João Santos Filipe SociedadePJ defende necessidade de ocultar identidades em concursos [dropcap]O[/dropcap] Governo quer que a Polícia Judiciária (PJ) tenha a possibilidade de fazer concursos de admissão para agentes secretos, desde que autorizados pelo Chefe do Executivo. A proposta foi apresentada na quarta-feira pelo Conselho Executivo, através do porta-voz Leong Heng Teng, numa sessão em que também esteve presente o director da PJ, Sit Chong Meng. No entanto, a proposta está a gerar controvérsia, principalmente entre a comunidade chinesa, devido aos receios que este sistema seja utilizado para contratar agentes, que depois poderão fugir, sem sofrerem consequências por eventuais abusos. Neste sentido, a PJ emitiu ontem um comunicado a defender que a proposta é aplicada em outros países e que o objectivo passa por proteger os agentes, devido à natureza das funções. Por outro lado, a força da autoridade aponta que esta necessidade já se sente nos casos de infiltração: “Há uma grande parte de agentes que precisa de ocultar a sua identidade quando fazem acções de vigilância e investigação […] No regime legal contra a criminalidade organizada, já está previsto que os investigadores da PJ ocultem a sua identidade, para se infiltrarem nas associações ou sociedade secretas”, é explicado. Pelo seguro Esta foi uma das principais considerações para que os concursos de admissão passem a ser secretos, em casos especiais. “A divulgação da identidade do respectivo pessoal pode constituir um risco para a segurança do pessoal, pelo que é necessário tomar medidas de protecção adequadas” é sustentado. A PJ aponta ainda que Portugal segue um regime igual, em que os concursos podem ser ocultados, caso o ministro da Justiça decida, e que mesmo o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) já contrata de acordo com este regime, excepção feita aos casos em que o Chefe do Executivo a pede para divulgação. Ainda de acordo com o documento divulgado, a PJ espera que após a revisão da lei “o pessoal possa ter melhores condições para a execução da lei” e seja garantida “a segurança” dos agentes. O comunicado aponta igualmente que as alterações vão igualmente aumentar a capacidade de prevenir e combater a criminalidade para “manter a estabilidade social”. Na quarta-feira, o director da PJ foi questionado sobre a percentagem de agentes que poderia ser contratada sem divulgação, mas não foi fornecida uma resposta à questão.
João Luz Manchete SociedadeMulher birmanesa condenada a 2 anos e meio por abandonar bebé [dropcap]O[/dropcap] Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou a empregada doméstica, de nacionalidade birmanesa, que abandonou a filha recém-nascida a pena de prisão de dois anos e meio. A mulher, de apelido Lalawn, foi condenada pelo crime de exposição e abandono, delito que se for “praticado por ascendente, descendente, adoptante ou adoptado da vítima”, pode resultar em pena de prisão de 2 a 5 anos. Segundo informação veiculada pelo jornal Ou Mun, a arguida foi absolvida do crime de tentativa de homicídio. O caso remonta a 13 de Dezembro do ano passado, quando a empregada jantava em casa dos empregadores, um casal. Durante a refeição, a arguida queixou-se de dores de barriga e foi à casa-de-banho. Passados cerca de dez minutos, a patroa preocupada com o estado de saúde da empregada, dirigiu-se à casa-de-banho onde a encontrou a limpar sangue do chão. A descoberta levou o casal a alertar as autoridades policiais, que chegaram a casa dos empregadores acompanhados por um médico. De acordo com o jornal Ou Mun, o médico confirmou que a empregada acabara de dar à luz, mas como a polícia não encontrou o bebé não deteve a arguida. Só na madrugada do dia seguinte, quando a patroa limpava a casa-de-banho, o choro da criança alertou para o seu paradeiro. A recém-nascida foi resgatada no parapeito entre a janela e o ar-condicionado em estado de hipotermia, apesar de estar embrulhada numa toalha. Depois de uma noite ao relento, sujeita a uma temperatura na ordem dos 11 graus, a recém-nascida foi transportada prontamente para Centro Hospitalar Conde de São Januário e acabou por sobreviver. A mãe foi detida e acusada pelos crimes de tentativa de homicídio e exposição ou abandono, depois do teste ADN ter provado a maternidade. Espada e parede O caso revelou as dificuldades por que passam as trabalhadoras não residentes grávidas, que não podem legalizar os filhos no território. Aliás, este passou a ser um dos desafios do Centro Bom Pastor. Em declarações ao HM em Abril, a directora da instituição, Juliana Devoy, comentou este caso específico e alertou para a encruzilhada que estas mulheres enfrentam. “Do que tem sido a nossa experiência, se a mãe não for residente tem de levar o bebé para o seu país de origem. Parece tão injusto. Em Hong Kong, por exemplo, podem dar o bebé para adopção se assim o entenderem”, realçou Juliana Devoy.
Hoje Macau SociedadeMacau pode ultrapassar os 40 milhões de visitantes este ano [dropcap]A[/dropcap] responsável pelo turismo de Macau disse ontem que o número de visitantes pode ascender aos 40 milhões em 2019, apesar da diminuição dos turistas internacionais devido à grave crise social e política da cidade vizinha de Hong Kong. “Este ano o número vai ser próximo dos 40 milhões, senão maior que 40 milhões”, disse a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, à margem da conferência de apresentação do Festival de Luz de Macau 2019. As afirmações da responsável pelo turismo de Macau foram feitas horas antes do Governo ter anunciado que mais de 33,4 milhões de pessoas visitaram Macau nos primeiros 10 meses do ano, um aumento de 15,3 por cento face a igual período do ano passado. Depois do número recorde em 2018 (35,8 milhões de turistas), Macau prepara-se para atingir a marca ‘redonda’ dos 40 milhões, seis anos antes das previsões governamentais de 2017, patentes no Plano Geral de Desenvolvimento da Indústria do Turismo. “Estamos muito contentes com o facto de termos muitos visitantes”, reforçou Maria Helena de Senna Fernandes, admitindo que o foco agora é aumentar o número de visitantes internacionais e garantir que o período de permanência dos turistas aumente. Em Macau, o período médio de permanência dos visitantes é de 1,2 dias e até ao final de Outubro mais de 23,7 milhões, dos mais de 33,4 milhões de turistas que visitaram o território nos 10 primeiros meses do ano, foram provenientes da China continental. Menos internacionais Apesar das previsões que dão o número recorde de 40 milhões de visitantes até ao fim do ano, a responsável pelo turismo de Macau admitiu que os turistas internacionais têm diminuído por causa das manifestações pró-democracia em Hong Kong. “Este ano diminuímos os visitantes internacionais por causa dos recentes acontecimentos perto de nós”, afirmou. Para o ano, para combater esta diminuição de turistas internacionais, o objectivo passa por trabalhar com as cidades vizinhas e desenvolver novos produtos turísticos, de forma a atenuar “a dependência dos turistas da China continental e de Hong Kong”, adiantou. Quanto à possibilidade de uma taxa turística no território, Maria Helena de Senna Fernandes disse que o relatório, a ser apresentado ao Governo, “está quase completo”. “Temos feito muitas comparações com o que as outras cidades estão a fazer para atacar o problema da gestão do excesso de turistas”, salientou, acrescentando que as autoridades estão atentas às indicações da Organização Mundial do Turismo (OMT) sobre esta matéria. “Vamos apresentar o relatório ao Governo para decidirem”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePonte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano [dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito. “No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.” Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota. “A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.” Números inéditos Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.” O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.” “Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San. O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.” No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.
