Filipa Araújo Manchete PolíticaLegislativas | Coutinho já tem lista. Tudo ainda em aberto O mistério terminou. José Pereira Coutinho cumpriu aquilo que disse e tem de facto uma lista para concorrer às eleições legislativas: Nós, Cidadãos!. Ainda assim, as reuniões com os partidos continuam, deixando o futuro em aberto [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão é o Partido Social Democrata (PSD) nem o Partido Socialista (PS) muito menos o Bloco de Esquerda (BE). É a Nós, Cidadãos!, a lista que o deputado da Assembleia Legislativa (AL), José Pereira Coutinho, encabeça pelo círculo Fora da Europa para as eleições legislativas já no próximo Outubro. Depois de tornadas públicas as listas, afixadas no tribunal da comarca de Lisboa na passada segunda-feira, o mistério levado a cabo pelo agora candidato desvaneceu. FOTO: António Falcão “Ainda não é o momento oportuno para comentarmos esta formação política. Faremos assim que for oportuno”, disse ao HM, Gilberto Camacho, o número dois de Pereira Coutinho na corrida para as legislativas. Os candidatos, concorrendo como independentes, têm como seus suplentes a empresária Lídia Lourenço e Maria Timóteo, aposentada. Um candidato de peso Em reacções, Miguel Bailote, líder do PSD Macau caracterizou o candidato Pereira Coutinho como um peso pesado para as legislativas no círculo em causa. “É preciso reconhecer que a candidatura do Pereira Coutinho é uma candidatura de peso e a ter em conta”, afirma. Mas tudo ainda poderá estar em aberto. Segundo fonte do HM, os encontros de Pereira Coutinho e representantes de outros partidos continuam a acontecer, pelo menos até amanhã. Na terça-feira, Pereira Coutinho marcou presença na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, para partilha de informações. O argumento do “dou-me bem com todos os partidos” tem sido uma máxima sempre defendida pelo deputado, e isso torna-se claro, numa análise à agenda de Pereira Coutinho na sua viagem a Portugal. “Ainda muita coisa está em jogo. Se os partidos percebem que Pereira Coutinho é uma fonte de votos ficam interessados”, defende a fonte. Assim, não será de estranhar que Pereira Coutinho consiga ultrapassar o número de votos atingidos pelo Brasil em 2011, 4368 votos num total de 8323, garantindo pelo menos um candidato eleito e a negociação de uma possível coligação com o PSD. Questionado sobre a possibilidade do Partido Social Democrata perder a maioria dos votos do círculo Fora da Europa – maioritariamente conseguida pelo candidato do Brasil em 2011, Carlos Alberto Gonçalves, Miguel Bailote não se mostra preocupado devido ao aumento do número de eleitores. “Temos de ver o contexto, alterado com este novo recenseamento que houve com mais de 60 mil eleitores. (…) [Coutinho] é um adversário de respeito”, argumenta Bailote. Quanto a uma possibilidade de coligação, o representante democrata prefere não comentar. “Não posso comentar, teremos de ver as eleições e que sairá”, remata. De Macau a Portugal Caso Pereira Coutinho consiga o lugar na Assembleia da República, será o primeiro deputado a conseguir voar de AL para a AR. E o plano está decorrer. Segundo o próprio deputado há um interesse enorme em comprar uma casa em Portugal, apontado Palmela como zona preferencial. E as visitas aos imóveis têm acontecido, segundo apurou o HM, em várias zonas de Lisboa.[quote_box_right]“Como residente e português a residir na RAEM acho sempre positivo que Macau se possa afirmar no mapa político português das comunidades. Como adversário tenho de respeitar o Pereira Coutinho e reconhecer que ele é uma candidatura de peso e um adversário que nos merece respeito”, Miguel Bailote, líder do PSD Macau[/quote_box_right] Para Miguel Bailote – independentemente de Coutinho conseguir atingir os votos necessários para eleger pelo menos um candidato – Macau ganhará um papel no mundo dos eleitores. “Se o Pereira Coutinho conseguir nestas eleições meter a máquina eleitoral dele a funcionar e tiver o resultado que espera, pelo menos maior que Macau tem tido nos últimos tempos, parece que à primeira vista Macau poderá entrar no mapa político das comunidades com uma posição de relevo”, defende. Claro é, mesmo com o número de eleitores do Brasil, Venezuela e África do Sul – locais com maior número de recenseados – que Macau irá “assumir um peso geopolítico em termos de comunidades”. “Como residente e português a residir na RAEM acho sempre positivo que Macau se possa afirmar no mapa político português das comunidades. Como adversário tenho de respeitar o Pereira Coutinho e reconhecer que ele é uma candidatura de peso e um adversário que nos merece respeito”, remata. Inegável é o cenário incomum que o também cabeça de lista para as eleições dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas (CCP) trouxe com a sua candidatura. “Só vejo como algo positivo que Macau possa pela primeira vez estar representado no círculo [fora da Europa]”, assina Bailote. O que poderá surgir depois disto é a criação de uma “dinâmica para que Macau tenha realmente um papel mais relevante em termos das comunidades”.
Flora Fong Manchete PolíticaConstrução | Ella Lei volta a criticar percentagem elevada de TNR Ella Lei volta a pedir que o Governo reveja o processo de quotas que permitem um certo número de TNR por trabalhador local. A deputada alega, com base em dados do Gabinete de Recursos Humanos, que nalgumas empresas, 90% dos trabalhadores são de fora [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] deputada Ella Lei assegura que em parte das grandes empresas de construção do território, 90% dos trabalhadores são TNR, justificando que se trata de uma percentagem muito elevada. Ella Lei criticou a fraca integração dos trabalhadores locais nesta área, acrescentando que a selecção dos TNR, na hora da contratação, não é rigorosa. Segundo as estatísticas publicadas pelo Gabinete de Recursos Humanos (GRH), até Março passado, estavam empregados no sector da construção civil do território, mais de 47 mil TNR contra os cerca de 21 mil locais. Os dados afirmam que estes foram contratados por cerca de duas mil empresas. Maioria absoluta As mesmas estatísticas avançam que os TNR completam 90% da proporção laboral de várias empresas de grande dimensão, como são a Companhia de Construção e Engenharia Civil HCCG, na qual apenas 90 dos 7000 funcionários são locais. Situação semelhante acontece na Companhia de Construção e Engenharia Civil Omas, na Companhia de Construção de Obras Portuárias Zhen Hwa, na a Leighton Contractors e na Companhia de Engenharias e de Construção da China (Macau). “‘Priorizar a empregabilidade de trabalhadores locais’ é uma promessa do Governo, mas no sector da construção ainda não se conseguiu ver isso”, disse Ella Lei ao jornal Ou Mun. A deputada lembra que o sector era regulamentado pela política de ‘50-50’, no qual metade das contratações era feita localmente e a outra, lá fora. No entanto, este lema acabou por nunca ser aplicado e isto cria uma problema de abuso que, de acordo com a deputada, “ultrapassou o inimaginável”. “O sector de construção depende, maioritariamente, dos ordenados baixos oferecidos aos TNR e isto começou a afectar a taxa de empregabilidade de trabalhadores locais. Além disso, sabe-se que os TNR conseguem arranjar trabalhos mais estáveis do que os locais, que têm muitos trabalhos instáveis”, exclamou. Ella Lei acrescentou que os empreiteiros preferem ter TNR nas obras do que residentes locais, pois estes têm que começar a procurar uma próxima empreitada antes de finalizar o trabalho. “Os TNR servem como complemento à mão-de-obra local, não percebo porque é que os trabalhadores locais se tornam numa segunda escolha e a prioridade da empregabilidade é hoje em dia apenas um slogan”, lamentou. A deputada sugere ao Governo que sejam novamente revistos os critérios e limites no que diz respeito à proporção dos TNR.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAuditoria ao Instituto de Acção Social não surpreende ONG Quatro dirigentes de associações de cariz social dizem não estar surpreendidos com as acusações feitas pelo Comissariado de Auditoria ao Instituto de Acção Social. Falam da existência de um sistema desactualizado na atribuição de subsídios, critérios diferenciados e leis desajustadas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] semana começou difícil para o Instituto de Acção Social (IAS), depois de ter visto divulgado um relatório do Comissariado de Auditoria (CA) que traça um cenário negro à forma como os subsídios e apoios sociais têm sido atribuídos aos indivíduos e famílias. Junto das associações que diariamente lidam com aqueles que mais precisam, os avisos do CA não surpreendem. António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, fala da realidade que os assistentes sociais enfrentam diariamente, ao trabalharem com diplomas desactualizados. “(As conclusões do CA) não me surpreendem porque há uma série de políticas, decretos-lei ou diplomas que vêm do passado. Isto nunca foi alterado e o IAS tem feito a gestão e atribuição de subsídios sempre à luz desses diplomas que já estão fora do tempo. A sociedade evoluiu muito e posso dizer que hoje em dia o IAS nada é comparado com o que era há dez anos”, explicou ao HM. António José de Freitas acredita que os trabalhadores do IAS não cometeram irregularidades por incompetência. “Acredito que tenham feito tudo de boa-fé, mas o sistema impede-os ou tem sido um grande obstáculo para que façam as coisas de forma mais justa e equitativa na atribuição de subsídios”, defendeu o provedor da SCM, frisando que a culpa não deve ser apenas dos assistentes sociais.[quote_box_right] “Acredito que tenham feito tudo de boa-fé, mas o sistema impede-os ou tem sido um grande obstáculo para que façam as coisas de forma mais justa e equitativa na atribuição de subsídios”, António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia[/quote_box_right] “Há falta de coordenação da distribuição de tarefas, pelo que é descabido atribuir esta responsabilidade toda aos assistentes sociais. As chefias têm a sua responsabilidade. Ao longo dos anos o IAS limitou-se a aumentar (os subsídios), mas sempre um bocado afastado da realidade. Quer subsídios pontuais, no caso das famílias que são apoiadas, ou institucionais, como a SCM ou Caritas, isto sempre à luz de um sistema antigo. Os critérios são diferentes consoante o tempo em que os pedidos foram feitos, e daí a grande discrepância dos valores divulgados pelo CA”, disse. Hetzer Siu, presidente da Macau Special Olympics, que trabalha com atletas portadores de deficiência, diz que há que clarificar os critérios para que uma pessoa, família ou instituição possa ter direito ao subsídio. Um melhor mecanismo Em declarações ao jornal Ou Mun, Michi Lam, chefe coordenadora do gabinete dos serviços sociais da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), considera que o IAS precisa de melhorar o seu mecanismo de gestão financeira, implementando instruções mais claras para assegurar a coerência de critérios, por forma a proteger não só os beneficiários dos apoios como os funcionários da linha da frente. “Os assistentes sociais devem ter uma grande pressão na distribuição dos subsídios em dinheiro vivo, porque há riscos se guardarem o dinheiro nos escritórios. Sugiro que o IAS crie uma norma que determine que, perante um pagamento acima de um certo montante, este deve ser feito através da conta bancária ou cheque. Quando os assistentes sociais levarem o dinheiro aos utentes, isso deve ser aprovado pelos seus superiores com um documento assinado”, defendeu Michi Lam.[quote_box_right]“Os assistentes sociais devem ter uma grande pressão na distribuição dos subsídios em dinheiro vivo, porque há riscos se guardarem o dinheiro nos escritórios. Sugiro que o IAS crie uma norma que determine que, perante um pagamento acima de um certo montante, este deve ser feito através da conta bancária ou cheque”, Michi Lam, chefe coordenadora do gabinete dos serviços sociais da União Geral das Associações dos Moradores de Macau[/quote_box_right] Já o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, disse ao Ou Mun que o IAS deve ter critérios mais justos para a aprovação dos apoios económicos, esperando que a entidade possa rever os mecanismos de atribuição dos subsídios para assegurar os interesses de cada candidato. Segundo o CA, o IAS não só não tem critérios distintos para a aprovação de subsídios como não fiscaliza os pagamentos que são feitos aos utentes. Para além disso, o organismo liderado por Ho Veng On diz que muitos dos critérios que constam no guia do IAS “não coincidem com as instruções verbais aos trabalhadores”. O CA analisou dois dos cinco centros que o IAS possui, sendo que dos 20 pedidos, 16 registaram falhas ao nível da verificação de documentos. A auditoria, que remete para o período entre Abril e Novembro de 2014, analisou subsídios no valor de 309,7 milhões de patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Encontros de comissões mais do que duplicaram Em seis anos o número de reuniões das comissões de acompanhamento da Assembleia Legislativa mais do que duplicou, ao nível dos orçamentos públicos, terrenos ou contratos. Com o aumento da agenda política, o académico Larry So pede que sejam criadas sub-comissões [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]errapagens orçamentais, Metro Ligeiro, táxis, contratos de fornecimento de gás natural ou o serviço de autocarros públicos. Todos estes assuntos têm sido analisados e questionados pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL) não apenas nos debates mas também nas reuniões das comissões de acompanhamento, cujo número mais do que duplicou nos últimos seis anos. Segundo o relatório de balanço da 2ª sessão legislativa da AL, os aumentos são notórios sobretudo na Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, que passou de um total de quatro reuniões entre 2009 e 2012 para 16 entre 2013 e Agosto deste ano. Também a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública passou de um irrisório número de três reuniões para um total de 22, entre 2013 e este ano. Quanto à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, os números também mostram tendência de subida, com 19 reuniões realizadas em quatro anos e 16 realizadas em apenas dois. Prós e contras Com Macau a registar enormes derrapagens financeiras em muitos dos projectos de obras públicas de grande envergadura, as questões orçamentais passaram a ser analisadas à lupa. Ng Kuok Cheong, deputado e membro da comissão dos assuntos de finanças públicas, diz que há um lado positivo e negativo com o aumento dos encontros. “É positivo porque tanto a AL como o Governo passam a ter um trabalho contínuo, mas, por outro lado, há um efeito negativo porque as reuniões fazem com que os departamentos públicos gastem o dinheiro mais depressa. Os departamentos preferem gastar o dinheiro que está previsto do que gastar menos e explicar isso aos deputados”, explicou ao HM. Ng Kuok Cheong diz que as reuniões servem apenas para a elaboração de “consultas e perguntas de rotina feitas ao Governo”. “Normalmente convidamos os departamentos com previsões de grandes orçamentos e reunimos três vezes num ano, foi por isso que o número de reuniões aumentou.” Para o deputado directo, a AL obrigou os departamentos públicos a justificarem as suas despesas, que, na sua óptica, não podem ser todos os meses acima da média prevista. Ainda assim, nem tudo é perfeito. “Este problema já foi falado muitas vezes, e a forma de supervisão dos orçamentos não se pode tornar boa só com determinado número de reuniões, mas a AL prefere fazer isso”, defendeu. Sub-comissões precisam-se Ao HM, o académico e politólogo Larry So diz que o aumento do número de reuniões é sinal claro que o Governo quer transmitir uma imagem de transparência. “Todos os membros da AL estão a tentar mudar a sua imagem (no hemiciclo), a fazer mais perguntas e a levantarem novas questões. Especialmente no segundo mandato, Chui Sai On está a colocar mais questões, sobre o orçamento ou assuntos relacionados com a população, está a tentar criar uma imagem de que o Governo é mais transparente. Os últimos anos não têm sido transparentes, olhando para o baixo número de reuniões”, apontou. Apesar disso, Larry So defende que “o número de reuniões não é assim tanto”. “Estamos a falar de três ou cinco comissões, que fazem todo o trabalho durante todas as sessões e a lidar com todas estas questões. Se compararmos com Hong Kong, temos sub-comissões e mais reuniões a decorrer.” Perante isso, o académico, que já deu aulas no Instituto Politécnico de Macau (IPM), defende uma mudança na actual estrutura do hemiciclo. “Precisamos de criar (sub-comissões), porque há muitas reuniões, há muitas agendas para serem discutidas. Talvez estas três comissões conseguissem fazer o trabalho no passado, mas não estou a ver que o consigam fazer agora e completar todos os trabalhos até ao termo desta Legislatura. Ho Iat Seng (presidente da AL), já mencionou esta questão”, rematou Larry So.
