China cada vez mais potência global, mas ainda em desenvolvimento

Quem aterra no aeroporto de Pudong (Xangai) e apanha o comboio de levitação magnética que em oito minutos percorre 30 quilómetros até ao centro da capital económica da China, dificilmente acreditará estar num país em desenvolvimento, classificação que inclui a Somália

 

Nos centros de Pequim, Shenzhen ou Cantão, artérias de oito ou mais faixas, que atravessam densas malhas de arranha-céus, enchem-se de automóveis com matrícula verde, a marca que distingue os eléctricos dos carros de combustão interna, ilustrando o domínio da China em importantes indústrias do futuro. Nos centros comerciais, as principais marcas de luxo internacionais competem pela atenção da maior classe média do mundo.

Recentemente contratado pelo Beijing Guoan, a principal equipa da capital chinesa, o futebolista luso-angolano Fábio Abreu, confessa-se ainda impressionado com o “muito desenvolvido e organizado” que é o seu país de acolhimento. “Na primeira mensagem que escrevi à minha mulher, após chegar a Pequim, disse-lhe que tudo o que há na Europa se encontra aqui e, por vezes, ainda mais e melhor”, explicou à agência Lusa.

Oficialmente um país em desenvolvimento, a China tem a mesma classificação que, por exemplo, a Albânia ou Timor-Leste: é a “única superpotência híbrida”, onde coexistem características de países ricos e pobres, apontam analistas.

Isto, numa altura em que os Estados Unidos tentam retirar ao país o estatuto de economia em desenvolvimento, que garante tratamento preferencial. “Ao avaliar a China, é importante reconhecer a sua situação única: um país que combina características dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, com influência global”, escreveu a revista Foreign Policy. “É a única superpotência híbrida do mundo”.

Simon Lester, director associado do Centro Herbert A Stiefel de Estudos de Política Comercial, do Instituto Cato, em Washington, defendeu que “talvez seja necessário encontrar algum tipo de categoria intermédia” para o país.
“Isto exigiria que a China assuma mais compromissos e não beneficie de todas as regras preferenciais, que foram criadas para os países em desenvolvimento. Talvez possa usufruir de apenas alguns benefícios e só em determinados sectores”, explicou.

De um país pobre e isolado, a China converteu-se, em 40 anos, na segunda maior economia mundial, projectando hoje a sua influência no exterior, através de iniciativas como o gigantesco projeto de infra-estruturas ‘Faixa e Rota’, a internacionalização da sua moeda ou a mediação de conflitos além-fronteiras.

No ano passado, o país, que opera já a maior marinha do mundo, apresentou o seu terceiro porta-aviões. O objectivo é ser a potência dominante na Ásia Pacífico, retirando primazia aos Estados Unidos.

O outro lado da moeda

Mas a China continua a exibir traços de um país em desenvolvimento: o país sofre de poluição generalizada; e no Índice de Desenvolvimento Humano – que se concentra na qualidade da saúde e educação –, surge em 79º lugar, abaixo do Sri Lanka e Irão.

Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China é o segundo país mais populoso do mundo, ultrapassado apenas pela Índia. Apesar de ter ascendido a segunda maior economia mundial, o PIB (produto interno bruto) ‘per capita’ da China é, assim, metade do de Portugal. Enquanto 2 por cento da população portuguesa vive abaixo do limiar da pobreza de 6,20 euros por dia, esta categoria abrange 25 por cento dos chineses.

O Comité de Relações Externas do Senado dos Estados Unidos aprovou, no mês passado, um projecto de lei bipartidário que visa retirar à China o estatuto de “país em desenvolvimento”. A decisão surge após legislação semelhante ter sido aprovada pela Câmara dos Representantes.

Um porta-voz do Governo chinês reagiu assim: “Os EUA não querem classificar a China como ‘país desenvolvido’ por apreciação ou reconhecimento pelos sucessos de desenvolvimento da China. O verdadeiro motivo é impedir o desenvolvimento da China”.

Em causa estão benefícios em tratados internacionais em vigor, que visam apoiar os países mais pobres.
As nações em desenvolvimento estão, por exemplo, sujeitas a menos restrições na luta contra as alterações climáticas, enquanto as suas exportações para os países ricos beneficiam de taxas aduaneiras baixas.

Ao abrigo do estatuto de país em desenvolvimento, a China continua, também, a obter empréstimos com taxas preferenciais de organizações internacionais, como o Banco Mundial.

“Em suma, a China caminha, fala e age como um país desenvolvido, mas continua a beneficiar de provisões e tratamento diferenciado que visam ajudar os países pobres”, descreveu Brett D. Schaefer, pesquisador no grupo de reflexão conservador Margaret Thatcher Center. “Tudo se resume a isto: a segunda maior economia do mundo está a beneficiar de condições especiais em acordos e organizações internacionais, destinadas a ajudar as nações pobres”, acrescentou. “Isto não é equitativo. É, francamente, injusto”.

31 Jul 2023

China | Trabalhadores migrantes em crise buscam empregos temporários

Emprego temporário para trabalhadores que procuraram as cidades em busca de melhores condições de vida é uma das consequências do menor crescimento da economia chinesa, espelhado nos mais recentes dados do Produto Interno Bruto. Os cerca de 296 milhões de trabalhadores migrantes existentes no país procuram trabalhos a tempo parcial para se conseguirem sustentar

 

O abrandamento económico da China deixou trabalhadores migrados nas grandes cidades a lutar por trabalho temporário, enquanto economistas reconsideram previsões, até recentemente tidas como certas, sobre a ascensão do país asiático a maior economia mundial.

Na vila de Houchang, situada no norte de Pequim, em frente à sede da rede social Baidu, símbolo do desenvolvimento tecnológico da China, milhares de trabalhadores rurais saem todos os dias em busca de trabalho temporário: na construção, mudanças ou entregas ao domicílio. “Ocasionalmente aparece trabalho, mas a maioria tem agora pouco que fazer: estão praticamente desempregados”, descreve Wang Yushua, um trabalhador oriundo da província de Henan, à agência Lusa.

A China tem cerca de 296 milhões de trabalhadores migrantes – oriundos do interior chinês, radicados nas prósperas cidades do litoral. No primeiro trimestre do ano, o seu rendimento médio caiu para 4.504 yuan, de 4.615 yuan no ano passado, segundo dados oficiais.

A economia chinesa cresceu 0,8 por cento, no segundo trimestre, em comparação com os três meses anteriores. Isto representa uma desaceleração, em relação ao primeiro trimestre, quando a economia cresceu 2,2 por cento. Estas taxas de crescimento contrastam com a média de quase 10 por cento ao ano, alcançada entre 1979 e 2019.

Uma mudança de paradigma para taxas de crescimento menores tem impacto para trabalhadores como Wang. Com 44 anos, nota que, para a sua geração, é “imprescindível” ganhar dinheiro: “devemos cuidar dos familiares mais velhos e dos mais jovens, antes de pensar em nós mesmos”.

Este novo paradigma acarreta também consequências para a posição global da China: ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo teria especial importância para Pequim, num período de crescente competição ideológica, geopolítica e tecnológica com Washington. Até recentemente, muitos economistas davam como certo que o PIB da China ultrapassaria o dos EUA até ao final desta década.

Seria o culminar daquela que é considerada a mais extraordinária ascensão económica de todos os tempos: de um país pobre e isolado, a China converteu-se no principal mercado do mundo para várias matérias-primas e produtos com valor acrescentado. A procura chinesa tornou-se fundamental para determinar o preço da soja, petróleo ou minério de ferro e para os resultados trimestrais das principais marcas mundiais.

