João Santos Filipe Manchete PolíticaAno Novo | Ho Iat Seng contra relaxamento nas políticas pandémicas A recuperação económica é um dos objectivos para o Ano do Tigre, porém, não vai ser feita à conta de “baixar a guarda” no controlo da covid-19. Sobre o ano findo, o Chefe do Executivo reconheceu ter havido vários obstáculos, mas considerou que foram ultrapassados O Chefe do Executivo prometeu para o Ano do Tigre uma política de tolerância zero face a facilitismos no combate à pandemia. Este aspecto foi sublinhado na tradicional mensagem do Ano Novo Lunar, que serviu para destacar a aposta na diversificação da economia e na Ilha da Montanha. “Devemos manter-nos em alerta permanente e reforçar o sistema de prevenção e controlo, sem nunca baixar a guarda”, avisou Ho Iat Seng. “Continuaremos a intensificar a cooperação com a região vizinha no combate à epidemia, promovendo uma prevenção rigorosa, escrupulosa, científica e precisa da mesma. Quero também reiterar o apelo a todos os residentes para que mantenham os cuidados de protecção individual”, acrescentou. Segundo as palavras do Chefe do Executivo, até os objectivos da diversificação e recuperação económica vão estar dependentes da actual política pandémica. “Continuaremos, sem relaxar, a coordenar as acções de recuperação económica com as de prevenção e controlo da epidemia, a acelerar a diversificação adequada da economia, a aperfeiçoar as iniciativas vocacionadas para o bem-estar da população, a aprofundar a reforma da Administração Pública, a impulsionar a construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”, frisou. Ho insistiu igualmente numa melhor “integração na conjuntura do desenvolvimento nacional”, através da criação de “novos capítulos da prática bem-sucedida de ‘um País, dois sistemas’, com características de Macau”, sem, no entanto, clarificar o significado de “novos capítulos”. Obrigado, Cantão No que diz respeito ao balanço sobre o ano passado, do Búfalo, Ho Iat Seng agradeceu, primeiro a Cantão e depois aos residentes, os esforços desenvolvidos na luta contra a covid-19 e na implementação da política de zero casos. Apesar de o ano que terminou ter ficado marcado por um incidente entre Macau e Zhuhai, durante a Semana Dourada, quando a região vizinha deu o dito por não dito, e manteve as fronteiras com Macau fechadas, os principais agradecimentos de Ho foram mesmo para as autoridades de Cantão. “Com vista a garantir que todos os residentes passem um tranquilo Novo Ano Lunar, Macau e Zhuhai colaboraram estreitamente neste combate à epidemia, afirmando plenamente o papel do mecanismo de prevenção e controlo conjunto entre Macau e Zhuhai”, destacou o Chefe do Executivo. “Aproveito esta oportunidade para expressar os mais sinceros agradecimentos ao Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista da China e ao Governo da Província de Guangdong, ao Comité Municipal de Zhuhai do Partido Comunista da China e ao Governo do Município de Zhuhai”, acrescentou. A somar vitórias No ano passado, o desemprego subiu para o nível mais alto desde 2008. Ho Iat Seng reconheceu que o Ano do Búfalo ficou marcado por contratempos, mas considerou que foi mais “uma vitória”. “No ano passado, a epidemia continuou a causar impacto nos residentes e nos diversos sectores da sociedade, trazendo-lhes dificuldades e pressões sem precedentes”, reconheceu o Chefe do Executivo. “Apesar das adversidades, os nossos residentes e os diversos sectores, em comunhão de esforços, conseguiram vencê-las. Foi graças aos nossos residentes, protagonistas com maior mérito, que conseguimos manter a estabilidade da economia e obter o êxito da prevenção da epidemia!”, vincou. “Quero dirigir, em especial, a todos os residentes de Macau, os mais sinceros agradecimentos!”, destacou. Ho Iat Seng apontou ainda como pontos altos a “reforma da Administração Pública”, as eleições para a Assembleia Legislativa, que diz terem demonstrado “plenamente a implementação do princípio fundamental ‘Macau governado por patriotas’”, as melhorias na segurança nacional e o plano quinquenal. Esplendor no gelo Os Jogos Olímpicos de Inverno arrancam hoje e não foram esquecidos na mensagem de Ho Iat Seng, que endereçou votos de sucesso ao evento. “Daqui a dias serão inaugurados os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, tão desejados por todos nós, trazendo-nos grande alegria e enriquecendo esta quadra festiva”, referiu. “Aproveito esta oportunidade para desejar o maior sucesso aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, e que os mesmos sejam repletos de extraordinário esplendor!”, sublinhou. O Chefe do Executivo vai estar em Pequim a participar na sessão de abertura do evento.
Pedro Arede Manchete PolíticaAL | Deputados querem incluir privados no regime sobre reformas Os deputados Chui Sai Peng, Ip Sio Kai e Wang Sai Man querem que o Governo vá ao hemiciclo debater a idade da reforma, nomeadamente a extensão da sua institucionalização ao sector privado. Para os deputados, ao contrário do que acontece aos funcionários públicos, no privado, a reforma com “honra e dignidade” transforma-se, muitas vezes, num “indesejável despedimento” Os deputados ligados ao sector empresarial Chui Sai Peng, Ip Sio Kai e Wang Sai Man enviaram uma proposta de debate ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, onde pedem que o Governo vá ao plenário debater o estabelecimento de uma idade da reforma além dos trabalhadores da função pública. Alegando ser uma questão de “interesse público”, os deputados apontam lacunas na lei e afirmam ser urgente a existência de um regime sobre a idade adequada para a reforma, com o objectivo de “aperfeiçoar o sistema de segurança social, a circulação saudável de recursos humanos, promover a renovação oportuna das empresas” e ainda “fortalecer a harmonia” entre as partes laboral e patronal. Para Chui Sai Peng, Ip Sio Kai e Wang Sai Man, apesar de o Governo ter definido claramente a idade da reforma dos funcionários públicos, há “outras relações laborais” que são obrigadas a seguir a Lei das relações de trabalho, que nada prevê sobre a reforma, acabando, muitas vezes, por dar lugar a despedimentos. “Como não há suporte legal, os empregadores só podem recorrer ao artigo 70.º da Lei das relações de trabalho – Resolução sem justa causa por iniciativa do empregador, para despedir unilateralmente os trabalhadores. Em resultado, o acordo original é anulado, a harmonia laboral é rompida e a reforma com honra e dignidade transforma-se num indesejável despedimento”, pode ler-se na proposta de debate enviada. Aprender com os outros Apesar de vincarem que as políticas e medidas de apoio a idosos estão “bastante amadurecidas”, faz falta uma definição “clara” sobre a Lei das relações de trabalho “para garantir um adequado regime de reforma institucionalizado no sector privado”, que seja humano e flexível. “Um regime de reforma institucionalizado é pedra basilar do progresso de qualquer sociedade moderna, e contribui para a distinção entre a reforma na idade adequada e o despedimento, evitando prejudicar a harmonia laboral. Um regime de reforma humano e flexível permite que os trabalhadores reformados gozem uma nova e bela fase da vida”, é acrescentado. No pedido de debate, os deputados fazem ainda menção ao facto de, quer no Interior da China, quer em Hong Kong, ser “normal e legal” as empresas estatais e privadas e os seus trabalhadores acordarem sobre a idade da reforma, garantindo assim a reforma e não o despedimento. No seguimento da ideia, Chui Sai Peng, Ip Sio Kai e Wang Sai Man referem ainda que em Macau, algumas filiais de empresas sediadas no Interior da China, Hong Kong ou no estrangeiro seguirem, desejavelmente, o regime de reforma da respectiva sede, garantindo assim a pensão ou fundo de previdência aos trabalhadores
Pedro Arede Grande Plano ManchetePequim 2022 | Jogos Olímpicos de Inverno arrancam hoje entre sonhos e temores Os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022 arrancam hoje ensombrados por questões políticas e pela pandemia de covid-19, mas com vários atletas à procura de fazer história na capital chinesa, que é a primeira na história a acolher os Jogos Olímpicos de Verão (2008) e de Inverno. Até 20 de Fevereiro são esperados cerca de 2.900 atletas, incluindo três portugueses, em 109 eventos. Ho Iat Seng estará na cerimónia de abertura Os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022 arrancam hoje, com o plano desportivo ainda ‘tapado’ por questões de política internacional e pela pandemia de covid-19, mas com vários atletas à procura de fazer história na capital chinesa, a primeira cidade da história a sediar os Jogos Olímpicos de Verão (2008) e de Inverno (2022). Naquela é a XXIV edição dos Jogos Olímpicos de Inverno estão previstos, até ao próximo dia 20 de Fevereiro, 109 eventos, entre 15 disciplinas de sete desportos diferentes, que terão o condão reunir 2871 atletas, entre os quais 1.581 participantes masculinos e 1.290 atletas femininas. Com 91 nações presentes, incluindo as estreantes Arábia Saudita e Haiti, as competições serão realizadas em três localidades distintas. Isto, porque além de Pequim, as cidades de Yanqing e Zhangjiakou estão escaladas para receber provas. ] Entre os quase 2.900 atletas, estão três portugueses: Ricardo Brancal e Vanina de Oliveira Guerillot, no esqui alpino, e José Cabeça, no esqui de fundo [ver texto]. Em Pequim, serão realizados os desportos no gelo e de saltos, que irão decorrer numa plataforma de 60 metros de altura instalada sobre as ruínas de uma antiga siderúrgica. A estância de Zhangjiakou, 180 quilómetros a noroeste de Pequim, recebe eventos nórdicos, como o biatlo, snowboard e esqui freestyle, e a cidade de Yanqing, 75 quilómetros a noroeste de Pequim, será palco de esqui alpino, luge e eventos de bobsleigh. Apesar de a cerimónia de abertura do evento estar agendada para a noite de hoje, a competição arrancou na passada quarta-feira na modalidade de curling. Passavam cinco minutos das 20h00, quando as primeiras pedras foram lançadas na pista de gelo do pavilhão Ice Cube, antiga piscina olímpica de 2008, para dar início a quatro partidas da fase preliminar do torneio de duplas mistas, com destaque para o embate entre a China e a Suíça. Ao início do dia, a Chama Olímpica entrou na capital chinesa. Sob uma temperatura de -5 graus, o vice-primeiro-ministro chinês Han Zheng acendeu a tocha vermelha e prata antes de a passar para os primeiros portadores, entre os quais o ex-jogador de basquetebol da NBA Yao Ming e o astronauta Jing Haipeng. A marcar presença na cerimónia de abertura desta noite, a ter lugar no Estádio Nacional “Ninho de Pássaro”, estará o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng. Numa nota emitida pelo Gabinete de Comunicação Social, é ainda referido que, para corresponder às exigências de prevenção epidémica dos Jogos Olímpicos de Inverno, o Ho Iat Seng está sujeito a “medidas rigorosas”, tendo sido aplicada uma gestão de deslocação entre dois pontos e reduzidas actividades não necessárias para minimizar o número de contactos. Encontros e desencontros Se, por um lado, estão confirmadas as presenças de vários vultos do panorama internacional, incluindo a do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres e dos representantes do Comité Olímpico de Taiwan, são as ausências a mando de um boicote diplomático evocado pelo desrespeito pelos direitos humanos na China e encetado pelos Estados Unidos e o Reino Unido, que estão a fazer maior mossa. Estados Unidos e Reino Unido foram os mais proeminentes a anunciar o boicote diplomático, sem presença de qualquer representante nas cerimónias, a não ser a presença desportiva. Canadá e a Austrália, entre outros, seguiram-se na medida de retirar a presença diplomática e política, sem prejudicar a participação dos atletas desses países, e no dia 19 de Janeiro, foi a vez de o Parlamento Europeu ter recomendado também aos Estados-membros um “boicote diplomático e político”. Também Portugal não terá representação política nas cerimónias de abertura e encerramento, “por várias razões”, explicou no dia 24 de Janeiro o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, segundo a agência Lusa. Desde “o momento político que se vive em Portugal” ao “sentido de unidade próprio da União Europeia” nas actuais “circunstâncias”, admitindo também o peso que tem o facto de os Jogos Olímpicos de Inverno não serem, “do ponto de vista desportivo, ‘o alfa e o ómega’ do desporto nacional”. As críticas à realização do evento não pararam por aí, dado que o desaparecimento da tenista Peng Shuai, que acusou um antigo governante de a violar, trouxe à baila a proximidade do Comité Olímpico Internacional (COI) ao Governo chinês. Sobre a questão diplomática, o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau, afirmou que “politizar o desporto e interromper os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim não serão suportados”. “Os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim têm conquistado amplo apoio da comunidade internacional. Politizar o desporto e interromper os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim não serão suportados”, sublinhou Liu Xianfa. O responsável lembrou que a 76.