Andreia Sofia Silva EventosCovid-19 | Residentes lançam t-shirts para ajudar artistas e freelancers Inês Dias e Luís Filipe, fundadores da empresa de impressão ID Core, decidiram lançar uma campanha de t-shirts solidárias para chamar a atenção para artistas e trabalhadores freelancers que ficaram sem trabalho devido à pandemia da covid-19. A ideia é que o artista ou comprador possa personalizar uma t-shirt e depois vendê-la [dropcap]U[/dropcap]ma t-shirt simples, estampada com a mensagem “Support local artists” (apoia os artistas locais), é o meio que os fundadores da ID Core encontraram para ajudar artistas e trabalhadores freelancers que se viram subitamente sem trabalho devido à pandemia da covid-19. Ao HM, Inês Dias, co-fundadora da empresa de impressão, juntamente com Luís Filipe, explicou como surgiu a ideia, difundida através do grupo de Facebook “Support Local Artists Macau”, que já conta com 244 membros. A ID Core imprime a t-shirt e vende a artistas ou a pequenos comerciantes que poderão posteriormente renovar o tecido com criações próprias e vender a camisola. “Não passa apenas por cada artista vender cinco ou dez t-shirts por conta própria. É algo que poderá ser uma ajuda, mas não resolve a vida a ninguém. Queremos também sensibilizar o Governo, que atribuiu o cartão de consumo, mas que pode não chegar a todas as pequenas e médias empresas (PME)”. “Contactámos algumas lojas de amigos que não se importam de colocar à venda as t-shirts. Temos recebido bastantes mensagens e há pessoas que não têm nada a ver com a área, como professores e advogados, que só querem comprar a t-shirt”, acrescentou Inês Dias. Apesar das reacções positivas e dos vários pedidos realizados, Inês Dias não sabe ainda quantas t-shirts vão ser impressas para serem vendidas. Até ao momento a ID Core já imprimiu cerca de 100, disse Luís Filipe. “Vamos dar uma t-shirt a cada artista para que a página comece a funcionar. Mas o projecto está aberto a toda gente. Há pessoas que gostam de arte, não têm um negócio aberto e ficaram afectadas [com a crise]. Gostaria que a comunidade se pudesse juntar ao grupo”, declarou o co-fundador da ID Core. Exposição em aberto O cartão de consumo providenciado pelo Governo começou a ser distribuído esta terça-feira e concede a cada residente três mil patacas. Contudo, Inês Dias alerta para o facto de empresas que funcionam exclusivamente online ou artistas freelancers não estarem abrangidos por esta medida de apoio. “As pessoas esquecem-se muito do trabalho dos artistas, e queremos sensibilizar o Governo para os artistas que não têm lojas físicas e que muitas vezes nem são PME, mas trabalham em regime freelance.” A co-fundadora da ID Core não afasta a possibilidade de vir a ser organizada uma mostra com as t-shirts personalizadas. “Há exposições que estão a ser feitas mas foram cancelados vários eventos para todo o ano. Imagina o que seria juntar estes artistas todos e fazer uma exposição com isto.” Ideia semelhante tem Luís Filipe. “Temos algumas instituições a participar, como é o caso da ARTM (Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau), onde também serão feitas camisolas. No final, espero que alguns espaços possam dar a oportunidade para vender aquilo que for feito. Uma exposição é sempre uma forma de fechar [o projecto]”, contou ao HM.
Pedro Arede Manchete SociedadeCovid-19 | Concedida nova alta hospitalar No sétimo dia sem novos casos de covid-19, mais um paciente recebeu alta. Apesar dos condicionamentos nas fronteiras, as autoridades de saúde consideram que há mais perigos para além dos que vêm de Zhuhai e apelam para que a população “não perca a consciência de risco” [dropcap]M[/dropcap]ais um paciente diagnosticado com covid-19 recebeu ontem alta hospitalar. Trata-se de um residente de Macau de 18 anos, estudante universitário, que regressou de Macau proveniente de Londres. O anúncio foi feito ontem por Lo Iek Long, médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que confirmou tratar-se do 28º caso diagnosticado em Macau. “O paciente partiu de Londres no dia 20 de Março e chegou a Macau no dia 22. Esteve internado durante 23 dias no hospital e recebeu tratamento anti-viral. Neste momento está em situação estável e sem febre, os sintomas do tracto respiratório melhoraram (…) e os exames ao tórax mostram que já não está com pneumonia. Nos dias 10, 12 e 14 foi sujeito a testes de ácido nucleico na faringe que deram negativo”, explicou Lo Iek Long. O estudante foi o 16º paciente a receber alta hospitalar em Macau, tendo sido encaminhado para o Centro Clínico do Alto de Coloane, onde vai ficar em observação médica durante 14 dias. Segundo os Serviços de Saúde (SS), existem ainda 29 doentes internados com covid-19, encontrando-se todos estabilizados, inclusive, o 18º caso, considerado grave, que tem vindo a apresentar melhorias. Questionado sobre se o principal risco de contágio está concentrado sobretudo na travessia terrestre das fronteiras com Zhuhai, e numa altura em que as restrições nas fronteiras limitam, em muito, as deslocações, Lo Iek Long, descartou a ideia e apelou à população para não baixar a guarda. “Não achamos que o único risco é a cidade de Zhuhai. Há muitos outros riscos potenciais ou eventuais, por isso os residentes ainda precisam de cooperar e prestar atenção à higiene porque o risco é aquilo não podemos antecipar. Em relação a Zhuhai, não houve surto na comunidade e a situação é estável”, transmitiu o responsável. Lo Iek Long sublinhou ainda esperar que a população “não perca a consciência do risco” e que é preferível fazer a mais, do que a menos. “Se acham que são medidas em excesso é porque são boas medidas”, rematou. Na conferência de imprensa, a responsável dos serviços de turismo, Inês Chan, revelou ainda que o Hotel Jai Alai deixou de ser utilizado para quarentena, passando agora a ser três as unidades utilizadas para o efeito. Efeito dominó Referindo-se a quem quer regressar a Macau vindo de Portugal, Inês Chan lembrou que existem diferentes medidas de combate à epidemia consoante as regiões e que devem ser avaliadas todas implicações de uma viagem, inclusivamente o tipo de documento de identificação que essa pessoa detém. “Se uma pessoa está no exterior e tem urgência em regressar a Macau isto depende muito do documento de identificação que tem (…) e da data em que pretende vir, porque sabemos que há medidas de prevenção diferentes nos países. Por isso, é muito difícil regressar, mas podem fazê-lo através de diferentes transportes e escalas”, explicou Inês Chan. Acerca do número de casos registados de gripe sazonal, Lo Iek Long confirmou que este baixou consideravelmente, a reboque das medidas de combate à covid-19. De acordo com o médico, na 14ª semana deste ano, em 100 adultos 1,3 apresentaram sintomas de gripe, sendo que o número de casos mais alto dos últimos anos foi de 15 por cento. Já entre crianças, apenas 14,3 por cento apresentaram sintomas de gripe, quando normalmente, durante o pico da gripe, cerca de 40 por cento apresentam sintomas. “Quando os cidadãos prestam atenção à higiene pessoal diminuímos os casos de gripe”, acrescentou. De regresso Cinco residentes de Macau que se encontravam a receber tratamento médico em Hong Kong já regressaram ao território através de transporte especial, revelou ontem Inês Chan, dos serviços de turismo. Os residentes vão agora cumprir 14 dias de quarentena. Por ocasião da conferência diária, Inês Chan referiu ainda que do total dos 30 pedidos de apoio recebidos, 10 já confirmaram que queriam regressar a Macau. Destes, seis pedidos foram autorizados, dois rejeitados e outros dois estão em análise.
