Nova associação pretende promover “compreensão e amizade” entre Portugal e China

[dropcap]A[/dropcap] Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, apresentada hoje, pretende “promover a compreensão e a amizade” entre Portugal e China, que, em 2019, assinalam 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas.

A presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, Wang Suoying, ressalvou a importância da associação para “divulgar em Portugal a língua e a cultura chinesas” e sublinhou que os dois países, com uma ligação secular, “estão unidos por uma faixa, por uma rota”, em alusão à Nova Rota da Seda.

O atual traçado oficial das novas rotas da seda é um movimento de globalização de Pequim e contempla múltiplas oportunidades no comércio para Portugal, através da sua vocação europeia e atlântica.

“A associação tem o objetivo de criar, promover e desenvolver atividades de caráter cultural, desportivo, recreativo e social que contribuam para dignificar o prestígio e a divulgação da cultura e língua chinesas”, referiu Suoying, no Centro de Intercâmbio Cultural Molihua, em Lisboa.

A dirigente, que assinalou também a importância de a associação estabelecer colaboração para as comemorações em 2019 dos 20 anos da transferência de administração de Macau para a China, vincou que a nova organização pretende, também, promover “todas as formas de intercâmbio cultural, social, educacional e formativo e de solidariedade social entre Portugal e China”.

Depois da cerimónia de apresentação da associação, antecedida pelo recital de “Guzheng”, pela jovem de 10 anos Humag Lirong, foi lançado o livro “Obras Corais em Mandarim”, de Carlos Santos Silva, e assistiu-se à atuação do Coro Molihua.

7 Nov 2018

João Morais, músico | O Gajo da viola actua hoje no LMA

O palco do LMA recebe hoje João Morais, músico com raízes fundas em terras de punk e metal que se transformou em O Gajo depois de descobrir a viola campaniça. Os primeiros acordes começam a soar na Coronel Mesquita a partir das 22h

 

Desde os anos 80 até 2016 esteve ligado ao rock e ao punk. Como se deu esta passagem para a viola campaniça?

Além do rock, sempre ouvi muitos géneros diferentes de música. Sempre fui muito eclético nas minhas escolhas musicais. Mais recentemente, comecei a explorar a chamada música do mundo e a procurar mais informação. Sempre gostei da identidade geográfica dos projectos, ou seja procurar música pela sua identidade geográfica, seja música do Mali, seja música da Índia ou do que for. A curiosidade perante cada um destes projectos vinha precisamente do facto de terem uma identidade própria, que muitas vezes estava associada aos instrumentos usados. Apesar de tocar rock, sempre pensei que também gostaria que a minha música pudesse ter esta identidade ligada ao local e que a distinguisse do que se faz no resto do mundo. A melhor maneira seria, obviamente, pegar num instrumento tradicional português. Claro que se continuasse a tocar rock nesta linha tinha, se calhar, que transformar um pouco o instrumento que escolhesse. Mas, aí iria fugir à tal identidade e iria trabalhar numa identidade um bocado processada. Por isso, decidi também mudar o estilo de música que fazia. Lá está, como ouvia muita coisa diferente não foi difícil, até porque não gosto mais de rock do que gosto daquilo que estou a fazer agora. O rock sempre me influenciou mais porque desde criança que o ouço, por isso está mais enraizado. Mas já não se identifica tanto com a minha realidade actual. A viola campaniça vai muito mais ao encontro daquilo que pretendia fazer e tinha, claro, a tal identidade geográfica que eu pretendia.

Há vários instrumentos tradicionais em Portugal. Porquê este?

Comecei com uma guitarra portuguesa de Lisboa e aprendi a tocar uns fados. A guitarra portuguesa tem uma técnica muito interessante, mas muito peculiar que não quis desconstruir. Então, procurei outra solução. Essa procura demorou cerca de um ano. Nesse período, fui dar um concerto com a banda de rock que tinha em Beja e cruzei-me com um tocador de viola campaniça, o Paulo Colaço. Fiquei fascinado com aquele instrumento que achei muito bonito, com bom som e que ia ao encontro da tal procura que estava a fazer. Consegui uma viola através de um amigo em Odemira e, a partir daí, fechei-me numa sala de ensaios e fiz a tal adaptação da viola às composições em que já estava a trabalhar.

Como está a correr a carreira de O Gajo?

Não me posso queixar. Tendo em conta todo o meu passado, acho que este ano foi um ano de revolução em termos de aceitação do meu trabalho. A música que fazia estava circunscrita a um nicho e é óbvio que não era uma coisa que tivesse muita possibilidade de se expandir, por exemplo, para fora do país. O rock é uma coisa demasiado abrangente e cantado em português tem ainda menos possibilidade de ter qualquer tipo de chamada de atenção fora do país. Mesmo em Portugal, e como era uma música relativamente pesada, era um nicho. Portanto, não saía de um círculo muito circunscrito. Ao pegar num instrumento como a viola campaniça, foi radical a mudança de espectro de público que consegui alcançar. Não perdi as pessoas que me seguiam anteriormente, até porque, de alguma forma, uma boa parte delas continua a seguir o meu trabalho e ganhei muito público novo que se interessou pela sonoridade do instrumento. Ainda por cima, é uma sonoridade mais contemporânea, não tão agarrada à linguagem tradicional habitual neste instrumento. O disco acabou por ser uma novidade.

O disco “Longe do chão” parece ter também uma sonoridade muito universal, com momentos que lembra a música árabe, outras vezes o fado.

Sendo uma viola alentejana essa aproximação a uma sonoridade árabe faz sentido. É um instrumento do sul da Europa e é natural que faça lembrar alguma coisa também mais mediterrânica. Não sei porque toco as coisas como toco. Não uso nenhuma escala específica para ir procurar esta sonoridade, mas acho que o som da viola também puxa a associação à música mais árabe. Se tivesse uma viola tradicional de caixa possivelmente as composições seriam um bocadinho diferentes. Não querendo aqui igualar-me ao Carlos Paredes, há quem diga que tenho apontamentos que fazem lembrar as composições desse músico. Como é uma grande referência minha podem perfeitamente existir ali uns traçadinhos de guitarra portuguesa. O fado também poderá estar ali presente, de facto, embora numa percentagem mais pequena. As influências de rock também.

