Troca de dinheiro | Rusga visa negócio de 60 milhões de dólares de Hong Kong

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de duas mulheres por alegadamente estarem envolvidas em trocas ilegais de dinheiro para o jogo num casino do Cotai. De acordo com as estimativas da polícia, o negócio que operava numa joalharia terá movimentado mais de 60 milhões de dólares de Hong Kong, com os lucros a serem de 1 milhão de dólares de Hong Kong.

As detidas são uma residente local, de 36 anos, e uma mulher do Interior da China, de 27 anos. Ambas desempenhavam as funções de vendedoras no espaço comercial. Na conferência de imprensa de ontem em que o caso foi apresentado, os representantes da PJ admitiram estarem actualmente a investigar o paradeiro do proprietário do espaço comercial.

Além das detenções foram apreendidos cerca de 500 mil dólares de Hong Kong em dinheiro vivo. Também foi apreendido um telemóvel, que alegadamente terá sido utilizado para combinar as trocas de dinheiro. A investigação terá partido de denúncias anónimas que alertaram as autoridades para a possibilidade de no interior da loja estarem a decorrer trocas ilegais de dinheiro.

As detenções aconteceram depois de os agentes terem passado um dia a vigiar o que acontecia no espaço comercial, tendo decidido actuar depois de assistirem a três clientes com “comportamento suspeito”. A loja operava no casino, que não foi identificado, desde 2019, e as duas empregadas confessaram a existência de trocas de dinheiro. As detidas recebiam salários de 13 mil patacas e 15 mil patacas, que incluíam o pagamento de horas extra.

31 Dez 2025

Turismo | Excursionistas chineses com quebra de quase 24%

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou ontem que o número de excursionistas registou uma quebra anual de 12,5 por cento em Novembro, para um total de 191.000.

Destaque para o facto de o número de entradas de visitantes em excursões provenientes do Interior da China, 148.000, ter descido em Novembro 23,7 por cento, enquanto o de visitantes internacionais em excursões, 28.000, cresceu 33,8 por cento.

No final de Novembro, Macau tinha um parque hoteleiro com 147 unidades, apenas mais um face a Novembro de 2024, que disponibilizaram 45.000 quartos de hóspedes, mais 3,5 por cento. A taxa de ocupação nesse mês fixou-se nos 90,2 por cento, sendo que a taxa de ocupação dos hotéis de 5 estrelas, de 94 por cento, subiu 2,5 pontos percentuais, ao passo que a dos hotéis de 4 estrelas (84,6 por cento) e a dos hotéis de 3 estrelas (84,3 por cento) diminuíram 1,2 e 3,1 pontos percentuais, respectivamente.

31 Dez 2025

Jogo | Morgan Stanley menos optimista face a resultados da MGM China

O banco de investimento prevê que o novo contrato da MGM China com a empresa-mãe, para a utilização da marca MGM, vai ter um impacto significativo nos resultados financeiros da concessionária de jogo

A subida dos custos para a utilização da marca MGM pela concessionária do jogo MGM China levou o banco de investimento Morgan Stanley a reduzir as expectativas face aos resultados financeiros da empresa. Numa nota divulgada aos investidores, o banco de investimento espera agora que o resultados financeiros da concessionária se enquadrem na média do mercado, quando antes previa que superassem a média.

A alteração das expectativas face à MGM China tem em conta o novo contrato de utilização da marca da empresa MGM. Segundo os detalhes divulgados antes do Natal, a MGM China vai passar a pagar 3,5 por cento das receitas líquidas mensais consolidadas, quando até agora pagava 1,75 por cento. Esta diferença significa que a MGM China vai pagar praticamente o dobro à MGM Resorts International, a empresa-mãe.

Com base nesta alteração, a Morgan Stanley explica que os novos pagamentos devem custar cerca de 7 por cento dos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) por ano à concessionária.

O acordo revelado recentemente tem a duração de 20 anos, dependente da renovação da concessão do jogo após 2030, e prevê para 2026 um pagamento máximo de 188,3 milhões de dólares americanos (1,5 mil milhões de patacas). No entanto, a empresa de serviços financeiros CBRE Equity Research acredita que o valor dos lucros da MGM China para o próximo ano deve resultar num pagamento de cerca de 166 milhões de dólares (1,3 mil milhões de patacas).

Valores históricos

O pagamento de cerca de 166 milhões de dólares para o próximo ano contrasta o que tem acontecido pelo menos desde 2023. Nesse ano, o primeiro sem restrições de circulação após a pandemia da covid-19, a MGM China pagou à MGM Resorts International cerca de 55,2 milhões de dólares. No ano seguinte, os pagamentos subiram para 70,9 milhões de dólares, o que reflecte a melhoria do desempenho financeiro da empresa.

Os pagamentos do ano em curso ainda não são conhecidos, mas até ao final de Setembro totalizaram 56,5 milhões de dólares. Tendo em conta que este ritmo de lucros é mantido, apesar de o mercado ter apresentado uma expansão nos meses mais recentes, o pagamento para este ano deverá rondar 75,3 milhões de dólares americanos.

31 Dez 2025

Investigação | Criado prémio para estudos sobre relações sino-portuguesas

O “Prémio Fundação Jorge Álvares-General Vasco Rocha Vieira-Amizade Portugal-China” irá atribuir 25 mil euros por ano e pretende reconhecer as instituições que promovam iniciativas para reforçar a aproximação entre as comunidades portuguesa, chinesa e macaense

A Fundação Jorge Álvares lançou um prémio anual, no valor de 25 mil euros, para incentivar o estudo e a investigação das relações entre Portugal e China, através de Macau, lê-se na página da entidade.

Com o “Prémio Fundação Jorge Álvares-General Vasco Rocha Vieira-Amizade Portugal-China”, pretende também reconhecer-se “instituições que promovam iniciativas relevantes no sentido de reforçar a aproximação entre as comunidades portuguesa, chinesa e macaense”, refere-se no portal da fundação. “Visa homenagear e contribuir para perpetuar a memória do último governador de Macau, fundador da Fundação Jorge Álvares, seu curador e primeiro presidente, falecido há cerca de um ano”, escreveu na segunda-feira, nas redes sociais, o actual curador, Tiago Vasconcelos.

O prémio vai ser atribuído, de forma alternada, a instituições, em anos pares e a partir de 2026, e a trabalhos de investigação, em anos ímpares, sendo este lançado em 2027.

