Substâncias perigosas | Anunciado estudo de impacto ambiental

 

Depois de muitas críticas, o Governo decidiu realizar um estudo de impacto ambiental à construção do depósito e armazém de substâncias perigosas no Cotai

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]sugestão foi feita por um engenheiro durante um fórum público e o Governo decidiu aceitá-la: O plano de construção de depósito e armazém de substâncias perigosas, projectado para o Cotai, vai ser alvo de um estudo de impacto ambiental.
O anúncio foi feito na sexta-feira, através de um comunicado do gabinete do porta-voz que dá conta que o Executivo “decidiu solicitar aos serviços competentes da área das obras públicas que efectuem uma avaliação ambiental de forma a garantir uma maior segurança antes do início das obras”.
A decisão foi tomada “após avaliadas as opiniões do público e as sugestões do secretário para a Segurança, a fim de assegurar ao máximo a segurança dos residentes e dos seus pertences”, diz a mesma nota.
O Executivo faz, desta forma, eco das preocupações dos residentes relativamente a eventuais riscos de segurança nas obras de construção, nomeadamente pelo facto de as instalações estarem projectadas para as proximidades de uma escola e de ficarem nos arredores de condutas de transporte de gás.
“O Governo da RAEM continuará atento às opiniões da sociedade para garantir, no futuro, a promoção conjunta” do plano de construção do depósito e armazém temporário de substâncias perigosas, diz a mesma nota oficial.
O Executivo seleccionou dois terrenos para a construção de um depósito e armazém de substâncias perigosas – um na Avenida Marginal Flor de Lótus e outro na Estrada do Dique Oeste –, cujas plantas de condições urbanísticas foram aprovadas, em Julho, pelo Conselho de Planeamento Urbanístico. As instalações têm, contudo, gerado controvérsia, principalmente entre os moradores da zona de Seac Pai Van que rejeitam viver junto das instalações. Além de duas petições, entregues ao Chefe do Executivo e à Assembleia Legislativa, um grupo de residentes de Seac Pai Van também organizou, em meados do mês, uma concentração em forma de protesto.

Secretário já explicou

O projecto do depósito e armazém gerou algum debate, tendo o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reunido com a Federação das Associações dos Operários de Macau e União Geral das Associações de Moradores de Macau para explicar que não existe qualquer perigo para a população. A Aliança do Povo da Instituição de Macau também foi alvo de esclarecimentos por parte de Wong Sio Chak.
Citado por um comunicado oficial, o secretário adiantou que a instalação do depósito e armazém temporário e do depósito centralizado de substâncias perigosas em Coloane é uma medida que vai “reduzir ou até resolver os riscos de segurança das substâncias perigosas dispersadas por vários locais”.
Para o governante, estes depósitos garantem “a segurança das substâncias perigosas e da sua gestão”, pelo que não há nada a temer.

27 Ago 2018

Comércio | Volume de negócios a retalho atingiu os 18 mil milhões

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]volume de negócios do comércio a retalho de Macau atingiu 18 mil milhões de patacas no segundo trimestre, mais 23,7 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais.
De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), entre Abril e Junho, o volume de negócios de relógios e joalharia representou 21,1 por cento do total, seguindo-se os volumes de negócios de mercadorias de armazéns e quinquilharias (15,8 por cento), artigos de couro (13,4 por cento) e vestuário para adultos (12,4 por cento).
Contudo, em comparação com os três primeiros meses do ano, o volume de negócios do comércio a retalho do território caiu 13,4 por cento no segundo trimestre.
No segundo trimestre, comparando com o mesmo período do ano passado, registaram-se subidas significativas nos volumes de negócios dos principais tipos de comércio a retalho: artigos de comunicação (+65,3 por cento); artigos de couro (+36,9 por cento); mercadorias de armazéns e quinquilharias (+34,2 por cento); vestuário para adultos (+26,7 por cento) e automóveis (+24,7 por cento), de acordo com a DSEC.
Por outro lado, nos meses de Abril a Junho em comparação com os três primeiros meses do ano, o volume de negócios de artigos de comunicação caiu 43,2 por cento, o vestuário para adultos sofreu uma queda de 23,2 por cento, bem como relógios e joalharia (-13,4 por cento).
Já nos primeiros seis meses do ano, o volume de negócios do comércio a retalho atingiu 38,79 mil milhões de patacas, mais 24,9 por cento face ao período homólogo do ano passado.

27 Ago 2018

Melco | Divulgados benefícios para funcionários

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]pós os protestos liderados por Cloee Chau a exigir detalhes sobre o plano de benefícios dos trabalhadores da Melco Resorts, a empresa revelou que vai proceder às contribuições fiscais dos seus empregados no valor de 5 por cento do salário base e oferecer um bónus anual no final do mês de Outubro. À Macau News Agency, Cloee Chau mostrou-se satisfeita com as medidas, no entanto recordou que a Melco tinha prometido contribuições na ordem dos sete por cento. A Melco vai ainda introduzir mais medidas de apoio aos seus funcionários entre as quais novas políticas de licença por doença e o reconhecimento pela qualidade de trabalho.

27 Ago 2018

Economia | PIB cresceu 6 por cento no segundo trimestre

 

Crescimento económico de Macau abrandou face aos primeiros três meses do ano

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6 por cento em termos reais no segundo trimestre, mas ficou aquém do desempenho dos primeiros três meses do ano, em que registou uma subida de 9,2 por cento. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) que atribui o abrandamento à desaceleração das exportações de serviços e à diminuição acentuada do investimento.
Segundo a DSEC, a procura externa manteve-se em alta, com um acréscimo anual de 13 por cento nas exportações de serviços, a principal força motriz do crescimento económico, apesar da contracção da subida (menos 3 por cento face ao trimestre anterior). Na alavanca esteve o desempenho da indústria do jogo e do turismo: as exportações de serviços do jogo subiram 13,7 por cento, enquanto as de outros serviços turísticos aumentaram 13 por cento.
Já a procura interna sofreu um descida ténue, arrastada essencialmente por uma contracção anual de 11,9 por cento no investimento. A despesa de consumo privado registou um crescimento estável (de 5,3 por cento), atribuída à situação favorável do emprego, com subida no número total de empregados e dos rendimentos. Segundo a DSEC, a despesa de consumo final das famílias também aumentou: 4,9 por cento no mercado local e 3,3 por cento no exterior.
O deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou um crescimento anual de 3,5 por cento.
A despesa de consumo final do Governo também esteve em alta: subiu 5,1 por cento em termos anuais, acima do primeiro trimestre (2,2 por cento). Nesta rubrica, destacam-se acréscimos nas remunerações dos empregados e nas aquisições líquidas de bens e serviços, respectivamente, de 3,3 e de 8,8 por cento.

Investimento público em alta

O investimento privado diminuiu, com o agravamento do decréscimo do investimento global em activos fixos que desceu 11,9 por cento em termos anuais, uma queda muito acentuada em comparação com a registada no trimestre precedente (menos 1,9 por cento). O investimento em activos fixos do sector privado também desceu substancialmente (18,9 por cento), cenário justificado com a conclusão sucessiva de obras de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento, bem como de edifícios residenciais. Segundo a DSEC, o investimento em construção recuou 22 por cento no segundo trimestre, amortizado pelo aumento de 7,4 por cento do investimento em equipamento.
Já o investimento do sector público subiu, com diversos projectos de infra-estrutura a impulsionarem um crescimento anual de 28,9 por cento no investimento em activos fixos. Destacam-se os aumentos em obras públicas (mais 21,8 por cento) e em equipamento (mais 154,7 por cento).
A DSEC assinala ainda o crescimento significativo do comércio externo de mercadorias: as exportações aumentaram 30 por cento, enquanto as importações subiram 10, em termos anuais, acima das subidas do primeiro trimestre.
No primeiro semestre do ano, a economia registou um crescimento homólogo de 7,6 por cento em termos reais, atingindo 212.271 milhões de patacas.

27 Ago 2018

DSEJ | Subdirectora adverte menores sobre a possibilidade de sexo dar prisão

A subdirectora dos Serviços de Educação e Juventude continua a proferir declarações polémicas. Leong Vai Kei falou a menores de idade da imputabilidade de crimes sexuais, mesmo em relações consentidas. O jurista António Katchi considera as afirmações da subdirectora “incorrectas”

 

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap] eong Vai Kei, subdirectora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) , defendeu na sexta-feira que as escolas têm a obrigação de advertir os alunos, mesmo que sejam menores de idade, para a possibilidade de se cometerem crimes se tiverem relações sexuais, ainda que consentidas.

