João Luz Manchete PolíticaTurismo | Prometido reforço da cooperação com Guangxi Uma comitiva do Governo de Guangxi visitou Macau para reforçar a cooperação em big health, medicina tradicional chinesa, cultura e turismo. Ho Iat Seng salientou que Guangxi fornece água quando os níveis de sal no Rio das Pérolas ultrapassam limites, e que os “residentes de Macau quando bebem água e pensam nas fontes de Guangxi”, ficam profundamente gratos O Governo de Macau recebeu na sexta-feira uma comitiva de responsáveis de Guangxi, liderada pelo o secretário do Comité do Partido Comunista da China e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da Região Autónoma da Etnia Zhuang de Guangxi, Liu Ning. Representantes dos dois governos assinaram acordos que envolvem cultura, turismo, protecção ambiental, economia, comércio e cooperação estratégica em Medicina Tradicional Chinesa, ao nível do ensino superior e investigação. Durante o encontro na sexta-feira, Ho Iat Seng mencionou especialmente que a construção da barragem de Datengxia, foi concluída com êxito ao fim de 10 anos, e “é de grande importância para a vida dos cidadãos da RAEM e também ao longo do Rio das Pérolas, pois esta permite o fornecimento de água doce a Macau quando a água local é demasiado salgada”. Além disso, o Chefe do Executivo declarou que “os residentes de Macau quando bebem água e pensam nas fontes de Guangxi, estão profundamente gratos ao Comité do Partido da Região Autónoma da Etnia Zhuang de Guangxi, ao seu Governo e ao povo”. Importa referir que a Directora da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos (DSAMA), Susana Wong, categorizou a barragem de Datengxia como uma infra-estrutura que aumentou a segurança hídrica de Macau, apenas para uso em situações de emergência. Aliás, Susana Wong revelou que a DSAMA financiou a construção da barragem de Datengxia, em Guangxi, em mais de mil milhões de patacas, numa entrevista à Revista Macau. Instruções importantes Em relação à área da saúde, Ho Iat Seng acrescentou que “a província de Guangxi representa uma importante base de produção de materiais na área da medicina tradicional chinesa”, e é rica em recursos ecológicos e turísticos. Como tal, foi acordado que os dois governos devem combinar as “vantagens únicas” dos dois territórios para “expandir conjuntamente os mercados dos países da ASEAN e dos países de língua portuguesa”. Ho Iat Seng sublinhou ainda que “o Governo da RAEM cumpre seriamente as importantes instruções e exigências do Presidente Xi Jinping”, e “cooperará activamente com Guangxi para a sua plena articulação com a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Por sua vez, “o secretário Liu Ning expressou o seu agradecimento ao Chefe do Executivo e ao governo da RAEM pelo forte apoio prestado, ao longo do tempo, ao desenvolvimento de Guangxi, felicitou Macau pelos grandes êxitos alcançados nos últimos 25 anos desde o seu regresso à pátria”, e “afirmou que as relações entre Guangxi e Macau são tão estreitas como as de uma família”. O responsável sublinhou também que a visita teve como “objectivo implementar plenamente o espírito consagrado nas importantes instruções apresentadas pelo Presidente Xi Jinping na transformação de Guangxi numa importante zona estratégica para a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.
Hoje Macau Manchete PolíticaEconomia | PIB cresceu 25,7% no primeiro trimestre Nos primeiros três meses deste ano, o produto interno bruto da RAEM cresceu 25,7 por cento face ao mesmo período de 2023. O volume económico recuperou para mais de 87 por cento dos níveis registados antes da pandemia da covid-19 O produto interno bruto (PIB) de Macau registou no primeiro trimestre um acréscimo anual de 25,7 por cento, em termos reais, graças à subida das exportações de serviços e a estabilização do consumo privado, anunciou na sexta-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O resultado representa uma recuperação “de 87,2 por cento do volume económico do mesmo período de 2019” – antes da pandemia da covid-19 – devido “ao crescimento contínuo das exportações de serviços e à estabilização do consumo privado e da formação bruta de capital fixo”, especificou a DSEC em comunicado. As exportações de serviços aumentaram 30,3 por cento em termos anuais, “graças ao aumento da procura externa”, com um crescimento das exportações de serviços de jogo (+62,7 por cento) e das exportações de outros serviços turísticos (+14,8 por cento), adiantou a DSEC, notando que, por outro lado, as importações de serviços registaram uma queda de 3,5 por cento. A procura interna – incluindo a despesa de consumo privado, a despesa de consumo final do Governo e os investimentos – registou uma subida de 3,4 por cento. A despesa de consumo privado, especifica-se no comunicado, teve uma subida de 10,9 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2023. Já a despesa de consumo final do Governo desceu 20,7 por cento, “salientando-se o decréscimo de 40,5 por cento nas compras líquidas de bens e serviços”. Grandes obras O “ambiente económico positivo” contribuiu também para o aumento dos investimentos, “tendo a formação bruta de capital fixo registado um acréscimo anual de 13 por cento”, com “crescimentos positivos nos últimos quatro trimestres”. O departamento estatístico realça aumentos anuais de 4,3 por cento no investimento em construção e de 48 por cento no investimento em equipamento. No sector privado, o investimento em equipamento cresceu 28,5 por cento e o investimento em construção subiu 10,4 por cento, em termos anuais. Quanto ao sector público, refere-se na nota, o investimento em equipamento subiu 239,6 por cento, face ao mesmo período de 2023, principalmente “devido ao crescimento notável do investimento em equipamento público”, impulsionado pela “continuada realização de obras de grande envergadura, nomeadamente infra-estruturas”. Em sentido contrário, o investimento em construção pública caiu 1,8 por cento. No que diz respeito ao comércio externo de mercadorias, observaram-se quedas homólogas de 13,6 por cento nas exportações de bens e de 1,4 por cento nas importações de bens. Entre Janeiro e Março, o número de visitantes subiu 79,4 por cento, em termos anuais, para 8,9 milhões de pessoas.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteARTM | Defendidas alternativas a prisão para consumidores de drogas O presidente da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau reiterou que pesadas penas de prisão não são respostas eficazes na luta contra a droga. Por sua vez, a directora executiva da Agência das Nações Unidas para os Assuntos de Droga e de Crime defendeu uma postura “equilibrada” para lidar com a toxicodependência Com agência Lusa O presidente da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) defendeu na sexta-feira que devia existir uma “maior vontade” de quem julga casos relacionados com droga em Macau de encontrar alternativas à prisão. Deveria haver “maior vontade de quem sentencia, de dar oportunidade às pessoas para entrarem para o tratamento, sem ter que enviar para a prisão”, disse Augusto Nogueira, rejeitando, no entanto, necessidade de mexidas legislativas. O consumo de droga em Macau é criminalizado e punido com pena de prisão até um ano ou até 240 dias de multa, mas desde 2009, a legislação prevê, em alguns casos, a suspensão da pena a quem se sujeite voluntariamente a tratamento ou internamento. “Qualquer lei que coloca as pessoas que consomem drogas na prisão é uma lei dura, porque não há necessidade, pode haver sempre outras alternativas para as pessoas que consomem drogas”, constatou. Questionado sobre a possível descriminalização do consumo, à semelhança do que acontece em Portugal desde 2001, Augusto Nogueira disse não “haver uma necessidade actualmente em Macau”, visto serem contextos diferentes. “Portugal fê-lo porque estava numa situação diferente nessa altura. No final dos anos 1980 e nos anos 1990 era uma situação pandémica, em que quase todas as famílias tinham pessoas a consumir drogas. Era uma situação muito complicada, o número de pessoas que consomem drogas é completamente diferente do número em Macau”, considerou. Em 2023, no território de cerca de 680 mil habitantes, foram contabilizados 119 consumidores, mais 34 do que no ano anterior e menos 112 do que em 2021, de acordo com o Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes de Macau. Importa realçar que este registo apenas contabiliza as pessoas que estão em tratamento ou a contas com a justiça por terem sido apanhadas pelas autoridades a consumir estupefacientes. No entanto, apesar de indicar uma “situação bastante estável” no consumo local, Nogueira admite haver “casos escondidos” e considera imperativo persistir nos trabalhos de prevenção e de proximidade para incentivar ao tratamento: “Quando existe uma lei que criminaliza as pessoas, obviamente tem que haver, as pessoas consomem drogas às escondidas”, realçou. O responsável da ARTM falava aos jornalistas à margem de um encontro com a directora executiva da Agência das Nações Unidas para os Assuntos de Droga e de Crime (UNODC), Ghada Waly. De frisar que, recentemente, foi publicado na revista académica Asian Journal of Addictions (AJA) o estudo de uma técnica superior da Polícia Judiciária de Macau, Connie Lok Cheng, que defende precisamente o contrário, ou seja, o aumento das penas para os crimes de relacionados com drogas, além da reabilitação obrigatória. O trabalho intitula-se “Research on Optimization of Adolescent Drug Abuse Prevention Policies in Macao” [Investigação sobre a Optimização das Políticas de Prevenção da Toxicodependência na Adolescência em Macau], que cita os exemplos mais duros, em matéria de legislação anti-droga, do mundo, nomeadamente a aplicação da pena de morte na China ou Singapura. “Na perspectiva da prevenção da toxicodependência entre adolescentes, é necessário reforçar as penas para o tráfico, transporte e fabrico de drogas, de forma a reduzir a oferta de drogas no mercado e, assim, diminuir o risco de os adolescentes entrarem em contacto com as drogas”, lê-se. A autora escreveu ainda que “em comparação com as regiões vizinhas, as penas para os crimes de droga são mais leves”, sendo referido os casos do Interior da China, Taiwan ou Singapura onde “a pena máxima para o tráfico de droga é a pena de morte”. Pelo contrário, destaca a autora, “em Macau há apenas uma pena de prisão de duração determinada”. Connie Lok Cheng defendeu também que uma reabilitação opcional contribui para reduzir “a severidade e a gravidade das penas”, dando como exemplo o de Hong Kong e China, onde se aplica “um modelo obrigatório de reabilitação de toxicodependentes para aumentar a severidade das penas”. Assim, a técnica da PJ sugere, no referido estudo, “um modelo de reabilitação faseada se a reabilitação voluntária não mostrar eficácia dentro de um determinado período, e depois fazer a transição para a reabilitação obrigatória para reforçar os efeitos do tratamento e da dissuasão”. Equilíbrio precisa-se Em Macau apenas por umas horas para conhecer o trabalho da organização não-governamental, Ghada Waly indicou, em conferência de imprensa, a importância de uma visão equilibrada por parte dos governos no controlo da droga. “A minha mensagem para os governos é que tenham sempre uma abordagem equilibrada, em que observem as convenções, onde haja espaço para o tratamento, para tratar a dependência da droga como um desafio da saúde pública, mas também olharem para como o sistema judicial pode ser mais eficiente”, disse. Waly notou que o facto de as autoridades financiarem uma organização como a ARTM, “a trabalhar simultaneamente na prevenção, tratamento, reabilitação e formação profissional, ” é um “passo positivo”. Natural do Egipto, Ghada Waly é a primeira mulher a liderar este organismo da ONU e conta com 28 anos de experiência na área do alívio da pobreza e protecção social. Antes de ocupar o cargo na ONU Ghada Waly foi Ministra da Solidariedade Social do Egipto. A Agência das Nações Unidas para os Assuntos de Droga e de Crime (UNODC) foi criada em 1997, mas desde 1946 que a ONU tem em funcionamento a Comissão de Estupefacientes, um dos principais organismos desta entidade para lidar, a nível global, com os fenómenos de consumo e tráfico de droga. Em Março deste ano decorreu a 67ª sessão desta comissão, tendo sido abordado, segundo o website oficial da ONU, um “cenário cada vez mais complexo” que passa pela existência de “redes de tráfico de droga, uma oferta recorde de drogas ilícitas e opções limitadas de tratamento para os consumidores de droga”, descreveu a UNODC. Nesta ocasião, Ghada Waly destacou o facto de os “desafios relacionados com as drogas estarem a evoluir rapidamente”, devido à rápida entrada e dissimulação das drogas sintéticas no mercado. “As redes de tráfico têm evoluído no que diz respeito aos modelos de negócio, além de que os mercados ilícitos se sobrepõem aos conflitos e instabilidade”, declarou a directora-executiva da UNODC. Ghada Waly apelou à Comissão de Estupefacientes que sejam encontradas “respostas equilibradas que protejam as nossas comunidades, promovam a saúde pública e defendam os direitos humanos”, defendendo que “nenhuma medida de policiamento e aplicação da lei vai acabar com o mercado de drogas ilícitas enquanto houver uma enorme procura”. Além disso, acrescentou que “nenhuma medida de prevenção, tratamento e redução de danos irá acabar com a dependência e distúrbios generalizados enquanto substâncias perigosas continuarem a inundar as comunidades”. Lembrando a crescente tendência do tráfico de droga transfronteiriço, Ghada Waly destacou que “nenhum país pode proteger as suas fronteiras e cidadãos sozinho”. Destaque ainda para o facto de a ARTM ter sido uma das 130 signatárias de uma carta aberta a Ghada Waly aquando da realização da 66ª Comissão de Estupefacientes, no ano passado, enviada pela Federação Mundial contra as Drogas [World Federation Against Drugs]. Nesta carta aberta foi lançado um apelo “para a promoção de serviços de saúde que não sejam discriminatórios, baseados em provas, informações sobre o trauma” e que sejam também “sensíveis ao género, à cultura e idade” de consumidores. Foi salientada “a necessidade de continuar a promover a prevenção baseada em provas, o acesso a tratamento e recuperação”, bem como o incentivo “à monitorização e avaliação com dados separados por género”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Vergonha e ignorância dificultam apoio social Após 10 anos a disponibilizar uma rede de auxílio para pessoas viciadas no jogo, o Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau anunciou os resultados de um estudo sobre o impacto do fenómeno para as famílias A vergonha e o desconhecimento na hora de pedir auxílio são dois dos grandes entraves à assistência das famílias com membros viciados no jogo. Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, cujos resultados foram divulgados na quarta-feira, através de um comunicado. Ao longo de meses, a associação realizou 13 entrevistas com familiares de pessoas viciadas no jogo e tentou perceber os problemas vividos em contexto familiar, assim como a forma como os diferentes membros da família são afectados. Segundo as conclusões, os cônjuges das pessoas viciadas mostravam pouca consciência para os perigos do vício resultantes do jogo em contexto social, como aconteceu durante o Mahjong, assim como um grande desconhecimento das possíveis medidas de prevenção. Nas entrevistas, os cônjuges reconheceram nunca se terem apercebido dos sinais do vício, até a situação se ter tornado grave. Quanto às consequências do vício, os cônjuges admitiram que um dos principais desafios é a pressão económica acrescida, devido ao facto de o companheiro gastar os seus rendimentos a jogar. Os casados com pessoas viciadas no jogo admitiram sentirem desempenhar o dobro do trabalho nas tarefas domésticas, por falta de ajuda do parceiro, ao mesmo tempo que reconheceram a pressão extra, quando existem boatos face ao vício do seu parceiro. Tensão familiar Por sua vez, os filhos no contexto de vício indicaram como principais consequências a tensão vivida em casa, devido à situação económica instável e às discussões entre os pais. Os entrevistados admitiram ainda viverem frustrados face à incapacidade de melhorarem a situação. Quando o problema é encarado da perspectiva dos pais do viciado, o medo do suicídio do filho é uma das principais preocupações. Os pais também sentem que são responsáveis por ajudar o descendente a atravessar o problema do vício, além de pagarem as dívidas criadas por este. Em termos da abordagem ao problema, os progenitores entrevistados reconheceram não comentar o assunto fora da família, por entenderem que Macau é uma sociedade muito conservadora, onde existe a expectativa de que os problemas sejam resolvidos dentro de portas. Em relação aos serviços sociais existentes em Macau para lidar com o vício do jogo, os familiares reconheceram sentirem-se satisfeitos. Porém, vários dos entrevistados admitiram evitar recorrer a estes apoios por vergonha, ou por muitas vezes não terem conhecimento da sua existência. A linha para aconselhamento da problemática do jogo e aconselhamento via internet do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau começou a funcionar há 10 anos. Durante este período apoiou cerca de 30 mil jogadores e familiares afectados pelo flagelo social.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNovo Bairro de Macau | Venda de estacionamentos começa hoje Os proprietários do Novo Bairro de Macau podem optar por espaços de estacionamento para um ou dois veículos, com os preços a variar entre 288 mil e 488 mil yuan Começam hoje a ser vendidos os lugares de estacionamento no empreendimento Novo Bairro de Macau, em Hengqin. O anúncio foi feito ontem pela empresa Macau Renovação Urbana (MRU), responsável pelo empreendimento. De acordo com a informação divulgada ontem, estão disponíveis dois tipos de lugares de estacionamento: ‘standard’, com capacidade para uma viatura (288 mil yuan); e o tipo ‘tandem’, com capacidade para duas viaturas (488 mil yuan). As vendas só estão disponíveis para proprietários de fracções, que precisam de pagar um sinal de 30 mil yuan com a declaração de interesse no lugar de estacionamento. Além disso, depois de pagos os 30 mil yuan, o procedimento de compra e venda tem de ficar concluído no prazo de 30 dias. Segundo o anúncio da Macau Renovação Urbana, o parque de estacionamento no Novo Bairro de Macau tem “vias de acesso largas” e “um sistema de estacionamento inteligente com reconhecimento de matrículas”. A MRU indicou também que “os lugares de estacionamento têm condições para a instalação de postos de carregamento para veículos eléctricos” e que os “proprietários podem fazer os seus arranjos de acordo com as suas necessidades”. A empresa recorda também que os proprietários de veículos com matrícula de Macau podem registar-se para circularem entre Macau e a Ilha da Montanha, sem necessitarem de uma segunda matrícula. Casas para vender Construído com cerca de 4 mil fracções, foram vendidas cerca de 25 por cento das casas no empreendimento Novo Bairro de Macau na Ilha da Montanha. Na semana passada, a Macau Renovação Urbana anunciou o relaxamento dos critérios para comprar apartamentos no empreendimento em Hengqin. Com as alterações, os residentes com mais de 18 anos podem comprar uma fracção no bloco habitacional em Hengqin. A alteração foi justificada com “as mudanças no ambiente económico”. A empresa liderada por Peter Lam só foi autorizada a alterar os requisitos para as vendas, depois da aprovação da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Anteriormente, também tinha sido tornado público que a RAEM, apesar de ter pago pelo espaço onde foi edificado o Novo Bairro de Macau, não pode mexer no preço de venda das casas sem autorização das autoridades de Cantão.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCuidadores | Criticado reduzido número de subsídios atribuídos Apesar de no ano passado, o subsídio para os cuidadores se ter tornado uma medida permanente, depois de inicialmente ter começado como plano-piloto, o deputado dos Operários, Lam Lon Wai, considera que não é suficientemente abrangente Lam Lon Wai considera que o número de subsídios para cuidadores distribuído pelo Governo é demasiado baixo. A crítica do deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foi feita através de uma interpelação escrita, divulgada ontem. “O número de pessoas que conseguiram com sucesso candidatar-se ao subsídio para cuidadores é muito pequeno. Apesar do subsídio se ter tornado permanente, o pesado fardo para os cuidadores não se tornou mais leve, e estes ainda enfrentam muitos desafios”, escreve Lam Lon Wai. “Considerando os princípios científicos de governação, as necessidades da população e a utilização eficiente dos recursos públicos, será que as autoridades podem aumentar o tipo de famílias habilitadas para receber este tipo de subsídio para responder melhor às necessidades sociais?”, questiona. De acordo com o legislador, as opiniões sobre o subsídio, actualmente fixado no valor de 2.175 patacas, são favoráveis. No entanto, indica Lam Lon Wai, o limite de rendimentos para aceder ao subsídio é demasiado baixo, o que faz com que muitas pessoas não consigam receber este tipo de ajuda. Revisão geral Por outro lado, o membro da Assembleia Legislativa pretende saber se o Governo está a ponderar uma revisão dos apoios sociais, dado o envelhecimento da população. “Os serviços sociais têm um longo caminho a percorrer. As autoridades trabalharam arduamente durante muitos anos para melhorar os serviços”, opinou. “Aproveitando a boa oportunidade do Plano Decenal de Reabilitação que está a ser planeado, será que as autoridades vão definir o papel dos futuros prestadores de cuidados no plano de reabilitação?”, questionou. “Será que vai ser feito um planeamento a longo prazo e um estudo das necessidades em matéria de subsídios para os beneficiários?”, perguntou. No longo prazo, Lam Lon Wai destaca ainda que os cuidadores sofrem de muito stress, uma vez que o trabalho de cuidar dos mais velhos é exigente. Neste sentido, o legislador pede um tipo de apoio mais abrangente, virado para a dimensão psicológica. “Alguns residentes e prestadores de cuidados referiram que a pressão da prestação de cuidados é muito elevada […] No futuro, além do aumento do apoio financeiro, as autoridades vão reforçar os serviços de apoio aos prestadores de cuidados e o apoio à partilha dos cuidados das famílias idosas?”, questionou. “E vão tomar medidas e planos de combate ao stress?”, acrescentou.
João Luz Manchete PolíticaSAFP | Guerra aberta às baixas médicas fraudulentas A directora dos Serviços de Administração e Função Pública pediu rigor na avaliação de baixas médicas numa circular enviada aos serviços públicos. O alerta surge na sequência da investigação a dois agentes dos Serviços de Alfândega que declararam mais de 2.300 dias de baixas médicas “Os serviços públicos devem estar atentos e cumprir as disposições relativas às faltas por doença.” Começa assim a circular enviada pela directora dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Ng Wai Han, aos serviços e departamentos públicos a apelar ao rigor na avaliação de baixas médicas. Na circular assinada na segunda-feira, Ng Wai Han alerta, “mais uma vez, todos os serviços públicos, para estarem atentos e cumprirem” o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau. A directora dos SAFP salienta que quando um trabalhador acumular 60 dias de ausência ao serviço por motivo de doença deve ser submetido a Junta de Saúde, solicitada pelo dirigente do serviço onde trabalha. Além disso, a Junta de Saúde deve ser pedida, independentemente do número de dias de ausência ao serviço, quando a “actuação do doente indicie comportamento fraudulento”, ou “perturbação física ou psíquica que comprometa o normal desempenho das suas funções”. Nos casos em que existem suspeitas de comportamento fraudulento relativo a faltas por motivo de doença, foi indicado que os serviços devem “proceder à investigação e verificação das respectivas circunstâncias”. Ponto de ignição A circular enviada aos serviços públicos surge cerca de três semanas depois da revelação de mais um caso suspeito de baixas fraudulentas na Função Pública. “O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) descobriu dois casos suspeitos praticados por dois verificadores alfandegários, que exageraram o seu estado de doença, levando os médicos a consentirem na emissão de atestados médicos, tendo sido, assim, autorizadas faltas por doença por vários dias”, escreve a directora. O caso, revelado pelo CCAC no início do mês, diz respeito a dois agentes dos Serviços de Alfândega (SA) que estão a ser investigados por terem declarado mais de 2.300 dias de baixas médicas. Os agentes são suspeitos de terem recebido mais de 3 milhões de patacas em salários indevidos, e estão indiciados da prática do crime de burla de valor consideravelmente elevado. O CCAC suspeita que os agentes terão entregue mais de 400 atestados médicos falsos, com as datas das consultas e baixas muitas vezes a coincidir com períodos em que estavam fora de Macau.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoaquim Alves Gaspar, co-autor de “A Cartografia de Magalhães”: “A mais extraordinária viagem marítima” Lançado em Abril, “A Cartografia de Magalhães”, de Joaquim Alves Gaspar, docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e da académica Šima Krtalić, olha para a história da cartografia antes e depois da Circum-Navegação de Fernão de Magalhães. O autor realça a importância da viagem que provou ser possível navegar em torno da Terra Este livro fala do panorama da cartografia antes e depois da Circum-Navegação de Fernão de Magalhães. O impacto da viagem foi grande nesta área? Não foi o ponto de viragem mais importante na via náutica, pois este surgiu muito antes, com a expansão marítima dos povos ibéricos no Atlântico. Primeiro, com os portugueses ao longo da costa de África e depois os espanhóis, primeiro com Colombo nas Índias ocidentais, como eles chamaram, pois Colombo julgava ter chegado às Índias do reino de Castela. Depois houve as descobertas dos portugueses através do [oceano] Índico e até ao sueste asiático, e também no Brasil e na chamada “Terra Nova”. Esse final do século XV e início do século XVI foi, digamos, o maior ponto de viragem no que diz respeito ao conhecimento do mundo pelos europeus, que teve reflexos, primeiro, na cartografia náutica. A cartografia náutica era um instrumento de navegação e não uma imagem do mundo. Não eram, portanto, mapas como hoje conhecemos. Sim. No entanto, foram utilizadas como fonte para os mapas geográficos. Houve algum impacto da viagem de Magalhães no conhecimento da América do Sul, que só era conhecida e cartografada até ao Rio da Prata, que fica na fronteira entre o Brasil e a Argentina. A esquadra de Magalhães passou também pelas [ilhas] Molucas, que ficam na Indonésia, a sul das Filipinas, e depois pelo norte das Filipinas, onde um navegador foi morto, num conflito local. Os dois navios que restaram deambularam alguns meses pelas Filipinas antes de se dirigirem às Molucas. Aí carregaram os navios de cravo, que era aquilo que interessava. Um dos navegadores tentou