Reportagem | Autocarros eléctricos são menos poluentes, mas pouco cativantes

Dois autocarros eléctricos estão a circular há já um mês em Macau. Menos ruído foi a mais valia apontada pela generalidade das pessoas que já o experimentaram, que, contudo, continuam a não ver no ambiente uma preocupação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) tem desde 25 de Agosto dois autocarros E02 a circular nas ruas de Macau. Durante 30 dias, esta parceria entre duas empresas de transportes públicos – a TCM e a Nova Era – vai fazer testes que futuramente irão ditar a viabilidade de se implementar este tipo de transportes em Macau.
O HM quis saber como se comportam os veículos e como os avalia quem lá anda. A entrada no autocarro foi feita na Praça Ferreira do Amaral, em Macau.
Às 10h55 chega então o autocarro. São poucos os que entram. Lá dentro três passageiros apenas. Um deles é Elven. Residente em Macau, tem 26 anos e diz que o ambiente é uma questão que lhe interessa e com a qual se preocupa.
“Acho que é uma óptima ideia os autocarros serem eléctricos porque poupa muita energia e são menos poluentes. Para além disso são mais confortáveis e não fazem ruído. Estou muito satisfeito com esta medida e acho que devia ser para aplicar em definitivo. Além disso, este autocarro é muito pontual.”
Já Clara Castilho tem 70 anos e diz que já experimentou por duas vezes este autocarro eléctrico. Não porque se preocupe com as questões ambientais, mas porque lhe dá jeito para o percurso que habitualmente costuma fazer. O ambiente passa-lhe um pouco ao lado, assumindo que em casa a única preocupação que tem é a de desligar as luzes e todos os electrodomésticos, quando não estão a ser usados. Não notou grandes diferenças entre os veículos eléctricos e os que circulam a diesel. “Talvez o ruído seja menos intenso”, disse ao HM.
Um outro passageiro também quis partilhar a sua opinião com o HM. José (nome fictício) aponta o que considera como falhas. “Os assentos deste autocarro são mais estreitos e o design não é o melhor, nem o mais adequado para Macau, porque parece-me que levam menos passageiros em pé do que os outros autocarros. A porta demora muito tempo a abrir”, frisou.
Jenny discorda de José. A empregada doméstica filipina de 29 anos apanha o E02 várias vezes. Sobretudo porque faz um percurso que lhe “dá jeito”.
“São muito limpos, frescos, não fazem barulho e não poluem o ar”, diz ainda, acrescentando que gostaria de ver mais autocarros destes a circular. Quanto à sua contribuição para não poluir ou para ajudar o ambiente, admite ser pouca.
“Lá em casa não fazemos separação de lixo, mas desligamos sempre as luzes e os electrodomésticos.”

Andar devagar

Estamos quase a chegar à ponte que atravessa para a Taipa e um passageiro, que não se quis identificar, reclama da velocidade.
“Não passa dos 30 km, anda muito devagar e nas horas de ponta ninguém quer apanhar este autocarro. É bom porque não polui, mas se a velocidade for sempre esta, ninguém vai andar nele, as pessoas têm pressa”, diz. “Como estes autocarros não circulam durante o horário de ponta, não percebemos se se adequam às necessidades de Macau.”
O percurso, que termina no Edifício do Lago, tem 18 paragens e o período de circulação é das 10h00 às 13h30 e das 15h00 às 21h00, com cada trajecto a demorar uma média de uma hora.
Kuok não parece importar-se com esta questão. A cidadã diz ao HM que já andou várias vezes na carreira E02.
“Noto menos ruído, acho que são mais espaçosos, não sei se é por serem novos e limpos, e são mais confortáveis. Apoio esta acção porque é benéfica para o ambiente”, diz. Mas, quando questionada se esta é uma preocupação que a acompanha, admite que não. “Não faço nada para manter o ambiente mais verde.”
O motorista do E02 é o senhor Ip. Este é o primeiro dia que experimenta este veículo e, apesar de ainda estar em processo de adaptação, disse que nota “que a sensibilidade na condução é diferente de uns para os outros, nomeadamente na resposta às manobras”. “Este é mais lento”, frisa. Mais lenta também “é a abertura da porta e quando estão com pressa, os passageiros não gostam”, realça.
A DSAT está neste momento a proceder à recolha de opiniões, através de uns formulários que estão dentro dos veículos e que são preenchidos pelos passageiros e entregues no terminal, ou basta deixá-los dentro do transporte. Estas respostas vão ser analisadas e poder ter um peso na decisão futura de implementar, ou não, este tipo de transportes públicos.
No veículo, a distribuir os panfletos para recolher a opinião dos passageiros, estava Wong Hongwei, engenheiro que faz também a supervisão dos autocarros eléctricos. Todos os dias faz o percurso desta carreira com a missão de supervisionar o funcionamento em termos de número de passageiros, consumo de energia e performance em geral. A manutenção, garante este engenheiro que veio da China continental, sai mais barata neste tipo de autocarro.
“Os veículos a diesel, depois de circularem três mil a cinco mil quilómetros, já precisam de trocar o óleo de motor e outras pequenas peças. Mas os nossos autocarros eléctricos que já andaram cerca de seis mil quilómetros, ainda não têm essa necessidade. Ainda não trocámos nada”, diz, acrescentando que “só é preciso fazer os carregamentos de electricidade”.
Todas as noites os autocarros são carregados na oficina no Pac On. Basta um carregamento por dia. “Basta estarem a carregar durante uma hora que chega para fazer o percurso diário”, garante Wong Hongwei.
Por cada percurso completo, o E02 gasta “4% de electricidade, naquilo que se calcula serem 17 quilómetros”.

O futuro

Wong Hongwei admite ser um fervoroso defensor deste tipo de veículos e diz mesmo que “a longo prazo, é a tendência”. Quanto à velocidade máxima, “é limitada a cerca de 100km/h, mas geralmente só pode ser conduzido até 80 km/h. No entanto, é mais do que os veículos a diesel que não vão além dos 69km/h”.
Em relação à questão referida por alguns passageiros – de que a porta abria muito lentamente – o engenheiro avança que “isso não é possível porque o sistema utilizado é o mesmo: porta pneumática”.
Com capacidade para 80 passageiros, este veículo é um AVASS, marca Australiana, com capacidade para cerca de 400 km com apenas um carregamento, segundo este mesmo responsável. Quando o limite da bateria está quase a ser atingido, “quando falta cerca de 20% de carregamento”, tem um sistema especial que se chama de protecção, que entra em modo de economia e dá um aviso. Até ao momento este limite nunca foi atingido porque, “depois de um dia inteiro a rodar na estrada, a bateria indica ainda ter 40% de energia disponível”, frisa o engenheiro ao HM.
Questionada sobre que balanço faz relativamente ao serviço experimental dos autocarros, quantos passageiros circularam, se o prazo experimental vai ser alargado e se já alguma previsão para a sua introdução definitiva, a DSAT não respondeu ao HM até ao fecho desta edição.

15 Set 2016

Produtos dos PLP voltam a estar em destaque na MIF

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Feira Internacional de Macau (MIF na sigla inglesa) vai, na edição deste ano, ter “novidades”. O destaque está na inserção de agentes locais que vendem produtos dos Países de Língua Portuguesa (PLP), além de empresas convidadas em edições anteriores provenientes desses países. O objectivo, afirma o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM) em comunicado, é a aglomeração e diversificação dos produtos oriundos dos PLP, bem como dar a conhecer “a sua alta qualidade através desta plataforma internacional”.
Segundo Fernando Marques, responsável da CME – Agência de Distribuição de Produtos dos PLP, “a MIF é a plataforma ideal” para a promoção deste tipo de comércio. O empresário de origem portuguesa mudou-se para Macau em 1998 por motivos profissionais e neste momento tem como seus clientes alguns dos mais “prestigiados” hotéis instalados na RAEM. Com uma participação regular na MIF, o empresário garante que “tem tido uma boa reacção mercantil”.
Fernando Marques adianta ainda que, na presente edição, serão introduzidos novos produto, como vinhos reconhecidos produzidos nas zonas fronteiriças entre Portugal e Espanha ou o Gin produzido por Portugal. O vinho em particular, refere o empresário, já foi galardoado com um prémio internacional e consequentemente alvo de curiosidade por parte de turistas chineses que o passaram a adquirir depois de terem entrado em contacto com a bebida em Macau.
Pedro Almeida, que também integrará a esta edição da MIF, é distribuidor do presunto de raça Bisara e quer introduzir no território o “presunto híbrido” feito de carne de porco preto e porco branco. Como resultado desta edição, o empresário, que também é chef de cozinha, espera que este produto venha a ser escolha privilegiada dos hotéis da região. O evento vai decorrer de 20 a 22 de Outubro, no Venetian, e espera acolher mais de 130 expositores.

15 Set 2016

Casa de Portugal | Amélia António reeleita presidente com quase meia centena de votos

Não era novidade pois liderava a única lista candidata. Amélia António voltou a ser eleita presidente da Casa de Portugal com cerca de meia centena de votos. O projecto quer-se de continuidade mas há caras novas na direcção. Quanto à dívida do Lvsitanvs está a ser saldada aos poucos

 
[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]altava uma hora para o fecho das urnas, mas novidade era coisa que não imperava para os lados da Casa de Portugal em Macau (CPM). Amélia António voltou a candidatar-se à presidência da associação e esperava pacientemente pela contagem dos votos que determinavam a sua reeleição. Foi pouca a adesão dos sócios, já que, aquela hora, apenas 46 pessoas tinham ido votar.
Ao HM, aquela que é considerada o rosto da comunidade portuguesa falou da sua continuação a frente de um projecto que num ano organiza cerca de 200 actividades para miúdos e graúdos. “É um projecto com continuidade mas esperamos que com sangue novo possa haver algo novo para além dessa continuidade. Que haja novas ideias e novas, e por isso apostamos na juventude.” A juventude traduz-se com a entrada de três novos rostos para a direcção.
Todos os anos que há eleições para a CPM se coloca a grande questão: quem poderá substituir Amélia António? Até agora ninguém ousou dar o primeiro passo para criar uma lista candidata. Mas caso existissem outras propostas, a também advogada não iria voltar costas ao projecto, já que a dívida deixada pelo restaurante Lvsitanvs continua por saldar. Esta já é inferior a um milhão de patacas.
“Gostava que aparecesse alguém porque acho que ao longo destes anos uns gostam do que se faz e outros gostam menos, e por isso é sempre positivo aparecer alguma cara nova. Acho que o confronto de propostas é sempre uma coisa positiva. Não acontece e sinto-me na obrigação (de continuar). Mesmo que existisse uma outra lista eu teria de concorrer, dada a situação económica que tem existido, e que tem sido melhorada. Não virava as costas.”
Admite estar habituada aos poucos votos dos associados, que nesta altura são cerca de 800. “É sinal de que normalmente as pessoas usufruem das actividades das associações, mas depois não participam”, apontou.

