Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | André Couto conta voltar às pistas este ano Apesar de estar afastado das pistas desde Maio do ano passado, André Couto ainda não poisou o capacete e espera voltar à competição esta temporada. Embora não tenha ainda nada “preto no branco”, o piloto português não esconde que gostaria de regressar ao Japão e está atento ao que se passa na China A temporada de 2021 do vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000 foi fortemente prejudicada pela pandemia e resumiu-se às duas primeiras provas da Taça Porsche Carrera Ásia com a Toro Racing. Couto tinha alinhavado tripular um dos Mercedes AMG GT3 da Toro Racing no Campeonato da China de GT, todavia tal acabou por não se concretizar, pois, após os adiamentos sucessivos no arranque do campeonato, a equipa de Xangai decidiu apenas realizar a prova de abertura em casa com pilotos locais. A Toro Racing tinha guardado o seu melhor Mercedes AMG GT3 para Couto competir no Grande Prémio de Macau, o carro que Luo Kai Luo levou ao terceiro lugar da Taça GT Macau, no entanto, o piloto do território teve que abdicar do lugar por razões de ordem pessoal e não foi em 2021 que regressou à sua prova favorita. “Fui aconselhado a não correr no Grande Prémio, mas felizmente está tudo bem e posso voltar às pistas sem preocupações”, esclareceu Couto ao HM. “Foi uma pena não ter participado, mas quero acreditar que novas oportunidades irão aparecer no futuro”. Neste momento, o Japão e a China são as melhores possibilidades para Couto prosseguir uma carreira que começou no karting em Coloane. Japão ainda é hipótese Depois de mais de uma década, com bastante sucesso, no Japão, o piloto de Macau ainda não foi esquecido no país do sol nascente. Couto mantém a proximidade com a JLOC (Japan Lamborghini Owners’ Club), a equipa com quem deveria competir em 2020, quando a pandemia o obrigou a mudar de planos, e acredita que uma porta ainda se pode voltar a abrir no Super GT. “Tenho estado em contacto com a minha anterior equipa. Devido à incerteza nas fronteiras, optámos por esperar. Eles já definiram os seus pilotos para 2022, os mesmos da temporada passada, mas existe a possibilidade de poder entrar a meio da época se os resultados não forem muito positivos”, explicou o ex-campeão da categoria GT300. “Eles chegaram a falar comigo no ano passado e até estava tudo bem encaminhado para eu substituir um dos pilotos japoneses, mas não foi possível obter o visto de entrada”. Depois de ter competido em monolugares e carros de GT no Japão, Couto continua a guardar o Super GT no coração. “É um campeonato muito forte”, diz o piloto, e “que me dá uma motivação para correr”. Quarentenas não ajudam Mesmo com a pandemia ainda a atrapalhar um pacífico desenrolar do automobilismo na China, Couto não vira a cara a um programa desportivo do outro lado das Portas do Cerco, porém reconhece que “ainda não me mexi muito”, optando por aguardar “para ver os calendários e os projectos das equipas que só agora começam a definir o que vão fazer nas corridas de GT”. A medidas impostas na prevenção e controlo da COVID-19 são actualmente um obstáculo para os desportistas que tenham que passar a fronteira com alguma regularidade. “O cenário das quarentenas torna complicado correr na China, pois de um momento para o outro podes ter de ficar preso por tempo indeterminado onde estás e impedido de regressar a casa. No ano passado recebi várias propostas para fazer corridas na China, mas nem sempre era sequer possível de as concretizar”. Igualmente atractivo para Couto era retornar ao GT World Challenge Asia, competição que esteve parada dois anos e que espera voltar em 2022 com corridas na Malásia, Japão e Indonésia. Contudo, mais uma vez, se as restrições nas fronteiras não forem aliviadas, tal é praticamente inexequível.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Receitas de Fevereiro aumentaram 22,3% face a Janeiro As receitas da indústria do jogo aumentaram em Fevereiro 6,1 por cento, em comparação com o mesmo mês de 2021, totalizando 7,759 mil milhões de patacas. Ainda assim, acumulando os dois primeiros meses deste ano, as receitas foram menores face ao mesmo período de 2021 devido aos fracos resultados de Janeiro Com Lusa As receitas da indústria do jogo em Macau cresceram 6,1 por cento em Fevereiro, em relação a igual período de 2021, indicam dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). As receitas do segundo mês de 2022 atingiram 7.759 milhões de patacas, valor substancialmente superior ao registado em Janeiro (+22,3 por cento), quando as receitas foram de 6,34 mil milhões de patacas. Apesar dos resultados positivos em Fevereiro, somadas as receitas acumuladas dos primeiros dois meses de 2022, as concessionárias arrecadaram menos 8 por cento, muito devido à queda de receitas verificada em Janeiro, quando a descida se situou em 20,9 por cento. Recorde-se que os casinos de Macau terminaram o ano passado com receitas de 86,8 mil milhões de patacas, valor que representou um aumento de 43,7 por cento em relação ao ano anterior, mas ficaram muito distantes dos verificados no período pré-pandemia. Em 2019, o território recebeu quase 40 milhões de visitantes e as receitas dos casinos foram de 292,4 mil milhões de patacas. Leitura de números Numa nota emitida ontem, os analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) interpretam os resultados como o reflexo da recuperação das receitas brutas do segmento de massas para 48 por cento dos níveis pré-pandémicos. Em contrapartida, o segmento VIP fixou-se em cerca de 5 por cento do volume de negócios verificado antes da pandemia. Neste sector, os analistas da JP Morgan acrescentam que as receitas amealhadas em Fevereiro resultaram de jogadores VIP directamente geridos pelos casinos, em vez de serem angariadas através de créditos cedidos por junkets. “Contudo, a questão é saber quão sustentável será este nível de procura nos próximos meses, tendo em conta o aumento de casos de covid-19 no Interior da China, em particular na província de Guangdong, de onde é proveniente a maioria dos visitantes de Macau”, considera a consultora, citada pelo portal GGRAsia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIPIM | Irene Lau afirma que Jackson Chang é “um bom patrão” A ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau deixou elogios em tribunal a Jackson Chang A ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Irene Lau, elogiou ontem Jackson Chang, ex-presidente da instituição, que está a ser julgado pelos crimes de corrupção passiva e abuso de poder. Chamada a testemunhar, Irene Lau, que foi uma das ‘vices’ da presidência de Chang, recusou interferência nas decisões do superior, mas reconheceu que este era “um bom patrão”. Irene Lau foi questionada pelo Ministério Público sobre a razão de, como presidente do IPIM, ter decidido tornar confidencial a divulgação do sistema de pontuação para os processos aquisição de residência por investimento. Na tese da acusação, Jackson Chang divulgou critérios ao empresário Ng Kuok Sao, a troco de benefícios, como “lai sis” e relógios. Na resposta, Lau admitiu, ter definido alguns critérios, que tornou confidenciais, mas reconheceu que Jackson Chang, na condição de presidente, podia ter tomado uma decisão diferente. “Eu não discutia com o Jackson Chang as medidas que ele adoptava para o departamento de fixação de residência. Não eram questões da minha competência”, disse Irene Lau. “Não sei como era o modo de proceder dele, se revelava ou não as informações, porque não era responsável por esse departamento. Sei que não devia interferir nas decisões dele. Ele é que era o presidente”, acrescentou. Sobre a conduta de Jackson Chang, Irene Lau confessou haver vários aspectos que desconhecia, porque as suas funções não faziam com que tivesse de ser informada, mas deixou uma garantia: “Tenho a certeza de que ele é um bom patrão”, realçou duas vezes. A esposa do empresário Tommy Lau recusou também fazer qualquer julgamento sobre se Jackson Chang tinha falhado as obrigações, como funcionário público. “Vocês é que decidem, não sou eu”, respondeu ao juiz presidente do colectivo. Pés de barro O resto da manhã de ontem foi ocupada pela defesa de Crystal Chang, filha do ex-presidente do IPIM, que tentou desconstruir a acusação do crime de corrupção passiva. Segundo o investigador do CCAC, de apelido Chan, a corrupção passiva aconteceu quando Crystal Chang recebeu uma participação de 10 por cento a empresa San Fung Yu, criada pelo empresário Ng Kuok Sao. Este teria sido o “pagamento” para Jackson Chang, através da filha, a troco de informações sobre o processo de residência. Contudo, os registos comerciais não mostram que a participação tenha sido efectivamente colocada em nome da filha de Jackson Chang. O investigador Chan mencionou também as trocas de mensagens entre Crystal e a mãe, sobre a necessidade de comentar a participação da empresa “com o pápi”. Porém, o investigador não conseguiu garantir que a conversa tenha mesmo acontecido. “Ela disse que tinha de perguntar ao pápi e depois não temos mais informações, porque não havia mais informações no telemóvel”, reconheceu. Chan considerou também que o facto de haver uma foto de um cartão em que Crystal Chang aparece como “gerente” da empresa era outra prova do envolvimento. No entanto, não conseguiu esclarecer porque no cartão aparece gerente e não sócio-gerente.