voltar para trás através do Pacífico, como lhes tinha sido ordenado pelo rei de Castela, de Espanha, mas não conseguiu, voltando para trás. O navio sofreu avarias e acabou por se destruir e ficar com os portugueses nas Filipinas. O outro estava com Sebastian El Cano [navegador espanhol que acompanhou Magalhães], vindo para sul, passando por Timor. Fez depois aquilo que era proibido, que era voltar a Espanha atravessando o hemisfério português, pelo Índico. E quais foram os benefícios dessa viagem em termos de cartografia no sueste asiático? Foram maiores? Não. Os navios de Magalhães fizeram algum levantamento, precário, das ilhas das Filipinas, Molucas, Bornéu. Mas, entretanto, já os portugueses tinham recolhido informação cartográfica de melhor qualidade que depois foi vertida nas cartas naúticas. Estranhamente a Circum-Navegação não teve, de facto, um grande impacto na cartografia. Porquê lançar esta obra? Como todos os livros, este também tenta contar uma história. Existem muitas narrativas textuais da viagem de Magalhães, do que se passou antes e depois. Mas não menos importante é o papel da cartografia para contar essa história. Na realidade contamos no livro duas histórias complementares: o que era a cartografia antes da viagem e como propiciou a proposta de Magalhães. E como era? Era uma cartografia sobretudo portuguesa e baseada em fontes portuguesas. Magalhães, quando se dirigiu ao rei Carlos I de Espanha, não ia de mãos a abanar. Tinha acesso à melhor cartografia da época e das técnicas de navegação. Foi isso que convenceu o rei de Castela a aceitar a proposta de um projecto que já tinha tentado concretizar, sem êxito. Magalhães e os portugueses tinham atrás de si toda uma cartografia que tinham desenvolvido com bastante inovação, e que permitiu apresentar o mundo aos olhos dos europeus de uma forma bastante mais exacta face ao que se conhecia até à data. Essa é a primeira parte do livro. E a segunda? São os reflexos da viagem na cartografia, em particular nas disputas entre portugueses e espanhóis quanto à posse e localização das Molucas. Esse conflito é outro ponto central da obra. Desmistificaram-se muitas ideias que havia em torno da localização das Molucas até essa data? O Tratado de Tordesilhas foi um documento incrível que dividiu o mundo em duas partes, uma parte de influência portuguesa, e outra de influência espanhola. A linha divisória era de pólo a pólo que passava a 370 léguas a oeste de Cabo Verde. Para ocidente, era território espanhol, e para oriente, português. Na altura em que o tratado foi firmado, havia a preocupação com o que acontecia deste lado do mundo. Os portugueses queriam preservar o que tinham descoberto em África, sobretudo, o Atlântico, e os espanhóis queriam preservar o que tinham descoberto no Mar das Caraíbas, as Antilhas do reino de Castela. Já se sabia perfeitamente que a terra é redonda desde o século V a.C., mas nunca tinha existido a preocupação de saber como se passava para o outro lado da terra, até aos antípodas. Quando os portugueses chegaram a Malaca, a partir de 1519, e depois a conquistaram, todos acordaram, e em particular os espanhóis, que começaram a alegar que esses territórios lhes pertenciam, sem argumentos válidos. Valiam-se da velha imagem do mundo, de Cláudio Ptolomeu, de 400 anos antes. Para provar que aquilo era espanhol tinham de lá ir. Mas porquê essa suspeita? Este ponto é importante na nossa história: na cartografia náutica portuguesa, a melhor da época, as Molucas estavam do lado espanhol erradamente. Porquê esse erro? Devido à forma como as cartas náuticas eram feitas. Não eram mapas geográficos feitos com base em latitudes e longitudes, mas com base em rotas e caminhos seguidos no mar. Esse rumo era ditado pela agulha magnética, que cria desvios e levou a distorções nas cartas náuticas. Não eram, então, muito fidedignas. Eram, mas para navegação. A forma como se navegava era coerente com as cartas náuticas da época, em que África aparecia desviada para o Oriente, e todo o oceano Índico desviado, empurrando as Molucas para o lado espanhol. Fernão de Magalhães estava genuinamente convencido que as Molucas eram espanholas. Em termos de inovação na navegação, esta viagem destacou-se? A ideia, sobretudo propalada pela literatura anglo-saxónica, de que os portugueses iam à aventura, ao acaso, é absolutamente falsa. Como o nosso Pedro Nunes escreveu num tratado, anos depois, os portugueses já seguiam muitas regras matemáticas e astronómicas para melhor navegar. As viagens eram planeadas minuciosamente, do ponto de vista técnico e logístico. Um ponto inédito [na viagem de Magalhães] é que, pela primeira vez, a longitude de um lugar, a distância este-oeste, era importante para localizar as Molucas. Então, nesta viagem, foi um astrónomo a bordo, Andrés de San Martin, para tentar determinar a longitude das ilhas. Nessa época, a astronomia era convincente, tinha um enorme probatório. Este espanhol fez várias medidas de longitude ao longo da viagem, algumas delas relativamente perto do Estreito de Magalhães, com um rigor que hoje nos espanta. Essas medições reflectiram-se na cartografia, e nos relatos que nos chegaram sabemos que quem ia a bordo começou a ficar preocupado com as medidas de longitude, que davam a entender que as Molucas ficavam do lado espanhol. Andrés de San Martin fez ainda outras medições na chegada às Filipinas e observações astronómicas que colocaram então as Molucas no território português. Esse astrónomo, que morreu na viagem sem se saber muito bem como, deixou relatos sobre estas medições, que a coroa espanhola tentou esconder até onde foi possível. Espanha estava mais preparada para acolher a proposta de viagem de Magalhães? A Portugal não lhe interessava esta viagem, porque o que Magalhães propunha era viajar para as Molucas [Oriente] e nunca para o Ocidente. Os portugueses podiam chegar às Molucas pelo Oriente, que era mais perto. Ainda por cima, para irem pelo Ocidente, seria por território espanhol, pelo que era uma viagem que não lhes interessava de todo. Fernão de Magalhães entrou em conflito com o rei D. Manuel I, pediu-lhe um aumento do seu subsídio, à mercê dos trabalhos que tinha feito para a Coroa portuguesa até então, e isso foi recusado. Então aceitou a sugestão do seu amigo Francisco Serrão, que ficou nas Molucas e fez lá família, para apresentar a proposta a Espanha, dizendo que, assim, poderia enriquecer se o desejasse. Estas cartas enviadas por Serrão tiveram um grande peso na proposta de Magalhães. Como descreve a figura de Fernão de Magalhães? Sabe-se muito pouco sobre a figura humana dele. O que se sabe é através de relatos benignos de António Pigafetta, que tinha uma enorme admiração por Magalhães. Do lado espanhol só se disse mal do navegador. Nem se sabe bem onde ele nasceu, provavelmente terá sido no Porto. [A Circum-navegação] foi uma viagem importante para a cartografia e o conhecimento do mundo. Sabia-se há muito que a terra era redonda, mas não se sabia que era circum-navegável e isso foi fundamental para pôr os povos em contacto. O facto de Fernão de Magalhães ter conseguido comandar com êxito aquela que foi, provavelmente, a mais extraordinária viagem marítima de todos os tempos diz muito sobre as qualidades de liderança e de conhecimento técnico que tinha. Teve persistência na descoberta de uma passagem para o Pacífico e, pela primeira vez, atravessou-o em frágeis navios de madeira, as naus.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP Macau: FIA anuncia que Formula Regional vai substitui a Fórmula 3 A Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou na manhã de ontem que realizará a Taça do Mundo de Fórmula Regional no programa da 71ª edição do Grande Prémio de Macau. A competição, que na pirâmide das corridas de monolugares fica entre a Fórmula 4 e a Fórmula 3, vai ocupar o lugar no programa que pertencia à Fórmula 3. Em 2023, a FIA assinou um contrato de três anos com as entidades de Macau para a realização da Taça do Mundo de Fórmula 3, mas este terá sido “transferido” para a Taça do Mundo da Fórmula Regional. A disciplina de monolugares que assentou arraiais em Macau pela primeira vez em 1983 e ajudou a tornar o Circuito da Guia célebre em todo o mundo, durante a pandemia foi substituída pela Fórmula 4. Todavia, a partir deste ano, a competição de monolugares da FIA realizada como parte do evento do território será reservada a carros da Formula Regional, “tornando o evento ainda mais acessível do que nunca, abrindo-o a um amplo leque de potenciais pilotos que competem a nível regional”, é possível ler no comunicado emitido pela própria federação internacional. François Sicard, Diretor de Estratégia e Operações de Monolugares da FIA, justificou a razão da troca, como um ajuste a uma nova realidade e vê a Fórmula Regional como a categoria de monolugares que melhor se adequa ao evento de Macau. Isto, porque a própria natureza da Fórmula 3 de hoje, em nada se compara ao que em tempos foi esta disciplina de formação. “Trazer os carros da Formula Regional para Macau para a Taça do Mundo da FIA é uma consequência natural da evolução do panorama das corridas monolugares juniores nos últimos anos e é um passo lógico na pirâmide”, disse o responsável da FIA e ex-Chefe de Equipa. “A corrida de Fórmula 3 de Macau construiu a sua reputação lendária como um evento que reunia os melhores pilotos jovens das competições nacionais de todo o mundo naquele que é o circuito citadino mais desafiante do mundo. A mudança para os carros da Formula Regional revive muito esse espírito e é uma solução ótpima a longo prazo para a competição de monolugares sancionada pela FIA em Macau.” Lançada em 2018 na Ásia e nos EUA, na altura com o nome de F3 Regional, a Fórmula Regional faz a ponte entre várias as várias competições nacionais de Fórmula 4 e o Campeonato do Mundo de Formula 3 da FIA, que acompanha a Fórmula 1 vários eventos. Actualmente, existem cinco diferentes campeonatos de Fórmula Regional certificadas pela FIA a serem realizadas em todo o mundo – Américas, Europa, Japão, Médio Oriente e Oceânia – e, de acordo com dados da FIA, haverá aproximadamente 92 pilotos de Fórmula Regional a competir globalmente em 2024. Todos os carros desta disciplina são construídos pela experiente Tatuus em Itália e usam diferentes motorizações, consoante o campeonato e a geografia do mesmo. Não foi revelado pela FIA que motorizações serão autorizadas a participar na prova do Circuito da Guia. O Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.
João Luz Manchete SociedadeDoenças respiratórias | Mais de 5.500 crianças nas urgências em Abril No mês passado, 5.570 crianças foram admitidas nas urgências do Hospital São Januário com casos severos de gripe e covid-19. O aumento de pacientes levou à sobrelotação de enfermarias. A chefe de pediatria realçou a falta de defesas imunológicas das crianças, devido ao uso prolongado de máscaras. Entre Janeiro e Abril deste ano, houve mais pneumonias do que em 2023 Macau continua a atravessar um período de pico ao nível de infecções respiratórias, com particular incidência para as crianças. Só no mês passado, cerca de 5.570 crianças foram atendidas nas urgências do Centro Hospitalar Conde de S. Januário devido a casos severos de infecção de covid-19 e gripe, acentuando a tendência dos últimos meses. A informação foi revelada ontem pela chefe de serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, Wong Fong Ian, aos microfones do Fórum Macau, no canal chinês da Rádio Macau. Retratando um cenário de enfermarias lotadas, mas com a capacidade estabilizar, a responsável realçou que crianças com idades entre os 2 e 3 anos têm maior probabilidade de adoecerem, situação que explicou com uso de máscara durante a pandemia e o facto de as crianças ficarem mais tempo em casa. Aliás, Wong Fong Ian referiu que o fenómeno é alargado às restantes cidades da Grande Baía, onde as crianças têm um défice imunológico e de anticorpos adquiridos através de infecções cruzadas. Os resultados destas práticas estão agora a inundar as urgências hospitalares, com crianças que acumulam entre duas a quatros infecções diferentes em simultâneo, com sintomas mais severos. Outro dado contrastante revelado ontem pela chefe de pediatria do São Januário, diz respeito ao número de pneumonias devido a infecções de bactérias micoplasma. Entre Janeiro e Abril deste ano, o número deste tipo de pneumonia já atingiu o registo total de 2023. Febre a noite toda A médica Leong Iek Hou, que dirige a Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis e marcou a agenda mediática da região durante a pandemia, traçou o cenário evolutivo das doenças respiratórias nos últimos meses. Desde Dezembro do ano passado, os vários vírus da gripe, covid-19 e enterovírus registaram números crescentes de infecções. Por exemplo, o vírus da gripe H3 começou a entrar no radar dos Serviços de Saúde em Dezembro, propagou-se em Janeiro, desceu em Fevereiro e voltou a ressurgir em Março. Leong Iek Hou, que durante cerca de três anos aconselhou o uso de máscaras em quase todas as situações, afirmou ontem que o ressurgimento de vírus se deve ao uso frequente de máscara durante a pandemia, que enfraqueceu a protecção imunológica da população. A responsável afirmou que na passada semana, entre os doentes que recorreram ao hospital com sintomas de febre, 16 por cento estavam infectados com um tipo de gripe e 12 por cento com covid-19. Em Abril, as autoridades registaram 105 casos de infecções colectivas em escolas, particularmente afectando crianças muito novas, o que representa um aumento anual de cerca de 75 por cento. Entre estas infecções, cerca de 40 por cento era de gripe A.
