João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança Social | Estudo alerta para peso do envelhecimento nas famílias Com a população a envelhecer progressivamente, os adultos trabalhadores vão ter cada vez mais desafios para prestar apoio familiar aos mais velhos. Em 2036, cada 100 adultos trabalhadores vão ter de sustentar cerca de 51 crianças e idosos O Governo precisa de prestar mais atenção à pressão financeira do envelhecimento populacional para as famílias. Esta é uma das conclusões de um artigo da revista científica Urban Science com o título “Envelhecimento Urbano em Macau, Fugas no Sistema de Segurança Social e Estratégias de Solução”, da autoria de Wang Xin, Peng Kang-Lin e Meng Ting, académicos da Universidade Cidade de Macau. Segundo os dados apresentados, um dos principais desafios com o envelhecimento é o aumento da taxa de dependência social. Esta taxa é utilizada para indicar o número de idosos e crianças dependentes de adultos trabalhadores. Em 2021, por cada 100 adultos trabalhadores em Macau havia cerca de 38 idosos e crianças dependentes. Excluindo as crianças, o número de idosos dependentes era de 17 por 100 adultos trabalhadores. Porém, as estimativas apontam para uma subida significante nos próximos anos. De acordo com as estimativas apresentadas, em 2026 o número de dependentes sobe para 48 por cada 100 trabalhadores, dos quais 24 são idosos. Finalmente, em 2036, com a população cada vez mais envelhecida, cada 100 adultos trabalhadores vão ter de sustentar 51 idosos e crianças dependentes, e entre estes, 30 dos sustentados são idosos. “O aumento da população idosa vai aumentar a pressão sobre os adultos em idade de trabalho, porque vão ter de apoiar os idosos. Este é um fardo que se espera que continue a aumentar para o futuro”, é alertado. Sem soluções mágicas Face a estes problemas, os autores apontam como solução a aposta nas chamadas “indústrias de cabelo grisalho”, o que corresponde a aumentar a longevidade da vida profissional dos mais velhos. “É recomendado que o Governo encoraje os idosos a atrasarem a idade de reforma, para que continuem a trabalhar e se mantenham em contacto mais tempo com a sociedade, enriquecendo as suas vidas, e aumentando o valor da sua contribuição social”, é acrescentado. Por outro lado, face a este problema futuro, Wang Xin, Peng Kang-Lin e Meng Ting antecipam que os custos do Governo com a saúde e a segurança social vão aumentar também e sugerem que Macau desenvolva mais comunidades na Ilha da Montanha, para criar centros comunitários de idosos. Quanto a esta tendência, os autores defendem que se deve encorajar ainda o aumento da natalidade, com o aumento da licença de maternidade, mais subsídios ou redução dos custos de educação para os mais novos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaServiços de Saúde | Alvis Lo reconduzido como director por um ano Além do director dos Serviços de Saúde, também Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais tem o mandato renovado por mais um ano. Wong está no cargo há mais de 10 anos Alvis Lo Iek Long vai ficar mais um ano à frente dos Serviços de Saúde, a partir de 1 de Abril, até Março de 2024. A informação foi divulgada ontem através de um despacho da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. Como acontece neste tipo de ocasiões, a decisão foi justificada com a “capacidade de gestão e experiência profissional adequadas para o exercício das suas funções”. Alvis Lo Iek Long está liderança dos Serviços de Saúde desde Abril de 2021, quando substituiu Lei Chin Ion em plena pandemia. A decisão significou também o fim da era de Lei à frente dos serviços, que durou cerca de 14 anos. A renovação do mandato foi também uma prova de confiança para o homem que deu a cara por muitas das decisões relacionadas com a política de zero casos de covid-19, e que em várias ocasiões, devido a múltiplas orientações pouco clara, estiveram longe de agradar à população, principalmente com as longas filas de espera para realizar testes em massa para grupos específicos. A voz oficial Além de director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo é presidente da Federação de Juventude de Macau, que concentra cada vez mais as novas gerações da elite local. Na direcção da federação estão ainda Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng, Calvin Chui, filho de José Chui Sai Peng ou Arnaldo e Sabrina Ho, filhos do falecido Stanley Ho com a deputada e empresária Angela Leong. Com o mandato recentemente renovado à frente da federação, Alvis Lo prestou juramento, na semana passada, perante o Chefe do Executivo, o presidente da Assembleia Legislativa, o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau e o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. No discurso da tomada de posse, Alvis Lo traçou como primeira prioridade “levar um vasto número de jovens a continuar o estudo para melhor compreender e implementar o espírito do ‘20.º Congresso Nacional’, e herdar e levar por diante a bela tradição de ‘amar o país e Macau’”. Renovação da DSAL Alvis Lo não foi o único dirigente de alto cargo com o mandato renovado. O mesmo aconteceu com Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais, por decisão do secretário para Economia e Finanças (DSF). Também neste caso a renovação foi justificada com o facto de Wong “possuir capacidade de gestão e experiência profissional adequadas para o exercício das suas funções”. Wong Chi Hong é director da DSAL desde meados de 2013.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteAntónio Pedro Costa, autor de “D. Paulo José Tavares – O bispo diplomata”: “Ele foi uma lufada de ar fresco “ D. Paulo José Tavares era bispo em Macau no período do movimento “1,2,3”, em 1966, ficando para a história como a figura que estancou a penetração do maoísmo nas escolas católicas. Lançado a 25 de Janeiro, o livro “D. Paulo José Tavares – O bispo diplomata” conta a história de vida do eclesiástico que saiu de Rabo de Peixe, nos Açores, passou pelo Vaticano e deixou uma marca no Oriente Como começou esta aventura de escrever sobre a vida de D. Paulo José Tavares? É uma figura muito conhecida aqui em Rabo de Peixe [Açores]. Temos uma estátua, uma escola e uma rua com o nome dele. No entanto, muita gente, sobretudo as actuais gerações, não conhece nada da figura que ele foi no seio da Igreja, apesar de ser uma figura que merece todo o destaque. Percebeu-se, aqui na paróquia, que as pessoas não tinham a verdadeira noção da importância da figura de D. Paulo José Tavares e foi assim que me foi lançado o desafio de escrever este livro. Percebi que não havia muita informação sobre ele e a própria família também não sabia muitas coisas, porque a irmã mais nova, que ainda é viva, era muito pequena [quando ele deixou os Açores]. Não foi uma pesquisa fácil, pois precisava de alguns dados do Vaticano, consegui falar com algumas pessoas que tentaram ajudar-me, mas não foi possível obter informação daí, nem de outros locais. D. Paulo José Tavares esteve em Macau num período muito particular, nos anos 60, durante o movimento “1,2,3”. Chegou ao território com o objectivo de modernizar o clero local. Ele tinha vários objectivos [com essa missão] e foi escolhido para ser o bispo de Macau porque era uma figura muito importante em termos de diplomacia. Esteve na Secretaria de Estado do Vaticano, tinha capacidade de lidar com situações complicada e o território estava precisamente a passar por uma situação complicada. Tentou abrir mentalidades e fez com que se implementasse em Macau a equiparação entre o clero chinês com o clero europeu. O clero de Macau era muito conservador e ele teve dificuldades aí. Ele equiparou os vencimentos dos padres locais com o clero europeu e isso proporcionou um salto qualitativo muito grande. Além disso, fez com que as pessoas de Macau vissem nessas atitudes alguém que vinha valorizar a população. Perante a ideia colonial que havia, de que a Europa era detentora de todo o saber, ele abriu-se às questões locais e fez com que houvesse uma proximidade muito forte [com a população]. Ele tinha as portas do gabinete abertas e era um bispo que não estava na sua cadeira pontifícia. Era um bispo que ouvia as pessoas e valorizava os locais. Teve um papel importante na dinamização religiosa da população e promoveu algumas iniciativas inéditas, como foi o caso da celebração dos 50 anos das aparições de Fátima [celebradas em 1967]. Isso fez com que, pela primeira vez, se tenha criado a “Festa do Doente” em Macau, que levou a uma grande mobilização das pessoas. Foi, portanto, uma figura acarinhada pela comunidade chinesa. Exacto. Essas atitudes de valorização da comunidade chinesa levaram a uma aproximação e ao estabelecimento de uma relação de confiança. Só assim conseguiu levar os seus objectivos adiante, pois percebeu que tinha de ter a população do seu lado. Mas isso trouxe-lhe muitos dissabores com o clero europeu, que não concordava com a postura de D. Paulo José Tavares. Fez com que a população tenha visto nele um aliado e não uma pessoa que vem de fora e que impõe as suas ideias. Passando ao período do “1,2,3”. Ele é tido como a figura que impediu o maoísmo de penetrar nas escolas católicas. Foi um período muito conturbado e ele soube lidar com a situação que era bastante complexa. A elite comercial e política local estava contra ele e os próprios estudantes. Tentaram afastá-lo e ele resistiu. Foi a sua habilidade diplomática que fez com que se contornassem todas essas situações. Chegaram a pintar o paço episcopal com letras vermelhas contra a religião e ele resistiu estoicamente a tudo isso, fazendo com que, nas escolas católicas, não se ensinasse o maoísmo. Temos de ser justos: ele foi a única personalidade do território com capacidade para estancar esse movimento, graças à sua capacidade diplomática. Se ele não tivesse tido o papel que teve na abertura das escolas, na melhoria do ensino e das estruturas, certamente que no “1,2,3” não haveria capacidade de estancar o movimento. O seu percurso é que lhe deu autoridade para lutar contra esta situação. Como eram as escolas católicas na altura e o ensino religioso? Havia muita coisa a melhorar? Macau tinha uma situação idêntica a Portugal, com um regime [político] muito fechado e conservador. Ele introduziu o inglês, chinês e português nas celebrações litúrgicas e isso trouxe uma grande abertura. Foi uma lufada de ar fresco. Via-se, nas festas que aconteciam nas escolas, a adesão das pessoas. Teve a capacidade de ir introduzindo [mudanças] e provocou uma abertura a uma prática colonial e conservadora da religião e do ensino. Qual o aspecto do legado de D. Paulo José Tavares que lhe parece mais importante? Ele passou por Macau e deixou um legado, que foi a emancipação das pessoas que viviam no território, indo contra as ideias coloniais. Atribuiu um papel aos locais e deu o mote que os locais tinham de ser valorizados, teve uma visão de futuro e marcou a vida da população. Muitos chineses eram católicos e isso foi importante para a própria emancipação do território. No processo de pesquisa para este livro teve acesso à tese de doutoramento em Direito Canónico de D. Paulo José Tavares, a qual entregou ao académico Moisés da Silva Fernandes, que está a ultimar uma obra sobre ele. Foi por acaso que a família obteve a tese. Muita da documentação que existia desapareceu e uma sobrinha de D. Paulo José Tavares tinha a tese em casa e jornais antigos de Macau que serviam para embrulhar cálices e outras peças. Foi um achado muito interessante, pois pude analisar esses pedaços de jornais e descobrir mais sobre o pensamento dele e a riqueza suas das obras. Queria ter tido acesso às cartas apostólicas que emitiu, mas acredito que este livro vai espoletar outras investigações. Tenho a convicção de que a partir daqui a figura de D. Paulo José Tavares vai passar a ser melhor conhecida. Como olha para a presença do catolicismo em Macau ao longo destes anos, tendo em conta as especificidades políticas do território? A Igreja sempre teve um papel determinante em Macau e acho que foi importante para modelar a sociedade. O cristianismo, com os seus valores, é uma mais-valia para o território. Mesmo sem ter relações diplomáticas com Portugal, a China olhava para Macau como um ponto de equilíbrio e uma ponte entre as duas nações. O humanismo do cristianismo foi, de facto, uma luz que surgiu e continuou em Macau depois de D. Paulo a modelar ao pensamento e cultura do território.