Óbito | Wu Zhiwei, fundador da Quinta da Marmeleira, morreu aos 57 anos

Wu Zhiwei, empresário que se destacou por produzir vinhos em Portugal e promover a aproximação das relações entre a China e Portugal, sofreu uma “falência cardiovascular súbita”

 

O empresário de Macau Wu Zhiwei, que produzia vinhos em Portugal, morreu aos 57 anos, confirmou a empresa vitivinícola Quinta da Marmeleira, em Alenquer. De acordo com um comunicado publicado no portal da empresa na Internet, o fundador da Quinta da Marmeleira – Sociedade Agrícola Importação e Exportação, Lda morreu na terça-feira à noite “devido a falência cardiovascular súbita”.

A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário, “assegurando a estabilidade e o futuro próspero dos seus negócios”, lê-se ainda na nota. Além da manutenção “das políticas de desenvolvimento da empresa”, o comunicado prometeu a continuidade “das iniciativas de responsabilidade social que [Wu Zhiwei] tanto estimava”. O empresário, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), anunciou em Abril de 2020, no início da pandemia de covid-19, a doação de mais de 200 mil máscaras ao Ministério da Saúde português.

O objectivo foi “ajudar a proteger o pessoal da linha da frente no combate à doença em Portugal”, nomeadamente no Hospital de São João, no Porto, e no Hospital Santa Maria, em Lisboa, entre outras instituições públicas, disse na altura à Lusa uma fonte da Quinta da Marmeleira.

Na quinta-feira, a CCILC descreveu num comunicado Wu Zhiwei como “um dinamizador exemplar das relações Portugal-China” e “um empresário visionário”.

Para continuar

Lançada em 2015, a Quinta da Marmeleira produz mais de 200 mil garrafas de vinho, principalmente para exportação para o mercado do interior da China, em 100 hectares de área de cultivo. O projecto agrícola, situado em Alenquer, a cerca de 50 quilómetros a norte de Lisboa, acabou por ser um factor de combate ao desemprego na zona.

A quinta foi um dos locais visitados em Portugal, em Abril de 2023, por uma comitiva de 50 empresários de Macau, liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, no âmbito da primeira deslocação ao exterior do líder do Governo da região chinesa, Ho Iat Seng, após a pandemia.

Em Outubro de 2022, Wu Zhiwei avançou estar em andamento o processo de construção de uma nova adega na Quinta da Marmeleira, para enoturismo, para “dar a conhecer aos turistas chineses todo o processo de produção de vinhos, da uva ao produto final”. Na mesma altura, o empresário, nascido na província de Guangdong, adjacente a Macau, anunciou o lançamento de uma agência de viagens para “estabelecer uma ponte de ligação entre Portugal e China”.

“O objectivo é levar pessoas da China continental a Portugal para conhecer o país e a cultura e também levar portugueses a conhecer a China”, disse Wu Zhiwei, que também tinha negócios na área do imobiliário e da joalharia, em particular do jade. A família de Wu Zhiwei garantiu que “mantém o compromisso de dar continuidade ao legado” do empresário.

7 Jan 2024

PS | Vítor Moutinho acusa partido de esquecer portugueses de Macau

No 24.º Congresso Nacional do PS, o delegado ao Congresso em representação de Macau criticou a imposição de restrições no acesso dos emigrantes ao Serviços Nacional de Saúde e a cobrança de mais-valias na venda de casas em território português

 

Vítor Moutinho, delegado ao Congresso do PS em representação de Macau, acusou partido de esquecer os portugueses do território, queixando-se de que estão a perder direitos e alertando para que a liberdade está a ser restringida. “Sim, camaradas, o PS, os representantes eleitos esqueceram-se de Macau, esqueceram-se de defender aquilo pelo qual os portugueses batalharam nestas últimas décadas, se não séculos”, acusou Vítor Moutinho, numa intervenção no 24.º Congresso Nacional do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O coordenador da secção do PS de Macau defendeu que “há valores inegociáveis que devem ser rapidamente respeitados” na região, onde “muito mudou nos últimos meses”.

“A liberdade de manifestação está a ser restringida, a liberdade de imprensa está a ser condicionada, e isto devia permanecer intocável até 2049. Mas parece que neste partido, no Governo, na diplomacia portuguesa se instalou uma doença estranha de esquecimentos colectivos. Esquecem-se das agendas, esquecem-se das decisões, esquecem-se das promessas, esquecem-se que há convenções a respeitar”, criticou.

Segundo Vítor Moutinho, talvez Manuel Pizarro, médico e ministro da Saúde, pudesse “estudar a causa desta doença repentina que é o esquecimento colectivo”.

“Nas últimas legislativas o PS alcançou pela primeira vez em Macau uma vitória esmagadora sobre a direita. Foi um trabalho intenso que tivemos, e nestes dois anos quase deitámos tudo a perder por não respeitarmos promessas que tivemos para com os cerca de 60 mil eleitores que ali existem”, disse.

O coordenador da secção considerou que “não pode o PS pedir o voto, dizendo que há direitos que são inegociáveis, e depois, sem explicações, cortar-se aos emigrantes o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) tendencialmente gratuito impondo regras absurdas aos portugueses emigrantes”.

A seguir, questionou, “por que é que um cidadão português que vive em Macau paga um imposto de mais-valia quando vende a sua casa diferente de um português que vive na Europa”.

À espera de sinais

No fim do seu discurso, dirigiu-se ao novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos: “As comunidades portuguesas estão à espera de um sinal. Há perguntas que urge responder com um programa político que assuma por direito e por inteiro a nacionalidade portuguesa e que integre por inteiro todos os portugueses, com direitos e deveres iguais, estejam eles na Maia, no Porto, em Londres, em França, em Bruxelas, em São Paulo ou em Macau. Somos todos portugueses”.

Vítor Moutinho apresentou-se como porta-voz de “um conjunto de cidadãos que em Macau ainda gostam da participação política, ainda gostam de Portugal e são indefectíveis apoiantes do PS”, que “a mais de dez mil quilómetros de distância lutam pelos valores socialistas, procuram promover a igualdade social, a justiça económica, a participação democrática, lutam pela liberdade”.

“Valores que o nosso fundador deixou em Macau. Em momentos em que somos obrigados a explicar quem é, o que é o PS a cidadãos que já pouco se lembram de Portugal, bastam duas palavras para os convencer: Mário Soares, aquele, o homem da mãozinha, o amigo bochechas, como carinhosamente é conhecido em Macau. Sim, camaradas, Mário Soares ainda é o referencial em Macau”, afirmou.

Foi Mário Soares quem “desbloqueou a nacionalidade de muitos chineses” e quem “garantiu a liberdade dos valores de um sistema que agora começa a estar em causa em Macau”, acrescentou.

O 24.º Congresso Nacional do PS marca a transição da liderança do partido de António Costa para Pedro Nuno Santos, que foi eleito secretário-geral nas eleições directas de 15 e 16 de Dezembro, com 61 por cento dos votos, contra José Luís Carneiro, que teve 37 por cento, e Daniel Adrião, que teve 1 por cento.

7 Jan 2024

GPM | Browning prova que a F3 ainda conta no caminho para a F1

Longe vão os tempos em que vencer o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 era um passaporte de entrada directa para a Fórmula 1, até porque hoje os lugares no “Grande Circo” ficam praticamente todos fechados antes do mês de Novembro. Contudo, para Luke Browning, o vencedor da última edição, o triunfo no Circuito da Guia pode não significar a subida directa à Fórmula 1, mas pelo menos significou que poderá continuar a sonhar em lá chegar

 

O piloto de 21 anos venceu o campeonato britânico de Fórmula 4 em 2020 e o campeonato GB3 em 2022, tendo ainda garantido o prestigiado troféu “Autosport BRDC Young Driver of the Year Award”, o que lhe permitiu testar um monolugar de Fórmula 1 da Aston Martin em Outubro passado. Como era natural, em 2023, Browning deu o salto para o Campeonato de Fórmula 3 da FIA e no mês de Abril foi admitido como membro da Williams Driver Academy. Para a sua temporada de estreia na disciplina, o inglês juntou-se à equipa Hitech Pulse Eight, uma das mais fortes do campeonato que o apoiou, visto que sozinho, Browning dificilmente conseguiria os meios financeiros para subir na pirâmide do automobilismo.

Todavia, o que parecia uma combinação perfeita equipa-piloto, acabou por ser uma temporada para esquecer, principalmente a segunda metade, recheada de incidentes. O melhor resultado de Browning na sua época de estreia na Fórmula 3 saldou-se num segundo lugar nas ruas do Mónaco.

A moral da equipa Hitech Pulse Eight para a viagem ao Oriente no mês de Novembro era tão grande que o patrão Oliver Oakes nem sequer viajou com a equipa para a RAEM, deixando na liderança da operação, o chefe de equipa, Paul Bellringer, que já não visitava Macau desde os anos 1980s, e então para trabalhar nas motos, assessorado pelo português Duarte Fidalgo, o mecânico chefe da equipa baseada em Silverstone. Por seu lado, Luke Browning sabia muito bem que se quisesse continuar a fazer parte da academia de pilotos da Williams e recuperar a confiança da equipa tinha que mostrar algo mais no Circuito da Guia. E assim foi.

Apesar de nunca ter corrido anteriormente entre nós, Browning esteve a um nível que nunca tinha demonstrado até aqui na Fórmula 3, conquistando por 0,006 segundos o melhor tempo no cômputo das duas sessões de qualificação, vencendo indiscutivelmente a “Corrida Classificativa” e conquistando a corrida final com a mesma autoridade, mesmo numa corrida que teve vários reinícios e em que teve que defender por diversas vezes a sua primeira posição. No final, o jovem piloto confessou que para este sucesso contribuiu o facto de ter visto e estudado ao detalhe todas as partidas da prova de Fórmula 3 das duas últimas décadas.

