Eventos culturais cancelados, incluindo o último dia da Lusofonia

A descoberta ontem de casos positivos de covid-19 levou o Instituto Cultural a cancelar eventos e “actividades artístico-culturais de grande envergadura”. O último dia do Festival da Lusofonia foi uma das baixas. A presidente da Casa de Portugal considera uma medida um “exagero” e irracional

 

À semelhança do que aconteceu no passado, a detecção de casos positivos de covid-19 está a levar à paralisação da cidade. A vaga de anúncio de cancelamentos começou com o “Oktoberfest Macau at MGM”, que terminaria ontem. O final abrupto do evento foi divulgado quase em simultâneo com a confirmação oficial de que o MGM Cotai seria também encerrado.

Logo ao início da tarde, surgiria o anúncio do Instituto Cultural (IC). “Devido à evolução da situação da pandemia de covid-19, e de forma a garantir a segurança dos participantes, o Instituto Cultural cancela os seguintes eventos artístico-culturais de grande envergadura: O 25.º Festival da Lusofonia, o 4.º “Encontro em Macau – Festival de Arte e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa incluindo a “Exposição de Livros Ilustrados em Chinês e Português” e Prova de Vinhos, bem como a Festa de Promoção da “Lei de Salvaguarda do Património Cultural” 2022, o concerto de Abertura da Temporada da Orquestra Chinesa de Macau 2022-23 ‘Impressões das Montanhas Taihang’”.

Sobre o cancelamento do Festival da Lusofonia, a presidente da Casa de Portugal não escondeu a desilusão pela decisão do Governo. “Foi, sobretudo, um grande decepção, porque a festa estava a decorrer maravilhosamente”, afirmou Amélia António à TDM – Rádio Macau.

A responsável da instituição destacou o grande prejuízo que o cancelamento acarreta, nomeadamente na área da restauração, com todas as refeições que já estavam prontas para consumo, antes de ser anunciado o cancelamento. “Há coisas que acho que são um bocadinho demais, não entendo (…). Não há aqui gente de fora, é fundamentalmente gente de Macau. Acho que isto é um bocado exagero”, afirmou Amélia António à mesma fonte.

Festival suspenso

Também a sessão de beneficência integrada no XXXIV Festival Internacional de Música de Macau “O Contemporâneo Encontra a Tradição” foi cancelado.

Num ano em que o cartaz do evento contava apenas com presenciais de Macau e do Interior da China, o espectáculo de beneficência que iria encerrar o festival não foi caso isolado. No dia 12 de Outubro, o IC anunciou que “devido às medidas de prevenção e controlo da pandemia no Interior da China e à impossibilidade do grupo artístico se deslocar a Macau, o programa Long Yu e a Orquestra Sinfónica de Xangai foram canceladas.

Também a Masterclass de Piano com Chen Yunjie e o concerto “À Conversa com Chen Yunjie sobre Alexander Scriabin” foram cancelados.

O “Mercado com Destaque para os Produtos do Mundo Lusófono e Macau 2022” (Templo de Pak Tai), que decorria no Largo Camões, foi encerrado prematuramente, quatro horas mais cedo do que estava previsto.

O mercado era organizado pelo “Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau”, que pediu compreensão e colaboração dos convidados e expositores.

Desporto em pausa

A vaga de suspensão de eventos não se restringiu à cultura. Também o Instituto do Desporto (ID) reagiu à descoberta de casos positivos ontem. “Devido à evolução da situação de epidémica, e para garantir a segurança dos participantes, o ID anuncia que as actividades “Corridas de Obstáculos Macau 2022” e “Super Kids Macao” que previa realizar hoje [ontem] à tarde serão canceladas”.

Também para ontem à tarde, estava programado um evento para a família no espaço do Lisboeta Macau, no Cotai, sob o tema do Halloween. “Para cooperar com as medidas anti-pandémicas do Governo da RAEM, informamos que o evento “Halloween Fun Run”, no espaço ao ar-livre H835 do Lisboeta Macau, foi cancelado.

31 Out 2022

World Press Photo | Casa de Portugal justifica encerramento com um “problema de gestão interna”

[dropcap]A[/dropcap] exposição World Press Photo, que decorria na Casa Garden, foi encerrada antecipadamente numa decisão que poderá estar relacionada com a exibição de fotografias das manifestações de Hong Kong. A notícia foi revelada ontem pela Rádio Macau, onde se avança que a mostra deixou de estar disponível no passado fim-de-semana, depois de ter inaugurado a 25 de Setembro.

Segundo a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, o encerramento prendeu-se com um “problema de gestão interna”. A responsável recusou prestar mais esclarecimentos à emissora, limitando-se a dizer que a exposição World Press Photo “está encerrada desde o fim-de-semana”, quando o encerramento apenas deveria acontecer a 18 de Outubro.

Ao HM, Amélia António manteve a explicação, e recusou associar o encerramento com o facto de as fotografias poderem ser consideradas material sensível para as autoridades centrais e locais. “Do nosso lado não tem nada a ver com isso. Como já disse, o encerramento deveu-se a problemas de gestão interna. Se são materiais sensíveis, se as pessoas gostam ou não das imagens, isso é uma questão que nos ultrapassa. Não tem nada a ver connosco”, esclareceu.

Recentemente, devido ao corte nos apoios às associações locais por parte do Governo, a Casa de Portugal já havia anunciado que ia deixar de promover esta exposição nos próximos anos. Amélia António recusou que essa decisão tenha sido influenciada por este problema interno, que diz não discutir em público. “Eu já tinha dito que este era o último ano que íamos trazer esta exposição a Macau, porque era evidente que havendo diminuição dos subsídios tínhamos que escolher reduzir os eventos. A escolha passou por abdicar dos que não estão directamente ligados à nossa cultura. Era um assunto que já estava decidido [antes das questões internas]”, adiantou.

Sem pressão

No mesmo sentido, o HM tentou obter uma posição sobre o encerramento antecipado junto de Marika Cukrowski, curadora do World Press Photo, que prometeu uma tomada de posição para mais tarde.

A organização do evento que está a cargo da Casa de Portugal tem contado com o patrocínio do Governo local, através da Fundação Macau. À Rádio Macau, Wu Zhiliang, presidente da fundação, recusou ter havido qualquer pressão para que o encerramento fosse antecipado. “Da nossa parte não houve nada”, afirmou Wu Zhiliang.

As fotografias sobre as manifestações em Hong Kong encontravam-se em exibição na Casa Garden porque tinham sido distinguidas nas principais categorias do concurso anual da Fundação World Press Photo.

7 Out 2020

Casa de Portugal em Macau | Valorização da língua e da comunidade lusa vai manter-se

[dropcap]A[/dropcap] presidente da Casa de Portugal em Macau disse ontem que o investimento no português e nas relações com a comunidade portuguesa têm sido uma “preocupação sistemática” e que isso não deverá mudar com o novo Executivo da região.
Para Amélia António, isso seria “desvirtuar o valor que Macau tem” e o Presidente chinês, Xi Jinping, fez questão, na sua visita ao território por ocasião dos 20 anos da região administrativa especial, de “repetir sistematicamente as características especiais” do território que funciona como ponte sino-lusófona.
“Estão lá uns toques no discurso do Presidente a chamar a atenção que, sendo a cultura chinesa a dominante, é para manter as pontes”, afirmou, em declarações à Lusa à margem de uma receção comemorativa na Torre de Macau.
Xi Jinping sublinhou várias vezes o sucesso da aplicação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características próprias de Macau.
Amélia António considera que “é um recado para Hong Kong”, onde os últimos seis meses têm sido marcados por protestos antigovernamentais e contra a crescente interferência de Pequim, “mas não exclusivamente”.
“É também para certos sectores de Macau que só vêem um país, não vêem o segundo sistema, e esquecem-se que Macau é importante” pelo papel que exerce como plataforma ente a China e os países de língua portuguesa, considerou.
“Não estou particularmente preocupada” com a desvalorização do português, admitiu, apontando para o “enorme conhecimento do português e da comunidade portuguesa” entre as novas caras do executivo.

Grandes oportunidades

Também o secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), Rodrigo Brum, manifestou optimismo em relação ao reforço da cooperação sino-lusófona com o novo Governo.
Rodrigo Brum destacou que o projecto da Grande Baía, no qual “está prevista a ligação com os países de língua portuguesa”, é uma oportunidade que nem Macau nem o bloco lusófono podem desperdiçar ou descurar.
O projecto de Pequim da Grande Baía pretende criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,2 biliões de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.
O novo Governo de Macau, liderado por Ho Iat Seng, tomou ontem posse perante o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping (ver GP e página 5).
Trata-se do quinto Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), que celebrou ontem o seu 20.º aniversário, depois de em 20 de Dezembro de 1999 o território ter voltado à tutela da China, após mais de 400 anos de administração portuguesa.

