Reparação Predial | Apoios do Fundo crescem 17 milhões de patacas

No ano passado os apoios distribuídos no âmbito do programa que visa apoiar os proprietários de edifício a repararem os seus imóveis ficaram acima dos 62 milhões de patacas

 

Os apoios distribuídos pelo Fundo de Reparação Predial tiveram um crescimento de praticamente 17 milhões de patacas no ano passado. A notícia foi revelada pelo Instituto de Habitação (IH), com a publicação dos números oficiais. Em comparação com 2022, no ano passado o montante total dos apoios subiu para 62,1 milhões de patacas, um crescimento de 37,4 por cento. Em 2022, os apoios distribuídos no âmbito do programa que visa apoiar os proprietários de edifício a repararem os seus imóveis tinham sido de 45,2 milhões de patacas.

No que diz respeito ao apoio financeiro para a reparação nos edifícios, no ano passado foram distribuídos 16,8 milhões de patacas, para a instalação ou substituição de equipamentos como portas corta-fogo, sistemas eléctricos, impermeabilização de terraços, ou obras de reparação de infiltrações, reparação de elevadores, entre outros. Registaram-se 44 pedidos de apoio, que resultaram em intervenções em 41 prédios, o que significa que houve edifícios intervencionados mais do que uma vez. Além disso, entre os 44 requerimentos um pedido foi retirado pelos proprietários, não se verificando qualquer recusa por parte do IH.

Este foi um montante que registou uma queda face a 2022, quando os apoios tinham sido de 18,9 milhões de patacas, uma vez que se tinham contabilizado 59 pedidos aceites e sete recusados, que resultaram em intervenções em 57 edifícios.

Em relação aos créditos sem juros para reparação de paredes exteriores, no ano passado registaram-se 59 pedidos aceites, com um único prédio intervencionado, que custou 3,7 milhões de patacas. Em comparação com o ano anterior, houve mais 57 pedidos aceites, mas menos um prédio intervencionado. Também em 2022, os empréstimos sem juros não tinham ido além de 365 mil patacas.

Partes comuns disparam

O apoio que mais cresceu em 2023 foi o destinado à reparação das partes comuns em edifícios das classes média e baixa. Com 286 pedidos aceites, 12 desistências e sem qualquer recusa, foram distribuídos apoios de 41,0 milhões de patacas, utilizados para reparar portões, instalações gerais de electricidade, instalações de abastecimento de água, reparação do revestimento das paredes, entre outros.

No ano anterior, tinham sido atribuídos 25,2 milhões de patacas para intervencionar 151 edifícios, que resultaram de 199 pedidos aprovados. Porém, em 2022 registaram-se 10 candidaturas retiradas e recusadas.

Finalmente, no âmbito do Plano de Apoio Financeiro para a Administração de Edifícios e do Plano de Apoio Financeiro para Inspecção das Partes Comuns de Edifícios, foram atribuídos 548 mil patacas e 110 mil patacas, respectivamente. Em 2022, estes apoios tinham sido de 450 mil patacas e 287 mil patacas, respectivamente.

9 Jan 2024

Suncity | Apostas online com mais de 300 mil milhões de RMB

A CCTV noticiou esta segunda-feira que os jogadores do continente terão contribuído com mais de 300 mil milhões de yuan (339 mil milhões de patacas), para as apostas online levadas a cabo pelo antigo grupo de promotores de jogo Suncity, liderado por Alvin Chau

 

Os jogadores da China terão apostado mais de 300 mil milhões de yuan, ou 339 mil milhões de patacas, nas apostas online que eram operadas pelo grupo junket Suncity, liderado por Alvin Chau, e tidas como ilegais. A notícia, citada pelo portal Macau News Agency, foi avançada ontem pelo canal de televisão CCTV com base em dados divulgados por um tribunal da província de Zhejiang, que estima que o grupo Suncity terá ganho cerca de 8,7 mil milhões de renminbis com estas apostas online em que os jogadores apostavam a partir da China no jogo online das Filipinas através de um mediador, sem nunca se deslocarem.

A reportagem da CCTV e as respectivas informações dizem respeito ao julgamento realizado na província chinesa entre os dias 10 e 12 de Agosto que envolveram 34 suspeitos em três casos separados, incluindo Zhang Ningning, tida como uma figura central no processo, uma vez que terá ajudado o antigo patrão do grupo Suncity a gerir os activos na China provenientes destas apostas. Zhang Ningning foi condenada a sete anos de prisão, tendo ainda de pagar uma multa na ordem dos 800 mil renminbis.

Centenas de contratações

Segundo o tribunal de Zhejiang, Alvin Chau contratou, pelo menos, 283 intermediários chineses para gerir as suas operações na China a partir de 2015, ano em que o grupo começou a gerir várias plataformas de jogo online nas Filipinas.

Cada intermediário tinha de investir cinco milhões de dólares de Hong Kong no grupo Suncity e tinham de atingir um volume mensal de negócios de 50 milhões de dólares de Hong Kong. O mesmo tribunal disse ainda que foram descobertos pagamentos transfronteiriços ilegais no valor de 1,16 mil milhões de renminbis, o que permitiu à Suncity lucrar cerca de 17 milhões de renminbis.

Recorde-se que Alvin Chau foi condenado a 18 anos de prisão em Janeiro do ano passado pelos crimes de jogo ilegal, associação criminosa, fraude e branqueamento de capitais.

9 Jan 2024

Metro ligeiro | Ron Lam refuta posição do secretário

Depois do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, ter acusado o deputado Ron Lam U Tou de divulgar dados falsos sobre a compra de um cabo para o metro ligeiro, eis que o deputado vem rebater as declarações com um comunicado

O deputado Ron Lam reagiu à resposta do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que havia acusado anteriormente Ron Lam de divulgar informações falsas sobre o caso da compra de um cabo para a obra do metro ligeiro que originou um relatório do Comissariado de Auditoria (CA).

Segundo um comunicado, o deputado afirmou que o artigo, publicado pelo Jornal do Cidadão, que continha declarações suas, não foi escrito por si, mas sim por um jornalista, que incluiu alguns dos aspectos referidos no relatório do CA. Na sua reacção, o secretário clarificou que “não ocorreu qualquer ‘eliminação’ de informações existentes nos serviços públicos”, mas o deputado dá conta que, no artigo para o qual prestou declarações, não consta a palavra “eliminados”.

Ron Lam U Tou adiantou também que o jornalista usou a frase “irregularidades na realização de tarefas ou no uso de materiais” no artigo, tratando-se, para o deputado, de uma questão de ponto de vista ou perspectiva, considerando a reacção de Raimundo do Rosário como sendo “exagerada”.

“O secretário mostra desconhecer o funcionamento do jornalismo, além de não ter feito qualquer verificação [da situação], achando que o texto tinha sido escrito por mim. O secretário escreveu no comunicado tratar-se de uma ‘especulação meramente intuitiva e sem qualquer fundamento’, pelo que lamento esta faça acusação”, apontou.

Palavras e mais palavras

O comunicado de Raimundo do Rosário sobre o artigo de jornal dá ainda conta de que não ocorreu qualquer “recuperação” de informações por parte dos serviços públicos relacionados com a obra do metro ligeiro, além de que não teve lugar qualquer “eliminação” de documentos.

Ron Lam U Tou reage dizendo que a palavra “recuperação” é referida no relatório do CA. “Relativamente ao facto de o gabinete [do secretário] ter alegado que não ocorreu qualquer ‘recuperação’ de informações, devia ter apresentado esta ideia quando respondeu ao relatório do CA. Agora vem o gabinete alegar que não existiu esta ‘recuperação’, o que significa que o gabinete não estudou nem respeita as questões colocadas pelo CA.”

Uma vez que o Governo nunca entregou os documentos do antigo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes antes 2011 ao CA, para que este fizesse a auditoria à obra do metro, o deputado destaca no mesmo artigo que a população tem razões suficientes para suspeitar da possível eliminação dos documentos anteriores a 2011.

Na conclusão do comunicado, o deputado esclarece que a Lei Básica é responsável por regular as funções do hemiciclo de supervisão e interpelação dos trabalhos do Governo, além de que a função de um deputado é a de pedir melhorias e correcções ao Executivo.

Para Ron Lam, os governantes “têm de confessar os erros cometidos em vez de os esconder até que sejam divulgados pelas instituições de supervisão”. Este escreveu ainda que já exigiu duas vezes ao Governo a apresentação do relatório sobre o erro na compra e instalação do cabo eléctrico para o metro ligeiro, mas que o Governo ignorou sempre os pedidos e respondeu apenas por comunicados.

A investigação do CA em causa diz respeito à falha do cabo eléctrico da linha da Taipa do metro ligeiro, tendo Raimundo do Rosário considerado que as declarações de Ron Lam ao Jornal do Cidadão “afectam gravemente os trabalhos realizados pelo Governo da RAEM” e que “nunca aceitará afirmações feitas fora de contexto que pretendem provocar a discordância da sociedade para com os trabalhos que o Governo desenvolve”.

Metro ligeiro | Raimundo envia “recado” para Ron Lam

Na sessão de interpelações orais que decorreu ontem na Assembleia Legislativa, Raimundo do Rosário não evitou mandar uma “indirecta” ao deputado Ron Lam, em relação ao bate-boca sobre o caso da compra de um cabo que levou à suspensão durante meses do metro ligeiro. A alfinetada foi atirada, depois de uma pergunta sobre o metro ligeiro colocada por Leong Sun Iok: “Agradeço a sua interpelação, que é muito construtiva, e isso reforça a cooperação entre o Governo e a Assembleia Legislativa”, comentou Raimundo do Rosário, depois de no sábado ter acusado Ron Lam de divulgar notícias falsas sobre o assunto.

