Canídromo | Yat Yuen garante salários até 31 de Agosto

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen) vai prolongar o pagamento dos funcionários a tempo inteiro do canídromo até 31 de Agosto. Já quem trabalhavam naquele espaço em regime de part-time, vai receber o ordenado até 15 de Agosto. No que respeita a indeminizações, serão pagas dentro do período de nove dias úteis após a cessação do contrato. A informação foi dada ontem numa reunião entre a Yat Yuen e os trabalhadores do Canídromo e organizada em conjunto com a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o Macau Jockey Club e a Macau Slot.

Durante o encontro houve quem se manifestasse descontente com a forma como a empresa está a tratar dos processos laborais. De acordo com o canal chinês da TDM, um funcionário presente na sessão mostrou-se insatisfeito com a falta de comunicação por parte da Yat Yuen, revelando que o único contacto que tiveram foi um pedido para esperarem por um telefonema. A concessão do Canídromo acabou na passada sexta-feira deixando sem trabalho 129 funcionários.

Também ontem tiveram início as sessões de recrutamento dos trabalhadores do Canídromo por parte da SMJ. De acordo com a mesma fonte, estão disponíveis 300 vagas e as sessões vão manter-se durante cinco dias. Na sessão de ontem, participaram 94 funcionários, dos quais 38 estavam à procura de um novo emprego enquanto os restantes pretendiam apenas recolher informações. Como neste momento está em construção do Lisboa Palace no Cotai, a SMJ adianta ainda que, no futuro, irá abrir cerca de 8000 vagas.

DSAL atenta

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) também esteve presente na reunião de ontem onde prestou apoio e esclarecimento aos trabalhadores no que respeita a legislação laboral e direitos e interesses no emprego, revela e entidade em comunicado. “A DSAL vai disponibilizar o “one-stop service” aos trabalhadores, proporcionando-lhes uma colocação e formação profissional adequada, por forma a salvaguardar os seus direitos e interesses e permitir o regresso ao mercado laboral com a maior brevidade”, lê-se.

Entretanto, o Governo criou uma linha aberta destinada aos trabalhadores da Companhia de Corridas de Galgos. Entre os dias 20 e 22, foram recebidos 7 pedidos de informações (5 trabalhadores residentes e 2 não residentes) “que reflectiram preocupações quanto à organização actual do trabalho, bem como informações sobre indemnização rescisória”, refere o mesmo comunicado.

Segundo a DSAL, não há, até ao momento, queixas formalizadas por parte dos trabalhadores da Yat Yuen.

24 Jul 2018

Galgos | ANIMA espera luz verde do IACM para coordenar processo de adopção

A Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen deixou as instalações do Canídromo na passada sexta-feira sem apresentar um plano de futuro para os animais. O IACM assumiu a responsabilidade do tratamento dos 533 cães que ficaram nas instalações. A ANIMA oferece-se para coordenar o processo de adopção de forma voluntária

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA – está à espera de luz verde do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para poder coordenar o processo de adopção dos 533 galgos que se encontram nas instalações do canídromo depois de terminado o contrato de exploração de corridas de cães com a Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen). “A ANIMA ainda não pode fazer nada enquanto o IACM não disser expressamente que autoriza a associação a orientar as adopções” apontou o presidente da associação, Albano Martins, ao HM.

A coordenação do elevado número de adopções não se pode limitar a Macau como possível lar para os animais, tornando-se essencial encontrar destinos exteriores, pelo que toda a ajuda é necessária.

Isto não significa que a ANIMA seja a única entidade a faze-lo e “o IACM pode ajudar”, refere Albano Martins. “Temos de ter tudo perfeitamente identificado, nenhum animal pode chegar ao estrangeiro com números ou chips enganados. Se o IACM autorizar, até temos de ir ao abrigo numerar os cães para que não exista qualquer engano”, explica o responsável.

Toda a coordenação dos processos de adopção feita pela ANIMA será a custo zero para o Governo. “O processo de adopção é todo voluntário”, sublinha.

Já o cuidado dos animais dentro do ano necessário para que as adopções sejam feitas, é também um serviço que a ANIMA se dispõe a assumir a preço de custo. “Podemos arranjar as pessoas, tratar das questões de segurança, de limpeza e de tratamento, mas aqui seriamos obrigados a contratar pessoas sendo que o pagamento destes funcionários não teria qualquer efeito lucrativo”, refere.

De acordo com o responsável, esta é uma opção que ficaria sempre mais barata do que a contratação de um serviço a uma empresa para o mesmo efeito. “Se adjudicar este serviço a uma empresa privada, o IACM vai eventualmente pagar o dobro do que pagaria à ANIMA”, diz Albano Martins.

Ontem, ao jornal Ou Mun, o Chefe da Divisão de Inspecção e Controlo Veterinário do IACM, Choi U Fai, revelou que a situação actual de tratamento e manutenção do canídromo se vai manter por cerca de dez dias. Entretanto, o IACM está a fazer uma avaliação para perceber se é necessária a contratação de serviços de uma empresa.

Dezenas por dia

Para garantir o bom funcionamento diário das instalações do canídromo e dos mais de 500 animais deixados pela Yat Yuen, são necessárias entre 30 a 40 pessoas por dia. Albano Martins explica que “existem sete ou oito abrigos e cada um pode ter 80 animais. Alguns podem não estar cheios. São necessárias duas pessoas por abrigo, o que dá logo 16. Temos que ter pessoas capazes de conduzir cinco animais de cada vez, enquanto se fazem os trabalhos diários de limpeza. No total, dá um mínimo de 30 a 40 pessoas necessárias para fazer a manutenção diária de espaço e de animais com rapidez”.

Para já, o IACM informou que foram efectuados contactos com as associações locais de proteção dos animais de forma a promover o recrutamento de voluntários, assegurando a existência de 40 pessoas a prestar cuidados diários aos galgos.

O recrutamento dos voluntários foi garantido pela Anima, MASDAW (Associação para Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau), Associação Protectora para os Cão Vadio de Macau, Everyone Stray Dogs Macau Volunteer Group e Long Long (Macao) Volunteers Group.

Contactos externos

Este serviço terá que ser assegurado por um período de um ano, prazo que o presidente da ANIMA considera necessário para finalizar todos os processos de adopção dos galgos. “Não é possível fazer as adopções num prazo inferior a um ano. Não é que não tenhamos os contactos todos, mas o processo é muito complicado”, aponta.

Há questões logísticas e custos a ter em conta. “Temos que discutir preços com companhias aéreas, temos que arranjar transporte e equipas do outro lado prontas a receber os animais que viajam”, explica o responsável. Ultrapassadas estas etapas, haverá capacidade para enviar para o exterior cerca de cinco animais de dois em dois dias.

A ANIMA está a promover uma campanha mundial, em paralelo com a associação italiana Pet Levrieri e com a norte-americana Grey2k, com o objectivo de angariar fundos de forma a poder realojar os animais.

“Cada viagem para a Europa custa à volta de 30 mil patacas a não ser que haja uma grande campanha de donativos”, a ANIMA terá muita dificuldade em conseguir transportar os animais para fora de Macau, constatou Albano Martins. Os custos aumentam porque os animais têm de ir para Hong Kong, onde há mais oferta de voos internacionais.

“Temos recebido apoios de toda a parte do mundo. Agora o que é preciso é que esses apoios se transformem em dinheiro para movimentar estes animais todos”, afirmou.

“Estamos a trabalhar para reduzir todos os custos”, garantiu o activista dos direitos dos animais, revelando ainda que há a possibilidade de duas companhias aéreas poderem fazer o transporte gratuitamente.

No ano passado, a Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) lançou uma petição internacional para conseguir que os galgos do canídromo fossem adoptados. Desde então, 50 instituições internacionais manifestaram-se, garantindo apoiar um plano de resgate ou comprometendo-se a encontrar casas adequadas para os cães.

A PETA (ONG de defesa dos animais) juntou-se ao coro internacional de protestos e apelou às autoridades de Macau para assegurarem custódia para os animais.

IACM acusa Yat Yuen de abandonar mais de 500 galgos

As autoridades de Macau acusaram a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, que explorava o Canídromo, de ter abandonado mais de meio milhar de cães nas instalações e ameaçaram aplicar sanções financeiras com base na Lei de Protecção dos Animais.

“Findo o prazo para deslocação do canídromo da Companhia de Corridas de Galgos Macau (…) a empresa não assumiu as responsabilidades e as obrigações devidas (…), deixando 533 galgos abandonados no referido local”, refere em comunicado o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).

“Ao mesmo tempo, o IACM comunica aos donos, nos termos da Lei de Protecção dos Animais, que a não reclamação [de galgos] pelo seu dono no prazo de sete dias úteis é equiparada a abandono de animal” e o abandono de cada cão é “sancionado com multa de 20.000 a 100.000 patacas”, o que no caso destes 533 cães, de mais de dez milhões e meio de patacas às cerca de 53 milhões.

As autoridades de Macau repudiaram ainda uma carta da Companhia de Corridas de Galgos que tencionava passar a responsabilidade pelo futuro dos cães do Canídromo para o Governo do território. “O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) repudia a atitude irresponsável da Yat Yuen (Companhia de Corridas de Galgos) relativamente à colocação dos galgos e reitera que a colocação dos galgos existentes é da responsabilidade e dever da Yat Yuen, enquanto proprietária dos mesmos e empresa de grande dimensão”, declarou o IACM em comunicado divulgado na quinta-feira à noite.

Na nota divulgada no final da semana, o mesmo instituto informou que foram efectuados contactos com as associações locais de proteção dos animais de forma a promover o recrutamento de voluntários, assegurando a existência de 40 pessoas a prestar cuidados diários aos galgos.

A Companhia de Corridas de Galgos tinha entregue na quinta-feira, na véspera de terminar o contrato de exploração, uma carta às autoridades de Macau na qual referia que os galgos do Canídromo se tratavam de bens que deviam reverter a favor das autoridades do território.

Até aqui, a empresa, que pertence à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, “não se dedicou a encontrar solução adequada para colocar esses galgos existentes, e agora quer passar as responsabilidades para o Governo e para a sociedade”, reagiu o IACM.

História interminável

A 12 de Julho, o IACM já tinha exigido à Companhia de Corridas de Galgos a entrega imediata de um plano concreto para a localização do realojamento dos galgos, depois de a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ter recusado prolongar o contrato de exploração do Canídromo, a operar há mais de 50 anos em Macau.

Em 2016, o Governo de Macau dera dois anos ao Canídromo para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, cujas receitas se encontram em queda há vários anos.

A empresa pediu ao Governo de Macau, em 2017, o prolongamento e alteração do mesmo contrato, solicitando autorização para transmitir corridas de galgos realizadas noutras regiões para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), em vez das corridas de galgos realizadas no território.

Trabalho garantido

A Yat Yuen deixou o canídromo na passada sexta-feira, no entanto, no sábado de manhã dezenas de funcionários da Companhia de Corridas de Galgos deslocaram-se àquelas instalações para continuarem a tratar dos animais, tendo sido impedidos de entrar pelos funcionários do IACM.

Depois de ter conhecimento da situação, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) garante que está a acompanhar a situação e anunciou “a criação de uma linha aberta destinada ao pessoal daquela empresa para pedido de informações ou esclarecimentos”. Já a Yat Yuen, também em comunicado, garante que vai oferecer postos de trabalho aos 129 funcionários que trabalhavam no Canídromo tendo em conta as empresas da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Macau Jockey Club e Macau Slot.

23 Jul 2018

Canídromo | Yat Yuen pediu ontem para IACM ficar com galgos e será punida no âmbito da lei dos animais

IACM acusa Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen de irresponsabilidade e de nunca ter encontrado uma solução para os animais que ainda não foram adoptados. O prazo da utilização do terreno onde se localiza o Canídromo termina hoje. A empresa enviou esta quinta-feira à noite um ofício a pedir ao Governo para ficar com os animais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen tem hoje de abandonar as instalações do Canídromo, de agora com o prazo estabelecido pelo Governo em 2016. Numa corrida contra o tempo, a empresa apresentou ontem “ao cair da noite” um ofício ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) onde é pedido que o Governo fique com os animais, tendo sido evocada a lei da protecção dos animais.

“No ofício refere-se que os galgos do Canídromo são bens que revertem a favor RAEM e que se pondera poder entregar os galgos existentes ao Instituto, nos termos do art. n.º 17 da Lei de Protecção dos Animais”, lê-se no comunicado em língua portuguesa, que só hoje foi divulgado.