admin Manchete SociedadePonte HKZM | DSAT quer autocarro directo para o Aeroporto de Hong Kong Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano [dropcap]O[/dropcap] Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito. “No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.” Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. Lam Hin San adiantou que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota. “A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.” Números inéditos Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. “Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.” O director da DSAT aprontou ainda a redução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.” “Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San. O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.” No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Agências de rating estimam recuperação económica em 2020 A Moody’s prevê uma recessão de 2 por cento este ano, alertando que o risco de o abrandamento económico previsto na China pode levar à diminuição do número de turistas. Já a Standard & Poor’s reviu em baixa a previsão de receitas brutas do jogo este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação para até 5 por cento em 2020 [dropcap]E[/dropcap]speramos que o PIB real de Macau contraia 2 por cento em 2019, recuperando para um crescimento de 3 por cento em 2020, já que o efeito negativo da redução do investimento público se irá desvanecer no próximo ano”, escrevem os analistas da Moody’s numa referência a 2020. Numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a Moody’s aponta que “os riscos desta previsão são negativos, já que os turistas da China representam cerca de dois terços de todas as chegadas de visitantes, e o abrandamento no crescimento económico da China para além das nossas estimativas vai influenciar o número de turistas e as receitas do jogo e exportações de serviços, no geral”. Na primeira metade deste ano a economia de Macau enfrentou uma recessão de 2,5 por cento, que se seguiu a um crescimento de 2 por cento nos primeiros seis meses de 2018 face ao período homólogo, devido “à redução do investimento público e privado e à descida das receitas do jogo VIP, motivados pela redução do crescimento da economia chinesa”. A conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau levou a uma queda abrupta dos níveis de investimento, “e os operadores de jogo parecem estar a cortar nos investimentos já que as licenças expiram em 2022”, acrescenta a Moody’s. Apesar disto, as exportações de serviços e o consumo privado continuaram a expandir-se e a chegada de turistas manteve-se robusta, “apesar dos protestos em Hong Kong, possivelmente porque a ponte liga directamente o aeroporto de Hong Kong a Macau, permitindo aos visitantes da China chegarem directamente a Macau através de Zhuhai”. A estabilidade Na análise à economia de Macau, a Moody’s, que atribui uma nota de A3 com Perspectiva de Evolução Estável, diz que o perfil de crédito do território é sustentado pela ausência de dívida pública e por grandes almofadas fiscais que dão a esta região uma “significativa capacidade” de contrariar choques futuros. “Sendo uma economia pequena e concentrada, o crescimento do PIB de Macau permanece volátil”, mas os analistas notam, ainda assim, que “havendo mais progressos na diversificação para actividades não relacionadas com o jogo isso vai, com o tempo, sustentar um crescimento do PIB mais estável”. A indústria do jogo é responsável por mais de 80 por cento das receitas do Governo, que deverá terminar o ano com um excedente orçamental de 12,5 por cento, e com reservas suficientes para sustentar sete anos de despesa pública. O novo chefe do Governo, Ho Iat Seng, deverá “manter as principais opções políticas e continuar a focar-se na diversificação económica a longo prazo, para além do jogo VIP, promovendo o jogo de massas e o turismo não relacionado com esta actividade”, concluem os analistas. Padrão de riqueza A agência de notação financeira Standard & Poor’s reviu ontem em baixa a previsão de receitas brutas do jogo em Macau este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação até 5 por cento em 2020. “Prevemos que as receitas brutas do jogo em Macau vão recuperar ligeiramente em 2020 para um crescimento entre 0 e 5 por cento, de um patamar que vai dos -2 a 2 por cento este ano, abaixo das nossas estimativas anteriores, que apontavam para um crescimento entre 0 e 4 por cento em 2019”, escrevem os analistas da S&P. Numa nota enviada aos clientes sobre a evolução do jogo a nível mundial, e a que a Lusa teve acesso, explica-se que esta previsão de crescimento para 2020 é alicerçada no jogo do segmento médio e baixo, “que pode compensar a contínua fraqueza e volatilidade dos jogadores de alto nível”, ou jogadores VIP, como são normalmente designados. “Também acreditamos que a vontade do Governo chinês de limitar a saída de fundos para o jogo em Macau pode igualmente prejudicar o crescimento”, acrescentam. Na nota, os analistas escrevem que Macau não deverá ser negativamente influenciada pela onda de violência que se vive em Hong Kong. “Não esperamos que os protestos em Hong Kong tenham um impacto significativo nas receitas brutas do jogo, uma vez que Macau atrai apenas um número limitado de clientes de Hong Kong e assenta principalmente em visitantes da China continental”, argumentam os analistas. Nas previsões para 2020, a S&P estima que o crescimento das receitas do jogo VIP fique num intervalo entre os -5 e os 5 por cento: “Ao contrário dos jogadores em massa, os clientes VIP são mais afectados pelo sentimento macroeconómico na China e, até certo ponto, pela competição na Ásia”. Por outro lado, concluem, o jogo mais popular “assenta na classe média crescente chinesa, e em melhoramentos nos transportes e nas infra-estruturas que melhoram a acessibilidade de Macau para os chineses”, e daí a previsão de um abrandamento para um crescimento entre 4 e 6 por cento, que compara com a expansão de 15 a 20 por cento que se deve registar este ano. Dependência do norte A agência de notação financeira Fitch Ratings considera que o turismo de jogo em Macau está a passar por um forte abrandamento, mas isso não afecta o perfil de crédito do território, o único sem dívida pública. “O sector do jogo está a passar por um suave abrandamento, apesar de o número de turistas ser ainda robusto; as receitas do jogo até Julho caíram cerca de 1 por cento face aos primeiros sete meses de 2018, o que compara com um crescimento de 14 por cento no total do ano passado”, lê-se na mais recente análise da agência de ‘rating’ ao território. No relatório, os analistas escrevem que o ‘rating’ de Macau, avaliado em duplo A, bem confortável na escala de investimento, “está sedeado nas finanças públicas e externas excepcionalmente fortes e no compromisso com a prudência orçamental em tempos de abrandamento das receitas do jogo e de choques negativos nas receitas”. Entre os factores que mais afectam a avaliação da qualidade do crédito de Macau está a China, não só pela exposição dos bancos ao país, mas também devido á dependência da volatilidade da evolução do PIB, à concentração da economia no setor do jogo e turismo vindos do gigante asiático. “Qualquer mudança inesperada que limite a capacidade de os turistas do continente viajarem para Macau ou que termine o monopólio do jogo na China pode ser negativo para o perfil de crédito do território, alerta a Fitch.