Hoje Macau SociedadeFMI prevê queda da economia este ano em 29,6 por cento [dropcap]A[/dropcap] economia de Macau deverá regredir 29,6% este ano, devido à pandemia da covid-19 segundo as Perspectivas Económicas Mundiais divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com o documento divulgado ontem pelo FMI, a economia de Macau, que em 2019 encolheu 4,7% e que este ano deverá recuar 29,6%, em 2021 terá um crescimento substancial de 32%. Em termos de desemprego, a taxa da capital mundial permanecerá praticamente residual: 2% este ano e no ano seguinte de 1,8%, indicou o FMI. Quanto à inflação, deverá fixar-se nos 2% em 2020 e nos 2,3% no ano seguinte. O FMI prevê que a economia mundial tenha uma recessão de 3% em 2020, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19. Com uma economia altamente dependente do jogo, Macau viu as receitas do jogo caírem em março 79,7%, em relação a igual período de 2019, mês em que medidas para conter o surto da covid-19 praticamente encerraram as fronteiras da capital mundial dos casinos. Os últimos dados oficiais indicam também uma descida de 60% nos três primeiros meses do ano, depois de em fevereiro se terem registado perdas históricas nas receitas do jogo num mês em que os casinos estiveram fechados durante 15 dias. O montante global gerado de janeiro a março de 2020 foi de 30,48 mil milhões de patacas, menos 45,66 mil milhões de patacas do registado nos três primeiros meses de 2019.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Concedida alta hospitalar a dois doentes recuperados Dois doentes infectados com covid-19 tiveram ontem alta hospitalar e seguiram para isolamento no centro clínico do Alto de Coloane. Há também uma criança de nove anos recuperada, mas vai ficar à espera da alta do pai, uma vez que não tem outros familiares com quem ficar. Ontem foi o sexto dia consecutivo sem registo de novas infecções [dropcap]A[/dropcap]lvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), confirmou ontem a alta de mais dois pacientes recuperados de covid-19. Estes foram encaminhados para o centro clínico do Alto de Coloane onde vão cumprir um período de isolamento. Ontem não foram registados novos casos de infecção. O 14º paciente a ter alta hospitalar, que correspondente ao 36º caso de infecção no território, é um residente de Macau que estuda em Portugal. O jovem chegou a Macau no dia 15 de Março depois de ter feito o voo Lisboa-Dubai-Hong Kong. No dia 17 de Março, apresentou sintomas de febre e dor de cabeça e foi submetido a testes de ácido nucleico que inicialmente deram resultado negativo para a covid-19. No entanto, depois de vários dias em isolamento domiciliário, o jovem acusou positivo a 28 de Março. Alvis Lo adiantou que a situação clínica do paciente é estável, sem sintomas de febre ou do trato respiratório. A segunda alta anunciada ontem é a 15ª desde a primeira infecção em Macau e é relativa ao 35º caso confirmado de covid-19 no território. Trata-se de um jovem estudante, também residente de Macau, que estagiava medicina num hospital em Londres. Durante o estágio contactou com pessoas infectadas com covid-19, enquanto lhes prestava cuidados médicos sem usar máscara. O estudante teve sinais de febre no dia 24 de Março e testou positivo para o novo coronavírus a 28 de Março. Neste momento, o seu quadro clínico é estável, explicou Alvis Lo. As autoridades confirmaram ontem que uma menina de 9 anos também preenche os requisitos para ter alta. “A criança está quase a recuperar e não tem sintomas muito óbvios. Fizemos vários testes de ácido nucleico com resultados negativos, já tem condições para ter alta, mas é preciso esperar que o pai tenha alta, pois é ele que toma conta da criança”, explicou Alvis Lo. Tratamento em Zhuhai Os responsáveis dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) foram também confrontados com a situação de alguns residentes que procuram tratamento médico em Zhuhai, que tem três hospitais destinados ao tratamento da covid-19. “As autoridades de Zhuhai indicaram três hospitais onde os residentes podem ter consulta, mas estes têm de apresentar uma declaração médica que comprove que não estão infectados. Não sabemos os números, pois os hospitais do Interior da China dominam as informações e não são obrigados ceder dados”, disse Alvis Lo. O médico defendeu que as deslocações a Zhuhai podem acarretar riscos de contágio na comunidade. “Vamos seguir as nossas regras e medidas. Há uma diferença entre Hong Kong e Zhuhai. Em Hong Kong um terço dos casos de infecção são locais, enquanto que em Zhuhai há algum tempo que não há casos locais, apenas casos importados. Não podemos impedir ninguém de ir ao exterior fazer tratamento. As pessoas devem fazer o tratamento em Macau, mas temos de respeitar a opinião das pessoas”, frisou. Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Controlo de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, disse que desde 26 de Janeiro o Instituto de Acção Social recebeu 340 pedidos de ajuda, em que 100 são apenas pedidos de informação e 64 referem-se a ajuda do foro emocional. Viagens restritas As companhias aéreas estão a adoptar medidas mais restritas, a pedido das autoridades, para quem viaja para Macau, segundo Leong Iek Hou. “Neste momento, no estrangeiro, há muitos países com situações graves. Para assegurar a saúde da tripulação do avião e dos passageiros pedimos às companhias aéreas para verificarem a temperatura dos passageiros. Se estes apresentarem febre não entram no avião.” Além disso, cada passageiro deve apresentar uma declaração, antes de embarcar, que comprova que não está infectado com covid-19. As companhias aéreas estão também informadas das novas regras das fronteiras, pelo que as pessoas que não podem entrar no território não estão sequer autorizadas a efectuarem o check-in. TNR à porta Alvis Lo, médico adjunto da direcção do CHCSJ, não afastou a possibilidade de serem alteradas as proibições de entrada no território a trabalhadores não residentes, consoante a evolução da pandemia. “É provável que alteremos as medidas, mas temos sempre de fazer uma avaliação global. Não podemos decidir ou tomar medidas de acordo com alguns números.”
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista 108 novos casos, número mais alto desde Março [dropcap]A[/dropcap] China registou 108 novos casos de infecção pelo novo coronavírus, incluindo dez de contágio local, o número mais alto desde 28 de março, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Até às 00:00 de segunda-feira, morreram duas pessoas devido à covid-19, ambas na cidade de Wuhan, centro da epidemia, disse. Os dez casos de contágio local ocorreram nas províncias de Guangdong, adjacente a Macau, no sul do país, e de Heilongjiang, na fronteira com a Rússia, e um novo centro de infeção na China devido ao fluxo de viajantes entre os dois países vizinhos. A cidade de Suifenhe, que fica do lado chinês da fronteira, e se encontra sob quarentena desde quarta-feira passada, registou já cerca de 200 casos confirmados e mais de 100 casos assintomáticos, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. A maioria dos casos foi diagnosticado em chineses a residir na Rússia e que voaram de Moscovo para Vladivostok (leste) e entraram na China através do posto fronteiriço em Suifenhe. As autoridades chinesas destacaram vários médicos e funcionários de saúde para um hospital de campanha montado na última semana em Suifenhe, para tentar conter o surto. As autoridades chinesas baniram a entrada de estrangeiros no país, no final do mês passado, mas muitos chineses radicados no exterior estão a voltar ao país, à medida que a doença alastra pelo resto do mundo, pelo que a China passou a contar com centenas de casos importados. Segundo a Comissão de Saúde chinesa, 88 pacientes receberam alta após terem superado a doença, nas últimas 24 horas, mas devido às 108 novas infeções registadas, o número total de infectados no país asiático aumentou para 1.156, no segundo dia consecutivo de inversão de tendência de descida. Entre os 1.156 casos de infecção “activos”, 121 estão em estado grave, indicaram. O número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 82.160, dos quais 3.341 pessoas morreram e, até ao momento, 77.663 pessoas tiveram alta, acrescentaram. As autoridades chinesas referiram que 719.908 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 9.655 permanecem sob observação. A pandemia da covid-19 já causou mais de 112 mil mortos e infectou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, os Estados Unidos são agora o país que regista o maior número de mortes (mais de 22 mil) e de infectados (mais de 555 mil). O continente europeu, com mais de 932 mil infectados e 77 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 19.899 óbitos e mais de 156 mil casos confirmados. Em Espanha, as autoridades sanitárias apontam 16.972 mortos e mais de 166 mil casos de infecção. Além de Estados Unidos, Itália e Espanha, os países mais afectados são França, com 14.393 mortos (cerca de 132 mil casos), Reino Unido, com 10.612 mortos (84 mil casos), Irão, com 4.474 mortos (71 mil casos), China, com 3.341 mortos (82 mil casos), e Alemanha, com 2.673 mortes (120 mil casos). Em África, há registo de 747 mortos e mais de 13 mil casos em 52 países.