ª sessão da Assembleia-geral da ONU adoptou “por consenso, a resolução sobre a trégua olímpica” para Pequim 2022, enquanto que o Comité Olímpico Internacional (COI) declarou, em reunião plenária, “o apelo da comunidade desportiva internacional para apoiar os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim e opor-se à politização do desporto”. Liu Xianfa considerou ainda que os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022 vão realizar-se numa altura em que “as grandes mudanças do mundo, sem precedentes no último século, e a pandemia ocorrem combinadas”, o que levou ao “apelo do fortalecimento da solidariedade e cooperação para enfrentar desafios comuns”. Medidas apertadas Quanto à covid-19, a pandemia volta a ensombrar uns Jogos Olímpicos, depois de Tóquio 2020, no verão passado, no país onde foram registados os primeiros casos e onde, no último domingo, a capital registou o maior número de novos casos positivos ao fim de 18 meses. Mais elevada do que em Pequim, a braços com medidas muito restritivas para o controlo pandémico, está a “bolha” olímpica, que tem tido, em média, 32 casos diários, sobretudo entre atletas e equipas técnicas, preocupando a organização. Do lado do público, que esteve arredado de Tóquio2020, a expectativa do COI é que os recintos possam ter entre 30 a 50 por cento da capacidade ocupada com convites, para compensar a decisão de desistir da venda de bilhetes ao público. Entre convidados locais e expatriados, Pequim 2022 terá algum público entre a capital, Zhangjiakou e Yanqing, nuns Jogos em que as apertadas regras sanitárias terão de ser cumpridas para evitar a activação dos planos de contingência competitivos, que podem ir desde a ‘repescagem’ de atletas para finais, até à atribuição de múltiplas de medalhas, se estas não puderem ser disputadas devido a infecções por covid-19. Estrelas da companhia Depois de fazer história em PyeongChang 2018, ao ser a primeira campeã olímpica de dois desportos diferentes na mesma edição dos Jogos, a checa Ester Ledecka volta para a sua ‘especialidade’, o snowboard, mas também no esqui alpino. Longe do seu melhor nível, não deixa de ser uma das principais figuras no snowboard, dividido em várias provas e outros nomes de destaque, como a norte-americana Chloe Kim, campeã olímpica há quatro anos, com apenas 17 anos, no ‘half pipe’, a austríaca Anna Gasser, conhecida pelos ‘perfeitos’ 100 pontos nos Mundiais de 2017, ou a heroína da casa, a chinesa Liu Jiayu. Entre os fundistas, o norueguês Johannes Hösflo Kläbo chega a Pequim 2022 depois de três outros olímpicos na Coreia do Sul e inúmeros títulos mundiais, e aos 25 anos parece ser o principal nome de uma Noruega à procura de renovar o primeiro lugar no medalheiro final. Nos saltos, o japonês Ryoyu Kobayashi deverá ser uma das grandes figuras, ao lado do polaco Kamil Stoch, tricampeão olímpico, e do alemão Karl Geiger, embora o nipónico seja considerado o favorito depois de em 2018 não ter somado qualquer pódio. A norte-americana Mikaela Shiffrin é outro dos nomes que pode sair de Pequim 2022 com múltiplas medalhas, somando mais louros a um palmarés já de si histórico no esqui alpino. Na patinagem no gelo, o japonês Hanyu Yuzuru procura um terceiro ouro olímpico consecutivo, depois de Sochi 2014 e Pyeongchang 2018, quando foi o primeiro desde Dick Button (1948 e 1952) a conseguir ouros sucessivos na artística. TDM | Jogos Olímpicos em directo A TDM anunciou que vai transmitir a partir de hoje, 120 horas de conteúdos em directo dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022. A cerimónia de abertura poderá ser vista a partir das 19h55 no canal TDM Desporto. Segundo a empresa, os direitos de transmissão das olimpíadas foram obtidos através do acordo de cooperação com o China Media Group (CMG), que permitirá aos residentes assistir à retransmissão do canal 16 da CCTV, canal olímpico, em mandarim, cantonês e português. O canal em língua portuguesa da TDM irá transmitir as competições dos Jogos Olímpicos de Inverno todos os dias, entre as 10h00 e as 13h30, à excepção do Domingo, quando a transmissão dos Jogos é interrompida para a missa. Agendadas para amanhã estão competições de Curling, Esqui, Hóquei no Gelo, Luge, Patinagem de Velocidade, Saltos de Esqui e Snowboard. Portugal | “Suar a camisola e honrar a bandeira” Os três atletas que vão representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno já conquistaram “uma vitória” ao qualificarem-se para Pequim 2022, onde prometem “suar a camisola e honrar a bandeira”, garantiu o chefe de missão. Pedro Farromba assinalou que o objectivo dos estreantes Ricardo Brancal e Vanina de Oliveira, em esqui alpino, e José Cabeça, em esqui de fundo, não passa por medalhas, mas por consolidar o projecto de “melhorar edição após edição”, durante a apresentação da missão portuguesa, na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP). “Não prometemos medalhas, mas suar a camisola e honrar a bandeira. Há muitos milhares de atletas a praticar desportos de inverno em todo o mundo. O facto de três portugueses atingirem os mínimos é, já de si, uma vitória. O país tem as condições naturais que tem…”, lembrou. Natural de Évora, José Cabeça tem “menos de cinco meses de neve na vida”: “Sou alentejano e a última vez que nevou em Évora foi em 2004 e foi só um bocadinho. Não dava para esquiar. Sou tão novo nisto que tenho apenas quatro provas internacionais”, observou. Ricardo Brancal, também de 25 anos e com um passado ligado a outra modalidade, o ténis, aponta a um lugar no ‘top 50’ no maior evento mundial de desportos de inverno, entre 4 e 20 de Fevereiro, 14 anos depois de a capital chinesa ter recebido os Jogos Olímpicos de Verão. Já Vanina de Oliveira, de 19 anos, reside em França, o que significa um convívio mais longo com desportos de neve. “Espero representar bem Portugal, mas também divertir-me e aproveitar o momento. O slalom é a minha disciplina favorita e na qual vou tentar um resultado melhor”, afirmou a atleta, cuja mãe é portuguesa. Taiwan volta atrás Taiwan reverteu a decisão de boicotar a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, anunciaram na passada terça-feira as autoridades da ilha, indicando que foram pressionadas a fazê-lo pelo Comité Olímpico Internacional (COI). O COI disse hoje que “o Comité Olímpico do Taipé Chinês confirmou a sua participação” nas cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos de Inverno deste ano. A declaração não abordou o papel da entidade olímpica no processo. Por sua vez, as autoridades em Taiwan disseram que o país vai “ajustar” o seu plano de não ter uma delegação na cerimónia de abertura em Pequim, após repetidos pedidos do COI para que cumprisse as obrigações da Carta Olímpica. Os atletas da ilha competem sob o desígnio “Taipé Chinês”, como parte de um acordo de décadas com a China e intermediado pelo COI. A equipa de Taiwan, que tem quatro atletas nos Jogos de Pequim, também apontou a covid-19 entre as razões para não querer enviar inicialmente atletas e funcionários para as cerimónias.
Hoje Macau Manchete SociedadeIC | Orquestras de Macau vão cumprir temporada apesar de despedimento de Lu Jia O Instituto Cultural garante que todas as actuações agendadas são para cumprir, apesar da reestruturação em curso. No entanto, um membro da orquestra afirmou que já foram cancelados seis espectáculos e que, para a presente temporada ser concretizada, faltam 20 músicos. Lu Jia, o maestro chinês despedido apelida a situação de “horrível” e diz que ainda não foi contactado pelo IC O Instituto Cultural (IC) assegurou na passada sexta-feira que a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau irão cumprir as actuações agendadas. Isto, apesar do despedimento do director musical, Lu Jia, e da criação de uma nova entidade. Numa resposta enviada à agência Lusa, o IC prometeu que a temporada de concertos, que termina no final de Julho, “e os respectivos trabalhos decorrerão de acordo com o plano definido”, embora sem o maestro chinês Lu Jia. O maestro, que liderava a Orquestra de Macau desde 2008, já abandonou a região, com a secção sobre o aclamado maestro chinês a ser, entretanto, retirada da página na Internet da orquestra. No entanto, um membro da Orquestra de Macau, que pediu para não ser identificado por temer represálias, confirmou à Lusa que esta semana foram já canceladas seis actuações, incluindo duas na passada sexta-feira. As actuações, a cargo de um quarteto de músicos da Orquestra de Macau, faziam parte de um programa que levava a música clássica a locais como orfanatos, hospitais, lares para idosos e prisões. De acordo com os websites das duas orquestras, a Orquestra Chinesa de Macau tinha 21 concertos marcados até ao final de Julho, ao passo que a Orquestra de Macau tinha 15 espectáculos agendados. Além disso, o principal portal de venda de bilhetes para espetáculos na cidade, o MacauTicket, não tem listado qualquer concerto para nenhuma das duas orquestras para o resto de 2022. O membro da Orquestra de Macau disse ainda que a formação tem menos 20 músicos do que os necessários para cumprir a presente temporada. Alguns tinham sido seleccionados numa audição a nível mundial realizada em 2019, mas não foram depois autorizados a entrar na cidade, enquanto outros músicos encontravam-se fora de Macau quando começou a pandemia da covid-19 e acabaram por não ver os seus contratos renovados, explicou a mesma fonte. Nem tido, nem achado Em declarações à TDM – Canal Macau, o maestro chinês Lu Jia diz que soube do seu afastamento pelos amigos e que ainda está à espera de um contacto oficial do IC. Ao fim de 13 anos de ligação, o maestro considera que a forma como os músicos das orquestras estão a ser tratados é “injusta” e que o facto de todo o trabalho desenvolvido ter desaparecido de um dia para o outro é “horrível”. “A orquestra foi construída ao longo 13 anos. Todos os recursos do Governo, todos os recursos públicos, todo o apoio do público e o trabalho dos músicos, que trabalharam ao longo de anos e anos na construção de uma orquestra de alta qualidade desapareceram de um dia para o outro. Isto é verdadeiramente horrível”, disse. O IC tinha anunciado na quinta-feira a criação da Sociedade Orquestra de Macau, Limitada, “detida integralmente” pelo Governo de Macau”, que a partir de amanhã vai acolher, “sem sobressaltos”, as duas orquestras. Além de “reduzir a dependência do erário público”, o objectivo da transferência passa por “melhor corresponder (…) às necessidades de formação de quadros qualificados” na área da música, explicou o IC. Recorde-se que os músicos locais das duas orquestras viram os contratos rescindidos e receberam uma indemnização, mas estão “a transitar, de forma ordenada,” para a Sociedade Orquestra de Macau. Já os músicos não-residentes, serão transferidos sem receber qualquer compensação, mantendo “as condições contratuais originais”, explicou o IC à Lusa. Na quarta-feira, o Governo de Macau nomeou para a presidência do IC Leong Wai Man, que desde 2018 desempenhava as funções de vice-presidente. Leong Wai Man sucede a Mok Ian Ian, que na semana passada foi transferida para a presidência do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau. A Orquestra Chinesa de Macau foi fundada em 1987, ainda durante a administração portuguesa do território. A Orquestra de Macau foi oficialmente criada em 2001.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Residente vinda da Suíça classificada como caso importado assintomático O caso não entra para as estatísticas, por ser assintomático e, assim sendo, o número de ocorrências na RAEM mantém-se em 79. No fim-de-semana foi anunciado o aumento da validade dos testes para circular entre Macau e o Interior Uma residente de 19 anos, que viajou para Macau vinda da Suíça, foi classificada, no sábado, como um caso importado de infecção importado assintomático. A informação foi divulgada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, após a infecção ter sido confirmada no sábado. A jovem estava vacinada e tinha entrado em Macau a 29 de Janeiro: “Esta residente administrou 2 doses da vacina de mRNA produzida pela empresa farmacêutica BioNTech em Julho e Agosto de 2021 e depois foi para a Suíça estudar, tendo viajado por vários países da Europa”, foi revelado. “No dia 27 de Janeiro, foi submetida a teste de ácido nucleico na Suíça, e o resultado do teste foi negativo”, foi acrescentado. Como tinha um teste negativo, a residente foi autorizada a apanhar o voo n.º SQ345, da Singapore Airlines, de Zurique para Singapura, e no dia 29 de Janeiro, viajou de Singapura para Macau no voo n.º TR904, da companhia Scoot. “Logo que entrou em Macau, foi sujeita a um teste de zaragatoa nasofaríngea, cujo resultado foi positivo. A residente já foi encaminhada para o Centro Clínico de Saúde Pública”, foi assegurado pelas autoridades de saúde. Como o Governo de Macau segue actualmente os padrões do Interior na contagem dos casos, deixou de contar as infecções assintomáticas, ao contrário do que acontecia no início. “Esta pessoa não apresenta sintomas suspeitos da COVID-19. Em articulação com o historial epidemiológico, os desempenhos clínicos e resultados de testes desta pessoa, foi classificada como caso importado de infecção assintomática e não foi incluída nas estatísticas de casos confirmados de Macau”, foi explicado. A RAEM conta 79 casos confirmados desde o início da pandemia, em Janeiro de 2020. Validade aumentada Em relação às medidas pandémicas e com a chegada do Ano Novo Lunar foi divulgado no sábado que a validade dos testes de ácido nucleico para quem quer viajar entre Macau e o Interior foi aumentada. A partir de sábado, quem chega a Macau vindo de Zhuhai ou Shenzhen pode apresentar um teste de ácido nucleico com resultado negativo feito nas 48 horas anteriores. Antes, e na sequência dos vários casos nas cidades do Interior, a validade tinha sido estabelecida nas 24 horas. Ao mesmo tempo, as pessoas que vêm para Macau vindas do Interior por via aérea podem viajar com um teste com a validade de sete dias. Para quem quer sair da RAEM para Zhuhai e Shenzhen também se aplica a validade de sete dias. “Aqueles que pretendam sair de Macau tendo como destino a Cidade de Zhuhai ou da Cidade de Shenzhen, por via terrestre ou via marítima, só precisam de possuir o certificado de teste de ácido nucleico para a COVID-19 com resultado negativo dentro de sete dias após a data de amostragem (ou seja, a data de amostragem mais sete dias)”, foi divulgado. SSM | Inspecções para garantir segurança no Novo Ano Lunar Depois de o Governo ter reduzido as restrições contra a covid-19, para que os viajantes do Interior possam vir a Macau durante o Ano Novo Lunar, os Serviços de Saúde anunciaram ter levado a cabo várias inspecções. Os locais visitados incluem “o Centro Hospitalar Conde de São Januário, Centros de Saúde, postos fronteiriços de Macau, postos de vacinação contra a COVID-19 e postos de testes de ácido nucleico”. Estas visitas foram adoptadas, segundo o Governo, para “verificar a implementação das medidas antiepidémicas”, “elaborar e planear planos de resposta em diferentes cenários” e implementar a “estratégia antiepidémica de prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno”. O Governo declarou ainda ter como objectivo “garantir que os residentes possam celebrar o Ano Novo Lunar num ambiente saudável e seguro”. Vacinas | Boletim individual ganha versão digital O porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong anunciou na passada sexta-feira a conclusão do debate à volta do projecto de regulamento administrativo sobre o Regime de Vacinação. Segundo o diploma, com o objectivo de promover a governação electrónica, o Boletim Individual de Vacinações vai poder ser emitido em formato digital, para além da versão em papel. Para tal, os Serviços de Saúde (SSM) vão criar uma plataforma electrónica para registar o histórico de vacinação dos residentes, sendo que os médicos ou enfermeiros responsáveis pela inoculação ficarão também a cargo de preencher essa mesma informação na plataforma. Para além de definir quem beneficia de isenção das taxas de vacinação entre não residentes, o regulamento estabelece ainda que a dispensa de vacinação deve ser concedida por um médico autorizado pelo director dos SSM. A dispensa de vacinação deverá igualmente ficar registada no boletim individual de vacinação das pessoas isentas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Levo Chan detido por suspeitas de jogo ilegal e associação criminosa O proprietário da Tak Shun e da Macau Legend foi detido pela Polícia Judiciária na sexta-feira, na sequência das investigações ligadas a Alvin Chau, dono da Suncity. Em menos de dois meses, as autoridades prenderam os donos das duas principais empresas junkets de Macau Levo Chan Weng Lin, dono da promotora de jogo Tak Chun, a segunda maior de Macau, foi detido na sexta-feira e está indiciado pela prática dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação foi apresentada ontem numa conferência da Polícia Judiciária (PJ), em que as autoridades apenas referiram que o detido tem o “apelido de Chan” e 49 anos de idade. Além do responsável pela empresa Tak Chun e também presidente da Macau Legend, foi também detido um outro executivo de apelido Choi, de 34 anos, que segundo a imprensa de Hong Kong será director financeiro da empresa junket. Na conferência de imprensa, Chong Kam Leong, porta-voz da PJ, afirmou que as detenções dos dois suspeitos estão relacionadas com a detenção de Alvin Chau, proprietário do grupo Suncity, preso desde finais de Novembro. De acordo com a informação apresentada, a associação criminosa era “controlada e gerida pelo suspeito de apelido Chan” que desenvolvia apostas ilegais, assim como jogo online ilegal nos casinos de Macau. Por sua vez, o detido Choi assistia Chan na gestão das operações. As detenções resultaram das investigações em curso ao caso que envolve Alvin Chau, mas só agora foram realizadas, por ser este o tempo “mais oportuno”. No momento da detenção, os dois residentes de Macau encontravam-se num hotel, na zona do NAPE. As buscas envolveram ainda os escritórios e as residências dos detidos, o que levou à apreensão de material informático e 4,1 milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro vivo. Bico calado Interrogados pelas autoridades, os detidos optaram por ficar em silêncio, o que levou a PJ a considerar haver uma recusa de participação nas investigações. Contudo, acredita-se que as alegadas associações criminosas lideradas por Alvin Chau e Levo Chan estariam a actuar em conjunto no caso ontem apresentado. “Apesar de as duas operações policiais terem tido como alvos duas associações criminosas diferentes, há provas suficientes, de acordo com a nossa investigação, que mostram que estavam a actuar em conjunto”, afirmou Chong Kam Leong. A Polícia Judiciária reconheceu também que, apesar das detenções terem ocorrido na sexta-feira, a investigação teve início em 2019. A detenção surge dias depois da Direcção de Inspecção e Coordenação do Jogo ter renovado a licença de promoção de jogo da Tak Chun. Levo Chan Weng Lin é presidente e CEO da Macau Legend, responsável pela gestão da Doca dos Pescadores. Ontem, a empresa emitiu um comunicado onde afirma que a detenção de Levo Chan não vai afectar a actividade do grupo. “A Direcção é de opinião que, uma vez que o Grupo é operado por uma equipa de pessoal de gestão e o incidente acima referido está relacionado com os assuntos pessoais do Sr. Chan e não relacionados com o Grupo, a Direcção não espera que o incidente acima referido tenha um impacto material adverso nas operações diárias do Grupo”, refere o documento. A nota enviada à Bolsa de Hong Kong e assinada pelo co-presidente e director não executivo David Chow Kam Fai – o antigo proprietário da empresa – acrescenta que a Direcção irá “acompanhar de perto e rever a situação e fazer outro(s) anúncio(s) conforme e quando apropriado”. O anúncio também indica que “os accionistas e potenciais investidores da Empresa são aconselhados a ter cautela ao negociar as acções da Empresa”. Macau Legend Development é proprietária da propriedade do Macau Fisherman’s Wharf e opera os casinos Babylon e Legend Palace sob a concessão de jogo da SJM. Cem mil para Portugal Além de empresário, Levo Chan tem um historial de doações para instituições de caridade em Macau, e não só. Em Abril de 2020, em nome individual, o dono da Tak Chun, contribuiu com um donativo de 100 mil patacas para a luta contra a covid-19 em Portugal, recebido pelo cônsul Paulo Cunha Alves. Na altura, a campanha foi realizada no âmbito do esforço de várias associações locais para ajudar Portugal na compra de material para responder à pandemia.
Pedro Arede Manchete PolíticaUrbanismo | Aprovado Plano Director para os próximos 20 anos O Plano Director de Macau foi finalmente aprovado, tendo como principal linha de força a procura de um equilíbrio entre zonas habitacionais, comerciais e serviços para “incentivar as pessoas a trabalharem nas zonas onde habitam” e atenuar “problemas sociais” resultantes da proximidade das áreas industriais. A aposta será materializada em zonas como a Avenida de Venceslau de Morais, Porto Interior e junto aos postos fronteiriços, onde não haverá espaço para edifícios industriais O Governo aprovou na passada sexta-feira, o Plano Director 2020-2040 no qual se pretende encontrar um maior equilíbrio entre zonas residenciais, de serviços e comerciais e criar condições para “incentivar as pessoas a trabalharem nas zonas onde habitam”. Segundo o Executivo, e sem nunca perder de vista os objectivos de cooperação regional, no espaço reservado às zonas urbanas serão criadas novas áreas comercias e destinadas aos serviços. Já os terrenos originalmente destinados a indústria, situados em zonas habitacionais, serão libertados para fins não industriais. Contas feitas, áreas como a Avenida de Venceslau de Morais, o Porto Interior e zonas adjacentes aos postos fronteiriços irão acolher mais comércio, serviços e ainda habitação. “Ao nível da zona urbana, vão ser criadas novas zonas comerciais e reforçados os espaços para actividades económicas designadamente nas Portas do Cerco, na Zona de Administração do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, no antigo Posto Fronteiriço do Cotai, no Porto Interior e na Avenida de Venceslau de Morais, no sentido de promover a cooperação regional e o desenvolvimento da economia nos postos fronteiriços”, pode ler-se numa nota oficial divulgada pelo Conselho Executivo. Quanto à conversão de zonas industriais em zonas comerciais, o Governo abre também a porta à criação de zonas habitacionais com o objectivo de “incentivar as pessoas a trabalharem nas zonas onde habitam e promover o equilíbrio entre a função profissional e a função residencial” e ainda “criar condições para a diversificação adequada da economia e o crescimento das indústrias emergentes e de ponta”. A fim de atenuar os “problemas sociais causados pela proximidade entre as áreas industriais e residenciais”, o Governo pretende que os terrenos destinados à indústria que se encontram “dispersos” fiquem concentrados no Parque Industrial Transfronteiriço da Ilha Verde, no Parque Industrial do Pac On, no Parque Industrial da Concórdia em Coloane e no Parque Industrial de Ká-Hó. Linhas de força Segundo a TDM – Canal Macau, durante a apresentação do regulamento administrativo que aprova o Plano Director, foi ainda revelado que o terreno do Parque Oceanus, à frente do Hotel Regency, na Taipa, irá acolher um corredor verde que poderá abranger espaços comerciais e de lazer. “Zona comercial tem um sentido lato, isto quer dizer que abrange actividades comerciais e que podem ser construídos edifícios destinados ao lazer e à cultura, pois temos uma faixa verde com uma paisagem mais ambiental”, explicou Mak Tak Io, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). O mesmo responsável confirmou ainda que as zonas C e D, junto ao lago de Nam Van serão para acolher instalações públicas, como edifícios do Governo, instalações desportivas e culturais. Recorde-se que a área de intervenção do Plano Director está dividida em 18 Unidades Operativas de Planeamento e Gestão, as quais são classificadas como “zona urbana” e “zona não urbanizável”, sendo que esta última representa cerca de 18 por cento da área total. Entre os objectivos principais do plano, destaca-se a inserção de Macau na Grande Baía, a promoção da diversificação económica e a protecção do património histórico-cultural do território, tendo como eixo estratégico a construção de um Centro Mundial de Turismo e Lazer. Além disso, prevendo-se que em 2040 haja em Macau cerca de 800 mil habitantes, o plano antevê “conquistar” três quilómetros quadrados ao mar, através da construção de novos aterros destinados ao desenvolvimento urbano, a responder “às exigências sociais e económicas” e à expansão do aeroporto.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteBienal de Pequim | Fátima Sardinha, a professora que representa Portugal Desde cedo que revelou um talento natural para a pintura e o abstraccionismo foi um amor imediato. Medos e inseguranças afastaram-na de uma carreira artística e empurraram-na para o ensino, mas um burnout levou-a a apostar na pintura e a encará-la como uma carreira. Com o quadro “Love Song”, é a única artista portuguesa presente na 9.ª Bienal Internacional de Pequim O percurso artístico de Fátima Sardinha, a única artista portuguesa a representar Portugal na 9.ª Bienal Internacional de Pequim, é tudo menos banal. Estudou artes no ensino secundário e os professores elogiavam-lhe o talento e a capacidade de rasgar tudo e encher de novo uma tela. Mas, mais tarde, nem sequer se inscreveu na Escola de Belas Artes do Porto, por medo de não conseguir sustentar-se com os seus quadros e também pela insegurança tão própria da idade. Com um mestrado e doutoramento em matemática, Fátima Sardinha tornou-se professora primária, mas um burnout levou-a de novo para o mundo das artes, embora a pintura sempre tenha estado presente na sua vida. “Comecei a pintar novamente, abri uma conta no Instagram e, para surpresa minha, tive uma resposta muito positiva ao meu trabalho”, contou ao HM. Fátima Sardinha confessa que o trabalho tem funcionado como “uma terapia, nos bons e nos maus momentos”. “Fui conhecendo gente no mundo das artes e criei um grupo de artistas de todos os continentes, com um curador mexicano, o Sérgio Gomez.” Rapidamente, Fátima Sardinha começou a vender alguns dos seus trabalhos online, além de ter exposto também por esta via no período da pandemia. “Tive portas abertas que, se calhar, de outra forma não se iriam abrir. Concorri depois à Bienal de Arte de Vila Nova de Gaia [2021] e fui seleccionada com um trabalho sobre o confinamento, baseado em imagens que tínhamos da situação em Itália.” Participar na Bienal em Pequim, surgiu depois de a Direcção Geral das Artes, entidade ligada ao Governo português, ter aberto um concurso para artistas portugueses. Fátima Sardinha foi a única seleccionada. “Fiquei surpreendida quando descobri que era a única portuguesa presente na Bienal, uma oportunidade única. Tive a oportunidade de participar num evento que, de outra forma, não me seria possível, pois o quadro tem 1,60 por 1,80 metros, não iria ficar barato para mim [o envio]. Mas o Governo chinês comparticipou tudo”, disse ainda. Sentimentos na tela Esta é a primeira vez que Fátima Sardinha expõe na Ásia. “Love Song” representa a esperança e foi pintado em Junho de 2020, quando o mundo vivia os primeiros confinamentos devido à pandemia. “Essa peça tem uma cor e energia que quase consome tudo o que está à sua volta, e também pela textura. Estava bem, pensei que a pandemia estava a passar e que as coisas iam melhorar. E essa é a ideia da Bienal, a luz da vida. [O quadro representa] o amor à vida, uma canção de amor. Pode ter várias leituras.” Esta e todas as obras de Fátima estão ligadas ao abstraccionismo, que a acompanha desde sempre. “Tenho alguns trabalhos figurativos, muito poucos, mas dentro do figurativo abstracto. Cada quadro que pinto é um pouco de mim… é uma situação. Não pinto apenas por pintar.” A artista confessa que gostava de reunir as diferentes reacções e emoções que os seus quadros geram nas pessoas. “É engraçado, porque quem vê as minhas obras diz sempre que são melhores ao vivo. Há pessoas que encontram caras nos quadros, vêem várias coisas. Para mim, a pintura tem de oferecer algo a quem está a ver, é como oferecer os espaços em branco, porque o autor nunca nos diz tudo. Há sempre um espaço dedicado à imaginação e é assim que eu vejo a pintura abstracta.” Para Fátima Sardinha, “uma obra de arte nunca está acabada”. Há sempre margem para mais um improviso, daí a aposta na pintura a óleo e não em acrílico, que a artista experimentou durante uns tempos. Sentimentos e pensamentos são os grandes protagonistas das obras desta artista, que reside no Porto. “Toda a minha obra é um pedaço de mim. Cada quadro, para mim, representa algo. Tenho dois quadros que não estão à venda, nem nunca vão estar, são sobre o falecimento dos meus gatos”, exemplifica. Além da participação na Bienal de Vila Nova de Gaia, Fátima Sardinha expôs o seu trabalho, no ano passado, na exposição online “Opening”, em Chicago, EUA, e na mostra “Collective Energy – A Screaming Art Group Exhibition”, entre outras.