Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesEscolhas irracionais Sun Tzu, um estratega militar da antiga China, declarou explicitamente no primeiro capítulo da sua grande obra “A Arte da Guerra”, intitulado “Planos de Avaliação”, que a guerra é uma questão de vida ou de morte. A decisão de entrar em confronto directo deve ser cuidadosamente ponderada, bem como devem ser avaliados os factores que podem determinar a vitória ou a derrota, a estratégia, a capacidade de combate do exército e a qualidade e quantidade do material bélico. A Faixa de Gaza é uma zona densamente povoada que depende de Israel para o abastecimento de água, electricidade e combustíveis. A capacidade militar do Hamas é muito inferior à de Israel. Por isso, quando ocorre um conflito de larga escala entre ambos, os palestinianos que vivem em Gaza vão sofrer inevitavelmente. A 7 de Outubro, quando os militantes do Hamas atacaram Israel, deveriam ter tido uma consciência muito clara dos prós e contras desse acto. Eles também sabiam que Israel iria retaliar sem piedade, exigindo “Olho por olho, dente por dente”. Mas independentemente das razões que motivam o actual conflito israelo- palestiniano, se os líderes se preocuparem com o bem-estar dos seus povos, têm de tomar decisões mais racionais! Quando o romancista japonês Haruki Murakami recebeu o Prémio Jerusalém para a Liberdade do Indivíduo na Sociedade de Israel em 2009, fez um discurso sobre o tema “Sempre do lado do ovo”, que transmitia a seguinte mensagem, “Somos todos seres humanos, indivíduos que transcendem a nacionalidade, a raça e a religião, e somos todos frágeis ovos confrontados com uma parede sólida chamada ‘O Sistema’.” Murakami acreditava que para abrir fendas no “Sistema”, “temos de usar a nossa crença na absoluta singularidade das nossas almas e procurar o conforto de nos advém da união com o próximo”. Antes de o exército israelita entrar em Gaza para aniquilar o Hamas, muitos países esforçaram-se para mediar o conflito. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, apelou a um cessar-fogo imediato e ao fim da guerra e o Presidente americano Joe Biden propôs que o Hamas libertasse todos os reféns e que negociasse o cessar-fogo. Enquanto os conflitos estão numa fase inicial, é importante fazer escolhas racionais. As escolhas irracionais trazem infortúnio e as escolhas racionais trazem felicidade aos povos. Enquanto alguém que nasceu e foi criado em Macau, testemunhei dois acontecimentos significativos a este respeito. Durante o Motim 12-3, que ocorreu em Macau a 3 de Dezembro de 1966, o governo colonial declarou a lei marcial e a guarnição portuguesa foi enviada para patrulhar a cidade e reprimir os protestos. Felizmente, o Governador de Macau, que tinha acabado de assumir funções, e Ho Yin, na altura Presidente da Associação Comercial Chinesa de Macau, trabalharam em conjunto para resolver os conflitos e as contradições sociais, para que as vidas dos residentes de Macau, e o seu bem-estar, fossem salvaguardados. O caos pode ser eliminado através do uso da força, mas não resolve os problemas. Só as escolhas racionais podem levar as pessoas a encontrar o caminho para a felicidade. Outro acontecimento impressionante ocorreu em 1974, depois da Revolução dos Cravos em Portugal. O novo Governo anunciou a descolonização de todos os territórios ultramarinos, e Macau, que à data era uma província portuguesas, não foi excepção. Do ponto de vista da China, era com grande alegria que via regressar de imediato a cidade à sua administração. Mas considerando que a questão de Hong Kong ainda não estava resolvida e a situação no seu todo, os líderes chineses da época decidiram adiar o regresso de Macau à soberania chinesa. Os factos provaram que depois da assinatura da Declaração Conjunta Sino-Britânica e da Declaração Conjunta Sino-Portuguesa, o regresso de Hong Kong e de Macau à China correu sem problemas. Querendo com isto dizer, que a resolução dos problemas políticos requer sabedoria política. Afinal de contas, as escolhas irracionais apenas comprometem a segurança regional e nacional e ameaçam a paz mundial.
Hoje Macau China / ÁsiaJerusalém | Macron propõe coligação internacional para combater Hamas O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem em Jerusalém que a coligação internacional actualmente destacada no Iraque e na Síria para combater o Estado Islâmico possa também actuar contra o Hamas. “A França está pronta para que a coligação internacional contra o Estado Islâmico, na qual estamos envolvidos, possa também lutar contra o Hamas”, afirmou Macron após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. “Proponho aos nossos parceiros internacionais que construamos uma coligação regional e internacional para lutar contra os grupos terroristas que nos ameaçam a todos”, insistiu, citado pela agência francesa AFP. Macron viajou ontem para Israel para expressar a solidariedade da França na sequência do ataque de 7 de Outubro do Hamas que provocou 1.400 mortos, segundo as autoridades de Telavive.