Perante este último pedido apresentado pela empresa da deputada e empresária Angela Leong, o IACM acusa a Yuat Yuen de não ter assumido as suas responsabilidades para com os animais.

“O IACM repudia a atitude irresponsável da Yat Yuen relativamente à colocação dos galgos e reitera que a colocação dos galgos existentes é da responsabilidade e dever da Yat Yuen, enquanto proprietária dos mesmos e empresa de grande dimensão.”

Além disso, o IACM recorda que a Yat Yuen “demorou até hoje para realojar os galgos, pondo a colocação e o cuidado dos cães numa situação incerta, o que causou preocupações junto do público e incómodo à sociedade”. “Até ao termo do prazo, não se dedicou a encontrar uma solução adequada para colocar esses galgos existentes, e agora quer passar as responsabilidades para o Governo e a sociedade. O IACM repudia uma vez mais o comportamento irresponsável da Yat Yuen”, lê-se no comunicado.

Com o fim do prazo da utilização do terreno, o IACM irá garantir que os galgos não serão deixados ao abandono. “O IACM irá garantir [após o dia de hoje] que os galgos irão receber os devidos cuidados em qualquer circunstância”, lê-se.

A lei de protecção dos animais em vigor determina que o “procedimento em caso de impossibilidade de criação de animais” passa pela sua entrega, junto do IACM, sempre que o proprietário “não o possa criar ou transferir para outrem”. Aquando da entrega, o proprietário deve pagar “um montante fixo correspondente às despesas de alimentação e alojamento”.

Contudo, o IACM garante que, no caso do Canídromo, “não se aplicam as disposições do artigo 17 da lei de protecção dos animais”. “Desde Agosto do ano passado que o IACM já enviou vários ofícios para a Yat Yuen e realizou reuniões com a mesma, indicando claramente que a Yat Yuen, enquanto empresa e proprietária dos cães, tinha responsabilidade e dever intransmissíveis, além de que manifestou mais uma vez no ofício enviado a 22 de Janeiro do corrente ano que aos respectivos cães não se aplicam as disposições do artigo n.º 17 da Lei de Protecção dos Animais”, aponta o mesmo comunicado.

A Yat Yuen será agora multada no âmbito deste diploma. “Assim que se encontrem no Canídromo galgos abandonados após o dia 20 de Julho, a Yat Yuen deve ser punida nos termos da Lei de Protecção dos Animais.”

Tempo de sobra

A partir de amanhã o Governo tem autoridade para entrar no terreno do Canídromo e reverter para sua posse “todos os edifícios, instalações e respectivos equipamentos construídos no terreno”. Será recolhido “tudo o que estiver relacionado com as actividades de exploração”.

O IACM fez questão de frisar que a Yat Yuen teve bastante tempo para elaborar um plano para a reforma dos galgos, algo que nunca aconteceu em tempo útil. “A Yat Yuen teve conhecimento, em 2016, de que era obrigada a sair do Canídromo antes do termo do prazo da concessão. A empresa não só tinha tempo suficiente para definir o plano de realojamento, como sabia perfeitamente das solicitações e sugestões do Governo. A par disso, conhecia bem a respectiva legislação.”

“Entretanto, não se verificou a existência de qualquer força maior dessa empresa, nem podia ser considerado como uma conduta forçada e inimputável o abandono de mais de quinhentos galgos. A colocação adequada dos galgos tem sido responsabilidade da Yat Yuen, como empresa de grande dimensão que é, e pode ser bem resolvida dentro das capacidades da empresa”, acrescenta o Governo.

“Nunca ignorei o futuro”

Na comunicação que fez à imprensa, Angela Leong adiantou ainda que “desde sempre tem protegido os galgos” e que “nunca ignorou o seu futuro”. Além disso, “é importante proteger os nossos trabalhadores no sentido de terem um emprego para que possam garantir a sua vida, é importante garantir os seus direitos e interesses porque trabalham lá há muitos anos”.

O prazo para a Yat Yuen sair do terreno do Canídromo foi decretado em 2016, mas a empresa tem vindo a adiar os planos. Até ontem foram apresentados três planos para o futuro dos galgos, todos rejeitados pelo IACM e pela Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos.

  • Notícia editada depois da publicação do comunicado do IACM em língua portuguesa, algo que só aconteceu na manhã de hoje [dia 20]. À hora do fecho da edição desta quinta-feira, por volta das 00h00, apenas estava disponível o comunicado em língua chinesa, o que obrigou este jornal a recorrer a uma tradução não profissional. O IACM esclareceu entretanto ao HM que devido a “problemas técnicos” não houve uma tradução oficial em tempo útil 
20 Jul 2018

Canídromo | Yat Yuen arrisca pagar entre 13 e 65 milhões de patacas em multas

O Executivo está preparado para multar a empresa responsável pelo Canídromo por abandono de animais. A sanção vai de 20 mil a 100 mil patacas, por abandono, e poderá resultar num total entre 13 e 65 milhões de patacas, caso os cerca de 650 galgos ainda estejam no terreno no sábado

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo endureceu ontem o discurso contra a Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) e admite estar preparado para impor sanções à empresa, que tem como directora-executiva a deputada Angela Leong. O vice-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Lei Wai Nong, disse mesmo que o Governo está preparado para impor as sanções necessárias.

“O IACM, como responsável pelo terreno depois de 20 Julho, vai interferir e proporcionar tempo necessário para que as pessoas adoptem os galgos. Se houver galgos no Canídromo, quando recuperarmos o terreno, vamos actuar de acordo com a lei e instaurar os processos necessários”, afirmou o responsável.

“Primeiro quero dizer que não é uma coisa que gostasse de ver, temos de tomar conta dos animais. Se a companhia violar alguma lei tem de assumir as suas responsabilidades”, acrescentou. “Se na altura houver galgos abandonados, vamos tomar medidas e conta deles. Mas a companhia Yat Yuen não tem desculpa nenhuma para não assumir as suas responsabilidades”, frisou.

Multas por abandono

Segundo Lei Wai Nong, o facto da companhia deixar os cães no Canídromo após o dia de amanhã poderá ser considerado abandono. Nesse caso, segundo a lei de protecção dos animais, está definido como penalização uma multa que vai das 20 mil às 100 mil patacas. Se as autoridades considerarem que há um abandono por cada cão deixado para trás, e tendo em conta que estão no Canídromo cerca de 650 cães, então a companhia poderá ter de pagar entre 13 milhões e 65 milhões de patacas. Segundo a lei, no caso das infracções serem cometidas pela empresa, os administradores podem ser chamados a assumir parte do pagamento.

Amanhã é o prazo limite para a empresa tirar os cães do Canídromo. No entanto, até o afinal de ontem ainda não era conhecido qualquer plano ou possível destino para os animais. Também o Governo revelou que não vai aceitar a possibilidade dos galgos serem levados para o Jóquei Clube de Macau. A explicação foi dado por Paulo Martins Chan, director da Direcção de Inspecções e Coordenação de Jogos.

“O pedido para a realocação dos galgos devia ter sido feita pelo Jóquei Clube de Macau, mas até agora não há nenhum pedido. Também o contrato de concessão de corridas de cavalos só permite o uso do terreno para restaurantes, diversificação, divertimento e outros, não inclui este tratamento [guardar galgos]”, explicou o director da DICJ.

Neste momento, as opções da Yat Yuen, que teve dois anos para trabalhar num plano para os galgos, começam a ficar limitadas. Até porque o destino dos animais terá de ter a aprovação do IACM. “O local para onde os cães forem levados tem de ter as condições necessárias”, avisou Lei Wai Nong.

Canídromo em desespero

Para Albano Martins, presidente da ANIMA, o Governo está a deixar a empresa sem opções, depois de dois anos à espera de um plano para o futuro dos galgos. O dirigente associativo considera que os galgos ficarem à responsabilidade do IACM é uma boa notícia.

“O Governo tem falado de forma meio abstracta e não é fácil fazer uma leitura, mas parece-me que o Governo quer encurralar o Canídromo a ponto deles não poderem sair de lá com os cães”, afirmou Albano Martins, ao HM.

“Se for o Governo a ficar com os cães não é uma má solução, acredito que eles fiquem em melhor situações. Talvez no início haja problemas porque não é fácil arranjar tanta gente para tratar de cerca de 650 animais, mas depois de um mês as coisas vão estar melhores”, defendeu.

O presidente da ANIMA considerou também que a proprietária Angela Leong devia levar os gestores da empresa a tribunal, por gestão danosa: “O Canídromo está em desespero. Se eu fosse a Angela Leong, que não sabe nada do negócio e se limitou a confiar aquilo a um conjunto de indivíduos, processava toda essa gente por gestão danosa”, referiu. “Essas pessoas [gestores] estão a criar conflitos desnecessários com a sociedade, a criar custos desnecessários para a empresa, quando podia ter resolvido tudo de forma mais saudável em termos financeiros e da própria imagem junto da comunidade”, sublinhou.

 

Associações pedem ao Governo para tomar conta dos galgos

Nove associações da protecção dos animais entregaram ontem uma carta no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais a exigir ao Governo que assuma o destino dos cerca 650 galgos que estão no Canídromo. Entre as associações presentes estiveram a Masdaw – Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau, Associação Protectora para os Cães Vadios de Macau, Long Long Volunteers Group, Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, Long Long Animals Asylum Home, entre outras. 

“O nosso objectivo é impedir a exportação destes cães para locais fora de Macau onde não se protegem os animais. O IACM e a Companhia de Corridas de Galgos de Macau estão a demorar muito a resolver a situação e já estamos a aproximar-nos do dia 21 [data em que o Governo recupera o terreno Canídromo]”, disse Fernando Carvalho, presidente substituto da Masdaw.

“Para nós, a solução ideal era que os animais fosse todos adoptados, e que enquanto se aguarda por isso que o Governo tome conta dos animais”, acrescentou.

Na carta entregue ontem foi sugerido que o Governo aproveitasse a plataforma da ANIMA, que tem uma lista com potenciais adoptantes. “A ANIMA apresentou uma solução viável que poderá ser utilizada, visto que conseguiram uma plataforma com 600 e tal adoptantes. As nove associações podem colaborar nesse processo, com o Governo e a ANIMA, e talvez essa fosse a melhor solução”, apontou Fernando Carvalho.

Na entrega da petição esteve também o deputado da Associação Novo Macau, Sulu Sou: “A exigência das associações é a de que a empresa Yat Yuen tem grandes responsabilidades e deve assumi-las. Houve tempo para a empresa apresentar uma boa proposta, mas até agora não conseguiram apresentar uma proposta aceitável”, sublinhou o legislador.

ANIMA de fora

A carta entregue ontem não contou com a presença nem assinatura da ANIMA, apesar da sociedade protectora dos animais se identificar com o conteúdo. Em causa esteve o facto de Sulu Sou ter participado no evento.

“A Anima foi convidada a assinar a petição, mas recusou. Não está em causa o conteúdo e vamos enviar uma carta ao IACM a dizer que concordamos com o conteúdo. Mas não assinamos porque está assinada por um político”, disse Albano Martins, presidente da ANIMA, ao HM.

“Não está em causa o valor do político, mas nós não nos envolvemos em actividades que possam ser vistas como propaganda política. Isso viola o nosso código de ética”, explicou. “Mas a ANIMA vai cooperar com todas essas associações e com o Governo, no sentido de encontrar a melhor forma de saída para estes animais”, frisou.

19 Jul 2018

Canídromo | Galgo morre de ataque cardíaco dez horas após ser adoptado

O jornal Exmoo News noticiou ontem a morte de um galgo proveniente do Canídromo apenas dez horas depois de ter sido adoptado. Stanley Lei, director-executivo da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, afasta responsabilidades da empresa, afirmando que o adoptante não transportou o cão como devia

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s imagens são chocantes e mostram um galgo em sofrimento à beira da morte, com muito sangue espalhado pelo chão. A notícia do falecimento de um cão adoptado do Canídromo, apenas dez horas depois do processo de adopção ter sido concluído, foi publicada ontem pelo jornal chinês Exmoo News e difundida nas redes sociais.