Couto não quer regressar

Não é apenas o carisma de Amélia António que a obriga a ser a eterna presidente. Para Carlos Couto, arquitecto e ex-vice-presidente, o maior problema é mesmo não haver um rosto que tenha tanta disponibilidade como a advogada tem. Ele próprio assume ter batido com a porta porque estava cansado, sendo que não pondera sequer voltar à direcção da CPM.
“É difícil ser presidente da CPM e por vontade dela já teria saído, porque são de facto muitos anos. Mas é difícil arranjar um substituto para aquele lugar, porque pressupõe muito tempo. A Casa tem um ritmo muito grande de actividades”, disse o arquitecto ao HM.
Neste momento o restaurante Lvsitanvs deverá manter-se na sede da CPM, não existindo projecto para uma mudança de espaço. Na zona norte, num prédio industrial, decorrem diariamente cursos de artes plásticas, música e ginástica, entre outras áreas. Há ainda o futebol e o hóquei em patins, que atrai crianças filhos de sócio, mas não só.  Há uma semana a CPM abriu as portas ao público para que este perceba a dimensão de um projecto comunitário. Mas Amélia António quer repetir a iniciativa, para que os outros “percebam aquilo que nós fazemos para além do que vem nos jornais”.
 

Decisão de Alexis Tam “é estranha”

Amélia António não comenta a decisão do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de não levar um restaurante português para as Casas Museu da Taipa, referindo apenas que é “estranha”. “O Secretário disse que nós queríamos fazer uma casa de fados lá porque não conseguíamos fazer outra coisa. Tive que explicar que me tinha sido transmitido que o Secretário queria que houvesse fado. Estávamos a estudar a maneira de conciliar tipos diferentes de animação e retomar um pouco a ideia do projecto antigo, que não era bem um restaurante, e algo que mantínhamos já desde as Ruínas de São Paulo. Quando nos feito o convite começámos a pensar a retoma desse conceito. Não era nossa vocação competir com outros restaurantes portugueses. Se isso foi traduzido ao senhor Secretário como um “nós não somos capazes de fazer”… penso que houve aqui alguma areia na engrenagem, não sei de onde saiu a areia. Eu só ando para a frente e preocupa-me mais o futuro do que o presente. Não entendo esta situação e a mudança de posição em relação ao restaurante.”

15 Set 2016

Alibaba | Grupo agenda cooperação com Macau

Os novos projectos de cooperação da empresa do milionário chinês Jack Ma vão ter ligação com o sistema de pagamentos online Alipay. Três empresas locais deverão ficar integradas na plataforma Tmall Global

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] milionário Jack Ma vai investir em Macau. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o grupo Alibaba, que opera, entre outros projectos, a plataforma de pagamentos online Alipay, deverá estabelecer em Macau quatro planos de cooperação com o Governo e empresas locais. Três empresas de Macau assinaram protocolos para estarem inseridas na plataforma de compras Tmall Global.
A parceria com o Governo vai ser feita através da Direcção dos Serviços de Economia (DSE), existindo o projecto de construir na Rua de São Domingos uma “avenida azul”. O objectivo é que os turistas possam vir a fazer pagamentos com o sistema Alipay nesta zona, sendo que o projecto deverá ser lançado a 12 de Dezembro deste ano.

Sistema certificado

Vai ainda existir uma parceria com o Conselho dos Consumidores (CC) para o “projecto de autenticação dos estabelecimentos comerciais seguros”. O objectivo é que as lojas que já possuem o símbolo “Loja Certificada” possam integrar o sistema Alipay.
A Agência Comercial Vang Kei Hong é uma das empresas que vai integrar-se na Tmall Global. Ip Choi Fai, presidente executivo, confirmou que a Tmall Global está a planear abrir o pavilhão de Macau online, sendo que a empresa deverá participar no projecto.
O plano preliminar é começar a vender na China cerca de 50 a cem produtos locais e dos países de língua portuguesa neste website. Os vinhos portugueses vão ocupar cerca de 20 a 30% do pacote de produtos disponíveis para venda. Ip Choi Fai prevê vendas na ordem dos setes dígitos e adiantou que a empresa pode começar a colaborar neste projecto também a partir de Dezembro.
Cheong Chou Weng, presidente do Conselho de Administração do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), incentivou, num discurso público, as empresas locais a aproveitarem as oportunidades oferecidas pelo comércio electrónico para poderem promover as suas marcas e produtos.

15 Set 2016

Tráfico Humano | Casinos continuam a fomentar situação de Macau, diz Juliana Devoy

O tráfico de pessoas continua. Dentro e fora de fronteiras estas pessoas estão intimamente, no caso de Macau, associadas à indústria sexual. Entre crianças e adultos a origem é, na sua maioria, a China continental e o Jogo mantém-se como um dos pilares para que a situação, não circunscrita a um passado distante, continue

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tráfico de pessoas é uma questão de todos e Macau continua a ter de enfrentar a situação. O tema trouxe ontem, mais uma vez ao MGM Macau, uma conferência para dar a conhecer e sensibilizar para a situação, algo que, para Juliana Devoy, ainda é algo necessário, apesar de já ter havido evolução neste sentido.
“Só com o conhecimento e esclarecimento da problemática e das suas implicações é que é possível proceder a um combate gradual da situação”, considera Devoy, que presidiu à conferência em nome do Centro do Bom Pastor, instituição que dirige e que acolhe vítimas menores deste fenómeno ainda tão actual.
A situação é um retorno à escravatura que não acontece só aos outros e que pode, muitas vezes, existir na porta ao lado. Este ano, o Centro do Bom Pastor “só” recebeu dois casos de menores vítimas de tráfico humano, como indicou Juliana Devoy ao HM, no final do evento.
“No ano passado foram quatro e em 2012 foram cerca de 12 e são todas vindas da China continental.”
Se, aparentemente os números estão a descer, a realidade pode não ser essa e Juliana Devoy – com a sua experiência no acolhimento de vítimas – não acredita “que o facto das estatísticas estarem a baixar queira dizer que exista, efectivamente, uma diminuição de casos de tráfico humano em Macau”.
A título ilustrativo das dúvidas que se colocam, a directora do Bom Pastor exemplifica um caso que foi acolhido no espaço de uma menina de 15 anos que entrava e saía de Macau regularmente e que acabou por ser identificada pela polícia. Este caso “poderia ter sido apanhado seis meses antes se a tivessem identificado”, diz. O mesmo pode estar a acontecer com muitas menores que são vítimas deste tipo de crime. No entra e sai do território dificulta-se a sinalização de casos.

Mais novos

Apesar da lei ser ambígua no que distingue, na prática, tráfico humano e exploração sexual, as dificuldades em identificar o tráfico de pessoas também aumentam com a maioridade, sendo mais fácil identificar vítimas menores.
“A própria aparência mais jovem pode suscitar nas autoridades mais questões que possam servir de motivo ao pedido de identificação. Com isso pode ser comprovada a menoridade e as meninas são encaminhadas.”
Por outro lado, com menores o pedido de ajuda é muito mais complicado porque as adolescentes, na sua maioria, não vão pedir ajuda ou discar o número da linha de apoio a estas vítimas, como indica Juliana Devoy, que ilustra a situação com o exemplo: o dono de um restaurante local suspeitava que, na cave do seu estabelecimento, estavam “armazenadas meninas vítimas de tráfico humano”. Foi necessário, no entanto, algum tipo de prova para que se procedesse à intervenção por parte das autoridades. “Neste, a polícia actuou”, refere, acrescentando que, para as autoridades actuarem, é preciso mostrar provas.
Uma das coisas mais importantes para que exista um decréscimo de casos é precisamente o alerta das pessoas para o que se passa e “Macau tem, no geral uma cultura em que cada um só se preocupa consigo e não é fácil muitas vezes que as pessoas prestem atenção ao que se passa com o vizinho”, frisa Devoy.
Entendendo o contexto, diz, é necessário suscitar o interesse e consciencialização por parte da população de que este é um assunto que diz respeito a todos e isso só se consegue com mais informação.
Por outro lado, mais do que explorar as pessoas, “estes são casos de exploração da sua vulnerabilidade” e o aproveitamento, no caso das crianças, de situações de abandono e criação de expectativas irreais no futuro faz com que muitos dos casos se mantenham. Juliana Devoy relembra um caso de uma menina de 15 anos que acreditava que a exploração que sofria “um dia lhe daria a oportunidade de comprar um apartamento e assim mostrar aos pais que era rica”. “É o aproveitamento da ignorância”, sublinha.

Ajuda das operadoras

À Rádio Macau, a directora do Centro disse que a “situação de Macau é única por causa dos casinos, que são um íman para o tráfico sexual”. Ao HM, confirma que estes espaços de jogo são, de facto, uma “alavanca” que motiva a indústria sexual e, consequentemente, o tráfico de pessoas.
No entanto, a irmã salvaguarda as iniciativas por parte das operadoras em formar equipas e funcionários para prestarem atenção a situações suspeitas e procederem à sinalização e denúncia imediatas às autoridades.
“Penso que tem havido progresso, mas ao mesmo tempo há muito por fazer. Há muitas iniciativas do Governo e de outros directores de casinos e hotéis, que estão a mostrar mais sensibilização e a tomar uma atitude em relação a este problema e a aperceberem-se da ligação que existe [entre casinos e o tráfico de pessoas]”, indica à rádio. Devoy salienta, contudo, que esta situação é especialmente dirigida aos casos que envolvem menores.