admin SociedadeEconomia | Agências de rating estimam recuperação económica em 2020 A Moody’s prevê uma recessão de 2 por cento este ano, alertando que o risco de o abrandamento económico previsto na China pode levar à diminuição do número de turistas. Já a Standard & Poor’s reviu em baixa a previsão de receitas brutas do jogo este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação para até 5 por cento em 2020 [dropcap]E[/dropcap]speramos que o PIB real de Macau contraia 2 por cento em 2019, recuperando para um crescimento de 3 por cento em 2020, já que o efeito negativo da redução do investimento público se irá desvanecer no próximo ano”, escrevem os analistas da Moody’s numa referência a 2020. Numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a Moody’s aponta que “os riscos desta previsão são negativos, já que os turistas da China representam cerca de dois terços de todas as chegadas de visitantes, e o abrandamento no crescimento económico da China para além das nossas estimativas vai influenciar o número de turistas e as receitas do jogo e exportações de serviços, no geral”. Na primeira metade deste ano a economia de Macau enfrentou uma recessão de 2,5 por cento, que se seguiu a um crescimento de 2 por cento nos primeiros seis meses de 2018 face ao período homólogo, devido “à redução do investimento público e privado e à descida das receitas do jogo VIP, motivados pela redução do crescimento da economia chinesa”. A conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau levou a uma queda abrupta dos níveis de investimento, “e os operadores de jogo parecem estar a cortar nos investimentos já que as licenças expiram em 2022”, acrescenta a Moody’s. Apesar disto, as exportações de serviços e o consumo privado continuaram a expandir-se e a chegada de turistas manteve-se robusta, “apesar dos protestos em Hong Kong, possivelmente porque a ponte liga directamente o aeroporto de Hong Kong a Macau, permitindo aos visitantes da China chegarem directamente a Macau através de Zhuhai”. A estabilidade Na análise à economia de Macau, a Moody’s, que atribui uma nota de A3 com Perspectiva de Evolução Estável, diz que o perfil de crédito do território é sustentado pela ausência de dívida pública e por grandes almofadas fiscais que dão a esta região uma “significativa capacidade” de contrariar choques futuros. “Sendo uma economia pequena e concentrada, o crescimento do PIB de Macau permanece volátil”, mas os analistas notam, ainda assim, que “havendo mais progressos na diversificação para actividades não relacionadas com o jogo isso vai, com o tempo, sustentar um crescimento do PIB mais estável”. A indústria do jogo é responsável por mais de 80 por cento das receitas do Governo, que deverá terminar o ano com um excedente orçamental de 12,5 por cento, e com reservas suficientes para sustentar sete anos de despesa pública. O novo chefe do Governo, Ho Iat Seng, deverá “manter as principais opções políticas e continuar a focar-se na diversificação económica a longo prazo, para além do jogo VIP, promovendo o jogo de massas e o turismo não relacionado com esta actividade”, concluem os analistas. Padrão de riqueza A agência de notação financeira Standard & Poor’s reviu ontem em baixa a previsão de receitas brutas do jogo em Macau este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação até 5 por cento em 2020. “Prevemos que as receitas brutas do jogo em Macau vão recuperar ligeiramente em 2020 para um crescimento entre 0 e 5 por cento, de um patamar que vai dos -2 a 2 por cento este ano, abaixo das nossas estimativas anteriores, que apontavam para um crescimento entre 0 e 4 por cento em 2019”, escrevem os analistas da S&P. Numa nota enviada aos clientes sobre a evolução do jogo a nível mundial, e a que a Lusa teve acesso, explica-se que esta previsão de crescimento para 2020 é alicerçada no jogo do segmento médio e baixo, “que pode compensar a contínua fraqueza e volatilidade dos jogadores de alto nível”, ou jogadores VIP, como são normalmente designados. “Também acreditamos que a vontade do Governo chinês de limitar a saída de fundos para o jogo em Macau pode igualmente prejudicar o crescimento”, acrescentam. Na nota, os analistas escrevem que Macau não deverá ser negativamente influenciada pela onda de violência que se vive em Hong Kong. “Não esperamos que os protestos em Hong Kong tenham um impacto significativo nas receitas brutas do jogo, uma vez que Macau atrai apenas um número limitado de clientes de Hong Kong e assenta principalmente em visitantes da China continental”, argumentam os analistas. Nas previsões para 2020, a S&P estima que o crescimento das receitas do jogo VIP fique num intervalo entre os -5 e os 5 por cento: “Ao contrário dos jogadores em massa, os clientes VIP são mais afectados pelo sentimento macroeconómico na China e, até certo ponto, pela competição na Ásia”. Por outro lado, concluem, o jogo mais popular “assenta na classe média crescente chinesa, e em melhoramentos nos transportes e nas infra-estruturas que melhoram a acessibilidade de Macau para os chineses”, e daí a previsão de um abrandamento para um crescimento entre 4 e 6 por cento, que compara com a expansão de 15 a 20 por cento que se deve registar este ano. Dependência do norte A agência de notação financeira Fitch Ratings considera que o turismo de jogo em Macau está a passar por um forte abrandamento, mas isso não afecta o perfil de crédito do território, o único sem dívida pública. “O sector do jogo está a passar por um suave abrandamento, apesar de o número de turistas ser ainda robusto; as receitas do jogo até Julho caíram cerca de 1 por cento face aos primeiros sete meses de 2018, o que compara com um crescimento de 14 por cento no total do ano passado”, lê-se na mais recente análise da agência de ‘rating’ ao território. No relatório, os analistas escrevem que o ‘rating’ de Macau, avaliado em duplo A, bem confortável na escala de investimento, “está sedeado nas finanças públicas e externas excepcionalmente fortes e no compromisso com a prudência orçamental em tempos de abrandamento das receitas do jogo e de choques negativos nas receitas”. Entre os factores que mais afectam a avaliação da qualidade do crédito de Macau está a China, não só pela exposição dos bancos ao país, mas também devido á dependência da volatilidade da evolução do PIB, à concentração da economia no setor do jogo e turismo vindos do gigante asiático. “Qualquer mudança inesperada que limite a capacidade de os turistas do continente viajarem para Macau ou que termine o monopólio do jogo na China pode ser negativo para o perfil de crédito do território, alerta a Fitch.
