Óbito | Wu Zhiwei, fundador da Quinta da Marmeleira, morreu aos 57 anos

Wu Zhiwei, empresário que se destacou por produzir vinhos em Portugal e promover a aproximação das relações entre a China e Portugal, sofreu uma “falência cardiovascular súbita”

 

O empresário de Macau Wu Zhiwei, que produzia vinhos em Portugal, morreu aos 57 anos, confirmou a empresa vitivinícola Quinta da Marmeleira, em Alenquer. De acordo com um comunicado publicado no portal da empresa na Internet, o fundador da Quinta da Marmeleira – Sociedade Agrícola Importação e Exportação, Lda morreu na terça-feira à noite “devido a falência cardiovascular súbita”.

A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário, “assegurando a estabilidade e o futuro próspero dos seus negócios”, lê-se ainda na nota. Além da manutenção “das políticas de desenvolvimento da empresa”, o comunicado prometeu a continuidade “das iniciativas de responsabilidade social que [Wu Zhiwei] tanto estimava”. O empresário, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), anunciou em Abril de 2020, no início da pandemia de covid-19, a doação de mais de 200 mil máscaras ao Ministério da Saúde português.

O objectivo foi “ajudar a proteger o pessoal da linha da frente no combate à doença em Portugal”, nomeadamente no Hospital de São João, no Porto, e no Hospital Santa Maria, em Lisboa, entre outras instituições públicas, disse na altura à Lusa uma fonte da Quinta da Marmeleira.

Na quinta-feira, a CCILC descreveu num comunicado Wu Zhiwei como “um dinamizador exemplar das relações Portugal-China” e “um empresário visionário”.

Para continuar

Lançada em 2015, a Quinta da Marmeleira produz mais de 200 mil garrafas de vinho, principalmente para exportação para o mercado do interior da China, em 100 hectares de área de cultivo. O projecto agrícola, situado em Alenquer, a cerca de 50 quilómetros a norte de Lisboa, acabou por ser um factor de combate ao desemprego na zona.

A quinta foi um dos locais visitados em Portugal, em Abril de 2023, por uma comitiva de 50 empresários de Macau, liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, no âmbito da primeira deslocação ao exterior do líder do Governo da região chinesa, Ho Iat Seng, após a pandemia.

Em Outubro de 2022, Wu Zhiwei avançou estar em andamento o processo de construção de uma nova adega na Quinta da Marmeleira, para enoturismo, para “dar a conhecer aos turistas chineses todo o processo de produção de vinhos, da uva ao produto final”. Na mesma altura, o empresário, nascido na província de Guangdong, adjacente a Macau, anunciou o lançamento de uma agência de viagens para “estabelecer uma ponte de ligação entre Portugal e China”.

“O objectivo é levar pessoas da China continental a Portugal para conhecer o país e a cultura e também levar portugueses a conhecer a China”, disse Wu Zhiwei, que também tinha negócios na área do imobiliário e da joalharia, em particular do jade. A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário.

7 Jan 2024

Sands China | Aumentos salariais a partir de Março

A Sands China anunciou ontem que vai aumentar os salários de 99 por cento dos 26 mil funcionários da operadora de jogo a partir do dia 1 de Março, sendo que os trabalhadores a tempo inteiro com salários até um limite máximo de 13 mil patacas passam a ganhar mais 600 patacas, o que representa um aumento salarial de 4,7 a 5,4 por cento. Por sua vez, quem ganha mais de 13 mil patacas terá um aumento salarial de 2,5 por cento.

Além disso, a empresa irá pagar um bónus a todos os trabalhadores que não pertencem às equipas de gestão e que estão na empresa há um ano ou mais. Este bónus corresponde a um mês de salário e será pago pelo “reconhecimento das suas contribuições em 2023”. Para os trabalhadores com funções de gestão, o bónus será pago no âmbito do Plano de Incentivos à Gestão da Sands China.

Por sua vez, todos os funcionários que trabalharam na empresa durante menos de um ano vão também ser contemplados com um bónus caso tenham sido contratados antes do dia 1 de Outubro e estiverem ainda desempregados à data do pagamento do bónus.

Citado pelo mesmo comunicado, Wilfred Wong, presidente da Sands China, destacou o trabalho dos funcionários no período da pandemia. “No coração da nossa empresa está uma equipa notável. Quando o turismo de Macau retomou após a pandemia, foi o seu esforço concertado que fez com que a nossa empresa voltasse a funcionar em pleno.”

5 Jan 2024

Casinos | Carteiristas roubam 119 mil dólares

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de três membros de um grupo de carteiristas do Interior que terá roubado cerca de 119 mil dólares de Hong Kong em vários casinos locais. Além disso, as autoridades estão à procura de outros quatro homens, que se suspeita também fazer parte do grupo de carteiristas.

Os detidos têm entre 47 e 49 anos de idade. Os polícias foram alertados para a situação, por três indivíduos do Interior, em Novembro do ano passado que apresentaram queixa junto das autoridades.

Segundo os relatos apresentados pelos queixosos, quando entravam nos edifícios dos casinos, sofriam encontrões e os carteiristas aproveitavam para subtrair os bens às vítimas. Em relação às queixas apresentadas, as perdas das vítimas variaram entre 33 mil e 46 mil dólares de Hong Kong, sendo o total de 119 mil dólares de Hong Kong.

Quando observou as imagens de videovigilância e os momentos do crime, a PJ chegou à conclusão de que os sete homens trabalhavam em equipa, com uma divisão clara das tarefas. Enquanto parte dos membros era responsável pelos encontrões, outros colocavam-se em posições estratégicas, para evitar que os roubos fossem detectados por outras pessoas nas zonas onde aconteciam os ataques, havendo ainda quem ficasse responsável por levar os bens da zona.

5 Jan 2024

Português | Chineses em Macau adoptam diversos modos de aprendizagem

Os estudantes chineses de português em Macau adoptam diversas estratégias de aprendizagem da língua, não existindo um método uniforme. Além disso, o ambiente multilingue do território beneficia os estudantes que vêm da China. As conclusões são de um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau

Um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau (UPM), conclui que não existe, da parte dos estudantes chineses de português em Macau, um método de aprendizagem uniformizado, sendo que cada um escolhe técnicas que passam pela memorização, uso de materiais didácticos diversos, linguagem usada no dia-a-dia ou ferramentas que ajudam na compreensão oral do idioma, tendo como base, muitas das vezes, estratégias de aprendizagem já usadas com o inglês.