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Terceira semana de Fevereiro mais rentável que Janeiro Sem contar com os períodos de feriados, a terceira semana de Fevereiro foi a melhor em mais de três anos, com receitas brutas diárias de cerca de 400 milhões de patacas. A JP Morgan Securities prevê que o segmento de massas consiga recuperar este mês para 70 por cento dos níveis e receitas antes da pandemia A galinha dos ovos de ouro de Macau parece estar de volta a um nível de produção que faz lembrar os tempos antes da covid-19 arrasar o “galinheiro”. Segundo os analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) Ltd, a média diária de receitas brutas dos casinos de Macau continuou na terceira semana de Fevereiro a ultrapassar a média registada em Janeiro, apesar de este ano os feriados do Ano Novo Chinês terem calhado no mês passado. A corretora estima que indústria do jogo da RAEM tenha apurado na terceira semana de Fevereiro receitas brutas médias de cerca de 400 milhões de patacas por dia, valor que representa o melhor resultado numa semana sem feriados em mais de três anos Aliás, os números sugerem uma recuperação de mais de 45 por cento em relação a níveis anteriores à covid-19. Previsão que se torna mais optimista quando focada nas receitas correspondentes ao segmento de massas, que poderá recuperar para montantes entre 65 a 70 por cento das receitas registadas antes da pandemia, segundo os analistas da JP Morgan citados pelo portal GGR Asia. Feitas as contas Em termos de receitas agregadas, os analistas da corretora apontam para receitas brutas de 7,2 mil milhões de patacas apurados nos primeiros 19 dias de Fevereiro. O total agregado indica uma média diária entre 375 a 380 milhões de patacas em receitas brutas. “Este resultado está ligeiramente acima das fortes receitas brutas registadas em Janeiro”, quando os cofres dos casinos amealharam por dia 374 milhões de patacas, concluem os analistas DS Kim e Mufan Shi, citados pelo GGR Asia. Mas, mais do que o valor cru dos milhões, os analistas destacam “a sólida performance tendo em conta a fraca sazonalidade típica dos períodos posteriores a feriados”. Já as notícias sobre a morte do jogo VIP, parecem ter sido manifestamente exageradas, pelo menos de acordo com as projecções da JP Morgan. “Estimamos que o jogo VIP recupere para cerca de 15 por cento dos níveis antes da pandemia, um progresso sólido para um mercado que supostamente estará em vias de extinção”, é referido. Apesar do sinal de vitalidade, os analistas sublinham que as receitas apuradas pelo segmento VIP não serão o principal motor da indústria do jogo, mantendo-se em níveis residuais face ao mercado de massas.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Custo dos combustíveis subiu mais de 20% em 2022 2022 foi um ano difícil para os condutores. Segundo os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, os combustíveis subiram mais de 20 por cento no ano passado, o que se reflectiu no menor consumo O custo dos combustíveis para veículos subiu 20,8 por cento em 2022, indicam os últimos dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), seguindo o aumento verificado no mercado internacional, sobretudo devido à invasão russa da Ucrânia. O preço médio de venda da gasolina sem chumbo fixou-se em 13,96 patacas no ano passado, enquanto o preço do gasóleo atingiu 15,62 patacas. Num comunicado, a DSEC revelou ainda que o custo dos combustíveis terminou 2022 em alta, com o preço médio de venda durante o último trimestre nas 14,29 patacas para a gasolina e 16,21 patacas para o gasóleo. O comunicado não refere quaisquer motivos para os aumentos. Mas, no mercado internacional, o preço dos hidrocarbonetos, incluindo derivados do petróleo e gás natural, subiu em 2022 devido à corrida ao gás natural liquefeito na Europa. Isto após a comunidade internacional ter respondido à invasão da Ucrânia com a imposição de sanções políticas e económicas, incluindo o encerramento dos gasodutos russos, a principal fonte de combustíveis fósseis da Europa. Fornecidos pelo Interior De acordo com dados da DSEC, 90,9 por cento da gasolina e 86,1 por cento do gasóleo importados por Macau vieram da China, com o resto da gasolina a vir da Arábia Saudita e o resto do gasóleo de Singapura. Além do impacto da guerra, deputados como Leong Sun Iok e Nick Lei alertaram ao longo do ano passado para uma eventual “combinação de preços” entre os revendedores de combustíveis para veículos em Macau. Com o preço dos combustíveis a aumentar, o consumo de gasolina no território caiu 10,9 por cento para 90,8 milhões de litros em 2022 enquanto o consumo de gasóleo recuou 5,4 por cento para 88,8 milhões de litros. Pelo contrário, e ainda de acordo com dados da DSEC, o consumo de gás natural em Macau aumentou 40,1 por cento para 120,3 milhões de metros cúbicos no ano passado. O Governo de Macau anunciou na segunda-feira um aumento, entre 8 por cento e 14,3 por cento, no preço de venda do gás natural, apontando para a “subida rápida no mercado internacional”, causada pela invasão da Ucrânia. Num despacho publicado no Boletim Oficial e que entrou já em vigor, Ho Iat Seng aumentou em 8,2 por cento o preço do gás natural para habitações para 7,58 patacas por metro cúbico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSalário Mínimo | Governo aberto a criar comissão para revisão de valores O director dos Serviços para os Assuntos Laborais afirmou que o Governo está a trabalhar num relatório sobre o futuro do salário mínimo. Contudo, não avançou com qualquer data para a tomada de decisão sobre alterações aos valores em vigor Wong Chi Hong, mostrou abertura para ser criada uma comissão especializada para analisar a actualização do salário mínimo. A posição foi revelada na resposta a uma interpelação do deputado Lam Lon Wai sobre esta matéria. “Em relação à sugestão da interpelação escrita de estabelecer uma comissão especializada para a revisão do salário mínio, o Governo da RAEM está disposto a ouvir as sugestões de todos os sectores, que serão ponderadas em conjunto com o desenvolvimento económico e social da RAEM”, respondeu Wong. O director da DSAL adiantou também que está a ser realizado um relatório sobre a revisão do valor do salário mínimo. De acordo com a lei, a revisão deveria ser feita a cada dois anos. A lei entrou em vigor a 1 de Novembro de 2020, pelo que o período de dois anos terminou a 31 de Outubro de 2022, sem que houvesse qualquer posição do Governo sobre o assunto. Em relação a este silêncio, Wong Chi Hong admitiu ser necessário esperar, porque está a ser elaborado um relatório sobre a situação “do desenvolvimento económico e social” com base nos dados recolhidos até ao final de Outubro de 2022. No entanto, o director da DSAL não se comprometeu com uma data para a conclusão do relatório nem para a tomada de posição do Governo. Contudo, garantiu que, como determinado pela lei, o assunto vai ser discutido no Conselho Permanente de Concertação Social. Pedidos de aumento Nas últimas semanas, os sectores laborais têm defendido o aumento do salário das actuais 32 patacas por hora para 35 patacas por hora. Contudo, a proposta tem encontrado oposição por parte do patronato, que argumenta que os últimos três anos ficaram marcados pela maior crise económica desde a transferência de soberania, pelo que entendem que o valor deve manter-se congelado. O último aumento do salário mínimo aconteceu em 2019. No entanto, na interpelação escrita, Lam Lon Wai deixou críticas ao mecanismo interno para aumentar o ordenado mínimo, por considerar que os procedimentos não são conhecidos pela população nem pelos deputados. O legislador pediu também que se apresentasse uma estimativa sobre a duração do processo. Em relação a estes pedidos de esclarecimentos, Wong Chi Hong, deixou o deputado sem resposta e sem qualquer previsão de data. A única garantia deixada, foi que, no caso de o Governo decidir não aumentar o salário mínimo, não será realizada qualquer alteração à lei.
Hoje Macau Manchete PolíticaEuropa | Durão Barroso em almoço com cônsul e Ho Iat Seng O ex-primeiro ministro português Durão Barroso visitou Macau e encontrou-se com o Chefe do Executivo e o cônsul-geral de Portugal. O ex-presidente da Comissão Europeia realçou a obrigação de preparação para novas pandemias e sublinhou a necessidade de Macau preservar a herança cultural portuguesa Sem aviso prévio, e fora da agenda mediática, José Durão Barroso visitou Macau e almoçou com Ho Iat Seng, Alexandre Leitão, Raimundo do Rosário e Ambrose So. O ex-primeiro ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia realçou a vontade do Governo de Macau em preservar e valorizar as especificidades do território devido à ligação a Portugal. “Macau não é mais uma cidade chinesa, isso há muitas. Macau é uma região administrativa especial. Além disso, diz-me o sr. Chefe do Executivo, é importante manter essa especificidade da herança cultural portuguesa aqui em Macau”, afirmou Durão Barroso, citado pelo Canal Macau da TDM. O ex-governante, que hoje em dia preside à Aliança Global para as Vacinas, destacou ainda o facto de a primeira viagem oficial de Ho Iat Seng enquanto Chefe do Executivo ser a Portugal, que encara como uma “tradição” que representa “um bom sinal”. De forma breve, Durão Barroso mencionou o período em que participou nas negociações da transição, enquanto ocupava o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, e mostrou-se impressionado “pelo extraordinário progresso económico do território”, que continua a demonstrar grande dinamismo, mesmo depois do “período difícil” devido ao impacto da pandemia. Apenas a primeira Enquanto presidente da Aliança Global para as Vacinas, iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, Durão Barroso alertou para a necessidade de o mundo se preparar para novos desafios pandémicos. “É evolucionariamente seguro que vamos ter mais pandemias. O covid-19 não é, infelizmente, a última pandemia da história. Temos de estar preparados. Espero que se tirem todas as lições desta pandemia”, apontou o ex-governante, citado pelo Canal Macau da TDM. Durão Barroso afirmou ainda a necessidade de preparação ao nível da capacidade científica e médica, com a produção de novas vacinas, mas também de armazenamento de equipamentos de protecção pessoal, deficiências de preparação demonstradas na pandemia da covid-19. No que diz respeito às relações entre a União Europeia e a China, o ex-presidente da Comissão Europeia defendeu que é preciso manter a “cooperação e diálogo entre todas as partes, apesar das diferenças que existem.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Estudo enumera “problemas” e “contradições” no surto de Junho “Insuficiências” ou “contradição entre as medidas de prevenção adoptadas” são alguns dos problemas verificados no surto de covid-19 de Junho de 2022 enumerados num estudo publicado na última edição da revista Administração. A conclusão aponta para que na “fase inicial” do surto, de 19 de Junho a 3 de Julho, as medidas “não tiveram resultados satisfatórios” Foram muitos os “problemas” e “contradições” verificados no surto epidémico de Junho do ano passado. Pelo menos de acordo com um trabalho publicado na última edição de Dezembro da revista “Administração”, editada pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), intitulado “Estudo sobre as medidas de prevenção da epidemia causada pelo novo tipo de coronavírus em Macau: Análise dos dados com base na epidemia de 18 de Junho”. Os académicos propuseram-se analisar a eficácia das medidas adoptadas pelo Governo e a relação com o número de casos covid-19 registados. Da autoria dos académicos Tong Chi Man, Cheong Pui Man e Kou Seng Man, o estudo quantitativo recorre ainda a dados estatísticos oficiais para estabelecer uma correlação entre casos positivos registados, separando-os em sete categorias diferentes e dividindo o período de surto em diversas fases. Nesta parte, os dados fornecidos pelos Serviços de Saúde são analisados com recurso ao programa de dados estatísticos SPSS 27.0, tendo os académicos categorizado os casos covid-19 da seguinte forma: “Novos casos registados diariamente no sexo feminino; Novos casos registados diariamente no sexo masculino; Novos casos registados diariamente; Novos casos de infecção sintomática registados diariamente; Novos casos de infecção assintomática registados diariamente; Casos detectados diariamente na comunidade; Casos encontrados diariamente no âmbito da gestão e controlo.” O trabalho conclui que nem tudo correu bem na chamada “fase inicial” do surto, que durou entre 19 de Junho e 3 de Julho. “O estudo mostra que as medidas adoptadas na ‘fase intermédia’, na ‘fase relativamente estática’ e na ‘fase de consolidação’ atingiram relativamente bons resultados, enquanto as medidas adoptadas ‘na fase inicial’ não tiveram resultados satisfatórios”. Assim, conclui-se que diversos factores, “como as insuficiências verificadas nos hotéis de observação médica, as medidas de prevenção contraditórias, as insuficiências na realização dos testes em massa (…) poderão, possivelmente, ter