Pedro Arede Manchete PolíticaZhuhai | Mulher que acusou positivo impedida de entrar em Macau A mulher que testou positivo à covid-19 em Zhongshan está impedida de entrar em Macau durante um ano. Segundo Wong Sio Chak, a mulher usou o visto de visita familiar para fazer contrabando. Quanto à lei de segurança nacional, o secretário reiterou que o projecto de revisão estará concluído até ao final do ano A mulher que acusou positivo para a covid-19 na vila de Tanzhou (Zhongshan) e que se cruzou várias vezes a fronteira entre Macau e Zhuhai entre 22 e 27 de Fevereiro, foi interdita de entrar na RAEM durante um ano. A decisão do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) foi conhecida ontem pela voz do secretário para a Segurança Wong Sio Chak. Isto, depois de a detecção do novo caso positivo na segunda-feira ter levado à testagem de cerca de oito mil pessoas que moram e trabalham na zona das Portas do Cerco e à suspensão das aulas em 46 escolas. Em causa, está o facto de a mulher ter aproveitado o visto de entrada em Macau para visitar família, para contrabandear produtos provenientes do Interior da China no território. “A pessoa em questão, está qualificada para entrar em Macau para visitar a sua família (…) o que permite ir e vir a Macau várias vezes. Essas pessoas devem permanecer em Macau e não sair logo. O CPSP vai interditá-la de entrar em Macau durante um ano. Para situações semelhantes iremos tomar a mesma medida”, apontou ontem Wong Sio Chak à margem de uma reunião da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. O secretário acrescentou ainda que, segundo a lei, é esta a penalidade prevista para estes casos e que, apesar de ser possível detectar facilmente movimentos suspeitos nas fronteiras, “cada pessoa tem as suas razões” e pode fazê-lo legalmente, quer seja por razões de trabalho ou para levar os filhos à escola. “Não podemos saber o que todas as pessoas estão a fazer”, acrescentou. Em progresso Questionado sobre o andamento dos diplomas complementares relativos à lei da segurança nacional, Wong Sio Chak reiterou a intenção de fazer uma consulta pública sobre a matéria após a sua conclusão, que deverá acontecer ao longo de 2022. No entanto, a calendarização está também dependente da situação epidémica, acrescentou o secretário. Sobre a nova lei do jogo, Wong Sio Chak afirmou “não conhecer muito bem o seu conteúdo”, mas que pode haver alguns riscos para a segurança nacional. “A meu ver, o risco não é muito grande relativamente à segurança nacional, mas não podemos dizer que não existe risco”, apontou. Em relação à possibilidade de abrir as fronteiras de Macau a estrangeiros, o secretário diz que essa é a vontade de todos, mas que a actual situação pandémica, agravada pelo aumento de casos em Hong Kong, não permite, para já, “ter essa ponderação”. “Toda a gente pretende a abertura de fronteiras para que os estrangeiros possam entrar em Macau, mas se a situação epidémica não estiver atenuada não vamos ter essa ponderação. Muitas regiões têm visto o número de casos aumentar, principalmente em Hong Kong, onde o sistema hospitalar já não aguenta. Portanto, não é fácil abrir fronteiras. Isto apesar de a economia de Macau estar dependente do turismo”, explicou Wong Sio Chak.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAPN | Representantes locais focados em Hengqin antes de reuniões O desenvolvimento da zona cooperação aprofundada em Hengqin é a prioridades dos delegados da RAEM em vésperas das sessões da Assembleia Popular Nacional. Ng Sio Lai pede melhorias nos cuidados de saúde, depois de queixas arrasadoras sobre o Hospital de Hengqin O desenvolvimento da Ilha da Montanha e a necessidade de fazer com que os serviços recuperem do atraso face à zona de Macau são as principais preocupações dos representantes locais na Assembleia Popular Nacional (APN). As declarações foram prestadas ontem, por vários membros de Macau na APN ao Jornal Ou Mun. Uma das pessoas que alertou para o atraso da zona da Ilha da Montanha foi Ng Sio Lai, principalmente ao nível dos cuidados médicos. De acordo com a representante da União Geral das Associações dos Moradores de Macau são frequentes as queixas dos residentes de Macau para a ausência deste tipo de cuidados no outro lado da fronteira. Segundo Ng Sio Lai, não só faltam equipamentos e espaços de saúde, como os existentes no Hospital de Hengqin servem pouca gente e deixam muito a desejar em termos de qualidade, levando os residentes a dependerem dos cuidados prestados em Macau. Por outro lado, a representante dos Moradores indicou que a oferta de transportes é insuficiente a nível de autocarros e que a passagem dos veículos na fronteira é demasiado demorada. De acordo com Ng, durante as horas de ponta, um veículo com matrícula dupla pode levar mais de uma hora a atravessar a fronteira. Ng Sio Lai deixou assim o desejo de que o assunto seja abordado nas reuniões magnas e que sejam adoptadas medidas para facilitar a circulação de capitais entre Macau e Hengqin, mesmo que seja apenas para residentes da RAEM. Pedida nova Lei Por sua vez, Tina Ho, irmã do Chefe do Executivo, desejou a criação em breve de legislação para a zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Segundo a membro da Associação Geral das Mulheres, a lei tem de ser inspirada nas pretensões de Xi Jinping para ter impacto positivo e contribuir para o bem-estar da população, através da zona de cooperação aprofundada. Tina Ho apontou ainda que a lei tem de aliviar restrições para residentes de Macau que desejam entrar na Ilha da Montanha, não só para fazer negócios, mas para estudar e morar num ambiente “mais conveniente”. Por seu turno, o empresário Kevin Ho deixou a esperança de que a Grande Baía possa concretizar o objectivo nacional da neutralidade carbónica, e que o projecto da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin seja concretizado com reduzidas emissões de carbono. Nesse sentido, sugeriu que a zona seja um teste para todo o país. No mesmo sentido, Kevin Ho defende que Macau pode ser uma janela internacional para as empresas na zona de cooperação aprofundada procurarem financiamento.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteTurismo | Pandemia afasta chineses das viagens internacionais a curto prazo Um estudo da consultora Mckinsey & Company revela que os turistas chineses continuam a manter o interesse em viajar para o estrangeiro, apesar de não estarem a planear visitas a curto prazo. Mais de 80 por cento dos turistas pretende visitar destinos com menos casos de covid-19. As restrições que vigoram em Macau são um dos exemplos apontados como tendo um imediato impacto nas viagens Os turistas chineses continuam a ter vontade de sair do país e viajar pelo mundo, mas em tempos de pandemia a precaução continua a ser palavra de ordem. As viagens domésticas são agora uma opção mais comum. Em termos gerais, é expectável uma tendência de “períodos emergentes de suspensão na procura de viagens, seguidos de uma rápida recuperação”. Estas são algumas das conclusões do mais recente estudo da consultora Mckinsey&Company, intitulado “Outlook for China Tourism in 2022: Trends to watch in uncertain times” (Panorama para o turismo na China em 2022: Tendências a observar em tempos de incerteza)”. Este trabalho é o resultado de cinco rondas de inquéritos realizados nos meses de Abril, Maio e Agosto de 2020, bem como Janeiro e Outubro do ano passado. O objectivo do estudo, elaborado por Guang Chen, Steve Saxon, Jackey Yu e Cherie Zhang, foi analisar as percepções dos turistas chineses e padrões de consumo. Uma das conclusões aponta para o facto de “os viajantes chineses expressarem vontade de viajar, tanto no país como no estrangeiro”. “Mesmo com restrições nas viagens internacionais, e com a percepção de que viajar para fora não é seguro – a maioria dos inquiridos não planeia viagens internacionais a curto prazo – o estudo mostra que continua a existir um forte interesse nos destinos internacionais”, pode ler-se. Olhando para os números, 24 por cento dos inquiridos “revela vontade de viajar para destinos da APAC [Ásia-Pacífico]”, tal como países do sudeste asiático ou Japão, incluindo Rússia e Europa. Estes são apontados como “os destinos internacionais mais desejados”. Obviamente, os inquéritos foram conduzidos antes do conflito armado resultante da invasão da Ucrânia, assim como a divulgação dos resultados. Além disso, 86 por cento dos participantes nos inquéritos aponta que, “para viajar para o estrangeiro, querem que o número de casos de covid-19 nos países de destino se aproximem de 0”. Este é, aliás, um dos três factores mais importantes apontados para viajar. No entanto, os autores da investigação ressalvam: “Uma vez que o mundo está a ajustar-se à covid-19 endémica com novas variantes, parece pouco provável que este cenário venha a ser uma realidade num futuro próximo.” O fim da quarentena é o segundo factor mais importante para que os chineses tenham vontade de viajar, com 84 por cento das respostas a irem nessa direcção. O estudo elaborado pela Mckinsey & Company descreve que “são vários os factores que afectam a disposição [dos turistas chineses] de viajarem para o resto do mundo”. “Uma vez que as políticas anunciadas pela China continuam a atrasar a abertura [das fronteiras] ao mundo, espera-se que as viagens de lazer para fora continuem a ter uma lenta recuperação”, acrescenta-se. O panorama do sul Os autores da pesquisa de turismo apontam o caso de Macau como um exemplo de como as medidas restritivas para travar a ocorrência de infecções de covid-19 podem influenciar a vontade de viajar. “Quando a situação da covid-19 estabilizou, sem novos casos em Macau ou exigência de quarentena para turistas oriundos de zonas de baixo risco, o número de turistas recuperou para 50 por cento dos níveis pré-pandemia. No período do surto de covid-19 em finais de Setembro e inícios de Outubro, em Macau, cerca de mil turistas viajaram para Macau por dia. Em Outubro, o número chegou aos 20 mil por dia e atingiu o pico de 30.500 num só dia em finais desse mês.” O recente surto em Hong Kong, que parece não dar sinais de abrandar, é também um exemplo apontado como o panorama da covid-19 pode ser imprevisível. “Recentemente, parecia que Hong Kong seria o próximo destino a abrir [fronteiras], devido ao baixo número de casos de covid-19. No entanto, o percurso [da pandemia] é difícil de prever e o recente surto trouxe uma nova complexidade ao processo de reabertura de fronteiras.” Viajar cá dentro Com incertezas em relação às viagens para o estrangeiro, os turistas chineses parecem estar a apostar em passeios dentro do país, apesar da ocorrência de surtos esporádicos “terem afectado a confiança nas viagens domésticas”. “Um recente inquérito da Mckinsey indicava que o ressurgimento de viagens domésticas poderia ajudar a apoiar a recuperação da indústria do turismo na China, mas com a ocorrência de surtos esporádicos, a confiança nestas viagens tem sido afectada”, lê-se. O estudo exemplifica que “em Outubro de 2021 apenas dois por cento das pessoas planeavam viajar nos próximos dois meses”, mas em comparação com os resultados deste novo inquérito, “parece que os surtos de covid-19 suspenderam o desejo de viajar por mais de dois meses”. Há, no entanto, “um previsível padrão de recuperação” nesta matéria, ainda que ocorram algumas flutuações. “Actualmente, 42 por cento dos inquiridos planeia viajar na China na sua próxima viagem de lazer, enquanto que 26 por cento destas viagens envolve voos com mais de três horas.” Outro indicador que releva uma tendência padronizada é que as viagens às cidades natal dos inquiridos surgem como a primeira escolha. “Esta preferência constitui uma oportunidade para as empresas de turismo atraírem a procura nas cidades, providenciando experiências em linha com aquilo que os viajantes procuram nesse período”, aponta o estudo. O desejo por viagens de lazer, com visitas a locais históricos e patrimoniais registaram um aumento de 39 para 44 por cento e “são agora a segunda actividade mais procurada”, indo além das viagens a destinos de praia ou resorts, embora estes “se mantenham populares”. Fazer compras ou viagens gastronómicas deixaram de estar no top 5 das principais preferências dos turistas chineses. A procura de destinos ao ar-livre, com bonitas paisagens, “mantém-se [a escolha] mais popular”, conclui este inquérito. Em matéria de consumo, a confiança “está a crescer”, estando agora “no nível mais alto desde o início da pandemia”. O estudo descreve que “em Fevereiro de 2020 a confiança no consumo era de 43 por cento, sendo que em Outubro 67 por cento dos inquiridos indicaram acreditar que a economia chinesa poderia recuperar num espaço de dois a três meses”. Os dados mais recentes mostram ainda que cerca de sete em cada dez consumidores na China têm uma “visão optimista” em relação ao retorno económico do país.