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Macau recusa seguir HK e reduzir quarentenas A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou ontem que a quarentena para quem chega ao território passa de 21 para 14 dias, mas as autoridades de Macau dizem “não estar disponíveis” para adoptar semelhante medida. A partir de amanhã, os funcionários do aeroporto passam a trabalhar em circuito fechado, tendo de cumprir quarentena e auto-gestão de saúde Macau recusa reduzir o número de dias de quarentena para quem chega ao território, que actualmente pode variar entre 14 e 28 dias consoante os países e regiões de origem. Esta decisão surge depois de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, ter ontem anunciado a redução da quarentena de 21 para 14 dias, tendo em conta o menor período de incubação da variante Ómicron do novo coronavírus. “Não estamos disponíveis para reduzir o prazo de quarentena. O caso de contacto próximo de Zhongshan teve vários resultados negativos e só no décimo dia de quarentena é que [a pessoa] teve um teste com resultado positivo”, exemplificou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. “Vamos analisar a situação epidémica de Hong Kong”, disse a mesma responsável quando questionada se a redução do número de dias de quarentena poderá afectar Macau. “O número de turistas que vêm de Hong Kong é estável, entre 50 a 70 pessoas por dia. Estas precisam de apresentar um teste com um prazo de 24 horas”, referiu Leong Iek Hou. Segundo o portal Hong Kong Free Press, a redução do número de dias de quarentena entra em vigor no próximo dia 5 de Fevereiro, seguindo-se um período de sete dias de auto-gestão de saúde em casa, incluindo a realização de dois testes diários. As medidas de distanciamento social mantêm-se na região vizinha até ao dia 17 de Fevereiro, com a suspensão de grandes eventos. A realização de aulas online vai continuar. Entretanto, Leong Iek Hou adiantou que a creche Fong Chong e o lar de idosos associado ao último surto com origem em Zhuhai podem começar a funcionar normalmente e a receber visitas, uma vez que já terminou o período de quarentenas. Daqui não sais Outra das medidas anunciadas ontem, prende-se com o início, a partir da meia noite de amanhã, do sistema de gestão em circuito fechado dos trabalhadores do Aeroporto Internacional de Macau. Estes devem ficar no local de trabalho durante 14 dias, seguindo-se uma quarentena num hotel de sete dias e mais sete dias de auto-gestão de saúde, incluindo a realização de vários testes de ácido nucleico. “Todos os trabalhadores nos postos [de trabalho], mesmo as pessoas que têm contacto com outras provenientes de zonas de médio e alto risco, e ainda os que trabalham nos hotéis de quarentenas, têm de ficar sujeitos a uma gestão em circuito fechado. O aeroporto já está a implementar detalhes da execução [desta medida]”, disse Leong Iek Hou. A coordenadora disse ainda que “todos os tripulantes de regiões de médio e alto risco não entram em Macau, não saem do avião e saem no mesmo voo”. Relativamente à aplicação de telemóvel para a leitura do código de saúde, foram já efectuados 579 mil downloads, sendo que “o número de pessoas com uma declaração de saúde [por via da aplicação] apresenta uma tendência de crescimento contínuo”. O Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus prepara-se ainda para avançar para a segunda fase de fixação dos códigos de saúde a nível local. “Como na comunidade ainda existem alguns estabelecimentos que apresentam risco [de contágio], estamos a planear iniciar os trabalhos da segunda fase de fixação dos códigos de saúde. Esperamos que haja mais estabelecimentos que adiram à iniciativa, a fim de facilitar o registo do itinerário dos residentes”, adiantou Leong Iek Hou.
Pedro Arede Grande Plano Manchete SociedadeSegurança | Ataques de forças externas serão “mais intensos”. Crime subiu 3,1% As forças de segurança consideram que a interferência e os ataques de forças externas serão “inevitavelmente mais intensos” em 2022 devido ao contexto político. Criminalidade cresceu 3,1 por cento em 2021, tendo sido registados 9.583 processos criminais, com especial pendor para os casos relacionados com o jogo e crimes informáticos. Ao longo do ano passado, a situação da segurança foi “estável”, considera a Polícia Judiciária De acordo com o relatório sobre segurança e criminalidade em 2021, divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), os ataques e a interferência de forças externas em Macau irão ser “inevitavelmente mais intensos” ao longo deste ano. Na base do prognóstico das autoridades, está a realização de “importantes” conferências políticas no Interior da China e a implementação de políticas económicas em Macau. “Este ano marca a realização de importantes conferências políticas do nosso país e a implementação de importantes políticas económicas da RAEM. A interferência e ataques de forças externas serão inevitavelmente mais intensos”, pode ler-se no documento. Perante este cenário complexo de “segurança interna e externa”, a PJ assegura que irá aumentar a sua “percepção de riscos” e insistir no cumprimento da “perspectiva geral de segurança nacional”, bem como prestar atenção “ao núcleo político de persistência e promoção” e elaborar estratégias pautadas pelos chamados “três conceitos de policiamento” (policiamento Activo, Comunitário e de Proximidade). Ao traçar o cenário da segurança nacional no território, o relatório aponta ainda que, ao longo do ano passado e com o apoio do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a PJ colocou em pleno funcionamento a unidade de execução da defesa da segurança nacional e que “os mecanismos de recolha de informação e de investigação estão em constante aperfeiçoamento”. “[A PJ] colaborou na consolidação do princípio fundamental ‘Macau governado por patriotas’, combatendo com veemência a infiltração e a interferência de forças externas, tomando medidas para resolver com precisão os factores de instabilidade da sociedade”, lê-se no documento. Adicionalmente, é recordado que a PJ contribuiu para aperfeiçoar o regime jurídico complementar afecto à defesa da segurança nacional. Nomeadamente, foi concluída a proposta de lei do Regime Jurídico da Intercepção e Protecção de Comunicações, que já se encontra “em plena articulação com o trabalho de revisão da lei relativa à defesa da segurança do Estado e aperfeiçoamento do regime de combate ao terrorismo”. Ao ritmo da pandemia À medida que o número de visitantes foi crescendo devido ao alívio, a espaços, de algumas restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, o número de crimes relacionados com o jogo subiu em 2021. Adicionalmente, aponta o relatório, devido ao aumento substancial do uso da internet desde o início da pandemia, o número de crimes informáticos registou também um crescimento “assinalável” no ano passado. Contabilizados todos os crimes de 2021, foram instaurados 9.583 processos criminais, traduzindo-se numa subida de 3,1 por cento relativamente a 2020. Entre estes, 4.915 foram inquéritos e denúncias, representando um aumento de 23,6 por cento, registo esse que se situa entre os números de 2019 e de 2020. Quanto aos indivíduos que foram presentes ao Ministério Público, a PJ divulgou terem sido entregues 1.831 pessoas em 2021, o que corresponde a uma subida de 6,5 por cento face ao ano anterior. Em relação aos crimes relacionados com o jogo, foram instaurados 1.372 processos, representando um aumento de 23,2 por cento em relação a 2020 (1.114), mas que está ainda longe dos 5.428 crimes registados em 2019. Entre os crimes registados no ano passado, destaque para a ocorrência de 71 casos de agiotagem e 27 sequestros resultantes de agiotagem que, ainda assim, traduzem uma tendência decrescente face a anos anteriores. Segundo a PJ, os crimes de troca ilegal de dinheiro continuaram “a causar impactos negativos para os casinos e na segurança nos seus arredores”, vincando que os três homicídios registados em 2021 estavam de alguma forma relacionados com burlas de troca de dinheiro. No total, foram registados 196 burlas e seis roubos relacionados com troca ilegal de dinheiro, o que corresponde a um aumento de 17,4 por cento e a uma descida de dois casos, respectivamente. Coisas da internet A reboque do aumento do uso da internet desde o início da pandemia, foram reportados em 2021, 1.676 crimes informáticos, correspondendo a uma subida de 34,4 por cento relativamente ao ano anterior e a uma subida de cerca de 2,5 vezes em relação a 2019. “Desde que teve início a pandemia, o número de crimes ligados à informática cresceu vertiginosamente, devido (…) ao aumento do uso da internet por parte da população, e (…) ao facto de o modus operandi do crime informático e cibernético se ter tornado cada vez mais complexo e baseado na tecnologia”, acrescenta a PJ. O relatório aponta ainda para o registo de 800 casos de “criminalidade informática geral”, uma subida de 51,5 por cento em relação a 2020 que, segundo as autoridades, se deve ao crescimento exponencial dos casos de burlas relacionadas com o furto de dados de cartão de crédito. Isto, tendo em conta que ocorreram 663 destes casos, o que representa uma subida de 61,3 por cento e envolveu prejuízos superiores a sete milhões de patacas. “Hoje em dia, o consumo online tornou-se muito comum, uma parte dos utilizadores de internet armazena inadequadamente os dados dos cartões de crédito, ou faz compras em sites não seguros, os criminosos empregam meios ilegais para obter os dados dos cartões de crédito e utilizam-nos para fazer compras online, depois lucram com a venda dos produtos adquiridos, isto causa prejuízos aos titulares dos cartões, às lojas ou às instituições financeiras”, explicam as autoridades no documento. Prevaricar à distância A PJ instaurou ainda 1.206 processos de burla, o que representa um aumento de 31 por cento em relação ao ano anterior, sendo que destes, 519 casos envolvem o uso de computadores ou da internet para a prática dos crimes. Comparativamente com 2020, houve uma subida de 20,4 por cento, não só dos crimes convencionais, como o “namoro online” ou a “armadilha de serviços pornográficos”, mas também de esquemas mais recentes, como burlas de investimento e armadilhas de compras online. Também as burlas telefónicas (89) registaram uma subida de 187 por cento, continuando a predominar o esquema do “falso funcionário dos órgãos governamentais” e a burla “advinha quem sou eu”. “O aumento gradual deste tipo de crimes nos últimos anos mostra a necessidade de melhorar o sentido de prevenção da população, portanto, a PJ efectuou proactivamente acções de sensibilização sobre a prevenção das burlas online, offline, com e sem contacto físico”, apontam as autoridades. Nota ainda para o facto de a criminalidade violenta se manter “numa taxa muito baixa”, tendo sido registado três homicídios onde, quer as vítimas como os autores dos crimes, não são residentes. Além disso, registaram-se seis casos de ofensas graves à integridade física, causados por conflitos entre familiares e amigos. Quanto aos crimes mais relevantes, nota para 50 casos de fogo posto (+5), 27 casos de roubo (+5), 98 casos de extorsão (8), 14 casos de violência doméstica (+1), um caso de tráfico de pessoas (+1) e 21 casos de associação criminosa (-10) registados no ano passado. Apesar da criminalidade registada ao longo de 2021, a PJ considerou que “a situação da segurança manteve-se estável” e que “vários tipos de crime foram mantidos sob controlo”, assim como a vida e os bens da população foram “devidamente protegidos”. Droga | Instaurados 61 casos de tráfico de estupefacientes Ao longo de 2021, a Polícia Judiciária (PJ) instaurou 61 processos relacionados com o tráfico de droga, representando um aumento de quatro casos relativamente ao ano anterior. Segundo o relatório sobre a criminalidade divulgado ontem, foram ainda registados 13 casos de consumo de droga. Além disso, devido ao contexto gerado pela pandemia de covid-19, a PJ tem vindo a intensificar o controlo do tráfico de estupefacientes por encomenda, tendo sido resolvidos 11 destes casos. Nota ainda, para o facto de a PJ ter desmantelado dois abrigos de cultivo de canábis, prometendo continuar a prestar “muita atenção” às tendências deste crime. De referir que em 2021 foram apreendidos 1.869 gramas de marijuana, quando em 2020 apenas tinham sido apreendidos 210 gramas. Delinquência juvenil | Menores que cometeram crimes mais que duplicaram O número de indivíduos que cometeram crimes e que não atingiam a idade de imputabilidade penal mais que duplicou em 2021. Segundo o relatório divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), são 67 os indivíduos que se encontram nesta situação, contra os 26 registados em 2020. Segundo a PJ, nos 67 processos instaurados, os menores envolveram-se em casos de fogo posto, furto, dano e extorsão. Ao longo de 2021, houve ainda 122 vítimas menores (-12), envolvidas em casos de agressão, abuso sexual de crianças, burla e extorsão. Sobre o assunto, as autoridades prometem aprofundar a cooperação com o sector educativo e realizar actividades educativas de prevenção criminal nas escolas, com o objectivo de “melhorar os conhecimentos jurídicos dos jovens, e aumentar o seu sentido de cumprimento de lei e o de auto-protecção”. Cibersegurança | CARIC emitiu 145 alertas sobre incidentes Ao longo de 2021, o Centro de Alerta e Resposta a Incidentes de Cibersegurança (CARIC) emitiu 145 alertas e recebeu 63 informações sobre incidentes relacionados com cibersegurança, um aumento de 2,8 vezes e 1,7 vezes, respectivamente, em relação ao ano anterior. Segundo o relatório divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), entre os casos registados, foram instaurados inquéritos a 21 ataques cibernéticos. O CARIC mostra ainda particular preocupação com o facto de os operadores de infra-estruturas críticas para o normal funcionamento da sociedade estarem “na linha de frente da resposta aos incidentes de cibersegurança”, prometendo “fazer o possível” para prestar a ajuda necessária e melhorar a sua capacidade de gestão.