conduzido aos problemas referidos, o que resultou nas sugestões da manutenção, com uma elevada uniformidade, [de medidas de acordo] com a política nacional de prevenção da epidemia”, lê-se no documento. Acima de tudo, o surto de Junho “foi controlado graças ao empenho do pessoal da linha da frente e à colaboração activa por parte dos residentes, em conjugação com a realização dos testes em massa e a implementação da medida de controlo e bloqueio na comunidade e, ainda, à organização eficaz da sujeição dos pacientes ao tratamento”. No entanto, “há quem entenda que existem ainda muitos aspectos insuficientes que merecem ser supridos e medidas implementadas susceptíveis de terem sido contraditórias, apesar de o Governo ter agido de imediato e tomado decisões imediatas como resposta à pandemia”. Ausência de “normalidade” Para este trabalho contou-se o período entre 19 de Junho, quando começam a registar-se os casos após a descoberta da primeira infecção no dia anterior, e 1 de Agosto. Os autores do trabalho nomearam várias fases para este período, nomeadamente a “fase inicial de prevenção epidémica”, que vai de 19 de Junho a 3 de Julho e a “fase intermédia, de 4 a 10 de Julho, quando se aumentou a frequência dos testes de ácido nucleico e rápidos realizados. Por sua vez, o dia 11 de Julho de 2022 integra-se na “fase relativamente estática”, quando passou a ser exigido aos residentes o uso da máscara KN95 e a realização de vários testes aos trabalhadores das áreas da segurança, administração de condomínios e limpeza. Por sua vez, os dias 11 a 22 de Julho correspondem à “fase relativamente estática”, com a suspensão de algumas actividades económicas e negócios, dando-se depois a “fase de consolidação”, entre os dias 23 de Julho e 1 de Agosto já com o alívio de algumas medidas, como a reabertura de alguns negócios e permissão para sair de casa. Os autores dizem “ser possível” que, no surto de Junho, o Governo “não tenha funcionado com normalidade e tenha perdido o controlo da evolução da pandemia”, além de se ter verificado “um fenómeno de anomia na sociedade e de instabilidade social”. “As insuficiências” Os académicos apontam as “insuficiências” verificadas no trabalho diário dos hotéis designados para quarentena, nomeadamente o facto de “o pessoal do hotel onde foi aplicada a medida de circuito fechado não ter lidado de forma adequada com os trabalhos de prevenção”, que culminou na infecção de “uma parte dos trabalhadores e alguns hóspedes”. Além disso, verificaram-se ainda “deficiências” como os “trabalhadores responsáveis pelo registo [dos hóspedes] colocados no balcão de recepção do hotel terem apenas uma máscara e não disporem de mais equipamentos de protecção”. O estudo fala também da “contradição” verificada nas “medidas de prevenção adoptadas” pelo Executivo, onde se inclui o “alojamento de dois pacientes desconhecidos num mesmo quarto de hotel de isolamento”, ou “exigir aos residentes a redução das saídas, mas não dar ordens para suspender o exercício de trabalho nem de confinamento”. Incluem-se nesta lista as “orientações do Governo, destinadas às instituições civis e públicas, terem sido divergentes e com parâmetros diferentes” ou a exigência de testes com validade de 48 horas aos trabalhadores dos casinos e da construção civil para poderem trabalhar. Destaca-se ainda “a continuação do exercício de funções no posto de trabalho de indivíduos com código de saúde amarelo após a negociação com o patrão da empresa ou o responsável pelo serviço”. O estudo refere também “a cobertura não completa das medidas de assistência económica”, uma vez que “as camadas sociais mais vulneráveis não tiveram apoio”, nomeadamente os trabalhadores não-residentes, que não foram abrangidos, por exemplo, pelo programa dos cartões de consumo. Os académicos concluiram ainda que “os problemas higiénicos nos bairros antigos deverem ser melhorados”, e que estes ficaram mais expostos quando alguns edifícios da zona norte da península foram confinados. Um dos exemplos apontados é a “acumulação de lixos” ou a “proliferação de mosquitos”, bem como a necessidade de reparação dos edifícios. Seguir o país Desta forma, uma das conclusões aponta para a importância da “manutenção de um alto grau de coerência com as políticas nacionais de prevenção da pandemia”. Isto porque, com base nos dados analisados, conclui-se que “na ‘fase inicial’ deviam ter surgido diversos problemas reveladores de componentes insuficientes no nosso ‘plano de resposta de emergência’ que mereciam ser melhorados”. Uma vez que Macau já se encontra “numa fase posterior à epidemia, cheia de incertezas”, o estudo refere a necessidade “da importância emergente da implementação de medidas de prevenção e controlo idênticas às medidas nacionais”, além de se dever fazer “um balanço das experiências de Macau”. A análise dos dados relativos ao número de casos mostra ainda que as “insuficiências” verificadas nos hotéis de quarentena se deveram “possivelmente à falta de eficácia dos trabalhos de prevenção epidémica implementados na ‘fase inicial'”. Assim, é sugerido o aperfeiçoamento “do regime de responsabilidade e sistema de gestão” nos hotéis de quarentena em períodos de surto, assim como o reforço da formação dos funcionários. “Sugere-se que o Governo defina, o quanto antes, medidas científicas para a prevenção da pandemia”, como é o caso da “instalação de mais postos de testes de ácido nucleico, o prolongamento do seu horário de funcionamento” ou ainda “que seja apenas exigida a realização de testes rápidos aos trabalhadores dos casinos e do sector da construção civil”. Deve ainda “ser preparado um número suficiente de quartos de hotel de isolamento para satisfazer as necessidades”, além de ser importante “dar o apoio adequado aos indivíduos em quarentena e às pessoas em zonas de bloqueio”. Mais apoios Além de sugerir a melhoria do sistema de testes em massa, o estudo dá conta da importância de alargar o leque de apoios financeiros concedidos no futuro em contextos semelhantes. “Os estudiosos esperam que o Governo possa auscultar as opiniões de todos os sectores e optimizar ainda mais as medidas de apoio financeiro, para que a população em geral possa beneficiar desse apoio”, pode ler-se. É também proposta a realização de uma “ampla recolha de opiniões na sociedade” e que seja prestada “atenção aos sectores, empresas e profissionais liberais que eventualmente possam não ter beneficiado do apoio cedido, sendo-lhes atribuídos apoios adequados”. O estudo chama a atenção para a necessidade de reforçar “os apoios aos grupos especiais, tais como jovens, aposentados, desempregados, subempregados, indivíduos em licença sem vencimento e com baixos rendimentos, de modo a resolver as dificuldades dos cidadãos, bem como dos comerciantes”. Sobre os autores do estudo, todos eles são ligados ao Instituto Internacional de Investigações Académicas (Macau), sendo que Kou Seng Man preside à entidade e Tong Chi Man é também académico visitante da Faculdade de Ciências Sociais e Educação da Universidade de São José.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHubei | Ex-governante acusado de gastar 40 milhões em casinos Mei Yunnian apropriou-se de fundos públicos e fez empréstimos junto de subordinados para poder apostar nas mesas de Macau. Numa das viagens ao território, em dois dias, apenas dormiu três horas Um antigo governante de Hubei terá vindo a Macau, ao longo de 11 anos, e apostado cerca de 40 milhões de renminbis nas mesas dos casinos locais. A notícia foi avançada ontem por uma revista do Interior com ligações ao órgão de supervisão de corrupção de Pequim. O ex-governante é identificado como Mei Yunnian e entre 2007 e 2018 foi subdirector do plano de desenvolvimento reformista da cidade de Yichang, na Província de Hubei. Terá também sido durante nessa altura que realizou várias deslocações secretas a Macau, para jogar. Segundo a informação revelada no Interior, o governante fez 112 visitas à RAEM durante as quais apostou cerca de 40 milhões de renminbis. Contudo, as perdas nas mesas foram mais reduzidas, não indo além dos 5 milhões renminbis. Numa das deslocações a Macau, o responsável terá dormido apenas três horas em duas noites, para ficar mais tempo na mesa de jogo. Como consequência, quando foi para o Aeroporto de Zhuhai para regressar a casa, o governante adormeceu à espera do avião, tendo de ser acordado pelos trabalhadores do aeroporto para embarcar. Outros tempos As visitas foram realizadas antes de Macau ter sido alvo de uma campanha contra o jogo no Interior, em 2021. Nessa altura, não só a circulação entre o Interior e Macau foi amplamente restringida, com a justificação da política de zero casos de covid-19, como vários agentes dos junkets de Macau no Interior foram presos e condenados com penas de prisão. Também na RAEM, e a reboque do que acontecia no outro lado da fronteira, a polícia decidiu avançar. As detenções de Alvin Chau, proprietário do grupo junket Suncity, e Levo Chan, ligado ao grupo Tak Chun, serviram para passar a mensagem de que a promoção do jogo no Interior nos moldes anteriores não iria voltar a ser autorizada. Contudo, o vício de Mei Yunnian surge explicado como sendo mais profundo. Com a pandemia, o governante virou-se para o jogo online, passando as noites à frente do ecrã a jogar bacará. Na conta pessoal do casino online, o político tinha 18 milhões de renminbis. Segundo os relatos da imprensa chinesa, Mei viciou-se no jogo em 2007, quando começar a apostar na lotaria. No entanto, a situação piorou durante uma viagem a Macau, quando foi exposto ao ambiente do jogo nos casinos. Segundo o responsável, o sentimento de “entusiasmo” nos casinos fez com que se deixasse viciar, ao ponto de se apropriar de fundos públicos e de pedir empréstimos de subordinados para poder apostar. Desde Março do ano passado, que Mei Yunnian está a ser alvo de um processo disciplinar devido às suas acções relacionadas com o vício do jogo. Citado pela imprensa do Interior, justificou os crimes com o facto de não ter estudado de forma suficiente “os regulamentos e as regras do partido” e admitiu ter de “engolir esta fruta amarga”, como resultado da sua ignorância.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGás natural | Governo aumenta preço de venda em 14% Os aumentos anunciados ontem fazem subir a factura dos clientes residenciais em cerca de 7,5 patacas por mês, aponta a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental. A subida é justificada com o “mercado internacional” O gás natural está mais caro em Macau desde ontem, com aumentos que variam entre 8,2 por cento e 14,3 por cento. A informação foi publicada no Boletim Oficial, através de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo, e justificada com a realidade internacional. “Recentemente, o preço de gás natural não só registou uma subida rápida no mercado internacional, mas também teve um aumento acentuado no mercado das regiões vizinhas em comparação com o período homólogo do ano passado, o que causou uma subida de cerca de 20 por cento no custo de aquisição de gás natural para abastecer Macau”, justificou mais tarde o Governo, através de um comunicado da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental. Com a invasão russa da Ucrânia, e as sanções económicas aplicadas a uma economia que é das maiores em termos de produção de petróleo e gás natural, registou-se uma escalada do preço destas fontes de energia a nível internacional. “Os preços de venda do gás natural a praticar nos quatro grupos de clientes tiveram subidas de cerca de 8 por cento a 14 por cento, respectivamente, sendo que, de entre eles, os clientes residenciais são os principais utentes de gás natural”, foi apontado. “Estima-se que a despesa resultante do consumo de gás natural aumente, em média, 7,5 patacas mensalmente”, foi acrescentado. Para todos os gostos Em relação aos preços praticados, para os clientes residenciais o preço sobe 8,2 por cento, o que significa um crescimento de 6,9998 patacas por metro cúbico para 7,5758 patacas por metro cúbico. No caso dos clientes não residenciais, que não são considerados “grandes clientes” nem “clientes especiais”, o preço sobe 9 por cento de 6,4122 patacas por metro cúbico para 6,9882 patacas por metro cúbico. Os “grandes clientes” têm um aumento de 9,1 por cento, de 6,3364 patacas por metro cúbico para 6,9124 por metro cúbico. Finalmente, os “clientes especiais” têm um aumento de 14,3 por cento para 4,5916 patacas por metro cúbico, quando até agora pagava 4,0156 patacas por metro cúbico. Apesar de o gás ficar mais caro, a DSPA prometeu “supervisionar a colaboração activa por parte da companhia concessionária com a empresa abastecedora de gás natural a montante” para reduzir o custo e “aliviar o encargo sobre os residentes”.