Quais são as suas influências?

O Carlos Paredes já é uma referência que vem de trás. Quando aprendi a tocar guitarra portuguesa foram as músicas dele que me ensinaram. Lembro-me que um dos “cliques” para esta ideia de tentar relacionar a minha música com a geografia de onde sou tem que ver com um concerto que vi da Anoushka Shankar e que saí de lá a pensar que era aquilo que gostava de fazer, sem ser com a cítara, obviamente. Diria que ela também foi uma grande influência. Depois há projectos como o dos americanos Wovenhand em que o vocalista usa um instrumento característico que acho que dá uma certa magia e uma cama perfeita para as histórias que canta.

Disse numa entrevista ao Público que esta nova etapa será talvez a sua fase da vida mais punk. Pode explicar?

Isto do punk é uma coisa muito relativa. Não ando a dizer que sou punk. Sempre tive uma banda que toda a gente identificava como sendo uma banda de punk apesar de muitas vezes nem concordar porque achava que era mais rock, sendo que o rock tem uma série de gavetas. Penso que quando se fala aqui de punk fala-se de atitude e no facto de fazer as coisas por mim e da forma mais independente possível. Isto também acontecia por haver falta de interesse das editoras. Aquela banda, os Gazua, de certa forma tinha que caminhar por ela própria. Sempre identifiquei a filosofia do punk com o facto de se tentar libertar da indústria musical que obviamente é mais repressiva em relação à criatividade individual. Na banda tínhamos a nossa liberdade musical mas, inevitavelmente, o rock faz-se de fórmulas e era difícil fazer coisas completamente novas, até porque temos as nossas referências e eu não sou nenhum inventor da pólvora. Quando comecei este projecto a solo, como O Gajo, senti que a viola me poderia transportar quase por caminhos por onde eu nunca tinha andado e que podia desconstruir as várias fórmulas. É nesta liberdade que está o punk. Assim, neste projecto sinto que esta atitude foi encontrada porque estou mais livre. O punk não tem que ver com uma imagem visual, tem que ver com o facto de conseguir ter alguma liberdade criativa.

Esteve na abertura de “O salão de Outono” a apresentar o novo trabalho “O Navio dos Loucos”. O que se pode esperar deste projecto?

O disco sai em Janeiro, mas ainda não está gravado. É um disco que é feito com a participação de convidados e com o uso da palavra. Eu e o José Anjos cruzámo-nos há pouco tempo e foi ele que me desafiou a ter uma aventura com as palavras. Ele tem a sua poesia que eu, entretanto, fui conhecendo e, não só gosto muito, como acho que o casamento com a viola campaniça é simplesmente genial. Por outro lado, esta junção aconteceu de forma muito espontânea. Temos trabalhado neste projecto, viemos aqui com ele e, possivelmente, pode vir a trazer muitas surpresas visto que a ideia é que não seja um projecto fechado.

Está pela primeira vez em Macau. Que impressões leva daqui?

Está a ser uma experiência espetacular, até porque não conhecia nada de Macau. Ainda não consegui ter muito bem a noção da comunidade que, se calhar, mais facilmente se irá interessar pelo meu projecto. Entretanto, também estou curioso com o que vai acontecer no concerto desta noite em que as pessoa são convidadas a participar e a improvisar. Aliás, a ideia é essa mesmo. Entretanto, dá para perceber que Macau é um sítio pequeno e que o jogo tem um peso enorme o que não é uma coisa que ache que seja muito benéfica para o desenvolvimento da cultura. As pessoas que tenho visto também não me parecem ser muito ligadas à cultura o que me leva a pensar que Macau tem espaço para crescer nesse sentido, mas o jogo parece ser o denominador comum a todo o território.

7 Nov 2018

Mia Couto lança hoje “A água e a águia” em Maputo

[dropcap]O[/dropcap] escritor moçambicano Mia Couto lança hoje, em Maputo, a obra “A água e a águia”, um conto infantil ilustrado pela artista canadiana Danuta Wojciechowska, indica um comunicado distribuído à imprensa.

“A água e a águia é um livro infantil sobre as grandes águias que sobrevoam a terra. Projeta-se no texto, a metáfora da construção do rio feita pela águia”, descreve o comunicado. A obra será lançada no espaço cultural da Fundação Leite Couto, criada em memória do pai de Mia Couto.

“O texto de Mia Couto, em cumplicidade com as ilustrações de Danuta Wojciechowska, faz desta obra um espaço singular para refletir poeticamente sobre a água, temática que tem sido recorrente no seu trabalho”,acrescenta.

Mia Couto, nascido em Moçambique em 1955, tem publicada obra em poesia, conto, crónica e romance. Prémio Camões em 2013, Mia Couto é autor, entre outros, de “Jerusalém”, “O Último Voo do Flamingo”, “Vozes Anoitecidas”, “Estórias Abensonhadas”, “Terra Sonâmbula”, “A Varanda do Frangipani” e “A Confissão da Leoa”.

Para os mais novos escreveu ainda “A Chuva Pasmada” ou “O Outro Pé da Sereia”. Danuta Wojciechowska, canadiana há muito radicada em Portugal, é autora e ilustradora de livros para a infância, quase todos com uma temática fortemente ligada à natureza, mas o trabalho visual estende-se também ao design gráfico.

Prémio Nacional de Ilustração 2003 e candidata ao Prémio Hans Christian Andersen, Danuta Wojciechowska já ilustrou obras de Ondjaki, José Eduardo Agualusa, Álvaro Magalhães, Alice Vieira, Lídia Jorge ou Luísa Ducla Soares.