Hoje Macau SociedadeMérito | Orgulho e honra na altura de receber distinções do Governo Rui Amaral, António Pereira e Chan Kin Kong são os três funcionários públicos que vão receber esta tarde a Medalha de Dedicação e ontem partilharam as respectivas experiências a trabalhar para o Governo [dropcap]U[/dropcap]m sentimento de grande orgulho é comum aos funcionários públicos Rui Amaral, António Pereira e Chan Kin Kong, que esta tarde vão receber a Medalha de Dedicação das mãos de Chui Sai On. Os três estiveram ontem reunidos com a comunicação social para partilharem e explicarem um pouco das suas carreiras, que lhes valeram a distinção. “Sinto-me naturalmente bastante orgulhoso e responsabilizado na medida em que quero corresponder aos objectivos e às iniciativas por parte do Governo e cumpri-las da melhor forma. Nesse sentido há um sentimento de responsabilidade muito grande e, ao mesmo tempo, de uma honra e um agradecimento muito especial”, afirmou Rui Amaral, jurista nos Serviços de Saúde, sobre a distinção. O jurista nasceu em Angola, tem nacionalidade portuguesa, e anteriormente desempenhava funções nos Serviços de Finanças. Ao longo dos anos, trabalhou em alterações a várias leis, como a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo ou a Lei do Erro Médico ou mais recentemente a Lei da Qualificação e Inscrição para Profissionais de Saúde. “Sinto que fui distinguido pelo meu Governo, porque não me sinto um português que vive em Macau. Sinto-me um cidadão de Macau”, partilhou. “Vim para Macau com 25 anos e vivo aqui há 26 anos. Macau deu-me a minha mulher, os meus filhos, a minha profissão e a minha formação. Eu sou de Macau e não tenho outro entendimento”, explicou sobre a forma como encara a distinção. Após ser público que vai ser distinguido, Rui Amaral revelou que houve uma grande felicidade em casa, no seio da família, mas que o objectivo passa por contribuir para o desenvolvimento da RAEM. Caso de Polícia Desde 1988 na Polícia Judiciária (PJ), António Pereira é actualmente o responsável pela Secção de Investigação e Combate ao Roubo do Departamento de Investigação Criminal. Ao longo dos anos, e devido à “capacidade e profissionalismo” amealhou várias distinções, nomeadamente a Menção de Mérito Excepcional, atribuída pelo Secretário para a Segurança de 2011 a 2013 e 2019, três louvores individuais e vinte e um louvores colectivos. No meio de tanta distinção, a Medalha de Dedicação é uma estreia, para um homem que se dedica quase exclusivamente à segurança da RAEM. “Estou muito honrado com a distinção, mas vou continuar a dedicar-me e a dar o meu máximo para melhorar os resultados das nossas investigações”, disse António Pereira, quando questionado sobre a distinção. O membro da PJ abordou igualmente a experiência na área da segurança desde 1988 e apontou dois casos como grandes desafios, que lhe permitiram aprender muito: “Houve casos que nos permitiram aprender muito, como o do rapto do Dr. Neto Valente [em 2001] e também o caso da explosão [em Setembro de 1998 que feriu dois polícias]”, contou. Por outro lado, no ano passado houve um caso de assalto a uma ourivesaria, atrás do Hotel Lisboa, em que todos os bens foram recuperados. Segundo António Pereira, este caso é emblemático pelos resultados alcançados. O profissional da PJ partilhou igualmente uma visão sobre os diferentes tempos ao nível da segurança no território: “Nos anos 80, Macau era um lugar muito tranquilo e pacífico. Depois, na década de 90, houve alturas com violência. Mas felizmente depois da transição a situação voltou a melhorar”, considerou. António Pereira destacou igualmente o papel da tecnologia na investigação, como o sistema de videovigilância Olhos no Céu, que apontou ser uma grande ajuda. O electricista O outro distinguido é Chan King Kuong que trabalha no Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) como responsável pela inspecção à segurança de quadros eléctricos, manutenção dos aparelhos eléctricos e electrónicos, bem como do controlo dos aparelhos áudio. Quando ingressou no Leal Senado, ainda antes de 1990, era responsável pela manutenção dos equipamentos eléctricos do escoamento de águas pluviais. Para Chan a distinção foi um enorme orgulho: “Gostava de agradecer ao Governo da RAEM por esta grande honra. O mais importante é o reconhecimento da nossa chefia e do Governo pelo trabalho prestado ao longo dos anos. Não é uma distinção só pessoal, também é um reconhecimento para o IAM. Trabalho nesta casa há 29 anos”, contou sobre o prémio. Depois de ter sido tornado público que ia receber uma distinção, Chan admite que a mulher e os filhos ficaram muito felizes com a notícia. O trabalhador do IAM destacou igualmente a curiosidade de normalmente afixar cartazes e outras informações no âmbito dos programas de sensibilização do IAM. Porém, após a notícia, foi a vez de afixar uma informação com a sua fotografia. “Foi engraçado porque temos um programa itinerante de sensibilização pública, em que temos de afixar cartazes. Desta vez um dos cartazes que foi afixado no Iao Hon tinha a minha fotografia”, contou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeComunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau [dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM. Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”. Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques. Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”. Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou. A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino. Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”. Olhar os jovens O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens. “Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.” Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou. Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora. Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”. Problemas do costume Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.” “Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes. A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.” O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes. Contra o saudosismo Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro. “Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.” A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu. Programa provisório 23/11/2019 (Sábado) Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes 10h00 – Secção Cultural promovida pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), no Centro de Ciência de Macau 14h30 – Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau 16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau 19h00 – Sessão Solene de Abertura no Kashgar Ballroom, Hotel Sheraton Grand Macao ‐Cotai Central 25/11/2019 (2ª Feira) 09h00 – Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa 09h30 – Reunião do Conselho Geral na sede do CCM 18h00 – Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas de Macau e da Comissão Organizadora 26/11/2019 (3ª Feira) 10h00 – Cerimónia junto ao Monumento de Homenagem à Diáspora Macaense: (Apenas para dirigentes das Casas. Para os restantes participantes: Visita guiada por especialistas do Instituto Cultural de Macau a locais de interesse histórico) 11h30 – Visita ao Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau: (Somente para dirigentes das Casas) (a confirmar) 15h00 – Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo 18h00 – Missa e Te‐Deum na Sé Catedral 27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira) 08h00 – Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau 29/11/2019 (6ª Feira) 19h30 – Festa de encerramento no Grand Hall, 4º. Andar da Torre de Macau, em moldes que permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos
admin Manchete SociedadeComunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau [dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM. Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”. Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques. Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”. Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou. A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino. Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”. Olhar os jovens O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens. “Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.” Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou. Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora. Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”. Problemas do costume Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.” “Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes. A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.” O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes. Contra o saudosismo Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro. “Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.” A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu. Programa provisório 23/11/2019 (Sábado) Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes 10h00 – Secção Cultural promovida pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), no Centro de Ciência de Macau 14h30 – Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau 16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau 19h00 – Sessão Solene de Abertura no Kashgar Ballroom, Hotel Sheraton Grand Macao ‐Cotai Central 25/11/2019 (2ª Feira) 09h00 – Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa 09h30 – Reunião do Conselho Geral na sede do CCM 18h00 – Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas de Macau e da Comissão Organizadora 26/11/2019 (3ª Feira) 10h00 – Cerimónia junto ao Monumento de Homenagem à Diáspora Macaense: (Apenas para dirigentes das Casas. Para os restantes participantes: Visita guiada por especialistas do Instituto Cultural de Macau a locais de interesse histórico) 11h30 – Visita ao Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau: (Somente para dirigentes das Casas) (a confirmar) 15h00 – Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo 18h00 – Missa e Te‐Deum na Sé Catedral 27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira) 08h00 – Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau 29/11/2019 (6ª Feira) 19h30 – Festa de encerramento no Grand Hall, 4º. Andar da Torre de Macau, em moldes que permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos
Hoje Macau SociedadeMedicina | MUST na Aliança Mundial de Escolas dos PLP [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) tornou-se membro fundador da Aliança Mundial de Escolas de Medicina dos Países de Língua Portuguesa. De acordo com um comunicado oficial, a aliança foi celebrada por 13 universidades de países de língua portuguesa e Macau, onde se inclui as universidades do Porto e de Lisboa. Manson Fok, director da Faculdade de Medicina da MUST, a Aliança tem como objectivos a integração dos recursos humanos formados em medicina nas instituições de saúde desses países, a fim de promover o intercâmbio cultural e académico. “Este acordo é um marco histórico que abriu a porta em termos de colaboração mundial entre o Governo da RAEM e as escolas de medicina dos países lusófonos. Vamos escrever uma nova página do desenvolvimento da medicina”, frisou o responsável. A Faculdade de Medicina da MUST foi criada em Março deste ano, sendo que a primeira turma possui 49 alunos. O curso, que começou em Setembro, tem 80 por cento dos alunos de Macau, com os restantes oriundos da China, Hong Kong, Taiwan e países lusófonos.