21 Dez 2019

Casa de Portugal em Macau | Valorização da língua e da comunidade lusa vai manter-se

[dropcap]A[/dropcap] presidente da Casa de Portugal em Macau disse ontem que o investimento no português e nas relações com a comunidade portuguesa têm sido uma “preocupação sistemática” e que isso não deverá mudar com o novo Executivo da região.

Para Amélia António, isso seria “desvirtuar o valor que Macau tem” e o Presidente chinês, Xi Jinping, fez questão, na sua visita ao território por ocasião dos 20 anos da região administrativa especial, de “repetir sistematicamente as características especiais” do território que funciona como ponte sino-lusófona.

“Estão lá uns toques no discurso do Presidente a chamar a atenção que, sendo a cultura chinesa a dominante, é para manter as pontes”, afirmou, em declarações à Lusa à margem de uma receção comemorativa na Torre de Macau.

Xi Jinping sublinhou várias vezes o sucesso da aplicação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características próprias de Macau.

Amélia António considera que “é um recado para Hong Kong”, onde os últimos seis meses têm sido marcados por protestos antigovernamentais e contra a crescente interferência de Pequim, “mas não exclusivamente”.

“É também para certos sectores de Macau que só vêem um país, não vêem o segundo sistema, e esquecem-se que Macau é importante” pelo papel que exerce como plataforma ente a China e os países de língua portuguesa, considerou.

“Não estou particularmente preocupada” com a desvalorização do português, admitiu, apontando para o “enorme conhecimento do português e da comunidade portuguesa” entre as novas caras do executivo.

Grandes oportunidades

Também o secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), Rodrigo Brum, manifestou optimismo em relação ao reforço da cooperação sino-lusófona com o novo Governo.

Rodrigo Brum destacou que o projecto da Grande Baía, no qual “está prevista a ligação com os países de língua portuguesa”, é uma oportunidade que nem Macau nem o bloco lusófono podem desperdiçar ou descurar.

O projecto de Pequim da Grande Baía pretende criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,2 biliões de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

O novo Governo de Macau, liderado por Ho Iat Seng, tomou ontem posse perante o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping (ver GP e página 5).

Trata-se do quinto Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), que celebrou ontem o seu 20.º aniversário, depois de em 20 de Dezembro de 1999 o território ter voltado à tutela da China, após mais de 400 anos de administração portuguesa.

21 Dez 2019

Uma oportunidade

[dropcap]A[/dropcap]notícia de que a Casa de Portugal em Macau (CPM) ganhou o concurso para gerir um restaurante na Casa de Vidro, na praça Tap Seac, constitui o pagamento de uma dívida há muito existente do governo para com esta associação.

Quem não se recorda do fecho do Lvsitanvs na Casa Amarela devido à especulação imobiliária e ao poder dos proprietários (neste caso Chan Chak Mo), a quem pouco lhes interessa projectos inovadores para a cidade?

O Governo nunca adquiriu esse edifício a Future Bright Holdings e a CPM viu-se obrigada a criar um mini Lvsitanvs na sua sede, algo bastante distante da ideia original. Parece que os pedidos de Amélia António ao Governo foram agora ouvidos. Está e uma boa decisão da tutela de Alexis Tam que assim da uma casa a mais uma iniciativa da sociedade civil na área da cultura e gastronomia.

15 Nov 2019

CPM | Gravura de Madalena Fonseca assinala centenário de Sophia 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau (CPM) associou-se às actividades de comemoração do centenário do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner com a criação de uma gravura da autoria de Madalena Fonseca, professora de pintura na CPM.
“É uma pintura a óleo sobre tábua, onde fiz o retrato de Sophia a tinta da china com caneta de aparo que, como que me aproxima do grafismo da sua escrita. Escolhi uma tábua onde os veios da madeira me sugeriam o rasto das ondas do mar na praia quando a maré vaza”, contou ao HM.
A professora de pintura sente-se próxima da poesia de Sophia de Mello Breyner. “Quando leio Sophia, reencontro o meu fascínio pela arte Grega e pinto ‘colunas nascidas da necessidade de erguer um tecto sem muros’; retorno constantemente à natureza onde, com Sophia, adivinho o divino; com Sophia vejo a ordem e a harmonia do azul cobalto e confirmo que ‘viajar é olhar’”, confessou ainda.
Além da CPM, a Livraria Portuguesa também se associa às comemorações ao conceder, até domingo, desconto em todos os livros de Sophia de Mello Breyner. A Universidade de São José realizou esta quarta-feira, data do nascimento da autora, um colóquio sobre a sua obra.

8 Nov 2019

CPM | Gravura de Madalena Fonseca assinala centenário de Sophia 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau (CPM) associou-se às actividades de comemoração do centenário do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner com a criação de uma gravura da autoria de Madalena Fonseca, professora de pintura na CPM.

“É uma pintura a óleo sobre tábua, onde fiz o retrato de Sophia a tinta da china com caneta de aparo que, como que me aproxima do grafismo da sua escrita. Escolhi uma tábua onde os veios da madeira me sugeriam o rasto das ondas do mar na praia quando a maré vaza”, contou ao HM.

A professora de pintura sente-se próxima da poesia de Sophia de Mello Breyner. “Quando leio Sophia, reencontro o meu fascínio pela arte Grega e pinto ‘colunas nascidas da necessidade de erguer um tecto sem muros’; retorno constantemente à natureza onde, com Sophia, adivinho o divino; com Sophia vejo a ordem e a harmonia do azul cobalto e confirmo que ‘viajar é olhar’”, confessou ainda.

Além da CPM, a Livraria Portuguesa também se associa às comemorações ao conceder, até domingo, desconto em todos os livros de Sophia de Mello Breyner. A Universidade de São José realizou esta quarta-feira, data do nascimento da autora, um colóquio sobre a sua obra.

8 Nov 2019

Casa de Portugal em Macau leva jovens a várias cidades portuguesas

[dropcap]A[/dropcap]Casa de Portugal em Macau vai levar 28 jovens a várias cidades portuguesas para “proporcionar um contacto mais próximo dos estudantes de português das escolas locais com a língua e a cultura portuguesas”, disse à Lusa fonte da associação.

O programa da terceira edição do Curso de Verão da Casa de Portugal, que se realiza entre 11 e 31 de Julho, vai ser “dividido entre aulas de português e actividades culturais e recreativas”, para os alunos, que são maioritariamente chineses, mas que conta também com jovens portugueses, explicou a associação.

Para a Casa de Portugal, este tipo de programas reforça a presença da língua e da cultura portuguesas em Macau, “uma vez que o curso é sobretudo procurado por alunos cuja língua materna não é o português”. “Notamos que existe essa vontade de investirem num maior conhecimento da língua”, sublinhou.

25 Mar 2019

Casa de Portugal | Amélia António renova mandato em eleições com lista única

A advogada foi eleita pela sétima vez para dirigir os destinos da Casa de Portugal de Macau e o objectivo principal passa por encontrar um espaço para a Escola de Artes & Ofícios

[dropcap]A[/dropcap]mélia António foi eleita presidente pela sétima vez da Casa de Portugal com um uma percentagem de 97,8 por cento dos votos. No total foram cerca de 46 pessoas as que participaram no acto eleitoral com 45 votantes a apoiarem a lista única. Houve ainda um voto em branco. Actualmente a Casa de Portugal tem 1300 inscritos, mas menos de metade têm quotas em dia e capacidade eleitoral.

O mandato tem a duração de dois anos e o principal objectivo voltar a passar por encontrar por um espaço para a Escola de Artes e & Ofícios, que disponibiliza actividades de formação para os mais novos.

“As necessidades de sempre são as instalações para a Escola de Artes e & Ofícios. Passo a vida a dizer o mesmo e não vejo saída para esta crise. Mas esteve vai ser o nosso foco principal”, afirmou Amélia António, advogada, ao HM. “Esse vai ser o nosso ponto principal. As actividades dos miúdos estão muito condicionadas pelo facto de não termos instalações, a não ser num edifício industrial. Mas a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) não permite essa utilização e, por isso, há vários condicionamentos nas actividades. É uma situação que nos faz andar sempre aflitos”, acrescentou.

Sobre a concretização do sonho antigo, Amélia António admite não ter certezas, mas deixa uma garantia: “Vou continuar a lutar por uma solução, sempre, sempre e sempre”, frisou.

Em relação ao novo mandato, além das comemorações habituais da associação, como por exemplo o Jantar do 25 de Abril ou a co-organização do Arraial de São João, este ano vai ficar ainda marcado pela realização de um evento para celebrar o 20.º aniversário do estabelecimento da RAEM. “Além das comemorações e eventos de datas relevantes da nossa História vamos também ter um evento para assinalar os 20 anos da RAEM. Fizemos um evento para os 10 anos e agora queremos fazer um para celebrar os 20 anos”, admitiu.