9 Jan 2024

Estacionamento | Secretário recusa aumentos e fala de “ajustamentos”

Raimundo do Rosário argumentou que os “ajustamentos” são normais e que nas férias de Natal, quando foi cortar o cabelo, também teve de pagar mais 20 patacas

 

O secretário para os Transportes e Obras Públicas recusa que se possa considerar que houve aumento do preço nos auto-silos, e defende que são apenas “ajustamentos”. As declarações de Raimundo do Rosário foram prestadas ontem na Assembleia Legislativa, após ter sido interpelado sobre o assunto por Ella Lei e Zheng Anting.

“Não é um aumento das tarifas, é um ajustamento ou uma actualização. […] Recentemente, nas férias de Natal, fui comprar produtos de medicina tradicional chinesa, e o preço que paguei não era o mesmo de há meses atrás, quando comprei os mesmos produtos. Também na loja onde corto o cabelo houve um ajustamento de 20 patacas”, respondeu o secretário. “O ajustamento é global. É aplicável a todos os auto-silos, porque estamos em 2024 e passaram muitos anos sem que tenha havido actualização”, acrescentou.

Raimundo do Rosário recusou também a necessidade de haver uma consulta da população antes de se decidir pela actualização, por considerar que as opiniões não são razoáveis, no que diz respeito a pagar mais. “A consulta pública nem sempre tem uma razão de ser, porque qualquer aumento de 10 avos faz com que alguém esteja contra, por isso, a consulta pública não faz muito sentido”, opinou.

Os aumentos que geraram polémica entraram em vigor em Novembro e Dezembro do ano passado e afectaram os seguintes parques de estacionamento públicos: Auto-Silo do Posto Fronteiriço Qingmao, Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu), Auto-Silo Pak Vai, Auto-Silo do Jardim de Vasco da Gama, Auto-Silo do Edificio Cheng Chong, Auto-Silo Pak Wai e Auto-Silo da Alameda Dr. Carlos d’Assumpção.

Segundo a nova tabela, os automóveis ligeiros têm de pagar entre 10 e 8 patacas por hora, no período diurno, e entre 8 e 4 patacas no período nocturno. Em relação aos motociclos e ciclomotores, os preços variam entre 4 e 3 patacas por hora, durante o período diurno e 3 e 1,5 patacas por hora, à noite.

Preço de manutenção

O secretário para os Transportes e Obras Públicas explicou ainda a necessidade de “ajustar as tarifas” para promover a renovação e manutenção dos auto-silos públicos. “Agora podemos constatar que nos auto-silos houve melhorias nos equipamentos e os custos são suportados pelas concessionárias. E os aumentos servem para as concessionárias repararem ou renovarem os auto-silos” indicou. “Temos 60 e tal auto-silos em Macau, nós não vamos gastar dinheiro com os parques, são as concessionárias que vão pagar”, acrescentou.

As declarações sobre a ausência de consulta pública não caíram bem entre alguns deputados, como Che Sai Wang. Face às críticas, Raimundo do Rosário fez um esclarecimento adicional: “Consultámos o Conselho Consultivo de Trânsito, que tem membros das associações cívicas de Macau. Estamos a falar de um conselho que tem uma certa legitimidade”, vincou. “Não queria dizer que não valorize a consulta pública, talvez me tenha expressado mal em chinês, mas não quer dizer que não valorize as opiniões da população”, afirmou.

9 Jan 2024

MNE de Singapura: Sudeste Asiático precisa de “equilíbrio de poder” e não “guerra por procuração”

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura defendeu no sábado em Lisboa a necessidade de “um equilíbrio de poder” no Sudeste Asiático e não “uma guerra por procuração”, na tensão entre Estados Unidos e China.

“O que queremos é um equilíbrio de poder no Sudeste Asiático, não um Sudeste Asiático dividido, não uma guerra por procuração de um lado ou do outro e certamente não para repetir a Guerra Fria, quando houve guerras por procuração no Sudeste Asiático”, comentou Vivian Balakrishnan, em entrevista conjunta à Lusa, DN e TSF, no seu último dia de visita oficial a Portugal.

“Tanto os Estados Unidos como a China sabem qual é a nossa posição, e não há razão para mudarmos. Ambos sabem que, porque somos pequenos, abertos e expostos, temos que defender a paz e uma abordagem inclusiva”, considerou.

O seu país, salientou, conseguiu cultivar “excelentes relações”, com “uma confiança muito profunda” quer com Pequim, quer com Washington, por se manter, ao longo de décadas, “consistente, honesto e transparente com os dois lados”.

Sobre a relação entre estes dois países, Balakrishnan afirmou que não a descreveria como “uma inimizade”, mas como “uma relação de duas superpotências num momento de viragem muito delicado da história mundial”.

Reiterou que nenhum dos lados pretende desencadear uma guerra, “mas têm de encontrar oportunidades diplomáticas e económicas para trabalhar em conjunto”. EUA e China têm uma falta de confiança estratégica, mas, sublinhou, “o conflito não é inevitável”.

“Que a paz prevaleça”

Este é um momento em que se procurará perceber se “as duas superpotências conseguirão chegar a um novo ‘modus vivendi’, para se darem bem, não necessariamente concordarem em tudo – isso é impossível – mas pelo menos terem um respeito mútuo, procurarem oportunidades para colaborar e estabelecer barreiras de protecção para que as áreas de desacordo não saiam do controle”, considerou. “Portanto, o nosso mundo ideal é aquele em que superamos esta situação delicada. No caso do Sudeste Asiático, o nosso paradigma é o de manter uma arquitectura regional inclusiva, onde ambas as superpotências têm interesses”, destacou.

Questionado sobre as eleições presidenciais em Taiwan, que Pequim reivindica como parte do território chinês, o MNE singapurense considerou que cabe aos eleitores decidir, no próximo dia 13.

“Não nos cabe expressar preferências. Os eleitores de lá, terão que decidir”, disse, ressalvando a necessidade de “líderes e políticos, em ambos os lados e em todo o espectro político, terem muito cuidado, porque na política e na diplomacia, o que dizemos e como dizemos é importante”. Balakrishnan disse esperar que “a paz prevaleça nas ruas”.

8 Jan 2024

Anim’Arte | Agência da China vai explorar restaurantes e lojas

O espaço com restaurantes e lojas que era gerido por várias empresas foi entregue, através de concurso público, à agência de turismo estatal China Travel Service. A agência vai pagar uma renda de 200 mil patacas por mês

A Agência de Viagens e de Turismo China (Macau), mais conhecida pelo nome inglês China Travel Service (CTS), foi a vencedora do concurso público de entrega de gestão de vários espaços de restauração e lojas na zona Anim’Arte Nam Van. A informação consta do portal do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC).

A empresa vai pagar uma renda mensal de 200 mil patacas nos próximos cinco anos. O valor do contrato é de 12 milhões de patacas, para um espaço de 3 mil metros quadrados com 12 lojas e restaurantes. De acordo com o jornal Cheng Pou, actualmente apenas dois restaurantes no espaço Anim’Arte estão a operar, tendo as restantes lojas encerrado as portas, algumas forçadas pelo fim dos contratos de arrendamento.

No caso da loja Happy Shop, que tinha sido atribuída à Associação de Reabilitação Fu Hong, como forma de contribuir para a reabilitação de pessoas portadoras de deficiências, através da venda de produtos culturais, o encerramento aconteceu a 1 de Dezembro.

Por sua vez, o restaurante Seek Your Choice indicou que foi obrigado a fechar as portas, uma vez que o contrato de arrendamento tinha terminado. Segundo uma publicação do restaurante no Facebook, em Outubro do ano passado, e numa altura em que indicava “começar a ver o sol”, depois da pandemia, a empresa afirmou que ia tentar renovar contrato, o que acabou por não acontecer.

Concurso público

Ao concentrar o espaço e arrendá-lo como um todo, em vez de realizar o concurso público individualmente por cada loja ou restaurante, o FDC eliminou o espaço para as pequenas e médias empresa do território. Ao agregar os diferentes espaços, as concorrentes ficaram obrigados ao pagamento de uma renda muito mais elevada, que tinha como valor mínimo as 180 mil patacas.

Além da empresa estatal Agência de Viagens e de Turismo China (Macau), concorreram ainda a Companhia de Gestão de Catering Seek Your Choice Limitada, responsável pelo restaurante com o mesmo nome, que fez uma proposta de 180 mil patacas. Por sua vez, o Grupo CSI apresentou uma proposta de 180 mil e uma pataca. Registou-se ainda uma quarta proposta da Sparkling Will Limitada, que foi excluída, uma vez que a assinatura da concorrente não tinha sido reconhecida notarialmente, ao contrário do que as normas estipulavam.

Segundo as regras do concurso, entre os 12 espaços da Anim’Art, oito podem ser utilizados de acordo com a vontade a empresa exploradora, mas três têm de ser “destinadas a serviços de educação artística para famílias” e “actividades culturais comunitárias”. É também exigido que uma loja tenha de operar como “livraria de artes e cultura” e como local de venda de “produtos culturais e criativos de Macau”. Além disso, com autorizado do FDC, a concessionária pode subarrendar os espaços.

8 Jan 2024

Metro ligeiro | Raimundo do Rosário recusa críticas de Ron Lam

Após o deputado Ron Lam defender que a compra de um cabo que levou à suspensão do metro ligeiro durante meses devia ser investigada pelo CCAC, o secretário para os Transportes e Obras Públicas veio acusá-lo de espalhar “notícias falsas”

O gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas, recusou a veracidade de algumas críticas proferidas pelo deputado Ron Lam. Num comunicado em que diz responder “com firmeza”, mas sem nunca identificar o deputado, Raimundo do Rosários recusa que os serviços tenham “eliminado” informação sobre projectos públicos, e fala de “notícias falsas”.

Após o Comissariado de Auditoria (CA) ter encontrado falhas na compra de um cabo para o metro ligeiro, Ron Lam defendeu que os contornos do caso justificavam que fosse alvo de uma investigação pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), uma vez que tinha sido adquirido um cabo com padrões de qualidade inferiores aos exigíveis.