Filipa Araújo Manchete PolíticaBolsa | Lionel Leong diz-se atento e pronto para agir [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou estar atento às quedas na bolsa de Xangai e Hong Kong. Num comunicado à imprensa, o Gabinete do Secretário garante a atenção do Governo para os movimentos das acções assumindo-se ainda como preparado para agir. “O Governo da RAEM presta estreita atenção às flutuações dos mercados financeiros do exterior, nomeadamente aos impactos que poderão causar à economia global de Macau, emergente das flutuações recentes dos mercados bolsistas”, pode ler-se no comunicado. “Caso seja necessário, o Governo da RAEM irá adoptar todas as medidas que se considerem indispensáveis para assegurar a estabilidade do sistema financeiro de Macau, bem como a normalidade do seu funcionamento”, garante. O mesmo documento indica ainda que quebras verificadas nos últimos dois dias manifestaram uma “queda passageira” nos investimentos da reserva financeira da RAEM em acções financeiras. “No entanto, prevê-se que seja registada uma contrapartida positiva dos investimentos da Reserva Financeira ao longo do ano”, explica. Das flutuações Ainda assim o desempenho dependerá sempre da situação dos mercados financeiros até final do ano. “Na carteira de investimentos da reserva financeira da RAEM, as alocações em acções cifram-se em cerca de 41,3 mil milhões de patacas, representando 11,8% do total da carteira de investimentos, enquanto as aplicadas no mercado bolsista A do Interior da China e no de Hong Kong rondam os 13,5 mil milhões de patacas, aproximadamente, correspondendo a 32,8% do total investido em acções financeiras e 3,8 % do total na carteira de investimentos”, explica o gabinete. Segundo os dados disponibilizados pela Autoridade Monetária de Macau, indica, até finais de 2014, o valor dos investimentos em títulos externos, detido pelos residentes, atingiu mais de 200 mil milhões de patacas, sendo esta a forma principal adoptada pelos locais nas suas aplicações financeiras. A bolsa de Xangai voltou a cair, fechando ontem em forte queda de 7,63%, enquanto a bolsa de Shenzhen caiu 7,1%. Para contrariar esta tendência o governo chinês injectou 150 mil milhões de yuan para aumentar a liquidez e cortou novamente nas taxas de juro.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAssociação pede a Chui para manter cheques A Associação Power of the Macau Gambling entregou ontem uma carta na sede do Governo a pedir a manutenção do programa de comparticipação pecuniária aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2016, com os mesmos valores [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uase uma dezena de representantes da Associação Power of the Macao Gambling dirigiu-se ontem à sede do Governo para entregar uma carta a Chui Sai On, Chefe do Executivo. A missiva visa pedir ao Executivo para não suspender o programa de comparticipação pecuniária aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016. Stephen Lau, presidente da assembleia-geral da associação disse aos jornalistas querer alertar o Chefe do Executivo para o facto do programa de comparticipação pecuniária ser muito importante para os residentes das classes sociais mais baixas. “Falámos com várias famílias de classes sociais mais baixas, que não conseguem corresponder aos requisitos para ganhar subsídios, então precisam do dinheiro dos cheques para suportar as necessidades básicas”, explicou.[quote_box_left]“Os cheques são importantes para pagar as despesas e ajudar na poupança, sobretudo para os idosos e para as crianças. Esperamos que possam manter as 9 mil patacas para residentes permanentes e 5400 para não permanentes”, Stephen Lau, presidente da assembleia-geral da Associação Power of the Macao Gambling[/quote_box_left] “Muitos residentes de Macau não podem usufruir dos frutos do desenvolvimento do sector do Jogo. Os cheques são importantes para pagar as despesas e ajudar na poupança, sobretudo para os idosos e para as crianças. Esperamos que possam manter as 9 mil patacas para residentes permanentes e 5400 para não permanentes. Esta é a forma mais justa para todos”, apontou Stephen Lau. Questão básica O presidente da assembleia-geral da associação lembrou ainda que “o Governo já afirmou que as medidas que beneficiam a população não serão cortadas”. “Mesmo que as receitas do Jogo estejam a cair, os cheques pecuniários não deve ser eliminados porque é uma das medidas mais básicas. Acho que não há problemas de, pelo menos, distribuir os cheques em 2016.” Questionado sobre a possibilidade de vir a ser criado um mecanismo regular de comparticipação pecuniária, Stephen Lau disse apenas que a “decisão é do Governo”, esperando que a medida se mantenha todos os anos. Stephen Lau argumentou ainda que existem vários especialistas que defendem que os cheques não deveriam ser distribuídos, por tornarem os residentes “mais preguiçosos”, mas o responsável defende que, caso não precisem do dinheiro, os residentes podem sempre fazer doações aos que mais precisam.
Flora Fong Manchete SociedadeTurismo | “Sentir Macau passo a passo” criticado A deputada Angela Leong critica numa carta enviada à imprensa a fraca adesão ao programa promovido pelos Serviços de Turismo, esperando maior promoção por parte do Governo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] facto de poucos turistas utilizarem o programa “Sentir Macau passo a passo” para conhecer o património local levou a deputada Angela Leong a enviar uma carta aos media, onde pede maior acção do Governo e uma maior recolha de opiniões, para que o programa possa atingir o objectivo de distribuir turistas por diferentes zonas do território. Angela Leong considera que, embora o plano tenha sido implementado de forma experimental desde a sua criação, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) deveria ter um planeamento mais completo das excursões com os autocarros turísticos do programa, por forma a complementar-se com os transportes públicos, oferecendo assim um “guia conveniente e confortável” para os turistas. A deputada defende também que deve haver uma maior ligação entre o serviço dos autocarros de turismo e estes roteiros, por forma a “consolidar o plano das excursões em autocarro” e “melhorar o problema de acessibilidade dos pontos turísticos em Macau”. Falta de informação A também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) diz ter reparado que durante o mês de Agosto, devido à falta de uma promoção abrangente e de instruções claras, muitos residentes e turistas continuam a desconhecer o plano. Muitos continuam sem saber onde comprar os bilhetes ou apanhar o autocarro, escreve Angela Leong. A falta de adesão ao programa já foi noticiada pelos jornais Ponto Final e Tribuna de Macau, que experimentaram as rotas e viram de perto que nenhum visitante quis fazer turismo através de um percurso que custa apenas 100 patacas, com guia incluído. Há oito roteiros turísticos que incluem locais como a praça do Tap Seac, templo de Kun Iam, Taipa e Coloane, entre outros. Ao Jornal Tribuna de Macau, a DST confirmou que em 18 dias, durante este mês, apenas 109 pessoas experimentaram o programa, uma média de seis por dia. A DST disse estar a ponderar fazer alterações ao programa, que custa cerca de 300 mil patacas mensais.