Contudo, Amélia António não quis ainda revelar pormenores sobre os eventos, uma vez que ainda são aguardadas várias confirmações.

Mais viagens

Por outro lado, a Casa de Portugal espera ao longo do novo mandato aumentar o número de crianças que participam nas viagens ao país. O objectivo deste programa é fazer com que os mais novos se interesse pela língua e cultura de Portugal.

Foi um programa que criámos, há dois anos, a pensar nas crianças que têm pouca ligação com o português. Por exemplo, têm pais em que um fala português mas o outro não. Por isso o conhecimento da língua é algo deficiente, há alguma dificuldade maior. Este programa foi pensado para eles desenvolverem a língua e o gosto pela cultura”, justificou. “Agora queremos aumentar o número de pessoas a participar no programa de viagens. Temos cada vez mais pais que querem que os filhos participem, mas infelizmente não conseguimos levar todas as crianças”, contou Amélia António.

No ano passado participaram cerca de 20 crianças no programa, quando o objectivo era que fossem quatro. Por motivos logísticos cerca de quatro não puderem participar. No entanto, na próxima viagem a Casa de Portugal aposta em levar 28 crianças.

 

14 Mar 2019

Nam Van | Casa de Portugal recorre de exclusão de concurso público

A Casa de Portugal pretendia transferir o restaurante “Lusitanus”, mas foi excluída do concurso público para a exploração de espaço em Nam Van por falta de carimbos. Inconformada, recorreu para o Tribunal de Segunda Instância e perdeu a primeira batalha na quinta-feira, ao ver indeferido o pedido de suspensão do concurso público

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) indeferiu um pedido de suspensão de eficácia interposto pela Casa de Portugal (CPM) para interromper a execução do procedimento de um dos concursos públicos para a exploração de espaços no Anim’Arte Nam Van, da qual foi excluída logo na fase inicial. Perdida a primeira batalha, a CPM aguarda agora por uma decisão sobre o conteúdo da acção principal.

A informação foi revelada pela presidente da Casa de Portugal, Maria Amélia António, ao HM, dado que, no portal dos tribunais, encontra-se apenas disponível o resultado do pedido de suspensão de eficácia do acto administrativo do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Um resultado que, na verdade, “já não tem efeito prático”, atendendo a que o concurso público prosseguiu.

“Fizemos o pedido por descargo de consciência. Sabíamos que a suspensão não ia ser aceite porque o recorrido não tem que justificar. Basta dizer que existe interesse público em que o concurso prossiga”, pelo que “já sabíamos qual era a decisão”, explicou Amélia António, enfatizando que falta julgar ainda “a questão de fundo”.

O recurso interposto para o TSI tem como objecto um dos mais recentes concursos públicos a serem lançados pelo Instituto de Formação Turística para a exploração de espaços para restauração junto ao Lago Nam Van. A Casa de Portugal concorreu apenas a um dos espaços colocados a concurso, com a intenção de transferir o “Lusitanus”, actualmente “mal instalado” na sede para o novo espaço. Contudo, a Casa de Portugal foi eliminada logo na abertura do concurso público por falhar em cumprir um requisito formal: carimbos em todos os documentos que constituíam a proposta.

“Exigiam que o concorrente tivesse todas as folhas carimbadas. Tínhamos carimbos onde se assinava, onde se terminava a apresentação e carimbámos para evitar chatices”, relatou Amélia António, criticando a falta de senso, até porque “os carimbos em Macau não têm qualquer valor”. “Na lei o que tem valor é a assinatura – é o que representa a entidade ou o próprio. Os carimbos não valem nada”, realçou a também advogada.

Outras lacunas

Acresce, porém, que a falta de carimbos em todas as folhas, mesmo que assumida, era uma razão que “não podia ser ultrapassada”, indicou a presidente da Casa de Portugal, dando conta de lacunas mais relevantes que, por contraste, podiam ser suprimidas: “Coisas importantes, como a proposta de rendas e os compromissos que tinham de ser com assinatura reconhecida [por um notário], tinham 24 horas para suprir a deficiência. Havia coisas que exigiam uma certa responsabilidade que podiam ser supridas, mas a falta de um carimbo em cada folha não podia…”, pelo que resultou na “exclusão imediata” da proposta.

Esta não foi a primeira vez que a Casa de Portugal foi previamente excluída de concursos públicos, mas no passado tal ficou a dever-se ao facto de não serem uma empresa, como exigido. “Nos primeiros concursos em que participamos não tínhamos a noção de que a Casa de Portugal por si não podia concorrer porque não é uma empresa, mas depois aprendemos a lição e constituímos uma sociedade unipessoal que tem como único sócio a Casa de Portugal”, indicou Amélia António, referindo-se então à CPM Artes e Ofícios.

11 Mar 2019

Exposição | World Press Photo na Casa Garden até 21 de Outubro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] s retratos do mundo estão de volta à Casa Garden na exposição dos vencedores do concurso anual World Press Photo. Jerzy Brinkhof, curador, falou do poder informativo da fotografia que conta as histórias dos nossos dias.

Não é apenas um homem a arder, mas toda a Venezuela com a sua crise económica que retira os alimentos dos supermercados e coloca a população em grave carência. “A crise Venezuelana”, de Ronaldo Schemidt, fotojornalista da agência France Press, é a fotografia vencedora da edição deste ano do concurso World Press Photo e é uma das imagens que estará exposta na Casa Garden até ao próximo dia 21 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, esta iniciativa é feita graças ao contacto da Casa de Portugal em Macau.

Jerzy Brinkhof, curador da exposição, explicou as razões pelas quais esta fotografia se destacou entre milhares que se apresentaram a concurso.

“A foto foi tirada durante um protesto em Caracas contra o Governo de Nicolas Maduro, porque o país está numa crise financeira e económica. A razão pela qual o júri escolheu esta foto é porque é uma imagem perfeita do ponto de vista estético, é vibrante e capta a atenção do público, e também representa aquilo que a exposição pretende ser este ano, ter algo de grande dimensão. Não é apenas um homem a arder, é a Venezuela a arder.”

Este ano, o World Press Photo tem uma nova categoria dedicada ao ambiente. Como tal, são muitas as imagens que nos remetem para as problemáticas do aquecimento global e do desperdício de recursos.

“Decidimos criar esta categoria pelo facto do aquecimento global e das questões ambientais serem os grandes temas da actualidade. Todos lidam com esse problema, seja a China ou os Estados Unidos. Também recebemos muitas candidaturas de fotógrafos com interesse em documentar esta questão”, contou o curador.

Uma das imagens que reflectem o tema do ambiente mostra a produção alimentar nas fábricas chinesas. “É um país que enfrenta o problema do aumento da população e da maior necessidade de consumo de produtos alimentares.” Além disso, é também retratada a produção alimentar sustentável na Holanda, onde se faz uma grande aposta na ciência.

Imagens móveis

Um total de 42 fotógrafos foram premiados nesta edição do concurso que visa chegar a todas as pessoas. “As imagens da exposição formam uma história e penso que uma exposição assim, global, merece um público a nível mundial. Ter a exposição em Macau faz parte disso. Esperamos ter aqui a exposição durante bastante tempo”, explicou o curador, que falou da importância de se fazer o World Press Photo numa altura em que os telemóveis vieram banalizar o acto de fotografar.

“Temos demasiada informação nos nossos telemóveis, a maior parte é visual, o que, por um lado é bom, mas por outro não é. Mas essa é uma outra discussão. A exposição resulta de um concurso internacional e esperamos que as pessoas que visitem a exposição tenham tempo para olhar para o que se está a passar no mundo em vez de olharem apenas para os telemóveis. Exige um maior consumo de tempo, mas pode também ser mais interessante.”

Todas as imagens vencedoras foram escolhidas por um júri independente, ainda assim já se registaram alguns entraves na exibição das fotografias, quando está em causa nudez ou outras questões sensíveis.

“Já tivemos problemas a expor algumas das imagens, pois há fotografias de nudez, por exemplo. A dificuldade que temos prende-se com o facto de querermos expor no maior número de países possível, mas temos de nos confrontar com questões culturais, políticas e religiosas e com as diferenças que isso acarreta. Respeitamo-las, mas também acreditamos que a nossa exposição pode levar a uma mudança e poderia abrir as mentes das pessoas a outras percepções.”

Para Jerzy Brinkhof é importante que as fotografias vencedoras revelem outras perspectivas a quem as vê. “As notícias são um tema forte da exposição, mas também temos histórias de desporto, retratos de pessoas, ambiente. Quando as pessoas olham e são confrontadas com as histórias podem achar estranho, não é algo que estejam habituados a ver, mas isso é positivo, há um confronto com questões com as quais podem discordar”, concluiu.