Covid e liquidez

Mas as perspectivas deterioraram-se nos últimos anos, face a uma crise de liquidez no sector imobiliário, fraco consumo interno ou altos níveis de endividamento dos governos locais. Estes factores foram agravados pela política ‘zero covid’ e crescentes fricções geopolíticas.

A situação está a criar dúvidas sobre com que tipo de modelo a China poderá realizar a transição, quando um crescimento assente no consumo interno parece improvável, já que os salários permanecem baixos, e a aposta em sectores de alto valor acrescentado sofre grande resistência externa, com os Estados Unidos a imporem sanções e a restringirem a venda de tecnologia à China.

Pequim lançou um plano, designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor acrescentado, incluindo inteligência artificial, robótica e carros eléctricos.

No sector automóvel, a China conseguiu gerar marcas como a BYD [Build Your Dreams], NIO ou Xpeng, capazes de ameaçar o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.

“A minha pergunta é: será que há deste tipo de empresas em número suficiente?”, aponta Richard Koo, economista na consultora japonesa Nomura Research Institute.

O dividendo demográfico que propiciou o rápido desenvolvimento económico do país chegou também ao fim. A ONU projecta que a população da China em idade activa vai diminuir em mais de 100 milhões, na próxima década.

A consultora Capital Economics estima que, se o PIB da China não ultrapassar o dos Estados Unidos até meados dessa década, talvez nunca o venha a fazer.

Ruchir Sharma, presidente da gestora de ativos Rockefeller Capital Management, concorda: “uma crise demográfica, baixos níveis de produtividade, altos níveis de endividamento e crescente rivalidade com os EUA, significam que o período de trepidante crescimento económico da China chegou ao fim”.

Posições revistas

Outros economistas continuam a antever a ascensão do país à posição de maior economia mundial, mas estão também a rever as suas previsões.

O Centro de Estudos Económicos e Empresariais, um grupo de reflexão com sede no Reino Unido, diz agora que a China vai ultrapassar os EUA apenas em 2030, dois anos mais tarde do que a previsão original. O Centro de Pesquisa Económica do Japão, com sede em Tóquio, também adiou em quatro anos, para 2033, a consagração da China como ‘número 1’.

Há cerca de uma semana foram divulgados os dados semestrais do desempenho da economia chinesa, tendo-se registado um crescimento homólogo de 6,3 por cento no segundo trimestre, um valor bastante aquém das expectativas dos analistas, ainda que esta percentagem tenha sido superior à de 4,5 por cento registada nos meses de Janeiro a Março. No entanto, a economia cresceu apenas 0,8 por cento no segundo trimestre.

A expansão robusta, em termos homólogos, deve-se em grande parte ao crescimento de apenas 0,4 por cento, durante o segundo trimestre de 2022, quando o país impôs rigorosos bloqueios em Xangai e outras cidades, visando conter surtos de covid-19. Os analistas previam que o crescimento se fosse fixar acima dos 7 por cento. O Governo chinês estabeleceu a meta de crescimento económico deste ano em “cerca de 5 por cento”. Para alcançar aquele valor, o PIB vai ter que crescer mais rapidamente nos próximos meses.

Relativamente às exportações, estas caíram 12,4 por cento em Junho, em termos homólogos, devido a uma menor procura global potenciada pelo aumento das taxas de juros na Europa, Estados Unidos e outros países, que visam conter a inflação.

Ao contrário do resto do mundo, a China não enfrenta altas taxas de inflação, mas pode acabar por registar o oposto: a queda dos preços, ou deflação, devido à fraca procura.

Nos últimos meses, as autoridades tentaram estimular o crédito e gastos.

Se nas grandes cidades os trabalhadores migrantes buscam emprego temporário, ou estão mesmo desempregados, a realidade não é muito melhor para os jovens. Actualmente, a taxa de desemprego entre os jovens urbanos da China, dos 16 aos 24 anos, é de 21,3 por cento, tendo atingido um novo recorde histórico no mês passado.

O Gabinete Nacional de Estatística avançou ainda que a taxa de desemprego urbano, no primeiro semestre, foi de 5,3 por cento, sendo que Pequim estabeleceu, ainda para este ano, a meta de criar cerca de 12 milhões de novos empregos nas cidades. A China tem mais de 96 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos, entre os quais mais de 33 milhões deles ingressaram este ano no mercado de trabalho.

25 Jul 2023

Economia chinesa | Crescimento de 6,3% no segundo trimestre do ano

Embora a subida do PIB supere a taxa de crescimento do trimestre anterior, o crescimento económico fica um pouco aquém das expectativas

 

A economia chinesa registou um crescimento homólogo de 6,3 por cento, no segundo trimestre do ano, aquém das expectativas dos analistas, já que o efeito base de comparação, após um ano de bloqueios rigorosos, fazia prever uma taxa superior.

A segunda maior economia do mundo deve desacelerar ainda mais nos próximos meses, dada a fraca procura interna na China e a nível global, à medida que a inflação galopante forçou os bancos centrais a subir as taxas de juro.

A expansão de 6,3 por cento do PIB (produto interno bruto) entre Abril e Junho superou a taxa de crescimento de 4,5 por cento, alcançada no trimestre anterior, segundo dados do governo divulgados ontem. No entanto, a economia cresceu apenas 0,8 por cento, em relação ao período entre Janeiro e Março.

A expansão robusta, em termos homólogos, deve-se em grande parte ao crescimento de apenas 0,4 por cento, durante o segundo trimestre de 2022, quando o país impôs rigorosos bloqueios em Xangai e outras cidades, visando conter surtos de covid-19. Os analistas previam que o crescimento se fosse fixar acima dos 7 por cento.

O PIB da China no primeiro trimestre superou as expectativas e cresceu 4,5 por cento, com os consumidores a voltar aos centros comerciais e restaurantes, após Pequim ter desmantelado a política ‘zero covid’.

O Governo chinês estabeleceu a meta de crescimento económico deste ano em “cerca de 5 por cento”. Para alcançar aquele valor, o PIB vai ter que crescer mais rapidamente nos próximos meses.

Nem oito, nem 80

Dados divulgados na semana passada revelaram que as exportações da China caíram 12,4 por cento, em Junho, em termos homólogos, face à queda na procura global, suscitada pelo aumento das taxas de juros na Europa, Estados Unidos e outros países, que visam conter a inflação.

As vendas no retalho, um indicador da procura dos consumidores, no mês de Junho, subiram 3,1 por cento, em relação ao mesmo período de 2022.

A produção industrial, que mede a actividade nos sectores transformadores, da mineração e da energia, cresceu 4,4 por cento em Junho, em termos homólogos, superando as expectativas dos analistas.

Ao contrário do resto do mundo, a China não enfrenta altas taxas de inflação, mas pode acabar por registar o oposto: a queda dos preços, ou deflação, devido à fraca procura.

Nos últimos meses, as autoridades tentaram estimular o crédito e gastos.

O investimento em activos fixos, que inclui infraestruturas e outras grandes obras públicas que Pequim usa para impulsionar o crescimento económico, aumentou 3,8 por cento, no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.

Bolsa | Praças asiáticas em queda após Pequim publicar dados

As principais praças financeiras asiáticas registaram ontem quedas, após a China ter difundido a taxa de crescimento económico relativa ao segundo trimestre, que ficou abaixo do esperado.

O índice Shanghai Composite, a bolsa de Xangai, caiu 1,1 por cento, para 3.201,09 pontos, depois de a China ter revelado que a sua economia cresceu 6,3 por cento, entre Abril e Junho, em termos homólogos (ver texto principal).

A segunda maior economia do mundo deve desacelerar ainda mais nos próximos meses, dada a fraca procura interna na China e a nível global, à medida que a inflação galopante forçou os bancos centrais a subir as taxas de juro. É esperado que Pequim adopte medidas para sustentar o crescimento.