No primeiro caso, o galardão está aberto a qualquer instituição, nacional ou estrangeira, recompensando “acções relevantes que desenvolvam ou aprofundem o relacionamento entre as comunidades portuguesa, chinesa e macaense”, nos domínios da cultura e línguas portuguesa, chinesa ou do patuá, da ciência, da educação, da filantropia, entre outros.

Investigação aberta

No que diz respeito aos trabalhos de investigação, o prémio “é aberto a qualquer pessoa sem restrição de ordem académica, nacionalidade ou outra”, e recompensa “a qualidade de estudos e trabalhos escritos num tema, a indicar para cada edição, no âmbito das relações entre Portugal e a China, particularmente através de Macau”. “Da assinatura da declaração conjunta à transferência da administração portuguesa de Macau” é, de acordo com o regulamento, o tema para a primeira edição do prémio na categoria de investigação.

Vasco Joaquim Rocha Vieira nasceu em 16 de Agosto de 1939. Foi Chefe do Estado-Maior do Exército e, por inerência, membro do Conselho da Revolução entre 1976 e 1978.

Desempenhou as funções de ministro da República dos Açores (1986-1991) e em 1991 foi nomeado para Governador de Macau pelo então
Presidente da República português, Mário Soares. Foi o 138º e último governador português de Macau, cargo que ocupou até 1999, quando se processou a transferência do território para a China.

31 Dez 2025

Ensino | Cerca de 97% dos alunos utiliza ferramentas de IA

Cerca de 97 por cento dos estudantes do ensino secundário admitiram ter recorrido à Inteligência Artificial como ferramenta de auxílio nos estudos. A conclusão faz parte de um estudo elaborado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, que comparou o desenvolvimento dos alunos do nível secundário local com os alunos da Grande Baía.

Com base na opinião de 2 mil alunos, os resultados apresentados pelo deputado Lam Lon Wai indicam que 97 por cento dos alunos reconheceram utilizar inteligência artificial. Entre estes, mais de 50 por cento afirmou que a inteligência artificial contribuiu para que tivesse obtido melhores notas.

Também metade dos inquiridos afirmou que a inteligência artificial pode gerar uma dependência excessiva e que pode afectar o desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico. Face a estes resultados, a FAOM recomenda às escolas que personalizem as ferramentas de inteligência artificial, para aproveitar as vantagens e evitar os aspectos negativos.

A associação também considera que é necessário mudar a mentalidade dos estabelecimentos de ensino, com a educação menos focada na obtenção de notas para entrar nas melhores universidades. Segundo a FAOM, a prioridade deve passar por ensinar os alunos a pensar e desenvolver capacidades para resolver problemas quotidianos.

31 Dez 2025

Transportes | Proporção de novos veículos eléctricos aumenta

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou que o número de veículos eléctricos que circulam em Macau tem registado uma subida. Nos primeiros 11 meses de 2025 registaram-se 10.060 veículos com matrículas novas, 3.733 destes eram eléctricos, representando uma fatia de 37,1 por cento de todas as matrículas novas. Esta proporção de veículos eléctricos apresenta um crescimento de 6,3 por cento, face aos primeiros 11 meses de 2024.

Em relação aos carros com matrículas novas, registou-se uma quebra de 15,2 por cento face a igual período de 2024. Ainda assim, no final de Novembro havia 254.055 veículos matriculados na RAEM, mais 0,5 por cento face ao final do idêntico mês de 2024.

Os dados da DSEC revelam ainda a ocorrência de 1.215 acidentes de viação em Novembro, uma quebra anual de 14,2 por cento, com 395 feridos registados. Mas em 11 meses, o número de acidentes de viação foi de 13.578, verificando-se quatro vítimas mortais e 4.983 feridos.

Quanto ao movimento de transportes transfronteiriços, o de automóveis nos postos fronteiriços totalizou 958.605 em Novembro do corrente ano, mais 15,1 por cento em termos anuais. Nos onze primeiros meses de 2025, o movimento de automóveis nos postos fronteiriços (10.136.209) aumentou 21,5 por cento em termos anuais.

31 Dez 2025

Autocarros | Inquérito de avaliação marcado para Janeiro

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) irá realizar, ao longo do mês de Janeiro, o Inquérito Trimestral de Avaliação do Serviço de Autocarros Públicos referente ao 4º trimestre de 2025.

Segundo um comunicado da DSAT, serão avaliados indicadores como “serviço e gestão”, “meios e equipamentos de transporte e segurança” e ainda “grau de satisfação dos passageiros”. Neste último indicador serão disponibilizados seis meios diferentes para a recolha de opiniões, nomeadamente entrevistas a passageiros feitas por “trabalhadores de uma terceira entidade independente” ou inquéritos online.

A DSAT afirma que a parte das opiniões dos passageiros representa 40 por cento da pontuação total da avaliação ao serviço de autocarros públicos.

31 Dez 2025

Inquérito | Larga maioria disposta a trabalhar em Hengqin

Um estudo da Associação Chinesa para o Avanço da Juventude revela que 83 por cento dos inquiridos estão dispostos a trabalhar em Hengqin. Este documento, citado pelo portal Macao News, foi elaborado mediante um inquérito feito entre Setembro e Novembro, tendo sido recolhidos 1.052 questionários online feitos a residentes com idades entre os 18 e 45 anos.

Ainda no âmbito laboral, o estudo mostra que mais de 86 por cento dos jovens de Macau mostrou interesse em abrir um negócio em Hengqin, e que mais de 52 por cento diz ter uma “atitude aberta” face à possibilidade de viver na Ilha da Montanha.
Há, porém, diversos obstáculos referidos no estudo, nomeadamente a nível administrativo, com mais de 55 por cento dos entrevistados a referir que há uma grande lentidão nos processos administrativos para poderem trabalhar, viver ou abrir negócios em Hengqin.

Foi ainda referido outro ponto quanto à residência, pois cerca de 67 por cento dos entrevistados disseram que um dos entraves à sua mudança para Hengqin prende-se com o tempo de residência do outro lado da fronteira não contar para a obtenção do estatuto de residente permanente da RAEM. Outro ponto menos favorável para a fixação de pessoas, referido pelos entrevistados, é o facto de existirem diferenças salariais e menos benefícios em Hengqin.