Filipa Araújo Manchete SociedadeIPM | Muita procura no novo curso que aposta no português [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Relações Comerciais China-Países Lusófonos” e é a menina dos olhos do Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Não podíamos estar mais satisfeitos com este início de ano lectivo”, começou por afirmar Aurélia Rodrigues de Almeida, docente e coordenadora da Escola de Administração Pública do IPM. A notícia avançada pela Rádio Macau indica que as 25 vagas foram totalmente preenchidas. “Recebemos 98 candidaturas quer de alunos locais quer da China continental”, acrescenta a coordenadora. Mas podiam ter sido muitas mais as candidaturas recebidas. “Apesar de ser um bom número, achamos que está aquém daquilo que poderá ser no próximo ano, porque o curso foi aprovado fora das datas das candidaturas normais e, digamos, que aí a maioria dos alunos já se teria candidatado ao ensino superior quando este curso surgiu”, justifica. Sendo um “modelo piloto” e completamente inovador, a licenciatura de Relações Comerciais China-Países Lusófonos tem dois objectivos “muito concretos”. Aposta lusa “É um curso de quatro anos em que os dois primeiros vamos ensinar em português. Estes dois anos não estão relacionados com relações comerciais. É português puro e duro. Vamos ensinar os alunos a falar português”, explica a docente. Nos dois últimos anos, sabendo falar português, os alunos vão aprender as matérias ligadas às relações comerciais com os países lusófonos. “Nesta altura, com a língua mandarim e a nova língua que aprenderam nos últimos dois anos vão aprender os termos técnicos do negócio e vão ficar aptos para um mercado que é imenso, que são as relações comerciais entre a china e os países lusófonos”, esclarece.[quote_box_right]“É um curso de quatro anos em que os dois primeiros vamos ensinar em português. Estes dois anos não estão relacionados com relações comerciais. É português puro e duro. Vamos ensinar os alunos a falar português”, Aurélia Rodrigues de Almeida, docente e coordenadora da Escola de Administração Pública do IPM[/quote_box_right] Daqui a quatro anos, quando terminarem a licenciatura, os alunos que ficam com conhecimentos mais profundos na área comercial poderão enveredar na função pública. “Onde quer que seja necessário profissionais nas relações comerciais entre estes países”, esclarece. A carga docente é composta por portugueses e bilingues. “Este modelo, que é um modelo piloto, que é o de ensinar português nos dois primeiros anos e depois oferecer as ferramentas técnicas nos dois anos seguintes, se este modelo funcionar, poderá ser estendido, por exemplo, à administração pública e podemos estar a formar técnicos especialistas na área e ao mesmo tempo bilingues”, acrescenta a coordenadora. Plataforma reforçada O novo curso surge assim na “sequência da necessidade de Macau se afirmar como plataforma que há muito vem sendo dito que o é”. Reunindo as condições necessárias para criar as formações para as necessidades que possam existir na China e nos países de língua portuguesa, o IPM apostou nesta licenciatura assumindo assim o papel de plataforma. Para o próximo ano, Aurélia Rodrigues de Almeida, prevê a possibilidade de existirem duas turmas correspondendo à procura. No entanto “ainda é cedo para confirmar” essa possibilidade.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeComissariado de Auditoria acusa IAS de ilegalidades na atribuição de subsídios O Comissariado da Auditoria acusa o IAS de minar a atribuição de subsídios com uma série de irregularidades. O organismo denuncia ainda casos de sobrecarga laboral, parcialidade na atribuição ou falta de comprovativos de transacções bancárias. Falta comunicação interna, afirma o CA [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Comissariado da Auditoria (CA) detectou uma série de ilegalidades no processo de atribuição de subsídios do Instituto de Acção Social (IAS), denunciando casos de falta de fiscalização das transacções feitas por assistentes sociais em nome dos beneficiários, parcialidade por parte dos funcionários deste organismo, dupla atribuição de financiamentos não acumuláveis, falta de requisitos suficientes para pedir o subsídio, sobrecarga laboral dos assistentes sociais dos centros mais movimentados do IAS. O CA detectou ainda casos graves de falta de mecanismos de fiscalização e obrigatoriedade de apresentação de comprovativos na entrega de subsídios a beneficiários portadores de deficiência intelectual, mobilidade reduzida ou viciados em Jogo. Os casos anómalos, que têm lugar em diferentes circunstâncias, resultam na falta de comprovativos, cuja apresentação à tesouraria do IAS não é exigida aos assistentes sociais. No caso dos subsídios regulares, os assistentes sociais podem sugerir às pessoas que depositem grande parte do valor recebido pelo IAS no banco, para, de forma fraccionada, irem levantando o dinheiro durante o mês. Já no caso do subsídio ser atribuído ocasionalmente, os assistentes sociais têm mesmo o direito de recolher, em primeira mão, o dinheiro fornecido pelo centro aos beneficiários, fazendo posteriormente a entrega do valor ao mesmo. “No IAS não existem mecanismos de fiscalização para controlar as situações atrás referidas, não sendo sequer exigido aos Centros que enviem à tesouraria os documentos comprovativos dos pagamentos”, confirma o CA no relatório. O organismo sublinha a gravidade da situação, referindo que “desta forma, o IAS não acompanha nem regista devidamente os levantamentos efectuados pelos beneficiários ao longo do mês e eventuais remanescentes em cofre respeitantes a verbas não entregues a beneficiários”. Brincar ao telefone estragado Outro dos problemas é a falta de definição de instruções escritas para a atribuição, por parte do IAS, de forma a garantir que o dinheiro é distribuído de forma justa. “O IAS não definiu instruções por escrito para garantir a uniformidade dos critérios de exclusão dos benefícios sociais (…), o que deu aso a que os Centros [do IAS] adoptassem diferentes critérios de cálculo com consequências na apreciação e autorização de pedidos”, escreve o CA no seu mais recente relatório publicado ontem. De acordo com o organismo, só em 2013 foram atribuídos, em dinheiro, mais de 4,3 milhões de patacas, acção que o CA condena, considerando que “esta forma de pagamento comporta riscos”. O Comissariado considera que uma parte significativa destes subsídios poderiam ser pagos por outros meios, como por exemplo através de cheques”. Instruções moucas O relatório começa por denunciar a falta de instruções escritas e de comunicação entre o IAS e os seus vários centros espalhados pelo território. Como consequência, escrevem, muitos dos mecanismos de verificação de requisitos para a atribuição, descritos no Guia oficial do Instituto, “não coincidem com as instruções verbais transmitidas aos trabalhadores”. Um dos exemplos da falta de coordenação entre as normas constantes do Guia e daquelas passadas verbalmente tem que ver com o esclarecimento de dúvidas acerca dos dados fornecidos pelo requerente: “Consta do Guia que quando se suscitem dúvidas em relação aos dados fornecidos pelo requerente deve ser consultado o registo de bens do requerente junto da Direcção dos Serviços de Finanças, porém, de acordo com as instruções verbais essa consulta tem de ser efectuada sempre que os requerentes tenham idade igual ou superior a 18 anos e se trate do pedido inicial”, esclarece o CA. A isto, o Comissariado acrescenta que as instruções verbais não têm fiabilidade, uma vez que estão “sujeitas a distorções ou diferentes interpretações, bem como ao esquecimento”. Assistente não empata assistente A investigação do CA teve início depois de ter sido detectada a atribuição total, em termos mensais, de uma avultada quantia de dinheiro. Assim, foram auditados 30 pedidos de subsídios de dois centros do IAS, ou seja, 20 de um e 10 do outro. Os resultados mostram irregularidades em 19 casos do total, ou seja, 16 e 3 casos em cada um dos centros, respectivamente. O mesmo relatório mostra que a avaliação, feita por assistentes sociais, é executada de forma parcial, sendo que estes “privilegiam muitas vezes, por motivos de formação pessoal, o contacto com o requerente e a informação por ele prestada, não concedendo, por isso, tanta atenção aos mecanismos de verificação estabelecidos”. Com isto, quer-se dizer que parte destes funcionários negligencia as normas em prol dos utentes. Requeira um, receba dois Outra das críticas do CA ao IAS recai sobre o facto dos seus funcionários estarem sobrecarregados com trabalho, o que provoca um descuido no cumprimento das normas, frisam. “Nos Centros com maior volume de trabalho os assistentes sociais, para além de realizarem o acompanhamento e aconselhamento de pessoas, executam trabalhos de natureza administrativa, estando por isso sujeitos a uma maior sobrecarga de trabalho, o que pode prejudicar a sua qualidade, incluindo na parte que respeita à aplicação de certos procedimentos”, justificou o CA. A amostra revelou que o centro A – que tem mais movimento do que o B – autoriza 10 vezes mais pedidos do que o B, “sendo as situações de incumprimento de mecanismos de verificação mais frequentes no primeiro”, além de nestes pedidos estarem dados em falta para a apreciação dos casos. A falta de comunicação entre os diferentes centros e seus funcionários dá lugar, conforme o relatório do Comissariado, à dupla atribuição de financiamentos que não são, por lei, acumuláveis. Os resultados do IAS denunciaram dois casos deste género, “em que os beneficiários recebiam, ilegalmente, ao mesmo tempo Apoio Suplementar à Renda do IAS e Abono de Residência do IH”. Muito a fazer O CA recomenda que o IAS deve fazer uma revisão integral dos critérios para a atribuição de subsídios, definindo quais os tipos de financiamento que podem deixar de ser atribuídos em dinheiro ou depósito bancário. O Instituto deve ainda clarificar, no seu Guia, os critérios de exclusão e fundamentos legais adjacentes, “com vista a assegurar a aplicação dos mesmos critérios aos requerentes”, de forma escrita. O Comissariado sugere ainda que sejam contratados mais funcionários para aliviar a carga laboral dos recursos humanos. “[O IAS deve] resolver carências ao nível dos recursos humanos, por forma a dispor de quadros aptos e em número suficiente para assegurar a qualidade do trabalho”, escreve. O IAS deve ainda “reduzir as quantias depositadas” de forma a diminuir a ocorrência de incidentes, estudando simultaneamente, formas de pagamento dos subsídios alternativas, como são as transferências bancárias e por cheque. Para resolver a escassez de estatísticas de contabilidade do organismo público, o relatório sugere que sejam armazenados comprovativos das movimentações dos recursos do IAS, incluindo os já referidos depósitos feitos por terceiros em nome dos beneficiários. Tudo isto deve estar listado na tesouraria. As sugestões são para acatar Em resposta, o IAS reconheceu a existência de “riscos” nos dois actuais sistemas de atribuição dos subsídios. No caso do regular, o assistente sugere o levantamento fraccionado do montante. No caso do ocasional, é muitas vezes o próprio assistente quem recolhe o dinheiro do centro e o entrega, em mão, ao beneficiário. “O IAS, reconhecendo que existem riscos nos actuais mecanismos respeitantes quer ao levantamento do subsídio regular de forma fraccionada quer ao levantamento do subsídio eventual pelo assistente social para posterior pagamento ao beneficiário, vai proceder à revisão desses procedimentos”, informou. Em resposta ao relatório, o IAS reconhece ainda que “existe uma certa ambiguidade em expressões utilizadas no Guia e que é necessário fixar prazos para a verificação dos dados”, acrescentando que vai proceder à revisão destas normas, para “colmatar essas insuficiências”. O IAS afirma concordar com o conteúdo do relatório, “dando grande importância aos problemas e insuficiências detectados”, assegurando a implementação posterior de medidas de salvaguarda. No que diz respeito ao armazenamento oficial de dados, o Instituto assegura que está a ter lugar a “implementação de dois programas informáticos” de arquivo electrónico e de gestão de processo no âmbito do serviço social. Quanto à forma de pagamento dos subsídios, o organismo também deixou a promessa de rever o sistema, admitindo que “nem todos os casos respeitantes ao subsídio eventual podem ser consideradas” urgentes. “Reavaliada a situação pessoal do beneficiário será equacionada a possibilidade do pagamento do subsídio por transferência bancária ou cheque”, assegurou o IAS.
Filipa Araújo Manchete PolíticaAssembleia da República | Candidaturas fechadas, Coutinho com lista Pereira Coutinho garante que faz parte de uma lista, mas por “respeito e lealdade” prefere não o divulgar. Sempre teve um partido interessado e nunca andou a mendigar é o que defende o deputado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho confirma que faz parte de uma lista para a corridas às eleições legislativas da Assembleia da República, a acontecer no próximo 4 de Outubro. Sem desvendar ainda qual o partido político do qual diz fazer parte, o deputado vem agora dizer que “sempre existiu uma lista interessada”. “Não andámos a mendigar”, frisou o deputado, explicando que “por respeito e lealdade ao partido [em questão]” não o irá divulgar até as listas se tornarem públicas. “Não quero divulgar absolutamente nada, não quero faltar à verdade ao partido”, reforça. Ontem, pelas 18 horas de Portugal, uma da madrugada em Macau, encerraram as apresentações de candidaturas para as legislativas portuguesas. Até ao fecho deste jornal não foi possível aceder às listas que mais tarde foram afixadas à entrada do Tribunal da Comarca de Lisboa. Fechado em copas Mantendo sempre o segredo, Pereira Coutinho continua sem dar respostas concretas. Ainda assim, quando questionado sobre a realista participação nestas eleições, o deputado preferiu não responder. “Não quero falar mais nada, agora só penso nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas”, disse. “Já começou a campanha e estamos a tentar mobilizar as pessoas e desse modo se avançarmos com outras questões para outras eleições pode causar confusão às pessoas. As pessoas não estão habitadas a tantas eleições, depois fica tudo confuso”, explicou. Com viagem marcada para Macau no próximo sábado, 30 de Agosto, termina assim uma agenda preenchida de encontros com representantes das várias cores partidárias de Portugal. O fim-de-semana passado foi marcado com um jantar em casa da agora candidata à presidência da república, Maria de Belém, em que, segundo um comunicado da delegação dos conselheiros, foram reforçados as relações entre Macau e Portugal. Hoje, a delegação marcará presença num encontro com o vice-presidente e porta-voz do Partido Social Democrata (PSD), Marco António Costa.
Flora Fong Manchete SociedadePearl Horizon | Governo recebe queixas de proprietários de casas Proprietários de apartamentos do edifício Pearl Horizon queixaram-se ontem junto do Conselho dos Consumidores por terem receio de ficarem sem as suas casas, uma vez que as obras ainda não terminaram. Deputada Ella Lei critica o processo [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] mais um caso de residentes que investiram as suas poupanças numa casa nova que um dia ficará pronta, mas não sabem quando. O Conselho de Consumidores (CC) recebeu ontem um grupo de 30 proprietários de casas compradas em regime de pré-venda no edifício Pearl Horizon. O encontro foi organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e contou com a presença da deputada Ella Lei, representante do grupo de proprietários. Recorde-se que vários terrenos estão em risco de verem o seu prazo de concessão terminar este ano sem que vários edifícios habitacionais estejam prontos a habitar. O presidente da comissão executiva do CC, Wong Hon Leng, disse ao HM que os proprietários necessitam de disponibilizar os contratos de compra e venda para que o organismo possa analisar as queixas uma a uma e acompanhar os processos. Promessas adiadas Ella Lei, também vice-presidente da FAOM, explicou na conferência de imprensa que a empresa responsável pelo projecto, o Grupo Polytec, havia garantido que todos o edifício poderá estar concluído em 2018, sendo que as fundações deverão estar prontas ainda este ano. A empresa alega, segundo a deputada, que o atraso na obra se deveu ao processo moroso de aprovação por parte do Governo e a necessidade de entrega de um grande número de relatórios de avaliação de impacto ambiental. Num encontro entre os proprietários e Ella Lei com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no passado dia 13, a entidade explicou que devido à necessidade da entrega de relatórios e das plantas da obra por parte do Grupo Polytec, a obra só começou em Agosto do ano passado, sendo que apenas 47% das fundações estão feitas. “É difícil concluir as fundações no final de 2015, o que o Grupo Polytec prometeu aos proprietários não pode ser cumprido”, disse Ella Lei. A deputada citou ainda informações dadas pela DSSOPT sobre o facto do Grupo Polytec ainda não ter entregue a documentação relativa aos andares de cima para o Governo, incluindo a colocação de tubos. Ella Lei teme, assim, que surja novo atraso na obra depois da conclusão das fundações.