Hoje Macau Manchete SociedadeTécnicos acusados por falsificação de testes na ponte Ponte HKZM [dropcap]F[/dropcap]oram ontem considerados culpados doze técnicos de uma empreiteira contratada pelo Governo de Hong Kong por falsificação de testes da mega ponte que liga Macau, Hong Kong e Zhuhai, inaugurada há um ano, noticiou o South China Morning Post. O Tribunal Distrital considerou que os funcionários do laboratório da Jacobs China Limited, empresa responsável por analisar a força dos materiais utilizados na construção da mega ponte, foram culpados por um caso de fraude que custou aos cofres do Governo de Hong Kong 58 milhões de dólares de Hong Kong. Seis dos funcionários do laboratório já se tinham declarado culpados, os 12 que se declararam inocentes, e que foram ontem condenados, afirmaram que seguiram ordens para corrigir os resultados dos testes alterando os registos do computador, substituindo as amostras verdadeiras por falsificadas. Os arguidos disseram ainda, segundo o mesmo jornal, que não sabiam que estavam a incorrer num crime. Uma justificação que não foi aceite pelo juiz daquele tribunal. Segundo o juiz, os réus estavam cientes da diferença entre “corrigir erros” e “encobrir erros”, tendo cometido o crime de forma consciente. Esta quinta-feira o juiz vai ouvir os advogados de defesa que vão procurar atenuar as penas que podem ir até aos 32 meses de prisão. O caso, lembrou o South China Morning Post, teve início em Maio de 2017 quando a Comissão Independente Contra a Corrupção deteve 21 funcionários da Jacobs Chin, depois daquele órgão de fiscalização ter acusado a empresa de falsificar, entre 2012 e 2017, 384 relatórios de testes dos materiais da mega ponte que liga Macau, Hong Kong e Zhuhai. Dois dos 21 funcionários foram libertados sem qualquer acusação, dos restantes, seis já se declararam culpados e os restantes 12 foram ontem condenados.
Inam Ng SociedadeEstação de tratamento de Seac Pai Van inaugurada no final de 2020 [dropcap]M[/dropcap]acau está mais perto de ver a sua capacidade de abastecimento de água aumentar. Gota a gota, mas cada vez mais perto. Por ocasião da inauguração da Exposição de imagens relativas ao abastecimento de água, realizada no Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, Susana Wong Soi Man, directora da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) revelou que a estação de tratamento de água de Seac Pai Van será inaugurada no final de 2020 e, de acordo com declarações prestadas ao jornal Cheng Pou à margem do evento, fará parte de um plano a longo prazo que visa aumentar a capacidade de armazenamento de água da RAEM. No evento, onde foi exposta uma colecção de imagens intitulada “A fruição da mesma fonte de água faz despertar a nossa saudade da Pátria Mãe” e que contou também com a organização da Sociedade de Abastecimento de Água de Macau (S.A.R.L), Susana Wong Soi Man revelou também que com a construção da nova estação, que tem um custo estimado de mil milhões de patacas, a capacidade diária de produção de água em Macau vai aumentar 130 mil metros cúbicos, fazendo com que a capacidade diária de abastecimento de água na RAEM passe, dos actuais 390 mil metros cúbicos, para 520 mil metros cúbicos. A informação foi dada por Susana Wong Soi Man em entrevista ao jornal Exmoo que avançou também que a responsável da DSAMA assegurou que “as construções de infra-estruturas de fornecimento de água, tanto em Macau como em zonas vizinhas, garantem o abastecimento de água para Macau”. Pensar a prazo Em declarações ao jornal Cheng Pou, a directora revelou ainda que, além da construção da estação de tratamento, a DSAMA está a implementar a “pouco e pouco”, as medidas estipuladas no “Plano decenal de prevenção e redução de desastres em Macau (2019-2028)”. Para isso, e tendo como objectivo aumentar a capacidade de armazenamento de água em Macau, de 1.9 milhões de metros cúbicos, para 2.7 milhões de metros cúbicos, a direcção anunciou ainda que o plano prevê ligar os reservatórios de Seac Pai Van e de Ká-Hó e construir tanques de água elevados na Colina da Taipa Pequena e em Seac Pai Van. “Todo o projecto vai demorar alguns anos, espero que o consigamos executar a pouco a pouco”, frisou Susana Wong Soi Man.
Hoje Macau SociedadeONU | Macau aconselhado a abandonar “velhas energias fósseis” Apostar em energias limpas e deixar de lado as mais poluentes. Foi este o conselho dado por Helliott Harris, Secretário-Geral Adjunto de Desenvolvimento Económico e Economista Chefe da ONU, no âmbito de um fórum na área do ambiente. O responsável defendeu a criação de “políticas claras” por parte do Executivo [dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau deve ter uma aposta clara nas energias renováveis e abandonar “o velho estilo das energias fósseis” que “não tem lugar no futuro das energias” do território, disse ontem um responsável da ONU. “Se as políticas forem bem direccionadas, o investimento [em energias renováveis] vai começar a fluir e a acelerar”, afirmou aos jornalistas o Secretário-Geral Adjunto de Desenvolvimento Económico e Economista Chefe da ONU, Helliott Harris, à margem do 8.º Fórum Internacional de Energias Limpas que se realiza em Macau. Segundo o responsável, “isto não quer dizer que tem de ser o Governo a gastar, mas o que o Governo tem de fazer é tornar clara a política e a regulação de que ‘o velho estilo das energias fósseis’ não tem lugar no futuro das energias de Macau”. O que é necessário é “uma política clara”, frisou, referindo-se ao território com uma das maiores densidades populacionais do mundo, onde em cerca de 30 quilómetros quadrados vivem mais de 660.000 pessoas. De fora De acordo com o último relatório do estado do ambiente de Macau, em 2018, a energia eléctrica importada para Macau foi de cerca de 90 por cento, mais do que a registada em 2017, sendo que “a produção de electricidade local diminuiu, ocupando apenas 9 por cento do total da produção de eletricidade, 5 por cento foi produzida através de gás natural e 4 por cento de outro combustível”. Cerca de 2 por cento da energia eléctrica foi proveniente de incineração de resíduos sólidos de Macau, apontou o mesmo relatório. O relatório recomendou “continuar a promover o uso de energia limpa, aumentando a proporção de produção de eletricidade com gás natural, promover a auditoria de carbono e a gestão da eficiência energética e elevar a consciencialização sobre a conservação de energia e redução de emissões”. Actualmente, apenas 30% da energia utilizada na área da Grande Baía é de gás natural, mas Pequim ambiciona mais do que duplicar essa percentagem.
Andreia Sofia Silva SociedadeTSI | Governo com razão em quatro casos de despejo [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo. Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada. O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017. Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.
Andreia Sofia Silva SociedadeTSI | Governo com razão em quatro casos de despejo [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão ao Governo em quatro casos de despejo de terrenos concessionados, decisões essas proferidas pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O TSI considerou improcedentes todos os recursos apresentados pelas concessionárias que viram as concessões anuladas pelo Governo. Um dos terrenos está localizado em Coloane, na zona industrial de Seac Pai Van, tendo sido concessionado à Empresa de Construção e Obras de Engenharia San Tak Fat, Limitada por um período de 25 anos. O prazo terminou a 8 de Novembro de 2015 sem que o terreno tivesse sido desenvolvido. Só a 28 de Setembro é que Raimundo do Rosário ordenou a desocupação do terreno. Também na zona industrial de Seac Pai Van está outro terreno na mesma situação, desta feita concessionado à Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Limitada. O segundo caso diz respeito a um terreno situado na península de Macau, na Estrada Marginal da Ilha Verde, concessionado a Lo Lai Meng e Kuan Vai Lam. O arrendamento do terreno era válido pelo prazo de 25 anos, ou seja, até 7 de Maio de 2016. Em 27 de Março de 2017, o Chefe do Executivo proferiu despacho no sentido de declarar a caducidade da concessão do terreno por seu não aproveitamento até ao termo do prazo de arrendamento. O despejo foi decretado a 28 de Julho de 2017. Na ilha da Taipa, na avenida Kong Tung, encontra-se outro terreno que também terá de ser despejado, cuja concessão por arrendamento foi atribuída à Companhia de Investimento Predial Pak Lok Mun, Limitada por um período de 50 anos, sendo que o prazo de aproveitamento fixado no contrato era de 42 meses. A caducidade da concessão foi declarada em 2015.