Número de crianças envolvidas continua discrepante

Uma das questões que mais gera dúvidas nos casos que envolvem pessoas traficadas é a distinção entre o tráfico propriamente dito e a exploração sexual. O Chefe da Polícia Judiciária (PJ), Chau Wai Kuong, disse ontem ao HM, após o evento no MGM, que a distinção entre os dois conceitos “é muito difícil e depende na maior parte dos casos da situação das pessoas ofendidas”.
“A PJ avalia a obrigação da vítima em prestar serviços sexuais e o negócio que acontece, sendo que havendo negócio não é tráfico de pessoas”, explica Chau Wai Kuong, adiantando que “se a vítima é menor [a PJ] classifica como tráfico humano, mas se for maior a ofendida tem um contrato de negócio, o que não acontece com os menores”.
A questão, contudo, não é clara e já originou discrepâncias entre relatórios das autoridades locais e do Departamento de Estado norte-americano. No início deste ano, num relatório referente a 2015, Washington falava em quatro crianças vítimas de tráfico sexual, que perfaziam, aliás, a maioria de todos os casos detectados no ano passado. Questionadas várias vezes pelo HM, as autoridades negaram a situação.
“Para que o assunto fique devidamente esclarecido quanto à questão de crianças envolvidas em casos de tráfico sexual no ano transacto, reiteramos a nossa resposta dada às vossas questões: no ano passado não ocorreu nenhum caso de tráfico humano envolvendo crianças, menores de 18 anos”, frisava a PJ ao HM.
Posteriormente, uma porta-voz desta polícia explicava – após insistência – que haveria uma criança envolvida, com cerca de 15 anos, mas num caso de “exploração sexual” e não de tráfico humano. A menor “foi enviada para uma instituição social e o caso entregue ao Ministério Público”, não se conhecendo a conclusão.
Além de Washington, também Juliana Devoy, directora do Centro do Bom Pastor, assegura (ver texto principal) que recebeu quatro casos de crianças no ano de 2015.

“Negócio” escondido

Ainda assim, para a Comissão de Acompanhamento das Medidas de Dissuasão do Tráfico de Pessoas, as idades parecem definir o limite entre tráfico humano e exploração sexual. Da análise dos dados da Comissão vê-se que a polícia, este ano, remeteu três casos suspeitos de tráfico de pessoas ao Ministério Público (MP) sendo que um deles foi qualificado pelo MP como crime de lenocínio e lenocínio agravado, ou seja crime relacionado com prostituição e não como tráfico humano. Em 2015, a polícia entregou cinco casos de suspeita de tráfico de pessoas ao MP, em que três foram acusados por crime de exploração de prostituição, associação criminosa e lenocínio de menores pelo MP, algo que contradiz as declarações de Chai Wai Kuong. Neste caso, o tribunal julgou improcedente a acusação do crime de tráfico de pessoas.
A ambiguidade entre tráfico e exploração sexual é alastrada às muitas casas de massagens e spas que existem no território. Muitos destes estabelecimentos servem de camuflagem não só às actividades ligadas à prostituição, como ligadas à exploração de pessoas e mesmo de detenção forçada das mesmas. No entanto, as dificuldades em chegar ao crime em causa são muitas e o facto de parte das funcionárias das “saunas” do território terem cartão de trabalhador não residente e serem levadas ao centro de saúde para exames médicos faz com que estejam “legais”. De modo a ilustrar a situação, Juliana Devoy refere uma parte do filme que abriu a conferência de ontem – “Not my Life” – em que uma psicóloga considera que “todo o tráfico é para alimentar a prostituição”. Opinião que partilha.
A irmã aponta ainda dificuldades específicas de Macau. “Aqui, a prostituição não é legal nem ilegal, o que quer dizer que é legal. Portanto, também é difícil para a polícia, que não pode actuar sem receber informação ou uma denúncia. Não podem simplesmente fazer rusgas em saunas e outros lugares”, indica, citada pela rádio.

Casos, vítimas e origem de tráfico humano

2010 – 16 casos, 29 vítimas (China continental)
2011 – 11 casos, 11 vítimas (China continental)
2012 – 15 casos, 25 vítimas (China continental)
2013 – 35 casos, 38 vítimas (duas da Ucrânia, restantes da China continental)
2014 – 4 casos, 4 vítimas (China continental)
2015 – 2 casos, 2 vítimas (uma é do Brasil)
2016 – 2 casos, 2 vítimas (China continental)

Número de condenações por tráfico humano

2010 – Uma condenação a cinco anos de prisão
2012 – Sete condenações de 12 anos e 9 meses a 13 anos e três meses de prisão

14 Set 2016

Habitação pública | Empreiteiros acusados de encarecerem custos propositadamente

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]am U Tou, vice-presidente da Associação de Choi In Tong Sam, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), disse ao Jornal do Cidadão que os problemas estruturais nas habitações públicas não se devem à utilização de materiais de baixa qualidade. Pelo contrário, os materiais têm boa qualidade mas são desajustados para o tipo de construções, além de terem um preço elevado. Lam U Tou alerta que essa decisão dos empreiteiros é propositada.
“O problema vem do facto dos custos de concepção e construção estarem ligados. A concepção ocupa cerca de 5% dos custos totais, pelo que os empreiteiros usam materiais de maior qualidade para aumentarem os custos”, acusou. Lam U Tou disse mesmo que há telhas de maior dimensão, e também mais caras, que são indicadas para o chão mas que são colocadas noutros locais, o que faz com que acabem por cair.
Lam U Tou acusou ainda o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) de não realizar o trabalho de fiscalização da melhor forma, pois há edifícios de habitação pública onde não se registam quaisquer problemas ao nível das infra-estruturas.
“A maioria dos projectos de habitação pública onde ocorreram problemas foi da responsabilidade do GDI, tal como os edifícios do Lago e Koi Nga. O edifício Mong Sin, sendo de habitação social, foi da responsabilidade da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e não houve quaisquer problemas de qualidade”, disse Lam U Tou. Para o responsável, o GDI deveria avaliar melhor os materiais utilizados pelos empreiteiros e a aprovação da concepção do projecto.

Deputado alinhado

Também o deputado Ng Kuok Cheong se pronunciou sobre a queda de telhas do edifício Lok Kuan, referindo que as falhas de construção se devem à ausência da definição de responsabilidade no contrato assinado entre o empreiteiro e o Governo. Ng Kuok Cheong pede ainda que seja concretizado o regime de responsabilidade e que sejam definidos montantes de multas nos contratos celebrados. Já Lam U Tou sugeriu ainda a introdução de um regime de avaliação pelos moradores ao nível da avaliação das propostas, para que os empreiteiros apresentem mais detalhes ao nível da qualidade do empreendimento.

14 Set 2016

Jockey Club | PJ deteve homem suspeito de drogar animal

Um homem de 50 anos terá administrado um medicamento com efeitos calmantes num cavalo antes de uma corrida no Jockey Club. A Polícia Judiciária prendeu o suspeito por violação à lei, ainda que não à da Protecção dos Animais, sendo a primeira vez que acontece uma detenção desta natureza

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 50 anos suspeito de administrar um produto calmante num cavalo de corrida do Jockey Club, acto que terá ocorrido momentos antes da competição. Caso seja feita uma acusação, o acto viola um diploma de 1996, referente a ilícitos penais relacionados com corridas de animais, sendo a primeira vez que tal acontece no território.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a PJ recebeu a denúncia do Jockey Club. A mesma referiu que o acto terá ocorrido em Abril e terá levado o cavalo a perder a corrida onde competiu. Os testes ao sangue feitos ao animal revelaram que lhe foi administrada uma substância calmante.
O suspeito não confirmou o crime, mas segundo a lei em vigor poderá incorrer numa pena de prisão até três anos, ou a aplicação de uma multa. Esta medida aplica-se a quem administre em animais substâncias que possam prejudicar a sua saúde física ou psíquica ou ainda que possam provocar mudanças de comportamento durante a corrida.

Associação critica IACM

A violação desta lei surge numa altura em que entrou em vigor a Lei de Protecção aos Animais, que versa sobre maus tratos. No que toca a este diploma, e apesar das acusações que a nova lei aumenta os abandonos, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já veio a público dizer que o número não aumentou desde a entrada em vigor do diploma. Mas há uma associação que continua a contestar essas declarações.
Segundo o jornal Ou Mun, Mei, presidente da Casa de Abrigo dos Animais Long, disse que muitos cães foram salvos pelos voluntários antes de serem deixados no canil municipal, afirmando que o número de animais abatidos seria muito maior do que os dados do IACM.
Em Agosto, o canil municipal recebeu um total de 19 cães abandonados, número semelhante aos meses anteriores. Mei referiu que, para evitarem que os seus cães sofram com o ambiente do canil, os donos optam pela mudança de licença directa e pelo contacto directo com o novo dono. Deste modo, só no mês passado, a associação já recebeu cerca de 50 cães.
Mei adiantou que os cães dos estaleiros estão a viver “momentos difíceis”, já que a lei determina que estes animais sejam esterilizados, mas muitos estão simplesmente a ser abandonados pelo facto dos donos dos estaleiros não quererem pagar os custos.
Choi U Fai, chefe da divisão de inspecção e controlo veterinário do IACM, confirmou ao Ou Mun a chegada de 200 novos pedidos de licença para cães. O ajustamento dos custos e a prorrogação do prazo da licença têm contribuído para o aumento dos pedidos, defendeu o responsável.

14 Set 2016

Pandas | Os bebés “corruptos” da Novo Macau

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]am Tam e Wu Wu foram os nomes escolhidos por quem participou na votação alternativa da Associação Novo Macau para baptizar os novos inquilinos do Parque de Seac Pai Van. O grupo decidiu levar a cabo uma consulta pública alternativa para dar nome aos pandas bebés por considerar que o processo do Governo para o mesmo fim não é claro: a população só pode votar em alguns dos nomes oferecidos, mas cabe ao Chefe do Executivo o baptismo final.
Uma nota de imprensa da Novo Macau – que insta as pessoas a utilizar estes nomes em vez dos oficiais – indica que, entre as 1024 pessoas que participaram na votação, 561 escolheram Tam Tam e Wu Wu, entre os 216 nomes a concurso. Acontece que o caracter de cada um dos nomes – que forma a palavra Tam Wu, em Chinês – significa “corrupção”, como a Associação faz questão de sublinhar.
A Novo Macau reitera em comunicado o “desapontamento” que sentiu ao perceber que a decisão final dos nomes cabe ao Chefe do Executivo, em vez de ser como no caso de Hoi Hoi e Sam Sam, onde foi feita uma consulta pública. Consulta essa que, na altura – ainda Florinda Chan estava no cargo de Secretária para a Administração e Justiça – foi também criticada pela mesma Associação.
O grupo, liderado por Scott Chiang e Jason Chao, indicou ontem ter sido alvo de um “ataque cibernético” no site que levava a cabo a votação dos nomes alternativos dos pandas, de 5 a 7 de Setembro. Ataque que, contudo, “não afectou” a página.