Hoje Macau China / Ásia MancheteBolsa de valores de Xangai com nova derrocada [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] a maior quebra de capitalização bolsista na China desde 2007, superando a derrocada de 27 de Julho. O índice composto de Xangai fechou esta segunda-feira com perdas de 8,49%, ligeiramente superiores às registadas a 27 de Julho, quando se verificou uma quebra de 8,48%. O índice CSI 300 fechou esta segunda feira com perdas superiores, de 8,8%. Esta derrocada bolsista em Xangai lidera as quedas na Ásia. Na semana passada, o índice composto perdeu 11,5%. Desde a decisão de desvalorização do yuan, a moeda chinesa, pelo Banco Popular da China, a 11 de Agosto, as perdas bolsistas somam mais de 4,3 biliões de euros, o equivalente a metade do PIB anual da China (em valor nominal), a segunda maior economia do mundo. A actual correcção a partir de 15 de Junho de 2015 ocorre depois de uma subida espectacular de mais de 150% desde Junho de 2014. De 19 de Junho de 2014 até 12 de Junho de 2015, o índice composto de Xangai subiu 155% durante este ciclo de “bolha” de quase um ano. Desde 12 de Junho passado, caiu 37,9%. Todos no vermelho As bolsas asiáticas estiveram esta segunda-feira mergulhadas no vermelho. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, fechou a perder 4,6%, o Kospi da Coreia do Sul registou perdas de quase 2,5% e o índice da bolsa de Taiwan caiu quase 5%. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, está a cair mais de 5% e o BSE Sensex de Mumbai perde mais de 3%. As bolsas europeias e os futuros em Wall Street abriram no vermelho. O PSI 20, da Bolsa de Lisboa, abriu a perder mais de 4%. Nesta segunda-feira a vaga vermelha atinge, também, em força os mercados de matérias-primas. Estão a registar quedas superiores a 2,5%, os preços do petróleo da variedade norte-americana WTI (o barril está a cotar abaixo dos 40 dólares), do óleo de soja, do cobre, do porco, do algodão e do Brent (o barril desceu para 44 dólares pelas 7h). O índice geral da Bloomberg para as commodities está a registar esta segunda-feira uma descida de mais de 1,7%. Desde o início do ano já caiu mais de 17%.
Flora Fong Manchete ReportagemReportagem | Residentes contam como é trabalhar nos casinos no exterior Numa altura em que as receitas do Jogo mostram quedas consecutivas, os países asiáticos vizinhos apostam no desenvolvimento do sector. O HM conversou com alguns residentes locais que optaram por voar para outras salas de Jogo. Um crescimento evidente, menos seguro que Macau, mas ainda assim, defendem, há espaço para todos crescerem [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] inegável: as receitas das seis operadoras do Jogo diminuíram de forma contínua nos últimos meses. Em Julho passado a queda atingiu os 34,5%, sendo que as salas VIP foram os espaços mais afectados – com mais de 40% de queda – levando a que pelo menos dez fechassem as portas. Temendo perder o brilho e o estatuto “Las Vegas de Ásia”, Macau entra assim em concorrência com países como Singapura, Filipinas, Tailândia e Camboja, que, para além de irem ganhando apostadores, vão construindo novos empreendimentos dedicados ao Jogo. Não é novidade também a aposta nestes novos países dos grupos responsáveis pelas salas VIP que fecharam no território. Relativamente à mão-de-obra do sector existente no território os números ultrapassam os 80 mil trabalhadores. Um número que nos remete para uma questão: se as receitas estão a diminuir em Macau e a crescer noutros países, estarão a ser recrutados trabalhadores locais para os novos empreendimentos? Terão os próprios funcionários interesse em abraçar esse desafio? Quatro residentes do território partilharam com o HM as suas histórias e como é trabalhar no que mais se faz em Macau, mas lá fora. Técnico para jogos online Torres Leong tem 24 anos e trabalha como técnico de informática no grupo Suncity, companhia que possui mais de 20 salas VIP no território. Foi com a inauguração, em Fevereiro do presente ano, do “City of Dreams Manila”, empreendimento que custou mais de 1,3 mil milhões de dólares americanos ao grupo Melco Crow, que o interesse do jovem Torres surgiu. Ao HM, o informático explica que a ideia de tornar Malina numa cidade de Jogo, tal como Macau, é evidente. Em pouco tempo, conta foram abertas quatro salas VIP no City of Dreams Manila e no Resort Solaire. Necessitando de mão-de-obra qualificada para tal, Torres e mais sete colegas seus forem enviados para a cidade filipina, bem como outros funcionários de outros departamentos. Esta é a primeira experiência de trabalho fora de Macau para o jovens Torres que quando questionado sobre as diferenças não hesita em responder: “é um ambiente muito pobre”. “As instalações têm boas condições, mas só as que se encontram na zona dos casinos, quando saímos dessa áreas, tudo é menos desenvolvido”, retrata. O trabalho é simples: aplicar o sistema informáticos usado em Macau no casino de Manila. Tudo deve corresponder, como se do mesmo território se tratasse. Assim, conta, será mais fácil para todos os trabalhadores, sobretudo no sistema de videovigilância dos “jogos online”. “Há uma grande parte dos jogadores que apostam através da rede dos casinos e através de telefonemas. E este sistema permite ver em tempo real o trabalho dos croupiers”, explica. Para o trabalhador não é difícil trabalhar noutro país, mas o volume de trabalho é muito mais exigente e pesado pois a equipa não é tão grande como em Macau. Questionado sobre o futuro, Torres não esconde a vontade de ir embora. Manila não se tornou uma cidade irresistível e, por isso, quando tiver oportunidade irá voltar para Macau. “Tenho a minha famílias e todos os meus amigos em Macau, e a verdade é que não gosto muito desta cidade, não é tão desenvolvida”, rematou. Atraído pelo ritmo da vida Tem 23 anos e trabalha no mesmo grupo, o Suncity. Meng Lam é um dos trabalhadores do departamento de Relações Públicas, e esta também é a primeira vez que está a trabalhar no estrangeiro. São apenas três meses – segundo as ordens – que Meng e mais 10 colegas terão que trabalhar na capital das Filipinas. O trabalho esse é bem diferente. Em Manila, conta, Meng Lam está a passar conhecimento e não a coloca-lo em prática. Neste novo posto, o trabalhador assumiu funções como formador dos funcionários locais. Ao contrário de Torres, Meng gosta de Manila e acredita que esta cidade, com o seu ambiente agradável, pode tornar-se bem melhor que Macau. “Esta cidade tem muito mais vantagens que podem ser desenvolvidas e tornar a oferta bem melhor que Macau. Não é tão menos desenvolvida como achamos que é, quando comparamos com Macau. Por exemplo, aqui há mais do que casinos, temos praias e sítios lindos, algo que não existem em Macau. O custo de vida é também mais baixo”, argumenta. Phnom Penh’s Nagaworld Casino and five-star hotel is one of Cambodia’s biggest private employers with more than 3,000 staff catering for a stream of visitors. It functions non-stop 24 hours a day with an inside airconditioned controlled temperature of 21 degrees.It is a 14 storey hotel and entertainment complex, with more than 500 bedrooms, 14 restaurants and bars, 700 slot machines and 200 gambling tables. There is also a spa, karaoke and VIP suites, live bands, and a nightclub. Its monolithic building dominates the skyline at the meeting point of the Mekong and Tonle Sap rivers, in stark contrast to nearby intricate Khmer architecture.///Western gamblers playing poker at Nagaworld Segundo o trabalhador as restrições nos casinos, na RAEM, como a proibição do fumo e o combate contra a corrupção do Governo Central, incluindo a proibição do cartão de crédito nos casino, são pontos que não favorecem o sector do Jogo em Macau. “Muitos jogadores não gostam das novas regras que estão a ser implementadas em Macau e por isso preferem vir jogar para Manila que é mais livre dessas restrições”, conta. Se pudesse escolher, Meng Lam não teria dúvidas: carreira seria em Manila. O ritmo de vida, “muito mais calmo que em Macau”, e as condições são os pontos apresentados pelo funcionário. “As pessoas da Manila sabem aproveitar a vida, por exemplo, aos fins-de-semana e feriados, o ambiente é muito animado, há fogo de artifício, às sextas-feiras, há sempre festas, algo que nunca encontrei em Macau”, relata, sublinhando a pena que tem em ser apenas uma experiência de três meses. Vontade de emigrar Na casa dos 30, Koji Cheong, trabalha no departamento de Marketing do mesmo grupo. Também em Manila foi enviado por três meses, tal como Meng, tempo que já passou e agora o grupo quer estender a experiencia por mais um ano. Não tão entusiasmado como o seu colega, Koji preferia voltar para Macau, mas a verdade, diz, é que o negócio das salas VIO está a cair, ao contrário do que acontece neste momento em Manila. Para si trabalhar numa economia a crescer é sempre mais entusiasmante do que numa a cair. “O nosso salário está directamente ligado aos lucros do grupo, portanto não quero ser despedido”, afirma. Os baixos impostos do Governo filipino – 17% em Manila, contra 29% em Macau – são um atractivo para os investidores e para os grupos das salas VIP. Tendo em conta a não inclusão de Manila nas políticas de combate à corrupção do Governo Central é também uma prancha para atrair o desenvolvimento do negócio, argumenta. Ali ao lado É no grupo Jimei, que Lien Tam de 29 anos trabalha como Relações Públicas. Um grupo de Hong Kong mas com um casino e sete salas VIP em Macau, tem enviado vários funcionários, por algumas temporadas, para a região vizinha. Lien Tam é uma delas. “Tenho trabalho em várias, em Hong Kong, Manila, Clark e até na capital do Camboja, Phnom Penh”, conta ao HM. “Quando os nossos clientes querem jogar nos casinos doutros países, precisamos de os acompanhar para ir aos casinos, organizamos os hoteis e as refeições. Às vezes realizamos competições de golf ou concurso de Baccarat” explicou, salientando os momentos como formas de atrair os clientes. São estas viagens que Lien mais gosta de fazer, mas tudo depende da situação, pois há momentos em que a funcionária fica responsável pela organização de evento e tem de se ausentar muito dias, o que acaba por lhe trazer saudades e vontade de voltar a Macau. Segurança garantida? Ao trabalhar no estrangeiro, a segurança pode ser a primeira consideração dos trabalhadores. Torres afirmou que nas zonas dos casinos a segurança é garantida. “Até ir ao supermercado há um guarda a abrir porta, e a companhia organiza carros para nos levar a sair”, disse, admitindo que poderão existir viagens, se forem mais longe, que os seguranças não acompanhem os funcionários. Para Meng Lam, a segurança é um problema na cidade filipina. “Na zona dos casinos, a segurança é boa. Quando visitamos outras zonas, vemos que a desigualdade económica entre as pessoas é muito grande. Há muitos sem abrigos, por exemplo. Vemos que há mais crime, mais assaltos. Mesmo assim, os ladrões não têm tanta técnica como os criminosos de Macau”, argumenta. Apesar de tudo, acha que o grupo Suncity garante a segurança dos empregados, dando-lhes boas condições. Meng vive num quarto duplo com outro colega de um hotel, e não se preocupa com a segurança pois vivem todos muito próximos uns dos outros. Koji partilhou aindaque “o director executivo do Suncity, Alvin Chau protege muito os seus funcionários.” “Quando cheguei a Manila tinha logo os guarda-costas à nossa espera, para nos acompanhar a qualquer lado, mesmo nas viagens mais pequenas, como ir ao supermercado”, lembra. Segurança que é totalmente dispensada pelo funcionário que agora só requer esse serviço em viagens maiores. Comparado com Macau, tanto Manila, Clark como Camboja, diz Lien a segurança é pior, e por isso, esta é um dos pontos de preocupação da administração. “Uma vez, no Camboja, a carteira do nosso cliente foi roubada por um ladrão, mas foi só isso”, disse, afirmando que as pessoas locais são em geral bem educadas, algo que a faz estar mais descontraída nas ruas. Preponderância de Macau Para Bill Song, director da Associação de jogo com Responsabilidade de Macau, os trabalhadores de Jogo de Macau têm benefícios quando desenvolvem carreira no estrangeiro, pois têm oportunidade de ver algo crescer, visto que a indústria de Jogo de Macau já é experiente. “Nos países asiáticos como Filipinas, Tailândia, o sector de Jogo foi criado recentemente, assim os recursos humanos de Macau podem prestar apoio a estes novos casinos. É também uma oportunidade para os trabalhadores de Macau poderem ocupar cargos mais superiores”, explicou ao HM. No entanto, Bill Song considera que não existem muitos trabalhadores do sector em funções em outros países, apenas os de posição de administradores. Prejuízo a Macau? Questionado se Macau está a ser prejudicado, Bill Song, não acredita nessa ideia. Os jogadores, diz, são maioritariamente provenientes da Coreia do Sul, enquanto em Macau são da China continental. Meng Lam também não acredita que a cidade filipina tenha prejudicado a fonte dos clientes de Macau, mas a verdade, diz, é que os clientes são provenientes de vários países, como Coreia de Sul, Tailândia, Japão entre outros. Koji Cheong acha que a indústria de Macau não vai afundar. Macau tem as suas vantagem, porque faz parte da China, sendo a língua, as letras, os hábitos iguais às das pessoas da China continental. Considera também que a eficiência dos serviços e a segurança são vantagens do território. Bill Song acha que em curto prazo não existirão problemas para Macau, justificou que a cultura local tem a vantagem de continuar a atrair clientes da China continental, aqueles que “podem não gostar do ambiente desses países”. O desaparecimento das salas VIP de Macau não é uma hipótese. Existirão, diz, sempre clientes em Macau, mesmo estando o Jogo desenvolvido noutros países.