Hoje Macau SociedadeCasinos | Peso do jogo ‘vale’ mais de metade do sector terciário [dropcap]O[/dropcap] peso da actividade do jogo em Macau voltou a crescer em 2018 e já ‘vale’ mais de metade do sector terciário, que também aumentou e representa 95,8 por cento da economia do território, anunciaram ontem fontes oficiais. De acordo com a Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o peso do sector terciário na economia de Macau cresceu de 94,9 por cento em 2017 para 95,8 por cento em 2018. Deste sector, as “lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogo” representam 50,5 por cento, um crescimento de 1,5 pontos percentuais em relação a 2017. O valor acrescentado bruto (VAB) de todos os ramos de actividade económica de Macau registou em 2018 uma subida real de 5,8 por cento, a qual foi impulsionada pelos acréscimos das ‘lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos’”, pode ler-se no comunicado da DSEC. Só o VAB do jogo aumentou 10 por cento e o dos hotéis e similares 11,4 por cento, as maiores subidas no sector terciário, que registou em termos globais um acréscimo de 6,8 por cento. Os números avançados pela DSEC apontam para uma economia de Macau cada vez mais dependente do sector terciário: o peso do sector secundário no valor acrescentado bruto no total dos ramos de atividade económica foi em 2018 de 4,2 por cento, contra os 6,7 por cento de 2016 e os 5,1 por cento registados em 2017. A queda de 12,3 por cento do sector secundário deveu-se, de acordo com a DSEC, à diminuição do peso da construção, que apresentou um decréscimo de 14,7 por cento em relação a 2017, com o decréscimo a ser justificado com “a conclusão de sucessivas obras de hotéis e de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento”.
Hoje Macau SociedadeCasinos | Peso do jogo 'vale' mais de metade do sector terciário [dropcap]O[/dropcap] peso da actividade do jogo em Macau voltou a crescer em 2018 e já ‘vale’ mais de metade do sector terciário, que também aumentou e representa 95,8 por cento da economia do território, anunciaram ontem fontes oficiais. De acordo com a Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o peso do sector terciário na economia de Macau cresceu de 94,9 por cento em 2017 para 95,8 por cento em 2018. Deste sector, as “lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogo” representam 50,5 por cento, um crescimento de 1,5 pontos percentuais em relação a 2017. O valor acrescentado bruto (VAB) de todos os ramos de actividade económica de Macau registou em 2018 uma subida real de 5,8 por cento, a qual foi impulsionada pelos acréscimos das ‘lotarias, outros jogos de aposta e actividade de promoção de jogos’”, pode ler-se no comunicado da DSEC. Só o VAB do jogo aumentou 10 por cento e o dos hotéis e similares 11,4 por cento, as maiores subidas no sector terciário, que registou em termos globais um acréscimo de 6,8 por cento. Os números avançados pela DSEC apontam para uma economia de Macau cada vez mais dependente do sector terciário: o peso do sector secundário no valor acrescentado bruto no total dos ramos de atividade económica foi em 2018 de 4,2 por cento, contra os 6,7 por cento de 2016 e os 5,1 por cento registados em 2017. A queda de 12,3 por cento do sector secundário deveu-se, de acordo com a DSEC, à diminuição do peso da construção, que apresentou um decréscimo de 14,7 por cento em relação a 2017, com o decréscimo a ser justificado com “a conclusão de sucessivas obras de hotéis e de grandes empreendimentos turísticos e de entretenimento”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMacau foi alvo de ataque associado ao Governo Central O analista Ben Read, da consultora FireEye, aponta que Macau foi alvo de um ataque informático associado ao Governo Central. As técnicas utilizadas foram desenvolvidas para atacar os partidos políticos de Hong Kong [dropcap]Um[/dropcap] servidor de Macau foi alvo de um ataque informático em Outubro do ano passado, que o analista Ben Read, ligado à consultadora FireEye associa ao Governo Central. O caso foi revelado durante a tarde de ontem pela Rádio Macau que entrou em contacto com o analista norte-americano. De acordo com as explicações do analista, os hackers utilizaram uma técnica conhecida como Spear Fishing, que consiste no envio de um email com um software maligno que permite a entrada nos sistemas afectados. Terá sido a partir de uma mensagem de correio electrónico aberta por uma pessoa com acesso ao sistema. “O que vimos parecer ser Spear Fishing. É um malware que foi anteriormente usado por um grupo que suspeitamos ser apoiado pela China, para atingir os partidos políticos em Hong Kong e activistas”, afirmou Ben Read, em declarações à Rádio Macau. “[Este malware] é consistente com operações relacionadas com estabilidade interna que o governo chinês conduz”, foi acrescentado. Segundo a informação avançada, o ataque aconteceu em Outubro do ano passado, mas o analista contactado admitiu não ter ideia sobre se o servidor da CTM terá ficado comprometido e o número de telemóveis e computadores acedidos de forma indevida. A consultora dos Estados Unidos também não revelou o dia exacto do ataque, mas diz não ter detectado mais actividades de ciberespionagem em Macau. Contactada pela Rádio Macau, a CTM explicou que ainda se estava a inteirar da situação relatada. Outros alertas Os alertas para a segurança da CTM não são novos e Debby Lau, directora da Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT), reconheceu o problema, em Maio deste ano, embora tenha considerado que não havia motivo de alarme. A questão prendia-se com o facto de a CTM não actuar com velocidade suficiente, quando recebia queixas de clientes sobre a vulnerabilidade a ataques do serviço. “Não apontamos o dedo ao operador de telecomunicações. No entanto, foi um pouco lenta a responder quando houve queixas de clientes. Mas, depois das queixas actuou e enviou-nos um relatório”, admitiu a governante. “Vamos estudar se será necessário reforçar medidas de protecção junto dos operadores”, prometeu.
João Santos Filipe SociedadeDetidos quando fugiam devido a roubo avaliado em 500 mil patacas [dropcap]U[/dropcap]m grupo de cinco indivíduos foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), depois de ter estado envolvido no roubo de 14 colares, na terça-feira, numa joalharia do ZAPE. O caso foi revelado ontem pela PJ, depois dos cinco suspeitos terem sido detidos, quando procurava apanhar um voo para deixarem Macau. De acordo com a informação das autoridades, o grupo envolve quatro homens e uma mulher. São todos originários das Filipinas e o roubo ocorreu pelas 13h00, quando um dos homens, com o apelido Lemon, entrou na loja em questão e pediu aos funcionários que lhe mostrassem alguns relógios. Ao mesmo tempo, outros dois membros do grupo fizeram pedidos semelhantes aos funcionários, mas neste caso para que lhes fossem mostrados ornamentos de ouro. O objectivo era fazer com que os trabalhadores do espaço ficassem distraídos. Com os empregados ocupados com os três membros do grupo que já se encontravam dentro da loja, entraram outros dois, entre eles uma mulher. Apesar da entrada, os dois membros não fizeram pedidos aos funcionários para verem produtos específicos, mas fizeram uma ronda pelas vitrines do espaço comercial. Após breves minutos, os dois verificaram que um dos mostradores não estava fechado à chave, o que lhes permitiram tirar os itens e fugir. Com a oportunidade à frente dos seus olhos, o alegado casal pegou numa parte do mostrador, com 14 colares de ouro, e meteu os bens avaliados em 541 mil dólares de Hong Kong na mala da “mulher”. Depois do acto estar consumado, os dois fugiram para a rua, o que fez com que os funcionários os perdessem de vista, apesar de ter havido tentativa de perseguição. Apanhados Nessa altura, os funcionários não associaram os outros homens presentes na loja ao roubo e permitiram que saísse do espaço. Porém, cerca de duas horas e meia depois os cinco foram detidos no Aeroporto Internacional de Macau, quando tentavam sair do território. Depois da detenção, o caso foi entregue ao Ministério Público e os arguidos estão indiciados pela prática do crime de furto qualificado que tem uma pena máxima de cinco anos de prisão. Se for considerado que há factores agravantes, a pena máxima pode chegar aos 10 anos.