O esforço compensa

Após um triunfo tão categórico como inesperado na exigente prova de Macau, Browning não só viu a sua continuidade na Williams Driver Academy garantida, como também assegurou mais uma temporada no Campeonato de Fórmula 3 da FIA este ano ao serviço da equipa Hitech Pulse-Eight.

“Tenho muita fé na equipa que me rodeia, com as coisas que aprendemos ao longo da época do ano passado, acredito que seremos capazes de desenvolver as nossas competências e a capacidade de execução que mostrámos mais recentemente em Macau”, disse Browning, que depois do triunfo no Circuito da Guia dizia aos jornalistas sentir “um bocado surreal” colocar o seu nome ao lado de nomes como Ayrton Senna na lista de vencedores do Grande Prémio.

Sobre o seu futuro, Browing admite que “este Campeonato nunca será fácil, não só pelo nível dos pilotos, mas também pela natureza do campeonato. No entanto, tendo já visitado todas as pistas para onde vamos no próximo ano, acredito que estamos numa excelente posição para marcar pontos em todos os fins-de-semana de corrida. Estou muito grato à Williams Racing e à Hitech Pulse-Eight pelo seu apoio na nova época.”

Este novo contrato permite-lhe sonhar com um regresso a Macau no final do ano para tentar um segundo triunfo na corrida de Fórmula 3 e caso o faça, e depois da imagem que deixou em 2023, certamente ninguém lhe roubará o título de “grande favorito” à vitória.

5 Jan 2024

Português | Chineses em Macau adoptam diversos modos de aprendizagem

Os estudantes chineses de português em Macau adoptam diversas estratégias de aprendizagem da língua, não existindo um método uniforme. Além disso, o ambiente multilingue do território beneficia os estudantes que vêm da China. As conclusões são de um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau

Um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau (UPM), conclui que não existe, da parte dos estudantes chineses de português em Macau, um método de aprendizagem uniformizado, sendo que cada um escolhe técnicas que passam pela memorização, uso de materiais didácticos diversos, linguagem usada no dia-a-dia ou ferramentas que ajudam na compreensão oral do idioma, tendo como base, muitas das vezes, estratégias de aprendizagem já usadas com o inglês.

Em “Um Estudo de Caso das Estratégias de Aprendizagem de Estudantes Universitários Chineses no Ambiente Multicultural de Macau”, recentemente publicado no International Journal of Education and Humanities, conclui-se que existe, no ensino superior de Macau, “um carácter dinâmico das estratégias de aprendizagem da língua, bem como a sua variabilidade individual”.

Hao Ian Chen desenvolveu este estudo com base nas experiências de quatro alunos de diferentes universidades locais, vindos da China. Dois deles estiveram em Macau no contexto de um intercâmbio de um ano.

O artigo conclui que “cada um deles implementou ajustamentos estratégicos para ultrapassar as dificuldades de aprendizagem do português com que se deparou face às mudanças no ambiente de aprendizagem e às mudanças cognitivas que daí resultaram”.

O trabalho académico destaca ainda que essas estratégias de aprendizagem eram semelhantes, apresentando, contudo, “trajectórias de desenvolvimento diferentes, reflectindo a natureza dinâmica das estratégias de aprendizagem de línguas, a sua certeza e incerteza”.

Apresenta-se o exemplo da aluna D, que através da leitura e da memorização “de um grande número de artigos em português” conseguiu “a acumulação de vocabulário e aplicações gramaticais”. A estudante usou ainda o vocabulário e estruturas gramaticais na vida real a fim de melhor as memorizar.

Desafios do multilinguismo

O estudo em questão fala ainda dos “desafios colocados pelo ambiente multilingue à aprendizagem e utilização da língua pelos participantes”, sendo que, no caso dos estudantes vindos do continente, esse multilinguismo tão presente em Macau os ajudou no ensino.

“O ambiente multilingue de Macau teve um impacto positivo nos dois participantes do continente que estudaram em Macau, principalmente em termos de ensino multilingue na sala de aula e de comunicação com falantes nativos de português”, lê-se.

O relatório fala ainda de um “certo grau de correlação” entre os métodos de aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e de aprendizagem de um segundo idioma, pois “os quatro participantes seguiram as estratégias eficazes de aprendizagem do inglês no passado, combinando-as depois com as suas próprias situações para formar um novo modo de aprendizagem”.

O artigo destaca ainda a necessidade de compreensão por parte dos professores e educadores quanto “à diversidade das estratégias de aprendizagem e diferenças individuais, não para mudar à força as estratégias de aprendizagem dos alunos, mas para os ajudar a compreender o impacto complexo do ambiente de aprendizagem e as características dos seus próprios factores individuais na sua aprendizagem”.

5 Jan 2024

Combustíveis | Governo defende subida de preços

Contrariando as queixas da população, o Conselho de Consumidores indica que os preços dos combustíveis em Macau tiveram um aumento inferior ao praticado em Hong Kong e Zhuhai

 

O Conselho de Consumidores considera que o território registou uma menor subida média do preço da gasolina em comparação com Hong Kong e Zhuhai. A defesa da eficácia das medidas de supervisão foi deixada em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

“Em comparação com o início de Janeiro de 2020, o preço médio na venda a retalho da gasolina sem chumbo em Hong Kong, Zhuhai e Macau teve uma subida aproximada de 6,34, 1,82 e 1,66 patacas por litro, respectivamente, em comparação com o início de Dezembro de 2023”, pode ler-se na resposta, assinada por Ao Weng Tong, vice-presidente do Conselho de Consumidores.

A resposta visa os preços da gasolina sem chumbo 98, uma vez que em Macau não está disponível a gasolina sem chumbo com 95 octanas, um tipo de gasolina mais barato, mas que em teoria resulta num desempenho menos eficiente das viaturas. Em relação à introdução da gasolina sem chumbo 95, Ella Lei pediu um ponto da situação e recordou que em Novembro o secretário para a Economia e Finanças tinha prometido a introdução deste combustível na RAEM.

Para o futuro

A réplica de Ao Weng Tong tem por base as informações da Direcção de Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT). Segundo o responsável, a DSEDT ainda está a “estudar a viabilidade de introduzir novos combustíveis”, junto dos importadores. “Como a introdução de novos combustíveis no mercado exige uns certos ajustamentos e configurações nos barcos de transporte, infra-estruturas de armazenamento e nos camiões de transporte, etc., a indústria ainda precisa de tempo para estimar os custos”, foi acrescentado.

Neste aspecto, foi igualmente indicado de que no futuro, quando se realizarem concursos públicos para atribuição de mais terrenos para a instalação de bombas de combustível, poderá ser exigido aos operadores que introduzam novos produtos.

Sobre os trabalhos de fiscalização, o CC indicou que existe uma equipa “interdepartamental” que acompanha “as tendências internacionais dos preços”, “os preços de importação” e os “preços na venda a retalho” e que também segue as condições de mercado no Interior e em Hong Kong.

5 Jan 2024

Habitação intermédia | Lam Lon Wai questiona suspensão de construção

A reduzida procura por habitação económica leva o deputado da FAOM a questionar as razões que levaram o Executivo a suspender a construção de habitação intermédia na Avenida Wai Long

 

O deputado Lam Lon Wai está preocupado com a decisão do Governo de suspender a construção de habitação intermédia, e quer saber o que vai ser feito, quando a procura por este tipo de habitação aumentar. A questão faz parte de uma interpelação oral que vai ser feita na Assembleia Legislativa, na próxima segunda-feira, pelo legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Ho Iat Seng anunciou no final do ano passado a suspensão da construção de habitação intermédia, justificando a medida com a “redução do número de candidatos à habitação económica”. Na altura, o Chefe do Executivo prometeu ser apenas uma suspensão e ainda guardar os terrenos da Avenida Wai Long para o efeito, como estava planeado.

No entanto, o Governo encomendou um estudo à Universidade de Macau para reavaliar a política de habitação, principalmente no que diz respeito à construção de apartamentos na Zona A dos Novos Aterros. Na pergunta que vai ser colocada, Lam Lon Wai quer saber quando é que o estudo vai estar concluído.

“Quando é que essa avaliação vai estar concluída? O Governo vai ajustar, quanto antes, o plano de construção de habitação pública, tendo em conta os respectivos resultados?”, questiona o deputado.

Lam avisa também que, com a suspensão do projecto, a resposta às necessidades habitacionais da população pode ser atrasada: “Com a mudança das políticas e do ambiente do mercado, também muda a estrutura da oferta e da procura. A construção de habitações intermédias pode demorar, no mínimo, três anos, e se for suspensa, será difícil a sua articulação com as necessidades”, alertou.

As conclusões do estudo podem servir como factor para legitimar o Governo a abdicar da promessa de construção de 28 mil habitações económicas, o que pode levar as pessoas a terem de comprar casa no mercado privado ou mudarem-se para a Ilha da Montanha.

Outra alternativa?

O mais recente concurso para a venda de habitação económica visa a venda de 5.415 apartamentos. Inicialmente o concurso deveria ter terminado a 27 de Dezembro do ano passado, mas foi prolongado até 26 de Abril deste ano, devido ao reduzido número de candidaturas.

Até ontem, contabilizavam-se 4.127 candidaturas para as 5.415 fracções. O facto de os compradores só poderem vender no futuro as casas ao preço de compra ao Instituto de Habitação, excluídos os custos de eventuais obras, e de os preços ainda não serem conhecidos, terá contribuído para uma redução do interesse por estas casas.

Face ao cenário da diminuição do interesse na habitação económica, Lam Lon Wai quer saber que terrenos na Zona A vão ser utilizados para construir habitação intermédia. “Há quem entenda que a Avenida Wai Long não é o local adequado para a construção de habitação intermédia, então, se a procura de habitação económica diminuir e a oferta for suficiente, o Governo vai ponderar sobre a finalidade dos terrenos planeados e mudar de habitação económica para habitação intermédia?”, questiona o deputado.

