Raquel Moz EventosSão João | Arraial volta a São Lázaro mesmo que a chuva caia Sardinhas, bifanas e cerveja não vão faltar no Arraial de São João, marcado para o fim de semana de 22 e 23 de Junho. O Bairro de São Lázaro volta a crescer, este ano com mais barracas e mais grupos musicais [dropcap]O[/dropcap] Arraial de São João volta ao Bairro de São Lázaro nos dias 22 e 23 de Junho, sábado e domingo, uma iniciativa que se repete pela 13ª vez e conta com mais adesão a cada ano. A organização apresentou ontem, em conferência de imprensa, o programa da festa, que este ano terá mais barracas de artesanato e de “comes-e-bebes”, cerca de 45 contra as 30 de 2018, e mais grupos musicais no elenco, que este ano serão à volta de uma dezena. O formato é semelhante aos anos anteriores e as preocupações são as mesmas. “Esperamos que a chuva não atrapalhe, como é costume nesta época. Nos últimos três anos houve sempre sol, mas no ano passado choveu um pouco”, começou por referir o presidente da Associação dos Macaenses (ADM), Miguel de Senna Fernandes. A festa de ano para ano “tem conquistado mais gente” e “começa a ser referida nos vários meios de comunicação do território, marcando o calendário turístico da cidade”, não só da comunidade portuguesa e macaense, mas da própria população chinesa local. “O Arraial já não é aquela festa dos outros, as pessoas já sabem que em Junho vai haver ali qualquer coisa no bairro. Mesmo amigos chineses já me perguntam muitas vezes, por esta altura, se não temos uma festa para aqueles lados…”, comentou. Este ano cresceu também o número de interessados em participar, tanto na exploração das barracas, como nas actuações musicais. Foi necessário avaliar bem o tipo de produtos artesanais e dos petiscos em oferta, para que fossem adequados ao espírito da festa popular que se pretende. “É uma festa de rua, uma festa das comunidades”, disse Miguel de Senna Fernandes, e não um “local para apresentação de produtos importados ou para revenda de artigos comprados nalguns desses sites online, que não são típicos de um arraial,”, acrescentou a presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM), Amélia António. E o recado fica dado, “vamos estar atentos à decoração das barracas, para ver se estão apresentáveis e festivas”, e “eventualmente vamos nomear algumas pessoas, tipo inspectores da Michelin”, para passarem revista aos enfeites das barracas. “No futuro, os que não tiverem essa preocupação, talvez venham a ter consequências, como ir parar ao fundo da lista, caso o número de interessados aumente”, ameaçou com graça a responsável. Venha o bailarico O programa de sábado e domingo começa por volta das 14h30 e vai até às 22h00, hora a que o som da música acaba, por obrigações legais relacionadas com o ruído numa zona habitacional. A abertura das festividades contará com a tradicional Bênção e Missa de São João, no sábado, seguida durante os dois dias pelas participações de escolas, actuações de grupos musicais amadores, bandas jovens de rap e de jazz, e a apresentação ao vivo dos Senza, que vêm de Portugal a convite da organização para animar a festa local. É um “grupo de música portuguesa inspirado em viagens”, como são identificados nas redes sociais, formado pelo par Catarina Duarte e Nuno Caldeira. A expectativa dos organizadores é que o público continue a aumentar, como tem acontecido todos os anos. Quanto a estatísticas, é impossível saber ao certo. “É um feeling que temos”, brinca o presidente da ADM, “é que no Bairro de São Lázaro o espaço é exíguo, quando nos sentimos mais apertados ficamos felizes, porque é sinal de que há mais gente!”. Mas os indicadores são também outros: a velocidade a que desaparecem as sardinhas, as bifanas e as cervejas. “Costumamos falar também com as pessoas que vendem comida, sobretudo a mais tradicional, que são os mesmos que ali estão desde que há arraial. São eles que sabem melhor como foi o movimento, se a procura foi maior, se venderam mais. Temos assim uma noção da afluência das pessoas, são estas as nossas estatísticas”, reforça a presidente da CPM. Orçamento e parcerias O orçamento da iniciativa rondará este ano as 500 mil patacas, um pouco acima, dado o enorme aumento dos preços praticados pelos fornecedores dos serviços necessários para montar a festa. No ano passado, a verba prevista era entre 400 e 500 mil patacas. O principal apoio é da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), as restantes associações têm ainda verbas atribuídas pela Fundação Macau para a sua participação na iniciativa, segundo os organizadores. Os parceiros, além da ADM e da CPM, são também a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, o Instituto Internacional de Macau, a Associação dos Jovens Macaenses e a APOMAC – Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau –, sem esquecer a participação especial da Escola Portuguesa, não a nível institucional, mas com assento sempre presente na organização do evento. A festa é garantida, “faça chuva ou faça sol”, e apenas se pede às famílias que estejam de olho nas crianças, já que todos os anos têm havido receios de que alguém se possa magoar nas correrias e subidas de escadas, que a organização não pode vedar ou controlar. Concurso | Melhores vídeos dão prémios “Os Melhores Momentos do Arraial de São João em Vídeo – IIM 2019” é o título do concurso que o Instituto Internacional de Macau lança este ano a todos os jovens interessados em participar. A ideia é retratar e captar as melhores imagens da festa, durante os dois dias, com qualquer tipo de dispositivo, incluindo telemóvel. Podem ser utilizadas aplicações criativas e efeitos especiais, não devendo os trabalhos exceder os dois minutos de duração. O vídeo deverá ser publicado na página de Facebook do Arraial de São João (@MacauSaintJohnFestival), após ser feito o “like” à página e o “upload” do ficheiro. O concurso encerra às 17h horas de domingo, dia 23 de Junho, e o anúncio dos prémios será realizado na mesma tarde pelas 19h através do Facebook. Os vencedores terão que estar presentes no Arraial para receberem os prémios: 1º Lugar – 2 mil patacas, 2º e 3ºLugares – 500 patacas. Os vídeos premiados e respectivas imagens serão utilizadas para o anúncio promocional do Arraial de São de João do próximo ano.
Hoje Macau EventosBairro Alto do Pina vence Marchas Populares de Lisboa [dropcap]O[/dropcap] bairro do Alto da Pina foi o vencedor da edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa, anunciou hoje a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), responsável pela organização da iniciativa. O segundo lugar foi atribuído ao vencedor do ano passado, Alfama, e o terceiro a Penha de França. Com centenas de participantes, o 87.º concurso das marchas contou com 20 grupos: Alfama (vencedora em 2018), S. Vicente, Carnide, Bica, Bela Flor-Campolide, Ajuda, Baixa, Madragoa, Penha de França, Graça, Beato, Marvila, Bairro da Boavista, Olivais, Mouraria, Parque das Nações, Castelo, Alto do Pina, Alcântara e Bairro Alto. Em extracompetição, desfilaram pela Avenida da Liberdade as marchas Infantil “A Voz do Operário”, Mercados, Santa Casa e, como convidada, a Marcha Popular de Ribeira de Frades (Coimbra).A véspera do Dia de Santo António (feriado municipal na capital lisboeta) foi ainda marcada, como é tradição, pelos Casamentos de Santo António, com 16 casais que se juntaram às marchas à noite, e com vários arraiais pela cidade. https://youtu.be/ScRMID6qKFc
Raquel Moz EventosInscrições para workshop com Catarina Mourão só até amanhã [dropcap]A[/dropcap]s inscrições para o Workshop de Documentário da cineasta portuguesa Catarina Mourão, que vai decorrer de 22 a 27 de Junho na Casa Garden, estão abertas só até amanhã, sexta-feira, dia 14. A iniciativa é gratuita, para maiores de 16 anos, até um limite de 20 participantes. Organizado pela Fundação Oriente, com o apoio da Casa de Portugal em Macau, o projecto insere-se nas comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e é aberto ao público em geral. Durante seis dias, os interessados vão poder experimentar o processo criativo de filmar um documentário, a partir de filmes que irão introduzir os tópicos de trabalho para cada sessão. Trata-se de uma oficina de produção e realização para iniciantes e amadores, intitulada “A Casa e o Mundo”, onde durante 3 horas diárias os alunos vão desenvolver obras de acordo com a sua inspiração e a orientação da realizadora. Tal como descreve Catarina Mourão, na nota de apresentação, “neste workshop vou partilhar com os estudantes o meu processo criativo na filmagem de documentários. É essencialmente um trabalho que se inicia no microcosmos da família, da casa, da rua. Começamos por viajar por entre aquilo que nos é familiar, e acabamos por encontrar estranheza e novas estórias além da nossa zona de conforto”. E especifica, “cada um dos meus filmes desencadeou um desafio diferente. E cada desafio irá estimular os participantes a trabalhar num determinado projecto de filme, para o qual deverão encontrar o seu ângulo pessoal e a sua solução”. À procura de respostas As oficinas terão um total de 18 horas. A 22 e 23 de Junho, sábado e domingo, o horário é das 14h às 17h, e nos seguintes dias, de 24 a 27, em horário pós-escolar ou laboral, das 18h às 21h. Cada sessão de workshop terá como ponto de partida a exibição de um filme: “Daguerreótipos” (1976), de Agnès Varda, o “primeiro documentário que teve um verdadeiro impacto na minha forma de filmar”, e “À Flor da Pele” (2006), “Pelas Sombras” (2010) e “A Toca do Lobo” (2015), de Catarina Mourão. O programa procurará respostas à questão sobre o que é o documentário, como género, no actual mundo da imagem. Através de exercícios práticos na escolha dos temas, personagens, localizações, roteiros e pesquisa em arquivos, os alunos irão ensaiar e discutir em conjunto técnicas de filmagem e de edição, antes da apresentação final dos trabalhos. As inscrições deverão ser feitas através do email workshopcatarinamourao@gmail.com. Mais informações podem ser solicitadas à Fundação Oriente e à Casa de Portugal.
Raquel Moz EventosArtistas contemporâneos mostram obras de luxo no Morpheus A colecção de obras do City of Dreams, assinada por artistas de renome internacional, junta-se à iniciativa Arte Macau e vai surpreender os visitantes do Morpheus até ao final do Verão [dropcap]E[/dropcap]ncontros Inesperados” é o nome do conjunto de peças artísticas que, no âmbito da iniciativa “Arte Macau”, se encontram, a partir de hoje, à disposição dos visitantes do Morpheus, na zona do Cotai. O novo hotel, desenhado pela premiada e já desaparecida arquitecta Zaha Hadid – a primeira mulher a receber o Pritzker de Arquitectura –, está a dias de celebrar o seu 1º ano de actividade, depois de ter aberto as portas a 15 de Junho de 2018. A exposição que está patente pelos diversos espaços da unidade hoteleira, pertencente ao complexo do City of Dreams, tem o seu ponto alto na galeria Art on 23, no 23º andar do edifício envidraçado. É lá que se encontra a grande estátua de KAWS, com a conhecida figura de Companion, a primeira personagem criada pelo jovem e famoso artista norte-americano de cultura pop. A este trabalho foi dado o nome “Good Intentions”, em que a simpática figura, inspirada nos cartoons, representa aqui a relação entre pais e filhos. Esta é uma das peças de destaque, depois do sucesso das estátuas do artista e designer Brian Donnelly – que escolheu o nome KAWS nos seus tempos de graffiter – ter chegado aos grandes museus e galerias internacionais, como o MOMA, em Nova Iorque, ou a praça Museumplein, em Amesterdão. Personalidades do show biz americano, como o produtor musical Swizz Beatz ou o rapper Pharrell Williams, também têm as suas estátuas em casa. No mesmo piso encontra-se ainda a instalação “Cabane Éclatée” (Exploded Hut) de Daniel Buren, o conceituado artista conceptual francês, conhecido por integrar elementos arquitecturais e grafismos coloridos nas suas intervenções. Tem uma vasta obra exposta em museus como o Guggenheim e o MOMA em Nova Iorque, o Palais Royal em Paris, o Templo do Céu em Pequim, a galeria contemporânea da Casa Hermès em Bruxelas ou a Fundação Louis Vuitton em Paris. “A City of Dreams é proprietária de uma impressionante colecção de arte de mestres contemporâneos”, como informa na nota de divulgação, onde “cada peça foi seleccionada porque proporciona um encontro único com o público”. As obras estão dispersas pelo espaço do edifício, à excepção da que foi emprestada ao Museu de Arte de Macau, “Untitled” do pintor alemão Thilo Heinzmann. Peças para descobrir Assim, no Lobby VIP do Morpheus, está “Wild Pansy” do artista contemporâneo francês Jean-Michel Othoniel, uma peça em espiral que apresenta movimentos e metamorfoses, escultura característica da sua conhecida obra, exibida por exemplo no Centre Georges Pompidou, no MOMA ou nos jardins de Versailles. As restantes colecções estão localizadas em diversos pontos, para serem descobertas com surpresa, o que justifica os “Encontros Inesperados” do título. “Continuel Lumiére Au Plafond” é a instalação imersiva, com múltiplos fragmentos espelhados em suspensão, do artista argentino Julio Le Pac, que se dedica desde sempre à arte cinética e à Op Art, fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel e autor de muitas obras premiadas. “9 Seas”, do designer francês Mathieu Lehanneur, é uma homenagem às cores do oceano, com imagens recriadas em cerâmica a partir de fotografias de satélite de alta definição. “Sky”, do artista conceptual chinês Zhau Zhau, é um trabalho nos mesmos tons, desta vez sobre a percepção e memórias que o artista tem do azul do céu. O traumático encontro com um urso polar deu o mote à obra “I’m Busy Today & Look At Me!”, de Paola Pivi, a artista multimédia italiana que vive e trabalha em Anchorage, no Alasca. A peça pretende transformar o medo em afecto, ao mesmo tempo que chama a atenção para a vulnerabilidade destes animais. E “Echoes Infinity”, da artista japonesa Shinji Ohmaki, conhecida pelas suas transformações do espaço, traz coloridas flores imaginárias, inspiradas na Árvore da Vida de Leonardo Da Vinci, que se repetem em padrões e criam uma floresta de fantasia. As peças e instalações da colecção do City of Dreams vão continuar expostas no Morpheus, diariamente das 12h às 18h, até ao dia 31 de Outubro.
Hoje Macau EventosAzulejos portugueses enfeitam Palácio Imperial chinês [dropcap]N[/dropcap]um dos vários ‘siheyuan’ – a tradicional residência chinesa construída em torno de pátios espaçosos – do Antigo Palácio Imperial da China, dezenas de painéis de azulejos exibem nas próximas semanas o carácter “global” da história portuguesa. “É uma plataforma que demonstra o entendimento entre os portugueses e todos os povos com quem estivemos em contacto”, resumiu Alexandre Pais, curador do Museu Nacional do Azulejo, à agência Lusa, em Pequim, sobre a exposição “O País Das Cidades Vidradas”. Inaugurado na presença da ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, e do seu homólogo chinês, Luo Shugang, a exposição reúne várias épocas daquela manifestação plástica portuguesa – desde a herança do período islâmico à modernidade. O espaço da exibição será igualmente simbólico para os anfitriões chineses: o museu da Cidade Proibida, complexo construído durante a dinastia Ming (1368-1644) e onde residiram 24 imperadores chineses, que se sucederam durante mais de 500 anos. Outrora fechado aos cidadãos comuns, sendo a entrada punível com pena de morte, o antigo Palácio Imperial é agora a principal atracção turística da capital chinesa. Braços abertos Na manhã de ontem, e apesar de as temperaturas superarem os 30 graus e de a poluição desaconselhar actividades ao ar livre, milhares de turistas enchiam as vielas e pátios daquele complexo. “Tentámos trazer peças que reflectissem não só a relação com a China, mas também a relação com a Índia, a Pérsia, o Islão, com os Países Baixos”, explicou Alexandre Pais. O objectivo é “demonstrar que os portugueses têm uma predisposição global para os outros povos, outras culturas, e que isso é reflectido no azulejo”, acrescentou. Ilustrações de cenas históricas da expansão marítima, peças religiosas e laicas, refletindo o quotidiano, mas também paisagens chinesas, com base em descrições e gravuras que outrora chegavam à Europa, mostram o azulejo como um “lugar de encontro de culturas”, descreveu Graça Fonseca. “Este conjunto seleccionado do Museu Nacional do Azulejo permite contar a história desta arte que admiramos e estimamos, e muito nos honra partilhar com o público chinês esta expressão artística, que nos enriquece enquanto país e cultura”, afirmou a ministra. A exposição insere-se nas celebrações do Festival de Cultura Portuguesa na China. Em declarações à agência Lusa, no início de uma visita oficial de três dias à China, Graça Fonseca lembrou que a cultura é uma das áreas estratégicas da cooperação entre Pequim e Lisboa. A ministra portuguesa previu uma maior presença de agentes culturais portugueses no país asiático, a partir deste ano. “A ideia é integrar, cada vez mais, estruturas” da cultura portuguesa “naquilo que possam ser rotas programadas e calendarizadas na China”, apontou.
Raquel Moz EventosCinema | Violência Doméstica na Casa Garden O VI Ciclo de Cinema CRED-DM é sobre a Violência Doméstica e apresenta um cartaz de 5 filmes durante 5 semanas. Começa na próxima quarta-feira e promete aprofundar a reflexão sobre este crime público, que pode acontecer em qualquer casa [dropcap]A[/dropcap] Violência Doméstica é o tema que inspira o VI Ciclo de Cinema CRED-DM, a partir da próxima semana na Casa Garden, organizado pelo Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau, da Fundação Rui Cunha, em conjunto com a Fundação Oriente. Cinco filmes vão ser exibidos durante cinco semanas, de 19 de Junho a 17 de Julho, todas as quartas-feiras às 19h30. “No mundo de hoje, a violência contra mulheres e crianças é uma das mais difundidas, persistentes e devastadoras violações dos direitos humanos, atravessando todas as gerações, nacionalidades, comunidades e esferas das nossas sociedades de uma forma, maioritariamente, silenciosa e dissimulada”, é o repto lançado pela nota de imprensa. A coordenadora do Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau, Filipa Guadalupe, à frente deste projecto de divulgação através do cinema, explica que “entendemos este ano falar sobre a violência doméstica, por ser um crime que, a nível internacional, não tem vindo a diminuir, mas a aumentar. Por afectar qualquer pessoa e segmento da sociedade – não é só entre homens e mulheres, pode ser entre pais e filhos ou qualquer membro da família – é preciso chamar a atenção para ele, para as coacções e ameaças, e depois para todas as consequências físicas, psicológicas, sexuais, que pode provocar nas respectivas vítimas”. Não é um crime circunscrito a uma só classe social, cultura, sexo ou religião, afecta todas. E por estar disseminada pela sociedade em geral como um crime silencioso – “quando se ouve falar dele, já se encontra muitas vezes numa fase irreversível” –, “nunca é demais aproveitarmos todas as oportunidades para falar sobre ele”. Fitas premiadas A selecção dos filmes foi feita pela equipa do CRED-DM, com base na premissa de mostrar bons argumentos sobre o tema em análise, menos conhecidos do público local, mas bem recebidos e premiados pela crítica especializada, oriundos de diversas partes do mundo. “Por ser um crime internacional, à escala mundial, a ideia foi tentar mostrar que o problema existe em todo o lado e é exactamente igual” acrescentou a responsável. O cartaz é composto por “Tyrannosaur”, de Paddy Considine (GB, 2011) exibido a 19 de Junho, “Provoked”, de Jag Mundhra (GB, Índia, 2006) a 26 de Junho, “Precious”, de Lee Daniels (EUA, 2009) a 3 de Julho, “Te Doy Mis Ojos”, de Icíar Bollaín (Espanha, 2003) a 10 de Julho, e “Vidas Partidas”, de Marcos Schechtman (Brasil, 2016) a 17 de Julho. “Tyrannosaur” contra a história de um homem violento, com crises de raiva que o atormentam, que encontra uma chance de redenção através de uma mulher que trabalha numa loja de caridade. Mas há segredos que vão ter consequências devastadoras para ambos. Com as elogiadas interpretações de Peter Mullan e Olivia Colman – a actual detentora do Óscar de Melhor Actriz, pelo filme The Favourite (2018) de Yorgos Lanthimos – , a película venceu um BAFTA, dois British Independent Film Awards, dois prémios no Sundance Film Festival, entre vários outros galardões. “Provoked: A True Story” é baseado na história verídica de uma mulher Punjabi, que se mudou para Londres após o casamento com um homem, inicialmente atencioso, mas que se revela um brutal agressor. Após dez anos de casamento, ela incendeia-o enquanto dorme, vindo a ser acusada de homicídio premeditado. Com os conhecidos actores Aishwarya Rai Bachchan, Naveen Andrews e Miranda Richardson. “Precious” é talvez o filme mais visto de todos, depois de ter sido nomeado para diversas categorias nos Óscares de 2010, onde ganhou duas estatuetas (Melhor Actriz Secundária e Melhor Argumento Adaptado), um Globo de Ouro, um prémio BAFTA e um SAG (Screen Actors Guild Awards). Conta a história de uma adolescente de 16 anos, a Precious, iletrada, com problemas de peso e grávida do segundo filho, concebido pelo seu próprio pai, em repetidas violações, com a anuência da mãe. Com Gabourey Sidibe, Mo’Nique e Paula Patton. “Te Doy Mis Ojos” é um filme trágico, baseado numa história real, que lida com a compreensão da violência como algo mais do que apenas um olho negro. É através da dinâmica do casal, do abuso continuado, do controlo emocional, do exercício do poder, que o filme se desenvolve, focando a dificuldade de quebrar os ciclos e de enfrentar as retaliações. Com Laia Marull, Luis Tosar e Candela Peña, o filme ganhou dezenas de prémios em Espanha e na América Latina, levando para casa sete Goyas em 2004. “Vidas Privadas” é uma história brasileira, passada no seio de uma classe social alta. Graça e Raul apaixonam-se perdidamente, casam-se e tornam-se pais de duas meninas. Até ao dia em que ela avança na carreira e ele fica desempregado, tornando-se mais agressivo e violento. Qual é o momento em que o amor enlouquece e se torna perverso, é uma das perguntas que o realizador tenta responder, num país onde a violência doméstica continua a somar números assustadores. Com as interpretações de Naura Schneider e Domingos Montagner, esta é a película mais recente em cartaz. As sessões de cinema na Casa Garden serão precedidas de um cocktail às 19h00 e, após o visionamento, haverá uma pequena conversa informal sobre o tema. A entrada é gratuita e existe estacionamento no local.