30 Dez 2025

Jogo | Melco recebe autorização para operar três salas Mocha

A Melco obteve autorização do Governo para operar três salas de jogo Mocha no Porto Interior, Hotel Golden Dragon e Hotel Sintra. Para assegurar o funcionamento dos espaços, a Melco terá de contratar uma entidade gestora

O Governo concedeu autorização à operadora de jogo Melco para manter três salas de máquinas de jogo a funcionar. Tratam-se das salas de jogo Mocha Golden Dragon, Mocha Porto Interior e Mocha Hotel Sintra, sendo que, para a sua continuidade, a Melco terá de contratar uma sociedade gestora.

A decisão surge no contexto do fim do período transitório de três anos, dados às concessionárias de jogo para assumirem a exploração dos casinos-satélite. O prazo termina amanhã.

Segundo um comunicado da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), “a Melco irá contratar uma sociedade gestora para dar continuidade à exploração das salas de máquinas de jogo Mocha Golden Dragon, Mocha Porto Interior e Mocha Hotel Sintra, a partir de 1 de Janeiro de 2026, mantendo o vínculo laboral estabelecido entre a Melco e os trabalhadores das mesmas salas de máquinas de jogo”.

Mudanças no hotel

A DICJ referiu também que o encerramento do Mocha Hotel Royal, que cessou oficialmente operações às 23h59 de domingo, decorreu “em conformidade com os procedimentos previstos”. Esta sala de jogos de máquinas também estava afecta à Melco Resorts.

De seguida, a DICJ, a quem coube a coordenação do encerramento, “procedeu, de imediato, à suspensão do funcionamento das máquinas de jogo, tendo assegurado a coordenação, com diversos serviços, e o acompanhamento do processo de retirada do respectivo recinto, entre outros”.

Tendo em conta que houve trabalhadores envolvidos no processo, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais “enviou pessoal ao local para prestar esclarecimentos aos trabalhadores em causa, tendo-lhes sido fornecidas informações sobre uma linha aberta para consultas”.

Na mesma nota, a DICJ explicita que vai continuar “a assegurar a coordenação estabelecida com as concessionárias de exploração de jogos de fortuna ou azar e os serviços competentes, promovendo em conjunto o desenvolvimento saudável e ordenado do sector do jogo de Macau”.

30 Dez 2025

Cotai | Um terço dos jovens não sabe que a zona de espectáculos existe

Os resultados constam de um inquérito da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, que apela ao reforço da promoção do espaço ao ar-livre no Cotai. Mais de metade dos inquiridos confessou não ter assistido a qualquer espectáculo em Macau no último ano

Três em cada 10 inquiridos pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau desconhece a existência da zona de espectáculos ao ar-livre no Cotai. A conclusão foi apurada através de um inquérito sobre a indústria dos espectáculos enquanto uma das vertentes da diversificação da economia.

As conclusões do inquérito foram apresentadas ontem de manhã, numa conferência de imprensa, e o estudo contou com um total de 789 respostas válidas dadas por inquiridos com idades entre os 18 e 44 anos. Quando questionados sobre a existência do espaço promovido pelo Instituto Cultural para a realização de grandes espectáculos, 29 por cento afirmou desconhecer de todo a zona de espectáculos ao ar-livre.

Aos 29 por cento dos inquiridos que desconhecem a zona de espectáculo, junta-se ainda 36 por cento que consideram que a zona não agrada nem desagrada, 21 por cento que estão satisfeitos com o espaço e 15 por cento que fazem uma avaliação negativa das instalações.

Com base nestes resultados, os responsáveis pela realização do estudo entendem que o Governo tem muita margem de manobra para promover a infra-estrutura e melhorar as instalações.

Lá fora é melhor

O inquérito revelou ainda que 50,2 por cento dos jovens não assistiu a qualquer espectáculo em Macau nos últimos 12 meses, independentemente de serem eventos com grande ou pequena dimensão. Quanto aos que assistiram a pelo menos um espectáculo na RAEM, 25 por cento indicaram ter assistido apenas a um único evento em 12 meses. O estudo indica que menos de 10 por cento dos inquiridos assistem a espectáculos com uma frequência superior a um evento a cada três meses.

No entanto, o estudo também mostra que os jovens assistem a mais espectáculos fora da RAEM do que no território. E quando vão para fora, normalmente o objectivo é assistir a eventos de grande dimensão. Cerca de 74 por cento dos inquiridos admitiu ter assistido especificamente a concertos de grandes dimensões nos últimos 12 meses fora de Macau.

Este número supera a percentagem de residentes que assistiu a peças de teatro ou musicais (21,4 por cento) e a festivais de música (17,3 por cento). Face a estes resultados a associação indica que os jovens preferem concertos de música pop.

Amar Hong Kong

Em termos da origem dos artistas dos espectáculos, praticamente 50 por cento dos inquiridos indicou ter assistido a eventos com artistas de Hong Kong. A proporção de residentes que assistiu a espectáculos com artistas de Macau foi de 29 por cento, seguida por espectáculos com artistas da Coreia do Sul (20 por cento) e do Interior da China (19 por cento).

Sobre os motivos que fizeram com que 50,2 por cento dos jovens não assistissem a espectáculos, 32 por cento queixou-se da falta de tempo. Houve ainda 24 por cento que indicaram não ter interesse nos espectáculos organizados em Macau, enquanto 16 por cento admitiram ter desistido de ir a espectáculos na RAEM devido às dificuldades para comprar um bilhete nos canais de venda oficiais.

30 Dez 2025

Analistas realçam desafios no crescimento económico de Macau

Especialistas contactados pela agência Lusa perspectivam desafios no crescimento da economia de Macau para 2026, com a recuperação do sector do jogo a contrastar com o fraco consumo doméstico e pressão para a diversificação.

O economista Henry Chun Kwok Lei, professor de Economia Empresarial na Universidade de Macau e vice-presidente da Associação Económica de Macau, mantém uma perspectiva “cautelosamente optimista” para 2026, prevendo um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 2,5 por cento durante o próximo exercício.

“A base elevada das receitas brutas dos jogos este ano, projectadas entre 246 a 248 mil milhões de patacas, irá condicionar o potencial de crescimento em 2026. Mesmo que a receita dos casinos aumente cerca de 4 por cento, para mais de 250 mil milhões de patacas, a sua contribuição para o crescimento económico global irá diminuir”, afirmou Henry Lei à Lusa.