“Os dados serão vistos na perspectiva de como influenciarão as decisões políticas tomadas na próxima reunião do Politburo, que se realiza no final de Julho”, disse Stephen Innes, da gestora de activos SPI Asset Management, num relatório.

O abrandamento da economia chinesa tem forte impacto no mercado das matérias-primas, afectando países como Angola ou Brasil, ao reduzir a procura por petróleo, minério de ferro e bens agrícolas. O impacto é também sentido pelas economias mais desenvolvidas, já que a China é um dos maiores mercados do mundo para automóveis e outros bens com valor acrescentado.

Desemprego jovem | Taxa com novo valor recorde em Junho

A taxa oficial de desemprego entre os jovens urbanos da China (entre 16 e 24 anos) atingiu novo recorde histórico em Junho, ascendendo a 21,3 por cento, segundo dados publicados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística).

A proporção de jovens desempregados sobe assim face ao valor de 20,8 por cento, registado em Maio, estabelecendo um novo máximo desde que o sub-índice começou a ser contabilizado, em 2018. Em Junho, a taxa de desemprego para a população activa no geral era de 5,2 por cento, inalterada em relação a Maio.

O GNE acrescentou que a taxa de desemprego urbano na primeira metade do ano foi de 5,3 por cento e que Pequim estabeleceu a meta de criar cerca de 12 milhões de novos empregos nas cidades até 2023. A China tem mais de 96 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos, entre os quais mais de 33 milhões deles ingressaram este ano no mercado de trabalho.

17 Jul 2023

Economia | Inflação mantém-se praticamente inalterada em Abril

Sem grandes alterações a registar no mês passado, a taxa de crescimento económico vai provavelmente superar a meta oficial de 5 por cento

O índice de preços ao consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, manteve-se praticamente inalterado, em Abril, ao registar um aumento homólogo de 0,1 por cento, o menor ritmo de crescimento no espaço de um ano.

Já em Março, aquele indicador registou a menor taxa de crescimento homólogo dos últimos 12 meses, ao subir 0,7 por cento.

Os dados divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) da China ficaram 0,3 por cento abaixo do previsto pelos analistas.

Depois de o IPC da China ter subido 2 por cento, no ano passado, Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 3 por cento para 2023.

O índice de preços ao produtor (PPI), que mede os preços à saída das fábricas, caiu 3,6 por cento, uma queda mais acentuada do que a registada no mês anterior (-2,5 por cento), aprofundando a deflação em Abril.

Dentro do IPC, os preços dos alimentos na China subiram em Abril 0,4 por cento, em relação ao mesmo mês do ano anterior, depois de terem registado um aumento de 2,4 por cento em Março. Os preços não alimentícios subiram 0,1 por cento, no mês passado, abaixo do aumento de 0,3 por cento registado em Março.

Os preços da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, subiram 4 por cento, em Março, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto os preços das frutas subiram 5,3 por cento, em termos homólogos, e os preços dos vegetais caíram 13,5 por cento.

Excluindo os preços voláteis dos alimentos e energia, o principal indicador da inflação na China subiu 0,7 por cento, em Abril, em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Regresso ao normal

Na terça-feira, o banco britânico Standard Chartered alertou que a inflação na China pode ficar perto de zero nos próximos meses, já que o aumento no preço do petróleo no primeiro semestre de 2022 criou uma base de comparação alta.

O banco reduziu a sua previsão para o IPC da China, em 2023, de 2,3 por cento para 1 por cento, devido à fraca procura e à queda nos preços da carne suína e do petróleo.

No entanto, “com as taxas de juros já em mínimos históricos e uma taxa de crescimento que vai provavelmente superar a meta oficial de 5 por cento, não esperamos que o [banco central da China] corte as taxas de juros num futuro próximo”, disseram os economistas do Standard Chartered, num relatório.

11 Mai 2023

Indústria | Actividade contrai pela primeira vez em 2023

A actividade da indústria transformadora da China sofreu uma contração em Abril, pela primeira vez em 2023, de acordo com dados oficiais divulgados ontem, ficando abaixo das previsões dos analistas. O índice de gestores de compras, elaborado pelo Gabinete de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês), passou de 51,9 pontos em Março para 49,2 pontos em Abril, longe do previsto pelos especialistas: 51,5 pontos.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade. O índice é tido como um importante indicador da evolução da segunda maior economia do mundo.

Após ter registado em Fevereiro a maior expansão em mais de dez anos, em Abril a actividade da indústria transformadora da China caiu de novo na zona de contração, onde esteve durante a maioria de 2022.

O NBS publicou ainda o índice de gestores de compras para o sector não transformador, incluindo construção e serviços. Este último indicador caiu também, de 58,2 pontos em Março para 56,4 em Abril.

Num comunicado, um analista do NBS, Zhao Qinghe, culpou a ” insuficiente procura no mercado” e as “grandes oscilações dos preços de alguns produtos a granel” pela queda do índice no quarto mês do ano.

O índice de expectativa da actividade económica, que mede a confiança das empresas não transformadoras na evolução do mercado, situou-se em 54,7, valor que, apesar de relativamente alto, é o menor até agora em 2023.

O índice de produção integral, a radiografia combinada das indústrias transformadora e não transformadora, ficou em 54,4 pontos em Abril, 2,6 pontos abaixo do registado em Março.

A economia da China registou um crescimento homólogo de 4,5 por cento, no primeiro trimestre do ano, impulsionada pelo aumento do consumo interno, após as autoridades abandonarem a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

2 Mai 2023

A qualidade dos nossos dias

Influenciado por factores externos e internos, o mundo muda de dia para dia. A qualidade dos nossos dias depende das escolhas daqueles que tomam decisões e, muitas vezes, aquilo que nos parece ser a melhor das alturas acaba por ser a pior. A frase de Charles Dickens, “Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos”, ainda hoje é actual.

Wang Guoen, um académico da China continental, publicou um artigo sobre os sete maiores problemas que afectaram a economia chinesa em 2022. Os problemas identificados são os seguintes: a pandemia de Covid-19, as relações sino-americanas, a crise energética decorrente da tentativa de atingir níveis zero de carbono, desequilíbrios entre a oferta e a procura e a inflação, a bolha do imobiliário (bolha das propriedades), falta de mão de obra e escassez de chips semi-condutores (este problema afectou 169 indústrias).

Actualmente, a maior parte dos problemas supra-citados continua a existir. Duma certa maneira, a pandemia chegou ao fim, mas vai levar algum tempo para que a economia fortemente afectada pela Covid-19 consiga recuperar completamente. Acredita-se que a actual tensão entre a China e os Estados Unidos não abrandará antes das eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos.

Se o conflito entre a Rússia e a Ucrânia piorar, a China enfrentará o maior teste diplomático de sempre. Quanto à actual economia interna da China, qualquer pessoa que preste atenção perceberá que existem tantos desafios quanto oportunidades. Na primeira conferência de imprensa realizada após a sua eleição como primeiro-ministro da China, Li Qiang afirmou que atingir um crescimento de 5 por cento do PIB, num período de abrandamento económico, não será uma tarefa fácil e exige esforços redobrados.

Na verdade, não podemos ignorar o impacto da pandemia de Covid-19 na economia nos últimos três anos. Se visitarmos certas zonas de Macau e virmos a sua actual situação económica, não nos deixaremos enganar pelos discursos de prosperidade. Por exemplo, ainda existem lojas fechadas perto das Ruínas de São Paulo e na Rua de S. Domingos, lojas que costumavam estar cheias de clientes, e a frequência diária dos ferries entre Hong Kong e Macau ainda não atingiu 50 por cento do fluxo habitual antes da pandemia.