“Em Macau, os jovens de 16 anos podem ser responsabilizados criminalmente. Portanto, temos de ensinar aos nossos alunos a responsabilidade legal se tiverem sexo, seja consentido ou não. Independentemente disso, têm responsabilidade legal [e] podem ir para a prisão”, afirmou Leong Vai Kei. Questionada sobre o que sucede, por exemplo, se estiver em causa uma situação em que dois jovens de 15 anos mantém relações sexuais consentidas, Leong Vai Kei respondeu: “Eu não sei se vão os dois para a prisão mas, enquanto educadores, temos de transmitir aos nossos alunos as suas responsabilidades”.

No entanto, a posição da subdirectora não tem cabimento legal, como explicou o jurista António Katchi na passada sexta-feira, em entrevista no telejornal da TDM. “Completamente incorrecto” disse o jurista, até porque “nem faz sentido”.

“A partir dos 16 anos, quem praticar um facto ilícito, qualificado pela lei como crime considera-se imputável”, começou por explicar. Ou seja, aos 16 anos as pessoas são consideradas criminalmente responsáveis.

Mas o crime, quando se trata de uma relação sexual entre duas pessoas maiores de 16 anos, só acontece no caso de não ser uma relação consentida, como num caso de violação, pelo que “para este crime, como para qualquer outro, só é imputável quem tiver pelo menos 16 anos”, explicou o jurista.

Quanto aos jovens menores de 16 anos, mesmo que pratiquem um acto que a lei defina como crime, são inimputáveis, logo não são punidos.

No entanto, António Katchi adverte que a subdirectora não falou de violação. “Quando se trata de uma relação em que haja consentimento, e vamos pressupor que este consentimento é livre e esclarecido, ou seja, a pessoa não consentiu por estar intoxicada por exemplo, não há violação.

 

Os menores de 16

No entanto, podem existir outro tipo de crimes com adolescentes entre os 14 e 15 anos, “mas não exactamente nos termos em que ela [Leong Vai Kei] se refere a este assunto”, diz.

Neste sentido, há que distinguir duas situações: se estão em causa relações sexuais com um menor de 14 anos ou entre os 14 e os 15 anos de idade.

No primeiro caso, “qualquer outra pessoa [maior de 16] que tenha relação com ela [menor de 14], estaria a praticar um facto que, nos termos da lei, seria qualificável como abuso sexual de crianças. Mas “se ambas tiverem menos de 14 anos são inimputáveis e obviamente que não respondem criminalmente. O mesmo se passa se ambas foram menores de 16 anos”, ou seja, com 14 e 15 anos”, refere.

Aos maiores de 16 anos pode ser aplicada pena de prisão, no entanto os menores, apesar de inimputáveis criminalmente, podem ser alvo de outros tipos de medidas. “Ao dizer que as crianças em causa não podem ser punidas, refiro-me apenas à aplicação de sanções penais, “máxime” a prisão, pois era esse o “fantasma” agitado pela sudirectora da DSEJ. Mas existe ainda o regime tutelar educativo dos jovens infractores, que oferece uma alternativa de reeducação em lugar da punição”, esclarece o jurista ao HM.

 

Pontos no is

De forma a ilustrar os contornos legais que escaparam à subdirectora da DSEJ, António Katchi exemplifica. “Vamos supor que uma pessoa tinha 16 anos e a outra tinha 13, como uma das pessoas já é criminalmente responsável, logo imputável, “responderia pelo crime de abuso sexual de crianças porque a outra teria menos de 14”.

Há ainda a situação em que nenhum dos envolvidos é menor de 14 anos e em que ambos têm 14 ou 15 anos. Aqui “nenhuma delas responde criminalmente porque são inimputáveis”, aponta.

No entanto, “na pior das hipóteses” estes jovens podem ser sujeitos ao regime tutelar educativo dos jovens infractores, “um desfecho legalmente permitido, nunca a pena de prisão, como afirmou a subdirectora da DSEJ”, reitera o jurista ao HM. “Mas esta solução só seria admissível se um dos jovens abusasse da inexperiência do outro (isto, na hipótese de o outro também ter 15 anos, porque, se tivesse menos de 14, o primeiro poderia ser sujeito ao regime tutelar educativo dos jovens infractores independentemente de ter abusado da inexperiência do outro)”, acrescenta.
O abuso de inexperiência está previsto legalmente para este tipo de casos em que “a lei já não atenta apenas na idade mas também na experiência e exige que haja abuso de inexperiência para preencher este tipo legal de crime”, esclarece.

Atentando às declarações de Leong Vai Kei, acrescenta António Katchi, a partir dos 16 anos já nem se aplicam estas regras, à excepção do caso de violação, em que a relação sexual não é consentida.

Para o jurista e professor universitário, também não cabe aos serviços de educação ditarem a idade a partir da qual os jovens podem ou não ter relações sexuais. “[A DSEJ] pode dar as informações necessárias sobre o que diz a lei e aí convém dar as informações correctas. Quanto ao resto pode dizer que os professores vão ensinar aquilo que seja correcto do ponto de vista científico ou pedagógico. Mas, evidentemente, que não cabe à DSEJ, como organismo público, estar a ditar regras morais”, remata.

O tema foi abordado com a subdirectora da DSEJ num encontro com os meios de comunicação social em língua portuguesa, depois de Leong Vai Kei ter afirmado que a DSEJ não recomenda o sexo antes do casamento, cuja idade legal é aos 18 anos.

 

Problema de expressão

Nenhum aluno é encaminhado para diagnóstico clínico por causa da sua orientação sexual. A garantia foi dada na sexta-feira por Leong Vai Kei, num encontro exclusivo com os meios de comunicação social em língua portuguesa para esclarecer mal-entendidos gerados pelas declarações que proferiu recentemente sobre a homossexualidade.

“Penso que houve uma falha de interpretação da minha parte. Eu estava a pensar em disforia do género [quando falei no diagnóstico clínico]. Cometi um erro nas minhas declarações. Peço desculpa por ter causado esse mal-entendido”, afirmou Leong Vai Kei.

“O meu ponto é: se [a perturbação de] um estudante, por causa de ansiedade, insónia ou alterações no apetite, ou talvez por pensar que está a ser alvo de discriminação chegar a um nível em que realmente afecta os estudos, o sono, o apetite, a comunicação com os colegas e a relação com a família então acho que isso é muito importante. Se chegar a um ponto em que os nossos agentes de aconselhamento não conseguem lidar, então talvez precisemos de ajuda profissional como de psicólogos clínicos”, explicou a ‘número dois’ da DSEJ.

A disforia de género, anteriormente designada de transtorno de identidade de género, tem lugar quando a identidade sexual ou de género se encontra em contradição e conflito com o sexo biológico e genético, gerando uma manifesta insatisfação e inconformidade com a anatomia sexual de nascimento e o papel social que dela se espera.

A mesma responsável ressalvou, porém, que o facto de um aluno ser encaminhado para diagnóstico clínico “não significa que tem uma doença”: “Se tiver obstáculos na aprendizagem, por exemplo, enviamo-lo para diagnóstico clínico para ver qual é a sua necessidade real para procurar dar-lhe o melhor serviço”.

Os agentes de aconselhamento escolares têm como missão prestar apoio aos alunos, encaminhando os casos para profissionais quando ultrapassam o seu raio de acção, como para um médico se em causa estiverem eventuais problemas de saúde, insistiu. No ano lectivo de 2017/2018 existiam 220 agentes de aconselhamento (116 psicólogos e 104 assistentes sociais) de um total de nove instituições subsidiadas pela DSEJ. Segundo Leong Vai Kei, 13 estudantes procuraram voluntariamente aconselhamento devido a distúrbios emocionais relacionados com questões sexuais, ou seja, mais um do que no ano lectivo 2016/2017.

A subdirectora da DSEJ sublinhou ainda que o organismo promove valores como o amor e o respeito pelo outro, garantindo desconhecer a existência de um problema de discriminação nas escolas: “Ajudamos os alunos a não discriminarem ninguém, seja por causa do género, da aparência ou da inteligência. Toda a gente é única”. “Trabalhamos mesmo muito para ajudar os estudantes a aceitarem-se e a amarem-se uns aos outros sem discriminação. Penso que Macau é um sítio onde vivemos em harmonia”, complementou.

“Não vamos mudar o estudante [se ele for homossexual]. Sabemos que isto é algo que não podemos mudar. É quem a pessoa é. É muito óbvio no nosso currículo e na educação sexual que não há discriminação”, realçou a Leong Vai Kei. Segundo dados facultados na mesma conferência de imprensa pelo director do Centro de Educação Moral da DSEJ, Chan Ngai Hong, esses valores são incutidos nomeadamente através de materiais didácticos para todos os níveis de escolaridade, adoptados por um universo de 70 escolas. Ou seja, sensivelmente 90 por cento, existindo no caso do ensino secundário complementar “um tema sobre a homossexualidade”.