7 Nov 2018

Criador da ‘web’ defende contrato para tornar internet “num sítio melhor”

[dropcap]O[/dropcap] criador da internet, Tim Berners-Lee, defendeu em Lisboa, na Websummit, a criação de “um contrato” entre utilizadores, empresas e governos de todo o mundo para “tornar a ‘web’ num sítio melhor”, reduzindo desigualdades e melhorando questões como a privacidade.

“Temos de criar um contrato para a ‘web’. […] E esse deve ser um contrato com vários princípios para as pessoas se juntarem. Por isso, estou a pedir a vossa ajuda, seja através da vossa empresa ou por vocês próprios”, disse o responsável.

Falando na cimeira de tecnologia Web Summit que decorre até quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, Tim Berners-Lee vincou: “Somos todos responsáveis por tornar a web num sítio melhor”.

“Proponho-vos que façam parte disto. Nós conseguimo-lo fazer juntos”, acrescentou, alargando o pedido ainda a “governos de todo o mundo”, que devem ser “sensibilizados”.

Tim Berners-Lee assinalou que, em 1989, quando criou a ‘web’ queria que esta fosse uma rede de livre acesso e que servisse a humanidade.

“E quando ninguém esperava, a ‘web’ criou coisas incríveis”, observou.

Porém, a seu ver, “sugiram algumas preocupações”, nomeadamente em questões como a privacidade e a segurança ‘online’, o que assinalou mostrando imagens referentes a perfis falsos em redes sociais e a manipulação na internet.

“Devemos proteger-nos”, notou Tim Berners-Lee.

Outro desafio é como possibilitar o acesso à internet a todas as pessoas, já que, de momento, apenas “uma metade” do mundo consegue ter.

É nesse contexto que o criador defende este “contrato”, que tem como mote “Pela Web” (ou como ‘hashtag’ #fortheweb), visando criar valores de equidade e de segurança para todos os utilizadores da internet.

“Precisamos ter a certeza de que as pessoas que estão ligadas à ‘web’ podem criar o mundo que desejam e usá-lo para corrigir os problemas que existem”, adiantou, defendendo que a internet seja “mais pacífica e mais construtiva”.

Para esta edição, a terceira em Lisboa, a organização já prometeu “a maior e a melhor” de sempre, com novidades no programa e o alargamento do espaço, sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros.

Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL.

No ano passado, o evento reuniu na capital portuguesa cerca de 60 mil pessoas de 170 países, das quais 1.200 oradores, duas mil ‘startups’, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

6 Nov 2018

Mariza é a vencedora do Prémio Luso-Espanhol Arte e Cultura 2018

[dropcap]A[/dropcap] fadista portuguesa Mariza é a vencedora do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2018, pelo “seu trabalho a favor do fomento das relações entre Portugal e Espanha”, anunciou hoje o ministério da Cultura de Portugal.

O júri do prémio, reunido ontem, no ministério da Cultura e Desporto de Espanha, em Madrid, “decidiu atribuir, por unanimidade, o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2018 à cantora portuguesa Mariza”, lê-se num comunicado hoje divulgado pelo ministério português da Cultura, no qual é referido que a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, “já felicitou Mariza por esta distinção”.

O prémio, atribuído pelos governos de Portugal e de Espanha, no valor de 75 mil euros, reconhece a obra de um criador no âmbito da arte e da cultura, que fomente a comunicação e cooperação cultural entre os dois países.

O júri, lê-se no comunicado, considerou que o trabalho de Mariza “a favor do fomento das relações entre Portugal e Espanha é visível na sua participação no filme ‘Fados’, do realizador espanhol Carlos Saura, nos numerosos concertos que, desde 2008, dá em vários locais de Espanha, assim como nos duos que interpreta com reconhecidos cantores como Miguel Poveda, Tito Paris, Concha Buika ou Sergio Dalma, uma fusão bem-sucedida de ritmos que contribuem para derrubar fronteiras e aproximar públicos”.

Este ano, o júri do prémio foi constituído pelos portugueses João Fernandes (subdiretor do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía), Pedro Serra (professor do Departamento de Filologia Moderna da Universidade de Salamanca) e João Luís Carrilho da Graça (arquiteto) e pelos espanhóis Ana Santos (diretora da Biblioteca Nacional da Espanha), Juan Cruz (jornalista e escritor) e Adriana Moscoso (diretora-geral das Indústrias Culturais e de Cooperação de Espanha).

O Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, de caráter bienal, foi criado em 2006 pelos governos de Portugal e Espanha para reconhecer o trabalho de um autor ou entidade que “tenha contribuído significativamente para o reforço dos laços entre os dois Estados e para um maior conhecimento recíproco da criação ou do pensamento”.

Nas edições anteriores foram distinguidos, a jornalista Pilar del Río, o escritor e tradutor José Bento, o professor Perfecto Cuadrado, o arquiteto Álvaro Siza, o realizador Carlos Saura e a escritora Lídia Jorge.

Marisa dos Reis Nunes (Mariza) nasceu em Maputo, em 1973. Em 2001, editou o álbum de estreia, “Fado em Mim”, no qual gravou temas de Tiago Machado e Jorge Fernando, e resgatou do repertório fadista “Loucura”, “Maria Lisboa” e “Há Festa na Mouraria”, entre outros.

Em maio editou “Mariza”, com temas compostos, entre outros, por Jorge Fernando, Mário Pacheco, Matias Damásio e Carolina Deslandes, e que está nomeado este ano para os Prémios Grammy Latinos, na categoria de ‘Best Portuguese Language Roots Album’.

A fadista já esteve várias vezes indicada para os Grammy Latinos, nomeadamente com os álbuns “Mundo” (2015), “Terra” (2008) e “Concerto em Lisboa” (2006). No ano passado, em novembro, foi nomeada Mestre da Música Mediterrânica, pela Universidade de Berklee, em Boston, nos Estados Unidos. Actualmente, Mariza está a realizar uma digressão europeia, que começou em setembro na Polónia.