14 Set 2016

Morreu Arquimínio Rodrigues, último bispo português de Macau

Tinha apenas 25 anos quando ingressou no Seminário de S. José e tornou-se no último Bispo português em Macau. Recordado como um bom homem e de trato fácil, morreu na segunda-feira aos 92 anos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rquimínio Rodrigues da Costa, o último bispo português de Macau, morreu na segunda-feira, aos 92 anos, anunciou a Diocese de Angra do Heroísmo. Natural de São Mateus, na ilha açoriana do Pico, Arquimínio Rodrigues da Costa foi bispo de Macau e do então padroado do Oriente de 1976 a 1988, ano em que foi substituído por Domingos Lam, que se tornou, por sua vez, no primeiro bispo de etnia chinesa do território ainda sob administração portuguesa.
D. Arquimínio, que enveredou pela igreja por influência dos pais, ingressou, com 25 anos, no Seminário de S. José em Macau, onde completou os seus estudos eclesiásticos em 1949. Sete anos depois regressou à ilha do Pico para passar férias com a família e, um ano mais tarde, rumou a Roma para frequentar o curso de Direito Canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana, que concluiu em 1959, de acordo com o portal Igreja Açores.

Para a comunidade

De regresso a Macau, retomou as suas funções e foi designado professor, passando três anos depois a exercer o cargo de reitor no Seminário. Durante o período em que se realizou o Concílio Vaticano II, com a ausência do prelado diocesano de Macau, Arquimínio Rodrigues da Costa foi nomeado governador do bispado em 29 de Agosto de 1963 e depois em 1965.
No ano seguinte estalou a Revolução Cultural chinesa, impulsionada por Mao-Tsé Tung, altura em que a igreja viveu tempos conturbados, levando mesmo alunos e professores do Seminário a irem para Hong Kong. Só em 1976 foi nomeado definitivamente bispo de Macau pelo Papa Paulo VI, sucedendo ao também açoriano Paulo José Tavares.
Aquando da celebração das suas bodas de diamante sacerdotais, em 2009, como recorda o portal Igreja Açores, Arquimínio Rodrigues da Costa fez um balanço do período “difícil” que permaneceu em Macau durante o qual serviu “duas comunidades culturalmente heterogéneas: a portuguesa e a chinesa”.
Em Outubro de 1988, o religioso viu o seu pedido de resignação à diocese de Macau ser aceite pelo Papa João Paulo II. Um mês depois, foi condecorado pelo então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

Nome de referência

António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, recorda D. Arquimínio como “um bispo muito respeitado sobretudo no seio da comunidade chinesa, na comunidade católica e uma figura de referência da diocese”.
Apesar de ter conhecido mal o último Bispo português, como refere ao HM, recorda alguns contactos feitos por altura da organização da Marcha da Caridade. Como os dirigentes falavam Chinês e era o único que falava Português no Jornal Ou Mun, Freitas ia acompanhá-los nos contactos que faziam com D. Arquimínio.
“Pessoa muito simples com um trato muito humano. Tenho boas recordações desse bispo. Serviu Macau, contribuiu para Macau e acho que devemos estar unidos neste momento para lhe prestarmos homenagem”, diz.
Em declarações à rádio Macau, Florinda Chan, antiga Secretária para a Administração e Justiça, lembra Arquimínio Rodrigues da Costa como alguém que estava sempre pronto para ouvir as pessoas.
“D. Arquimínio foi um grande bispo de Macau. Amava muito a diocese e a impressão que tinha dele era de um bispo muito mariano, isto é, um bispo contemplativo mas que estava sempre pronto para ouvir e estar com as pessoas.”
Arquimínio Rodrigues da Costa vivia desde Janeiro de 1989 na sua terra natal. Em 2012, foi distinguido com a Insígnia Autonómica de Reconhecimento, a segunda mais importante condecoração dos Açores. O funeral realiza-se hoje, em São Mateus, pelas 18h00, com uma missa presidida pelo bispo de Angra, João Lavrador.

14 Set 2016

Zika | Governo adverte para elevada possibilidade de casos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assunto Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, advertiu ontem para a “grande possibilidade” de se verificarem casos importados do vírus Zika em Macau perante o cenário “preocupante” nas regiões vizinhas.
Alexis Tam deixou o alerta durante uma reunião interna de trabalho, em que “ordenou aos Serviços de Saúde e outros serviços da sua tutela a levarem a sério a situação e tomarem medidas de prevenção e de resposta [perante o eventual] aparecimento do Zika em Macau”, indica um comunicado divulgado pelo seu gabinete.
“Apesar de ainda não existirem casos diagnosticados de Zika em Macau até agora, à medida que se tem agravado a epidemia nos países e regiões vizinhas, Macau enquanto cidade turística e com muito movimento de pessoas, tem uma alta possibilidade de ser afectada”, advertiu Alexis Tam.
Segundo os mais recentes dados, foram sinalizados casos de Zika num total de 72 países e regiões no mundo.
Em Singapura, foram registados mais de 300 casos, tendo sido igualmente afectados outros países do Sudeste Asiático, como a Tailândia, Indonésia, Filipinas e Vietname.
Além disso, em Hong Kong, Taiwan e China também foram registaram casos importados do vírus, salienta a mesma nota.

14 Set 2016

KNJ diz que Global Media tem “grande potencial”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] KNJ Investment Limited, empresa de Macau, está interessada em adquirir a Global Media, grupo que considera ter “grande potencial após uma reestruturação”, disse um administrador à Lusa.

“A KNJ Investment Limited expressou interesse inicial no grupo Global Media”, disse Kevin King Lun Ho, esclarecendo que se trata de “uma empresa de investimento e não se limita ao negócio do imobiliário”.

Em 9 de Setembro, a Lusa tinha noticiado que empresários chineses de Macau estão interessados em investir em várias oportunidades de negócios em Portugal, entre os quais na Global Media, dona do Diário de Notícias e da TSF, disseram, na altura, fontes do grupo de comunicação social.

De acordo com o registo comercial, a KNJ, fundada em 2012, dedica-se ao investimento imobiliário, médico e de saúde, bem como à restauração.

O interesse na Global Media é justificado por Ho por o grupo ter “grande potencial após uma reestruturação”, sendo que “se um negócio for fechado”, a empresa pretende “expandir para diferentes áreas”.

Segundo Ho, nenhum acordo foi ainda fechado e a “discussão prossegue”.

No início do ano, o Correio da Manhã tinha avançado que o presidente do Conselho de Administração da Global Media, Daniel Proença de Carvalho, estaria a preparar a entrada de investidores chineses no grupo.

14 Set 2016

Sands China “muito optimista” quanto à renovação da licença

[dropcap style≠’circle]A[/dropcap] Sands China, subsidiária da Las Vegas Sands, está “muito optimista” quanto à renovação da licença de jogo em Macau, disse ontem o magnata Sheldon Adelson, manifestando vontade de continuar a construir na cidade se lhe cederem mais terrenos.
As licenças de jogo terminam entre 2020 e 2022, com o Governo de Macau a colocar grande ênfase na diversificação da oferta dos casinos. Ontem, Adelson garantiu que 95,5 por cento do espaço dos seus projectos em Macau é dedicado a actividades extra-jogo. “Estou muito optimista, temos mais não-jogo do que qualquer outra [operadora]”, afirmou.
O presidente da Las Vegas Sands falava durante a inauguração do novo projecto do grupo, o Parisian, inspirado em Paris e que inclui uma réplica da Torre Eiffel com metade do tamanho da original.
Com a finalização do Parisian, a Sands esgota as parcelas de terreno que lhe foram cedidas pelo Governo de Macau, onde já construiu quatro casinos, incluindo o Venetian, o maior do mundo.

Quero mais

Adelson garante que “podia construir mais seis lotes se os tivesse”. “Se o Governo [de Macau] me está a ouvir, estou interessando em construir mais”, afirmou.
Além da réplica da Torre Eiffel, o Parisian de Macau conta com reproduções do Arco do Triunfo, da Fontaine des Mers, da Avenue Montaigne, dos Champs-Élysées, da Place Vendôme, entre outros espaços icónicos de Paris.
Subir ao topo da torre custa entre 168 e 188 patacas, dependendo se é dia de semana ou fim de semana.
O Parisian tem 3.000 quartos de hotel, um centro de convenções, restaurantes, lojas, ‘spa’, e uma sala de espectáculos de 1.200 lugares, entre outros. A ‘pequena Paris’ está localizada ao lado do Venetian, uma reprodução da cidade de Veneza, sendo possível passar de um para o outro internamente.
As receitas dos casinos de Macau estiveram 26 meses consecutivos em queda, com o sector VIP a ser o mais afectado. A queda foi associada à desaceleração da economia da China e à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado dos casinos de Macau os grandes apostadores. Em Agosto, os casinos registaram um aumento de 1,1% das receitas face ao período homólogo do ano passado.

14 Set 2016

Ambiente | Em mais de cem associações, poucas dão a cara

Existem em Macau mais de uma centena de associações na área da protecção ambiental, mas são poucas que mostram trabalho junto da comunidade. Duas delas queixam-se que a comunicação com o Governo deixou de existir há oito meses, quando o Conselho Consultivo do Ambiente foi extinto

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s nomes são semelhantes, tais como os seus objectivos. Todas elas buscam um ambiente melhor para Macau e pretendem promover a consciência ambiental dos que cá vivem, mas a grande maioria das associações ambientais de Macau pauta-se pelo silêncio. Há, a título de exemplo, a Força Verde de Macau, a Associação Verde Segunda-feira ou a Associação de Amar Verde.
Tal silêncio leva outros a agir. Foi o caso de Lin, uma das responsáveis pela Greenfriends Macau, associação com presença na rede social Facebook. “Há muitas associações em Macau, mas não vejo nada a acontecer, não oiço qualquer voz da parte delas. Não sei o que fazem. Então criámos a nossa própria associação para conseguirmos chegar às pessoas.”
A Greenfriends Macau já organizou acções de limpeza de praias e eventos nos trilhos de Coloane. “Queremos providenciar uma educação ambiental junto do público. Levamos grupos para junto da natureza, aos trilhos, a fazer limpeza de praias ou aos parques de campismo. Em Agosto organizámos uma acção de limpeza da praia, que juntou mais de dez pessoas.”
Após a limpeza do lixo das praias, a associação selecciona e classifica o lixo, enviando-o para a organização Conservação Internacional dos Oceanos.
Lin acrescenta ainda que o objectivo do grupo é mostrar ao Governo que o desenvolvimento urbano de Coloane tem de parar. “Organizamos actividades que digam algo ao Governo. Queremos organizar acções de limpeza dos trilhos, para não os perdermos em prol da construção de mais edifícios habitacionais na zona de Coloane. Queremos exigir ao Governo que faça algo a favor do ambiente e contra o desenvolvimento”, disse ao HM.