 

Muito novos para discernir

A subdirectora da DSEJ manteve, porém, a ideia de que os alunos em idade escolar não têm faculdades para discernir se são ou não homossexuais. “Estamos a falar de estudantes. Se um aluno de 12, 13 ou 15 anos diz que é homossexual não acredito que realmente signifique que seja. O estudante está numa fase de desenvolvimento, está à procura da sua identidade. Não apenas género, mas tudo. Todos em algum momento fomos adolescentes. Quando crescemos, abrimos os olhos e o horizonte, sabemos mais sobre nós”, apontou. Leong Vai Kei deu um exemplo: “Mesmo os jovens do ensino secundário quando escolhem a faculdade, às vezes mudam [de opinião] porque ainda são muito novos para decidir”.

 

27 Ago 2018

Hato | Vigília para recordar tufão juntou apenas dezenas de pessoas

 

A associação Iniciativa de Desenvolvimento Democrático organizou ontem, no Leal Senado, uma vigília em memória das vítimas do tufão Hato. Ng Kuok Cheong marcou presença, na qualidade de cidadão, e juntou-se aos poucos que lembraram que há ainda muito a fazer na prevenção de catástrofes

 

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]spalhadas pela calçada portuguesa, flores de várias cores recordaram uma data que a população de Macau não esquece. A 23 de Agosto de 2017, o tufão Hato ceifou a vida a dez pessoas e deixou muitas famílias sem água e luz durante vários dias. Ontem, a partir das 20h, as flores cheias de luz foram depositadas uma a uma no chão, em memória do primeiro aniversário da catástrofe. Depois, acenderam-se as luzes e fez-se o tradicional minuto de silêncio.
Apesar da tempestade ter atingido muita gente, foram poucos os que se dirigiram ao Leal Senado para assinalar a data. Ng Kuok Cheong, deputado à Assembleia Legislativa, foi o único membro da classe política que esteve presente, apesar de não ter estado envolvido na organização do evento. “Temos de mostrar a nossa preocupação por Macau. Este tipo de eventos tem muito significado para Macau e para os seus residentes”, disse ao HM.
Com maior presença de jornalistas e um grande número de turistas que pararam para ver o que se passava, a vigília contou, no entanto, com alguns participantes de Macau. Uma mulher, de apelido Leong, foi uma dos milhares de voluntários que ajudaram a limpar as ruas o ano passado e fez questão de estar presente, lembrando que “houve muita solidariedade por parte da população”. “O Governo, ao nível da sensibilização, continua mau, mas acho que os cidadãos ficaram mais conscientes, pois agora sabem preparar-se e ficam em casa mais cedo em caso de tempestade”, contou aos jornalistas.
Outro cidadão, de apelido Lok, lembrou que os dirigentes dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) não podem voltar a falhar na emissão do sinal de tempestade, pois caso contrário pode acontecer outro 23 de Agosto, disse. Também este residente defende que se devem fazer mais acções de sensibilização, pois com o passar dos anos a consciencialização pode cair em esquecimento.

Ausência de Chui Sai On

Leong não deixou de notar que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, está de férias nesta altura. Esse facto foi referido na imprensa chinesa, apesar do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ter participado esta semana no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, onde se debateu o tufão Hato.
Um ano depois, o Governo pretende criar o crime de falso alarme social para combater os boatos que, na altura do tufão, circularam nas redes sociais acerca do número de mortos. Contudo, Lok defende que “se o Governo fizer bem o seu trabalho, não precisa de estar tão preocupado com aquilo que a população diz”.
Luís Leong, técnico de informática numa universidade local, foi uma das pessoas que discursou na vigília. “Quis vir para recordar as mortes e o tufão que trouxe tanta destruição a Macau. Depois disso, muitos problemas do território vieram ao de cima”, lembrou ao HM. “Percebemos que as nossas construções não são de boa qualidade e foram os cidadãos que tiveram de se ajudar entre si, porque inicialmente ninguém nos ajudou. Fiquei sem mota e sem janelas em casa, mas felizmente não sofri mais incidentes.”
Contudo, Luís Leong acredita que “outro tufão pode chegar, e temos de nos preparar”. “O Governo tem de trabalhar melhor ao nível do planeamento urbanístico e nas zonas baixas, por causa das inundações. Muitas pessoas falaram do mau trabalho de Fong Soi Kun, o que fez com que muitas pessoas ignorassem os perigos. Penso que há algumas mudanças a acontecer, mas o Governo deveria dar-nos mais garantias”, explicou.

24 Ago 2018

Óbito | Irmã de Stanley Ho morreu em Junho, mas a notícia só chegou agora

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]innie Ho, irmã de Stanley Ho, morreu, em Junho, aos 95 anos. Foi o que noticiou ontem o Apple Daily. O jornal de Hong Kong, em língua chinesa, assinala que a informação não veio antes a público por os familiares de Winnie Ho terem decidido tratar o caso de forma discreta. A irmã de Stanley Ho terá morrido no Hong Kong Sanatorium & Hospital, onde se encontrava internada. Stanley e Winnie Ho travaram, durante anos, uma batalha com acusações mútuas e processos em tribunal relacionados com acções da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM).

24 Ago 2018

Saúde | Tentativas de suicídio e automutilação entre jovens preocupam autoridades

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s tentativas de suicídio e automutilação entre menores de 18 anos estão a preocupar as autoridades. Segundo os Serviços de Saúde, entre Janeiro e Julho, 13 jovens recorreram ao serviço de psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) após tentativas de suicídio ou de automutilação, um número que se aproxima do total de 15 registados no cômputo do ano passado.
Dada a subida de casos, “existem sinais que indicam que os mais jovens apresentam problemas de saúde mental”, afirmou o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, durante uma reunião com membros da Comissão de Saúde Mental, realizada na terça-feira.
O organismo reconhece ser muito baixa a proporção de casos encaminhados para acompanhamento no serviço de psiquiatria – menos de 1 por cento. “Existe uma divergência no nível de serviços especiais de saúde mental prestados na comunidade, falta de experiência profissional e sensibilidade aos sintomas clínicos”, pelo que “é necessário fazer revisão e aperfeiçoamento”, diz um comunicado divulgado na noite de quarta-feira.
Em resposta, os Serviços de Saúde prometem avançar com uma série de programas de melhoria dos serviços, nomeadamente dos comunitários, com vista a aumentar a consciencialização pública relativamente às doenças do foro psicológico que afectam os jovens.

24 Ago 2018

Obras | 19 hotéis em construção até Junho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té ao final de Junho encontravam-se em construção 19 empreendimentos hoteleiros que vão disponibilizar 6.793 quartos, indicou ontem a otéis,construçãoDirecção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Em paralelo, pela mesma altura, 29 hotéis, com uma oferta de 5.653 quartos, estavam em fase de projecto. Já no que toca aos empreendimentos habitacionais privados, a DSSOPT deu conta de que, no segundo trimestre, sete, abarcando 1.004 fracções, obtiveram licença de utilização. Em fase de construção (ainda não vistoriados) ou concluídos (em vistoria) estavam 89, englobando 10.008 fogos. Já em fase de projecto encontravam-se 212 empreendimentos, correspondendo a 21.190 habitações.

24 Ago 2018

Tufão Hato | Apoios de curto prazo às PME ascenderam a 2.383 milhões de patacas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC) gastou 2.383 milhões de patacas nas duas medidas de apoio a curto prazo destinadas às pequenas e médias empresas que lançou após a passagem do tufão Hato. De acordo com dados facultados pelo FDIC ao HM, foram aprovados 13.251 pedidos relativos ao abono (de até 50 mil patacas), representando 91,2 por cento do total de requerimentos formulados, envolvendo aproximadamente 573 milhões de patacas. Já ao abrigo do plano de apoio especial (uma linha de crédito, sem juros, até ao montante máximo de 600 mil patacas) foram aprovados 5.788 pedidos, correspondendo a 87,2 por cento das candidaturas apresentadas, num montante global na ordem dos 1.830 milhões de patacas. As pequenas e médias empresas representam mais de 90 por cento do tecido empresarial de Macau. Estimativas divulgadas pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em Fevereiro, indicam que os prejuízos económicos causados pelo Hato atingiram 12,55 mil milhões de patacas (9,05 mil milhões em directos e 3,50 mil milhões em indirectos).