O membro das Assembleia Legislativa apontou igualmente num artigo publicado no Jornal do Cidadão, que tinha havido “omissão de factos evidentes” sobre o projecto e que mesmo como deputado não conseguia obter as informações sobre o metro, e que as respostas lhe chegavam através de comunicados públicos.

Na sexta-feira, o gabinete do secretário veio protestar contra a opinião do deputado e negar que tenha existido eliminação “de informações nos serviços públicos” ou “irregularidades na realização de tarefas” ou “no uso de materiais nas obras”. “Tendo em conta que essas alegações afectam gravemente os trabalhos realizados pelo Governo da RAEM, o secretário para os Transportes e Obras Públicas vem agora responder com firmeza sobre o assunto em causa”, foi indicado como justificação para o comunicado.

Disco duro

No artigo, Ron Lam apontava que documentos de “um disco rígido externo” tinham sido apagados pelo Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), tendo sido posteriormente recuperados pela Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP). Para o deputado, este procedimento levava a “suspeitar que alguns serviços públicos” tinham “tentado encobrir o caso, o que é um problema muito grave”.

No entanto, esta descrição é recusada pela tutela. “O Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) foi extinto em 1 de Outubro de 2019, e todos os documentos relativos às obras da responsabilidade desse gabinete foram gravados num disco rígido e, para serem consultados, é necessária a instalação de um sistema de gestão de documentos”, indica o comunicado. “Assim, claro é que não ocorreu qualquer ‘eliminação’ de documentos, nem ‘recuperação’ de informações pelos serviços públicos”, foi acrescentado. “O secretário para os Transportes e Obras Públicas repudia veementemente esta especulação meramente intuitiva e sem qualquer fundamento que põe em causa a credibilidade do Governo da RAEM”, foi completado.

O secretário recusou também que o concurso em que foram aceites as propostas para o metro ligeiro adoptasse como critério de qualidade os padrões do Interior.

“Antes de 2018, os sistemas electromecânicos das obras públicas de Macau não incluíam as normas nacionais como um dos critérios de projecto e de vistoria para efeitos de recepção da obra”, foi contextualizado. “O concurso público para a construção do sistema de circulação do Metro Ligeiro foi lançado em 2009, pelo que o conteúdo da proposta foi elaborado de acordo com as ‘normas técnicas e requisitos comuns na altura’, e que não ocorreu nenhuma ‘troca secreta’ de materiais ou ‘irregularidades na realização de tarefas ou no uso de materiais’”, foi acrescentado.

8 Jan 2024

Óbito | Wu Zhiwei, fundador da Quinta da Marmeleira, morreu aos 57 anos

Wu Zhiwei, empresário que se destacou por produzir vinhos em Portugal e promover a aproximação das relações entre a China e Portugal, sofreu uma “falência cardiovascular súbita”

 

O empresário de Macau Wu Zhiwei, que produzia vinhos em Portugal, morreu aos 57 anos, confirmou a empresa vitivinícola Quinta da Marmeleira, em Alenquer. De acordo com um comunicado publicado no portal da empresa na Internet, o fundador da Quinta da Marmeleira – Sociedade Agrícola Importação e Exportação, Lda morreu na terça-feira à noite “devido a falência cardiovascular súbita”.

A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário, “assegurando a estabilidade e o futuro próspero dos seus negócios”, lê-se ainda na nota. Além da manutenção “das políticas de desenvolvimento da empresa”, o comunicado prometeu a continuidade “das iniciativas de responsabilidade social que [Wu Zhiwei] tanto estimava”. O empresário, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), anunciou em Abril de 2020, no início da pandemia de covid-19, a doação de mais de 200 mil máscaras ao Ministério da Saúde português.

O objectivo foi “ajudar a proteger o pessoal da linha da frente no combate à doença em Portugal”, nomeadamente no Hospital de São João, no Porto, e no Hospital Santa Maria, em Lisboa, entre outras instituições públicas, disse na altura à Lusa uma fonte da Quinta da Marmeleira.

Na quinta-feira, a CCILC descreveu num comunicado Wu Zhiwei como “um dinamizador exemplar das relações Portugal-China” e “um empresário visionário”.

Para continuar

Lançada em 2015, a Quinta da Marmeleira produz mais de 200 mil garrafas de vinho, principalmente para exportação para o mercado do interior da China, em 100 hectares de área de cultivo. O projecto agrícola, situado em Alenquer, a cerca de 50 quilómetros a norte de Lisboa, acabou por ser um factor de combate ao desemprego na zona.

A quinta foi um dos locais visitados em Portugal, em Abril de 2023, por uma comitiva de 50 empresários de Macau, liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, no âmbito da primeira deslocação ao exterior do líder do Governo da região chinesa, Ho Iat Seng, após a pandemia.

Em Outubro de 2022, Wu Zhiwei avançou estar em andamento o processo de construção de uma nova adega na Quinta da Marmeleira, para enoturismo, para “dar a conhecer aos turistas chineses todo o processo de produção de vinhos, da uva ao produto final”. Na mesma altura, o empresário, nascido na província de Guangdong, adjacente a Macau, anunciou o lançamento de uma agência de viagens para “estabelecer uma ponte de ligação entre Portugal e China”.

“O objectivo é levar pessoas da China continental a Portugal para conhecer o país e a cultura e também levar portugueses a conhecer a China”, disse Wu Zhiwei, que também tinha negócios na área do imobiliário e da joalharia, em particular do jade. A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário.

7 Jan 2024

PS | Vítor Moutinho acusa partido de esquecer portugueses de Macau

No 24.º Congresso Nacional do PS, o delegado ao Congresso em representação de Macau criticou a imposição de restrições no acesso dos emigrantes ao Serviços Nacional de Saúde e a cobrança de mais-valias na venda de casas em território português

 

Vítor Moutinho, delegado ao Congresso do PS em representação de Macau, acusou partido de esquecer os portugueses do território, queixando-se de que estão a perder direitos e alertando para que a liberdade está a ser restringida. “Sim, camaradas, o PS, os representantes eleitos esqueceram-se de Macau, esqueceram-se de defender aquilo pelo qual os portugueses batalharam nestas últimas décadas, se não séculos”, acusou Vítor Moutinho, numa intervenção no 24.º Congresso Nacional do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O coordenador da secção do PS de Macau defendeu que “há valores inegociáveis que devem ser rapidamente respeitados” na região, onde “muito mudou nos últimos meses”.

“A liberdade de manifestação está a ser restringida, a liberdade de imprensa está a ser condicionada, e isto devia permanecer intocável até 2049. Mas parece que neste partido, no Governo, na diplomacia portuguesa se instalou uma doença estranha de esquecimentos colectivos. Esquecem-se das agendas, esquecem-se das decisões, esquecem-se das promessas, esquecem-se que há convenções a respeitar”, criticou.

Segundo Vítor Moutinho, talvez Manuel Pizarro, médico e ministro da Saúde, pudesse “estudar a causa desta doença repentina que é o esquecimento colectivo”.

“Nas últimas legislativas o PS alcançou pela primeira vez em Macau uma vitória esmagadora sobre a direita. Foi um trabalho intenso que tivemos, e nestes dois anos quase deitámos tudo a perder por não respeitarmos promessas que tivemos para com os cerca de 60 mil eleitores que ali existem”, disse.

O coordenador da secção considerou que “não pode o PS pedir o voto, dizendo que há direitos que são inegociáveis, e depois, sem explicações, cortar-se aos emigrantes o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) tendencialmente gratuito impondo regras absurdas aos portugueses emigrantes”.

A seguir, questionou, “por que é que um cidadão português que vive em Macau paga um imposto de mais-valia quando vende a sua casa diferente de um português que vive na Europa”.

À espera de sinais

No fim do seu discurso, dirigiu-se ao novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos: “As comunidades portuguesas estão à espera de um sinal. Há perguntas que urge responder com um programa político que assuma por direito e por inteiro a nacionalidade portuguesa e que integre por inteiro todos os portugueses, com direitos e deveres iguais, estejam eles na Maia, no Porto, em Londres, em França, em Bruxelas, em São Paulo ou em Macau. Somos todos portugueses”.

Vítor Moutinho apresentou-se como porta-voz de “um conjunto de cidadãos que em Macau ainda gostam da participação política, ainda gostam de Portugal e são indefectíveis apoiantes do PS”, que “a mais de dez mil quilómetros de distância lutam pelos valores socialistas, procuram promover a igualdade social, a justiça económica, a participação democrática, lutam pela liberdade”.

“Valores que o nosso fundador deixou em Macau. Em momentos em que somos obrigados a explicar quem é, o que é o PS a cidadãos que já pouco se lembram de Portugal, bastam duas palavras para os convencer: Mário Soares, aquele, o homem da mãozinha, o amigo bochechas, como carinhosamente é conhecido em Macau. Sim, camaradas, Mário Soares ainda é o referencial em Macau”, afirmou.

Foi Mário Soares quem “desbloqueou a nacionalidade de muitos chineses” e quem “garantiu a liberdade dos valores de um sistema que agora começa a estar em causa em Macau”, acrescentou.

O 24.º Congresso Nacional do PS marca a transição da liderança do partido de António Costa para Pedro Nuno Santos, que foi eleito secretário-geral nas eleições directas de 15 e 16 de Dezembro, com 61 por cento dos votos, contra José Luís Carneiro, que teve 37 por cento, e Daniel Adrião, que teve 1 por cento.