O apoio público

Ho Wai Tim prefere associar o seu nome à Associação de Ecologia de Macau, mas tem na sua morada muitas outras associações do sector, algo que foi notícia em 2012. Mas já desde 2003 que Ho Wai Tim anda a exigir um ambiente melhor.
“A nossa associação de ecologia foi fundada em 2003, algo sugerido por um grupo de professores e depois os alunos também participaram. No início concentrámo-nos na protecção dos pássaros e do mangal da Taipa. Em 2007 foi-nos atribuído um prémio de ecologia por um órgão do interior da China. Depois disso começámos a fazer estudos de ecologia, estudamos os ventos e as plantas no mangal. Criámos o arquivo dos animais e das plantas de Macau. Também começámos a trabalhar na área dos resíduos alimentares e realizamos cursos de educação ambiental”, contou ao HM.
Actualmente a Associação recebe cerca de cem mil patacas anuais da Fundação Macau, sendo que não pede fundos públicos da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental há cerca de cinco anos, confirmou Ho Wai Tim, que referiu ainda que nem sempre as associações ecológicas foram vistas pela sociedade com bons olhos. “Antes tínhamos dificuldades em termos de recursos financeiros e também ao nível da aceitação social.”
Pelo contrário, Lin garante que a sua associação ainda não pediu apoio ao Governo, mas não afasta a possibilidade de o vir a fazer.

Uma tese a caminho

Neste momento Ho Wai Tim está a trabalhar na sua tese de doutoramento na área da legislação marítima, a qual deverá ser entregue em mãos ao Governo. “Estou a elaborar uma proposta de lei de legislação marítima, a minha tese de doutoramento, e pretendo entregar ao Governo para que sirva de referência. Ninguém está a elaborar uma proposta de Lei de Bases do Ambiente, o Governo não consegue entregar a proposta. Faltam profissionais na área do Direito e não têm tempo para a legislação ambiental.”
Joe Chan, um dos rostos mais conhecidos em termos da luta pela protecção ambiental de Macau, afastou-se da associação de Ho Wai Tim e hoje lidera a União Macau Green Student. Também uma outra associação, a Na Terra – Associação para o Desenvolvimento Sustentável, chegou a desenvolver um projecto de hortas comunitárias nas escolas. Até ao fecho desta edição não foi possível falar com Fernando Madeira, responsável pelo projecto.

Ausência de comunicação

É certo que as associações são muitas e silenciosas, mas as poucas que desenvolvem projectos e com as quais o HM falou queixam-se da falta de comunicação com a DSPA desde que Raymond Tam assumiu o cargo de director.
“Depois do terceiro director assumir o cargo, o contacto com as associações parou. Depois da suspensão do Conselho do Ambiente, em Dezembro de 2015, a única plataforma de comunicação desapareceu. Já não temos nenhuma comunicação com o Governo há mais de oito meses e deixámos de conseguir discutir com o Governo”, referiu Ho Wai Tim. “O Governo não obriga as empresas do Jogo a fazer a protecção ambiental e se impulsionasse essas acções isso poderia ajudar as associações locais. Poderíamos criar mais sinergias. A Lei de Bases do Ambiente é muito vaga e o Governo poderia cooperar com as associações para estudar mais sobre a legislação ambiental. Poderia iniciar o processo de consulta pública”, exemplificou.
Também Lin garante que o apoio da DSPA é quase nulo. “Penso que não estão a fazer muito pela protecção do ambiente e ainda não implementaram um sistema de reciclagem. Eles fazem muitas actividades de sensibilização, mas não implementam políticas. O público não aprende nada com essas políticas.”

Joe Chan critica ausência de metas ambientais no Plano Quinquenal

O presidente da associação Macau Green Student Union disse ao Jornal do Cidadão que o Plano de Desenvolvimento Quinquenal possui um conteúdo “vago” relativamente à protecção ambiental, sobretudo ao nível do tratamento de resíduos sólidos. Joe Chan lembrou que esta é uma questão que tem vindo a ser discutida nos últimos dez anos, sem que tenha havido qualquer avanço.
Quanto à diminuição do lixo nos próximos cinco anos, o activista ambiental também lembrou que não estão definidas metas. “Depois de acabar de ler o conteúdo do Plano relativo à protecção ambiental, fiquei com a sensação de não ter lido nada”, apontou. “A parte da protecção ambiental começa no início com a ideia de que ‘será dada prioridade à construção de quatro grandes obras’, mas essa é uma ideia passiva. [Só se fala da] ampliação da Central de Incineração, que é uma decisão muito irresponsável e só vai piorar a poluição do ar”, defendeu Joe Chan.
Na apresentação do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, disse que cerca de 40% do lixo produzido em Macau é composto por desperdício de alimentos, na sua maioria vindos dos grandes hotéis. Tratam-se de resíduos difíceis de serem incinerados.

Contra o desperdício

Para Joe Chan, o Plano de Desenvolvimento Quinquenal deveria conter medidas para travar o desperdício alimentar, pois o Governo já referiu tratar-se de um problema grave. O ambientalista considerou que não basta fazer apelos à população e aos grandes hotéis mas que é necessário cobrar taxas às empresas que produzem um grande volume de resíduos alimentares através da criação de um regulamento administrativo.
Para Joe Chan o problema do lixo doméstico está cada vez pior, dado que os contentores estão cheios diariamente. Tal causa problemas ao nível do saneamento, o que dá má imagem a um território turístico.
“O problema do lixo doméstico não é muito difícil de resolver. Depende da determinação de cada um. Dois departamentos do Governo (DSPA e IACM) estão a fazer trabalhos em separado. Espero que possam partilhar o trabalho e um só organismo fazer a gestão e supervisão”, concluiu.

Au Kam San | Slogans e ausência de objectivos

O deputado Au Kam San entregou uma interpelação escrita ao Governo onde defende que as suas políticas ambientais são semelhantes a slogans, sendo que, para implementar o sistema de reciclagem não há objectivos, acusa. Au Kam San lembrou que mesmo com as recentes casas construídas ou empreendimentos hoteleiros não foi implementado um modelo de reciclagem mais eficaz ou moderno. au kam san
“As habitações públicas continuam a adoptar um modelo comum de reciclagem, o que não apresenta quaisquer diferenças em relação aos edifícios mais antigos ou zonas velhas da cidade. Será uma má conduta ou inacção política?”, questionou o deputado à Assembleia Legislativa.
Na área da reciclagem Au Kam San considera que o maior problema é a necessidade de tratar as pilhas, cuja queima directa aumenta a poluição e produz gases tóxicos. O deputado criticou o facto da DSPA não ter definido até agora um sistema de reciclagem. Au Kam San referiu ainda o facto dos residentes terem de fazer uma reserva para deixarem as suas pilhas na estação de tratamento de resíduos especiais e perigosos, localizada junto à central de incineração, no Pac On. Para o deputado, essa burocracia faz com que as pessoas optem por deitar as suas pilhas utilizadas no lixo.

13 Set 2016

Instituto da UM em Zhuhai recebe 4,5 milhões da China para investigação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Investigação Científica Tecnológica da Universidade de Macau em Zhuhai vai receber mais de 4,5 milhões de yuan da Fundação Nacional de Ciências Naturais (FNCN) para projectos de investigação científica. A notícia foi ontem divulgada pela própria universidade, que diz ter recebido aprovação para 12 projectos de investigação este ano.
Depois de, no ano passado, o Instituto ter recebido um financiamento à volta do mesmo valor da mesma fundação chinesa, o Instituto viu ser-lhe concedido este valor que corresponde a cerca de 30% dos 40 pedidos feitos pela instituição. “É uma taxa de sucesso alta, comparativamente aos dois anos anteriores”, sublinha o Instituto.
Os projectos vão ser dirigidos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, Faculdade de Ciências da Saúde e Instituto de Ciências Médicas Chinesas.
O Instituto de Investigação Científica Tecnológica da Universidade de Macau em Zhuhai foi criticado pelo Comissariado de Auditoria no ano passado. A instituição foi criada em 2011 com o objectivo de fixar uma base de investigação na China continental e conseguir obtenção de apoios financeiros atribuídos pela Fundação Nacional para as Ciências Naturais, mas foi criada em forma de entidade privada não empresarial, o que levou o Comissariado a considerar que a situação impede a “fiscalização eficaz e controlo” e faz com que a universidade “corra riscos na gestão do Instituto de Investigação”. Uma reestruturação estaria a caminho, mas até agora nada se sabe. Como avançou ainda o HM, o Instituto terá também violado a Lei Básica, segundo juristas, na medida em que que houve transferência de fundos de Macau para a região vizinha sem autorização. Mas, questionado pelo HM, o Governo optou por não investigar o caso, porque no relatório que espoletou esta ideia não estava claramente descrita esta “interpretação”.

13 Set 2016

Cinema | MUST abre mestrado em Gestão Cinematográfica

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) criou um Mestrado em Gestão Cinematográfica. De acordo com um despacho do Governo, o plano de estudos foi aprovado pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e publicado ontem em Boletim Oficial. Profissionais ligados à indústria cinematográfica ouvidos pelo HM aplaudem a iniciativa, realçando apenas que faz falta uma componente mais prática e disciplinas de história do cinema.
Para o realizador António Caetano de Faria “faz todo o sentido haver este curso, porque há em Macau uma indústria em desenvolvimento e muita gente a trabalhar sem prática”. O cineasta diz que a formação é sempre positiva, “porque todos crescem com ela”, inclusivamente a própria cidade que “se quer afirmar na indústria do entretenimento e que tem imenso potencial com muitos ambientes para histórias”, refere.
Em relação ao plano curricular, o profissional faz alguns realces. “Parece-me que falta uma disciplina de história do cinema”, diz, salientando contudo que o balanço é positivo. “Apesar de se terem feito vários workshops, ainda que pontuais, este é um início para apostar mais fundo nesta área de formação onde eu próprio sou um aprendiz. É uma área onde a formação é perpétua e dinâmica porque estamos aliados à tecnologia, dependemos de máquinas para trabalhar e a tecnologia está sempre em evolução. Por isso a formação e a informação nunca são de mais”, conclui.