Hoje Macau SociedadeWynn | Fecho de casinos custou 20 milhões por dia [dropcap]O[/dropcap] encerramento dos casinos em Macau para prevenir a propagação do covid-19 gerou perdas à operadora Wynn de 20 milhões de patacas por dia, segundo um comunicado da empresa à Bolsa de Hong Kong. A estes custos a operadora afirma ter ainda gasto 4 milhões de patacas em juros para fazer face às perdas. “Durante o período de encerramento contabilizamos despesas de aproximadamente 2,5 milhões de dólares norte-americanos [20 milhões de patacas] por dia, excluindo o montante gasto com juros de aproximadamente 0,5 milhões de dólares por dia [4 milhões de patacas]”, revelou a empresa. Além do encerramento durante 15 dias, a operadora enfrenta várias restrições nas mesas de jogo, assim como uma redução acentuada do número de clientes, relacionadas com as restrições à circulações de pessoas. Por este motivo, a Wynn afirma que vai registar uma redução nas receitas durante o primeiro trimestre que vai dos 40 aos 44 por cento. “Com base nas tendências descritas, as nossas receitas de operação combinadas para os três meses terminados a 31 de Março de 2020 vão situar-se entre os 912 milhões e os 969 milhões de dólares norte-americanos [7,30 mil milhões e 7,75 milhões de patacas], comparando com o valor de 1,64 mil milhões de dólares [13,10 mil milhões de patacas] registado a 31 de Março de 2019”, foi acrescentado.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Número de infectados em Macau aumenta para 45 com mais um caso [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram hoje mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 45 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de um homem de 32 anos, residente de Macau, que na terça-feira apanhou um voo de Phnom Penh, Camboja, com destino a Macau, “tendo sido detectado com febre na zona de inspecção sanitária de entrada do Aeroporto Internacional de Macau”, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. O homem foi de imediato encaminhado para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, detalharam as autoridades, acrescentando que hoje a “amostra do teste de zaragatoa nasofaríngea mostrou com resultado positivo e foi diagnosticado com pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. Segundo as autoridades de Macau, o estado de saúde do homem de 32 anos, que está internado na enfermaria de isolamento do hospital público, é “considerado normal”. Depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, a partir de meados de março foram identificados 35 novos casos, todos importados. Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território, que deixou desde segunda-feira de ter assegurada, pelos transportes públicos, qualquer ligação para a vizinha Hong Kong.
João Santos Filipe SociedadeMédicos podem conceder alta a alguns doentes de covid-19 esta semana [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde acreditam que entre os 34 infectados com o covid-19 poderá haver altas ao longo desta semana. O cenário foi colocado por Alvis Lo, médico-adjunto da direcção do Hospital Conde São Januário. “Desde que foi registado o 11.º caso passaram mais de três semanas. Achamos que esta semana já pode haver altas hospitalares. Podemos dizer que a recuperação dos nossos pacientes é ideal”, afirmou. Em relação à paciente de 50 anos em estado mais grave, ligada ao ventilador, Alvis Lo indicou que está numa situação estável, e que já não precisa tanto de ventilador para respirar como na fase mais crítica.
João Santos Filipe PolíticaCovid-19 | Governo gasta 20 milhões com veículos e corredor especial Apesar de a Air Macau ter cedido um avião gratuitamente, o Governo gastou 20 milhões com outros tipos de transportes devido à covid-19, nomeadamente com o corredor especial entre Hong Kong e Macau [dropcap]O[/dropcap] Executivo gastou 20 milhões de patacas com o transporte de regresso dos residentes da RAEM retidos em Wuhan e com a criação do corredor especial entre o aeroporto de Hong Kong e Macau. Os números foram apresentados ontem por Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção de Serviços de Turismo (DST). “O avião fretado à Air Macau ficou isento de custos, foi assumido pela empresa como responsabilidade social. No entanto, houve esses custos com o transporte específico para os residentes, porque precisamos de organizar veículos especiais, assim como as inspecções nos postos fronteiriços”, disse Inês Chan. “Houve várias pessoas a regressar a Macau vindas de vários sítios e em altura diferentes, não só turistas, mas também estudantes”, clarificou Inês Chan. “Em Março, muita gente regressou a Macau através de Hong Kong, numa altura em que já havia dificuldades de transporte. Tivemos de contratar mais empresas para nos ajudarem, o que envolve muitos custos”, acrescentou. Apesar do montante apresentado, não foram detalhados os diferentes gastos, informação que ficou prometida para ocasião posterior. Isenção de quarentena Ontem foi igualmente revelado que “dezenas” de residentes pediram a isenção de quarentena nas deslocações entre Macau e Hong Kong, principalmente pessoas com cuidados de saúde. A informação foi revelada por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “São pessoas que estão a ser tratadas em Hong Kong e que precisam de regressar a Macau, por isso pediram isenção da quarentena”, explicou Leong. “Ainda estamos a tratar dos pedidos, o que vai ser feito de forma rigorosa porque temos de cumprir o despacho com as medidas de prevenção e controlo da epidemia, que obriga qualquer pessoa vinda de Hong Kong a uma quarentena de 14 dias”, acrescentou. Segundo a explicação, há pedidos de isenção de quarentena quase todos os dias, tanto para pessoas em tratamentos como para familiares. Alternativas de medicamentos Outro dos assuntos que merece a atenção das autoridades de saúde é o tratamento realizado pelos residentes da RAEM no estrangeiro e Hong Kong, assim como a importação especial de medicamentos. Até ontem não tinha havido pedidos de transporte para Hong Kong por parte de residentes de Macau a precisar de certos cuidados de saúde. Porém, os Serviços de Saúde admitem a possibilidade de dificuldades para receber certos medicamentos recomendados por médicos fora de Macau. Nesse caso, os pacientes são aconselhados a entrarem em contacto com os Serviços de Saúde para expor as situações. Porém, em situações urgentes Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar do Conde São Januário, aconselhou a ida às urgências. “Se tiverem dificuldades no acesso a medicamentos podem entrar em contacto connosco. Vamos analisar as situações caso-a-caso para ver se os mesmos fármacos existem em Macau, ou então recomendar semelhantes”, indicou.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China sem registo de mortes nas últimas 24 horas [dropcap]A[/dropcap] China disse hoje que não foram registadas quaisquer mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas e que no país existem pouco mais de duas centenas de casos graves de infecção. A Comissão Nacional de Saúde da China informou que nas últimas 24 horas foram registados 32 novos casos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, todos provenientes do exterior, os chamados casos importados. Além disso, as autoridades de saúde chinesas indicaram que o número total de infectados no país asiático desceu para 1.242, quando no dia anterior era de 1.299 pessoas. Assim, o número total de infectados diagnosticados na China desde o início da pandemia é de 81.740, dos quais 3.331 pessoas morreram e 77.167 pessoas receberam alta. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil. Dos casos de infecção, cerca de 250 mil são considerados curados.