Albano Martins, presidente da Sociedade de Protecção dos Animais de Macau (ANIMA), contou ao HM o que aconteceu com este animal. “Esse galgo foi adoptado pelo mesmo adoptante que ficou com outro cão que tinha um problema nas patas. O que aconteceu foi que esse animal foi transportado do Canídromo para a Areia Preta em condições que lhe provocaram um ataque cardíaco. Teve falta de ar e insolação, não se sabe se o cão foi levado dentro de um carro com pouca ventilação ou pela mão de alguém. Esses animais são muito sensíveis a esse tipo de coisas.”

O presidente da ANIMA revelou ter em sua posse “fotografias em que se nota perfeitamente que o animal tinha a boca aberta e que queria respirar [e não conseguia]”. “O que se pode dizer é que o animal teve um ataque cardíaco que lhe provocou diarreia com sangue. A maior parte dos animais que têm vindo do Canídromo têm problemas complicados de saúde. Já no passado tinham problemas de diabetes, agora saem animais com pernas e clavículas fracturadas.”

Outro cão adoptado pela mesma pessoa também tinha sinais de que poderia sofrer um ataque cardíaco a qualquer momento. “Tinha sinais no corpo, que já desapareceram, mas que indicavam que estava em riscos de ter um ataque cardíaco também. Isso foi-nos dito pelo veterinário que mostrou as mazelas que ele tinha.”

Canídromo afasta responsabilidades

Ao jornal Exmoo News, o adoptante confessou que, aquando da saída do animal das instalações do Canídromo, no Fai Chi Kei, o veterinário lhe garantiu que o galgo estava bem de saúde. Ao HM, Stanley Lei, director-executivo da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, quis deixar bem claro que o Canídromo nada teve a ver com esta morte.

“Estamos atentos a esse assunto e todos os animais que são adoptados são consultados pelo nosso veterinário e também do IACM. Disseram-me que o novo dono não transportou o animal de acordo com as regras e manteve o animal debaixo de sol por um longo período de tempo. Eu próprio não li a notícia, mas falaram-me deste caso.”

Stanley Lei não quis dar mais detalhes sobre o novo plano quanto ao futuro dos galgos, depois do chumbo da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Mas adiantou que, no processo de adopções, tudo tem sido feito em parceria com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

“Não podemos dar nenhum cão para adopção sem que se faça uma análise às condições de saúde do animal. Temos o registo de saúde, é tudo verificado por um veterinário. Não trabalhamos de forma separada, e todos os cães foram avaliados por nós de forma apropriada”, frisou ao HM.

Albano Martins mantém a sua versão bem diferente dos acontecimentos e defende que os galgos nunca foram bem tratados no Canídromo, ao contrário do que sempre afirmou Angela Leong, deputada, directora-executiva e co-presidente da Sociedade de Jogos de Macau, além de directora-geral da Yat Yuen.

“Haverá montanhas de cães no Canídromo que estão num estado lastimoso de saúde. Estes cães vêm com carraças agarradas e pulgas. Vêm sem pêlos nas coxas, o que significa que dormiram no chão no Verão e Inverno. Nunca tiveram um sítio para dormir em condições e dormiram em cima de fezes e urina. Eles nunca cuidaram dos animais”, rematou.

17 Jul 2018

Galgos | Yat Yuen pediu mais 120 dias à DICJ para ocupar canil do Canídromo

A Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen pediu à Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos mais 120 dias para continuar a usar a área do canil do Canídromo e ainda o uso das cavalariças do Macau Jockey Club para colocar os galgos que ainda não foram adoptados

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] terceiro plano para garantir o futuro dos galgos do Canídromo foi entregue à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), mas ainda não foi desta que se chegou a uma conclusão do caso. De acordo com um comunicado ontem emitido, a Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen pediu mais 120 dias para continuar a usar a área do canil do Canídromo, ainda que o prazo estabelecido pelo Governo para a utilização do terreno termine no próximo dia 21 deste mês. É de realçar que a concessionária sabe desde 2016 que teria de abandonar o espaço e dar um destino aos animais.

A empresa garantiu “que irá concluir os processos de realojamento dos galgos e de saída do Canídrimo dentro do mesmo prazo”. Foi também pedido à DICJ que “seja autorizada a ocupação, de forma provisória, das cavalariças desocupadas da Companhia de Corridas de Cavalos de Macau [Macau Jockey Club], para colocar os galgos até os mesmos serem adoptados”.

Recorde-se que os dois últimos planos entregues pela Yat Yuen incluíam um pedido de prorrogação do prazo de utilização do terreno onde funciona o Canídromo. Contudo, ambos foram chumbados pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).

A DICJ optou por não assumir nenhuma posição relativamente ao terceiro plano apresentado pela Yat Yuen. “Considerando que, depois de 20 de Julho, o aproveitamento do terreno onde se encontra a companhia deixará de incidir sobre as actividades no âmbito da exploração das corridas de galgos, e atendendo que a fiscalização da gestão e aproveitamento do terreno não é da competência da DICJ, o referido pedido será reencaminhado para os serviços competentes”, lê-se no comunicado.

A mesma entidade também não dá uma resposta concreta quanto à possibilidade de colocar os galgos nas cavalariças, passando a bola para a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. “O pedido deve ser apresentado [pelo Macau Jockey Club] junto dos serviços competentes pela fiscalização e aproveitamento do terreno, tendo em conta a alteração da finalidade do terreno em questão. É ainda necessário a autorização dos serviços competentes no âmbito da protecção e gestão animal para que esta Direcção de Serviços possa fazer a apreciação do pedido em causa.”

“Todos lavam as mãos”

Para Albano Martins, presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), o Chefe do Executivo, Chui Sai On, deveria reunir com todos os secretários envolvidos nesta questão, tais como Sónia Chan (IACM), Raimundo do Rosário (terrenos do Canídromo e Macau Jockey Club) e Lionel Leong (DICJ).

“Não é possível que o Governo não assuma a responsabilidade. Basta o Chefe do Executivo reunir com os secretários e não decidir por baixo. O Governo é muito ineficiente para tomar uma decisão. Caso contrário chega-se ao final do mês e ainda não se sabe qual é a situação dos animais”, adiantou ao HM.

Sobre o facto da Yat Yuen ter recorrido à DICJ depois de um longo período de negociação com o IACM, Albano Martins considera essa posição “no mínimo, indelicada”. “Se fosse o IACM não gostaria nada de saber que isso aconteceu. É uma falta de respeito e de educação. A DICJ não tem nenhuma responsabilidade quanto ao bem-estar animal”, rematou.

O HM questionou o advogado Sérgio de Almeida Correia sobre uma eventual ilegalidade cometida pela Yat Yuen na entrega de um plano desta natureza à DICJ, mas este disse apenas considerar “estranho [o pedido de prolongamento do prazo], porque a terra tem um valor]”.

“Se eu pedir ao senhorio para ficar mais 120 dias num apartamento que me tenha arrendado, de certeza que ele me pede para arranjar alternativas ou então vai-me cobrar. Faz-me confusão como é que essa empresa, depois de ter desrespeitado todos os prazos que lhe foram dados pelo Governo e de pura e simplesmente não ter tratado de resolver o que tinha a resolver a tempo e horas, ainda se permite fazer propostas desta natureza. Para mim isso é de quem não tem vergonha na cara. Mas depois de tudo o que aconteceu com o Macau Jockey Club e aquela prorrogação de concessão, tudo é possível”, concluiu.

 

Galgos | IACM simplifica acordo com Hong Kong para inspecção sanitária

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) estabeleceu um acordo com o Agriculture, Fisheries e Conservation Department (AFCD) de Hong Kong sobre “a aplicação de medidas especiais de inspecção sanitária aos galgos na importação em Hong Kong, para ajudar os residentes de Hong Kong na adopção destes animais”. Contudo, e de acordo com o comunicado ontem divulgado, “não deu entrada no IACM, até à data, nenhum pedido de emissão de certificado sanitário para a exportação de galgos”.

O acordo que foi assinado especificamente para os galgos foi selado depois de uma visita in loco das autoridades ao Canídromo “e ao procedimento de inspecção sanitária para efeitos de exportação”. Tanto Macau como Hong Kong “chegaram a acordo sobre a disposição especial para os galgos, ajustando de forma científica os requisitos para inspecção sanitária, de forma a encurtar o período de quarentena após a chegada destes animais a Hong Kong”.

Actualmente, o período de espera para este período de quarentena, não inferior a 120 dias, é de quatro a cinco meses, sendo que os animais não podem entrar no território vizinho sem respeitar esta regra. Neste sentido, “o IACM e o AFCD procederam à avaliação de riscos sobre a simplificação dos trâmites da inspecção sanitária relativa aos galgos de Macau aquando da sua chegada a Hong Kong”.

12 Jul 2018

Canídromo | Plano sobre o futuro dos galgos entregue à DICJ

Após dois chumbos, era esperado que fosse o organismo liderado por José Tavares a receber mais uma proposta sobre o futuro dos galgos. No entanto, e apesar do IACM ter recebido uma cópia, o novo projecto seguiu aos cuidados de Paulo Martins Chan, director da DICJ

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m vez de entregar o plano sobre o futuro dos galgos ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) apresentou os documentos à Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos (DICJ). A situação foi dada a conhecer pelo IACM, que confirmou ter recebido uma cópia do documento que vai ser analisado pela DICJ.

Segundo o HM conseguiu apurar, o plano apenas vai ser analisado durante a manhã de hoje. Contudo, em cima da mesa da Paulo Martins Chan estará um pedido por parte da Yat Yuen para levar os galgos para o Macau Jockey Club, depois de 21 de Julho, altura em que o Canídromo tem de ser desocupado.

O HM tentou obter uma posição do Canídromo, que apenas confirmou a entrega do plano, sem especificar o departamento a que tinha sido entregue o plano: “A informação vai ser analisada pelo Governo, que depois tomará as posições que considerar relevantes”, afirmou Stanley Lei, director-executivo da Yat Yuen.

A entrega do plano sobre o futuro dos galgos ao DICJ em vez do IACM não era esperada, até porque os dois planos anteriores apresentados pela empresa tinham sido dirigido aos IACM. Também o pedido para a entrega de um terceiro plano tinha partido do organismo liderado por José Tavares. Ontem era a data limite para a entrega do plano, segundo as exigências do IACM, com a data de 2 de Julho.

No entanto, e apesar da confirmação da recepção dos documentos, os departamentos governamentais não quiseram tomar posições durante o dia de ontem. As explicações apenas deverão ser avançadas ao longo de hoje.

Quarentena facilitada

Também ontem ficou a saber-se que as autoridades de Macau e Hong Kong assinaram um acordo que permite criar um regime especial de importação de galgos para a região vizinha. A revelação foi feita pelo Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação (AFCD, na sigla inglesa) da região vizinha e permite que parte da quarentena dos galgos seja feita já em casa dos adoptantes.

Segundo o regime actual, os animais importados do exterior precisam ficar durante 120 dias nos centros de quarentena de Hong Kong. Porém, com esta alteração especial, vai ser possível que os animais, caso tenham todas as vacinas exigidas em dia e passem os exames de saúde, permaneçam 30 dos 120 dias em casa dos adoptantes. Antes disso, têm de permanecer 90 dias em Macau de quarentema, podendo este período ser passado em lojas e hotéis, entre outros locais.

A medida foi feita a pensar no encerramento da pista de corridas de Macau, que vai ser desocupado a 21 de Julho: “Como o Canídromo vai encerrar no dia 21 de Julho, o cumprimento dos procedimentos actuais para as pessoas que queiram adoptar os cães torna-se impraticável, devido à falta de tempo”, explicou um porta-voz da AFCD, citado pelo South China Morning Post.

Peta Asia implora a Chui Sai On

A representação asiática da associação de protecção dos animais PETA – People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) criou uma carta modelo a implorar a Chui Sai On que entregue os galgos à Anima. Através do portal da associação, as pessoas podem assinar e enviar a mensagem de correio electrónico que será depois enviada para o Governo de Macau.

11 Jul 2018

Canídromo | Angela Leong diz que é entregue hoje plano para o futuro dos galgos

A Yat Yuen vai entregar hoje, pela terceira vez, um plano para o futuro dos galgos. Ontem, a directora-executiva não quis revelar o destino dos animais, mas garante que o Canídromo cumpriu sempre as suas responsabilidades perante os animais e os empregados

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Canídromo vai entregar hoje o plano sobre o futuro dos Galgos ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. A garantia foi deixada ontem por Angela Leong, directora-executiva da Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen), que considerou a possibilidade dos animais serem levados para um terreno no Interior da China especulação dos jornalistas.