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | China diz que “todos os países” têm o direito à defesa O ministro dos Negócios Estrangeiros da China disse ao homólogo israelita que “todos os países” têm o direito de se defender, no primeiro contacto diplomático bilateral desde que o conflito em Gaza eclodiu. O diplomata enfatizou que todos os países “devem respeitar o direito humanitário internacional e proteger a segurança dos civis, assim como prometeu que a China “faria o seu melhor” para apoiar os esforços “conducentes à paz”. “A tarefa mais urgente agora é evitar que a situação piore e conduza a uma catástrofe humanitária mais grave”, disse Wang Yi. Desde 9 de Outubro, dois dias após o início da guerra com o Hamas, Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza, enclave com 2,3 milhões de habitantes, e cortou o abastecimento de água, electricidade e alimentos. Wang Yi reiterou a posição de Pequim, que considera que só uma solução de dois Estados pode pôr fim ao conflito. A China “espera sinceramente que a questão palestiniana seja resolvida de uma forma abrangente e justa com base na ‘solução de dois Estados’ e que as preocupações legítimas de segurança de todas as partes sejam resolvidas de uma forma genuína e completa”, disse o ministro. Pequim não condenou de forma explícita o ataque do Hamas e os Estados Unidos disseram esperar que a amizade entre a China e o Irão, que apoia o movimento islamita palestiniano, possa ajudar a pôr termo à crise. Perigo de contágio A China afirmou na segunda-feira que está a encarar a situação em Gaza com “grande preocupação” e considerou que existe risco crescente de ocorrer um conflito em grande escala, através da expansão para as fronteiras vizinhas. Citado pela televisão estatal chinesa CCTV, o enviado especial de Pequim para o Médio Oriente, Zhai Jun, que se encontra em visita à região, alertou para a possível propagação do conflito a nível regional e internacional, especialmente ao longo das fronteiras do Líbano e da Síria, o que está a criar um quadro preocupante. Durante a Cimeira da Paz do Cairo, no sábado, Zhai exortou a comunidade internacional a estar “altamente vigilante” sobre a situação e a tomar medidas imediatas para garantir o cumprimento rigoroso do Direito humanitário internacional. O grupo islamita do Hamas lançou a 7 de Outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de duas centenas de reféns. Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que é classificado como terrorista pela União Europeia (UE) e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | China preocupada com escalada da situação em Gaza A China afirmou ontem que está a encarar a situação em Gaza com “grande preocupação” devido ao risco crescente de ocorrer um conflito em grande escala, através da expansão para as fronteiras vizinhas Pequim está a acompanhar o desenrolar da situação em Gaza com “grande preocupação”, nomeadamente face à ameaça crescente do conflito se alargar aos países vizinhos. Citado pela televisão estatal chinesa CCTV, o enviado especial de Pequim para o Médio Oriente, Zhai Jun, que se encontra em visita à região, alertou para a possível propagação do conflito a nível regional e internacional, especialmente ao longo das fronteiras do Líbano e da Síria, o que está a criar um quadro preocupante. Durante a Cimeira da Paz do Cairo, no sábado, Zhai exortou a comunidade internacional a estar “altamente vigilante” sobre a situação e a tomar medidas imediatas para garantir o cumprimento rigoroso do Direito humanitário internacional. O enviado especial chinês exortou a comunidade internacional a evitar uma grave catástrofe humanitária e a “trabalhar em conjunto para controlar a situação”. Zhai manifestou o empenho da China em fazer “tudo o que for necessário” para promover o diálogo, alcançar um cessar-fogo e restabelecer a paz na região, sublinhando a importância de se avançar para uma solução que inclua dois Estados e uma resolução justa e duradoura para o conflito. É a falar O responsável realçou a vontade chinesa de manter uma comunicação estreita com a comunidade internacional, incluindo os países árabes, e a sua intenção de visitar os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, a Jordânia e outros países da região, a fim de reforçar a coordenação regional para pôr termo à crise. Num encontro anterior, que ocorreu no dia 19 de Outubro no Qatar, com o seu homólogo russo, Mikhail Bogdanov, o diplomata chinês afirmou que a “raiz do actual conflito entre Israel e a Palestina se deve à falta de garantias dos direitos do povo palestiniano”. Ele assegurou que o país asiático vai procurar promover, em conjunto com a Rússia, o “arrefecimento” da situação em Gaza o mais rapidamente possível.
Carlos Coutinho VozesGatinhos JORGE Almeida Fernandes relembrou há dias no “Público” que o Hamas nasceu com apoio de Israel para debilitar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que gozava de simpatia generalizada em grande parte do mundo e era presidida por Yasser Arafat, uma figura cimeira o século XX que morreu envenenado pela Mossad, a polícia secreta de Israel. De tudo isto eu sabia e até bem mais: que o apoio israelita ao Hamas era de ordem técnica, financeira e diplomática, explicitamente acompanhado pelos EUA e complementado por cumplicidades dentro da NATO e, sobretudo, francesas e britânicas, dados os interesses de Londres e Paris no Médio Oriente e na África. Assim como não posso ignorar o terrorismo de estado praticado por Israel ao longo dos últimos 75 anos e a expansão de colonatos ilegais e novos colonatos com impunidade garantida por Telaviv. Quando a ONU definiu a existência de dois estados e decidiu colocar um cordão militar entre eles, Israel, espantosamente, rejeitou esse dispositivo multinacional de separação de forças armadas e Washington nada fez para que a vontade repetidamente reiterada pela comunidade internacional fosse cumprida. Hoje tomei nota de que o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que já vi referido como “excremento de Beja” e possuidor de uma personalidade semelhante à da