7 Jan 2024

GPM | Browning prova que a F3 ainda conta no caminho para a F1

Longe vão os tempos em que vencer o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 era um passaporte de entrada directa para a Fórmula 1, até porque hoje os lugares no “Grande Circo” ficam praticamente todos fechados antes do mês de Novembro. Contudo, para Luke Browning, o vencedor da última edição, o triunfo no Circuito da Guia pode não significar a subida directa à Fórmula 1, mas pelo menos significou que poderá continuar a sonhar em lá chegar

 

O piloto de 21 anos venceu o campeonato britânico de Fórmula 4 em 2020 e o campeonato GB3 em 2022, tendo ainda garantido o prestigiado troféu “Autosport BRDC Young Driver of the Year Award”, o que lhe permitiu testar um monolugar de Fórmula 1 da Aston Martin em Outubro passado. Como era natural, em 2023, Browning deu o salto para o Campeonato de Fórmula 3 da FIA e no mês de Abril foi admitido como membro da Williams Driver Academy. Para a sua temporada de estreia na disciplina, o inglês juntou-se à equipa Hitech Pulse Eight, uma das mais fortes do campeonato que o apoiou, visto que sozinho, Browning dificilmente conseguiria os meios financeiros para subir na pirâmide do automobilismo.

Todavia, o que parecia uma combinação perfeita equipa-piloto, acabou por ser uma temporada para esquecer, principalmente a segunda metade, recheada de incidentes. O melhor resultado de Browning na sua época de estreia na Fórmula 3 saldou-se num segundo lugar nas ruas do Mónaco.

A moral da equipa Hitech Pulse Eight para a viagem ao Oriente no mês de Novembro era tão grande que o patrão Oliver Oakes nem sequer viajou com a equipa para a RAEM, deixando na liderança da operação, o chefe de equipa, Paul Bellringer, que já não visitava Macau desde os anos 1980s, e então para trabalhar nas motos, assessorado pelo português Duarte Fidalgo, o mecânico chefe da equipa baseada em Silverstone. Por seu lado, Luke Browning sabia muito bem que se quisesse continuar a fazer parte da academia de pilotos da Williams e recuperar a confiança da equipa tinha que mostrar algo mais no Circuito da Guia. E assim foi.

Apesar de nunca ter corrido anteriormente entre nós, Browning esteve a um nível que nunca tinha demonstrado até aqui na Fórmula 3, conquistando por 0,006 segundos o melhor tempo no cômputo das duas sessões de qualificação, vencendo indiscutivelmente a “Corrida Classificativa” e conquistando a corrida final com a mesma autoridade, mesmo numa corrida que teve vários reinícios e em que teve que defender por diversas vezes a sua primeira posição. No final, o jovem piloto confessou que para este sucesso contribuiu o facto de ter visto e estudado ao detalhe todas as partidas da prova de Fórmula 3 das duas últimas décadas.

O esforço compensa

Após um triunfo tão categórico como inesperado na exigente prova de Macau, Browning não só viu a sua continuidade na Williams Driver Academy garantida, como também assegurou mais uma temporada no Campeonato de Fórmula 3 da FIA este ano ao serviço da equipa Hitech Pulse-Eight.

“Tenho muita fé na equipa que me rodeia, com as coisas que aprendemos ao longo da época do ano passado, acredito que seremos capazes de desenvolver as nossas competências e a capacidade de execução que mostrámos mais recentemente em Macau”, disse Browning, que depois do triunfo no Circuito da Guia dizia aos jornalistas sentir “um bocado surreal” colocar o seu nome ao lado de nomes como Ayrton Senna na lista de vencedores do Grande Prémio.

Sobre o seu futuro, Browing admite que “este Campeonato nunca será fácil, não só pelo nível dos pilotos, mas também pela natureza do campeonato. No entanto, tendo já visitado todas as pistas para onde vamos no próximo ano, acredito que estamos numa excelente posição para marcar pontos em todos os fins-de-semana de corrida. Estou muito grato à Williams Racing e à Hitech Pulse-Eight pelo seu apoio na nova época.”

Este novo contrato permite-lhe sonhar com um regresso a Macau no final do ano para tentar um segundo triunfo na corrida de Fórmula 3 e caso o faça, e depois da imagem que deixou em 2023, certamente ninguém lhe roubará o título de “grande favorito” à vitória.

5 Jan 2024

Português | Chineses em Macau adoptam diversos modos de aprendizagem

Os estudantes chineses de português em Macau adoptam diversas estratégias de aprendizagem da língua, não existindo um método uniforme. Além disso, o ambiente multilingue do território beneficia os estudantes que vêm da China. As conclusões são de um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau

Um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau (UPM), conclui que não existe, da parte dos estudantes chineses de português em Macau, um método de aprendizagem uniformizado, sendo que cada um escolhe técnicas que passam pela memorização, uso de materiais didácticos diversos, linguagem usada no dia-a-dia ou ferramentas que ajudam na compreensão oral do idioma, tendo como base, muitas das vezes, estratégias de aprendizagem já usadas com o inglês.

Em “Um Estudo de Caso das Estratégias de Aprendizagem de Estudantes Universitários Chineses no Ambiente Multicultural de Macau”, recentemente publicado no International Journal of Education and Humanities, conclui-se que existe, no ensino superior de Macau, “um carácter dinâmico das estratégias de aprendizagem da língua, bem como a sua variabilidade individual”.

Hao Ian Chen desenvolveu este estudo com base nas experiências de quatro alunos de diferentes universidades locais, vindos da China. Dois deles estiveram em Macau no contexto de um intercâmbio de um ano.

O artigo conclui que “cada um deles implementou ajustamentos estratégicos para ultrapassar as dificuldades de aprendizagem do português com que se deparou face às mudanças no ambiente de aprendizagem e às mudanças cognitivas que daí resultaram”.

O trabalho académico destaca ainda que essas estratégias de aprendizagem eram semelhantes, apresentando, contudo, “trajectórias de desenvolvimento diferentes, reflectindo a natureza dinâmica das estratégias de aprendizagem de línguas, a sua certeza e incerteza”.

Apresenta-se o exemplo da aluna D, que através da leitura e da memorização “de um grande número de artigos em português” conseguiu “a acumulação de vocabulário e aplicações gramaticais”. A estudante usou ainda o vocabulário e estruturas gramaticais na vida real a fim de melhor as memorizar.

Desafios do multilinguismo

O estudo em questão fala ainda dos “desafios colocados pelo ambiente multilingue à aprendizagem e utilização da língua pelos participantes”, sendo que, no caso dos estudantes vindos do continente, esse multilinguismo tão presente em Macau os ajudou no ensino.

“O ambiente multilingue de Macau teve um impacto positivo nos dois participantes do continente que estudaram em Macau, principalmente em termos de ensino multilingue na sala de aula e de comunicação com falantes nativos de português”, lê-se.

O relatório fala ainda de um “certo grau de correlação” entre os métodos de aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e de aprendizagem de um segundo idioma, pois “os quatro participantes seguiram as estratégias eficazes de aprendizagem do inglês no passado, combinando-as depois com as suas próprias situações para formar um novo modo de aprendizagem”.

O artigo destaca ainda a necessidade de compreensão por parte dos professores e educadores quanto “à diversidade das estratégias de aprendizagem e diferenças individuais, não para mudar à força as estratégias de aprendizagem dos alunos, mas para os ajudar a compreender o impacto complexo do ambiente de aprendizagem e as características dos seus próprios factores individuais na sua aprendizagem”.

5 Jan 2024

Combustíveis | Governo defende subida de preços

Contrariando as queixas da população, o Conselho de Consumidores indica que os preços dos combustíveis em Macau tiveram um aumento inferior ao praticado em Hong Kong e Zhuhai

 

O Conselho de Consumidores considera que o território registou uma menor subida média do preço da gasolina em comparação com Hong Kong e Zhuhai. A defesa da eficácia das medidas de supervisão foi deixada em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

“Em comparação com o início de Janeiro de 2020, o preço médio na venda a retalho da gasolina sem chumbo em Hong Kong, Zhuhai e Macau teve uma subida aproximada de 6,34, 1,82 e 1,66 patacas por litro, respectivamente, em comparação com o início de Dezembro de 2023”, pode ler-se na resposta, assinada por Ao Weng Tong, vice-presidente do Conselho de Consumidores.

A resposta visa os preços da gasolina sem chumbo 98, uma vez que em Macau não está disponível a gasolina sem chumbo com 95 octanas, um tipo de gasolina mais barato, mas que em teoria resulta num desempenho menos eficiente das viaturas. Em relação à introdução da gasolina sem chumbo 95, Ella Lei pediu um ponto da situação e recordou que em Novembro o secretário para a Economia e Finanças tinha prometido a introdução deste combustível na RAEM.

Para o futuro

A réplica de Ao Weng Tong tem por base as informações da Direcção de Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT). Segundo o responsável, a DSEDT ainda está a “estudar a viabilidade de introduzir novos combustíveis”, junto dos importadores. “Como a introdução de novos combustíveis no mercado exige uns certos ajustamentos e configurações nos barcos de transporte, infra-estruturas de armazenamento e nos camiões de transporte, etc., a indústria ainda precisa de tempo para estimar os custos”, foi acrescentado.

Neste aspecto, foi igualmente indicado de que no futuro, quando se realizarem concursos públicos para atribuição de mais terrenos para a instalação de bombas de combustível, poderá ser exigido aos operadores que introduzam novos produtos.

Sobre os trabalhos de fiscalização, o CC indicou que existe uma equipa “interdepartamental” que acompanha “as tendências internacionais dos preços”, “os preços de importação” e os “preços na venda a retalho” e que também segue as condições de mercado no Interior e em Hong Kong.

5 Jan 2024

Habitação intermédia | Lam Lon Wai questiona suspensão de construção

A reduzida procura por habitação económica leva o deputado da FAOM a questionar as razões que levaram o Executivo a suspender a construção de habitação intermédia na Avenida Wai Long

 

O deputado Lam Lon Wai está preocupado com a decisão do Governo de suspender a construção de habitação intermédia, e quer saber o que vai ser feito, quando a procura por este tipo de habitação aumentar. A questão faz parte de uma interpelação oral que vai ser feita na Assembleia Legislativa, na próxima segunda-feira, pelo legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Ho Iat Seng anunciou no final do ano passado a suspensão da construção de habitação intermédia, justificando a medida com a “redução do número de candidatos à habitação económica”. Na altura, o Chefe do Executivo prometeu ser apenas uma suspensão e ainda guardar os terrenos da Avenida Wai Long para o efeito, como estava planeado.