Em “Um Estudo de Caso das Estratégias de Aprendizagem de Estudantes Universitários Chineses no Ambiente Multicultural de Macau”, recentemente publicado no International Journal of Education and Humanities, conclui-se que existe, no ensino superior de Macau, “um carácter dinâmico das estratégias de aprendizagem da língua, bem como a sua variabilidade individual”.

Hao Ian Chen desenvolveu este estudo com base nas experiências de quatro alunos de diferentes universidades locais, vindos da China. Dois deles estiveram em Macau no contexto de um intercâmbio de um ano.

O artigo conclui que “cada um deles implementou ajustamentos estratégicos para ultrapassar as dificuldades de aprendizagem do português com que se deparou face às mudanças no ambiente de aprendizagem e às mudanças cognitivas que daí resultaram”.

O trabalho académico destaca ainda que essas estratégias de aprendizagem eram semelhantes, apresentando, contudo, “trajectórias de desenvolvimento diferentes, reflectindo a natureza dinâmica das estratégias de aprendizagem de línguas, a sua certeza e incerteza”.

Apresenta-se o exemplo da aluna D, que através da leitura e da memorização “de um grande número de artigos em português” conseguiu “a acumulação de vocabulário e aplicações gramaticais”. A estudante usou ainda o vocabulário e estruturas gramaticais na vida real a fim de melhor as memorizar.

Desafios do multilinguismo

O estudo em questão fala ainda dos “desafios colocados pelo ambiente multilingue à aprendizagem e utilização da língua pelos participantes”, sendo que, no caso dos estudantes vindos do continente, esse multilinguismo tão presente em Macau os ajudou no ensino.

“O ambiente multilingue de Macau teve um impacto positivo nos dois participantes do continente que estudaram em Macau, principalmente em termos de ensino multilingue na sala de aula e de comunicação com falantes nativos de português”, lê-se.

O relatório fala ainda de um “certo grau de correlação” entre os métodos de aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e de aprendizagem de um segundo idioma, pois “os quatro participantes seguiram as estratégias eficazes de aprendizagem do inglês no passado, combinando-as depois com as suas próprias situações para formar um novo modo de aprendizagem”.

O artigo destaca ainda a necessidade de compreensão por parte dos professores e educadores quanto “à diversidade das estratégias de aprendizagem e diferenças individuais, não para mudar à força as estratégias de aprendizagem dos alunos, mas para os ajudar a compreender o impacto complexo do ambiente de aprendizagem e as características dos seus próprios factores individuais na sua aprendizagem”.

5 Jan 2024

Tosse convulsa | Detectado primeiro caso do ano

Foi registado, no hospital Kiang Wu, esta quarta-feira, o primeiro caso de tosse convulsa do ano. Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), trata-se de uma bebé de sete meses que começou a apresentar sintomas de doença no dia 22 de Dezembro, nomeadamente tosse, maioritariamente no período nocturno, sem febre nem corrimento nasal, tendo sido atendida no Kiang Wu nos dias 26 e 28 de Dezembro, sem melhoria dos sintomas.

No dia 1 deste mês os sintomas pioraram e a bebé começou a manifestar estridor, ou seja, um som ofegante durante a inalação, resultante de uma obstrução parcial da garganta (faringe), caixa de voz (laringe) ou traqueia, tendo sido internada.

No Kiang Wu foram então realizadas análises que detectaram a presença de uma bactéria que origina a tosse convulsa. A bebé está ainda internada, sendo que o seu estado clínico é considerado estável. A menina recebeu três doses da vacina DTPa, contra a difteria, tétano e tosse convulsa, não tendo viajado ou estado em nenhuma creche. Os SSM explicam que “o pai que coabita com ela manifestou sintomas de tosse”, sendo que, “até ao momento, nenhum outro membro da família com quem coabita se sentiu indisposto”.

5 Jan 2024

Aeroporto de Macau a 55 por cento dos níveis pré-pandemia em 2023

Cerca de 5,15 milhões de passageiros passaram pelo Aeroporto Internacional de Macau (MIA) em 2023, perto de 55 por cento do recorde máximo fixado em 2019, antes do início da pandemia, disse ontem a companhia gestora. Num comunicado, a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau sublinhou que “houve um aumento significativo de passageiros”, nove vezes mais do que o número registado no ano anterior: pouco mais de 599 mil.

Em 2023, o volume de tráfego do MIA “estabilizou e recuperou gradualmente”, disse a empresa, sublinhando que o aeroporto processou um total de 42.504 voos no ano passado, equivalente a 54 por cento do registado em igual período de 2019. O aeroporto tem apenas ligações à China continental, Taiwan e Sudeste Asiático e a CAM garantiu que, “em resposta à procura do mercado, a rede das principais cidades do Interior da China e das rotas internacionais recuperou rapidamente”.

China domina

Os passageiros vindos ou tendo como destino a China representaram 58 por cento do total, seguidos do Sudeste Asiático, 27 por cento, e de Taiwan, 15 por cento, acrescentou a companhia.

A CAM prometeu que vai “colaborar constantemente com companhias aéreas estrangeiras e locais para explorar os mercados internacionais, de modo a desenvolver mais ligações de longo curso directas”. Em Novembro, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, garantiu que serão criados “mais voos internacionais directos” e que as obras de aterro e ampliação da infraestrutura serão lançadas na segunda metade de 2024. O aeroporto, atualmente com uma pista, tem capacidade para receber até 9,6 milhões de passageiros, mas a taxa de utilização é de “apenas 60 por cento”, lamentou Ho Iat Seng.

“Espero que a Air Macau possa adquirir aviões maiores, para realizar voos de longo curso”, sublinhou o governante, referindo-se à companhia aérea de bandeira do território. Em Junho, a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, descreveu o lançamento de voos directos entre Macau e Portugal como “um sonho”, mas lembrou também ser possível trabalhar com os aeroportos vizinhos de Hong Kong, Cantão e Shenzhen.

4 Jan 2024

SJM | Fitch melhora perspectiva da dívida da operadora de jogo

A agência de notação financeira Fitch Ratings melhorou ontem a perspectiva da dívida da operadora de jogo Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Holdings, de negativa para estável, graças à recuperação do turismo na região. De acordo com o comunicado, a Fitch manteve a classificação da dívida da SJM em ‘BB-’, sublinhando, contudo, que “a recuperação robusta” no número de visitantes e das receitas de jogos deverão beneficiar a empresa.

As receitas do jogo no território atingiram no último trimestre 75 por cento dos níveis de 2019, enquanto o número de turistas atingiu 89 por cento dos níveis pré-pandemia de covid-19, “apesar da recessão económica na China”, sublinhou a agência de notação.