João Luz Eventos MancheteJosé Drummond com dois projectos expostos nas cidades de Foshan e Changsha Com uma laboriosa produção criativa, mesmo durante a clausura pandémica, os trabalhos de José Drummond saíram do estúdio numa escala maior do que a habitual, mas mantendo as tensões e dicotomias que caracterizam o seu trabalho. O HM falou com o artista português radicado em Xangai, que tem trabalhos expostos em Foshan e Changsha, conquistando cada vez mais um espaço único no mundo artístico da imensa China Actualmente, tem dois projectos expostos em duas cidades, Foshan, na província de Guangdong e Changsha, na província de Hunan. Pode fazer-nos uma breve apresentação destes trabalhos? As duas instalações têm características formais relativamente diferentes. Uma está inserida num espaço interior, outra num espaço público exterior. Uma é uma caixa preta de um espaço museológico, e que funciona um pouco de uma forma transgressiva porque propõe a existência de um espaço dentro de um outro espaço. Vamos por partes. Como caracteriza a obra exposta no Xie Zilong Museum, em Changsha, “The Dream Of The Red Chamber”? Tenho trabalhado bastante com luz e com néons e para este espaço a minha proposta andou à volta de um sentido algo híbrido. O néon principal, que é uma espécie de um labirinto fechado tem uma imagem que faz lembrar motivos chineses e microchips de computador. A peça tem uma série de ambivalências ligadas entre si, em reflexo ao néon central na parede principal. Existe também um LED preto e vermelho, muito característico de restaurantes e lojas chinesas. Em geral, servem para vender um produto qualquer e aquilo que eu fiz é algo de disruptivo. O produto que estou a vender ali é uma citação do livro que dá o título à peça: “The Dream of the Red Chamber”, um dos quatro clássicos chineses. A citação, que aparece em chinês, traduzida seria algo como “a verdade torna-se ficção, quando a ficção é verdade e o real torna-se irreal quando o irreal se torna real”. Uma dicotomia quase existencialista. São coisas que trabalho há bastante tempo, estas bipolaridades, estes binómios de opostos. Para completar a instalação existe uma frequência sonora, que inunda o espaço e acaba por envolver os visitantes. Essa frequência sonora é a chamada Ressonância Schumann, que corresponde à frequência do planeta Terra, à frequência mais intensa e interior, uma frequência de 7,83 Hz. Curiosamente corresponde também à frequência que o nosso cérebro emite quando sonhamos. Porquê introduzir um elemento sonoro? Foi importante inserir este elemento, porque acredito que está tudo ligado, o mundo não é composto por partes diferentes. Nesse sentido, esta correspondência entre o cérebro humano e o coração da Terra fez todo o sentido. Também permite ao visitante, dentro da instalação, entrar num sentido mais hipnótico de labirinto fechado, neste binómio entre a verdade e a ficção, entre o real e o irreal. Tudo isso acaba por compor, no final, uma espécie de espaço que não é só de contemplação, mas também uma mediação entre o presente e uma realidade alternativa, que surge quando temos a possibilidade de parar e sentir coisas. Tenho usado muito a expressão “templo pós-humano” para caracterizar este caminho que os meus trabalhos têm seguido mais recentemente. Esse conceito especulativo é algo curioso. Podia alargar esse conceito? Os meus trabalhos sempre foram um pouco existencialistas num sentido beckettiano, com algum absurdismo. Mas recentemente tenho-me interessado mais por um certo lado do budismo, é algo que tem tomado mais forma. Existe aqui qualquer coisa, qualquer sugestão. O meu trabalho não se livra de referências ao mundo da arte, especialmente em instalação, aí é ainda mais óbvio. Estas referências existem para criar algum desafio, alguma disrupção, até porque acredito que os trabalhos devem ser autossuficientes. Ou resultam ou não, não precisam necessariamente de trazer muitas coisas atrás. Mas voltando a esse ponto do templo pós-humano. Penso que estamos a atingir um momento muito interessante na nossa civilização, em que começamos cada vez mais a funcionar por meios digitais. Temos inteligência artificial a simular muitas coisas. Apesar de o meu trabalho ser contemporâneo, e ter estas referências todas do passado da arte contemporânea ligada ao conceptualismo e ao minimalismo, inclui elementos que o levam para um lado retro-futurista, ciberpunk, porque é especulativo, tem uma ambição que já ultrapassa a própria vivência neste tempo presente. O nosso tempo de vida, enquanto espécie. Fala-se muito das alterações climáticas e do ambiente. Obviamente que é preocupante, todos deveríamos tentar fazer mais neste capítulo, mas se olharmos para a história do planeta Terra, para o que aconteceu nos últimos 50 anos, isto na história do planeta são duas horas na nossa vida. Não significa muito. Encontro aqui paradigmas que são interessantes para mim. É uma existência irrelevante quando encaramos no big picture. Possivelmente, aquilo que as alterações climáticas vão potenciar cada vez mais é exactamente a não existência de humanos, porque o planeta vai continuar a existir. Sabemos que tudo isto é cíclico. Até quando estará patente este trabalho em Changsha? Esta instalação está aberta ao público até 19 de Fevereiro. Passando para a instalação patente num parque público no distrito de Nan Hai, em Foshan. Até quando pode ser visitada? E como surgiu este projecto? A instalação vai estar no parque até 16 de Abril. Em termos de referências, há quem mencione o Dan Graham e no “2001, Odisseia no Espaço”. Mas a ideia para o projecto nasceu de uma coisa mínima, uma moeda antiga chinesa. Estas moedas têm em si duas formas infinitas, o quadrado e o círculo. Foi a partir daí que, entretanto, surgiu esse trabalho. Do meio do círculo sai o monólito. O círculo poderá ter mais a ver com land art, com o Richard Long, por exemplo. Na realidade, a ideia de criar o monólito em espelho vive comigo desde meio dos anos 90, mas nunca tive oportunidade de o fazer, e agora, por alguma razão, voltou quando me lançaram o desafio de participar nesta exposição de arte pública. Obviamente, o “2001” contém a ideia de pós-humano, de um espaço de mediação entre a ilusão e a realidade, é uma referência que tem a ver, claro. Não foi, no entanto, o ponto de partida. O começo partiu do espaço entre culturas e as antigas moedas chinesas. Como foi a produção deste projecto? Este trabalho deu-me bastante gozo a preparar, levou seis meses até ser concluído. Combina o conceito de monólito, uma estrutura muito rígida, enquanto que o círculo que está na sua base tem uma estrutura mais orgânica e flexível. Só combinar esse monólito com a ideia do jardim budista com pedras, onde as pessoas podem passear, interessou-me também como uma metáfora entre sistemas organizados e com sistemas flexíveis, apesar de o trabalho não ser sobre isso. Nomeadamente, o sistema político, que é extremamente organizado e funciona, na maior parte das vezes, como um monólito, e o círculo, as pedras onde podemos passear, que podem ser as pessoas. Mas, essencialmente, a intenção foi criar um espaço de contemplação, de meditação, um espaço para parar e esquecer, momentaneamente, o presente. Apesar da rigidez geométrica, o monólito reflecte pessoas no espaço público. No fundo, interessava-me que esta instalação fosse um objecto que dentro do seu minimalismo pudesse criar a ilusão entre invisível e visível. A questão de se olhar para uma paisagem, mas depois ter um elemento que interfere e reflecte a sua parte. Assim como, tornar visível aquilo que é invisível ao olhar, ao mesmo tempo omitir aquilo que está por trás dessa linha visual que existe. Podemos afirmar que sai da pandemia, colocando a constante emergência sanitária no passado, em pleno de vigor criativo. O período da pandemia foi de acumulação de trabalhos? Durante a pandemia não parei de trabalhar no estúdio. Mas há aqui um factor interessante, porque me perguntou sobre vigor, que tem a ver com a escala. Estes dois trabalhos, especialmente o último com cinco metros de altura, têm uma escala considerável. A escala no meu trabalho mudou com estas duas instalações, era algo que já tinha a tentação de experimentar, e que finalmente tive a oportunidade de fazer. Uma escala maior permite criar este tipo de narrativa sobre espaços, sobre os templos pós-humanos, estes espaços de mediação entre o tempo e o humano, entre o tempo presente e o tempo do sonho. Tudo isso não existe quando estamos a falar de uma fotografia, ou de uma coisa bidimensional. O aumento de dimensões é algo que já entrou no seu processo criativo? Tenho inúmeros projectos diferentes e todos eles são instalações com uma escala considerável. Apesar de a maior parte estar ainda em fase de projecto, se tiver oportunidade para continuar a fazer coisas, esta será provavelmente a área que me interessa mais prosseguir neste momento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEconomia | UM prevê crescimento entre 3,6 e 37,9 por cento A Universidade de Macau estima que a economia do território cresça em 2022 entre 3,6 e 37,9 por cento, consoante o número de visitantes e a evolução da pandemia. Desta forma, são traçados quatro cenários possíveis. Os analistas sugerem ainda uma aceleração do processo de vacinação Os analistas do Centro de Estudos de Macau e do departamento de Economia da Universidade de Macau (UM) estimam que a economia local cresça este ano entre 3,6 e 37,9 por cento. A diferença dos valores de previsão tem como base quatro cenários macroeconómicos que variam consoante o número de visitantes que Macau receber nos próximos meses. Assim, o Modelo Estrutural Macroeconómico de Macau considerou estes quatro cenários que traçam uma recuperação económica a “várias velocidades”. Caso Macau receba este ano 9,9 milhões de turistas, a economia pode crescer apenas 3,6 por cento, se receber 13,8 milhões turistas anualmente, pode registar-se um crescimento de 15,3 por cento. O terceiro cenário tem em conta a entrada de 17,7 milhões de passageiros, que poderá traduzir-se num crescimento económico de 26,2 por cento. Por fim, o quarto cenário aponta para um crescimento de 37,9 por cento caso Macau receba 21,7 milhões de pessoas. Relativamente às exportações, podem crescer entre 5,8 por cento e 64,7 por cento, também com base nestes quatro cenários. Face ao consumo interno o crescimento pode ser de apenas um por cento com base nas quatro previsões. As previsões da UM face ao desemprego apontam uma taxa variável entre 2,6 e 3 por cento. Sem incluir os trabalhadores não residentes, a taxa de desemprego dos residentes poderá variar entre os 3,5 e os 3,9 por cento. Sobre as receitas da Administração, com a exclusão das transferências da Reserva Financeira, os responsáveis da UM falam em valores que variam entre as 51,2 mil milhões e as 65,9 mil milhões de patacas. Vacinas precisam-se Depois da contracção económica “severa” em 2020, e de uma breve recuperação no ano passado, os analistas consideram que as empresas locais têm de enfrentar ainda muitos desafios. “O Governo da RAEM implementou várias políticas, especialmente para as pequenas e médias empresas, para as ajudar a combater a crise. Contudo, estas empresas enfrentam ainda uma falta de procura, e sem uma base estável de visitantes, não serão capazes de gerar ganhos estáveis.” Desta forma, o Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da Universidade de Macau concluem que as autoridades têm ainda de pensar como “acelerar o processo de vacinação em Macau”, para que as restrições transfronteiriças reduzam, possibilitando o regresso dos turistas a números pré-pandemia. O Modelo Estrutural Macroeconómico de Macau foi fundado por James Mirrlees, prémio Nobel em ciências económicas e doutor honorário em ciências sociais da UM. Académicos como Chan Chi Shing, Ho Wai Hong e Kwan Fung também colaboraram na elaboração destas previsões.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Adiado julgamento do caso conexo ao de Ho Chio Meng Quase cinco anos depois da primeira decisão, a maior parte dos arguidos faltou ontem à audiência da repetição de parte do julgamento ligado ao ex-Procurador da RAEM. A audiência foi marcada para o fim de Março A repetição de parte do julgamento do caso conexo ao de Ho Chio Meng foi adiada porque maior parte dos arguidos não compareceu ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB). A sessão estava agendada para as 14h45, começou por volta das 15h40 e 15 minutos depois já tinha terminado. A audiência foi adiada para 30 de Março, “para assegurar o direito de defesa” e dar tempo para o envio de novas notificações. Entre os arguidos, os empresários Wong Kuok Wai, Mak Im Tai, Ho Chio Sun, irmão de Ho Chio Meng, e Alex Lam faltaram à sessão. Ao contrário António Lai, antigo chefe de gabinete de Ho Chio Meng, foi um dos presentes. Apesar das ausências, os arguidos terão sido notificados. Segundo a informação transmitida pela juíza, Ho Chio Sun, irmão do ex-Procurador da RAEM, terá sido notificado através de correio registado para Taiwan. A carta foi recebida. No primeiro julgamento, concluído em Agosto de 2017, o irmão de Ho Chio Meng foi condenado a 13 anos de prisão, mas também não compareceu a qualquer sessão. Ausentes estiveram igualmente os empresários Wong Kuok Wai e Mak Im Tai. À juíza, Pedro Leal, advogado dos dois arguidos, admitiu desconhecer o paradeiro dos clientes. “Acredito que os dois arguidos se tenham ausentado de Macau. Estive reunido com eles há cerca de 20 dias, e presumo que se tenham ausentado”, respondeu, quando questionado pelo tribunal. “Não tenho qualquer justificação para as ausências”, acrescentou. Wong Kuok Wai e Mak Im Tai tinham sido condenados a 14 anos e 12 anos de prisão, respectivamente, mas foram colocadas em liberdade, após cumprirem dois anos de prisão preventiva. Por sua vez, Alex Lam foi ilibado de todas as acusações no primeiro julgamento, e a notificação para comparecer em tribunal terá sido enviada para o Interior da China. Segunda tentativa Sobre a repetição de parte do julgamento, e como este apenas visa os “contratos de serviços” atribuídos pelo Ministério Público, a juíza pediu que os requerimentos dos advogados fossem feitos por escrito. “Os doutores podem fazer requerimentos orais, mas se por escrito há mais tempo para o tribunal fazer a análise e responder”, foi justificado. O tribunal solicitou ainda a Paulino Comandante, advogado de António Lai, que fosse mais selecto nas testemunhas que pretende ouvir, uma vez que a causa da nova acção em tribunal apenas visa contratos de serviços atribuídos pelo MP, durante o período liderado por Ho Chio Meng. Na primeira decisão, António Lai foi absolvido de todas as acusações.