1 Out 2018

Futebol | Atletas da Casa de Portugal treinam à experiência na Académica

O médio Iury Sousa e o guarda-redes Wa Si vão integrar os trabalhos do escalão sub-19 da Briosa durante 15 dias. Pelé, responsável pela experiência, acredita que os jogadores têm qualidade para serem integrados no plantel

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] médio Iury Sousa e o guarda-redes Wa Si, atletas que actuaram na temporada passada na equipa sub-23 da Associação de Futebol de Macau, foram convidados para treinar à experiência 15 dias com o plantel sub-19 da Académica de Coimbra. A informação foi avançada ontem ao HM por Pelé, treinador da formação de Macau. A oportunidade é encarada como uma forma de fornecer aos dois atletas uma experiência a um nível mais elevado do que aquele que é praticado no futebol de Macau.

“Eles vão fazer os testes médicos e depois vão treinar com o plantel sub-19. São dois atletas com muita qualidade, dedicação e acredito que vão triunfar em Portugal. Têm qualidade para isso”, disse Pelé, que também é agente desportivo.

“Eles vão para um nível superior ao que se pratica aqui. Mas eu vou a contar que eles fiquem na Académica e que se afirmem como titulares do escalão sub-19. Acredito que têm a qualidade para dar este salto”, acrescentou o técnico.

Na temporada passada, o guarda-redes Wa Si, que este ano representou os sub-23 de Macau, já tinha assinado um princípio de acordo com o Desportivo das Aves, para que rumasse a Portugal na temporada que agora começa. Porém, o facto da direcção do clube da Vila das Aves ter mudado fez com que o contrato acabasse por não se concretizar.

As despesas de alojamento, alimentação, medicação e viagens vão ficar a cargo da Briosa. Contudo, caso os atletas convençam a equipa técnica dos sub-19 do clube terão de suportar os custos da licença internacional, que, segundo Pelé, ronda os dois mil euros, ou seja cerca de 18 mil patacas.

Treinos com o Felgueiras

Iury Sousa e Wa Si podem não ser um caso isolado. Segundo Pelé existe também a possibilidade de outros atletas da Casa de Portugal irem treinar à experiência no Felgueiras.

Os jogadores que podem estar a caminho de Felgueiras são Henry, jovem de Hong Kong, e Josecler Filho, este último filho do treinador Josecler, do Ka I. Também estes treinos foram arranjados por Pelé, com vista a ajudar os atletas a desenvolverem o seu futebol.

“Vai ser uma boa experiência para os atletas. São novos, precisam de estar num outro ritmo e acredito que o Josecler vai surpreender. É um avançado muito possante”, apontou.

Neste processo, Pelé destacou o papel do Cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno. “Tenho de lhe agradecer porque fez um esforço enorme para ajudar em todo o processo. Foi ele que nos ajudou em vários contactos também em Portugal”, reconheceu.

24 Jul 2018

Diana Soeiro, coordenadora da Casa de Portugal

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]iana Soeiro não nasceu em Macau mas isso não invalida que não se sinta de cá. “Vim aos seis anos, os meus pais vieram para cá trabalhar e trouxeram-me com eles e com os meus irmãos e, depois de estudar em Portugal, voltei para cá”, começa por contar ao HM.

Corria o ano de 1999 quando foi estudar direito para Portugal, altura em que também muitos dos portugueses que viviam em Macau foram embora. Algo que não aconteceu com a coordenadora da Casa de Portugal, nem com a sua família. “É a minha terra”, afirma.

E é uma terra que, de acordo com Diana Soeiro, tem um série de vantagens, aumentadas com a maternidade por se alargarem aos seus filhos.

Uma das possibilidades que Macau lhe oferece é a abertura de horizontes. “A coexistência de várias culturas faz com que bebamos um bocadinho de cada uma delas, acho que isso faz com que sejamos talvez mais seguros”, refere.

Por outro lado, é também no contacto com a diferença que se criam outros mecanismos de adaptação. “O conhecer mais e o contacto com outro tipo de pessoas, ajuda-nos a desenvolver uma outra capacidade para nos adaptarmos a diferentes ambientes e isso faz com que trabalhemos melhor a nossa auto-confiança. Mas também influencia a nossa visão do mundo”, acrescenta, sendo que é isso que pretende transmitir aos seus três filhos. “Quero que os meus filhos tenham acesso a isto e que sintam que é um privilégio viver em Macau”.

Como se não bastasse, a RAEM é ainda ponto de acesso a outros mundos que lhe estão perto. “Aqui podemos viajar para qualquer lado”, diz.

Mas também se pode ir para fora sem sair do território. “Se houver uma festa tailandesa no bairro, nós vamos; se houver a festa da ópera chinesa, nós vamos, e tentamos estar sempre a par de todas as especificidades das culturas que existem aqui em Macau”, sublinha com satisfação. No entanto, mantem sempre a âncora na portugalidade que quer conservar em si, e nos filhos.

Criatividade escondida

Diana Soeiro tem alguns segredos, entre eles um gosto especial pela escrita de poesia. “Escrevo alguns poemas que partilho com as pessoas mais próximas, não é uma coisa pública, mas leio também muita poesia e faço muitos projectos com os miúdos relacionados com esta forma de escrita”, diz. Por outro lado, é também a leitura que lhe permite um tempo que é só seu. “Leio todos os dias, é o meu escape  a minha meditação”.

Se na escrita já tem currículo pessoal, já outras áreas criativas vieram à tona com a maternidade. “Tinha sempre negativa nas área criativas da escola, era mesmo má aluna e quando as miúdas nasceram, como todos os pais, comecei a lutar para que não passassem muito tempo no computador. O resultado foi o desenvolvimento de ideias e projectos criativos”, aponta, coisa que pensava ser impossível de concretizar. “Não sei se alguma vez teria feito estas coisas se não tivesse sido mãe. Eu não era uma pessoa que tirava fotografias, não gostava. Não fazia trabalhos manuais. Se não fosse pelas crianças e por aquilo que lhes quero transmitir, acho que nunca tinha descoberto essas capacidades”, considera.

A fotografia integra quase todos os projectos familiares, e Macau e as suas misturas não podem faltar. Entre a paisagem, a comida e a arte, o resultado é bom de se ver e reflecte a multiculturalidade que Diana Soeiro vai absorvendo. “Tentei fazer um pudim de manga macaense, aproveitei e conciliei com a abordagem fotográfica. Tenho andado a tentar desenvolver este tipo de projectos tendo por base o princípio da mistura que existe no território”, explica.

“Tenciono ficar aqui muitos anos, mas pode acontecer que, por alguma razão, tenha de ir embora e quero ter um registo, meu e da minha família, do sítio onde vivemos”, refere.

Macau infinito

O território pode ser pequeno mas as suas possibilidades são infinitas. Para Diana Soeiro é uma terra que, independentemente do tempo que se cá viva, tem sempre algo de novo para descobrir. “Não temos aquela atitude de que está tudo visto no território”, aponta. “Estou aqui há trinta anos e ainda me surpreendo imenso com Macau. Aliás, fazemos todos os fins-de-semana passeios para descobrir o território e encontramos sempre um novo pormenor: uma porta, uma janela, ou qualquer outra coisa”, remata.

20 Abr 2018

Música | Centro Cultural acolhe concerto da Casa de Portugal

O segundo disco de “Tributo a Macau” é o resultado de um cozinhado de vários ingredientes. Os poemas são escritos por gente que vive em Macau, musicados por interpretes que vêm de Portugal e contam com o condimento musical de Tomás Ramos de Deus e Miguel Andrade. O preparado será apresentado ao público hoje, às 20h, no pequeno auditório do Centro Cultural

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]om a chancela da Casa de Portugal, o palco do pequeno auditório do Centro Cultural, vai acolher esta noite o concerto “Tributo a Macau”.

O espectáculo é a apresentação da transição para um novo conceito de “Tributo a Macau” e que já se reflecte no segundo disco com o mesmo nome, explicou a coordenadora da Casa de Portugal, Diana Soeiro ao HM. “Temos um disco que foi gravado em 2015 com o mesmo nome, mas este tributo é novo”, começa por dizer.

Do concerto de logo à noite vão constar temas de 2015, mas será essencialmente a mostra do novo trabalho a preencher o serão. “Apesar de serem cantados dois ou três temas do disco anterior, trata-se de uma transição para um outro projecto”, apontou a responsável.

É preciso mudar

As mudanças no conceito do “Tributo a Macau” começaram com a própria imagem que apresenta o projecto. Se no primeiro disco foi escolhido um trabalho de André Carrinho que representava o Jardim do Lou Lim Ioc, desta feita a ideia foi outra, mais dinâmica e colorida. “Desta vez fomos buscar uma ilustração com muita cor do João Magalhães para representar esta mudança”, explica Diana Soeiro.