Hoje Macau China / ÁsiaNovo coronavírus poderá ser transmitido pela fala e respiração, dizem cientistas norte-americanos [dropcap]C[/dropcap]ientistas ligados ao governo norte-americano acreditam que o novo coronavírus provavelmente é transmitido pelas pessoas quando falam e respiram, uma avaliação que leva à conclusão que usar máscaras ou lenços pode minimizar a propagação. A administração do presidente Donald Trump está prestes a mudar suas instruções oficiais para incentivar, mas eventualmente não obrigar, a população a cobrir os rostos em público, com máscaras artesanais, lenços ou trapos, por forma também a reservar as máscaras médicas aos profissionais de saúde, pois a escassez deste material assim o exige. Em Nova Iorque, o `mayor´ pediu na quinta-feira aos residentes na cidade que cobrissem o rosto quando saíssem à rua e, hoje, quase metade dos transeuntes em Manhattan já estava a aplicar a medida sugerida, segundo a observação de jornalistas da AFP. Em relação à Ásia, onde a utilização das máscaras cirúrgicas é regra omnipresente para a população, o atraso nos países ocidentais é entendido por alguns especialistas como uma “aberração”. Contudo, autoridades de saúde nos Estados Unidos ou na França, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS), argumentaram até agora que a máscara não é necessária para pessoas saudáveis, a menos que estejam em contacto com os doentes infectados pelo vírus. Na França, a Academia de Medicina recomendou esta sexta-feira o uso obrigatório da máscara, como uma “adição lógica às medidas de barreira”. Na sexta-feira, nos Estados Unidos, o director do Instituto de Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, membro do grupo de trabalho da Casa Branca sobre o coronavírus e que todos os dias fala à distância com o presidente Trump, reconheceu que “o vírus pode realmente ser transmitido quando as pessoas estão apenas a conversar, e não unicamente quando espirram ou tossem”. Esta transmissão aérea permitiria uma explicação há muito procurada para alta contagiosidade do vírus responsável pela pandemia do Covid-19, quando surgem indícios de que pessoas infectadas, mas sem sintomas, são responsáveis por cerca de 1/4 de todos os cidadãos infectados, sendo por isso responsáveis involuntariamente por grande parte dos contágios. Vários estudos mostraram que pessoas assintomáticas infectaram pessoas próximas que com elas estiveram em igrejas, num coro, em aulas de canto ou em casas de repouso. As Academias de Ciências norte-americanas aludiram em carta dirigida hoje à Casa Branca quatro estudos que apontam a balança a favor da transmissão do vírus pelo ar expirado pelas pessoas (aerossóis no jargão científico), e não apenas pelas gotículas projetadas durante um espirro diretamente no rosto de outra pessoa ou em superfícies (onde o vírus pode sobreviver por horas ou até dias). “A pesquisa actualmente disponível apoia a possibilidade de que o SARS-CoV-2 possa ser transmitido por aerossóis gerados diretamente pela expiração de pacientes”, escreve Harvey Fineberg, presidente do Comité de Doenças Infecciosas Emergentes. Paralelamente, um estudo de investigadores da Universidade de Nebraska encontraram partes do código genético do vírus (RNA) no ar de salas onde os pacientes foram isolados. Investigadores da Universidade de Hong Kong concluiram recentemente que o uso de máscaras reduz a quantidade de coronavírus exalado pelos pacientes, sendo que a experiência foi realizado com outros vírus além do SARS-CoV-2. Também investigadores de Wuhan colheram amostras de ar de vários quartos de hospital e encontraram altas concentrações do novo coronavírus, especialmente nos banheiros e salas onde os profissionais de saúde retiravam os seus equipamentos de protecção. À luz desses resultados, a mudança oficial da estratégia neste domínio nos Estados Unidos é iminente, segundo o vice-presidente Mike Pence, faltando conhecer a sua formulação, com Donald Trump a adiantar que acha que a medida não deve ser obrigatória.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Residente que viajou de Portugal infectada, constituindo 43º caso [dropcap]F[/dropcap]oi detectado esta sexta-feira o 43º caso de infecção com covid-19. De acordo com um comunicado do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, trata-se de uma mulher, residente de Macau, com 53 anos de idade, tendo a profissão de escriturária. No dia 4 de Fevereiro a doente e o marido foram a Portugal de férias e visitar familiares, tendo a doente contactado com um parente diagnosticado, no dia 26 de Março, com pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus. O casal apanhou um voo a 30 de Março de Lisboa, com escala na Holanda (voo n.º KL1694, lugar n.º 1D), com destino Hong Kong (voo n.º KL887 – lugar n.º 5C) no mesmo dia. Chegados ao aeroporto internacional de Hong Kong, o casal foi transportado para Macau através do transporte especial cedido pelo Gabinete de Gestão de Crises do Turismo através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O comunicado dá conta que, chegados ao territórios, a mulher “não manifestou quaisquer sintomas, tendo apresentado uma temperatura corporal era normal”. A residente ficou na Pousada Marina Infante a cumprir os 14 dias de quarentena obrigatória. Esta sexta-feira, dia 3, foram realizados os testes de zaragatoa nasofaríngea, tendo os os resultados sido positivos para o novo tipo de coronavírus. Foi feito então o diagnóstico de covid-19, com confirmação de pneumonia. Neste momento “a doente está em condições clínicas consideradas normais e internada na enfermaria de isolamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário para tratamento”. Já o marido “é considerado como o contacto próximo e será encaminhado às instalações dos Serviços de Saúde para a observação médica”.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Macau anuncia mais uma infecção, totalizando 42 casos [dropcap]M[/dropcap]acau registou mais um caso da covid-19, o que eleva para 42 o número total de infectados no território, anunciaram as autoridades. O homem, de 58 anos, chegou a Macau na segunda-feira, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, proveniente de Hong Kong, tendo sido encaminhado para quarentena no hotel Grand Sheraton, no Cotai (faixa de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane), por não apresentar sintomas. A infecção foi diagnosticada hoje, na sequência dos “testes de zaragatoa nasofaríngea”, afirmaram. “O doente está em condições clínicas consideradas normais e foi internado na enfermaria de isolamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário [CHCSJ] para tratamento”, referiram. Entre 5 e 16 de Março, o homem esteve em Banguecoque, tendo regressado a Hong Kong no dia 16 do mês passado. Entre 16 e 30 de Março, permaneceu no território vizinho, disseram as autoridades na conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. As autoridades indicaram ainda que 107 pessoas já deixaram o isolamento, continuando 2.022 em 12 hotéis e um em casa a cumprir uma quarentena de 14 dias. No CHCSJ estão internados 21 pacientes, enquanto dez estão no centro clínico de saúde pública de Coloane.