Ben Lee, consultor para a actividade do jogo no sudeste asiático, tem uma perspetiva mais positiva. “A receita bruta dos jogos já atingiu 226,5 mil milhões de patacas até Novembro deste ano, pelo que é mais do que provável que ultrapassemos a projecção de 228 mil milhões”, disse.

A estimativa para as receitas do jogo para 2026 acrescentou o analista, é “um pouco conservadora”. “A menos que retrocedamos no próximo ano, com base no momento actual, as receitas brutas podem atingir um valor entre 260 e 270 mil milhões de patacas até ao final de 2026”, estimou.

Alarmes soados

A previsão inscrita no Orçamento para 2025 apontava para receitas totais na ordem dos 240 mil milhões de patacas, mas o fraco arranque do ano, sobretudo depois da guerra tarifária desencadeada pelos EUA, accionou os alarmes entre a equipa económica do Executivo de Sam Hou Fai, que aprovou em Junho um Orçamento Rectificativo em que cortou 4,56 mil milhões de patacas na previsão de receitas, altamente dependentes do setor do jogo (cerca de 83 por cento do PIB de Macau).

A Associação Económica de Macau prevê que o crescimento anual do PIB em 2025 venha a ser em torno dos 5,4 por cento, um estimativa escudada na “tendência estável e positiva dos principais indicadores de desenvolvimento económico, funcionamento globalmente estável dos sistemas orçamental e financeiro e manutenção de baixas taxas de desemprego”.

Quanto ao próximo ano, acrescenta a associação, “prevê-se que a economia de Macau mantenha a trajectória estável e positiva”, embora o panorama global “continue a ser caracterizado por turbulências e complexidade interligadas”. O Orçamento do Governo para 2026 aponta para um aumento de 3,5 por cento nas receitas dos casinos de Macau no próximo ano, atingindo 236 mil milhões de patacas, ainda assim, o valor mais elevado desde a pandemia.

Outros desafios críticos que Macau enfrenta em 2026 são o do estímulo ao consumo local e o do apoio às pequenas e médias empresas (PME). Em declarações à Lusa, Lei Choek Kuan, presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau, apontou para a mudança “irreversível” nos padrões de consumo em curso e sublinhou a importância do apoio governamental para que as empresas mantenham a confiança.

O economista Henry Lei defende uma transformação estrutural mais profunda que vá além dos subsídios e sugeriu que as PME locais devem procurar a diferenciação e serviços ‘premium’ — como “melhorar o serviço pós-venda, desenvolver produtos culturais criativos e criar experiências culinárias de alta gama” — para atender a um nicho demográfico de alto poder de compra, em vez de competirem pelo preço com o Interior da China.

29 Dez 2025

CPSP | Agente conduz bêbedo, tem acidente e foge do local

O agente policial de 31 anos fez o teste do balão e acusou 1,88 gramas de álcool por litro de sangue. Além da responsabilidade criminal, o CPSP instaurou um processo disciplinar ao agente

Um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) está a ser alvo de um processo disciplinar por conduzir alcoolizado, bater com a viatura num canteiro de flores e fugir do local. O incidente aconteceu na madrugada de 24 de Dezembro, quando o homem com 31 anos se encontrava de folga, pelo que está a ser investigado pelos crimes de condução em estado de embriaguez e fuga à responsabilidade.

Segundo as autoridades, o caso foi detectado logo na madrugada de 24 de Dezembro, quando a polícia foi chamada ao cruzamento entre a Rua da Barca e a Rua de João de Araújo, depois de uma viatura ter batido contra um canteiro de flores. O resultado foi um cenário de destruição ao qual não escaparam postes metálicos e um canteiro de flores.

Depois de identificarem a viatura envolvida o acidente, as autoridade abordaram o agente que estava de folga, que aparentava ter um forte cheiro a álcool. Suspeitas que foram confirmadas pelo teste do balão, que apresentou um resultado de 1,88 gramas de álcool por litro de sangue.

Além disso, o veículo do detido tinha sido estacionado de forma ilegal. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, e o agente está indicado dos crimes de condução em estado de embriaguez, que implica uma pena que pode chegar a 1 ano de prisão, e de fuga à responsabilidade, cuja pena de prisão pode atingir 1 ano.

Alarme a tocar

O facto de o suspeito ser um agente do CPSP levou a que o acidente merecesse uma reacção da polícia, através do site da secretaria da segurança. “ O CPSP lamenta profundamente o caso de condução em estado de embriaguez por parte de agente policial, reiterando que sempre tem dado grande importância ao comportamento disciplinar do seu pessoal” foi publicado.

O CPSP garantiu também que os actos dos agentes “que violem a lei e a disciplina são tratados com severidade e de acordo com a lei”. Além da responsabilidade criminal, o CPSP instaurou no mesmo dia um inquérito disciplinar “para efectivar a responsabilidade disciplinar nos termos da lei”.

Em resposta ao incidente, é indicado no portal do secretário para a Segurança que “todos os departamentos receberam instruções imediatas para reforçar, de forma contínua, a sensibilização e a educação dos seus agentes subordinados, lembrando aos agentes que a sua conduta pessoal está ligada à imagem positiva da força policial”. Foi também destacado que mesmo quando os agentes estão “fora de serviço” devem “manter os mais elevados padrões de autodisciplina e cumprir as leis e regulamentos”.

29 Dez 2025

L’Arc | SJM obtém autorização para exploração directa

A concessionária a SJM Resorts obteve autorização para explorar o Casino L’Arc Macau, sob a forma de gestão e exploração directa, a partir das 02h do dia 30 de Dezembro. O anúncio foi feito pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e era esperado depois de ter sido divulgado um acordo para a aquisição do casino pela concessionária.

“Tendo em conta que o ‘período transitório’ de três anos concedido aos ‘casinos-satélite’ termina no fim do ano corrente, a SJM apresentou um pedido para cessar a exploração do Casino L’Arc Macau como “casino-satélite” a partir das 01h59 do dia 30 de Dezembro, o qual foi autorizado pelo Governo da RAEM”, foi indicado.

“Após análise e ponderação, o Governo da RAEM considerou que o pedido preenche os requisitos e condições da respectiva legislação, pelo que concedeu autorização ao referido pedido”, foi acrescentado. A DICJ promete ainda fiscalizar a exploração do casino.