No entanto, o Governo encomendou um estudo à Universidade de Macau para reavaliar a política de habitação, principalmente no que diz respeito à construção de apartamentos na Zona A dos Novos Aterros. Na pergunta que vai ser colocada, Lam Lon Wai quer saber quando é que o estudo vai estar concluído.

“Quando é que essa avaliação vai estar concluída? O Governo vai ajustar, quanto antes, o plano de construção de habitação pública, tendo em conta os respectivos resultados?”, questiona o deputado.

Lam avisa também que, com a suspensão do projecto, a resposta às necessidades habitacionais da população pode ser atrasada: “Com a mudança das políticas e do ambiente do mercado, também muda a estrutura da oferta e da procura. A construção de habitações intermédias pode demorar, no mínimo, três anos, e se for suspensa, será difícil a sua articulação com as necessidades”, alertou.

As conclusões do estudo podem servir como factor para legitimar o Governo a abdicar da promessa de construção de 28 mil habitações económicas, o que pode levar as pessoas a terem de comprar casa no mercado privado ou mudarem-se para a Ilha da Montanha.

Outra alternativa?

O mais recente concurso para a venda de habitação económica visa a venda de 5.415 apartamentos. Inicialmente o concurso deveria ter terminado a 27 de Dezembro do ano passado, mas foi prolongado até 26 de Abril deste ano, devido ao reduzido número de candidaturas.

Até ontem, contabilizavam-se 4.127 candidaturas para as 5.415 fracções. O facto de os compradores só poderem vender no futuro as casas ao preço de compra ao Instituto de Habitação, excluídos os custos de eventuais obras, e de os preços ainda não serem conhecidos, terá contribuído para uma redução do interesse por estas casas.

Face ao cenário da diminuição do interesse na habitação económica, Lam Lon Wai quer saber que terrenos na Zona A vão ser utilizados para construir habitação intermédia. “Há quem entenda que a Avenida Wai Long não é o local adequado para a construção de habitação intermédia, então, se a procura de habitação económica diminuir e a oferta for suficiente, o Governo vai ponderar sobre a finalidade dos terrenos planeados e mudar de habitação económica para habitação intermédia?”, questiona o deputado.

5 Jan 2024

Metro | Pedida investigação do CCAC sobre compra de cabo

A compra e instalação de um cabo de qualidade duvidosa levou à suspensão do metro ligeiro durante meses. Para o deputado Ron Lam o incidente deve ser investigado, dado que anteriormente o Governo tinha garantido que os materiais cumpriam os padrões de qualidade

 

O deputado Ron Lam defende que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) deve investigar a compra do cabo eléctrico que obrigou à suspensão do metro ligeiro durante meses. A posição foi tomada em declarações prestadas ao Jornal do Cidadão, na sequência de um relatório do Comissariado de Auditoria (CA) sobre o caso.

De acordo com as conclusões do CA, os danos sofridos pelo cabo que obrigaram à suspensão do metro ligeiro deveram-se ao facto de o cabo inicialmente instalado não cumprir os padrões mínimos de qualidade. Sobre o incidente, Ron Lam indicou que para a maioria da população o metro ligeiro é visto como um “elefante branco” e a opinião sobre o projecto é negativa.

Face a esta situação, mantém a esperança de que o CCAC investigue os procedimentos de compra, de forma a legitimar o projecto junto da sociedade, e para aumentar a confiança da população sobre este meio de transporte.

Na opinião do deputado, o relatório do CA veio a público mostrar que houve uma falha “inaceitável” cometida por todos os envolvidos, desde o Governo, à empresa de consultoria e ao fornecedor. Por outro lado, Ron Lam destacou o facto de o antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes, responsável pelo projecto no início, ter “omitido factos evidentes”.

Debaixo do tapete

O deputado criticou ainda os responsáveis, porque, no seu entender, se não fosse o CA, nunca se teria conhecimento da natureza dos problemas relatados. O legislador considerou igualmente negativo o facto de no passado ter pedido várias vezes informações sobre o metro, mas apenas ter obtido respostas através de comunicados.

Ron Lam recordou ainda que confrontou Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, com o assunto na Assembleia Legislativa, e lhe foi respondido que não tinham sido utilizados materiais com qualidade inferior: “Os procedimentos foram concretizados, não utilizámos materiais com qualidade inferior, não cometemos erros nem saltámos nenhum passo [na construção”, citou, sobre a resposta do secretário.

Na opinião de Lam, face às respostas do secretário, o problema não devia ter acontecido, pelo que é necessário averiguar o que se passou, até porque o CA apontou existir problemas de supervisão nas obras do metro.

Também a deputada Ella Lei abordou o caso, e defendeu que o Governo deve assumir um maior papel na fiscalização dos trabalhos, mesmo quando contrata empresas para desempenhar essa função. A legisladora defendeu que deve ser o Governo a assumir o maior papel, porque se tratam de áreas muito específicas com as quais a população não tem competência para lidar, pelo que não consegue detectar os problemas.

5 Jan 2024

História | Jornalista João Botas descobre diário inédito com cerca de 200 anos

O jornalista João Botas, autor de diversas obras sobre a história de Macau, diz ter descoberto um diário de uma norte-americana, esposa de um comerciante que vinha a Macau e à China com frequência. O acesso a uma versão dactilografada, com muitos anos, permite descobrir relatos de uma época em que o comércio fervilhava no sul da China

 

Chamava-se Sarah, acompanhou o marido, comerciante, nas inúmeras viagens que realizou para fazer negócios em Cantão e deixou um diário que hoje tem cerca de 200 anos. O jornalista João Botas, autor de diversos livros sobre a história de Macau, diz ter descoberto uma versão muito antiga, dactilografada, do documento, graças às constantes pesquisas que realiza para o blogue Macau Antigo. Trata-se, no relato que fez ao HM, de “um diário inédito”, sendo que, até à data, “se desconhece o paradeiro do documento original”.

“Depois de múltiplas verificações posso garantir que se trata de um relato verídico”, conta João Botas, que chegou ao contacto com descendentes de Sarah e do marido que não querem dar o nome. O jornalista espera vir a poder publicar este diário que se revela muito semelhante a tantos outros escritos deixados por estrangeiros, incluindo esposas de comerciantes franceses, ingleses ou americanos que passaram por Macau, graças ao comércio que se praticava na altura com a China.

João Botas diz mesmo que o diário de Sarah se revela semelhante aos escritos já divulgados e estudados de Rebecca Kinsman e Harriet Low, datados das primeiras décadas do século XIX, “mas com informação mais rica a vários níveis”.

Segundo o autor do blogue, este diário “foi escrito com o objectivo de ocupar os tempos livres”, pois o marido de Sarah “passava muito tempo em Cantão”. “Esta não era a primeira vez que viajava até Macau, mas foi a primeira vez que decidiu escrever um diário. Ao todo a viagem, ida e volta, durou 317 dias! Quase um ano. Só em navegação passaram cerca de 200 dias, ida e volta.”

“A estadia em Macau é de cerca de um mês, período em que, além dos passeios diários, eram frequentes as visitas às residências de outros estrangeiros, para beber chá, conversar, ouvir alguém tocar piano ou para participar em jantares mais formais.”

Sarah gostava ainda de ler, referindo, nas páginas do diário, “inúmeros livros, obras históricas de referência sobre a Ásia, o Japão ou a Índia”.

Negócios florescentes

A época a que se remete o diário passa pelos anos em que a Companhia Britânica das Índias Orientais deixou de ter o exclusivo do comércio com a China e outras nações começaram a ter negócios no país, usando Macau como ponto de ligação. Era também a época dos cules, trabalhadores pouco qualificados da China que eram transportados quase como escravos para trabalhar na agricultura em diversos pontos do globo.

“A linguagem utilizada [no diário] é simples, mas o elevado número de pessoas mencionado obriga a muita pesquisa de contextualização, nomeadamente, sobre quem eram e o que faziam naquela época. É o que estou a fazer nesta altura, e está quase pronto”, relata João Botas, que diz estar em conversações com entidades públicas de Macau para a edição do livro.

Os escritos de Sarah permitem-nos “viajar até à Macau de meados do século XIX, com muitas descrições de espaços, ruas e edifícios, permitindo fazer o retrato da comunidade de estrangeiros ocidentais que viviam no território, que eram poucas dezenas” numa população que, à data, não tinha mais do que 35 mil pessoas, a maioria chineses, e com apenas 4.500 portugueses e macaenses.

“Como os estrangeiros ocidentais não podiam comprar propriedades no território, arrendavam casas aos portugueses e macaenses mais abastados. Esta era uma importante fonte de rendimentos numa altura em que já se fazia sentir algum declínio na actividade comercial fruto do surgimento de Hong Kong em 1842”, explica o jornalista.

Passear na rua

Sarah escreveu sobre os passeios que realizou em Macau, um deles bem perto da fortaleza do Bom Parto, no sopé da Colina da Penha. “Desde que aqui cheguei tenho-me divertido muito. Todos os dias, às cinco e meia, saímos para passear. (…). À tarde fomos todos para a baía do Bispo*, um lugar lindo, com praia para caminhar e muitas conchas. (…) No domingo fui com eles à igreja. Confundimos a hora e só chegamos lá mais de meia hora depois do início do culto. O regresso da igreja para casa foi encantador já passava um pouco das seis da tarde. Esta cidade de Macau é um local encantador, repleto de cenários pitorescos. (…)”, lê-se, segundo tradução feita pelo próprio João Botas de um excerto do diário.
Sarah descreve ainda um outro passeio, feito numa segunda-feira, quando jantaram e tomaram chá “na casa da Sra. Nye”.

“(…) Levei a minha cadeira até à Praia porque as ruas são estreitas demais para uma carruagem. Fizemos um passeio bastante longo e agradável, conhecemos vários grupos que andavam a cavalo e duas ou três outras carruagens. (…)”, escreveu ainda a americana.