João Luz Manchete SociedadeSJM | Concessionária compra Centro Kam Pek por 166 milhões de HKD A SJM comprou à empresa-mãe o Centro Comunitário Kam Pek, na Almeida Ribeiro, para alargar o portfolio de ofertas gastronómicas e fortalecer a sua posição no mercado do turismo de massas. A renovação da propriedade de três andares estará no epicentro da missão de revitalizar a zona central da península O Centro Comunitário Kam Pek, no coração para principal artéria do centro histórico de Macau, a Avenida Almeida Ribeiro, irá ter uma segunda vida. A concessionária de jogo SJM comprou a propriedade à empresa-mãe, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, S.A. (STDM), por um valor de 166 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), “com o pagamento estruturado em três fases”, indicou a SJM Holdings, numa nota enviada na terça-feira à bolsa de valores de Hong Kong. “A propriedade foi adquirida para ser remodelada e reabilitada, ajudando a cumprir a principal meta do grupo de revitalização da zona da Avenida Almeida Ribeiro (San Ma Lo), e complementar outros locais património da UNESCO e fortalecer o leque de atracções não-jogo de Macau para turistas internacionais”, refere o grupo dirigido por Daisy Ho. O grupo justifica a aquisição e o plano de remodelação como um dos compromissos assumidos nas novas concessões de jogo. É ainda referido à bolsa de valores de Hong Kong que “a estratégia do grupo é capitalizar a sua perícia em gastronomia”, com o Centro Comunitário Kam Pek a transformar-se num centro para comidas e bebidas, “complementando as ofertas do grupo no Grand Lisboa e Hotel Lisboa, que estão localizados no outro extremo da San Ma Lo”. A concessionária espera que a aquisição do edifício histórico ajude na criação de sinergias com as restantes propriedades do grupo na península de Macau, para “atrair o tráfego pedestre e uma base de clientela mais alargada, e encorajando visitas recorrentes”. A operação no Centro Comunitário Kam Pek está enquadrada num plano mais alargado do que a revitalização da zona, que irá dar nova vida às Pontes 14 e 16 do Porto Interior e à Praça de Ponte e Horta. A segunda parte A SJM Holdings anunciou ainda que vai adquirir à STDM duas empresas que eram responsáveis pela gestão e operação de restaurantes no empreendimento Grand Lisboa Palace, pelo preço de 31,5 milhões de HKD. As empresas são a SJM – Investment Ltd e a SJM – F&B Services Ltd. Na nota em que anuncia as aquisições, o grupo enquadra as compras com “o compromisso de investir nos elementos não-jogo”. “No âmbito da nossa estratégia de promoção nos mercados de massas e internacional, e tirando partido da experiência culinária do grupo, estas aquisições permitem optimizar a oferta de comidas e bebidas no Grand Lisboa Palace, sob o nosso controlo”, indica a SJM Holdings. A ideia é centralizar na concessionária a gestão de preços, alocação de custos, estratégias de marketing e posicionamento no mercado. Os restaurantes que estão a ser desenvolvidos pelas empresas adquiridas incluem o café da marca londrina “EL&N” e o restaurante italiano “Mamma Pizza”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHabitação | Centaline diz que mercado está em recuperação Apesar do número de transacções estar a subir face ao histórico mais recente, o mercado não espera que os preços do passado voltem tão depressa. Como parte das novas estratégias de venda, as imobiliárias viram-se cada vez mais para os clientes não-residentes A remoção das medidas de controlo do mercado imobiliário está a gerar um aumento do número de transacções. O cenário de recuperação foi traçado por um dos agentes da Agência Imobiliária Centaline. Em declarações ao jornal Exmoo, Roy Ho, director da Agência Imobiliária Centaline de Macau e Hengqin, revelou que as transacções aumentaram 900 por cento, em termos mensais. Ho explicou que entre 1 e 19 de Abril, apenas tinham sido registadas cerca de 10 transacções de imóveis novos. Todavia, desde as alterações legislativas, e até terça-feira, foram realizadas mais de 100 transacções. Sobre os aspectos que contribuíram para a recuperação, Ho indicou o facto de o mercado ter voltado a ser interessante para os não-residentes. “Porque podem ser adquiridos por não residentes sem grandes penalizações no preço final”, respondeu o director da Centaline. Segundo o agente imobiliário, este tipo de clientes engloba os estudantes que estão em Macau e têm famílias mais abastadas, o que faz com que em vez de arrendarem uma casa na RAEM, optem por comprar. Outro tipo de não-residentes que é tido como público-alvo para a venda de casa, são os trabalhadores não-residentes com grande capacidade financeira, como acontece com os homens-de-negócio. Para atraírem este tipo de clientes, Roy Ho apontou que o mercado tem oferecido descontos que variam entre 5 a 10 por cento sobre o preço da habitação a estes compradores. Outra técnica, revelou, passa por vender a fracção habitacional em conjunto com um lugar de estacionamento, sendo que este último é oferecido com desconto. Roy Ho indicou também que actualmente as habitações novas são vendidas a um preço médio de 7.000 patacas por pé quadrado. Casas em segunda mão No que diz respeito às transacções de habitações em segunda mão, Roy Ho indicou que a recuperação é na ordem dos 30 a 50 por cento. O agente imobiliário afirmou que há sinais de melhoria e que neste momento as transacções estão a subir. No entanto, os preços ainda estão longe do que era praticado anteriormente, não se esperando que a recuperação aconteça tão depressa nesta vertente. Segundo Ho, um dos factores que impede uma recuperação rápida prende-se com o facto de muitas regiões vizinhas, como Hong Kong, também terem adoptado medidas de incentivo ao mercado imobiliário. O director da Centaline explicou igualmente que outro aspecto que contribui para que o mercado não tenha uma recuperação tão rápida a nível dos preços, passa pelo facto de haver várias casas disponíveis para venda em primeira mão, tanto no Interior como em Hong Kong. Apesar destes sinais, Ho acredita que os preços vão aumentar mais depressa em Macau do que nas outras regiões porque o número de casas disponíveis é mais reduzido. “Se actualmente os promotores tiverem 100 imóveis disponíveis, acredito que podem começar a aumentar os preços e a gerar lucros maiores quando venderem cerca de 30 por cento desses imóveis”, calculou. No mês passado, após proposta do Governo, a Assembleia Legislativa aprovou as alterações à lei para cancelar o imposto do selo especial, imposto do selo adicional e imposto do selo sobre a aquisição de fracções habitacionais. Um mês depois da medida, o mercado mostra sinais de recuperação.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrânsito | Distribuídas 695 quotas de circulação para a Ponte HZM As novas quotas para conduzir até Hong Kong pela ponte do Delta vão ser distribuídas pela ordem do sorteio realizado em Março deste ano. Segundo o Governo, entre as 695 quotas anunciadas ontem estão integradas as que ficaram por reclamar no concurso anterior A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem que está a distribuir 595 quotas para particulares e 100 quotas para entidades comerciais circularem na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O comunicado foi emitido na manhã de ontem, anunciando a abertura de um total de 695 quotas de circulação entre as duas regiões administrativas especiais. “O Governo prossegue com os trabalhos relativos à atribuição de quotas regulares para a circulação de veículos particulares de Macau entre Hong Kong e Macau através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Inicia-se hoje [ontem], dia 22 de Maio, uma nova fase de atribuição que inclui quotas suplentes, abrangendo 595 quotas destinadas a entidades particulares e 100 a entidade comerciais”, foi afirmado, em comunicado. Neste procedimento vão ser distribuídas quotas novas, mas também parte das quotas que ficaram por reclamar no âmbito do concurso aberto em Março deste ano. Nesse procedimento foram distribuídas 2.000 quotas para particulares e 500 quotas entidades comerciais. A DSAT não indicou no comunicado quantas pessoas não reclamaram as quotas do concurso anterior, que tinha um custo de participação de 500 patacas a fundo perdido. Também não foi indicado quantas quotas são efectivamente novas. A atribuição de 695 quotas não vai levar à realização de um novo sorteio. Ao invés, as autoridades vão utilizar a lista do sorteio de Março, como tinha sido anunciado anteriormente, quando esse concurso foi realizado. “As quotas mencionadas serão atribuídas em conformidade com a continuação da lista de ordem estabelecida pelo sorteio das quotas regulares de circulação de veículos particulares de Macau entre Hong Kong e Macau para o ano de 2024”, foi revelado. Parte burocrática Os resultados da atribuição das novas quotas foram publicados no portal da DSAT e podem ser consultados pelos interessados. Os escolhidos para as novas quotas têm até 28 de Agosto para preencher as informações exigidas e carregar os documentos necessários no portal da DSAL. Após este procedimento, os proprietários dos veículos vão ser contactados pela DSAT, para confirmar se reúnem efectivamente todas as condições necessárias. No caso de os requisitos legais estarem cumpridos, os sorteados devem ir até 12 de Setembro às instalações da DSAT para proceder ao pagamento. Caso deixem passar os prazos indicados, as autoridades consideram que os escolhidos desistiram das quotas, pelo que a DSAT deixou um apelo para que os interessados se mantenham atentos aos prazos. “Considerando o tempo necessário para aguardar o procedimento e concluir a análise dos documentos, a DSAT apela aos requerentes que tratem das formalidades com antecedência”, foi apelado. “O atraso ou a inobservância das formas exigidas para a apresentação dos documentos requeridos ou para o pagamento das taxas será interpretado como renúncia à quota”, foi acrescentado.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteBEYOND Expo | A cimeira de tecnologia que quer ser a Websummit da Ásia Arrancou ontem mais uma edição da “BEYOND Expo”, a cimeira de tecnologia e empreendedorismo que se quer afirmar como uma Websummit deste lado do mundo, chamando a Macau startups e investidores nas áreas da tecnologia, inovação e meios digitais. Para Lu Gang, co-fundador do evento, juntamente com Jason Ho, filho do Chefe do Executivo, as expectativas são elevadas A Websummit, um dos maiores eventos mundiais na área da tecnologia, startups, inovação e empreendedorismo, criada por Paddy Cosgrave, é conhecida em todo o mundo e até tem alguma presença do mercado asiático. Contudo, para Lu Gang não chega. O co-fundador da “BEYOND Expo”, cimeira tecnológica e de empreendedorismo local que arrancou ontem no Venetian, e que termina no sábado, quer transformar o evento numa espécie de Websummit, mas virada para o mercado asiático. Tudo a partir de Macau, que convenientemente assume o papel de plataforma comercial e de serviços, e uma porta de entrada para o projecto da Grande Baía. “Já estivemos na Websummit, e considero que é uma grande plataforma de tecnologia e eventos, como são outros eventos onde já estivemos, em Las Vegas e Helsínquia. A grande razão pela qual criámos a BEYOND é porque olhamos para estas grandes plataformas, como a Websummit, e vemos uma grande presença de startups de toda a Europa, mas não da Ásia”, confessou ao HM. Para Lu Gang, “nos últimos dez anos temos visto cada vez mais inovação a surgir na Ásia. Mas, na verdade, vemos poucos eventos como a Websummit a acontecer deste lado do mundo”. “É difícil, mas estamos a tentar construir algo como a Websummit, que tem reunido muitas pessoas e empresas na Europa. Mas defendemos que é necessária uma plataforma que, todos os anos, agregue pessoas e companhias ligadas à inovação tecnológica da Ásia”, acrescentou. Ao lado de Lu Gang está Jason Ho, filho do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que não se mostrou disponível para uma entrevista. Até sábado são esperados diversos painéis e eventos com dezenas de oradores, cerca de 800 expositores e muitos palcos onde se falará de liderança no feminino, alterações climáticas ou tecnologias da saúde. A BEYOND Expo tem três marcas associadas, nomeadamente a “BEYOND Healthcare”, virada para o debate em torno da inovação na saúde, a “BEYOND ClimateTech”, sobre a forma como as novas tecnologias podem ser utilizadas para dar respostas em matéria de alterações climáticas, e a “BEYOND Consumer Tech”, em prol de soluções sobre formas de consumo. Organizado desde 2021, o evento passou por várias alterações devido à pandemia, sendo esta a segunda vez que se realiza de forma presencial e com a participação de muitas entidades e personalidades de cariz mundial. “Procuramos, este ano, ter mais participantes internacionais, ao nível dos media, governos, startups, empresas. A BEYOND está a tornar-se verdadeiramente num dos grandes eventos internacionais que se realizam em Macau”, disse Lu Gang. Inspiração para as PME Mais do que ser um evento cada vez mais internacional, a BEYOND Expo quer tornar-se influente para os negócios locais, criando uma rede de contactos e de parcerias. “O nosso objectivo é fazer com que as pequenas e médias empresas (PME) locais se sintam inspiradas pelo nosso evento e se tornem cada vez mais empresas internacionais. Talvez nos próximos cinco anos vejamos mais PME internacionais ou startups a nascer localmente”, adiantou. Lu Gang, que não é de Macau, diz que a organização escolheu o território para a realização da BEYOND Expo por ter “uma localização perfeita para grandes eventos”, graças aos sectores do turismo, hotelaria, entretenimento e restauração. Apesar das vantagens geográficas, Macau ainda é um território desprovido de um sector tecnológico desenvolvido se compararmos com regiões como Xangai, Pequim ou Hong Kong. “Se olharmos para o ecossistema tecnológico, comparando com outras grandes cidades da Ásia, penso que Macau não tem grandes vantagens. Os locais precisam ainda de fazer mais tentativas e de se esforçar mais para criar projectos na área tecnológica. A nossa visão, com a BEYOND Expo, é trazer para Macau as grandes empresas e empresários para que possam encorajar os jovens empresários locais a desenvolver projectos mais inovadores.” Vozes femininas Uma das novidades deste ano é o painel “SheTech Summit”, que decorre hoje e aborda temas como a liderança feminina nas empresas de tecnologia e de como as mulheres trazem vantagens ao mundo empresarial. Entre as oradoras destaque para Ming Gao, presidente da sucursal do ICBC (Industrial and Commercial Bank of China) em Macau, Dragana Kostic, vice-presidente da área de tecnologia da BMW para a região da Ásia Pacífico, ou Maggie Liu, vice-presidente da NVIDIA Global. Lu Gang contou ao HM que o empreendedorismo feminino é uma das grandes áreas a desenvolver pela BEYOND Expo. “Queremos destacar as contribuições das mulheres nesta área, e temos uma grande diversidade na edição deste ano, desde líderes de grandes empresas, como a NVIDIA ou a BMW, a gestoras de startups.” Depois de tantas idas e vindas devido à pandemia, a BEYOND Expo