29 Dez 2025

Imobiliário | Quebra da natalidade ligada a crise

O presidente da Centaline Property Agency, Shih Wing-ching, considera que a quebra da natalidade é um dos factores que está a contribuir para a redução do valor do imobiliário. A posição foi tomada numa entrevista à estação am730, citada pela Macau News Agency.

Segundo Shih, nos últimos cinco anos o preço da habitação em Macau apresentou uma redução de 40 por cento, motivada em grande parte pela taxa de natalidade, actualmente de 0,68 crianças por mulher. Por isso, apelou às autoridades para facilitarem as políticas de imigração, para que o preço volte a recuperar. “O declínio contínuo esgotou a confiança dos residentes. Até mesmo os compradores estão hesitantes em entrar no mercado, temendo perdas no valor dos activos», afirmou.

O responsável admitiu ainda que o Governo não está propriamente preocupado, apesar das perdas dos compradores: “Eles acharam que preços mais baixos das casas não eram necessariamente uma coisa má, e que os jovens poderiam assim entrar no mercado imobiliário — uma situação que poderia ajudar na estabilidade social, com menos queixas”, completou.

29 Dez 2025

Banco Tai Fung | Fitch reduz rating de viabilidade financeira

O desempenho dos empréstimos ligados ao mercado imobiliário no Interior da China é apontado pela agência de notação como o principal factor para a redução do rating para o nível “bb”. A avaliação sobre a emissão de dívida foi mantida em “BBB+”

A agência de notação financeira Fitch reduziu o rating de viabilidade financeira do Banco Tai Fung de “bb+” para “bb”, alertando para o possível impacto de eventos inesperados na sobrevivência da instituição. A alteração foi anunciada na semana passada e justificada com o impacto dos empréstimos ao mercado imobiliário do Interior da China no desempenho financeiro do banco.

O nível “bb” é o quinto mais elevado da escala com 10 patamares do rating de viabilidade financeira, mas indica a existência de uma “vulnerabilidade elevada” na viabilidade do banco, caso se registem “alterações inesperadas nas condições comerciais ou económicas a longo prazo”.

A alteração do rating de viabilidade financeira acontece apesar da Fitch reconhecer que existem expectativas “moderadas” de continuidade da viabilidade do banco e uma “forte solidez financeira”, ligadas ao facto de o Banco Tai Fung ser propriedade do Banco da China.

No entanto, os empréstimos ligados ao mercado do imobiliário no Interior da China são uma preocupação. A Fitch indica que no final da primeira metade deste ano os empréstimos representavam 22 por cento do total dos activos do banco, uma exposição considerada “acima da média do sistema bancário de 15 por cento”. “Prevemos que o mercado imobiliário demorará a recuperar, prolongando a recuperação financeira do banco”, indicou a agência.

Em termos negativos, a Fitch destaca ainda a menor qualidade dos activos do banco, porque a taxa dos empréstimos em incumprimento continua “demasiado alta”, num valor de 15,8 por cento do total destes empréstimos.

A taxa de incumprimento é também realçada como um factor de redução significativa dos lucros do banco, não só devido aos empréstimos que ficam por pagar, mas também porque o mercado vai ter uma menor procura por empréstimos, que tem sido um dos suportes do modelo comercial da instituição.

Apoio de cima

Apesar dos desafios, o banco tem a seu favor o facto de ser propriedade do Banco da China, que os analistas acreditam estar pronto para injectar dinheiro no Tai Fung. A ligação ao Banco da China faz com que a avaliação sobre a emissão de dívida seja mantida em “BBB+”, o quarto nível mais elevado dos 11 que constituem o rating.

O banco estatal chinês tem uma avaliação superior ao do Tai Fung em termos do rating de emissão de dívida. Perante esta diferença, a Fitch admite uma revisão em alta do nível do Tai Fung, se houver sinais de que o Banco da China está pronto para injectar capital na instituição fundada por Ho Yin.

Em termos do ambiente operacional do Tai Fung, a Fitch destaca que é o quarto maior banco em Macau, medido pelo valor dos empréstimos, onde se espera que o jogo continue a impulsionar o crescimento da economia.

29 Dez 2025

Desemprego | Taxas global e de residentes sem alterações

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou que a taxa de desemprego, em termos globais, foi de 1,7 por cento entre os meses de Setembro e Novembro; enquanto a taxa de desemprego dos residentes se fixou, no mesmo período, em 2,3 por cento. Trata-se, segundo um comunicado da DSEC, das mesmas taxas face aos meses de Agosto a Outubro deste ano.

A DSEC destaca que o número de residentes desempregados foi de 6.700, sendo que a maioria dos que procuravam emprego “trabalhou anteriormente nos ramos do comércio a retalho e das lotarias e outros jogos de aposta”. Destaca-se também uma subida de 0,5 por cento nos residentes à procura do primeiro emprego, categoria que representa 14,4 por cento dos desempregados com estatuto de residente, também nos meses de Setembro a Novembro.

Outro dado anunciado diz respeito ao número de residentes subempregados, 5.900, “salientando-se que a maior parte pertencia ao ramo das actividades imobiliárias e serviços prestados às empresas, ao ramo dos transportes e armazenagem e ao ramo do comércio a retalho”.

De acordo com as estimativas preliminares dos registos de migração, o número médio de residentes da RAEM e trabalhadores não-residentes, que trabalhavam na RAEM mas viviam no exterior, foi estimado em cerca de 109.300 no período de referência. A mão-de-obra total, composta por estes indivíduos e pela população activa que vivia na RAEM (385.600), era de 494.900 pessoas, mais 2.700, face ao período anterior.

29 Dez 2025

Aeroporto | Empresa de Chan Chak Mo vence concurso

A Companhia de Bright Luck Gourmet, que integra o grupo Future Bright, controlado pelo ex-deputado Chan Chak Mo, venceu o concurso público para fornecer refeições à SEMAC, a empresa responsável pela segurança do aeroporto. A informação foi divulgada pela Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos.