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFM | Santa Casa recebeu mais de seis milhões no quarto trimestre Das entidades de matriz portuguesa e macaense contempladas com os apoios da Fundação Macau, a irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau surge em primeiro lugar, com mais de seis milhões de patacas atribuídos. Segue-se a Fundação da Escola Portuguesa de Macau, com quatro milhões A irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM) foi, do grupo de entidades de matriz portuguesa e macaense subsidiadas pela Fundação Macau (FM), a que mais dinheiro recebeu no quatro trimestre do ano passado. Os dados, divulgados ontem em Boletim Oficial (BO), apontam para a atribuição de mais de seis milhões de patacas, em três tranches de 3,8 milhões, 2,3 milhões e 537 mil patacas. Estes montantes foram atribuídos para apoiar o plano de actividades anual da SCMM, que inclui também uma parceria com a associação Bambu Artístico. Em segundo lugar, surge a Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM), que recebeu quatro milhões de patacas para custear o plano de actividades relativo ao ano lectivo de 2021/2022. No caso da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), que gere o jardim de infância D. José da Costa Nunes, o apoio foi, aproximadamente, de um milhão de patacas. Ainda no rol das entidades portuguesas e macaenses, destaca-se o apoio de 183 mil patacas atribuído à Casa de Portugal em Macau e o subsídio superior a dois milhões de patacas dado ao Instituto Internacional de Macau, pago também em três tranches de 1,9 milhões, 121 mil e 150 mil patacas. No quarto trimestre do ano passado, a Associação dos Macaenses recebeu 6.460 patacas e o Instituto Português do Oriente 152 mil patacas. Destaque também para o apoio de 63.270 mil atribuído à Associação dos Jovens Macaenses ou de 79 mil patacas para o Centro de Arquitectura e Urbanismo, fundado e dirigido pelo arquitecto Nuno Soares. Aposta na educação Olhando para a lista ontem divulgada, conclui-se que o dinheiro da FM foi aplicado sobretudo nas áreas da educação e turismo. Em termos gerais, a entidade mais subsidiada foi a Sociedade Anónima do Centro de Ciência de Macau, que recebeu mais de 122 milhões para aquisição de equipamentos e obras no interior do Centro de Ciência de Macau em 2021 e no corrente ano. A FM deu ainda um grande apoio às instituições do ensino superior, como é o caso da ajuda superior a 73 milhões de patacas dada à Fundação da Universidade da Cidade de Macau para despesas com actividades académicas, equipamentos e apoios escolares e plano de subsídio a estudantes ao ano lectivo 2020/2021. Já a Fundação Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, recebeu um total de 12.500.000 de patacas para o plano anual de 2018/2019 da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Hospital Universitário, Escola Internacional de Macau e Faculdade das Ciências de Saúde da Universidade. A Fundação Católica de Ensino Superior Universitário, que gere a Universidade de São José, recebeu quase cinco milhões de patacas, enquanto que a Universidade de Jinan, em Cantão, obteve mais de 6,3 milhões de patacas para as obras de construção de uma nova ala académica do campus do sul e edifício base de formação de quadros qualificados em direito de propriedade intelectual. Relativamente ao sector do turismo, a FM atribuiu 44.683.000 patacas para o programa “Passeios, Gastronomia e Estadia para Residentes de Macau”. Este subsídio foi pago em duas tranches, de mais de 23 milhões para a Associação das Agências de Viagens de Macau e de 21 milhões para a Associação das Agências de Turismo de Macau. Outra das entidades mais contempladas, foi a Associação de Beneficiência do Hospital Kiang Wu, que recebeu mais de 20 milhões de patacas para aquisição de equipamentos hospitalares.
João Luz Manchete PolíticaNomeações | IC e DSEDJ com nova presidente e novo director Leong Wai Man é a senhora que se segue ao leme do Instituto Cultural, sucedendo a Mok Ian Ian. Governo anunciou ainda que Kong Chi Meng é o novo director dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, depois de Lou Pak Sang se ter demitido O dia de ontem começou com o anúncio da nomeação de novos líderes do Instituto Cultural (IC) e da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Depois da saída de Mok Ian Ian da presidência do IC para o conselho de administração do Centro de Ciência de Macau, o lugar vago foi ontem atribuído por nomeação à anterior vice-presidente Leong Wai Man, segundo despacho publicado ontem em Boletim Oficial. A nomeação para o cargo de presidente do IC tem um período de um ano, a partir de 1 de Fevereiro. A responsável “possui competência profissional e aptidão para o exercício do cargo de presidente do Instituto Cultural, que se demonstra pelo curriculum vitae”, lê-se no despacho assinado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Licenciatura em Arquitectura pela Tunghai University e pós-graduada na mesma área pela University College London, Leong Wai Man entrou no IC em 2009 como técnica superior. Fazer escola Se a substituição de Mok Ian Ian no pelouro da cultura era uma certeza, a nomeação de um novo director da DSEDJ já foi mais surpreendente. O despacho fundamenta a nomeação de Kong Chi Meng na liderança da pasta da educação com “vacatura do cargo”, devido à apresentação de demissão do seu antecessor. Uma declaração, também publicada ontem no Boletim Oficial, refere que “Lou Pak Sang cessa, a seu pedido, a comissão de serviço no termo do seu prazo, como director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude”. Importa referir que no dia 23 de Dezembro o Comissariado contra a Corrupção divulgou o “Relatório de sindicância sobre a concessão de subsídios do Plano de Desenvolvimento das Escolas pelo Fundo de Desenvolvimento Educativo”, que apontou várias lacunas no “Regulamento de acesso ao financiamento do Plano de Desenvolvimento das Escolas” elaborado pelo Fundo de Desenvolvimento Educativo (FDE). Lou Pak Sang era o presidente do conselho de administração do FDE e, em resposta ao relatório afirmou que iria assumir as suas responsabilidades.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteHelena Cabeçadas, autora: “Macau é uma cidade sedutora” Sobrinha neta do Almirante Mendes Cabeçadas, Helena Cabeçadas, autora de “Macau – Uma Cidade Improvável”, viveu em Macau na década de 80, onde trabalhou nas áreas da toxicodependência e da saúde mental. Foi amiga do arquitecto Manuel Vicente e recorda um território onde a beleza e a repulsa andavam lado a lado. As memórias e as experiências são agora contadas no livro “Macau – Uma Cidade Improvável”, lançado em finais de Dezembro do ano passado Diz que este livro faz parte da sua geografia afectiva. Como surgiu este projecto? Este livro nasceu a partir de um conjunto de três livros que eu tinha escrito, e que considero como a minha biografia afectiva. Foram as cidades onde vivi, que me marcaram profundamente e alteraram a minha visão do mundo. O primeiro livro que escrevi foi sobre Bruxelas, onde vivi no final da minha adolescência. Estive exilada lá dos meus 17 aos 27 anos. Depois escrevi o livro sobre a minha infância em Moçambique, onde vivi dos oito aos dez anos, numa sociedade colonial. O terceiro livro foi sobre Filadélfia, onde trabalhei na área da droga e da toxicodependência, e em que me confrontei com uma cidade em decomposição, onde o racismo era muito forte. Foi também um choque cultural muito forte, que me marcou bastante. E depois Macau, onde vivi uns cinco anos e onde me confrontei com uma cultura completamente diferente que me marcou. Macau e a China foram um desafio para mim. Porque foi para Macau? Sempre me seduziu muito o Extremo Oriente. Em Bruxelas tinha procurado estudar o chinês e as religiões, e a hipótese de ir para Macau dava-me a possibilidade de desbravar esse mundo. Em 1983 fui requisitada pelo Governo de Macau e o meu marido foi trabalhar para a TDM. Não foi sempre fácil do ponto de vista profissional, o mundo da toxicodependência era muito fechado e muito masculino. Era pesado e dificilmente penetrável para um olhar ocidental e feminino. Quais eram os principais perfis de consumidores à época? Eram sobretudo consumidores de heroína, que era barata e de boa qualidade. O acesso era fácil. Por outro lado, havia uma tradição das casas de ópio, que só se tornaram ilegais em 1946. Ainda era uma tradição relativamente recente. Os mais velhos ainda estavam ligados ao ópio. Muitas vezes a iniciação dos mais novos ainda se fazia pelo ópio e depois partia para a heroína. Foi uma época em que a heroína se propagou muito na Ásia. As mulheres eram pouco consumidoras, e havia poucas mulheres terapeutas? Era um mundo muito masculino, e havia um registo mais prisional do que terapêutico, o que contrastava com aquilo que eu conhecia em Portugal e nos EUA. Éramos poucos terapeutas e funcionava como um grupo de guardas prisionais. Incomodava-me esse registo porque não estava de acordo com a minha visão [de abordar o problema], pois defendia a reabilitação. Em Hong Kong, em contrapartida, tinha contactos muito interessantes do ponto de vista profissional, porque fazia-se ali um trabalho que tinha mais a ver com a minha maneira de encarar esses problemas. A barreira da língua e da cultura também era muito grande, e o facto de ser mulher tornava as coisas mais difíceis. De todos os sítios onde esteve, Macau marcou-a mais, ou menos, e porquê? É uma pergunta difícil porque são idades diferentes. Em Moçambique era uma criança e em Bruxelas estava a descobrir o mundo, a Europa. Portugal era um mundo muito fechado, era o mundo do Estado Novo. Fugiu do regime quando foi para Bruxelas. Sim. Fui expulsa de todas as escolas do país. Fui presa com 16 anos e tive depois um processo disciplinar. Fazer o curso em Bruxelas permitiu-me contactar com outro mundo, tive colegas de todo o mundo. A Universidade Livre de Bruxelas era muito aberta e tolerante. Foi um desvendar de mundos. Quando fui para Macau, ou mesmo para Filadélfia, já era adulta. Em Macau foi-me lançado o desafio da cultura chinesa, de tentar decifrar aquele mundo. O que é muito difícil. A própria China estava a abrir-se ao mundo. Fui à China, onde as pessoas ainda se vestiam à Mao [tse-tung], não havia carros nem publicidade, só bicicletas, aos milhões. Era engraçado porque era um mundo muito diferente daquele que conhecíamos na Europa e até em Macau e Hong Kong. As raparigas tinham as fardas à Mao, mas já usavam saltos altos e batom, era o início de uma sociedade de consumo. Não senti miséria, mas havia pobreza. Essas viagens na China eram sempre mal vistas pelo poder, o país não gostava que os estrangeiros estivessem soltos, fora de uma excursão, sem guias. Macau era uma espécie de bolha, tínhamos a comunidade portuguesa, mas era uma sociedade cosmopolita. Muitas vezes tinha um pesadelo, o de estar fechada rodeada de guardas vermelhos que não me deixavam sair. Naquela altura ainda estávamos muito perto da Revolução Cultural, e a memória das pessoas ainda era muito forte em relação a esse período, que foi vivido de uma forma dramática em Macau, com o 1,2,3. Como era trabalhar na Administração portuguesa à época? Também dei aulas na Escola Superior de Enfermagem, foi engraçado porque tive contacto com jovens. Dava aulas de sociologia e antropologia, tive a oportunidade de organizar o curso, também na área da saúde mental. Tinha liberdade para organizar essa formação no Centro Hospitalar Conde de São Januário. Se no centro de recuperação de toxicodependentes tinha dificuldades e pouca liberdade para fazer o que queria, no hospital tive essa liberdade. Fiz um estudo preliminar sobre a criação de um centro de saúde no Fai Chi Kei e isso fez-me contactar com os Kaifong, os Operários. Isso ajudou-me a mergulhar no pensamento chinês e nas questões de saúde mental. Como era o panorama nessa altura em matéria de saúde mental? Ainda hoje é um assunto tabu no seio da comunidade chinesa. Na altura era mais difícil. Era complicado de abordar o problema, era como se não existisse. Mas nessa altura alguns psiquiatras portugueses procuraram também alterar a maneira de encarar essa questão e tentámos discuti-la com as pessoas. Contribuiu para abrir aquele mundo. De todos os elementos de Macau que estão no livro, qual foi o que mais a fascinou? Que experiência foi mais marcante? Acho que a própria existência da cidade é fascinante. É uma cidade improvável. Como é que no sul da China surgiu aquela cidade, longe de tudo? Como é que conseguiu afirmar-se, começar a existir e aguentar-se ao longo dos séculos? Houve um lado que também achei interessante, que é o facto de, no meio de tantas situações dramáticas que a cidade atravessou, Macau ter sido um importante centro de apoio a refugiados. Teve essa generosidade e gentileza, e isso torna-a numa cidade sedutora. Penso que é exemplar para os tempos que vivemos hoje em dia na Europa, com essa capacidade de absorver e receber apesar de estar fechada de tudo. Mas Macau oscilava entre o fascínio e a repulsa, havia uma grande beleza, como na Baía da Praia Grande, cheia de juncos, com uma vida intensíssima, e depois os cheiros nauseabundos, os ratos, as baratas. Depois havia o mundo macaense, mais próximo de nós, mas também complexo, um pouco impenetrável. Foi amiga do arquitecto Manuel Vicente, uma figura muito importante para Macau. Sim, foi padrinho da minha filha. Tenho muitas saudades dele, uma das pessoas mais fascinantes que conheci em Macau. Conhecia a região muito bem, tinha um humor extraordinário, contava histórias delirantes, inclusivamente sobre os diferentes governadores e as gafes que eles cometiam. A casa dele era um espaço de liberdade. Encerra-se, com Macau, os capítulos da sua geografia afectiva. Lisboa também faz parte disso, mas é uma cidade demasiado próxima e faz demasiado parte de mim. Não tenho um olhar distanciado que tinha em relação a Macau, Bruxelas ou Filadélfia. Tenho mais dificuldade em escrever sobre Lisboa.