Não falta ainda um relato da Casa Garden, onde hoje funciona a sede da Fundação Oriente (FO), e a Gruta de Camões. “À tarde visitamos a Casa Garden. É de facto um local encantador – abundância de belas árvores que sombreiam os belos passeios sinuosos e é constante o encontro com imensas rochas, por vezes isoladas, outras vezes empilhadas umas sobre as outras. A gruta de Camões, poeta português, é um local de grande atracção. É um sítio curioso, composto por três rochas imensas – duas em pé, a vários metros de distância uma da outra, a terceira repousando imediatamente sobre a abertura, formando uma divisão fresca e protegida, aberta em cada extremidade. (…)” À data, a Casa Garden pertencia ao comendador Lourenço Marques que a arrendava aos comerciantes estrangeiros.

A americana descreve ainda no diário o ambiente de Cantão, cidade do sul da China. “Chegamos a Cantão por volta das cinco da manhã. (…) Depressa desembarcamos e fomos até à residência dos Parker. (…) Passamos três dias e três noites muito agradáveis na casa do médico. Saí para fazer compras em Cantão, mas apenas uma vez e fui com a Sra. Parker. Estas compras perderam para mim muito da novidade. Este ano foi muito desagradável por causa das multidões nas ruas que se preparavam para duas das suas festas religiosas – o ‘Festival das Lanternas’ e uma outra, de que não me lembro o nome, embora a tenha testemunhado no ano passado, quando estive em Cantão. (…)”

Segundo João Botas, a referência feita a Parker remete para Peter Parker, nascido em 1804 e falecido em 1888, médico e missionário dos EUA. Este chegou à China em 1834 onde deu a conhecer pela primeira vez as técnicas da medicina ocidental, incluindo a anestesia. Em 1838 criou um hospital ligado à oftamologia em Macau, onde viveu durante algum tempo.

Por sua vez, Harriet Colby Webster Parker era esposa de Peter Parker, tendo sido a primeira mulher ocidental a viver na China.

4 Jan 2024

Diáspora portuguesa | Macau presente em núcleo regional de Conselho

Macau está representado no recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa através de António Menano, secretário-geral da MGM China, e do CEO do BNU, Carlos Cid Álvares. Este espera efeitos ao nível do crescimento económico português e aumento de exportações e importações

 

São 13 os conselheiros ligados ao recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa, uma entidade fundada em 2012 com o objectivo de potenciar negócios e a presença portuguesa em todo o mundo. Macau está representado neste grupo de conselheiros com António Menano, secretário-geral da MGM China Holdings, e Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Ao HM, o responsável adiantou apenas ter “todo o interesse” que “Portugal veja o seu nome enaltecido no estrangeiro e que o trabalho dos elementos do Núcleo tenha efeitos práticos ao nível do crescimento económico, aumento das exportações e importações”.

Carlos Cid Álvares acrescentou também que Macau desempenha um papel importante para se desenvolver enquanto “plataforma de negócios entre os países de língua portuguesa e a China”. “Tudo o que podermos fazer para aumentar esse papel [de Macau] será francamente positivo para as empresas portuguesas e dos países de língua portuguesa que queiram aumentar o volume de negócios na China”, frisou.

Segundo um comunicado do Conselho da Diáspora Portuguesa, um dos principais objectivos da criação do Núcleo Regional é “fortalecer as conexões entre os actores económicos da região”, bem como “estabelecer uma extensa rede de parceiros dentro da comunidade portuguesa em toda a Ásia e Oceânia”. Pretende-se ainda “estimular uma compreensão mais profunda da região para promover os interesses de Portugal de modo eficaz”.

Eventos e documentos

Constituído em 2012, o Conselho da Diáspora Portuguesa foi criado com o apoio da Presidência da República portuguesa e do Ministério dos Negócios Estrangeiros. João Graça Gomes, coordenador do Núcleo Regional, considera que o objectivo da criação de três núcleos regionais foi o de “descentralizar” e agilizar o trabalho que vinha sendo feito na organização de eventos e outras actividades promocionais de Portugal.

“A Ásia é uma região muito dinâmica, temos grandes economias como a China, Índia ou Japão, e o Núcleo Regional pretende reflectir sobre o que está a ser feito na Ásia e pode ser aplicado em Portugal. Estamos a planear a realização de vários seminários online para este ano e a produzir uma espécie de ‘documento branco’ sobre [o panorama de desenvolvimento] da região nos próximos cinco ou dez anos, identificando as grandes áreas económicas nos países. A China, por exemplo, destaca-se nas energias renováveis, e em Portugal o país é um dos maiores investidores no sector energético.”

Relativamente à ligação com Macau, João Graça Gomes entende ser “o centro” na Ásia dada a histórica presença portuguesa de quase 500 anos. “A comunidade portuguesa em Macau é numerosa. Portugal tem muitas parcerias com universidades locais e persiste o Direito de Macau de inspiração portuguesa. Queremos envolver-nos na área da investigação científica, podendo construir pontes entre universidades de Macau e com zonas onde haja diáspora portuguesa.”

Em termos de actividades, os conselheiros de Macau podem potenciar “reflexões mais teóricas ou actividades mais práticas na área da investigação científica e parcerias com universidades”.

Essencialmente, o Conselho pretende “atrair novos investimentos para Portugal contribuindo para o que já existe”. “Temos uma visão de abertura e colaboração [com outras entidades]. Estamos dispostos a criar um polo agregador com as comunidades portuguesas, órgãos governamentais, a rede consular e até a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], fazendo uma ponte sem nos substituirmos a ninguém”, rematou.

João Graça Gomes afirmou ainda que o Conselho pretende “auxiliar Portugal a aumentar a sua imagem no estrangeiro e a alargar o softpower”.

4 Jan 2024

Jogo | Número de promotoras cai para metade

De acordo com a lista publicada pela DICJ, existem 18 promotores de jogo a operar em Macau, o que significa uma quebra de 50 por cento, em comparação com o início de 2023

O número total de empresas promotoras do jogo licenciadas no território caiu para metade ao longo do último ano. A revelação foi feita pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que publicou o número de junkets licenciados no início do ano.

Em Janeiro do ano passado, quando o território ainda estava a ser afectado pela política de zero casos de covid-19, estavam registadas junto do regulador 36 empresas de promoção de jogo. Contudo, um ano depois, o número caiu para 18 registos. A informação do portal da DICJ não indica os motivos que levaram a que o número de promotores do jogo caísse para metade, num ano em que as receitas do jogo mostraram uma tendência de recuperação.

No ano passado, as receitas brutas do jogo atingiram 183,1 mil milhões de patacas, números que contrastam com os 42,2 mil milhões de patacas declarados como receitas do sector em 2022, no que representou um aumento de 333,8 por cento.

As empresas promotoras de jogo actuam junto dos grandes apostadores, e tentam atrai-los para os diferentes casinos, a troco de uma comissão. Durante muitos anos, foram utilizadas para cobrar dívidas no Interior e movimentar dinheiro do Interior para apostar nos casinos locais.

No entanto, desde 2021 que o sector vive tempos difíceis. Além das campanhas no Interior e em Macau contra os agentes das promotoras, como aconteceu com os casos mediáticos contra os grupos Suncity e Tak Chun, houve igualmente uma alteração às leis do sector, que além de estabelecerem limites para o número de empresas de promoção proíbem ainda a partilha das receitas dos casinos.

Abaixo do limite

Os números revelados pela DICJ mostram também que a quantidade de promotores de jogo registada está abaixo dos autorizados pelo secretário para a Economia e Finanças. Desde 2022 que a lei da actividade de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino atribuiu poderes ao Executivo para definir o número de junkets autorizado a operar.

Para este ano, Lei Wai Nong tinha definido um limite máximo de 50 promotores. O número actual apenas preenche 36 por cento das inscrições disponíveis. Entre as vagas para as 50 quotas para promotores, 12 foram atribuídas à concessionária Venetian Macau, e o mesmo aconteceu com a SJM Resorts. As concessionarias MGM Grand Paradise e Mel Resorts têm cada uma oito vagas e a Galaxy Casino e Wynn Resorts cinco vagas, cada.

4 Jan 2024

Novo Bairro | Macau Renovação Urbana defende criação de oligopólio

A empresa com capitais públicas considera que seguiu os procedimentos normais e os “princípios de justiça” ao autorizar que apenas cinco agências imobiliárias possam participar na venda de apartamentos construídos com dinheiro da RAEM

 

A Macau Renovação Urbana considera ter actuado de acordo com os “procedimentos normais”, na criação de um oligopólio em que apenas cinco agências imobiliárias estão autorizadas a vender os apartamentos no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha. As declarações foram prestadas por Chan Ion Kei, responsável do projecto da Macau Renovação Urbana, na terça-feira, quando foram entregues as primeiras fracções a residentes.

A questão tem sido alvo de controvérsia em Macau, por dois motivos: várias agências imobiliárias no território sentem-se discriminadas por parte do Governo da RAEM, e também porque as vendas através dos agentes imobiliários, que cobram uma comissão, são concluídas mais rapidamente do que as realizadas directamente junto da Macau Renovação Urbana.

Questionado sobre estes dois aspectos, segundo o relato do jornal All Aout Macau, Chan Ion Kei afirmou que a escolha das cinco agências para a vendas dos apartamentos foi feita “com base nos princípios de justiça” e de acordo “com os procedimentos normais”.

No entanto, Chan não indicou quais os procedimentos adoptados nem sem existe a possibilidade de no futuro haver uma liberalização do mercado de venda dos apartamentos dos agentes.

Liberdade no mercado

Apesar da criação do imobiliário, Chan Ion Kei não se coibiu de defender que existe liberdade no mercado, uma vez que os residentes podem sempre escolher não comprar as fracções.