Hoje Macau Entrevista MancheteAntónio Izidro: “Acho interessante a ideia de estabelecer um paralelo entre Li Bai e Camões” António da Amada Izidro, macaense, bilingue em Chinês e Português, foi Chefe do Departamento de Informação no Gabinete de Comunicação Social, até se reformar em 2002. Daí para cá um dos seus maiores interesses tem sido a poesia e a vida do poeta chinês Li Bai. Agora vai publicar um livro – “Li Bai – A Via do Imortal”, que intersecta a biografia com numerosos dos seus poemas traduzidos para língua portuguesa. O lançamento, integrado na Semana de Cultura Chinesa do Hoje Macau, terá lugar na próxima segunda-feira, dia 7 de Março, na Fundação Rui Cunha, pelas 18:30 Como nasceu o seu interesse por Li Bai e pela poesia chinesa? Quem gosta de poesia chinesa, delicia-se. Quem não gosta, aprende a gostar. A poesia chinesa, como dizia um político chinês, é como cana-de-açúcar. Começa-se a degustar a parte menos doce da raiz e à medida que vai roendo tronco acima, o aroma açucarado intensifica e enche a boca. Por quê Li Bai? Das recordações da sua infância ao tempo de exílio, uma vida tumultuosa, Li Bai caracteriza-se por ser um poeta com verdadeiro amor à pátria. Uma vida contemplativa nos montes, exótica sob o luar, escondida no vinho. Provavelmente, é o mais multifacetado dos compositores chineses, de personalidade ímpar, que dificilmente se dobra. Os seus poemas são um cardápio de temas tão abrangente que não se encontra noutros poetas: misticismo, erotismo, espiritualidade, poemas melíferos e ácidos, sentimentais e românticos, tudo pincelado com a mesma originalidade e riqueza de estilo. Verticalidade é porventura o termo que assenta bem no seu discurso. Que passos teve de dar para fazer este livro? Visitou locais frequentados pelo poeta? De Sichuan até Hangzhou, um trajecto de quilómetros e mais quilómetros por entre municípios e vilas. «Ainda é possível ´respirar´ Li Bai», dizia eu. «Antigamente talvez se pudesse dizer isso. Hoje está tudo mudado», assegurava-me o meu cicerone, que aí procurou guiar a conversa para a excelência dos locais que o poeta pisou e que me ia mostrar. De manhã cedo metemo-nos no caminho. Quanto a mim, era para satisfazer um fascínio nascido no dia remoto em que sentia a necessidade de rasgar novos horizontes e lançar o trabalho rotineiro para as raias do esquecimento. A política de reformas e abertura mudou toda a China, cintilam agora grandes e modernas metrópoles. Os montes, em cadeia, capeados de pinheiros, os rios e vales verdes, esses, felizmente, é que não mudaram, nem as pedras, nem os pagodes que ainda emanam ´cheiros´ do poeta imortal. Foram muitos museus percorridos e papelada sem fim consultada. Eu sabia dos livros, mas preferia testemunhos vivos. De tudo fui ouvindo, perguntando, memorizando e anotando. Para realizar este livro, visitou então numerosos lugares na China. Como correram essas viagens e o que trouxe delas? Quanto tempo lhe levou a realização deste livro? Trouxe um volumoso bloco de notas que fui ordenando, pesquisando e acrescentando novos elementos, mas sem ainda o impulso para iniciar o trabalho. Foi então que a covid-19 estoirou e veio a ordem governamental que mandou fechar tudo. Eu também me fechei, mas no meu quarto deleitando-me com Li Bai durante cerca de um ano. Depois de tanto tempo a conviver com ele, com que ideia ficou do poeta e do homem Li Bai? Digamos que tem um perfil incompleto, quase perdido, mas nele tudo fala, nada esconde: homem de forte personalidade, sensível ao mal alheio, grande espiritualidade, observa a vida ao redor e não poupa críticas através de uma forma subtil. O filme pessoal que tinha pensado apresentar à história, contracenando com figuras heróicas do passado ruiu na estratégia, no idealismo que lhe parecia verosímil e no não aderir aos sistemas corruptos que grassavam na corte Tang, no curto tempo em que lá permaneceu. Granjeou, indiscutivelmente, a simpatia do imperador, num ambiente em que não faltaram oposição e ciúmes, com os quais os círculos do poder o alvejavam. Conquistou amizades e admiração dos seus pares. Morreu com dissabores e frustações. A fama e a arte ficam para a posteridade e a história. Acho interessante a ideia – penso que não é despropositada – de estabelecer um paralelo entre Li Bai e Luís de Camões, não me refiro ao engenho e à arte dos dois, evidentemente. É possível constatar, porém, que fizeram um percurso de vida que se assemelha em alguns aspectos: Camões também lia poemas na corte portuguesa, viajou por mares, enquanto que Li Bai peregrinou pelas montanhas. Ambos lutaram pela causa da pátria, receberam pensão da coroa, ambos foram presos. Li Bai morreu só e frustrado, no limiar de uma nova dinastia, enquanto que Camões viveu seus anos finais na pobreza. Terá dito o poeta luso que morria com a Pátria. Repara nestes dois poemas: O teu perfume ficará em mim para sempre, mas onde andas tu, meu amor? Suspiro e folhas amarelas caem dos ramos. Choro e o musgo verde brilha, húmido de orvalho. Li Bai Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste. Luís de Camões Tem algum método particular para abordar a tradução de uma língua tão distante da portuguesa como o chinês? Sim. Primeiro, procuro sempre encontrar o contexto histórico-cultural, às vezes físico, em que a poesia foi escrita. Em segundo lugar, faço uma tradução literal palavra a palavra, expressão a expressão. Em terceiro lugar, reescrevo tudo de modo a fazer sentido em português, sem que perca com isso o seu sentido original. Finalmente, procuro sentir o que terá sentido o poeta e volto a reescrever. Nem sempre fico satisfeito com o resultado (risos). De facto, o seu livro e as notas apresentam, de forma erudita, os contextos em que vários poemas foram escritos. Considera isso fundamental para o entendimento desta poesia? É preciso contextualizar não só em termos históricos e geográficos, mas também as circunstâncias, os sentimentos, as ideias que os poemas versam. São episódios distintos e ambientados, inseridos na vida do poeta Li Bai. As notas dos poemas, diria, são como o sal que se quer para a comida. Os detalhes eliminam o surreal e enquadram melhor o leitor na compreensão, no alinhamento com os cenários vividos pelo autor. É um tratamento virtual que se dá à leitura poética. Considera estas traduções poéticas o ponto mais alto da sua carreira de tradutor ou preferia traduzir discursos oficiais e ser intérprete como no tempo em esteve no GCS? Diria antes que foi um trabalho fascinante e o cumprimento de um propósito que me impusera. É recomendável manter-se sempre activo intelectualmente. Tive oportunidades de praticamente traduzir de tudo e todos. O trabalho profissional deve ser abrangente e o ineditismo circunscreve-se no âmbito da criação que não se deve abdicar. Traduzir e interpretar poemas clássicos chineses sã devera penoso mas empolga o espírito e assoberba a vontade. Nascido em Macau, assistiu ao final da administração portuguesa e a duas décadas de administração chinesa. Que mensagem gostaria de deixar aos presentes e futuros governantes desta terra? E aos seus conterrâneos macaenses? Continuo a achar que não podemos cruzar os braços e deixar escoar uma sociedade em que os ventos do Norte sopram cada vez mais fortes, num processo de transformação sem precedentes que acabará (espero que não) por diluir irremediavelmente a identidade e cultura macaenses. Há que atiçar o empenho para garantir que as condições existam; que os ´filhos da terra´ de agora e gerações vindouras possam assumir um papel mais interventor nos diferentes sectores sociais, sem fomentar o individualismo, mas posto ao serviço da sociedade de Macau e da comunidade macaense. O actual critério que rege a atribuição de cargos públicos de responsabilidade de acordo com o ratio étnico-racial da população local julgo que deve ser reconsiderado. Afinal, os portugueses de Macau (naturais e não naturais) são herança de uma história de cinco séculos, não é? Teve alguns apoios para a realização deste trabalho? Essencialmente livros de consulta e alguns mestres sinólogos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso IPIM | Powerpoints e problemas técnicos marcam reinício do julgamento No arranque dos trabalhos, a defesa contestou a utilização de testemunhos com recurso a powerpoints, mas o juiz permitiu um tratamento especial aos agentes do Comissariado Contra a Corrupção O arranque da repetição do julgamento de Jackson Chang ficou marcado por um diferendo sobre a utilização de apresentações em powerpoint pelos agentes do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) e ainda por problemas técnicos que impediram a tradução simultânea. Na segunda sessão, o tribunal esteve a ouvir o Ministério Público a tentar provar que Jackson Chang tinha cometido vários crimes de corrupção passiva. A primeira testemunha a depor foi um agente do CCAC, de apelido Chan, que se fez acompanhar por uma apresentação em powerpoint. No primeiro julgamento, o método tinha sido contestado pela defesa e ontem voltou a acontecer o mesmo. “Não é a primeira vez que a defesa se opõe à utilização do powerpoint. O powerpoint é uma ferramenta que dá para fazer apresentações bonitas, mas o que se pretende são provas e essas temos verificado que são poucas nas apresentações bonitas”, afirmou Rui Moura, advogado de Crystal Chang, filha do ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). “As testemunhas não podem socorrer-se de apontamentos no depoimento e o powerpoint é efectivamente um apontamento”, acrescentou. Por sua vez, Álvaro Rodrigues, advogado de Jackson Chang, mostrou-se preocupado com a possibilidade de o investigador do CCAC recorrer a powerpoints feitos para o primeiro julgamento, com referências a outras acusações, como a de associação criminosa, que estão, para já, afastadas. “Espero que a testemunha tenha refeito o powerpoint porque se usar o mesmo que utilizou no dia 26 de Junho de 2020, quando fez a primeira apresentação, há o risco de extravasar o âmbito deste julgamento”, alertou. Falhas nos ecrãs Apesar das opiniões contra, o juiz autorizou a utilização do powerpoint. “Se no primeiro julgamento a autorização da utilização de powerpoints foi concedida, o tribunal não vai impugnar agora essa decisão”, justificou o presidente do colectivo de juízes. “Mas não quero que o Ministério Público esteja a discutir e mostrar provas que estão fora deste julgamento”, avisou. Aprovada a utilização do powerpoint, a sessão prosseguiu com a acusação a tentar provar os crimes de corrupção passiva. Contudo, problemas técnicos levaram a uma interrupção da sessão de praticamente meia hora. Em causa, esteve uma falha no ecrã das equipas de tradução do tribunal, que impedia que os intérpretes tivessem acesso às provas documentais dentro da cabine. A situação levou a que não fosse possível fazer a tradução simultânea, e o tribunal não teve outro remédio que não fosse suspender os trabalhos. A suspensão demorou cerca de meia hora e os trabalhos prosseguiram durante o dia com o Ministério Público a tentar provar a tese de que Jackson Chang recebeu subornos, directamente e através da filha.
João Luz Manchete SociedadeEleições | Listas de Jiangmen, Fujian e FAOM foram as que mais gastaram As três listas que mais gastaram na campanha eleitoral das últimas legislativas estão entre as quatro mais votadas. As contas da comissão eleitoral mostram que a lista de Jiangmen fez mais despesas, seguida das campanhas dos Operários e Fujian. A CAEAL encaminhou para o Ministério Público as contas da lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau A lista União de Macau – Guangdong, que reelegeu Zheng Anting e elegeu a estreante deputada Lo Choi In foi a que maior despesa fez durante a campanha eleitoral, acumulando gastos de 2,67 milhões de patacas, de acordo com o relatório de apreciação das contas eleitorais, publicado ontem pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Recorde-se que a lista anteriormente encabeçada por Mak Soi Kun ficou em quarto lugar, um resultado desapontante com menos 406 votos em relação ao sufrágio de 2017, obtendo 16.813 votos. Dividindo o total dos custos da campanha pelo número de votos, calcula-se que cada voto “custou” quase 160 patacas. Ao longo da campanha eleitoral, as listas que mais gastaram, todas de associações tradicionais, foram as que mais votos conseguiram. A única excepção foi a lista Nova Esperança, liderada pelo deputado José Pereira Coutinho, que gastou um terço das despesas da campanha ligada a Jiangmen e, ainda assim, obteve mais 1.419 votos. Em segundo lugar no topo dos gastos, surgiu a lista dos Operários, União Para O Desenvolvimento, que elegeu Ella Lei e Leong Sun Iok, com despesas totais de 2,371 milhões de patacas. A lista dos Operários conseguiu 23.761 votos, o que representou o segundo lugar no sufrágio directo para a Assembleia Legislativa. No poupar está o ganho A terceira lista mais gastadora, fechando o trio com despesas acima dos 2 milhões de patacas, foi a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, ligada à comunidade de Fujian, a grande vencedora das eleições do ano passado, arrebatando 26.583 votos. A lista que elegeu Si Ka Lon, Song Pek Kei e Nick Lei gastou 2,09 milhões de patacas, num sufrágio que igualou a vitória que já haviam conseguido em 2013. Feitas as contas, por cada voto conseguido, a lista ligada à Aliança de Povo de Instituição de Macau gastou quase 79 patacas. As listas ligadas à Associação de Bem-Estar dos Moradores de Macau e à Associação Geral das Mulheres tiveram gastos semelhantes, com 1,68 milhões de patacas e quase 1,4 milhões de patacas respectivamente, diferença mínima que se repetiu também no resultado eleitoral. Uma das listas vencedoras das eleições de 12 de Setembro foi a Nova Esperança, liderada pelo deputado José Pereira Coutinho, que arrebatou o terceiro lugar, com 18.232 votos, e elegeu Che Sai Wang. A campanha da Nova Esperança acumulou despesas de 892 mil patacas, o que representa menos de 49 patacas por voto. No capítulo dos mais “poupados”, a lista encabeçada por Nelson Kot foi a que apresentou menores despesas, com um total de 212,5 mil patacas. Em relação à votação a lista Poderes do Pensamento Político ficou em quarto lugar a contar do fim, com apenas 834 votos. Recorde-se que nas últimas eleições, entre um total de 323.907 eleitores inscritos, apenas 137.281 foram às urnas, o que representou 57,62 por cento de abstenção, ou seja, a mais fraca participação eleitoral desde 1992. Em relação à lista Aliança Para a Promoção da Lei Básica de Macau, a CAEAL relevou que as suas contas “não estão em conformidade com as disposições legais.” A entidade liderada pelo juiz Tong Hio Fong indica que a lista apresentou contas com informações incompletas e não supriu incorrecções dentro do prazo, “não apresentou facturas de algumas receitas e despesas, e aceitou contribuições provenientes de residentes não permanentes da RAEM”. Assim sendo, a CAEAL participou o caso para o Ministério Público.