João Romão VozesPós-covid? [dropcap]A[/dropcap] passagem do tempo sobre a presença do vírus que ataca a Humanidade não tem ajudado a antever um horizonte de futuro: antes pelo contrário, acrescentam-se dúvidas às incertezas já conhecidas: sabe-se pouco ou nada sobre como lidar com o problema, vai-se aprendendo o possível com a experiência vivida, ou não, e navega-se com pouca vista sobre um horizonte turvo e indefinido. Já houve outros vírus, é certo, mas aparentemente nunca tão resistentes à intervenção humana, tão persistentes nos seus impactos sobre as pessoas, tão dissimulados na forma lenta como ocupam os organismos e preparam um ataque massivo e inesperado. Não sabemos como eliminar este inimigo nem por quanto teremos que viver escondidos, em inevitável protecção individual e colectiva. Este exercício colectivo de auto-protecção pode trazer à superfície o melhor de nós, a preocupação com as outras pessoas, a prioridade à comunidade sobre o individualismo, a percepção de que não há estrangeiros e de que estamos todos a viver no mesmo mundo, a importância da fraternidade e da solidariedade sobre a competição desenfreada que foi ocupando o quotidiano das sociedades contemporâneas, um olhar sobre a economia preocupado com necessidades efectivas e não com a ganância da acumulação, ou o valor da amizade e das relações pessoais: uma certa reavaliação do que andamos aqui a fazer e do que realmente importa para vivermos bem, sermos felizes, seja lá isso o que for, e encontrarmos uma certa harmonia com os limites do planeta e dos seus recursos. Foi com esta generosidade que se cantou ou se aplaudiu às varandas e à janela, para dizer que estamos juntos, que é grande a esperança num futuro melhor, que não queremos voltar ao normal: queremos melhor. Hoje canta-se e aplaude-se menos, no entanto. A rotina cansa. Estar em casa tanto tempo cansa. Não se ter ideia de quanto tempo falta cansa ainda mais. Há uma incerteza profunda sobre o presente, sobre a solução possível para este extraordinário problema, e uma incerteza ainda maior sobre o futuro. Quando tempo falta? Enquanto durar, vai haver médicos e hospitais? Vai haver comida? Vai haver salários para comprar a comida e para pagar as casas onde se tem que ficar? Vai haver ainda empresas quando passar tempestade? Vai o Estado poder suportar todos os custos que já se conhecem e os outros, porventura muitíssimo maiores, que estão para vir? Essa incerteza cada vez mais prolongada corrói a esperança, já se sabe: alimenta a desconfiança, recupera o individualismo, apela ao egoísmo, corrói o espírito de comunidade, desperta o pequeno ou o grande fascista mais ou menos adormecido em tantos corações. Em vez de vozes fraternas e sentimentos de esperança, vemos dedos acusatórios apontados, “polícias de varanda”, novos bufos e delatores ávidos de notícias, de preferência falsas, que legitimem o discurso da violência sobre os outros, do ódio sobre a diferença, do autoritarismo sobre a democracia. Eles andam aí e esta reclusão colectiva e prolongada também serve para se mostrarem, com poucos pudores, auto-legitimados que se sentem pela magnífica missão que escolheram desempenhar, a de vigilantes e delatores de inimigos inventados à medida. Outras razões conduzem à falsa de esperança, certamente, que os impactos desta crise social e económica são extremamente assimétricos. Talvez esteja mais protegido quem trabalhe para o Estado, mesmo que não se vislumbre grande luz ao fundo deste túnel e não se perceba muito bem qual é o limite desse suporte pelas finanças públicas. Menos protegidos estarão os trabalhadores de empresas privadas com contratos permanentes, sobre os quais as ditas empresas têm alguma responsabilidade, certamente mais limitada que a do estado pelas contingências dos ciclos económicos. Haverá grandes empresas que acumularam o suficiente para aguentar este e outros rombos sem problemas de maior e que, ainda assim, estendem a mão ao Estado, salvador afinal, importante afinal, essencial afinal. Mas também há as pequenas e médias empresas que genuinamente não têm como assegurar o pagamento de salários depois de um, dois, três meses, sem produzir. Quantos meses vão ser, afinal? Depois vai-se descendo na escala da vulnerabilidade: os trabalhadores temporários, os independentes, todos os que vivem de actividades artísticas ou das funções técnicas inerentes, todos os que desempenham tarefas essenciais e regulares em processos produtivos, mas sobrevivem na chantagem da informalidade. Todos os desempregados sem horizonte para procurar emprego. Todos os sem-abrigo que não têm casa onde se recolher. Todos os habitantes de casas precárias sobrelotadas na periferia de grandes cidades. Todos os refugiados que fugiram da guerra e foram depositados em campos de concentração às portas da Europa. Toda a gente que em África, na América Latina ou no Sudoeste Asiático, para quem a normalidade do quotidiano já se fazia de carências habitacionais, alimentares, económicas ou de cuidados de saúde. Sabe-se muito pouco sobre se, quando e como sairemos todos desta inusitada experiência. Talvez possamos contar uns com os outros para sair como uma comunidade reforçada e solidária e não como pessoas gananciosas à procura de recuperar à força qualquer coisa tida como perdida, seja lá o que for. Talvez. Vivo por estes dias uma experiência que esperava ser de “pós-covid”. Estava enganado e afinal não é o caso. Desde que apareceram os primeiros casos no Japão, em finais de Janeiro, vivi durante dois meses na região de Hokkaido, a que teve durante muito tempo o maior número de casos no país (foi, entretanto, ultrapassada por Tóquio). Nunca houve confinamentos obrigatórios, mas houve uma severa retração recomendada e generalizadamente aceite, em que só se saía para o essencial. Estive quase sem sair de casa durante um mês e meio. Entretanto mudei para outra região, no sul, onde até agora se registaram apenas 3 casos, todos eles já recuperados. Viajei num avião quase vazio, passando por aeroportos quase vazios. Encontrei uma cidade quase sem casos (só teve 1, para mais de um milhão de habitantes) mas ainda assim muito previdente, com poucas pessoas nas ruas, muitas máscaras, visível contenção na aproximação, ainda mais do que é habitual na cultura japonesa, já de si muito parcimoniosa no contacto físico. Não sei se se justifica, mas vive-se essa incerteza, de só se saber que o assunto não está afinal resolvido. Não é bom viver com medo.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China regista dezenas de novos casos diários de infecção vindos do exterior [dropcap]A[/dropcap] China regista dezenas de novos casos diários de contágio pelo novo coronavírus oriundos do exterior, apesar de ter interditado, no sábado passado, a entrada de estrangeiros no país. Foram detectadas 35 pessoas infectadas com a Covid-19, todas vindas do exterior, nas 24 horas até à meia-noite na China, segundo as autoridades de saúde chinesas. A Comissão Nacional de Saúde do país asiático informou ainda que morreram seis pessoas devido à infeção pelo novo coronavírus, na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia. No mesmo dia foram detectados 20 novos casos suspeitos, também importados. Muitos chineses radicados no exterior estão a voltar ao país, à medida que a doença se alastra pelo resto do mundo, pelo que a China passou a contar com centenas de casos importados. A partir de sábado, o país suspendeu temporariamente a entrada de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus. As autoridades informaram que 170 pacientes receberam alta após superarem a doença e quase 1.900 pessoas que tiveram contacto próximo com os infectados estão sob observação médica. O país asiático soma 1.863 casos ativos, entre os quais 429 continuam em estado grave. A China revelou ainda que detetou 55 novos casos assintomáticos. A Comissão Nacional de Saúde só começou na quarta-feira a divulgar o número de pessoas infectadas, mas que não têm sintomas. A possibilidade de infectados assintomáticos poderem contagiar outras pessoas ainda não é consensual entre especialistas, mas as autoridades de saúde indicaram que eles devem passar por uma quarentena de 14 dias num local designado. O número total de infectados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.589, entre os quais 3.318 morreram e 76.408 tiveram alta após superarem a doença. Desde o início do surto, em dezembro passado, 710.000 pessoas em contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre os quais mais de 20.000 permanecem sob observação. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 905 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 46 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 176.500 são considerados curados.