Para as letras das canções que constam da playlist do espectáculo, foi lançado um convite a alguns residentes. A contribuição verbal materializa-se em poemas de Gonçalo Lobo Pinheiro, Catarina Domingues, Sérgio Perez, José Basto da Silva, Carlos Marreiros e Carlos André.

As palavras foram agarradas pelos músicos da Casa de Portugal, Tomás Ramos de Deus e Miguel Andrade que convidaram alguns amigos e colegas de profissão portugueses para, juntos, tratarem das melodias. O concerto de amanhã conta também com Ivan Pineda no baixo, João Rato nas teclas, e Diogo Santos ao piano. No saxofone e percussão vai estar Paulo Pereira, no trompete Pan Ho, na bateria, Isaac Achega e na voz Manuela Oliveira.

A ideia é ter um “concerto de amigos”, afirma a coordenadora da Casa de Portugal.

13 Abr 2018

Casa de Portugal registada com apoio de Ramos-Horta

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m grupo de portugueses e luso-timorenses, incluindo o ex-Presidente José Ramos-Horta, registou ontem, em Díli, a Casa de Portugal, associação que nasce para “defender e promover os interesses da comunidade portuguesa” em Timor-Leste.

Sem fins lucrativos e criada por um grupo inicial de 21 pessoas, a nova associação surge, segundo os estatutos, para zelar pela “preservação da identidade da comunidade e do seu património cultural, nomeadamente da língua e cultura portuguesas” e também para contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste.

Outro dos objectivos é que a associação possa tornar-se num “interlocutor privilegiado” na procura de soluções para problemas específicos que afectem a comunidade portuguesa em Timor-Leste”.

Promover a solidariedade na comunidade portuguesa e fomentar as relações com as demais comunidades são outros objectivos da associação, que pretende criar núcleos de acção cultural e de formação.

Fernando Figueiredo, principal mentor do projecto, disse que a Casa de Portugal traduz a vontade manifestada por muitos portugueses e luso-timorenses de ter um espaço onde “partilhar anseios, expectativas, dificuldades e formas de estar na sociedade timorense”.

No passado, recordou, já tinham sido feitas outras tentativas para criar uma associação idêntica que acabaram por não progredir, em parte, devido à complicada burocracia.

Neste caso, o processo começou há vários meses e ainda não está concluído, faltando, depois do registo público, aspectos como a publicação no Jornal da República.

Com o apoio do ex-Presidente timorense José Ramos-Horta e da embaixada de Portugal em Díli, a Casa de Portugal, cuja sede provisória ficará no Centro Cultural da missão diplomática, vai começar a angariar associados. Em paralelo, explicou, serão feitos esforços junto das autoridades timorenses para a obtenção de uma sede.

12 Abr 2018

Solidariedade | Casa de Portugal entregou dinheiro a casal vítima de incêndio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] casal Pereira, que a 10 de Janeiro teve um incêndio na casa arrendada à secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e ao marido, já recebeu os donativos que foram amealhados pela Casa de Portugal. De acordo com a presidente da instituição, Amélia António, a transferência bancária foi realizada na Sexta-feira.

No entanto, o último donativo terá sido recolhido entre Quarta e Quinta-feira. Amélia António não quis especificar o montante total das pessoas que aderiram à causa, mas explicou que o valor transferido ronda as 90 mil patacas. “O nosso muito obrigado a todos os que se associaram a esta causa”, disse a instituição num comunicado. O casal português tinha dito que necessitava de 200 mil patacas, só para reparar a casa.

20 Mar 2018

Futebol | Veteranos da Casa de Portugal participaram em torneio na Tailândia

Formação orientada por Pelé somou três derrotas, duas vitórias e um empate, ao longo do fim-de-semana de futebol de sete em Phuket. No último dia, a equipa da Casa de Portugal ficou a duas vitórias dos objectivos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Casa de Portugal participou no fim-de-semana, pela sexta vez, no Torneio Internacional de Futebol de Sete de Phuket e terminou a competição com três derrotas, duas vitórias e um empate. A equipa de veteranos, orientada por Pelé, ficou no terceiro lugar do grupo inicial e na fase seguinte – em que defrontou os terceiros classificados dos outros grupos – foi eliminada nas meias-finais.

Na primeira fase do torneio, a Casa de Portugal perdeu o encontro inaugural por 2-0, diante da formação Tiger United, de Hong Kong. Depois seguiu-se o empate com a formação Club X A, da Malásia, por 0-0 e nova derrota, desta vez por 2-1, diante do Aster FC, também da Malásia.

“No primeiro jogo perdemos por 2-0, mas tivemos três ocasiões de golo, que acabámos por não conseguir concretizar. No segundo jogo empatámos 0-0, mas foi um jogo que sentimos que poderíamos ganhar”, disse Pelé, treinador da equipa, ao HM.

“No terceiro jogo tivemos pela frente o Aster FC. É uma equipa que também veio de Malásia, mas que é constituída principalmente por jogadores indonésios e um brasileiro. Ainda estivemos a ganhar por 1-0, com um excelente golo do Ivo Benidio, de fora da área. Eles empataram quando nós marcámos um autogolo e, mesmo no fim, marcaram de livre directo o 2-1”, explicou.

O golo decisivo foi apontado por Nerivaldo da Silva, atleta brasileiro de 46 anos, que na época de 2000/2001 representou o Penafiel, que na altura militava na II Liga portuguesa.

Desilusão no último

No segundo dia de competição, a formação tinha como objectivo ganhar o torneio entre os terceiros classificados. No entanto, acabou por ser eliminada nas meias-finais por 1-0, diante de outra formação malaia, com o nome Suzy Wong. Antes, os comandados por Pelé tinham batido as equipas Taiwan Mongrels, por 2-1, e a formação local Macau Friends, por 3-0.

“No domingo jogámos contra a equipa Taiwan Mongrels e ganhámos por 2-1, com golos de Carlos Passarinho e Ivo Benidio. Depois tivemos um dérbi com outra equipa de Macau, a Macau Friends, em que fomos claramente superiores. Foi uma vitória clara por 3-0”, sublinhou o técnico da Casa de Portugal.

“O resultado das meias-finais acabou por ser injusto. Tivemos uma derrota por 1-0, mas merecíamos mais”, defendeu.

Pelé admitiu que o objectivo ficou por alcançar mas que a equipa vai ficar mais forte depois deste torneio. Por outro lado, realçou os esforços dos seus atletas e lamentou as ausências de Nuno Figueiredo, Sean Killer, Dedé, que ficaram de fora dos jogos devido a lesão.

O treinador elogiou ainda a formação, até pelos resultados alcançados na época passada: “Os veteranos fizeram a melhor temporada desde que estou à frente da equipa. Ficámos em quarto lugar, num total de 18 equipas, e fiquei muito satisfeito com o feito”, apontou.

28 Nov 2017

Pedrógão Grande | Casa de Portugal recolheu quase meio milhão de patacas 

A Casa de Portugal em Macau conseguiu juntar mais de 481 mil patacas em apoios financeiros para ajudar as vítimas dos incêndios em Pedrógão Grande, Portugal. O dinheiro é destinado ao fundo Revita

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uase 500 mil patacas. É este o resultado da campanha solidária criada pela Casa de Portugal em Macau (CPM) para ajudar as vítimas dos incêndios na região de Pedrógão Grande, em Portugal. Segundo a agência Lusa, um total de 481 mil patacas foram enviadas em Agosto para o fundo Revita, criado pelo Governo português para ajudar as vítimas dos incêndios.

A verba angariada resulta de contribuições de particulares, empresas e entidades, como os escuteiros lusófonos ou outras, que realizaram peditórios ou eventos de caridade e posteriormente enviaram o cheque para a Casa de Portugal em Macau, explicou Ricardo Igreja, vice-presidente da CPM.

A conta solidária da associação de matriz portuguesa em Macau foi aberta no Banco Nacional Ultramarino em Junho, “ainda o incêndio não estava extinto” e o dinheiro foi transferido “há cerca de duas semanas” para o Revita, acrescentou.

Ricardo Igreja afirmou que não há forma de saber o destino das verbas angariadas pela Casa de Portugal em Macau. “Não sabemos se é para reconstruir casas ou para plantar árvores”, disse, observando que isso compete ao próprio fundo, que é gerido conjuntamente com as autarquias e a sociedade civil.

Além desta verba angariada pela Casa de Portugal, a Santa Casa da Misericórdia de Macau anunciou a 20 de Junho que iria contribuir com cerca de 1,9 milhões de patacas (200 mil euros) para a União das Misericórdias Portuguesas, com o objectivo de apoiar as vítimas dos incêndios em Portugal.

O incêndio que começou em Junho em Pedrógão Grande provocou 64 mortos, sendo apenas extinto uma semana depois. Alastrou a Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã.