5 Jan 2024

Metro | Pedida investigação do CCAC sobre compra de cabo

A compra e instalação de um cabo de qualidade duvidosa levou à suspensão do metro ligeiro durante meses. Para o deputado Ron Lam o incidente deve ser investigado, dado que anteriormente o Governo tinha garantido que os materiais cumpriam os padrões de qualidade

 

O deputado Ron Lam defende que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) deve investigar a compra do cabo eléctrico que obrigou à suspensão do metro ligeiro durante meses. A posição foi tomada em declarações prestadas ao Jornal do Cidadão, na sequência de um relatório do Comissariado de Auditoria (CA) sobre o caso.

De acordo com as conclusões do CA, os danos sofridos pelo cabo que obrigaram à suspensão do metro ligeiro deveram-se ao facto de o cabo inicialmente instalado não cumprir os padrões mínimos de qualidade. Sobre o incidente, Ron Lam indicou que para a maioria da população o metro ligeiro é visto como um “elefante branco” e a opinião sobre o projecto é negativa.

Face a esta situação, mantém a esperança de que o CCAC investigue os procedimentos de compra, de forma a legitimar o projecto junto da sociedade, e para aumentar a confiança da população sobre este meio de transporte.

Na opinião do deputado, o relatório do CA veio a público mostrar que houve uma falha “inaceitável” cometida por todos os envolvidos, desde o Governo, à empresa de consultoria e ao fornecedor. Por outro lado, Ron Lam destacou o facto de o antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes, responsável pelo projecto no início, ter “omitido factos evidentes”.

Debaixo do tapete

O deputado criticou ainda os responsáveis, porque, no seu entender, se não fosse o CA, nunca se teria conhecimento da natureza dos problemas relatados. O legislador considerou igualmente negativo o facto de no passado ter pedido várias vezes informações sobre o metro, mas apenas ter obtido respostas através de comunicados.

Ron Lam recordou ainda que confrontou Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, com o assunto na Assembleia Legislativa, e lhe foi respondido que não tinham sido utilizados materiais com qualidade inferior: “Os procedimentos foram concretizados, não utilizámos materiais com qualidade inferior, não cometemos erros nem saltámos nenhum passo [na construção”, citou, sobre a resposta do secretário.

Na opinião de Lam, face às respostas do secretário, o problema não devia ter acontecido, pelo que é necessário averiguar o que se passou, até porque o CA apontou existir problemas de supervisão nas obras do metro.

Também a deputada Ella Lei abordou o caso, e defendeu que o Governo deve assumir um maior papel na fiscalização dos trabalhos, mesmo quando contrata empresas para desempenhar essa função. A legisladora defendeu que deve ser o Governo a assumir o maior papel, porque se tratam de áreas muito específicas com as quais a população não tem competência para lidar, pelo que não consegue detectar os problemas.

5 Jan 2024

História | Jornalista João Botas descobre diário inédito com cerca de 200 anos

O jornalista João Botas, autor de diversas obras sobre a história de Macau, diz ter descoberto um diário de uma norte-americana, esposa de um comerciante que vinha a Macau e à China com frequência. O acesso a uma versão dactilografada, com muitos anos, permite descobrir relatos de uma época em que o comércio fervilhava no sul da China

 

Chamava-se Sarah, acompanhou o marido, comerciante, nas inúmeras viagens que realizou para fazer negócios em Cantão e deixou um diário que hoje tem cerca de 200 anos. O jornalista João Botas, autor de diversos livros sobre a história de Macau, diz ter descoberto uma versão muito antiga, dactilografada, do documento, graças às constantes pesquisas que realiza para o blogue Macau Antigo. Trata-se, no relato que fez ao HM, de “um diário inédito”, sendo que, até à data, “se desconhece o paradeiro do documento original”.

“Depois de múltiplas verificações posso garantir que se trata de um relato verídico”, conta João Botas, que chegou ao contacto com descendentes de Sarah e do marido que não querem dar o nome. O jornalista espera vir a poder publicar este diário que se revela muito semelhante a tantos outros escritos deixados por estrangeiros, incluindo esposas de comerciantes franceses, ingleses ou americanos que passaram por Macau, graças ao comércio que se praticava na altura com a China.

João Botas diz mesmo que o diário de Sarah se revela semelhante aos escritos já divulgados e estudados de Rebecca Kinsman e Harriet Low, datados das primeiras décadas do século XIX, “mas com informação mais rica a vários níveis”.

Segundo o autor do blogue, este diário “foi escrito com o objectivo de ocupar os tempos livres”, pois o marido de Sarah “passava muito tempo em Cantão”. “Esta não era a primeira vez que viajava até Macau, mas foi a primeira vez que decidiu escrever um diário. Ao todo a viagem, ida e volta, durou 317 dias! Quase um ano. Só em navegação passaram cerca de 200 dias, ida e volta.”

“A estadia em Macau é de cerca de um mês, período em que, além dos passeios diários, eram frequentes as visitas às residências de outros estrangeiros, para beber chá, conversar, ouvir alguém tocar piano ou para participar em jantares mais formais.”

Sarah gostava ainda de ler, referindo, nas páginas do diário, “inúmeros livros, obras históricas de referência sobre a Ásia, o Japão ou a Índia”.

Negócios florescentes

A época a que se remete o diário passa pelos anos em que a Companhia Britânica das Índias Orientais deixou de ter o exclusivo do comércio com a China e outras nações começaram a ter negócios no país, usando Macau como ponto de ligação. Era também a época dos cules, trabalhadores pouco qualificados da China que eram transportados quase como escravos para trabalhar na agricultura em diversos pontos do globo.

“A linguagem utilizada [no diário] é simples, mas o elevado número de pessoas mencionado obriga a muita pesquisa de contextualização, nomeadamente, sobre quem eram e o que faziam naquela época. É o que estou a fazer nesta altura, e está quase pronto”, relata João Botas, que diz estar em conversações com entidades públicas de Macau para a edição do livro.

Os escritos de Sarah permitem-nos “viajar até à Macau de meados do século XIX, com muitas descrições de espaços, ruas e edifícios, permitindo fazer o retrato da comunidade de estrangeiros ocidentais que viviam no território, que eram poucas dezenas” numa população que, à data, não tinha mais do que 35 mil pessoas, a maioria chineses, e com apenas 4.500 portugueses e macaenses.

“Como os estrangeiros ocidentais não podiam comprar propriedades no território, arrendavam casas aos portugueses e macaenses mais abastados. Esta era uma importante fonte de rendimentos numa altura em que já se fazia sentir algum declínio na actividade comercial fruto do surgimento de Hong Kong em 1842”, explica o jornalista.

Passear na rua

Sarah escreveu sobre os passeios que realizou em Macau, um deles bem perto da fortaleza do Bom Parto, no sopé da Colina da Penha. “Desde que aqui cheguei tenho-me divertido muito. Todos os dias, às cinco e meia, saímos para passear. (…). À tarde fomos todos para a baía do Bispo*, um lugar lindo, com praia para caminhar e muitas conchas. (…) No domingo fui com eles à igreja. Confundimos a hora e só chegamos lá mais de meia hora depois do início do culto. O regresso da igreja para casa foi encantador já passava um pouco das seis da tarde. Esta cidade de Macau é um local encantador, repleto de cenários pitorescos. (…)”, lê-se, segundo tradução feita pelo próprio João Botas de um excerto do diário.
Sarah descreve ainda um outro passeio, feito numa segunda-feira, quando jantaram e tomaram chá “na casa da Sra. Nye”.

“(…) Levei a minha cadeira até à Praia porque as ruas são estreitas demais para uma carruagem. Fizemos um passeio bastante longo e agradável, conhecemos vários grupos que andavam a cavalo e duas ou três outras carruagens. (…)”, escreveu ainda a americana.

Não falta ainda um relato da Casa Garden, onde hoje funciona a sede da Fundação Oriente (FO), e a Gruta de Camões. “À tarde visitamos a Casa Garden. É de facto um local encantador – abundância de belas árvores que sombreiam os belos passeios sinuosos e é constante o encontro com imensas rochas, por vezes isoladas, outras vezes empilhadas umas sobre as outras. A gruta de Camões, poeta português, é um local de grande atracção. É um sítio curioso, composto por três rochas imensas – duas em pé, a vários metros de distância uma da outra, a terceira repousando imediatamente sobre a abertura, formando uma divisão fresca e protegida, aberta em cada extremidade. (…)” À data, a Casa Garden pertencia ao comendador Lourenço Marques que a arrendava aos comerciantes estrangeiros.

A americana descreve ainda no diário o ambiente de Cantão, cidade do sul da China. “Chegamos a Cantão por volta das cinco da manhã. (…) Depressa desembarcamos e fomos até à residência dos Parker. (…) Passamos três dias e três noites muito agradáveis na casa do médico. Saí para fazer compras em Cantão, mas apenas uma vez e fui com a Sra. Parker. Estas compras perderam para mim muito da novidade. Este ano foi muito desagradável por causa das multidões nas ruas que se preparavam para duas das suas festas religiosas – o ‘Festival das Lanternas’ e uma outra, de que não me lembro o nome, embora a tenha testemunhado no ano passado, quando estive em Cantão. (…)”

Segundo João Botas, a referência feita a Parker remete para Peter Parker, nascido em 1804 e falecido em 1888, médico e missionário dos EUA. Este chegou à China em 1834 onde deu a conhecer pela primeira vez as técnicas da medicina ocidental, incluindo a anestesia. Em 1838 criou um hospital ligado à oftamologia em Macau, onde viveu durante algum tempo.

Por sua vez, Harriet Colby Webster Parker era esposa de Peter Parker, tendo sido a primeira mulher ocidental a viver na China.