Hoje Macau SociedadeIAS | Concedidos mais de 359 milhões até Setembro [dropcap]F[/dropcap]oi ontem publicada em Boletim Oficial (BO) a lista dos apoios financeiros concedidos pelo Instituto de Acção Social (IAS), e que excederam os 359 milhões de patacas no terceiro trimestre. Destaque para os apoios concedidos ao Centro do Bom Pastor, liderado por Juliana Devoy, que recebeu cerca de 998 mil patacas em apoios. O Centro do Bom Pastor desenvolve trabalhos de apoio, sensibilização e divulgação da problemática da violência doméstica, dando abrigo a vítimas deste crime. A creche da Santa Casa da Misericórdia de Macau foi outra das entidades beneficiadas pelo IAS, tendo recebido mais de dois milhões de patacas não apenas referentes ao subsídio do terceiro trimestre do ano (no valor de 1,746 milhão de patacas), como ao financiamento de obras e aquisição de equipamentos, financiadas, respectivamente, em 71,300 mil patacas e 141,420 mil patacas. O Berço da Esperança, que dá apoio a crianças sem família, recebeu, a título de subsídio, 2,576 milhões de patacas, bem como 54,500 mil patacas na qualidade da segunda prestação do subsídio para despesas relativas ao plano de actividade anual. A Cáritas Macau, liderada pelo secretário-geral Paul Pun, continua a ser das instituições de cariz social que mais apoios recebe, por ter agregado à casa mãe uma série de entidades e actividades. O Centro de Apoio à Educação — Vida Triunfante da Cáritas Macau recebeu mais de 1,275 milhões de patacas para financiamento de actividades e plano anual. Já a Cáritas Macau recebeu mais de dois milhões de patacas para o financiamento de actividades de apoio a portadores de deficiência ou formação de pessoal.
Hoje Macau SociedadeIAS | Concedidos mais de 359 milhões até Setembro [dropcap]F[/dropcap]oi ontem publicada em Boletim Oficial (BO) a lista dos apoios financeiros concedidos pelo Instituto de Acção Social (IAS), e que excederam os 359 milhões de patacas no terceiro trimestre. Destaque para os apoios concedidos ao Centro do Bom Pastor, liderado por Juliana Devoy, que recebeu cerca de 998 mil patacas em apoios. O Centro do Bom Pastor desenvolve trabalhos de apoio, sensibilização e divulgação da problemática da violência doméstica, dando abrigo a vítimas deste crime. A creche da Santa Casa da Misericórdia de Macau foi outra das entidades beneficiadas pelo IAS, tendo recebido mais de dois milhões de patacas não apenas referentes ao subsídio do terceiro trimestre do ano (no valor de 1,746 milhão de patacas), como ao financiamento de obras e aquisição de equipamentos, financiadas, respectivamente, em 71,300 mil patacas e 141,420 mil patacas. O Berço da Esperança, que dá apoio a crianças sem família, recebeu, a título de subsídio, 2,576 milhões de patacas, bem como 54,500 mil patacas na qualidade da segunda prestação do subsídio para despesas relativas ao plano de actividade anual. A Cáritas Macau, liderada pelo secretário-geral Paul Pun, continua a ser das instituições de cariz social que mais apoios recebe, por ter agregado à casa mãe uma série de entidades e actividades. O Centro de Apoio à Educação — Vida Triunfante da Cáritas Macau recebeu mais de 1,275 milhões de patacas para financiamento de actividades e plano anual. Já a Cáritas Macau recebeu mais de dois milhões de patacas para o financiamento de actividades de apoio a portadores de deficiência ou formação de pessoal.
Hoje Macau SociedadeRAEM, 20 anos | Lei Ka Hei foi o primeiro bebé nascido depois da transição Nascido no dia 20 de Dezembro de 1999 no hospital Kiang Wu, Lei Ka Hei não acha nada de especial o facto de ter nascido no dia das cerimónias da transferência de soberania de Macau para a China. Hoje, o jovem deseja ser padeiro e lamenta não poder comprar uma habitação, problemática que atinge a sua geração [dropcap]O[/dropcap] primeiro bebé nascido em Macau depois da transferência quer hoje ser padeiro, uma tradição trazida pelos portugueses, mas de resto, Lei Ka Hei é o espelho de uma cidade transformada. Quinze minutos após a meia-noite do dia 20 de Dezembro de 1999, enquanto na Praça do Centro Cultural de Macau os altos dignitários de Portugal e da China assistiam à tradicional dança do leão e do dragão, nascia um bebé no Hospital Kiang Wu. Lei Ka Hei, nome que em chinês significa “Feliz Aurora”, tinha 3,49 quilos e veio ao mundo seis dias antes do previsto. “Talvez estivesse com pressa de vir ao mundo na mesma altura em que estava a nascer a Região Administrativa Especial de Macau”, disse na altura a mãe, Wong Pui Sim, à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Ka Hei, que entretanto escolheu o nome inglês Ray, só aos 13 anos soube que era o primeiro bebé nascido em Macau depois da transferência de poderes. “Na altura havia uma televisão local que me queria entrevistar. Eu perguntei porquê e só então a minha mãe me disse”, recorda o jovem. “Em dias normais não me sinto nada especial”, diz Ray à Lusa. A maior vantagem de ter nascido a 20 de Dezembro é a certeza de que “o aniversário calha sempre num feriado e logo aquele que dá início às férias de Natal”, acrescenta, com um sorriso. Uma nova Macau Ele pode não se sentir especial, mas Ray é emblemático de uma nova Macau, quase 20 anos após a transição. Os pais nasceram ambos na China continental, tal como 43,6 por cento da população da cidade, segundo dados oficiais. O jovem não tem a nacionalidade portuguesa, que foi apenas concedida a quem nasceu em Macau antes de 20 de Novembro de 1981. Ainda assim, e apesar de menos de 1 por cento da população ter ascendência portuguesa, há cerca de mais de 160 mil cidadãos portugueses registados junto do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O pai de Ray é agente da Polícia de Segurança Pública, que ao contrário de 1999 não tem de se preocupar com a guerra das tríades que lutavam aos tiros nas ruas de Macau pelo domínio das salas de jogo VIP. A mãe trabalha como caixa num dos 39 casinos que sustentam a economia de Macau, fruto da liberalização do sector do jogo, anunciada em 2001 pelo primeiro Chefe do Executivo, Edmund Ho Hau-wah. Ray vai a meio de uma licenciatura em gestão culinária no Instituto de Formação Turística de Macau, enquanto o irmão mais velho está a estudar em Taiwan. “Ele foi a primeira pessoa da minha família a chegar à universidade”, sublinha. Fé no futuro A família do jovem foi uma das muitas a beneficiar da massificação do acesso ao ensino superior em Macau. Na véspera da transição, o ex-governador Carlos Melancia lamentava ao que a educação não tenha sido uma prioridade dos políticos. Em 1999, apenas 11,4 por cento dos trabalhadores tinham concluído o ensino superior, uma percentagem que disparou para 36,4 por cento em 2018. Apesar do curso ainda ir a meio, Ray