perfumada Zita Seabra e à do herói nazi ucraniano Stepan Bandera, acusou por estes dias a extrema-esquerda de “conivência com terroristas”. No comentário de Ana Sá Lopes, também no “Público”, ontem, o que Moedas parece desejar é que “todos sejamos animais” domésticos. “Antes fôssemos animais: haveria mais empatia, se tivessem sido 3000 gatinhos mortos em Israel e na Palestina e não o número de pessoas de carne e osso dos dois lados.” Assinala a jornalista que “os termos da discussão pública – mesmo nas mais altas instâncias (da União Europeia), a começar pela presidente da Comissão – são indignos e limitam-se à desumanidade que é a de cada um escolher o seu morto. Isto é barbárie”. De facto, Ursula von der Leiden, aquela insignificante loiraça que, comprovadamente, vampirizou relatórios técnicos e científicos para subir na vida, alegadamente, por mérito próprio, foi a Israel na sexta-feira, acompanhada da sua alma gêmea Roberta Metsola, presidente o Parlamento Europeu, que a ouviu dizer que os israelitas podiam fazer aos palestinianos o que quisessem, porque a sua Europa os acompanharia cegamente. Perante esta miséria moral, há quem pense que a senhora Ursula ainda não superou o possível remorso geracional, de terem os seus ascendentes familiares e amigos mais próximos participado no Holocausto. Talvez o mesmo aconteça com o chanceler Scholz que aparece apaixonado pela ‘blitzkrieg’, mas os EUA, que têm somado alguns desaires na vasta envolvente do Mar Negro e que veem a Turquia, a Arábia Saudita, o Irão, o Egito, a Rússia, a Índia e a China a navegarem em águas circunstancialmente afins, não podem apreciar este belicismo acéfalo, quando muitas movimentações que lhe são hostis juntam forças no Indo-Pacífico. Biden não teve outro remédio senão mandar o seu aflito secretário de Estado, Anthony Blinken, à zona e andar de governo em governo a aconselhar cabeça fria. De seguida, até precisou de declarar pubicamente: “A nossa humanidade – o valor que atribuímos à vida humana é o que nos torna quem somos. E é um dos nossos maiores pontos fortes. É por isso que é importante tomar todas as precauções possíveis para evitar ferir civis. Por isso lamentamos a perda de todas as vidas inocentes, de civis de todas as religiões, de todas as nacionalidades, que foram mortos.” Apenas acredita nesta hipocrisia quem não sabe de Vietnames, Coreias, Cambojas, Iraques, Líbias, etc., mas, quando há interesses maiores em jogo, não há que estranhar esta modalidade seráfica do pragmatismo bem norte-americana.
Hoje Macau China / ÁsiaPalestina | Solução de dois Estados é “muito urgente”, diz UE A presidência espanhola da União Europeia (UE) defendeu ontem que é “muito urgente” trabalhar na solução dos dois Estados, Israel e Palestina, para terminar o ciclo de violência no Médio Oriente. “Só conseguiremos pôr termo a uma tragédia que já foi repetida demasiadas vezes se conseguirmos materializar de uma vez por todas a solução dos dois Estados, vivendo um ao lado do outro em paz e segurança. Isto passa por um acordo definitivo”, disse o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Albares, intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em nome da presidência espanhola do Conselho da UE. A UE, sustentou Albares, deve agir com “clareza e firmeza”, mostrando “um compromisso firme contra o terrorismo e violência, com a paz, a justiça e a humanidade”. A UE deve demonstrar “solidariedade para com as vítimas, sem distinção de religião ou nacionalidade” e agir “de forma unida para impedir que esta tragédia se repita”, declarou.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Guterres condena ataque a hospital de Gaza e apela a cessar-fogo humanitário imediato O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje o ataque a um hospital no norte da Faixa de Gaza, no qual se registaram centenas de mortos e feridos, num bombardeamento cuja responsabilidade nem o Hamas nem Israel reconhecem. “Estou chocado com as centenas de pessoas mortas no ataque ao hospital al-Ahli em Gaza, que condeno, e apelo a um cessar-fogo humanitário imediato para aliviar o sofrimento humano a que estamos a assistir. Muitas vidas e o destino da região estão em jogo”, disse Guterres, num fórum internacional em Pequim. O secretário-geral da ONU afirmou que, apesar de compreender o profundo sofrimento histórico dos palestinianos, “tal não pode justificar atos de terror”. Também “o castigo coletivo” contra o povo palestiniano “não pode ser justificado”. António Guterres tem sido uma das vozes mais proeminentes a pedir a Israel que abra a Faixa de Gaza para permitir a passagem de ajuda humanitária. “Fiz dois apelos, e cada um deles é válido por si só. Não devem tornar-se moeda de troca e devem ser implementados por si só, porque é a coisa certa a fazer. A minha mensagem é dirigida tanto ao Hamas como a Israel, para que o primeiro liberte os reféns que mantém em cativeiro e para que o segundo permita a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, afirmou. O enclave, que alberga mais de dois milhões de pessoas, está sob um bloqueio total desde 07 de outubro, sob bombardeamento constante das forças israelitas e no limite da possibilidade de uma invasão terrestre por parte de Israel, que se recusou a permitir a entrada de ajuda humanitária até que os reféns do Hamas sejam libertados. “As necessidades mais básicas da população de Gaza, incluindo a maioria das mulheres e crianças, têm de ser satisfeitas”, afirmou. Guterres descreveu a situação como “uma catástrofe”, afirmando que a região está “à beira de um precipício”.