O que faz falta

Já para Pedro Cardeira é sempre bom apostar na formação e mais um curso é bem-vindo. “Olhando para as disciplinas que fazem parte do mestrado, parece-me que devia haver uma componente mais prática. Parece-me muito teórico”, frisa no entanto o realizador, que diz que apesar de haver vários cursos de cinema, estão sempre alocados ou a cursos de Comunicação Social ou a outra área qualquer. “Faz falta uma licenciatura ou um bacharelato especificamente em Cinema que juntasse as componentes som, imagem e edição, por exemplo.”
Olhando para o plano curricular deste curso da MUST, Pedro Cardeira acrescentaria algumas disciplinas. “Seria importante haver uma cadeira de Teoria do Cinema, que falasse do lado estético e da cultura cinematográfica e falta isso em Macau. Mas claro que a criação deste curso é positiva”, conclui.
Na lista de disciplinas do curso estão uma dúzia de cadeiras em dois anos, onde se incluem, por exemplo, Gestão do Financiamento do Cinema e Novos Média, Promoção e Marketing do Cinema, Cinema e Direito, Globalização do Cinema e Investigação de Documentários. O Mestrado tem a duração de dois anos e é leccionado nas línguas chinesa e inglesa.

13 Set 2016

Governo vai manter programa de vacinação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) vão manter como está o programa de vacinação do Governo. Numa resposta ao HM, depois de questionado sobre se iriam seguir sugestões deixadas numa conferência sobre Saúde, o organismo explica que estão a ser feitos estudos para eventuais mudanças, mas não para agora.
O presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau, Jorge Sales Marques, afirmou numa conferência em Julho que iria apresentar aos SS uma proposta de alteração do plano de vacinação local. Entre as sugestões, segundo o jornal Ponto Final, estava a inclusão da administração da vacina contra o HPV a rapazes e mais cedo do que os 12 anos e a inclusão da vacinação contra o rotavírus, entre outros. Os SS não partilham da mesma opinião do profissional.
“Apesar da vacinação contra o HPV ter algumas vantagens nos rapazes, ainda não foi implementada de forma geral por governos de países ou zonas em todo o mundo onde a vacinação contra o HPV já é realizada”, começa por frisar o organismo, salientando, contudo, que “continuará a realizar estudos sobre a inclusão dos rapazes como destinatários desta vacina gratuita, tendo em conta critérios como encargos da doença, a relação custo/benefício e a eficácia da vacina em Macau”. Sobre a idade de administração, os SS dizem que, apesar de poder ser efectuada aos nove anos, em todo o mundo é normalmente aconselhada a administração entre os 11 e os 12 anos. “Além disso, a vacinação nestas idades é anterior ao primeiro acto sexual da maioria dos adolescentes de Macau, assim sendo, os Serviços de Saúde mantêm a administração da vacina entre os 11 e os 12 anos de idade (aliás, 6.º ano do ensino primário)”, explicam.

Aos poucos

Sobre a proposta de introdução de uma vacina contra o rotavírus, doença que causa diarreia nos bebés, os SS dizem também que vão estudar a viabilidade “da introdução gradual e progressiva de novas vacinas”, algo que, contudo, não é para já.
Outra das sugestões de Sales Marques reincidia sobre a administração da vacina anti-pneumocócica menos vezes, de quatro para três. Investigação é, neste caso, a palavra de ordem na resposta dos SS.
“Informações actuais mostram que o período de administração das quatro doses da vacina conjugada contra o Pneumococo tem um efeito positivo nas crianças. Os SS continuarão a investigar a viabilidade de alteração para três doses se houver provas científicas que evidenciem efeitos idênticos.”
O médico tinha ainda sugerido a administração da vacina da meningite B em crianças que viajam para zonas de risco, algo que os SS dizem estar já a fazer. O organismo tem vacinas da encefalite japonesa (chamada também encefalite tipo B) que são administradas a pessoas que, por diversas razões, tenham necessidade de permanecer nas zonas epidémicas por um longo período de tempo, como asseguram na resposta ao HM.

Vacinas custam mais de 60 milhões

Depois de mais de 470 milhões de patacas pagos para o fornecimento de medicamentos a farmácias convencionadas, os Serviços de Saúde pagaram ontem 62 milhões de patacas a três empresas para o fornecimento de vacinas. A Agência Lei Va Hong Limitada, a Four Star Companhia Limitada e a The Glory Medicina Limitada foram as empresas contempladas. Estas três empresas são as fornecedoras principais de medicamentos, de acordo com o Boletim Oficial e conforme publicado num artigo do HM na semana passada. Um dos administradores da Agência Lei Va Hong Limitada ocupa o mesmo cargo na The Glory Medicina.

13 Set 2016

Amélia António volta a candidatar-se à Casa de Portugal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] advogada Amélia António volta a candidatar-se à Casa de Portugal. As eleições estão marcadas para amanhã, com uma única lista candidata, apresentada pela direcção cessante. É o que avança a Rádio Macau, que diz que a actual presidente entende que não pode virar costas às dívidas que resultaram do investimento feito no restaurante Lvsitanvs, apesar de admitir que, ao fim de 11 anos no cargo, a vontade era passar a pasta.
“Havia a minha vontade de que assim fosse [deixar a presidência]. Mas um conjunto de circunstâncias não me libertou ainda este ano, nomeadamente, a situação financeira que resultou do fechar do Lusitanus, que temos vindo a tentar resolver, mas a resolver lentamente. Com esta situação pendente, não consegui ainda desligar-me de assumir a responsabilidade”, afirma Amélia António.
O projecto resultou num prejuízo superior a um milhão de patacas para a Casa de Portugal. A dívida, explica Amélia António, será paga gradualmente, através dos cursos da Escola de Artes e Ofícios e da colaboração com os Serviços de Educação e com o Turismo.
 A Casa de Portugal vai continuar a assinalar as grandes datas, como o 25 de Abril ou o 10 de Junho. O programa de festas começa já em Outubro, com o Festival da Lusofonia: “Na semana cultural, vamos trazer uma coisa muito interessante, que são os cavaquinhos  – a construção e apresentação dos cavaquinhos. Estamos em contacto com uma escola de Portugal especializada nesta área”, adianta Amélia António, citada pela rádio.
 

12 Set 2016

Preservação | Nero Liu, presidente da Associação dos Embaixadores do Património, e Derrick Tam presidente da Assembleia

A Associação dos Embaixadores do Património de Macau quer ver a herança cultural devidamente reconhecida e preservada. Nero Liu e Derrick Tam são os seus representantes e têm em mãos a motivação dos mais novos para cuidar da história da terra e ajudar na formação de consciências que, ao invés de demolir, conservem o património local

Como caracterizamos a Associação dos Embaixadores do Património de Macau (AEPM)?
Tam – A AEPM foi fundada em 2004 e resultou de uma iniciativa do Governo que remonta a 2001. Nessa altura estava a ser preparada a entrada de alguns elementos do património de Macau na UNESCO e foram criados “grupos de embaixadores de relíquias culturais” nos quais alguns dos nossos membros actuais participaram. Essa foi a iniciativa que motivou a nossa origem mais tarde.
 
Quais são as vossas principais tarefas?
Tam – O nosso principio básico é a conservação da herança patrimonial e nesse sentido a nossa atenção vai principalmente para a promoção da educação e da formação na área do património, de modo a divulgar mais o que temos e a alertar as consciências para isso mesmo.

A vossa Associação é conhecida pela área da formação. O que fazem especificamente?
Tam – O programa que se chama “Embaixadores de relíquias culturais” já começou há 15 anos e tem como objectivo provocar mudanças nas mentalidades. Muitas vezes, os mais jovens consideram que quando se fala de património e conservação se está a falar de trabalho realizado por pessoas mais velhas ou académicos seniores. Queremos reverter esse tipo de pensamento e mostrar às pessoas que a conservação da herança cultural cabe a todos e especialmente à geração mais jovem. O ponto mais importante deste programa está mesmo no facto de fazer ver à população que a conservação patrimonial não é um trabalho antiquado e inflexível, mas pelo contrário, pode ser algo animado e com recurso a métodos inovadores e diversificados. embaixadoresdopatrimonio_6_sofiamota

Liu – O público alvo vai dos 16 aos 29 anos e cada ano recrutamos 30 a 35 alunos. Cada curso tem início no final de Setembro e os alunos podem escolher entre duas vertentes: “educação e promoção” ou “estudo e publicação”. São dadas aulas teóricas e práticas com visitas aos locais de interesse e depois dos devidos exames, seguem para a componente de “guia” e podem ser embaixadores estagiários em Novembro. Só após um ano de prática é que são oficialmente “embaixadores de património”.

Quais as principais actividades?
Liu – A formação é dividida em três categorias – Educação, promoção e serviço de guia, sendo o trabalho de maior relevo no que respeita à formação de embaixadores e que integra os dois primeiros itens e tem início no nono ano de escolaridade. Além disso, também vamos a escolas para fazer palestras. Pretendemos através do método de ensino mais simples e diversificado contactar com a população mais jovem. Quanto ao serviço de guia, temos iniciativas que convidam as pessoas para passeios guiados à noite visto ser uma possibilidade ver Macau com menos gente e poder desfrutar da cidade numa atmosfera mais tranquila. Com este serviço recebemos, por exemplo, reservas por parte de empresas e até de escolas.

E como é que fazem isso?
Tam – Como os temas em discussão são muitas vezes bastante variados, dão-nos a possibilidade de realizar diferentes tipos de actividades de modo a que exista uma ligação à comunidade e ao desenvolvimento da cidade tendo sempre por base o património que possui. Neste momento o programa já é considerado fundamental no que respeita à promoção do património junto dos mais jovens em Macau.