A Fitch disse acreditar numa “melhoria sequencial moderada” do turismo este ano, “à medida que a capacidade de viagens aéreas continua a normalizar” tanto em Macau como na vizinha Hong Kong.

O Grand Lisboa Palace, empreendimento que a SJM inaugurou em Julho de 2021 no Cotai, em plena pandemia, obrigou a empresa a acumular um nível elevado de dívida, alertou a Fitch. A concessionária teve ainda de assumir os contratos dos trabalhadores de cinco casinos cuja operação tinha sido entregue a outras empresas e que encerraram durante a pandemia, sublinhou a agência.

A Fitch recordou também que a SJM se comprometeu a investir 12 mil milhões de patacas em elementos não jogo até 2032, na expectativa de diversificar a economia de Macau. O compromisso faz parte do contrato de concessão de dez anos da SJM, fundada pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho, que, tal como o das restantes cinco concessionárias, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2023.

O contrato prevê ainda que, uma vez que as receitas dos casinos de Macau ultrapassaram 180 mil milhões de patacas em 2023, cada uma das operadoras terá de investir mais 2,4 mil milhões de patacas em actividades não ligadas ao jogo.

4 Jan 2024

Saúde | Estágios começaram esta segunda-feira

Arrancou esta segunda-feira a ronda de estágios dos profissionais de saúde em diversas especialidades, e que decorrem em vários serviços e unidades do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), incluindo centros de saúde, com a duração de 26 a 52 semanas.

Estes estágios visam a obtenção da acreditação profissional para o exercício da profissão, sendo que, no ano de 2023/2024, foram aprovados 390 formandos.

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) realizam a formação destinada aos 354 estagiários, o que representa cerca de 90,8 por cento do número total. Além disso, são organizados 596 instrutores profissionais de diferentes serviços, unidades ou departamentos “para orientar os trabalhos clínicos, com vista a proporcionar aos formandos o melhor ambiente e as melhores condições de ensino”, descrevem os SSM, em comunicado.

4 Jan 2024

Diáspora portuguesa | Macau presente em núcleo regional de Conselho

Macau está representado no recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa através de António Menano, secretário-geral da MGM China, e do CEO do BNU, Carlos Cid Álvares. Este espera efeitos ao nível do crescimento económico português e aumento de exportações e importações

 

São 13 os conselheiros ligados ao recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa, uma entidade fundada em 2012 com o objectivo de potenciar negócios e a presença portuguesa em todo o mundo. Macau está representado neste grupo de conselheiros com António Menano, secretário-geral da MGM China Holdings, e Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Ao HM, o responsável adiantou apenas ter “todo o interesse” que “Portugal veja o seu nome enaltecido no estrangeiro e que o trabalho dos elementos do Núcleo tenha efeitos práticos ao nível do crescimento económico, aumento das exportações e importações”.

Carlos Cid Álvares acrescentou também que Macau desempenha um papel importante para se desenvolver enquanto “plataforma de negócios entre os países de língua portuguesa e a China”. “Tudo o que podermos fazer para aumentar esse papel [de Macau] será francamente positivo para as empresas portuguesas e dos países de língua portuguesa que queiram aumentar o volume de negócios na China”, frisou.

Segundo um comunicado do Conselho da Diáspora Portuguesa, um dos principais objectivos da criação do Núcleo Regional é “fortalecer as conexões entre os actores económicos da região”, bem como “estabelecer uma extensa rede de parceiros dentro da comunidade portuguesa em toda a Ásia e Oceânia”. Pretende-se ainda “estimular uma compreensão mais profunda da região para promover os interesses de Portugal de modo eficaz”.

Eventos e documentos

Constituído em 2012, o Conselho da Diáspora Portuguesa foi criado com o apoio da Presidência da República portuguesa e do Ministério dos Negócios Estrangeiros. João Graça Gomes, coordenador do Núcleo Regional, considera que o objectivo da criação de três núcleos regionais foi o de “descentralizar” e agilizar o trabalho que vinha sendo feito na organização de eventos e outras actividades promocionais de Portugal.

“A Ásia é uma região muito dinâmica, temos grandes economias como a China, Índia ou Japão, e o Núcleo Regional pretende reflectir sobre o que está a ser feito na Ásia e pode ser aplicado em Portugal. Estamos a planear a realização de vários seminários online para este ano e a produzir uma espécie de ‘documento branco’ sobre [o panorama de desenvolvimento] da região nos próximos cinco ou dez anos, identificando as grandes áreas económicas nos países. A China, por exemplo, destaca-se nas energias renováveis, e em Portugal o país é um dos maiores investidores no sector energético.”

Relativamente à ligação com Macau, João Graça Gomes entende ser “o centro” na Ásia dada a histórica presença portuguesa de quase 500 anos. “A comunidade portuguesa em Macau é numerosa. Portugal tem muitas parcerias com universidades locais e persiste o Direito de Macau de inspiração portuguesa. Queremos envolver-nos na área da investigação científica, podendo construir pontes entre universidades de Macau e com zonas onde haja diáspora portuguesa.”

Em termos de actividades, os conselheiros de Macau podem potenciar “reflexões mais teóricas ou actividades mais práticas na área da investigação científica e parcerias com universidades”.

Essencialmente, o Conselho pretende “atrair novos investimentos para Portugal contribuindo para o que já existe”. “Temos uma visão de abertura e colaboração [com outras entidades]. Estamos dispostos a criar um polo agregador com as comunidades portuguesas, órgãos governamentais, a rede consular e até a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], fazendo uma ponte sem nos substituirmos a ninguém”, rematou.

João Graça Gomes afirmou ainda que o Conselho pretende “auxiliar Portugal a aumentar a sua imagem no estrangeiro e a alargar o softpower”.

4 Jan 2024

Kiang Wu | Homem com “antecedentes de cancro” morre com gripe

Um residente com 45 anos morreu com gripe no Hospital Kiang Wu, na terça-feira, de acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde (SS). A informação foi divulgada ontem. Na mensagem foi apontado que o homem tinha “antecedentes de cancro”, e viajado para fora de Macau.

Os sintomas surgiram a 31 de Dezembro, com febre, tosse, dificuldades respiratórias e uma paragem cardíaca súbita, que levou a que a família chamasse o Corpo de Bombeiros ao local. “Na sequência do sucedido, a família chamou imediatamente a ambulância do Corpo de Bombeiros e, após reanimação cardiopulmonar, o homem foi encaminhado para o Serviço de Urgência do Hospital Kiang Wu para ser socorrido”, foi revelado.