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Países MENA devem liderar processo de desanuviamento do conflito, defende analista Uma analista da Chatham House defendeu que os países do Médio Oriente e Norte de África devem liderar o processo de desanuviamento da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada há 10 dias com o ataque do movimento islamita. Num artigo publicado ontem no portal da Chatham House, Sanam Vakil, diretora do Programa para o Médio Oriente e Norte de África (MENAP) da instituição, lembra que os atores regionais passaram os últimos cinco anos a tentar encontrar soluções pragmáticas para pôr fim aos conflitos e estabelecer ligações. “Agora, têm de abordar a questão que procuraram evitar”, salientou Vakil, defendendo que os abalos provocados pelo ataque do Hamas a Israel e a resposta militar israelita “estão a ser sentidos muito para além das suas fronteiras, onde os combates se concentram atualmente”. “O Médio Oriente receia claramente que a região se envolva numa guerra mais vasta, que poderá envolver os palestinianos da Cisjordânia e da Jordânia, o Egito [que faz fronteira com Gaza], o Hezbollah do Líbano e o seu patrono, o Irão. Os países do Golfo Árabe também receiam que a sua segurança interna seja afetada pela violência em cascata”, adverte a analista de política internacional. Vakil destacou que a guerra eclodiu após um período prolongado de esforços de desanuviamento e reconciliação liderados pela região e relembrou que, desde 2019, os países, incluindo Israel, têm estado cada vez mais dispostos a encontrar compromissos pragmáticos e viáveis com base em interesses partilhados, “fenómeno por vezes referido como a construção de um “novo Médio Oriente”. “Os progressos não foram completos ou perfeitos, mas o contexto regional da guerra entre Israel e o Hamas é muito diferente do de há dez anos. A nova guerra constituirá o teste mais severo possível a esta cooperação regional. Mas os países do Médio Oriente não devem encolher-se perante o desafio. Este é o momento para os atores regionais colaborarem num esforço para encontrar novas soluções para desanuviar a guerra”, argumentou. Vakil realçou que os países do Médio Oriente “embarcaram num período prolongado de diplomacia regional realista”, impulsionado pela diminuição do envolvimento dos EUA, pelas mudanças geopolíticas decorrentes da guerra na Ucrânia e por uma redefinição regional das prioridades das necessidades económicas internas. Nesse sentido, prosseguiu, assistiu-se à normalização das relações entre Israel, o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos nos Acordos de Abraão, de 2020, ao fim do bloqueio ao Qatar, em 2021, a uma redefinição das relações entre o Golfo e a Turquia em 2023 e ao restabelecimento dos laços entre o Irão e a Arábia Saudita, com a mediação da China. As negociações com o Iémen também estão em curso, tal como a reabilitação do regime sírio de Bashar al-Assad após uma década de guerra civil e de guerra patrocinada pelo exterior. Segundo Vakil, as recentes negociações entre Israel, a Arábia Saudita e os Estados Unidos tinham como objetivo uma nova ronda de normalização, “embora, com a eclosão do conflito armado, isso esteja agora quase certamente fora de questão”. “Mas, como a guerra do Hamas demonstrou, este recomeço regional continua a ser inerentemente frágil. A concorrência ainda não desapareceu: os Estados do Golfo, especialmente Riade e Abu Dhabi, têm visões distintas para o Iémen. O Iraque e o Kuwait estão a viver novas tensões sobre as suas fronteiras marítimas. A desconfiança persiste entre a Arábia Saudita e o Irão, apesar da recente normalização e do papel dos Estados Unidos estar a diminuir e a influência de potências externas estar a ser posta em causa”, sustentou a analista. “Há duas questões cruciais: a israelo-palestiniana e o apoio desestabilizador do Irão a atores como o Hamas e o Hezbollah, que ficaram em suspenso e por resolver, uma vez que os atores regionais procuraram acordos de normalização e novas oportunidades económicas”, acrescentou. Para Vakil, no rescaldo imediato do conflito, “surgiram claramente divisões nas perceções regionais”, com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein a criticarem o Hamas, a lamentarem a perda de vidas de ambos os lados e a encorajarem o apoio ao diálogo. “A Arábia Saudita sublinhou a ocupação israelita do território palestiniano, mas também encorajou o desanuviamento e a proteção da vida civil. O Qatar, o Kuwait e Omã criticaram Israel pelas violações do direito internacional e dos direitos dos palestinianos. O Egito, que já viveu situações de instabilidade na sua fronteira com Gaza, manifestou o seu apoio a uma paz justa e a um Estado palestiniano”, sustentou. Para Vakil, contudo, há também já “sinais encorajadores”. “O Qatar está a mediar a libertação dos reféns, o Egito está a trabalhar para evitar uma nova escalada e a Turquia ofereceu-se para arbitrar”, sublinhou a analista da Chatham House, salientando que os países da região têm hoje uma “oportunidade real” de tirar partido das suas recentes conquistas e de criar um esforço unido e credível para desanuviar o conflito. “Os últimos cinco anos demonstraram o seu verdadeiro desejo de normalizar as relações com Israel e de resolver os conflitos na prossecução de interesses mútuos. Os ataques do Hamas, por sua vez, ilustram que esses esforços não podem avançar sem que sejam abordadas as disputas ainda não resolvidas que os anteriores esforços de normalização procuraram contornar”, acrescentou. Vakil defende também que os Estados do Golfo, que têm a capacidade de apelar tanto a Israel como aos palestinianos, mas também de se envolverem com o Irão no seu papel de desestabilizador regional, serão “fundamentais” para quaisquer esforços de desanuviamento e para uma gestão mais ampla dos conflitos. “O papel desempenhado pelos Estados Unidos, pela China e por outros atores internacionais pode continuar a ser significativo. Mas os países do Médio Oriente e Norte de África devem liderar a criação de uma via realista e exequível para a paz, assente nos conhecimentos e capacidades locais”, terminou.