Segundo os dados do concurso público, a Bright Luck Gourmet apresentou uma proposta de 31 patacas por refeição dos trabalhadores, num total de 6,8 milhões de patacas. As mesmas condições foram apresentadas pela Sociedade de Serviços de Gestão de Restauração Hua Feng, que foi preterida. Além destas duas propostas houve uma terceira da empresa Ou Leong Food Products Factory que não chegou a ser admitida. A Ou Leong tinha uma proposta de 35 patacas por refeição.

21 Dez 2025

Gripe das Aves | Importações de carne da Polónia restringidas

Um surto recente de gripe das aves em Żuromin, na Polónia, levou o Instituto para os Assuntos Municipais a proibir a importação de carne congelada e ovos da zona afectada

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai recusar todos os pedidos de importação de carne aviária proveniente de Żuromin, que fica a cerca de 120 quilómetros noroeste de Varsóvia, na Polónia. O anúncio foi feito depois de ter sido detectado nesta zona do país europeu um surto de gripe aviária H5N1.

“A carne de aves e os produtos avícolas provenientes das áreas afectadas não serão aprovados para importação, foi divulgado em comunicado. “O Instituto para os Assuntos Municipais continuará a monitorizar rigorosamente os alimentos frescos importados vendidos em Macau através dos seus mecanismos eficazes de inspecção e quarentena de importação”, foi acrescentado.

Como resultado da medida, os importadores de carne de Macau foram alertados para as restrições, aos mesmo tempo que o IAM promete uma “uma supervisão rigorosa da carne de aves e dos produtos à base de carne de aves importados e vendidos em Macau”. As medidas de Macau imitam o que foi feito em Hong Kong, onde as restrições à importação foram anunciadas um dia antes pelo Centro de Segurança Alimentar. Contudo, em Hong Kong as autoridades clarificaram que desde o início do ano até à implementação das restrições tinham sido importadas 1.870 toneladas de carne de aves congelada, e ovos, da Polónia.

As autoridades de Hong Kong explicaram também que a restrição foi implementada depois de um alerta global da Organização Mundial de Saúde Animal.

Tudo controlado

No comunicado, o IAM garantiu ainda que “de acordo com as leis e regulamentos em vigor em Macau, todos os produtos alimentares frescos devem ser declarados e submetidos a inspecção e quarentena obrigatórias no momento da importação”.

As autoridades explicaram igualmente que, de acordo com as exigências vigentes, a análise ao “pedido de importação”, o IAM tem acesso aos “certificados sanitários emitidos pelas autoridades competentes do país de origem”, permite confirmar “que os produtos são originários de áreas não afectadas por surtos e próprios para consumo humano”.

O IAM clarificou que se houver “um surto numa determinada região, as autoridades sanitárias e de quarentena daqueles locais não podem emitir certificados sanitários”, o que permite fazer o controlo e evitar a importação para Macau. Além destes procedimentos, o Instituto para os Assuntos Municipais promete também “continuar a monitorizar os pedidos de importação de produtos de origem animal de todas as regiões, de acordo com os anúncios da Organização Mundial de Saúde Animal” ao mesmo tempo que adoptam “medidas de controlo preventivo”.

21 Dez 2025

Direito | Vitalino Canas apresenta novo livro sobre Lei Básica

Vitalino Canas, jurista e antigo chefe de gabinete do governador Rocha Vieira, é co-coordenador da obra “Lei Básica da RAEM: 30 anos”, lançada esta sexta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau. Em declarações ao HM, fala de um diploma que foi “uma espécie de balão de ensaio e demonstração daquilo que a RPC estava disposta a fazer em termos de abertura” a certas questões jurídicas

Foi apresentado, esta sexta-feira, o livro “Lei Básica da RAEM: 30 anos”, projecto editorial que nasce de uma conferência sobre este tema e que tem coordenação de Vitalino Canas, jurista e antigo chefe de gabinete do governador Vasco Rocha Vieira, e Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). Esta entidade foi também responsável pela edição da obra.

Em declarações ao HM, Vitalino Canas recordou alguns momentos da discussão e produção da Lei Básica, defendendo que este diploma, à semelhança da Lei Básica de Hong Kong, “foram uma espécie de balão de ensaio e também de demonstração daquilo que a República Popular da China (RPC) estava disposta a fazer em termos de abertura a determinadas questões relacionadas com [outros] ordenamentos jurídicos, como a separação de poderes e organização do poder político, ou direitos fundamentais”.

Para Vitalino Canas, a Lei Básica da RAEM, que este sábado celebrou 26 anos de existência, foi ainda “uma espécie de cartão de visita sobre até onde a RPC estava disposta a ir, em Macau e Hong Kong, mas até numa evolução futura”.

“Conheço algumas controvérsias e dúvidas que têm surgido em alguns sectores da comunidade sobre se a Lei Básica estará a ser totalmente cumprida ou não, se haverá aspectos em que há retrocessos ou limitações. Fazendo a apreciação do exterior, creio que a Lei Básica tem sido cumprida, sem prejuízo de alguns aspectos que têm sido notícia”, disse ainda.

Questionado sobre os desafios que se colocam à implementação da Lei Básica até 2049, e se poderá ocorrer uma eventual revisão do diploma, Vitalino Canas afasta essa possibilidade. “Não sou muito adepto nem de revisões constitucionais, nem na revisão de documentos básicos. Se olharmos para algumas experiências, a Constituição norte-americana tem quase 240 anos, já foi revista algumas vezes, mas as revisões são sempre muito pouco profundas, e ocorrem até mais para aditamentos do que, propriamente, para se fazerem modificações.”

O responsável considera “mais importante” olhar para “as estruturas que têm responsabilidade na aplicação [da Lei Básica], designadamente os tribunais, e para a doutrina e jurisprudência”, que são estruturas jurídicas “com melhores condições para actualizar a interpretação da Lei Básica”.

Vitalino Canas defendeu também uma “conjugação de esforços entre as comunidades académicas de Portugal e de Macau, e de outros sectores que se pronunciam sobre a Lei Básica, sobre o que ela contém e como está a ser aplicada”. “Se houver circunstâncias em que essa aplicação eventualmente suscite dúvidas, ninguém melhor que a academia, a doutrina, especialistas e juristas, para apontarem caminhos de aperfeiçoamento desse cumprimento”, frisou.

Estudar é preciso

“Lei Básica da RAEM: 30 anos” nasce de uma conferência realizada no CCCM, trazendo artigos sobre a natureza jurídica da Lei Básica, direitos ou sobre a estrutura judiciária do território, entre outras temáticas do Direito.