6 Nov 2018

MAM acolhe “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin”

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) tem patente uma nova exposição aberta ao público intitulada “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin”. Citado por um comunicado do Instituto Cultural (IC), o director do MAM, Chan Kai Chon, explica que as obras deste artista chinês se focam “na exploração experimental da apresentação performativa da arte multimédia no processo de criação e, ao mesmo tempo, na prática artística, possui um profundo pensamento teórico”.

Ao todo estão presentes sete instalações e nove vídeos da autoria deste artista contemporâneo, e que foram criadas entre 2011 e este ano. “Guan Huaibin destaca-se na desconstrução e integração de elementos culturais tradicionais num sistema de linguagem próprio na estrutura das suas obras”, aponta o mesmo comunicado.

Com esta exposição, o “artista oferece ao público uma abrangente e inovadora experiência de novas artes, media e aprofunda a colisão de ideias”. Além disso, “tanto as instalações que formam o espaço como as imagens em movimento estão interligadas, servindo ambas como pista para desvendar o tema e os símbolos da exposição e constituindo em conjunto uma atmosfera de ‘jardim’”.

Actual director da Escola de Arte Intermédia da Academia de Artes da China, Guan Huaibin acredita que a arte “é um processo de observação do eu, de reconhecimento e de questionamento do mundo”, refere o mesmo comunicado. A exposição “Jardim Brilhante – Obras de Guan Huai Bin” está patente até 24 de Fevereiro de 2019.

6 Nov 2018

Festival Internacional de Curtas-Metragens divulga cartaz de animação

Entre os dias 4 e 9 de Dezembro, o Teatro Dom Pedro V recebe o Festival Internacional de Curtas-Metragens, que terá em exibição 90 filmes oriundos dos quatro cantos do mundo. Ontem foram revelados as curtas que participam na classe de animação, e que vão ser exibidos no dia 6 de Dezembro

 

[dropcap]O[/dropcap]s primeiros detalhes do cartaz do Festival Internacional de Curtas-Metragens, Sound & Image Challenge, estão aí com a divulgação dos filmes que participam na categoria de animação. O evento, marcado para o Teatro Dom Pedro V, decorre entre os dias 4 e 9 de Dezembro e conta com 90 filmes, 13 palestras, dois concertos, 15 prémios, 10 videoclips e 4 masterclasses.

Com filmes originários um pouco de todo o mundo, a edição deste ano da secção de animação, que será exibida a 6 de Dezembro a partir das 15h30, tem em destaque duas películas portuguesas e uma de Macau. “Porque este é o meu ofício” é o nome do filme de Paulo Monteiro. Em pouco mais de 10 minutos, a curta leva o espectador a perder-se num “vórtice de tempo sobre a infância” e na forma como “ela nos marca para a vida”, pode-se ler no comunicado da Creative Macau. A narrativa centra-se na relação entre pai e filho e nas “muitas palavras nunca ditas, porque estão escritas no coração”.

Também de Portugal chega-nos “Rácio entre dois volumes”, de autoria de Catarina Sobral. O equilíbrio e o volume são os focos deste filme, com um dos personagens, Sr. Cheio, a funcionar como uma espécie de esponja circunstancial que guarda dentro de si todas as situações em que se envolve no dia-a-dia. “Nunca esquece uma lembrança, um pensamento ou uma emoção”, lê-se no comunicado de apresentação da categoria de animação do Festival Internacional de Curtas-Metragens. Por outro lado, independentemente dos esforços constantes, nada preenche o Sr. Vazio. Até ao dia em que o Sr. Cheio decide confrontar os seus medos e Sr. Vazio resolve viajar.

O som e a imagem

“A Lâmpada Bob”, de autoria de Chong Chon In, é o filme que representa Macau na secção de animação da edição deste ano do Festival Internacional de Curtas-Metragens. A narrativa gira em torno da vida profissional de uma lâmpada chamada Bob, como indica o título do filme, que conseguiu finalmente o emprego dos seus sonhos. Porém, logo no primeiro dia, Bob percebe que o “seu trabalho é odiado por muitas pessoas”.

A representação da República Checa faz-se através de “Vigilante”, de autoria de Filip Diviak, que tem como cenário um país nórdico indefinido no início do século XIX. “A história é sobre a vida estereotipada de um idoso que trabalha como vigilante acordando pessoas. A sua vida é sempre igual, até ao dia em que recebe um velho sino brilhante”, refere o comunicado da Creative Macau.

Do Canadá chega-nos “Magi”, realizado por Hao-feng Lu. O pequeno filme de menos de dois minutos procura expressar “a busca artística de animação 2D, usando técnicas de animação directa e animação em papel em três estados abstractos: rigidez, maleabilidade e epifania”.

Também do continente americano, mas bem mais a sul, é exibido no ecrã do Teatro Dom Pedro V “Novo Brinquedo”, um filme da autoria do brasileiro Rogério Boechat. A narrativa centra-se num dia de particular tédio para um bebé, que se altera radicalmente quando a mãe lhe oferece um urso de peluche. O novo brinquedo torna-se no seu melhor amigo. Com o tempo a excitação da novidade esvai-se e o tédio apodera-se da relação, até que uma reviravolta do destino troca as voltas à improvável dupla.

6 Nov 2018

Guterres recebe hoje prémio da CPLP pela promoção da língua portuguesa

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, vai receber hoje em Lisboa o prémio José Aparecido de Oliveira, atribuído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), pelo contributo para a promoção da língua portuguesa.

Os chefes de Estado e de Governo da CPLP tomaram esta decisão em julho de 2018, na cimeira de Santa Maria (Sal, Cabo Verde), “pela atuação singular, com projeção internacional, na defesa e promoção dos princípios e valores da CPLP, bem como pelo elevado contributo na promoção e difusão da Língua Portuguesa”, adianta a organização lusófona num comunicado.

O antigo primeiro-ministro português e ex-alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. participou, enquanto primeiro-ministro de Portugal, na cimeira constitutiva da CPLP, a 17 de julho de 1996.