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaChumbo de debate sobre terrenos | Ho Iat Seng diz ter cumprido Regimento O presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, garante que apenas cumpriu o Regimento do hemiciclo e diz que a recusa do debate sobre os 16 terrenos em nada teve a ver com o conteúdo da proposta. O recurso dos dois deputados já está a ser analisado [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), garante que não rejeitou o pedido de debate sobre os 16 terrenos, apresentado pelos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, pelo conteúdo do debate. Durante uma sessão de balanço dos trabalhos da 2ª sessão legislativa, Ho Iat Seng frisou que apenas agiu de acordo com as alterações feitas ao Regimento. “No regimento antigo, desde que seja apresentado uma proposta de audição, tinha de ser agendado para plenário. Mas este ano, com a alteração do regimento, foram alteradas normas sobre a audição. Os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San entendem que, desde que seja apresentado um requerimento de audição tem de ser agendado para o plenário. Não estamos contra ninguém nem contra nenhum assunto, mas estamos a tentar cumprir o regimento”, disse aos jornalistas. Para já, o recurso apresentado pelos deputados já está a ser analisado pela Comissão de Regimento e Mandatos da AL, transitando para a 3ª sessão legislativa. “Claro que se tratou de uma primeira proposta de audição depois de alterado o regimento, não vamos agora dizer quem é que tem razão, cabe à comissão avaliar. Já recebi o recurso dos deputados e é a Comissão que vai avaliar a questão, na próxima sessão legislativa vamos dar conhecimento. Se os dois proponentes não concordarem poderão voltar a recorrer”, adiantou Ho Iat Seng. Heranças complexas Apesar do recurso estar a decorrer, o presidente da AL quer que a tutela de Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes apresente informações mais detalhadas sobre os 16 terrenos, cuja caducidade não foi declarada. A maioria foi concedida a empresas detidas por deputados da AL. “Trata-se de uma questão muito complexa, com questões herdadas da história. Muitos terrenos resultaram de processos de antes da transferência de soberania. O Governo está a tentar resolver uma a uma as questões herdadas, mas não somos o CCAC (Comissariado contra a Corrupção) ou o CA (Comissariado da Auditoria), não podemos ir aos serviços apurar informações”, referiu Ho Iat Seng. “O processo está a ser submetido ao CCAC, já esperamos 25 anos, também podemos esperar mais um pouco de tempo pelo relatório do CCAC”, rematou o presidente da AL. Afastada mudança para novos aterros Questionado sobre a possibilidade da AL mudar de instalações para a zona dos novos aterros, Ho Iat Seng negou. “Não podemos interferir nos projectos que vão surgir ao lado da AL, só podemos aceitar, mesmo que seja um casino à frente. Só posso gerir o que está dentro do edifício e a AL não vai passar para aquela zona administrativa. Este sítio é conhecido e com 33 deputados estas instalações ainda são suficientes”, disse aos jornalistas. “Greve consagrada na Lei Básica e Constituição” Depois de um projecto de Lei Sindical ter sido chumbado pela sexta vez na última sessão legislativa, Ho Iat Seng diz “estar aberto” à apresentação da lei pelo Governo, mas garante que os trabalhadores já têm espaço para a negociação dos seus direitos. “Sem a Lei Sindical será que em Macau não existe negociação colectiva? Nos anos anteriores muitos trabalhadores do jogo conseguiram negociar colectivamente com a empresa, e em Macau qualquer pessoa pode constituir uma associação sindical sem restrições. A greve está consagrada na Lei Básica e na Constituição. Se o Governo vai apresentar uma proposta de Lei Sindical? Não sei, vou perguntar se está no novo plano legislativo, espero que o Governo pondere. A minha atitude é aberta quanto a isto”, rematou. Corrupção: “Todos os deputados são legítimos” Depois do tribunal ter acusado membros da associação que representa Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei de corrupção durante a campanha eleitoral, Ho Iat Seng apenas referiu que “depois da acção da Comissão para os Assuntos Eleitorais todos os deputados são legais e legítimos e estão a exercer o seu mandato”. “Creio que é importante alterar a lei eleitoral e isso foi incluído no plano legislativo de 2015. Espero que no fim do ano os trabalhos de auscultação possam ser iniciados. Temos vindo a aperfeiçoar os mecanismos eleitorais e espero que as novas alterações possam clarificar mais os actos para que as eleições sejam mais justas e imparciais.”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHo Iat Seng | Possível eleição de Coutinho em Lisboa levanta “questão diplomática” No balanço da 2ª sessão legislativa, Ho Iat Seng pouco falou sobre a possibilidade do deputado José Pereira Coutinho poder vir a ter um assento na Assembleia da República. Contudo, diz tratar-se de uma “questão diplomática”, à qual apenas o deputado apenas pode responder. Coutinho prefere não comentar [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Iat Seng foi confrontado com a possibilidade do deputado José Pereira Coutinho ser candidato à Assembleia da República em Portugal, Ho Iat Seng disse tratar-se de “uma questão diplomática”. “É difícil responder tratando-se de uma questão diplomática. Em Macau o deputado deve observar as leis de Macau e deve prestar fidelidade à República Popular da China (RPC). Quanto a essa dupla finalidade (de respeito das leis chinesas e portuguesas) não me atrevo a dizer muito. Eu sou membro da Assembleia Popular Nacional (APN) e tenho essa fidelidade à RPC e à constituição chinesa”, disse, lembrando que, a acontecer a eleição, se trata de uma situação inédita em Macau. “Creio que sim, se calhar antes da transferência sim (aconteceu), mas depois da transferência não. Ele é que se vai candidatar e nenhuma lei fala sobre esta questão. Como é que vai ter reuniões aqui e em Portugal? Os voos ainda demoram 12 horas. Ele próprio terá de responder.” Ao HM, Coutinho não quis comentar as palavras do presidente da AL, frisando que está focado nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Ao HM, o deputado, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), já tinha garantido que o acordo com um partido político português estaria quase finalizado. “Só irei tornar público o partido com o qual me vou candidatar depois das eleições para o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, mas sim, estou em negociações e [o acordo] já está quase assinado”, confirmou. Quanto à dualidade de funções em dois parlamentos distintos, Coutinho disse também não ver dificuldades de conciliação. “Como sabe, o deputado à Assembleia da República não necessita de, fisicamente, estar presente em Lisboa, portanto há que percorrer as comunidades do resto do mundo para se inteirar dos pormenores, dos problemas, das ansiedades, das necessidades específicas de cada uma das comunidades espalhadas pelo resto do mundo e é isso que vamos fazer para que de facto estejamos bem representados na Assembleia da República”, garantiu. Coutinho tem de apresentar até hoje, segunda-feira, a sua candidatura como deputado em Portugal. O deputado e presidente da ATFPM tem estado em Lisboa em encontros e negociações de cariz político, tendo inclusivamente marcado presença na festa de rentrée política do Partido Social-Democrata, no Pontal, Quarteira, Algarve.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEmpregadas | Associações pedem fiscalização das agências de contratação Dois grupos locais representaram ontem o sector das empregadas domésticas e pediram mais fiscalização ao trabalho das agências de contratação, mas principalmente mais comunicação entre empregados e empregadores [dropcap style= ‘circle’]O[/dropcap] grupo Migrant Indonesian Concern e a União Progressiva Laboral pediram ontem mais comunicação entre as facções dos empregadores e o patronato, numa conferência que teve como mote o protesto do próximo domingo contra a actividade das empregadas domésticas no território. A ideia de promover uma maior comunicação entre estes dois sectores foi levada a cabo ontem por duas entidades que não só condenam a atitude da empregada doméstica vietnamita no caso da criança que sofreu um traumatismo, mas também pedem uma maior regulamentação para as agências de contratação. “O Governo precisa de melhorar o sistema de regulação das agências de contratação (…) Estas não são reguladas e o público não está bem informado, o que faz com que as pessoas saibam apenas algumas coisas (…) As empregadas encaram taxas altas das agências e o armazenamento ilegal de documentos de identificação e bancários”, adianta um comunicado do evento. “Estes actos são ilegais e promovem a desigualdade entre as empregas domésticas”, sublinha a mesma nota. Lucros dos dois lados De acordo com o activista local Jason Chao, que ajudou a organizar o evento, as agências estão a lucrar não só com o patronato, mas também com as funcionárias. Chao preferiu não reproduzir os testemunhos que duas empregadas deram no local, mas adiantou que num dos casos, a agência lhe retirou o cartão multibanco e o passaporte até que a situação da contratação estivesse resolvida. “[Houve casos em que] mantiveram os seus passaportes e o cartão de ATM”, disse ao HM. Em comunicado, as entidades pedem que as duas facções deixem de estar uma contra a outra, deixando claro que ambas ganham em se entenderem. Presentes na conferência estiveram empregadas domésticas da Indonésia e das Filipinas, nacionalidades que perfazem a esmagadora maioria do sector. “Antes de mais, esperamos que a comunidade de Macau compreenda, calmamente, a verdadeira natureza do trabalho migrante; percebemos perfeitamente que os nossos patrões também estejam a sofrer com o acontecimento, mas nós também somos mulheres trabalhadoras que nos esforçamos pelas nossas famílias”, referem os dois grupos de apoio às funcionárias, em comunicado. Estes frisam, ainda, que “a maioria tem boas relações com os seus funcionários”, pelo que não querem que “eventos isolados” afectem as contribuições dadas à comunidade desde há vários anos. Regras mais claras De acordo com declarações de Jason Chao ao HM, os dois grupos pedem também que sejam criado um contrato de trabalho mais pormenorizado, à imagem do de Hong Kong. “Embora haja um contrato especializado para empregadas domésticas estrangeiras em Macau, poucos locais têm conhecimento da sua existência e o seu conteúdo não é extenso. Deve ser adoptado um contrato estandardizado à semelhança do de Hong Kong para assegurar os direitos de empregados e empregadores e que inclua o período e aumento do ajustamento salarial para efeito de cessação do contrato”, sublinha o comunicado.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeMetro ligeiro | Seac Pai Van: primeira proposta segue em frente O GIT assegura seguir a opinião unânime da população e decide-se pela construção da proposta número um, de entre as três apresentadas há mais de um ano e meio. As carruagens, no entanto, devem ficar-se pelo Japão. Pelo menos até que o parque de materiais e a oficina estejam concluídos [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara a zona de Seac Pai Van, é a proposta um do traçado do metro ligeiro – das três pensadas – que mais consenso gerou entre a população, de acordo com um comunicado do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT). “Das três propostas alternativas, a 1ª proposta tem o nível de apoio relativamente elevado, uma vez que o seu traçado é mais directo que os outros e causa menor impacto à zona comunitária e ao ambiente residencial”, refere o GIT. Assim, a primeira proposta passará a ser a solução recomendada da Linha Seac Pai Van, sendo desenvolvido, na próxima fase, o estudo aprofundado”, assegurou o mesmo Gabinete. A auscultação pública, que durou 45 dias, quis ainda saber qual a opinião dos moradores sobre a eventualidade de estender a linha até Coloane, mas “a maior parte dos participantes não expressou opiniões sobre esta matéria”. Sob o mote “simples, directo e de fácil extensão”, o desenho prevê três paragens que começam no posto fronteiriço da Flor de Lótus, passam pelo Hospital das Ilhas e acabam na Estrada de Seac Pai Van. As propostas foram dadas a conhecer pelo GIT em Janeiro do ano passado e mais de 3200 pessoas deram, até final da semana passada, a opinião sobre que traçado preferiam. A segunda proposta projecta uma linha muito semelhante à da seleccionada, com diferença no destino final: fica-se pelo Complexo de Habitação Pública de Seac Pai Van. A terceira e última opção começa e acaba nos mesmos locais da primeira, mas pára frente à entrada principal do Hospital das Ilhas. Recorde-se que diz respeito à escolha da segunda proposta, Ho Cheong Kei, coordenador-adjunto do GIT disse, em Janeiro de 2014, que seriam instaladas barreiras para evitar que o ruído afecte aquela zona. “Vamos instalar algumas barreiras para reduzir os níveis de ruído. A minha conclusão inicial é que mesmo com este equipamento, não haverá grandes diferenças”, disse. O coordenador-adjunto acrescentou que este projecto não possibilita a extensão até Coloane. De acordo com as contas do GIT, a conclusão do projecto vai demorar entre três a quatro anos. Carruagens a meio caminho O GIT disse estar a coordenar com o fornecedor das carruagens do metro ligeiro para que estas sejam guardadas na fábrica onde estão a ser produzidas, no Japão. O mesmo Gabinete quer ainda resolver a problemática da construção do parque com a cessação do actual contrato, tentar recuperar o terreno em causa e abrir novo concurso público para recomeçar as obras. Assim, as peças só teriam que ser transportadas para o território quando o parque de materiais e a oficina estivessem concluídos. Recorde-se que o funcionamento do metro ligeiro deveria ter início no próximo ano de 2016, tendo o Executivo encomendado 110 carruagens. No entanto, o local de armazenamento das mesmas está numa fase inicial, com apenas 10% da obra concluída. O deputado Ho Ion Sang já havia questionado o Governo acerca desta matéria, querendo saber se a qualidade do transporte iria ser afectado caso não houvesse onde guardá-lo enquanto este não se encontrava em deslocações. Segundo o Jornal Ou Mun, o GIT referiu que o fornecedor do sistema e das carruagens do metro, no Japão, está já a efectuar testes e a montagem dos equipamentos das carruagens, enquanto o Governo local está a negociar com o fornecedor para que estas fiquem guardadas na fábrica do Japão onde são produzidas. O GIT espera assim que a vinda das carruagens aconteça apenas quando “houve condições” para tal. A entidade acrescenta que o Governo pediu ao fornecedor que fosse feita uma manutenção adequada das carruagens, de forma a mantê-las em boas condições e prolongar o seu período de uso. No entanto, o organismo não revelou se o armazenamento temporário na fábrica japonesa vai implicar despesas além-orçamento, nem se o período de garantia destes elementos se mantém o mesmo. Ao mesmo jornal, o GIT disse ainda que não houve consenso entre o Governo e a empresa responsável pela construção do parque de materiais e oficina. Assim, foi já enviado um assessor jurídico para negociar com o advogado da empresa: o objectivo, para já, é cessar o contrato existente.