24 Ago 2018

Tufão Hato | Seguradoras estimam indemnizações a pagar em 4 mil milhões

 

As seguradoras estimam em 4 mil milhões de patacas o valor total a pagar em indemnizações por prejuízos causados pela passagem do Hato. Um ano depois, desconhece-se, porém, o valor que foi pago

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a sequência do tufão Hato, o mais forte a atingir Macau em mais de meio século, o sector segurador recebeu 3.100 pedidos de indemnização por catástrofes, prevendo-se que o valor total a pagar seja na ordem dos 4 mil milhões de patacas. Os dados, que se reportam a 31 de Julho, foram facultados ao HM pela Autoridade Monetária (AMCM) que escusa-se a revelar, contudo, o montante que foi entretanto liquidado.
Mais de metade dos pedidos (1.579) são relativas a danos, decorrentes de inundações ou acidentes, em objectos segurados, cujas indemnizações a pagar foram calculadas na ordem dos 3,85 mil milhões de patacas. Já 81 dos pedidos caem na esfera dos acidentes de trabalho, estimando-se o montante a ressarcir em aproximadamente 3,46 milhões de patacas.

Danos no património

Na mesma resposta escrita, a AMCM afirma que as seguradoras já pagaram indemnizações (sem revelar quanto) nomeadamente em relação “a cinco casos com vítimas mortais”. A AMCM ressalva que à mesma vítima pode ser atribuída mais do que uma apólice, recusando esclarecer se é esse o caso quando questionada pelo HM. Quanto a indemnizações relativas a danos patrimoniais, foram pagas em 1.071 casos, enquanto para prejuízos diversos foram indemnizados 1.431 casos.
Relativamente aos restantes pedidos de indemnização por liquidar, a AMCM explica que “alguns casos baseiam-se no valor resultante das situações de reparação”, havendo outros que “carecem de procedimentos de verificação dos danos mais complexos e que, portanto, exigem mais tempo” para processar.
“A AMCM está a acompanhar, estreitamente, estas situações, bem como a recolher os respectivos dados estatísticos de indemnização e de pagamento”, garante o organismo presidido por Benjamin Chan.
Diana do Mar

24 Ago 2018

Turismo | Número de visitantes sobe 7,4 por cento até Julho

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau foi o destino escolhido por 19,8 milhões de visitantes nos primeiros sete meses do ano. Número que representa um aumento de 7,4 por cento, de acordo com dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O maior mercado continua a ser, sem surpresas, a China, de onde chegaram mais de 13,8 milhões (quase 70 por cento do total), reflectindo uma subida de 12,3 por cento. Segue-se a vizinha Hong Kong, cujo número de visitantes diminuiu 3,5 por cento para 3,5 milhões. Já de Taiwan chegaram 626.865, mais 0,5 por cento, enquanto da Coreia do Sul vieram 483.403 visitantes, mais 4,8 por cento comparativamente aos primeiros sete meses do ano passado. Só em Julho, chegaram a Macau 3,03 milhões de visitantes, traduzindo aumentos de 4 e 16 por cento, respectivamente, em termos anuais e mensais. No ano passado, Macau bateu um novo recorde ao receber mais de 32,6 milhões de visitantes. O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).

24 Ago 2018

Operação Trovoada | Mais de 1.700 pessoas encaminhadas para o MP

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]balanço foi feito ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU): durante a Operação Trovoada 18, que decorreu entre 15 de Maio e 15 de Agosto, 29.864 indivíduos foram sujeitos a identificação, 5.745 foram conduzidos à polícia para averiguações e 1.715 encaminhados ao Ministério Público (MP). Para a mega operação de combate à criminalidade transfronteiriça, levada a cabo com as autoridades de Hong Kong e Guangdong, foram mobilizados 15.484 agentes.
Em comunicado, os SPU indicam que a Operação Trovoada 18 focou-se no combate a crimes como usura, droga, burla telefónica e imigração clandestina. Ao longo de três meses, sob a coordenação dos SPU, a PJ, a PSP e os Serviços de Alfândega (que participaram pela primeira vez) realizaram mais de 800 acções de fiscalização. Os SPU destacam nomeadamente a descoberta de 223 casos de usura, envolvendo 502 suspeitos, recordando em particular o desmantelamento de uma organização criminosa com mais de 100 pessoas que figura como o maior caso de agiotagem desde a transferência do exercício de soberania em 1999.
Durante a Operação Trovoada foram ainda interceptados e detidos 81 indivíduos alvo de mandados de detenção, dos quais 28 entregues de imediato ao Estabelecimento Prisional para cumprimento da pena.

24 Ago 2018

Piscinas | Nadadores-salvadores regressam hoje ao trabalho

 

Depois de um impasse laboral que levou 24 nadadores-salvadores a recusarem trabalhar, que causou o encerramento de duas piscinas públicas, a situação volta à normalidade. Os nadadores regressam hoje às piscinas depois de terem reunido com o Instituto do Desporto e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]consenso foi alcançado. Hoje, os 24 nadadores-salvadores que se recusaram trabalhar e que levaram ao encerramento das piscinas de piscinas de Cheoc Van e do Parque Dr. Sun Yat Sen, retomam as suas funções. A informação foi revelada ontem pela vice-presidente do Instituto do Desporto (ID) Christine Lam, após a reunião com a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o representante da empresa “Surf Hong” e os queixosos. “Estes 24 nadadores-salvadores recomeçam hoje os seus trabalhos nas piscinas, de acordo com a organização dos trabalhos da empresa”, disse a vice-presidente de forma a eliminar qualquer dúvida.
Relativamente à definição do horário de trabalho, a responsável adiantou apenas que “os encontros com a empresa vão continuar, de modo a definir o horário e o calendário deste profissionais”.
Foi, no entanto, revelado que o encerramento das piscinas se deveu ao incumprimento contratual por parte da “Surf Hong” , o que irá resultar na aplicação de sanções à empresa.
“Como não conseguiram prestar os serviços adequados neste contrato vamos agora analisar a situação e ver o que vamos fazer a seguir. Mas temos também de exigir a qualidade dos serviços e vamos considerar a punição depois de conhecermos os pareceres dos nossos assessores jurídicos”, avançou Lam.
Para já, o mais importante é reunir consensos e retomar “o normal funcionamento das piscinas”, de acordo com a responsável do ID.

Nas mãos da DSAL

No que respeita ao incumprimento da legislação que regula as relações laborais entre a “Surf Hong e os nadadores salvadores”, o caso está agora entregue à DSAL que vai reunir “os documentos necessários e analisar os processos dos trabalhadores”, revelou Cheok Sok Kuan, representante destes serviços após o encontro de ontem.
Entretanto, e segundo o representante da “Surf Hong”, Victor Wong, a companhia vai “regularizar as situações em falta”. Wong não admitiu, porém, as falhas contratuais mencionadas pelos nadadores-salvadores. O empresário alertou antes para a escassez de recursos humanos e acrescentou que vai tentar contratar mais pessoas. “É um trabalho muitas vezes sazonal e não é fácil encontrar pessoas para preencher os lugares”, disse.
Os contratos dos 24 trabalhadores queixosos vão manter-se sem que sofram qualquer represália” afirmou Wong.

Situações resolvidas

No que respeita a salários em atraso, os nadadores-salvadores têm a situação resolvida. “Foram pagos, no dia 22 de Agosto, os ordenados referentes a Junho, Julho e Agosto”, esclareceu um dos representantes dos trabalhadores.
Um dos agravos dos funcionários foi a alegada retenção da carteira profissional por parte de entidade patronal, que os inibia de procurar novo emprego. A questão está resolvida, ao que parece, e os nadadores-salvadores já têm os seus cartões. Segundo o representante, “a empresa vai ficar com uma cópia e os nadadores-salvadores com o original, como deveria ter sido sempre feito”.
Dos 24 trabalhadores em questão, 23 são não residentes.
De acordo com o representante dos queixosos, existem mais profissionais a lamentar a situação laboral que atravessam. No entanto, estes 24 foram os que “tiveram a coragem de denunciar o que está a acontecer”.
Os nadadores-salvadores estiveram acompanhados pelo deputado Sulu Sou, que tem apoiado as reivindicações dos mesmos.

24 Ago 2018

Hato | Um ano depois

 

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m ano depois da passagem do tufão Hato por Macau, uma das zonas que mais sofreu com a catástrofe vive quase como se nada tivesse acontecido. Entre a Rua dos Mercadores e a 5 de Outubro, os biscoitos estão feitos e prontos a comer, o Mahjong joga-se por entre ruelas, as loiças estão inteiras nas prateleiras. As mezinhas para a medicina chinesa não precisam ser espalhadas pelos passeio e o lixo que enchia as ruas está agora arrumadinho pelas cuidadoras do costume. Na sombra, e à vista desarmada, está a certeza de que numa situação semelhante o cenário dantesco vivido há um ano regressa.