No hospital, a “análise laboratorial da amostra do tracto respiratório” mostrou que o homem estava infectado com o vírus influenza B, e também uma radiografia ao tórax revelou a existência de líquido nos pulmões. Além disso, foi apontado que o homem tinha antecedentes de cancro, mas o tipo não foi especificado.

Apesar do diagnóstico, o homem foi ligado a um ventilador, mas acabou por falecer a 2 de Janeiro. Segundo o comunicado dos Serviços de Saúde, o homem “não tinha sido vacinado contra a gripe sazonal” e “tinha viajado para o exterior antes do aparecimento dos sintomas”.

4 Jan 2024

Jogo | Número de promotoras cai para metade

De acordo com a lista publicada pela DICJ, existem 18 promotores de jogo a operar em Macau, o que significa uma quebra de 50 por cento, em comparação com o início de 2023

O número total de empresas promotoras do jogo licenciadas no território caiu para metade ao longo do último ano. A revelação foi feita pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que publicou o número de junkets licenciados no início do ano.

Em Janeiro do ano passado, quando o território ainda estava a ser afectado pela política de zero casos de covid-19, estavam registadas junto do regulador 36 empresas de promoção de jogo. Contudo, um ano depois, o número caiu para 18 registos. A informação do portal da DICJ não indica os motivos que levaram a que o número de promotores do jogo caísse para metade, num ano em que as receitas do jogo mostraram uma tendência de recuperação.

No ano passado, as receitas brutas do jogo atingiram 183,1 mil milhões de patacas, números que contrastam com os 42,2 mil milhões de patacas declarados como receitas do sector em 2022, no que representou um aumento de 333,8 por cento.

As empresas promotoras de jogo actuam junto dos grandes apostadores, e tentam atrai-los para os diferentes casinos, a troco de uma comissão. Durante muitos anos, foram utilizadas para cobrar dívidas no Interior e movimentar dinheiro do Interior para apostar nos casinos locais.

No entanto, desde 2021 que o sector vive tempos difíceis. Além das campanhas no Interior e em Macau contra os agentes das promotoras, como aconteceu com os casos mediáticos contra os grupos Suncity e Tak Chun, houve igualmente uma alteração às leis do sector, que além de estabelecerem limites para o número de empresas de promoção proíbem ainda a partilha das receitas dos casinos.

Abaixo do limite

Os números revelados pela DICJ mostram também que a quantidade de promotores de jogo registada está abaixo dos autorizados pelo secretário para a Economia e Finanças. Desde 2022 que a lei da actividade de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino atribuiu poderes ao Executivo para definir o número de junkets autorizado a operar.

Para este ano, Lei Wai Nong tinha definido um limite máximo de 50 promotores. O número actual apenas preenche 36 por cento das inscrições disponíveis. Entre as vagas para as 50 quotas para promotores, 12 foram atribuídas à concessionária Venetian Macau, e o mesmo aconteceu com a SJM Resorts. As concessionarias MGM Grand Paradise e Mel Resorts têm cada uma oito vagas e a Galaxy Casino e Wynn Resorts cinco vagas, cada.

4 Jan 2024

Obras viárias | Novo ano com 60 projectos na agenda

O Grupo de Coordenação das Obras Viárias do Conselho Superior de Viação já recebeu 60 projectos das obras viárias apresentados pelos serviços públicos e entidades de interesse público para este ano, o que representa uma redução de 71 por cento em comparação com o período homólogo do ano passado.

Além disso, esperam-se 28 projectos de grande envergadura nas principais artérias da cidade, com um prazo de execução superior a 30 dias, o que representa também uma redução na ordem dos 30 por cento.

Na península, estão previstas obras em locais como a Avenida Doutor Stanley Ho, Avenida da Amizade, Avenida Panorâmica do Lago Sai Van ou Avenida Dr. Sun Yat-Sen, enquanto nas ilhas vão realizar-se obras na Estrada Flor de Lótus, Rotunda do Istmo ou Estrada de Hac Sá.

Entre Janeiro e Novembro de 2023, o Grupo de Coordenação trabalhou em torno de 64 processos de execução de obras, evitando a repetição de escavações no mesmo local. Relativamente às medidas provisórias de trânsito para as obras viárias, os serviços competentes do Governo realizaram, em 2023, mais de 3600 fiscalizações, incluindo inspecções conjuntas com os proprietários das obras.

3 Jan 2024

Autocarros | Bilhetes gratuitos para turistas

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) lançou esta segunda-feira uma oferta especial de bilhetes gratuitos para o serviço de autocarros directos do Aeroporto Internacional de Hong Kong para Macau.

O objectivo é, segundo um comunicado, “encorajar os visitantes internacionais e de Taiwan a estenderem o seu itinerário a Macau, impulsionando o desenvolvimento do turismo de ligação Hong Kong-Macau”. Pretende-se ainda dar “mais um passo para expandir as fontes de visitantes internacionais”.

Depois de chegarem ao aeroporto de Hong Kong, os visitantes elegíveis devem dirigir-se ao balcão do serviço de autocarros directos, mostrar os documentos de viagem e cartão de embarque e fazer o registo de informações, a fim de obter o bilhete. O número de vezes que os visitantes podem usufruir da oferta especial é ilimitado. A oferta tem, no entanto, limite do número de usufruidores, sendo distribuída com prioridade de chegada.

3 Jan 2024

Deficiência | Trabalhadores já podem candidatar-se a subsídio

Os trabalhadores portadores de deficiência já se podem candidatar, desde ontem e até ao dia 31, à nova ronda do “Plano do subsídio complementar aos rendimentos do trabalho para trabalhadores portadores de deficiência”.

O objectivo deste subsídio é “apoiar o emprego das pessoas portadoras de deficiência e permitir que os trabalhadores portadores de deficiência usufruam dos direitos salariais fundamentais”, aponta o Governo em comunicado. O subsídio deve ser pedido junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) relativamente ao quarto trimestre de 2023.

Desde a entrada em vigor deste apoio que a DSAL já recebeu pedidos de subsídio relativos a 12 trimestres, somando um total de 243 pedidos recebidos, dos quais 231 se referem a casos em que foram atribuídos subsídios por preenchimento dos requisitos. Os requerentes pertencem principalmente aos sectores da segurança e limpeza, indústria manufactureira, beleza e estética, comércio a retalho e assistência social, entre outros.