Trata-se de uma obra que pretende dar uma resposta e um contributo à área do Direito sobre Macau. “Pensámos, eu e a Carmen Amado Mendes, que seria importante para o panorama doutrinário português haver este tipo de contributos disponível para o público, porque escreve-se muito pouco sobre as questões jurídicas relacionadas com Macau.”

“Quando falo de nós, académicos em Portugal, não estamos a cumprir o nosso papel de actualizar o nosso ‘know-how’ e o nosso quadro de investigadores, que era grande quando tínhamos a administração do território de Macau. Portugal tem todo o interesse em manter conhecimento, informação e capacidades sobre o que se passa em Macau, designadamente do ponto de vista jurídico. E aqui também, dentro da nossa academia, não considerando essas temáticas longínquas e que já não interessam a Portugal.”

Este livro é, ainda assim, “um contributo modesto”, estando a ser preparado “outro livro com mais artigos” sobre temas relacionados com a Lei Básica.

No caso do ensino superior local, Vitalino Canas destaca que existem “muitos juristas portugueses que tratam de temas relacionados com o regime jurídico em Macau, mas digamos que a interligação entre o que se faz em Macau e Portugal não tem sido eficaz”.

“Na qualidade de vice-presidente do Instituto para a Cooperação da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tenho procurado mobilizar e encorajar alguns investigadores, sobretudo alguns os jovens, para que se interessem pelas temáticas jurídicas de Macau, até porque continua a haver uma relação estreita entre Portugal e Macau por vários motivos”, disse.

Vitalino Canas viveu em Macau entre os anos de 1986 e 1991 e foi membro do Governo português entre 1995 e 2002, tendo estado ligado ao chamado Gabinete de Macau. Olhando hoje para trás, numa altura em que a RAEM celebra 26 anos de existência, o jurista destaca que, no processo de transição, “o grande desafio foi pôr uma cultura jurídica chinesa” em conjugação com a cultura jurídica portuguesa e “tornar as duas entendíveis uma em relação à outra”.

21 Dez 2025

Inflação em Macau acelera pelo quarto mês consecutivo

A inflação anual em Macau acelerou em Novembro, pelo quarto mês consecutivo, atingindo 0,72 por cento, o valor mais elevado dos últimos 15 meses, foi ontem anunciado. A subida do índice de preços no consumidor (IPC) em Novembro foi 0,12 pontos percentuais mais elevada do que em Outubro, e o valor mais elevado desde Agosto de 2024 (0,74 por cento), segundo dados oficiais.

De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, a aceleração da inflação deveu-se sobretudo aos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (mais 1,25 por cento). O custo das refeições adquiridas fora de casa subiu 1,6 por cento. Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,73 por cento e 0,49 por cento, respectivamente. Em 11 de Novembro, a Autoridade Monetária de Macau aprovou a terceira descida da taxa de juro este ano.

Em Abril de 2024, a Assembleia Legislativa do território acabou com vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong.

Com a recuperação no número de visitantes, a região registou uma subida de 32,9 por cento no preço da joalharia, ourivesaria e relógios, produtos populares entre os turistas da China continental. Pelo contrário, os gastos com electricidade caíram 3,1 por cento, enquanto o preço dos serviços de telecomunicações decresceu 3,4 por cento.

Do Interior

A inflação em Macau acelerou em Novembro, num período em que o IPC voltou a subir na China continental, pelo segundo mês consecutivo. Na China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, o IPC subiu 0,7 por cento em termos homólogos em Novembro, registando o aumento mais elevado desde Fevereiro de 2024. A China registou deflação em seis dos 11 meses deste ano.

A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

O valor registado em Setembro confirmou as expectativas da maioria dos analistas, após dois meses consecutivos de quedas, seguidos por uma subida inesperada de 0,2 por cento em Outubro. A segunda maior economia mundial enfrenta há mais de dois anos pressões deflaccionistas, com a fraca procura interna e o excesso de capacidade industrial a penalizarem os preços, enquanto a incerteza no comércio internacional dificulta o escoamento de produtos por parte dos fornecedores.

O índice de preços no produtor, que mede os preços à saída da fábrica, aprofundou em Novembro a tendência negativa dos últimos dois anos, com uma descida homóloga de 2,2 por cento.

20 Dez 2025

Droga | Apreendidas metanfetaminas no valor de 990 mil patacas

A Polícia Judiciária anunciou a detenção de quatro pessoas do Interior e de Hong Kong, que entraram em Macau com cerca de 990 mil patacas em metanfetaminas transportadas em preservativos. A informação foi divulgada ontem e citada pelo jornal Ou Mun, sendo que a investigação terá começado a partir de uma denúncia. Segundo o relato, dois dos detidos entraram em Macau através das Portas do Cerco e alojaram-se num hotel, na zona norte da cidade.

Mais tarde, foram ao encontro destes dois indivíduos outras duas pessoas, que transportavam consigo 275 gramas de metanfetaminas. A primeira revista da polícia aos dois indivíduos que chegaram mais tarde ao hotel permitiram apreender preservativos e fita-cola. No interior do quarto, as autoridades encontraram igualmente preservativos com droga no interior.

As drogas, avaliadas no mercado em 990 mil patacas, pesavam 275 gramas. Os quatro detidos confessaram que o objectivo era que dois deles engolissem os preservativos com a droga e os transportassem para fora de Macau. Os outros dois foram responsáveis por trazer os estupefacientes para a RAEM.

20 Dez 2025

Turismo | Visitantes do Japão sobem quase 40%

Dados estatísticos oficiais revelam que Macau recebeu, em termos anuais, mais turistas internacionais em Novembro, sendo que uma das maiores subidas, de 38,1 por cento, se refere a turistas oriundos do Japão. Novembro, representou o ultrapassar da fasquia dos três milhões de turistas, uma subida anual de 18,1 por cento

O Japão foi o país de origem de turistas internacionais com uma das maiores expressões nos dados estatísticos relativos a Novembro, sendo apenas ultrapassado pela Tailândia.

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, no mês de Novembro, Macau recebeu 16.187 pessoas do Japão, uma subida de 38,1 por cento face a igual mês do ano passado. No caso da Tailândia, de onde vieram 15.140 turistas, a subida foi de 49,4 por cento.