Pedro Arede Manchete PolíticaQuarentenas | Pedida melhoria nas reservas e inclusão de hotéis de Zhuhai As dificuldades dos residentes no regresso a Macau desde Hong Kong marcaram a sessão plenária de ontem. Ma Io Fong e Zheng Anting sugeriram a utilização de hotéis em Zhuhai e um sistema de reservas online. Ip Sio Kai e Ngan Iek Hang querem alargar a fonte de turistas e o apoio às PME para recuperar a economia. Preocupações com o desemprego também marcaram a sessão Com o agravar da situação epidémica em Hong Kong e a vontade que muitos residentes têm, sobretudo estudantes, de voltar a Macau, vários deputados mostraram preocupação sobre a falta de quartos para quarentena no Hotel Tesouro. Durante a sessão plenária de ontem, Ma Io Fong, Zheng Anting e Ho Ion Sang pediram ao Governo soluções, sugerindo, por exemplo, a possibilidade de residentes de Macau provenientes de Hong Kong ficarem em quarentena em hotéis do Interior da China e o estabelecimento de um sistema de reservas online. Isto, quando quem vem do território vizinho, só pode ficar alojado no Hotel Tesouro e este não consegue dar resposta a todos os pedidos. Começando por frisar que esta última medida foi “surpreendente” e apanhou a população “desprevenida”, Ma Io Fong pediu que o Governo se esforce para coordenar as medidas “com antecedência” e prepare o pessoal da linha da frente, para “oferecer mais opões de regresso”. “Compreendo que aos hotéis de observação médica se impõem exigências rígidas quanto às condições físicas e aos recursos humanos. Portanto, é provável que não haja muitos hotéis para o efeito. Sugiro (…) que tomem a iniciativa de reforçar a cooperação com as regiões vizinhas do Interior da China, como Zhuhai, para estudar a possibilidade de os residentes de Macau que regressam de Hong Kong ficarem em quarentena em hotéis do Interior da China, proporcionando-lhes, assim, mais uma opção”, disse durante o período dedicado às intervenções antes da ordem do dia. Acusando as mesmas preocupações e apontando que o Governo deve tomar a iniciativa de ajudar os residentes que já tinham reservado outros hotéis antes da mudança de política, Zheng Anting sugere a criação de um sistema centralizado de reservas online para marcar quartos para quarentenas. “Na minha opinião, o Governo deve aperfeiçoar a forma de reservar quartos e, por exemplo, criar um sistema de reserva de quartos on-line, destinado exclusivamente à reserva de quartos nos hotéis de observação, para facilitar, com maior precisão e eficácia, a reserva de quartos aos residentes”, vincou Zheng Anting. Agir agora Por seu turno, Ho Ion Sang focou a presente situação de Hong Kong como uma espécie de tubo de ensaio para a eventualidade de um surto de grande escala em Macau, sugerindo que o Governo prepare e divulgue o “quanto antes” os planos de resposta a accionar, caso essa realidade se verique. Segundo o deputado, desta forma, haverá camas de isolamento e quartos de quarentena em número suficiente para quem necessitar. “Com a elevada densidade populacional de Macau, se houver propagação na comunidade e um surto em grande escala, as consequências serão inimagináveis”, começou por dizer. “A sociedade espera que o Governo tome como referência as experiências de outras regiões, avançando, já, com preparativos de contingência para diversas fases, sobretudo em relação aos hotéis de quarentena, camas de isolamento, recursos humanos de saúde, capacidade relativa à testagem, etc., e divulgue, quanto antes, planos de resposta a um eventual surto na comunidade e os respectivos trabalhos de prevenção e combate à pandemia, para dissipar as dúvidas dos residentes”, concluiu. Ho Ion Sang referiu que o Governo deve também definir, desde já, o local para construir instalações de cuidados comunitários de grande dimensão e de um hospital de campanha “para evitar o colapso do sistema de saúde”. Apanhar os cacos Perante o aumento da taxa de desemprego e a degradação do tecido económico de Macau a reboque da pandemia de covid-19 e do ajustamento profundo do sector do jogo, Ip Sio Kai defendeu o alargamento da fonte de turistas. Por seu turno, Ngan Iek Hang sugeriu que o Governo “reveja a eficácia das medidas de apoio económico” para reforçar o desenvolvimento sustentável das pequenas e médias empresas. O deputado disse esperar, juntamente com a “melhoria da qualidade do turismo”, a implementação de políticas “específicas e sustentáveis”, que permitam “ultrapassar este tempo difícil” e “reforçar a resiliência das empresas”. Já os deputados Leong Sun Iok e Lei Chan U apontaram baterias à implementação de medidas para garantir o emprego dos residentes. Se por um lado, Leong Sun Iok referiu que o Governo deve ser capaz de aperfeiçoar o mecanismo de gestão de trabalhadores não residentes (TNR) para “para devolver os bons postos de trabalho aos residentes”, Lei Chan U sugeriu o estabelecimento de um limite “de trabalhadores estrangeiros a importar em cada ano”. Sobre o tema, Ella Lei recomendou que as grandes empresas com necessidades de recursos humanos, como as concessionárias, sejam incentivadas a contratar trabalhadores locais e que as obras públicas sejam obrigadas a recrutar residentes.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Caso em Tanzhou obriga a oito mil testes e aulas online Cerca de oito mil pessoas que moram e trabalham junto às Portas do Cerco terão de fazer testes de despistagem à covid-19 na sequência de um caso positivo detectado em Zhongshan, ao lado de Zhuhai. As aulas presenciais foram suspensas em 46 escolas e instituições do ensino superior com docentes, alunos e funcionários que tenham passado na zona Um novo caso positivo de covid-19 registado no domingo na vila de Tanzhou, na cidade de Zhongshan, ao lado de Zhuhai, vai obrigar à realização de nova uma ronda de testes para quem vive e trabalha na zona das Portas do Cerco. Os testes começaram ontem às 17h e terminam hoje às 12h, e cerca de oito mil pessoas, incluindo moradores do edifício Kong Nam (blocos 1, 2 e 3), edifício Arco-Íris (blocos 1 e 2), edifícios San Nam, Ling Nan, Wa On, Wa Hong, Wa Keong, Wa Fu e Jardim do Mar do Sul (blocos 1 e 2). Quem trabalha junto às Portas do Cerco também tem de submeter-se ao teste de ácido nucleico. Segundo adiantou Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, haverá dois modelos de teste. O teste gratuito pode realizar-se no primeiro andar do Campo dos Operários, mas serve apenas para rastreio e não para passar a fronteira. O segundo modelo de teste é pago e o resultado será integrado no código de saúde, o que permite atravessar os postos fronteiriços. “As pessoas que já fizeram o teste hoje em Macau ou Guangdong, ou que fazem esta terça-feira [hoje], não serão sujeitos a esta ronda de testes obrigatórios”, adiantou a responsável. Além de moradores e empregados em negócios da zona das Portas do Cerco, também deve realizar teste de ácido nucleico quem esteve nos arredores do edifício do posto fronteiriço entre 22 e 27 de Fevereiro, altura em que a pessoa infectada circulou na área. A mulher que testou positivo é natural do Interior da China e entre os dias 22 e 27 de Fevereiro “deslocou-se várias vezes entre Macau e Zhuhai pelo posto das Portas do Cerco”, tendo realizado vários testes com resultado negativo. As autoridades classificam este como um caso “leve”, sendo a situação “estável”, apesar das medidas preventivas adoptadas. Até à altura da conferência de imprensa de ontem tinham sido contactadas 28 pessoas, sendo que duas delas são consideradas de contacto próximo. A maior parte das pessoas teve apenas um percurso comum com a pessoa que testou positivo, além de que cinco estiveram nos mesmos locais. “Ainda não dominamos muitos dados sobre esta senhora. Sabemos que ela esteve em Macau, Zhuhai e Zhongshan. Para já, só vamos fazer testes obrigatórios a pessoas destas zonas. Foi feito um percurso simples em Macau, mais nos arredores da praça das Portas do Cerco, e com um tempo de permanência muito curto. Vamos acrescentar mais sítios ao código de saúde local para ajudar as pessoas a fazer o registo do itinerário”, explicou Leong Iek Hou. Aulas online Outra das medidas preventivas é a suspensão das aulas presenciais, a partir de hoje, em 46 escolas e instituições do ensino superior que têm alunos, docentes ou funcionários que tenham passado na vila de Tanzhou nos últimos dias. “Os alunos passam a estudar em casa e a avaliação será flexível. Caso a situação se mantenha estável, a data das aulas será divulgada posteriormente”, disse Luís Gomes, Chefe do Departamento do Ensino Não Superior dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). Em causa estão cerca de 300 pessoas. “A medida envolve 46 escolas e cada uma tem uma situação diferente. Não temos números concretos de alunos e professores de cada escola que estiveram em Tanzhou. Ainda precisamos de contactar as escolas para conhecer a situação concreta”, adiantou o mesmo responsável. Não há, para já, alterações das regras na passagem da fronteira na zona das Portas do Cerco. Também não está prevista nova ronda de testes a toda a população, mas caso tal venha a ser necessário as autoridades adiantaram estarem preparadas para fazer 340 mil testes diários. Bloqueio a Gongbei Um vídeo divulgado ontem à tarde no grupo de Facebook “Golden Macau”, mostra um grupo das seguranças bloquearam a estrada em frente da Plaza Fronteiriça de Gongbei, o acesso principal para entrar em Zhuhai vindo do posto fronteiriço das Portas do Cerco. Das imagens recolhidas pelo internauta consegue-se ler a informação “não é permitido entradas ou saídas”. À procura de hotel Um responsável da Direcção dos Serviços de Turismo adiantou ontem que continuam os contactos com unidades hoteleiras do território para receber pessoas em quarentena. “Estamos a contactar com o número máximo possível de hotéis para entrarem no plano de observação médica. Neste momento, as pessoas vindas de Hong Kong e Singapura têm de fazer quarentena no Hotel Tesouro, enquanto que as pessoas vindas de Taiwan têm à sua disposição três hotéis.” As autoridades frisam que o mais importante para travar eventuais surtos comunitários é “controlar as fronteiras”, além de ser feito “um controlo bastante exigente das mercadorias vindas de zonas de médio e alto risco”. Existe ainda “uma capacidade rápida de identificação dos possíveis meios de transmissão” do novo coronavírus. Hong Kong | Novo recorde diário com 34 mil novos casos As autoridades de Hong Kong registaram ontem um novo recorde diário de infecções de covid-19 com o registo de 34 mil casos. Além disso, foram reportadas 124 mortes devido à doença. Segundo o canal de rádio e televisão de Hong Kong RTHK, Albert Au, responsável pelo Centro para a Protecção de Saúde, disse ser “preocupante a crescente tendência de infecções, uma vez que o número de casos continua a duplicar a cada dois ou três dias”. Até ontem foram diagnosticadas com covid-19 um total de 190 mil pessoas, só neste último surto, sendo que as autoridades vão abrir mais cinco clínicas apenas para tratar este tipo de doentes. Nesta altura operam na região vizinha 14 clínicas privadas que ajudam a aliviar a pressão que se vive nos hospitais. De frisar que, na última sexta-feira, a região já tinha atingido a fasquia inédita de dez mil novos casos, depois de superar seis mil ao longo da semana. O número de mortos fixou-se na última semana numa média de cerca de 50 por dia, sendo que muitos deles são idosos não vacinados. O Executivo de Carrie Lam anunciou planos para testar todos os 7,4 milhões de habitantes, no próximo mês.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTSI | Tribunal recusou que Li Canfeng aguardasse julgamento em liberdade A informação oficial confirma o que há muito já se sabia, mas não estava confirmado. Sio Tak Hong e William Kuan foram detidos no âmbito do processo de Li Canfeng O Tribunal de Segunda Instância (TSI) recusou o pedido de Li Canfeng para aguardar pelo julgamento em liberdade. A decisão foi tomada na quinta-feira pelo colectivo de juízes constituído pelas juízas Tam Hio Wa, que presidiu, Chao Im Peng e pelo juiz Choi Mou Pan. Segundo a informação oficial, além de Li Canfeng, ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no processo estão igualmente envolvidos os empresários Sio Tak Hong e William Kuan, que também viram a alteração às medidas de coacção recusadas. Em Dezembro, quando a operação contra os arguidos foi revelada, o Ministério Público indicou que Li Canfeng e dois empresários, na altura apenas identificados pelos apelidos Sio e Kuan, tinham ficado em prisão preventiva. A informação oficial revelada na semana passada identifica os empresários pelos nomes Sio Tak Hong e William Kuan, confirmando uma informação que circulava na cidade há meses. O ex-director da DSSOPT foi detido no Interior da China e está indiciado pela prática dos crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Cada um dos três delitos imputados ao antigo responsável tem uma moldura penal máxima de oito anos. No comunicado, a informação sobre as acusações contra os dois arguidos não foi tão detalhada, mas envolve os crimes de corrupção activa, punido com pena até três anos de prisão, branqueamento de capitais, pena de oito anos de prisão, e falsificação de documentos, pena de oito anos de prisão. Investigações em curso As informações ainda são escassas, mas a operação tem por base um relatório do Comissariado Contra a Corrupção de 2018, que focou a questão do proprietário do terreno no Alto de Coloane. A empresa Win Loyal Development, de Sio Tak Hong, afirmava-se como proprietária legal da terra, mas as autoridades concluíram que o terreno pertencia mesmo ao Governo, o que levou a que a parcela fosse recuperada. Na altura, o empresário foi questionado sobre a apropriação indevida de terrenos da RAEM e declarou-se inocente. Sio, que é membro da direcção da Sociedade de Empreendimentos Nam Van, está igualmente ligado a dois terrenos na zona do Lago Nam Van, recuperados há poucas semanas pelo Governo. Pelo menos um dos terrenos fará parte das investigações. Sio Tak Hou é um empresário com boas ligações políticas, principalmente como um dos ex-líderes da comunidade de Jiangmen. O também principal investidor do Casino Fortuna ocupou vários cargos políticos de destaque, como membro da Comissão Eleitoral para o Chefe do Executivo e representante de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Também William Kuan, é um misto de empresário e político. Nos negócios foi responsável pela construção do empreendimento habitacional Windsor Arch, perto do Jockey Club, e é proprietário do Teatro Capitol. Kuan era proprietário de 40 por cento da Companhia de Fomento Predial San Kin Tai, que em 2017 vendeu dois terrenos na Taipa pelo preço de 3,51 mil milhões de dólares de Hong Kong. O comprador foi o grupo Jiayuan, do Interior, e o negócio foi considerado pela imobiliária JLL o melhor de sempre na RAEM, a nível de vendas de terrenos. A nível político, William Kuan concorreu duas vezes à Assembleia Legislativa. A primeira, em 2013, como cabeça de lista, e conseguiu cerca de cinco mil votos, ficando muito perto da eleição. Em 2017, voltou a apostar numa candidatura, mas como número dois da lista da deputada e empresária Angela Leong. Tal como em 2013, o resultado não permitiu que entrasse no hemiciclo. Kuan chegou também a ser conselheiro dos Kaifong, associação com dois deputados na Assembleia Legislativa.