“Amanhã [hoje] o Governo vai ter o nosso plano. Mais tarde vamos divulgar as informações sobre a nossa resposta [ao Governo]. Também o Executivo vai divulgar as informações. Acredito que assim que as informações forem divulgadas que as pessoas terão o conhecimento sobre o futuro dos galgos e a vida que vão levar assim que deixarem de correr”, disse Angela Leong, quando questionada sobre a possibilidade dos cães serem levados para o outro lado da fronteira.

Apesar da insistência face ao transporte dos galgos para um alegado terreno do Canídromo no Interior da China, a directora-executiva afirmou que não passa de especulação dos jornalistas.

“Isso é especulação. Os galgos já vivem em Macau há muitos anos. Como é que lhes podemos oferecer um bom ambiente para a vida depois de se retirarem? A resposta vai ser dada amanhã [hoje], depois da entrega do plano e das informações serem divulgadas”, reiterou.

No domingo, oito grupos de protecção dos animais realizaram uma conferência de imprensa conjunta a pedir que os galgos não sejam transportados para o Continente. Angela Leong optou por deixar as associações em causa sem qualquer tipo de resposta.

“Quer sejam os grupos em defensa da protecção dos animais, o Canídromo, os indivíduos que amam cães, ou as pessoas do exterior… todos têm a sua opinião. Os jornalistas também têm uma opinião. Por isso, não vou responder às opiniões”, justificou. “As pessoas têm a sua liberdade e nós temos assumido as nossas responsabilidades pelos galgos e pelos funcionários”, garantiu.

Adopções disponíveis

A também deputada, que falou com os jornalistas à margem de um encontro de uma comissão na Assembleia Legislativa, aproveitou igualmente para negar que já não fosse possível entregar fichas de adopção de galgos junto do Canídromo.

“Ouvi dizer que as adopções só estavam disponíveis durante os três dias que realizámos para esse efeito. Quero esclarecer que isso não é verdade. Continuamos a aceitar pedidos de adopção”, frisou.

Com o plano que será entregue hoje, este vai ser o terceiro documento que a Yat Yuen entrega ao Governo relativo ao destino dos galgos. Os dois projectos anteriores foram recusados pelo IACM, que exigiu um novo plano.

A Yat Yuen tem até dia 21 deste mês para deixar as instalações do Canídromo e, de acordo com os dados da ANIMA, a empresa deverá ter na sua posse cerca de 650 galgos.

10 Jul 2018

Canídromo | Oito associações contra envio de galgos para o Interior da China

Nem mais um cão para o outro lado da fronteira. Com a aproximação da data de encerramento do Canídromo, a 21 de Julho, são cada vez mais as associações que vêm a público pedir que o Governo arranje uma solução para o problema e que os galgos não sejam enviados para o Continente

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ito associações de protecção dos direitos dos animais juntaram-se para pedir ao Governo que impeça que os galgos do Canídromo sejam levados para o Interior da China. Numa conferência de imprensa realizada ontem, que contou com a presença do deputado Sulu Sou, as associações sublinharam também a necessidade de esterilizar os animais para impedir que sejam utilizados apenas para procriação.

“Estamos muito preocupados com a possibilidade dos cães irem para o Interior da China. O envio de galgos para o Continente não é uma solução nem deveria estar a ser considerado. No Interior da China não há uma protecção total dos direitos dos animais, há festivais para comer cães, há lutas ilegais, entre outras situações “, disse Xenia Estorninho, voluntária da Long Long Animals Asylum Home, ao HM.

“Se os cães forem para o Interior da China vai ser um pesadelo. Todos sabemos isso. É desta maneira que Macau trata os animais? Não devíamos estar apenas a pensar no dinheiro quando lidamos com esta questão”, acrescentou.

Na conferência de imprensa estiveram representantes de sete das oito associações, incluindo da Associação Protectora para os Cães Vadios de Macau, Long Long Volunteers Group, Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, Long Long Animals Asylum Home, Dandelion Animal Protect Association Macau, Macau Animal Welfare Association e Macao Volunteer Association of Furry that wish a family — Furmily. As associações enviaram ainda cartas para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a 6 de Julho, a pedir que os cães não sejam enviados para o outro lado da fronteira e que o Governo se empenhe para encontrar outra solução que respeite o espírito da lei de protecção de animais.

“Não se percebe toda esta situação. O Canídromo já sabia que ia ter de encerrar há cerca de três anos. Mas estão a lidar com tudo à presa, mesmo os dias de adopção foram feitos à pressa. Não se percebe como é que lidam com esta questão de forma tão pouco séria”, considerou ainda a voluntária.

Quanto mais fala…

O deputado Sulu Sou foi um dos presentes na ocasião e também juntou a voz aos que estão preocupados com os destinos dos galgos.

“A empresa Yat Yuen teve mais de dois anos para preparar o plano para o futuro dos galgos e o que se está a passar é consequência da falta de acção deles. O IACM já devia ter definido um plano, uma vez que o da empresa não foi aprovado, com uma solução” disse Sulu Sou, ao HM.

“O Governo tem de assumir as suas responsabilidades. Na minha perspectiva o IACM devia manter os galgos, dentro do Canídromo, depois de 21 de Julho até encontrar uma solução. Mas claro que a empresa devia pagar as despesas”, frisou.

Sulu Sou criticou igualmente a postura evasiva de Angela Leong, directora executiva da empresa responsável pelos Galgos. Na sexta-feira, na Assembleia Legislativa, a deputada tinha dito que não queria responder a perguntas sobre o Canídromo porque levantam “questões inoportunas”.

“É normal que [Angela Leong] não responda às dúvidas que existem porque sempre que fala, as pessoas ficam ainda mais confusas com a posição da empresa Yat Yuen”, atirou.

9 Jul 2018

ANIMA | Contrabando é a única hipótese para venda de galgos no continente

Há lojas no interior da China a vender galgos de Macau, noticiou o Jornal Tribuna de Macau. Albano Martins, presidente da ANIMA, acredita que, se os animais forem de facto da RAEM, só podem ter sido contrabandeados. Entretanto, Delfina To Sok I, do conselho de administração do IACM, disse que o Governo nada pode fazer antes do dia 21 de Julho, data em que Yat Yuen tem de abandonar o terreno

 

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma situação pouco clara que deixa muitas dúvidas ao presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano Martins. O Jornal Tribuna de Macau noticiou ontem que há lojas de animais da China a vender galgos, alegadamente oriundos de Macau, por milhares de renmimbis, dependendo da condição dos animais. Só uma loja diz ter na sua posse 23 galgos, mas não explicou como obteve.

Em declarações ao HM, o presidente da ANIMA garante que podemos estar perante um caso de contrabando. “O número de galgos que está a ser colocado à venda é maior do que o número que foi avançado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), relativo às pessoas do continente que tinham adoptado, apenas 15. Se eles saíram para a China, saíram sem licença de importação, de certeza absoluta, e terão sido contrabandeados. Os galgos podem também estar a ser vendidos como se fossem de Macau e serem da China. A última hipótese é que podem estar a vender galgos que ainda não chegaram ao continente.”

Albano Martins defende, contudo, que estamos perante “uma situação muito confusa”. “Os cães não deviam lá estar, porque é preciso uma licença de importação que não é dada a animais que sejam de estimação, como galgos. Se é verdade [a venda de galgos de Macau], significa que os animais foram contrabandeados, porque não há autorização de entrada desses animais como sendo de estimação”.

Na visão do presidente da ANIMA, as autoridades deveriam verificar já o verdadeiro paradeiro dos galgos que estão a ser anunciados para venda online, apesar do IACM ter anunciado que, até ao próximo dia 21, nada pode fazer em relação aos animais, que são propriedade do Canídromo até essa data.

“Era importante saber que animais são, para saber como é que eles saíram de Macau. Mesmo que um adoptante tenha vendido a outra pessoa, as autoridades podem tentar chegar ao traficante. É muito simples de apanhar, a não ser que o Canídromo tenha dado animais fora desse controlo.”

IACM desconhece transfusões

Ontem, à margem de uma reunião da Assembleia Legislativa (AL), Delfina To Sok I, membro do conselho de administração do IACM, adiantou que as autoridades desconhecem os casos de galgos que terão sido usados para transfusões de sangue em clínicas veterinárias.

“Não temos dados sobre a utilização dos animais para procriação, nem para transfusões. Talvez os forneçamos mais tarde”, disse apenas. Apesar disso, o Canídromo chegou a ser alvo de uma inspecção sobre a possibilidade de se realizar procriação com galgos. “Desde que entrou em vigor a lei da protecção dos animais que temos inspeccionado não só o Canídromo como todos os locais em Macau. Fomos lá fazer inspecções”, frisou Delfina To Sok I.

“Neste momento, a responsabilidade de escolher o destino dos cães e o proprietário é do Canídromo. Neste momento, não devemos ter grande intervenção. Só vamos intervir a partir de 21 de Julho, que é o momento da caducidade do contrato da concessão. Só aí é que vamos poder falar sobre o aspecto”, acrescentou a responsável do IACM, que deixou bem claro que não há qualquer margem de manobra para a extensão do contrato de concessão do terreno.

Uma farsa

A denúncia de que há galgos à venda na China partiu da deputada Agnes Lam, que já entregou uma interpelação escrita a pedir a intervenção do Governo sobre o futuro dos animais. A administradora do IACM garantiu que há soluções pensadas mas que não podem ainda ser divulgadas publicamente.

Entretanto, o Canídromo disse que recebeu 127 pedidos de adopção, o que, para Albano Martins, é prova de que os 650 formulários entregues pela ANIMA foram ignorados.

“Isto deixa muito mal o Canídromo nesta fase final e só vem confirmar que não é uma entidade suficientemente responsável para conduzir esta campanha até ao fim em prol dos animais. Também deixa mal as autoridades de Macau, que não controlam nada e deixam fazer exactamente o que querem. Ainda por cima anunciam online que vão vender animais de Macau num número bastante superior aos animais que saíram. Isso significa que aquela adopção foi mesmo uma farsa”, concluiu Albano Martins.

5 Jul 2018

Canídromo | IACM exige novo plano para galgos que não foram adoptados

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais quer que o Canídromo apresente até à próxima terça-feira um plano para a recepção dos galgos que ainda não foram adoptados. No passado domingo, último dia de funcionamento das instalações, foram adoptados 87 animais

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] processo de adopções de galgos levado a cabo por Canidromo ainda não está definitivamente encerrado. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) emitiu ontem um comunicado a pedir a elaboração de um plano para o acolhimento dos animais que ainda não foram adoptados até ao próximo dia 10 de Julho, terça-feira.

“O IACM oficiou novamente hoje [ontem] a Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen), pedindo-lhe que apresente, por escrito, até 10 de Julho, o plano de realojamento dos galgos do Canídromo ainda não adoptados após a sua saída das instalações.”

O Governo acredita que até ao próximo dia 21 de Julho a empresa, cuja directora-geral é a empresária Angela Leong, terá tempo suficiente para concluir todo o processo.

“Em 2016 o Governo da RAEM divulgou e notificou a empresa sobre a decisão da desocupação do Canídromo até ao dia 21 de Julho do corrente ano, devendo esta ter tempo suficiente para realojar os galgos. O IACM irá acompanhar de forma contínua a situação.”

O IACM exige ainda que a Yat Yuen cumpra a lei de protecção dos animais. “Enquanto entidade competente pela fiscalização do cumprimento da lei de protecção dos animais, o IACM salienta que não apoia que qualquer empresa ou indivíduo desista de criar os seus cães ou outros animais de estimação. A Yat Yuen deve cumprir a lei de maneira a que todos os galgos possam ser realojados ou adoptados de forma adequada, assumindo as responsabilidades e obrigações que uma empresa deve cumprir.”

Caso haja abandono de galgos após a adopção, o IACM promete aplicar as devidas sanções. “O IACM irá autuar, nos termos da lei, todos aqueles que abandonem os seus animais em violação da Lei de Protecção dos Animais, fazendo incorrê-los na responsabilidade legal e reivindicar todos os custos eventualmente resultantes.”

Conhecer a história

De acordo com o jornal Ou Mun, a actividade de adopção de galgos, que teve lugar este domingo, contou com a participação de mil pessoas, tendo sido adoptados 87 galgos além dos 50 que já tinham sido contabilizados. Chris Kuong, representante da Yat Yuen, disse ao jornal de língua chinesa que será realizada ainda este mês mais uma actividade no Canídromo que não está ligada com apostas, mas que pretende dar a conhecer a história do local.