O prémio homenageia a ação do embaixador José Aparecido de Oliveira, que “marcou, de forma indelével, o surgimento da CPLP, convertendo em realidade um sonho acalentado pelos povos dos países de língua portuguesa, espalhados por quatro continentes, e fazendo do seu autor um arauto do futuro”, acrescenta o comunicado.

O prémio, criado em 2011, seria atribuído pela primeira vez no ano seguinte ao antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2014, receberam a distinção o antigo Presidente e primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão e a Igreja Católica Timorense, enquanto em 2016 os distinguidos foram o antigo chefe de Estado português Jorge Sampaio, o ex-secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África Carlos Lopes e o embaixador Lauro Barbosa da Silva Moreira, diplomata de carreira do Brasil e primeiro representante permanente junto da CPLP.

5 Nov 2018

Ana Margarida de Carvalho recebe Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, é entregue hoje, em Vila Nova de Famalicão, autarquia que o patrocina, à escritora Ana Margarida de Carvalho, pelo livro “Pequenos Delírios Domésticos”. Ana Margarida de Carvalho foi uma das autoras convidadas da última edição do festival literário Rota das Letras.

“Um júri constituído por Cândido Oliveira Martins, Fernando Batista e Isabel Cristina Mateus decidiu, por unanimidade, atribuir o prémio ao livro ‘Pequenos Delírios Domésticos’, de Ana Margarida de Carvalho”, divulgou no passado dia 29 de outubro, a Associação Portuguesa de Escritores (APE), em comunicado.

Segundo o júri, “trata-se de um conjunto de contos que surpreende o leitor pela invulgar atualidade temática e sociológica (dos incêndios que devastaram o país, em 2017, aos dramas íntimos de portugueses convertidos ao estado islâmico, de refugiados sírios num lar de velhos ou de uma mulher tunisina que dá à luz num barco apinhado de gente durante a travessia do Mediterrâneo, entre outros)”.

A escritora alia a estas histórias “um notável trabalho de precisão e depuramento da palavra e, acima de tudo, a um olhar atento aos dramas humanos, independentemente do lugar mais ou menos doméstico que lhes serve de palco”, afirma o júri, em ata, citada pela APE.

A estreia literária de Ana Margarida de Carvalho, “Que importa a fúria do mar”, valeu-lhe o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, em 2013, que voltou a receber em 2016 com “Não se pode morar nos olhos de um gato”, que foi também distinguido com o Prémio Manuel Boaventura.

Jornalista, Ana Margarida de Carvalho foi finalista este ano do Prémio P.E.N. na categoria narrativa, com esta sua primeira obra de contos.

O Grande Prémio, com o valor pecuniário de 7.500 euros, é patrocinado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Foi instituído, em 1991, pela APE e “destina-se a distinguir uma obra em língua portuguesa de um autor português ou de país africano de expressão portuguesa, publicada em livro, primeira edição, no decurso do ano de 2017”. O ano passado a vencedora foi Teolinda Gersão, com a obra “Prantos, Amores e Outros Desvarios”.

5 Nov 2018

“A Sombra Manifesta” vai representar Macau na Bienal de Veneza 2019

[dropcap]“A[/dropcap] Sombra Manifesta” de Lio Sio Man e Heidi Lau foi a proposta escolhido apara representar Macau na Bienal de Veneza, em Itália. Esta obra vai, no evento que se realiza em Maio do próximo ano vai, desconstruir a “imagem actual demasiadamente simplificada de Macau e revelar a sua identidade cultural intrincada, mostrando assim a Macau invisível”, revela o Instituto Cultural (IC), em comunicado.

“A Sombra Manifesta”, é uma obra que utiliza a sobretudo o trabalho em cerâmica e que tem como objectivo, “alterar a impressão estereotipada das pessoas sobre Macau e mexer com a re-imaginação da cidade e da sua identidade através da reconstrução mental da terra natal na memória, da introspecção sobre as ruínas da cidade e da inferência de mitos paranormais”, refere a mesma fonte.

A obra de Lio Sio Man e Heidi Lau foi considera pelo júri como detentora de um discurso estético completo além de representar uma “retrospecção sobre o homem e a sua cultura”. A obra reflecte ainda sobre a “monstruosidade” do território materializada “na diversidade de culturas, na mistura de diversas religiões, na tradição e na modernidade do real e do irreal”, indicadores relevantes do contexto híbrido de Macau.

5 Nov 2018

Vhils ofereceu obra para leilão em Londres de apoio à saúde mental masculina

[dropcap]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto, que assina como Vhils, é um dos nove artistas urbanos que produziram obras para um leilão em Londres a favor da Fundação Movember e do trabalho na área da saúde mental masculina e prevenção do suicídio.

Em parceria com a leiloeira Sotheby’s, a iniciativa foi conduzida pelo artista e galeria Dean Stockton, mais conhecido por D*Face, cujos murais de arte pop são comparados ao estilo observado nas telas de Roy Lichtenstein.

“Na sua essência, a arte urbana sempre procurou quebrar barreiras físicas e sociais. Da mesma forma, eu acredito plenamente que a Arte Urbana tem a capacidade de romper o estigma social da saúde mental dos homens e quebrar essa fronteira invisível que faz com que os homens mantenham os problemas para si mesmos”, disse, citado num comunicado.

Stockton revela que artistas como ele sofrem muitas vezes de problemas como isolamento e solidão, e que a arte urbana pode ser um catalisador para o debate sobre a saúde mental masculina.

O seu trabalho, intitulado “Confortem os solitários”, que retrata duas figuras masculinas abraçadas, pretende abordar o assunto frontalmente para que inspire conversas entre amigos do sexo masculino em relação ao seu bem-estar mental.

“Tanto pode ser alcançado em poucas palavras, alguém apenas precisa de começar a conversa”, referiu.

Vhils contribui com “Babel Series #10”, uma obra feita a partir de posters colados uns sobre os outros, e nos quais o artista talhou rasgos que, no conjunto, formam um olho humano.