4 Jan 2024

Diáspora portuguesa | Macau presente em núcleo regional de Conselho

Macau está representado no recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa através de António Menano, secretário-geral da MGM China, e do CEO do BNU, Carlos Cid Álvares. Este espera efeitos ao nível do crescimento económico português e aumento de exportações e importações

 

São 13 os conselheiros ligados ao recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa, uma entidade fundada em 2012 com o objectivo de potenciar negócios e a presença portuguesa em todo o mundo. Macau está representado neste grupo de conselheiros com António Menano, secretário-geral da MGM China Holdings, e Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Ao HM, o responsável adiantou apenas ter “todo o interesse” que “Portugal veja o seu nome enaltecido no estrangeiro e que o trabalho dos elementos do Núcleo tenha efeitos práticos ao nível do crescimento económico, aumento das exportações e importações”.

Carlos Cid Álvares acrescentou também que Macau desempenha um papel importante para se desenvolver enquanto “plataforma de negócios entre os países de língua portuguesa e a China”. “Tudo o que podermos fazer para aumentar esse papel [de Macau] será francamente positivo para as empresas portuguesas e dos países de língua portuguesa que queiram aumentar o volume de negócios na China”, frisou.

Segundo um comunicado do Conselho da Diáspora Portuguesa, um dos principais objectivos da criação do Núcleo Regional é “fortalecer as conexões entre os actores económicos da região”, bem como “estabelecer uma extensa rede de parceiros dentro da comunidade portuguesa em toda a Ásia e Oceânia”. Pretende-se ainda “estimular uma compreensão mais profunda da região para promover os interesses de Portugal de modo eficaz”.

Eventos e documentos

Constituído em 2012, o Conselho da Diáspora Portuguesa foi criado com o apoio da Presidência da República portuguesa e do Ministério dos Negócios Estrangeiros. João Graça Gomes, coordenador do Núcleo Regional, considera que o objectivo da criação de três núcleos regionais foi o de “descentralizar” e agilizar o trabalho que vinha sendo feito na organização de eventos e outras actividades promocionais de Portugal.

“A Ásia é uma região muito dinâmica, temos grandes economias como a China, Índia ou Japão, e o Núcleo Regional pretende reflectir sobre o que está a ser feito na Ásia e pode ser aplicado em Portugal. Estamos a planear a realização de vários seminários online para este ano e a produzir uma espécie de ‘documento branco’ sobre [o panorama de desenvolvimento] da região nos próximos cinco ou dez anos, identificando as grandes áreas económicas nos países. A China, por exemplo, destaca-se nas energias renováveis, e em Portugal o país é um dos maiores investidores no sector energético.”

Relativamente à ligação com Macau, João Graça Gomes entende ser “o centro” na Ásia dada a histórica presença portuguesa de quase 500 anos. “A comunidade portuguesa em Macau é numerosa. Portugal tem muitas parcerias com universidades locais e persiste o Direito de Macau de inspiração portuguesa. Queremos envolver-nos na área da investigação científica, podendo construir pontes entre universidades de Macau e com zonas onde haja diáspora portuguesa.”

Em termos de actividades, os conselheiros de Macau podem potenciar “reflexões mais teóricas ou actividades mais práticas na área da investigação científica e parcerias com universidades”.

Essencialmente, o Conselho pretende “atrair novos investimentos para Portugal contribuindo para o que já existe”. “Temos uma visão de abertura e colaboração [com outras entidades]. Estamos dispostos a criar um polo agregador com as comunidades portuguesas, órgãos governamentais, a rede consular e até a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], fazendo uma ponte sem nos substituirmos a ninguém”, rematou.

João Graça Gomes afirmou ainda que o Conselho pretende “auxiliar Portugal a aumentar a sua imagem no estrangeiro e a alargar o softpower”.

4 Jan 2024

Jogo | Número de promotoras cai para metade

De acordo com a lista publicada pela DICJ, existem 18 promotores de jogo a operar em Macau, o que significa uma quebra de 50 por cento, em comparação com o início de 2023

O número total de empresas promotoras do jogo licenciadas no território caiu para metade ao longo do último ano. A revelação foi feita pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que publicou o número de junkets licenciados no início do ano.

Em Janeiro do ano passado, quando o território ainda estava a ser afectado pela política de zero casos de covid-19, estavam registadas junto do regulador 36 empresas de promoção de jogo. Contudo, um ano depois, o número caiu para 18 registos. A informação do portal da DICJ não indica os motivos que levaram a que o número de promotores do jogo caísse para metade, num ano em que as receitas do jogo mostraram uma tendência de recuperação.

No ano passado, as receitas brutas do jogo atingiram 183,1 mil milhões de patacas, números que contrastam com os 42,2 mil milhões de patacas declarados como receitas do sector em 2022, no que representou um aumento de 333,8 por cento.

As empresas promotoras de jogo actuam junto dos grandes apostadores, e tentam atrai-los para os diferentes casinos, a troco de uma comissão. Durante muitos anos, foram utilizadas para cobrar dívidas no Interior e movimentar dinheiro do Interior para apostar nos casinos locais.

No entanto, desde 2021 que o sector vive tempos difíceis. Além das campanhas no Interior e em Macau contra os agentes das promotoras, como aconteceu com os casos mediáticos contra os grupos Suncity e Tak Chun, houve igualmente uma alteração às leis do sector, que além de estabelecerem limites para o número de empresas de promoção proíbem ainda a partilha das receitas dos casinos.

Abaixo do limite

Os números revelados pela DICJ mostram também que a quantidade de promotores de jogo registada está abaixo dos autorizados pelo secretário para a Economia e Finanças. Desde 2022 que a lei da actividade de exploração de jogos de fortuna ou azar em casino atribuiu poderes ao Executivo para definir o número de junkets autorizado a operar.

Para este ano, Lei Wai Nong tinha definido um limite máximo de 50 promotores. O número actual apenas preenche 36 por cento das inscrições disponíveis. Entre as vagas para as 50 quotas para promotores, 12 foram atribuídas à concessionária Venetian Macau, e o mesmo aconteceu com a SJM Resorts. As concessionarias MGM Grand Paradise e Mel Resorts têm cada uma oito vagas e a Galaxy Casino e Wynn Resorts cinco vagas, cada.

4 Jan 2024

Novo Bairro | Macau Renovação Urbana defende criação de oligopólio

A empresa com capitais públicas considera que seguiu os procedimentos normais e os “princípios de justiça” ao autorizar que apenas cinco agências imobiliárias possam participar na venda de apartamentos construídos com dinheiro da RAEM

 

A Macau Renovação Urbana considera ter actuado de acordo com os “procedimentos normais”, na criação de um oligopólio em que apenas cinco agências imobiliárias estão autorizadas a vender os apartamentos no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha. As declarações foram prestadas por Chan Ion Kei, responsável do projecto da Macau Renovação Urbana, na terça-feira, quando foram entregues as primeiras fracções a residentes.

A questão tem sido alvo de controvérsia em Macau, por dois motivos: várias agências imobiliárias no território sentem-se discriminadas por parte do Governo da RAEM, e também porque as vendas através dos agentes imobiliários, que cobram uma comissão, são concluídas mais rapidamente do que as realizadas directamente junto da Macau Renovação Urbana.

Questionado sobre estes dois aspectos, segundo o relato do jornal All Aout Macau, Chan Ion Kei afirmou que a escolha das cinco agências para a vendas dos apartamentos foi feita “com base nos princípios de justiça” e de acordo “com os procedimentos normais”.

No entanto, Chan não indicou quais os procedimentos adoptados nem sem existe a possibilidade de no futuro haver uma liberalização do mercado de venda dos apartamentos dos agentes.

Liberdade no mercado

Apesar da criação do imobiliário, Chan Ion Kei não se coibiu de defender que existe liberdade no mercado, uma vez que os residentes podem sempre escolher não comprar as fracções.

Por outro lado, o responsável pelo projecto reconheceu que a venda feita através das agências imobiliárias é mais rápida do que as realizadas directamente pela companhia. Segundo as explicações de Chan, as agências imobiliárias têm mais pessoal para verificar os documentos entregues pelos potenciais compradores, assim como custos mais baixos com o pessoal.

Chan reconheceu ainda que no caso da empresa Macau Renovação Urbana receber directamente muitos pedidos pode não ter condições de satisfazê-los.

De acordo com os dados divulgado na terça-feira, desde 28 de Novembro, dia em que os apartamentos no Novo Bairro de Macau em Hengqin começaram a ser vendidos, apresentaram-se mais de 1.000 candidatos para adquirirem fracções.

No mesmo sentido, foi indicado que não houve ainda qualquer residente a perder o sinal pago com a promessa de compra e venda das fracções, devido a desistência do negócio.

4 Jan 2024

DSAMA | Incentivada promoção de negócios de cruzeiros

Dirigentes da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e da Água sugeriram ontem no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau que empresas e concessionárias de jogo devem desenvolver mais negócios relacionados com passeios temáticos em cruzeiros para o desenvolvimento das zonas costeiras do território

 

Kuok Kin, subdirector da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), disse ontem no Fórum Macau, programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, que existe um incentivo para que empresas e concessionárias de jogo desenvolvam mais passeios temáticos com cruzeiros em torno das zonas costeiras de Macau, no contexto da consulta pública sobre a gestão das áreas marítimas em curso.

A informação foi avançada depois de um ouvinte sugerir a realização de mais passeios de cruzeiro no programa que debatia os conteúdos sobre as propostas do Governo relativas ao Zoneamento Marítimo Funcional, o Plano das Áreas Marítimas e a Lei de Uso das Áreas Marítimas.

“Estimulamos a que haja uma maior cooperação com empresas ligadas à área da navegação, bem como empresas de jogo. Os passeios de cruzeiro em Macau podem ter características próprias, e temos, por exemplo, a zona histórica do Porto Interior com a ligação à pesca como actividade tradicional. Temos também zonas de turismo e lazer modernas na parte traseira do Canal de Macau”, disse. Esta zona, situada entre os canais da Taipa e do Porto Exterior, é também conhecida como o canal de acesso ao Porto Interior, estando perto de vários resorts.