Hoje Macau EventosMúsico Adam Schlesinger morre aos 52 anos vítima de covid-19 [dropcap]O[/dropcap] músico co-fundador da banda Fountains of Wayne Adam Schlesinger morreu na quarta-feira, aos 52 anos, vítima de complicações relacionadas com a covid-19, confirmou o seu advogado, Josh Grier, à agência Associated Press. Artista por trás de temas como “Stacy’s Mom” e “That Thing You Do” (usada no filme com o mesmo nome protagonizado por Tom Hanks e que lhe valeu uma nomeação para Óscar de melhor canção), Schlesinger foi também compositor para o palco e para o ecrã, com destaque para a série “Crazy Ex-Girlfriend”, com a qual venceu o terceiro Emmy da sua carreira. Nas redes sociais, multiplicaram-se as notas de pesar do mundo artístico, desde Tom Hanks ao escritor Stephen King, passando pelos apresentadores Stephen Colbert e Jimmy Kimmel, pela comediante Kathy Griffin, pelo ator Elijah Wood ou o músico Ted Leo, entre muitos outros. Nascido em 1967, Schlesinger cresceu em Nova Jérsia, tendo formado os Fountains of Wayne em 1995, com um antigo colega de turma, Chris Collingwood. Para além dos três Emmys que venceu, o músico recebeu ainda um Grammy, com David Javerbaum, em 2009, por melhor álbum de comédia, devido às canções para o disco “A Colbert Christmas: The Greatest Gift of All!”, que acompanhava um episódio especial daquele apresentador e humorista, com temas partilhados com Elvis Costello. Schlesinger é mais um artista a morrer vítima do novo coronavírus, que já causou a morte de quase 46 mil pessoas pelo mundo inteiro, desde o seu surgimento em dezembro.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Shenzhen proíbe permanentemente a criação e consumo de animais selvagens [dropcap]U[/dropcap]ma das mais prósperas cidades chinesas, Shenzhen, emitiu hoje a proibição mais abrangente até à data de criação e consumo de animais selvagens, num esforço para evitar um surto futuro do coronavírus. A covid-19 foi detectada pela primeira vez na cidade de Wuhan, centro da China, em dezembro passado, entre pacientes relacionados com um mercado da cidade que vendia animais selvagens, incluindo pangolim e civeta, além de carnes mais convencionais, como frango e peixe. O consumo de animais selvagens é sobretudo popular no sul da China, onde Shenzhen está situado. Situada na fronteira com Hong Kong, Shenzhen tornou-se num centro global para fabrico de componentes eletrónicos e sede das principais firmas tecnológicas do país. Em 2002, o surto da pneumonia atípica, ou SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), foi inicialmente disseminado por pessoas que consumiam ou criavam e vendiam animais selvagens em áreas próximas de Shenzhen. Os regulamentos estipulados pelas autoridades da cidade proíbem permanentemente o comércio e o consumo de animais selvagens, o que vai além da proibição temporária emitida pelo Governo central, em fevereiro passado, após o início do surto. Para além de cobras, lagartos e outros animais selvagens, a diretriz, que cita razões humanitárias, proíbe ainda o consumo de carne de cão e gato, que são há muito tempo especialidades locais. A proibição prevê multas a partir dos 150 mil yuans, valor que aumentou consideravelmente, dependendo da quantidade de animais apreendidos. A medida não restringe a criação de animais selvagens para fins medicinais, que tem sido criticada como cruel e perigosa para a saúde pública, embora o consumo desses animais para alimentação passe a ser proibido.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | China identifica 130 novos casos assintomáticos [dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que identificou 130 novos casos assintomáticos, portadores do novo coronavírus, mas que não revelam nenhum sintoma da doença da covid-19. A mesma comissão informara na terça-feira que, de um total de mais de 1.500 casos assintomáticos que estão a ser isolados e monitorizados, 205 vieram do exterior. As autoridades indicaram também que foram registados 36 novos casos confirmados da covid-19 no país continental, que exclui Macau e Hong Kong. Todos, exceto um dos novos casos, foram importados. Nas últimas 24 horas foram ainda registadas mais sete mortes. Hoje, pela primeira vez, a China passou a contabilizar os casos assintomáticos na contagem oficial. Enquanto a proporção de pessoas que contraíram o vírus, mas permanecem assintomáticas, é atualmente desconhecida, os cientistas dizem que esses ‘portadores’ ainda podem transmitir a covid-19. Como o surto doméstico na China a diminuir significativamente, alguns especialistas questionaram se a dificuldade em identificar casos assintomáticos poderia levar ao ressurgimento de infeções. A China, onde o vírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, registou um total de 81.554 casos e 3.312 mortes desde o início do surto. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 850 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 42 mil. Dos casos de infecção, pelo menos mais de 170 mil são considerados curados.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSSM | Registados 41 casos. Menina de 9 anos “em recuperação” [dropcap]E[/dropcap]sta terça-feira foram registadas mais duas ocorrências de covid-19, registados como 40.º e 41.º casos confirmados. O 40º caso, a doente é uma mulher de 47 anos de idade, residente de Macau, doméstica, que regressou a Macau proveniente do Reino Unido, enquanto o 41º caso foi diagnosticado num homem de 20 anos de idade, estudante no Reino Unido, filho do 40º caso. A mãe e o filho chegaram a Hong Kong na tarde do dia 27 de Março, vindos de Londres, e foram transportados até Macau pelo transporte exclusivo do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Foram encaminhados ao Hotel Dragão Royal para observação médica, tendo realizado ontem testes de zaragatoa nasofaríngea cujos resultados foram positivos confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus. Já o 39º caso de infecção com o novo coronavírus, é o de uma menina de 9 anos filha do 34º infectado. A menina terá contraído a covid-19 nas Filipinas, para onde viajou a 17 de Janeiro com o pai e o irmão para visitar a mãe. Ao início não apresentava sintomas, tendo sido feitos testes a 26 de Janeiro, com resultado negativo, e mais dois testes no dia seguinte, em que um deles deu positivo. “Achamos que contraiu a doença nas Filipinas, a criança não sentiu nada, mas já apresentava sintomas. Os resultados dos testes deram primeiro negativo e depois positivo. Achamos que não é um caso muito especial, porque a criança apanhou a doença naquele país e não se sentiu mal”, disse o médico Alvis Lo. O profissional de saúde acrescentou que não se trata de uma nova infecção e que o facto de ter apresentado sintomas depois de quatro semanas está relacionado com o desenvolvimento do vírus no corpo humano. “Normalmente, após uma primeira infecção, há casos em que pode aparecer novamente o resultado positivo. Ela está na fase de recuperação, estamos a fazer um tratamento anti-viral e não consideramos que é uma nova infecção”, concluiu Alvis Lo.