A peça tem um valor de venda estimado entre 6.000 e 8.000 libras (6.743 a 8.991 euros).

“Vhils usa cartazes encontrados nas ruas, que ele esculpe em retratos cativantes de pessoas. Com a contribuição dele para o grupo de solidariedade Movember, ele colocou em destaque o olhar de um observador anónimo, talvez referindo-se à necessidade de ‘ficar de olho’ nas pessoas em nosso redor”, comentou Boris Cornelissen, diretor adjunto da Sotheby’s e especialista em arte contemporânea, em declarações à agência Lusa.

Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, tendo estudado mais tarde Belas Artes na universidade Central Saint Martins, em Londres.

É reputado pelo uso de ferramentas como martelos pneumáticos para ‘escavar’ retratos em paredes ou muros exteriores, tendo feito intervenções em Portugal, Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Macau e Brasil.

Além de Vhils e D*Face, associaram-se à iniciativa Shepard Fairey, Jonathan Yeo, Ben Eine, Alexis Diaz, Okuda, Felipe Pantone e Conor Harrington.

As obras poderão ser vistas na galeria da Sotheby’s, em Londres, no âmbito da exposição “Contemporary Curated”, de 16 a 19 de novembro, antes de serem vendidas no leilão de arte contemporânea que vai realizar-se no dia 20 de novembro, em Londres, em paralelo com um leilão ‘online’ que decorre até ao dia seguinte.

A Fundação Movember, cujo nome junta as palavras “moustache” e “november”, promove anualmente uma campanha durante o mês de novembro, quando apoiantes deixam crescer o bigode para sensibilizar para vários aspetos da saúde masculina, como o cancro da próstata e do testículo.

4 Nov 2018

Luísa Sobral faz o elogio da imperfeição em “Rosa”, o novo álbum, quase como um concerto

[dropcap]A[/dropcap] cantora e autora Luísa Sobral definiu o seu novo álbum, “Rosa”, a editar na próxima semana, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes”, em que “é quase como estar num concerto”.

Em entrevista à agência Lusa, Luísa Sobral afirmou que pensou neste novo álbum, que é editado na próxima sexta-feira, como “um disco de ‘cantautor’, em que as letras são mais importantes, e que é quase como estar num concerto, porque é tudo muito verdadeiro”,

“Gravámos tudo ao mesmo tempo, os ‘takes’ imperfeitos, deixámo-los imperfeitos, porque tanto eu como o produtor [Raül Refree] gostamos da imperfeição. Foi tudo muito orgânico, muito verdadeiro, e era isso que me importava”, disse.

Relativamente ao novo CD, todo gravado em português, a cantora afirmou que pretendia “algo mais despido, simples e direto”, e daí o convite ao espanhol Raül Refree, que trabalhou com Sílvia Pèrez Cruz e Rosalía, para o produzir.

Luísa Sobral assina, letra e música, das onze canções que constituem o CD, que tomou o nome de “Rosa”, em homenagem à sua filha, pois foi composto durante a sua gravidez, o que influenciou o trabalho final.

“Este disco conta histórias e fala de amor, como todos os meus álbuns, mas este tem uma sonoridade diferente, e as canções estão mais expostas, além da minha voz estar um bocadinho diferente, porque durante a gravidez fiquei muito rouca, o que influenciou a forma como compus, mas decidi gravar assim, com a voz que me fez escrever as canções”, disse.

Luísa Sobral reconheceu existirem expectativas, relativamente a este seu novo álbum, mas disse: “Tentei não pensar muito nisso, para sair tudo de uma forma natural: não pensei, mesmo, muito nisso”.

“O mais diferente é o disco ser todo cantado em português, o facto de ser tão despido, e mudei o grupo de acompanhadores, que anteriormente eram guitarra, piano, bateria e contrabaixo, mas continuo a ser eu na composição, e com as minhas características”.

Neste CD, Luísa Sobral, além da voz, toca guitarra clássica, e é acompanhada pelos músicos Raül Refree, que assina a produção, nas guitarras clássica, acústica, elétrica, ‘Hammond’ e ‘Fender Rhodes’, Antonio Moreno, na percussão, Sérgio Charrinho, no fliscorne, Gil Gonçalves, na tuba, e Ângelo Caldeira, na trompa.

Um disco “simples”, disse, mas que é o que mais gosta na arte, “pois é mais directo e chega ao coração das pessoas”.

“A palavra simples é muitas vezes subestimada, mas, para mim, simples é o melhor, é o mais fácil de chegar às pessoas. E, às vezes, vamos analisar o ‘simples’ e não é nada tão simples assim, mas acaba por parecer, e é o que mais gosto na arte, parecer simples e afinal não é”, argumentou.

Neste CD, a intérprete partilha a canção “Só um Beijo”, com o irmão Salvador Sobral, que poderá vir a ser um dos convidados dos concertos de apresentação do álbum, em Fevereiro, no Porto, dia 9, na Casa da Música, e, no dia 22, no TivoliBBVA, em Lisboa.

“Não pensei ainda nestes concertos, mas, a convidar, seria o meu irmão [Salvador Sobral], a ver se ele pode, e o Raül Refree”, disse.

O CD abre com a canção “Nádia”, que remete para o drama dos migrantes que atravessam o mar Egeu, para alcançarem a Europa, para sobreviverem. E, através de outras, como “Querida Rosa”, “Benjamim”, “Mesma Rua, Mesmo Lado”, “Dois Namorados” ou “Maria do Mar”, Luísa Sobral vai apresentando personagens e contando a suas histórias.

4 Nov 2018

Cantora Maria Guinot morre aos 73 anos

[dropcap]A[/dropcap] cantora, compositora e pianista Maria Guinot, que representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1984, com “Silêncio e Tanta Gente”, morreu hoje, aos 73 anos, avançou o canal de televisão SIC. Maria Guinot – Maria Adelaide Fernandes Guinot Moreno – nasceu em Lisboa, em 1945, fixou-se com a família no Barreiro, ainda na infância, iniciou uma formação musical clássica, em finais da década de 1950, mas foi no modelo de canção que se destacou.