O mesmo responsável garantiu que a Yat Yuen tem um plano, que será divulgado em breve no website oficial e aos jornalistas. Chris Kuong garantiu que os galgos que estão por adoptar não serão abatidos.

3 Jul 2018

Galgos | Centenas de pessoas acorreram ao dia aberto para adopção

Sábado foi o último dia de corridas no canídromo de Macau. Logo no dia seguinte, o local abriu portas à campanha de adopção dos cerca de 650 galgos propriedade da Yat Yuen. A chuva não desmotivou os interessados que receiam que estes animais acabem por ir parar o continente onde podem ser abatidos ou voltar às corridas

[dropcap style≠’circle’]À[/dropcap]s três da tarde de ontem o canídromo já estava de portas abertas para receber os possíveis interessados em adoptar os galgos que na véspera participaram nas derradeiras corridas no território.
De guarda-chuva na mão as filas para tratar dos procedimentos necessários ao acolhimento de um destes animais eram crescentes. O mote era comum a quem ali se dirigiu: salvar estes animais, essencialmente de uma ida sem retorno para o continente.
À espera de ver os cães estava, vinda de Hong Kong, Helen Chan, de 45 anos. Voluntária em associações que defendem os direitos dos animais e activista que chamou a si a missão de tirar animais da rua e que já possui nove cães e cinco gatos. No entanto, não é por isso que não terá espaço para um dos cães que estão para adopção.
“Não quero que estes animais venham a ser exportados para o continente”, disse ao HM. A razão, apontou, é o receio de que venham a ser consumidos em restaurantes ou que voltem às pistas de corridas de animais. “Poderia adoptar vários cães, mas de acordo com os regulamentos, cada pessoa só está autorizada a acolher um animal”, lamentou.
As regras do processo de adopção exigem que os cães fiquem em quarentena quando exportados para a região vizinha o que envolve uma espera alargada e gastos adicionais. A situação não assusta Chan que está disposta a dispender o tempo e o dinheiro necessários.
Depois do fecho do canídromo que considera “uma vitória”, a residente da região vizinha espera que exista uma maior cooperação entre os governos de Hong Kong e de Macau de modo a facilitar os processos de adopção. “Em Hong Kong estamos muito sensibilizados com a situação e queremos ajudar”, disse.
Helen Chan sugere a criação de uma campanha para angariação de fundos promovida pelas autoridades das regiões administrativas especiais de modo a facilitar o processo e ajudar nos custos inerentes aos quatro meses de quarentena e que podem ultrapassar os 10 mil dólares de Hong Kong.

Filas faseadas

À entrada do canídromo, no corredor que liga os ex-guichets de apostas à pista, estavam as fotografias dos cerca de 100 galgos que ontem foram “apresentados” para adopção.
À medida que iam vendo os animais, os interessados dirigiam-se à área onde os tratadores traziam uma dezena de cães de cada vez para interagirem com as pessoas que ali se encontravam. Os interessados prosseguiam com a recolha da ficha de identificação numérica do animal que tencionam adoptar para se deslocarem com os respectivos formulários ao departamento de ligação com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).
Com as folhas e os números na mão, estava Aida na companhia de três amigas. “Estou aqui para ajudar pelo menos um destes cães”, disse ao HM. Natural de Macau, Aida não sabe ainda se vai ficar com o cão definitivamente, mas, o mais importante, “é conseguir salvar pelo menos um”. “Quero levar um destes galgos para casa e depois se conseguir arranjar alguém para ficar com ele no futuro tudo bem, se não fico eu com ele”. Entretanto, responsabiliza-se pelos cuidados médicos necessários de forma a garantir o bem-estar do animal.

Interesses escondidos

Aida receia que existam outros interesses de quem se dirige ao canídromo para adoptar cães. “Já ouvi aqui hoje que estão cá pessoas que querem adoptar animais para que sejam exportados para a China continental. De acordo com a residente, “há rumores de que está aqui gente a discutir o valor dos cães para depois os venderem a interessados no continente”, revelou.
A jovem de 30 anos lamenta que o Governo local não tenha tomado atitudes mais cedo para garantir a protecção dos galgos do canídromo. “O Governo deu um ano à Yat Yuen para preparar a saída deste local e só agora é que estes dias abertos estão acontecer”, lamentou.
Para Aida todo este processo está a ser confuso por ser “improvisado”, apontou. “Deixam aqui entrar pessoas sem saber de onde vêem ou porque é que aqui estão. Não há qualquer fiscalização nestes processos de adopção” sublinhou.
De acordo com o representante do canídromo, Chris Kwong, no final do terceiro dia aberto, estima-se que tenham sido preenchidos cerca de 150 formulários para adopção. Entretanto, a empresa estará a fazer uma proposta para os galgos que não forem acolhidos sendo que para já não pode divulgar pormenores.

Mais que uma moda

Chow Hok Ching, treinador de cães de Hong Kong, veio ontem ao canídromo com o objectivo de informar as pessoas das responsabilidades em adoptar um animal de modo a prevenir abandonos no futuro. “Tenho muitos amigos que apoiam a adopção de galgos, mas não o podem fazer por neste momento ser uma moda”, disse ao HM. Para o treinador e defensor dos direitos dos animais, “as pessoas têm de considerar as suas condições residenciais, económicas e as opiniões da família, revelou. Por outro lado, Chow Hok Ching teme que os galgos do canídromo sejam transportados para o continente pelo que apela a uma fiscalização apertada dos processos de adopção por parte das autoridades locais.

2 Jul 2018

Canídromo | Espectadores com sentimentos distintos nas derradeiras corridas

Um sentimento misto domina as bancadas nas derradeiras corridas de galgos. Independentemente de serem a favor ou contra o fecho do Canídromo, tanto frequentadores regulares como espectadores estreantes aproveitam para guardar memórias de um espaço que, dentro de dias, vai desaparecer

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]eixaram de estar cheias há largos anos e hoje o cenário não é muito diferente mas, à medida que a contagem decrescente para o encerramento do Canídromo acelera, as bancadas deixaram de ser ocupadas praticamente em exclusivo por visitantes regulares. Diz quem frequenta que, nos últimos dias, o Canídromo tem sido bastante procurado por curiosos que não querem perder a oportunidade de ver uma corrida de galgos pela primeira – e potencialmente última – vez.
Ng, de 50 anos, vai ao Canídromo “há muito tempo” – tanto que nem arrisca precisar. As apostas também eram parte das habituais visitas nocturnas que fazia com amigos à Avenida do General Castelo Branco, mas não foi o entretenimento que o moveu na terça-feira. “Só vim para tirar fotografias”, explicou, enquanto aconchegava a máquina na mochila com diferentes tipos de lentes. Embora tenha sido frequentador regular, Ng entende que “as corridas de galgos já cumpriram a sua missão histórica”. “Não tenho um sentimento forte em relação ao fecho. Só quis vir agora fotografar para guardar as memórias”, afirmou.
Como Ng havia muitos fotógrafos, tanto junto ao pequeno picadeiro, onde os galgos, com trela, aguardam para entrar em acção, como colados à grade junto à pista em busca do melhor momento. Ao lado há espectadores, com os mais entusiastas a tirarem ‘selfies’ com os galgos como pano de fundo a desfilarem, em passo lento, pela pista a caminho da partida, equipados e numerados com coletes coloridos.
Já os jogadores, a maioria solitários, denunciados pelos recibos da aposta que têm na mão, preferem manter uma ligeira distância. É o caso de Lai que, na noite de terça-feira, gastou mil patacas. “Acho que é lamentável encerrarem o Canídromo”, afirmou o sexagenário de Hong Kong, enquanto dividia o olhar entre a pista e uma série de papéis. “Vinha muitas vezes, até cheguei a vir uma vez por semana. Vou ter saudades”, complementou, embora reconhecendo que a era dourada do Canídromo já lá vai. “Antes, na década de 1970, muita gente vinha assistir às corridas. As pessoas chegavam até ali”, sublinhou Lai, apontando, com um ar nostálgico, para uma tribuna fechada ao público.
Quem também veio de Hong Kong para se despedir da única pista de corridas de galgos da Ásia foi Tsang, de 82 anos. “Gostava que continuassem porque era uma forma de entretenimento. Eu costumava vir de vez em quando, agora vim de propósito com a minha mulher. Tenho pena que acabem”, partilhou. No balcão de apostas deixou “centenas de patacas no número quatro”, desvalorizando a superstição, até porque antes de investir “estudou bem o historial dos galgos” em prova.
Samson e Joe Chan, pai e filho, de 60 e 24 anos, respectivamente, também passam os olhos pela ‘ficha’ dos galgos, mas não apanharam o barco de Hong Kong para Macau para apostar. “Estou só a ver as informações, por exemplo, o peso ou a experiência dos cães”, explicou o jovem, pouco antes do arranque das corridas de terça-feira, as primeiras a que assistiu na vida.
“Trouxe-o porque ele está de férias da escola, queria mostrar-lhe como é”, explicou Samson. “Vim duas ou três vezes há muito tempo, mas lamento que o Canídromo encerre”, apontou, sentado ao lado do filho que o interrompe: “Estas corridas são raras no mundo”. Embora defendendo que “as corridas não deviam acabar, mas antes ser desenvolvidas ou melhoradas”, Samson mostrou preocupação com o bem-estar dos cães. “Antes havia mais tratadores por cada galgo e as condições de vida dos animais pioraram. Acho que também tem a ver com os donos [dos cães] e com a diminuição das receitas das corridas porque também atraem menos pessoas”, argumentou.

Memórias de infância

Elsa Wong e Sue Ng, de 46 e 50 anos, respectivamente, aproveitaram o intervalo das corridas para conversar com mais vagar. Embora também não sejam ‘habitués’, lastimam o encerramento do Canídromo. “Viemos só para recordar porque não voltávamos aqui desde que éramos pequenas”, sintetizou Sue Ng.
Para a amiga que a acompanha o fecho é especialmente “triste”. “O meu pai treinava cães e quando era criança costumava vir com ele. Guardo boas memórias”, realçou. Naturais de Macau, reconhecem, porém, que a libertação do terreno – com uma área estimada em 17 mil metros quadrados – pode ter “um impacto significativo para a vida da comunidade” se destinado nomeadamente para escolas.
Ao contrário dos vizinhos de bancada, as duas amigas relativizam as preocupações relativamente aos galgos: “Se eles não fossem bem tratados como é que estavam ali saudáveis e fortes a correr?”, questionou Elsa Wong. O futuro também não lhes suscita inquietação: “Não sei se podem sair de Macau, mas há muitos interessados em adoptá-los”.
Já para Fong, de 59 anos, é incompreensível que a Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) e o Governo estejam preocupados com o destino dos 650 cães só nesta altura do campeonato. “Deviam ter pensado antes. Sabe-se há muito tempo que o Canídromo vai fechar”, sustentou, referindo-se ao facto de o Executivo ter anunciado há dois anos que pretendia recuperar o terreno em causa.
Wong não é frequentador regular, mas conhece bem os cantos à casa. Embora tenham volvido quase 30 anos desde que ali trabalhou como funcionário destacado do Banco Tai Fung, então dirigido por Ho Yin, “pouco mudou”. “Só vim porque os meus filhos nunca tinham assistido a corridas antes”, contou, mostrando-se indiferente ao facto de o Canídromo ter os dias contados. “Não me desperta sentimento nenhum. É uma forma de entretenimento, mas as corridas de galgos não são, de facto, uma actividade muito construtiva”, argumentou, enfatizando também que o terreno pode oferecer melhores valências, como desportivas e educativas.

O espectador com fobia

Na terça-feira, pouco depois do início das corridas, estariam pouco mais de 100 pessoas a assistir, contas feitas por alto à área livre de circulação do recinto, às bancadas (do público em geral e a destinada aos sócios) e até ao restaurante. António (nome fictício) era, como descreve, um dos “meros espectadores”, mas destacava-se por ser o único rosto com traços ocidentais na assistência.
“Quis ver o que era, como era. Estou há 25 anos em Macau e nunca cá tinha estado”, apesar de até ter chegado a viver paredes meias com o Canídromo, diz o português, que falou sob a condição de anonimato.
“Nunca tive curiosidade. Sempre tive total desinteresse como a maior parte da comunidade portuguesa que nunca terá posto aqui os pés, mas agora entendi que devia vir”, sublinhou.
Foi, aliás, um esforço adicional, porque, curiosamente, sofre de cinofobia. “Tenho pavor de cães, tremo por todo o lado, embora esteja melhor do que há alguns anos”, contou António, sentado na fila mais afastada da pista, acompanhado pela namorada que, no entanto, não perdeu a oportunidade de ir espreitar os galgos mais de perto.
A António bastou uma corrida: “Nunca mais lá iria mesmo que continuasse aberto. Fiquei profundamente desiludido com o que vi. Está extraordinariamente degradado, sujo, decadente. Se é para estar assim, acho que, de facto, não vale a pena existir, mesmo que os animais tivessem uma vida de luxo”.