Saber aproveitar

Kuok Kin apontou ainda que as paisagens situadas entre a Zona de Cooperação Aprofundada e Macau podem ser aproveitadas, com as empresas a terem “várias oportunidades” de exploração dos negócios ligados aos cruzeiros. Estas podem “apostar na diversificação dos sectores da restauração e entretenimento” através dos cruzeiros, apontou o dirigente da DSAMA.

Uma vez que a presença de cruzeiros ou a realização de regatas acontecem a curto prazo, não envolvendo uma utilização permanente das zonas marítimas, Kuok Kin assegura que há uma maior facilidade de utilização desses locais pois não é necessário pedir uma licença.

“O Zoneamento Marítimo Funcional e o Plano das Áreas Marítimas [são propostas] que pensam nestas questões, delimitando as zonas para fins turísticos, culturais e desportivos para projectos de turismo e lazer”, explicou ainda.

Recorde-se que a consulta pública em curso diz respeito à gestão dos 85 quilómetros de área marítima atribuídos pelo Governo Central a Macau. Kuok Kin aponta que as propostas do Executivo neste âmbito visam o bem-estar da população e o futuro desenvolvimento do território. A consulta pública termina dia 16 de Fevereiro.

Ilha ecológica só em 2040

Kuok Kin, subdirector da DSAMA, adiantou também, no contexto da sua ida ao programa radiofónico Fórum Macau, que a ilha ecológica pensada para servir de aterro a resíduos de construção urbana só deverá ser uma realidade em 2040. Segundo a TDM Rádio Macau, o dirigente frisou que o objectivo da ilha artificial é solucionar o problema do actual aterro em Coloane que praticamente já não tem capacidade para acolher mais resíduos.

4 Jan 2024

Airbus envia especialistas a Tóquio para investigação sobre colisão de aviões

A Airbus anunciou o envio de uma equipa de especialistas para participar nas investigações sobre a colisão de um A350 da companhia Japan Airlines hoje, no aeroporto de Tóquio, com uma aeronave da Guarda Costeira, vitimando cinco ocupantes.

Num comunicado, o construtor aeronáutico europeu explicou que esses especialistas ajudarão as autoridades encarregadas da investigação sobre o acidente, a Comissão de Segurança nos Transportes do Japão (JTSB) e o Gabinete de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil de França (BEA).

Um Airbus de Japan Airlines com 379 ocupantes procedente de Sapporo, no norte do Japão, embateu, ao aterrar no aeroporto de Tóquio Haneda, com um avião da Guarda Costeira japonesa, um DHC-8, de cujos seis ocupantes apenas sobreviveu o piloto, ferido com gravidade.

Todos os passageiros e tripulantes do Airbus foram retirados em segurança da aeronave em chamas numa das pistas do aeroporto. O fabricante europeu indicou que, por enquanto, não são conhecidas as circunstâncias exatas do que aconteceu. A Airbus tinha entregado ao Japão esse A350, registado com o número JA13XJ, a 10 de novembro de 2021, ao sair da linha de montagem. Os seus motores são reatores do tipo Trent XWV da Rolls-Royce.

3 Jan 2024

CEM | EDP vende participação a China Three Gorges

A Energias de Portugal vai vender a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau, e desfazer-se das suas acções na subsidiária Energia Ásia Consultoria por 889 milhões de patacas

 

A Energias de Portugal (EDP) vendeu a sua participação na Companhia de Electricidade de Macau (CEM) à empresa estatal China Three Gorges, por 100 milhões de euros (889 milhões de patacas). A informação foi divulgada sexta-feira, através de um comunicado da empresa com sede em Portugal, que tem como maior accionista a própria China Three Gorges.

A participação de 21,2 por cento da EDP na CEM era detida através da Energia Ásia Consultoria, uma subsidiária da eléctrica portuguesa que tem como único activo a participação na empresa de Macau.

“A Energia Ásia é uma subsidiária detida a 50 por cento pela EDP […] cujo único activo é a participação de 21,2 por cento na Companhia de Electricidade de Macau – CEM, S.A., que atua como concessionária exclusiva nas actividades de transmissão, distribuição e comercialização de electricidade em Macau desde 1985”, foi esclarecido, através do comunicado enviado pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O negócio por parte da EDP foi justificado com a “realocação do capital” para as suas actividades principais: “Esta transação está totalmente alinhada com o Plano de Negócio 2023-2026 da EDP, permitindo a realocação do seu capital nas suas atividades principais”, foi indicado. “A transação está sujeita ao cumprimento de condições precedentes regulamentares e outras condições usuais para uma transação desta natureza”, foi acrescentado.

História que se repete

A venda pela EDP ao seu principal accionista segue a linha de um outro negócio, concluído em Dezembro de 2014, também com a China Three Gorges que se tinha tornado a maior accionista da empresa portuguesa. Na altura, a EDP detinha 100 por cento da Energia Ásia, então denominada EDP Ásia, que por sua vez tem a participação de 21,2 por cento na CEM.

Em 2014, o comprador foi igualmente a China Three Gorges, indirectamente, através da empresa ACE Asia. O preço acordado foi cifrado em 94 milhões de euros, semelhante aos valores que agora foram praticados. Os dois negócios significam que a China Three Gorges passa a deter totalmente a participação de 21,1 por cento na CEM.

Apesar das mudanças na estrutura accionista, a eléctrica local continua a ter como maior accionista outra empresa estatal chinesa, a Nam Kwong, com uma participação de 42 por cento. Segue-se a China Three Gorges, através da Energia Ásia Consultoria, Polytech Industrial Limites (10,9 por cento), Asiainvest – Investimentos e Participações (10,1 por cento), a RAEM (7,8 por cento), a China Power International Holding (6 por cento) IAM (0,4 por cento), Caixa Económica Posta de Macau (0,02 por cento) e outros investidores (1,4 por cento).

3 Jan 2024

Jogo | Receitas de Dezembro com segundo valor mais alto de 2023

As receitas do jogo chegaram aos 18,6 mil milhões de patacas em Dezembro, o que contribuiu para que em 2023 o número se tenha fixado nas 183,1 mil milhões de patacas

 

As receitas do jogo atingiram em Dezembro 18,6 mil milhões de patacas, o segundo valor mais elevado desde o início da pandemia, segundo os dados divulgados na segunda-feira.

De acordo com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos arrecadaram cinco vezes mais do que em igual mês de 2022. O recorde pós–pandemia, 19,5 mil milhões de patacas, foi fixado em Outubro, graças à chamada Semana Dourada do 1.º de Outubro, quando se assinala o aniversário da implementação da República Popular da China.

Apesar da recuperação em termos anuais, as receitas da indústria do jogo em Dezembro representaram apenas 81,3 por cento do montante contabilizado em igual período de 2019 (22,8 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia.

O ano de 2023 fechou com receitas totais de 183,1 mil milhões de patacas nos casinos, quatro vezes mais do que no ano anterior. Este valor ultrapassou o previsto no orçamento de Macau para 2023, que era de 130 mil milhões de patacas.

Além disso, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada em 2023 representa apenas 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019.

Falta de infra-estruturas

Confrontado com os resultados, o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee, considerou que os números estão a ser afectados pela falta de infra-estruturas. “Estamos a ver hoje exactamente a mesma coisa que em 2013 e em 2019: ocupação hoteleira muito elevada, seguida de custos de alojamento muito elevados e, mais importante, falta de transporte público ou privado para os turistas se movimentarem em Macau”, afirmou Lee, em declarações à Agência Lusa.

Apesar disso, o analista não deixou de reconhecer que o número está acima do esperado: “É provavelmente mais do que as pessoas estariam à espera no início do ano”, admitiu. Ben Lee indicou também que “a maioria da recuperação” foi gerada pelo mercado de massas, composto por pequenos apostadores, que não recorrem a crédito das operadoras de casinos.

Lee destacou também que o segmento de massas “está muito perto dos valores de 2019”. Em relação ao novo ano, o analista afasta o cenário de regressarem os montantes de 2019, porque tal “não seria aceitável politicamente” para o Governo Central, de onde provém a esmagadora maioria dos apostadores.

“Há uma estratégia deliberada para limitar, tanto a exposição [dos turistas chineses] ao jogo em casino no exterior como, potencialmente, os fluxos de capitais para fora da China”, disse o analista. Ainda assim, Lee reconheceu que o mercado de massas “pode crescer mais 10 ou 15 por cento em termos anuais”.

3 Jan 2024

Palestina | Imã diz que medo de retaliação é limitação a protesto

Ding Shaojie aponta que os fiéis não-residentes, principalmente da Indonésia, temem retaliações, como a expulsão do território, se fizerem manifestações de apoio à Palestina

 

O imã da única mesquita de Macau disse à Lusa estranhar a inacção da população local em relação à guerra na Palestina, sublinhando que o medo de retaliação pode estar a limitar acções de protesto da comunidade muçulmana.

No escritório de Ding Shaojie, duas bandeiras de mesa estão pousadas sobre uma montra de vidro: a bandeira chinesa e a palestiniana. A guerra entre Israel e Palestina, agravada desde que o grupo islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou o ataque de 7 de Outubro, é seguida diariamente pelo imã da única mesquita de Macau.

As duas bandeiras, unidas pelo mesmo mastro, reflectem a visão chinesa sobre este histórico conflito no Médio Oriente. Apesar de ter relações estáveis com Israel, Pequim apoia a causa da Palestina, considerando-a um Estado soberano e defendendo a solução de “dois Estados”.

Na sequência do ataque do Hamas, que matou 1.200 pessoas em Israel e fez 240 reféns, a resposta de Telavive causou a morte pelo menos a mais de 21 mil palestinianos e deslocou quase todos os 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.

“Como muçulmanos, temos de estar com o povo palestiniano. Por isso, todos os dias acompanhamos as notícias e é doloroso para nós, tantas crianças mortas”, começa por dizer Ding Shaojie em entrevista à Lusa.