Pedida investigação

Esta semana, em declarações à RTP, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande exortou o Ministério Público a abrir uma investigação às contas bancárias que foram abertas para receber donativos que seriam encaminhados para as vítimas dos incêndios.

Valdemar Alves disse ao canal público que “há empresas públicas e particulares que abriram contas em nome dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande” e não se sabe o destino do dinheiro depositado.

O autarca referiu ainda que irá solicitar aos autarcas vizinhos de Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, também fortemente afectados pelos incêndios, para que o acompanhem no pedido de investigação dirigido ao Ministério Público.

Na terça-feira o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que o Estado, na sequência da tragédia do incêndio de Pedrógão Grande, só organizou um fundo, o Revita, que tem 1,9 milhões de euros, e que “depois do extraordinário movimento da sociedade civil, é essencial que os portugueses tenham toda a informação sobre o destino das verbas que doaram generosamente”.

“As pessoas deram o dinheiro às entidades que entenderam. O Estado organizou um fundo, o Revita, que até ao momento só recebeu donativos no montante total de 1,961 milhões de euros. Relativamente às verbas do fundo Revita, as intenções de doação chegam até 4,9 milhões de euros, apesar de, efectivamente, só termos recebido até agora, 1,9 milhões. Sendo um fundo público, é gerido em conjunto com as autarquias e com a sociedade civil”, disse.

De acordo com o líder do Executivo português, esta verba de 1,9 milhões de euros destina-se prioritariamente a dois objectivos: “Ao apoio à reconstrução das habitações, onde cerca de 19 já tem obras em curso ou concluídas após financiamento deste fundo, ou para apoiar agricultores cujos prejuízos se situam entre 1.053 e cinco mil euros”.

Especificando a forma de gestão e de funcionamento deste fundo público Revita, António Costa apontou que o seu Conselho de Administração é constituído por um elemento do Instituto da Segurança Social, pelo presidente da Câmara de Castanheira de Pêra (em representação das autarquias) e pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pombal (este representando as entidades da sociedade civil).

7 Set 2017

Casa de Portugal | Instituição promove um festival de Verão

Uma festa de Verão para todos é a sugestão da Casa de Portugal para este fim-de-semana. Música, dança, jogos e presentes são alguns dos condimentos para amanhã e domingo na zona das Casas Museu da Taipa. “Na Rota do Verão” é uma iniciativa para estar mais perto da comunidade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s rubricas são muitas e para todos os gostos. A proposta é da Casa de Portugal em Macau (CPM) que leva à zona das Casas Museu da Taipa o festival “Na Rota do Verão”. O programa foi feito a pensar em todas as idades e a ideia é ter dois dias “com coisas giras”, disse ao HM a presidente da CPM, Amélia António.

Os mais pequenos têm música especialmente feita para eles. Tomás Ramos de Deus, Miguel Andrade e Paulo Pereira são os intérpretes de serviço que prometem tocar alguns dos êxitos mais conhecidos dos miúdos. O tema “Let it Go”  da banda sonora do filme “Frozen” e o “Cavalinho”, que integra o disco “Castelos no Ar”, são apenas duas das canções que constam do repertório.

De acordo com Diana Soeiro, membro da organização, trata-se de “músicas infantis de temas emblemáticos da Disney em português e em inglês, e de desenhos animados internacionalmente conhecidos, transversais a todas as idades e nacionalidades”. Para ajudar não irá faltar um animador vestido de panda, completa.

Os mais velhos não são esquecidos e, dentro dos espectáculos musicais, há três espaços disponíveis em diferentes tempos, até porque cada horário apela a uma sonoridade específica.

“Ritmos da Tarde” é a rubrica que traz “a sonoridade marcada por ritmos alegres que caracterizam o Verão”, aponta Diana Soeiro. A organização dá exemplos de temas que se conjugam com o ambiente pretendido e que passarão com certeza na rota. Clássicos de Bob Marley, como “No Woman No Cry”, ou de Stevie Wonder não vão ser esquecidos.

Jazz da casa

A CPM destaca ainda a estreia do projecto de jazz local que, no repertório, traz temas de música portuguesa com arranjos originais de Miguel Andrade. São os Jazzés que vão interpretar temas de Sara Tavares e John Legend, entre outros.

Mas o dia acaba de noite e, para esse momento, está guardada a “Serenata ao Luar”. O objectivo, diz a organização, é “recriar um ambiente intimista com recurso a cubos de luzes em que a sonoridade é marcada por sons tranquilos”. Vozes, guitarras, saxofone e clarinete vão ser os sons ouvidos e “a originalidade deste concerto prende-se com o facto de os músicos apresentarem temas com novos arranjos feitos pelo Miguel Andrade, guitarrista do projecto”.

Entretanto, e para diversificar o programa, a dança vai ter lugar com “Aerodance”. O evento consta de música dançável e a ajuda de um instrutor que convida o público a participar em diversas coreografias.

Jogos tradicionais vão também animar as tardes num regresso ao passado que passa pelo jogo do elástico, da macaca, saltar à corda e jogar ao pião.

Um apontamento de interactividade é feito com o Riquexó. Trata-se de uma marioneta interactiva construída e manipulada por Sérgio Rolo que vai acompanhando o público ao longo de toda a festa.

De acordo com Amélia António, “Na Rota do Verão” é uma actividade esporádica que se inclui entre as várias iniciativas que a instituição tem, em cooperação com os Serviços de Turismo.

O evento vai ser feito na zona das Casas Museu da Taipa que, aponta a responsável, “é um lugar onde as pessoas gostam de ir”.

A importância deste e de outros eventos do género é evidente para Amélia António. “É uma maneira de chegarmos a um público maior e de levarmos a nossa presença um bocadinho mais longe.” Caso contrário, considera, “a Casa de Portugal fica muito confinada àquilo que é feito apenas com os associados”.

“Queremos mostrar um trabalho útil para a comunidade e para Macau, para a diversidade que o território apresenta”, remata a responsável.

20 Ago 2017

Joalharia | Começa amanhã mais um ateliê na Casa de Portugal

Tem início amanhã mais um conjunto de dois ateliês de formação na arte da joalharia. A iniciativa, promovida pela Casa de Portugal em Macau, é aberta a todos e ensina a dar os primeiros passos na criação de peças únicas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] formação tem início amanhã para os estreantes na arte de fazer jóias. No dia 19 o ateliê continua, agora destinado aos interessados que já têm um nível mais avançado no ofício. Trata-se da formação em joalharia a cargo da Casa de Portugal, monitorizada por Cristina Vinhas.

“A ideia é dar a conhecer aos interessados o que é a joalharia”, diz a formadora ao HM. “No nível inicial, a intenção é dar as bases para que as pessoas comecem a perceber o comportamento dos materiais, nomeadamente dos metais latão e prata, porque são aqueles em que trabalhamos mais”, explica.

No nível inicial o trabalho é essencialmente em latão. “O objectivo é que nesta primeira aprendizagem não exista um grande desperdício de material”, explica a formadora, sendo que no segundo nível já se começa a trabalhar com a prata. No entanto, há casos em que, porque o formando já apresenta conhecimentos acerca dos materiais, Cristina Vinhas permite que as pessoas trabalhem em metais mais nobres. A razão da cedência, aponta, é por serem da preferência dos alunos. “Há um pouco aquela ideia de que uma jóia é em ouro ou em prata”, mas, actualmente, essa ideia estará a mudar.

O conceito de joalharia é, porém, muito vasto. Para Cristina Vinhas, que trabalha na área há vários anos, a criação de uma peça é definida essencialmente pela sua elegância. “Pode ser uma peça muito simples e é igualmente uma jóia, porque uma jóia não é definida pela quantidade de diamantes ou de brilhantes que a peça tem. Tem que ver, essencialmente, com a sua forma e design”, sublinha.

Além dos metais, as formações integram também o trabalho com outros materiais. Cristina Vinhas trabalha, nos ateliês, o uso do sisal, de madeiras e resinas. “De momento estou também a trabalhar muito os acrílicos, vidros e sedas e mesmo casulos dos bichos da seda, um material que, penso, tem muito potencial”, acrescenta a formadora.

Liberdade para criar

As formações em joalharia dirigidas por Cristina Vinhas são essencialmente caracterizadas pela liberdade criativa. “Os formandos vêm com interesses diferentes e querem fazer diversos tipos de peças, e por isso não imponho nada, cada um desenvolve o seu trabalho dentro daquilo que mais gosta”, explica a formadora. O mesmo acontece com os materiais a trabalhar.

De acordo com Cristina Vinhas, este também é o objectivo das formações promovidas pela Casa de Portugal. “Não estamos a falar de um curso curricular e o interesse destes ateliês é precisamente o facto de não limitarem as pessoas e serem um espaço em que podem fazer o que mais gostam”.