parece estar pronta a arrancar. Lu Gang mostra-se optimista em relação ao futuro do evento. “Esperamos construir uma expo cada vez maior, e que seja, de facto, a versão asiática da Websummit ou de outros eventos do género na área da inovação tecnológica. Queremos construir uma plataforma na Ásia que seja também como uma festa, ou grande evento anual, para organizarmos aqui a grande festa da tecnologia da Ásia todos os anos, e ter convidados a falar das suas ideias e apresentar os seus mais recentes produtos deste lado do mundo.” O co-fundador da BEYOND Expo fala ainda das conexões crescentes não só com a Europa como com a América do Sul e o Médio Oriente. “Todos [empresas e personalidades] podem vir à Ásia mostrar o seu potencial, e esperamos, de facto, criar mais parcerias e colaborações com países tanto do oriente como do ocidente. Queremos que a BEYOND se torne, de facto, cada vez mais influente e uma valiosa plataforma de tecnologia para todo o mundo.” Apresentando a visão de alguém de fora, Lu Gang não deixou de comentar o posicionamento do jogo no evento e na economia, numa altura em que o Governo aposta cada vez mais em novos sectores de actividade para a diversificar a economia. “No futuro continuaremos a ter jogo, mas podemos também ter tecnologia. Vemos também que há cada vez mais empresas chinesas a irem para mercados internacionais, então Macau poderia ser um lugar perfeito para essas empresas, sobretudo no acesso aos mercados internacionais e de língua portuguesa”, declarou Lu Gang. “Embracing the Uncertainities” [Abraçar as Incertezas] é o mote da edição deste ano que tem também um painel dedicado ao investimento. Tem como nome “BEYOND Investment Summit” e conta com nomes como Harry Man, partner da “Maxi Partners”, na China, ou Jung-hee Ryu, CEO da FuturePlay. Na “Asia-LATAM Tech Forum”, também uma novidade este ano na BEYOND Expo, o tema é “A New Era of Business and Cultural Cooperation” [Uma Nova Era de Cooperação Cultural e de Negócios], que acontece amanhã. É aqui que se verifica o lado internacional da BEYOND, com oradores da América Latina, como é o caso de Cassio Spina, presidente da “Anjos do Brasil” (Associação de Investidores-Anjo do Brasil) ou Ingrid Barth, presidente da “Abstartups”, a Associação de Startups do Brasil. Por sua vez, no “BEYOND Founder Forum” o tema é a inovação na ásia e o diálogo com jovens fundadores de empresas. Neste painel será orador Mario Yau Kwan Ho, presidente do conselho de administração do grupo NIP e presidente da “Macau Esports Federation”, bem como David Lee, CEO e co-fundador da Nex.
João Santos Filipe Eventos MancheteMês de Portugal | Exposições, teatro e música animam celebrações. Regressa recepção à comunidade Ao longo de 30 dias, cerca de 27 actividades vão assinalar o dia e o mês de Portugal na RAEM, que este ano distingue igualmente outras efemérides como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de soberania de Macau O regresso da recepção à comunidade portuguesa na Bela Vista é um dos destaques das celebrações de Junho Mês de Portugal. No ano em que as celebrações vão também assinalar outras efemérides, como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de Macau, a residência consular volta a abrir as portas para a comunidade, o que acontece pela primeira vez desde a pandemia da covid-19. “A recepção do 10 de Junho volta ao seu lugar natural e, como sempre, independentemente do envio de convites, que já está a ser feito, é também aberta a todos os portugueses, desde que tenham documento de identidade portuguesa”, afirmou o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, durante a conferência de apresentação do mês de Portugal. “Todos são bem-vindos, sem qualquer outra formalidade”, acrescentou. A recepção incluiu não só os discursos oficiais, tanto dos representantes de Portugal, e também da RAEM, como a oferta de comida e bebida. O programa com as festividades foi apresentado ontem e conta com 27 actividades, entre exposições, lançamento de livros, ‘workshops’, seminários e até um arraial, que envolve 16 associações locais. O Arraial de Santo António vai ter lugar na Escola Portuguesa de Macau e disponibiliza concertos, comes e bebes, karaoke e jogos. No dia 15 de Junho, há um concerto de música popular portuguesa a cargo de Tomás de Ramos de Deus, Miguel Andrade, Paulo Pereira, Ari Calangi, João Rato e David Rato. No dia seguinte, a animação fica a cargo do coro da Casa de Portugal, há um espectáculo de Robertos de Sérgio Rolo, e os intérpretes do dia anterior voltam a tocar. Viagem aérea Outro dos destaques do programa, passa por uma exposição sobre a primeira viagem aérea entre Portugal e Macau, uma vez que também se assinala o centenário desta aventura épica. A exposição vai ser inaugurada a 20 de Junho e manter-se-á no local até ao dia 30. Com a inauguração é realizada igualmente uma conferência sobre a viagem de Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, que começou em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 7 de Abril de 1924. O evento vai contar com a presença do director do Museu do Ar da Força Aérea Portuguesa, Carlos Mouta Raposo, e com o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro. No dia seguinte, a 21 de Junho, uma conferência semelhante vai ser realizada no Club Lusitano, em Hong Kong, onde a viagem praticamente terminou, devido a uma aterragem forçada, que aconteceu a 20 de Junho de 1924. Roteiro da Gastronomia Para os apreciadores de gastronomia, o mês de Portugal oferece igualmente a possibilidade de experimentar vários restaurantes com comida portuguesa na RAEM a preço de saldos. A iniciativa Roteiro Gastronómico – Comer e Beber à Portuguesa vai ser realizada pelo segundo ano consecutivo, e os interessados vão poder usufruir de um desconto de 10 por cento nos restaurantes que aderirem à actividade. Ontem, a lista ainda estava a ser ultimada, mas o objectivo da organização passa por conseguir apresentar uma lista com 20 espaços diferentes, o que seria o dobro face ao ano passado. Além dos descontos imediatos, os participantes do Roteiro da Gastronomia podem ainda habilitar-se a participar num sorteio que vai atribuir vales para refeições grátis para duas pessoas. Por sua vez, a Casa de Portugal em Macau vai colocar na varanda da sede “um Camões de grande tamanho”, uma instalação da artista portuguesa Elisa Vilaça, de acordo com a presidente da associação, Maria Amélia António. Neste momento, ainda está a ser equacionada a possibilidade de em certos momentos haver música ao vivo com a instalação. O tempo das crianças A pensar nos mais novos também estão programadas várias actividades. No dia 1 de Junho, vai ser exibida a peça de teatro “Era Uma Vez (Outra Vez)”, a cargo da companhia ETCetera Teatro. A peça aproveita o imaginário dos irmãos Grimm e explora a relação entre dois irmãos que estão de férias numa aldeia sem acesso às novas tecnologias. Nos dias 8,9,15 e 16 de Junho vão ser realizados workshops para pais e filhos de construção de brinquedos em madeira, na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal de Macau. As inscrições têm de ser feitas junto da Casa de Portugal, até 6 de Junho, e estão abertas a crianças com idades entre os 5 e 10 anos. Atrair novos públicos Sobre a realização do mês de Portugal, Alexandre Leitão destacou a necessidade de ser criado um programa cada vez mais apelativo, que tenha capacidade para mobilizar não só a comunidade, mas todas as comunidades em Macau. O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong indicou também que o futuro passa por disponibilizar diferentes actividades pelas quais as diferentes comunidades considerem que vale a pena pagar. “Verificamos que muitas vezes os jovens saem da Escola Portuguesa de Macau e de outras instituições onde se ensina a língua portuguesa a falar muito bem português, mas não conhecem a cultura, literatura, música e outros aspectos culturais ligados a Portugal e à lusofonia”, afirmou. “Queremos promover uma literacia cultural, se assim quisermos dizer, que a prazo crie um público que procura, que está disposto a pagar […] É importante [criar o público] porque é muito simpático ter um apoio forte do Governo da RAEM, ter uma boa disponibilidade do Governo de Hong Kong que nos foi sinalizada há pouco tempo, ter um instituto cultural com o qual temos uma boa relação, mas estas coisas um dia podem mudar, por diversíssimas razões. E o que é sustentável é haver um gosto e um público vasto pela música, pelas artes plásticas, pelo teatro e pela dança de expressão portuguesa e com isso vir a vontade de consumir e a disponibilidade para pagar um bilhete”, justificou. Apesar da apresentação do programa ter acontecido ontem, este não está totalmente finalizado e, nos próximos dias, podem ser apresentadas mais actividades, como uma feira do livro. Em aberto Quando questionado ontem com a possibilidade de membros do Governo se deslocarem a Macau para participarem nas celebrações do 10 de Junho, Alexandre Leitão explicou aguarda uma decisão do Conselho de Ministros. De acordo com o cônsul, a representação de Portugal em Macau mostrou interesse em receber a visita de membros do Governo, mas a decisão depende de Lisboa. Também durante o mês de Junho, Macau deve receber a visita do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário. CALENDÁRIO DE EVENTOS 1 de Junho 15h00 Teatro Infantil: Era uma Vez (outra vez) Local: IPOR 16h00 Lançamento de Produto Literário para Crianças: ‘DinisCaixapiz’; Local: IPOR 17h00 Inauguração da Exposição de Fotografia: Para os olhos dos jovens (de espírito) – Francisco Ricarte; Local: Galeria Inferior da Casa Garden, exibição até 30 de Junho Todo o Dia: Instalação – Luís de Camões 500 anos do Nascimento Local: Varanda da sede da CPM 2 de Junho 10h30 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte 15h00 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte 4 de Junho 18h30 Exposição de Fotografias e Lançamento de Livro “Macau Patterns”; Local Fundação Rui Cunha 6 de Junho 18h30 Exposição Individual de Diogo Muñoz – MACAU FOREVER; Local Albergue SCM Galeria 2 7 de Junho 18h30 Lançamento do livro “Vulgaridades Chinesas” (IIM); Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 20h00 Concerto Sino- Português Capitão Fausto x David Huang; Local MGM COTAI 8 de Junho 15h00 Seminário Sobre os Projectos de Alta Tecnologia em Portugal e Macau; Local Restaurante Plaza, 1.º Andar, Salão Lótus 15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 17h00 Exposição de Fotografia A Presença de Matriz Portuguesa em Macau – Halftone; Local Galeria de Exposições do Bela Vista 9 de Junho 10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 10 de Junho 09h00 Hastear da Bandeira; Local Consulado de Portugal 10h00 Romagem à Gruta e Camões; Local Jardim de Camões 18h00 Recepção à Comunidade; Local Bela Vista 12 de Junho 18h30 Festa Gastronómica Portuguesa; Local Baccara Room, Sofitel 13 de Junho 18h30 Inauguração da Exposição das Sardinhas – Arraial de Santo António; Local Casa de Vidro 14 de Junho 18h30 Exposição Made with love by Vista Alegre BORDALLO PINHEIRO; Local Galeria Amagao Artyzen Grand Lapa Macau 15 de Junho 15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 18h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau 16 de Junho 10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 14h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau 17 de Junho 18h30 Apresentação da Edição e Exposição 10.6 Víctor Marreiros; Local Clube Militar 18 de Junho 18h30 Desafios Orientais Exposição de Pintura em Porcelana – Rui Calado; Galeria da Fundação Rui Cunha 20 de Junho 15h00 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 21 de Junho 18h30 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Club Lusitano Hong Kong 24 de Junho 18h30 Palestra – 500 Anos da Língua de Camões e a Evolução Cultural de Portugal em Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 25 de Junho 18h30 Palestra – Seminário Oportunidades de Comércio e Negócios em Portugal da Associação Comercial de Macau; Local Associação Comercial de Macau 27 de Junho 18h30 Clube de Leitura; Local IPOR Biblioteca Camilo Pessanha 28 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão 29 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão 30 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Citigroup revê em alta estimativas das receitas dos casinos Os analistas do Citigroup acreditam que as receitas do jogo deste mês serão melhores do que inicialmente esperado. Como tal, acrescentaram 500 milhões de patacas às estimativas iniciais O Citigroup fez uma revisão em alta das receitas brutas do jogo e indica que em Maio os casinos deverão encaixar cerca de 20,5 mil milhões de patacas. Segundo o relatório mais recente do banco de investimento, a alteração representa uma diferença de 500 milhões de patacas, face à estimativa inicial. No caso das receitas brutas do jogo ficarem pelos 20,5 mil milhões de patacas, o analista George Choi indica que a indústria vai atingir 79 por cento dos níveis de 2019 para o mês de Maio, quando se viveu o último ano antes dos efeitos da pandemia. De acordo com os dados partilhados pelo banco de investimento, que cita fontes da indústria, nos primeiros 19 dias do mês as receitas terão ficado muito próximas dos 13,4 mil milhões de patacas. “Na semana passada, a taxa de receitas diárias implícita foi de aproximadamente 686 milhões de patacas, cerca de 19 por cento mais elevada do que na semana anterior, quando o registo foi de aproximadamente 579 milhões de patacas por dia. Acreditamos que a melhoria da taxa receita diária se deveu principalmente ao aumento do turismo”, escreveu Choi, de acordo com um relatório citado pelo portal GGR Asia. Em relação aos visitantes, o Citigroup acredita que as receitas do jogo também estão a beneficiar da organização de grandes espectáculos e ainda da oferta de um novo tipo de aposta paralela ao jogo bacará: “Os concertos do grupo de Cantopop Mirror [que teve lugar na Galaxy Arena de 16 a 19 de Maio] e a recente introdução das apostas paralelas ‘grande e pequeno 6’ pela Sands e pela Galaxy provavelmente também contribuíram [para o aumento das receitas]”, foi explicado. Novas apostas As apostas paralelas ‘grande e pequeno 6’ são uma variante das apostas ‘Sortudo 6’ que podem ser feitas nas mesas de bacará, o jogo mais popular no território e responsável pela maioria das receitas dos casinos. O lançamento deste novo tipo de variante foi noticiado no início do mês pelo portal GGR Asia, que na altura avançou que esta variante de apostas estava disponível nos casinos das duas concessionárias de jogo. Com receitas acumuladas de cerca de 13,4 mil milhões de patacas até ao dia 19, o Citigroup prevê que o montante médio diário encaixado pelos casinos até ao final do mês seja de 592 milhões de patacas. A revisão em alta das receitas para este mês foi justificada com o maior volume de apostas tanto no segmento dos grandes apostadores como no jogo de massas em comparação com Abril. Segundo as estimativas mais recentes, o volume do jogo VIP mostra um crescimento entre 15 a 18 por cento face a Abril, e no segmento de massas o crescimento é de 13 a 15 por cento.