Ding é também Mohammed Ramadan. É originário de Hohhot, capital da região autónoma chinesa da Mongólia Interior, onde cresceu no seio de uma família Hui, um dos maiores grupos étnicos da China, predominantemente muçulmano.

Referindo-se “a esta matança” que está a “pôr o mundo em ebulição”, Ding questiona por que razão permanece Macau em silêncio. “Pergunto, porquê?”, interroga o líder religioso, notando que, até ao momento, não foi questionado por ninguém sobre o que se passa em Gaza. “É estranho, a população não tomou nenhuma atitude, incluindo a comunidade muçulmana”, constata.

Sem dados

Em Macau, não há dados oficiais sobre o número de muçulmanos, mas o imã estima que, antes da pandemia da covid-19, este se situasse entre os cinco e os dez mil fiéis. Com a crise do coronavírus, Macau perdeu milhares de estrangeiros com estatuto de trabalhador migrante, incluindo da Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo.

A vulnerabilidade deste estatuto laboral, que implica menos direitos em relação aos residentes, pode estar a condicionar possíveis movimentações de protesto por parte dos praticantes islâmicos locais, defende o líder espiritual.

“[Fiéis indonésios] têm medo que talvez ao se manifestarem sejam expulsos e enviados de regresso ao país. Existe essa preocupação. No primeiro dia que aqui cheguei, fui aconselhado a não fazer nada relacionado com manifestações. Somos avisados que Macau é uma cidade pacífica, daí ser melhor não fazer nada”, conta.

A última manifestação pública local ocorreu antes de Macau fechar portas ao mundo devido à covid-19, em 2020. Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou saúde públicas. As restrições levantaram-se, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.

Apesar do silêncio à volta da Faixa de Gaza, Ding admite haver espaço de discussão na mesquita: “Não há como evitar, não podemos ficar calados. Todos os líderes muçulmanos, os imãs das mesquitas do mundo, falam disso, invocam Alá para que proteja as pessoas na Palestina. Por isso, nós também falamos. A matança deve ser interrompida”, reforça.

Há mais que se pode fazer, conclui. Seja via doações a Gaza ou através da própria comunidade muçulmana, a quem Ding sugeriu, desde o primeiro dia, “escreverem aos seus países e consulados para apoiarem a Palestina”.

Construção de nova mesquita pode arrancar este ano

O imã Ding Shaojie avançou que ao longo deste ano poderá começar a ser erguida a nova mesquita em Macau, cidade onde considera haver ainda muito desconhecimento sobre o Islão. As declarações foram prestadas à Agência Lusa. “A nova mesquita vai provavelmente ser construída muito brevemente. (…) Esperamos ter muito em breve a aprovação do Governo para iniciar a construção”, afirmou Ding Shaojie, salientando que as obras poderão arrancar este ano.

A futura mesquita, a erguer no mesmo local, onde também existe um cemitério islâmico, vai ter uma área de 1.250 metros quadrados e uma capacidade para 600 fiéis, segundo avançaram já as autoridades locais.

Ding destaca a dimensão reduzida do espaço actual, que não consegue dar resposta às necessidades. Menciona, além disso, “a extrema pobreza” da estrutura, “comparando com outras associações e igrejas” do território.

Numa tenda gigante e improvisada, onde mulheres costumam ler o Alcorão aos domingos, as orações fazem-se no Verão sob intenso calor. A tenda, com luzes penduradas em estruturas metálicas, armazena vários objectos: mesas, baldes, caixotes, chinelos, mais uma bicicleta para ali atirada.

“Temos dois grandes feriados, a primeira celebração é o Eid. Depois do jejum [do Ramadão], reunimo-nos aqui para rezar. Todos os anos chove, mas o que é que podemos fazer? Temos de rezar no exterior, porque há sempre muita gente, então temos duas sessões, uma sessão com à volta de 1.500 pessoas”, conta.

Saber receber

Em Macau, avalia Ding, sabe-se ainda muito pouco sobre a comunidade muçulmana local: “Talvez as pessoas reconheçam pela aparência quando olham para uma mulher indonésia de ‘hijab’, sabem de onde vem, que não come carne de porco, mas mais do que isso…”.

Foi para fazer face a esse desconhecimento que o Governo, juntamente com a associação islâmica, começou a organizar seminários para operadores turísticos. A ideia das autoridades passa por diversificar a origem dos visitantes, que chegam sobretudo da China, e receber, por exemplo, mais pessoas do Médio Oriente.

“Quem trabalha na área tem de saber receber turistas muçulmanos, na preparação do quarto de hotel, por exemplo. Alguns visitantes não gostam de ter vinho no quarto, em respeito aos ensinamentos do Islão”, explica.

“Os ‘workshops’ têm sido bem recebidos. As pessoas estão muito interessadas, porque não conhecem a cultura árabe, a história árabe. Só conhecem o Islão, grosso modo. Mas qual é a história do Islão?”, reflecte. Apesar disso, o líder religioso considera Macau uma sociedade inclusiva” no que respeita à convivência de diferentes religiões. “Eu próprio vou comer ao templo budista”, nota.

3 Jan 2024

Ano Novo | Ho Iat Seng promete manter “estabilidade social”

A manutenção da segurança nacional é o principal objectivo para o próximo ano, e o Governo promete fazer tudo para manter a “estabilidade social” no território. Ho Iat Seng prometeu ainda um “futuro brilhante”

 

A defesa da segurança nacional e a manutenção da estabilidade social são os dois grandes objectivos para este ano, de acordo com a mensagem do Chefe do Executivo para 2024, partilhada no domingo.

“Iremos defender com firmeza a segurança nacional e a estabilidade social mantendo sempre a nossa atenção e identificaremos proactivamente as insuficiências, bem como devemos reforçar a elaboração de estratégias para a consolidação da barreira em prol da segurança nacional”, afirmou Ho, de acordo com a mensagem partilhada pelo Gabinete de Comunicação Social.

O caminho para este ano foi traçado, depois do Chefe do Executivo se ter comprometido com os “importantes discursos e as instruções do Presidente Xi Jinping”, os “planos estratégicos consagrados no relatório do 20.º Congresso Nacional”, e os tradicionais princípios “um país, dois sistemas” e “Macau governada pelas suas gentes”, este último completado com a inovação mais recente, “Macau governada por patriotas”.

Além disso, Ho Iat Seng promete ainda “consolidar a tendência positiva da recuperação económica” e “implementar proactiva e eficazmente o Plano 1+4 e promover novos avanços no desenvolvimento da diversificação adequada da economia”.

Ao mesmo tempo, o Chefe do Executivo destacou que no que diz respeito ao desenvolvimento da Ilha da Montanha, promete unir “os esforços de todas as partes de forma a concretizar aceleradamente as metas da primeira fase do Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada”. A promessa foi deixada numa altura em que vários residentes ainda precisam de vistos do Governo Central para se poderem deslocar a uma região que é gerida conjuntamente entre Macau e as autoridades de Cantão.

Celebrar o sucesso

Ho realçou também a necessidade de assinalar com sucesso o “75.º aniversário da implantação da República Popular da China e o 25.º aniversário do retorno de Macau à pátria”, para dar “novos e maiores contributos para a construção de um país forte e a revitalização da nação chinesa, mediante a modernização com características chinesas”.

Sobre o ano que terminou, aquele em que chegaram ao fim as restrições de circulação justificadas com a pandemia, o líder da RAEM deixou um balanço positivo.

“O ano de 2023 foi um ano inesquecível, mas também produtivo. Conjugámos esforços para acelerar a recuperação económica, esforçámo-nos para promover novos progressos em todas as vertentes e trabalhámos juntos para a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”, indicou Ho. “Ao longo do último ano, tivemos um desempenho consciente e proactivo das nossas funções, agarrámos as oportunidades depois da pandemia para conseguirmos uma rápida recuperação económica e mantermos uma conjuntura social estável e harmoniosa”, completou.

3 Jan 2024

Grande Prémio | F4 tem os ingredientes para constar no menu

Uma semana após ter revelado um calendário provisório com o Grande Prémio de Macau como uma das provas da temporada 2024, o organizador do Campeonato da China de Fórmula 4, que no próximo ano terá um monolugar da última geração, publicou uma nova versão do calendário já sem o evento do Circuito da Guia. Todavia, esta alteração não significa que os monolugares de Fórmula 4 deixarão de ser vistos no mundialmente famoso circuito citadino de Macau

Esta alteração no calendário do Campeonato da China de Fórmula 4 não foi explicada, mas não é uma situação inédita, pois este ano o Grande Prémio permaneceu no calendário da competição promovida até meados de Outubro. Recorde-se que o Campeonato da China de Fórmula 4 visitou a RAEM de 2020 a 2022, quando a pandemia impediu a realização da prova de Fórmula 3. Contudo, este ano, a Corrida de Fórmula 4 de Macau foi realizada com os monolugares da última geração do revitalizado Campeonato do Sudeste Asiático de Fórmula 4 e não com os carros da competição nacional chinesa.

Com o retorno do Grande Prémio ao seu formato habitual de um fim de semana num cenário pós-pandemia, o regresso da Fórmula 4 ao Circuito da Guia em 2024 é uma incógnita, embora haja um certo consenso sobre a relevância desta corrida no evento do Circuito da Guia.

“Acho que a Corrida de Fórmula 4 proporcionou um bom espetáculo este ano na 70.ª edição do evento. É sempre bom termos mais categorias oficiais da FIA, como é este o caso, em que vemos jovens que aproveitaram a oportunidade para dar o salto do karting para as corridas de monolugares”, explicou Rodolfo Ávila, o chefe de equipa da local Asia Racing Team, ao HM, equipa que no mês de Novembro passado colocou em pista dois jovens estreantes do território, Tiago Rodrigues e Markus Cheong.