Hoje Macau EventosCatedral de Notre-Dame vai realizar primeira missa no fim de semana [dropcap]A[/dropcap] Catedral de Notre-Dame de Paris vai reabrir pela primeira vez ao público no próximo fim de semana para a realização de uma missa que servirá para assinalar a data da dedicação do templo, afectado por um incêndio devastador em Abril. A notícia foi avançada pela revista católica Famille Chrétienne, e confirmada hoje pelo bispo e reitor da catedral, Patrick Chauvet, de acordo com o jornal Público. Dois meses passados sobre o incêndio que destruiu a cobertura e parte do seu interior, a 15 de Abril, a catedral será preparada para, no fim de semana, assinalar, com a missa, a data da dedicação da catedral, que tradicionalmente é evocada no dia 16 de Junho. “Esta data é simbólica. Será a festa da dedicação da catedral, da consagração do altar. É muito importante poder mostrar ao mundo que o papel da catedral é ser uma montra da glória de Deus. Celebrar a Eucaristia nesse dia, ainda que num grupo reduzido, será um sinal dessa glória e dessa graça”, disse Patrick Chauvet à Famille Chrétienne. A missa irá realizar-se numa capela do fundo da catedral que não foi afectada pelo incêndio, mas os participantes, num número reduzido, terão de usar capacetes como medida de protecção. Os responsáveis pela catedral de Notre-Dame esperam que, ainda esta semana, seja também aberta ao público parte do pátio fronteiro ao monumento, permitindo a aproximação dos parisienses e dos turistas. No entanto, a decisão final caberá às autoridades civis, e nomeadamente ao general Jean-Louis Georgelin, que o Presidente francês, Emmanuel Macron, incumbiu de dirigir as obras de restauro. Ainda segundo aquela revista católica citada pelo Público, o reitor de Notre-Dame anunciou o projecto de construção de um pequeno “santuário mariano”, com uma réplica da Virgem do Pilar de Notre-Dame, onde os católicos possam cumprir os seus votos durante os anos em que o monumento irá estar em obras de restauro. “É importante que os católicos tenham um lugar físico para realizar as suas orações. Mostra que, mesmo que a Notre-Dame esteja em obras de reconstrução, ela está aberta, e isso manterá a ligação entre os fiéis e a Igreja”, disse Patrick Chauvet. A catedral, um dos monumentos mais visitados em Paris, considerada uma jóia da arquitectura gótica da cidade, tem o início da construção datado de 1163, e o começo da função religiosa em 1182. O seu interior foi devastado pelo incêndio de 15 de Abril, mas, segundo as autoridades, os vitrais foram salvos, mas ainda está a ser feito um levantamento exaustivo dos danos aos quadros e aos órgãos. O Governo indicou, na altura, que as relíquias do tesouro, nomeadamente a coroa de espinhos que os cristãos acreditam ter sido usada por Jesus Cristo na crucificação, e a túnica de São Luís, foram resgatadas. Em Maio, no parlamento francês, o ministro da Cultura, Franck Riester, disse que a reconstrução das partes destruídas da catedral de Notre-Dame, não será feita “apressadamente”. O Presidente francês, Emmanuel Macron, fixou um prazo de cinco anos para concluir a recuperação da catedral, período considerado admissível, de acordo com diversos peritos, mas demasiado curto segundo outros, em particular devido ao atraso nas avaliações globais. Hoje Macau EventosGraça Fonseca aponta oportunidade extraordinária para artistas portugueses na China [dropcap]A[/dropcap] ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, apontou hoje, em Pequim, a “oportunidade extraordinária” que a China representa para artistas e criadores portugueses, sublinhando a importância da diplomacia cultural no país asiático. “É uma oportunidade extraordinária para a cultura portuguesa e para os seus criadores”, disse Graça Fonseca, à agência Lusa, no início de uma visita oficial de três dias à China. A ministra destacou a “grande” dimensão do mercado cultural chinês e a “enorme adesão” do público. “As pessoas gostam de conhecer novos autores, de conhecer, por exemplo, operas compostas por portugueses, quem compôs, e quando. Há este interesse”, disse. Graça Fonseca apontou ainda como objectivo impulsionar o turismo cultural. “Ter uma presença cultural aqui é também importante para que cada vez mais o turismo seja motivado pela descoberta cultural, ou seja, que os novos visitantes que partem daqui, partam porque conheceram aqui a Companhia Nacional de Bailado, sabem que vai inaugurar a temporada e querem ir para ver um espectáculo”, definiu. A ministra da Cultura falava antes do início de um concerto da Orquestra Sinfónica Nacional da China, dirigido pela maestrina Joana Carneiro, e com actuação da soprano Elisabete Matos, no âmbito do Festival de Cultura Portuguesa na China. O concerto, que encheu o Beijing Concert Hall, serviu também para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com cerca de uma hora, o espectáculo incluiu temas chineses (Dance of Yao People e Good News From Beijing) e portugueses (Sinfonia À Pátria e Suite Alentejana). Hoje, Graça Fonseca inaugurou ainda a exposição “Histórias da Torre do Tombo/Chapas Sínicas”, na Biblioteca Nacional de Pequim. Na terça-feira, a ministra irá reunir-se, no Museu do Palácio Imperial, com o homólogo chinês, o ministro da Cultura e do Turismo da República Popular da China, Luo Shugang. Mais tarde, no mesmo local, estará presente na inauguração da exposição “A Evolução do Azulejo em Portugal dos séculos XVI ao XX”. Ao final da tarde, Graça Fonseca assistirá ao espectáculo “Quinze Bailarinos e Tempo Incerto”, da Companhia Nacional de Bailado (CNB), no Teatro Tiangiao. No último dia da visita oficial, na quarta-feira, a governante fará a intervenção de abertura do II Fórum Literário Portugal-China, no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa, no qual participam os escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto. Lembrando que a cultura é uma das áreas “estratégicas” da cooperação entre Pequim e Lisboa, no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, a ministra portuguesa previu uma maior presença de agentes culturais portugueses no país asiático, a partir deste ano. “A ideia é integrar, cada vez mais, estruturas como a Companhia Nacional de Bailado, como o São Carlos, mas também os escritores, naquilo que possam ser rotas programadas e calendarizadas”, apontou. Outros eventos culturais vão realizar-se ao longo de 2019, incluindo festivais de cinema, literatura, teatro ou música, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois governos. Hoje Macau EventosMAM | Relíquias do período da Dinastia Xia a partir de sexta-feira [dropcap]É[/dropcap] inaugurada esta sexta-feira uma nova exposição no Museu de Arte de Macau (MAM) com o título “Reminiscências da Rota da Seda – Exposição de Relíquias Culturais da Dinastia Xia do Oeste”. A mostra, que resulta de uma parceria com o Museu da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, vai estar patente ao público até ao dia 6 de Outubro. O Instituto Cultural (IC) explica que a exposição “apresenta achados arqueológicos da Dinastia Xia do Oeste, permitindo aos cidadãos uma interpretação da história e cultura desta dinastia”, num total de 148 peças (conjuntos), que incluem “alguns dos objectos raros exibidos pela primeira vez fora da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia”. A dinastia Xia do Oeste, na Rota da Seda, foi fundada em 1038, localizando-se a leste do Corredor Hexi. No seu apogeu, o território incluía o que é hoje a Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, a Província de Gansu, a Província de Qinghai, a Região Autónoma da Mongólia Interior e a Província de Shaanxi. O Regime do Território de Xia do Oeste afirma que “se estendia a leste até ao Rio Amarelo, a oeste até à Passagem da Porta de Jade, com fronteira a sul com a Passagem Xiao e a norte domina o deserto de Gobi”. Na sua fase anterior, existia uma coligação tripartida com Song do Norte e Liao. Num período posterior, competia com Song do Sul e Jin. Durante 190 anos, Xia do Oeste foi dominado por dez imperadores. A cultura de Xia do Oeste, que estava em pleno florescimento, acabou por se desvanecer na história. No século XX, com o aparecimento de relíquias e documentos, os tesouros de sabedoria do povo Xia do Oeste reapareceram aos olhos do mundo. Hoje Macau EventosCinema | Jorge Jácome, vence Grande Prémio do Festival de Hamburgo O filme português “Past Perfect”, de Jorge Jácome, que aborda o sentimento da melancolia, venceu o Grande Prémio do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, na Alemanha. Foi o segundo ano consecutivo que o cineasta ligado a Macau venceu este galardão [dropcap]A[/dropcap] estreia mundial da película aconteceu em Fevereiro no Festival de Berlim, na competição Berlinale Shorts, vencendo agora o prémio principal do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, que decorre na Alemanha até domingo, repetindo a conquista na edição do ano passado, com “Flores”. “Este prémio assume ainda mais importância no ano em que a nova directora do festival, Maike Mia Hoehne, que dirigia anteriormente a competição de curtas metragens do Festival de Berlim, trouxe uma nova visão ao festival”, segundo um comunicado da Portugal Film. O júri desta 35.ª edição do festival foi composto por Pela del Álamo, realizador e director do festival Curtocircuito, Peter Van Hoof, programador do festival de Roterdão, Ana David, programadora do festival IndieLisboa, Jennifer Reeder, realizadora, e Pawel Wieszczecinski, distribuidor da Kinoscope. A curta-metragem de 29 minutos do realizador português Jorge Jácome é representada pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português. “Past Perfect” deriva da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, na qual Jorge Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico. Fazer um realizador Apesar de ter realizado vários trabalhos durante o tempo em que estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Jácome considera-se realizador a partir de “Plutão”, curta-metragem de 2013. Depois dessa fez as curtas “A guest + a host = a Ghost” (2015), “Fieste Forever” (2017) e “Flores” (2017). Jorge Jácome apresenta, então, “Past Perfect” como “um balanço e um ponto de situação” sobre o que faz e para onde quer seguir no cinema, tendo como base essa percepção da origem da melancolia, disse em entrevista recente à agência Lusa. “A melancolia, para mim, é uma coisa muito mais individual e pessoal, por isso é tão difícil de explicar. E este ‘Past Perpect’ está constantemente a dizer que é difícil de explicar, de traduzir, de passar para imagens e para texto o que é este sentimento”, contou. Nascido em Viana do Castelo em 1988, cresceu em Macau, até à transferência administrativa do território para a China em 1999. De regresso a Portugal, estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, sem ter ideias certas de que queria seguir cinema. “O que foi entusiasmante foi que na escola aprendi pela primeira vez a ver cinema e a ver filmes aos quais não tinha acesso. Aprendi mesmo tudo do zero. Não era cinéfilo antes de entrar para a escola”, recordou, em declarações em Fevereiro à Lusa. Depois rumou a França, para uma pós-graduação na Le Fesnoy, na qual aprendeu a desconstruir os ensinamentos anteriores. Hoje Macau EventosGastronomia | Chefe Vítor Matos no Clube Militar [dropcap]O[/dropcap] chefe português Vítor Matos regressa, a partir de hoje a Macau, para liderar o festival de gastronomia e vinhos de Portugal, organizado pelo Clube Militar, que assinala este ano o 149.º aniversário. Até 19 de Junho, Vitor Matos e os chefes-assistentes João Araújo e Helena Castro vão contribuir para a promoção da gastronomia portuguesa no território, anunciou o Clube Militar. Este festival integra também a programação “Junho – Mês de Portugal”, promovido pelo Consulado-geral de Portugal em Macau, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com um percurso profissional dividido entre Portugal e a Suíça, Vitor Matos, de 42 anos, estudou cozinha e pastelaria, entre 1992 e 1995, em Neuchâtel, Suíça. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, conquistou várias distinções, incluindo a atribuição de uma estrela Michelin para o seu restaurante Antiqvvm, no Porto, no ano passado. Esta é a segunda vez que Vitor Matos apresenta a sua “cozinha de sabores e aromas tradicionais de Portugal” no Clube Militar, onde em 2016 liderou este mesmo festival de gastronomia e vinhos. Raquel Moz EventosExposição | Fotos premiadas de Eduardo Leal na Fundação Rui Cunha São imagens que sugerem uma dança de sacos ao vento que envolvem arbustos quase estrangulados e sem vida. A beleza das fotos é inquietante. E deu vários prémios mundiais ao fotojornalista Eduardo Leal, que a partir de amanhã expõe o trabalho na FRC [dropcap]A[/dropcap] multipremiada exposição “Plastic Trees” de Eduardo Leal é inaugurada amanhã, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha, onde ficará patente ao público durante duas semanas. É um conjunto de imagens que demonstram a presença dos resíduos plásticos nos lugares mais recônditos, uma visão sobre o lixo resultante do excesso de consumo a nível mundial. “A série ‘Plastic Trees’ foi feita para chamar a atenção para este problema, com foco na disseminação de sacos plásticos no Altiplano Boliviano, onde milhões de sacos viajam com o vento até se enredarem nos arbustos nativos”, pode ler-se na página web da FRC. A mostra reúne as imagens de uma série que valeu ao autor, mestre em fotografia documental, vários prémios internacionais, como os Sony World Photo Awards, o Lens Culture Earth Award, os Moscow International Photo Awards e o prémio Estação Imagem nacional. Foi ainda finalista do galardão Atkins CIWEM, para a Melhor Fotografia do Ano em termos de Ambiente. Eduardo Leal, que desde 2016 é professor convidado da Universidade de São José em Macau, viveu vários anos na América do Sul, onde trabalhou como fotojornalista para diversas publicações de prestígio, como a Time, The Washington Post, Al Jazeera America, ou CNN, entre muitas outras. Nos arredores de Uyuni Em entrevista à revista holandesa de fotografia contemporânea, Lens Culture, cujo prémio principal arrecadou em 2015, Eduardo Leal contou que durante anos viajou pelo mundo inteiro, mas especialmente pela América Latina e pela Ásia, onde sempre se incomodou com as bonitas paisagens estragadas pela quantidade de lixo e de detritos. “E a maioria são sacos de plástico”. “Decidi, então, fazer algo para chamar a atenção para o problema. Mas sabia que seria difícil fotografar sacos de plástico e torná-los visualmente interessantes para o espectador”. Demorou, segundo revelou à referida publicação, anos até encontrar o modo certo de exprimir o que sentia. “Um dia, quando caminhava pelos arredores da cidade de Uyuni, na Bolívia, encontrei este lugar incrivelmente belo, coberto de sacos de plástico. Naquele momento, tive a certeza que era ali que iria fazer algo sobre o tema”. O que fez foi testar a luz e a perspectiva, até descobrir como registar não só a beleza, mas também o significado daquelas imagens. “Foi uma questão de voltar ao mesmo local, dia após dia, à mesma hora, de modo a captar a luz de forma consistente e procurar os objectos para mim mais cativantes”, fazendo questão de acrescentar que “produzi estas minhas composições movendo-me apenas à volta das árvores e procurando os melhores ângulos. Nunca toquei em nenhum saco de plástico nem encenei os objectos fotografados. Isso é muito importante para mim: trabalhando como fotojornalista, tenho consciência da importância de não arranjar as fotos ou manipular a verdade”. A única coisa que admite ter alterado no local, para poder fotografar, foi o buraco que escavou com as próprias mãos, tentando obter “a perspectiva certa para transformar os pequenos arbustos em árvores”. De facto, as “árvores de plástico” são pequeníssimos arbustos, “o maior não sendo mais do que o tamanho de duas mãos”, que Eduardo Leal procurou recriar como árvores, “numa tentativa metafórica de demonstrar a dimensão do problema”, confessou à Lens Culture. O drama dos sacos No final do trabalho, “completamente diferente de tudo o que havia feito até à data”, ficou sem saber que destino dar ao conjunto de imagens, “já que as plataformas para as quais eu costumava trabalhar, não estavam interessadas neste tipo de projectos conceptuais”. Felizmente, o resultado foi “deslumbrante” e “intrigante” o suficiente para o colocar na linha de vários prémios internacionais, fazendo o público reflectir e questionar-se sobre o drama subjacente: a poluição do planeta. No manifesto da exposição da FRC, Eduardo Leal refere mesmo que “o mundo consome 1 milhão de sacos de plástico por minuto, sendo o objecto de consumo mais omnipresente” a nível global. “O problema é ainda mais grave nos países com maiores dificuldades, onde as infra-estruturas de gestão de resíduos não estão realmente desenvolvidas. A acumulação de sacos plásticos no meio ambiente causa deterioração das paisagens, dos solos agrícolas e está associada à morte de animais domésticos e selvagens”. A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 24 de Junho. Andreia Sofia Silva EventosReedição de “Anastasis”, de Carlos Morais José, apresentada sábado na Feira do Livro de Lisboa “Anastasis”, livro de poesia de Carlos Morais José, é lançado este sábado em Lisboa na Feira do Livro, pela mão da editora Abysmo. O autor, também director do HM, fala de uma obra que não estava completa sem as suas impressões sobre o Egipto e Jerusalém [dropcap]D[/dropcap]epois de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” ganhar uma nova vida, eis que surge nas livrarias portuguesas “Anastasis”, um livro de Carlos Morais José, escritor e director do HM. A obra será lançada oficialmente este sábado pela editora Abysmo na Feira do Livro de Lisboa. Em declarações ao HM, Carlos Morais José falou de uma obra que, apesar de ter sido lançada em 2013, não estava completa sem dois capítulos dedicados ao Egipto e a Jerusalém. “O livro é agora editado em Portugal e tem outra capacidade de divulgação no espectro da lusofonia”, apontou. “Sempre senti que este livro não estaria completo sem mais dois capítulos, que se referem ao Egipto e à Terra Santa, além de mais uns acrescentos nos capítulos já existentes.” Para Carlos Morais José, estamos perante “dois lugares muito diferentes”, uma vez que o Egipto “remete-nos para as pré-origens da nossa civilização”. “O Egipto é um mistério ainda. Quando os gregos começaram a aprender a escrever já os egípcios se tinham esquecido de como isso se fazia. O Egipto tem uma grande importância como fonte de uma sabedoria primeira.” Na “viagem interior” que é “Anastasis”, Carlos Morais José descreve o país como “um reencontro com as origens”, “as mais primárias possível, os desejos mais escondidos”. “Como digo no meu livro, descer o Nilo é quase como uma descida aos sentidos, às delícias, aos sentimentos e emoções mais básicas”, acrescentou. No que diz respeito a Jerusalém, o autor estabelece uma ligação poética entre o sofrimento de Jesus Cristo e o homem moderno. “Quis perceber que cidade é aquela, que não tem nada, que está no meio do deserto e que é tão disputada por tanta gente. No meu livro encontram-se alguns aspectos do que eu chamo a cidade de um só Deus, porque é o Deus dos judeus e dos árabes, o Deus ciumento.” Há também a chamada “cartografia da dor, que é um mapa da descrição da paixão de Cristo”, onde o autor encara “Cristo como a emergência do Homem contemporâneo, pois as dores de Cristo serão as nossas dores, de alguma maneira”. O autor e jornalista descreve Jerusalém como “um dos centros emissores da nossa cultura e um dos mais importantes, pois a cultura europeia divide-se entre Atenas e Jerusalém”. “O que vou à procura em Jerusalém é isso, mas não só a parte cristã, mas também judaica e muçulmana. A parte comum a tudo isto que faz com que aquela terra seja considerada sagrada por uma série de religiões diferentes, com a mesma origem, mas com uma perspectiva diferente.” Um privilégio Com a Abysmo, Carlos Morais José vê, pela segunda vez, um livro seu ser reeditado em Portugal depois de um primeiro lançamento em Macau, e isso faz dele um “super privilegiado”, confessa. “Nos últimos tempos tenho sido extremamente acarinhado por pessoas de Macau. Os académicos têm feito o favor de reconhecer o meu trabalho e apreciar a minha obra, e tenho tido muito boa recepção.” O autor acredita que, com esta reedição, possa aumentar o interesse da literatura que é produzida em Macau. “Tenho visto alguns textos académicos e as pessoas começam a olhar de uma forma mais séria para aquilo que se produz em Macau, não apenas como uma curiosidade. Percebe-se que houve nas ultimas décadas alguns escritores de Macau que têm uma postura ou um lugar na literatura portuguesa contemporânea. Penso que isto irá continuar”, concluiu. Raquel Moz EventosCompositor Rui Massena toca este sábado no CCM [dropcap]O[/dropcap] compositor e maestro português Rui Massena senta-se ao piano do Auditório do Centro Cultural de Macau este sábado, dia 8 de Junho às 20h, para apresentar trabalhos do seu repertório de música contemporânea ao público local. Figura de destaque na actual cena musical, a crítica especializada coloca já o músico de 47 anos ao nível de reputados nomes, como Philip Glass, Michael Nyman, Wim Mertens, Ludovico Einaudi ou Ólafur Arnolds. A convite da Casa de Portugal em Macau e da Fundação Oriente, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal”, o compositor soma já três álbuns de originais e é hoje ouvido em mais de 60 países, conforme revela a nota de divulgação à imprensa local. Rui Massena começou a tocar piano aos cinco anos de idade e é maestro desde os 27. O seu primeiro álbum de originais, “Solo”, foi lançado em 2015 e chegou a número dois do top nacional de vendas, com “uma linguagem intimista e centrada”, que Rui Massena afirmou já publicamente ter surgido “como um retiro espiritual necessário ao seu próprio equilíbrio”. As composições são ao piano, exceptuando uma em dueto com um violino, depois de uma carreira de mais de uma década à frente de várias formações orquestrais. Com o segundo álbum de originais, “Ensemble” de 2016, teve entrada directa para o top 1 de vendas português, conciliando neste disco melodias mais “dóceis” ou “agitadas”, “de acordo com a inspiração e as necessidades do momento”, pode ler-se na sua homepage. “É uma música poética e positiva, mas também estruturada e envolvente. Depois de se ouvir “Ensemble ”, nasce uma nova dimensão, com a ajuda da secção de cordas da Czech National Symphonic Orchestra”. A valsa eleita “Ensemble” começa com um “Abraço” e despede-se com uma “Valsa”, peça esta que foi escolhida para integrar a dupla colectânea da editora Deutsche Grammophon – intitulada “Expo 1” – que “identifica as tendências e talentos contemporâneos dos últimos 20 anos, numa corrente que a etiqueta apelidada de neo-classicismo”. O mais recente disco, “III”, foi lançado em Novembro de 2018, e “é o mais progressivo” de todos, onde “por um lado se percebe que a electrónica e a vanguarda sonora se alojaram no seu caminho, por outro, percebemos ao fim de breves segundos que os valores da sua música estão presentes: tranquila, desafiadora e emotiva”, refere a biografia da sua página web. “O permanente espírito inquieto e em constante busca de causas, sempre fez Rui Massena procurar novas linguagens”, tanto na criação musical, como na capacidade de dialogar com o público nos concertos e não só. A passagem como jurado pelo popular programa nacional, a “Operação Triunfo”, fez dele uma celebridade e ajudou a catapultar a sua obra para os tops de vendas e para os palcos cheios. Raquel Moz EventosCinema | Curtas portuguesas de animação na Casa Garden Quatro filmes portugueses de animação vão entreter os mais pequenos, este sábado à tarde, no Auditório da Casa Garden. As fitas são para maiores de quatro anos e enquadram-se nas celebrações de “Junho, Mês de Portugal” [dropcap]A[/dropcap] Casa Garden vai exibir a 8 de Junho, sábado à tarde pelas 16h00, uma “Mostra de Cinema para Crianças”, com uma selecção de filmes do New York Portuguese Short Film Festival, organizado pelo Arte Institute e apoiado pela Fundação Oriente. O cartaz apresenta quatro curtas-metragens de animação, numa sessão que terá a duração de uma hora, para maiores de 4 anos de idade. A iniciativa faz parte das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e reúne os filmes portugueses “Quando Os Monstros Se Vão Embora”, de Bernardo Gramaxo (2010) , “O Cágado”, de Pedro Lino (2012), “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012). A escolha é da responsabilidade do Arte Institute, que organiza o NY Portuguese Short Film Festival, “uma janela para mostrar cinema português a todo o mundo”, que se realiza anualmente em Nova Iorque. A primeira edição aconteceu em 2011, com uma mostra simultânea nas capitais norte-americana e portuguesa. O sucesso do evento permitiu aos organizadores, entretanto, levar extensões da mostra a outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres, Luanda ou, agora, Macau, divulgando o trabalho dos jovens realizadores nacionais. Pequenas histórias O primeiro filme é sobre monstros. “Madalena é uma rapariga de seis anos, e como qualquer criança na sua idade, adora desenhar, brincar e meter-se em sarilhos, mas acima de tudo, nunca fazer o que os pais dizem. Contudo Madalena tem o que nem todas as crianças têm, a ajuda dos seus monstros, que a acompanham durante todo o dia”. Um dia recebe más notícias do seu melhor amigo monstro, avisando que a irá deixar quando ela crescer, pois os adultos não necessitam da sua presença. “Madalena fica triste e tudo fará para não crescer, assim evitando a perda dos amigos imaginários”, segundo conta a sinopse. O filme “Quando Os Monstros Se Vão Embora” tem 13 minutos e meio e foi realizado por Bernardo Gramaxo em 2010. Participou em inúmeros festivais nacionais, como o Fantasporto 2010, o Fest-in 2011, o ShortCutz ou o Festróia, entre outros, e fez também carreira em festivais internacionais na Índia, Sérvia, Itália, China, Taiwan, Rússia, Reino Unido, Austrália e Cabo Verde, onde conseguiu o Prémio de Melhor Curta Metragem no Festival de Cinema Internacional do arquipélago em 2012. A segunda fita é “O Cágado”, realizada por Pedro Lino em 2012, uma animação portuguesa inspirada num conto de Almada Negreiros, que em 10 minutos conta “a estranha aventura de um homem muito senhor da sua vontade” que, um dia ao passear pela rua, dá de caras com “um estranho ser nunca antes visto: um cágado.” Depois de o examinar em detalhe, o homem corre a casa para contar a descoberta à família, mas não é fácil convencê-la. Para provar a existência física daquele “estranho animal da zoologia, vai até ao outro lado do mundo, num esforço inútil e sem sentido”, é o que se lê na sinopse. Esta fábula contemporânea estreou em Março de 2012 no Animac, em Espanha, e fez parte do programa do IndieLisboa, em Abril. Foi também um dos primeiros trabalhos resultantes da colaboração de Pedro Lino com outro realizador português em Londres, Luis Matta de Almeida, com quem criou o estúdio na capital britânica, Sparkle Animations. E duas curtinhas Ainda mais curta é a terceira película “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), uma animação com apenas 3 minutos. É o tempo suficiente para mostrar como “um candeeiro apaixonado faz tudo para estar perto da sua amada, uma bela ventoinha. Num ambiente de ilustração e animação, este pequeno filme romântico leva-nos a um desfecho hilariante”, promete a sinopse da fita, que participou na secção do IndieJúnior do Festival de Cinema Independente de Lisboa (IndieLisboa) em 2013. Em quarto lugar chega o “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012), que em 7 minutos propõe uma visão do que significa crescer. “Um gigante transporta no coração uma menina”, sendo este órgão “uma janela imensa, através da qual a menina descobre e decifra toda a realidade. Um dia ela terá que partir. Com a sacola cheia de sonhos e de esperança, ela criará um novo mundo sobre o legado que os seus pais lhe transmitiram”, explica a sinopse, lembrando que “os filhos traçam as suas próprias rotas, com erros de interpretação, com desvios de perspectiva, mas que são seus e é com eles que têm de viajar”. A proposta está feita. No sábado a entrada é livre e estão todos convidados. Hoje Macau EventosInéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo” [dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa. “A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água. A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos. “Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale. Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”. A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”. Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel. Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”. De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”. “A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor. Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”. Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale. Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro. O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”. Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora. Hoje Macau EventosAsiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais” [dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador. “O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria. “Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou. Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou. Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”. “Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou. Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia. Hoje Macau EventosCrioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca [dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora. Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00. “O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos. “Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou. “O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse. Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses. O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957. Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100. Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram. “As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria. “Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal. “Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo. Hoje Macau EventosÓbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje” [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos. “Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa. A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”. Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto. “Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora. Percurso de ouro Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas. O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida. Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. Raquel Moz EventosRAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos [dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania. “A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados. O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou. Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda. Atrás da objectiva Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota. A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM. A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto. Raquel Moz EventosExposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi [dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar. Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998). “Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio. Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição. Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista. Novo mundo Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo. “O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido. O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita. Hoje Macau EventosPortugal exibe selecção de documentos da colecção “Chapas Sínicas” em Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma exposição com uma centena de documentos seleccionados da colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), vai ser inaugurada a 10 de Junho, em Pequim, na China. De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a iniciativa, conjunta com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, está inserida nos 40 anos de relações diplomáticas estabelecidas entre Portugal e a China. Também se enquadra no 20.º aniversário da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China, com celebrações ao longo de 2019. A exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” será integrada no Festival de Cultura de Portugal na China, e apresentada no Museu Nacional de Livros Clássicos, em Pequim. Aberta ao público de 11 de Junho a 26 de Julho, a mostra apresentará uma selecção de mais de cem documentos, escolhidos de entre os cerca de mais de 3.600 que constituem a colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). De acordo com a DGLAB, os registos desta correspondência “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, as interacções político-administrativas, a gestão urbanística, a administração da justiça e tributária, e outros assuntos de natureza religiosa e comercial que ocorreram em Macau durante a dinastia Qing”. A colecção “Chapas Sínicas” foi alvo de uma candidatura conjunta do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal e do Arquivo Histórico da Região Administrativa Especial de Macau, e encontra-se, desde 30 de Outubro de 2017, inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo. Primeiramente exposta no dia 6 de Julho de 2018 no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, no âmbito da edição inaugural do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a exposição “suscitou enorme interesse e afluência de público”, recorda a DGLAB. Após Pequim, será exposta em Portugal, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Outubro de 2019. A cerimónia de inauguração contará com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e terá lugar no dia 10 de Junho, pelas 15h00 horas. Hoje Macau EventosTrês escritores portugueses participam no II Fórum Literário China-Portugal [dropcap]O[/dropcap]s escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto vão participar no II Fórum Literário China-Portugal, que vai decorrer em Pequim a 12 de Junho. Segundo comunicado da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o evento vai decorrer no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, além da presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o segundo evento vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong. José Luís Peixoto já tinha participado na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. De acordo com o comunicado, o ponto alto será o painel subordinado ao tema “Visão e Imaginação”, marcado para a tarde. Para a manhã, está marcada “uma apresentação sobre a literatura chinesa e portuguesa e a sua internacionalização”, com a directora de serviços do Livro da DGLAB, Maria Carlos Loureiro, e Qiu Huadong. A medida insere-se no Festival de Cultura Portuguesa na China, promovido por Portugal no âmbito da celebração dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China. “Este fórum acontece no âmbito do memorando de entendimento entre a República portuguesa e a China no domínio do livro e da literatura, assinado em 2015”, explica a DGLAB, no qual reforça a parceria entre Associação Chinesa de Escritores e este organismo. Hoje Macau Eventos“Junho, Mês de Portugal” com teatro infantil e marionetas [dropcap]O[/dropcap]s mais pequenos estão todos convidados para celebrar amanhã, 1 de Junho, o Dia Mundial das Crianças. Há espectáculos de marionetas e teatro, no âmbito do programa das festividades de “Junho, Mês de Portugal”, organizadas pela Casa de Portugal e pelo IPOR. “A Magia do Circo” é uma história de marionetas, com doze personagens principais, e mais alguns amigos, que vão ganhar vida nas mãos da artista Elisa Vilaça. São figuras que habitam o mágico mundo circense, com palhaços, malabaristas, e outros convidados, que podem ser vistos por crianças a partir dos 6 meses em diante. O espectáculo tem duas sessões no Conservatório de Macau, às 11h30 e às 15h00, e os bilhetes gratuitos podem ser levantados na Casa de Portugal. Pelas 17h30, é a vez da peça “O Nabo Gigante” subir ao palco do Auditório da Casa Garden, um espectáculo de teatro oara a infância adaptado do conto tradicional russo, com o mesmo nome, recolhido por Alexis Tolstoi no séc. XIX. A história relata as inquietações de um casal idoso, que encontra na sua quinta um nabo que não pára de crescer. O conto popular tem ingredientes divertidos e é adequado a crianças a partir dos 5 anos de idade. Trazido pela companhia ATE – Associação de Teatro Educação, a peça será contada pelos artistas Alexandre Sá e Rita Burmester, com organização do Instituto Português do Oriente. «1...103104105106107108109...184»
Hoje Macau EventosGraça Fonseca aponta oportunidade extraordinária para artistas portugueses na China [dropcap]A[/dropcap] ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, apontou hoje, em Pequim, a “oportunidade extraordinária” que a China representa para artistas e criadores portugueses, sublinhando a importância da diplomacia cultural no país asiático. “É uma oportunidade extraordinária para a cultura portuguesa e para os seus criadores”, disse Graça Fonseca, à agência Lusa, no início de uma visita oficial de três dias à China. A ministra destacou a “grande” dimensão do mercado cultural chinês e a “enorme adesão” do público. “As pessoas gostam de conhecer novos autores, de conhecer, por exemplo, operas compostas por portugueses, quem compôs, e quando. Há este interesse”, disse. Graça Fonseca apontou ainda como objectivo impulsionar o turismo cultural. “Ter uma presença cultural aqui é também importante para que cada vez mais o turismo seja motivado pela descoberta cultural, ou seja, que os novos visitantes que partem daqui, partam porque conheceram aqui a Companhia Nacional de Bailado, sabem que vai inaugurar a temporada e querem ir para ver um espectáculo”, definiu. A ministra da Cultura falava antes do início de um concerto da Orquestra Sinfónica Nacional da China, dirigido pela maestrina Joana Carneiro, e com actuação da soprano Elisabete Matos, no âmbito do Festival de Cultura Portuguesa na China. O concerto, que encheu o Beijing Concert Hall, serviu também para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com cerca de uma hora, o espectáculo incluiu temas chineses (Dance of Yao People e Good News From Beijing) e portugueses (Sinfonia À Pátria e Suite Alentejana). Hoje, Graça Fonseca inaugurou ainda a exposição “Histórias da Torre do Tombo/Chapas Sínicas”, na Biblioteca Nacional de Pequim. Na terça-feira, a ministra irá reunir-se, no Museu do Palácio Imperial, com o homólogo chinês, o ministro da Cultura e do Turismo da República Popular da China, Luo Shugang. Mais tarde, no mesmo local, estará presente na inauguração da exposição “A Evolução do Azulejo em Portugal dos séculos XVI ao XX”. Ao final da tarde, Graça Fonseca assistirá ao espectáculo “Quinze Bailarinos e Tempo Incerto”, da Companhia Nacional de Bailado (CNB), no Teatro Tiangiao. No último dia da visita oficial, na quarta-feira, a governante fará a intervenção de abertura do II Fórum Literário Portugal-China, no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa, no qual participam os escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto. Lembrando que a cultura é uma das áreas “estratégicas” da cooperação entre Pequim e Lisboa, no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, a ministra portuguesa previu uma maior presença de agentes culturais portugueses no país asiático, a partir deste ano. “A ideia é integrar, cada vez mais, estruturas como a Companhia Nacional de Bailado, como o São Carlos, mas também os escritores, naquilo que possam ser rotas programadas e calendarizadas”, apontou. Outros eventos culturais vão realizar-se ao longo de 2019, incluindo festivais de cinema, literatura, teatro ou música, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois governos. Hoje Macau EventosMAM | Relíquias do período da Dinastia Xia a partir de sexta-feira [dropcap]É[/dropcap] inaugurada esta sexta-feira uma nova exposição no Museu de Arte de Macau (MAM) com o título “Reminiscências da Rota da Seda – Exposição de Relíquias Culturais da Dinastia Xia do Oeste”. A mostra, que resulta de uma parceria com o Museu da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, vai estar patente ao público até ao dia 6 de Outubro. O Instituto Cultural (IC) explica que a exposição “apresenta achados arqueológicos da Dinastia Xia do Oeste, permitindo aos cidadãos uma interpretação da história e cultura desta dinastia”, num total de 148 peças (conjuntos), que incluem “alguns dos objectos raros exibidos pela primeira vez fora da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia”. A dinastia Xia do Oeste, na Rota da Seda, foi fundada em 1038, localizando-se a leste do Corredor Hexi. No seu apogeu, o território incluía o que é hoje a Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, a Província de Gansu, a Província de Qinghai, a Região Autónoma da Mongólia Interior e a Província de Shaanxi. O Regime do Território de Xia do Oeste afirma que “se estendia a leste até ao Rio Amarelo, a oeste até à Passagem da Porta de Jade, com fronteira a sul com a Passagem Xiao e a norte domina o deserto de Gobi”. Na sua fase anterior, existia uma coligação tripartida com Song do Norte e Liao. Num período posterior, competia com Song do Sul e Jin. Durante 190 anos, Xia do Oeste foi dominado por dez imperadores. A cultura de Xia do Oeste, que estava em pleno florescimento, acabou por se desvanecer na história. No século XX, com o aparecimento de relíquias e documentos, os tesouros de sabedoria do povo Xia do Oeste reapareceram aos olhos do mundo. Hoje Macau EventosCinema | Jorge Jácome, vence Grande Prémio do Festival de Hamburgo O filme português “Past Perfect”, de Jorge Jácome, que aborda o sentimento da melancolia, venceu o Grande Prémio do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, na Alemanha. Foi o segundo ano consecutivo que o cineasta ligado a Macau venceu este galardão [dropcap]A[/dropcap] estreia mundial da película aconteceu em Fevereiro no Festival de Berlim, na competição Berlinale Shorts, vencendo agora o prémio principal do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, que decorre na Alemanha até domingo, repetindo a conquista na edição do ano passado, com “Flores”. “Este prémio assume ainda mais importância no ano em que a nova directora do festival, Maike Mia Hoehne, que dirigia anteriormente a competição de curtas metragens do Festival de Berlim, trouxe uma nova visão ao festival”, segundo um comunicado da Portugal Film. O júri desta 35.ª edição do festival foi composto por Pela del Álamo, realizador e director do festival Curtocircuito, Peter Van Hoof, programador do festival de Roterdão, Ana David, programadora do festival IndieLisboa, Jennifer Reeder, realizadora, e Pawel Wieszczecinski, distribuidor da Kinoscope. A curta-metragem de 29 minutos do realizador português Jorge Jácome é representada pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português. “Past Perfect” deriva da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, na qual Jorge Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico. Fazer um realizador Apesar de ter realizado vários trabalhos durante o tempo em que estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Jácome considera-se realizador a partir de “Plutão”, curta-metragem de 2013. Depois dessa fez as curtas “A guest + a host = a Ghost” (2015), “Fieste Forever” (2017) e “Flores” (2017). Jorge Jácome apresenta, então, “Past Perfect” como “um balanço e um ponto de situação” sobre o que faz e para onde quer seguir no cinema, tendo como base essa percepção da origem da melancolia, disse em entrevista recente à agência Lusa. “A melancolia, para mim, é uma coisa muito mais individual e pessoal, por isso é tão difícil de explicar. E este ‘Past Perpect’ está constantemente a dizer que é difícil de explicar, de traduzir, de passar para imagens e para texto o que é este sentimento”, contou. Nascido em Viana do Castelo em 1988, cresceu em Macau, até à transferência administrativa do território para a China em 1999. De regresso a Portugal, estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, sem ter ideias certas de que queria seguir cinema. “O que foi entusiasmante foi que na escola aprendi pela primeira vez a ver cinema e a ver filmes aos quais não tinha acesso. Aprendi mesmo tudo do zero. Não era cinéfilo antes de entrar para a escola”, recordou, em declarações em Fevereiro à Lusa. Depois rumou a França, para uma pós-graduação na Le Fesnoy, na qual aprendeu a desconstruir os ensinamentos anteriores. Hoje Macau EventosGastronomia | Chefe Vítor Matos no Clube Militar [dropcap]O[/dropcap] chefe português Vítor Matos regressa, a partir de hoje a Macau, para liderar o festival de gastronomia e vinhos de Portugal, organizado pelo Clube Militar, que assinala este ano o 149.º aniversário. Até 19 de Junho, Vitor Matos e os chefes-assistentes João Araújo e Helena Castro vão contribuir para a promoção da gastronomia portuguesa no território, anunciou o Clube Militar. Este festival integra também a programação “Junho – Mês de Portugal”, promovido pelo Consulado-geral de Portugal em Macau, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com um percurso profissional dividido entre Portugal e a Suíça, Vitor Matos, de 42 anos, estudou cozinha e pastelaria, entre 1992 e 1995, em Neuchâtel, Suíça. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, conquistou várias distinções, incluindo a atribuição de uma estrela Michelin para o seu restaurante Antiqvvm, no Porto, no ano passado. Esta é a segunda vez que Vitor Matos apresenta a sua “cozinha de sabores e aromas tradicionais de Portugal” no Clube Militar, onde em 2016 liderou este mesmo festival de gastronomia e vinhos. Raquel Moz EventosExposição | Fotos premiadas de Eduardo Leal na Fundação Rui Cunha São imagens que sugerem uma dança de sacos ao vento que envolvem arbustos quase estrangulados e sem vida. A beleza das fotos é inquietante. E deu vários prémios mundiais ao fotojornalista Eduardo Leal, que a partir de amanhã expõe o trabalho na FRC [dropcap]A[/dropcap] multipremiada exposição “Plastic Trees” de Eduardo Leal é inaugurada amanhã, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha, onde ficará patente ao público durante duas semanas. É um conjunto de imagens que demonstram a presença dos resíduos plásticos nos lugares mais recônditos, uma visão sobre o lixo resultante do excesso de consumo a nível mundial. “A série ‘Plastic Trees’ foi feita para chamar a atenção para este problema, com foco na disseminação de sacos plásticos no Altiplano Boliviano, onde milhões de sacos viajam com o vento até se enredarem nos arbustos nativos”, pode ler-se na página web da FRC. A mostra reúne as imagens de uma série que valeu ao autor, mestre em fotografia documental, vários prémios internacionais, como os Sony World Photo Awards, o Lens Culture Earth Award, os Moscow International Photo Awards e o prémio Estação Imagem nacional. Foi ainda finalista do galardão Atkins CIWEM, para a Melhor Fotografia do Ano em termos de Ambiente. Eduardo Leal, que desde 2016 é professor convidado da Universidade de São José em Macau, viveu vários anos na América do Sul, onde trabalhou como fotojornalista para diversas publicações de prestígio, como a Time, The Washington Post, Al Jazeera America, ou CNN, entre muitas outras. Nos arredores de Uyuni Em entrevista à revista holandesa de fotografia contemporânea, Lens Culture, cujo prémio principal arrecadou em 2015, Eduardo Leal contou que durante anos viajou pelo mundo inteiro, mas especialmente pela América Latina e pela Ásia, onde sempre se incomodou com as bonitas paisagens estragadas pela quantidade de lixo e de detritos. “E a maioria são sacos de plástico”. “Decidi, então, fazer algo para chamar a atenção para o problema. Mas sabia que seria difícil fotografar sacos de plástico e torná-los visualmente interessantes para o espectador”. Demorou, segundo revelou à referida publicação, anos até encontrar o modo certo de exprimir o que sentia. “Um dia, quando caminhava pelos arredores da cidade de Uyuni, na Bolívia, encontrei este lugar incrivelmente belo, coberto de sacos de plástico. Naquele momento, tive a certeza que era ali que iria fazer algo sobre o tema”. O que fez foi testar a luz e a perspectiva, até descobrir como registar não só a beleza, mas também o significado daquelas imagens. “Foi uma questão de voltar ao mesmo local, dia após dia, à mesma hora, de modo a captar a luz de forma consistente e procurar os objectos para mim mais cativantes”, fazendo questão de acrescentar que “produzi estas minhas composições movendo-me apenas à volta das árvores e procurando os melhores ângulos. Nunca toquei em nenhum saco de plástico nem encenei os objectos fotografados. Isso é muito importante para mim: trabalhando como fotojornalista, tenho consciência da importância de não arranjar as fotos ou manipular a verdade”. A única coisa que admite ter alterado no local, para poder fotografar, foi o buraco que escavou com as próprias mãos, tentando obter “a perspectiva certa para transformar os pequenos arbustos em árvores”. De facto, as “árvores de plástico” são pequeníssimos arbustos, “o maior não sendo mais do que o tamanho de duas mãos”, que Eduardo Leal procurou recriar como árvores, “numa tentativa metafórica de demonstrar a dimensão do problema”, confessou à Lens Culture. O drama dos sacos No final do trabalho, “completamente diferente de tudo o que havia feito até à data”, ficou sem saber que destino dar ao conjunto de imagens, “já que as plataformas para as quais eu costumava trabalhar, não estavam interessadas neste tipo de projectos conceptuais”. Felizmente, o resultado foi “deslumbrante” e “intrigante” o suficiente para o colocar na linha de vários prémios internacionais, fazendo o público reflectir e questionar-se sobre o drama subjacente: a poluição do planeta. No manifesto da exposição da FRC, Eduardo Leal refere mesmo que “o mundo consome 1 milhão de sacos de plástico por minuto, sendo o objecto de consumo mais omnipresente” a nível global. “O problema é ainda mais grave nos países com maiores dificuldades, onde as infra-estruturas de gestão de resíduos não estão realmente desenvolvidas. A acumulação de sacos plásticos no meio ambiente causa deterioração das paisagens, dos solos agrícolas e está associada à morte de animais domésticos e selvagens”. A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 24 de Junho. Andreia Sofia Silva EventosReedição de “Anastasis”, de Carlos Morais José, apresentada sábado na Feira do Livro de Lisboa “Anastasis”, livro de poesia de Carlos Morais José, é lançado este sábado em Lisboa na Feira do Livro, pela mão da editora Abysmo. O autor, também director do HM, fala de uma obra que não estava completa sem as suas impressões sobre o Egipto e Jerusalém [dropcap]D[/dropcap]epois de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” ganhar uma nova vida, eis que surge nas livrarias portuguesas “Anastasis”, um livro de Carlos Morais José, escritor e director do HM. A obra será lançada oficialmente este sábado pela editora Abysmo na Feira do Livro de Lisboa. Em declarações ao HM, Carlos Morais José falou de uma obra que, apesar de ter sido lançada em 2013, não estava completa sem dois capítulos dedicados ao Egipto e a Jerusalém. “O livro é agora editado em Portugal e tem outra capacidade de divulgação no espectro da lusofonia”, apontou. “Sempre senti que este livro não estaria completo sem mais dois capítulos, que se referem ao Egipto e à Terra Santa, além de mais uns acrescentos nos capítulos já existentes.” Para Carlos Morais José, estamos perante “dois lugares muito diferentes”, uma vez que o Egipto “remete-nos para as pré-origens da nossa civilização”. “O Egipto é um mistério ainda. Quando os gregos começaram a aprender a escrever