João Luz Manchete SociedadePJ | Morte de criança em creche sem indícios de crime A Polícia Judiciária anunciou ontem que não foram encontrados indícios de crime no caso da bebé que foi encontrada morta na Creche Fong Chong, na Taipa. As autoridades garantem que após análises forenses e investigações não foram reunidas provas que apontassem sequer para negligência. O caso seguiu para o Ministério Público No passado dia 19 de Outubro, a tragédia bateu à porta de uma família de Macau, quando a sua filha de quatro meses foi encontrada sem vida enquanto estava na Creche Fong Chong, na Taipa. Quase sete meses depois, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem que não foram encontrados indícios da prática de qualquer crime que tenha levado ao óbito da bebé quando estava à guarda da creche subordinada à Associação de Moradores. No dia em que as autoridades anunciaram a conclusão da investigação, foi indicado não terem sido encontradas evidências que apontassem para actos intencionais ou negligentes que pudessem colocar em causa a vida ou a integridade física da criança. As autoridades policiais garantiram ter levado a cabo uma investigação aprofundada, que incluiu análises ao local, entrevistas ao pessoal que trabalhava na creche que, entretanto, fechou portas, e análises forenses. Foram inclusive enviadas para análise laboratorial em Hong Kong amostras de sangue da criança. Os resultados não acusaram qualquer situação anómala ou ingestão de substâncias tóxicas. Também não foram encontrados sinais de asfixia. O passo seguinte Durante a conferência de imprensa de ontem, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, quando questionado sobre a causa de morte da criança, a PJ afirmou não pode revelar detalhes que envolvam análises médicas. Porém, a polícia elaborou um relatório forense que acompanhou o envio do caso para o Ministério Público. Recorde-se que a criança foi encontrada sem sinais de vida, quando deveria estar a dormir a sesta. A Creche Fong Chong da Taipa, subordinada à Associação dos Moradores, uma das principais forças políticas do território, teve como directora Tang Iao Kio e foi estabelecida em Fevereiro de 1962. Disponibilizava o serviço para crianças dos três meses aos três anos, até ter encerrado portas no fim do ano passado. “Estamos profundamente tristes e lamentamos profundamente o ocorrido. Após fazer uma revisão cuidadosa e profunda [do incidente], e ter em conta múltiplas considerações, a creche decidiu que vai deixar de operar no final de 31 de Dezembro de 2023. Esta foi uma decisão difícil de tomar e não tem como objectivo fugir às responsabilidades ou colocar um fim neste incidente. Pelo contrário, as responsabilidades pelo incidente e os envolvidos devem ser responsabilizados”, indicou o Instituto de Acção Social após a tragédia ter acontecido.
João Luz Manchete PolíticaOrçamento | Pedidos incentivos ao consumo e apoios sociais A deputada Lo Choi In quer o próximo Orçamento da RAEM contemple o aumento dos subsídios de desemprego, para cuidadores, pensão de velhice e do apoio às instituições de solidariedade social. Além disso, pede atenção para a ligação entre as dificuldades financeiras e o aumento dos suicídios A deputada Lo Choi In apelou ontem ao Governo para “reservar recursos e espaço de manobra suficientes para a elaboração de uma proposta de orçamento flexível para o próximo ano” de forma a promover o consumo local e resgatar a economia comunitário da “onda de encerramentos” de empresas e espaços comerciais. Numa intervenção antes da ordem do dia, lida ontem na sessão plenária da Assembleia Legislativa, a deputada defendeu que, “face ao constante superavit verificado nas receitas financeiras”, o Executivo deve também acudir às classes mais desfavorecidas da população. Como tal, Lo Choi In pede que o próximo Orçamento da RAEM contemple o aumento do “subsídio de desemprego e a prorrogação do seu prazo de atribuição, para proporcionar uma melhor protecção aos desempregados face à reconversão da estrutura económica”, assim como o “aumento do valor da pensão de velhice e a sua indexação ao valor do risco social”. Com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e dignidade dos idosos, a deputada pediu também que o regime de garantia para a aposentação seja aperfeiçoado. A legisladora ligada à comunidade de Jiangmen pediu também “o aumento, quanto antes, do montante do subsídio para cuidadores e a atribuição aos mesmos de um apoio pecuniário substancial como um amortecedor poderoso para evitar a ocorrência de tragédias”. Ainda com as franjas mais fragilizadas da população em mente, Lo Choi In pediu mais apoio financeiro às instituições de solidariedade social, para contratar mais pessoal, e alargar a rede de apoio aos serviços sociais, “a fim de aliviar a actual atmosfera negativa na sociedade”. A razão das coisas A irregular recuperação económica foi ilustrada por Lo Choi In com os dados da Autoridade Monetária de Macau relativos aos rácios de créditos que não foram pagos por empresas, que duplicaram este ano, face ao segundo semestre de 2023. Em contrapartida, os novos créditos concedidos caíram cerca de 20 por cento, “o que demonstra que a confiança e a situação do mercado não são satisfatórias”, e que será previsível a continuação da onda de encerramentos de empresas e espaços comerciais. Em relação às causas para o panorama de depressão económica, a deputada referiu a transferência de consumo para o Interior da China, a subida contínua dos preços dos produtos, mas também as obras públicas que estão “por todo o lado” e o trânsito que tornam “difícil atrair turistas para as zonas comunitárias”. Seguindo a onda de referências à visita de Xia Baolong Macau, mencionadas por uma larga maioria dos deputados que participaram ontem no plenário, Lo Choi In pediu apoio ao Governo para que os “serviços sociais possam também ser um ‘cartão-de-visita dourado’ de Macau”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteDroga | Técnica da PJ defende penas mais pesadas e menciona pena de morte Uma técnica superior da Polícia Judiciária defende num estudo que Macau deve aumentar as penas por consumo e tráfico de droga, destacando os exemplos do Interior da China, Taiwan e Singapura onde vigora a pena de morte. Para a autora, a actual legislação é “clemente” e deveria consagrar a reabilitação obrigatória Consumir droga em Macau é um crime punido com uma pena de prisão que pode ir de três meses a um ano ou aplicação de multa no valor máximo equivalente a 240 dias. No caso do tráfico, a pena de prisão pode ir dos cinco aos 15 anos. Porém, Connie Lok Cheng, técnica superior da Polícia Judiciária (PJ), defende que a moldura penal deve ser agravada, considerando que Macau tem penas baixas quando comparado com a China ou Hong Kong. A conclusão consta do estudo “Research on Optimization of Adolescent Drug Abuse Prevention Policies in Macao” [Investigação sobre a Optimização das Políticas de Prevenção da Toxicodependência na Adolescência em Macau], publicado recentemente no Asian Journal of Addictions (AJA). “Na perspectiva da prevenção da toxicodependência entre adolescentes, é necessário reforçar as penas para o tráfico, transporte e fabrico de drogas, de forma a reduzir a oferta de drogas no mercado e, assim, diminuir o risco de os adolescentes entrarem em contacto com as drogas”, lê-se. A autora vai mais longe e chega mesmo a comparar Macau com jurisdições onde se aplica a pena de morte para este tipo de crimes. “Em comparação com as regiões vizinhas, as penas para os crimes de droga são mais leves”, é referido, apresentando-se os exemplos do Interior da China, Taiwan ou Singapura onde “a pena máxima para o tráfico de droga é a pena de morte”. Pelo contrário, destaca a autora, “em Macau há apenas uma pena de prisão de duração determinada”. Para Connie Lok Cheng, “Macau implementa a reabilitação voluntária de toxicodependentes, o que reduz a severidade e a gravidade das penas”. A autora fala dos casos de Hong Kong e da China, onde se aplica “um modelo obrigatório de reabilitação de toxicodependentes para aumentar a severidade das penas”. A responsável acredita que “devido ao facto de os custos de cometer crimes serem mais baixos, Macau tornou-se num paraíso para os grupos internacionais de tráfico de droga”. Desta forma, “a sociedade deve discutir de forma colectiva e chegar a um consenso, reavaliando a necessidade da reabilitação compulsória”. A técnica da PJ sugere “um modelo de reabilitação faseada se a reabilitação voluntária não mostrar eficácia dentro de um determinado período, e depois fazer a transição para a reabilitação obrigatória para reforçar os efeitos do tratamento e da dissuasão”. Realidade escondida A moldura penal do consumo e tráfico de droga não é alterada desde 2009, embora as autoridades tenham vindo a acrescentar, em diplomas avulsos, novas drogas cujo consumo, tráfico e fabrico é criminalizado. A autora, que analisou dados oficiais do Sistema de Registo Central de Toxicodependentes do Instituto de Acção Social (IAS), bem como da PJ, descreve um decréscimo no número de consumidores notificados entre 2018 e 2022, nomeadamente de 424 para 85, sendo que os adolescentes representaram, em 2018, 5,7 por cento, enquanto em 2022 essa fasquia passou a 4,7 por cento. “De um modo geral, o número de toxicodependentes notificados e a percentagem de toxicodependentes notificados com menos de 21 anos de idade diminuíram nos últimos anos”, destaca Connie Lok Cheng, que alerta, contudo, para um cenário de consumo escondido. “É importante não esquecer a questão da natureza clandestina dos crimes de droga, que levou à redução no total do número de casos e detenções. Apesar de o número de adolescentes toxicodependentes registar uma tendência decrescente, isso não significa que o problema do consumo de drogas na adolescência tenha melhorado.” Quanto aos dados da PJ, “o número de pessoas enviadas ao Ministério Público por tráfico e consumo de droga também diminuiu nos últimos anos”, devido “à eficácia dos esforços antidroga”, mas também “ao facto de a pandemia ter impedido os departamentos antidroga conexos de aceder a novos casos entre 2020 e 2022”. A autora destaca que hoje a droga vende-se de várias formas, com novos tipos de embalagens, num fluxo de negócio cada vez mais digital. “Os adolescentes consomem mais frequentemente novos tipos de drogas, como cocaína, marijuana, metanfetamina (ice) e a ketamina. Estes novos tipos de drogas, em comparação com as drogas tradicionais como a heroína, têm uma natureza mais ‘dissimulada’, podendo ser simplesmente snifadas ou engolidas directamente, em vez de serem injectadas com uma seringa.” Quanto aos locais de consumo, continuam a ser sítios escondidos. Em 2022, 25 por cento dos adolescentes consumiam em casa de amigos, um ligeiro aumento face aos 24,3 por cento dos jovens que cometiam esses actos em 2018. Se em 2018 21,6 por cento consumia em casa, o valor baixou para zero em 2022, enquanto o consumo em discotecas ou bares de