João Luz Manchete SociedadeFederação de Juventude | Nova direcção aposta tudo no nacionalismo Na tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, o presidente Alvis Lo garantiu que a primeira prioridade da associação é ajudar a implementar o espírito do 20.º Congresso Nacional e promover o amor à pátria e Macau. Em segundo lugar, disse que são precisas soluções problemas relacionados com emprego, estudos e condições de vida Decorreu no domingo a cerimónia de tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, liderada pelo director dos Serviços de Saúde Alvis Lo. Perante uma audiência de notáveis, entre os quais o Chefe do Executivo, o presidente da Assembleia Legislativa, o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau e o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Alvis Lo traçou os três pilares prioritários da actuação futura da Federação de Juventude de Macau. Segundo uma publicação no Facebook da associação, Alvis Lo traçou como primeira prioridade “levar um vasto número de jovens a continuar o estudo para melhor compreender e implementar o espírito do ’20.º Congresso Nacional’, e herdar e levar por diante a bela tradição de ‘amar o país e Macau’”. A segunda prioridade elencada pelo líder da associação é procurar resolver as dificuldades e desafios encontrados pelos jovens nos seus estudos, emprego, entraves ao empreendedorismo e acesso a habitação, de forma a criar as condições favoráveis ao sucesso da juventude de Macau. Em terceiro lugar, Alvis Lo destacou a necessidade de os jovens de Macau aproveitarem as oportunidades surgidas na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Num discurso proferido perante Carmen Maria Chung, Directora dos Serviços de Assuntos Jurídicos da Zona de Cooperação Aprofundada, o presidente da federação apontou à necessidade de mão-de-obra qualificada no campo da investigação científica e à Ilha da Montanha como um local privilegiado para as gerações mais novas da RAEM integrarem-se no desenvolvimento nacional. Miúdos e graúdos A cerimónia de tomada de posse da nova direcção da Federação de Juventude de Macau, que decorreu no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores, foi oficializada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Zheng Xincong. Participaram na cerimónia também o vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e ex-Chefe do Executivo Edmund Ho, e os deputados José Chui Sai Peng e Chui Sai Cheong. O evento decorre três dias depois de ter sido reportado que a Federação de Juventude de Macau submeteu ao Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas um relatório, que deveria ser independente, mas cuja a autoria foi atribuída à Direcção dos Serviços para os Assuntos da Justiça (DSAJ). Apesar do desmentido do Governo, nos ficheiros em word submetidos pela associação de Alvis Lo e da Associação Geral das Mulheres a autoria que consta nos metadados dos ficheiros dos relatórios corresponde ao nome de uma funcionária da DSAJ.
Hoje Macau Manchete PolíticaResidentes estrangeiros poderão conduzir na China com carta de Macau Segundo o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, a medida abrange todos os residentes, incluindo os que não têm nacionalidade chinesa. O reconhecimento foi anunciado ontem em conferência de imprensa Os detentores de cartas de condução de Macau, incluindo os residentes permanentes de nacionalidade estrangeira, vão poder conduzir na China continental a partir de 16 de Maio, anunciaram ontem as autoridades. O director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, confirmou à Lusa que a dispensa de exame para o reconhecimento das cartas de condução de Macau inclui os residentes que não tenham a nacionalidade chinesa. Mais de 2.200 pessoas que viviam em Macau nasceram em Portugal, segundo os resultados finais do Censos 2021. Por outro lado, a última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal na região administrativa especial chinesa apontava para 170 mil portadores de passaporte português entre os residentes em Macau e em Hong Kong, sendo que o regime jurídico chinês não reconhece a dupla nacionalidade. O acordo de reconhecimento recíproco de cartas de condução, divulgado ontem num comunicado conjunto com o Ministério da Segurança Pública chinês, foi assinado a 15 de Fevereiro, mas só entra em vigor a 16 de Maio. No entanto, o acordo só permite aos residentes em Macau, incluindo os estrangeiros, conduzir, na China continental, automóveis registados do outro lado da fronteira. Só para alguns O território lançou em Janeiro uma licença que permite aos veículos particulares de Macau circular na província vizinha de Guangdong, mas que só está disponível para os titulares do salvo-conduto para deslocação ao Interior da China, um documento que só é atribuído a cidadãos chineses e não a estrangeiros. Lam Hin San disse ontem, numa conferência de imprensa, acreditar que a medida poderá “beneficiar mais de 200 mil titulares de cartas de condução de Macau” e que “haverá muitos jovens que se irão inscrever para testes de carta de condução”. Quanto aos residentes da China continental, poderão conduzir automóveis ligeiros em Macau durante 14 dias sem qualquer restrição, devendo depois fazer um registo gratuito junto da Polícia de Segurança Pública para continuar a conduzir durante até um ano. O director da DSAT disse que a medida irá facilitar visitas familiares transfronteiriças e promover a integração da Grande Baía, um projecto de Pequim para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong, numa região com cerca de 80 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) superior a um bilião de euros, semelhante ao PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20. Lam Hin San desvalorizou ainda preocupações quanto a um eventual aumento do trânsito em Macau, que recebe todos os anos milhões de turistas chineses, defendendo que “poucos visitantes” irão optar por conduzir na região administrativa especial.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteDora Nunes Gago, autora de “Palavras Nómadas”: Macau, “palco de constantes surpresas” O novo livro de Dora Nunes Gago foi lançado em Portugal no festival Correntes D’Escritas. A ex-docente da Universidade de Macau assume querer dedicar-se cada vez mais à escrita, agora que atenuou um pouco o investimento na carreira académica. “Palavras Nómadas” resulta do somatório de crónicas sobre lugares que visitou, incluindo Macau Porquê “Palavras Nómadas”? O título reflecte as palavras espalhadas por todos os sítios por onde passou? Ainda estive indecisa e inclinada para um outro título, que era “Mundos Adentro”. A ideia era transmitir o que fui conhecendo e aprendendo ao longo das minhas vivências no estrangeiro e das viagens feitas por vários continentes. Paralelamente, também há a presença de muitos escritores que me vão acompanhando nas viagens e na vida. Talvez por isso, depois, acabei por preferir o título “Palavras Nómadas”, por ser simultaneamente mais poético e sintético. Sim, podemos dizer que contém as palavras espalhadas e espelhadas nos lugares por onde passei e aquelas que foram nascendo em mim, ao longo do tempo. Como foi o processo de seleção de crónicas? Que mensagens quis passar ao leitor? Os primeiros textos foram escritos pouco depois de chegar a Macau, em 2012, um pouco paralelamente ao livro “Floriram por engano as rosas bravas” [lançado no ano passado]. Estava novamente a viver uma experiência de emigração, embora muito diferente da anterior. Talvez por isso, senti vontade de escrever sobre coisas vividas no Uruguai, para relembrar outras situações e obstáculos ultrapassados. Fui fazendo alguns rascunhos, sem ter bem ideia do formato final que teriam. Foi apenas durante este último ano em Portugal, de licença, que lhes dei o formato definitivo, escrevi a maioria das crónicas e organizei-as. Queria que fossem 50, pois fiz 50 anos, e que percorressem as minhas vivências e travessias por múltiplos espaços pela vida. Aliás, o último texto talvez seja também esclarecedor. Quanto à mensagem que quero transmitir, creio que caberá ao leitor encontrá-la. Pode dar azo a várias mensagens e interpretações. O que quis, essencialmente, foi partilhar momentos, aprendizagens, a alegria e o interesse que sinto em descobrir novas realidades e universos diferentes. Neste livro descrevem-se vários sentimentos sobre vários lugares. Qual é, para si, a crónica mais significativa? Na verdade, não consigo eleger uma. Elas são variadas, há algumas mais divertidas, como é o caso de “O marido imaginário” ou “Pouca sorte com cabeleireiros”, mas outras mais sérias, embora em quase todas haja um bocadinho de humor, que considero um tempero essencial na vida. Todas foram baseadas em acontecimentos reais. Ensinou português em vários lugares, nomeadamente na América do Sul e Macau. Como foi a experiência de ser docente em diferentes locais do mundo? No Uruguai ensinei literatura portuguesa na Universidade da República Oriental e num centro de formação de professores. Foi uma experiência extraordinária. Nessa altura, tinha 29 anos, tinha acabado o mestrado, muitos dos alunos eram mais velhos que eu. Aprendi imenso com eles, eram muito cultos, alguns já tinham tirado outras licenciaturas. Lembro-me de lermos alguns cantos de “Os Lusíadas” e alguns citarem de cor partes da “Eneida”, de Virgílio, onde surgiam semelhanças. As discussões enveredavam sempre por novos caminhos e mais profundos do que aquilo que eu esperava. Era verdadeiramente aliciante. Em Macau, os desafios foram diferentes, muito exigentes. Dei aulas na licenciatura, no mestrado e doutoramentos, orientei muitas teses. Encontrei, claro, também alunos muito bons e interessados, outros menos, como sempre acontece. Se em Montevidéu havia a familiaridade do mundo ocidental, em Macau sempre me atraiu a diferença e o desafio que é estabelecer pontes entre culturas tão diferentes. Aliás, essa é a parte que mais encanta na divulgação do português no estrangeiro, sentir que em lugares distantes e universos culturais diferentes há interesse pela nossa língua e cultura e alimentar essa pequena chama. Acho que ensinar deve ser isso, tentar atear a chama do interesse, da curiosidade, pois sem ela ninguém aprende. As crónicas ajudam a arrumar interiormente memórias de viagens e o seu significado? Sim, sem dúvida, as crónicas ajudam a arrumar as memórias das viagens e das vivências que fui tendo. São uma forma de compreender o mundo e a vida. Aliás, a última tem como título “um nó para atar a vida”. No fundo, também é isso, a linha com que se cose a manta de retalhos que é a vida. Nas crónicas sobre Macau descobrimos a novidade, o sentido de descoberta de um lugar? Esses textos foram a minha forma de ir desvendando e conhecendo aquele universo tão particular. Macau é um lugar único no mundo, não há nada de equivalente. Trata-se de um palco de constantes surpresas. Muitas vezes, há uma grande discrepância entre a casca da aparência e o caroço da essência. Macau, como refere a pintora e escritora Fernanda Dias, é um “mapa esquivo”. A realidade é muito fluída, tudo muda constantemente, há fortes contrastes, paradoxos. A escrita pode ser o modo de tentar encontrar um sentido, de criar um espaço que possa ser habitado. Qual o significado de lançar esta obra no festival? É uma forma de assumir-se cada vez mais como escritora? Foi uma oportunidade maravilhosa. A escrita foi algo que sacrifiquei durante muito tempo em detrimento do trabalho, da carreira académica. Mas, de repente, senti uma necessidade visceral de escrever. Ao mesmo tempo, outras coisas perderam a importância que tinham anteriormente. Escrevo desde sempre, comecei a publicar livros em 1997, há 26 anos. Este é o décimo primeiro, sem contar com a participação em obras colectivas, mas ainda tenho um certo pudor e cuidado no uso da palavra “escritora”. Esta obra faz referência a vários autores, portugueses e estrangeiros. São referências ao acaso ou são autores fundamentais para si na hora de escrever, de quem retirou referências? De entre os escritores citados, há realmente as duas situações. Há alguns que surgem ocasionalmente, e outros, a maioria talvez, são referências importantes, alguns trabalhados no contexto académico. O facto de ter um doutoramento em literatura comparada cimentou também o meu interesse por autores de outros países. Contudo, no contexto da literatura portuguesa, posso destacar, por exemplo, quatro autores que menciono. Miguel Torga, sobre o qual trabalhei na tese de doutoramento; José Rodrigues Miguéis, sobre o qual escrevi artigos e que li desde a adolescência; Maria Ondina Braga e Lídia Jorge. Estas duas últimas autoras, sobre as quais também trabalhei, abriram “clareiras” dentro de mim, a partir de duas dimensões: o olhar perante Macau e as outras culturas, no caso da Maria Ondina, e um reequacionar, um olhar mais profundo e analítico das minhas raízes, no caso de Lídia Jorge. Acredito que ninguém escreve sem ser antes um grande leitor, há sempre uma herança que integramos, assimilamos e transformamos depois.