Editou um primeiro ‘single’, em 1968, com “Criança Loura”, “A Canção Que Eu Canto”, “La Mère Sans Enfant” e “Toi, Mon Ami”, revelando-se como autora, na linha dos ‘baladeiros’, que emergia na época.

A perspectiva foi reafirmada num segundo disco, no ano seguinte, com canções como “Balada do Negro Só”, “Silêncios do Luar”, “Escuta Menino”, “Poema de Inverno”. Apesar de ouvida na rádio, ficou afastada dos palcos durante vários anos.

O regresso aconteceu em 1981, com “Um Adeus, Um Recomeço”, que lhe garantiu o 3.º lugar no Festival RTP, a edição de novos discos e a revelação de novas canções: “Falar Só Por Falar”, “Vai Longe O Tempo”, “Um Viver Diferente”.

Foi, porém, em 1984, quando venceu o Festival RTP, com “Silêncio e Tanta Gente”, que o seu nome chegou ao grande público. A interpretação ficou na memória: em solidariedade com os músicos em greve, Maria Guinot recusou o ‘playback’ adotado nessa edição, e acompanhou-se a si mesma ao piano.

Em 1986, compôs “Homenagem às mães da Praça de Maio”, nos dez anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam saber dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).

A canção foi incluída no duplo álbum da CGTP-Intersindical “Cem anos de Maio” e foi uma das ‘bandeiras’ do programa “Deixem Passar a Música”, da RTP, no qual Maria Guinot foi acompanhada por José Mário Branco, que produziu e dirigiu a orquestra.

Guinot cantou aqui grande parte do seu repertório, destacando-se a sua “Saudação a José Afonso”, canção recusada pelo júri do festival da canção de 1986. “Não podia deixar passar esta oportunidade de homenagear um homem como José Afonso”, disse Maria Guinot no programa, emitido pouco antes da morte do compositor de “Grândola, Vila Morena”. “A orquestração de José Mário Branco é de desespero e de raiva”, acrescentou.

No ano seguinte, lançou o seu primeiro álbum, “Esta Palavra Mulher”, numa edição de autor. Seguir-se-ia, em 1991, “Maria Guinot”, com produção de José Mário Branco, e a participação de músicos como a violoncelista Irene Lima, o contrabaixista Carlos Bica, o saxofonista Edgar Caramelo e o percussionista João Nuno Represas. Até 2004, quando foi editado “Tudo Passa”, não há registo de outros disco de Maria Guinot.

Escreveu, porém, “Histórias do Fado” (1989), com Ruben de Carvalho e José Manuel Osório, e manteve a intervenção política e social: subscreveu a saudação ao 30.º aniversário da Revolução Cubana, em 1989, com o ator Rogério Paulo, os escritores José Saramago e Natália Correia; condenou a política de não admissão de mulheres por bancos privados portugueses, no manifesto “Dizemos Não Aos Bancos Com Preconceitos”, no início dos anos de 1990; fez parte do movimento pela despenalização do aborto e da Frente para a Defesa da Cultura, que, na época, marcou a contestação do setor.

Em 1991, actuou em Cabo Verde, no Dia de Portugal. Em 1994, nos 20 anos do 25 de Abril, montou o espetáculo “Os Poetas de Abril”, com a atriz e encenadora Fernanda Lapa. Afastada do activo desde 2010, por doença, recebeu, em 2011, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

4 Nov 2018

Fotografia | Associação “Somos!” cria concurso sobre imagens da lusofonia

[dropcap]A[/dropcap] “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” lança em Dezembro um concurso de fotografia intitulado “Somos – Imagens da Lusofonia”, com o tema “Raízes Lusófonas: Veículos de Comunicação”. O objectivo desta iniciativa é, de acordo com um comunicado “disponibilizar mais um canal em Macau de divulgação das tradições e da cultura que mantêm ligados os países e regiões do universo lusófono”.

Os interessados devem inscrever-se entre os dias 1 e 31 de dezembro deste ano e os resultados serão anunciados no mês de Fevereiro do próximo ano, seguindo-se uma exposição fotográfica.

Do júri fazem parte os fotógrafos Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há oito anos, Lim Choi, Paulo Cordeiro, Rodrigo Cabrita e Rui Caria. A ideia é que os participantes possam “captar momentos, objectos, ideias ou pessoas e que contribuam, de alguma forma, para a transmissão da herança e características lusófonas”. O concurso está aberto a todos os cidadãos dos países falantes de português e Macau, além de que são permitidas fotografias tiradas num destes países. Cada concorrente só pode apresentar três fotografias e estas devem ser originais. Os prémios variam entre duas a cinco mil patacas.

Além da exposição com as imagens vencedoras, deverá ser feita uma outra mostra “com todas as outras fotografias admitidas a concurso que o júri considere relevantes ou de valor tendo em conta o enquadramento com o tema do concurso fotográfico e o propósito da Somos – ACLP, de projectar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países e regiões de Língua Portuguesa”.

1 Nov 2018

Livro “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa” apresentado hoje na FRC

[dropcap]E[/dropcap]m Maio de 2002 Timor-Leste tornou-se o novo Estado soberano do século XXI depois de anos de ocupação indonésia, mas um ano antes foi necessário transformar os 650 homens que participaram na luta, pois deixaram de ser guerrilheiros.

Luís Bernardino, autor do livro “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa”, em parceria com Nuno Canas Mendes, acompanhou de perto este processo de transformação das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL) em Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL). Na obra, apresentada hoje na Fundação Rui Cunha (FRC), constam imagens e testemunhos dessa fase em que o país caminhava para se afirmar como um Estado democrático.

“Eu participei em 2001 nesta equipa, e sou uma das pessoas responsáveis por este projecto. Nesse tempo fiz um conjunto de fotografias e o objectivo é disponibilizar aos timorenses uma foto-reportagem associada a alguns textos explicativos deste processo. É um documento histórico, um livro institucional”, contou Luís Bernardino ao HM.