Tempos de glória

Francisco Manhão não estava nas corridas de terça-feira, mas tenciona voltar a assistir a uma antes de acabarem para sempre. A primeira vez que foi ao Canídromo remonta ao final da década de 1960. “Antigamente, era diferente. Ia com amigos da minha idade e gostávamos daquilo. Passávamos lá um bom bocado de tempo. Era divertido”. Naquela altura, apostavam duas patacas (hoje o mínimo são dez dólares de Hong Kong) por simples diversão para ver quem tinha tido o palpite certo.
Quando era jovem ia mais amiúde, mas ainda chegou a regressar noutras fases da vida. “Não me lembro da última vez que fui, mas é uma pena que feche”, afirmou, sem esconder as saudades de tempos, em que ir ao Canídromo “era muito animado”.
“As corridas foram aumentando, deixaram de ser só ao fim-de-semana, tinham diferentes distâncias, havia muita variedade. A uma certa altura até havia corridas com ‘handicap’, em que um galgo super bom concedia duas jardas [de avanço] para os restantes cinco”, exemplificou o macaense. O entusiasmo ganhava novo fôlego em dias especiais: “Havia também uma série de corridas que chamávamos de corrida da taça que aconteciam em períodos de festa como o Ano Novo Chinês.
“No tempo dos estrangeiros é que era bom”, atirou Francisco Manhão, explicando que, inicialmente, os treinadores dos galgos eram todos de fora. “Eles eram bons, sabiam lidar com os cães, mas depois foram sendo substituídos pelos adjuntos, que eram chineses de Macau, que foram aprendendo [o ofício], até porque ficava mais barato para a empresa”.
Entre a assistência “era muito raro” avistar ilustres personalidades da terra, mas tem presente a oferta de um galgo ao governador Nobre de Carvalho (1966-1974). “Lembro-me perfeitamente do nome do galgo: Pérola”. “Penso que o Canídromo tem a sua história não só desde 1963, porque antes, nos anos 1930, também chegou a haver corridas”, apontou o macaense. De facto, as corridas de galgos foram introduzidas no ano de 1932, por um grupo de chineses ultramarinos e americanos, mas acabariam por ser suspensas na sequência da guerra sino-japonesa, com a actividade a ser retomada apenas em 1963.
Era algo benéfico para Macau, mas se hoje em dia deixou de ser, porque ficou estagnado, a responsabilidade é da própria companhia”, criticou Francisco Manhão. “O Canídromo podia e devia ter feito mais”, insistiu, dando o exemplo das instalações, mantidas do mesmo modo há décadas. “Se tivessem feito melhorias talvez não acontecesse o que vai suceder agora”, sustentou o macaense.
Antes do encerramento, a 21 de Julho, Francisco Manhão planeia voltar ao recinto com um único propósito em mente: “Não sei qual é o último dia de corridas, mas gostaria de lá ir só para uma comprar o último livro do programa de corridas e fazer uma aposta. Espero não ganhar para poder guardar o bilhete para recordação”.

2 Jul 2018

Canídromo | Yat Yuen com prejuízos de 11 milhões de patacas em 2017

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos registou, em 2017, prejuízos líquidos de 10,9 milhões de patacas. O valor não surge discriminado no balanço financeiro da Yat Yuen, publicado ontem em Boletim Oficial, mas pode ser calculado através da diferença entre os resultados transitados de 2016 (535 milhões) e de 2017 (524 milhões).

No relatório da administração, que acompanha o balanço financeiro, a Yat Yuen afirma que “contribuiu e obteve muito sucesso junto da sociedade de Macau em vários aspectos”, indicando que “vai continuar a servir a sociedade de Macau no futuro, promovendo a diversificação e o desenvolvimento da sociedade para que Macau se torne num ‘Centro Mundial de Turismo e Lazer’.

A empresa, que integra o universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), que tem Angela Leong como administradora executiva, não diz, porém, como. Segundo a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), o estudo do plano de intervenção urbanística e aproveitamento do terreno, com uma área estimada em 17 mil metros quadrados, deve ser concluído em breve.

O estudo foi adjudicado em Abril de 2017, à CAA, Planeamento e Engenharia, Consultores Limitada por 1,45 milhões de patacas. A proposta da empresa, que tem como administrador o deputado Chui Sai Peng, seleccionada após consulta a mais quatro firmas, tinha um prazo de execução de 203 dias, ou seja, de sensivelmente sete meses.

28 Jun 2018

Canídromo | ANIMA entregou 650 pedidos de adopção de cães

A ANIMA entregou ontem de manhã no Canídromo os pedidos de adopção dos 650 galgos à guarda da Yat Yuen. Albano Martins espera que sejam todos aceites

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA entregou ontem de manhã, no Canídromo, pedidos de adopção para todos os galgos que se encontram no espaço. A entrega foi feita pelo presidente Albano Martins a três responsáveis da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen e a expectativa da associação é ver todos os pedidos aceites.

“Eles receberam as cópias, que já estão lá dentro [do Canídromo]. Agora é preciso saber o que vão fazer com os formulários, mas nós temos outras cópias dos documentos que foram entregues”, disse Albano Martins, minutos após a entrega. “A verdade é que não estava à espera que viessem cá fora e aceitassem os nossos processos. Alguma coisa está a mudar na cultura deles e estou feliz por isso”, acrescentou.

Sobre o número de processos que espera ver aprovados para adopção por parte da ANIMA e dos seus parceiros, o activista não teve dúvidas: “Estamos à espera que aprovem todos os 650 pedidos de adopção”, atirou.

“Não é fácil criar os mecanismos para a adopção dos animais devido ao procedimentos envolvidos e os tempos necessários para completar as adopções em outras regiões. O Canídromo não tem os contactos com associações que nós temos e podemos ajudá-los a arranjar adoptantes. Mas também precisamos de tempo”, clarificou o presidente da Associação. A ANIMA propõe que os animais continuem a ocupar o espaço durante mais um ano, tempo necessário para enviar os animais para fora de Macau. Reino Unido, França, Itália e Estados Unidos são vistos como os locais que maiores garantias oferecem para o bem-estar dos animais.

Apelo à paz

Por outro lado, Albano Martins expressou o desejo de ver o Canídromo cooperar no processo: “Espero que colaborem com a ANIMA. Nós não queremos entrar numa luta e eles não têm de perder a face só porque aceitam a nossa colaboração, até porque internacionalmente as pessoas vão aceitar a colaboração e esquecer o que aconteceu no passado”, apontou.

O responsável abordou também a recusa do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) de analisar os pedidos que originalmente tinham sido entregues ao Governo. “Não estava à espera que o IACM recusasse as nossas cartas, porque eles foram sempre um parceiro intermediário. Considerámos que iam aceitar. Mas a recusa também pode ter acontecido porque sabiam que o Canídromo ia aceitar alguns dos nossos pedidos”, sustentou.

Apesar da nega, Albano Martins mostrou confiar no IACM, que prometeu o auxílio técnico necessário na carta em que recusou os pedidos de adopção: “Não sei o que se entende pela ajuda técnica, mas acredito nele [José Tavares, presidente do IACM]”, apontou.

Ao mesmo tempo, Albano Martins destacou que a ANIMA é neste momento a organização que está em melhor posição para resolver a situação dos galgos, mas que está aberta a cooperação de todas as outras associações. “Nós temos bons parceiros internacionais e isso faz a diferença entre a ANIMA e as outra associações”, justificou.

A Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen tem até 21 de Julho para encerrar o Canídromo. A ANIMA defende que os animais devem permanecer durante mais um ano no espaço, para que possam ser adoptados.

 

Família devolveu galgo

Um dos galgos que foi adoptado na iniciativa levada a cabo pelo Canídromo no passado fim-de-semana já foi devolvido. A informação foi avançada pelo presidente da ANIMA. “Sabemos que foi devolvido um galgo ontem dos que tinham sido adoptados. A pessoa que adoptou o animal ficou muito preocupada porque o cão começou a estragar a mobília… É normal quando os animais são jovens. As pessoas precisam de se informar antes de adoptar”, disse Albano Martins. “Os nossos adoptantes são pessoas experientes. Temos pessoas que gostam de animais e que não adoptam para serem estrelas ou famosas e fazerem as fotos circular na imprensa e redes sociais”, frisou

 

Hong Kong pondera facilitar importação de cães

O Governo de Hong Kong iniciou conversações com a RAEM para estudar a viabilidade de adoptar medidas que facilitem a entrada de galgos vindos de Macau. A informação foi avançada pelo Departamento da Agricultura, Pescas e Conservação do Governo de Hong Kong, de acordo com o jornal Hong Kong Animal Post, após vários cidadãos terem demonstrado o desejo de adoptar galgos do Canídromo, que tem de encerrar até dia 21 de Julho.

Segundo os moldes actuais, para levarem um animal de Macau para Hong Kong, é exigido às pessoas que solicitem uma licença especial, entreguem o boletim de vacinas dos animais e que respeitem o período de quarentena. As autoridades entendem que os procedimentos têm feito com que alguns residentes se sintam desencorajados do processo devido à longa espera. Também por esse motivo acreditam que houve vários pedidos de esclarecimentos, mas que devido à morosidade do processo, ainda ninguém avançou com um processo concreto do pedido de autorização para trazer galgos.

Também de acordo com o portal HK01, Mark Mak, presidente da Non-Profit Making Veterinary Services Society, apontou que há cinco canis de Hong Kong que mostraram a vontade de acolher os galgos do Canídromo. Além disso, acha que o Governo de Macau deve estudar a hipótese de adiar a data de despejo da companhia uma vez que não existe urgência para demolir o Canídromo.

28 Jun 2018

Canídromo | Último dia de adopção de galgos no domingo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen anunciou que vai lançar no próximo domingo, dia 1, a derradeira actividade para adopção de galgos. A iniciativa vai decorrer entre as 15 e as 18 horas.

Os interessados em adoptar um galgo podem aceder com antecedência a informações relativamente aos cães no portal oficial do Canídromo e comunicar a intenção de adoptar junto da empresa. Num comunicado, publicado na segunda-feira, a empresa indicou que foram adoptados seis galgos na semana passada, sendo que, no domingo, quando foi realizada uma actividade idêntica, foram recebidos mais de 50 pedidos de adopção.

Relativamente ao hiato entre a manifestação de intenção e a adopção efectiva, o Canídromo justificou o prolongado tempo de espera com o facto de o número de interessados em adoptar galgos ter superado as expectativas da Yat Yuen.

27 Jun 2018

Estudo sobre aproveitamento do terreno do Canídromo pronto em breve

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] estudo do plano de intervenção urbanística e aproveitamento do terreno onde se encontra o Canídromo deve ser finalizado em breve. Essa é pelo menos a expectativa da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que prevê que esteja concluído “em meados do corrente ano”.

O estudo foi adjudicado, em Abril de 2017, à CAA, Planeamento e Engenharia, Consultores Limitada por 1,45 milhões de patacas. A proposta da empresa, que tem como administrador o deputado Chui Sai Peng, seleccionada após consulta a mais quatro firmas, tem um prazo de execução de 203 dias, ou seja, de sensivelmente sete meses.

Dado que volveu mais de um ano, o HM contactou a DSSOPT para saber desde quando começou a contar o prazo de execução. Em resposta, o organismo referiu que a contagem começou pouco depois, em concreto, a partir de 14 de Junho de 2017, mas que o prazo de execução de 203 dias exclui o período de aprovação.

A previsão da DSSOPT relativamente à conclusão do estudo surge numa resposta dada pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), no início do mês passado, a uma interpelação escrita da deputada Chan Hong. “De acordo com a concepção do projecto preliminar, o terreno em causa será destinado à construção de instalações públicas e equipamento social que contemple as funções desportivas e educacionais”, refere o director da DSEJ, Lou Pak Sang, reiterando que “procurar-se-á manter o Campo Desportivo do Canídromo e reajustar as instalações desportivas contíguas, de modo a aumentar a sua área”.