Hoje Macau China / Ásia MancheteUcrânia | Pequim apresenta plano de paz a líderes mundiais Passado um ano de conflito, a China tem um plano de paz para terminar com o confronto entre Moscovo e Kiev. Já os líderes ocidentais ficaram de queixo caído quando perceberam a posição do Sul Global e que estão a ser vistos como belicistas. Wang Yi sublinhou que no plano de paz chinês se defendem os princípios de soberania, integridade territorial, a Carta das Nações Unidas e que os legítimos interesses de segurança da Rússia tinham de ser respeitados. Os líderes ocidentais reagiram nervosamente a um plano de paz chinês para a Ucrânia que deverá ser revelado esta semana, mas saudaram cautelosamente a iniciativa como um primeiro sinal de que a China reconhece que a guerra não pode ser considerada apenas como um assunto europeu. Falando na Conferência de Segurança de Munique, o diplomata chinês Wang Yi anunciou que a China iria lançar a sua iniciativa de paz no aniversário da guerra, e já tem consultou a Alemanha, Itália e França sobre as suas propostas. Wang disse que o plano de paz sublinharia a necessidade de defender os princípios de soberania, integridade territorial e a Carta das Nações Unidas. Mas, ao mesmo tempo, disse que os legítimos interesses de segurança da Rússia tinham de ser respeitados. O plano de paz deverá ser apresentado na próxima sexta-feira pelo próprio presidente Xi Jinping. Os diplomatas que foram informados pela China não têm a certeza de quão específico Pequim pretende ser. A vontade chinesa de retratar o Ocidente como belicista pode encontrar ecos no Sul Global. Mas a grande investida chinesa é na Europa, onde tenta fazer perceber aos europeus que estão a ser manobrados pelos EUA, para seu próprio prejuízo. “Precisamos de pensar calmamente, especialmente nos nossos amigos na Europa, sobre que esforços devem ser feitos para parar a guerra; que quadro deve haver para trazer uma paz duradoura à Europa; que papel deve a Europa desempenhar para manifestar a sua autonomia estratégica”, disse Wang Yi. “Vamos apresentar a posição da China sobre a resolução política da crise da Ucrânia, e manter-nos firmes do lado da paz e do diálogo. Não acrescentamos combustível ao fogo e somos contra colher benefícios desta crise”, concluiu. Americanos cépticos Já Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, disse que o Ocidente está céptico em relação a uma iniciativa de paz chinesa que apelava a um cessar-fogo imediato. “Quem não quer que as armas parem de disparar? Só que temos de ser incrivelmente cautelosos com o tipo de armadilhas que podem ser montadas”, disse em Munique. Segundo Bliken, o presidente russo Vladimir Putin pode decidir que “porque as coisas estão a correr mal” para ele, a sua “melhor aposta é pedir um cessar-fogo imediato” e criar um “conflito congelado”, disse Blinken. “Ele nunca negociará o território que confiscou e, entretanto, usará o tempo para descansar, reequipar, rearmar e voltar a atacar”, advertiu, claramente demonstrando que não acredita numa solução pacífica e prefere a eternização deste conflito co o qual os EUA estão a lucrar, nomeadamente com a venda de gás à Europa a preços quatro vezes mais elevados do que os praticados pela Rússia. Wang Yi com líderes europeus Wang Yi, entretanto, tem participado num turbilhão de reuniões bilaterais com líderes e diplomatas estrangeiros à margem da Conferência de Segurança de Munique (CSM) em curso, que estava agendada de sexta-feira a domingo. Analistas chineses observaram que a visão da China para a segurança global e o desenvolvimento não só é concretizada através do discurso planeado de Wang no CSM, uma parte fundamental da agenda da viagem global de Wang, mas também transmitida em interacções bilaterais e tecida em discussão sobre uma maior cooperação numa vasta gama de tópicos. Depois de ter visitado França e Itália, Wang chegou à Alemanha na sexta-feira. Encontrou-se com líderes e diplomatas, incluindo o chanceler alemão Olaf Scholz, a Ministra dos Negócios Estrangeiros Gernman Annalena Baerbock, o Ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês Bilawal Bhutto Zardari e o Ministro dos Negócios Estrangeiros mongol Batmunkh Battsetseg. Wang continuará a sua ronda visitando a Hungria e a Rússia, depois de participar no CSM. Annalena Baerbock, a Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, saudou a iniciativa da China, dizendo: “Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China tem a obrigação de usar a sua influência para garantir a paz mundial”. Baerbock disse que tinha falado intensivamente com Wang na sexta-feira sobre “o que significa uma paz justa – não que se recompense o agressor, mas que se defenda o direito internacional e aqueles que foram atacados”. A mesma mensagem foi transmitida à China por diplomatas franceses e italianos. Baerbock disse que uma paz justa pressupõe “que aquele que violou a integridade territorial, nomeadamente a Rússia, retire as suas tropas do país ocupado”. A paz mundial baseia-se no facto de todos reconhecermos a integridade territorial e a soberania de cada país”. Ao mesmo tempo, porém, é também claro que “todas as oportunidades” para a paz devem ser utilizadas. Sem uma retirada completa de todas as tropas russas da Ucrânia, não há qualquer hipótese de pôr fim à guerra, disse Baerbock. “Mesmo que seja difícil”, todas as exigências para acabar com a guerra através da cedência de território à Rússia são inaceitáveis”. O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmitro Kuleba, que teve um encontro com Wang em Munique, disse que teve uma conversa “franca” com o enviado de Pequim. “Acreditamos que o cumprimento do princípio da integridade territorial é o interesse fundamental da China na arena internacional”, disse Kuleba a jornalistas em Munique. “E esse empenho na observância e protecção deste princípio é uma força motriz para a China, maior do que outros argumentos oferecidos pela Ucrânia, os Estados Unidos, ou qualquer outro país”. Sul Global atento e pela paz Além dos EUA e dos seus aliados europeus, a China sabe que há uma audiência pronta em todo o Sul global se fizer um apelo ao diálogo e à paz. O Ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro Mauro Vieira insistiu que o seu país tinha condenado a agressão da Rússia, inclusive na ONU, mas acrescentou: “Temos de tentar tornar uma solução possível. Não nos podemos limitar a falar sobre a guerra. Não me refiro a negociações imediatas – teríamos de ir passo a passo, talvez primeiro criar um ambiente que torne possível uma negociação”. O primeiro-ministro da Namíbia, Saara Kuugongelwa, afirmou: “Queremos resolver o problema, não queremos encontrar o culpado”. De nada serve que a Rússia gaste dinheiro em armas e o Ocidente financie a Ucrânia para comprar armas”. Algumas potências ocidentais estão a considerar a possibilidade de exercer pressão para uma nova resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que apoie a Ucrânia, na esperança de que um voto esmagador a favor realçaria a falta de apoio internacional da Rússia. Mas enquanto uma votação no ano passado viu 141 nações apoiarem a Ucrânia, não é claro quantos novos convertidos existem no Sul global. Uma fonte disse que a Ucrânia quer, compreensivelmente, uma redacção específica e dura nestas resoluções, mas quanto mais específica for a resolução, mais provável é que as nações se retirem para a neutralidade. Na conferência de Munique, uma sucessão de líderes europeus, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, admitiu que o Ocidente deveria ter feito mais para convencer o Sul de que o seu forte apoio à Ucrânia não nasceu de dois pesos e duas medidas. “Estou impressionado com a forma como perdemos a confiança do Sul Global”, disse Macron. Ele argumentou que a resposta do mundo à guerra mostrou a necessidade de reequilibrar a ordem global e tornar as suas instituições mais inclusivas. Macron chamou à invasão russa da Ucrânia um ataque “neocolonialista e imperialista” que “quebrou todos os tabus” e advertiu que os espectadores eram cúmplices da agressão russa. Rishi Sunak, primeiro-ministro inglês, admitiu também que o Ocidente deveria ter feito mais para persuadir o Sul Global de que os preços dos alimentos tinham disparado devido aos bombardeamentos dos campos de trigo ucranianos por parte da Rússia, e não às sanções ocidentais, como se isso fosse verdade e não uma invenção sem pés nem cabeça. Kamala Harris, a vice-presidente dos EUA, disse que a solução para as dúvidas do Sul global era tratá-los como parceiros. Olaf Scholz, o chanceler alemão, que viajou recentemente para o Brasil e África do Sul numa tentativa infrutífera de extrair condenações mais claras da Rússia, disse à audiência de Munique: “Para ser credível e alcançar algo como europeu ou norte-americano em Jacarta, Nova Deli, Pretória, Santiago do Chile, Brasília ou Singapura, não é suficiente invocar valores comuns”. As preocupações sobre o Sul não distraíram os líderes europeus de discutir como aumentar rapidamente a produção de munições através de maiores aquisições conjuntas e incentivos financeiros para a indústria de armamento europeia.
João Luz Manchete SociedadeAvenida Nordeste | Ruído das obras dentro dos limites O Comissariado contra a Corrupção investigou as queixas de moradores devido ao ruído nas obras do Lote P da Avenida do Nordeste, onde estão a ser edificadas residências para idosos e habitação para troca. As autoridades não deram razão aos moradores, concluindo que não houve violação de leis, nem falta de fiscalização dos serviços competentes Na sequência das continuadas queixas de moradores que habitam nas imediações do estaleiro de obras no Lote P da Avenida do Nordeste, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) investigou as alegações de excesso de ruído e falta de fiscalização das entidades competentes. Num comunicado divulgado na sexta-feira, o CCAC concluiu que a “autorização para a execução das referidas obras num horário autorizado a título excepcional não violou a lei, nem a fiscalização por parte dos serviços competentes foi insuficiente”. O terreno em questão há muitos anos que vive envolto em polémica. Chegou a ser previsto aí a edificação do empreendimento residencial Pearl Horizon, e acabou por ser destinado para residência para idosos, habitação para troca e habitação para alojamento temporário. Segundo o CCAC, no início das obras, o empreiteiro foi autorizado, a título excepcional, a trabalhar durante seis meses num horário entre as 23h e as 06h do dia seguinte, para construir o viaduto na Rotunda da Amizade. Enquanto que para a empreitada de construção das habitações para troca e para alojamento temporário foram autorizadas obras entre as 20h e as 22h, de segunda a sexta-feira (com excepção dos feriados públicos) Hoje em dia, a empreitada para edificar a residência para idosos “continua a ser objecto de autorização de execução num horário a título excepcional, passando o respectivo horário, que originalmente era das 20h às 22h, a englobar também o período das 10h às 18h aos domingos e feriados públicos (com excepção dos feriados obrigatórios), entre 2 de Janeiro e 28 de Dezembro de 2023”. O CCAC afirma que “tal horário não se sobrepõe ao período de descanso da vida quotidiana dos residentes”, apesar de reconhecer que, durante a execução das obras, os moradores da zona foram, em maior ou menor grau, perturbados pelo ruído”. Inspecções ao local Apesar de realçar que nos relatórios de monitorização e avaliação ambientais não constam registos de situações de ruído acima do limite, o CCAC refere que antes da aprovação de pedidos de prorrogação de horário de construção, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) levou em consideração os dados de avaliação do nível sonoro fornecidos pelos empreiteiros. “Além disso, os empreiteiros necessitavam de apresentar mensalmente relatórios de monitorização e avaliação ambientais junto dos serviços competentes, contratando ainda, uma terceira parte como entidade técnica para prestar assistência nomeadamente na monitorização do ruído e da qualidade do ar”, realça o CCAC. Desde o final de 2020, a DSPA enviou, mais de cem vezes, pessoal aos estaleiros de obras para investigar o controlo do ruído em diversas alturas do dia, incluindo a meio da noite e madrugada. “Durante esses períodos, verificaram-se, de facto, casos em que os valores do nível sonoro do ruído produzido pelos bate-estacas nos estaleiros de obras excederam os critérios ou violaram as disposições da ‘Lei do ruído’, no entanto, todos estes casos foram instruídos e acompanhados”. O CCAC realça ainda o interesse público da obra e a “satisfação das necessidades públicas da sociedade”, e que o projecto tem como objectivo construir vários equipamentos sociais, instalações rodoviárias, parques de estacionamento públicos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHabitação Intermédia | Preços anunciados só com casas prontas para venda Apesar de algumas opiniões contrárias, Raimundo do Rosário garantiu que a proibição de venda de fracções das denominadas habitações intermédias é para manter durante um período de 16 anos O Governo só vai revelar os preços da futura habitação intermédia quando houver fracções para venda. A estratégia foi explicada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, em declarações à TDM, após ter participado numa reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a discutir o regime jurídico da habitação intermédia. Segundo o secretário, nesta altura não faz muito sentido anunciar os preços, porque o mercado vai sofrer alterações até haver casas para venda. Por isso, e para evitar preços desajustados, o Governo quer esperar até ao momento da venda. A validade da estratégia foi justificada com recurso ao concurso de 2019 para a venda de habitações económica. “Não vale a pena anunciar os preços muito cedo. Neste momento, estão em construção três edifícios de habitação económica nos aterros da Zona A, cujo concurso foi aberto em 2019. As casas vão ficar prontas em 2024”, começou por explicar. “Se em 2019 tivéssemos anunciado o valor de venda das casas, e toda a gente sabe como era a situação em 2019, hoje eram naturalmente caras”, justificou. “Portanto, acho que não vale a pena ter pressa, porque quando as casas estiverem quase prontas para venda, essa é a altura adequada e apropriada para dizer tudo”, acrescentou. Contra a especulação A habitação intermédia é construída a pensar nas classes que têm rendimentos superiores aos que permitem comprar uma habitação económica, mas mesmo assim não têm capacidade para adquirir uma casa no mercado privado. Por esta razão, e uma vez que apesar de serem privadas, as habitações intermédias são adquiridas a preços com desconto face ao mercado, há um período de nojo, antes da autorização da revenda do imóvel. O período de nojo é de 16 anos, visto como longo por alguns deputados, mas o Governo não tem intenções de baixá-lo. “É uma habitação construída com o erário público, e o objectivo é resolver o problema da habitação. Quem precisa de uma habitação e se candidata não é para depois vender, é para viver”, argumentou Raimundo do Rosário, à TDM. “Os 16 anos não vão mexer”, garantiu. A revenda destas habitações só é possível com autorização do Instituto de Habitação, que tem direito de preferência sobre o imóvel. Nos casos em que a venda do imóvel é feita com lucro, os proprietários ficam obrigados a devolver parte do montante ao Governo. Este valor representa o desconto que foi feito no preço da habitação, face ao que foi praticado para o Governo, e que ainda não foi anunciado.