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Médicos alertam que milhares podem morrer sem bens essenciais Médicos em Gaza alertaram ontem que milhares de pessoas podem morrer se os hospitais, lotados com feridos, ficarem sem combustível e sem produtos essenciais. Nas ruas os civis tentam encontrar comida, água e procuram segurança, antes de uma aguardada ofensiva terrestre israelita, em resposta ao ataque mortal do Hamas na semana passada. As forças israelitas, apoiadas por um crescente destacamento de navios de guerra norte-americanos na região, posicionaram-se ao longo da fronteira de Gaza e prepararam-se para o que Israel disse ser uma vasta operação para desmantelar o grupo. Uma semana de ataques aéreos violentos demoliu bairros inteiros, mas não conseguiu travar os disparos de foguetes do Hamas contra Israel. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que 2.329 palestinianos foram mortos desde o início dos combates, mais do que na guerra de 2014 em Gaza, que durou mais de seis semanas. O número avançado faz desta a mais mortífera das cinco guerras de Gaza. Mais de 1.300 israelitas foram mortos, a grande maioria civis, no ataque do Hamas em 7 de Outubro.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | Acção israelita ultrapassa “domínio da autodefesa” – Pequim A acção de Israel em Gaza, em resposta ao ataque do Hamas, ultrapassou “o domínio da autodefesa” e o Governo israelita deve parar de “punir colectivamente” o povo de Gaza, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês. Um enviado da China para o Médio Oriente vai visitar a região para negociar o cessar-fogo “As acções de Israel ultrapassaram o domínio da autodefesa” e os dirigentes devem parar de “punir colectivamente o povo de Gaza”, disse Wang Yi ao chefe da diplomacia da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, no sábado, de acordo com uma declaração divulgada ontem pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “As partes não devem tomar qualquer medida que possa agravar a situação”, sublinhou Wang Yi, apelando à abertura “de negociações”. No sábado, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apelou à China, parceira do Irão, para que usasse a sua influência para acalmar a situação no Médio Oriente. A 7 de Outubro, o grupo islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, desencadeou um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de rebeldes armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestiniano, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas, classificado como movimento terrorista por Israel, Estados Unidos, UE, entre outros. Os dados oficiais de vítimas mortais, na maioria civis, apontam para mais de 1.400 mortes em Israel e mais de 2.200 na Faixa de Gaza, de acordo com fontes oficiais israelitas e palestinianas. Homem e a missão A televisão pública chinesa CCTV anunciou que o enviado da China para o Médio Oriente, Zhai Jun, vai visitar a região na próxima semana para promover um cessar-fogo e conversações de paz. O objectivo da visita de Zhai Jun é “coordenar um cessar-fogo com as várias partes, proteger os civis, acalmar a situação e promover as conversações de paz”, afirmou a CCTV. O anúncio surge no momento em que Israel se prepara para lançar uma ofensiva no norte da Faixa de Gaza, depois de ter concedido aos residentes um prazo suplementar para saírem da zona no sábado, uma semana depois de o movimento islamita Hamas ter lançado um ataque sem precedentes no território israelita. Zhai disse que “a perspectiva de (o conflito) se alargar e transbordar é profundamente preocupante”, de acordo com a CCTV, que publicou um vídeo de uma entrevista com o enviado. No sábado, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que Washington devia “desempenhar um papel construtivo” no conflito entre Israel e Gaza, durante uma conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Antony Blinken. Wang Yi pediu a realização de uma “reunião internacional de paz o mais rapidamente possível para promover um amplo consenso”, acrescentando que “a solução fundamental para a questão palestiniana reside na implementação de uma ‘solução de dois Estados'”. Na quarta-feira, Zhai Jun tinha apelado para um “cessar-fogo imediato” numa conversa telefónica com um responsável da Autoridade Palestiniana, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Zhai Jun disse ao vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Amal Jadu, que a China estava “profundamente triste com a intensificação do actual conflito” e “muito preocupada com a grave deterioração da segurança e da situação humanitária na Palestina”, de acordo com o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “As principais prioridades são um cessar-fogo imediato e a protecção dos civis”, acrescentou.