Estes altos e baixos da economia assemelham-se à recuperação de um doente após uma enfermidade grave. Levará muito tempo até à plena recuperação económica. A prova do que foi dito é a receita do jogo correspondente aos dois primeiros meses deste ano ter sido de pouco superior a 10 mil milhões de patacas.

A conclusão do 14.º Congresso Nacional do Povo marca o início de uma nova fase. No discurso proferido na primeira sessão do Congresso, o Presidente Xi Jinping disse: “A confiança do povo tem sido para mim a maior fonte de energia para seguir em frente e também a maior responsabilidade que pesa sobre os meus ombros.” e sublinhou que “a prosperidade e estabilidade a longo prazo das Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e Macau é indispensável para a construção da grande China”.

O caminho para o rejuvenescimento da nação chinesa nunca foi tranquilo, especialmente no ambiente actual, onde grandes países se envolveram em jogos de poder. Tomar boas decisões trará dias risonhos, mas um passo em falso pode trazer dias sombrios.

A operação militar especial da Rússia contra a Ucrânia mostra que o uso da força não pode resolver todos os problemas. Se Hong Kong e Macau desempenharem exemplarmente o seu papel no quadro da política “um país, dois sistemas”, ajudarão naturalmente o relacionamento entre a China e Taiwan. O ano de 2023 está cheio de incertezas.

O Governo da RAEM tem, antes de mais, de ter um bom desempenho, e também transformar Macau no Centro Mundial de Turismo e Lazer, e não permitir a realização de projectos caríssimos e de muito pouca utilidade como o Novo Estabelecimento Prisional em Coloane. Desde que o Governo da RAEM faça as escolhas correctas, Macau terá, naturalmente, dias risonhos pela frente.

16 Mar 2023

PIB | Moody’s eleva previsão de crescimento para 5% em 2023 e 2024

A agência de notação financeira norte-americana Moody’s elevou ontem a previsão de crescimento do PIB da China de 4 por cento para 5 por cento, em 2023 e 2024.

Numa actualização das previsões de crescimento das principais economias mundiais, a agência de ‘rating’ afirmou que a “decisão do Governo chinês de relaxar totalmente as medidas de prevenção contra a covid-19 vão, naturalmente, impulsionar a actividade económica”.

A segunda maior economia do mundo cresceu 3 por cento, no ano passado, o segundo nível mais baixo em pelo menos quatro décadas, reflectindo o impacto da política de ‘zero covid’ e a crise de liquidez no sector imobiliário.

As autoridades chinesas ainda não anunciaram a meta de crescimento económico para este ano. Isso deve ser feito este domingo, pelo primeiro-ministro cessante, Li Keqiang, na abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo do país.

A Moody’s também previu que Pequim estabeleça uma meta de inflação de “cerca de 3 por cento” e que o índice de preços ao consumidor, que em 2022 subiu 2 por cento, segundo dados oficiais, aumente 2,3 por cento, este ano, e 1,9 por cento, em 2024.
Apesar do impacto positivo da reabertura do país, a agência continua a prever uma desaceleração do crescimento das economias do G-20, passando de 2,7 por cento, em 2022, para 2 por cento, este ano, e 2,4 por cento, em 2024.

2 Mar 2023

Moody’s diz que abrandamento da economia chinesa seria punitivo para mercados emergentes

A agência de notação Moody’s prevê que a economia chinesa se fortaleça este ano e em 2024, mas antecipa que a médio prazo “as perspectivas de crescimento deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais”, impactando mercados emergentes.

“A médio e longo prazo, no entanto, as perspectivas de crescimento da China deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais como a população envelhecida e a redução da produtividade. Neste cenário, haveria consequências negativas para outros mercados emergentes além da Ásia e Pacífico”, refere a Moody’s num relatório ontem divulgado.

O documento regista que a relação comercial da China com vários destes mercados tem passado pela compra de matérias-primas e pela venda destas processadas, exportando os produtos finais para o resto do mundo.

A América Latina exporta para a China, principalmente, soja, cobre e petróleo, a Rússia e a Arábia Saudita petróleo e petroquímicos e a África do Sul pedras preciosas e metais.

“A China ultrapassou os Estados Unidos da América como principal parceiro económico de Brasil, Chile, Peru e Uruguai, mas esta relação também destaca as vulnerabilidades destas economias a um abrandamento estrutural com centro na China”, refere o documento.

Por sua vez, o México, mais próximo dos EUA, apresenta “menor exposição comercial à China que os seus vizinhos regionais”.

Além disso, a Moody’s aborda o investimento estrangeiro direto, mais concentrado em algumas economias na América do Sul – como Argentina (24%), Equador (29%) ou Peru (15%) –, que assim ficam expostas a um abrandamento chinês.

Também o investimento de contratos por entidades chinesas no âmbito da Nova Rota da Seda abrandou na Ásia, ainda que tenha havido um menor abrandamento que na América Latina e na África Subsaariana.

“Vemos a iniciativa da Nova Rota da Seda como uma estratégia significativa a longo prazo em termos económicos e geopolíticos para o Governo chinês e esperamos um reinício dos investimentos diretos no exterior e na deslocalização de indústrias com excesso de capacidade, criando assim emprego para trabalhadores chineses no estrangeiro”, sublinha a Moody’s.

Entre 2014 e 2022, os investimentos acumulados referentes a esta iniciativa somaram 125 mil milhões de dólares na América Latina, com Argentina, Brasil, Chile, Equador, Peru e Venezuela a totalizarem mais de 80% do valor.

Já na África Subsaariana, o investimento no seguimento da Nova Rota da Seda foi de 123 mil milhões de dólares, destacando-se a dependência de certas economias no financiamento chinês.

18 Jan 2023

Economia da China cresceu em 2022 ao segundo menor ritmo dos últimos 40 anos

O ritmo de crescimento da economia chinesa caiu para o segundo nível mais baixo em pelo menos quatro décadas, no ano passado, refletindo o impacto da política de ‘zero covid’ e uma crise no setor imobiliário.

Os dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) sugerem, no entanto, que a atividade económica está a recuperar, depois de Pequim ter posto fim às medidas de prevenção epidémica que resultaram no bloqueio de cidades inteiras, culminando com protestos em larga escala.

A segunda maior economia do mundo cresceu 3%, em 2022, menos de metade da taxa de crescimento de 8,1%, alcançada no ano anterior.

Trata-se da taxa de crescimento económico mais baixa desde pelo menos a década de 1970. Em 2020, no início da pandemia da covid-19, o país asiático cresceu 2,4%, devido à imposição de bloqueios em várias partes do país, após o vírus ter sido detetado na cidade de Wuhan, no centro do país.

O consumo está a recuperar depois de o Partido Comunista Chinês (PCC) ter posto subitamente fim à política de ‘zero casos’ de covid-19, em dezembro passado.

No entanto, os consumidores continuam cautelosos, à medida que a China lida com uma vaga de casos sem precedentes, que causou uma crise de saúde pública no país. As autoridades dizem que o pico dessa vaga parece ter passado.

O abrandamento da economia chinesa tem forte impacto no mercado das matérias-primas, afetando países como Angola ou Brasil, ao reduzir a procura por petróleo, minério de ferro e bens agrícolas. O impacto é também sentido pelas economias mais desenvolvidas, já que a China é um dos maiores mercados do mundo para automóveis e outros bens com valor acrescentado.

Uma recuperação da economia chinesa constituiria um impulso para fornecedores globais que enfrentam um risco crescente de recessão nas economias ocidentais.

O Fundo Monetário Internacional e analistas do setor privado esperam que o crescimento melhore este ano, para cerca de 5%. Estes apontam para a debilidade no setor imobiliário da China, um importante motor económico, e a queda nas exportações, à medida que a procura por produtos chineses nos Estados Unidos e na Europa abranda, após o aumento das taxas de juros para combater altas taxas de inflação.