Pedro Arede Manchete SociedadeAPOMAC | Clínica encerra amanhã. Jorge Fão apela aos casinos e critica Governo Jorge Fão confirmou que a clínica da APOMAC fecha portas amanhã. “Desolado” com a decisão tomada após o corte de financiamento da Fundação Macau, o ex-deputado diz preferir “uma morte rápida” e acusa o Governo de “desprezo”. Contudo, acredita ainda num “milagre” e apela a mecenas e casinos para angariarem as 1,3 milhões de patacas necessárias para o funcionamento anual do espaço O presidente da assembleia-geral da Associação de Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), Jorge Fão, confirmou que a clínica da associação, em funcionamento há quase 20 anos, fecha definitivamente portas, a partir de amanhã. Em causa, está uma alteração legislativa que dita que a clínica da APOMAC só pode ser subsidiada pelos Serviços de Saúde (SSM), abrindo os serviços à população, e não através de apoios da Fundação Macau. “Estamos todos muito desolados com esta decisão, que é difícil de tomar. No entanto, temos de ser responsáveis por aquilo que fazemos e decidimos fechar a clínica a partir do dia 1 de Março. Até lá, esperamos poder pagar as dívidas e compensações aos três bons profissionais que temos”, disse ontem ao HM. Segundo explicou o ex-deputado, durante a negociação com os SSM, foi vincado que “não é possível” sustentar a clínica através do modelo de subsídio proposto, que corresponde à atribuição de um apoio de 130 patacas por cada paciente. Isto, quando seria preciso ter, no mínimo, mais de 40 pacientes por dia, algo que está longe da realidade, e atender às necessidades específicas de pacientes com idades avançadas, que não podem ficar em lista de espera no hospital público. “Para haver 40 atendimentos por dia, era preciso inventar números. Não é que a gente não saiba inventar números, podia meter os associados todos a ir à clínica dia sim, dia não, para conseguir as 130 patacas para pagar aos profissionais, mas eu não tenho moral para fazer uma coisa dessas. Preferi uma morte rápida, por isso vamos ter de fechar isto”, começou por explicar. “Todos sabemos que, para frequentar o hospital público, a lista de espera é grande. Temos mais de 300 associados com mais de 80 anos e quando esse apoio é necessário tem de chegar de forma urgente. Não vamos levar uma pessoa de cadeira de rodas ou a coxear até hospital para depois ficar lá o dia todo até ser atendido”, acrescentou. Jorge Fão referiu ainda que, sabendo do encerramento da clínica, os SSM ofereceram os seus serviços para apoiar os associados da APOMAC . No entanto, “não foi indicado que apoio podem oferecer” e foi, por isso, enviada uma carta a pedir esclarecimentos, que ainda não obteve resposta. Segundo o responsável, a clínica da APOMAC apoia anualmente mais de 300 associados entre terapias e consultas destinadas, sobretudo, a idosos com dificuldades motoras que necessitam de apoio de fisioterapia. Desprezo, injustiça e esperança Para Jorge Fão, o Governo não está a ter capacidade de compreender que a APOMAC é uma associação com 20 anos sem os recursos ou o património de outras e que, para além de prestar apoio à comunidade macaense e portuguesa, é também um polo de promoção da gastronomia macaense junto da comunidade chinesa. “Sinto alguma injustiça e desprezo para connosco. Considero que não estão ou não querem analisar bem a questão. É muito triste. Estou completamente desolado, mas pode ser que amanhã apareça um milagre. Já perdi a fé, apesar de ter andado sempre a lutar na minha vida”, partilhou. O presidente da assembleia-geral da APOMAC lamenta ainda que, apesar de o Governo “propagandear que apoia os idosos e os mais desfavorecidos”, não tem sido possível “ver esse apoio em concreto” e aponta o dedo a uma “política de austeridade discutível”, que não hesitou em gastar 95 milhões de patacas na organização de um Grande Prémio “sem competição”. “A política está orientada para a austeridade, mas, às vezes, essa austeridade é discutível. O último Grande Prémio foram três dias (…) onde não houve competição nem corredores de renome. Alguém se lembrou de pegar nuns carros e proporcionou ali três dias de brincadeira que custaram ao Governo 95 milhões. Nós só precisamos de 1,3 milhões para que a clínica funcione anualmente”, rematou. Por isso, mesmo, Jorge Fão fez um apelo para que os casinos de Macau ou outros mecenas possam angariar o montante. “Se aparecer algum mecenas que queira oferecer os seus préstimos será bem-vindo. Macau tem o hábito do mecenato. Se os casinos de Macau quiserem ajudar a APOMAC com a sua generosidade essa ajuda é bem-vinda”, apontou.
Pedro Arede Manchete PolíticaHo Iat Seng | Guerra na Ucrânia com impacto na economia de Macau O Chefe de Executivo vincou que, além da pandemia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem impacto na economia de Macau, a reboque da subida do preço do petróleo. Ho Iat Seng recusou ainda um eventual relaxamento da política de zero casos e que o Governo esteja a tornar a vacina obrigatória. Uma nova ronda de cartão de consumo está em estudo Além da pandemia, o conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia terá também um impacto palpável na economia de Macau. Quem o diz é o Chefe de Executivo, Ho Iat Seng, alertando para as mais que expectáveis consequências que o aumento do preço do petróleo irá ter na inflação do território. “Em termos económicos, Macau não é afectado apenas pela pandemia. Sabemos que há uma guerra. Então, ninguém pode prever nestes poucos dias como a economia global vai reagir. Veja a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, começou por dizer, segundo a TDM – Rádio Macau, na sexta-feira, o Chefe do Executivo à margem da tomada de posse da nova directora da Associação das Geral das Mulheres, Lau Kam Ling. “Ninguém pode prever quando vai parar o conflito e quantos países vão estar envolvidos, mas podemos perceber que a economia será afectada porque os preços do petróleo não param de subir (…) e os preços podem chegar aos 120 dólares. O aumento do preço do petróleo afectará certamente a nossa inflação. Temos todos de estar atentos a isso”, acrescentou. Recorde-se que a Rússia lançou na passada quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo informações de Kiev citadas pela agência Lusa. A ONU deu conta de 150.000 deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia. Tolerância zero Sobre o eventual relaxamento da política de zero casos em Macau, Ho Iat Seng sublinhou que o cenário, para já, está afastado, dado o interesse que existe em alinhar a política anti-epidémica com o Interior da China e evitar uma situação semelhante à de Hong Kong. “O relaxamento das medidas epidémicas pode levar a uma situação semelhante à de Hong Kong, cenário que ninguém quer ver. Macau tem de alinhar a sua política de combate epidémico com as autoridades do Interior da China (…), pois qualquer inconsistência pode criar dificuldades na manutenção das fronteiras abertas”, disse Ho Iat Seng, segundo o canal em língua inglesa da TDM. Com o reforço da sensibilização e medidas dirigidas à vacinação das crianças, o Chefe do Executivo rejeitou ainda a acusação de que o Governo está a tornar a vacina obrigatória no território. “Apesar de se dizer que estamos a forçar as pessoas a tomar a vacina, estamos apenas a tentar proteger as crianças e foi, por isso, que adoptámos uma abordagem de esperar para ver. Como Governo, temos de seguir o padrão do mundo, que é vacinar. [Numa primeira fase], não impusemos medidas rígidas como impedir que não vacinados frequentem alguns locais. Ainda não adoptámos essas medidas, mas se os problemas aumentarem não teremos outra escolha senão avançar”, alertou o Chefe do Executivo. Questionado sobre o lançamento de uma nova ronda do cartão de consumo, Ho Iat Seng disse que o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong se encontra actualmente a estudar a possibilidade e que uma decisão será tomada posteriormente.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrabalho | Revisão da compensação por despedimento em análise Wong Chi Hong, director da DSAL, admite que os valores pagos por despedimentos e as compensações por acidentes de trabalho possam ser reduzidos. Porém, ainda não foi tomada qualquer decisão e os parceiros sociais vão ser ouvidos O Governo admite que o valor da indemnização em caso de despedimento sem justa causa pode ser reduzido. Neste momento, a redução ainda está no campo das hipóteses, mas o Executivo não fecha a porta à possibilidade, caso seja considerada a medida mais equilibrada. O assunto vai ser discutido pelo Conselho Permanente de Concertação Social, que na passada sexta-feira reuniu pela primeira vez este ano, para definir agenda de 2022. Entre os pontos aprovados, e que serão analisados, consta a revisão do montante máximo da remuneração mensal que serve para calcular a rescisão do contrato do trabalhador, assim como o limite máximo a pagar em caso de acidentes de trabalho. Segundo as leis em vigor, os montantes são alvo de revisão anual, que até pode fazer com que não haja qualquer alteração. “Temos uma atitude flexível, os montantes definidos podem subir ou baixar”, começou por dizer o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Wong Chi Hong. “A lei que assegura as garantias dos empregados define que é preciso ter em conta a capacidade dos empregadores para pagar indemnizações. Por isso, temos sempre de encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas partes”, acrescentou. Contudo, nesta fase, o Governo ainda está a ouvir as várias partes. “Antes de qualquer decisão temos de ouvir as opiniões da DSAL e da Autoridade Monetária de Macau. Depois, vamos recolher as opiniões dos membros da Concertação Social”, explicou Wong Chi Hong. “Finalmente, tomamos uma decisão, sobre se o valor é adequado, ou se deve subir ou baixar”, completou. Sindicatos discutidos À saída da reunião, o director da DSAL encarou ainda com naturalidade mexidas no valor das compensações. “Temos flexibilidade, é normal que o valor suba muito num ano, depois talvez possa descer um pouco no ano seguinte. Depende da necessidade de equilíbrio”, justificou. Entre os outros assuntos que vão ser discutidos consta o cumprimento das normas internacionais da Convenção Número 144 da Organização Mundial do Trabalho, que diz respeito à criação de sindicados. O Governo terminou no ano passado a consulta pública sobre a futura Lei Sindical, mas a proposta ainda não foi concluída nem chegou à Assembleia Legislativa.