karaoke, que em 2018 representava 24,3 por cento, aumentou exponencialmente para 50 por cento em 2022, depois de baixar para zero no ano anterior, devido ao encerramento destes espaços por causa da pandemia. Nota-se ainda um grande aumento nos consumos em parques, na rua ou casas de banho públicas, pois a percentagem passou de 2,7 por cento em 2018 para 25 por cento em 2022. Os dados citados pela técnica da PJ são provenientes do Sistema de Registo Central de Toxicodependentes do IAS. Alerta nas fronteiras Segundo a visão de Connie Lok Cheng, o panorama tem tendência a piorar se pensarmos que Macau caminha a passos largos para a integração regional, graças aos projectos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin ou ainda devido ao aumento de fluxo na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. “Em resposta ao aumento contínuo da população de jovens que atravessa as fronteiras, é possível que a tendência para a toxicodependência ou o comportamento criminoso entre os adolescentes se torne ‘transfronteiriço'”, é descrito, sendo classificado como “proeminente” o “problema dos adolescentes que atravessam as fronteiras para consumir drogas”. Connie Lok Cheng volta a citar dados oficiais que mostram que “antes da pandemia a situação dos adolescentes que atravessavam as fronteiras para consumir drogas era comum”, pois, segundo as estatísticas de 2018 e 2019, “de entre os toxicodependentes notificados com menos de 21 anos de idade, 33,3 e 58,3 por cento, respectivamente, foram para a China e Hong Kong para consumir drogas”. O estudo fala ainda na existência de cinco grandes desafios no combate ao consumo e tráfico de droga, nomeadamente “o enfraquecimento das funções familiares”, devido ao elevado número de trabalhos por turnos que os encarregados de educação têm na indústria do jogo e do turismo, “a distribuição de droga na Internet, a descentralização do quadro anti-droga” e ainda aquilo que a autora diz ser “a clemência das sanções penais para os crimes relacionados com a droga”. É também acrescentado o factor “dissimulação do consumo e do tráfico de droga”. Serviços confusos Quanto à “descentralização do quadro anti-droga”, Connie Lok Cheng refere-se ao modelo dentro da Administração para a fiscalização e o combate, dada a existência de um “mecanismo descentralizado na luta contra a droga que não favorece a eficácia da aplicação das políticas”, por ser do tipo “guarda-chuva, operado sob coordenação de vários departamentos governamentais”, nomeadamente a PJ, IAS e Direção dos Serviços de Assuntos Jurídicos. “A polícia, enquanto órgão de aplicação da lei, trata os crimes de droga como infracções públicas. Quando a polícia toma conhecimento de crimes de droga, intervém proactivamente e dá seguimento às investigações. Como resultado, a propaganda de prevenção do crime de droga conduzida pela polícia tende a inclinar-se para a aplicação da lei e a responsabilidade criminal. Por outro lado, para os assistentes sociais, o principal objectivo da sua acção é orientar os jovens no sentido de estabelecerem bons padrões de vida, procurarem ajuda atempadamente quando enfrentam problemas com drogas e aceitarem tratamento profissional. As diferentes orientações promocionais podem causar confusão aos jovens quando recebem mensagens de diferentes perspectivas”, ressalva. Isto porque “quando os jovens toxicodependentes tomam conhecimento das consequências legais dos crimes de droga, o receio de serem responsabilizados criminalmente pode diminuir a sua vontade de procurar ajuda de forma proactiva”. A autora dá ainda o exemplo da existência de “diferentes serviços de luta contra a droga, que criaram várias linhas directas para os serviços”, o que também pode confundir o consumidor que procura ajuda, remata.
João Luz Manchete SociedadeHengqin | Fundação Macau apoia excursões com vouchers A Fundação Macau lançou um apoio financeiro a associações que organizem visitas a Hengqin para residentes de Macau, que podem escolher entre cinco itinerários. Em troca, recebem dois vouchers de 50 patacas para gastar em restaurantes de Macau. As excursões incluem paragens no Novo Bairro de Macau, centros comerciais, serviços públicos e zonas ecológicas A Fundação Macau (FM) lançou um plano de apoio financeiro, intitulado “Amor por Macau e Hengqin”, que irá subsidiar associações que organizem visitas de um dia a Hengqin para residentes de Macau. Os excursionistas ganham dois vouchers electrónicos de 50 patacas que só podem ser usados em restaurantes de Macau, em dois consumos separados. As candidaturas para os apoios da Fundação Macau estão abertas até ao fim do mês. As associações interessadas em inscreverem-se devem ter sido “constituídas em Macau, de acordo com a legislação em vigor antes de 31 de Dezembro de 2020, com pelo menos um estabelecimento fixo para escritório ou serviços e com pelo menos um trabalhador”. O pedido de apoio deve ser feito para financiar, pelo menos, cinco grupos de visita, com 40 pessoas por grupo. “As associações financiadas podem organizar uma visita a Hengqin destinada aos residentes de Macau, entre 15 de Junho a 31 de Dezembro de 2024 (as despesas são calculadas com limite máximo de 200 patacas por participante)”, refere a Fundação Macau. As excursões serão operadas por nove agências de viagem sugeridas por representantes de associações de turismo numa reunião com a Direcção dos Serviços de Turismo. A Fundação Macau assinala que o lançamento do plano de apoio financeiro tem como objectivos promover a integração de Macau e Hengqin e estimular a economia comunitária de Macau. Hambúrgueres e noodles As autoridades acrescentam que as visitas vão permitir aos residentes conhecerem melhor a cultura, o desenvolvimento da Ilha de Hengqin e a vida da população. Os cinco roteiros do programa, disponíveis no portal da Fundação Macau, custam 220 patacas por pessoa, com um deles a chegar a 450 patacas e têm duração de seis horas. O primeiro roteiro inclui uma “visita ao Novo Bairro de Macau para compreender a futura vida dos residentes de Macau na Ilha de Hengqin, ao centro comercial de estilo Manuelino português, Lenda Pangdu e ao Parque Mangzhou onde se pode conhecer árvores do mangal e mais de 60 espécies de pássaros”. Este roteiro custa 220 patacas por pessoa. O segundo roteiro, com o mesmo preço, volta a levar os excursionistas ao Novo Bairro de Macau, uma visita ao Rio Tianmu, um passeio de bicicleta com aluguer pago à parte, e uma paragem no centro comercial Central Street. O terceiro itinerário incluiu paragens para apreciar a natureza e paisagens, num parque onde podem ser praticadas actividades náuticas, como remo, e visitas a “novas empresas e serviços competentes para a economia e o desenvolvimento na Ilha de Hengqin”. O itinerário mais caro, 450 patacas, tem como ponto alto uma passagem pelo Chimelong Spaceship, e inclui ainda uma “visita ao Central Street, centro comercial com gastronomia moderna, por exemplo: Luckin Coffee e Burger King”, descreve a Fundação Macau. O quinto itinerário inclui paragens em zonas ecológicas e ao centro comercial Novotown. Pelo meio, os residentes vão passar pelo parque Estação Shanhai Yi, pelo mangal Yi Cheng e o parque de campismo Sumlodol. Cada residente da RAEM poderá inscrever-se apenas uma vez e gastar os vouchers electrónicos 30 dias após a visita em restaurantes de Macau. As autoridades aconselham aos residentes verificarem previamente com os restaurantes se aceitam os vouchers electrónicos. A Fundação Macau realiza hoje, às 16h, um workshop de apresentação dos pormenores do plano, requisitos essenciais e formalidades, no 7º andar do Circle Square na Avenida Almeida Ribeiro, nº 61-75.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEstudo | Concentração de partículas PM2,5 está em queda Apesar da queda registada, e de Macau ser um exemplo na Grande Baía, os níveis de concentração de partículas finas, nos melhores meses, ultrapassam em mais de três vezes os valores considerados saudáveis pela Organização Mundial de Saúde Entre 2015 e 2019 os níveis de concentração de partículas PM2,5 em Macau registaram uma redução “notável”. A conclusão faz parte de um estudo publicado na revista científica Scientific Reports, com o título “Alterações nos Níveis de Concentração das Partículas PM2,5 e O3 e o Seu Impacto na Saúde Humana na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Elaborado pelos académicos Zhao Hui, da Universidade de Tecnologia de Jiangsu, Chen Zeyuan, da Universidade de Fudan, e Li Chen, da Universidade de Wuxi, o estudo conclui que na Zona da Grande Baía há uma redução dos níveis de partículas PM2,5. No entanto, no pólo mais alarmante, a concentração de ozono ao nível do solo está a aumentar. As partículas PM2,5, também conhecidas como partículas finas, são altamente perigosas, porque podem entrar no sistema respiratório e alojar-se nos alvéolos dos pulmões, contribuindo para o desenvolvimento de várias doenças, inclusive algumas doenças mortais. Por sua vez, o ozono, representado pelo símbolo químico O3, é benéfico quando situado na atmosfera superior, onde funciona como um filtro para a radiação ultravioleta. Todavia, quando detectado ao nível do solo é responsável por algumas doenças crónicas do sistema respiratório, como bronquite, asma e redução da função respiratória dos pulmões. Em relação a Macau, o estudo indica que a concentração de PM2,5 foi “relativamente baixa”, a variar mensalmente entre 17,4 e 29,3 microgramas por metro cúbico. Sobre Macau, ao longo dos cinco anos, o estudo indica que houve uma redução média anual de 2,8 micrograma por metro cúbico. No entanto, apesar da diminuição dos valores, as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que os níveis saudáveis de PM2,5 não devem ficar acima de uma média de 5 micrograma por metro cúbico ao longo de todo o ano. Além disso, indica a OMS, a exposição diária não deve ultrapassar durante mais de quatro dias o valor de 15 micrograma por metro cúbico. Como consequência destas alterações, os autores indicam que entre 2015 e 2019 a mortalidade relacionada com estas partículas em Macau teve uma redução de 60,9 por cento, o melhor valor registado na Grande Baía. Hong Kong teve a segunda maior redução a nível de mortes, na ordem dos 46,6 por cento. Cada vez mais ozono No pólo oposto, os autores reconhecem que os dados indicam existir uma maior concentração de ozono ao nível do solo. No que diz respeito à Grande Baía, os académicos indicam que desde 2013 o ozono substituiu as partículas finas como o principal poluente no ar da região. Em relação à concentração de ozono, entre 2015 e 2019 a média de Macau ficou entre os 90 e 100 micrograma por metro cúbico, um aumento anual entre 3 e 5 micrograma por metro cúbico. O estudo indica que devido à maior concentração de ozono na Grande Baía a mortalidade associada ao poluente registou um aumento. No entanto, em relação a Macau indicam que o crescimento da mortalidade foi de 1 por cento, semelhante a Zhuhai que foi de 3,1 por cento.