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesPela espada matas, pela espada morrerás O título deste artigo foi tirado de Mateus 26:52-54, que cita Jesus quando ele se dirigiu a Pedro que, revoltado com a prisão do Messias, empunhava na mão uma espada. Jesus compreendia que fazer justiça pelas próprias mãos não resolvia os problemas e desejava ser julgado de acordo com a Lei, mesmo que o julgamento não fosse justo, porque queria que o mundo soubesse que o sangue de um inocente nunca é derramado em vão. Os factos provam que Jesus, que foi crucificado, foi o verdadeiro vencedor. O Império Romano há muito que não existe, mas a Igreja fundada por Cristo permanece firme nestes tempos conturbados e passou a ser a consciência moral da sociedade. Os cristãos de Macau que tenham feito uma peregrinação à Terra Santa ou que tenham estado ema Jerusalém, terão compreendido o problema que se arrasta desde há muito tempo entre judeus e palestinianos. Mas para resolver este conflito com 2.000 anos, não se pode depender apenas da força. Em 1993, foi assinada na presença do Primeiro-Ministro israelita Yitzhak Rabin, do líder da OLP, Yasser Arafat e do Presidente dos EUA, Bill Clinton, a Declaração de Princípios sobre a Autonomia Provisória da Palestina, conhecida como “Acordo de Oslo”. Esperava-se que este acordo viesse a resolver as relações desde há muito hostis entre os dois lados. É uma pena que o tiroteio ocorrido numa Praça central de Telavive, a 4 de Novembro de 1995, tenha não só tirado a vida a Yitzhak Rabin, um homem de paz, como também tenha mantido aceso o conflito sangrento entre Israel e a Palestina até aos nossos dias. Da mesma forma, o assassinato de Song Jiaoren, na estação de Caminhos de Ferro de Xangai a 20 de Março de 1913, estilhaçou o sonho democrático da China. Song Jiaoren morreu dois dias depois de ser atingido, sem ainda ter completado 31 anos de idade, e a China ficou mergulhada num longo período de turbulência. Se a violência política pudesse resolver problemas, hoje em dia a China ainda seria governada pela família de Yuan Shikai. Quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, no passado dia 7 de Outubro, o resultado já estava à vista. Quem pela espada mata, pela espada morrerá. A questão é saber quantos inocentes perderão a vida? A humanidade esquece-se sempre das lições da História e do sofrimento causado pelas guerras. Reparei que a cada 80 anos é travada uma guerra evitável, sempre porque alguém toma uma má decisão na altura errada, trazendo consigo tristeza e dor que jamais serão apagadas. Por exemplo, em 1860, as forças britânicas e francesas aliadas tomaram Pequim e queimaram o Antigo Palácio de Verão, causando danos irreparáveis a relíquias culturais da China. Durante a Guerra Civil Americana em 1861, morreram muitos soldados. Cerca de 80 anos mais tarde, a II Guerra Mundial chegava ao fim, deixando um rasto de destruição de bens e de vidas humanas astronómico. Se todos os problemas pudessem ser resolvidos pela força, Alexandre, o Grande e Genghis Khan teriam sido únicos líderes do mundo. A desintegração sempre traz à tona dores e tristezas e a paz e harmonia é o que todos desejam. Para lidar com eficácia com o actual problema da desintegração, devemos seguir o “modelo vietnamita” ou o “modelo alemão”? Afinal de contas, a força é apenas uma moeda de troca nas negociações políticas e as questões políticas têm de ser resolvidas por meios políticos.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | China pede apoio humanitário para palestinianos e defende solução de dois Estados O enviado especial da China para o Médio Oriente, Zhai Jun, apelou ontem a que se preste apoio humanitário ao povo palestiniano, na sequência dos bombardeamentos israelitas em Gaza, e defendeu a solução de “dois Estados”. “A China pretende encorajar a comunidade internacional a formar uma força conjunta para prestar apoio humanitário ao povo palestiniano e evitar uma crise humanitária, especialmente em Gaza”, afirmou Zhai numa conversa por telefone com Osama Khedr, ministro-adjunto do Departamento para a Palestina do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio. Segundo um comunicado emitido pela diplomacia chinesa, Zhai afirmou que a China está disposta a “prestar apoio humanitário” e “promover um cessar-fogo imediato e o fim da violência”. O enviado chinês reiterou a “profunda preocupação” da China com a escalada de violência entre israelitas e palestinianos e lamentou o “elevado número de vítimas civis causado pelo conflito”. “A China opõe-se e condena os atos que prejudicam civis e apela a um cessar-fogo imediato”, afirmou. Solução “dois estados” O responsável manifestou também o apoio de Pequim à solução de “dois Estados” e à adesão plena do país muçulmano às Nações Unidas. “O conflito israelo-palestiniano continua a desenrolar-se num ciclo, mas o problema é o atraso na resolução da questão palestiniana de forma justa”, afirmou. O alto funcionário egípcio disse que a comunidade internacional deve “assumir as suas responsabilidades” e “criar as condições para reiniciar o processo de paz”, e expressou a vontade do seu país de trabalhar com a China para “fazer esforços conjuntos que melhorem a situação”, de acordo com o comunicado. A primeira reação da China aos inesperados ataques realizados pela organização extremista islâmica Hamas em território israelita, no sábado passado, foi uma manifestação de “profunda preocupação” com a nova guerra e um apelo às partes envolvidas para que “ponham imediatamente fim às hostilidades”. “O prolongado impasse no processo de paz é insustentável”, defendeu Pequim. O ciclo vicioso Na segunda-feira, a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning condenou os ataques contra civis e apelou a “negociações”, depois