As vendas a retalho caíram 1,8% em dezembro, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas isso representou uma melhoria em relação à contração homóloga de 5,9% registada em novembro.

A produção industrial em 2022 aumentou 3,6%, em termos homólogos, sugerindo que a atividade caiu, depois de atingir 4,8%, no terceiro trimestre do ano, com a procura nos EUA e na Europa por produtos chineses a enfraquecer. Para impulsionar a economia, o PCC recuou em algumas das principais políticas financeiras e industriais.

Pequim pôs fim a uma campanha lançada contra os grandes grupos de tecnologia, que resultou em fortes quedas na cotação das empresas, incluindo do grupo de comércio eletrónico Alibaba, a empresa de jogos para computador Tencent ou o serviço de transporte compartilhado Didi.

Pequim também reduziu as restrições no acesso ao crédito pelos grandes grupos de imobiliário. Uma campanha para reduzir o nível de endividamento das empresas causou uma crise de liquidez no setor, que é um importante motor de crescimento económico no país.

No sábado passado, o Conselho de Estado chinês prometeu cortar impostos, facilitar empréstimos bancários e oferecer outros apoios aos empresários, para “promover um crescimento estável”. “A reabertura deve resultar numa explosão de crescimento no próximo ano”, disse Andrew Tilton, economista do banco de investimento Goldman Sachs, num relatório publicado na sexta-feira.

O banco norte-americano elevou a perspetiva de crescimento da economia chinesa este ano de 4,5% para 5,2%. O Banco Mundial, no entanto, reduziu este mês a perspetiva de crescimento para 4,3%, face à previsão de 5,2%, publicada em junho passado.

17 Jan 2023

Inflação | Taxa fechou 2022 nos dois por cento

O índice de preços ao consumidor, o principal indicador da inflação na China, aumentou 1,8 por cento em termos homólogos em Dezembro, o que significa que subiu dois por cento durante o ano de 2022, segundo dados divulgados ontem.

Os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística chinês confirmam que o aumento dos preços ao consumidor permaneceu abaixo do tecto de 3 por cento que Pequim tinha estabelecido como meta oficial para 2022.

Por sua vez, o índice de preços ao produtor, que mede os preços industriais, caiu 0,7 por cento em termos homólogos em Dezembro, moderando assim o crescimento ao longo do ano para 4,1 por cento, segundo dados oficiais.

O índice de preços ao consumidor tinha aumentado 1,6 por cento em termos homólogos em Novembro, mês em que o índice de preços ao produtor caiu 1,3 por cento.

A evolução dos preços ao consumidor no mês passado coincidiu com as previsões mais difundidas entre os analistas, enquanto a dos preços industriais ficou abaixo, já que os especialistas esperavam uma contracção de 0,1 por cento.

Na comparação mês a mês, o índice de preços ao consumidor permaneceu igual a Novembro enquanto o índice de preços ao produtor recuou 0,5 por cento.

Na terça-feira, o Banco Mundial reviu em baixa a previsão para o crescimento económico da China para 2023, antecipando que seja de 4,3 por cento contra 5,2 por cento em Junho passado, devido à inflação, à subida das taxas de juro e à guerra na Ucrânia.

13 Jan 2023

PIB | Número de 2021 corrigido em alta para mais 0,3%

O Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2021 foi de 114,9 biliões de yuans, segundo um ajuste anunciado ontem pelo Escritório Nacional de Estatísticas do país. O organismo aumentou 556,700 milhões de yuans os dados preliminares publicados em Janeiro deste ano.

Após o ajuste, o crescimento homólogo da economia chinesa em 2021 situou-se em 8,4 por cento, valor superior em 0,3 pontos percentuais ao publicado originalmente.

Pequim tinha como meta que a economia nacional crescesse “mais de 6 por cento” ao longo de 2021, uma meta conservadora tendo em conta a reduzida base comparativa do ano anterior (+2,3 por cento).

No primeiro semestre de 2022, a economia chinesa cresceu 2,5 por cento em termos homólogos, valor que representa um abrandamento face aos 12,7 por cento alcançados no primeiro semestre de 2021, embora nessa altura as estatísticas beneficiassem da base comparativa do primeiro semestre de 2020, período em que se iniciou a pandemia.

A China estabeleceu uma meta de crescimento de cerca de 5,5 por cento para o seu PIB em 2022, ano marcado por rígidas restrições contra a pandemia de covid-19 no país e pelo 20.º Congresso do Partido Comunista da China realizado em Novembro passado e no qual o secretário-geral e líder do país, Xi Jinping, alcançou um terceiro mandato sem precedentes entre os seus antecessores nas últimas décadas.

28 Dez 2022

Economia chinesa | Estabilidade é principal objectivo a atingir

As autoridades chinesas, reunidas na Conferência anual do Trabalho Económico Central, traçaram como objectivos prioritários para 2023 estimular a procura interna de modo a alcançar a estabilidade económica e um desenvolvimento de qualidade

 

O Governo chinês estabeleceu como “prioridade máxima” alcançar a “estabilidade económica” no próximo ano e, entre outros objectivos, “estimular a procura interna” através da recuperação e expansão do consumo.

Os líderes chineses discutiram na Conferência anual do Trabalho Económico Central, que terminou na noite de sexta-feira, as prioridades económicas em 2023, noticiou a agência estatal Xinhua. Não foram anunciadas quaisquer medidas específicas, mas o Governo defendeu “esforços para intensificar a macroeconomia e coordenar várias políticas para promover um desenvolvimento de alta qualidade”.

“Manteremos uma política fiscal proactiva e uma política monetária prudente”, indicou a Xinhua, sublinhando que “a sustentabilidade fiscal deve ser assegurada e os riscos da dívida do governo local devem ser geridos”.

Além disso, os líderes chineses também procuram impulsionar a procura interna, actualmente com dificuldades, “dando prioridade à recuperação e expansão do consumo, aumentando o rendimento pessoal urbano e rural através de múltiplos canais, e encorajando mais capital privado a participar na construção de projectos nacionais chave”.

A manutenção da taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, “basicamente estável a um nível adequado e equilibrado”, e o “reforço dos sistemas destinados a salvaguardar a estabilidade financeira”, foram outros dos objectivos estabelecidos.

Na reunião também se salientou que as políticas industriais devem ser “optimizadas para facilitar a transformação e actualização das indústrias tradicionais e o desenvolvimento de indústrias estratégicas emergentes”.

Apelou-se ainda à “promoção do emprego dos jovens, especialmente dos estudantes universitários, e ao esforço de mitigar atempada e eficazmente os impactos dos aumentos estruturais dos preços em alguns dos que se encontram em dificuldades”.

Mais pontos a atingir

A China vai procurar também “optimizar as políticas de apoio à natalidade” e tentar “adiar gradualmente a idade legal da reforma na altura certa e assumir a liderança na abordagem do envelhecimento da população e da baixa taxa de fertilidade”.

Os líderes também discutiram “a aceleração do planeamento e construção de um novo sistema energético, o reforço da competitividade global das indústrias tradicionais, a aceleração da investigação e aplicação de tecnologias inovadoras, e o desenvolvimento vigoroso da economia digital”.

Outro ponto abordado na reunião, foi a necessidade de fazer “maiores esforços para atrair e utilizar capital estrangeiro, expandir o acesso ao mercado, promover a abertura das modernas indústrias de serviços, e conceder tratamento nacional às empresas financiadas pelo estrangeiro”.

Finalmente, ficou também destacado o objectivo de “melhorar o rácio dívida/activos do sector imobiliário” e alcançar “uma transição suave do sector imobiliário para novos modelos de desenvolvimento”.