João Luz Manchete PolíticaPortugal | Novo cônsul destaca simbolismo da visita de Ho Iat Seng Servir os utentes do consulado, intensificar as relações enquanto parceiro estratégico no projecto da Grande Baía e reforçar a valorização da língua e cultura portuguesas são os pilares do mandato de Alexandre Leitão à frente do Consulado de Portugal em Macau. O diplomata reuniu com Ho Iat Seng e destacou a importância da viagem do Chefe do Executivo a Portugal Com o início oficial do mandato, o novo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong lançou-se numa série de encontros que incluíram a visita à Escola Portuguesa, uma reunião com o Chefe do Executivo e com os meios de comunicação social de língua portuguesa. Na sexta-feira, Alexandre Leitão realçou aqueles que considera como os pilares fundamentais para o seu mandato. “A primeira função é procurar fazer com que este posto sirva com a maior rapidez possível e da melhor forma todos os utentes que nos procuram. Nem sempre é fácil, e isso constitui um desafio em si, mas é exactamente essa a primeira missão de um consulado”, realçou o cônsul-geral na sexta-feira. Além do atendimento a quem recorre aos balcões do consulado, Alexandre Leitão sublinhou a necessidade de intensificar relações económicas e de Portugal aproveitar as oportunidades existentes no espaço da Grande Baía. Destacando as capacidades técnicas e profissionais de juventude portuguesa, assim como o seu espírito empreendedor, o diplomata salientou a reabertura de Macau como a entrada numa nova fase. “As novas gerações estão muito bem preparadas para fazerem parcerias económicas em qualquer continente, em qualquer espaço do mundo, e também num país com uma economia tão potente, tão grande e tão dinâmica como é a chinesa, em particular aqui na Grande Baía”, adiantou o cônsul-geral. Alexandre Leitão prevê mesmo que o número de portugueses em Macau possa aumentar nos próximos tempos, à luz da esperada retoma económica da RAEM. “Estamos num território que prevê que a sua economia cresça 44 por cento num ano, um território que é uma plataforma, segundo a vontade das autoridades, para o relacionamento com países de língua portuguesa. Evidentemente que considero desejável termos o maior número possível de portugueses a virem aproveitar esta oportunidade”, afirmou. Viagens com significado Alexandre Leitão frisou também a promoção da língua e cultura portuguesa, assim como do património, como missões consulares fundamentais, além de meros actos de proclamação identitária. “Queremos deixar muito claro que a língua e o património que aqui está é uma mais-valia económica também, até como instrumento preferencial da vocação que foi conferida a Macau de inter-relacionamento da China com os países de língua oficial portuguesa”, adiantou o cônsul-geral, citado pelo Canal Macau da TDM. No encontro mantido com Ho Iat Seng, foi oficializada a visita do Chefe do Executivo a Portugal, a primeira viagem ao exterior, que deverá ocorrer no próximo mês de Abril. Com um mandato à frente do Governo da RAEM que coincidiu com a eclosão da pandemia da covid-19, só agora Ho Iat Seng dá início às primeiras deslocações internacionais enquanto Chefe do Executivo. “A primeira paragem será Portugal para demonstrar a importância e o respeito pelas relações amigáveis entre a China e a Portugal. Neste sentido, o Governo da RAEM planeia organizar uma delegação empresarial e do sector de comunicação social para acompanhar a visita, e espera que esta possa promover a cooperação e o intercâmbio nos domínios do ensino do português, ciência e tecnologia, área farmacêutica e economia marítima”, indicou na sexta-feira o Gabinete de Comunicação Social. Na mesma nota, adianta-se que Ho Iat Seng “revelou que o Governo da RAEM pretende ainda aproveitar a ocasião para efectuar uma visita de cortesia à Comissão Europeia, com o objectivo de promover o intercâmbio entre Macau e os países da União Europeia, nas áreas de comércio, ciência e tecnologia, turismo e a normalização da circulação de pessoas”. Ho Iat Seng aproveitou ainda o encontro para agradecer o apoio do Cônsul-Geral de Portugal em Macau no planeamento da visita a Portugal. Por seu lado, Alexandre Leitão sublinhou a importância e simbolismo da escolha do destino da primeira viagem de Ho Iat Seng enquanto Chefe do Executivo da RAEM. “Há em cima disto tudo, um gesto muito simbólico, mas que é muito claro. A primeira viagem que o Chefe do Executivo vai fazer ao estrangeiro será a Portugal. O Senhor Chefe do Executivo fez questão de nos dizer que não é por acaso, e não é só porque é tradição. É, claramente, uma vontade de dar um sinal da excelência das relações entre Portugal e a República Popular da China, da importância que Portugal tem para Macau e vice-versa”, comentou o diplomata. Alexandre Leitão vincou também o momento político que o mandato de Ho Iat Seng atravessa, uma nova fase. “É uma fase de esperança numa rápida recuperação económica. Queremos ser parceiros, queremos estar associados e contribuir da forma que pudermos”, traçou o diplomata.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMacaenses | Ho Iat Seng pede que se aproveitem vantagens linguísticas Após a política de encerramento das fronteiras ao estrangeiro, o Chefe do Executivo veio agora pedir aos macaenses que convidem familiares e amigos para visitarem o território O Chefe do Executivo quer a comunidade macaense a tirar partido das suas vantagens linguísticas para promover Macau nos países de língua portuguesa como ponte para a China. Esta foi a principal mensagem deixada por Ho Iat Seng, durante um almoço oferecido a alguns macaenses locais, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social. Segundo Ho, a comunidade macaense “com a vantagem linguística que possui […] deve aproveitar ao máximo os benefícios provenientes da respectiva origem tradicional assim como a rede da comunidade na diáspora para promover Macau nos países de língua portuguesa, maximizando o papel de Macau como ponte entre a China e os países de língua portuguesa”. No almoço da semana passada, e depois da imposição das medidas mais restritivas em todo o mundo, com a proibição da entrada de não-residentes no território e a separação de famílias, Ho deixou agora a esperança de que a comunidade macaense traga “familiares e amigos” ao território. Neste sentido, o Chefe do Executivo apelou a “todos que aproveitem ao máximo as vantagens da língua para convidar e encorajar amigos da comunidade Macaense, espalhada pelo mundo, a visitarem familiares e amigos em Macau, ou fazer viagens de lazer à cidade, maximizando o papel de Macau como ponte entre a China e os países de língua portuguesa”. Com estas visitas, o líder do Governo espera ver a consolidação do “papel de Macau como um centro mundial de turismo e lazer e ‘uma base de intercâmbio e cooperação para a promoção da coexistência multicultural, com predominância da cultura chinesa’”. Promessas de apoio Deixada a mensagem sobre a primazia cultural chinesa, Ho prometeu apoiar a comunidade macaense. Segundo o Chefe do Executivo, “Macau é o belo Lar de todos”, por isso prometeu manter a “tradição da harmonia entre as diferentes comunidades, respeitando a sua língua, cultura, religião e os seus costumes, apoiando o desenvolvimento da comunidade Macaense em vários sectores da RAEM.” Ao mesmo tempo, Ho pediu que “a comunidade Macaense seja promotora de Macau e contribua para a recuperação acelerada socioeconómica da cidade”. No discurso do líder do Governo houve ainda tempo para repetir os chavões locais habituais, como a justificação das medidas de controlo da pandemia, os apoios económicos lançados face ao encerramento das fronteiras, e da construção da Zona de Cooperação Aprofundada na Ilha da Montanha.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEconomia | Previsto aumento da inflação para este ano Com o fim das restrições covid-19 e aumentos do consumo e turismo, a inflação irá aumentar este ano em Macau? Três economistas dizem que sim, apontando valores que não vão além de três por cento. Albano Martins acredita que Macau não terá problemas com inflação e mesmo com a taxa a subir, o aumento deverá ficar “dentro dos limites razoáveis” Depois do tão esperado regresso à normalidade, após três anos de restrições no contexto da pandemia que impuseram um duro teste à economia local, outro tipo de questões se levantam à saúde económica de Macau. Com mais turistas a entrar no território e, por consequência, com o aumento do consumo, poderemos esperar uma subida da taxa de inflação, que, em Dezembro, era de 1,04 por cento? Três economistas dizem que sim, com valores que podem ir, no máximo, até aos três por cento. Albano Martins, ex-residente de Macau e um dos economistas ouvidos pelo HM mostra-se optimista, afirmando, sem reservas, que a inflação “não será um problema para a população”. “É muito difícil que Macau venha a ter problemas com a inflação. Se fizermos as contas, simulando variações do Índice de Preços ao Consumidor [IPC], com base nas variações que têm acontecido até agora, é pouco provável que haja uma variação significativa da inflação. Se rondar o um por cento não incomoda nada a população e não será um problema. Mesmo que muita coisa possa vir a correr mal, a inflação vai estar dentro dos limites toleráveis, que é 2,5 por cento, máximo de três por cento”, defendeu ao HM. Em Novembro do ano passado, quando Macau se deparava com uma crise económica, sem praticamente visitantes a alimentar as indústrias que vivem do turismo, o Chefe do Executivo desvalorizou a inflação sentida no território, alertando para taxas bem maiores nos países ocidentais. Albano Martins concorda com a visão de Ho Iat Seng. “Não é grave [uma taxa de inflação que vá até aos três por cento], quando no Ocidente temos problemas gravíssimos com uma inflação acima dos seis pontos percentuais.” No caso de José Sales Marques as previsões apontam para uma taxa de inflação que chegará as dois por cento. “Apesar da taxa de inflação ter crescido, em termos homólogos, para 1,04 por cento em 2022, os dados apontam para uma forte possibilidade de a taxa de inflação anual atingir os dois por cento, podendo ir além desse valor. Tal deve-se ao aumento dos preços dos combustíveis, do consumo interno e do volume de despesas de visitantes, bem como de uma previsível recuperação no mercado habitacional, com o regresso dos trabalhadores e profissionais não residentes. Em termos gerais será uma inflação induzida pelo aumento dos custos e da procura”, adiantou. O economista José Félix Pontes prefere jogar pelo seguro e indica que qualquer previsão feita, ainda no início do ano, pode ser arriscada, mas, ainda assim, fala do aumento da taxa de inflação que poderá situar-se “entre os dois e os três por cento”. “O número de turistas da China vai continuar a aumentar, enquanto os turistas provenientes de outras origens serão residuais no ano corrente. Os primeiros são bons consumidores, o que significa que os comerciantes tenham a (natural) tendência para elevar os preços. Quanto a outros factores, como o preço da energia e dos produtos importados, não tenhamos dúvidas, vai continuar o seu agravamento, embora a um ritmo menor que no passado recente”, declarou. Taxas mais elevadas Félix Pontes nomeia ainda outros factores que podem influenciar a economia local, pois tem maior abertura ao exterior e é “propícia aos choques externos, nunca ficando imune aos efeitos económicos e financeiros nefastos decorrentes da injustificável e cruel guerra desencadeada pela Rússia à Ucrânia”. Além do aumento de preços empurrados pelo crescimento verificado nas estatísticas do turismo e do consumo, Félix Pontes alerta para o possível aumento das taxas de juro “devido à indexação directa da pataca ao dólar americano, por via da ligação ao