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteArnaldo Gonçalves, autor de “Por quem os sinos não dobram”: “Lojas maçónicas em Macau vão desaparecer” O novo livro de Arnaldo Gonçalves, “Por quem os sinos não dobram – A maçonaria e a Igreja Católica”, aborda o conflito secular que sempre existiu entre estas duas instituições e as razões da sua origem. O autor considera que as lojas maçónicas em Macau têm vindo a perder membros, devido à saída de muitas pessoas do território, e que vão acabar por desaparecer com o tempo Como nasce este livro que faz a ligação entre os valores maçónicos e os dogmas da igreja? Estive sempre ligado, na parte académica, à ciência política e relações internacionais, e foram essas áreas que ensinei em Macau. Mas quando vim para Portugal achei que a parte filosófica que a maçonaria me dava não chegava, e tinha muita curiosidade intelectual em relação a isso. Fiz então um mestrado em estudos da religião e escolhi o tema para a tese de mestrado sobre o grande arquitecto do universo, que é central na maçonaria, e a qualificação que damos a Deus, para poder incluir gentes de várias religiões. Eu não tenho nenhuma religião, e na maçonaria agregamos essas pessoas. Quando elaborei a tese tive curiosidade de perceber as razões da animosidade da Igreja contra a maçonaria. Peguei então nas insígnias, nas bulas, estudei o pensamento dos Papas, e entre 2020 e 2021 comecei a juntar a documentação para tentar perceber esse conflito, que do meu ponto de vista não fazia grande sentido. Porquê? Os valores da solidariedade, da fraternidade, da inter-religiosidade, que existem muito na maçonaria, achava que a Igreja também os tinha. E o livro faz esse balanço do passado, de como a Igreja se coloca [perante a Maçonaria]. Com os últimos três Papas, a Igreja fez um grande esforço de ligação com outros espaços religiosos. Apesar de se assumir como o caminho da salvação preferencial, a Igreja católica neste momento aceita que as pessoas possam ser judeus ou protestantes, por exemplo, e terem um caminho espiritual como aquele que a Igreja pontua. Queria perceber porque continua a existir esse bloqueio, porque é que os católicos são dissuadidos de participar nas lojas maçónicas, porque é que havia a pena da excomunhão dos que participavam, até há pouco tempo. E a que conclusões chegou? Percebi que há vários factores [para essa situação de bloqueio]. Existe a questão histórica, da tradição, do dogma da Igreja, de que os Papas nunca se enganam, e que em matéria de ensino religioso ou dogma, quando estes tomam determinada decisão, esta não pode ser revogada. Por exemplo, o Papa João Paulo II, ou o Papa Francisco, não podem dizer que a bula de um outro Papa é um perfeito disparate e não faz sentido. E esta é uma situação que acho confrangedora e sem sentido. Sendo uma pessoa fora do catolicismo, sou muito ligado ao Papa Francisco e aos seus valores, porque é latino, tem uma sensibilidade parecida com a nossa. É uma pessoa muito agregadora. No livro cito muitas declarações dele, incluindo uma em que ele diz “Somos todos irmãos”, porque não fazem sentido estas divisões dentro das várias religiões, escolas e congregações. E o livro tenta dar essa reflexão pessoal às pessoas de dentro e fora da maçonaria, no espaço católico. Foi fácil o acesso a fontes e documentos? Que desafios enfrentou para a escrita deste livro? O acesso às fontes da maçonaria foi relativamente fácil, porque eu tinha os documentos históricos que estão no website do Vaticano. Encontrei algumas coisas nos jornais. Acedi a núcleos documentais do Grande Oriente de Inglaterra, de Itália, e isso ajudou-me muito. Na Igreja, não tive grande saída. Tentei contactar o nosso cardeal na Santa Sé, mas ele não me respondeu. Achei que estar dependente de um contacto com a Igreja para o acesso às fontes não ia adiantar muito em relação ao livro. Essa foi a pequena dificuldade. O livro faz suficientemente o contraditório com os textos escritos pela Igreja e nos comentários que existem da parte das Grandes Lojas e maçons. No caso de Macau, tem-se verificado também este conflito entre a maçonaria e a Igreja? Não há diálogo nenhum. Falo, no livro, no debate que foi promovido pelos Papas Paulo VI e João XXIII, em que impulsionaram iniciativas de diálogo discretas. Mandataram bispos para aproximar as organizações maçónicas e ver se se podia ultrapassar a proibição de católicos na maçonaria. No caso de Macau acho que não, porque a Igreja Católica é muito conservadora, sempre achou que a maçonaria ia contra a fé e os próprios ensinamentos da Igreja, e nunca houve uma grande aproximação, sobretudo no tempo em que Macau tinha administração portuguesa. Foram duas realidades completamente diferentes. Em Macau, há poucos maçons enterrados em cemitérios cristãos. Mas se formos ao cemitério protestante encontramos vários maçons. E daí o nome do livro “Por quem os sinos não dobram”, porque os sinos não dobravam por serem maçons, os católicos não os reconheciam como estando no caminho para a salvação. Achavam que o maçon estava perdido. Essa separação continua a existir, mas conheci o caso de um bispo de Macau que frequentava um núcleo de maçons ligado ao Grande Oriente Lusitano, e há fontes que dizem, embora isso não esteja provado, que ele terá sido iniciado na maçonaria. Qual o panorama da maçonaria nos dias de hoje em Macau, tendo em conta as mudanças pelas quais atravessa a comunidade portuguesa? Estive ligado à formação de duas Lojas em Macau, a Grande Loja Legal de Portugal e a Grande Loja Unida de Portugal. São as duas lojas que existem, bem como uma terceira ligado ao Grande Oriente Lusitano. Esta está mais ligada à comunidade macaense, ao Jorge Neto Valente, ao arquitecto Maneiras, a pessoas mais antigas da comunidade. A maçonaria é muito discreta, até devido à arquitectura jurídica em Macau e a premência que se coloca nos problemas da segurança nacional e da defesa da identidade da China, acho que há a possibilidade de os maçons não virem cá para fora com tomadas de posição. O facto de a comunidade portuguesa ser cada vez mais pequena reflecte-se nas Lojas, porque muitos regressaram a Portugal. Uma das lojas a que pertenci, com pessoas de diferentes nacionalidades, tinham um grande peso dos filipinos. Com a evolução e redução da actividade do jogo e desaceleração do crescimento dos casinos, eles foram sendo despedidos e regressaram às Filipinas. Percebo que é difícil as Lojas terem quórum para conseguirem funcionar. Este problema existe em Macau e talvez em Hong Kong. Quem não tem raízes familiares acabou por regressar aos seus países de origem. Gradualmente as lojas maçónicas em Macau vão desaparecer? Sim. Acho que com o tempo vão desaparecer à medida que vão tendo menos membros. Acho que nem é preciso qualquer iniciativa da China, depois de 2049, para as lojas maçónicas desaparecerem. Além disso, as Lojas não têm grande atracção pelos chineses, que têm uma mentalidade diferente. Eles participam em associações que têm alguma forma de retribuição, através de oportunidades e contactos. As lojas maçónicas não têm essa vocação de partilha de negócio, pelo que é inevitável que elas se mantenham como uma realidade puramente ocidental. Como têm operado as lojas maçónicas em Macau? Onde se encontram os seus membros? São diferentes mentalidades. Em Hong Kong existe uma estrutura maçónica, constituída no tempo dos ingleses, que é na Camden Road número 1, onde reúnem todas as lojas. Em Macau, isso nunca existiu, porque não era fácil, porque a maçonaria, na tradição portuguesa, é muito escondida, e não apenas discreta. O Grande Oriente Lusitano talvez tivesse umas instalações físicas, mas tenho ideia que depois de 1999 deixaram de o fazer e passaram a usar um hotel para fazer as reuniões. Nas minhas lojas aconteceu a mesma coisa, nós temos espaços onde acontecem as reuniões, improvisamos a decoração, mas no fim as coisas são arrumadas e nada identifica esses espaços como sendo da maçonaria. Falou dos macaenses ligados à maçonaria. Têm um perfil de adesão diferente em relação aos portugueses? São os mesmos princípios. Existem alguns macaenses que pertencem à loja do Grande Oriente Lusitano em Macau e tiveram essa ligação, porque também têm uma forte relação de amizade entre eles. Mas a comunidade macaense também é muito dividida. Existem essas pessoas que não têm uma vocação católica e que podem ser maçons, mas a predominância da comunidade macaense é praticamente do cristianismo, muito ligada ao bispado. Como existe esta questão de os católicos serem dissuadidos de pertencerem à maçonaria, nunca houve esse apelo para os macaenses participarem. É difícil uma adesão em massa porque têm medo de ser prejudicados. Diria ainda que em Macau não há maçonaria feminina, nem a maçonaria mista. Sempre achei estranho porque isso nunca foi possível em Macau, o que mostra o conservadorismo da sociedade.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Redução do tempo de quarentena ponderada para voos do exterior O Governo está a analisar “um ajuste” da quarentena exigida a quem chega a Macau via Singapura. Ontem, o Executivo reconheceu ser incapaz de encontrar solução para a falta de vagas no Hotel Tesouro Leong Iek Hou, chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças, afirmou que as autoridades estão a analisar um “ajuste” das quarentenas para os voos vindos do exterior. A opção está “a ser analisada”, num dia em que Hong Kong já regista, em percentagem, um número de casos positivos superior aos contabilizados em Portugal. “De acordo com um anúncio da semana passada, as pessoas vindas de Hong Kong ficam sujeitas a 14 dias de isolamento e mais sete de autogestão. Quanto ao ajustamento do prazo de quarentena para as pessoas vindo do exterior, estamos em fase de análise e vamos ver se há possibilidade de ajuste”, afirmou Leong Iek Hou. “Temos de considerar a situação com muitos elementos e factores, antes de poder levantar as medidas mais rigorosas”, acrescentou. “Mas, não digo que vamos alterar o período [de quarentena]”, realçou ainda. A conferência de imprensa de ontem dos Serviços de Saúde foi marcada pela falta de quartos para quem tenta entrar em Macau vindo de Hong Kong. Como têm de cumprir quarentena no Hotel Tesouro, todas as reservas anteriormente feitas e para outros hotéis foram canceladas pelo Governo. Como consequência, não há vagas para a entrada de pessoas. Sobre a diferença de critérios entre Portugal e Hong Kong, Leong Iek Hou disse que estão “sempre a acompanhar a evolução da situação”. Questionada sobre os fundamentos científicos da decisão, a médica foi incapaz de avançar com uma explicação. Telefones congestionados Além disso, os serviços do Hotel Tesouro não conseguem responder aos contactos e reservas feitas por contacto telefónico. A grande procura levou mesmo a que seja impossível telefonar para o hotel. “Recebemos muitos pedidos de esclarecimento das pessoas afectadas pela impossibilidade de fazerem reservas e pela decisão do cancelamento dos quartos nos hotéis”, reconheceu Lau Fong Chi, chefe do Departamento de Comunicação e Relações Externas da Direcção dos Serviços de Turismo. “O que podemos dizer é que os hotéis receberam mais de 2 mil emails com pedidos de esclarecimentos sobre cancelamentos de quartos. Por isso, e como a linha de telefone está sempre ocupada, sugerimos que os pedidos de informações e as marcações sejam feitas por email”, aconselhou. Lau Fong Chi explicou também que as exigências dos Serviços de Saúde para que os hotéis sejam definidos como de quarentena para quem vem de regiões de médio e risco elevado, fazem com que seja difícil encontrar outros espaços para o propósito. “Além do Hotel do Tesouro é muito difícil encontrar hotéis mais adequados”, desabafou Lau. Face à situação, o Governo ainda prometeu ajudar os residentes, mas não se comprometeu com uma data, nem adiantou se a ajuda chega antes do final da pandemia. Reservas falsas Um movimento online tentou impedir quem vem de Hong Kong para Macau consiga fazer reservas no Hotel Tesouro, através de telefonemas intencionais para congestionarem a linha. O caso foi relatado, ao Exmoo, por uma residente com o apelido Lau, presa em Hong Kong. Segundo a moradora, há suspeitas que a acção tenha sido despoletada pelo medo da covid-19. Com a denúncia, a residente partilhou ainda imagens de um grupo, onde o utilizador mostrou o registo das 500 chamadas telefónicas feitas para o hotel.