Podem requerer o subsídio os trabalhadores locais portadores do cartão de registo de avaliação da deficiência válido, emitido pelo Instituto de Acção Social (IAS), cujo número total de horas de trabalho cumulativamente prestado no quarto trimestre de 2023 seja inferior a 128 horas mensais e cujo rendimento do trabalho daquele mês seja inferior ao montante calculado através da multiplicação do valor do salário mínimo por hora.

3 Jan 2024

CEM | EDP vende participação a China Three Gorges

A Energias de Portugal vai vender a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau, e desfazer-se das suas acções na subsidiária Energia Ásia Consultoria por 889 milhões de patacas

 

A Energias de Portugal (EDP) vendeu a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau (CEM) à empresa estatal China Three Gorges, por 100 milhões de euros (889 milhões de patacas). A informação foi divulgada sexta-feira, através de um comunicado da empresa com sede em Portugal, que tem como maior accionista a própria China Three Gorges.

A participação de 21,2 por cento da EDP na CEM era detida através da Energia Ásia Consultoria, uma subsidiária da eléctrica portuguesa que tem como único activo a participação na empresa de Macau.

“A Energia Ásia é uma subsidiária detida a 50 por cento pela EDP […] cujo único activo é a participação de 21,2 por cento na Companhia de Electricidade de Macau – CEM, S.A., que atua como concessionária exclusiva nas actividades de transmissão, distribuição e comercialização de electricidade em Macau desde 1985”, foi esclarecido, através do comunicado enviado pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O negócio por parte da EDP foi justificado com a “realocação do capital” para as suas actividades principais: “Esta transação está totalmente alinhada com o Plano de Negócio 2023-2026 da EDP, permitindo a realocação do seu capital nas suas atividades principais”, foi indicado. “A transação está sujeita ao cumprimento de condições precedentes regulamentares e outras condições usuais para uma transação desta natureza”, foi acrescentado.

História que se repete

A venda pela EDP ao seu principal accionista segue a linha de um outro negócio, concluído em Dezembro de 2014, também com a China Three Gorges que se tinha tornado a maior accionista da empresa portuguesa. Na altura, a EDP detinha 100 por cento da Energia Ásia, então denominada EDP Ásia, que por sua vez tem a participação de 21,2 por cento na CEM.

Em 2014, o comprador foi igualmente a China Three Gorges, indirectamente, através da empresa ACE Asia. O preço acordado foi cifrado em 94 milhões de euros, semelhante aos valores que agora foram praticados. Os dois negócios significam que a China Three Gorges passa a deter totalmente a participação de 21,1 por cento na CEM.

Apesar das mudanças na estrutura accionista, a eléctrica local continua a ter como maior accionista outra empresa estatal chinesa, a Nam Kwong, com uma participação de 42 por cento. Segue-se a China Three Gorges, através da Energia Ásia Consultoria, Polytech Industrial Limites (10,9 por cento), Asiainvest – Investimentos e Participações (10,1 por cento), a RAEM (7,8 por cento), a China Power International Holding (6 por cento) IAM (0,4 por cento), Caixa Económica Posta de Macau (0,02 por cento) e outros investidores (1,4 por cento).

3 Jan 2024

Entradas | Atingido novo recorde diário de visitantes

O território recebeu quase 175 mil visitantes no domingo, o valor diário mais elevado desde que há registos, de acordo com dados oficiais divulgados pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

Num comunicado, a PSP revelou que mais de 687.500 pessoas atravessaram as fronteiras do território em 31 de Dezembro, o segundo dia dos feriados do Ano Novo, incluindo a entrada de quase 362 mil pessoas, entre as quais 174.930 turistas.

O anterior recorde diário, quase 161.200 visitantes, tinha sido fixado antes do início da pandemia de covid-19, em 2 de Outubro de 2019, durante a chamada ‘semana dourada’ do Dia Nacional da China.

O comunicado não revelou a origem dos visitantes a Macau, cujo sector do turismo é extremamente dependente da China continental. No entanto, a PSP revelou que mais de dois terços dos visitantes (quase 121 mil) chegaram através das fronteiras terrestres com o Interior, enquanto mais de 29.100 atravessaram a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

3 Jan 2024

PME | Stanley Au defende apoios e transformação

O presidente do Banco Delta Ásia, Stanley Au considera que o Governo deve apoiar as pequenas e médias empresas (PME), para que haja uma transformação tecnológica no tecido industrial local.

Num artigo sobre o lançamento do novo ano, publicado no Jornal Ou Mun, Stanley Au apontou a necessidade de copiar os exemplos bem-sucedidos de Taiwan, Coreia do Sul e Singapura, em que os apoios do Governo levaram à concretização de empresas altamente competitivas, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior produtora de microchips a nível mundial ou os quatro grandes grupos coreanos, Samsung, SK, LG e Hyundai.

O empresário justificou ainda os apoios com o facto de ser necessário preparar o futuro do território, dado que existem dúvidas sobre a capacidade da indústria do jogo para sustentar Macau. Segundo Au, não só este sector vai ser afectado pelo controlo “mais rigoroso” do Governo Central, mas também pelo facto de haver cada vez mais concorrentes para os casinos locais, em outras jurisdições.

3 Jan 2024

Jogo | Receitas de Dezembro com segundo valor mais alto de 2023

As receitas do jogo chegaram aos 18,6 mil milhões de patacas em Dezembro, o que contribuiu para que em 2023 o número se tenha fixado nas 183,1 mil milhões de patacas

 

As receitas do jogo atingiram em Dezembro 18,6 mil milhões de patacas, o segundo valor mais elevado desde o início da pandemia, segundo os dados divulgados na segunda-feira.

De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos arrecadaram cinco vezes mais do que em igual mês de 2022. O recorde pós–pandemia, 19,5 mil milhões de patacas, foi fixado em Outubro, graças à chamada Semana Dourada do 1.º de Outubro, quando se assinala o aniversário da implementação da República Popular da China.

Apesar da recuperação em termos anuais, as receitas da indústria do jogo em Dezembro representaram apenas 81,3 por cento do montante contabilizado em igual período de 2019 (22,8 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia.

O ano de 2023 fechou com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas nos casinos, quatro vezes mais do que no ano anterior. Este valor ultrapassou o previsto no orçamento de Macau para 2023, que era de 130 mil milhões de patacas.

Além disso, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada em 2023 representa apenas 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019.

Falta de infra-estruturas

Confrontado com os resultados, o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee, considerou que os números estão a ser afectados pela falta de infra-estruturas. “Estamos a ver hoje exactamente a mesma coisa que em 2013 e em 2019: ocupação hoteleira muito elevada, seguida de custos de alojamento muito elevados e, mais importante, falta de transporte público ou privado para os turistas se movimentarem em Macau”, afirmou Lee, em declarações à Agência Lusa.