já os egípcios se tinham esquecido de como isso se fazia. O Egipto tem uma grande importância como fonte de uma sabedoria primeira.” Na “viagem interior” que é “Anastasis”, Carlos Morais José descreve o país como “um reencontro com as origens”, “as mais primárias possível, os desejos mais escondidos”. “Como digo no meu livro, descer o Nilo é quase como uma descida aos sentidos, às delícias, aos sentimentos e emoções mais básicas”, acrescentou. No que diz respeito a Jerusalém, o autor estabelece uma ligação poética entre o sofrimento de Jesus Cristo e o homem moderno. “Quis perceber que cidade é aquela, que não tem nada, que está no meio do deserto e que é tão disputada por tanta gente. No meu livro encontram-se alguns aspectos do que eu chamo a cidade de um só Deus, porque é o Deus dos judeus e dos árabes, o Deus ciumento.” Há também a chamada “cartografia da dor, que é um mapa da descrição da paixão de Cristo”, onde o autor encara “Cristo como a emergência do Homem contemporâneo, pois as dores de Cristo serão as nossas dores, de alguma maneira”. O autor e jornalista descreve Jerusalém como “um dos centros emissores da nossa cultura e um dos mais importantes, pois a cultura europeia divide-se entre Atenas e Jerusalém”. “O que vou à procura em Jerusalém é isso, mas não só a parte cristã, mas também judaica e muçulmana. A parte comum a tudo isto que faz com que aquela terra seja considerada sagrada por uma série de religiões diferentes, com a mesma origem, mas com uma perspectiva diferente.” Um privilégio Com a Abysmo, Carlos Morais José vê, pela segunda vez, um livro seu ser reeditado em Portugal depois de um primeiro lançamento em Macau, e isso faz dele um “super privilegiado”, confessa. “Nos últimos tempos tenho sido extremamente acarinhado por pessoas de Macau. Os académicos têm feito o favor de reconhecer o meu trabalho e apreciar a minha obra, e tenho tido muito boa recepção.” O autor acredita que, com esta reedição, possa aumentar o interesse da literatura que é produzida em Macau. “Tenho visto alguns textos académicos e as pessoas começam a olhar de uma forma mais séria para aquilo que se produz em Macau, não apenas como uma curiosidade. Percebe-se que houve nas ultimas décadas alguns escritores de Macau que têm uma postura ou um lugar na literatura portuguesa contemporânea. Penso que isto irá continuar”, concluiu. Raquel Moz EventosCompositor Rui Massena toca este sábado no CCM [dropcap]O[/dropcap] compositor e maestro português Rui Massena senta-se ao piano do Auditório do Centro Cultural de Macau este sábado, dia 8 de Junho às 20h, para apresentar trabalhos do seu repertório de música contemporânea ao público local. Figura de destaque na actual cena musical, a crítica especializada coloca já o músico de 47 anos ao nível de reputados nomes, como Philip Glass, Michael Nyman, Wim Mertens, Ludovico Einaudi ou Ólafur Arnolds. A convite da Casa de Portugal em Macau e da Fundação Oriente, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal”, o compositor soma já três álbuns de originais e é hoje ouvido em mais de 60 países, conforme revela a nota de divulgação à imprensa local. Rui Massena começou a tocar piano aos cinco anos de idade e é maestro desde os 27. O seu primeiro álbum de originais, “Solo”, foi lançado em 2015 e chegou a número dois do top nacional de vendas, com “uma linguagem intimista e centrada”, que Rui Massena afirmou já publicamente ter surgido “como um retiro espiritual necessário ao seu próprio equilíbrio”. As composições são ao piano, exceptuando uma em dueto com um violino, depois de uma carreira de mais de uma década à frente de várias formações orquestrais. Com o segundo álbum de originais, “Ensemble” de 2016, teve entrada directa para o top 1 de vendas português, conciliando neste disco melodias mais “dóceis” ou “agitadas”, “de acordo com a inspiração e as necessidades do momento”, pode ler-se na sua homepage. “É uma música poética e positiva, mas também estruturada e envolvente. Depois de se ouvir “Ensemble ”, nasce uma nova dimensão, com a ajuda da secção de cordas da Czech National Symphonic Orchestra”. A valsa eleita “Ensemble” começa com um “Abraço” e despede-se com uma “Valsa”, peça esta que foi escolhida para integrar a dupla colectânea da editora Deutsche Grammophon – intitulada “Expo 1” – que “identifica as tendências e talentos contemporâneos dos últimos 20 anos, numa corrente que a etiqueta apelidada de neo-classicismo”. O mais recente disco, “III”, foi lançado em Novembro de 2018, e “é o mais progressivo” de todos, onde “por um lado se percebe que a electrónica e a vanguarda sonora se alojaram no seu caminho, por outro, percebemos ao fim de breves segundos que os valores da sua música estão presentes: tranquila, desafiadora e emotiva”, refere a biografia da sua página web. “O permanente espírito inquieto e em constante busca de causas, sempre fez Rui Massena procurar novas linguagens”, tanto na criação musical, como na capacidade de dialogar com o público nos concertos e não só. A passagem como jurado pelo popular programa nacional, a “Operação Triunfo”, fez dele uma celebridade e ajudou a catapultar a sua obra para os tops de vendas e para os palcos cheios. Raquel Moz EventosCinema | Curtas portuguesas de animação na Casa Garden Quatro filmes portugueses de animação vão entreter os mais pequenos, este sábado à tarde, no Auditório da Casa Garden. As fitas são para maiores de quatro anos e enquadram-se nas celebrações de “Junho, Mês de Portugal” [dropcap]A[/dropcap] Casa Garden vai exibir a 8 de Junho, sábado à tarde pelas 16h00, uma “Mostra de Cinema para Crianças”, com uma selecção de filmes do New York Portuguese Short Film Festival, organizado pelo Arte Institute e apoiado pela Fundação Oriente. O cartaz apresenta quatro curtas-metragens de animação, numa sessão que terá a duração de uma hora, para maiores de 4 anos de idade. A iniciativa faz parte das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e reúne os filmes portugueses “Quando Os Monstros Se Vão Embora”, de Bernardo Gramaxo (2010) , “O Cágado”, de Pedro Lino (2012), “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012). A escolha é da responsabilidade do Arte Institute, que organiza o NY Portuguese Short Film Festival, “uma janela para mostrar cinema português a todo o mundo”, que se realiza anualmente em Nova Iorque. A primeira edição aconteceu em 2011, com uma mostra simultânea nas capitais norte-americana e portuguesa. O sucesso do evento permitiu aos organizadores, entretanto, levar extensões da mostra a outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres, Luanda ou, agora, Macau, divulgando o trabalho dos jovens realizadores nacionais. Pequenas histórias O primeiro filme é sobre monstros. “Madalena é uma rapariga de seis anos, e como qualquer criança na sua idade, adora desenhar, brincar e meter-se em sarilhos, mas acima de tudo, nunca fazer o que os pais dizem. Contudo Madalena tem o que nem todas as crianças têm, a ajuda dos seus monstros, que a acompanham durante todo o dia”. Um dia recebe más notícias do seu melhor amigo monstro, avisando que a irá deixar quando ela crescer, pois os adultos não necessitam da sua presença. “Madalena fica triste e tudo fará para não crescer, assim evitando a perda dos amigos imaginários”, segundo conta a sinopse. O filme “Quando Os Monstros Se Vão Embora” tem 13 minutos e meio e foi realizado por Bernardo Gramaxo em 2010. Participou em inúmeros festivais nacionais, como o Fantasporto 2010, o Fest-in 2011, o ShortCutz ou o Festróia, entre outros, e fez também carreira em festivais internacionais na Índia, Sérvia, Itália, China, Taiwan, Rússia, Reino Unido, Austrália e Cabo Verde, onde conseguiu o Prémio de Melhor Curta Metragem no Festival de Cinema Internacional do arquipélago em 2012. A segunda fita é “O Cágado”, realizada por Pedro Lino em 2012, uma animação portuguesa inspirada num conto de Almada Negreiros, que em 10 minutos conta “a estranha aventura de um homem muito senhor da sua vontade” que, um dia ao passear pela rua, dá de caras com “um estranho ser nunca antes visto: um cágado.” Depois de o examinar em detalhe, o homem corre a casa para contar a descoberta à família, mas não é fácil convencê-la. Para provar a existência física daquele “estranho animal da zoologia, vai até ao outro lado do mundo, num esforço inútil e sem sentido”, é o que se lê na sinopse. Esta fábula contemporânea estreou em Março de 2012 no Animac, em Espanha, e fez parte do programa do IndieLisboa, em Abril. Foi também um dos primeiros trabalhos resultantes da colaboração de Pedro Lino com outro realizador português em Londres, Luis Matta de Almeida, com quem criou o estúdio na capital britânica, Sparkle Animations. E duas curtinhas Ainda mais curta é a terceira película “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), uma animação com apenas 3 minutos. É o tempo suficiente para mostrar como “um candeeiro apaixonado faz tudo para estar perto da sua amada, uma bela ventoinha. Num ambiente de ilustração e animação, este pequeno filme romântico leva-nos a um desfecho hilariante”, promete a sinopse da fita, que participou na secção do IndieJúnior do Festival de Cinema Independente de Lisboa (IndieLisboa) em 2013. Em quarto lugar chega o “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012), que em 7 minutos propõe uma visão do que significa crescer. “Um gigante transporta no coração uma menina”, sendo este órgão “uma janela imensa, através da qual a menina descobre e decifra toda a realidade. Um dia ela terá que partir. Com a sacola cheia de sonhos e de esperança, ela criará um novo mundo sobre o legado que os seus pais lhe transmitiram”, explica a sinopse, lembrando que “os filhos traçam as suas próprias rotas, com erros de interpretação, com desvios de perspectiva, mas que são seus e é com eles que têm de viajar”. A proposta está feita. No sábado a entrada é livre e estão todos convidados. Hoje Macau EventosInéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo” [dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa. “A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água. A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos. “Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale. Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”. A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”. Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel. Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”. De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”. “A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor. Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”. Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale. Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro. O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”. Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora. Hoje Macau EventosAsiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais” [dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador. “O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria. “Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou. Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou. Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”. “Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou. Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia. Hoje Macau EventosCrioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca [dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora. Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00. “O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos. “Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou. “O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse. Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses. O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957. Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100. Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram. “As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria. “Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal. “Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo. Hoje Macau EventosÓbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje” [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos. “Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa. A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”. Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto. “Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora. Percurso de ouro Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas. O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida. Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. Raquel Moz EventosRAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos [dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania. “A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados. O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou. Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda. Atrás da objectiva Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota. A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM. A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto. Raquel Moz EventosExposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi [dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar. Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998). “Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio. Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição. Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista. Novo mundo Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo. “O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido. O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita. Hoje Macau EventosPortugal exibe selecção de documentos da colecção “Chapas Sínicas” em Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma exposição com uma centena de documentos seleccionados da colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), vai ser inaugurada a 10 de Junho, em Pequim, na China. De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a iniciativa, conjunta com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, está inserida nos 40 anos de relações diplomáticas estabelecidas entre Portugal e a China. Também se enquadra no 20.º aniversário da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China, com celebrações ao longo de 2019. A exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” será integrada no Festival de Cultura de Portugal na China, e apresentada no Museu Nacional de Livros Clássicos, em Pequim. Aberta ao público de 11 de Junho a 26 de Julho, a mostra apresentará uma selecção de mais de cem documentos, escolhidos de entre os cerca de mais de 3.600 que constituem a colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). De acordo com a DGLAB, os registos desta correspondência “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, as interacções político-administrativas, a gestão urbanística, a administração da justiça e tributária, e outros assuntos de natureza religiosa e comercial que ocorreram em Macau durante a dinastia Qing”. A colecção “Chapas Sínicas” foi alvo de uma candidatura conjunta do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal e do Arquivo Histórico da Região Administrativa Especial de Macau, e encontra-se, desde 30 de Outubro de 2017, inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo. Primeiramente exposta no dia 6 de Julho de 2018 no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, no âmbito da edição inaugural do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a exposição “suscitou enorme interesse e afluência de público”, recorda a DGLAB. Após Pequim, será exposta em Portugal, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Outubro de 2019. A cerimónia de inauguração contará com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e terá lugar no dia 10 de Junho, pelas 15h00 horas. Hoje Macau EventosTrês escritores portugueses participam no II Fórum Literário China-Portugal [dropcap]O[/dropcap]s escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto vão participar no II Fórum Literário China-Portugal, que vai decorrer em Pequim a 12 de Junho. Segundo comunicado da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o evento vai decorrer no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, além da presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o segundo evento vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong. José Luís Peixoto já tinha participado na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. De acordo com o comunicado, o ponto alto será o painel subordinado ao tema “Visão e Imaginação”, marcado para a tarde. Para a manhã, está marcada “uma apresentação sobre a literatura chinesa e portuguesa e a sua internacionalização”, com a directora de serviços do Livro da DGLAB, Maria Carlos Loureiro, e Qiu Huadong. A medida insere-se no Festival de Cultura Portuguesa na China, promovido por Portugal no âmbito da celebração dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China. “Este fórum acontece no âmbito do memorando de entendimento entre a República portuguesa e a China no domínio do livro e da literatura, assinado em 2015”, explica a DGLAB, no qual reforça a parceria entre Associação Chinesa de Escritores e este organismo. Hoje Macau Eventos“Junho, Mês de Portugal” com teatro infantil e marionetas [dropcap]O[/dropcap]s mais pequenos estão todos convidados para celebrar amanhã, 1 de Junho, o Dia Mundial das Crianças. Há espectáculos de marionetas e teatro, no âmbito do programa das festividades de “Junho, Mês de Portugal”, organizadas pela Casa de Portugal e pelo IPOR. “A Magia do Circo” é uma história de marionetas, com doze personagens principais, e mais alguns amigos, que vão ganhar vida nas mãos da artista Elisa Vilaça. São figuras que habitam o mágico mundo circense, com palhaços, malabaristas, e outros convidados, que podem ser vistos por crianças a partir dos 6 meses em diante. O espectáculo tem duas sessões no Conservatório de Macau, às 11h30 e às 15h00, e os bilhetes gratuitos podem ser levantados na Casa de Portugal. Pelas 17h30, é a vez da peça “O Nabo Gigante” subir ao palco do Auditório da Casa Garden, um espectáculo de teatro oara a infância adaptado do conto tradicional russo, com o mesmo nome, recolhido por Alexis Tolstoi no séc. XIX. A história relata as inquietações de um casal idoso, que encontra na sua quinta um nabo que não pára de crescer. O conto popular tem ingredientes divertidos e é adequado a crianças a partir dos 5 anos de idade. Trazido pela companhia ATE – Associação de Teatro Educação, a peça será contada pelos artistas Alexandre Sá e Rita Burmester, com organização do Instituto Português do Oriente. «1...103104105106107108109...184»
Hoje Macau EventosMAM | Relíquias do período da Dinastia Xia a partir de sexta-feira [dropcap]É[/dropcap] inaugurada esta sexta-feira uma nova exposição no Museu de Arte de Macau (MAM) com o título “Reminiscências da Rota da Seda – Exposição de Relíquias Culturais da Dinastia Xia do Oeste”. A mostra, que resulta de uma parceria com o Museu da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, vai estar patente ao público até ao dia 6 de Outubro. O Instituto Cultural (IC) explica que a exposição “apresenta achados arqueológicos da Dinastia Xia do Oeste, permitindo aos cidadãos uma interpretação da história e cultura desta dinastia”, num total de 148 peças (conjuntos), que incluem “alguns dos objectos raros exibidos pela primeira vez fora da Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia”. A dinastia Xia do Oeste, na Rota da Seda, foi fundada em 1038, localizando-se a leste do Corredor Hexi. No seu apogeu, o território incluía o que é hoje a Região Autónoma da Etnia Hui de Ningxia, a Província de Gansu, a Província de Qinghai, a Região Autónoma da Mongólia Interior e a Província de Shaanxi. O Regime do Território de Xia do Oeste afirma que “se estendia a leste até ao Rio Amarelo, a oeste até à Passagem da Porta de Jade, com fronteira a sul com a Passagem Xiao e a norte domina o deserto de Gobi”. Na sua fase anterior, existia uma coligação tripartida com Song do Norte e Liao. Num período posterior, competia com Song do Sul e Jin. Durante 190 anos, Xia do Oeste foi dominado por dez imperadores. A cultura de Xia do Oeste, que estava em pleno florescimento, acabou por se desvanecer na história. No século XX, com o aparecimento de relíquias e documentos, os tesouros de sabedoria do povo Xia do Oeste reapareceram aos olhos do mundo. Hoje Macau EventosCinema | Jorge Jácome, vence Grande Prémio do Festival de Hamburgo O filme português “Past Perfect”, de Jorge Jácome, que aborda o sentimento da melancolia, venceu o Grande Prémio do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, na Alemanha. Foi o segundo ano consecutivo que o cineasta ligado a Macau venceu este galardão [dropcap]A[/dropcap] estreia mundial da película aconteceu em Fevereiro no Festival de Berlim, na competição Berlinale Shorts, vencendo agora o prémio principal do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, que decorre na Alemanha até domingo, repetindo a conquista na edição do ano passado, com “Flores”. “Este prémio assume ainda mais importância no ano em que a nova directora do festival, Maike Mia Hoehne, que dirigia anteriormente a competição de curtas metragens do Festival de Berlim, trouxe uma nova visão ao festival”, segundo um comunicado da Portugal Film. O júri desta 35.ª edição do festival foi composto por Pela del Álamo, realizador e director do festival Curtocircuito, Peter Van Hoof, programador do festival de Roterdão, Ana David, programadora do festival IndieLisboa, Jennifer Reeder, realizadora, e Pawel Wieszczecinski, distribuidor da Kinoscope. A curta-metragem de 29 minutos do realizador português Jorge Jácome é representada pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português. “Past Perfect” deriva da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, na qual Jorge Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico. Fazer um realizador Apesar de ter realizado vários trabalhos durante o tempo em que estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Jácome considera-se realizador a partir de “Plutão”, curta-metragem de 2013. Depois dessa fez as curtas “A guest + a host = a Ghost” (2015), “Fieste Forever” (2017) e “Flores” (2017). Jorge Jácome apresenta, então, “Past Perfect” como “um balanço e um ponto de situação” sobre o que faz e para onde quer seguir no cinema, tendo como base essa percepção da origem da melancolia, disse em entrevista recente à agência Lusa. “A melancolia, para mim, é uma coisa muito mais individual e pessoal, por isso é tão difícil de explicar. E este ‘Past Perpect’ está constantemente a dizer que é difícil de explicar, de traduzir, de passar para imagens e para texto o que é este sentimento”, contou. Nascido em Viana do Castelo em 1988, cresceu em Macau, até à transferência administrativa do território para a China em 1999. De regresso a Portugal, estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, sem ter ideias certas de que queria seguir cinema. “O que foi entusiasmante foi que na escola aprendi pela primeira vez a ver cinema e a ver filmes aos quais não tinha acesso. Aprendi mesmo tudo do zero. Não era cinéfilo antes de entrar para a escola”, recordou, em declarações em Fevereiro à Lusa. Depois rumou a França, para uma pós-graduação na Le Fesnoy, na qual aprendeu a desconstruir os ensinamentos anteriores. Hoje Macau EventosGastronomia | Chefe Vítor Matos no Clube Militar [dropcap]O[/dropcap] chefe português Vítor Matos regressa, a partir de hoje a Macau, para liderar o festival de gastronomia e vinhos de Portugal, organizado pelo Clube Militar, que assinala este ano o 149.º aniversário. Até 19 de Junho, Vitor Matos e os chefes-assistentes João Araújo e Helena Castro vão contribuir para a promoção da gastronomia portuguesa no território, anunciou o Clube Militar. Este festival integra também a programação “Junho – Mês de Portugal”, promovido pelo Consulado-geral de Portugal em Macau, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com um percurso profissional dividido entre Portugal e a Suíça, Vitor Matos, de 42 anos, estudou cozinha e pastelaria, entre 1992 e 1995, em Neuchâtel, Suíça. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, conquistou várias distinções, incluindo a atribuição de uma estrela Michelin para o seu restaurante Antiqvvm, no Porto, no ano passado. Esta é a segunda vez que Vitor Matos apresenta a sua “cozinha de sabores e aromas tradicionais de Portugal” no Clube Militar, onde em 2016 liderou este mesmo festival de gastronomia e vinhos. Raquel Moz EventosExposição | Fotos premiadas de Eduardo Leal na Fundação Rui Cunha São imagens que sugerem uma dança de sacos ao vento que envolvem arbustos quase estrangulados e sem vida. A beleza das fotos é inquietante. E deu vários prémios mundiais ao fotojornalista Eduardo Leal, que a partir de amanhã expõe o trabalho na FRC [dropcap]A[/dropcap] multipremiada exposição “Plastic Trees” de Eduardo Leal é inaugurada amanhã, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha, onde ficará patente ao público durante duas semanas. É um conjunto de imagens que demonstram a presença dos resíduos plásticos nos lugares mais recônditos, uma visão sobre o lixo resultante do excesso de consumo a nível mundial. “A série ‘Plastic Trees’ foi feita para chamar a atenção para este problema, com foco na disseminação de sacos plásticos no Altiplano Boliviano, onde milhões de sacos viajam com o vento até se enredarem nos arbustos nativos”, pode ler-se na página web da FRC. A mostra reúne as imagens de uma série que valeu ao autor, mestre em fotografia documental, vários prémios internacionais, como os Sony World Photo Awards, o Lens Culture Earth Award, os Moscow International Photo Awards e o prémio Estação Imagem nacional. Foi ainda finalista do galardão Atkins CIWEM, para a Melhor Fotografia do Ano em termos de Ambiente. Eduardo Leal, que desde 2016 é professor convidado da Universidade de São José em Macau, viveu vários anos na América do Sul, onde trabalhou como fotojornalista para diversas publicações de prestígio, como a Time, The Washington Post, Al Jazeera America, ou CNN, entre muitas outras. Nos arredores de Uyuni Em entrevista à revista holandesa de fotografia contemporânea, Lens Culture, cujo prémio principal arrecadou em 2015, Eduardo Leal contou que durante anos viajou pelo mundo inteiro, mas especialmente pela América Latina e pela Ásia, onde sempre se incomodou com as bonitas paisagens estragadas pela quantidade de lixo e de detritos. “E a maioria são sacos de plástico”. “Decidi, então, fazer algo para chamar a atenção para o problema. Mas sabia que seria difícil fotografar sacos de plástico e torná-los visualmente interessantes para o espectador”. Demorou, segundo revelou à referida publicação, anos até encontrar o modo certo de exprimir o que sentia. “Um dia, quando caminhava pelos arredores da cidade de Uyuni, na Bolívia, encontrei este lugar incrivelmente belo, coberto de sacos de plástico. Naquele momento, tive a certeza que era ali que iria fazer algo sobre o tema”. O que fez foi testar a luz e a perspectiva, até descobrir como registar não só a beleza, mas também o significado daquelas imagens. “Foi uma questão de voltar ao mesmo local, dia após dia, à mesma hora, de modo a captar a luz de forma consistente e procurar os objectos para mim mais cativantes”, fazendo questão de acrescentar que “produzi estas minhas composições movendo-me apenas à volta das árvores e procurando os melhores ângulos. Nunca toquei em nenhum saco de plástico nem encenei os objectos fotografados. Isso é muito importante para mim: trabalhando como fotojornalista, tenho consciência da importância de não arranjar as fotos ou manipular a verdade”. A única coisa que admite ter alterado no local, para poder fotografar, foi o buraco que escavou com as próprias mãos, tentando obter “a perspectiva certa para transformar os pequenos arbustos em árvores”. De facto, as “árvores de plástico” são pequeníssimos arbustos, “o maior não sendo mais do que o tamanho de duas mãos”, que Eduardo Leal procurou recriar como árvores, “numa tentativa metafórica de demonstrar a dimensão do problema”, confessou à Lens Culture. O drama dos sacos No final do trabalho, “completamente diferente de tudo o que havia feito até à data”, ficou sem saber que destino dar ao conjunto de imagens, “já que as plataformas para as quais eu costumava trabalhar, não estavam interessadas neste tipo de projectos conceptuais”. Felizmente, o resultado foi “deslumbrante” e “intrigante” o suficiente para o colocar na linha de vários prémios internacionais, fazendo o público reflectir e questionar-se sobre o drama subjacente: a poluição do planeta. No manifesto da exposição da FRC, Eduardo Leal refere mesmo que “o mundo consome 1 milhão de sacos de plástico por minuto, sendo o objecto de consumo mais omnipresente” a nível global. “O problema é ainda mais grave nos países com maiores dificuldades, onde as infra-estruturas de gestão de resíduos não estão realmente desenvolvidas. A acumulação de sacos plásticos no meio ambiente causa deterioração das paisagens, dos solos agrícolas e está associada à morte de animais domésticos e selvagens”. A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 24 de Junho. Andreia Sofia Silva EventosReedição de “Anastasis”, de Carlos Morais José, apresentada sábado na Feira do Livro de Lisboa “Anastasis”, livro de poesia de Carlos Morais José, é lançado este sábado em Lisboa na Feira do Livro, pela mão da editora Abysmo. O autor, também director do HM, fala de uma obra que não estava completa sem as suas impressões sobre o Egipto e Jerusalém [dropcap]D[/dropcap]epois de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” ganhar uma nova vida, eis que surge nas livrarias portuguesas “Anastasis”, um livro de Carlos Morais José, escritor e director do HM. A obra será lançada oficialmente este sábado pela editora Abysmo na Feira do Livro de Lisboa. Em declarações ao HM, Carlos Morais José falou de uma obra que, apesar de ter sido lançada em 2013, não estava completa sem dois capítulos dedicados ao Egipto e a Jerusalém. “O livro é agora editado em Portugal e tem outra capacidade de divulgação no espectro da lusofonia”, apontou. “Sempre senti que este livro não estaria completo sem mais dois capítulos, que se referem ao Egipto e à Terra Santa, além de mais uns acrescentos nos capítulos já existentes.” Para Carlos Morais José, estamos perante “dois lugares muito diferentes”, uma vez que o Egipto “remete-nos para as pré-origens da nossa civilização”. “O Egipto é um mistério ainda. Quando os gregos começaram a aprender a escrever já os egípcios se tinham esquecido de como isso se fazia. O Egipto tem uma grande importância como fonte de uma sabedoria primeira.” Na “viagem interior” que é “Anastasis”, Carlos Morais José descreve o país como “um reencontro com as origens”, “as mais primárias possível, os desejos mais escondidos”. “Como digo no meu livro, descer o Nilo é quase como uma descida aos sentidos, às delícias, aos sentimentos e emoções mais básicas”, acrescentou. No que diz respeito a Jerusalém, o autor estabelece uma ligação poética entre o sofrimento de Jesus Cristo e o homem moderno. “Quis perceber que cidade é aquela, que não tem nada, que está no meio do deserto e que é tão disputada por tanta gente. No meu livro encontram-se alguns aspectos do que eu chamo a cidade de um só Deus, porque é o Deus dos judeus e dos árabes, o Deus ciumento.” Há também a chamada “cartografia da dor, que é um mapa da descrição da paixão de Cristo”, onde o autor encara “Cristo como a emergência do Homem contemporâneo, pois as dores de Cristo serão as nossas dores, de alguma maneira”. O autor e jornalista descreve Jerusalém como “um dos centros emissores da nossa cultura e um dos mais importantes, pois a cultura europeia divide-se entre Atenas e Jerusalém”. “O que vou à procura em Jerusalém é isso, mas não só a parte cristã, mas também judaica e muçulmana. A parte comum a tudo isto que faz com que aquela terra seja considerada sagrada por uma série de religiões diferentes, com a mesma origem, mas com uma perspectiva diferente.” Um privilégio Com a Abysmo, Carlos Morais José vê, pela segunda vez, um livro seu ser reeditado em Portugal depois de um primeiro lançamento em Macau, e isso faz dele um “super privilegiado”, confessa. “Nos últimos tempos tenho sido extremamente acarinhado por pessoas de Macau. Os académicos têm feito o favor de reconhecer o meu trabalho e apreciar a minha obra, e tenho tido muito boa recepção.” O autor acredita que, com esta reedição, possa aumentar o interesse da literatura que é produzida em Macau. “Tenho visto alguns textos académicos e as pessoas começam a olhar de uma forma mais séria para aquilo que se produz em Macau, não apenas como uma curiosidade. Percebe-se que houve nas ultimas décadas alguns escritores de Macau que têm uma postura ou um lugar na literatura portuguesa contemporânea. Penso que isto irá continuar”, concluiu. Raquel Moz EventosCompositor Rui Massena toca este sábado no CCM [dropcap]O[/dropcap] compositor e maestro português Rui Massena senta-se ao piano do Auditório do Centro Cultural de Macau este sábado, dia 8 de Junho às 20h, para apresentar trabalhos do seu repertório de música contemporânea ao público local. Figura de destaque na actual cena musical, a crítica especializada coloca já o músico de 47 anos ao nível de reputados nomes, como Philip Glass, Michael Nyman, Wim Mertens, Ludovico Einaudi ou Ólafur Arnolds. A convite da Casa de Portugal em Macau e da Fundação Oriente, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal”, o compositor soma já três álbuns de originais e é hoje ouvido em mais de 60 países, conforme revela a nota de divulgação à imprensa local. Rui Massena começou a tocar piano aos cinco anos de idade e é maestro desde os 27. O seu primeiro álbum de originais, “Solo”, foi lançado em 2015 e chegou a número dois do top nacional de vendas, com “uma linguagem intimista e centrada”, que Rui Massena afirmou já publicamente ter surgido “como um retiro espiritual necessário ao seu próprio equilíbrio”. As composições são ao piano, exceptuando uma em dueto com um violino, depois de uma carreira de mais de uma década à frente de várias formações orquestrais. Com o segundo álbum de originais, “Ensemble” de 2016, teve entrada directa para o top 1 de vendas português, conciliando neste disco melodias mais “dóceis” ou “agitadas”, “de acordo com a inspiração e as necessidades do momento”, pode ler-se na sua homepage. “É uma música poética e positiva, mas também estruturada e envolvente. Depois de se ouvir “Ensemble ”, nasce uma nova dimensão, com a ajuda da secção de cordas da Czech National Symphonic Orchestra”. A valsa eleita “Ensemble” começa com um “Abraço” e despede-se com uma “Valsa”, peça esta que foi escolhida para integrar a dupla colectânea da editora Deutsche Grammophon – intitulada “Expo 1” – que “identifica as tendências e talentos contemporâneos dos últimos 20 anos, numa corrente que a etiqueta apelidada de neo-classicismo”. O mais recente disco, “III”, foi lançado em Novembro de 2018, e “é o mais progressivo” de todos, onde “por um lado se percebe que a electrónica e a vanguarda sonora se alojaram no seu caminho, por outro, percebemos ao fim de breves segundos que os valores da sua música estão presentes: tranquila, desafiadora e emotiva”, refere a biografia da sua página web. “O permanente espírito inquieto e em constante busca de causas, sempre fez Rui Massena procurar novas linguagens”, tanto na criação musical, como na capacidade de dialogar com o público nos concertos e não só. A passagem como jurado pelo popular programa nacional, a “Operação Triunfo”, fez dele uma celebridade e ajudou a catapultar a sua obra para os tops de vendas e para os palcos cheios. Raquel Moz EventosCinema | Curtas portuguesas de animação na Casa Garden Quatro filmes portugueses de animação vão entreter os mais pequenos, este sábado à tarde, no Auditório da Casa Garden. As fitas são para maiores de quatro anos e enquadram-se nas celebrações de “Junho, Mês de Portugal” [dropcap]A[/dropcap] Casa Garden vai exibir a 8 de Junho, sábado à tarde pelas 16h00, uma “Mostra de Cinema para Crianças”, com uma selecção de filmes do New York Portuguese Short Film Festival, organizado pelo Arte Institute e apoiado pela Fundação Oriente. O cartaz apresenta quatro curtas-metragens de animação, numa sessão que terá a duração de uma hora, para maiores de 4 anos de idade. A iniciativa faz parte das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e reúne os filmes portugueses “Quando Os Monstros Se Vão Embora”, de Bernardo Gramaxo (2010) , “O Cágado”, de Pedro Lino (2012), “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012). A escolha é da responsabilidade do Arte Institute, que organiza o NY Portuguese Short Film Festival, “uma janela para mostrar cinema português a todo o mundo”, que se realiza anualmente em Nova Iorque. A primeira edição aconteceu em 2011, com uma mostra simultânea nas capitais norte-americana e portuguesa. O sucesso do evento permitiu aos organizadores, entretanto, levar extensões da mostra a outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres, Luanda ou, agora, Macau, divulgando o trabalho dos jovens realizadores nacionais. Pequenas histórias O primeiro filme é sobre monstros. “Madalena é uma rapariga de seis anos, e como qualquer criança na sua idade, adora desenhar, brincar e meter-se em sarilhos, mas acima de tudo, nunca fazer o que os pais dizem. Contudo Madalena tem o que nem todas as crianças têm, a ajuda dos seus monstros, que a acompanham durante todo o dia”. Um dia recebe más notícias do seu melhor amigo monstro, avisando que a irá deixar quando ela crescer, pois os adultos não necessitam da sua presença. “Madalena fica triste e tudo fará para não crescer, assim evitando a perda dos amigos imaginários”, segundo conta a sinopse. O filme “Quando Os Monstros Se Vão Embora” tem 13 minutos e meio e foi realizado por Bernardo Gramaxo em 2010. Participou em inúmeros festivais nacionais, como o Fantasporto 2010, o Fest-in 2011, o ShortCutz ou o Festróia, entre outros, e fez também carreira em festivais internacionais na Índia, Sérvia, Itália, China, Taiwan, Rússia, Reino Unido, Austrália e Cabo Verde, onde conseguiu o Prémio de Melhor Curta Metragem no Festival de Cinema Internacional do arquipélago em 2012. A segunda fita é “O Cágado”, realizada por Pedro Lino em 2012, uma animação portuguesa inspirada num conto de Almada Negreiros, que em 10 minutos conta “a estranha aventura de um homem muito senhor da sua vontade” que, um dia ao passear pela rua, dá de caras com “um estranho ser nunca antes visto: um cágado.” Depois de o examinar em detalhe, o homem corre a casa para contar a descoberta à família, mas não é fácil convencê-la. Para provar a existência física daquele “estranho animal da zoologia, vai até ao outro lado do mundo, num esforço inútil e sem sentido”, é o que se lê na sinopse. Esta fábula contemporânea estreou em Março de 2012 no Animac, em Espanha, e fez parte do programa do IndieLisboa, em Abril. Foi também um dos primeiros trabalhos resultantes da colaboração de Pedro Lino com outro realizador português em Londres, Luis Matta de Almeida, com quem criou o estúdio na capital britânica, Sparkle Animations. E duas curtinhas Ainda mais curta é a terceira película “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), uma animação com apenas 3 minutos. É o tempo suficiente para mostrar como “um candeeiro apaixonado faz tudo para estar perto da sua amada, uma bela ventoinha. Num ambiente de ilustração e animação, este pequeno filme romântico leva-nos a um desfecho hilariante”, promete a sinopse da fita, que participou na secção do IndieJúnior do Festival de Cinema Independente de Lisboa (IndieLisboa) em 2013. Em quarto lugar chega o “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012), que em 7 minutos propõe uma visão do que significa crescer. “Um gigante transporta no coração uma menina”, sendo este órgão “uma janela imensa, através da qual a menina descobre e decifra toda a realidade. Um dia ela terá que partir. Com a sacola cheia de sonhos e de esperança, ela criará um novo mundo sobre o legado que os seus pais lhe transmitiram”, explica a sinopse, lembrando que “os filhos traçam as suas próprias rotas, com erros de interpretação, com desvios de perspectiva, mas que são seus e é com eles que têm de viajar”. A proposta está feita. No sábado a entrada é livre e estão todos convidados. Hoje Macau EventosInéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo” [dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa. “A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água. A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos. “Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale. Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”. A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”. Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel. Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”. De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”. “A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor. Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”. Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale. Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro. O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”. Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora. Hoje Macau EventosAsiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais” [dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador. “O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria. “Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou. Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou. Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”. “Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou. Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia. Hoje Macau EventosCrioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca [dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora. Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00. “O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos. “Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou. “O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse. Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses. O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957. Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100. Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram. “As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria. “Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal. “Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo. Hoje Macau EventosÓbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje” [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos. “Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa. A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”. Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto. “Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora. Percurso de ouro Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas. O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida. Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. Raquel Moz EventosRAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos [dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania. “A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados. O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou. Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda. Atrás da objectiva Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota. A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM. A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto. Raquel Moz EventosExposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi [dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar. Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998). “Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio. Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição. Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista. Novo mundo Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo. “O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido. O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita. Hoje Macau EventosPortugal exibe selecção de documentos da colecção “Chapas Sínicas” em Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma exposição com uma centena de documentos seleccionados da colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), vai ser inaugurada a 10 de Junho, em Pequim, na China. De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a iniciativa, conjunta com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, está inserida nos 40 anos de relações diplomáticas estabelecidas entre Portugal e a China. Também se enquadra no 20.º aniversário da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China, com celebrações ao longo de 2019. A exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” será integrada no Festival de Cultura de Portugal na China, e apresentada no Museu Nacional de Livros Clássicos, em Pequim. Aberta ao público de 11 de Junho a 26 de Julho, a mostra apresentará uma selecção de mais de cem documentos, escolhidos de entre os cerca de mais de 3.600 que constituem a colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). De acordo com a DGLAB, os registos desta correspondência “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, as interacções político-administrativas, a gestão urbanística, a administração da justiça e tributária, e outros assuntos de natureza religiosa e comercial que ocorreram em Macau durante a dinastia Qing”. A colecção “Chapas Sínicas” foi alvo de uma candidatura conjunta do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal e do Arquivo Histórico da Região Administrativa Especial de Macau, e encontra-se, desde 30 de Outubro de 2017, inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo. Primeiramente exposta no dia 6 de Julho de 2018 no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, no âmbito da edição inaugural do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a exposição “suscitou enorme interesse e afluência de público”, recorda a DGLAB. Após Pequim, será exposta em Portugal, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Outubro de 2019. A cerimónia de inauguração contará com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e terá lugar no dia 10 de Junho, pelas 15h00 horas. Hoje Macau EventosTrês escritores portugueses participam no II Fórum Literário China-Portugal [dropcap]O[/dropcap]s escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto vão participar no II Fórum Literário China-Portugal, que vai decorrer em Pequim a 12 de Junho. Segundo comunicado da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o evento vai decorrer no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, além da presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o segundo evento vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong. José Luís Peixoto já tinha participado na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. De acordo com o comunicado, o ponto alto será o painel subordinado ao tema “Visão e Imaginação”, marcado para a tarde. Para a manhã, está marcada “uma apresentação sobre a literatura chinesa e portuguesa e a sua internacionalização”, com a directora de serviços do Livro da DGLAB, Maria Carlos Loureiro, e Qiu Huadong. A medida insere-se no Festival de Cultura Portuguesa na China, promovido por Portugal no âmbito da celebração dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China. “Este fórum acontece no âmbito do memorando de entendimento entre a República portuguesa e a China no domínio do livro e da literatura, assinado em 2015”, explica a DGLAB, no qual reforça a parceria entre Associação Chinesa de Escritores e este organismo. Hoje Macau Eventos“Junho, Mês de Portugal” com teatro infantil e marionetas [dropcap]O[/dropcap]s mais pequenos estão todos convidados para celebrar amanhã, 1 de Junho, o Dia Mundial das Crianças. Há espectáculos de marionetas e teatro, no âmbito do programa das festividades de “Junho, Mês de Portugal”, organizadas pela Casa de Portugal e pelo IPOR. “A Magia do Circo” é uma história de marionetas, com doze personagens principais, e mais alguns amigos, que vão ganhar vida nas mãos da artista Elisa Vilaça. São figuras que habitam o mágico mundo circense, com palhaços, malabaristas, e outros convidados, que podem ser vistos por crianças a partir dos 6 meses em diante. O espectáculo tem duas sessões no Conservatório de Macau, às 11h30 e às 15h00, e os bilhetes gratuitos podem ser levantados na Casa de Portugal. Pelas 17h30, é a vez da peça “O Nabo Gigante” subir ao palco do Auditório da Casa Garden, um espectáculo de teatro oara a infância adaptado do conto tradicional russo, com o mesmo nome, recolhido por Alexis Tolstoi no séc. XIX. A história relata as inquietações de um casal idoso, que encontra na sua quinta um nabo que não pára de crescer. O conto popular tem ingredientes divertidos e é adequado a crianças a partir dos 5 anos de idade. Trazido pela companhia ATE – Associação de Teatro Educação, a peça será contada pelos artistas Alexandre Sá e Rita Burmester, com organização do Instituto Português do Oriente. «1...103104105106107108109...184»
Hoje Macau EventosCinema | Jorge Jácome, vence Grande Prémio do Festival de Hamburgo O filme português “Past Perfect”, de Jorge Jácome, que aborda o sentimento da melancolia, venceu o Grande Prémio do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, na Alemanha. Foi o segundo ano consecutivo que o cineasta ligado a Macau venceu este galardão [dropcap]A[/dropcap] estreia mundial da película aconteceu em Fevereiro no Festival de Berlim, na competição Berlinale Shorts, vencendo agora o prémio principal do Festival de Curtas Metragens de Hamburgo, que decorre na Alemanha até domingo, repetindo a conquista na edição do ano passado, com “Flores”. “Este prémio assume ainda mais importância no ano em que a nova directora do festival, Maike Mia Hoehne, que dirigia anteriormente a competição de curtas metragens do Festival de Berlim, trouxe uma nova visão ao festival”, segundo um comunicado da Portugal Film. O júri desta 35.ª edição do festival foi composto por Pela del Álamo, realizador e director do festival Curtocircuito, Peter Van Hoof, programador do festival de Roterdão, Ana David, programadora do festival IndieLisboa, Jennifer Reeder, realizadora, e Pawel Wieszczecinski, distribuidor da Kinoscope. A curta-metragem de 29 minutos do realizador português Jorge Jácome é representada pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português. “Past Perfect” deriva da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, na qual Jorge Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico. Fazer um realizador Apesar de ter realizado vários trabalhos durante o tempo em que estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Jácome considera-se realizador a partir de “Plutão”, curta-metragem de 2013. Depois dessa fez as curtas “A guest + a host = a Ghost” (2015), “Fieste Forever” (2017) e “Flores” (2017). Jorge Jácome apresenta, então, “Past Perfect” como “um balanço e um ponto de situação” sobre o que faz e para onde quer seguir no cinema, tendo como base essa percepção da origem da melancolia, disse em entrevista recente à agência Lusa. “A melancolia, para mim, é uma coisa muito mais individual e pessoal, por isso é tão difícil de explicar. E este ‘Past Perpect’ está constantemente a dizer que é difícil de explicar, de traduzir, de passar para imagens e para texto o que é este sentimento”, contou. Nascido em Viana do Castelo em 1988, cresceu em Macau, até à transferência administrativa do território para a China em 1999. De regresso a Portugal, estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, sem ter ideias certas de que queria seguir cinema. “O que foi entusiasmante foi que na escola aprendi pela primeira vez a ver cinema e a ver filmes aos quais não tinha acesso. Aprendi mesmo tudo do zero. Não era cinéfilo antes de entrar para a escola”, recordou, em declarações em Fevereiro à Lusa. Depois rumou a França, para uma pós-graduação na Le Fesnoy, na qual aprendeu a desconstruir os ensinamentos anteriores.