Andreia Sofia Silva PolíticaCovid-19 | Termina transporte especial de residentes para Macau Acabou a segunda e última fase da medida de transporte especial de residentes do aeroporto internacional de Hong Kong para o território. Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas para esse apoio. Governo sugere a residentes para ponderarem bem o regresso [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau deixa de prestar, a partir de hoje, o apoio na concessão de transporte especial para residentes que regressem de países estrangeiros para o aeroporto internacional de Hong Kong. A medida teve duas fases, compreendidas entre os dias 17 e 22 e entre 22 e 31 de Março, e não será prolongada, disse ontem Inês Chan, representante da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). “Esta medida foi adoptada há 15 dias e em todo o mundo estão a ser adoptadas diferentes medidas de prevenção e há muitas limitações, como o fecho das fronteiras. Devido a este desenvolvimento mundial não teremos mais a operação para ir buscar residentes ao aeroporto de Hong Kong”, explicou. Até ontem existiam ainda 129 pessoas inscritas junto do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para terem acesso a este apoio, mas podem ainda surgir constrangimentos a muitas pessoas que estão em trânsito ou a pensar voltar a Macau. “Hoje [ontem, 31 de Março] vamos buscar mais 129 pessoas. Será que todas essas pessoas vão conseguir apanhar os voos para regressarem a Hong Kong? Estamos a contactar com os residentes que fizeram o check-in, mas podem existir situações em que os voos internos tenham sido cancelados, podendo existir obstáculos para apanhar depois o voo para Hong Kong”, adiantou Inês Chan. Até esta segunda-feira, 30, o Governo de Macau transportou um total de 2007 residentes no âmbito desta medida, tendo recebido mais dois pedidos adicionais de consulta relativos ao regresso à RAEM. “Não podemos pedir apoio a Hong Kong sem limites só para ir buscar os residentes de Macau. Também temos de respeitar as regras do Governo vizinho.” Que alternativas? Quem não for residente de Hong Kong não tem sequer oportunidade para fazer check-in, mesmo que esteja ainda na Europa ou noutro país estrangeiro. Inês Chan falou ainda de outras alternativas. “Quem tem salvo conduto e pode viajar para a China pode depois voltar por essa via, é uma possibilidade, mas quem não tem não há hipótese. Alguns são residentes de Macau e também portadores do BIR de Hong Kong. Há dias fomos contactados por um estudante que se encontra em Portugal e que, primeiro, decidiu ficar no país, mas só hoje quis voltar a Macau, mas já não há bilhetes”, exemplificou a responsável da DST. Inês Chan disse não poder dar resposta relativamente a todos os residentes que se encontrem no exterior, tendo alertado para que estes ponderem bem o seu regresso. “Fazemos um apelo porque é necessário tomar uma decisão com prudência. Se os residentes quiserem voltar a Macau podem consultar outros meios mas têm de ter em conta as medidas de contenção, porque a sua deslocação pode ser impedida”, rematou. Zhuhai | TNR voltam a poder fazer quarentena Passa a estar activo, a partir de hoje, o local, em Zhuhai, destinado à quarentena de trabalhadores não residentes (TNR) que visitaram ou estiveram no Interior da China e que pretendam entrar em Macau. Ontem, na habitual conferência de imprensa do centro de coordenação e contingência do novo coronavírus, o agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) declarou que o local anteriormente designado para a quarentena deixa, assim, de estar suspenso, sendo que os TNR devem munir-se de uma declaração médica que comprove que não estão infectados antes de entrarem no território.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Mais de mil mortes no estado de Nova Iorque, há nove dias eram 35 [dropcap]O[/dropcap] estado norte-americano de Nova Iorque superou no domingo as mil mortes de infectados com a covid-19, um mês após se detetar o primeiro caso e quando há nove dias se registavam apenas 35 mortos. Só a cidade de Nova Iorque informou na noite de domingo que o número subira para os 776 mortos. O surto da covid-19 espalhou-se por Nova Iorque a uma velocidade assustadora. O primeiro caso de infecção conhecido no estado foi descoberto a 1 de Março num profissional de saúde, que regressara recentemente do Irão. Dois dias depois, o estado anunciou o segundo caso, um advogado do subúrbio de New Rochelle. A 10 de Março, o governador Andrew Cuomo declarou uma “área de contenção” em New Rochelle que obrigou ao fecho de escolas e espaços de culto. Nesse mesmo dia, a região metropolitana registou a sua primeira fatalidade: um homem que trabalhava em Yonkers e morava em Nova Jersey. A 12 de Março, o estado proibiu todas as reuniões de mais de 500 pessoas e encerrou os teatros da Broadway e as arenas desportivas. O prefeito da cidade de Nova Iorque, Bill De Blasio, ordenou o fecho das escolas a 15 de Março. Restrições mais severas ocorreram cinco dias depois, quando Cuomo ordenou que todos os trabalhadores não essenciais ficassem em casa, barrou reuniões de qualquer dimensão e instruiu qualquer pessoa no espaço público a ficar a pelo menos um metro de distância das outras pessoas. Por essa altura, somente 35 nova-iorquinos infectados com a covid-19 tinham morrido. Ou seja, apenas nove dias antes destes últimos números. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 697 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 33.200. A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 6.528, entre 78.747 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infectados (mais de 124 mil). Dos casos de infecção, pelo menos 137.900 são considerados curados.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Macau anuncia mais um caso de infecção e eleva total para 38 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 38 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de um homem, residente de Macau, de 44 anos, que no dia 18 de Março chegou a Hong Kong vindo do Reino Unido, entrando no território através do transporte institucionalizado para apoio aos residentes, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “No dia 21 de março foram recolhidas amostras de saliva do doente e no dia 22 de março a amostra de zaragatoa nasofaríngea foi negativa para teste de novo tipo de coronavírus”, detalharam. Só que do domingo as autoridades realizaram um novo teste e “os resultados foram positivos para a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, confirmando a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”, apontaram. Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, nas últimas duas semanas foram identificados 28 novos casos, todos importados. Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território.
Andreia Sofia Silva EntrevistaAnja Visini, residente em Bergamo e doente recuperada de covid-19: “A cada dez minutos passa uma ambulância, noite e dia” Arquitecta, natural de Bergamo, Anja Visini vive num dos epicentros da covid-19 em Itália, país que diariamente soma centenas de mortes causadas pela doença. Em casa a recuperar da patologia causada pelo novo coronavírus, Anja fala de “indecisão” por parte das autoridades italianas na hora de adoptar medidas de combate à pandemia e descreve o cenário caótico vivido pelos profissionais de saúde, que não têm tempo para atender todos os doentes [dropcap]Q[/dropcap]ual é a sua situação clínica actual? Está totalmente recuperada da covid-19? Aqui os médicos não faziam os exames da covid-19 porque a situação já estava tão grave que só faziam testes aos casos de pneumonia. Então há muitíssimas pessoas que estão contagiadas e que não sabem disso, porque não fazem testes e porque estão em casa. Uma vez que fecharam tudo há três semanas ninguém pode sair de casa a não ser para urgências de trabalho, para comprar comida ou medicamentos. A região de Lombardia não estava preparada para fazer exames a toda a população que se suspeitava infectada com o vírus. Pediram às pessoas para não irem ao hospital e ligarem para médicos que, por telefone, diriam o que fazer. Eu tive uma gripe em meados de Fevereiro, antes de rebentar todo este problema. A minha médica disse-me que era uma gripe normal, então tive três ou quatro dias com febre não muito alta, à volta dos 37,5, 38 graus, e depois tive dois dias com febre mais baixa. Depois estive mais três semanas com dificuldade em respirar e tive um dos sintomas fundamentais [da covid-19] que é não ter paladar ou olfacto. Fiquei em casa a pensar que tinha uma gripe normal, mas comecei a falar com amigos sobre os sintomas que tinha. Um amigo teve os mesmos sintomas que eu, e também o pai e a mãe dele, mas a mãe acabou por ir para os cuidados intensivos no hospital. Nessa altura, decidi falar com médicos e confirmaram que, provavelmente, eu também teria a covid-19. Tive de uma forma leve, que não levou a pneumonia ou a graves dificuldades respiratórias. Mas há muitíssimas pessoas que estão na mesma situação que eu, ou seja, tiveram alguma coisa e não sabem o quê, e quando saem para