Apesar disso, o analista não deixou de reconhecer que o número está acima do esperado: “É provavelmente mais do que as pessoas estariam à espera no início do ano”, admitiu. Ben Lee indicou também que “a maioria da recuperação” foi gerada pelo mercado de massas, composto por pequenos apostadores, que não recorrem a crédito das operadoras de casinos.

Lee destacou também que o segmento de massas “está muito perto dos valores de 2019”. Em relação ao novo ano, o analista afasta o cenário de regressarem os montantes de 2019, porque tal “não seria aceitável politicamente” para o Governo Central, de onde provém a esmagadora maioria dos apostadores.

“Há uma estratégia deliberada para limitar, tanto a exposição [dos turistas chineses] ao jogo em casino no exterior como, potencialmente, os fluxos de capitais para fora da China”, disse o analista. Ainda assim, Lee reconheceu que o mercado de massas “pode crescer mais 10 ou 15 por cento em termos anuais”.

3 Jan 2024

Palestina | Imã diz que medo de retaliação é limitação a protesto

Ding Shaojie aponta que os fiéis não-residentes, principalmente da Indonésia, temem retaliações, como a expulsão do território, se fizerem manifestações de apoio à Palestina

 

O imã da única mesquita de Macau disse à Lusa estranhar a inacção da população local em relação à guerra na Palestina, sublinhando que o medo de retaliação pode estar a limitar acções de protesto da comunidade muçulmana.

No escritório de Ding Shaojie, duas bandeiras de mesa estão pousadas sobre uma montra de vidro: a bandeira chinesa e a palestiniana. A guerra entre Israel e Palestina, agravada desde que o grupo islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou o ataque de 7 de Outubro, é seguida diariamente pelo imã da única mesquita de Macau.

As duas bandeiras, unidas pelo mesmo mastro, reflectem a visão chinesa sobre este histórico conflito no Médio Oriente. Apesar de ter relações estáveis com Israel, Pequim apoia a causa da Palestina, considerando-a um Estado soberano e defendendo a solução de “dois Estados”.

Na sequência do ataque do Hamas, que matou 1.200 pessoas em Israel e fez 240 reféns, a resposta de Telavive causou a morte pelo menos a mais de 21 mil palestinianos e deslocou quase todos os 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.

“Como muçulmanos, temos de estar com o povo palestiniano. Por isso, todos os dias acompanhamos as notícias e é doloroso para nós, tantas crianças mortas”, começa por dizer Ding Shaojie em entrevista à Lusa.

Ding é também Mohammed Ramadan. É originário de Hohhot, capital da região autónoma chinesa da Mongólia Interior, onde cresceu no seio de uma família Hui, um dos maiores grupos étnicos da China, predominantemente muçulmano.

Referindo-se “a esta matança” que está a “pôr o mundo em ebulição”, Ding questiona por que razão permanece Macau em silêncio. “Pergunto, porquê?”, interroga o líder religioso, notando que, até ao momento, não foi questionado por ninguém sobre o que se passa em Gaza. “É estranho, a população não tomou nenhuma atitude, incluindo a comunidade muçulmana”, constata.

Sem dados

Em Macau, não há dados oficiais sobre o número de muçulmanos, mas o imã estima que, antes da pandemia da covid-19, este se situasse entre os cinco e os dez mil fiéis. Com a crise do coronavírus, Macau perdeu milhares de estrangeiros com estatuto de trabalhador migrante, incluindo da Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo.

A vulnerabilidade deste estatuto laboral, que implica menos direitos em relação aos residentes, pode estar a condicionar possíveis movimentações de protesto por parte dos praticantes islâmicos locais, defende o líder espiritual.

“[Fiéis indonésios] têm medo que talvez ao se manifestarem sejam expulsos e enviados de regresso ao país. Existe essa preocupação. No primeiro dia que aqui cheguei, fui aconselhado a não fazer nada relacionado com manifestações. Somos avisados que Macau é uma cidade pacífica, daí ser melhor não fazer nada”, conta.

A última manifestação pública local ocorreu antes de Macau fechar portas ao mundo devido à covid-19, em 2020. Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou saúde públicas. As restrições levantaram-se, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.

Apesar do silêncio à volta da Faixa de Gaza, Ding admite haver espaço de discussão na mesquita: “Não há como evitar, não podemos ficar calados. Todos os líderes muçulmanos, os imãs das mesquitas do mundo, falam disso, invocam Alá para que proteja as pessoas na Palestina. Por isso, nós também falamos. A matança deve ser interrompida”, reforça.

Há mais que se pode fazer, conclui. Seja via doações a Gaza ou através da própria comunidade muçulmana, a quem Ding sugeriu, desde o primeiro dia, “escreverem aos seus países e consulados para apoiarem a Palestina”.

Construção de nova mesquita pode arrancar este ano

O imã Ding Shaojie avançou que ao longo deste ano poderá começar a ser erguida a nova mesquita em Macau, cidade onde considera haver ainda muito desconhecimento sobre o Islão. As declarações foram prestadas à Agência Lusa. “A nova mesquita vai provavelmente ser construída muito brevemente. (…) Esperamos ter muito em breve a aprovação do Governo para iniciar a construção”, afirmou Ding Shaojie, salientando que as obras poderão arrancar este ano.

A futura mesquita, a erguer no mesmo local, onde também existe um cemitério islâmico, vai ter uma área de 1.250 metros quadrados e uma capacidade para 600 fiéis, segundo avançaram já as autoridades locais.

Ding destaca a dimensão reduzida do espaço actual, que não consegue dar resposta às necessidades. Menciona, além disso, “a extrema pobreza” da estrutura, “comparando com outras associações e igrejas” do território.

Numa tenda gigante e improvisada, onde mulheres costumam ler o Alcorão aos domingos, as orações fazem-se no Verão sob intenso calor. A tenda, com luzes penduradas em estruturas metálicas, armazena vários objectos: mesas, baldes, caixotes, chinelos, mais uma bicicleta para ali atirada.

“Temos dois grandes feriados, a primeira celebração é o Eid. Depois do jejum [do Ramadão], reunimo-nos aqui para rezar. Todos os anos chove, mas o que é que podemos fazer? Temos de rezar no exterior, porque há sempre muita gente, então temos duas sessões, uma sessão com à volta de 1.500 pessoas”, conta.