Hoje Macau EventosGastronomia | Chefe Vítor Matos no Clube Militar [dropcap]O[/dropcap] chefe português Vítor Matos regressa, a partir de hoje a Macau, para liderar o festival de gastronomia e vinhos de Portugal, organizado pelo Clube Militar, que assinala este ano o 149.º aniversário. Até 19 de Junho, Vitor Matos e os chefes-assistentes João Araújo e Helena Castro vão contribuir para a promoção da gastronomia portuguesa no território, anunciou o Clube Militar. Este festival integra também a programação “Junho – Mês de Portugal”, promovido pelo Consulado-geral de Portugal em Macau, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com um percurso profissional dividido entre Portugal e a Suíça, Vitor Matos, de 42 anos, estudou cozinha e pastelaria, entre 1992 e 1995, em Neuchâtel, Suíça. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, conquistou várias distinções, incluindo a atribuição de uma estrela Michelin para o seu restaurante Antiqvvm, no Porto, no ano passado. Esta é a segunda vez que Vitor Matos apresenta a sua “cozinha de sabores e aromas tradicionais de Portugal” no Clube Militar, onde em 2016 liderou este mesmo festival de gastronomia e vinhos. Raquel Moz EventosExposição | Fotos premiadas de Eduardo Leal na Fundação Rui Cunha São imagens que sugerem uma dança de sacos ao vento que envolvem arbustos quase estrangulados e sem vida. A beleza das fotos é inquietante. E deu vários prémios mundiais ao fotojornalista Eduardo Leal, que a partir de amanhã expõe o trabalho na FRC [dropcap]A[/dropcap] multipremiada exposição “Plastic Trees” de Eduardo Leal é inaugurada amanhã, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha, onde ficará patente ao público durante duas semanas. É um conjunto de imagens que demonstram a presença dos resíduos plásticos nos lugares mais recônditos, uma visão sobre o lixo resultante do excesso de consumo a nível mundial. “A série ‘Plastic Trees’ foi feita para chamar a atenção para este problema, com foco na disseminação de sacos plásticos no Altiplano Boliviano, onde milhões de sacos viajam com o vento até se enredarem nos arbustos nativos”, pode ler-se na página web da FRC. A mostra reúne as imagens de uma série que valeu ao autor, mestre em fotografia documental, vários prémios internacionais, como os Sony World Photo Awards, o Lens Culture Earth Award, os Moscow International Photo Awards e o prémio Estação Imagem nacional. Foi ainda finalista do galardão Atkins CIWEM, para a Melhor Fotografia do Ano em termos de Ambiente. Eduardo Leal, que desde 2016 é professor convidado da Universidade de São José em Macau, viveu vários anos na América do Sul, onde trabalhou como fotojornalista para diversas publicações de prestígio, como a Time, The Washington Post, Al Jazeera America, ou CNN, entre muitas outras. Nos arredores de Uyuni Em entrevista à revista holandesa de fotografia contemporânea, Lens Culture, cujo prémio principal arrecadou em 2015, Eduardo Leal contou que durante anos viajou pelo mundo inteiro, mas especialmente pela América Latina e pela Ásia, onde sempre se incomodou com as bonitas paisagens estragadas pela quantidade de lixo e de detritos. “E a maioria são sacos de plástico”. “Decidi, então, fazer algo para chamar a atenção para o problema. Mas sabia que seria difícil fotografar sacos de plástico e torná-los visualmente interessantes para o espectador”. Demorou, segundo revelou à referida publicação, anos até encontrar o modo certo de exprimir o que sentia. “Um dia, quando caminhava pelos arredores da cidade de Uyuni, na Bolívia, encontrei este lugar incrivelmente belo, coberto de sacos de plástico. Naquele momento, tive a certeza que era ali que iria fazer algo sobre o tema”. O que fez foi testar a luz e a perspectiva, até descobrir como registar não só a beleza, mas também o significado daquelas imagens. “Foi uma questão de voltar ao mesmo local, dia após dia, à mesma hora, de modo a captar a luz de forma consistente e procurar os objectos para mim mais cativantes”, fazendo questão de acrescentar que “produzi estas minhas composições movendo-me apenas à volta das árvores e procurando os melhores ângulos. Nunca toquei em nenhum saco de plástico nem encenei os objectos fotografados. Isso é muito importante para mim: trabalhando como fotojornalista, tenho consciência da importância de não arranjar as fotos ou manipular a verdade”. A única coisa que admite ter alterado no local, para poder fotografar, foi o buraco que escavou com as próprias mãos, tentando obter “a perspectiva certa para transformar os pequenos arbustos em árvores”. De facto, as “árvores de plástico” são pequeníssimos arbustos, “o maior não sendo mais do que o tamanho de duas mãos”, que Eduardo Leal procurou recriar como árvores, “numa tentativa metafórica de demonstrar a dimensão do problema”, confessou à Lens Culture. O drama dos sacos No final do trabalho, “completamente diferente de tudo o que havia feito até à data”, ficou sem saber que destino dar ao conjunto de imagens, “já que as plataformas para as quais eu costumava trabalhar, não estavam interessadas neste tipo de projectos conceptuais”. Felizmente, o resultado foi “deslumbrante” e “intrigante” o suficiente para o colocar na linha de vários prémios internacionais, fazendo o público reflectir e questionar-se sobre o drama subjacente: a poluição do planeta. No manifesto da exposição da FRC, Eduardo Leal refere mesmo que “o mundo consome 1 milhão de sacos de plástico por minuto, sendo o objecto de consumo mais omnipresente” a nível global. “O problema é ainda mais grave nos países com maiores dificuldades, onde as infra-estruturas de gestão de resíduos não estão realmente desenvolvidas. A acumulação de sacos plásticos no meio ambiente causa deterioração das paisagens, dos solos agrícolas e está associada à morte de animais domésticos e selvagens”. A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 24 de Junho. Andreia Sofia Silva EventosReedição de “Anastasis”, de Carlos Morais José, apresentada sábado na Feira do Livro de Lisboa “Anastasis”, livro de poesia de Carlos Morais José, é lançado este sábado em Lisboa na Feira do Livro, pela mão da editora Abysmo. O autor, também director do HM, fala de uma obra que não estava completa sem as suas impressões sobre o Egipto e Jerusalém [dropcap]D[/dropcap]epois de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” ganhar uma nova vida, eis que surge nas livrarias portuguesas “Anastasis”, um livro de Carlos Morais José, escritor e director do HM. A obra será lançada oficialmente este sábado pela editora Abysmo na Feira do Livro de Lisboa. Em declarações ao HM, Carlos Morais José falou de uma obra que, apesar de ter sido lançada em 2013, não estava completa sem dois capítulos dedicados ao Egipto e a Jerusalém. “O livro é agora editado em Portugal e tem outra capacidade de divulgação no espectro da lusofonia”, apontou. “Sempre senti que este livro não estaria completo sem mais dois capítulos, que se referem ao Egipto e à Terra Santa, além de mais uns acrescentos nos capítulos já existentes.” Para Carlos Morais José, estamos perante “dois lugares muito diferentes”, uma vez que o Egipto “remete-nos para as pré-origens da nossa civilização”. “O Egipto é um mistério ainda. Quando os gregos começaram a aprender a escrever já os egípcios se tinham esquecido de como isso se fazia. O Egipto tem uma grande importância como fonte de uma sabedoria primeira.” Na “viagem interior” que é “Anastasis”, Carlos Morais José descreve o país como “um reencontro com as origens”, “as mais primárias possível, os desejos mais escondidos”. “Como digo no meu livro, descer o Nilo é quase como uma descida aos sentidos, às delícias, aos sentimentos e emoções mais básicas”, acrescentou. No que diz respeito a Jerusalém, o autor estabelece uma ligação poética entre o sofrimento de Jesus Cristo e o homem moderno. “Quis perceber que cidade é aquela, que não tem nada, que está no meio do deserto e que é tão disputada por tanta gente. No meu livro encontram-se alguns aspectos do que eu chamo a cidade de um só Deus, porque é o Deus dos judeus e dos árabes, o Deus ciumento.” Há também a chamada “cartografia da dor, que é um mapa da descrição da paixão de Cristo”, onde o autor encara “Cristo como a emergência do Homem contemporâneo, pois as dores de Cristo serão as nossas dores, de alguma maneira”. O autor e jornalista descreve Jerusalém como “um dos centros emissores da nossa cultura e um dos mais importantes, pois a cultura europeia divide-se entre Atenas e Jerusalém”. “O que vou à procura em Jerusalém é isso, mas não só a parte cristã, mas também judaica e muçulmana. A parte comum a tudo isto que faz com que aquela terra seja considerada sagrada por uma série de religiões diferentes, com a mesma origem, mas com uma perspectiva diferente.” Um privilégio Com a Abysmo, Carlos Morais José vê, pela segunda vez, um livro seu ser reeditado em Portugal depois de um primeiro lançamento em Macau, e isso faz dele um “super privilegiado”, confessa. “Nos últimos tempos tenho sido extremamente acarinhado por pessoas de Macau. Os académicos têm feito o favor de reconhecer o meu trabalho e apreciar a minha obra, e tenho tido muito boa recepção.” O autor acredita que, com esta reedição, possa aumentar o interesse da literatura que é produzida em Macau. “Tenho visto alguns textos académicos e as pessoas começam a olhar de uma forma mais séria para aquilo que se produz em Macau, não apenas como uma curiosidade. Percebe-se que houve nas ultimas décadas alguns escritores de Macau que têm uma postura ou um lugar na literatura portuguesa contemporânea. Penso que isto irá continuar”, concluiu. Raquel Moz EventosCompositor Rui Massena toca este sábado no CCM [dropcap]O[/dropcap] compositor e maestro português Rui Massena senta-se ao piano do Auditório do Centro Cultural de Macau este sábado, dia 8 de Junho às 20h, para apresentar trabalhos do seu repertório de música contemporânea ao público local. Figura de destaque na actual cena musical, a crítica especializada coloca já o músico de 47 anos ao nível de reputados nomes, como Philip Glass, Michael Nyman, Wim Mertens, Ludovico Einaudi ou Ólafur Arnolds. A convite da Casa de Portugal em Macau e da Fundação Oriente, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal”, o compositor soma já três álbuns de originais e é hoje ouvido em mais de 60 países, conforme revela a nota de divulgação à imprensa local. Rui Massena começou a tocar piano aos cinco anos de idade e é maestro desde os 27. O seu primeiro álbum de originais, “Solo”, foi lançado em 2015 e chegou a número dois do top nacional de vendas, com “uma linguagem intimista e centrada”, que Rui Massena afirmou já publicamente ter surgido “como um retiro espiritual necessário ao seu próprio equilíbrio”. As composições são ao piano, exceptuando uma em dueto com um violino, depois de uma carreira de mais de uma década à frente de várias formações orquestrais. Com o segundo álbum de originais, “Ensemble” de 2016, teve entrada directa para o top 1 de vendas português, conciliando neste disco melodias mais “dóceis” ou “agitadas”, “de acordo com a inspiração e as necessidades do momento”, pode ler-se na sua homepage. “É uma música poética e positiva, mas também estruturada e envolvente. Depois de se ouvir “Ensemble ”, nasce uma nova dimensão, com a ajuda da secção de cordas da Czech National Symphonic Orchestra”. A valsa eleita “Ensemble” começa com um “Abraço” e despede-se com uma “Valsa”, peça esta que foi escolhida para integrar a dupla colectânea da editora Deutsche Grammophon – intitulada “Expo 1” – que “identifica as tendências e talentos contemporâneos dos últimos 20 anos, numa corrente que a etiqueta apelidada de neo-classicismo”. O mais recente disco, “III”, foi lançado em Novembro de 2018, e “é o mais progressivo” de todos, onde “por um lado se percebe que a electrónica e a vanguarda sonora se alojaram no seu caminho, por outro, percebemos ao fim de breves segundos que os valores da sua música estão presentes: tranquila, desafiadora e emotiva”, refere a biografia da sua página web. “O permanente espírito inquieto e em constante busca de causas, sempre fez Rui Massena procurar novas linguagens”, tanto na criação musical, como na capacidade de dialogar com o público nos concertos e não só. A passagem como jurado pelo popular programa nacional, a “Operação Triunfo”, fez dele uma celebridade e ajudou a catapultar a sua obra para os tops de vendas e para os palcos cheios. Raquel Moz EventosCinema | Curtas portuguesas de animação na Casa Garden Quatro filmes portugueses de animação vão entreter os mais pequenos, este sábado à tarde, no Auditório da Casa Garden. As fitas são para maiores de quatro anos e enquadram-se nas celebrações de “Junho, Mês de Portugal” [dropcap]A[/dropcap] Casa Garden vai exibir a 8 de Junho, sábado à tarde pelas 16h00, uma “Mostra de Cinema para Crianças”, com uma selecção de filmes do New York Portuguese Short Film Festival, organizado pelo Arte Institute e apoiado pela Fundação Oriente. O cartaz apresenta quatro curtas-metragens de animação, numa sessão que terá a duração de uma hora, para maiores de 4 anos de idade. A iniciativa faz parte das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e reúne os filmes portugueses “Quando Os Monstros Se Vão Embora”, de Bernardo Gramaxo (2010) , “O Cágado”, de Pedro Lino (2012), “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012). A escolha é da responsabilidade do Arte Institute, que organiza o NY Portuguese Short Film Festival, “uma janela para mostrar cinema português a todo o mundo”, que se realiza anualmente em Nova Iorque. A primeira edição aconteceu em 2011, com uma mostra simultânea nas capitais norte-americana e portuguesa. O sucesso do evento permitiu aos organizadores, entretanto, levar extensões da mostra a outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres, Luanda ou, agora, Macau, divulgando o trabalho dos jovens realizadores nacionais. Pequenas histórias O primeiro filme é sobre monstros. “Madalena é uma rapariga de seis anos, e como qualquer criança na sua idade, adora desenhar, brincar e meter-se em sarilhos, mas acima de tudo, nunca fazer o que os pais dizem. Contudo Madalena tem o que nem todas as crianças têm, a ajuda dos seus monstros, que a acompanham durante todo o dia”. Um dia recebe más notícias do seu melhor amigo monstro, avisando que a irá deixar quando ela crescer, pois os adultos não necessitam da sua presença. “Madalena fica triste e tudo fará para não crescer, assim evitando a perda dos amigos imaginários”, segundo conta a sinopse. O filme “Quando Os Monstros Se Vão Embora” tem 13 minutos e meio e foi realizado por Bernardo Gramaxo em 2010. Participou em inúmeros festivais nacionais, como o Fantasporto 2010, o Fest-in 2011, o ShortCutz ou o Festróia, entre outros, e fez também carreira em festivais internacionais na Índia, Sérvia, Itália, China, Taiwan, Rússia, Reino Unido, Austrália e Cabo Verde, onde conseguiu o Prémio de Melhor Curta Metragem no Festival de Cinema Internacional do arquipélago em 2012. A segunda fita é “O Cágado”, realizada por Pedro Lino em 2012, uma animação portuguesa inspirada num conto de Almada Negreiros, que em 10 minutos conta “a estranha aventura de um homem muito senhor da sua vontade” que, um dia ao passear pela rua, dá de caras com “um estranho ser nunca antes visto: um cágado.” Depois de o examinar em detalhe, o homem corre a casa para contar a descoberta à família, mas não é fácil convencê-la. Para provar a existência física daquele “estranho animal da zoologia, vai até ao outro lado do mundo, num esforço inútil e sem sentido”, é o que se lê na sinopse. Esta fábula contemporânea estreou em Março de 2012 no Animac, em Espanha, e fez parte do programa do IndieLisboa, em Abril. Foi também um dos primeiros trabalhos resultantes da colaboração de Pedro Lino com outro realizador português em Londres, Luis Matta de Almeida, com quem criou o estúdio na capital britânica, Sparkle Animations. E duas curtinhas Ainda mais curta é a terceira película “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), uma animação com apenas 3 minutos. É o tempo suficiente para mostrar como “um candeeiro apaixonado faz tudo para estar perto da sua amada, uma bela ventoinha. Num ambiente de ilustração e animação, este pequeno filme romântico leva-nos a um desfecho hilariante”, promete a sinopse da fita, que participou na secção do IndieJúnior do Festival de Cinema Independente de Lisboa (IndieLisboa) em 2013. Em quarto lugar chega o “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012), que em 7 minutos propõe uma visão do que significa crescer. “Um gigante transporta no coração uma menina”, sendo este órgão “uma janela imensa, através da qual a menina descobre e decifra toda a realidade. Um dia ela terá que partir. Com a sacola cheia de sonhos e de esperança, ela criará um novo mundo sobre o legado que os seus pais lhe transmitiram”, explica a sinopse, lembrando que “os filhos traçam as suas próprias rotas, com erros de interpretação, com desvios de perspectiva, mas que são seus e é com eles que têm de viajar”. A proposta está feita. No sábado a entrada é livre e estão todos convidados. Hoje Macau EventosInéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo” [dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa. “A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água. A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos. “Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale. Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”. A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”. Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel. Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”. De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”. “A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor. Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”. Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale. Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro. O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”. Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora. Hoje Macau EventosAsiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais” [dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador. “O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria. “Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou. Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou. Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”. “Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou. Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia. Hoje Macau EventosCrioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca [dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora. Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00. “O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos. “Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou. “O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse. Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses. O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957. Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100. Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram. “As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria. “Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal. “Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo. Hoje Macau EventosÓbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje” [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos. “Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa. A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”. Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto. “Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora. Percurso de ouro Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas. O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida. Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. Raquel Moz EventosRAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos [dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania. “A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados. O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou. Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda. Atrás da objectiva Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota. A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM. A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto. Raquel Moz EventosExposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi [dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar. Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998). “Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio. Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição. Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista. Novo mundo Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo. “O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido. O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita. Hoje Macau EventosPortugal exibe selecção de documentos da colecção “Chapas Sínicas” em Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma exposição com uma centena de documentos seleccionados da colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), vai ser inaugurada a 10 de Junho, em Pequim, na China. De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a iniciativa, conjunta com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, está inserida nos 40 anos de relações diplomáticas estabelecidas entre Portugal e a China. Também se enquadra no 20.º aniversário da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China, com celebrações ao longo de 2019. A exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” será integrada no Festival de Cultura de Portugal na China, e apresentada no Museu Nacional de Livros Clássicos, em Pequim. Aberta ao público de 11 de Junho a 26 de Julho, a mostra apresentará uma selecção de mais de cem documentos, escolhidos de entre os cerca de mais de 3.600 que constituem a colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). De acordo com a DGLAB, os registos desta correspondência “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, as interacções político-administrativas, a gestão urbanística, a administração da justiça e tributária, e outros assuntos de natureza religiosa e comercial que ocorreram em Macau durante a dinastia Qing”. A colecção “Chapas Sínicas” foi alvo de uma candidatura conjunta do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal e do Arquivo Histórico da Região Administrativa Especial de Macau, e encontra-se, desde 30 de Outubro de 2017, inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo. Primeiramente exposta no dia 6 de Julho de 2018 no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, no âmbito da edição inaugural do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a exposição “suscitou enorme interesse e afluência de público”, recorda a DGLAB. Após Pequim, será exposta em Portugal, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Outubro de 2019. A cerimónia de inauguração contará com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e terá lugar no dia 10 de Junho, pelas 15h00 horas. Hoje Macau EventosTrês escritores portugueses participam no II Fórum Literário China-Portugal [dropcap]O[/dropcap]s escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto vão participar no II Fórum Literário China-Portugal, que vai decorrer em Pequim a 12 de Junho. Segundo comunicado da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o evento vai decorrer no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, além da presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o segundo evento vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong. José Luís Peixoto já tinha participado na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. De acordo com o comunicado, o ponto alto será o painel subordinado ao tema “Visão e Imaginação”, marcado para a tarde. Para a manhã, está marcada “uma apresentação sobre a literatura chinesa e portuguesa e a sua internacionalização”, com a directora de serviços do Livro da DGLAB, Maria Carlos Loureiro, e Qiu Huadong. A medida insere-se no Festival de Cultura Portuguesa na China, promovido por Portugal no âmbito da celebração dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China. “Este fórum acontece no âmbito do memorando de entendimento entre a República portuguesa e a China no domínio do livro e da literatura, assinado em 2015”, explica a DGLAB, no qual reforça a parceria entre Associação Chinesa de Escritores e este organismo. Hoje Macau Eventos“Junho, Mês de Portugal” com teatro infantil e marionetas [dropcap]O[/dropcap]s mais pequenos estão todos convidados para celebrar amanhã, 1 de Junho, o Dia Mundial das Crianças. Há espectáculos de marionetas e teatro, no âmbito do programa das festividades de “Junho, Mês de Portugal”, organizadas pela Casa de Portugal e pelo IPOR. “A Magia do Circo” é uma história de marionetas, com doze personagens principais, e mais alguns amigos, que vão ganhar vida nas mãos da artista Elisa Vilaça. São figuras que habitam o mágico mundo circense, com palhaços, malabaristas, e outros convidados, que podem ser vistos por crianças a partir dos 6 meses em diante. O espectáculo tem duas sessões no Conservatório de Macau, às 11h30 e às 15h00, e os bilhetes gratuitos podem ser levantados na Casa de Portugal. Pelas 17h30, é a vez da peça “O Nabo Gigante” subir ao palco do Auditório da Casa Garden, um espectáculo de teatro oara a infância adaptado do conto tradicional russo, com o mesmo nome, recolhido por Alexis Tolstoi no séc. XIX. A história relata as inquietações de um casal idoso, que encontra na sua quinta um nabo que não pára de crescer. O conto popular tem ingredientes divertidos e é adequado a crianças a partir dos 5 anos de idade. Trazido pela companhia ATE – Associação de Teatro Educação, a peça será contada pelos artistas Alexandre Sá e Rita Burmester, com organização do Instituto Português do Oriente. «1...103104105106107108109...184»
Raquel Moz EventosExposição | Fotos premiadas de Eduardo Leal na Fundação Rui Cunha São imagens que sugerem uma dança de sacos ao vento que envolvem arbustos quase estrangulados e sem vida. A beleza das fotos é inquietante. E deu vários prémios mundiais ao fotojornalista Eduardo Leal, que a partir de amanhã expõe o trabalho na FRC [dropcap]A[/dropcap] multipremiada exposição “Plastic Trees” de Eduardo Leal é inaugurada amanhã, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha, onde ficará patente ao público durante duas semanas. É um conjunto de imagens que demonstram a presença dos resíduos plásticos nos lugares mais recônditos, uma visão sobre o lixo resultante do excesso de consumo a nível mundial. “A série ‘Plastic Trees’ foi feita para chamar a atenção para este problema, com foco na disseminação de sacos plásticos no Altiplano Boliviano, onde milhões de sacos viajam com o vento até se enredarem nos arbustos nativos”, pode ler-se na página web da FRC. A mostra reúne as imagens de uma série que valeu ao autor, mestre em fotografia documental, vários prémios internacionais, como os Sony World Photo Awards, o Lens Culture Earth Award, os Moscow International Photo Awards e o prémio Estação Imagem nacional. Foi ainda finalista do galardão Atkins CIWEM, para a Melhor Fotografia do Ano em termos de Ambiente. Eduardo Leal, que desde 2016 é professor convidado da Universidade de São José em Macau, viveu vários anos na América do Sul, onde trabalhou como fotojornalista para diversas publicações de prestígio, como a Time, The Washington Post, Al Jazeera America, ou CNN, entre muitas outras. Nos arredores de Uyuni Em entrevista à revista holandesa de fotografia contemporânea, Lens Culture, cujo prémio principal arrecadou em 2015, Eduardo Leal contou que durante anos viajou pelo mundo inteiro, mas especialmente pela América Latina e pela Ásia, onde sempre se incomodou com as bonitas paisagens estragadas pela quantidade de lixo e de detritos. “E a maioria são sacos de plástico”. “Decidi, então, fazer algo para chamar a atenção para o problema. Mas sabia que seria difícil fotografar sacos de plástico e torná-los visualmente interessantes para o espectador”. Demorou, segundo revelou à referida publicação, anos até encontrar o modo certo de exprimir o que sentia. “Um dia, quando caminhava pelos arredores da cidade de Uyuni, na Bolívia, encontrei este lugar incrivelmente belo, coberto de sacos de plástico. Naquele momento, tive a certeza que era ali que iria fazer algo sobre o tema”. O que fez foi testar a luz e a perspectiva, até descobrir como registar não só a beleza, mas também o significado daquelas imagens. “Foi uma questão de voltar ao mesmo local, dia após dia, à mesma hora, de modo a captar a luz de forma consistente e procurar os objectos para mim mais cativantes”, fazendo questão de acrescentar que “produzi estas minhas composições movendo-me apenas à volta das árvores e procurando os melhores ângulos. Nunca toquei em nenhum saco de plástico nem encenei os objectos fotografados. Isso é muito importante para mim: trabalhando como fotojornalista, tenho consciência da importância de não arranjar as fotos ou manipular a verdade”. A única coisa que admite ter alterado no local, para poder fotografar, foi o buraco que escavou com as próprias mãos, tentando obter “a perspectiva certa para transformar os pequenos arbustos em árvores”. De facto, as “árvores de plástico” são pequeníssimos arbustos, “o maior não sendo mais do que o tamanho de duas mãos”, que Eduardo Leal procurou recriar como árvores, “numa tentativa metafórica de demonstrar a dimensão do problema”, confessou à Lens Culture. O drama dos sacos No final do trabalho, “completamente diferente de tudo o que havia feito até à data”, ficou sem saber que destino dar ao conjunto de imagens, “já que as plataformas para as quais eu costumava trabalhar, não estavam interessadas neste tipo de projectos conceptuais”. Felizmente, o resultado foi “deslumbrante” e “intrigante” o suficiente para o colocar na linha de vários prémios internacionais, fazendo o público reflectir e questionar-se sobre o drama subjacente: a poluição do planeta. No manifesto da exposição da FRC, Eduardo Leal refere mesmo que “o mundo consome 1 milhão de sacos de plástico por minuto, sendo o objecto de consumo mais omnipresente” a nível global. “O problema é ainda mais grave nos países com maiores dificuldades, onde as infra-estruturas de gestão de resíduos não estão realmente desenvolvidas. A acumulação de sacos plásticos no meio ambiente causa deterioração das paisagens, dos solos agrícolas e está associada à morte de animais domésticos e selvagens”. A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 24 de Junho.
Andreia Sofia Silva EventosReedição de “Anastasis”, de Carlos Morais José, apresentada sábado na Feira do Livro de Lisboa “Anastasis”, livro de poesia de Carlos Morais José, é lançado este sábado em Lisboa na Feira do Livro, pela mão da editora Abysmo. O autor, também director do HM, fala de uma obra que não estava completa sem as suas impressões sobre o Egipto e Jerusalém [dropcap]D[/dropcap]epois de “O Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” ganhar uma nova vida, eis que surge nas livrarias portuguesas “Anastasis”, um livro de Carlos Morais José, escritor e director do HM. A obra será lançada oficialmente este sábado pela editora Abysmo na Feira do Livro de Lisboa. Em declarações ao HM, Carlos Morais José falou de uma obra que, apesar de ter sido lançada em 2013, não estava completa sem dois capítulos dedicados ao Egipto e a Jerusalém. “O livro é agora editado em Portugal e tem outra capacidade de divulgação no espectro da lusofonia”, apontou. “Sempre senti que este livro não estaria completo sem mais dois capítulos, que se referem ao Egipto e à Terra Santa, além de mais uns acrescentos nos capítulos já existentes.” Para Carlos Morais José, estamos perante “dois lugares muito diferentes”, uma vez que o Egipto “remete-nos para as pré-origens da nossa civilização”. “O Egipto é um mistério ainda. Quando os gregos começaram a aprender a escrever já os egípcios se tinham esquecido de como isso se fazia. O Egipto tem uma grande importância como fonte de uma sabedoria primeira.” Na “viagem interior” que é “Anastasis”, Carlos Morais José descreve o país como “um reencontro com as origens”, “as mais primárias possível, os desejos mais escondidos”. “Como digo no meu livro, descer o Nilo é quase como uma descida aos sentidos, às delícias, aos sentimentos e emoções mais básicas”, acrescentou. No que diz respeito a Jerusalém, o autor estabelece uma ligação poética entre o sofrimento de Jesus Cristo e o homem moderno. “Quis perceber que cidade é aquela, que não tem nada, que está no meio do deserto e que é tão disputada por tanta gente. No meu livro encontram-se alguns aspectos do que eu chamo a cidade de um só Deus, porque é o Deus dos judeus e dos árabes, o Deus ciumento.” Há também a chamada “cartografia da dor, que é um mapa da descrição da paixão de Cristo”, onde o autor encara “Cristo como a emergência do Homem contemporâneo, pois as dores de Cristo serão as nossas dores, de alguma maneira”. O autor e jornalista descreve Jerusalém como “um dos centros emissores da nossa cultura e um dos mais importantes, pois a cultura europeia divide-se entre Atenas e Jerusalém”. “O que vou à procura em Jerusalém é isso, mas não só a parte cristã, mas também judaica e muçulmana. A parte comum a tudo isto que faz com que aquela terra seja considerada sagrada por uma série de religiões diferentes, com a mesma origem, mas com uma perspectiva diferente.” Um privilégio Com a Abysmo, Carlos Morais José vê, pela segunda vez, um livro seu ser reeditado em Portugal depois de um primeiro lançamento em Macau, e isso faz dele um “super privilegiado”, confessa. “Nos últimos tempos tenho sido extremamente acarinhado por pessoas de Macau. Os académicos têm feito o favor de reconhecer o meu trabalho e apreciar a minha obra, e tenho tido muito boa recepção.” O autor acredita que, com esta reedição, possa aumentar o interesse da literatura que é produzida em Macau. “Tenho visto alguns textos académicos e as pessoas começam a olhar de uma forma mais séria para aquilo que se produz em Macau, não apenas como uma curiosidade. Percebe-se que houve nas ultimas décadas alguns escritores de Macau que têm uma postura ou um lugar na literatura portuguesa contemporânea. Penso que isto irá continuar”, concluiu.
Raquel Moz EventosCompositor Rui Massena toca este sábado no CCM [dropcap]O[/dropcap] compositor e maestro português Rui Massena senta-se ao piano do Auditório do Centro Cultural de Macau este sábado, dia 8 de Junho às 20h, para apresentar trabalhos do seu repertório de música contemporânea ao público local. Figura de destaque na actual cena musical, a crítica especializada coloca já o músico de 47 anos ao nível de reputados nomes, como Philip Glass, Michael Nyman, Wim Mertens, Ludovico Einaudi ou Ólafur Arnolds. A convite da Casa de Portugal em Macau e da Fundação Oriente, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal”, o compositor soma já três álbuns de originais e é hoje ouvido em mais de 60 países, conforme revela a nota de divulgação à imprensa local. Rui Massena começou a tocar piano aos cinco anos de idade e é maestro desde os 27. O seu primeiro álbum de originais, “Solo”, foi lançado em 2015 e chegou a número dois do top nacional de vendas, com “uma linguagem intimista e centrada”, que Rui Massena afirmou já publicamente ter surgido “como um retiro espiritual necessário ao seu próprio equilíbrio”. As composições são ao piano, exceptuando uma em dueto com um violino, depois de uma carreira de mais de uma década à frente de várias formações orquestrais. Com o segundo álbum de originais, “Ensemble” de 2016, teve entrada directa para o top 1 de vendas português, conciliando neste disco melodias mais “dóceis” ou “agitadas”, “de acordo com a inspiração e as necessidades do momento”, pode ler-se na sua homepage. “É uma música poética e positiva, mas também estruturada e envolvente. Depois de se ouvir “Ensemble ”, nasce uma nova dimensão, com a ajuda da secção de cordas da Czech National Symphonic Orchestra”. A valsa eleita “Ensemble” começa com um “Abraço” e despede-se com uma “Valsa”, peça esta que foi escolhida para integrar a dupla colectânea da editora Deutsche Grammophon – intitulada “Expo 1” – que “identifica as tendências e talentos contemporâneos dos últimos 20 anos, numa corrente que a etiqueta apelidada de neo-classicismo”. O mais recente disco, “III”, foi lançado em Novembro de 2018, e “é o mais progressivo” de todos, onde “por um lado se percebe que a electrónica e a vanguarda sonora se alojaram no seu caminho, por outro, percebemos ao fim de breves segundos que os valores da sua música estão presentes: tranquila, desafiadora e emotiva”, refere a biografia da sua página web. “O permanente espírito inquieto e em constante busca de causas, sempre fez Rui Massena procurar novas linguagens”, tanto na criação musical, como na capacidade de dialogar com o público nos concertos e não só. A passagem como jurado pelo popular programa nacional, a “Operação Triunfo”, fez dele uma celebridade e ajudou a catapultar a sua obra para os tops de vendas e para os palcos cheios.
Raquel Moz EventosCinema | Curtas portuguesas de animação na Casa Garden Quatro filmes portugueses de animação vão entreter os mais pequenos, este sábado à tarde, no Auditório da Casa Garden. As fitas são para maiores de quatro anos e enquadram-se nas celebrações de “Junho, Mês de Portugal” [dropcap]A[/dropcap] Casa Garden vai exibir a 8 de Junho, sábado à tarde pelas 16h00, uma “Mostra de Cinema para Crianças”, com uma selecção de filmes do New York Portuguese Short Film Festival, organizado pelo Arte Institute e apoiado pela Fundação Oriente. O cartaz apresenta quatro curtas-metragens de animação, numa sessão que terá a duração de uma hora, para maiores de 4 anos de idade. A iniciativa faz parte das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e reúne os filmes portugueses “Quando Os Monstros Se Vão Embora”, de Bernardo Gramaxo (2010) , “O Cágado”, de Pedro Lino (2012), “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012). A escolha é da responsabilidade do Arte Institute, que organiza o NY Portuguese Short Film Festival, “uma janela para mostrar cinema português a todo o mundo”, que se realiza anualmente em Nova Iorque. A primeira edição aconteceu em 2011, com uma mostra simultânea nas capitais norte-americana e portuguesa. O sucesso do evento permitiu aos organizadores, entretanto, levar extensões da mostra a outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres, Luanda ou, agora, Macau, divulgando o trabalho dos jovens realizadores nacionais. Pequenas histórias O primeiro filme é sobre monstros. “Madalena é uma rapariga de seis anos, e como qualquer criança na sua idade, adora desenhar, brincar e meter-se em sarilhos, mas acima de tudo, nunca fazer o que os pais dizem. Contudo Madalena tem o que nem todas as crianças têm, a ajuda dos seus monstros, que a acompanham durante todo o dia”. Um dia recebe más notícias do seu melhor amigo monstro, avisando que a irá deixar quando ela crescer, pois os adultos não necessitam da sua presença. “Madalena fica triste e tudo fará para não crescer, assim evitando a perda dos amigos imaginários”, segundo conta a sinopse. O filme “Quando Os Monstros Se Vão Embora” tem 13 minutos e meio e foi realizado por Bernardo Gramaxo em 2010. Participou em inúmeros festivais nacionais, como o Fantasporto 2010, o Fest-in 2011, o ShortCutz ou o Festróia, entre outros, e fez também carreira em festivais internacionais na Índia, Sérvia, Itália, China, Taiwan, Rússia, Reino Unido, Austrália e Cabo Verde, onde conseguiu o Prémio de Melhor Curta Metragem no Festival de Cinema Internacional do arquipélago em 2012. A segunda fita é “O Cágado”, realizada por Pedro Lino em 2012, uma animação portuguesa inspirada num conto de Almada Negreiros, que em 10 minutos conta “a estranha aventura de um homem muito senhor da sua vontade” que, um dia ao passear pela rua, dá de caras com “um estranho ser nunca antes visto: um cágado.” Depois de o examinar em detalhe, o homem corre a casa para contar a descoberta à família, mas não é fácil convencê-la. Para provar a existência física daquele “estranho animal da zoologia, vai até ao outro lado do mundo, num esforço inútil e sem sentido”, é o que se lê na sinopse. Esta fábula contemporânea estreou em Março de 2012 no Animac, em Espanha, e fez parte do programa do IndieLisboa, em Abril. Foi também um dos primeiros trabalhos resultantes da colaboração de Pedro Lino com outro realizador português em Londres, Luis Matta de Almeida, com quem criou o estúdio na capital britânica, Sparkle Animations. E duas curtinhas Ainda mais curta é a terceira película “O Candeeiro e a Ventoinha”, de Filipe Fonseca (2012), uma animação com apenas 3 minutos. É o tempo suficiente para mostrar como “um candeeiro apaixonado faz tudo para estar perto da sua amada, uma bela ventoinha. Num ambiente de ilustração e animação, este pequeno filme romântico leva-nos a um desfecho hilariante”, promete a sinopse da fita, que participou na secção do IndieJúnior do Festival de Cinema Independente de Lisboa (IndieLisboa) em 2013. Em quarto lugar chega o “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (2012), que em 7 minutos propõe uma visão do que significa crescer. “Um gigante transporta no coração uma menina”, sendo este órgão “uma janela imensa, através da qual a menina descobre e decifra toda a realidade. Um dia ela terá que partir. Com a sacola cheia de sonhos e de esperança, ela criará um novo mundo sobre o legado que os seus pais lhe transmitiram”, explica a sinopse, lembrando que “os filhos traçam as suas próprias rotas, com erros de interpretação, com desvios de perspectiva, mas que são seus e é com eles que têm de viajar”. A proposta está feita. No sábado a entrada é livre e estão todos convidados.