Leonor Sá Machado Entrevista MancheteIsabel Lopes: “Acredito que a nossa língua, por si só, já está internacionalizada” Isabel Lopes chegou ao Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa e vê no ensino do português em Macau um desafio imperdível. Confirma haver diferenças na aprendizagem da língua por chineses no mundo, sublinhando que há mais motivação na China do que na RAEM. O Acordo Ortográfico, defende, não é “o desastre”, mas também tem defeitos [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omo é que surgiu a oportunidade de vir para Macau integrar o Centro e dar formação de Português como língua estrangeira? Convidaram-me para integrar a equipa do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa e aceitei imediatamente, por várias razões. Era, desde logo um desafio irrecusável por ser relevante e importante em termos profissionais. Há muito que estou ligado ao ensino do português como língua não-materna e linguista e tudo isto era um novo desafio, vivenciar um momento histórico, que é o que está a acontecer nesta altura na China, esta procura pelo português. Em que medida considera essa procura importante, tanto para Macau como para Portugal? A procura do português na China tem, naturalmente, uma razão funcional e instrumental de mercado, mas não vejo nisso um mal. Obviamente que tem consequências, quando levado a um extremo, mas o conhecimento de uma língua transforma-a a si própria numa expressão de cultura. Como linguista, entendo que a língua não se ensina na sua estrutura apenas, mas também enquanto cultura. Quem fala disto, fala de literatura e de tudo o resto que é expressão. Mas na China, a questão da cultura fica um pouco aquém, já que não é possível experienciá-la… Depois de conhecer uma série de instituições de ensino superior na China, de dar formação a professores de português [chineses] que estão na China, tenho vindo a destruir essa ideia, sobretudo porque eles querem também saber questões relacionadas com cultura e vivência do dia-a-dia, não só dos portugueses, mas também dos angolanos e dos brasileiros. Gostam e pedem que falemos de questões relacionadas com a literatura desses países lusófonos. A ideia que se passa não é tão certa como se pensa. Há uma procura pelo português que realmente acontece por razões meramente instrumentais e económicas, mas – e a história prova-o – ao aprender uma língua, nasce muitas vezes a motivação para saber e entender a cultura que lhe está associada. Os professores da China estão, neste momento, também a procurar esses conhecimentos. Porque é que acha que isto acontece? Pessoalmente, porque muitos dos professores tiveram uma formação em Portugal e neles há a vontade de conhecer outras culturas lusófonas e isso é nítido. Estivemos recentemente em Xangai e os professores de lá solicitaram-nos informações sobre o que se passa no Brasil, em Angola, até mesmo em termos linguísticos… É muito interessante ver como é que eles bebem essa informação. Também foi professora de português como língua não-materna na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Quais são as grandes diferenças entre ensinar alunos com as mesmas características, em dois locais distintos? É muito diferente e essa é uma das reflexões que mais tenho feito. De facto, ensinar português como língua estrangeira em Portugal cria-nos desafios muito diferentes daqueles que cria ensinar o mesmo aqui e na China, onde também há diferenças. Um aprendente de língua materna chinesa que esteja em Portugal está em contexto de imersão, o que não acontece com os alunos da China continental e no primeiro caso, há um ambiente e uma necessidade que não se verifica estando em Xangai ou Pequim, onde o contexto se resume ao tempo da sala de aula. Considera que a aprendizagem em Macau ou na China é mais difícil do que em Portugal? A minha experiência diz-me que há, por parte dos alunos, uma atitude diferente perante a língua estando na China ou em Portugal. Não tenho uma resposta final para a pergunta, porque estou cá há pouco tempo e tenho a experiência de Portugal, que era, confesso, cheia de estereótipos. Em Coimbra tive muitos alunos estrangeiros, nomeadamente chineses e revelavam-se diferentes, sobretudo por interagirem mais entre eles e não tanto com outros alunos. Aquele contexto de imersão que eu achava total, afinal não o era, mas sim parcial. A grande diferença é o contexto de imersão, mas a motivação que tenho visto nos alunos que aprendem no continente é notável. É incrível como é que alunos que estão fora do contexto de imersão, conseguem uma proficiência em português absolutamente extraordinária. Que papel desempenha a motivação no contexto da aprendizagem? A motivação é fundamental na aprendizagem das línguas e há uma tradição de estudar na cultura chinesa, pelo que [estes alunos] conseguem saber a estrutura da língua portuguesa na ponta da língua. Acredito até que estes alunos [da China] conseguem atingir níveis mais satisfatórios até do que os que estudam em Macau. A ideia de arranjar um emprego está muito vincada na China e o curso de português em algumas universidades chinesas é mesmo considerado um “Curso de Ouro” por ser o passaporte para um “emprego de Ouro”. Macau tem vantagens enquanto local de estudo face a cidades da China, por ser um local que junta as culturas portuguesa e chinesa? Aqui temos um ambiente em que a televisão e os jornais são em português e a língua forma ícones e anda nas ruas, como o património edificado. Isto facilita uma apreensão mais global da língua e da cultura, mas o facto do Português não ser [no ensino secundário] uma língua obrigatória faz alguma diferença. Há quem defenda que o português pode vir a ser internacionalizado como é o inglês ou como já foi o francês. Concorda? Acredito que a nossa língua, por si só, já está internacionalizada, com 250 milhões de pessoas a falarem-na no mundo. Tem um capital histórico e simbólico associado em todos os continentes e tem vindo a promover um factor curioso: a China e quem trabalha com a língua portuguesa está a contribuir para essa internacionalização, até em termos do português em termos língua de Ciência. Num dos fóruns em que estivemos recentemente a qualidade das comunicações foi muito elevada e foram feitas em português e versavam sobre isso, por professores chineses de português. O que ali aconteceu foi a internacionalização da língua portuguesa enquanto língua de ciência. Passou então de um patamar do quotidiano para a Academia… Exactamente. Acho que a língua portuguesa vai ganhar muito com esta geração de professores chineses que falam em chinês, investigam e desenvolvem teses sobre o português. No nosso portal Ponto de Encontro, organizei uma bibliografia à medida que as coisas vão nascendo e crescendo. Neste momento, temos compiladas 201 referências bibliográficas, grande parte sendo estudos de professores chineses. Considera que a longo prazo, o português poderá vir a ser uma das principais línguas da Ciência? Acredito que tem essa capacidade, mas naturalmente o inglês tem, no seio da comunidade científica, tem muito mais expressão. É importante é perceber que também já se faz Ciência e investigação em português. Chegou há pouco mais de um ano. Que diferenças nota entre o ambiente do Ensino de Portugal e de Macau? Acredito que Macau está no bom caminho para se assumir – e talvez seja uma ideia arrojada – como terceira economia no sector do ensino superior. Ou seja, pode tornar-se, se o caminho que está a ser trilhado der efeitos, numa região de Educação de excelência. A própria Universidade de Macau e a sua dimensão permitem-no, o IPM tem tido um trabalho extraordinário no domínio da língua portuguesa, sem esquecer a abertura do novo curso de Relações Comerciais entre a China e os Países Lusófonos… O presidente do Centro [Lei Heong Iok] vaticinava em 1984, ainda como técnico superior da DSEJ, aquilo que está a acontecer, dizendo que o Português era preciso. Foi quase como uma profecia. Há é necessidade de criar uma estrutura para acolher esta procura do português, mas também de outras áreas. Diria é que o Português é uma marca de Macau, que pode permitir criar a tal plataforma que se quer. Existem aqui todas as condições para transformar Macau num centro de Ensino Superior de excelência. Julgo que a criação dessa plataforma tem mesmo pernas para andar, até porque de acordo com dados do GAES, há um aumento de 5% na procura de cursos em instituições de ensino superior locais. Isto mostra que é preciso investir no ensino em Macau, até porque faz sentido para a China. Considera que há recursos humanos suficientes? Penso que estão a ser adquiridos, com a vinda de vários professores e as formações. Aqui no Centro temos vários professores doutorados e, ao contratar pessoas de fora, está a fazer-se um investimento. É um caminho de crescimento que não se faz, claro, sem dores de crescimento, mas faz efectivamente parte da estratégia do Governo local e da China. Haverá coisas a melhorar, mas há uma vontade assumida de evoluir. Que coisas podem melhorar? O caminho está a ser seguido essencialmente para o ensino superior, mas se formos para o ensino secundário, é diferente. O ensino superior é um reflexo do secundário e os alunos que chegam ao ensino superior para aprender português sem terem tido bases antes, vêm, naturalmente, com um défice. Faria sentido estender o ensino do português para o secundário? Essa é uma questão para os dirigentes porque é mais política. Nós, enquanto professores e especialistas, podemos dizer que se houvesse escolarização em português, os alunos teriam muito mais facilidade em fazer um curso de ensino superior. Tem formação e experiência em Linguística. Como é que vê a questão do Acordo Ortográfico e a sua expressão na aprendizagem do português? Essa é uma questão quente. Tenho um livro publicado sobre isso, que não toma uma posição, mas explica as mudanças que aconteceu no Português Europeu. Confesso que não consigo ver o Acordo como “o desastre” de Vasco Graça Moura, mas também não sou uma pessoa que ache que tudo nele faz sentido. Tenho uma visão de linguista nesta questão: ninguém conseguiria hoje ler Camões nem Eça de Queirós nas suas versões originais. A língua é um organismo vivo e evolui na medida em que é usada, portanto há momentos em que é preciso não uniformizar, mas sim “pôr ordem na casa”. A evolução da língua mostra-nos que não é “um desastre” e sei que é uma questão polémica, mas gosto de dizer aos meus alunos, principalmente na China, que o Acordo trouxe benefícios. Ainda não conseguimos é ter abertura suficiente para os vermos, porque temos uma relação afectiva com a língua. Esta passa pelo lema de que “a língua que eu aprendi é que é boa”. Tudo o que venha perturbar esta relação é, de alguma forma, ferir a susceptibilidade. Há muita falsa informação, até porque muitas vezes surge, nos meios de comunicação portugueses, “facto” sem C, quando este não cai. Em todo o caso, acho que o Acordo tem várias virtualidades. Há quem diga que é uma questão política ou económica… Para mim é uma questão em que vale a pena pensar de forma desapaixonada. Caso contrário, caímos em extremos. Em 2049, Macau passa a ser oficialmente parte da China, pelo que estamos ainda num período de transição. Acredita que nessa altura o português pode desaparecer? Não, porque tem sido dito tanto pelo Governo Central como pelo local, que o português é uma condição complementar e essencial para Macau se assumir como plataforma. Se assim o é agora, vai continuar a ser daqui a uns anos. Há razões para acreditar, tendo em conta o investimento que tem sido feito, que a aposta no Português é para continuar e não acredito que este Centro, cuja ambição é crescer, não tenha uma missão para continuar a cumprir.