Pequim tinha estabelecido um objectivo oficial de crescimento de cerca de 5,5 por cento para este ano, mas a crise imobiliária e as duras restrições e confinamentos impostos no quadro da política de “zero covid” pesaram fortemente sobre a actividade económica, levando os analistas a excluir um crescimento do produto interno bruto (PIB) ao ritmo esperado pelas autoridades chinesas.

19 Dez 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados ontem, assinalando uma recuperação da actividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano.

Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.
O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

Comércio externo subiu 8,3%

Também o comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados hoje, assinalando uma recuperação da atividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano. Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.

O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

24 Out 2022

China rejeita “mal entendidos” e reafirma “interação positiva com os mercados internacionais”

A China assegurou ontem que vai “expandir solidamente” a abertura ao exterior e promover uma globalização “benéfica para todos”, numa altura em que empresas europeias acusam o país de se isolar do resto do mundo.

“Houve alguns mal-entendidos sobre o nosso novo padrão de desenvolvimento, que é focado na economia doméstica, mas que mantém uma interação positiva com os mercados internacionais”, defendeu o vice-director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), o órgão máximo chinês de planificação económica, Zhao Chenxin, à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, que decorre esta semana, em Pequim.

“É um erro pensar que, ao focar-se na economia doméstica, a China vai reduzir os seus esforços de abertura ou tornar-se numa economia ‘auto-suficiente’”, apontou. Zhao considerou que a globalização económica é uma “tendência irreversível” e que o país asiático está “profundamente integrado com a economia global e o sistema internacional”.

“As indústrias da China e de muitos outros países estão altamente interconectadas e são interdependentes”, descreveu. A China precisa agora de um “desenvolvimento de maior qualidade e mais eficiente, justo, sustentável e seguro”, apontou.

Zhao assegurou que Pequim “vai intensificar ainda mais os esforços para incentivar o investimento estrangeiro”, e que a economia do país asiático, que divulga na terça-feira os dados do crescimento do PIB no terceiro trimestre do ano, “registou uma tendência de recuperação notável”.

17 Out 2022

Ásia | Bilionário indiano diz que China corre risco de ficar isolada

A China poderá ficar cada vez mais isolada do resto do mundo e corre riscos semelhantes aos enfrentados pelo Japão, durante a chamada “década perdida” de estagnação nos anos 1990, afirmou ontem o bilionário indiano Gautam Adani.

Num discurso proferido durante a 20.ª edição da Conferência Forbes Global CEO, em Singapura, Adani, o segundo homem mais rico do mundo, disse que o “aumento do nacionalismo, a mitigação de riscos nas cadeias de fornecimento e as restrições tecnológicas” vão provavelmente afectar a ligação entre a China e outras economias.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que deveria ser uma demonstração das ambições globais de Pequim, está também a enfrentar crescente resistência, aumentando os desafios para o país asiático, argumentou.

Lançado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, este plano internacional de infraestruturas inclui a construção de ligações ferroviárias, autoestradas, aeroportos e zonas de comércio livre, visando abrir novas rotas comerciais em regiões pouco integradas na economia global, incluindo Leste Asiático, Ásia Central ou África.

Uma crise de dívidas soberanas nos países em desenvolvimento e o encerramento das fronteiras da China, no âmbito da política de ‘zero covid’, no entanto, estão a frustrar os planos de Pequim. “Antecipo que a China – que era vista como a principal beneficiadora da globalização – se vai sentir cada vez mais isolada”, notou.

Apesar do pessimismo em relação à China, o magnata indiano disse acreditar que as economias globais em geral se vão reajustar e recuperar a longo prazo.

28 Set 2022

Ásia 2022 | Economias emergentes vão crescer mais que a China

O crescimento da economia chinesa em 2022 será superado pelos países em desenvolvimento da Ásia, pela primeira vez em 30 anos, disse ontem o Banco Asiático de Desenvolvimento. Num relatório, o banco prevê que a economia da China cresça 3,3 por cento este ano, uma revisão em baixa da previsão de 5 por cento feita em Abril, devido às políticas implementadas por Pequim para combater surtos de covid-19.

O Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês), cuja sede fica na capital das Filipinas, Manila, reviu também em baixa a previsão para o crescimento da economia chinesa para 2023, de 4,8 por cento para 4,3 por cento.

A China, a segunda maior economia do mundo e o principal motor económico da Ásia, verá o seu crescimento superado por países emergentes, como Índia (7 por cento), Filipinas (6,5 por cento), Vietname (6,5 por cento), Paquistão (6 por cento), Malásia (6 por cento) e Indonésia (5,4 por cento).

As causas

Ao abrigo da estratégia de “zero casos” de covid-19, a China tem apostado na testagem em massa da população e em confinamentos para evitar a propagação de casos de Ómicron, a variante dominante do novo coronavírus, considerada muito contagiosa. Essas medidas, juntamente com o aperto das políticas monetárias da maioria dos bancos centrais mundiais para combater a inflação e os efeitos económicos da guerra na Ucrânia, irão afectar o crescimento da China, previu o ADB.

“O crescimento na China enfrenta desafios vindos dos confinamentos recorrentes e de um fraco sector imobiliário”, disse o economista-sénior do banco Albert Park, num comunicado. Um especialista para a China do ADB Hao Zhang disse que os confinamentos decretados por Pequim “reduziram drasticamente” o crescimento, embora espere uma recuperação na segunda metade do ano, “com a melhoria dos serviços e da procura de casas”.

Park advertiu que “os riscos estão à espreita” para os países em desenvolvimento da Ásia, porque “uma desaceleração significativa na economia global prejudicará gravemente a procura pelas exportações da região”. “Um ajuste monetário mais forte do que o esperado nas economias desenvolvidas poderá levar a uma instabilidade financeira”, disse.

O ADB previu ainda que a inflação na China atinja 2,3 por cento, enquanto nas economias em desenvolvimento da Ásia atingirá uma média de 4,5 por cento.

22 Set 2022

Economia | Crescimento de 0,4% no 2º trimestre devido a confinamentos

A economia da China registou um crescimento homólogo de 0,4 por cento, no segundo trimestre do ano, ilustrando o impacto das medidas de prevenção contra a covid-19, que resultaram no bloqueio de cidades importantes do país

 

Os dados oficiais, divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) na sexta-feira, ficaram abaixo do esperado pelos analistas, que previam um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 1 por cento, no período entre Abril e Junho.

Face ao trimestre anterior, a segunda maior economia mundial contraiu 2,6 por cento nos três meses encerrados em Junho. No período entre Janeiro e Março, a economia chinesa cresceu 4,8 por cento, em termos homólogos.

No conjunto, a economia do país cresceu 2,5 por cento no primeiro semestre do ano. Este valor representa um abrandamento, face ao ritmo de crescimento de 12,7 por cento, alcançado no primeiro semestre de 2021, embora nesse período as estatísticas tenham beneficiado da base comparativa débil do primeiro semestre de 2020, período em que eclodiu a pandemia da covid-19.

Entre Março e Junho deste ano, no entanto, a China voltou a adoptar duras medidas de confinamento, para travar surtos do coronavírus em Xangai, Pequim, Cantão ou Changchun, cidades–chave para a indústria e economia chinesas.

As fábricas e escritórios foram autorizados a reabrir em Maio, mas economistas dizem que vão ser precisas semanas ou meses até que a actividade volte ao normal. Economistas e grupos empresariais advertiram que os parceiros comerciais da China vão sentir o impacto das interrupções no transporte marítimo, nos próximos meses.

“O ressurgimento da pandemia foi efectivamente contido”, disse o GNE, em comunicado. “A economia nacional registou uma recuperação estável”, vincou.