dólar de Hong Kong”. O economista, que durante muitos anos esteve ligado à Autoridade Monetária e Cambial de Macau, acredita que “o maior agravamento nos preços vai ser no sector imobiliário, muito além do valor da taxa de inflação, o que vai criar problemas às pessoas e às pequenas e médias empresas”. Isto porque “com a recuperação da economia local, cujos primeiros sinais animadores vêm já, para mim, de Outubro do ano passado, haverá tendência de os proprietários de imóveis recuperarem o tempo perdido, de dois anos e meio, e aumentarem bastante as rendas e os preços de venda”. Sobre a possível subida das taxas de juro, Sales Marques defende que, mesmo com o custo do capital de Macau a “seguir a tendência de evolução da variável ditada pela Federal Reserve”, devido à indexação ao dólar americano, “as economias de Macau e dos EUA podem estar a atravessar conjunturas perfeitamente distintas ou até contrárias”. Atenção aos dados Nas declarações prestadas ao HM, Albano Martins acrescenta que a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) “deve repensar a maneira como recolhe os dados da inflação”. “Tenho algumas dúvidas sobre o processo de cálculo dos índices de inflação. Quais são os critérios? Essa recolha é significativa [para definir o preço de um cabaz de compras]? Isso porque não se recolhe informação de todos os produtos. A DSEC tem um website com toda a informação, com total clareza, mas não deixa de ser esquisito que os preços da habitação e dos combustíveis tenham caído mais do que um ponto percentual, por exemplo.” Dados citados pela Lusa mostram que a taxa de inflação em Macau, em Dezembro do ano passado, foi de 1,04 por cento, representando um aumento anual de 1,01 pontos percentuais face a 2021. Em Dezembro o aumento da taxa foi de 0,77 por cento em relação a Novembro. Os dados da DSEC revelam que a subida da inflação em 2022 se deveu ao aumento dos salários dos empregados domésticos, dos preços das refeições adquiridas fora de casa, da gasolina e da electricidade e da fruta. No entanto, a “diminuição das rendas de casa, a redução dos preços dos serviços de telecomunicações e da carne de porco atenuaram parte do crescimento do índice de preços”, explica-se na nota então divulgada pela DSEC.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCaritas | Doação de 500 mil patacas para vítimas na Turquia e Síria A Caritas Macau associa-se a uma campanha internacional da entidade para a recolha de fundos a fim de apoiar as vítimas do terramoto que afectou severamente a Turquia e a Síria. Lançada há poucos dias, a campanha em Macau já recolheu cerca de 500 mil patacas, confirmou Paul Pun Os residentes de Macau doaram, nos últimos dias, cerca de 500 mil patacas para apoiar as vítimas do terramoto que afectou a Turquia e a Síria. O número é avançado ao HM por Paul Pun, secretário-geral da Caritas, que se associa, assim, à campanha internacional lançada pela entidade em todos os países e regiões onde está representada. A campanha versa apenas a recolha de donativos monetários para a aquisição de bens alimentares e outros produtos essenciais para apoiar as vítimas desalojadas. “Recebemos até agora mais de 400 mil patacas, e esperamos em breve chegar à fasquia das 500 mil patacas. Espero receber mais donativos nos próximos dias. Qualquer quantia dada pelos residentes de Macau é importante, mesmo que seja só mil patacas, mas há quem prefira dar mais. Hoje, por exemplo, recebemos um grupo de estudantes de uma escola que doou 20 mil patacas”, contou. A campanha da Caritas Macau arrancou no passado dia 8 e tem como objectivo a compra de materiais de primeira necessidade como tendas, abrigos, alimentos ou medicamentos. “A Caritas Macau apela urgentemente às pessoas de todas as esferas da população para que prestem atenção à situação na Turquia e Síria para que possam apoiar as vítimas do desastre”, lê-se na nota divulgada no website. Entretanto, uma outra associação local, a Simang, liderada por Fernando Lourenço, enviou 65 caixas com bens de primeira necessidade esta quarta-feira num voo da Turkish Airlines, noticiou a TDM. Esta iniciativa teve início graças a um voluntário turco que pertence à Simang. O mesmo voo passou depois por Hong Kong para a recolha de mais bens doados. Como bombas atómicas O número de vítimas do terramoto não para de aumentar e, segundo as contas avançadas por Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia, esta terça-feira, o número de mortos no país já ultrapassou os 35 mil, e há também pelo menos 105 mil feridos. Na Síria, país vizinho e que há vários anos se vê a braços com uma guerra civil, estão para já contabilizados 5800 mortos. O governante turco comparou a força dos terramotos, de 7.8 na escala de Ritcher, a uma série de “bombas atómicas”. À medida que os dias passam começa a ser cada vez menos provável encontrar sobreviventes daquele que já é considerado como um dos maiores desastres natural de sempre, tendo em conta os estragos causados e as baixas temperaturas que se fazem sentir nos dois países nesta altura.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Peter Lam impedido de testemunhar no caso das Obras Públicas O número de testemunhas impedidas de depor no julgamento do caso das Obras Públicas continua a crescer. A Chui Sai On, Lau Si Ion, Raimundo do Rosário, Chui Sai Cheong, Chui Sai Peng, e Vong Hin Fai junta-se agora Peter Lam, membro do Conselho Executivo Peter Lam Kam Seng, membro do Conselho Executivo e empresário, foi impedido de depor no julgamento do caso das Obras Públicas, que tem como principais arguidos Jaime Carion e Li Canfeng. A informação foi revelada ontem pela TDM-Canal Macau, após uma sessão em que foram ouvidas personalidades como o arquitecto Carlos Marreiros ou o ex-deputado Mak Soi Kun. O empresário Peter Lam, que também preside à empresa Macau Renovação Urbana e ao Conselho da Universidade de Macau, passou a integrar uma lista onde constam os nomes de Chui Sai On, ex-Chefe do Executivo, Lau Si Io, Raimundo do Rosário e os deputados Chui Sai Cheong, Chui Sai Peng e Vong Hin Fai. Estes últimos contaram com o apoio da Assembleia Legislativa, que impediu a cooperação com os tribunais, numa decisão que nunca foi publicamente explicada, apesar da muito apregoada cooperação institucional entre os diversos poderes soberanos da RAEM. Por sua vez, Eddie Wong Yue Kai, também membro do Conselho Executivo, foi autorizado a testemunhar, o que fez por escrito. Este método foi também utilizado por Zheng Anting, deputado e membro da Associação de Conterrâneos de Jiangmen, que tem como fundador Sio Tak Hong, outro arguido no processo, e o bispo Stephen Lee. A revelação sobre os depoimentos foi feita pela juíza Lou Ieng Ha, de acordo com o jornal Ou Mun. O preço certo Na sessão de quarta-feira, o tribunal ouviu o depoimento do arquitecto Carlos Marreiros, uma das testemunhas arroladas pela defesa do empresário Sio Tak Hong. Sio é acusado pelo Ministério Público de ter corrompido o ex-director das Obras Públicas, Jaime Carion, para conseguir construir no Alto de Coloane. Segundo o Canal Macau da TDM, Marreiros admitiu ter marcado presença numa reunião, em 2012, em que se discutiu a construção no Alto de Coloane. Na versão do arquitecto, durante a reunião, Chui Sai On afirmou aos presentes que o Alto de Coloane era uma zona onde se podia construir sem restrições, denominada “zona branca”. As declarações são importantes para a defesa de Sio, porque mostram que face à inexistência de limites à construção, o empresário não precisava de corromper Jaime Carion para avançar com o projecto. Carlos Marreiros revelou não ter havido qualquer oposição à construção do empreendimento de luxo planeado por Sio Tak Hong por parte dos presentes, entre os quais Lau Sio Io, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Jaime Carion, director das Obras Públicas. Em relação a Carion, Marreiros afirmou que “sempre foi uma pessoa simpática” e que nunca lhe teria apresentado “qualquer proposta incorrecta”. Contudo, afirmou que não eram amigos nem costumavam frequentar os mesmos espaços, apesar de terem jogado futebol juntos. Marreiros disse também não saber se Carion era corruptível, mas indicou que “todo o homem tem um preço”. Mak Soi Kun elogia Sio Outra das testemunhas ouvidas na quarta-feira foi Mak Soi Kun, ex-deputado e empresário da construção civil. Mak é vice-presidente da Associação de Conterrâneos de Jiangmen, com o apoio da qual foi eleito deputado, e que tem como um dos fundadores Sio Tak Hong. O ex-deputado afirmou que Sio sempre se mostrou um homem de valores, com respeito pelos antepassados e os mais velhos, promoção da importância do trabalho entre as gerações mais jovens e do serviço à comunidade. Mak considerou igualmente que Sio utilizou a associação para incutir estes valores à sociedade de Macau. A nível do trabalho legislativo, Mak Soi Kun revelou que as interpelações feitas em prol da protecção do ambiente foram inspiradas no trabalho desenvolvido por Sio Tak Hong no Interior, mais particularmente em Jiangmen. Contudo, e mesmo depois de ter sido questionado três vezes, Mak recusou responder se estava surpreendido por Sio Tak Hong ser arguido no processo. “Seria irresponsável para mim comentar assuntos com os quais não tive contacto”, limitou-se a responder Mak.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFunção Pública | Decisão final de transferência de funcionários caberá ao Governo A Administração vai passar a ter a palavra final no que diz respeito à transferência ou destacamento de funcionários públicos, mesmo que não concordem com a mudança de serviço. Esta foi uma das alterações ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM) discutida ontem pelos deputados da terceira comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL). Nos casos em que um funcionário público tenha de ser destacado ou transferido para outro serviço, este deve ser ouvido sobre a matéria, sempre com base na decisão fundamentada, por escrito, da parte do serviço em questão. No entanto, mesmo que o trabalhador não concorde com a mudança, a decisão final será sempre da Administração. Razões familiares invocadas pelo trabalhador serão tidas em conta, mas a necessidade do serviço será sempre considerada “prioritária”. “Ouvir o trabalhador já é uma forma de o respeitar. O secretário [André Cheong, da tutela da Administração e Justiça] referiu que a conveniência dos serviços é sempre a prioridade. Se o trabalhador não quer ser destacado ou transferido, a Administração pode, de forma unilateral, fazer esse processo. Alguns deputados apresentaram reservas quanto a esta questão”, explicou Vong Hin Fai, deputado que preside à comissão. Maior rapidez Procedeu-se ainda a uma outra alteração na proposta de lei que passa pela concessão de mais poder decisório aos directores de serviços sem que tenha de ser pedido o aval do secretário da tutela ou do Chefe do Executivo. Nos casos em que haja recurso, este será apresentado primeiro de forma administrativa, dentro dos serviços, e só depois se recorre aos tribunais. Outro dos assuntos abordados na reunião de ontem prende-se com a necessidade de implementar, o mais depressa possível, o novo ETAPM, a fim de ser criado um quadro jurídico para os funcionários públicos que estão a trabalhar na Zona de Cooperação Aprofundada Macau-Hengqin. Não há, contudo, uma decisão final. “Esta proposta visa a criação do regime de comissão eventual de serviço para os trabalhadores da Zona de Cooperação, daí que foi sugerida que a proposta de lei entre em vigor a seguir à data da publicação. Mas não temos ainda um esclarecimento oficial da parte do Governo. Alguns funcionários públicos estão em Hengqin em regime de comissão oficial, algo que tem sido aplicado há mais de um ano, o que não é adequado”, frisou Vong Hin Fai.