Que mudanças vêem nos jovem que frequentam a formação?
Liu – O que leva os jovens a participar neste curso inicialmente é simples: ou é porque se interessam pela história da terra ou simplesmente porque têm tempo. Depois, durante o processo de formação, alguns dos participantes desistem. Mas no final, e para aqueles que concluem a formação, o património passa a fazer parte da sua vida. O património sai dos manuais e integra o seu quotidiano. O facto de, durante a formação, existir comunicação com a comunidade também traz uma dimensão real ao que estão a estudar e a desenvolver uma relação com o objecto de estudo. Por exemplo, para alguns as Ruínas de S. Paulo são só um adorno, mas depois da formação os alunos ficam a conhecer a história das ruínas e a conhecer a verdadeira importância delas e assim começam a sentir que aquele lugar é verdadeiramente parte da sua terra.

Quais são os vossos principais “clientes”?
Liu – São, principalmente, as escolas. Há também operadoras turísticas que, quando recebem hóspedes, nos solicitam o nosso serviço de guia. A frequência depende de diferentes trimestres. Este ano, recebemos um máximo de dez excursões num mês.

Qual é a vossa opinião relativamente ao que tem sido feito na área do património?
Liu – Com a Lei da Salvaguarda do Património Cultural que entrou em vigor em 2014 foi adoptado um novo processo de avaliação do património que, comparativamente ao que até aí existia, já se mostra muito mais completo. Antes de 2014, só com um despacho do Chefe do Executivo é que se podia classificar, efectivamente, uma construção enquanto património. Agora já não é assim. Actualmente é necessário estabelecer parâmetros que informem a população de que determinado edifício tem interesse em ser preservado, em que âmbito se insere a sua conservação e outros itens que contribuem para uma maior informação da população. Depois de consultada a população há ainda a discussão a realizar pelos membros do Conselho do Património Cultural, seguindo-se uma avaliação por parte do Governo. O despacho apenas anunciava a classificação enquanto património. Os resultados do primeiro grupo para classificação de bens imóveis de Macau ainda não saíram, mas já se fez a consulta pública e todo este processo vai servir de experiência para que o Executivo, no futuro, possa vir a melhorar os trabalhos de avaliação.

Como vêem a preservação do património?
Liu – Os métodos de preservação do património de Macau ainda são relativamente tradicionais. No que respeita ao património mundial considero que Macau tem feito um bom trabalho. Claro que tiveram lugar alguns incidentes, como são exemplo o incêndio no Templo de A Má ou a queda do telhado da Igreja de Santo Agostinho, mas acho que às vezes estes incidentes também são inevitáveis. Não quero com isto dizer que o Governo não tem responsabilidade, porque tem, com certeza. Mas há que chamar a atenção aos proprietários que também devem assumir as suas responsabilidades na preservação dos edifícios. Não acho justo o Governo ser acusado por tudo quando estamos a falar de propriedades que têm dono como é o caso do templo ou da igreja. Penso que seria necessário, mais que acusar, discutir devidamente as responsabilidades.

O Governo tem mostrado empenho?
Liu – No que respeita à protecção, penso que o Governo tem feito um bom trabalho. Há muito trabalho que não é visível à população e no imediato e, como tal as pessoas não o conseguem [perceber]. Por exemplo a protecção de bens como antiguidades ou estatuetas que as pessoas desconhecem. É um trabalho que acontece “atrás das cortinas” e por isso não é muitas vezes considerado.

Pode explicar melhor?
Liu – Sim, por exemplo as lojas antigas que poderiam fechar e que no seu interior possam albergar objectos de diferentes alturas e que merecem ser conservadas e que seriam representativos das épocas em que foram produzidos. Penso que o Governo sabe disso e que vai fazer esforços para interferir de modo a que estes objectos não fiquem perdidos ou sejam destruídos. Acredito que irá proceder a uma recolha e permissão para que possa estudar estes conteúdos de modo a que os possa recolher e catalogar devidamente. Acho que o armazém do Instituto Cultural vai ter que ser muito grande (risos). Este é um facto que provavelmente não será contado à população mas que já está a ser feito e vejo necessidade em afirmar também este tipo de actos. Por exemplo, na R. de Pedro Nolasco da Silva havia uma loja de tabaco e quando a loja fechou portas o seu interior foi alvo de análise. Daí foram recolhidas, por exemplo, boquilhas antigas que também são testemunho da história de Macau. Podemos dar também o exemplo da fábrica de panchões que já é um caso público. O Governo tem na sua posse os seus equipamentos, por exemplo.

O que é que ainda falta?
Liu – Ainda falta fazer muita coisa. Por exemplo, a protecção de bens imóveis que ainda nem estão avaliados, edifícios privados que podem ser reconstruídos ou mesmo demolidos e ainda estão sem solução. Falta também saber, para a zona velha, quais as construções que deveriam ser classificadas e conservadas e ter um plano concreto nesse sentido. Actualmente, quando um proprietário pretende proceder à demolição de um edifício tem que, em primeiro lugar, pedir autorização aos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), depois o processo vai para o IC para que sejam dadas sugestões e regressa à DSSOPT e daí vai ao Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Isto é um procedimento que se aplica a casos isolados, mas quando se trata de da preservação completa de uma zona não existe ainda um consenso entre Executivo e comunidade. E digo “sem consenso” porque caso existisse as pessoas não estariam autorizadas a demolir edifícios e neste momento os proprietários estão sempre mais receptivos à ideia de destruição. Mas, se for estabelecido que é necessário preservar “o esqueleto da rua”, estas demolições têm que parar de ser feitas e os casos não podem ser analisados um a um. Acho que o Governo deve considerar de uma perspectiva mais geral. Já foram definidas algumas zonas, mas resta ainda saber se podem vir a ser alargadas.

12 Set 2016

Jockey Club | DICJ ainda analisa proposta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo ainda não tem qualquer conclusão sobre o destino do Macau Jockey Club, que violou o Código Comercial. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) confirmou ao HM que tem a proposta da empresa em mãos, mas ainda está “a analisá-la de momento”, pelo que não há qualquer decisão. Tal como o HM avançou em Agosto, a empresa violou a lei devido a ter contas que não batem certo com o que é obrigatório com o Código Comercial e que levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão. A DICJ assegurou que o Jockey Club teria até final de Agosto para “apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa”. A questão em causa, contudo, não é de agora. A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado altura em que o seu capital social era inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas.
De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolução da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses.
A questão reside ainda no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões. A Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017.

12 Set 2016

Transportes | Uber continua a operar. TaxiGo nega impacto negativo

A Uber decidiu continuar a operar no mercado local, apesar do braço de ferro que tem feito com as autoridades. Andrew Scott, presidente da MTPA, alerta: “nada vai mudar” em termos da legalização da empresa

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o dia em que todos esperavam o fim, a Uber, a empresa que opera a aplicação móvel para chamar carros privados, decidiu permanecer em Macau. Foi através de um comunicado que a empresa anunciou a decisão, tendo este sido de imediato partilhado por inúmeros residentes nas redes sociais.
“Obrigado Macau. A quantidade sem precedentes de apoios que recebemos nas últimas semanas foi surpreendente. Recebemos mais de 23 mil assinaturas online, além dos que criaram petições online e que enviaram cartas ao Governo. Além disso, agradecemos aos condutores, passageiros, residentes, turistas e deputados que apoiaram a nossa causa. Depois de muita deliberação, a Uber vai continuar a servir condutores e passageiros de Macau”, aponta o comunicado. “Ouvimos cada um de vós e não poderíamos estar mais agradecidos. Ouvimos a mãe de dois filhos que chamou a Uber depois de esperar um táxi demasiadas vezes. Ouvimos o trabalhador do casino que não teve mais de sair de casa uma hora mais cedo para chegar a horas ao seu turno. Ouvimos muitos condutores que são nossos parceiros e que viram na Uber uma oportunidade importante, crucial para o sustento da sua família”, escreveu ainda.
A empresa voltou a recordar os países, incluindo a China, onde o serviço já é legal. O HM quis perceber se a Uber vai continuar a trabalhar nos mesmos moldes e quais as razões que estiveram por detrás do recuo na decisão, mas Harold Li, porta-voz da empresa, garantiu que a Uber não daria mais justificações.
Estratégia de marketing?
Ao HM, Andrew Scott, presidente da Associação dos Passageiros de Táxi (MTPA, na sigla inglesa), garantiu que nada vai mudar com a continuação das operações. “Nada vai mudar e o Governo vai continuar a lidar com a Uber como uma empresa ilegal no mercado. Vão continuar a aplicar multas à Uber e penso que o Governo vai tornar-se mais agressivo contra a Uber mas era bom que também o fosse contra os maus taxistas.”
Andrew Scott defendeu que a permanência no mercado vai causar pressão junto do Governo. Mas, em comunicado, a PSP garante que nada mudou: a Uber “presta um serviço de transporte ilegal” e é para continuar a ser combatida.
Questionado sobre se a decisão da empresa de sair e voltar não passou de uma estratégia de marketing, o presidente da MTPA afirma apenas que “caso tenha sido, foi uma cínica estratégia de marketing”.
Kyle Ho, responsável pelo lançamento da aplicação TaxiGo, que trabalha com táxis já licenciados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), confirmou que a continuação da Uber em nada vai alterar os planos da empresa.
“Isso não nos vai afectar, porque quando lançámos este projecto em Março a Uber já estava no mercado e isso não vai influenciar os objectivos da TaxiGo.”
Do lado de quem fez protestos e petições, a luta continua. Tong Ka Io, presidente da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, onde estão também os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, garantiu ao HM que vão continuar a exigir um novo sistema de transportes.
“A questão não é apenas se a Uber fica no mercado ou não. Vamos continuar a exigir uma nova legislação e um novo sistema de transportes públicos. Não pedimos apenas a permanência da Uber, pedimos também ao Governo para melhorar as políticas de transportes e a legislação, por forma a incluir as novas tecnologias e também para minimizar os problemas dos táxis”, rematou.
Com mais de dois mil condutores a trabalhar para si, a Uber acumulou em nove meses de operação cerca de dez milhões de patacas em multas.