Saber receber

Em Macau, avalia Ding, sabe-se ainda muito pouco sobre a comunidade muçulmana local: “Talvez as pessoas reconheçam pela aparência quando olham para uma mulher indonésia de ‘hijab’, sabem de onde vem, que não come carne de porco, mas mais do que isso…”.

Foi para fazer face a esse desconhecimento que o Governo, juntamente com a associação islâmica, começou a organizar seminários para operadores turísticos. A ideia das autoridades passa por diversificar a origem dos visitantes, que chegam sobretudo da China, e receber, por exemplo, mais pessoas do Médio Oriente.

“Quem trabalha na área tem de saber receber turistas muçulmanos, na preparação do quarto de hotel, por exemplo. Alguns visitantes não gostam de ter vinho no quarto, em respeito aos ensinamentos do Islão”, explica.

“Os ‘workshops’ têm sido bem recebidos. As pessoas estão muito interessadas, porque não conhecem a cultura árabe, a história árabe. Só conhecem o Islão, grosso modo. Mas qual é a história do Islão?”, reflecte. Apesar disso, o líder religioso considera Macau uma sociedade inclusiva” no que respeita à convivência de diferentes religiões. “Eu próprio vou comer ao templo budista”, nota.

3 Jan 2024

Comércio | Exportações lusófonas para Macau sobem 37,2%

As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 37,2 por cento nos primeiros 11 meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, indicaram dados oficiais ontem divulgados. O valor exportado pelos países lusófonos para o território fixou-se em 1,32 mil milhões de patacas entre Janeiro e Novembro, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau.

A maioria foi proveniente do Brasil, no valor de 1,03 mil milhões de patacas, sendo composta sobretudo por carne, peixe e marisco. Macau comprou ainda a Portugal mercadoria no valor de 277,6 milhões de patacas, nomeadamente vestuário e acessórios, carne, peixe e marisco, bebidas alcoólicas e produtos farmacêuticos.

De acordo com os dados oficiais, nos primeiros 11 meses do ano, o bloco de países de língua portuguesa comprou a Macau mercadorias no valor de 664 mil patacas, menos 57,8 por cento do que em igual período de 2022. As exportações de mercadorias por Macau entre janeiro e novembro foram de 12,25 mil milhões de patacas, menos 3,5 por cento, comparativamente ao mesmo período do ano passado, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 129,7 mil milhões de patacas, ou seja, mais 1,4 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC. O défice da balança comercial de Macau nos primeiros 11 meses deste ano fixou-se em 117,5 mil milhões de patacas, mais 1,9 por cento relativamente a igual período de 2022.

29 Dez 2023

GPM | Candidaturas a venda de bilhetes do museu em Janeiro

O Museu do Grande Prémio de Macau começa a aceitar, a partir do dia 1, novas candidaturas para o programa de cooperação para venda de bilhetes. A ideia é que, com a oferta de descontos de bilhetes aos operadores turísticos elegíveis, se possa “impulsionar os operadores turísticos a criarem itinerários e produtos turísticos diversificados, ajudando a atrair visitantes ao museu”.

O prazo de candidaturas termina a 31 de Janeiro e o concurso está direccionado para agências de viagens e estabelecimentos hoteleiros de Macau. Os operadores que já participam no programa não necessitam de apresentar novo pedido.

Os parceiros cujos pedidos tenham sido aprovados têm de preencher certas obrigações, incluindo a promoção e venda de bilhetes para o museu, além de terem de “designar uma pessoa de contacto para assuntos urgentes e reclamações” enviadas pela Direcção dos Serviços de Turismo.

De frisar que, no âmbito desta parceria, “o preço dos ingressos estipulado pelos parceiros não pode ser superior ao custo normal de venda praticado pelo museu”.

29 Dez 2023

Casa de Macau | Carlos Piteira fala em “nova fase histórica”

Recentemente eleito presidente da Casa de Macau em Lisboa, o antropólogo Carlos Piteira defende que a entidade “entrou numa nova fase histórica e não se encontrou”, mantendo uma “continuidade do pós-25 de Abril”. O novo presidente fala ainda do património oral dos sócios da Casa que pode ser aproveitado por investigadores

 

Foi no passado dia 16 que Carlos Piteira, macaense e antropólogo, venceu as eleições para a presidência da Casa de Macau em Lisboa, tendo formado a única lista candidata que trouxe alguns novos rostos aos órgãos dirigentes. Em declarações ao HM, o também académico considera que a Casa deve repensar bem o seu papel e adaptá-lo aos novos tempos.

“Não percebemos ainda que a Casa de Macau entrou numa nova fase histórica e não se encontrou. A Casa teve um papel importante no período do Estado Novo e na representação do império colonial [português], e fechou esse ciclo entre 1974 e 1975, tendo sobrevivido porque a China não quis a entrega de Macau [no pós-25 de Abril]. Aí renasceu a Casa que fez a ponte entre o Governo português de Macau e a pertença à China.”

Carlos Piteira lamenta que a Casa “continue a trabalhar como se fosse uma continuidade do pós-25 de Abril”, sendo que o “paradigma da RAEM não foi intercruzado” nas actividades da entidade.

“Formalmente é uma casa da RAEM em Portugal (…). Temos de reavaliar qual o nosso papel neste processo histórico e até que ponto esta continuidade exige adaptações, no sentido em que lidamos com uma Macau que está a integrar-se na China”, explicou ainda.

O novo presidente acredita que, numa lógica de crescente diluição dos macaenses na comunidade chinesa, caberá às diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo “fazer a ponte com os macaenses de Macau”, preservando uma cultura e história muito próprias, bem como “a lógica das tradições e do processo histórico”.

Chamar a academia

Com 260 sócios activos, Carlos Piteira considera que o número é baixo e pretende congregar mais pessoas, não apenas macaenses, mas todos os que se sintam ligados a Macau, nomeadamente ex-residentes portugueses.

O novo presidente chama ainda a atenção para o património oral constituído pelos sócios mais antigos da Casa que têm muitas histórias para contar, fundamentais para investigações na área da história ou antropologia, por exemplo.

“A Casa tem um espólio muito interessante para quem estuda Macau ou os macaenses e essa vertente não está muito explorada. Temos gente com histórias de vida interessantíssimas. Quero sensibilizar mais os centros de investigação para que incluam esta componente [das histórias orais].”

Um dos projectos prementes da nova direcção prende-se com a necessidade de renovação da sede, que fica numa moradia a precisar de pinturas e obras. Tal faz com que a Casa “não tenha a dignidade suficiente para ser um espaço para os sócios e para a sociedade civil”.