Filipa Araújo Manchete SociedadeDomésticas | Empregadas aceitam registo criminal com condições Um registo criminal sobre as empregadas domésticas é o que pede a AGMM. Afastando a ideia de ‘lista negra’ a associação apela a um regime mais claro e com mais informações. Empregadas não se importam, mas a existir que seja também criado um para os patrões [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o início desta semana, a União de Empregadores dos Serviços Domésticos avançou com a notícia de um protesto – a acontecer no dia 30 do presente mês – contra as empregadas domésticas, que conta, segundo explicou a união em causa, com mais de mil inscrições. O mote são os alegados maus tratos de uma empregada doméstica, natural do Vietname, a um bebé de dois meses. Aliado a este movimento, a Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), segundo o jornal Tribuna, entregou um parecer à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), pedindo a criação de uma lista negra das profissionais, a divulgação do registo criminal das empregadas e ainda a diminuição da permissão de permanência das mesmas no território. “É preciso esclarecer que não se trata de uma lista negra, não é isso. O que pedimos ao Governo é que as agências de trabalho tenham um registo criminal das empregadas, mais informações do que aquelas que têm agora, que achamos nós, são poucas”, começa por esclarecer ao HM, Wong Kit Cheng, presidente da AGMM. Para a presidente o mais recente caso dos maus tratos ao bebé é só mais um exemplo. “Não é o único caso, já aconteceu mais vezes, por isso é que é importante perceber que tipo de empregada doméstica os empregadores estão a contratar”, explica, exemplificando “imagine que uma empregada comete um crime, bate, rouba, seja ele qual for, depois foge para o seu país e passados uns meses quer voltar a Macau, essas informações devem estar no seu registo, para que o empregador saiba que ela já cometeu crimes”. A elaboração deve ser feita, diz Wong Kit Cheng, pela própria agência, mas o Governo têm de assumir um papel activo nesta questão. “É preciso que também os serviços de migração tenham acesso ao registo criminal das empregadas, mas mais do que isso é preciso que o Governo acelere todos os processos quanto aos regulamentos relativamente à contratação de empregadas doméstico”, adianta. Segundo números avançados pela própria associação ao HM, neste momento Macau conta com mais de 20 mil empregadas domésticas que não estão em concordância com o regime em vigor. “Se são 20 mil empregadas isto quer dizer que são 20 mil famílias a serem prejudicadas pela falta de um bom regime”, defende. Quando questionada sobre o protesto a realizar no final do mês, Wong Kit Cheng acredita que o mesmo servirá para pressionar o Executivo e fazer com que “ele trabalhe mais rápido”. Mas ainda assim esta não é a melhor forma. “Depois da reunião com a DSAL percebemos que o Governo está com vontade de trabalhar e melhorar esta questão. Acho que o protesto não é a melhor forma para expressar as opiniões”, diz. Outros registos Em declarações ao HM, Diana La, empregada doméstica, natural das Filipinas não se mostrou contra a criação de um registo criminal ou ao pedido de mais informações por parte das agências de trabalho. “Concordo, mas as situações devem ser muito bem explicadas e não ter registo criminal só porque o patrão acha que houve crime”, clarificou. A empregada doméstica adianta que o registo deve “depender da gravidade dos casos”, se assim for, Diana concorda “que exista esta espécie de lista de informações”. Também Vivian Ui, empregada doméstica, concorda com a existência deste registo. “Não me importo nada que haja este registo, mas tudo depende da situação, depende do caso, se for um crime, claro que sim, agora se for um mal entendido não acho que deve ir para o registo”, defende. Mas para atingir a “igualdade e a justiça de tratamento é necessário que também haja um registo do tipo de empregadores, se eles já tiveram problemas ou foram acusados de crimes por maus tratos às empregadas domésticas”, defende. “Aqui em Macau são poucos casos que tenho ouvido, mas quando trabalhava em Hong Kong todos os dias ouviam histórias de empregadas domésticas a sofrerem de maus tratos. Maus pagamentos, más condições, violência, são muitos os casos que ouvi e tomei conhecimento”, relata Vivian Ui. Também Chat Su, empregada há mais de 10 anos, construiu a sua vida em Macau e já ouviu algumas histórias de maus tratos às empregadas domésticas. “Não coisas muito violentas, mas maioritariamente é a falta de pagamento dos salários, ou até salários muito baixos. Também há aqueles patrões que não dão férias às empregadas, e nós queremos ver a nossa família, também queremos ir ao nosso país”, conta. “Somos seres humanos, devemos ser tratados como tal e, sim, acho que deve haver um registo criminal, mas para empregadas e patrões, assim também para que eles aprendem a lição e nós, empregadas, sabermos se este ou aquele é um bom ou mau patrão”, termina Vivian. Questionada sobre a criação de um registo também para os empregadores, a presidente da associação disse que não faria muito sentido.
Flora Fong Manchete SociedadeToi San | Fendas na estrutura de prédio cada vez maiores As rachas do edifício Peng Meng, localizado na Rua Central de Toi San, estão cada vez maiores e nem a STDM, proprietária, ou o Governo apresentam soluções. A Aliança do Povo da Instituição de Macau exige maior comunicação [dropcap style’circle’]O[/dropcap] jornal Ou Mun noticia na sua edição de ontem o estado de degradação a que chegou um prédio da Rua Central de Toi San, propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) e onde residem 40 pessoas. As fendas começaram a surgir com as obras para a habitação pública do terreno ao lado, entretanto suspensas, mas não têm parado de crescer, aponta o diário chinês. A película de protecção colocada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) já saiu do lugar, tendo sido deslocados diversos cabos de electricidade. Um dos moradores, de apelido Cheang, contou ao Ou Mun que muitas vezes caem pedaços de cimento nos corredores. Mas até ao momento nem a STDM nem o Governo intervieram. “A STDM já não cobra renda aos inquilinos e acredito que isso é para nós sairmos à vontade. Mas ganho muito pouco e não tenho capacidade para arrendar uma casa lá fora”, relata o morador. Em Abril do ano passado, o HM visitou o edifício e pôde constatar o elevado grau de degradação do prédio. Ao falar com moradores, foi-nos dito que temiam ser expulsos pela STDM, para que a empresa pudesse desenvolver um empreendimento naquele lugar. Contudo, até ao momento, não voltaram a receber novas cartas. A possibilidade de um despejo foi denunciada pelos moradores à Aliança do Povo de Instituição de Macau. Um ano depois, Chan Tak Seng, presidente, confirma uma pior situação no edifício Peng Meng e diz que a explicação da DSSOPT não convence. “Não pode dizer que as rachas são um problema estrutural do edifício”, disse ao HM. A última visita que a associação fez ao edifício foi o ano passado, com a deputada Song Pek Kei, numa altura em que a Escola de Nossa Senhora de Fátima foi reconstruída. Os moradores sentiram o chão a tremer com as obras e sentiram medo. “Consegue-se colocar um tijolo dentro das rachas, por isso podemos imaginar o nível dos danos. Com as chuvas e o passar do tempo, acho que existe um certo perigo”, disse Chan Tak Seng. Urgente resolver Para o responsável, o Governo deve apresentar uma medida preventiva para o edifício, sendo que não deve demorar mais tempo com estudos feitos por especialistas. “A análise pode estar longe da realidade, porque podem ocorrer danos ou mortes se não se resolver o problema de forma activa. Não devemos ter uma atitude como o tratamento que foi dado no caso do Sin Fong Garden.” Chan Tak Seng pede ainda que o Executivo comunique mais com a STDM para encontrar uma solução, mas não deve permitir que sejam apenas os moradores a falar com a empresa. “A resposta deles deve ser apenas que deixam sair as pessoas do edifício, mas isso não ajuda. O ângulo do Governo deve ser sempre proteger os interesses públicos.” O HM tentou consultar a STDM para saber a situação e os planos para o edifício, mas não obteve uma resposta até ao fecho da edição.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTailândia | Residentes decidiram seguir viagem. Tailandeses em Macau temem impacto no turismo Os dois residentes de Macau que pediram ajuda para sair de Banguecoque não o conseguiram fazer por dificuldades na marcação do voo. A Air Macau vai permitir ajustes nas viagens já compradas. Tailandeses em Macau temem impacto negativo no turismo [dropcap style= ‘circle’]O[/dropcap] Gabinete de Gestão de Crises de Turismo (GGCT) confirmou ao HM que os dois residentes de Macau que pediram ajuda para sair de Banguecoque decidiram, afinal, continuar a sua viagem. Numa resposta escrita, o gabinete confirmou que “após contactado a companhia aérea sobre a possibilidade de anteciparem o regresso, foram informados pela mesma que não seria possível, uma vez que não existem vagas disponíveis no regresso. Os mesmos decidiram continuar a sua viagem, uma vez que estavam em segurança”. “O GGCT relembrou aos dois residentes de Macau para terem em conta as devidas precauções de segurança de modo a salvaguardarem a sua segurança pessoal”, aponta o organismo, que garante que não voltou a receber pedidos de ajuda, apenas um total de 162 pedidos de informação. Entretanto a Air Macau lançou ontem um comunicado onde dá conta do ajuste dos voos para os passageiros que compraram as viagens antes do dia 18, para voos a realizar até 31 de Outubro. Quem comprou bilhetes poderá alterar a data ou a rota até 30 de Novembro. Vozes de naturais Ao HM, três tailandeses a residir em Macau contaram o que sentiram quando souberam do incidente à distância. Alice, a viver no território há 34 anos, onde trabalha num restaurante, confessa ter chorado quando viu as notícias. “Há sempre muitos turistas a visitar o templo (Erawan), porque é que isso aconteceu? O tempo foi destruído mas pode ser reparado, as pessoas que morreram é que já não podem voltar”, contou ao HM por telefone. Quem também chorou foi Amanda Kathapitak, recém-licenciada. “Vi as notícias no Facebook quatro horas após o incidente. Cresci em Banguecoque e claro que fiquei chocada. Vi o vídeo e de imediato comecei a chorar. Liguei aos meus familiares e amigos mais próximos e sei que estão bem, mas o incidente foi tão inesperado que nunca pensei que pudesse acontecer na minha cidade natal”, disse ao HM. Todos consideram que, mais do que as mortes e o clima de medo, o atentado trouxe, sobretudo, problemas ao turismo, principal actividade económica da Tailândia. “Não é algo bom para nós, tailandeses. Recebemos muitos turistas chineses, de Hong Kong e Macau e depois disto ouvi dizer que muitos residentes de Hong Kong estão mais cuidadosos em fazer viagens para a Tailândia. Isso é mau para o país”, disse Justin, ex-estudante da Universidade de São José. “Não faço ideia se o país vai continuar a ser seguro. A explosão afectou muito as coisas e vai fazer com que os turistas tenham receio em visitá-lo”, considerou Alice. Para já as autoridades tailandesas falam de dez pessoas que poderão estar implicadas no atentado, recusando associar o incidente ao terrorismo. “É improvável que seja o trabalho de um grupo terrorista internacional. Os cidadãos chineses não eram um alvo directo”, disse Winthai Suvaree, porta-voz da junta militar, citado pela Lusa. “Há muitas razões que podem ter levado a isto. Estamos sob lei marcial e com um governo militar. A maioria das pessoas na Tailândia sentem-se reprimidas. Muitos dizem que pode ter sido alguém tailandês, mas também foi dito que o Governo não foi a razão”, considerou Amanda Kathapitak. Justin não nega a possibilidade do ataque poder ter sido engendrado por chineses uigures, uma vez que a Tailândia deportou oito pessoas desta etnia chinesa muçulmana para a Turquia, em Julho. “Há muitas especulações, muitas que dizem que pode haver ligações ao Estado Islâmico, outros acham que os uigures querem vingar-se do Governo tailandês. O Governo e as pessoas estão a tentar o melhor para ajudar as vítimas locais e estrangeiras. Poderá ser alguém que quer destruir a nossa economia, ou alguém que quis que a sua voz fosse ouvida de forma violenta, o que é errado e tirou muitas vidas inocentes.”