Por outro lado, o responsável pelo projecto reconheceu que a venda feita através das agências imobiliárias é mais rápida do que as realizadas directamente pela companhia. Segundo as explicações de Chan, as agências imobiliárias têm mais pessoal para verificar os documentos entregues pelos potenciais compradores, assim como custos mais baixos com o pessoal.

Chan reconheceu ainda que no caso da empresa Macau Renovação Urbana receber directamente muitos pedidos pode não ter condições de satisfazê-los.

De acordo com os dados divulgado na terça-feira, desde 28 de Novembro, dia em que os apartamentos no Novo Bairro de Macau em Hengqin começaram a ser vendidos, apresentaram-se mais de 1.000 candidatos para adquirirem fracções.

No mesmo sentido, foi indicado que não houve ainda qualquer residente a perder o sinal pago com a promessa de compra e venda das fracções, devido a desistência do negócio.

4 Jan 2024

DSAMA | Incentivada promoção de negócios de cruzeiros

Dirigentes da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e da Água sugeriram ontem no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau que empresas e concessionárias de jogo devem desenvolver mais negócios relacionados com passeios temáticos em cruzeiros para o desenvolvimento das zonas costeiras do território

 

Kuok Kin, subdirector da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), disse ontem no Fórum Macau, programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, que existe um incentivo para que empresas e concessionárias de jogo desenvolvam mais passeios temáticos com cruzeiros em torno das zonas costeiras de Macau, no contexto da consulta pública sobre a gestão das áreas marítimas em curso.

A informação foi avançada depois de um ouvinte sugerir a realização de mais passeios de cruzeiro no programa que debatia os conteúdos sobre as propostas do Governo relativas ao Zoneamento Marítimo Funcional, o Plano das Áreas Marítimas e a Lei de Uso das Áreas Marítimas.

“Estimulamos a que haja uma maior cooperação com empresas ligadas à área da navegação, bem como empresas de jogo. Os passeios de cruzeiro em Macau podem ter características próprias, e temos, por exemplo, a zona histórica do Porto Interior com a ligação à pesca como actividade tradicional. Temos também zonas de turismo e lazer modernas na parte traseira do Canal de Macau”, disse. Esta zona, situada entre os canais da Taipa e do Porto Exterior, é também conhecida como o canal de acesso ao Porto Interior, estando perto de vários resorts.

Saber aproveitar

Kuok Kin apontou ainda que as paisagens situadas entre a Zona de Cooperação Aprofundada e Macau podem ser aproveitadas, com as empresas a terem “várias oportunidades” de exploração dos negócios ligados aos cruzeiros. Estas podem “apostar na diversificação dos sectores da restauração e entretenimento” através dos cruzeiros, apontou o dirigente da DSAMA.

Uma vez que a presença de cruzeiros ou a realização de regatas acontecem a curto prazo, não envolvendo uma utilização permanente das zonas marítimas, Kuok Kin assegura que há uma maior facilidade de utilização desses locais pois não é necessário pedir uma licença.

“O Zoneamento Marítimo Funcional e o Plano das Áreas Marítimas [são propostas] que pensam nestas questões, delimitando as zonas para fins turísticos, culturais e desportivos para projectos de turismo e lazer”, explicou ainda.

Recorde-se que a consulta pública em curso diz respeito à gestão dos 85 quilómetros de área marítima atribuídos pelo Governo Central a Macau. Kuok Kin aponta que as propostas do Executivo neste âmbito visam o bem-estar da população e o futuro desenvolvimento do território. A consulta pública termina dia 16 de Fevereiro.

Ilha ecológica só em 2040

Kuok Kin, subdirector da DSAMA, adiantou também, no contexto da sua ida ao programa radiofónico Fórum Macau, que a ilha ecológica pensada para servir de aterro a resíduos de construção urbana só deverá ser uma realidade em 2040. Segundo a TDM Rádio Macau, o dirigente frisou que o objectivo da ilha artificial é solucionar o problema do actual aterro em Coloane que praticamente já não tem capacidade para acolher mais resíduos.

4 Jan 2024

Airbus envia especialistas a Tóquio para investigação sobre colisão de aviões

A Airbus anunciou o envio de uma equipa de especialistas para participar nas investigações sobre a colisão de um A350 da companhia Japan Airlines hoje, no aeroporto de Tóquio, com uma aeronave da Guarda Costeira, vitimando cinco ocupantes.

Num comunicado, o construtor aeronáutico europeu explicou que esses especialistas ajudarão as autoridades encarregadas da investigação sobre o acidente, a Comissão de Segurança nos Transportes do Japão (JTSB) e o Gabinete de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil de França (BEA).

Um Airbus de Japan Airlines com 379 ocupantes procedente de Sapporo, no norte do Japão, embateu, ao aterrar no aeroporto de Tóquio Haneda, com um avião da Guarda Costeira japonesa, um DHC-8, de cujos seis ocupantes apenas sobreviveu o piloto, ferido com gravidade.

Todos os passageiros e tripulantes do Airbus foram retirados em segurança da aeronave em chamas numa das pistas do aeroporto. O fabricante europeu indicou que, por enquanto, não são conhecidas as circunstâncias exatas do que aconteceu. A Airbus tinha entregado ao Japão esse A350, registado com o número JA13XJ, a 10 de novembro de 2021, ao sair da linha de montagem. Os seus motores são reatores do tipo Trent XWV da Rolls-Royce.

3 Jan 2024

CEM | EDP vende participação a China Three Gorges

A Energias de Portugal vai vender a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau, e desfazer-se das suas acções na subsidiária Energia Ásia Consultoria por 889 milhões de patacas

 

A Energias de Portugal (EDP) vendeu a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau (CEM) à empresa estatal China Three Gorges, por 100 milhões de euros (889 milhões de patacas). A informação foi divulgada sexta-feira, através de um comunicado da empresa com sede em Portugal, que tem como maior accionista a própria China Three Gorges.

A participação de 21,2 por cento da EDP na CEM era detida através da Energia Ásia Consultoria, uma subsidiária da eléctrica portuguesa que tem como único activo a participação na empresa de Macau.

“A Energia Ásia é uma subsidiária detida a 50 por cento pela EDP […] cujo único activo é a participação de 21,2 por cento na Companhia de Electricidade de Macau – CEM, S.A., que atua como concessionária exclusiva nas actividades de transmissão, distribuição e comercialização de electricidade em Macau desde 1985”, foi esclarecido, através do comunicado enviado pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O negócio por parte da EDP foi justificado com a “realocação do capital” para as suas actividades principais: “Esta transação está totalmente alinhada com o Plano de Negócio 2023-2026 da EDP, permitindo a realocação do seu capital nas suas atividades principais”, foi indicado. “A transação está sujeita ao cumprimento de condições precedentes regulamentares e outras condições usuais para uma transação desta natureza”, foi acrescentado.

História que se repete

A venda pela EDP ao seu principal accionista segue a linha de um outro negócio, concluído em Dezembro de 2014, também com a China Three Gorges que se tinha tornado a maior accionista da empresa portuguesa. Na altura, a EDP detinha 100 por cento da Energia Ásia, então denominada EDP Ásia, que por sua vez tem a participação de 21,2 por cento na CEM.

Em 2014, o comprador foi igualmente a China Three Gorges, indirectamente, através da empresa ACE Asia. O preço acordado foi cifrado em 94 milhões de euros, semelhante aos valores que agora foram praticados. Os dois negócios significam que a China Three Gorges passa a deter totalmente a participação de 21,1 por cento na CEM.

Apesar das mudanças na estrutura accionista, a eléctrica local continua a ter como maior accionista outra empresa estatal chinesa, a Nam Kwong, com uma participação de 42 por cento. Segue-se a China Three Gorges, através da Energia Ásia Consultoria, Polytech Industrial Limites (10,9 por cento), Asiainvest – Investimentos e Participações (10,1 por cento), a RAEM (7,8 por cento), a China Power International Holding (6 por cento) IAM (0,4 por cento), Caixa Económica Posta de Macau (0,02 por cento) e outros investidores (1,4 por cento).

3 Jan 2024

Jogo | Receitas de Dezembro com segundo valor mais alto de 2023

As receitas do jogo chegaram aos 18,6 mil milhões de patacas em Dezembro, o que contribuiu para que em 2023 o número se tenha fixado nas 183,1 mil milhões de patacas

 

As receitas do jogo atingiram em Dezembro 18,6 mil milhões de patacas, o segundo valor mais elevado desde o início da pandemia, segundo os dados divulgados na segunda-feira.

De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos arrecadaram cinco vezes mais do que em igual mês de 2022. O recorde pós–pandemia, 19,5 mil milhões de patacas, foi fixado em Outubro, graças à chamada Semana Dourada do 1.º de Outubro, quando se assinala o aniversário da implementação da República Popular da China.

Apesar da recuperação em termos anuais, as receitas da indústria do jogo em Dezembro representaram apenas 81,3 por cento do montante contabilizado em igual período de 2019 (22,8 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia.

O ano de 2023 fechou com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas nos casinos, quatro vezes mais do que no ano anterior. Este valor ultrapassou o previsto no orçamento de Macau para 2023, que era de 130 mil milhões de patacas.

Além disso, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada em 2023 representa apenas 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019.

Falta de infra-estruturas

Confrontado com os resultados, o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee, considerou que os números estão a ser afectados pela falta de infra-estruturas. “Estamos a ver hoje exactamente a mesma coisa que em 2013 e em 2019: ocupação hoteleira muito elevada, seguida de custos de alojamento muito elevados e, mais importante, falta de transporte público ou privado para os turistas se movimentarem em Macau”, afirmou Lee, em declarações à Agência Lusa.

Apesar disso, o analista não deixou de reconhecer que o número está acima do esperado: “É provavelmente mais do que as pessoas estariam à espera no início do ano”, admitiu. Ben Lee indicou também que “a maioria da recuperação” foi gerada pelo mercado de massas, composto por pequenos apostadores, que não recorrem a crédito das operadoras de casinos.