Hoje Macau Manchete PolíticaQuadros qualificados | Programa de captação valoriza português Os novos programas apresentados ontem pelo Governo foram justificados por Ho Iat Seng com a necessidade de implementar a “diversificação adequada da economia”. A aposta visa as áreas da farmacêutica, desporto e cultura O Governo anunciou ontem dois programas para captar “quadros altamente qualificados” e “profissionais de nível avançado” dos sectores farmacêutico, cultural e desportivo, cujos critérios valorizam o conhecimento da língua portuguesa. De acordo com os despachos do Chefe do Executivo, publicados no Boletim Oficial, os programas, que irão entrar em vigor na terça-feira, têm como objectivo “impulsionar o desenvolvimento das indústrias chave”. Nos despachos, Ho Iat Seng defendeu que o sector farmacêutico é “necessário à diversificação adequada da economia”. Os programas apontam para áreas como a investigação de medicamentos inovadores, o desenvolvimento de tecnologias médicas inteligentes e a investigação em medicina farmacêutica e em biologia. O despacho dá ainda prioridade aos membros da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia de Engenharia portuguesa, da Academia Brasileira de Ciências ou da Academia Nacional de Engenharia brasileira. No caso dos sectores cultural e desportivo, o Governo aponta como prioridades áreas como a “formação desportiva para participação em competições” e o desenvolvimento de “produtos culturais e desportivos”. Os candidatos aos programas têm de possuir pelo menos uma licenciatura, 21 anos ou mais e obter pelo menos 200 pontos numa lista de critérios que inclui a experiência profissional e as competências linguísticas. Um candidato pode obter até 10 pontos se “possuir boa capacidade de expressão em duas línguas de entre o chinês, português ou inglês”, de acordo com os critérios dos dois programas. Para inglês ver Estes dois programas surgem no âmbito de uma lei, que entrou em vigor a 1 de Julho, e que procura captar para Macau quadros qualificados, entre eles Prémio Nobel, nomeadamente com benefícios fiscais. Os quadros qualificados poderão gozar de isenção do imposto do selo sobre a transmissão de bens ou sobre aquisição de bens imóveis destinado ao exercício de actividade própria, assim como isenção da contribuição predial urbana. Terão também isenção do pagamento do imposto complementar de rendimentos, assim como benefícios para efeitos do imposto profissional, caso sejam contratados por empresas locais. Os primeiros programas a serem implementados no âmbito desta lei pretendiam captar peritos em tecnologia de ponta e no sector financeiro. O Governo de Macau definiu como aposta para os próximos anos o investimento em indústrias que podem absorver quadros qualificados, como é o caso do sector financeiro e das áreas de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico. O plano de diversificação da economia até 2028 prevê uma aposta nos serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa.
João Luz Manchete PolíticaHabitação Económica | Au Kam San descrente na investigação do CCAC Au Kam San afirmou que já esperava que o Comissariado contra a Corrupção não encontrasse irregularidades na fixação dos preços da habitação económica. O ex-deputado revelou que na altura da entrega da carta ao CCAC alertou os queixosos para não terem expectativas elevadas Após quase um mês da entrega de uma carta ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) a pedir uma investigação aos preços dos imóveis de Habitação Económica, a resposta chegou e afastou qualquer tipo de irregularidade. Au Kam San, que acompanhou candidatos queixosos na entrega da queixa ao regulador, confessou numa publicação no Facebook que o desfecho era previsível. “O grupo de candidatos a Habitação Económica contactou-me e pediu apoio na entrega da carta ao CCAC. Apesar de concordar com a posição dos queixosos, disse-lhes para não terem grandes esperanças e que o mais provável era que o CCAC não instaurasse qualquer processo depois de receber a queixa”, contou o ex-deputado. “Estive na vida política mais de duas décadas e sempre apoiei os direitos civis e acção social”, acrescentou. Além disso, o antigo legislador sustentou que mesmo que o CCAC instaurasse um processo para averiguar os métodos para a fixação dos preços, que esta investigação dificilmente seria tratada com justiça. “O principal problema da reclamação dos queixosos prende-se com o facto de envolver os poderes discricionários da Administração, algo que é muito difícil desafiar”, justificou. Além disso, sublinhou que o CCAC é uma entidade subordinada ao Chefe do Executivo e mostrou-se descrente que o CCAC tivesse a coragem institucional para considerar a fixação dos preços ilegítima, mesmo que encontrasse irregularidades. Modo de repetição Outra questão apontada à decisão do CCAC, foi o facto de a questão principal, segundo o ex-deputado, não ter sido abordada, ou seja, as razões que levaram o Governo a aumentar o preço das fracções de habitação económica em mais de 70 por cento face ao concurso anterior. Au Kam San afirmou ainda que enquanto a legislação permitir ao Governo o uso de poderes discricionários será muito difícil aos residentes que se sintam lesados terem sucesso nas queixas apresentadas, a não ser que as decisões das autoridades sejam demasiado ultrajantes. Como tal, após as suas explicações, o ex-deputado ficou com a impressão de que os queixosos compreenderam as dificuldades em verem as suas pretensões atendidas. Ainda assim, reconheceu que o CCAC melhorou em termos de transparência por, pelo menos, ter notificado um dos queixosos acerca da instauração da investigação. Porém, o desfecho só podia ser um, na óptica de Au Kam San. “Apresentei ao longo dos anos imensas queixas ao CCAC, até fui acusado por um governante e fui suspeito durante quatro anos [até ao arquivamento do processo] devido a uma queixa, e nunca recebi qualquer notificação do CCAC”, lembrou. O ex-deputado referia-se à acusação do crime de difamação, apresentado por Raimundo do Rosário em 2017, depois de uma queixa relacionada com concessão de terrenos.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteTurismo | Viagens domésticas na China continuam a dominar face a 2019 Um relatório do Mastercard Economics Institute destaca que o turismo doméstico na China ultrapassou as viagens internacionais. Por outro lado, o Japão atingiu níveis históricos no turismo graças à desvalorização do iene, atraindo mais de três milhões de estrangeiros em Março. Aqui mais perto, Hong Kong conseguiu estadias mais prolongadas Depois de muito tempo com quarentenas prolongadas e fecho de fronteiras que impossibilitaram viagens internacionais, os cidadãos chineses habituaram-se a ir para fora cá dentro, uma vez que os dados relativos às viagens domésticas continuam a superar os das viagens internacionais. Segundo o mais recente relatório do Mastercard Economics Institute (MEI) sobre o sector global do turismo, divulgado na última quinta-feira, “a dinâmica de viagens da China continental mudou, com maior importância [do turismo] a nível interno, uma vez que há uma maior percentagem de passageiros da China que viaja no seu país”, lê-se. O relatório, intitulado “Travel Trends 2024: Breaking Boundaries” [Tendências de Viagem 2024: Quebrando Barreiras], que analisa 74 mercados e 13 só na região da Ásia-Pacífico, refere que um maior número de viagens domésticas constituiu “um impulso para as empresas locais da China”. No primeiro trimestre deste ano, as viagens domésticas estavam 15 por cento acima dos níveis registados em igual período de 2019, antes da pandemia, o que significa que o “tráfego doméstico de passageiros se normalizou totalmente”. O relatório do MEI conclui que “o tráfego internacional deverá recuperar mais tarde”, tendo em conta os dados fornecidos pela Administração da Aviação Civil da China. O tráfego turístico internacional “ainda não recuperou e está actualmente 19,7 por cento abaixo dos níveis de 2019”, também no que diz respeito ao primeiro trimestre deste ano. O MEI descreve que “a história do turismo doméstico [na China] é positiva, com a procura a exceder os níveis de 2019”. Este facto “pode atribuir-se parcialmente a uma mudança nas preferências por destinos domésticos à medida que o interesse no turismo local se expande”. Assim, “as quotas de tráfego de passageiros na China continental reformularam-se nos últimos anos, com ênfase no turismo interno”. A maior recuperação de viagens domésticas no país em relação a voos internacionais fez com que “mercados historicamente dependentes dos viajantes da China continental tenham registado uma mudança de quota correspondente a favor dos viajantes dos Estados Unidos, Europa e resto da Ásia-Pacífico”, lê-se no relatório. Estadias mais prolongadas O relatório, que não menciona Macau, dá ainda conta do aumento do número de estadias em algumas regiões da Ásia-Pacífico (APAC), nomeadamente Hong Kong. Nesta zona do globo, os turistas “estão a prolongar as viagens em média de 1,2 dias até um total de 7,4 dias, motivados por destinados baratos, climas quentes e taxas de câmbio favoráveis”. O MEI aponta que em 2019 a média de estadias era de 6,1 dias por viagem. No caso específico de Hong Kong, “os visitantes estrangeiros estão a permanecer [no território] uma média de 6,4 dias, um aumento, em média, de 1,1 dia em relação a 2019”. O relatório dá conta que, para este ano, é esperado um crescimento adicional em termos da média diária de estadias relacionado com as isenções de vistos na região da Ásia-Pacífico, “tal como um aumento da capacidade de voos internacionais que irão beneficiar destinos como Singapura, Malásia e Tailândia”. “Entre os destinos da APAC com um maior aumento da duração de viagens entre 2019 e 2024 foi a Índia, com mais dois dias, o Vietname, com dois dias mais, e Indonésia, com uma média de 1,9 dias”. Além disso, as estadias no Japão aumentaram, em média, 1,4 dias, “em grande parte devido à fraca inflação dos preços de quartos de hotel durante este período, em comparação com outros mercados”. Bendito iene Relativamente ao Japão, o país está a posicionar-se como um dos maiores destinos turísticos da APAC e do mundo. O fluxo de turistas tem atingido nos últimos meses números recorde devido, em grande parte, à desvalorização do Iene. O relatório descreve que “o Japão tem constituído uma das histórias mais interessantes no sector das viagens deste ano”, com “um fluxo recorde de passageiros impulsionados pelo iene historicamente fraco, o mais baixo registado desde Março de 1990″. Prova do impacto positivo da desvalorização do iene no turismo é o facto de o país do “sol nascente” ter recebido em Março mais de três milhões de turistas estrangeiros (3 081 600), o número “mais elevado de sempre”, tendo em conta que “nem sequer chegámos ao pico da época de viagens”, destaca o relatório. Pelo contrário, “as chegadas de visitantes da China ao Japão diminuíram cerca de 36,5 por cento em relação aos níveis registados em 2019”. Em termos globais, este ano arrancou “com um forte crescimento no sector das viagens”, não apenas “em termos de despesas [dos turistas], mas também do número de pessoas que viajam”. Registou-se, nos primeiros três meses do ano, “um máximo histórico de cerca de 15,9 milhões de americanos que viajaram internacionalmente”, além de que os grandes eventos “estão a impulsionar as tendências de viagem”, como concertos ou competições desportivas. Além do Japão, países como a Irlanda e Roménia “registaram o maior crescimento na percentagem de despesas de turistas em relação ao ano passado”. Estadias mais prolongadas Em todo o mundo verificou-se, nos últimos meses, que “os viajantes estão a prolongar as suas viagens em cerca de um dia, em média”, em relação “ao que era normal antes da covid-19”. Neste caso, as regiões do Médio Oriente e África são as que “mais têm beneficiado com esta tendência, ambas com cerca de dois dias extra incluídos no destino”. Já os Estados Unidos “têm beneficiado menos desta nova tendência, registando um aumento menor na duração das viagens prolongadas”. No que diz respeito ao panorama do consumo, é certo que “os preços [do turismo] continuam elevados, mas o sector das viagens está bem posicionado com um consumidor resiliente”. “Na indústria de viagens e lazer, os preços ao consumidor, especialmente na indústria hoteleira, permanecem elevados em relação aos níveis anteriores à pandemia. Com preços elevados, verificámos que há um número crescente de consumidores a procurar viagens mais económicas.” O MEI explica que os preços elevados se explicam por uma “combinação de capacidade limitada, escassez de oferta e custos laborais elevados”, com exemplos adicionais de “escassez de aviões, pilotos e o aumento generalizado do crescimento dos salários reais”. Há ainda o factor “pressão da procura”, quando há mais turistas a viajar do que a oferta disponível. Assim, o MEI estima, para este ano, que se continue a registar inflação no turismo “induzida pela procura ao longo do ano, em parte devido à economia baseada em experiências e grande extensão das intenções de viagem”. Na área da hotelaria, “os quartos vão continuar a estar totalmente reservados, o que constitui um alívio para hotéis e motéis que ficaram gravemente afectados pelos encerramentos prolongados nos anos de 2020 a 2022”. Em termos gerais, “os preços vão permanecer elevados no sector das viagens, lazer e hotelaria, mas não de forma preocupante”. Munique no top O turismo é, por sua vez, cada vez mais pautado por experiências. “Os viajantes a nível mundial continuam a dar prioridade às experiências. Gastaram mais em vida nocturna e menos em compras a retalho, sector que recuperou a um ritmo mais lento”, descreve-se no relatório. A análise do MEI traça ainda o top 10 dos destinos mais populares para este Verão, com base nos dados de marcações de hotéis e viagens. Munique, na Alemanha, será o destino mais popular para este Verão, tendo em conta que o país vai receber o campeonato europeu de futebol, o EURO 2024. O jogo de abertura será nesta cidade. Segue-se Tóquio, no Japão, tendo em conta “o iene historicamente fraco e um ano inteiro sem restrições” no contexto da pandemia. Em terceiro lugar surge Tirana, capital da Albânia, “que fica a uma curta distância de carro de muitos hotéis costeiros e é muito mais económica em comparação com os principais centros turísticos de outros países europeus”. No top 10 entram ainda Nice, Cancun, Bali, Banguecoque, a ilha de Corfu e Aruba, uma pequena ilha no mar das Caribe.