De destacar os cancelamentos recentes de concertos de artistas japoneses no território, não obstante os números positivos do turismo oriundo do país. Um deles, foi da cantora pop japonesa Ayumi Hamasaki, agendado para o dia 10 de Janeiro, e que ocorreu depois do cancelamento da actuação da mesma artista em Xangai, marcada para o dia 29 de Novembro. Também cancelado, foi o espectáculo de Natal com a banda Say My Name, que integra as artistas japonesas Hitomi Honda, a líder do grupo, e Terada Mei.

O Governo negou qualquer interferência nestes cancelamentos por questões políticas, tendo a presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, referido que “diferentes partes têm os seus factores de ponderação”. “É normal ter ajustamento sobre concertos ou diferentes eventos. Situações de cancelamento por força maior, é algo corrente”, acrescentou.

No que diz respeito a outros países de origem de visitantes internacionais, no caso da Indonésia registou-se também uma subida de 23,1 por cento, enquanto que relativamente aos turistas vindos de Singapura foram de 12.920 em Novembro, uma quebra de 6,6 por cento. No caso dos turistas oriundos da Índia, a subida foi de 3,1 por cento, num total de 8.766 visitantes.

Em termos gerais, e ainda relativamente a Novembro, o número de entradas de visitantes internacionais totalizou 273.950, mais 13,6 por cento, em termos anuais.

Mais turistas de Zhuhai

Olhando para os restantes números do turismo, os dados da DSEC mostram a vinda de 3.345.683 de turistas em Novembro, mais 18,1 por cento em termos anuais. Realça-se que o número de entradas de excursionistas (2.035.555) e de turistas (1.310.128) aumentaram 31,5 e 2,1 por cento, respectivamente, em termos anuais.

Os turistas oriundos do Interior da China foram 2.397.043, mais 21,9 por cento, em termos anuais, destacando-se o número de entradas de visitantes com visto individual, 1.262.722, com uma subida de 36,1 por cento.

Outro número positivo, prende-se com a subida de 33 por cento nas entradas de visitantes oriundos de nove cidades da região da Grande Baía, num total de 1.279.819, em relação a Novembro de 2024. Para este número, contribuiu o aumento de 71,2 por cento de entradas com origem em Zhuhai, descreve a DSEC. Nos 11 meses do ano, Macau recebeu 36.489.230, mais 14,4 por cento face a igual período de 2024.

20 Dez 2025

CPSP | Combate a turistas que simulam estar em trânsito

A polícia de Macau reforçou o combate ao excesso de permanência no território com recurso ao abuso da política que permite o trânsito em Macau a indivíduos oriundos do Interior da China. Entre Janeiro e Novembro, foram descobertas mais de 7.800 pessoas que alegaram falsamente vir a Macau apanhar transporte para outro local

Ao longo dos primeiros 11 meses deste ano, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deu conta de mais de 7.800 pessoas vindas do Interior da China que, alegadamente, iriam usar Macau como ponto de partida para destinos no estrangeiro, mas que acabaram por ficar no território abusando da justificação para a entrada. Num comunicado partilhado nas redes sociais, o CPSP especifica que foram recusadas entradas a pessoas que não tinham bilhetes de transportes válidos para viagens que teriam como ponto de partida Macau, que não saíram para o exterior ou que segundo os registos das autoridades tinham repetidas entradas e saídas de Macau.

“Um pequeno número de indivíduos ignora os regulamentos da China Continental e de Macau, abusando do sistema de trânsito ao viajar frequentemente entre a RAEM e a China, sob o pretexto de transitar por Macau para alcançar o objectivo de residência de longo prazo e, em alguns casos, permanecer além do prazo permitido. Isso não só perturba a ordem normal de entradas e saídas, como também afecta a eficiência das travessias fronteiriças”, indicou o CPSP.

As autoridades acrescentam que os “departamentos competentes” dos dois lados da fronteira “têm mantido uma postura rigorosa e de alta pressão, reforçando o escrutínio de casos de entrada suspeitos”. A polícia garante que quem não cumpre as regras de entrada será recusado, e que essa postura coíbe “de forma resoluta vários comportamentos ilegais”.

Aprender com outros

O CPSP também admitiu que são partilhadas frequentemente informações nas redes sociais com instruções detalhadas sobre formas de entrar em Macau irregularmente. Face a esta situação, as autoridades apelaram aos turistas para se certificarem que não estão a cometer ilegalidades que podem ter consequências e, em caso de ter dúvida, consultarem directamente o CPSP.

A polícia reconhece no mesmo comunicado que, além do visto turístico, a permissão de entrada no território de passagem para outro lugar pode ser uma medida de incentivo à economia da RAEM. Porém, os titulares do passaporte da República Popular da China para entrar em Macau antes de seguir para outras paragens, precisam mostrar visto válido para viajar para o estrangeiro, assim como bilhetes ou reservas de viagens de avião para viagens com partida do Aeroporto Internacional de Macau.

As autoridades acrescentaram ainda que vão continuar a realizar operações de fiscalização no Posto Fronteiriço da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau para interceptar indivíduos que abusem da política de permanência provisória.

20 Dez 2025

Património | Criticada protecção deficiente por parte do Governo

O ex-candidato à Assembleia Legislativa, Johnson Ian, considerou que as acções de protecção do património cultural e histórico do Governo ficam sempre aquém as expectativas da população. A opinião foi publicada através do jornal Son Pou.

Segundo Ian, esta falta de consciência do Governo levou a que ao longo dos anos se desenvolvessem várias polémicas como a construção de um prédio na Calçada do Gaio, com uma altura que bloqueia a vista para o Farol da Guia, ou a construção do viaduto entre Zona A e Zona B. Para o ex-candidato a deputado, estas situações mostram que o Governo não tem entendido as necessidades sociais ao nível da protecção do património cultural e histórico.

O artigo visou o recente caso em que várias lojas no Largo de São Domingos colocaram tabuletas publicitárias vermelhas com carateres amarelos, cores que destoam do ambiente histórico daquela zona protegida.

Sobre a polémica mais recente, Ian criticou o Instituto Cultural por não ter assumido com eficácia o papel de supervisão e só ter reagido às tabuletas depois de terem surgido críticas em grupos online. Face a esta falha, Johnson Ian alertou que o Governo tem que se manter activo e dar prioridade à preservação do património.

20 Dez 2025