23 Ago 2018

Associações lembram que inundações no Porto Interior continuam

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Aliança do Povo de Instituição de Macau organizou ontem um seminário onde se debateram medidas que o Governo implementou no último ano após a passagem do tufão Hato pelo território. Nick Lei, presidente da associação, disse que o Governo tem vindo a empenhar-se na melhoria do sistema de transmissão de informações por parte dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), bem como na área da protecção civil. No entanto, no que diz respeito às infra-estruturas básicas, Nick Lei revelou que os residentes do Porto Interior continuam preocupados com as inundações, pois não têm notado alterações e temem enfrentar os mesmos problemas do passado.

O dirigente pede também o reforço da sensibilização dos cidadãos. “Essa sensibilização não passa pela construção de estruturas ou pela implementação de leis, e por isso há condições para que seja algo prioritário”, frisou, defendendo o reforço de seminários nas escolas.

Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, revelou dúvidas quanto a alguns trabalhos do Governo. “A comunicação social noticiou recentemente que alguns comerciantes do Porto Interior continuam a sofrer inundações. Alguns alegam que a água entra pelo sistema de drenagem. O Governo tem planos para resolver isso?”, questionou.

Nelson Kot sugeriu, durante a palestra, que deveriam ser construídas infra-estruturas mais elevadas na rua Norte do Patane com função de comportas para a prevenção de inundações.

Chan Ka Leong, vice-presidente do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau, lembrou que o Executivo avançou com algumas medidas ao nível da protecção civil e planos a curto, médio e longo prazo, mas muitos deles só podem ser concretizados em 2019. A associação falou com moradores do Porto Interior, que referiram esperar que o Governo erradique por completo o problema das inundações. Chan Ka Leong também defende a construção de viadutos ou infra-estruturas elevadas para resolver o problema, em cooperação com o interior da China.

 

23 Ago 2018

Voluntariado | Quando os residentes saíram à rua para limpar Macau

Ana Cristina Vilas comprou vários metros de tecidos numa loja que ficou inundada com o tufão Hato. Leonor Machado juntou-se a um grupo organizado pela Associação dos Macaenses para limpar o lixo que restou na zona do Cinema Alegria. Robbie Kwok lidera uma associação social que ajudou idosos sem água e luz. Um ano depois, estes voluntários dizem que ainda há muito para fazer

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]mediatamente após tempestade, a bonança teimou em surgir, com Macau mergulhada num caos e destruição como nunca se tinha visto no território. Do Porto Interior a Coloane, a água tudo levou e tudo destruiu, desde os pertences das famílias aos pequenos negócios que teimam em existir nos bairros antigos, mesmo com a pressão das rendas.

O tufão Hato será sempre recordado como a tempestade que gerou um tsunami de solidariedade, com todas as comunidades a arregaçarem as mangas para ajudar a limpar as ruas ou a visitar casas de famílias mais necessitadas. Um apoio que chegou além do que foi dado pelos militares do Exército Popular de Libertação da China.

Ana Cristina Vilas, funcionária pública, também limpou as ruas, mas ajudou de maneira diferente, comprando vários metros de tecido a uma loja do Porto Interior que ficou com toda a mercadoria encharcada.

“Sabia que aquela zona estava inundada e fui à procura da loja de tecidos, porque como estou à frente do projecto ‘Dress a Girl around the world’ costumo ir lá muitas vezes. Fui e deparei-me com aquele caos, eles tinham um monte de tecidos encharcados à porta e estavam a vendê-los a um preço muito baixo e a pedirem-nos, por favor, para comprarmos.”

Junto à Rua dos Mercadores, zona de comércio tradicional por excelência, e nas ruas adjacentes, os comerciantes afectados pelas cheias foram colocando mercadorias nos passeios enquanto limpavam o interior das lojas. Várias peças de roupa foram estendidas e colocada à venda a um preço baixo, para mitigar um pouco os prejuízos provocados pelo tufão.

Ana Cristina Vilas, que já havia gasto milhares de patacas na loja de tecidos, ajudou ainda outra loja de artigos de costura, comprando materiais. Um ano depois, esses estabelecimentos continuam abertos ao público, mas a residente não esquece o caos dos primeiros dias.

“No dia a seguir ao tufão [24 de Agosto] não fui trabalhar porque estou num serviço público e não tínhamos água, não tínhamos casas-de-banho, nem ar condicionado. Resolvi não ir trabalhar e fui para Coloane ajudar famílias que estavam a precisar, sobretudo pessoas mais velhas. De manhã estive em Coloane e depois voltei ao Porto Interior.”

Quando, dias depois, as ruas continuavam sujas, com lama e um cheiro fétido a lixo e humidade, percebeu-se que era necessário mover multidões através das redes sociais. Leonor Machado, também funcionária pública, juntou-se a um grupo organizado pela Associação dos Macaenses.

“Estive na zona do Cinema Alegria, havia áreas que estavam intransitáveis. Depois as coisas maiores foram aos poucos sendo tiradas, fomos limpando o resto, havia coisas podres, móveis estragados. Íamos pondo tudo, aos poucos, num camião. Fiz isto entre as 20h e as 23h, mas houve pessoas que ficaram toda a noite. Isto também se passou em várias zonas da cidade, como a Barra, por exemplo.”

Leonor Machado, que nasceu em Macau, assegura que nunca tinha visto o território destruído desta forma. “Passei lá nos dias a seguir ao Hato e havia lixo acumulado com dois a três metros de altura. Mas as pessoas juntaram-se e gostei imenso de ver. Houve uma entreajuda muito grande”, recorda.

Ajuda aos mais velhos

Robby Kwok, presidente da associação Hope International Volunteer, não andou com os seus voluntários a limpar ruas, mas ajudou vários idosos que moram em bairros antigos a ter acesso a comida, medicamentos e água potável. Ao HM, Robby não esquece esses dias em que nada parecia funcionar.

“O Hato mostrou que as coisas não estavam, de todo, organizadas, e conseguíamos perceber que havia falta de experiência por parte das autoridades para lidar com o assunto. A electricidade falhou durante vários dias, o que é ridículo para uma cidade que se diz internacional. Também falhou a água e isso também foi inaceitável.”

No rescaldo do desastre natural, o Governo decidiu ajudar financeiramente os comerciantes afectados e implementou também uma lei que concede benefícios fiscais a quem ficou com a viatura ou motociclo destruídos.

No que diz respeito às famílias, o Instituto de Acção Social (IAS) deu formação a assistentes sociais para os habilitar a lidar de perto com eventuais traumas sentidos pelas famílias.

Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, assegurou ao HM que, no espaço de um ano, só houve dois casos de pessoas que não conseguiram obter ajuda do Governo, muitos deles por mera falta de informação.

“Há cerca de um mês tivemos um caso de uma família que ficou prejudicada pelo tufão Hato, pois não conseguiam arranjar sozinhos as zonas danificadas da casa para a nova época de tufões. Este foi o único caso recente que tivemos. Mas quanto àqueles que continuam à espera de apoio do Governo, não temos dados. Se as famílias forem qualificadas para receber ajuda, são sempre apoiadas pelo Governo”, assegura.

Paul Pun recordou também outro caso em que um idoso ainda não tinha arranjado a casa devido a dificuldades financeiras, e que não recebeu ajuda porque o filho se enganou a preencher os requerimentos, tendo ficado no grupo de pessoas não elegíveis para os subsídios.

Muito a fazer

Todos os que andaram nas ruas de luvas e sacos do lixo na mão consideram que há ainda muito a fazer no que diz respeita às respostas das autoridades para catástrofes desta dimensão. “Parece-me que as coisas já voltaram mais ao sítio e o Governo tem estado a ajudar com subsídios. Mas não acho que isso seja uma solução efectiva e directa para alguns dos problemas”, frisou Leonor Machado.

Isto porque “há vários problemas a ter em conta se surgir outra catástrofe. Uma grande parte é o Governo que tem de fazer, mas tudo depende também de como estão os territórios à volta de Macau, porque um dos maiores problemas foi a falta de água, que vem de fora”, acrescentou.

Na visão de Ana Cristina Vilas, haverá ainda muitas famílias necessitadas no território que sofrem efeitos do Hato. “Há muita gente a precisar de ajuda. As pessoas mais pobres e carenciadas, se calhar, nunca mais se recompuseram”, disse, lembrando que Coloane foi uma das zonas mais afectadas há um ano atrás.

“A ajuda demorou a chegar a Coloane, sobretudo para os idosos que não estavam preparados para lidar com isso. Havia muito lixo dentro de casa, ficaram sem muitas das recordações de família, por exemplo. Houve casas que tiveram de ser completamente limpas, incluindo móveis.”

Para esta funcionária pública, há muito mais a fazer por parte das autoridades além da questão do levantamento dos sinais de alerta de tempestade.