Pedro Arede Manchete SociedadeAeroporto | CAM espera aumento de 30% de passageiros em 2022 O presidente do Conselho de Administração da CAM, Ma Iao Hang, estima que em 2022 o movimento de passageiros e o tráfego aéreo do Aeroporto de Macau recuperem, respectivamente, 30 e 34 por cento em relação a 2019. É esperado também um aumento de 30 por cento em relação às receitas de 1.9 mil milhões de patacas obtidas em 2021 A Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) prevê para 2022 uma recuperação de 30 por cento, ao nível da movimentação de passageiros e tráfego aéreo em comparação com o período antes da pandemia (2019). Quanto aos lucros de 2021 foram obtidas 1.9 mil milhões de patacas, um aumento de 30 por cento sobre os valores alcançados em 2020. Os dados foram revelados ontem pelo presidente do Conselho de Administração da CAM, Ma Iao Hang, durante o almoço de primavera da empresa. “Em 2021, o Aeroporto Internacional de Macau alcançou lucros de 1.9 mil milhões de patacas, representando um aumento anual de 30 por cento e um aumento de 30 por cento em relação aos níveis pré-pandémicos registados em 2019. Em 2022, projectamos que a movimentação de passageiros e o tráfego aéreo do Aeroporto Internacional de Macau cresça, respectivamente, 30 e 34 por cento em relação ao período antes da pandemia. Já o volume da carga aérea deverá crescer 20 por cento em comparação com 2019”, disse Ma Iao Hang. Relativamente a 2021, o responsável apontou que o Aeroporto de Macau acolheu um total de 1.14 milhões de passageiros (menos 2,2 por cento em relação a 2020) e 15.791 movimentações aéreas (menos 6,9 por cento em relação a 2020), sustentadas essencialmente pela retoma de rotas para o Interior da China. De vento em poupa está o transporte de carga aérea, área que registou um crescimento de 45,72 por cento em relação a 2020 e de 15 por cento em comparação com 2019, tendo sido movimentadas 48,595 toneladas, no total. Estamos prontos Sobre a expansão do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Macau do lado sul, cujas obras deverão estar concluídas durante o primeiro semestre de 2022, Ma Iao Hang mostra-se confiante quanto à entrada em funcionamento da nova estrutura no decorrer deste ano e apontou que a mesma terá capacidade para acolher cerca de 10 milhões de passageiros. Em relação ao desenvolvimento da Grade Baía, o presidente do Conselho de Administração da CAM diz que a empresa está preparada para “agarrar” as oportunidades criadas pelo “ambiente favorável” da região e assumir o seu papel na construção de Macau enquanto ponto estratégico para a área envolvente e actor principal na zona de cooperação em Hengqin. Por fim, apontando que em 2022 a procura por passagens aéreas deverá alcançar 61 por cento do período pré-pandémico, Ma Iao Hang garantiu continuar a providenciar os passageiros do Aeroporto de Macau com um ambiente “higiénico e confortável”, mais “sustentável” e “preparado” para receber a tecnologia 5G.
João Santos Filipe Manchete PolíticaVistos | Governo sem informações sobre nova política do Interior Wong Sio Chak admitiu que o Governo não foi notificado sobre as mudanças de políticas no Interior que impedem a entrada de turistas com vistos comerciais O Executivo não tem qualquer informação sobre as alterações das políticas no Interior que impedem quem tem um visto de comércio de entrar em Macau. As afirmações foram feitas pelo secretário para a Segurança depois de ter sido confrontado com uma reunião que decorreu no Interior, e que terá terminado com a adopção de mais medidas contra o jogo “transfronteiriço”. Ao comentar o impacto das políticas do Interior para a economia local, Wong Sio Chak afirmou que até ontem não tinha havido qualquer comunicação oficial. No entanto, destacou que quando são adoptadas medidas que podem colocar em causa a economia da RAEM, o Governo tende a partilhar as suas opiniões com as autoridades centrais. Por outro lado, e apesar de destacar que o Interior actua de acordo com a lei quando toma medidas do género, o secretário realçou que o jogo é uma actividade legal em Macau. Ainda sobre o facto de estar a ser pedido às pessoas com visto de comércio, que permite múltiplas entradas, que declarem o propósito da visita, Wong Sio Chak afirmou que é um procedimento que respeita a lei. À saída de uma reunião na Assembleia Legislativa, o secretário para a Segurança comentou também a possível entrada ilegal em Macau de pessoas vindas de Hong Kong. Entre os residentes locais, existe o medo de que as entradas por canais ilegais possam levar a casos comunitários de covid-19. “Neste momento, e até agora, não detectámos casos de contrabando com origem em Hong Kong para Macau. Até posso dizer que do ponto de vista global tem havido uma redução dos casos”, afirmou Wong Sio Chak. Patrulhas na rua Ainda segundo o secretário, as forças de segurança não têm ficado de braços cruzados: “Temos operações de patrulha dos Serviços de Alfândega, em cooperação com o Corpo de Polícia de Segurança Pública. Também há inspecções frequentes e quando se encontram pessoas suspeitas são identificadas”, respondeu Wong. “Os Serviços de Alfândega também estão a aumentar as patrulhas marítimas para detectar entradas ilegais e temos um mecanismo maduro com o Interior”, acrescentou. Por outro lado, Wong Sio Chak admitiu haver um mecanismo para pagar aos denunciantes. “Não convém revelar o orçamento [para pagar aos denunciantes]. Temos um orçamento limitado. Mas posso dizer que quando era director da Polícia Judiciária encontrei casos em que as pessoas pediam dinheiro para denunciarem as situações”, revelou. “E não satisfiz esses pedidos”, atirou. Sobre este assunto, Wong não quis adiantar números: “Este mecanismo é confidencial, porque é aprovado directamente pelo Chefe do Executivo e não pelas finanças. Mas, esta confidencialidade está prevista na lei”, frisou.
João Luz Manchete PolíticaAdministração | Lei das empresas públicas segue para Conselho Executivo A consulta pública sobre a Lei das Empresas de Capitais Público terminou com a ideia de que o Governo deve fazer uma triagem das entidades que ainda fazem sentido ficar sob alçada pública e quais devem passar para o privado. O aproveitamento racional do erário público pode levar ao encerramento de empresas Chegou ao fim o período de consulta pública que deu a conhecer à população os propósitos do Executivo de Ho Iat Seng quanto ao regime legal das empresas de capitais públicos. Antes da matéria ser materializada numa proposta de lei, o relatório final da consulta pública indica que as opiniões expressadas foram favoráveis a uma triagem das empresas de capitais públicos no activo, que devem perder o financiamento do Governo e tornar-se privadas. A análise deve incluir se as entidades ainda cumprem um objectivo que serve a RAEM e se devem funcionar de acordo com a orgânica dos serviços públicos. No que diz respeitos aos altos cargos das empresas, a consulta pública sugere que as funções de presidente do conselho de administração e da comissão executiva não podem ser acumuladas pela mesma pessoa. Outro dos pontos fortes do relatório, é o aumento da fiscalização e da regulamentação, principalmente no que toca às regras para nomear membros do conselho fiscal e de administração. Ainda no capítulo da fiscalização, o documento aponta a necessidade de limitar o número de cargos de liderança em empresas públicas ocupados por uma pessoa só. Sem febre de gastos A racionalização dos recursos financeiros é uma das maiores preocupações demonstradas na consulta pública e daí derivam sugestões como a avaliação periódica da forma como as empresas de capitais públicos funcionam e a avaliação do desempenho empresarial face aos objectivos traçados para a entidade. Daqui pode resultar desinvestimento ou mesmo encerramento da empresa. O relatório indica ainda que a lei deve assegurar que as empresas de capitais públicos promovam a qualificação de quadros profissionais locais e que sejam criados mecanismos que controlem despesas com aquisições, vendas e disposições de activos relevantes. Ao longo de 60 dias, o Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos, liderado por Sónia Chan, efectuou cinco sessões de consulta que incluem 2 sessões de consulta pública e 3 sessões de consulta exclusivamente destinadas a deputados da Assembleia Legislativa. No total foram recebidos 96 pareceres e um total de 735 opiniões.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEconomia | Relatório do DLA Piper destaca efeito da política de zero casos no desemprego O relatório “APAC Employment Law Forecast 2022”, elaborado pelo escritório de advocacia DLA Piper, prevê que a manutenção da política de zero casos covid-19 no território poderá ter “um impacto significativo no emprego este ano”. No capítulo dedicado a Macau, elaborado por uma equipa do escritório de advogados Lektou – Rato, Ling, Lei & Cortés, o regime de captação de quadros qualificados é descrito como “ambicioso” O cenário de desemprego e de quebra de receitas do jogo devido à pandemia, em Macau, é descrito no mais recente relatório editado pelo escritório de advogados DLA Piper, que conta com os contributos de uma equipa do escritório de advogados local Lektou – Rato, Ling, Lei & Cortés. No capítulo dedicado a Macau, descreve-se que o território “está a passar de uma situação de quase pleno emprego para um panorama de crescente desemprego”. Os autores consideram também que “os empregadores continuam a lidar com a quebra das receitas do jogo (a principal fonte de receitas para Macau), agravada pela política de zero casos covid-19 [implementada no território]”. Desta forma, “espera-se que continuemos a ter um impacto significativo no emprego este ano”, lê-se ainda num capítulo que destaca novos diplomas laborais como a proposta de lei sindical ou a nova lei das agências de emprego. É também comentado o regime de captação de quadros qualificados, considerado “ambicioso”, pois “introduz o teletrabalho no sistema jurídico de Macau e revoga certas responsabilidades do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM)”. “Este esquema visa rever políticas de imigração a fim de atrair recursos humanos qualificados e atrair talentos para áreas especificas como saúde, finanças, tecnologia de ponta, cultura e desporto”, é ainda referido. Este regime esteve em consulta pública entre os meses de Novembro e Dezembro, sendo que o Governo se encontra actualmente a analisar as opiniões recolhidas. O objectivo das autoridades é atrair “quadros altamente qualificados e de excelência” mediante “determinadas exigências e aptidões padronizadas”. Desta forma, estes quadros deverão ser integrados no mercado laboral local mediante as lacunas que o território apresenta a fim de promover “o desenvolvimento constante desses sectores industriais”. Estes profissionais “funcionarão como alicerces de um sustentado desenvolvimento socio-económico de Macau”, criando-se, para esse efeito, quotas para a vinda de talentos para trabalhar em certas indústrias que se vão desenvolver no território. O relatório faz também referência ao novo regime jurídico do controlo de migração e das autorizações de permanência e residência, que entrou em vigor a 15 de Novembro do ano passado. É referido que esta legislação prevê “autorizações especiais de permanência para trabalhadores qualificados e não qualificados”, bem como das suas famílias. Além disso, “os trabalhadores não residentes podem entrar em Macau com o propósito de desenvolverem uma determinada actividade, necessitando de uma autorização especial de entrada na qualidade de trabalhadores”. Salários congelados Este relatório anual cobre 16 jurisdições da zona da Ásia Pacífico incluindo Malásia, China, Japão, Hong Kong ou Cambodja, entre outros. No caso de Hong Kong, espera-se que a pandemia possa levar ao congelamento dos actuais valores do salário mínimo, que é de 3.750 dólares de Hong Kong, e cuja revisão deverá acontecer entre os meses de Outubro e Novembro deste ano. Tudo irá depender “do impacto económico da covid-19”, apontam os analistas. O relatório destaca ainda o aumento dos feriados de 12 para 17 dias em 2030, com a adição de um feriado a cada dois anos. Além disso, é feita referência à abolição de um mecanismo de segurança social, o “MPF offsetting mechanism”, uma proposta que há muitos anos é defendida pelas autoridades de Hong Kong. Este mecanismo prevê que os empregadores possam recorrer às contribuições dos trabalhadores para realizar determinados pagamentos. Desta forma, espera-se que o Governo da região vizinha “legisle para que os empregadores abram contas poupança em seu nome” para futuros pagamentos relacionados com os seus trabalhadores, entre outras medidas alternativas. Questões maternais No que diz respeito à China, o documento dá conta do facto de as famílias poderem agora ter, no máximo, três filhos, após a abolição da política de filho único que vigorou no país durante décadas. Além disso, as autoridades chinesas deverão implementar uma extensão da licença de maternidade em mais cidades depois das alterações feitas em Pequim, Xangai e Zhejiang, bem como providenciar mais apoios para quem deseja ter filhos. No entanto, “a extensão das políticas de licença de maternidade não são bem vindas pela maior parte das trabalhadoras, uma vez que muitas mulheres têm receios de uma discriminação de género por parte dos empregadores em resultado da implementação dessas medidas”, pode ler-se. Ainda em matéria de legislação, o relatório refere a implementação da nova lei de protecção de dados pessoais que vigora desde o dia 1 de Novembro do ano passado, que estabelece, pela primeira vez, um regime regulatório para a protecção dos dados pessoais. Os analistas “antecipam que directrizes mais detalhadas possam surgir como suplemento à lei”. Ainda sobre a China, o relatório dá conta de mudanças em matéria de segurança social para trabalhadores e empregadores estrangeiros. Sobre este ponto, e relativamente aos trabalhadores chineses, no ano passado mais cidades e províncias começaram a seguir a medida que vigora em Pequim, desde 2020, que proíbe as empresas de pagarem as contribuições de segurança social dos seus trabalhadores através de agências. “Esta política restritiva foi formulada para que empresas tenham uma presença nos locais onde desenvolvem os seus negócios”, pode ler-se. No capítulo dedicado ao Japão, um dos primeiros pontos destaca o facto de, a partir de 1 de Abril deste ano, todas as pequenas e médias empresas do país serem obrigadas a implementar medidas de prevenção e proibição do assédio sexual. “Tendo em conta que muitas empresas já proíbem o assédio sexual, tendo introduzido esta questão nas suas regras de conduta laboral, seria prudente rever as directrizes de trabalho existentes em conformidade [com a nova legislação]”. Sobre Taiwan, o relatório dá conta do panorama de teletrabalho na região. “Apesar do quase regresso à normalidade depois do grande surto de covid-19 em Taiwan em 2021, no Verão, espera-se que a variante Ómicron e a sua rapidez de contágio possa trazer novos problemas.” Na Ilha Formosa discute-se ainda a implementação da regra de contratação de trabalhadores vacinados contra a covid-19, ou a realização de testes de despistagem, depois de um período em que a região registou atrasos na recepção de vacinas. “Há uma crescente expectativa social de que os trabalhadores serão vacinados. Enquanto que o esquema de vacinação tem avançado no seio dos jovens trabalhadores e empregadores, existe um desfasamento em relação à vacinação dos mais velhos”, lê-se. Taiwan enfrenta ainda, segundo o relatório, dificuldades de contratação de mão de obra estrangeira de países como as Filipinas, Indonésia ou Tailândia, o que “alterou a dinâmica da procura e o fornecimento de trabalhadores de forma significativa”. Estes trabalhadores parecem não aceitar mais as más condições de trabalho ou de alojamento que se verificavam no passado, sobretudo desde o início da pandemia.