Charles Leong Hon Chio, piloto que venceu o Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 em 2020 e 2021, partilha da mesma opinião de Ávila. “Vamos ver se eles quererão incluir uma outra corrida de fórmula no programa do Grande Prémio de Macau daqui em diante. Acho que o deveriam fazer porque beneficia os pilotos juniores. Seria bom dar mais oportunidades aos pilotos mais jovens e ajudá-los a aprender a pista única de Macau”, salientou o piloto que este ano terminou no pódio na corrida de Fórmula 4.

Bom para indústria local

Com a Fórmula 3 actual restrita às dez equipas que participam a tempo inteiro no Campeonato da FIA e com um nível de exigência elevadíssimo para os pilotos, a presença da Fórmula 4 no Grande Prémio poderá ser benéfica para a relativamente pequena indústria do automobilismo local.

“Só pelo facto de ser o Grande Prémio de Macau, esta corrida atrairá sempre os melhores do mundo na categoria, o que permitirá os jovens pilotos locais competirem com os próximos talentos mundiais do automobilismo”, refere Ávila, que acrescenta que “também para o lado das equipas locais e asiáticas, esta é um prova que a voltar a repetir-se ajudará bastante no crescimento das mesmas, pois ao medirmos forças com as equipas internacionais, que também têm os melhores engenheiros e mecânicos, aumentaremos a nossa competitividade.”

Um horário apertado e um paddock limitado não permitem hoje em dia que o programa do Grande Prémio tenha muito mais que seis corridas, no entanto, várias outras disciplinas de monolugares para jovens talentos fizeram parte do evento ao longo das sete décadas do evento.

“Penso que é possível a F4 regressar”, acredita Leong, relembrando que “quando houve uma corrida de Fórmula BMW ou de Fórmula Renault, utilizaram o paddock do parque de estacionamento subterrâneo e funcionou bem”. No mês passado, o piloto da Red Bull Academy, Arvid Lindblad, venceu a Corrida de Fórmula 4 de Macau, enquanto que Tiago Rodrigues, que se sagrou campeão chinês de F4 esta temporada, foi o sexto classificado, e Marcus Cheong foi o 12º.

29 Dez 2023

Concerto | Lia Sophia traz sons da Amazónia na passagem de ano

Pela primeira vez em Macau e na China, a cantora brasileira Lia Sophia traz ao território um “show especial” na noite de passagem de ano junto à Torre de Macau. Conhecida por cantar o carimbó, género musical típico da região da Amazónia, povoado por influências africanas, Lia Sophia promete apresentar um concerto que homenageia essa região brasileira em risco de deflorestação

Tudo começou por acaso, porque, na verdade, Lia Sophia queria ser psicóloga. Mas o facto de estar ligada à música desde cedo e a necessidade de ganhar dinheiro fê-la começar a tocar em bares, e daí até construir uma carreira musical foi um passo. A artista brasileira, conhecida por cantar géneros musicais brasileiros tão diversos, assume-se como a mensageira das sonoridades do Carimbó, um estilo nascido na floresta da Amazónia, zona em risco de extinção pela intensa desflorestação de que tem sido vítima nos últimos anos.

Desta forma, o concerto de Lia Sophia em Macau, agendado para a noite de passagem de ano entre as 22h e as 00h10, junto à Torre de Macau, na praça do Lago Sai Van, promete chamar a atenção para a musicalidade tão própria dos povos indígenas que habitam este lugar.

“Esta é a primeira vez que actuo em Macau e fico muito feliz. Estou muito empolgada por poder levar um pouco da música que fazemos na Amazónia, com todas as referências afro, sobretudo neste momento em que se fala tanto da Amazónia e da preservação da floresta, e também dos povos indígenas que vivem neste lugar”, contou ao HM.

Lia Sophia diz ter preparado um “show especial” para Macau. “Vai ser um momento muito especial e levo comigo uma história, referências importantíssimas destes povos na música. Levo referências ao nível da repercussão, tendo escolhido músicas do meu repertório para que o povo de Macau entenda de onde eu venho.”

A cantora brasileira, que ficou surpreendida ao saber que no território persiste uma pequena comunidade brasileira, disse ainda que “Macau vai ser um momento especial” na sua carreira.

“Fico feliz em saber que existe essa semelhança, pois parte da população fala português. Vai ser bom demais encontrar compatriotas.”

Mescla de ritmos

Lia Sophia lançou o primeiro disco em 2005, “Livre”, seguindo-se “Castelo de Luz”, em 2009 e, mais recentemente, “Não Me Provoca”, com participações especiais de Ney Matogrosso, Paulinho Moska e Sebastião Tapajós. O single “Ai Menina”, de um outro álbum, fez parte da banda sonora da telenovela da Rede Globo “Amor, Eterno Amor”, catapultando a artista ainda mais para a fama.

“Nunca foi um projecto ou influência embarcar na música como profissão”, confessa. O violão começou a ser tocado aos nove anos de idade, mas depois foi tudo fruto do acaso. “Sou formada em psicologia na Universidade Federal do Pará, mas precisei de trabalhar, pois venho de uma família humilde e pobre, e comecei a tocar em bares, algo comum no Brasil. De repente, em 2005, lancei o meu primeiro álbum, que foi um sucesso. A minha vida seguiu esse rumo e sou muito feliz.”

A cantora descreve o Carimbó como “um ritmo tradicional com raiz no Belém do Pará, onde me situo”, e que mistura música africana com indígena. “Na dança desta música os pés arrastam-se como nas coreografias indígenas, usa-se um tambor enorme onde se senta em cima para tocar, batem-se palmas, mistura-se a dança, estilos de roupa e de vida. É uma cultura muito presente na Amazónia profunda”, descreveu.

O carimbó é ainda “uma dança em que as mulheres usam saias festivas, e quando se toca é irresistível em qualquer lugar”. “Estou levando um pouco do carimbó para Macau, tal como outros ritmos, como o brega, muito típico da região norte [do Brasil], ou a guitarrada. É importante que o povo de Macau conheça um pouco sobre estes géneros musicais e que eu possa projectar imagens da Amazónia, da sua exuberância e riquezas natural e humana.”

Lia Sophia diz esperar que, com este concerto, internacionalize mais a sua carreira, que já contou com espectáculos em Londres ou Nova Iorque. “É fantástico ter a chance de poder levar a nossa cultura para um lugar tão diferente de onde você vive”, rematou.

29 Dez 2023

Edifício Hoi Pan Garden | Polícia intervém em assembleia de condóminos

A legitimidade para constituir uma nova administração no Edifício Hoi Pan Garden levou a conflitos físicos e verbais entre os moradores. A polícia foi chamada ao local para manter a ordem

A reunião de quarta-feira à noite do condomínio do Edifício Hoi Pan Garden, na Areia Preta, obrigou à intervenção do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Em causa, esteve uma disputa entre diferentes grupos de moradores sobre a legitimidade para eleger e formar a “administração” do edifício.

O encontro começou por volta das 19h de quarta-feira, na zona recreativa do Edifício Hoi Pan Garden, hora para a qual estava marcada uma assembleia geral do condomínio, organizada por um grupo que defendia representar a administração do edifício.

Contudo, de acordo com o canal televisivo Lotus TV, apareceram igualmente na reunião outras pessoas que interromperam o desenrolar dos trabalhos, e que questionaram a legitimidade do outro grupo para se intitular como nova administração e conduzir os trabalhos.

O ambiente aqueceu quando os organizadores da reunião começaram a pedir os bilhetes de identidade às outras pessoas que chegaram depois e que questionavam a legitimidade da reunião. O objectivo passava por expulsar do local do encontro aqueles que não fossem os proprietários registados das fracções.

O pedido dos BIR não foi bem recebido por muitos dos presentes, e além das agressões verbais, sugiram também confrontos físicos, que obrigaram a que o CPSP fosse chamado ao local e tivesse de intervir, para manter a ordem.

Segundo os dados sobre gestão predial do Instituto de Habitação, a última administração do Edifício Hoi Pan Garden tinha começado o mandato a 22 de Dezembro de 2020 e este tinha terminado a 21 de Dezembro deste ano.

Trabalho dificultado

No local, a equipa da Lotus TV assinalou que o organizador da reunião de condomínio tentou impedir que os acontecimentos fossem alvo de cobertura noticiosa. Só com a chegada do CPSP foi possível que os repórteres da estação fizessem o seu trabalho.

Horas mais tarde, por volta das 23h, o CPSP divulgou a informação sobre a intervenção, e apontou que apesar dos desacatos a assembleia geral do condomínio tinha terminado de forma pacífica.

Um dos presentes na reunião foi o presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, Wong Wai Man, que em declarações ao HM confirmou os acontecimentos e lamentou que a reunião tivesse sido interrompida.

“A reunião foi marcada com um mês de antecedência e corria de forma harmoniosa”, começou por descrever. “É impressionante como é que estas pessoas puderam interromper uma reunião que decorria no espaço próprio e com toda a legitimidade. Tentaram impedir a eleição de uma nova administração, e isso não é correcto, pois não?”, acrescentou.

29 Dez 2023

Jockey Club | Deputado questiona investimento em elementos não jogo

Quando, em 2018, o Governo anunciou a renovação do contrato por 24 anos com a Companhia de Corridas de Cavalos de Macau, a empresa comprometeu-se a realizar um investimento de 1,5 mil milhões de patacas até ao fim deste ano

 

O deputado Leong Sun Iok quer saber como é que a concessionária Companhia de Corridas de Cavalos de Macau está a cumprir a obrigação contratual de investir 1,5 mil milhões de patacas até ao final do presente ano no Macau Jockey Club. O assunto foi abordado ontem através de uma interpelação escrita, em que Leong diz estar seriamente “preocupado” com o investimento e a fiscalização do contrato.

No documento, o legislador ligado a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) recorda que até ao final deste ano havia a obrigação contratual de investir até 1,5 mil milhões de patacas em “instalações comunitárias” e em elementos não jogo, para diversificar o espaço.