“Na parte baixa da cidade sabemos que as coisas continuam a não estar resolvidas. Ainda há pouco tempo tivemos um tufão de baixa intensidade e houve cheias. Acho que não houve grandes mudanças. Preocuparam-se mais com o levantamento dos sinais de tempestade e com os parques de estacionamento, por causa dos carros, mas há outros aspectos que precisavam de ser tidos em conta, tal como as cheias nas zonas do Porto Interior.”

Robby Kwok lembra que a organização das ruas, sobretudo no que diz respeito às obras viárias, continua a não existir.

“Este ano as autoridades têm dito que estão preparadas para tempestades tão fortes como o Hato, mas na verdade não sabemos se é mesmo assim. Vamos ver o que acontece, e não nos podemos esquecer que as construções na via pública não são organizadas, estão sempre a ser concluídas e a serem feitas de novo. Se um tufão Hato acontecesse novamente, o que é que eles iriam fazer? Há muitos inconvenientes nesse aspecto.”

Para o presidente da Hope International Volunteer, “o mais importante é a alteração dos sistemas de abastecimento de electricidade e água. Ainda assim, “os cidadãos também estão mais atentos ao levantamento dos sinais, preocupam-se mais e vão logo para casa”, rematou.

 

23 Ago 2018

Hato | Auto-silo do edifício Fai Tat abre no sábado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem a abertura ao público do parque de estacionamento do edifício Fai Tat, um dos auto-silos que ficou afectado com a passagem do tufão Hato. No total estarão disponíveis 487 lugares de estacionamento. Como resposta às catástrofes, a DSAT afirma que exigiu às empresas de gestão “que aumentem a altura das comportas contra inundações dos auto-silos localizados nas zonas baixas”. Passa também a ser exigido o fecho dos parques uma hora depois de ser içado o sinal 8 de tempestade ou o “storm surge” de grau 3. Todos os veículos danificados nos parques de estacionamento foram removidos no passado dia 4 de Outubro.

23 Ago 2018

Hato, um ano depois| Um duro golpe para o pequeno comércio

 

Foi desmedida a luta travada pelo pequeno comércio após o duro golpe infligido pelo tufão Hato. As portas que hoje continuam abertas mostram a resiliência de quem, mesmo a braços com irremediáveis perdas, não cedeu ao desalento

 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s estragos foram demasiados. Tantos que casal Lai tem dificuldades em precisar com minúcia. Só com os danos numa das frágeis divindades o Louceiro Fu perdeu 100 mil patacas. “Estamos a recuperar passo a passo. No armazém, por exemplo, temos mercadorias danificadas, mas também não temos recursos humanos para dar resposta”, explicou a proprietária do número 33 da Rua dos Mercadores.
O sentimento de impotência irrompeu com a água que invadiu um de dois andares do amplo espaço. Os dias seguintes foram de árduo trabalho para resgatar o que podia (e não podia) ser ainda aproveitado. Salvar o negócio a todo o custo foi a única opção para muitos, como Lai, que assistiram impotentes à força da natureza que colocou em perigo o único sustento.
Mais do que o facto de os apoios serem insuficientes para cobrir os avultados prejuízos, preocupa-lhe o futuro. “O trabalho do Governo é lento. Não vejo que nada tinha sido feito para travar as inundações”, observa Lai.
A sensação é partilha por Lao, proprietário de um alfarrabista: “Não sei o que é que o Governo fez para prevenir as cheias. Não acompanho as notícias, mas não se nota nada”. Embora tenha visto a água de cheias entrar pelo espaço dentro por 14 ocasiões – nem sempre durante tempestades tropicais – quando olhou para o impacto do tufão Hato ficou petrificado. “Fiquei de pé, parado a olhar, espantado e sem saber o que fazer. Tinha perdido tudo”, conta. Lao ainda demorou quatro horas até abrir a porta, que ficara, aliás, bloqueada com os livros a boiar em amontoados à entrada. “Também ninguém me podia ajudar, toda a gente estava ocupada com problemas idênticos”.
Os danos, esses, ninguém os compensa. A seguradora não vai chegar-se à frente por considerar os bens, sobretudo livros e revistas usados, como “lixo”. “Vou demorar imenso tempo a recuperar”, diz, sentado num espartano banco em frente a uma ventoinha, enquanto mostra as imagens da destruição guardadas no telemóvel.
O alfarrabista esteve fechado durante meio ano. Afinal, nada havia para vender dentro daquelas paredes com a tinta descascada. Na viragem de ano, Lao decidiu reabrir, colocando inicialmente à venda as poucas coisas que lhe ofereceram depois da catástrofe. Desde então foi alargando a oferta, dispersa por estantes desorganizadas, adquirida aos poucos. “Coloquei tudo em lugares mais elevados”, diz, lamentando que na realidade nada mais possa fazer.

Das lágrimas à loucura

Os tecidos que Cheang vende desde que sucedeu ao pai no negócio, aberto há mais de duas décadas, também fora todos à vida. Na mesa há fitas métricas, desnecessárias para se perceber a altura a que a água chegou. “Foi um pesadelo”, descreve. “Este ramo já é difícil em circunstâncias normais e normalmente importamos as mercadorias em grande volume para depois vender pouco a pouco e o Hato levou tudo”, conta, estimando as perdas na ordem das centenas de milhares de patacas. Um prejuízo abatido em 50 mil patacas pelo abono concedido às pequenas e médias empresas pelo Governo.
Já Andy Wan, proprietário de uma loja de música, aderiu à linha de crédito, sem juros, criada para as pequenas e médias empresas afectadas pelo tufão Hato. O montante máximo (600 mil patacas) está longe de cobrir o prejuízo calculados em dois milhões, dado que a maioria dos produtos, como sistemas de som, é cara. “O que se passou foi muito grave”, diz Andy, que foi obrigado a encerrar o estabelecimento durante um período de tempo. “Fartei-me de chorar, até fiquei um pouco louco, mas agora estou melhor”, comenta, sem esconder o descontentamento em relação ao Governo. “É lamentável. Não estou nada satisfeito com o que têm feito”.
Lao, dona de uma mercearia ali perto, não só diz não ver “nada em concreto” como duvida que a planeada barreira no Porto Interior surta efeitos. A única coisa positiva que assinala foi o empréstimo sem juros que pediu para fazer face a quase um milhão de patacas em prejuízos.
Au, à frente da loja de tintas do pai, também saudou os apoios, embora insuficientes para cobrir o rombo de 600 a 700 mil patacas. A probabilidade de cheias voltarem a afectar o negócio que têm na 5 de Outubro preocupa-o. Demonstrando estar completamente a par dos planos que o Governo traçou para tentar minimizar o impacto das inundações, Au mostrou-se desiludido: “Receio que não sejam eficazes. Acho que não vão resolver o problema”.

23 Ago 2018

Hato | Deputados consideram que Macau não está preparado para outra catástrofe

Um ano depois da passagem do Hato, Macau continua sem estruturas essenciais para enfrentar uma calamidade idêntica, consideram vários deputados. A zona do Porto Interior continua a inundar quando as chuvas se intensificam, não há abrigos para acolher residentes, nem um fundo para apoiar a população em caso de catástrofe. Estas foram algumas das falhas apontadas por legisladores

 

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]az hoje um ano que o tufão Hato deixou um rasto de destruição no território e deixou também a descoberto a absoluta impotência da RAEM para lidar com uma catástrofe natural.Um ano depois, e decorridas muitas promessas do Executivo, e até garantias de que o território está preparado para enfrentar calamidades, vários deputados afirmam veementemente que Macau continua sem mecanismos de resposta eficazes.
Para Agnes Lam, as melhorias dos serviços meteorológicos e de comunicação com a população são um passo na direcção certa. Mas falta o essencial.
A deputada aponta a ausência de informação prestada à população sobre o fazer e para onde se dirigir numa circunstância semelhante. “Em caso de falha de electricidade e de internet, as pessoas não sabem o que fazer e deveriam já estar informadas acerca dos sítios onde se dirigirem em busca de protecção”, referiu ao HM.
A opinião é partilhada por Ella Lei, que considera que a informação relativa à evacuação em caso de catástrofe ainda não é suficiente. “Tem de ser feito trabalho educativo para informar as pessoas de como se abrigarem em caso de tufão e onde se dirigirem”, apontou ao HM a legisladora com ligações à FAOM.
Para Ella Lei, é fundamental garantir que não voltam a morrer pessoas. Recorde-se que a passagem do Hato fez dez vítimas mortais.