Pedro Arede Manchete SociedadeCovid-19 | Governo equaciona quarentenas em casa e testes rápidos Os Serviços de Saúde garantem ter um plano para lidar com surtos de covid-19, que passa por construir um local para acolher pacientes. Segundo Leong Iek Hou, se a situação piorar, testes rápidos e quarentenas domiciliárias podem também ser uma realidade. Os comprimidos para infectados vão estar disponíveis no final de Março A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, revelou ontem que o Governo já definiu um plano para lidar com um novo surto de covid-19 em Macau. Numa altura em que a situação epidémica em Hong Kong é grave e a contabilização de casos importados em Macau é uma realidade diária, a responsável disse que será construído um local dedicado a acolher pacientes, se o número de casos aumentar. “Se o número de doentes não for muito elevado, vamos continuar com a actual política. Mas, se os casos aumentarem vamos implementar outras políticas e ponderar construir uma estrutura para concentrar doentes num único local. Ainda temos capacidade de tratar os doentes mesmo que o número aumente”, disse à TDM – Rádio Macau após participar no programa “Fórum Macau” da emissora em língua chinesa. Nesse cenário, Leong Iek Hou admitiu a possibilidade de integrar na estratégia de combate à covid-19, a realização de testes rápidos e quarentenas domiciliárias para pacientes com sintomas ligeiros. No entanto, a médica frisou que essa será uma alternativa pouco desejável, accionada apenas se a situação “piorar muito”. “Os resultados deste tipo de testes não é muito preciso e há uma probabilidade maior de haver falsos negativos (…) e se a situação da pandemia piorar muito [em Macau] os pacientes com sintomas ligeiros talvez possam ficar em casa. Mas essa é uma situação que não queremos”, reiterou. Toma o comprimido Em declarações à imprensa, Leong Iek Hou revelou ainda que os comprimidos da Pfizer para tratamento de doentes com covid-19 vão chegar a Macau até ao final de Março. Questionada sobre a chegada à RAEM da vacina da BioNTech para crianças dos 3 aos 11 anos, a médica apontou “não haver data” para a sua importação devido à escassez de oferta no mercado, mas garantiu que as autoridades estão em conversações com o fabricante e que a vacina da Sinopharm disponível em Macau é “muito eficaz”. “Em países estrangeiros foram disponibilizadas vacinas mRNA para crianças e os Serviços de Saúde encomendaram imediatamente este tipo de vacina. No entanto, devido à escassez de oferta, ainda não temos calendário para a sua importação para Macau, mas já falámos com o fabricante. As nossas crianças entre os 3 e os 11 anos só podem receber as vacinas da Sinopharm, essa vacina é muito eficaz”, vincou Leong Iek Hou. Obra das Mães | Caso colectivo de gripe detectado em creche Os Serviços de Saúde revelaram a existência de um caso de infecção colectiva de gripe, diagnosticado na turma E na Creche S. João da Obra das Mães, na Avenida da Universidade de Macau. De acordo com as autoridades, o surto afectou três meninos e três meninas, todos com três anos de idade. Segundo o relato da ocorrência, no “dia 22 de Fevereiro, os alunos começaram a manifestar sintomas de infecção do trato respiratório superior como febre, tosse e corrimento nasal”. Os sintomas fizeram com que as crianças fossem levadas para cuidados médicos, que levaram à detecção do caso. No entanto, não houve necessidade de internamentos.
Pedro Arede Manchete SociedadeCrime | Algemou e filmou prostituta para roubar 100 mil RMB Após perder dinheiro no casino, um homem do Interior da China procurou os serviços de uma prostituta, para a chantagear com imagens obtidas ilegalmente, onde a mulher aparece nua e “algemada” com um cabo USB. No final, a vítima acabou por transferir 100 mil renminbis para a conta do suspeito A Polícia Judiciária (PJ) deteve na terça-feira um homem e 43 anos pela prática dos crimes de roubo e captação ilegal de imagens. Em causa, está o facto de o suspeito ter roubado 100 mil renminbis a uma prostituta num quarto de hotel no Cotai, depois de a ter “algemado” com um cabo USB, filmado sem roupa e chantageado com a divulgação das imagens para os amigos e familiares da vítima. De acordo com dados revelados ontem pela PJ em conferência de imprensa, depois de perder o dinheiro que tinha no casino do hotel, o homem, natural do Interior da China, abordou durante a madrugada desse mesmo dia, uma prostituta que estava à procura de clientes no mesmo espaço. A mulher propôs cobrar 2.000 dólares de Hong Kong pelo serviço, montante que o homem aceitou pagar sem contestar. Já no quarto, e após consumado o serviço, o homem pegou num cabo USB usado para carregar telemóveis, a fim de amarrar as mãos da prostituta atrás das costas, sem que esta tivesse sequer tempo para se vestir. Com a mulher imobilizada e sem poder usar as mãos, o suspeito pegou no telemóvel da mulher e começou a gravar um vídeo da mesma, nua e a algemada. Tirando partido da situação, o suspeito pediu à mulher para revelar a password da sua aplicação de home banking, sob pena de divulgar o vídeo onde aparece sem roupa pelos seus amigos e familiares. Chantageada, a mulher acedeu ao pedido do suspeito, que de imediato fez uma transferência de 100 mil renminbis da conta da prostituta para a sua própria conta. De seguida, o homem pôs-se em fuga, deixando a mulher nua e amarrada no quarto, que acabou por conseguir chamar a segurança do hotel e apresentar queixa à polícia. Mais nunca é demais Iniciada a investigação, a PJ descobriu que, após abandonar o hotel, o suspeito dirigiu-se à zona do NAPE, onde trocou ilegalmente o montante que tinha acabado de receber digitalmente por dinheiro e seguiu para outro casino para jogar. Na manhã do mesmo dia, e recorrendo às câmaras de vigilância, a PJ viria a encontrar e deter o homem numa sauna no NAPE, onde estava a dormir. Durante o interrogatório, o homem confessou ter roubado a prostituta por ter perdido todo o dinheiro que tinha no casino e acrescentou ter gasto os 100 mil renminbis novamente em jogo. O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o indivíduo irá responder pelos crimes de “roubo” e “gravações e fotografias ilícitas”. A confirmar-se a acusação, o suspeito pode ser punido com pena de prisão de 1 a 8 anos pela primeira infracção e com pena de prisão até 2 anos ou pena de multa até 240 dias pelo segundo crime. Também a mulher foi levada para o MP, devido a irregularidades relacionadas com o seu visto de trabalho.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGrande Baía | Pandemia atrasa abertura de segunda clínica da Globallmed Era para abrir no primeiro semestre do ano passado, mas não há ainda data para a abertura de uma segunda clínica gerida pela Globallmed em Macau. José Quinteiro, director do Centro Médico Globallmed, diz que o projecto está em suspenso devido à pandemia O facto de Macau ter praticamente as fronteiras fechadas ao exterior e a obrigatoriedade de cumprimento de longas quarentenas obrigou a Globallmed a adiar os planos de abrir uma segunda clínica na avenida Coronel Mesquita, confirmou ao HM o empresário José Quinteiro, director do Centro Médico Globallmed. “Esse projecto foi congelado devido à situação que se vive em Macau e a gestão que está a ser feita da pandemia, que nos limita imenso o desenvolvimento dos negócios. Não vamos estar a alocar um conjunto de recursos humanos que poderia não vingar.” Foi em 2018 que a Globallmed, marca do grupo IGHS – Global Healthcare Services, chegou a Macau, passando a gerir, no ano seguinte, uma clínica na Taipa, na avenida de Guimarães, que já funcionava há dez anos. Com as oportunidades trazidas pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, a Globallmed promete continuar a investir no território, num projecto que envolve “medicamentos inovadores e uma profunda ligação aos cuidados de saúde”. “Temos alguns contactos já estabelecidos para algo maior em matéria de cuidados de saúde, que teria um cariz hospitalar. Estamos focados em algo novo na área do medicamento. Queremos integrar um parceiro europeu, que será português, do Médio Oriente e da Ásia, quer seja China, Hong Kong ou Macau”, frisou José Quinteiro. Este responsável defende, no entanto, uma modernização da legislação de Macau nesta área. “Parece-me importante a harmonização legal. Em Macau temos uma excelente legislação que está desfasada no tempo. Não se evoluiu em relação às leis que existiam em Portugal nos anos 80 na área da saúde e do medicamento. O facto de não haver uma modernização face às regras de mercado acaba por desviar algum interesse. Mas apostamos que, com o dinamismo que se prevê para essa área, que esta modernização venha a acontecer.” José Quinteiro foi um dos oradores da palestra que decorreu ontem na Fundação Rui Cunha (FRC) e que abordou a presença do tecido empresarial português na Grande Baía. O empresário destacou que esta zona constitui “uma grande importância ao nível do turismo de saúde, algo que ainda não está explorado”. Aposta no imobiliário Nuno Batista, do grupo Soulfato, foi outro dos oradores do evento na FRC. Esta empresa está presente há 15 anos na China, operando actualmente em Shenzhen, por ser “a grande cidade das startups”, além de possuir escritórios em Macau e Portugal. A Soulfato trabalha essencialmente no mercado imobiliário, com recurso aos vistos gold, e na captação de empresas internacionais para o mercado chinês. O empresário considera que a Grande Baía é, neste momento, “a região da China com maior impulso económico e mais oportunidades”, além de ter trazido a oportunidade para a criação de mais plataformas que permitem a partilha de informações entre empresas portuguesas e chinesas, como é o caso das câmaras de comércio. Para Nuno Batista, a Grande Baía é também um balão de ensaio para “que as empresas portuguesas aprendam como entrar no mercado chinês de forma eficiente”, uma vez que em Portugal “há muitas empresas com capacidade económica” para investir neste campo. Tiago Pereira, representante em Macau da Associação para a Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, que organiza este evento, destacou ao HM que “já existe alguma presença empresarial portuguesa nesta zona, mas haverá potencial para uma presença bem maior”, sobretudo em áreas como inovação tecnológica, investigação e startups. “O projecto da Grande Baía abre um leque de oportunidades e de atracção de investimento estrangeiro. É um projecto de integração que pretende atrair empresas e talento da China e do exterior, criando-se um centro de inovação que traduz a transformação económica da China para sectores de maior valor acrescentado. Deste ponto de vista haverá possibilidades a explorar pelas empresas portuguesas”, rematou. O debate contou ainda com a participação de outras personalidades, como é o caso de Carlos Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino, Carolina Lousinha, da AICEP, ou o economista José Sales Marques. A moderação esteve a cargo do jornalista José Carlos Matias.