“Há necessidade de uma restauração de fundo para que a imagem da Casa mude e para que se possam preparar mais uns bons anos de actividade com uma dinâmica mais intensa. Essa é a questão estrutural que leva ao financiamento.”

Actualmente financiada pela Fundação Casa de Macau, Carlos Piteira defende que devem ser procuradas novas formas de obtenção de fundos. “Devemos avaliar com parceiros e com a Fundação quais as hipóteses que existem, e até que ponto não haverá empresas ou associações, ou sócios beneméritos, que queiram associar o seu nome à Casa, dando-lhe prestígio. Essa é uma matéria a explorar.”

Debate necessário

Tendo em conta que 2024 é o ano da realização de um novo Encontro das Comunidades Macaenses, Carlos Piteira pede uma intervenção mais assertiva.

“Gostaria que o Encontro fosse mais pró-activo no sentido da tomada de posições, o que não tem acontecido muito. O Encontro tem sido mais festivo do que interventivo, e se calhar o modelo é esse, mas por parte dos presidentes das Casas de Macau poderia haver algum diálogo sobre o nosso papel no futuro.”

Para o responsável, trata-se de uma “questão central”, pois “os macaenses estão em Macau e ainda bebemos da representação da comunidade no território, mas desconhece-se qual a tendência, se os filhos dos actuais macaenses terão a perspectiva da comunidade e representação da identidade dos seus pais e avós. Não sei como vai ser a preservação se não houver macaenses a fazê-lo, ou se estes tiverem numa matriz diferenciada. Este seria um debate interessante”, rematou.

29 Dez 2023

Universidade Politécnica de Macau vence 7.º concurso de tradução chinês-português

Uma equipa da Universidade Politécnica de Macau (UPM) venceu a 7.ª edição do concurso mundial de tradução chinês-português, que atraiu estudantes de mais de 40 instituições de ensino superior, anunciou ontem a instituição. Uma equipa da Universidade de São José, de Macau, e outra do Instituto Politécnico de Leiria ficaram em segundo lugar, indicou, em comunicado, a UPM.

Na terceira posição ficaram equipas da Universidade Católica Portuguesa, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Dalian, no nordeste da China, e da Universidade de Nankai, de Tianjin, perto da capital chinesa. O concurso atribuiu ainda um prémio especial, para instituições lusófonas, às equipas da Universidade de São Paulo, no Brasil, e da Universidade do Minho.

A UPM sublinhou que a competição atraiu mais de 100 equipas de mais de 40 instituições de ensino superior da China, de Macau e dos países de língua portuguesa, “tendo a resposta sido esmagadora”. Os prémios do concurso vão de duas mil patacas a um máximo de 40 mil patacas. Cada equipa tinha de traduzir pelo menos 1.500 frases.

O concurso estava aberto a estudantes de licenciatura na China, em Macau, em Hong Kong, ou de instituições de ensino superior membros da Language Big Data Alliance (LBDA) e de outros países ou regiões com tradução de chinês e português, língua chinesa e portuguesa, bem como a estudantes dos Institutos Confúcio de todo o mundo.

Intercâmbio

O objectivo da competição de tradução chinês-português é “promover o intercâmbio cultural e a compreensão mútua entre a China e os países de língua portuguesa”, sublinhou a UPM.

O concurso, que se realiza desde 2017, “já atraiu cerca de 900 equipas e milhares de estudantes e professores de universidades da Ásia, África, Europa e América do Sul”, disse, em Junho, a vice-reitora da MPU, Lei Ngan Lin.

Na altura, o presidente do concurso, Gaspar Zhang Yunfeng, disse que o evento ajuda a “promover o intercâmbio entre estudantes de instituições de ensino superior de todo o mundo em termos de técnicas de tradução entre as línguas chinesa e portuguesa e formar talentos de tradução em ambas as línguas”.

29 Dez 2023

Edifício Hoi Pan Garden | Polícia intervém em assembleia de condóminos

A legitimidade para constituir uma nova administração no Edifício Hoi Pan Garden levou a conflitos físicos e verbais entre os moradores. A polícia foi chamada ao local para manter a ordem

A reunião de quarta-feira à noite do condomínio do Edifício Hoi Pan Garden, na Areia Preta, obrigou à intervenção do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Em causa, esteve uma disputa entre diferentes grupos de moradores sobre a legitimidade para eleger e formar a “administração” do edifício.

O encontro começou por volta das 19h de quarta-feira, na zona recreativa do Edifício Hoi Pan Garden, hora para a qual estava marcada uma assembleia geral do condomínio, organizada por um grupo que defendia representar a administração do edifício.

Contudo, de acordo com o canal televisivo Lotus TV, apareceram igualmente na reunião outras pessoas que interromperam o desenrolar dos trabalhos, e que questionaram a legitimidade do outro grupo para se intitular como nova administração e conduzir os trabalhos.

O ambiente aqueceu quando os organizadores da reunião começaram a pedir os bilhetes de identidade às outras pessoas que chegaram depois e que questionavam a legitimidade da reunião. O objectivo passava por expulsar do local do encontro aqueles que não fossem os proprietários registados das fracções.

O pedido dos BIR não foi bem recebido por muitos dos presentes, e além das agressões verbais, sugiram também confrontos físicos, que obrigaram a que o CPSP fosse chamado ao local e tivesse de intervir, para manter a ordem.

Segundo os dados sobre gestão predial do Instituto de Habitação, a última administração do Edifício Hoi Pan Garden tinha começado o mandato a 22 de Dezembro de 2020 e este tinha terminado a 21 de Dezembro deste ano.

Trabalho dificultado

No local, a equipa da Lotus TV assinalou que o organizador da reunião de condomínio tentou impedir que os acontecimentos fossem alvo de cobertura noticiosa. Só com a chegada do CPSP foi possível que os repórteres da estação fizessem o seu trabalho.

Horas mais tarde, por volta das 23h, o CPSP divulgou a informação sobre a intervenção, e apontou que apesar dos desacatos a assembleia geral do condomínio tinha terminado de forma pacífica.

Um dos presentes na reunião foi o presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, Wong Wai Man, que em declarações ao HM confirmou os acontecimentos e lamentou que a reunião tivesse sido interrompida.

“A reunião foi marcada com um mês de antecedência e corria de forma harmoniosa”, começou por descrever. “É impressionante como é que estas pessoas puderam interromper uma reunião que decorria no espaço próprio e com toda a legitimidade. Tentaram impedir a eleição de uma nova administração, e isso não é correcto, pois não?”, acrescentou.

29 Dez 2023