Mais abrigos

Ainda para proteger a população, Lam apela à construção de mais abrigos. “Sei que o Governo está a tratar desta matéria, mas o processo está a ser demasiado lento para uma situação que é urgente,” apontou. A deputada eleita pela primeira vez para o hemiciclo no passado entende “é preciso construir abrigos perto das zonas que normalmente são mais afectadas de modo a garantir a segurança das pessoa, não só durante a passagem de tufões mas para as acolher nos dias seguintes”, acrescentou.
Por outro lado, o Governo, um ano depois já deveria ter criado um mecanismo para gerir equipas de voluntários que, “felizmente”, se oferecem para ajudar em situações de catástrofe. “Com o Hato, a população uniu-se e veio para a rua fazer o que podia, mas não existia um mecanismo central capaz de gerir melhor as operações e voluntariado. Cabe ao Governo, depois de ter passado por esta experiência, criar um centro de gestão de voluntários que trabalhe directamente com as instituições de apoio social”, disse.
Esta seria também uma forma de implicar o Executivo no trabalho comunitário o que, considera Lam, é uma função fundamental na reacção a um cenário devastador.

Fundo pouco comum

O deputado Pereira Coutinho lamenta que após a passagem do Hato, e com a necessidade de ajudar a parte da população, ainda não tenha sido criado um fundo de apoio em situações de calamidade.
Em causa está o que considera uma situação de discriminação que aconteceu com a distribuição de ajudas financeiras a quem ficou lesado patrimonialmente com o tufão.
Para Pereira Coutinho o facto de apenas os proprietários de veículos danificados que compraram uma viatura nova terem sido ajudados com a devolução do imposto de selo não foi justa.
O deputado também considerou injusto que o apoio apenas tenha sido concedido a comerciantes que tinham estabelecimentos em rés-do-chão atingidos pelas cheias na zona do Porto Interior, sendo que os que residiam nas mesmas circunstâncias e “até perderem as suas casas ficaram excluídos”, disse.

Parques mortíferos

O deputado lamenta ainda a situação dos parques de estacionamento subterrâneos, que tem que ser resolvida “rapidamente”, especialmente nas áreas baixas da cidade. “Sei que antes do estabelecimento da RAEM não era autorizada a construção deste tipo de estruturas nas zonas baixas o que faz todo o sentido. São construções consideradas de alto risco por estarem sujeitas a inundações com muita facilidade”, referiu.
A mesma visão é partilhada por Agnes Lam, que aponta uma solução para os lesados. “Em vez de proibirem as pessoas de entrarem nestes parques em caso de tufão o Governo deveria já ter garantido a criação de um seguro de protecção para estes veículos”, sublinhou. Na sequência do tufão Hato morreram quatro pessoas por afogamento nestas estruturas.

Porto sem solução

As inundações na zona do Porto Interior são uma constante. Um problema recorrente que se agigantou com a passagem do Hato, deixando aquela zona da cidade intransitável. O rio vem para a rua e trouxe os esgotos consigo.
Para solucionar o problema, o Governo divulgou vários projectos que incluem a construção de comportas, um muro capaz de travar a subida da água do delta e melhores sistemas de drenagem. Mas, até agora o Porto Interior continua a ser o foco de inundações que serão agravadas no caso de uma nova tempestade.
Pereira Coutinho é peremptório quanto à escassez de medidas efectivas para prevenir a subida das águas, mesmo depois do caos ocorrido há um ano. “Colocar altifalantes, mais câmaras de vigilância e melhorar o sistema de comunicações interno e externo através do aumento do número de linhas telefónicas para as chamadas de socorros, não chega, é preciso evitar as inundações”. “Aliás, basta que venha uma chuva mais forte que o fenómeno das cheias, especialmente no Porto Interior, repete-se”, acrescentou.
Segundo o deputado, esta situação reflecte a inoperância do Governo
Para Pereira Coutinho as inundações são o problema mais grave do território, até porque “já existe há anos e não está a ser solucionado”.
A manutenção da situação do Porto Interior é, para Sulu Sou, o exemplo máximo da ausência de estruturas básicas para fazer face a calamidades.
Um ano decorrido, “as inundações mantêm-se e quando há a maré sobe acompanhada por chuvas aquela zona fica inundada e quem lá vive e trabalha é lesado. O que significa que perante um tufão continuará a sofrer da mesma forma como sofreu com a passagem do Hato”, apontou o deputado.

Dinheiro não chega

Para o deputado Sulu Sou, a redenção através dos apoios dados em dinheiro não são solução para o problema que se pode repetir. “Temos que fazer mais para que não sejam necessários cheques para resolver os estragos”, disse.
Apesar de elogiar as melhorias feitas nos sistemas de alerta e de comunicação, “as pessoas continuam a correr perigo”, afirmou, referindo-se à ausência de infra-estruturas básicas que protejam os residentes.
Também a deputada Ella Lei lamenta que, mesmo depois da constatação da necessidade de instalações básicas, um ano depois, Macau continue com o mesmo problema. “Estou preocupada porque não se sabe quando é que vem mais um tufão devastador”, refere ao HM. “A população acreditou que, depois do que aconteceu, o Governo iria tomar medidas e criar mais estruturas mas, até agora, não sabemos de nada, além das melhorias nos sistemas de comunicação”, revelou.

Wong Sio Chak diz que território está preparado

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, foi ontem ao programa matinal do canal chinês da Rádio Macau afirmar que, um ano depois do tufão Hato, Macau está mais bem apetrechado para responder a uma catástrofe semelhante. “A nossa capacidade – de todos os serviços competentes – é melhor do que no ano passado. O tufão Bebinca não teve muita chuva e o vento não foi forte, foi uma ajuda para experimentar a nossa capacidade”, acrescentou o secretário, em declarações reproduzidas pela Rádio Macau. Este ano abriram um total de 16 centros de emergência, estando prevista a construção de um novo edifício para o Centro de Protecção Civil e de Operações de Contingência na península. Wong Sio Chak referiu ainda no programa que há um plano a dez anos de resposta a este tipo de catástrofes

23 Ago 2018

Tufão Hato | Um ano depois

 

Faz hoje um ano que o tufão Hato atingiu Macau com uma força sem par em mais de meio século. Dez vidas perderam-se no caos de uma cidade paralisada com graves inundações e generalizados cortes de electricidade e de água, com o rasto de destruição a deixar a descoberto as fragilidades da capacidade de resposta a catástrofes e um sentimento de impotência. Para memória futura, fica o filme dos acontecimentos

 

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ia 23 de Agosto de 2017. Quando amanheceu Macau estaria longe de imaginar que estaria diante um longo e trágico dia. Os acontecimentos desenrolaram-se rapidamente muito cedo: num intervalo de apenas duas horas e meia, o sinal 8, hasteado às 09h, passou a 9 e, logo depois, a 10, alcançando o máximo da escala, um cenário nunca visto desde que o York assolou o território em 1999 mesmo às portas da transferência do exercício de soberania.
Ao habitual encerramento das pontes ao trânsito e ao cancelamento de ligações marítimas e aéreas juntou-se o fecho temporário de fronteiras que deixou a cidade isolada. Imagens a mostrar a dimensão dos estragos, um pouco por todo o lado, multiplicavam-se nas redes sociais, que acabaram por transformar-se numa ferramenta importante ao serviço da informação. Isto porque parte da população esteve sem acesso ou com acesso intermitente aos canais de rádio e televisão da TDM, a principal aliada da Protecção Civil, através da qual comunica com a população, enviando alertas sobre a intensidade do tufão, circulação de transportes, dados sobre feridos e mortos, zonas perigosas, além de informações sobre o encerramento dos serviços públicos e escolas.
O grande embate chegou com as notícias das primeiras mortes. Embora acostumada a uma média de cinco a seis tempestades tropicais por ano, Macau não ficava de luto desde 1983, ano em que o Ellen fez mais de uma dezena de vítimas mortais, grande parte em naufrágios de juncos no Porto Interior. O balanço oficial viria a fechar com dez mortos, quatro dos quais encontrados em parques de estacionamento, tornando o Hato no tufão que o maior número de vidas ceifou no século XXI.
A pujança do Hato ficou patente em centenas de incidentes. Quedas de objectos suspensos, como reclames, toldos ou placas metálicas, bem como nas centenas de janelas arrancadas, ou nas milhares de árvores devastadas passaram a fazer parte da paisagem. Ocorrências que resultaram em mais de 240 feridos, a esmagadora maioria ligeiros. O Hato foi mesmo o mais forte tufão em 53 anos, apenas batido pelo Ruby (1964), cujos ventos atingiram 211 quilómetros por hora. Ainda assim, um recorde que foi ultrapassado no ano passado na estação da Taipa Grande, onde a rajada máxima atingiu 217,4 quilómetros por hora, de acordo com um relatório publicado pelos SMG.

