TIMC | Wu Tiao Ren destacam entusiasmo do público português 

Terminou ontem a primeira digressão em Portugal da banda chinesa Wu Tiao Ren, promovida pelo festival This is My City. O HM conversou com Neon, membro da banda, depois do concerto no espaço MusicBox, em Lisboa. Este falou da parceria com músicos de Leiria e da liberdade que há em Portugal para desfrutar dos concertos ao vivo

 
[dropcap]S[/dropcap]exta-feira à noite, MusicBox. Quatro rapazes chineses enchem o espaço deste pequeno clube nocturno situado na zona do Cais do Sodré e põem uma pequena plateia a dançar com as suas sonoridades contemporâneas e, ao mesmo tempo, tradicionais. O acordeão faz-se ouvir ao lado do baixo, numa mistura perfeita de folk e rock.
Foi assim o concerto dos Wu Tiao Ren em Lisboa, parte integrante de uma digressão promovida pelo festival This is My City (TIMC) que começou no Porto, chegou a Leiria e a Coimbra, e terminou na pequena cidade de Montemor-o-Novo, perto de Évora, no espaço Oficinas do Convento.
Neon, membro dos Wu Tiao Ren, conversou com o HM depois do concerto no MusicBox, tendo feito um balanço positivo da primeira digressão que realizaram em Portugal, uma vez que houve espaço para a criação de novas músicas com artistas portugueses. Surma, nome artístico de Débora Umbelino, natural de Leiria e uma das novas vozes da música portuguesa, foi uma delas. Esta parceria partiu de uma residência artística promovida pela editora Omnichord Records.
“Surma foi maravilhosa, mas apenas trabalhámos com ela em estúdio. Queríamos que ela se juntasse a nós aqui em Lisboa, mas não tinha disponibilidade. Trabalhamos muito bem em estúdio, fizemos boas canções, muito à base da improvisação”, contou.
Neon destaca também a presença no Salão Brasil, em Coimbra, e do entusiasmo que sentiu no público português. “Esta digressão foi muito boa para nós. Foi a primeira vez que estivemos em Portugal e as pessoas são muito simpáticas. No concerto de Coimbra, foi engraçado ver que, no público, não havia apenas pessoas jovens, sentia-se um ambiente muito rock and roll, muito cool. O público parecia muito entusiasta, e aqui no Music Box também.”
Questionado sobre as eventuais diferenças entre o público português e o chinês, Neon destacou a vivacidade com que se desfruta da experiência de ouvir música ao vivo. “As pessoas, nos concertos, desfrutam verdadeiramente da música. É uma grande diferença em relação à China. Porque na China ainda estamos no início. Aqui em Portugal há mais liberdade para isso”, confessou.

Olhar o Ocidente

Os Wu Tiao Ren falam de amor, contam histórias da sua cidade natal, situada na província de Cantão, mas também dão voz ao impacto da globalização na China e de como isso mudou quase tudo. A mistura de sonoridades aconteceu quase por acaso.
“Uma das coisas engraçadas da nossa banda é que começámos há 11 anos e no início eramos apenas duas pessoas. Depois de terminarmos o primeiro álbum, juntou-se o baixista, que tinha outra banda, mais ligada ao punk, ao rock and roll. Eu estudei jazz. Quando nos juntamos fazemos coisas muito diferentes… a nossa música é folk, mas misturada com jazz e algum rock and roll. É diferente.”
Depois de uma experiência em São Paulo, também pela mão do TIMC, Neon confessa que os Wu Tiao Ren gostariam de passar por outros países, como o Reino Unido, Alemanha, EUA ou Japão. “Ainda estamos à espera de uma oportunidade”, frisou.
Além da experiência musical, os Wu Tiao Ren levam também de Portugal uma intensa experiência gastronómica. “Gostamos muito da comida portuguesa, é maravilhosa. Adoro queijo e Portugal tem o melhor queijo do mundo, tal como o marisco. A nossa cidade na China é junto ao mar, mas aqui é diferente”, apontou Neon.

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