ir às compras transportam o vírus. Há pessoas com febres altas e que estão em casa, porque nos hospitais já não há espaço e os médicos de clínica geral vão monitorizando a situação destes pacientes que ficam em casa com uma bomba de oxigénio ou máscaras para respirar. Os casos mais graves vão para o hospital. Como acha que apanhou covid-19? Acho que apanhei o vírus no dia 15 de Fevereiro, porque tive um encontro com colegas de uma associação da qual faço parte e uma rapariga da associação tinha febre, 37,5º, e foi à reunião, porque tínhamos uma votação. Ela vive numa aldeia que é um dos locais onde houve mais infectados. Ela chegou e contagiou metade da associação, cerca de 50 por cento das pessoas que lá estavam. Mas ninguém pensou que podia ser isto, porque nessa altura, em meados de Fevereiro, havia dois ou três casos e as pessoas pensavam que o vírus era apenas um problema chinês. Em Bergamo e Milão todos pensavam continuar a trabalhar e a fazer a sua vida normal. Eram partilhados hashtags como #milaonaopara ou #bergamoisrunning, ninguém pensava que seria uma coisa assim. Ficou com algumas sequelas da doença? Depois de um mês e meio ainda tenho tosse e alguma dificuldade em respirar. Os cheiros e os sabores ainda não estão recuperados, mas estou bem. Obviamente, fico sempre em casa e não faço muito esforço, não me apercebo se estou muito cansada ou não, mas estou bem agora. Anja Visini é arquitecta e vive num dos epicentros da covid-19 em Itália, na cidade de Bergamo.. Está a ser acompanhada por um médico à distância? Liguei a minha médica, não temos nenhuma atenção particular. Eles estão cheios de pedidos e é uma situação muito crítica, pois há muitos doentes com formas mais graves de covid-19. Não há tempo para atender toda a gente. Ontem liguei à minha médica e ela quis terminar a chamada rapidamente, disse-me que não comia desde o dia anterior devido ao excesso de trabalho. A situação dos médicos cá é grave, porque têm muitíssimo trabalho, muitos não têm protecção e já não vão a casa dos doentes para não se infectarem. As autoridades italianas têm culpa do que está a acontecer no país, por não terem agido a tempo? Seguramente subestimaram o problema. Aqui na região da Lombardia temos um sistema sanitário que foi privatizado e que não estava preparado para esta emergência. O Governo provavelmente não tomou as medidas necessárias. Alguns políticos pediram desde o começo o encerramento das fronteiras e a suspensão dos voos vindos da China, mas não fizeram isso. Aqui, na região de Bergamo, temos o quarto aeroporto mais importante do país e é uma das zonas industriais mais importantes do país e da Europa. Não podiam parar tudo assim desta maneira. Algumas empresas e fábricas fecharam, mas muitas estão abertas e isso constituiu também um veículo de contágio muito grande. Quando a covid-19 começou a rebentar em Bergamo, o presidente da câmara municipal pediu para fechar e fazer uma zona vermelha, mas o Governo não concordou com a proposta. Como é o dia-a-dia em Bergamo neste momento? Agora pode-se sair para fazer compras, uma pessoa por família, ou para ir à farmácia ou para urgências médicas. Também é possível sair para ir trabalhar, mas é necessário ter um certificado. Foram impostas sanções. Se uma pessoa estiver infectada e for encontrada na rua pode ser acusada criminalmente. Não se vê quase ninguém na rua, há poucos carros e a qualidade do ar melhorou muitíssimo. A cidade é silenciosa. Normalmente, noutras zonas de Itália às seis da tarde ou nove da noite as pessoas vão cantar para as janelas, mas isso nunca aconteceu aqui, porque a situação sempre foi muito trágica. O ambiente é bastante silencioso. Passam os carros da protecção civil com altifalantes a avisar as pessoas para ficarem em casa e o pior de tudo é que a cada dez minutos passa uma ambulância, noite e dia. Agora um pouco menos, mas nas últimas três semanas estávamos sempre a ouvir o barulho das ambulâncias. Até que ponto esta experiência, não apenas como doente, mas também como observadora, mudou a sua vida? A minha experiência como doente não foi assim tão problemática. Primeiro, porque não foi muito grave em termos clínicos, mas também porque estava convencida de que tinha uma gripe normal e só depois tive esta revelação. Não foi muito chocante porque já tinha passado. Vejo que muitas pessoas que conheço têm parentes, conhecidos ou amigos que morreram e quando abrimos o Facebook vemos muitas fotos de pessoas que já estão mortas. Aí uma pessoa olha para trás e começa a analisar se a vida que fazia antes valia a pena, se uma pessoa se dedicava a coisas que valiam a pena. É arquitecta. Como está neste momento a sua situação profissional? Trabalho num estúdio muito pequeno onde fazemos trabalho de curadoria, produzimos livros de arquitectura e organizamos projectos para museus e exposições. Por agora, não temos muitos problemas relacionados com o trabalho, porque o estúdio não é formado por muitas pessoas, somos apenas seis, e podemos trabalhar a partir de casa. O que mudou foi o cancelamento de todos os eventos que estávamos a preparar. O estúdio fica em Milão e todos os eventos estavam relacionados com a Bienal de Veneza ou com a Semana de Moda de Milão, e todos foram cancelados ou adiados. Se a situação continuar assim por muitos meses, obviamente vamos ter problemas porque os contratos vão ser cancelados. Todos os que trabalham no estúdio fazem-no em regime de freelance, não têm contratos e não têm subsídio de desemprego. Esse aspecto pode ser problemático. Qual foi o maior erro das autoridades italianas no combate a esta pandemia? A indecisão. Às vezes há que tomar medidas que parecem pouco populares, mas que são medidas responsáveis. O nosso Governo não teve muita clareza nesse aspecto. Como olha para a forma como a China lidou com esta enorme crise? Os chineses têm uma organização diferente da organização italiana. Pode ser mais duro, mas neste caso revelou-se mais eficiente. Os italianos têm uma forma de gozar a liberdade que, por vezes, pode ser um pouco desordenada. Acho que aqui sofremos devido a essa desordem. Por outro lado, nos últimos 10 ou 15 anos o investimento público na saúde diminuiu muito e isso também foi problemático.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau conta já com 34 casos de infecção com covid-19 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Macau anunciaram esta sexta-feira mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infectados para 34 desde o início do surto do novo coronavírus. Trata-se de um homem, residente de Macau, de 43 anos, que esteve em Manila desde novembro de 2019, informou em comunicado o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. No dia 18 de março, o residente de Macau, acompanhado pelos dois filhos, apanhou o voo CX902 (Assento 14A, business class) da Cathay Pacific Airways com a partida de Manila (Filipinas) e destino Hong Kong”. O homem e os filhos foram, de seguida, transportados da antiga colónia britânica para Macau através do serviço de transporte institucionalizado pelas autoridades do território. “De acordo com as medidas em vigor naquele momento, foram encaminhados para isolamento domiciliário por um período de 14 dias pelos inspetores dos Serviços de Saúde no posto fronteiriço”, acrescentaram as autoridades. Esta sexta-feira o homem testou positivo, “confirmando-se pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”, detalharam. Após Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infecção, nos últimos 12 dias foram identificados 24 novos casos, todos importados. Em Fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, as autoridades reforçaram as medidas de controlo e restrições fronteiriças, assim como a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias imposta a praticamente todos aqueles que entrem no território. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil. Dos casos de infecção, pelo menos 112.200 são considerados curados. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. O continente europeu, com mais de 292 mil infectados e quase 16 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8.165 mortos em 80.539 casos registados até quinta-feira. A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 4.858, entre 64.059 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são desde quinta-feira o que tem maior número de infectados (mais de 85 mil). A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.340 casos (mais de 74 mil recuperados) e regista 3.292 mortes. A China anunciou quinta-feira 55 novos casos, quase todos oriundos do exterior, e mais cinco mortes, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes. Os países mais afectados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.378 mortes reportadas (32.332 casos), a França, com 1.696 mortes (29.155 casos), e os Estados Unidos, com 1.178 mortes. O número de mortes em África subiu hoje para 85, com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.200 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia. Vários países adoptaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.