A responsável já monitoriza a formação da Casa de Portugal em joalharia há oito anos e sublinha a diversidade de alunos que tem vindo a ter, sendo que “é uma formação para todos e temos tido muitas pessoas de várias classes e nacionalidades”. Muitos portugueses, macaenses, chineses vietnamitas e mesmo gregos têm aprendido a fazer jóias com Cristina Vinhas. Esta diversidade tem uma razão evidente: “Macau é um lugar cosmopolita, com muitas culturas e etnias, e os cursos acabam por também acolher muita gente diferente”, refere a responsável.

Apesar do empenho, a responsável não vê evolução na área da joalharia no território. “Há muita coisa ainda para desenvolver. No entanto, já esteve pior.” A formadora considera que começa a existir algum interesse e menciona algumas formandas que teve, que continuaram o seu trabalho com estudos em Londres e que agora já desenvolvem as suas peças de autor. “Não estamos a falar de alta joalharia, mas sim de joalharia contemporânea, e o desenvolvimento deste sector em Macau é um trabalho necessário”, remata.

14 Jul 2017

São João | Arraial com mais espaço em São Lázaro

A tradicional festa do São João esteve ameaçada, mas há arraial no próximo fim-de-semana no bairro de São Lázaro e, afinal, ocupa mais espaço do que nas edições anteriores. A organização também conta com mais uma entidade: a Associação dos Jovens Macaenses

[dropcap style≠’circle’]“Q[/dropcap]ue o arraial, um dia, ocupe o bairro todo”, são as palavras da presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), Amélia António, visivelmente satisfeita não só com a permanência da festa popular no Bairro de São Lázaro, como, dada a adesão, com o alargamento do próprio espaço para acolher mais uma edição do arraial.

O evento esteve ameaçado quando a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego quis impedir a sua realização naquela zona, mas o bom senso acabou por ganhar. “As pessoas acabaram por ponderar e perceber que era melhor continuar a ter esta festa e manter a atracção para os turistas que já vêm para o arraial, nomeadamente de Hong Kong”, disse ontem Amélia António na apresentação de mais uma edição do São João.

Valores mais altos se levantam e, neste caso, “o valor das coisas acaba por se impor”, sublinhou. Além de manter a localização, a festa vai ter, afirma a presidente da CPM, “um bocado mais de rua”. A razão, apontou a responsável, tem que ver com o cada vez maior número de interessados em participar através da exploração das barraquinhas que a organização coloca ao dispor, gratuitamente, de quem quiser.

A festa vai contar com cerca de 40 tendas comerciais, sendo que, admite o presidente da Associação dos Macaenses (ADM), Miguel de Senna Fernandes, os esforços vão continuar a ser por um crescimento constante e por, finalmente, o arraial de São João poder vir a ser considerado na agenda da própria Administração.

Já Amélia António pretende que, no futuro, “todas as casas estejam decoradas para a festa”. A razão, aponta, é este poder vir a ser um factor de diferenciação relativamente a outros eventos no território e mesmo na região.

Festa para todos

Mais do que uma festa portuguesa, o Arraial de São João pretende vir a ser a festa de todos e para todos. A comissão organizadora lamenta, no entanto, que a maior adesão, nomeadamente às tendas comerciais, seja feita por portugueses, sendo que o objectivo é de que, com o tempo, os pedidos comecem a vir das várias comunidades que integram o território.

Miguel de Senna Fernandes sublinha ainda o empenho que a organização tem tido em tentar fazer entender a população de que não se trata apenas de uma festa de portugueses. Para o responsável da ADM, os contactos são feitos anualmente com as associações de moradores. No entanto, se por um lado estas entidades não se mostram com vontade de fazer parte das actividades, por outro, afirma, “são cada vez mais os membros da comunidade chinesa que aproveitam este fim-de-semana para ir a São Lázaro e assistir a uma festa diferente”.

Foi também ontem assinado o documento de adesão da Associação de Jovens Macaenses ao protocolo da comissão organizadora do Arraial de São João. Para Amélia António, é mais “um novo fôlego de capacidade e trabalho” que se junta à iniciativa.

O Arraial de São João tem anualmente um orçamento fixo entre 400 mil a 500 mil patacas, um apoio dos Serviços de Turismo que se destina a assegurar as despesas básicas inerentes à logística do evento.

21 Jun 2017

Paulo Reis, ceramista: “Não há cultura no que respeita ao consumo de arte”

Mestre de cerâmica e da arte da azulejaria portuguesa, Paulo Reis dá aulas e tem atelier na escola da Casa de Portugal. Há ano e meio em Macau, sente que falta a ligação à comunidade chinesa, apesar do sucesso com os japoneses que já têm agências de viagens que incluem nos programas aulas com o artista. Ao HM falou da experiência, enquanto professor e artista no território

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cerâmica é uma arte que vem desde cedo?

Comecei a trabalhar na área da cerâmica há cerca de 30 anos. Foi com a minha irmã que, já na altura, trabalhava na área. Depois surgiram os cursos do Ar.Co e acabei por fazer a formação. A partir daí, montei uma oficina de cerâmica com mais três colegas em que realizávamos o nosso trabalho e, ao mesmo tempo, dávamos aulas. Lembro-me da primeira vez que dei aulas porque foi uma experiência marcante, dado ter sido a detidos na prisão de Vale dos Judeus. Por incrível que pareça, eu tinha 20 e poucos anos e estava à espera de uma recepção que poderia ser agressiva. No entanto, a formação teve uma grande adesão, as pessoas queriam fazer coisas e o relacionamento foi muito interessante. Achei piada que pessoas muito mais velhas do que eu me tratassem por mestre, a mim, que era um miúdo.

Como é que apareceu Macau?

Estou cá há cerca de um ano e meio. A minha vinda resultou de um convite por parte de Amélia António, presidente da Casa de Portugal, para vir substituir o Paulo Valentim. Fui chamado para dar um workshop e acabei por ser convidado a ficar. As condições agradaram-me, não só ao nível financeiro, como também as condições que este espaço tem, para o ensino e para o desenvolvimento do meu trabalho pessoal. Este local funciona como a minha sala de aulas e como atelier.

Que alunos se inscrevem nestas formações?

Tenho um espaço dedicado, por exemplo, só à pintura de azulejo. Normalmente, quem o costuma frequentar são alunos da Casa de Portugal que já tinham aulas com o professor Paulo Valentim. Como grande mestre que era da azulejaria portuguesa, formou pessoas mais viradas para esta arte. Depois há as aulas dos cursos que são dados no horário pós-laboral. Tenho alunos que chegam e que nunca tocaram em barro e outras pessoas que já trabalham comigo há algum tempo, e querem desenvolver os seus projectos.

As pessoas podem ter aqui um espaço de desenvolvimento de projectos pessoais sob a sua supervisão?

Sim. Mesmo estando integradas num dos cursos em que há um tema específico, podem continuar a desenvolver outros projectos e explorar outro tipo de técnicas não relacionadas com a formação que estão a fazer.

Estamos a falar essencialmente de alunos portugueses?

Estamos a falar de portugueses e de estrangeiros também. Neste momento tenho uma aluna americana, uma brasileira, já tive alunos chineses, apesar de neste momento ter maioritariamente macaenses e portugueses. Tenho tido alguma diversidade cultural na participação dos cursos, mas gostava de ter mais.

O que falta?

Divulgação. Tem de existir mais divulgação por parte das entidades e mesmo da imprensa.

Tiveram recentemente um workshop de pintura em azulejo dirigido a japoneses com muita adesão.

Temos sempre actividades e nessa trabalhámos directamente com agências de viagens. É a terceira ou quarta vez que temos grupos de japoneses. No mês passado vieram 120. É um pacote que as agências têm em que, em vez de levarem os clientes aos casinos, têm mais visitas a Macau e uma passagem pela Casa de Portugal para aprenderem a pintar azulejos. Explicamos o que é a azulejaria portuguesa, a técnica, e depois eles fazem o seu trabalho tendo em conta os processos tradicionais do séc. XVII. A pintura do azulejo tem várias fases: o desenho picotado em papel vegetal e depois passado a carvão, a pintura em que usamos o azul que tem três tonalidades diferentes. São características típicas desta que é, talvez, a maior imagem de marca do país no estrangeiro. Temos trabalhos no mundo inteiro.

Sente que há interesse em manter esta arte no território?

Sim, mas não sei até que ponto podemos chegar ao Governo ou aos arquitectos que podiam, por exemplo, incorporar alguns painéis de azulejo português nos seus projectos. Há muita coisa que se poderia fazer para integrar a azulejaria portuguesa em Macau. É também muito complicado entrar na comunidade chinesa. Acabei de ter uma experiência interessante num concurso organizado pelo Sands China. Concorri com uma escultura e, quando saiu a lista dos premiados na categoria em que tinha participado, o único português era eu. Senti que me receberam, senti-me acolhido. Penso que talvez se deva ir por aí, por tentativas, para tentar criar mais contacto com as comunidades locais. Sinto que as comunidades aqui estão todas muito dispersas e sem grande ligação.