tem já uma certeza: “Quero ser padeiro no futuro. Adoro fazer pão, croissants, etc.” O ‘bichinho’ da culinária surgiu logo aos nove anos. “Havia muitos livros lá em casa e alguns era livros de receitas. Um dia abriu um deles e pedi à minha mãe para me ajudar a fazer um ‘cheesecake’”, recorda. “Não quero correr grandes riscos, por exemplo abrindo o meu próprio negócio. Ainda terei muito para aprender”, sublinha o jovem. Além disso, o hábito de comer pão trazido pelos portugueses faz com que haja “muita competição, entre cafés, padarias e pastelarias”, acrescenta. Ele tem confiança em conseguir facilmente um emprego, por exemplo num dos enormes empreendimentos que juntam casinos, hotéis, restauração e retalho. Afinal, a taxa de desemprego em Macau é de apenas 1,8 por cento e segundo dados oficiais, o sector da hotelaria e restauração tinha no final de Março mais de 4.300 vagas por preencher. Embora o salário mediano seja de 17 mil patacas, já não chega para comprar um apartamento. “A habitação é um problema muito comum em Macau”, lamenta Ray, que ainda vive com os pais. Só desde 2011 o índice de preços da habitação aumentou 2,5 vezes, o que explica em parte a queda de 5 pontos na percentagem de famílias que detém casa própria. Numa cidade onde o Chefe do Executivo não é eleito por sufrágio universal, mas sim por um colégio eleitoral com apenas 400 elementos, Ray confessa abertamente “não perceber nada de política”. Mas não tem dúvidas que em 2049, ano em que terminam os 50 anos de transição, Macau “terá ainda mais gente”. Nos últimos 20 anos a população de Macau disparou de 430 mil para mais de 676 mil, sendo que a cidade recebeu ainda 35,8 milhões de visitantes em 2018. Não admira que Ray aponte o trânsito com um dos maiores problemas de Macau, com mais de 240 mil automóveis e motorizadas a circular.
Andreia Sofia Silva SociedadeRestaurante O Santos celebra 30 anos de existência Espaço icónico de comida portuguesa em Macau, o restaurante O Santos celebra hoje 30 anos de existência sempre com Santos Pinto a comandar as operações na cozinha e fora dela. Nestas três décadas O Santos já recebeu os Rolling Stones, a selecção portuguesa de futebol e o Benfica. No entanto, a parte mais especial é sempre quando um amigo entra porta adentro [dropcap]N[/dropcap]ão se assume como chefe de cozinha mas como cozinheiro. As definições pouco importam, pois a verdade é que Santos Pinto mantém há 30 anos o seu restaurante O Santos na Rua do Cunha sempre com muitos clientes que adoram a sua comida tipicamente portuguesa. Os tempos, hoje, são outros, diz. No restaurante, Santos Pinto, alentejano da cidade de Montemor-o-Novo, diz ter passado os melhores e os piores momentos da sua vida. “Abri a tasca no dia 20 de Novembro de 1989. Não tem sido fácil. Graças a Deus estou feliz porque o meu objectivo era ficar aqui até poder e sinto-me bem. Espero fazer a grande festa dos 30 anos, mas assustei-me quando vi as fotos da festa dos 20 anos, porque vi muitos amigos que já não estão cá, mas a vida é mesmo assim”, confessou ao HM. Ao longo dos anos, o seu restaurante foi-se tornando uma espécie de santuário dos adeptos do Sport Lisboa e Benfica. Há cachecóis do clube por toda a parte (e de outros clubes também) e é ali que se celebram as vitórias. Já recebeu jogadores e dirigentes, e assume-se como benfiquista fervoroso. “Todos me dizem que tenho a sorte de estar na Rua do Cunha, mas eu é que digo que a Rua do Cunha é que tem a sorte de ter o Santos, mas é a brincar. São 30 anos dedicados só a esta casa, são muitas horas de trabalho, a minha vida mudou de rumo uma série de vezes, mas consegui levar sempre esta casa para a frente. Fiz muitos amigos que estão espalhados pelo mundo, além dos famosos, mas esses são amigos do povo.” A história do restaurante começou com Santos Pinto a querer alistar-se na Marinha Portuguesa, nos idos anos 70. “Queria ser fuzileiro e disseram-me para escolher a profissão de cozinheiro, que ninguém queria. E concorri, fiz o curso de cozinheiro. Andei 20 anos na marinha a cozinhar, daí a experiência que tenho.” Quando chegou a hora da filha mais velha seguir os estudos superiores, Santos Pinto decidiu manter-se em Macau, pois ela teria mais facilidades de acesso à universidade em Portugal. Foi aí que abriu o restaurante. “Consegui o trespasse desta casa. Não foi difícil para mim também porque durante seis anos na messe da marinha servíamos refeições para os funcionários públicos, as marmitas. Teve aqui uma rapariga há pouco tempo que se lembrava disso.” Depois de tantos anos na cozinha, Santos Pinto já não faz tudo sozinho, mas ainda vigia os tachos. “Agora faço algumas coisas, gosto sempre de passar e cheirar. Noto se a sopa está salgada ou não, são muitos anos e sabemos. Há dias o arroz de pato começou a voltar para trás, porque a qualidade do pato agora é diferente e as pessoas estavam habituadas ao outro pato. Tive que explicar ao rapaz como fazer. Temos de ver porque é que os pratos chegam para trás, se o cliente rapou o tacho ou não…” Os Rolling Stones Santos Pinto recebe toda a gente no seu restaurante com um sorriso no rosto. É comum sentar-se à mesa para um ou dois dedos de conversa. Se no início o espaço era maioritariamente frequentado por portugueses, o boom do turismo alterou a clientela. “Os clientes agora são coreanos, japoneses. Quando abri a tasca, 90 por cento da malta que vinha aqui eram portugueses, trabalhavam nas empresas de construção e tinha também juízes, advogados e funcionários públicos. Agora é o contrário, 90 por cento de chineses e dez por cento de portugueses.” Em 2014, O Santos recebeu o mais improvável dos clientes: a banda Rolling Stones. Tudo aconteceu com uma mera marcação e só quando Mick Jagger e os seus companheiros entraram no restaurante é que Santos Pinto percebeu para quem era a mesa reservada. “Para mim foi um momento especial, não foi o mais importante, porque para mim mais importante é quando vem um amigo aqui ao restaurante. Só que foi muito falado em toda a parte. Não paravam de me ligar da minha terra quando se soube”, contou. Sejam ou não famosos, Santos Pinto recebe sempre bem todos os clientes. “É sempre uma surpresa quando entra alguém. Nunca sabemos quem é e temos de ter cuidado na forma como abordamos as pessoas. A comida é importante, mas ser atencioso com as pessoas não custa nada e as pessoas vão felizes.” Depois de 50 anos de volta dos tachos e das panelas, Santos Pinto assume não ter segredos a cozinhar, reproduzindo boas velhas fórmulas. “Não tenho segredos. Tenho a minha forma de cozinhar e de temperar, o segredo está no tempero e na qualidade dos produtos. Não invento, a gastronomia não tem segredos, é a boa qualidade dos produtos, o paladar e a experiência de muitos anos.”