário prometeu continuar a cooperar com o Governo Central sobre esta medida, anunciada também em 2013, ano da 3ª Conferência Ministerial do Fórum Macau. “No Fórum Internacional de Investimento e Construção de Infra-estruturas (realizado em Macau), alguns países lusófonos participaram e tiveram a possibilidade de pedir empréstimos ao Fundo. Agora podem ser analisados potenciais projectos, o que pode causar bons efeitos aos países lusófonos”, defendeu o Secretário. O Secretário para a Economia e Finanças disse ainda que a criação de uma exposição sobre produtos alimentares dos países lusófonos vai ser concluída este trimestre. Lionel Leong lembrou que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) lançou em Abril o Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e Países de Língua Portuguesa, algo que vai apoiar as políticas neste âmbito.