de declarar que a China é “amiga tanto da Palestina como de Israel”. “O apoio unilateral dos EUA a Israel não ajudará a pôr fim ao conflito na Faixa de Gaza nem fará com que os dois lados se apercebam de que o recurso à violência para pôr fim à violência apenas prolongará o ciclo vicioso na região. Além disso, a disputa entre a Palestina e Israel pode intensificar-se em resultado do conflito em curso, e as tensões entre os países que apoiam a Palestina, como o Irão, a Síria e a Turquia, e Israel serão mais visíveis”, referiram analistas chineses ao Global Times. “Os EUA estão a atiçar o fogo”, disse Li Weijian, investigador do Instituto de Estudos de Política Externa do Instituto de Estudos Internacionais de Xangai, observando que Israel será mais resoluto no avanço das operações militares com o apoio dos EUA, o que intensificará a hostilidade entre a Palestina e Israel e dificultará as futuras negociações. O número de mortos em Israel, na sequência do ataque surpresa do Hamas no sábado, ultrapassou os 1.200 e o número de feridos os 2.900, enquanto os bombardeamentos israelitas em Gaza já fizeram pelo menos 1.055 mortos e mais de 5.000 feridos.
Hoje Macau PolíticaDST | Governo desaconselha viagens para Israel O Governo aconselhou ontem os residentes do território a não viajarem para Israel, na sequência da ofensiva do Hamas que desencadeou um conflito que já fez cerca de milhar de mortos. Para quem já se encontra em viagem, é sugerido o acompanhamento atento da evolução da situação e vigilância para garantir a segurança pessoal, disse, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau. Macau emitiu o nível 2 de alerta de viagem – de um total de três escalões – para Israel. De acordo com o ‘site’ da DST, este nível sugere que sejam reconsideradas “viagens não-essenciais”. “Representa um aumento da ameaça à segurança pessoal”, lê-se. No domingo, a DST disse estar “atenta à situação em Israel e na Palestina, não tendo, até ao momento, recebido qualquer pedido de informação ou assistência”. O departamento governamental da região administrativa disse ainda estar em contacto com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau e com operadores turísticos.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael | “Profundas preocupações” em Pequim devido à escalada de violência A China disse ontem estar “profundamente preocupada” com os confrontos entre Israel e palestinianos, que já causaram quase um milhar de mortos, e pediu “contenção” a todas as partes “A China está profundamente preocupada com a actual escalada de tensão e violência entre a Palestina e Israel e apela a todas as partes envolvidas para que se mantenham calmas e exerçam contenção, cessem imediatamente o fogo, protejam os civis e evitem uma maior deterioração da situação”, afirmou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O Governo da Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos do mundo, pediu ontem também a “cessação imediata da violência”, desencadeada pela ofensiva do Hamas. “A Indonésia está profundamente preocupada com a escalada do conflito israelo-palestiniano. A Indonésia apela ao fim imediato da violência para evitar mais vítimas humanas”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado publicado na rede social X (antigo Twitter). Jacarta, que apoia publicamente a causa palestiniana e mantém relações complicadas com Israel, apontou “a ocupação” dos territórios palestinianos por Telavive como a origem do actual conflito. “A raiz do conflito, nomeadamente a ocupação dos territórios palestinianos por Israel, deve ser resolvida de acordo com os parâmetros acordados pela ONU”, sublinhou o departamento governamental na nota. Dano colateral O primeiro-ministro do Camboja confirmou ontem a morte de um nacional cambojano em Israel durante o ataque do Hamas, enquanto os governos da Tailândia e das Filipinas procuram informações sobre cidadãos destes países a viver na região. A vítima cambojana é um estudante que não foi identificado, escreveu Hun Manet nas redes sociais, afirmando que três outros estudantes cambojanos foram resgatados de zonas de conflito e encontram-se em segurança. Na mensagem, Manet expressou “tristeza e pesar pela família do estudante que perdeu a vida”. O primeiro-ministro tailandês, Srettha Thaivin, disse ontem, em conferência de imprensa, que Banguecoque está a tentar confirmar informações sobre um tailandês que terá morrido nos combates, além de outros onze raptados pelo Hamas. Srettha Thaivin disse ainda que um avião da Força Aérea está a postos para voar para Israel caso seja necessário levar a cabo a retirada dos cidadãos tailandeses. “Quero que todos os tailandeses regressem a casa em segurança”, declarou o dirigente no sábado à noite na rede social X (antigo Twitter). De acordo com as autoridades tailandesas, cerca de 25.000 tailandeses estão em Israel, muitos deles trabalham na agricultura perto da Faixa de Gaza. As Filipinas, com cerca de 30.000 cidadãos em Israel, também estão a investigar informações que dão conta do rapto de nacionais pelo Hamas. “A embaixada das Filipinas em Telavive recebeu estas informações não confirmadas. Estamos ainda a verificá-las”, declarou a representação diplomática. Cerca de 600 cidadãos israelitas morreram na ofensiva do Hamas, enquanto mais de 4.200 ficaram feridos, de acordo com meios de comunicação social israelitas, que citam fontes médicas. Do lado palestiniano, morreram pelo menos 400 pessoas e mais de 2.000 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007. O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas.