“A DSEJ tem estudado, de forma contínua e com uma visão de futuro, as estimativas e análises relativas às mudanças na taxa de natalidade e no número de alunos para, de acordo com estes dados, planear o desenvolvimento do sistema educativo, no sentido de assegurar o fornecimento suficiente de vagas escolares em todos os níveis de ensino”, argumenta o organismo.

Na resposta, a DSEJ diz ainda manter “comunicações com o departamento de planeamento durante o planeamento urbanístico relativamente aos terrenos reservados para fins educativos e ajudar as escolas a reconstruir, ampliar ou construir edifícios escolares, entre outros”.

Em Novembro último, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, revelou ter apresentado um plano para ocupar o espaço do Canídromo com quatro escolas, uma delas dedicada ao ensino especial.

26 Jun 2018

Canídromo | ANIMA denuncia saída de galgos sem esterilização

A Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA enviou uma carta ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais onde refere que a entrega de galgos para adopção foi feita “sem critério” e sem que os animais tenham sido esterilizados. Muitos foram levados por veterinários e donos de lojas, de Macau, Taiwan e China, com o objectivo de procriação

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] último dia da mais recente campanha para a adopção de 650 galgos levada a cabo pelo Canídromo foi descrito como tendo sido “um circo” ou uma “má peça de teatro”. A descrição é da Sociedade Protectora dos Animais de Macau – ANIMA, que enviou ontem uma carta ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) a dar conta da entrega de animais a pessoas que não reuniam garantias de que iriam tratar bem dos galgos.

“Chegaram-nos várias informações de fonte segura, incluindo de pessoal da própria ANIMA, que nos deixaram perturbados e que hoje circulam pelo mundo inteiro, deixando-nos numa situação delicada, como se fossemos um qualquer território das profundezas do subdesenvolvimento. Segundo nos foi revelado, na última campanha de adopção do Canídromo apareceram veterinários interessados em levar animais para transfusões de sangue, lojas de animais interessadas em receber fêmeas e machos para negócio posterior de procriação, pessoal de Taiwan e da própria China que querem um par de animais para fazer criação na China e até indivíduos de países asiáticos onde não há lei de protecção dos animais.” 

Na visão da ANIMA, o maior problema passa pela saída dos galgos sem qualquer tipo de esterilização. “Foram dados para adopção, sem critério, várias dezenas de animais, todos não esterilizados. Sei que a lei de protecção dos animais não permite ao IACM impedir essa adopção, que poderá vir no futuro a criar problemas ao Estado chinês mas, como autoridade responsável pelo bem-estar animal, o IACM deve sugerir fortemente que nenhum animal desse tipo seja adoptado não estando esterilizado.”

Em declarações ao HM, o presidente da ANIMA, Albano Martins, lamenta que o Governo não tenha tido até então mais coragem para evitar que este problema se mantenha. Ainda assim, o responsável acredita que as adopções de galgos que não estão esterilizados aconteceram sem o conhecimento do IACM.

“O IACM tentou que estes animais saíssem todos transferidos em termos de propriedade, e se algum escapou, terá escapado sem a sua conivência. O que criticamos é o facto do IACM não ter força suficiente para se impor, para que os animais saiam na condição de estarem esterilizados. Ou o Governo tem coragem e bate o pé para nos deixarmos destas trapalhices e encenações, e decide de facto dar os animais a quem pode tomar conta deles, e aí as associações serão todas bem recebidas, desde que não enviem os animais para a China.”

Problema para o país

Na carta que a ANIMA enviou, endereçada a José Tavares, presidente do IACM, Albano Martins frisou que o envio de animais sem esterilização para o continente pode constituir mais um problema. Recorde-se que na China existe o festival de comida de cão em Yulin, que tem sido duramente criticado por organizações internacionais que defendem os direitos dos animais.

“A China já tem problemas de sobra e é nosso dever respeitarmos as suas leis e contribuirmos para que os problemas sejam resolvidos cá e não lá. Se o Governo tomar uma atitude corajosa e bater com o pé, tem trunfos suficientes para encostar estas pessoas à parede e dizer ‘acabou, os animais vão estar ao cuidado do IACM e de associações’”, disse ao HM.

“Isso mancha o nome de Macau e de todos nós e a imagem do próprio Estado chinês, ele próprio com imensos problemas no seu interior”, adiantou ainda.

Na missiva, a ANIMA recorda que, na China, os galgos não podem ser adoptados como animais domésticos. “Gostaria de lembrar vossa excelência que em Zhuhai ou Shenzhen, só para citar duas das regiões mais desenvolvidas do sul da China, não são aceites esses animais como animais de companhia. Esse dia de adopção mais pareceu um circo, ou um teatro ou então uma má peça de teatro. Toda a gente mexia nos animais sem qualquer tipo de controlo. Há quem acredite que alguns ter-se-ão escapado sem controlo do próprio Canídromo e IACM”, referiu o seu presidente.

Neste dia, apareceram “pessoas que estavam ligadas a lojas de animais e que queriam receber uma fêmea e um macho para poderem fazer reprodução, e outras eram veterinários que queriam os animais para tirar sangue para fazer transfusões”. Além disso, “havia ainda pessoas que, tendo casas na China, queriam ter os animais e levar casais de animais sem estarem esterilizados para a procriação na China”.

Esta acção de adopção segue-se a muitas que já foram feitas no passado e surge depois do Governo ter aceite o segundo plano apresentado pelo Canídromo para a retirada dos 650 galgos. O primeiro, que pedia a extensão do prazo da utilização do terreno por mais um ano, foi recusado pelo IACM. A Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen tem de abandonar o terreno, localizado na zona do Fai Chi Kei, até ao próximo dia 21 de Julho.

26 Jun 2018

Canídromo | Anima entrega hoje ao IACM 650 pedidos de adopção dos galgos

A Anima vai entregar hoje ao IACM 650 pedidos de adopção de galgos, esperando que o Governo “acorde” após a inércia por “medo” de enfrentar “gente poderosa”. O Canídromo encerra precisamente dentro de um mês

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Protectora dos Animais – Anima vai entregar hoje 650 fichas preenchidas de adopção de galgos. A precisamente um mês do fim das corridas no Canídromo, o presidente da Anima espera que “o Governo acorde e force a adopção”, dado que, a seu ver, não o tem feito por “medo” da “gente poderosa” da Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen).

“Eles disseram que queriam fazer adopções e que até tinham mandado milhares de papéis e que só tinham recebido um [de volta]. Pronto, agora recebem 650. Agora somos parte do teatro deles. Querem adopções? Estão aqui 650 – todas com as assinaturas e carimbos originais”, afirmou ontem Albano Martins, em conferência de imprensa, exibindo o monte de papéis preenchidos em “dois dias”. “Agora, quero ver o que vão fazer”, sublinhou.

Aos jornalistas, foi distribuída uma lista, com o nome e país de origem dos adoptantes (indivíduos e organizações), dos quais pouco mais de dez por cento (70) são de Macau e Hong Kong. A Anima vai entregar os formulários ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) por “não confiar” no Canídromo face à experiência dos últimos anos.

A “prioridade” na adopção dos 650 galgos vai para Macau e depois para Hong Kong, mas Albano Martins reconhece dificuldades: “Macau não tem capacidade para absorver todos e também não é fácil pôr todos [para a adopção] de uma só vez. Portanto, se no máximo forem 100 nós ficamos satisfeitos, mas estamos a falar em 650. Os restantes têm de ser [adoptados] fora”.

Esses ficariam assim aos cuidados de organizações internacionais que teriam a missão de os realocar em diferentes partes do mundo, integrando uma “rede” assente em três pilares. Assim, explicou o mesmo responsável, a Anima trataria das adopções para a região da Ásia e Austrália, a Pet Levriery Onlus (de Itália) incumbir-se-ia da Europa, enquanto a Grey2k USA ficaria responsável pelas adopções nos Estados Unidos.

“Medo de gente poderosa”

O destino dos galgos continua, porém, a ser uma incógnita. Para Albano Martins, existem actualmente “três opções” em cima da mesa: “A Anima toma conta, o Canídromo toma conta ou o Governo toma conta”. “Em qualquer um dos casos vai demorar um ano, mas nós facilitamos esta rede para auxiliar a maior parte dos animais que, na nossa opinião, só pode ser adoptada fora de Macau”, reiterou.

O presidente da Anima admite que o IACM não pode obrigar a Yat Yuen – como proprietária dos cães – a nada, mas lamenta a inércia demonstrada pelo Governo, considerando que tem falhado em actuar “por medo” de enfrentar “gente poderosa”. “Acho que o Governo está a mostrar que é muito fraco em relação a este tipo de pessoas, que têm muito poder”. Basta olhar para a decisão do Macau Jockey Club”, cujo contrato de concessão foi prorrogado, em Fevereiro, por 24 anos e meio, numa decisão que “não tem sentido”, nem sequer economicamente.

Albano Martins também distribuiu uma carta aberta ao secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, em que expressa “a frustração de nunca ter recebido uma resposta”. Em causa estão uma série de missivas enviadas nomeadamente a pedir para que não autorize que os cães sejam mandados para a China, dado que “tudo leva a crer” que esse será o cenário mais provável.

O secretário para a Economia e Finanças “não deu nem dá sinais, tal como a actual DICJ [Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos], sob a sua tutela, de querer ajudar a resolver o problema de forma dignificante” para nós humanos”, diz a carta assinada por Albano Martins.

À espera de ligação

A tábua de salvação pode estar no Gabinete de Ligação da China em Macau. Após um primeiro encontro em Janeiro, a Anima espera um segundo ainda antes do fecho da pista, onde, “durante 55 anos de exploração apenas sete animais saíram vivos”, o que significa que “entre 15 mil a 19 mil terão morrido”. “A primeira reunião correu muito bem. Eles estavam em sintonia com as nossas preocupações”, indicou Albano Martins.

Essas preocupações têm então que ver com a elevada probabilidade de os galgos serem enviados para a China – uma intenção manifestada por Angela Leong, administradora da Yat Yuen, empresa do universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). Uma vez que a Anima não consegue travar a exportação, a ideia seria impedir a importação, dado que Albano Martins teme que os galgos acabem em pistas privadas de corridas, “onde o jogo ilícito, em violação das leis da própria China, tem vindo a proliferar”.

“Fizemos tudo o que podíamos como organização de defesa dos direitos humanos”, afirmou o presidente da Anima a quem apenas resta agora esperar.

21 Jun 2018

Galgos | ANIMA prepara-se para apoiar ocupação do Canídromo por mais tempo

[dropcap style=’circle’] S [/dropcap] em corridas, exportação de galgos para o Interior, e com a Yat Yuen a assumir todos os custos. São estas condições da ANIMA para engolir o “sapo” da ocupação do Canídromo pela empresa. Já Lionel Leong diz que não vê “qualquer possibilidade de prologar o período de uso”

A ANIMA aceita que a empresa Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) continue a ocupar o espaço do Canídromo durante mais um ano, na condição de acabarem as corridas de galgos e não serem enviados cães para o Interior da China e outras jurisdições sem leis de protecção dos animais. Esta é uma das duas alternativas apresentadas pela associação, num carta enviada ao Chefe do Executivo, e que foi explicada ao HM, pelo presidente, Albano Martins.
“É uma das duas opções e a mais viável nesta altura. Os funcionários do Canídromo podem continuar a ocupar o espaço e a tratar dos animais, com os custos a serem da empresa. Contudo, tudo tem de ser tudo feito com a supervisão do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), em parceria com outras associações locais”, afirmou Albano Martins, presidente da ANIMA.
“Tivemos de engolir um sapo com esta segunda alternativa. A forma como o Governo fez as coisas levou a que, nestas condições, esta fosse a solução mais viável. Mas tem de haver garantias que acabam com o jogo, que não há adopções no Continente e que a empresa paga o pessoal, enquanto as outras associações trabalham em parceria nas adopções”, defendeu.
A outra alternativa, que já era conhecida, passa por ser a ANIMA a assegurar a manutenção dos cães no Canídromo, enquanto tenta arranjar pessoas que adoptem os animais, no espaço de um ano. A empresa tem cerca de 400 potenciais adoptantes.
“A opção de sermos nós a tomar conta dos animais no Canídromo ainda é possível, mas ficou mais complicada porque o Governo não tomou essa decisão com antecedência”, reconheceu Albano Martins. “Se tivéssemos sido avisados desta opção há meio ano era mais fácil, porque precisamos de contratar mão-de-obra. O Governo sabe que não dos deu a chance de nos prepararmos. Mas se for esta a opção, nós arranjamos maneira de se concretizar”, explicou.