Lee destacou também que o segmento de massas “está muito perto dos valores de 2019”. Em relação ao novo ano, o analista afasta o cenário de regressarem os montantes de 2019, porque tal “não seria aceitável politicamente” para o Governo Central, de onde provém a esmagadora maioria dos apostadores.

“Há uma estratégia deliberada para limitar, tanto a exposição [dos turistas chineses] ao jogo em casino no exterior como, potencialmente, os fluxos de capitais para fora da China”, disse o analista. Ainda assim, Lee reconheceu que o mercado de massas “pode crescer mais 10 ou 15 por cento em termos anuais”.

3 Jan 2024

Palestina | Imã diz que medo de retaliação é limitação a protesto

Ding Shaojie aponta que os fiéis não-residentes, principalmente da Indonésia, temem retaliações, como a expulsão do território, se fizerem manifestações de apoio à Palestina

 

O imã da única mesquita de Macau disse à Lusa estranhar a inacção da população local em relação à guerra na Palestina, sublinhando que o medo de retaliação pode estar a limitar acções de protesto da comunidade muçulmana.

No escritório de Ding Shaojie, duas bandeiras de mesa estão pousadas sobre uma montra de vidro: a bandeira chinesa e a palestiniana. A guerra entre Israel e Palestina, agravada desde que o grupo islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou o ataque de 7 de Outubro, é seguida diariamente pelo imã da única mesquita de Macau.

As duas bandeiras, unidas pelo mesmo mastro, reflectem a visão chinesa sobre este histórico conflito no Médio Oriente. Apesar de ter relações estáveis com Israel, Pequim apoia a causa da Palestina, considerando-a um Estado soberano e defendendo a solução de “dois Estados”.

Na sequência do ataque do Hamas, que matou 1.200 pessoas em Israel e fez 240 reféns, a resposta de Telavive causou a morte pelo menos a mais de 21 mil palestinianos e deslocou quase todos os 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.

“Como muçulmanos, temos de estar com o povo palestiniano. Por isso, todos os dias acompanhamos as notícias e é doloroso para nós, tantas crianças mortas”, começa por dizer Ding Shaojie em entrevista à Lusa.

Ding é também Mohammed Ramadan. É originário de Hohhot, capital da região autónoma chinesa da Mongólia Interior, onde cresceu no seio de uma família Hui, um dos maiores grupos étnicos da China, predominantemente muçulmano.

Referindo-se “a esta matança” que está a “pôr o mundo em ebulição”, Ding questiona por que razão permanece Macau em silêncio. “Pergunto, porquê?”, interroga o líder religioso, notando que, até ao momento, não foi questionado por ninguém sobre o que se passa em Gaza. “É estranho, a população não tomou nenhuma atitude, incluindo a comunidade muçulmana”, constata.

Sem dados

Em Macau, não há dados oficiais sobre o número de muçulmanos, mas o imã estima que, antes da pandemia da covid-19, este se situasse entre os cinco e os dez mil fiéis. Com a crise do coronavírus, Macau perdeu milhares de estrangeiros com estatuto de trabalhador migrante, incluindo da Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo.

A vulnerabilidade deste estatuto laboral, que implica menos direitos em relação aos residentes, pode estar a condicionar possíveis movimentações de protesto por parte dos praticantes islâmicos locais, defende o líder espiritual.

“[Fiéis indonésios] têm medo que talvez ao se manifestarem sejam expulsos e enviados de regresso ao país. Existe essa preocupação. No primeiro dia que aqui cheguei, fui aconselhado a não fazer nada relacionado com manifestações. Somos avisados que Macau é uma cidade pacífica, daí ser melhor não fazer nada”, conta.

A última manifestação pública local ocorreu antes de Macau fechar portas ao mundo devido à covid-19, em 2020. Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou saúde públicas. As restrições levantaram-se, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.

Apesar do silêncio à volta da Faixa de Gaza, Ding admite haver espaço de discussão na mesquita: “Não há como evitar, não podemos ficar calados. Todos os líderes muçulmanos, os imãs das mesquitas do mundo, falam disso, invocam Alá para que proteja as pessoas na Palestina. Por isso, nós também falamos. A matança deve ser interrompida”, reforça.

Há mais que se pode fazer, conclui. Seja via doações a Gaza ou através da própria comunidade muçulmana, a quem Ding sugeriu, desde o primeiro dia, “escreverem aos seus países e consulados para apoiarem a Palestina”.

Construção de nova mesquita pode arrancar este ano

O imã Ding Shaojie avançou que ao longo deste ano poderá começar a ser erguida a nova mesquita em Macau, cidade onde considera haver ainda muito desconhecimento sobre o Islão. As declarações foram prestadas à Agência Lusa. “A nova mesquita vai provavelmente ser construída muito brevemente. (…) Esperamos ter muito em breve a aprovação do Governo para iniciar a construção”, afirmou Ding Shaojie, salientando que as obras poderão arrancar este ano.

A futura mesquita, a erguer no mesmo local, onde também existe um cemitério islâmico, vai ter uma área de 1.250 metros quadrados e uma capacidade para 600 fiéis, segundo avançaram já as autoridades locais.

Ding destaca a dimensão reduzida do espaço actual, que não consegue dar resposta às necessidades. Menciona, além disso, “a extrema pobreza” da estrutura, “comparando com outras associações e igrejas” do território.

Numa tenda gigante e improvisada, onde mulheres costumam ler o Alcorão aos domingos, as orações fazem-se no Verão sob intenso calor. A tenda, com luzes penduradas em estruturas metálicas, armazena vários objectos: mesas, baldes, caixotes, chinelos, mais uma bicicleta para ali atirada.

“Temos dois grandes feriados, a primeira celebração é o Eid. Depois do jejum [do Ramadão], reunimo-nos aqui para rezar. Todos os anos chove, mas o que é que podemos fazer? Temos de rezar no exterior, porque há sempre muita gente, então temos duas sessões, uma sessão com à volta de 1.500 pessoas”, conta.

Saber receber

Em Macau, avalia Ding, sabe-se ainda muito pouco sobre a comunidade muçulmana local: “Talvez as pessoas reconheçam pela aparência quando olham para uma mulher indonésia de ‘hijab’, sabem de onde vem, que não come carne de porco, mas mais do que isso…”.

Foi para fazer face a esse desconhecimento que o Governo, juntamente com a associação islâmica, começou a organizar seminários para operadores turísticos. A ideia das autoridades passa por diversificar a origem dos visitantes, que chegam sobretudo da China, e receber, por exemplo, mais pessoas do Médio Oriente.

“Quem trabalha na área tem de saber receber turistas muçulmanos, na preparação do quarto de hotel, por exemplo. Alguns visitantes não gostam de ter vinho no quarto, em respeito aos ensinamentos do Islão”, explica.

“Os ‘workshops’ têm sido bem recebidos. As pessoas estão muito interessadas, porque não conhecem a cultura árabe, a história árabe. Só conhecem o Islão, grosso modo. Mas qual é a história do Islão?”, reflecte. Apesar disso, o líder religioso considera Macau uma sociedade inclusiva” no que respeita à convivência de diferentes religiões. “Eu próprio vou comer ao templo budista”, nota.

3 Jan 2024

Ano Novo | Ho Iat Seng promete manter “estabilidade social”

A manutenção da segurança nacional é o principal objectivo para o próximo ano, e o Governo promete fazer tudo para manter a “estabilidade social” no território. Ho Iat Seng prometeu ainda um “futuro brilhante”

 

A defesa da segurança nacional e a manutenção da estabilidade social são os dois grandes objectivos para este ano, de acordo com a mensagem do Chefe do Executivo para 2024, partilhada no domingo.

“Iremos defender com firmeza a segurança nacional e a estabilidade social mantendo sempre a nossa atenção e identificaremos proactivamente as insuficiências, bem como devemos reforçar a elaboração de estratégias para a consolidação da barreira em prol da segurança nacional”, afirmou Ho, de acordo com a mensagem partilhada pelo Gabinete de Comunicação Social.

O caminho para este ano foi traçado, depois do Chefe do Executivo se ter comprometido com os “importantes discursos e as instruções do Presidente Xi Jinping”, os “planos estratégicos consagrados no relatório do 20.º Congresso Nacional”, e os tradicionais princípios “um país, dois sistemas” e “Macau governada pelas suas gentes”, este último completado com a inovação mais recente, “Macau governada por patriotas”.

Além disso, Ho Iat Seng promete ainda “consolidar a tendência positiva da recuperação económica” e “implementar proactiva e eficazmente o Plano 1+4 e promover novos avanços no desenvolvimento da diversificação adequada da economia”.

Ao mesmo tempo, o Chefe do Executivo destacou que no que diz respeito ao desenvolvimento da Ilha da Montanha, promete unir “os esforços de todas as partes de forma a concretizar aceleradamente as metas da primeira fase do Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada”. A promessa foi deixada numa altura em que vários residentes ainda precisam de vistos do Governo Central para se poderem deslocar a uma região que é gerida conjuntamente entre Macau e as autoridades de Cantão.

Celebrar o sucesso

Ho realçou também a necessidade de assinalar com sucesso o “75.º aniversário da implantação da República Popular da China e o 25.º aniversário do retorno de Macau à pátria”, para dar “novos e maiores contributos para a construção de um país forte e a revitalização da nação chinesa, mediante a modernização com características chinesas”.

Sobre o ano que terminou, aquele em que chegaram ao fim as restrições de circulação justificadas com a pandemia, o líder da RAEM deixou um balanço positivo.

“O ano de 2023 foi um ano inesquecível, mas também produtivo. Conjugámos esforços para acelerar a recuperação económica, esforçámo-nos para promover novos progressos em todas as vertentes e trabalhámos juntos para a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”, indicou Ho. “Ao longo do último ano, tivemos um desempenho consciente e proactivo das nossas funções, agarrámos as oportunidades depois da pandemia para conseguirmos uma rápida recuperação económica e mantermos uma conjuntura social estável e harmoniosa”, completou.

3 Jan 2024