Hoje Macau China / ÁsiaIsrael / Palestina | Pequim reafirma apoio aos esforços para resolver conflito A China continua a promover as relações de amizade com as autoridades palestinianas e oferece ajuda para tentar pôr fim a um conflito que se arrasta há décadas, assumindo-se cada vez mais como um agente a ter em conta nas relações internacionais O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, reafirmou ontem ao seu homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, que Pequim apoia os esforços para resolver o conflito israelo-palestiniano. Os diplomatas reuniram-se em Pequim como parte da visita de Estado do Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, à China. O líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP) deve reunir-se esta semana com o Presidente chinês, Xi Jinping. Segundo um comunicado emitido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Qin observou que Abbas é o primeiro chefe de Estado árabe a ser recebido pela China este ano, o “que demonstra plenamente a amizade especial entre a China e a Palestina e o apoio da China à justa causa da Palestina”. O ministro chinês adiantou que Abbas e Xi “vão elaborar um plano de alto nível para o desenvolvimento das relações bilaterais, esclarecer a direcção estratégica e elevar as tradicionais relações amigáveis entre os dois países para um novo patamar”. “A China atribui grande importância à questão palestiniana e sempre apoiou firmemente a justa causa do povo da Palestina para restaurar os seus direitos nacionais legítimos. A China vai continuar a apoiar a direcção correcta das negociações para a paz e contribuir com a sua sabedoria e força para a solução do conflito”, lê-se na nota oficial. O ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano descreveu o país asiático como um “amigo de confiança” e agradeceu pelo seu apoio “firme” à “justa causa da Palestina”. “O Presidente Abbas atribui grande importância a esta visita”, acrescentou o diplomata. Tensão alta A visita do Presidente palestiniano, que decorre até 16 de Junho, ocorre numa altura em que Pequim manifestou vontade em facilitar a retoma das negociações de paz entre Israel e Palestina, e pediu às duas partes que demonstrem coragem política e tomem medidas para retomar o diálogo. Qin manifestou a sua preocupação com as actuais tensões entre os dois países, em Abril passado, e pediu que se evite uma escalada do conflito. Ele enfatizou que a saída fundamental é retomar as negociações para a paz e implementar a “solução de dois Estados”. Nos últimos meses, a China embarcou numa ofensiva diplomática para se afirmar como uma potência global. Em Março passado, Irão e a Arábia Saudita anunciaram, em Pequim, um acordo para restabelecerem as relações diplomáticas. Na Ucrânia, Pequim destacou um enviado especial para negociar um acordo político que ponha fim à guerra, que dura há 16 meses.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | China exorta EUA a desempenharem papel diplomático construtivo O recente pedido da China, Noruega e Tunísia para que o Conselho de Segurança da ONU emitisse uma declaração e um pedido de cessação das hostilidades foi negado pelos Estados Unidos que se opuseram à resolução A China renovou ontem os apelos para que os Estados Unidos desempenhem um papel construtivo no conflito em Gaza e parem de bloquear os esforços das Nações Unidas para exigir o fim do derramamento de sangue. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian disse que a China, que assume actualmente a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, pediu um cessar-fogo e a prestação de assistência humanitária, entre outras propostas, mas que a obstrução por “um país”, impediu o conselho de se expressar. “Pedimos aos Estados Unidos que assumam a sua responsabilidade e uma posição imparcial para apoiar o Conselho, desempenhar um papel na redução das tensões e reconstruir a confiança para uma solução política”, disse Zhao, em conferência de imprensa. A China “condena veementemente” a violência contra civis e pede o fim dos ataques aéreos, ataques terrestres, com foguetes e “outras acções que agravam a situação”, disse Zhao. Israel deve “exercer contenção, cumprir efectivamente com as resoluções relevantes das Nações Unidas, parar de demolir as casas do povo palestiniano, parar de expulsar o povo palestiniano e parar de expandir o seu programa de anexações, parar as ameaças de violência e provocações contra muçulmanos e manter e respeitar o ‘status quo’ histórico de Jerusalém como um local sagrado religioso”, disse Zhao. Os pedidos para que o governo de Joe Biden tome uma posição mais activa sobre a violência estão a aumentar. Alta tensão Os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel, bloquearam os esforços da China, Noruega e Tunísia para fazer com que o Conselho de Segurança emitisse uma declaração, incluindo um pedido de cessação das hostilidades. A China há muito se retrata como um forte apoiante da causa palestiniana, enquanto constrói laços políticos, económicos e militares com Israel. Os actuais combates são considerados os mais graves desde 2014. Os combates começaram em 10 de Maio, após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do islão junto ao local mais sagrado do judaísmo. Ao lançamento maciço de ‘rockets’ por grupos armados em Gaza em direcção a Israel opõe-se o bombardeamento sistemático por forças israelitas contra a Faixa de Gaza. O conflito israelo-palestiniano remonta à fundação do Estado de Israel, cuja independência foi proclamada em 14 de Maio de 1948.