Hoje Macau EventosInéditos de Agustina Bessa-Luís editados “a curto prazo” [dropcap]U[/dropcap]ma antologia de contos inéditos de Agustina Bessa-Luís, que morreu hoje aos 96 anos, e a correspondência entre a escritora e o britânico John Wilcock serão editados “a curto prazo” pela editora Relógio D’Água, que a representa. “A curto prazo haverá a edição de alguns inéditos, a correspondência com [o jornalista e escritor britânico] John Wilcock e alguns contos também”, anunciou hoje, em declarações à Lusa, Francisco Vale, responsável pela atual editora de Agustina Bessa-Luís, a Relógio d’Água. A correspondência “sairá este ano” e “é possível” que o mesmo aconteça com os contos. “Isso não temos ainda a certeza, porque está a ser feita uma recolha, um levantamento. Sabemos que há vários, até bastantes contos inéditos, pelo menos nunca publicados em livro, e outros absolutamente [inéditos], que nem sequer saíram em revistas, e seria uma antologia desses contos que gostaríamos de fazer sair ainda este ano, talvez em outubro”, adiantou Francisco Vale. Embora a escritora estivesse afastada da vida pública e da escrita desde 2006, devido a problemas de saúde, para o editor não é possível deixar de sentir “o seu desaparecimento como uma perda, para a literatura portuguesa e para os leitores de Agustina”. A Relógio d’Água irá, “obviamente, continuar, com tanta ou mais convicção a divulgar a obra” de Agustina Bessa-Luís, “que passa em grande parte pela reedição das obras que estavam já afastadas das livrarias há alguns anos”, além da publicação dos já referidos inéditos, “que a família, nomeadamente a filha Mónica Baldaque [artista plástica e também escritora] considera de particular interesse”. Em 2017, Agustina Bessa-Luís deixou a sua editora de sempre, a Guimarães Editores, fundada em 1899, e que, atualmente, faz parte do grupo editorial Babel. Desde que a obra da escritora passou a ter a chancela da Relógio d’Água, já foram reeditadas “15 [títulos], com prefácios de escritores, que permitem que a obra da Agustina chegue a novas gerações de leitores, que foram desde Gonçalo M. Tavares a António Lobo Antunes, passando por muitos outros, como Bruno Vieira Amaral, João Miguel Fernandes Jorge, António Barreto, António Mega Ferreira, Pedro Mexia, e um original, ‘Deuses de barro’”. De acordo com Francisco Vale, “por ano sairão cerca de seis/sete títulos” e “o próximo romance que irá sair é ‘O Sermão do Fogo’ [editado originalmente em 1962 e reeditado em 1995], um excelente romance que será reeditado ainda em junho”. “A obra dela é muito extensa, muito vasta, muito diversificada em géneros também e, portanto, temos pelo menos, em termos só de reedições, trabalho para dois/três anos mais, pelo menos”, afirmou o editor. Simultaneamente, irá realizar-se “uma série de iniciativas que ajudem a manter viva, e que chegue a novos leitores, a obra de Agustina, como [a ópera] ‘Três mulheres com máscaras de ferro’, congressos, encontros, debates, que temos organizado”. Entretanto, está a ser preparada uma homenagem à escritora na Feira do Livro de Lisboa, que decorre até 16 de Junho, no Parque Eduardo VII. “Em princípio, será no sábado, às 16:30, mas estamos ainda a confirmar as presenças das pessoas nessa homenagem, que será feita de leituras de fragmentos da obra da Agustina e, eventualmente, de alguns dos prefácios que entretanto acompanham a sua obra, que temos reeditado”, partilhou Francisco Vale. Além disso, a Relógio d’Água irá procurar “expor o melhor possível” a obra de Agustina Bessa-Luís, nos pavilhões da editora, na Feira do Livro. O nome de Agustina Bessa-Luís, que nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz. Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço disse, em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do prémio com o seu nome, que é uma autora “incomparável”, a “grande senhora das letras portuguesas”. Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá hoje, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família”, revelou hoje o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo declarou um dia de luto nacional, na terça-feira, pela morte da escritora.
Hoje Macau EventosAsiáticos descendentes de portugueses juntam-se em Malaca “para redescobrir as raízes culturais” [dropcap]A[/dropcap] comunidade asiática descendente de portugueses de todo o continente junta-se em Malaca no final de Junho “para redescobrir as raízes culturais” que partilham e que herdaram durante a época dos descobrimentos, disse à lusa o organizador. “O principal objectivo deste encontro é redescobrir as nossas raízes culturais que partilhamos em comum e que todos herdámos de Portugal”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca e organizador da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, Joseph Santa Maria. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, assim como professores e especialistas da Indonésia, Singapura, Malásia, Timor-Leste, Austrália e Tailândia, têm previsto marcar presença entre os dias 28 e 29 de Junho na cidade conquistada pelos portugueses em 1511, na época no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Todos os participantes partilham um passado em comum: “orgulhosamente exibimos a nossa cultura e tradições respectivas que abraçamos firmemente”, contou Joseph Santa Maria. “Nós também podemos afirmar orgulhosamente que somos uma comunidade na Ásia, uma comunidade de descendentes de portugueses”, que começou nos séculos XV e XVI sublinhou. Para o organizador, a responsabilidade da protecção da herança luso-asiática tem de passar pelos próprios. “Não podemos esperar que Portugal proteja a nossa bela herança, devemos proteger-nos para sobreviver”, frisou. Portugal, disse, “só tem uma responsabilidade moral no que diz respeito à sua política, que é os Século XV e XVI, nos anos da ‘grande descoberta”. Por outro lado, Joseph Santa Maria espera que os “promotores da herança portuguesa”, não se esqueçam “do solo asiático”. “Somos cidadãos orgulhosos dos nossos respectivos países, mas também nos orgulhamos do nosso início e da cultura e tradições que todos nós herdámos principalmente de Portugal”, sendo esse precisamente o “objectivo principal”, da segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, vincou. Por fim, Joseph Santa Maria afirmou desejar que este encontro se possa realizar mais vezes, uma forma de proteger o património com a “pequena voz” das minorias daqueles que têm e que representam a herança portuguesa na Ásia.
Hoje Macau EventosCrioulo de matriz portuguesa cantado todos os sábados em Malaca [dropcap]N[/dropcap]uma casa no bairro português de Malaca, cerca de 20 crianças cantam, todos os sábados, músicas no crioulo de matriz portuguesa Kristang, para impedir que esta língua com mais de 500 anos morra, disse à Lusa a professora. Sara Frederica Santa Maria conta que foi a vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” que fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa todos os sábados, das 16:00 às 18:00. “O que me inspirou a ensinar Kristang foi o meu pai. Ele fez uma pesquisa sobre o idioma no final dos anos 1980 e, antes de falecer em Dezembro de 2008, disse-me que pretendia começar uma aula aqui na minha casa”, contou à Lusa a professora de 50 anos. “Ele deveria começar as suas aulas em Janeiro de 2009, mas infelizmente, faleceu em Dezembro de 2008, com um ataque cardíaco”, descreveu. Sara Frederica Santa Maria admitiu ter demorado algum tempo até decidir, em 2012, seguir o sonho que o pai nunca concretizou. “O meu pai preparou os tópicos do programa de estudos. Eu estava a ler o seu trabalho após a sua morte e decidi continuar o que ele havia deixado para trás”, explicou. “Assim como o meu pai, também tenho medo de perder a língua, [mas…] com estas aulas semanais, consigo manter o idioma”, disse. Neste momento, lecciona cerca de 20 estudantes, dos quatro aos 14 anos e para além das músicas, ensina danças tradicionais portuguesas a estes jovens e também algumas receitas de bolos portugueses. O Kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca em 1511, uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias. Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia em 1957. Esta linguagem, ameaçada de extinção, emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa. A organização calcula que metade das 6.000 línguas faladas no mundo desaparecerão até 2100. Este crioulo é ainda falado em algumas áreas de Malaca, como em Ujong Pasir, um dos lugares onde os descendentes de colonos portugueses na Ásia se instalaram. “As pessoas do bairro português [onde eu moro] têm muito orgulho da sua língua, cultura e tradições”, sublinhou Sara Frederica Santa Maria. “Enquanto o Governo de Malaca nos permitir ficar aqui como uma comunidade, a nossa cultura e tradições linguísticas viverão”, concluiu. Nos dias 28 e 29 de Junho vai ser realizada, em Malaca, a segunda edição da Conferência da Comunidade Luso-Asiática, organizada por Joseph Santa Maria, representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, pela Associação AMI, pela associação cultural Coração em Malaca e pela organização não-governamental NGD, com o objectivo de fortalecer os laços culturais que unem a comunidade a Portugal. “Tem sido uma paixão e persistência divulgar e promover a comunidade do bairro, a sua cultura de origem portuguesa, secular e presente como um valioso património a conservar”, disse à Lusa a presidente da Coração em Malaca, Luísa Timóteo.
Hoje Macau EventosÓbito | Biógrafa de Agustina sublinha “obra extraordinária que não morre hoje” [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Rio-Novo, autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a “obra extraordinária” da autora “não morre hoje” e “continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos”. Agustina Bessa-Luís morreu ontem no Porto aos 96 anos. “Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje”, disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa. A escritora, que publicou em Janeiro a biografia “O Poço e a Estrada”, sobre Agustina Bessa-Luís, recorda “uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial”. Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projectos de investigação, e recordou “toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante”. A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou ontem o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. Em comunicado, a direcção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10:30 de terça-feira. Às 16:00 “serão celebradas exéquias solenes”, presididas pelo bispo do Porto. “Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família”, refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís. O Governo decretou para terça-feira um dia de luto nacional pela morte da escritora. Percurso de ouro Agustina Bessa-Luís nasceu em 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas. O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, duas de muitas distinções que recebeu ao longo da vida. Em 1983 recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os Meninos de Ouro”, um galardão que voltou a receber em 2001, com “O Princípio da Incerteza I – Joia de Família”. A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e ao grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988. Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.
Raquel Moz EventosRAEM, 20 anos | ‘Um Olhar Sobre Macau” apresenta obras de 27 fotógrafos [dropcap]A[/dropcap] exposição de fotografia “RAEM, 20 Anos – Um Olhar Sobre Macau” é hoje inaugurada, às 18h30, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A mostra reúne o trabalho de 27 fotógrafos profissionais e amadores – entre portugueses e macaenses, mas contando também com uma brasileira –, sobre o território após a transferência de soberania. “A primeira abordagem começou por ser um projecto pensado para 20 fotógrafos, 20 imagens, 20 anos, mas depois, obviamente, mais fotógrafos demonstraram interesse em participar, tanto amadores como profissionais”, comentou o coordenador da exposição, Gonçalo Lobo Pinheiro, que achou por bem integrar na iniciativa todos os participantes interessados. O resultado final “ficou em 27 fotógrafos e 27 imagens, e é isso que nós vamos ver amanhã [hoje]. São fotografias que têm um espaço temporal de 20 anos, quase literalmente, porque temos fotos do dia 20 de Dezembro de 1999, só não temos fotos do dia 3 de Junho de 2019…”, acrescentou. Portanto, “é um leque vasto de fotografias, imagens com bastante qualidade, trabalhos muito interessantes, que acho que as pessoas vão gostar de ver”, referiu ainda. Atrás da objectiva Participam nesta mostra, além de Gonçalo Lobo Pinheiro, coordenador e fotógrafo, também André Branco, António Leong, António Mil-Homens, António Monteiro, Carlos Dias, Carlos Gonçalves, Carmo Correia, Catarina Domingues, Edite Ribeiro, Eduardo Leal, Eduardo Martins, Fátima Cameira, Francisco Ricarte, Hugo Pinto, João Miguel Barros, João Monteiro, Maria José Freitas, Miguel Valle de Figueiredo, Nuno Assis, Paulo Cabral Taipa, Pedro Reis, Renato Marques, Rogério Luz, Rui Palma, Sara Augusto e Sofia Mota. A organização do evento, que vai estar patente ao público durante um mês, entre os dias 4 de Junho e 5 de Julho, de segunda a sexta das 9h às 17h, é da responsabilidade da Casa de Portugal, no âmbito das comemorações de “Junho, Mês de Portugal” e também das iniciativas integradas no “Arte Macau” da RAEM. A exposição deverá seguir mais tarde para Portugal, onde irá participar durante o Verão num festival de fotografia, na cidade do Porto.
Raquel Moz EventosExposição | “Sunless Asteroid AO22” de Sun Xiaoyu amanhã no Armazém do Boi Fazer uma viagem futurista a um asteróide imaginário, que um dia teve o nome de Macau, é a proposta da artista multimédia chinesa que se apresenta amanhã no Armazém do Boi [dropcap]A[/dropcap] viagem começa com uma simbólica cerimónia de desmagnetização da identidade, antes da partida marcada para um mundo alternativo, onde a reflexão sobre o futuro é uma metáfora cosmológica da visão da terra. A exposição “Sunless Asteroid AO22”, da jovem artista de multimédia chinesa Sun Xiaoyu, ocupa a partir de amanhã, 5 de Junho, o espaço do Armazém do Boi, que pretende ser o portal de passagem para esse outro lugar. Equipada com nove ecrãs, que serão janelas para olhar o universo, a galeria vai projectar o mais recente trabalho videográfico de Sun Xiaoyu, intitulado “No Destinations”, resultante da residência artística de um mês que a trouxe ao território, em Maio passado. As imagens então recolhidas, e agora expostas, gravitam à volta do título “Asteróide sem Sol”, nome de código AO22, uma espécie de planetóide imaginário outrora chamado Macau (AoMen, 1998). “Após o colapso do sistema solar, o asteróide perdeu a sua estrela e tem andado à deriva pelo universo. Em AO22 não existe dia nem noite, a areia preta semi-fluida contém solo e água. Não se dorme e as nuvens baixas, compostas de mercúrio, estão carregadas com altos níveis de oxigénio. Na linha do horizonte, amarelo-brilhante, podem ver-se camadas de miragens paradisíacas, construídas por colonos humanos neste asteróide morto. Depois de muita fusão de histórias de colonos e imigrantes, foi imposta uma ‘lei de isolamento’: apenas é permitida a existência a pessoas sem identidade”, é o repto da exposição. Eis o ponto de partida para a viagem, onde os espectadores são convidados a forjar uma não-identidade, para entrarem de uma forma clandestina no AO22. “Durante gerações, lendas misteriosas sobre o AO22 espalharam-se por todos os quadrantes, relatando como incontáveis criaturas tentaram viajar até lá e nunca regressaram”, afirma o manifesto da artista. Novo mundo Sun Xiaoyu é uma artista de vídeo que se graduou em 2017, na Escola de Artes Intermediáticas da Academia de Artes Chinesa, com um mestrado em Narrativa da Imagem Espacial. Actualmente vive entre as cidades de Hangzhou e Xangai, e trabalha em fotografia artística para instalação de painéis de vídeo, criando narrativas de linguagem visual que reflectem o pensamento actual, através do ritmo entre a imagem e o espaço expositivo. “O seu trabalho é construir um novíssimo mundo da imagem, recorrendo a metáforas surreais e rompendo com a linguagem intrínseca à própria construção. Explora também a percepção e a lógica interna da narrativa, através da imagem, sobre a realidade presente e o espaço futuro”, pode ler-se no comunicado de imprensa. Apesar da curta carreira, Sun Xiaoyu participou já em diversas mostras nacionais – no Western Art Museum de Xi’an, no New Media Art Festival em Chongqing, no CAA Art Museum em Hangzhou, no Times Art Museum de Pequim, e recentemente no Wuhan Art Museum – e internacionais – no San Francisco Art Institute, EUA, no Brüder Grimm-Museum em Kessel, Alemanha, e na Saatchi Gallery de Londres, Reino Unido. O projecto de “Sunless Asteroid AO22”, organizado pelo Armazém do Boi (Ox Wharehouse), foi desenvolvido pela curadora Lin Canwen, mestre de Arte Contemporânea no Instituto de Investigação de Ideologia Social da Academia de Artes Chinesa. A mostra estará patente na Rua do Volong, entre 5 de Junho e 4 de Agosto, todos os dias das 12h às 19h, encerrando à segunda-feira. A entrada é gratuita.
Hoje Macau EventosPortugal exibe selecção de documentos da colecção “Chapas Sínicas” em Pequim [dropcap]U[/dropcap]ma exposição com uma centena de documentos seleccionados da colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), vai ser inaugurada a 10 de Junho, em Pequim, na China. De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a iniciativa, conjunta com o Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, está inserida nos 40 anos de relações diplomáticas estabelecidas entre Portugal e a China. Também se enquadra no 20.º aniversário da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China, com celebrações ao longo de 2019. A exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” será integrada no Festival de Cultura de Portugal na China, e apresentada no Museu Nacional de Livros Clássicos, em Pequim. Aberta ao público de 11 de Junho a 26 de Julho, a mostra apresentará uma selecção de mais de cem documentos, escolhidos de entre os cerca de mais de 3.600 que constituem a colecção “Chapas Sínicas” – Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886). De acordo com a DGLAB, os registos desta correspondência “reflectem as condições da sociedade, a vida das pessoas, as interacções político-administrativas, a gestão urbanística, a administração da justiça e tributária, e outros assuntos de natureza religiosa e comercial que ocorreram em Macau durante a dinastia Qing”. A colecção “Chapas Sínicas” foi alvo de uma candidatura conjunta do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal e do Arquivo Histórico da Região Administrativa Especial de Macau, e encontra-se, desde 30 de Outubro de 2017, inscrita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) no Registo da Memória do Mundo. Primeiramente exposta no dia 6 de Julho de 2018 no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, no âmbito da edição inaugural do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a exposição “suscitou enorme interesse e afluência de público”, recorda a DGLAB. Após Pequim, será exposta em Portugal, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Outubro de 2019. A cerimónia de inauguração contará com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e terá lugar no dia 10 de Junho, pelas 15h00 horas.
Hoje Macau EventosTrês escritores portugueses participam no II Fórum Literário China-Portugal [dropcap]O[/dropcap]s escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto vão participar no II Fórum Literário China-Portugal, que vai decorrer em Pequim a 12 de Junho. Segundo comunicado da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o evento vai decorrer no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa e vai contar com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, além da presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o segundo evento vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong. José Luís Peixoto já tinha participado na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. De acordo com o comunicado, o ponto alto será o painel subordinado ao tema “Visão e Imaginação”, marcado para a tarde. Para a manhã, está marcada “uma apresentação sobre a literatura chinesa e portuguesa e a sua internacionalização”, com a directora de serviços do Livro da DGLAB, Maria Carlos Loureiro, e Qiu Huadong. A medida insere-se no Festival de Cultura Portuguesa na China, promovido por Portugal no âmbito da celebração dos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da passagem da soberania de Macau para a República Popular da China. “Este fórum acontece no âmbito do memorando de entendimento entre a República portuguesa e a China no domínio do livro e da literatura, assinado em 2015”, explica a DGLAB, no qual reforça a parceria entre Associação Chinesa de Escritores e este organismo.
Hoje Macau Eventos“Junho, Mês de Portugal” com teatro infantil e marionetas [dropcap]O[/dropcap]s mais pequenos estão todos convidados para celebrar amanhã, 1 de Junho, o Dia Mundial das Crianças. Há espectáculos de marionetas e teatro, no âmbito do programa das festividades de “Junho, Mês de Portugal”, organizadas pela Casa de Portugal e pelo IPOR. “A Magia do Circo” é uma história de marionetas, com doze personagens principais, e mais alguns amigos, que vão ganhar vida nas mãos da artista Elisa Vilaça. São figuras que habitam o mágico mundo circense, com palhaços, malabaristas, e outros convidados, que podem ser vistos por crianças a partir dos 6 meses em diante. O espectáculo tem duas sessões no Conservatório de Macau, às 11h30 e às 15h00, e os bilhetes gratuitos podem ser levantados na Casa de Portugal. Pelas 17h30, é a vez da peça “O Nabo Gigante” subir ao palco do Auditório da Casa Garden, um espectáculo de teatro oara a infância adaptado do conto tradicional russo, com o mesmo nome, recolhido por Alexis Tolstoi no séc. XIX. A história relata as inquietações de um casal idoso, que encontra na sua quinta um nabo que não pára de crescer. O conto popular tem ingredientes divertidos e é adequado a crianças a partir dos 5 anos de idade. Trazido pela companhia ATE – Associação de Teatro Educação, a peça será contada pelos artistas Alexandre Sá e Rita Burmester, com organização do Instituto Português do Oriente.