Enquanto artista, como tem desenvolvido a sua carreira?

Tenho tido oportunidade de pôr em prática projectos que há muitos anos estavam na gaveta. Aos poucos, vou tentando entrar no mercado local.

Sente que há mercado em Macau?

Acho que, realmente, não há cultura no que respeita ao consumo de arte. Não há o hábito de sair ao fim-de-semana para ver exposições. Acho que é criando esses hábitos, através da educação, que as pessoas se começam a habituar. Há muita coisa do jogo, é por isso que Macau é conhecido lá fora, mas considero que tem muito mais do que isso e, para o pequeno espaço que é, estão sempre a acontecer coisas.

Quais os próximos desafios?

Gostava de começar a preparar formações dirigidas a projectos sociais, especialmente aqui, na Areia Preta, onde há, segundo me consta, mais pobreza e gente com necessidades financeiras. A ideia já está aprovada. Tenho muita vontade em colaborar com orfanatos e outras associações de apoio para que possam vir aqui. A Casa de Portugal dá o espaço e os materiais, eu dou a mão-de-obra. É um projecto que está a marinar e já estou a estabelecer contactos.

 

23 Fev 2017

Extensão do Douro Filme Festival acontece hoje no Consulado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]contece hoje no auditório do consulado-geral em Macau a extensão do Douro Filme Festival, um festival de cinema mudo em Portugal que, pela primeira vez, chega ao Oriente, com o apoio da Casa de Portugal em Macau (CPM). Criado há dez anos, no Porto, o festival traz este ano um conjunto de películas no feminino, filmadas por 11 realizadoras com películas de super oito milímetros. Os filmes serão acompanhados pela música de Miguel Andrade e Paulo Pereira.

A vinda do festival a Macau pela primeira vez visa celebrar os 120 anos do cinema português, na pessoa de Aurélio da Paz dos Reis, e recordar a realizadora portuguesa Noémia Delgado, que faleceu este ano.

Para Cristiano Pereira, actor e um dos responsáveis pelo projecto, o Douro Filme Festival é um “festival com características únicas”, sendo “único em Portugal e um dos poucos exemplos no mundo”. “Os filmes são todos rodados em película, temos o apoio da Kodak, e são todos rodados com o equipamento de uma nova produtora do Porto, a OPPIA (Oporto Picture Academy). É talvez o festival em todo o mundo que é projectado em película.”

Cristiano Pereira confirmou ainda ao HM que a ideia é estabelecer um curso de filmes feitos com estas películas e criar um festival com base nas películas realizadas pelos alunos.

“Queremos trazer um curso de cinema em películas de super 8mm, que inclui um curso completo, cinematografia, revelação dos filmes e rodagem, e um festival local. Estamos em Macau neste momento a trabalhar nessa possibilidade, através da amabilidade da CPM e consulado. A ideia é que, no âmbito desse curso os filmes realizados possam levar a um festival local”, apontou.

A vinda a Macau pretende ainda ser uma ponte para o mundo lusófono. “É nossa ambição levar o festival aos países lusófonos, e também apresentaremos este projecto à CPLP”, rematou Cristiano Pereira. O festival decorre apenas hoje, a partir das 19h.

 

Filmes em exibição

“O Amor eterno não é um mito urbano”, de Isabel Venceslau

“A cabeça no ar ou O ar na cabeça”, de Mariana Figueroa [Menção honrosa]

“Memória, substantivo feminino”, de Luísa Sequeira [Menção honrosa]

“Super 75”, de Patrícia Vieira Campos (Pat) [1º Prémio]

“Ariadne e o Minotauro”, de Filipa Gomes

“sem título”, de Amarante Abramovici

“Bailarina amparada”, de Ana Tinoco

“Entranhas”, de Patrícia Nogueira

“Confia que o tempo também devolve”, de Marina Zincovitch Botelho

“Autumn”, de Mervi Junkkonen [Menção honrosa]

“Tons”, de Diana Oliveira

“Aurélia, mulher artista” e “Urbión”, ambos de Cristiano Costa Pereira e “PortoPorto”, de Sério Fenandes

15 Dez 2016

Casa de Portugal | Amélia António reeleita presidente com quase meia centena de votos

Não era novidade pois liderava a única lista candidata. Amélia António voltou a ser eleita presidente da Casa de Portugal com cerca de meia centena de votos. O projecto quer-se de continuidade mas há caras novas na direcção. Quanto à dívida do Lvsitanvs está a ser saldada aos poucos

 
[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]altava uma hora para o fecho das urnas, mas novidade era coisa que não imperava para os lados da Casa de Portugal em Macau (CPM). Amélia António voltou a candidatar-se à presidência da associação e esperava pacientemente pela contagem dos votos que determinavam a sua reeleição. Foi pouca a adesão dos sócios, já que, aquela hora, apenas 46 pessoas tinham ido votar.
Ao HM, aquela que é considerada o rosto da comunidade portuguesa falou da sua continuação a frente de um projecto que num ano organiza cerca de 200 actividades para miúdos e graúdos. “É um projecto com continuidade mas esperamos que com sangue novo possa haver algo novo para além dessa continuidade. Que haja novas ideias e novas, e por isso apostamos na juventude.” A juventude traduz-se com a entrada de três novos rostos para a direcção.
Todos os anos que há eleições para a CPM se coloca a grande questão: quem poderá substituir Amélia António? Até agora ninguém ousou dar o primeiro passo para criar uma lista candidata. Mas caso existissem outras propostas, a também advogada não iria voltar costas ao projecto, já que a dívida deixada pelo restaurante Lvsitanvs continua por saldar. Esta já é inferior a um milhão de patacas.
“Gostava que aparecesse alguém porque acho que ao longo destes anos uns gostam do que se faz e outros gostam menos, e por isso é sempre positivo aparecer alguma cara nova. Acho que o confronto de propostas é sempre uma coisa positiva. Não acontece e sinto-me na obrigação (de continuar). Mesmo que existisse uma outra lista eu teria de concorrer, dada a situação económica que tem existido, e que tem sido melhorada. Não virava as costas.”
Admite estar habituada aos poucos votos dos associados, que nesta altura são cerca de 800. “É sinal de que normalmente as pessoas usufruem das actividades das associações, mas depois não participam”, apontou.

Couto não quer regressar

Não é apenas o carisma de Amélia António que a obriga a ser a eterna presidente. Para Carlos Couto, arquitecto e ex-vice-presidente, o maior problema é mesmo não haver um rosto que tenha tanta disponibilidade como a advogada tem. Ele próprio assume ter batido com a porta porque estava cansado, sendo que não pondera sequer voltar à direcção da CPM.
“É difícil ser presidente da CPM e por vontade dela já teria saído, porque são de facto muitos anos. Mas é difícil arranjar um substituto para aquele lugar, porque pressupõe muito tempo. A Casa tem um ritmo muito grande de actividades”, disse o arquitecto ao HM.
Neste momento o restaurante Lvsitanvs deverá manter-se na sede da CPM, não existindo projecto para uma mudança de espaço. Na zona norte, num prédio industrial, decorrem diariamente cursos de artes plásticas, música e ginástica, entre outras áreas. Há ainda o futebol e o hóquei em patins, que atrai crianças filhos de sócio, mas não só.  Há uma semana a CPM abriu as portas ao público para que este perceba a dimensão de um projecto comunitário. Mas Amélia António quer repetir a iniciativa, para que os outros “percebam aquilo que nós fazemos para além do que vem nos jornais”.
 

Decisão de Alexis Tam “é estranha”

Amélia António não comenta a decisão do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de não levar um restaurante português para as Casas Museu da Taipa, referindo apenas que é “estranha”. “O Secretário disse que nós queríamos fazer uma casa de fados lá porque não conseguíamos fazer outra coisa. Tive que explicar que me tinha sido transmitido que o Secretário queria que houvesse fado. Estávamos a estudar a maneira de conciliar tipos diferentes de animação e retomar um pouco a ideia do projecto antigo, que não era bem um restaurante, e algo que mantínhamos já desde as Ruínas de São Paulo. Quando nos feito o convite começámos a pensar a retoma desse conceito. Não era nossa vocação competir com outros restaurantes portugueses. Se isso foi traduzido ao senhor Secretário como um “nós não somos capazes de fazer”… penso que houve aqui alguma areia na engrenagem, não sei de onde saiu a areia. Eu só ando para a frente e preocupa-me mais o futuro do que o presente. Não entendo esta situação e a mudança de posição em relação ao restaurante.”

15 Set 2016