Sem luz e sem água

Pela hora de almoço deu-se um apagão generalizado. O fornecimento de energia foi sendo reposto gradualmente, com a prioridade a ser dada às habitações. Dias depois ainda havia zonas às escuras, como o Fai Chi Chei, devido aos danos causados pelas inundações nos postos de transformação. Os cortes de electricidade e as inundações também obrigaram ao fecho de casinos, um feito raro na capital mundial do jogo, afeita a funcionar 24 horas por dia.
Seguiu-se o corte no abastecimento de água na sequência da inundação da Estação de Tratamento de Água da Ilha Verde, que deixou metade da população sem acesso a água canalizada. Com as torneiras a seco dias a fio, os residentes acorreram em massa às bocas-de-incêndio, uma das poucas formas de suprirem necessidades urgentes, atendendo a que a água engarrafada desapareceu das prateleiras, na sequência de uma corrida aos supermercados e estabelecimentos comerciais. As filas mudaram-se depois para os pontos temporários de abastecimento estabelecidos pelo Governo, complementados pela distribuição itinerante de água, assegurada por camiões-tanque.
Já nas ruas a água abundava. Afinal, quase um terço de Macau (29 por cento) ficou inundada, evidenciando o fracasso de medidas de protecção e obras contra as cheias, empreendidas três anos antes. O Porto Interior, apesar de familiarizado com inundações, foi particularmente fustigado, estimando-se que o nível da água tenha alcançado os 5,5 metros.
Todos os sinais de tempestade tropical foram baixados sensivelmente 12 horas depois, mas muito estava por fazer depois daquela quarta-feira negra, com os destroços, envoltos em lama, a tomarem conta da cidade.
Dois dias depois saem à rua militares da Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP), num acto inédito desde a transição. Mil soldados participaram nos trabalhos de resposta à catástrofe, regressando ao quartel ao fim de três dias, a 28. Na véspera, porém, ainda a cidade não estava recuperada do Hato, chega um novo tufão: o Pakhar. Apesar de ter sido mais brando, trouxe intensas chuvas que encharcaram o que custara enxugar, dificultando as tarefas de limpeza. Com a aproximação iminente da nova tempestade foi reforçada a urgência de escoar, particularmente por razões de saúde pública, as toneladas de lixo amontoado. Na corrida contra o tempo foram fundamentais os milhares de voluntários que montaram uma gigantesca operação de limpeza nas zonas mais fustigadas pela intempérie, num movimento sem precedentes.

O pós-tufão

A calamidade, que as autoridades designam como “incidente”, levou o Chefe do Executivo a pedir desculpas à população. “Embora tenhamos feito previsões e tomado medidas preventivas face a este desastre não podemos deixar de reconhecer que o que foi feito não foi suficiente. Aqui, em nome do Governo da RAEM, peço imensas desculpas à população”, declarou Fernando Chui Sai On.
Apesar de o Governo admitir falhas, há deputados que entendem que ficaram por apurar responsabilidades políticas, dado que o director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) foi o único a cair. Fong Soi Kun, que dirigia os SMG desde 1999, apresentou a demissão um dia depois da passagem do Hato. No entanto, a sua actuação viria a ser alvo de um inquérito, com o Chefe do Executivo a decidir aplicar-lhe o castigo máximo a que estava sujeito – a demissão – a qual se traduz na suspensão da reforma durante quatro anos, dado que já estava aposentado quando o processo disciplinar foi instaurado. Fong Soi Kun decidiu contestar na justiça o processo disciplinar que lhe foi movido. Em Junho, o Tribunal de Segunda Instância aceitou a providência cautelar apresentada pela defesa de Fong Soi Kun, o que lhe permite continuar a receber a pensão mensal de aproximadamente 80 mil patacas até que haja uma decisão final.

23 Ago 2018

Jogos Asiáticos | Macau conquista primeira medalha de ouro no wushu

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]atleta de wushu Huang Junhua conseguiu ontem uma medalha de ouro nos Jogos Asiáticos, a primeira para Macau, ao vencer a prova da categoria masculina da modalidade de nanquan e nangun.
O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, elogiou o atleta. “A notável marca obtida por Huang Junhua, fruto de um treino intenso e de trabalho árduo, não só enche de orgulho a população de Macau no seu todo, como também revigora o moral da nossa delegação em Jacarta”, lê-se em comunicado.
O reconhecimento foi também prestado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura que felicitou o atleta de 26 anos, elogiando o seu “extraordinário empenho e dedicação”, de acordo com um comunicado oficial. Alexis Tam, que se encontra na Indonésia, país que acolhe a 18.ª edição dos Jogos Asiáticos, também deixou agradecimentos ao chefe da equipa, Leong Chong Leng, e ao treinador dos atletas, Iao Chon In, pela sua “total dedicação” na formação dos atletas, estendendo-os ainda ao Comité Olímpico e Desportivo de Macau pela “excelente coordenação demonstrada”.
O gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura indicou ainda que Alexis Tam “encorajou os demais atletas a manterem uma atitude positiva” na participação das restantes provas dos Jogos Asiáticos, “de forma a demonstrar o espírito desportivo e alcançar os melhores resultados”.
A 18.ª edição dos Jogos Asiáticos, que tem lugar nas cidades indonésias de Jacarta e Palembang, termina no próximo dia 2 de Setembro. Macau encontra-se representada por 109 atletas em 16 modalidades.

22 Ago 2018

Canídromo | Morreu o galgo mais velho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]galgo mais velho do Canídromo morreu ontem, aos 13 anos. A informação foi divulgada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que indicou que o cão tinha mobilidade reduzida devido a uma doença degenerativa nas articulações resultado da avançada idade. Segundo o IACM, há actualmente mais de 30 galgos sujeitos a tratamento médico, a maioria dos quais devido a doenças no periodontal e de pele e artrite.

22 Ago 2018

Ambiente | Macau volta a registar um nível alarmante de partículas poluentes

Ontem a concentração de partículas PM2,5 atingiu índices preocupantes e a qualidade do ar pode mesmo registar níveis de insalubridade se as condições atmosféricas se mantiverem. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos aconselham quem tem dificuldades respiratórias a evitar esforços físicos e actividades ao ar livre

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ntem de manhã, todas as estações de vigilância da qualidade do ar em Macau, registaram um aumento significativo nas concentrações de partículas PM2,5, consideradas as mais perigosas por poderem penetrar profundamente nas vias respiratórias e atingir os alvéolos pulmonares, provocando dificuldades respiratórias e mesmo danos permanentes.
As condições atmosféricas de ontem também não ajudaram à qualidade do ar. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) , o tempo ensolarado que se tem registado favorece o aumento dos níveis de ozono, um poluente fotoquímico. Por este motivo, prevê-se que “as concentrações de ozono aumentem significativamente”, apontam os serviços em comunicado. Por outro lado, “devido à co-influência de PM2,5 e de ozono, a qualidade do ar em Macau será moderada e poderá atingir o nível insalubre”, referem os SMG.
Os serviços estão a acompanhar a situação e aconselham às pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares a reduzir esforço físico e evitar actividades ao ar livre.
Segundo os serviços competentes, a qualidade do ar irá melhorar quando houver um aumento significativo de ventos ou aguaceiros.

Mais do mesmo

O relatório do estado do ambiente de 2017, divulgado pela Direcção de Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) no início deste mês e que cita os registos de todas as estações de monitorização da qualidade do ar apontava que o número de dias classificados como “bom” e “moderado” ultrapassou 92 por cento, reflectindo uma descida face a 2016, sendo que na estação da Taipa chegou a registar-se um dia “muito insalubre”.
O mesmo documento referia que os índices de qualidade do ar tiveram melhores resultados em Junho e Julho e foram menos satisfatórios em Dezembro do ano passado. O ozono (O3) manteve-se como o principal poluente atmosférico, registando os níveis mais elevados em Setembro.
Apesar de não ter sido definido o valor padrão de concentração média anual em 2017, a DSPA observava que foi registada “uma subida palpável” da mesma em duas estações de monitorização relativamente a 2016.
O ozono figura como o principal constituinte do ‘smog’ fotoquímico, que consiste numa mistura de nevoeiro e poluição. A exposição a níveis baixos deste poluente pode reduzir as funções pulmonares, originando dores no peito, tosse, náuseas e congestão pulmonar.
Já as concentrações médias anuais de PM10 e PM2.5 registadas em todas as estações de monitorização em 2017 foram inferiores aos valores padrão.
Segundo o documento, a concentração média anual de PM2.5 registada em todas as estações de monitorização teve, aliás, melhor desempenho do que a do Delta do Rio das Pérolas (Guangdong-Hong Kong-Macau) em geral. De recordar que as PM2.5 foram o principal poluente atmosférico a afectar a qualidade do ar entre 2013 e 2015.

22 Ago 2018