Filipa Araújo Manchete PolíticaAL | Sessão legislativa terminou “morna” mas com maior comunicação com Governo De forma geral os deputados classificam o trabalho da sessão legislativa que termina agora como “morno”. Sem grandes motivos para festejar, é o trabalho das comissões que mais merece destaque. Mais ainda há muito a fazer [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a véspera de Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), fazer o balanço dos trabalhos levados a cabo na sessão legislativa que terminou a semana passada, o HM quis perceber o que acham os deputados que nela são agentes activos. “A verdade é que nada de muito especial aconteceu”, começou por defender Au Kam San. Na visão do deputado, o trabalho levado a cabo pelas comissões é o que mais merece destaque. “Sobretudo a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas e a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas”, assinala. O maior número de reuniões realizadas pelas comissões, assim como a frequência da presença dos membros do Governo nas mesmas permitiram que o trabalho fosse mais vezes discutido e avançasse de forma mais rápida. Da mesma opinião é o deputado Lau Veng Seng, que destaca o trabalho realizado na última sessão. “As comissões foram as que mais trabalharam durante esta sessão legislativa, e ainda conseguiram que o Governo marcasse presença durante grande parte das reuniões”, defende. Assim, diz, os deputados viram as suas dúvidas esclarecidas de formas mais rápida e, claro, directa. “Esta presença dos membros do Governo nas reuniões das comissões veio facilitar o trabalho. Acho que isto foi o de mais positivo que aconteceu”, remata. Segundo Lau Veng Seng, o calendário de trabalho desta sessão legislativa foi bastante completou. “Houve muito trabalho”, diz. Mas houve também, mais vontade de trabalhar. “Talvez por serem novos Secretários, talvez pela mudança, os deputados assumiram um papel mais activo”, argumenta, frisando que também os representantes do Governo “assumiram e cumpriram as suas responsabilidades e deveres”. À sombra da bananeira José Pereira Coutinho não tem dúvidas: a sessão que agora termina foi “muito morna” e “há muito mais a fazer”. “Poderia ter sido feito muito mais”, começa por defender ao HM, assumindo a não surpresa comparativamente às sessões legislativas de anos passados. A tomada de posse dos novos Secretários, não trouxe sangue novo nem garra no trabalho. “Não trouxe, porque de facto continuam por resolver questões de facto importantes e estruturantes da sociedade, tais como a habitação, a saúde, os transportes”, explicou. No âmbito da administração pública, Pereira Coutinho diz: “continua tudo parado”. Agora, decorridos quase oito meses após a tomada de posse da nova governação, “os problemas continua e nada está resolvido”. “Continuam a não existir estudos dos problemas, continuam a não existir soluções para os problemas. Algo que se poderia resolver de forma fácil”, defende. Para uma sessão legislativa de garra é, aos olhos do deputado, precisão uma “mudança de mentalidade por parte da mesa da AL”. Esta postura de “deixar passar o tempo” sem nada resolver não trará qualquer beneficio para Macau. “Não estamos a acompanhar as mudanças que o mundo vive hoje em dia, basta ver a AL de Hong Kong, de Taiwan, dos países europeus para perceber que é preciso introduzir mudanças de mentalidade e actuação para que isso possa contribuir directamente para o desenvolvimento da região. Não podemos estar à sombra da bananeira”, argumenta. Temas quentes Apesar das poucas soluções, Au Kam San salienta alguns temas de debate “importantes para a sociedade”. “Algumas leis e propostas que foram debatidas são importantes para a população, tais como, a violência doméstica, tabaco ou até a lei de protecção dos animais”, recorda, adiantando que a nova “equipa do Governo veio dar um ar fresco ao trabalho orientado pela AL”. O deputado Ng Kuok Cheong apontou o chumbo, decidido pelo presidente da AL, do pedido de audição sobre os terrenos desocupados como o momento menos positivo. “Para mim esse foi o pior momento”, frisou. Uma maior participação da sociedade é, uma vez mais, um ponto defendido pelo deputado. “Seria muito melhor que a população pudesse participar nas reuniões das comissões, este registo de trabalho à porta não permite que haja transparência para a sociedade”, defendeu o deputado. Para o balanço do presidente da AL, que acontece amanhã, Ng Kuok Cheong acredita que Ho Iat Seng não irá apresentar pontos negativos. “Acho que o presidente só vai falar coisas positivas e não apresentar falhas. Vai falar de trabalhos que foram feitos e não dos que ainda estão por fazer”, defendeu. Ainda assim, o deputado frisa um momento “muito positivo”. “O chumbo [na especialidade] da cláusula do limite do tecto máximo de indemnizações do Regime de Contrato de Trabalho dos Serviços Públicos a pagar aos trabalhadores foi o que de mais especial aconteceu”, argumentou, frisando o “progresso que este chumbo veio mostrar”. Para Gabriel Tong a tomada de posse dos novos Secretários e Directores trouxe de facto uma imagem diferente, mas “se isto é bom ou mau vai depender dos resultados do trabalho”, e para já, isso ainda não é possível de avaliação. “É preciso mostrar trabalho, mostrar melhoramento das acções, é preciso fazer um mapa de avaliação do trabalho feito. Sei que os novos Secretários vão tomar decisões importantes, e parece-me que todos eles têm novas ideias e novas formas de trabalhar com os seus subordinados. Mas até agora ainda estamos à espera”, remata. Com Flora Fong
Filipa Araújo Manchete PolíticaGoverno vai alterar Lei de Habitação Económica para resolver casas desocupadas Alteração da lei, sanções para quem não cumpre, atrasos na construção, subsídio das tarifas dos autocarros e revitalização de bairros antigos foram alguns dos assuntos debatidos por Raimundo do Rosário, que pede ainda desculpa aos compradores da habitação pública da Ilha Verde [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, tornou ontem pública a vontade do Governo alterar a Lei da Habitação Económica para terminar com a problemática da não ocupação dos apartamentos atribuídos. “Há um problema com a lei que, de facto, prevê que as habitações devem ter um carácter permanente e efectivo, mas não prevê nenhuma sanção para esta situação”, voltou a referir o Secretário, adiantando que “quando é atribuída outra finalidade ou quando o apartamento é subarrendado, estão previstas sanções, mas quando a fracção não é ocupada, não está prevista qualquer sanção”. Situação que o Secretário quer ver alterada. Em declarações à Rádio Macau, depois de participar no programa Macau Talk, do canal chinês, Raimundo do Rosário afirmou que o Governo vai “alterar a lei da habitação económica”. “Entretanto, isso não significa que a gente não faça nada. O Instituto de Habitação tem um programa precisamente para acompanhar essas situações”, rematou. Durante o programa Raimundo do Rosário aproveitou o momento para pedir desculpa aos proprietários da pré-venda da habitação pública da Ilha Verde, por não conseguir que a construção respeite o calendário previsto que era de estar pronta em 2016, adiada para uma data ainda a definir. Para o representante do Governo existe, de forma clara, um “cultura” ou “hábito” de despreocupação dos construtores nas obras públicas, fazendo com que todos os processos demorem mais do que aquilo que deviam. Raimundo do Rosário garantiu ainda, que tudo irá fazer para acelerar os processos que dizem respeito à sua pasta. Toi San no centro A alteração do projecto de construção da habitação pública na Rua Central de Toi San está também em cima da mesa. Um comunicado do gabinete de comunicação social (GCS), indica que Raimundo do Rosário explicou que ao projecto original daquela habitação pública “inclui três andares subterrâneos, contudo poderá a passar ter apenas um ou mesmo nenhum, e, por essa razão, é necessário esperar pela alteração do projecto para que as obras de construção sejam reiniciadas”. O Secretário adiantou ainda que “foi necessário suspender as obras devido ao impacto nos edifícios antigos vizinhos”, garantindo que “as autoridades estão a estudar a possibilidade de o projecto ser alterado, passando a ter apenas um andar subterrâneo ou mesmo sem algum, e por isso mesmo, a construção será efectuada após a respectiva alteração do projecto”. Relativamente à construção de Mong Há, Raimundo do Rosário explicou que o “Governo está em negociações com o empreiteiro, seguindo-se com as obras depois de haver consenso entre as duas partes”. Sobre tudo e nada Durante o programa, muitos outros temas foram abordados, tais como a revitalização dos bairros antigos. O Secretário referiu que a ideia de reconstrução de bairros antigos visa apenas os edifícios de mais de 30 anos, algo que não diz respeito ao conceito de revitalização porque aqui estão também englobados os prédios com menos ou mais de 30 anos. Para isso, explicou, basta que os proprietários concordem com a sua reconstrução. Um ouvinte aproveitou o momento para solicitar ao Secretário a diminuição, ou até o fim, do número de shuttle bus dos casinos e hotéis para alívio do trânsito. Raimundo do Rosário admitiu a existência de um problema de tráfego, mas esclareceu que as três companhias de autocarros de Macau transportam 530 mil passageiros por dia, e os shuttle buses transportam cerca de 100 mil passageiros, logo seria um problema ainda maior suspender este serviço. Altos subsídios Relativamente à tarifa dos autocarros praticada em Macau, um tema também referido por um ouvinte, o Secretário considerou o subsídio atribuído pelo Governo às companhias é alto, e pela dificuldade de distinguir turistas ou residentes será difícil não praticar os preços de forma igualitária. “Houve uma pessoa que telefonou queixando-se de que não é razoável que o subsídio que o Governo dá aos residentes nos autocarros seja dado também aos turistas, aos não residentes”, contou o secretário à Rádio Macau. “De facto, é bom que se saiba que o bilhete de autocarro que cada um de nós paga é inferior a metade do valor real do bilhete, ou seja, o bilhete normal são duas patacas e o Governo paga mais de duas patacas por esse bilhete”, recordou. “Não é fácil, mas iremos ver este assunto. Como neste momento o subsídio é dado às operadoras de autocarros, também é difícil ao motorista do autocarro distinguir quem é residente de quem não é. Vamos ver esse problema”, concluiu.
Hoje Macau Manchete SociedadeAtentando em Banguecoque | Dois residentes de Macau pedem ajuda para sair [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau anunciou ontem que dois residentes locais pediram apoio às autoridades para antecipar o regresso à Região após o atentado de segunda-feira na Tailândia. De acordo com uma nota oficial, através das companhias de telecomunicações foi possível identificar 942 dispositivos móveis com registo em Macau em ‘roaming’ na Tailândia, cujos titulares foram contactados por mensagem electrónica para envio de contactos de emergência em caso de necessidade. De acordo com as autoridades de Macau, que receberam as listas nominais dos hospitais da Tailândia, nenhum residente consta entre as vítimas da explosão. Entretanto a industria turística de Macau cancelou uma dezena de excursões para a Tailândia, decisão que afecta cerca de 250 pessoas e estará em vigor até domingo, 23 de Agosto. Retrato-robô Na segunda-feira, pelas 18:30 de Macau, uma bomba explodiu no templo Erawan que fica no coração da capital tailandesa, junto ao hotel de cinco estrelas Grand Hyatt Erawan, rodeado de vários outros hotéis e lojas que atraem milhares de visitantes diariamente. Entretanto a polícia tailandesa difundiu ontem o retrato-robô do principal suspeito do atentado, que foi filmado por câmaras de vigilância a deixar um saco no meio da multidão, em frente do santuário, alguns minutos antes da explosão. O porta-voz da polícia tailandesa, Prawut Thavornsiri, afirmou que o homem, não identificado, tem cabelo castanho e óculos escuros, podendo ser “estrangeiro ou tailandês”. Um mandado de captura vai ser emitido nas próximas horas, acrescentou. Também ontem vários monges budistas lideraram orações para a reabertura do templo onde ocorreu o incidente, que já matou pelo menos 11 pessoas da China, Hong Kong, Singapura, Indonésia e Malásia. Mais de 100 pessoas ficaram feridas. Uma segunda explosão aconteceu no porto de Banguecoque, o qual, segundo as autoridades, poderá estar relacionada com a primeira. O Governo tailandês já associou o ataque a uma tentativa de bloquear a economia e o sector do turismo do país, sendo que motivos religiosos também poderão estar na origem do ataque.