12 Set 2016

Taxa de suicídio de 2015 é a mais baixa da década

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau teve, em 2015, a mais baixa taxa de suicídio em dez anos. Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), com base na média da Organização Mundial da Saúde, que indica que, em todo o mundo, mais de oitocentas mil pessoas cometem suicídio. Mas, novos dados da PSP, mostram que as tentativas de suicídio passaram a centena, no ano passado.
Os dados chegam no dia em que se assinalou o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, sábado. No mundo, a taxa de mortalidade devido a suicídio é de 11,4 pessoas por cada cem mil. Em Macau, durante o ano de 2015, e de acordo com os dados dos SS, foram registados 62 casos de suicídio, dos quais 53 pessoas eram residentes de Macau (35 homens e 18 mulheres).
As informações indicam que a taxa global de suicídio foi, assim, de 9,6 por cada cem mil pessoas. Se forem considerados apenas as pessoas residentes, a taxa de suicídio foi de 8,2.
“Em comparação com 2014 a taxa global de suicídio, nos residentes em Macau, diminuiu cerca de 15,8%, sendo não só o valor mais baixo dos últimos quatro anos, mas também o número mais baixo desde 2005, ano em que teve início o sistema de monitorização de suicídios”, indica o organismo.

Outros números

Mas, dados da PSP recentemente enviados ao HM, e depois deste jornal ter lançado, na sexta-feira, um artigo sobre o assunto, indicam que as tentativas de suicídio foram bem superiores.
Em 2015, 126 pessoas tentaram pôr fim à vida. A maioria era mulheres e residentes de Macau (53), seguida de homens residentes (46) e não residentes (27). A PSP diz, contudo, que destas contabilizaram-se 24 mortes. Já este ano, até Julho, o número de casos ascendeu a 87. Novamente, no caso dos residentes, a maioria era mulher (33). Mas, “só” 21 conseguiram pôr fim à vida.
Segundo a TDM, em dez anos, a PSP contabilizou 490 casos de suicídio e a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos 525. A disparidade nos números deve-se ao facto do tratamento ser dividido entre as diferentes autoridades.
Embora Macau não pertença às regiões com alta prevalência de suicídio determinada pela Organização Mundial da Saúde, os SS alertam que “há cada vez mais pessoas cujo estado mental encontra-se em estado de sub-saúde devido às rápidas e sucessivas alterações da sociedade, nomeadamente, os problemas enfrentados e o stress de vida em excesso suportados pelos cidadãos”.
Jogo, depressão e solidão são as principais causas que levam ao suicídio no território. Os Centros de Saúde do Tap Seac, Fai Chi Kei, da Areia Preta, do Jardim do Oceano e do Carmo-Lago dispõem de consultas externas de saúde mental, avisam os SS.

12 Set 2016

Galgos | ANIMA diz que cão cozinhado vivo na China não vem de Macau

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m vídeo de um galgo vivo a ser cozido em água a ferver, na China, está a gerar constrangimento e diversas críticas nos jornais irlandeses e ingleses e nas redes sociais. As imagens – “chocantes”, como são descritas – voltam a levantar questões sobre o fim dado aos galgos do Canídromo, mas Albano Martins, da ANIMA, assegura que os cães que correm na pista do território não acabam no comércio de carne.
Ainda que cenas destas não sejam exclusivas a galgos, já que todos os anos são várias as raças que sofrem este tipo de acções, a notícia causou sensação na Irlanda – de onde vem a maioria dos galgos que correm no Canídromo da Yat Yuen em Macau – no passado fim-de-semana. O vídeo pertence à organização “Fight Dog Meat Australia”, que se dedica a expor crueldade para com os animais que acabam no comércio de carne no continente.
A organização indica que o caso aconteceu em Shijiazhuang, em Hebei. As imagens podem provocar náuseas aos mais sensíveis: o galgo é colocado dentro de um bidão com água a ferver e luta pela vida durante largos minutos, levando até a que dois homens tenham de segurar a tampa para que ele não saia. Transeuntes no local olham, uns riem, outros estão visivelmente enojados. O animal acaba por morrer, sendo retirado do balde já sem olhos e colocado no chão.
Apesar de cerca de dez milhões de cães – de acordo com activistas de protecção animal na China – serem mortos pela sua carne todos os anos, e de muitos deles serem furtados das famílias, o facto de ser um galgo que aparece no vídeo volta as atenções novamente para o Canídromo, a única pista de corridas legal na China e que se mantém sem um programa de adopção.
As organizações pró-animal, especialmente a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, que tem vindo a dar a cara pela necessidade de um programa de adopção para os galgos do Canídromo, alertam para os mais de 300 galgos por ano que acabam eutanasiados. Mas, a possibilidade de que estes animais estejam a ser levados de cá para o continente para fins como este não é apoiada pelo presidente da ANIMA.

Outras proveniências

“Não. Os galgos de Macau saem mortos do Canídromo e os corpos são entregues a uma empresa contratada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, para os levar para a incineradora de Macau”, assegura Albano Martins ao HM.
O problema está, indica o responsável, noutras duas questões: nos cães exportados pela Irlanda directamente para pistas privadas na China, “que na teoria não fazem dinheiro, mas que se suspeita que façam”, e para países como o Vietname, Índia e Paquistão. E nos cães exportados anteriormente pela Austrália que não eram esterilizados e que abriram a hipótese de haver criação na China.
Irlanda e Austrália são os dois principais fornecedores de galgos. Depois da Austrália ter banido a exportação, a Irlanda está a sofrer pressões nesse sentido, mas o país continua a lucrar com estas vendas, até porque “tem um excedente brutal” destes animais, como indica Martins ao HM.
A directora da PETA Reino Unido, Elisa Allen, disse ao Irish Post que, apesar desta ser uma maneira horrível de morrer, a verdade é que as pessoas deveriam pensar que também fazem isto ao marisco, como as lagostas. Já Rita James coloca-se do lado da ANIMA e recorda que casos destes não estão a acontecer só na China, havendo outros países para onde os galgos estão a ser exportados, como o Paquistão e o Vietname.

Discursos nos EUA e em Milão

A ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais é a principal oradora em duas conferências internacionais que têm lugar em Milão e nos EUA este e o próximo mês. Albano Martins, presidente da organização, disse ao HM que a ANIMA vai marcar presença, como já tem vindo a fazer noutros eventos. Assim, para os dias 24 e 25 deste mês haverá uma conferência em Itália e 13 e 14 de Outubro nos EUA.

12 Set 2016

Educação | Inquérito revela excesso de horas no ensino

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 60% dos professores da RAEM apresentam níveis de stress elevados. A informação foi divulgada pelo jornal Ou Mun e é baseada num inquérito que decorreu entre Maio e Junho levado a cabo pela Comissão de Juventude da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong). O estudo demonstra que 109 pessoas, entre os 181 inquiridos, estão com um grau de stress superior a sete, numa escala de dez.
A pesquisa envolveu professores que trabalharam em escolas locais no passado ano lectivo e dá ainda a conhecer que 139 inquiridos consideram que, para reduzir o grau de stress dos docentes, é necessário diminuir o volume de trabalho “não docente” e, paralelamente, “aumentar o número de funcionários (112 pessoas) e aumentar o salário e os descontos para a previdência (108 pessoas)”.

Horários a dobrar

Os resultados apresentados no passado sábado mostram ainda que 81 dos inquiridos trabalharam, nos últimos três meses, uma média superior a 50 horas semanais, representando 45% da amostra. Outros 39 professores estão acima das 60 horas semanais, o que representa 22% do número total de inquiridos. Em ambas as situações a carga horária está muito acima do horário de trabalho de 36 horas semanais definido pelo Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino Não Superior.
Com estes resultados, os Kaifong apelam à existência de uma maior proporção dos funcionários administrativos nas escolas e ao aumento dos esforços para a informatização de funções de forma a “assegurar um bom equilíbrio entre a preparação das aulas, o descanso e a formação dos docentes”.
Segundo o Quadro Geral, a condição prioritária para a promoção dos docentes é o tempo de carreira, pelo que os Kaifong sugerem mais carreiras pedagógicas que não impliquem o tempo de serviço a quem mostre que dá o seu contributo para a educação local e desta forma “mereça” um subsídio.

12 Set 2016

UM | Multilinguismo em conferência internacional

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) vai realizar, quarta e quinta-feira, uma conferência internacional sobre multilinguismo, com os crioulos de base portuguesa da Ásia a figurarem entre os destaques do programa.
“Línguas em Contacto na Ásia e no Pacífico” tem a sua segunda edição marcada para estes próximos dias e o principal objectivo é a promoção do intercâmbio de conhecimentos na área da investigação que abarca o estudo das línguas e da sua convivência nas regiões da Ásia e Pacífico. A actividade conta com a participação de cientistas no ramo que variam entre nomes conceituados e jovens que se dedicam recentemente à análise aprofundada dos fenómenos do multilínguismo.
A ideia é criar um “espaço de diálogo entre académicos e membros da comunidade em geral, envolvidos na preservação de línguas minoritárias em contextos multilinguísticos”, de acordo com um comunicado divulgado pela UM.
O encontro vai ter quatro oradores principais, incluindo Alan Baxter, especialista em crioulos de base portuguesa, que regressou recentemente a Macau para dirigir a Faculdade de Humanidades da Universidade de São José, depois de ter exercido o cargo de director do Departamento de Português da UM entre 2007 e 2011.
O linguista australiano vai subordinar a sua palestra ao tema ‘Crioulos minoritários de base lexical portuguesa na Ásia: desafios internos e externos à sobrevivência’.
O crioulo português de Malaca (‘kristang’) vai ser documentado por Stephanie Pillai, da Universidade Malaia.
Zuzana Greksáková, investigadora da Universidade de Coimbra, vai falar sobre o tétum praça, que possui empréstimos linguísticos do português.
Na Ásia, a língua portuguesa é idioma oficial em Timor -Leste e Macau, mas é também a mãe de crioulos na Indonésia, Malásia, Sri Lanka, Índia, Paquistão e Macau.

Intercâmbio e minorias

Os temas nesta segunda edição abrangem também um leque variado, onde a organização destaca a descrição de fenómenos linguísticos específicos resultantes de contacto entre línguas (especificamente para estudos de caso em Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Malásia, Macau, China continental e Indonésia), as consequências sociais e culturais em contextos de contacto entre grupos de falantes de línguas diferentes em certas regiões do Sudeste asiático e da Ásia oriental ou questões de documentação e preservação relacionadas com as línguas minoritárias em perigo de extinção (especificamente Malásia, Singapura e Macau). A conferência, que vai decorrer em inglês, inicia com uma cerimónia de abertura já no dia 14, às 9h00, na UM.

12 Set 2016