No entanto, nesta fase, os investimentos não são conhecidos: “O secretário [para a economia e finanças] mencionou na Assembleia Legislativa que haveria uma supervisão rigorosa das operações do Jockey Club, de acordo com a lei e o contrato assinado. Mas, quais são os elementos não jogo que estão a ser desenvolvidos pela concessionária?”, questiona Leong. “Qual é o plano de desenvolvimento para aquele espaço? Como é que vão optimizar aquela área para criar elementos não jogo que possam servir a comunidade?”, acrescenta.

Além das perguntas, Leong Sun Iok mostra-se preocupado com a situação à volta das corridas de cavalos, que têm sido afectadas “por vários factores e condições desfavoráveis”. O deputado dá o exemplo da pandemia, que limitou as actividades do espaço, mas também das perdas acumuladas e as dificuldades em trazer cavalos para o território, que têm “afectado os eventos e actividades” no espaço.

Aposta no turismo?

Sobre os investimentos não jogo, Leong Sun Iok aponta que o Governo tem o objectivo de tornar Macau numa cidade de desporto. Nesse sentido, defende que o espaço do Jockey Club devia ser utilizado para promover eventos ligados ao “ciclismo, futebol” e outras modalidades.

“Se a pista de corridas for transformada de forma bem- sucedida numa atracção icónica, e dado que está numa zona com vários meios de transporte, vai fazer com que seja mais fácil atrair as pessoas e alcançar o objectivo de transformar Macau num centro de turismo desportivo”, argumenta.

O deputado pergunta também como é que com a construção da cidade de desporto, o Governo pode fazer com que o Jockey Club gere mais “benefícios económicos e socais” e se transforme “numa parte integrante e importante” do centro mundial de turismo em lazer em Macau. A Companhia de Corridas de Cavalos de Macau, visada pelas perguntas, é liderada por Ângela Leong, que também é deputada.

29 Dez 2023

Metro | Relatório aponta “omissões evidentes” na gestão do GIT

Foi ontem divulgado um relatório do Comissariado de Auditoria que aponta “omissões evidentes” na gestão do antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes. Em causa, estão as avarias num cabo eléctrico que levaram à paragem de cinco meses da linha da Taipa e que se deveram a falhas na verificação de padrões técnicos

 

O Comissariado de Auditoria (CA) entende que o antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT), extinto em Outubro de 2019, praticou “omissões evidentes de gestão” na aquisição do cabo eléctrico para a linha da Taipa do metro ligeiro. Esta foi feita “sem correspondente verificação” relativamente a padrões técnicos de funcionamento, o que levou a 18 avarias em menos de dois anos, a partir de 13 de Janeiro de 2020, e à suspensão do metro ligeiro por cinco meses, em 2021, para a substituição do cabo.

O relatório do CA aponta que “a causa directa da falha no cabo se deveu a um enrugamento na blindagem de fita de cobre, defeito este que vem de origem, levando à danificação da blindagem ao fim de um certo tempo, originando a ruptura da camada de isolamento e, consequentemente, falhas no cabo eléctrico”.

O CA entende ainda que as “especificações técnicas da camada de blindagem da fita de cobre foram pouco exigentes, fazendo com que esta camada não fosse capaz de resistir ou reduzir o problema dos danos causados pelo seu enrugamento que, consequentemente, levou à ruptura da camada de isolamento”.

Pouca fiscalização

O CA alerta também para falhas cometidas pelo antigo GIT na hora de adoptar padrões e especificações técnicas, pois o concurso público determinava que os cabos deveriam estar em conformidade com a norma IEC, que estabelece os requisitos técnicos mínimos para a estrutura dos cabos eléctricos.

Contudo, quanto à blindagem dos cabos, a norma em questão não “estabelece quaisquer requisitos, deixando, assim, à legislação nacional a regulação do tipo de material a usar, o tamanho e método de enrolamento da blindagem”. Desta forma, “as especificações técnicas podiam ser definidas pelo fornecedor”.

Assim sendo, quanto à blindagem da fita de cobre, “o fornecedor apenas propôs especificações técnicas quanto ao método de enrolamento e à sua espessura, que o GIT aceitou”, além de que “as especificações adoptadas pelo fornecedor não são tão exigentes como as do padrão nacional”.

O CA conclui, neste contexto, que o GIT, relativamente à escolha das normas técnicas, “devia ter tido em consideração o contexto concreto em que Macau se encontra inserido”, pois “o cabo efectivamente utilizado no sistema de metro ligeiro foi instalado sem ser sujeito aos ensaios conforme previsto na norma IEC e no contrato de fornecimento”, bem como “sem a correspondente certificação, o que reflecte a existência de omissões evidentes na gestão do GIT”.

De destacar que tanto o consultor do projecto como o GIT alertou o fornecedor para a questão do cabo, mas depois “não se insistiu junto do fornecedor o envio do relatório” sobre esse material, não sendo possível avaliar “se o fornecedor fez ou não os ensaios requeridos ao tipo de cabo que foi utilizado no sistema do metro ligeiro, e se estavam em conformidade com a norma IEC”.

O relatório alerta ainda que, na área das obras públicas, o trabalho não termina com a adjudicação e a contratação de entidades externas de fiscalização, tendo o Governo de ser “responsável pela salvaguarda dos interesses da RAEM”. Deve, por isso, “tomar as devidas medidas de correcção e regulação”.

29 Dez 2023

UM | 2024 pode marcar regresso da economia a níveis pré-pandemia

Previsões feitas pelo Centro de Estudos e pelo Departamento de Economia da Universidade de Macau indicam que no próximo ano pode acontecer o que há muito se espera na economia local: a recuperação a níveis de 2019. Prevê-se, assim, um crescimento económico entre 8,3 e 21 por cento

A Universidade de Macau (UM) estima que a economia do território poderá crescer até 21 por cento em 2024, permitindo que o produto interno bruto (PIB) recupere até níveis atingidos antes da pandemia, anunciou ontem a instituição. Num comunicado, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da UM disse prever que “o crescimento económico de Macau em 2024 será entre 8,3 e 21 por cento”, dependendo do número de visitantes vindos da China continental.

Os turistas chineses “continuam a ser o principal factor a afectar o desenvolvimento da economia” do território, até porque “a recuperação nas chegadas de visitantes de outras regiões tem sido mais lenta”, referiram os economistas.

Num cenário mais optimista traçado pelos académicos, a região deverá receber no próximo ano um número de turistas próximo dos 39,6 milhões registado em 2019, o que permitiria ao PIB atingir 96,1 por cento do nível registado nesse mesmo ano.

No entanto, a UM avisa que “Macau enfrentará incertezas quanto ao desenvolvimento económico do interior da China em 2024”. “A contracção do mercado imobiliário, bem como a dívida pública local e empresarial, irão afectar os rendimentos dos residentes, levando a uma diminuição do seu interesse e poder de compra em viajar” para o território, referiu o comunicado.

Diferentes cenários

O investimento em imobiliário na China continental caiu 9,4 por cento nos primeiros 11 meses do ano, revelou a 15 de Dezembro o Gabinete Nacional de Estatística chinês, devido a uma crise que deixou casas inacabadas e levou à queda dos preços por metro quadrado.

No segundo cenário, o mais cauteloso, Macau irá ter um aumento de 5 por cento no número de visitantes em comparação com 2023 – o que corresponderia a 29,4 milhões, segundo previsões do Governo –, com a economia a recuperar até 85,9 por cento do registado em 2019.

Com o turismo em retoma, a UM previu que as exportações de serviços, o motor da economia da cidade graças ao sector dos casinos, deverão crescer entre 10,3 e 26,7 por cento, ajudando a taxa de desemprego a cair dos actuais 2,4 por cento para entre 2,1 e 1,9 por cento.

Por outro lado, os economistas acreditam que as receitas do Governo de Macau deverão fixar-se entre 95,3 mil milhões e 109,6 mil milhões de patacas. No orçamento para 2024, o Executivo prevê um aumento de 1,8 por cento nas receitas, para 107,1 mil milhões de patacas, sobretudo graças ao imposto sobre o jogo, que deverá atingir 75,6 mil milhões de patacas.

Entre Janeiro e Novembro, as receitas do jogo em Macau mais que quadruplicaram em comparação com igual período de 2022, atingindo 164,5 mil milhões de patacas. A indústria do jogo, o motor da economia da cidade, representava, em 2019, 51 por cento do PIB [Produto Interno Bruto] de Macau e, apesar da crise durante a pandemia, dá actualmente trabalho a cerca de 71 mil pessoas, ou seja, 19,2 por cento da população empregada.

28 Dez 2023

Finanças | Fim de pagamentos por multibanco

A partir de Janeiro, os cidadãos deixam de poder pagar os impostos através da rede de máquinas multibanco. A decisão da Direcção de Serviços de Finanças (DSF), que passa por levar os cidadãos a instalarem nos seus telemóveis a aplicação Conta Única, foi revelada ontem.

“A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) tem promovido, de forma activa, o governo electrónico e, para uma distribuição eficaz dos recursos administrativos, após a revisão e integração das diversas formas de pagamento de impostos, será cessado, a partir do dia 1 de Janeiro de 2024, o serviço de pagamento de impostos através das máquinas ATM da rede JETCO”, foi anunciado.

Apesar de falar de uma “distribuição eficaz dos recursos administrativos”, o comunicado não revela como é que a distribuição é mais eficaz, nem se a medida vai permitir poupar recursos financeiros da RAEM.

“Com a crescente generalização da aplicação de telemóvel, actualmente, os contribuintes podem proceder ao pagamento de impostos online, na comodidade de sua casa, através da aplicação móvel Macau Tax ou Conta Única de Macau e, sem limite de tempo, sendo a experiência dos utilizadores cada vez mais completa, como por exemplo, a obtenção imediata de informações fiscais, recibos, etc.”, foi acrescentado.

Caso não queiram instalar as aplicações do governo para pagar os impostos, a alternativa passa agora a limitar-se às deslocações aos bancos, ou através do sistema ebanking, das mesmas instituições.

28 Dez 2023