Dores repartidas

A desaceleração prejudica os parceiros comerciais da China, incluindo o Brasil e Angola, ao diminuir a procura por petróleo, alimentos, e outras matérias-primas. Também a importação de bens de consumo produzidos na China é afectada, já que as medidas de confinamento dificultam os embarques de produtos para mercados estrangeiros.

As vendas a retalho caíram 0,7 por cento, em relação ao ano anterior, no primeiro semestre, depois de contraírem 11 por cento e 6,7 por cento, em Abril e Maio, respectivamente, em termos homólogos.

O investimento em fábricas, imóveis e outros activos fixos subiu 6,1 por cento, reflectindo o esforço do Governo chinês para estimular a economia através de um aumento dos gastos com a construção de obras públicas.

A segunda maior economia do mundo é também afectada, desde o ano passado, por uma crise de liquidez no sector imobiliário, depois de os reguladores chineses terem passado a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património.

O sector imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas.

A taxa de desemprego fixou-se em 5,5% por cento, em Junho, de acordo com as estatísticas oficiais, enquanto em Maio foi de 5,9 por cento e em Abril de 6,1 por cento.

17 Jul 2022

Xangai | Empresas norte-americanas antecipam queda nas receitas

Um quarto das empresas norte-americanas em Xangai está a reduzir os investimentos e quase todas antecipam queda nas receitas este ano, segundo os resultados de um inquérito ontem publicado, que expõe o impacto das medidas de prevenção epidémica.

A “capital” económica da China sofreu um bloqueio de dois meses, em Abril, face ao pior surto de covid-19 registado na China, desde o início da pandemia. A cidade é sede do porto mais movimentado do mundo e de várias multinacionais que operam no país asiático.

Apesar de uma recuperação geral da actividade no início de Junho, 25 por cento das empresas norte-americanas estão a rever em baixa os seus investimentos para este ano, segundo a Câmara de Comércio dos Estados Unidos na cidade.

De acordo com o inquérito, que abrangeu 133 empresas, mais de 90 por cento disseram esperar uma queda na facturação este ano.

As medidas de confinamento tiveram um “impacto profundo” na actividade das empresas inquiridas, observou o presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos em Xangai, Eric Zheng, apelando às autoridades locais para que “restabeleçam a confiança” na comunidade empresarial.

No início de Junho, apenas 35 por cento das empresas norte-americanas inquiridas estavam a operar em plena capacidade, apesar do levantamento das medidas de bloqueio, segundo a Câmara.

16 Jun 2022

China | Li Keqiang alerta para situação económica mais grave desde início da pandemia

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reconheceu que as medidas de prevenção epidémica estão a afetar a economia chinesa de forma inédita desde o início da pandemia, apelando a que se tenha em conta o emprego.

Durante uma videoconferência organizada pelo Conselho de Estado, na noite de quarta-feira, Li admitiu que “as dificuldades em março e abril foram, em alguns aspetos, mais severas do que em 2020”, quando a pandemia de covid-19 começou, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

O primeiro-ministro citou como exemplo as quedas em indicadores como o emprego, produção industrial, consumo de energia e transporte de mercadorias. Li pediu a dezenas de milhares de funcionários do governo “esforços para manter a economia a operar a um nível adequado”.

Os comentários de Li Keqiang ressaltam as dificuldades que a China vai ter para atingir a sua meta de crescimento anual, de 5,5%, uma das mais baixas das últimas décadas, enquanto combate surtos provocados pela Ómicron, uma variante altamente contagiosa do novo coronavírus.

A última vez que a economia chinesa registou uma contração foi no primeiro trimestre de 2020, quando caiu 6,9%, em termos homólogos, pondo fim a uma era de mais de 30 anos de crescimento ininterrupto.

O comércio externo da China registou uma subida homologa de 0,1%, em abril passado, uma desaceleração significativa em relação ao crescimento de 5,8%, registado em março.

No primeiro trimestre do ano a economia chinesa cresceu 4,8%, mas as vendas a retalho contraíram 3,5%, em termos homólogos, e a taxa oficial de desemprego nas áreas urbanas atingiu a pior marca dos últimos 22 meses: 5,8%. O desemprego entre trabalhadores na faixa etária entre os 16 e 24 anos atingiu a taxa recorde de 18,2%.

“Vamos tentar garantir que a economia cresça no segundo trimestre”, disse Li, de acordo com uma transcrição do discurso a que o jornal Financial Times teve acesso. “Esta não é uma meta alta e está muito longe de meta de 5,5%. Mas temos que o conseguir”, apontou.

O prolongado confinamento de Xangai, a “capital” financeira da China, nos últimos dois meses, poderá agravar os dados económicos do país.

Li enfatizou a necessidade de implementar políticas, o mais rápido possível, para estabilizar a economia e apoiar o mercado e o emprego e garantir o sustento da população.

“O desenvolvimento é a chave para resolver todos os problemas na China”, lembrou.

O primeiro-ministro ordenou às entidades governamentais que apliquem as 33 medidas recentemente aprovadas pelo Conselho de Estado para estabilizar a economia até ao final de maio.

O Conselho de Estado vai enviar grupos de trabalho a 12 províncias, a partir de hoje, para acompanhar o trabalho das autoridades locais na aplicação das medidas.

“Os governos locais devem tratar as empresas de forma igual, continuar a melhorar os serviços logísticos e as cadeias industriais, para permitir a retoma da produção e garantir a rápida distribuição de benefícios sociais às pessoas necessitadas”, destacou Li.

26 Mai 2022

Economia | China tenta pôr termo a “crescimento fictício” por via da construção

Segundo o economista da Universidade de Pequim, Michael Pettis, a covid-19 veio acelerar o processo de desinvestimento do país em activos não produtivos. Pequim tenta afastar-se do modelo de crescimento assente no sector imobiliário

 

O abrandamento económico suscitado pela covid-19 vai obrigar a China a alocar capital de forma mais eficiente, pondo termo a décadas de “crescimento fictício”, alimentado pelo sector da construção, explica à Lusa o economista Michael Pettis.

O professor de teoria financeira na Faculdade de Gestão Guanghua, da Universidade de Pequim, vê no colapso de algumas das maiores construtoras do país um sinal de que a China se está a afastar do modelo de crescimento assente no investimento em activos não produtivos.

“Há muito crescimento fictício na China”, nota Pettis. “O excesso de investimento em todo o tipo de projectos de construção inflacciona o crescimento há vários anos”, descreve.

O termo “crescimento fictício” foi usado pela primeira vez pelo Presidente chinês, Xi Jinping, num ensaio publicado em 2021, que frisou a importância de o país alcançar um crescimento “genuíno”.

Em entrevista à agência Lusa, Michael Pettis, que vive no país asiático há duas décadas, considera que a campanha para desalavancar o sector imobiliário faz parte dos esforços de Pequim para pôr termo a esse modelo.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.

“A maioria das estimativas coloca a contribuição do sector imobiliário para o PIB [Produtos Interno Bruto] da China entre 25 por cento e 30 por cento. Isto é duas a três vezes superior ao de outros países. O investimento em imobiliário por si só representa cerca entre 13 por cento e 14 por cento do PIB”, observa Pettis.

O rácio entre o preço dos imóveis e o valor das rendas no país asiático está entre os mais altos do mundo, sugerindo um retorno negativo sobre o capital investido. Em Pequim ou Xangai, o valor médio dos imóveis ascende a cerca de 23 vezes o vencimento médio anual dos residentes.

Para o economista, a alocação de capital para investimentos não produtivos na China ascende a uma “escala sem precedentes” na História.

“Normalmente, quando os economistas querem falar sobre um caso proeminente de grande quantidade de investimento não produtivo, eles apontam para o Japão na década de 1980”, indica. “O meu palpite é que em 10 ou 20 anos vão estar a falar da China”, acrescenta.

Exemplo espanhol

Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa.

Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador. A estrutura assemelha-se a um esquema pirâmide, onde o activo não gera por si fluxo de capital, mas depende antes de um próximo investidor estar disposto a pagar mais pelo bem imóvel.

A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas.

Michael Pettis aponta para o exemplo de Espanha antes da crise financeira internacional de 2008.

“O período de rápido crescimento da economia espanhola foi impulsionado pelos fundamentos errados: a construção de imóveis nos quais ainda hoje ninguém mora, e uma enorme quantidade de infraestrutura, que foi além daquilo que o país necessitava”, descreve.

“Enquanto isto dura é óptimo”, nota. Mas, quando o aumento da dívida é incapaz de gerar retorno, o modelo torna-se insustentável, suscitando uma “desaceleração económica e potencial aumento do desemprego”.
Pettis prevê agora o fim de décadas de trepidante crescimento económico do país asiático.

“A China poderia ter continuado com o modelo actual por mais três ou quatro anos”, observa. “Mas, com o impacto económico da covid-19, estão a ficar sem tempo”.

23 Mai 2022

Actividade económica da China afunda face a medidas de combate à covid-19

A actividade económica da China contraiu fortemente em abril, face às duras restrições impostas pelas autoridades do país para conter surtos de covid-19, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).

A produção industrial registou uma queda homóloga de 2,9%, surpreendendo os analistas, que esperavam um ligeiro avanço de 0,4% no quarto mês do ano. Face ao mês anterior, a produção industrial chinesa caiu 7,08%, destacou o GNE. O setor automóvel registou a maior contração (-43,5%).

Tommy Wu, analista da consultora Oxford Economics, assegurou que a contração da atividade económica na China, em abril, foi a mais severa, desde o primeiro trimestre de 2020, quando o país enfrentou o primeiro surto do coronavírus.

“O bloqueio prolongado de Xangai e o seu efeito cascata na China, combinados com atrasos logísticos, devido ao bloqueio de estradas em partes do país, afetaram severamente as cadeias de fornecimento domésticas”, explicou o especialista.

As vendas a retalho, o principal indicador do consumo doméstico, que já tinha contraído em março, caiu 11,1%, em termos homólogos, em abril, ultrapassando a previsões dos analistas, que apontavam uma queda de 6,6%.

O consumo tinha já contraído 3,5% em março. O valor acumulado para 2022 cai assim para -0,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A agência de estatísticas não divulgou a evolução homóloga dos activos fixos, em abril, mas antes uma comparação intermensal, que revelou uma contração de 0,82%. O sector imobiliário também sofreu, com uma queda de 2,7%, nos primeiros quatro meses do ano.

O desemprego nas áreas urbanas continuou a sofrer com a situação actual e subiu 0,3%, em abril, para 6,1%, uma taxa superior à que Pequim estipulou como limite para este ano (5,5%).

Os dados ilustram o crescente custo económico da estratégia de ‘zero casos’ da China, que procurou extinguir a doença por meio de bloqueios, testes em massa e isolamento de todos os infectados em centros de quarentena. A eliminação de infeções é uma prioridade para o Presidente, Xi Jinping, que procura obter um terceiro mandato este ano.

Nos últimos dois meses, dezenas de cidades e centenas de milhões de pessoas em toda a China foram colocadas sob bloqueios totais ou parciais, como parte de uma política que deve ter profundas ramificações para as cadeias de fornecimento globais.

O GNE assegurou que o “impacto de um ambiente internacional cada vez mais preocupante e complexo e de uma maior perturbação doméstica, devido à pandemia da covid-19, superou obviamente as expectativas”.

Apesar da “crescente pressão negativa” para a economia chinesa, a instituição garantiu que a “tendência geral de desenvolvimento de qualidade” mantém-se intacta e que as medidas adoptadas pelas autoridades vão fazer com que as contas nacionais “estabilizem” e “recuperem”.

Wu acredita que as interrupções económicas podem durar até junho, e que a retomada da actividade vai ser “muito gradual” no início, não prevendo uma recuperação realmente significativa até ao segundo semestre.

16 Mai 2022

Governo chinês promete mais medidas para impulsionar crescimento económico

O Politburo, principal órgão do Partido Comunista da China, prometeu mais medidas para impulsionar o crescimento económico e, ao mesmo tempo, conter os surtos de covid-19, noticiou hoje a imprensa estatal chinesa.

“É muito importante fazer um bom trabalho económico e garantir e melhorar a vida das pessoas”, disse a agência oficial de notícias Xinhua, que não mencionou qualquer mudança na estratégia de combate à covid-19.

O Politburo concordou em ajustar as políticas para manter a economia a “operar numa faixa razoável” e para acelerar a implementação de descontos e reduções de impostos, garantir o fornecimento de energia e ajudar as indústrias, as pequenas empresas e as famílias mais afetadas pela pandemia.

A economia chinesa estava a desacelerar ainda antes da última onda de infeções por covid-19, que obrigou a confinamentos, incluindo na capital financeira do país, Xangai, criando interrupções na produção e exportação de produtos e em outras atividades comerciais.

Em resposta, o principal índice da bolsa de Xangai subiu hoje 2,4%, enquanto o Hang Seng, o principal índice de Hong Kong, subiu 3,3%.

Xangai registou 52 novas mortes por covid-19, nas últimas 24 horas, e 5.487 novos casos positivos, o número mais elevado desde o início da pandemia, anunciou a Comissão de Saúde da China.

Um surto de covid-19 em Xangai levou as autoridades chinesas a impor um confinamento quase total da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes, há cerca de um mês.

Os moradores de Xangai ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena, onde as luzes estão sempre acesas, o lixo acumula-se e não existem chuveiros com água quente.

Qualquer pessoa com resultado positivo, mas que não tenha sintomas, deve passar uma semana numa destas instalações, e os restantes cumprem isolamento no hospital.

O fluxo de produtos industriais também foi interrompido pela suspensão do acesso a Xangai, onde fica o porto mais movimentado do mundo, e outras cidades industriais, incluindo Changchun e Jilin, no nordeste da China.

29 Abr 2022

Economia | Li Keqiang faz apelo à estabilização do emprego

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse esta segunda-feira que é importante estabilizar o emprego na China e os preços. Segundo a agência Xinhua, Li Keqiang falou no âmbito de um simpósio sobre a economia na província de Jiangxi, ao qual presidiu.

Falando da “forte resiliência” da economia chinesa perante as adversidades dos últimos tempos, Li Keqiang apelou à população “para se manter vigilante face a desafios inesperados e lidar com as pressões internas e externas”.

Recorde-se que esta segunda-feira foram divulgados os dados da inflação no país, sendo que o índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador da inflação na China, subiu 1,5 por cento em Março, em relação ao mesmo mês do ano passado. Já o índice de preços no produtor (IPP), que mede os preços nas vendas por grosso, cresceu 8,3 por cento.

Em ambos os indicadores, o resultado é superior ao esperado pelos analistas, que tinham previsto um aumento de 1,2 por cento para os preços no consumidor, e de 7,9 por cento para as vendas por atacado.

Li Keqiang destacou as medidas que as autoridades chinesas implementaram nos últimos tempos, nomeadamente na área dos impostos, como reembolso ou isenção de taxas, além dos apoios dados à economia real. Além disso, o Governo emitiu obrigações especiais e lançou projectos de construção que possam ajudar a dinamizar a economia e o emprego.

O primeiro-ministro não esqueceu também a necessidade de reforçar a produção agrícola e a consolidação da estabilidade dos preços e do fornecimento de electricidade, carvão e outras energias. Para Li Keqiang, é fundamental lançar medidas de apoio para as entidades que enfrentem mais desafios, nomeadamente as pequenas e médias empresas, ou os negócios por conta própria.

12 Abr 2022