Governo prepara-se para ceder
O Governo tinha dado à Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) até 21 de Junho para desocupar o Canídromo e arranjar uma nova casa para os animais. No entanto, no primeiro plano apresentado pela empresa, que tem como directora executiva Angela Leong, constava o pedido de prolongamento do prazo em um ano. O projecto foi chumbado pelo IACM. No segundo plano, a empresa pediu um prolongamento do prazo por mais três meses, que o IACM rejeitou. A segunda proposta da Yat Yuen sugeriu ainda a realocação de cães para o Jóquei Club
Ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, comentou o caso recusou a possibilidade da empresa Yat Yuen continuar no Canídromo pelo prazo de mais três meses: “A DICJ [Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos] ainda não recebeu nenhum pedido sobre esse assunto. A nível do governo, em termos das corridas de galgos, já dissemos muitas vezes que eles terão de sair do local”, começou por dizer. “Ainda não recebemos nenhum pedido e não estou a ver qualquer possibilidade de prologar o período de uso”, acrescentou.
O mesmo vai acontecer em relação à realocação dos galgos para o Jóquei Clube, sendo que até ao momento ainda não houve nenhum pedido. “Temos de avaliar a situação de acordo com o contrato, concessão e os diplomas legais”, apontou.

15 Jun 2018

Canídromo | Yat Yuen garante estar em busca de espaço adequado para os galgos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Canídromo garante estar à procura de um destino para os mais de 600 galgos, após o encerramento da pista de corridas, no próximo mês. Num comunicado, publicado no seu ‘site’, a Yat Yuen relata ainda as dificuldades que tem encontrado para arranjar adoptantes para os cães, dando conta de que apenas um dos mais de mil boletins que distribuiu para o efeito foi preenchido.

No comunicado, publicado apenas em língua chinesa, a empresa, do universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), salienta que tem vindo a “elaborar directrizes de trabalho” em conformidade com o anúncio da saída do actual espaço, o que incluiu, nos últimos dois anos, uma série de deslocações “a vários sítios para arranjar alojamento adequado para alojar os galgos”. “Tentámos procurar um espaço apropriado que mereça a concordância tanto do Governo como da sociedade. Até pensamos na hipótese de [alojar os cães] em prédios industriais, mas não era viável”, salienta a Yat Yuen.

Relativamente à adopção dos animais, a empresa argumenta que trata-se de um processo sem precedentes, atendendo a que estão em causa mais de 600 galgos, contestando também a ideia de que teve dois anos para o fazer. “Nós, enquanto uma empresa que assume as responsabilidades, garantimos o emprego dos trabalhadores e, por isso, mantemos o funcionamento das corridas”, afirma a Yat Yuen.

Na mesma nota, a empresa diz ainda que, apesar dos diversos apelos para adopção lançados na página do Canídromo, nas redes sociais ou nos jornais, os resultados têm sido fracos. “Nós distribuímos mais de mil boletins para a adopção dos galgos a várias organizações de defesa dos animais”, mas, até ao momento, só recebemos [de volta] um”.

Neste âmbito, a Yat Yuen puxa das próprias estatísticas oficiais para ilustrar as dificuldades, indicando que, em média, por ano, são adoptados apenas cerca de 200 cães: “Por isso, esperamos que se compreenda que não é fácil arranjar um espaço adequado nem fazer com que sejam adoptados mais de 600 galgos”.

A fechar, a Yat Yuen garante que não pretende adiar a data de saída, marcada para 21 de Julho. A ideia de pedir ao Governo para permanecer por “mais algum tempo” no espaço – primeiro, por mais um ano, e, depois, por três meses – surgiu devido a “vários factores”. O objectivo passa por “organizar melhor os trabalhos em prol do futuro dos galgos”, alega a empresa, sustentando ainda ser melhor para os animais ficarem a aguardar no Canídromo até serem adoptados, por ser o local onde estão habituados a estar.

Exportação em jogo

Além do programa de adopção, a Yat Yuen diz estar a cooperar com projectos de desenvolvimento turístico de grande dimensão do exterior, através dos quais espera arranjar um espaço para os cães. A empresa não especifica, porém, a localização em concreto. Adianta, com efeito, que prevê que os processos relativamente à transferência dos galgos para fora de Macau e à quarentena possam ficar concluídos dentro de três meses.

“Nós vamos aos sítios ‘in loco’ e daremos seguimento aos casos dos cães por adoptar e aos adoptados”, afirma a empresa. Nos próximos domingos 17 e 24, o Canídromo vai ser palco de um actividade que visa precisamente convencer os residentes a adoptar galgos.

Segundo a Yat Yuen, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) aprovou a entrega de mais de 100 galgos para a adopção.

14 Jun 2018

Canídromo | Yat Yuen pediu para colocar galgos no Jockey Club. IACM recusou adiar prazo por mais três meses

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]em mais um dia. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) rejeitou parte do novo plano apresentado pela companhia de corridas de galgos de Macau (Yat Yuen), que pedia uma extensão do prazo para a utilização do canídromo por três meses.

Num comunicado ontem divulgado, é referido que os 600 galgos deverão ser enviados para “instituições do interior da China”, sendo que, para os colocar no Macau Jockey Club, a Yat Yuen “deve obter autorização prévia da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos”.

A empresa indicou que “terá lugar a adopção pública dos galgos e colaborará principalmente com instituições do interior da China para a colocação dos respectivos cães”, tendo pedido “o prolongamento do prazo de arrendamento do referido local, por mais três meses e para ocupar cavalariças vazias do Macau Jockey Club para colocar os galgos temporariamente caso necessário”.

Na resposta, o IACM afirma “suportar a proposta apresentada pela Yat Yuen nos termos da lei de protecção dos animais e espera que essa empresa efectue activamente o trabalho, prometendo ainda prestar apoio nas acções de inspecção sanitária ou importação de galgos”.

No que diz respeito ao prazo de três meses, o IACM compromete-se a não alterar o prazo já imposto pelo Executivo há dois anos. “De momento a decisão mantém-se inalterada. O IACM salienta não apoiar que qualquer empresa ou indivíduo desista de criar os seus cães ou outros animais de estimação, e espera que todos os galgos da Yat Yuen possam ser alojados ou adoptados de forma adequada, estando disposto a fornecer apoio técnico.”

12 Jun 2018

Galgos | IACM analisa novo plano do Canidromo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Canidromo submeteu na sexta-feira um novo plano sobre o destino a dar aos galgos após o encerramento da pista de corridas dentro de pouco mais de um mês. A informação foi confirmada ao HM pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que indicou estar “a analisar” o novo plano entregue pela Companhia de Corridas de Galgos (“Yat Yuen”), após ter chumbado o primeiro, submetido na semana anterior.

Isto porque a empresa, que integra o universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), pedia uma extensão do prazo de funcionamento do espaço por mais um ano.

De acordo com o Jornal do Cidadão, Angela Leong, directora-executiva da empresa, admitiu que o novo plano não difere muito daquele que já foi rejeitado, mas que propõe mais um ano de prazo para que os donos dos galgos se possam preparar. “Se os galgos puderem ser adoptados dentro de um mês poderemos sair no prazo de um mês”, disse a também deputada.

A empresária referiu que há vários espaços que poderão servir de casa aos galgos, mas considerou que o mais importante é que haja pessoas para os adoptar. Stanley Lei, também director-executivo do Canidromo, referiu que o novo plano estará disponível para consulta do público mal haja uma resposta da parte do Governo, prevendo que tal possa acontecer no início da próxima semana.

11 Jun 2018

Canidromo | Donos são obrigados a devolver galgos à empresa

Questões contratuais obrigam muitos dos donos dos galgos a entregar os animais ao Canídromo, mesmo que queiram dá-los para adopção, adiantam Albano Martins e a presidente da MASDAW, Fátima Galvão. Associações mais pequenas não confiam nas intenções da concessionária

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]irigentes de associações ligadas à protecção dos animais negam as declarações proferidas por Stanley Lei, director-executivo do Canídromo, quando este referiu ter recebido poucos pedidos de adopções de galgos por parte da sociedade civil nos últimos dois a três anos.

Segundo adiantou Albano Martins, presidente da ANIMA, os donos dos galgos que quiseram, nos últimos anos, entregar os animais para adopção foram obrigados a deixá-los nas mãos da companhia de corridas de galgos Yat Yuen, concessionária das apostas dentro do universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM).

“Em 2012 houve uma senhora que quis entregar os galgos à ANIMA e esse pedido foi recusado. Há um acordo que diz que quando os donos não quiserem os galgos têm de os entregar, quem me disse isso foi essa senhora. Por isso é que o Canídromo, neste momento, tem a maioria dos cães. O número de animais tem vindo a aumentar desde 2015, pois em 2012 o Canídromo tinha cerca de 200”. Actualmente, está em causa o futuro de mais de 600 galgos.

O presidente da ANIMA fala da existência de um clima de intimidação sempre que os donos se predispunham a entregar os animais para adopção. “As pessoas tinham medo deles, esse é que é o problema. Mandavam-nos cartas e pediam para não serem revelados os nomes.”

Fátima Galvão, fundadora da Associação de Cães de Rua e Protecção dos Animais de Macau (MASDAW), também registou estes casos. “Assisti aos pedidos dos proprietários de galgos que se queixaram que queriam dar os animais para adopção e que o Canídromo os proibiu. Pessoas que tinham cães a correr e que os queriam dar para adopção quando não estivessem aptos a correr. Telefonavam e nem queriam identificar-se”, conta a activista.

Além disso, a presidente da MASDAW rejeita as afirmações de que a empresa tenha em mãos poucos pedidos de adopções. “que os galgos do Canidromo quantra a decorrer, haa que a empresa vai apresentar um novo plano atvos os galgos do Canidromo quanEm 2013 houve pessoas que conheço, amigos meus, que preencheram papéis para adoptarem os galgos e até hoje ainda estão à espera de uma resposta. Submeteram todos os papéis através da ANIMA.”

Doar a associações

Fátima Galvão, presidente da MASDAW, não confia no plano que o Canídromo tem de entregar até sexta-feira. “É evidente que é melhor não irem para o interior da China. De certeza que vão para o festival de Yulin [conhecido como o festival da carne de cão] ou vão continuar a correr. Se não forem para pessoas responsáveis, vão para onde? [A empresa] não está minimamente interessada no futuro dos animais. A ANIMA avançou com o processo e eles internacionalmente perderam a face. O Governo renovou a concessão e adiaram o processo até ao limite. De certeza que vão arranjar maneira de exterminar a maior parte dos cães.”

Para Fátima Galvão, cabe à STDM o pagamento das despesas médicas com os galgos que serão dados para adopção. “Não têm de ser os donos a pagar as despesas médicas dos animais. Uma empresa, que pertence a uma pessoa milionária [Angela Leong], quer pôr as pessoas a pagarem os exames médicos? É inacreditável. Quem dá os animais para adopção tem de os dar saudáveis. As pessoas deveriam, sim, pagar pela licença do IACM, que é o que acontece com a maior parte das associações.”

A criadora da MASDAW defende que esse dinheiro poderia ser doado a associações com dificuldades financeiras. “Era uma forma de ajudarem os animais e de fazerem caridade com associações que lutam pelo bem-estar dos animais. Há duas ou três associações que têm apoios do Governo, de pessoas riquíssimas, e há outras que vivem com dificuldades.”

“A MASDAW acha que faria sentido que parte dos animais fossem entregues à ANIMA para serem encaminhados para adopções internacionais, porque a ANIMA está neste processo há muito tempo e é evidente que não tem dinheiro para mandar os animais para fora. O Governo teria de suportar os custos”, acrescentou Fátima Galvão.

Yoko Choi, presidente da Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM), defende que “cabe ao Governo gerir o programa de adopções com o Canídromo e não cabe a nós, associações, fazer esse trabalho”. Contudo, “há uma preocupação de como eles serão adoptados. Estou preocupada, como poderemos confiar na China? Penso que os animais não estarão a salvo. Muitas pessoas estarão contra esta medida. Todo o processo tem de ficar mais claro para que saibamos se podemos agir”, disse ao HM.

5 Jun 2018