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong pode ficar em confinamento até 2024, prevê Câmara Europeia de Comércio A Câmara Europeia de Comércio em Hong Kong considera que a abordagem das autoridades locais à pandemia de covid-19 pode manter o território isolado até 2024 e potenciar uma saída em massa dos expatriados. De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita a versão preliminar de um relatório, Hong Kong, que tem as mesmas políticas de isolamento sanitário que Macau, deverá esperar que a China desenvolva uma vacina e imunize os seus 1,4 mil milhões de habitantes antes de abandonar as medidas restritivas em vigor. A reabertura pode acontecer no próximo ano ou no princípio de 2024, segundo o documento, que aponta que as empresas devem preparar-se para Hong Kong continuar “semifechado” às viagens internacionais. “Antecipamos uma saída de estrangeiros, provavelmente a maior que Hong Kong alguma vez viu, e uma das maiores, em termos absolutos, de qualquer cidade na região” na história recente, lê-se no relatório interno citado pela Bloomberg. De acordo com a Câmara, isso tornaria Hong Kong menos diversa e menos apelativa para as empresas internacionais, o que acabaria por limitar o contributo para o crescimento da economia chinesa, que recomenda que as multinacionais se preparem para ter escritórios regionais noutras cidades asiáticas em vez de na antiga colónia britânica. O aviso dos empresários europeus surge numa altura em que Hong Kong está a impor medidas de quase confinamento e com restrições de voos provenientes de oito locais, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, para conter a propagação da variante Ómicron. O território tem uma tolerância zero para os casos de covid-19, mesmo quando o número é baixo em relação aos padrões globais, e divergindo face ao ajustamento que o resto do mundo tem feito para viver com o vírus com um elevado nível de vacinação da população. Hong Kong, por exemplo, obriga a que os viajantes fiquem 21 dias em quarentena ao chegar ao território, o que dificulta a entrada dos executivos na cidade e torna mais difícil a contratação dos melhores profissionais, segundo a Bloomberg. O relatório, que explora vários cenários, foi criado para ajudar as empresas internacionais a prepararem-se para o futuro em Hong Kong, já que, como as restrições às viagens deverão durar pelo menos um a três anos, os negócios precisam de decidir como manter os talentos e os trabalhadores mais talentosos.
Hoje Macau Manchete SociedadeArte | Instituto Cultural rescinde com músicos das orquestras de Macau A medida afecta 84 membros da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau, através de despedimentos. O maestro Lu Jia terá sido despedido em Dezembro, mas só foi informado na semana passada. O IC garante que as orquestras vão passar a funcionar como empresas de capitais públicos O Instituto Cultural (IC) rescindiu contratos com todos os membros da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau. Numa posição citada pela LUSA, o IC garantiu que a partir de 1 de Fevereiro as duas orquestras vão continuar a funcionar, sendo transferidas para “uma sociedade de capitais públicos”. As rescisões dos contratos de mais de 80 pessoas devem-se a esta transferência, cujo objectivo, sublinhou o IC, é “acompanhar o desenvolvimento sustentável a longo prazo das duas orquestras”. A medida respeita as novas regras de organização e funcionamento do IC, publicadas em Novembro do ano passado, acrescentou. O regulamento administrativo eliminou uma alínea que atribuía ao IC a competência de “assegurar as condições necessárias à expansão e divulgação da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau”. Ainda de acordo com o IC, acredita-se que a constituição da sociedade das duas orquestras vai estar concluída “antes de 1 de Fevereiro”. Problemas laborais Um membro da Orquestra de Macau, que pediu para não ser identificado por temer represálias, disse à Lusa que a possível desvinculação das duas orquestras do IC foi mencionada pela primeira vez no início de 2020. Contudo, na altura não foi apresentado qualquer plano aos músicos, apesar de terem sido realizadas cinco reuniões para o efeito. De acordo com as páginas das duas orquestras na Internet, a Orquestra Chinesa de Macau, com 39 membros, tem 21 concertos marcados até ao final de Julho, e a Orquestra de Macau, com 45, tinha agendados 15. Mas, o músico disse que um concerto da Orquestra de Macau já foi cancelado e considerou que o mesmo deverá acontecer aos restantes porque o director musical Lu Jia “foi despedido em Dezembro, mas só soube na semana passada”. Lu Jia, que lidera a Orquestra de Macau desde 2008, confirmou já ter abandonado a região, com a secção sobre o director musical e maestro chinês, entretanto retirada da página na Internet da orquestra. O IC garantiu ainda que vai pagar uma indemnização aos músicos das orquestras, “de acordo com as respectivas leis e regulamentos administrativos”. O músico acrescentou que cerca de 25 membros não-residentes não terão direito a qualquer compensação, enquanto os residentes vão receber “até 250 mil patacas”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTrânsito | CPSP apela a pessoas em cadeira-de-rodas para evitarem estradas Na sequência do atropelamento de um homem que circulava no meio da estrada numa cadeira-de-rodas, várias imagens de situações semelhantes inundaram as redes sociais. A Associação de Apoio aos Deficientes de Macau pediu um limite ao número de cadeiras-de-rodas eléctricas O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) lançou um apelo para que as pessoas que utilizam cadeira-de-rodas eléctricas evitem circular na estrada. Segundo um comunicado, publicado nas plataformas digitais, quem recorre a esta assistência de mobilidade deve sempre circular no passeio. A posição foi tomada pelas autoridades ontem, depois de no domingo um homem de 74 anos, que circulava no meio da estrada com uma cadeira-de-rodas eléctrica, ter sido atropelado por um táxi. O vídeo tornou-se viral. De acordo com as explicações das autoridades, “os utilizadores das cadeiras-de-rodas devem respeitar as regras aplicadas aos peões”, o que significa que têm de “utilizar os passeios e as passadeiras, e que não devem circular com as cadeiras-de-rodas na via rodoviária”. O CPSP pediu também precauções acrescidas. “Os utilizadores de cadeiras-de-rodas devem respeitar a lei e circular em segurança, não só para se protegerem, mas também para proteger as outras pessoas na estrada”, foi escrito. O acidente levou à publicação nas redes sociais de vários vídeos e imagens de peões a circularem com cadeiras-de-rodas nas estradas de Macau. Nas dezenas de imagens reveladas é possível ver uma pessoa a circular na Ponte de Amizade, ou ainda um homem de cadeira-de-rodas que avança na passadeira, enquanto peões tentam atravessar a rua. Associação pede clarificação Além da polícia, a Associação de Apoio aos Deficientes de Macau veio a público exigir esclarecimentos sobre o estatuto das cadeiras-de-rodas, à luz das regras de trânsito. Ao Jornal Ou Mun, o presidente Vong Kuoc Ieng considerou que o Governo deve legislar sobre a utilização de cadeira-de-rodas, uma vez que a população está cada vez mais envelhecida e há tendência para recorrer a este meio de auxílio de mobilidade. Vong argumentou que é necessário limitar os tipos de cadeira-de-rodas eléctricas utilizadas em Macau, assim como estabelecer limites de velocidade, para proteger quem anda nos passeios. O presidente da Associação de Apoio aos Deficientes de Macau defendeu igualmente que é necessário restringir o acesso a esta forma de deslocação. De acordo com Vong, as cadeiras-de-rodas eléctricas são demasiado convenientes. No entanto, mostrou-se preocupado com os abusos que fazem com que muita gente circule nas estradas de cadeira-de-rodas, sem noções do código da estrada, e sem perceber a posição de fragilidade em que se encontra, no caso de colisões com outros veículos.
João Luz Manchete SociedadePortugal | Ordem dos Psicólogos estupefacta com declarações de Alvis Lo O director dos Serviços de Saúde de Macau, Alvis Lo, afirmou que os “conselheiros psicológicos” não fazem avaliação, diagnóstico e tratamento e têm uma função por vezes desempenhada por assistentes sociais, docentes e clérigos. Miguel Ricou, da Ordem dos Psicólogos Portugueses, mostrou-se perplexo com a visão antiquada do director dos Serviços de Saúde. Um responsável da Associação de Psicologia de Macau não quis comentar “Quase não merece comentários, porque não consigo perceber nem enquadrar a forma como é definida a psicologia, os psicólogos e a acção psicológica.” Foi desta forma que Miguel Ricou, presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses, começou por reagir a uma declaração de Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM) sobre apoio psicológico. Recorde-se que o dirigente dos SSM enquadrou os profissionais que prestam apoio psicológico (como é referido numa resposta a interpelação) como “conselheiros psicológicos”, que prestam serviços de aconselhamento. Alvis Lo argumentou que estes profissionais não reúnem condições para serem regidos pela lei de qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde, e têm de “prestar atenção ao âmbito da sua actividade, que não pode envolver actos médicos, tais como avaliação, diagnóstico clínico e tratamento médico”. A abordagem de Alvis Lo é encarada por Miguel Ricou como “corporativista e moralista sobre o que é a saúde, como algo que corresponde exclusivamente aos médicos e não a dimensão altamente global”. No fundo, um ponto de vista “assustador” em termos de gestão da saúde pública. Santíssima trindade Em termos científicos, o representante da Ordem dos Psicólogos esclareceu que os psicólogos, por natureza, não praticam actos médicos, mas actos psicológicos “claramente regulados por legislação”, “da mesma forma que um enfermeiro não faz actos médicos, mas actos de enfermagem”. Quanto à intervenção psicológica, internacionalmente estão estabelecidos métodos e práticas que balizam a trilogia “avaliação, diagnóstico e tratamento”, que Alvis Lo afirmou não estar no âmbito profissional dos psicólogos. Miguel Ricou esclareceu ao HM que “o psicólogo faz avaliação clínica estruturada, e muitas vezes auxilia o diagnóstico clínico do médico da área da saúde mental”. Aliás, a avaliação psicológica é um exclusivo da psicologia, muitas vezes solicitada por um médico, estipulada por protocolos de entrevista estruturados e um conjunto de elementos de avaliação, baseados cientificamente e reconhecido em tudo o mundo. O psicólogo, doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra esclarece que é com base na avaliação que se torna possível “quantificar e sistematizar os sintomas da saúde mental”. Em relação ao diagnóstico, verifica-se a mesma confusão conceptual. Como é natural, o psicólogo não faz um diagnóstico médico, mas psicodiagnóstico, ou seja, faz diagnósticos de perturbações mentais. “Aliás, quando chegamos às perturbações de personalidade normalmente elas são diagnosticadas pelos psicólogos”, indica Miguel Ricou. No que diz respeito ao tratamento médico, que na área psicológica costuma ser designado por psicoterapia, o representante da Ordem dos Psicólogos corrige a posição de Alvis Lo. “Isso também está errado, as próprias psicoterapias são realizadas por médicos e por psicólogos. É hoje consensual que as intervenções em doença mental, sobretudo no âmbito emocional, beneficiam de uma intervenção conjunta entre a psicologia e a psiquiatria.” Outros mundos Em relação à equiparação a assistentes sociais, docentes e clérigos, o representante da Ordem dos Psicólogos não tem dúvidas tratar-se de uma visão “claramente do início do século passado”, que “só demonstra o desconhecimento sobre o que é a psicologia”. Enquanto ciência recente da área da saúde, a psicologia conheceu um grande desenvolvimento a partir da segunda metade do século XX. “Claramente, todo o âmbito da intervenção que antes era vista como uma ajuda simpática para a pessoa aceitar a sua realidade, é hoje algo totalmente diferente, profissional e muito importante para o desenvolvimento das sociedades”, rematou Miguel Ricou. O HM contactou um dirigente da Associação de Psicologia de Macau, que analisou a resposta de Alvis Lo e decidiu não tecer qualquer comentário.