Hoje Macau Manchete PolíticaONU | Governo elaborou relatórios enviados pelas associações tradicionais Apesar de se apresentarem como relatórios independentes, os documentos enviados pela Associação Geral das Mulheres de Macau e da Federação de Juventude de Macau foram elaborados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos da Justiça Os metadados dos ficheiros dos relatórios sobre direitos económicos, sociais e culturais enviados por duas organizações civis de Macau às Nações Unidas apontam o Governo como autor dos documentos submetidos este ano e em 2022. A informação digital que consta nas propriedades de pelo menos três documentos em formato Word enviados à ONU atribui a autoria à Direcção dos Serviços para os Assuntos da Justiça (DSAJ) e ao nome que corresponde ao de uma funcionária daquele organismo governamental. A ONU disse à Lusa que a credibilidade da informação vai ser analisada, enquanto o Governo de Macau e as duas organizações em causa garantiram a independência dos relatórios, sem que alguma das entidades se tenha pronunciado sobre os factos em concreto. O primeiro documento em causa foi submetido ao Comité dos Direitos Humanos da ONU em 2022 pela Associação Geral das Mulheres de Macau, no âmbito da avaliação do cumprimento em Macau do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Nas propriedades do documento Word, a autoria é atribuída à DSAJ, sendo que não é possível aceder a esse histórico digital nos ficheiros de outras organizações, remetidos em formato PDF. Os outros dois documentos foram enviados em 2022 para o Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU, que realizou ontem e no dia anterior sessões sobre a ratificação do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais na China (que inclui Hong Kong e Macau). Neste caso, a autoria que consta nos metadados dos ficheiros dos relatórios, tanto da Associação Geral das Mulheres de Macau como da Federação de Juventude de Macau, corresponde ao nome de uma funcionária da DSAJ. Numa resposta enviada à Lusa, o gabinete do secretário para a Administração e Justiça negou que o Governo exija às organizações não-governamentais (ONG) a submissão prévia dos relatórios para aprovação, assegurando que respeita o mecanismo definido pela ONU. Mas, na mesma resposta, salienta-se que o Governo da região administrativa especial chinesa “está disposto a prestar o apoio” necessário, caso essas entidades tenham dúvidas sobre a forma ou procedimento na apresentação do relatório. Credibilidade em causa Por sua vez, a ONU explicou que “depois de receberem os contributos da sociedade civil, os membros do comité irão rever a informação e determinar a sua credibilidade e utilidade”. No final, assinalou, “analisará, então, objectivamente, todos os contributos e fará observações finais e recomendações”. Já a Associação Geral das Mulheres de Macau, salientou que, “desde a obtenção do estatuto consultivo especial junto do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (…), aderiu estritamente aos mecanismos e directrizes relevantes da ONU”. E que “todos os relatórios são elaborados e submetidos de forma independente pela associação”. “A fim de assegurar que os relatórios apresentados estão em conformidade com as normas internacionais, apenas consultámos os departamentos governamentais relevantes sobre o formato dos relatórios para assegurar que cumprem os requisitos”, ressalvou. Da mesma forma, a Federação de Juventude de Macau sublinhou que “sempre cumpriu o mecanismo definido pelos comités dos tratados de direitos humanos das Nações Unidas, redigindo relatórios de forma independente”. E assegurou ainda que, no que diz respeito à avaliação dos tratados de direitos humanos, (…) enquanto organização não-governamental com estatuto consultivo junto do Conselho Económico e Social das Nações Unidas”, submeteu os respectivos relatórios “em nome próprio, (…) sem quaisquer instruções do Governo da RAEM no processo”. Mundo maravilhoso Além do mesmo nome que consta na informação dos metadados no campo da autoria, os relatórios das duas organizações civis têm em comum os elogios à acção governativa. “Ao abrigo da protecção da Lei Básica da RAEM [Região Administrativa especial de Macau], a situação da igualdade de género na RAEM sempre foi das mais elevadas do mundo, com os direitos e interesses das mulheres e crianças cada vez mais aperfeiçoados, a participação das mulheres na política em crescente aperfeiçoamento, o nível de saúde das mulheres e crianças a ser melhorado continuadamente, o sistema de educação em constante avanço, a disseminação cultural a aumentar gradualmente e a participação internacional em constante expansão”, pode ler-se, a título de exemplo, num dos trechos do mais recente relatório da Associação Geral das Mulheres de Macau. Por sua vez, a Federação de Juventude de Macau sublinhou “a determinação do Governo da RAEM em cumprir as obrigações no âmbito das convenções internacionais” e enumerou as acções em áreas que vão da educação, ao emprego, da legislação laboral à habitação. A Associação Geral das Mulheres de Macau garantiu, após candidatura, o estatuto consultivo especial desde 2008. A Federação de Juventude de Macau, desde 2021. Para a ONU, “as organizações da sociedade civil, incluindo ONG e instituições nacionais de direitos humanos, têm um papel fundamental a desempenhar para ajudar o comité a cumprir eficazmente o seu mandato”. Uma contribuição que as Nações Unidas consideram crucial, dado o seu estatuto de entidades não-governamentais, seja “ao participarem nas sessões (…) ou na submissão de informação” escrita, que, defende a ONU, “deve ser tão específica, fiável e objectiva quanto possível”.
João Luz Grande Plano MancheteForbes | Macau ultrapassa Londres em excelência hoteleira Macau é a cidade com o maior número de hotéis distinguidos nos Forbes Travel Guide Star Awards 2023, os “Óscares da hotelaria”. As distinções de cinco estrelas conseguidas pelas unidades hoteleiras das seis concessionárias de jogo relegaram Londres para o segundo lugar do pódio A indústria hoteleira de Macau acabou de ser distinguida como a melhor do mundo, pelo menos de acordo com um dos mais prestigiados rankings de qualidade do sector: os Star Awards do Forbes Travel Guide deste ano. De acordo com comunicado de imprensa divulgado na noite da organização dos prémios, a excelência hoteleira de Macau foi reconhecida através de 22 prémios de cinco estrelas, ultrapassando por um prémio Londres, a cidade que ficou em segundo lugar no ranking do Forbes Travel Guide. Como não poderia deixar de ser, a larga maioria das unidades hoteleiras de luxo que integram a lista pertencem ao portfolio de propriedades das seis concessionárias de jogo. Importa destacar que nos prémios deste ano, foram acrescentados cinco hotéis: O Galaxy Hotel, da Galaxy Entertainment Group Ltd, o Grand Lisboa Palace Macau e o The Karl Lagerfeld, as duas novas estrelas da constelação de propriedades da SJM Holdings Ltd e as novas unidades hoteleiras da Sands China Ltd Londoner Hotel e Londoner Court. Além das 22 propriedades incluídas na lista das distinções mais elevadas, foi também reconhecida a qualidade de mais 41 propriedades de Macau, que abrangem 22 hotéis, 16 spas e 25 restaurantes. Os Star Awards 2023 do Forbes Travel Guide reconheceram ainda a qualidade de três hotéis de quatro estrelas e recomendaram outras duas unidades, além de spas e restaurantes. Fora da hegemonia dos resorts das concessionárias de jogo, foram também distinguidos o Mandarin Oriental, Macau, pela qualidade da unidade hoteleira, spa e o restaurante Vida Rica. Discurso galáctico Após a divulgação da lista que colocou Macau no topo da indústria a nível global, as reacções das grandes empresas de hotelaria não se fizeram esperar. A Galaxy Macau começou por destacar o facto de se ter tornado no “maior resort integrado do mundo a conseguir mais distinções de cinco estrelas da Forbes debaixo do mesmo tecto”. A empresa arrebatou cinco estrelas em quatro das suas marcas de luxo hoteleiro com as unidades Banyan Tree Macau, Galaxy Hotel, Hotel Okura Macau, e o The Ritz-Carlton, Macau. Prémios a que se juntam as distinções recebidas pela primeira vez pelos restaurantes 81⁄2 Otto e Mezzo BOMBANA. No capítulo da revalidação das cinco estrelas, a empresa enumera os spas Lai Heen, Banyan Tree Spa Macau, e o The Ritz-Carlton Spa. Num comunicado emitido na noite de quarta-feira, o director de operações do Galaxy Entertainment Group, Kevin Kelley, mostrou-se “profundamente honrado pelas oito distinções” de cinco estrelas. “A nossa equipa tem-se dedicado ao longo dos anos a fornecer instalações de última geração e serviços distintos aos nossos convidados, conquistando o reconhecimento de convidados e profissionais de renome da indústria com a nossa filosofia única de serviços ‘Asian Heart’. A Galaxy Macau continuará a honrar a promessa de prestar serviços notáveis, de modo a criar uma experiência exemplar de resort de luxo para apoiar o desenvolvimento de Macau como um ‘Centro Mundial de Turismo e Lazer’”. Cidade dos sonhos No portfolio de propriedades da Melco Resorts & Entertainment foram galardoados os hotéis Morpheus, Nüwa, no City of Dreams Macau, o Star Tower, Studio City e o Altira Macau. No capítulo da restauração da Melco, os Star Awards 2023 do Forbes Travel Guide premiaram os restaurantes Alain Ducasse e o Yí no Morpheus, o Jade Dragon no Nüwa e o Pearl Dragon no Studio City. Na área do bem-estar, foram reconhecidos os spas do Morpheus, Nüwa e Altira, assim como o Zensa Spa. O CEO da Melco, Lawrence Ho, também reagiu à divulgação das distinções da Forbes. “Embora os desafios relacionados com a pandemia tenham, de facto, afectado todos os sectores durantes os últimos anos, estamos prontos para acolher de volta o fluxo constante de turistas nos nossos resorts, reforçando a cultura de excelência do nosso serviço com dedicação e empenho”, afirmou Lawrence Ho, agradecendo as distinções atribuídas pela Forbes. Cidade das vitórias No universo da Wynn Macau, os Óscares da hotelaria recaíram sobre o hotel Wynn Macau, os restaurantes Café Encore, Golden Flower, Wing Lei Palace, Ristorante il Teatro e o Sushi Mizumi, num total de 15 prémios divididos entre os resorts Wynn Macau, na península, e o Wynn Palace, no Cotai. Coube ao director de operações da Wynn Macau, Frederic Luvisutto, comentar a divulgação dos Star Awards do Forbes Travel Guide, agradecendo “o contínuo reconhecimento com o compromisso à excelência, que reflecte o esforço e dedicação” dos profissionais da empresa que “são a fundação do sucesso” da Wynn Macau. “Este reconhecimento continua a inspirar-nos a todos para providenciarmos uma experiência de hospitalidade sem paralelo, pela qual somos reconhecidos a nível mundial”, acrescentou o responsável. Também as propriedades da SJM Resorts, S.A. foram reconhecidas pela Forbes, nomeadamente o Grand Lisboa Hotel, o Grand Lisboa Palace e o The Karl Lagerfeld. Além das unidades hoteleiras, foram ainda premiados os restaurantes Palace Garden, The 8 e o Robuchon au Dôme, e os spas do Grand Lisboa Palace, do The Karl Lagerfeld e do Grand Lisboa. A directora da SJM, Daisy Ho, destacou o facto de o novo resort Grand Lisboa Palace, que inaugurou a presença da histórica concessionária no Cotai, ter recebido logo no primeiro ano de actividade todos os prémios de cinco estrelas no ranking do Forbes Travel Guide. “Estes reconhecimentos são um testemunho do esforço continuado da nossa equipa para elevar a experiência de quem nos visita. A SJM sente-se sinceramente honrada com os prémios da Forbes, continuaremos a oferecer um leque diversificado de experiências memoráveis para reforçar a posição de Macau como ‘Centro Mundial de Turismo e Lazer’”, prometeu Daisy Ho. Leões no areal No que diz respeito às propriedades da MGM China Holdings, foram distinguidos os hotéis MGM Macau, a Emerald Tower e Skylofts no MGM Cotai e os restaurantes Imperial Court, Tria, Five Foot Road. “Temos a honra de, mais uma vez, trazer para casa sete prémios Five-Star da Forbes, que atestam a excelência das nossas operações e reforçam a devoção em oferecer serviços e instalações diversificados de primeira qualidade. Com o início do novo ano, estamos satisfeitos por ver que a recuperação do turismo de Macau está a ganhar velocidade. A MGM vai continuar a lançar mais ofertas turísticas inovadoras”, declarou o presidente da MGM, Hubert Wang, destacando a prioridade de vincar Macau como um ‘Centro Mundial de Turismo e Lazer’. No universo da Sands China, foram distinguidos pela Forbes o Four Seasons Hotel Macao, e as Grand Suites no mesmo complexo, assim como o spa do resort e o restaurante Zi Yat Heen. Injecção de confiança O reconhecimento dado à indústria hoteleira de Macau surge numa altura em que a retoma do sector começa a dar sinais de algum vigor, depois de três anos em que o número de visitantes baixou drasticamente. A taxa de ocupação hoteleira em Macau foi de 38,4 por cento no ano passado, o segundo valor mais baixo em mais de duas décadas, e menos 11,7 pontos percentuais do que em 2021, segundo dados oficiais. Em Dezembro, o Executivo de Ho Iat Seng anunciou o cancelamento da maioria das medidas sanitárias, depois de a China ter alterado a estratégia ‘zero covid’ que vigorou durante quase três anos. Com o alívio das medidas, a cidade registou 451 mil visitantes durante a semana do Ano Novo Lunar, quase o triplo de 2022, mas ainda assim menos 62 por cento do que em 2019, o último ano antes da pandemia de covid-19. A média da taxa de ocupação hoteleira foi de 85,7 por cento, com um pico no terceiro dia do Ano Novo Lunar (24 de Janeiro), de 92,1 por cento.