João Santos Filipe Manchete PolíticaJogo | Coutinho diz que população merece outra postura de Lei Wai Nong Lei Wai Nong não respondeu a questões de deputados sobre casinos-satélite. Cloee Chao acha que o secretário não estava preparado para o assunto que não foi abordado nas consultas públicas. Pereira Coutinho diz que o presidente da AL devia ter pedido respostas ao governante O debate sobre as alterações à lei do jogo ficou marcado pelo silêncio do secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, quanto à possibilidade de o regime ditar o fim dos casinos-satélite. Apesar da insistência de todos os deputados, o governante apenas referiu que abordaria o assunto na especialidade, em sede de comissão, onde a discussão é feita à porta fechada. Apesar da ausência de respostas, José Pereira Coutinho, deputado da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), acredita que a discussão foi eficaz para transmitir as opiniões da população sobre um assunto que não abordado na consulta pública. “Foi um debate que valeu muito a pena, mesmo sem respostas, porque ele ouviu muitas mensagens sobre uma proposta de lei que tinha coisas que nem estavam no documento de consulta”, afirmou Pereira Coutinho ao HM. “É um assunto muito importante, e basta ver a quantidade de deputados que participaram na discussão, para perceber as implicações da proposta para a sociedade. Os deputados representam vários quadrantes da sociedade de Macau”, acrescentou. José Pereira Coutinho acha que “a população merecia respostas às perguntas dos deputados”, mas que os membros da Assembleia Legislativa (AL) não controlam a vontade do secretário. “Não sou talibã com uma arma e explosivos para obrigá-lo a responder. Ele é que decide se responde. Mas, ouviu as mensagens dos deputados, que representam a população”, frisou. Apesar de respeitar a liberdade do secretário, a postura não passou sem críticas. “O secretário não pode sistematicamente responder que os assuntos devem ser discutidos à porta fechada nas comissões”, vincou. A postura de Kou Hoi In, presidente da AL, também mereceu reparos: “O presidente da Assembleia Legislativa tem de chamar o secretário à atenção, e explicar-lhe que ele não está a responder as perguntas que nos termos do regimento são todas legítimas”, lamentou. “Se não fossem perguntas legítimas, o presidente da AL não as autorizava, como fez muitas vezes no passado comigo, dizendo que são assuntos para serem discutidos na especialidade”, justificou. Desconhecedor da causa Na óptica de Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau pelos Direitos dos Trabalhadores de Jogo, Lei Wai Nong terá fugido às questões dos deputados por não estar preparado para o debate. “Quando foram organizadas as sessões de consulta pública, nunca ninguém falou neste novo modelo para os casinos-satélite. Por isso, a população nunca teve consciência que a lei podia acabar com estes casinos no futuro, e o assunto não foi abordado”, começou por ressalvar ao HM. “Se tivermos em conta que o tema nunca tinha sido discutido nas consultas públicas, talvez o secretário Lei Wai Nong também não tivesse informações”, acrescentou. Por outro lado, a representante da associação de direitos laborais do sector, acredita que Lei Wai Nong terá desvalorizado o debate na Assembleia Legislativa, por considerar que tem tempo para lidar com a questão. “Acredito que o Governo tem confiança que ainda pode resolver o assunto dos casinos-satélite dentro dos próximos quatros e que não viram este assunto como tão urgente”, ponderou. As contas de Cloee Chao assumem que a lei vai demorar cerca de um ano a ser aprovada e a entrar em vigor, acrescida de três anos, o prazo sugerido para que os edifícios em que operam os casinos satélites sejam vendidos às operadoras ou encerrados. Contudo, a representante da Associação Novo Macau pelos Direitos dos Trabalhadores de Jogo lamentou a postura adoptada, e recordou que se está a falar no futuro de 20 casinos satélites que incluem 930 mesas do jogo, que por sua vez empregam directamente 7 mil funcionários, só na área ligada ao jogo. Segundo Cloee Chao, o número sobe para 10 mil empregados, se forem incluídas as pessoas que trabalham em restaurantes e lojas nas imediações destes casinos.
Hoje Macau Grande Plano MancheteUcrânia | China desmente notícia de que o conflito estaria a afastar Moscovo e Pequim Com os EUA e o Reino Unido a ordenar às famílias dos funcionários da embaixada em Kiev que partam da Ucrânia e a autorizar o pessoal a partir no domingo, os receios de guerra aumentam devido à alegada “invasão iminente” da Ucrânia por parte da Rússia. A crise na Ucrânia tem causado o aparecimento de algumas notícias, nomeadamente entre alguns meios de comunicação social ocidentais, incluindo a Bloomberg, segundo as quais o conflito pode afectar a confiança mútua China-Rússia. Para os chineses, isto reflecte a “má intenção” das forças ocidentais que tentam instigar divergências entre Pequim e Moscovo, disseram analistas. Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês refutou um relatório da Bloomberg que afirmava que o líder chinês tinha alegadamente “pedido ao Presidente russo Vladimir Putin que não invadisse a Ucrânia durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022”. “O relatório foi puramente feito do nada. Procura não só difamar e perturbar as relações China-Rússia, mas também perturbar e minar deliberadamente os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Um truque tão desprezível não pode enganar a comunidade internacional”, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, numa conferência de imprensa. A Embaixada chinesa na Rússia também refutou o relatório, afirmando numa declaração enviada à agência noticiosa russa TASS no sábado que a notícia “é um embuste e uma provocação”. A embaixada observou que a posição da China sobre a questão ucraniana é consistente e clara. No domingo o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo rejeitou igualmente o que descreveu como “desinformação” da Grã-Bretanha, como informou a AFP, depois de Londres ter acusado Moscovo de trabalhar para instalar um líder pró-russo na Ucrânia à medida que as tensões aumentavam. “A desinformação circulada pelo governo britânico é mais uma indicação de que são os membros da OTAN liderados pelas nações anglo-saxónicas que estão a aumentar as tensões em torno da Ucrânia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num tweet. “Forçado a reagir” “O impasse militar na fronteira ucraniana atingiu um ponto muito perigoso”, disse Yang Jin, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos, da Europa Oriental e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Ninguém quer escalar a crise para uma guerra, mas os conflitos podem ser facilmente desencadeados por acidentes, e é difícil prevenir totalmente os acidentes no impasse intenso”, observou Yang. “A China sempre esperou que a Rússia e os EUA pudessem resolver o problema sobre a Ucrânia através do diálogo, e esta posição não irá mudar”, disse Yang. Mesmo que ocorram alguns conflitos nos próximos dias, é pouco provável que seja a Rússia a iniciar provocações, uma vez que Moscovo apoiou anteriormente a Trégua Olímpica aprovada pela ONU durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, enquanto alguns países como os EUA, o Reino Unido e a Austrália se recusaram a assiná-la. Entretanto, as relações entre os EUA e os membros da UE divergem. Os peritos disseram que as divisões profundas dentro da Europa estão a tornar difícil para a UE agir como mediador das actuais tensões. Os ministros dos negócios estrangeiros da UE reuniram-se em Bruxelas na segunda-feira apelando a uma “desescalada” da situação em torno da Ucrânia. O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, disse que a UE não seguirá a iniciativa dos EUA de retirar pessoal e famílias da embaixada na Ucrânia, mas “todos os membros da UE estão unidos”, e estão a mostrar uma unidade sem precedentes sobre a situação na Ucrânia, informou a AP. No meio de tensões crescentes, o Ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse que o seu país tinha recebido uma segunda remessa de armas dos EUA como parte da ajuda à defesa no total de 200 milhões de dólares, informou a Reuters no domingo. A Europa “não é uma placa de ferro” A falta de unidade no seio da UE é também evidente na crise da Ucrânia, e a recente demissão do chefe da marinha alemã Kay-Achim Schonbach pelos seus comentários “pró-Rússia” expôs as profundas divergências no seio do Ocidente sobre questões de segurança regional, observaram os analistas chineses. Schonbach demitiu-se após ter dito a um grupo de reflexão durante a sua visita à Índia na sexta-feira que Putin “provavelmente” merecia respeito, e que a Crimeia “desapareceu” e “nunca mais voltaria” à Ucrânia, argumentando a favor da cooperação com a Rússia para conter a ascensão da China. Algumas reportagens dos media descreveram os comentários como um incidente diplomático sem precedentes, e o governo alemão distanciou-se dos comentários de Schonbach, segundo o Deutsche Welle. “Muitos dos países europeus querem a paz com a Rússia, ao contrário dos EUA”, disse Yang. “Só os EUA querem o caos”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFMI | Previsões de crescimento do PIB na ordem dos 15 por cento O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 15 por cento este ano, apesar de “ainda demorar tempo até que haja um regresso a níveis pré-pandemia”. Este crescimento dever-se-á a um regresso gradual dos turistas estrangeiros e por uma maior procura interna, embora o FMI preveja que o PIB só deverá crescer para níveis pré-pandemia a partir de 2025. No próximo ano, a economia local deverá ter um crescimento na ordem dos 23 por cento graças às novas licenças de jogo e a uma maior integração do território no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O FMI aponta, no entanto, que “apesar do forte apoio fiscal e da almofada financeira que os casinos representaram em termos de emprego e consumo, a queda acentuada da sua actividade expôs as vulnerabilidades de Macau a forças externas que têm vindo a afectar o fluxo de turistas”. Há ainda “preocupações a longo prazo” relacionadas com a “elevada exposição” a choques causados pela pandemia. “A previsão de riscos a curto prazo inclui uma nova intensificação da pandemia da covid-19 e um aumento do stress do sector financeiro de Macau”, destaca o FMI. O documento dá ainda conta que “o forte impacto da pandemia no crescimento de Macau aumentou a necessidade de uma diversificação económica além da indústria do jogo”. Os analistas do FMI acreditam que as autoridades deveriam vocacionar melhor as medidas fiscais adoptadas em prol de “grupos [sociais] vulneráveis e criação de emprego, a fim de promover a recuperação e inclusão”. Além disso, “um investimento adicional em cuidados de saúde, educação e infra-estruturas vai responder a procuras imediatas, à medida que vai facilitando a diversificação da economia e mitigar riscos a médio prazo”. Olha a bolha Ainda sobre a diversificação económica, o FMI denota que tal objectivo “vai exigir esforços concertados na atracção de talentos e profissionais qualificados, na resolução de lacunas em termos de infra-estruturas físicas e digitais e no reforço da eficiência das instituições públicas e na agilização das regulações de mercado”. O relatório não deixa de fazer menção ao perigo de uma bolha imobiliária na China, mais visível depois da exposição da enorme dívida do grupo Evergrande. “Uma cooperação com a China em matéria de supervisão deverá minimizar possíveis repercussões do stress originado pelo sector do imobiliário no continente”, lê-se. Apela-se, por isso, às autoridades de Macau para o “reforço da monitorização de riscos em matéria de dívida e reforço de medidas de insolvência e resolução de divida”, sendo que uma reestruturação de cenários poderia “aliviar as vulnerabilidades do sistema financeiro e apoiar a recuperação”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmprego | DSAL coloca uma média de 87 pessoas por mês na construção Nos últimos 12 anos, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais conseguiu arranjar emprego para 1.043 pessoas, entre 4.923 interessados. A taxa de colocação é de 21,2 por cento. A DSAL promete um Executivo comprometido com o investimento nas obras públicas para criar emprego No último ano, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) diz ter contribuído para que 1.043 trabalhadores encontrassem trabalho no sector da construção civil. Os números, adiantados ontem, revelam que a taxa de colocação é de 21,2 por cento, ou seja, uma média de 87 pessoas por mês. De acordo com os valores apresentados, “nos últimos dozes meses”, a DSAL contactou 4.923 que tinham mostrado interesse em trabalharem no sector da construção civil. Entre estas quase 5 mil pessoas, 1.043 foram efectivamente contratados para “profissões de auxiliar da construção civil, carpinteiro de cofragem, electricista, pintor e estucador”. Os dados da DSAL explicam também que entre os 4.932 interessados, quase metade não conseguiu sequer chegar à fase de entrevistas, apenas 2.481 alcançaram a fase intermédia de contratação. Ainda entre os que ficaram foram das entrevistas, foi explicado que em 78 por cento das situações tal se deveu “principalmente ao facto de não terem sido aprovados no teste de técnicas ou terem desistido do mesmo”. Entre os motivos mencionados anteriormente, houve quem não concordasse com a remuneração oferecida ou com as condições de trabalho. Promessa de melhorias Apesar dos resultados apresentados, a DSAL promete ir fazer mais, estudar melhor as condições actuais no terreno e perceber as falhas no mercado da mão-de-obra que podem ser colmatadas. Por isso, a DSAL prometeu manter uma comunicação com os serviços das obras públicas e com as empresas para que se obtenham “conhecimentos sobre o andamento das obras de diferentes projectos da construção civil e a necessidade de recursos humanos dos diferentes tipos de trabalho, bem como recolher dados sobre as vagas com nível salarial correspondente ao actual mercado de trabalho”. Esta postura foi ainda justificada com o desejo de “realizar, dentro de um curto período de tempo, o emparelhamento profissional dos trabalhadores locais com necessidade de emprego”. No mesmo comunicado, a DSAL recordou a política de Ho Iat Seng de investir nas obras públicas para gerar empregos para os locais. “Desde o surto da epidemia, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau, mediante o aumento do investimento em infra-estruturas e da procura interna, impulsionando o desenvolvimento do sector da construção, tem proporcionado mais oportunidades de emprego”, foi acrescentado.