Além de ser Tenente-Coronel de Infantaria do Exército Português e licenciado em ciências militares, Luís Bernardino tem também um mestrado em estratégia e um doutoramento em relações internacionais, sendo também membro da Nato Joint Force Command Brunssum Holand.

Publicado em três idiomas – português, inglês e tétum – a obra “é uma homenagem e um testemunho de um processo que envolveu as lideranças de Timor-Leste, o Governo português, outros países da região e a ONU, e que se caracterizou por uma mudança daquilo que é uma força de guerrilha, fruto de uma ocupação e de uma resistência, para umas forças armadas num panorama diferente de um Estado democrático”

Luís Bernardino classifica o livro como “institucional, porque pretende fazer a homenagem aos 650 militares guerrilheiros que fizeram esse processo de transição”. Além disso, “em termos académicos, é relativamente inédito e, de alguma forma, um caso de estudo para quem se dedica à área da segurança e das relações internacionais”.

Estudos são necessários

No processo de mudança em prol da constituição das FDTL, houve duas fases de formação dos militares, primeiro nas montanhas de Timor-Leste e depois num centro de formação.

“Quisemos dar à comunidade mundial uma visão de como aconteceu este processo em Timor-Leste e que mostra de forma bastante visível como é que neste processo complexo da transição o país foi ganhando vantagem e normas para um Estado democrático e de Direito”, contou Luís Bernardino, que considera que continuam a faltar investigações e livros sobre a história de Timor-Leste, que obteve a sua independência face a Portugal em 1975. Poucos meses depois seria ocupado pela Indonésia, tendo anexado o território como a 27ª província do país.

“Os livros são sempre importantes e são testemunhos que ficam. Este livro tem essa vantagem porque tem textos explicativos e também imagens. Já estão a aparecer alguns livros de pessoas que participaram no processo de resistência, mas seria desejável que aparecessem mais”, rematou.
Antes da sua apresentação em Macau, “Timor-Leste – Da guerrilha às forças de defesa”, foi editado em Portugal, tendo sido acompanhado por uma palestra e exposição de fotografia.

31 Out 2018

Sexta e última temporada de “House of Cards” estreia-se na sexta-feira

[dropcap]A[/dropcap] sexta e última temporada da série norte-americana “House of Cards”, que tinha sido suspensa no ano passado na sequência de acusações de assédio sexual ao protagonista, o ator Kevin Spacey, estreia mundialmente na sexta-feira.

A sexta e última temporada da série tem oito episódios, protagonizados pela atriz Robin Wright, que nas temporadas anteriores interpretava o papel de Claire Underwood, mulher de Frank Underwood, a personagem de Kevin Spacey.

Nesta temporada, os actores Diane Lane, Bill Shepard e Greg Kinnear irão juntar-se ao elenco, do qual fazem parte, entre outros, Michael Kelly, Jayne Atkinson, Patricia Clarkson e Boris McGiver. Em Outubro do ano passado, a Netflix anunciou que a sexta temporada da série seria a última.

Esse anúncio foi feito pouco depois de ter surgido a primeiro denúncia contra Kevin Spacey. Nessa altura, o ator Anthony Rapp acusou Spacey de o ter assediado sexualmente numa festa em 1986, quando tinham, respetivamente, 14 anos e 26 anos.

Na sequência da acusação, Kevin Spacey assumiu a sua homossexualidade e garantiu que não se recordava do episódio relatado, apesar de ter dito que, se realmente aconteceu, devia “sinceras desculpas” a Rapp pelo seu comportamento. Entretanto, a produção da série foi suspensa, tendo sido retomada este ano.

Antes disso, Netflix e o estúdio Media Rights Capital anunciaram que cortariam relações com Kevin Spacey, tendo ainda a plataforma tornado público o cancelamento do filme sobre o escritor norte-americano Gore Vidal, autor de obras como “Lincoln” ou “Império”, que seria protagonizado pelo ator.

Entretanto, oito actuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção da série, por causa do assédio sexual.

Também no final do ano passado, o teatro Old Vic, em Londres, reuniu testemunhos de 20 pessoas sobre o alegado “comportamento inapropriado” do ator norte-americano, que entre 2004 e 2015 foi diretor artístico daquela estrutura.

Já em Agosto deste ano, o jornal Los Angeles Times avançou que Kevin Spacey estava a ser investigado nos Estados Unidos num novo caso de alegada agressão sexual. Um porta-voz da polícia do condado de Los Angeles explicou que a suposta agressão ocorreu em outubro de 2016 em Malibu, no estado da Califórnia. As autoridades já estavam a investigar o actor por um incidente semelhante que terá ocorrido em Outubro de 1992, em West Hollywood.

31 Out 2018

Filósofo Chen Lai aborda valores e visão de mundo da cultura chinesa no domingo

[dropcap]“V[/dropcap]alores e Visão de Mundo da Cultura Chinesa – Horizonte da Globalização” titula a palestra proferida, no próximo domingo, por Chen Lai, descrito como um dos mais influentes filósofos e pensadores contemporâneos da China. A iniciativa, marcada para as 15h no auditório do Instituto Politécnico de Macau (IPM), integra as palestras de mestres da cultura organizadas pelo Instituto Cultural (IC) desde 2013.

Em comunicado, o organismo indica que Chen Lai, que é actualmente director da Academia de Estudos Chineses da Universidade Tsinghua e conselheiro do Instituto Central de Investigação de Cultura e História, tornou-se o primeiro doutorado em filosofia na nova China. Chen Lai, que estuda sobretudo história da filosofia chinesa, com especial foco no confucionismo, recebeu inúmeras distinções na China.

A palestra, que vai ser conduzida em mandarim, com tradução simultânea para português, tem entrada livre, embora seja necessário inscrição. O prazo para o efeito termina às 17h do próximo sábado.

31 Out 2018

Escritório Rato, Ling, Lei & Cortés assina protocolo com Universidade Católica

[dropcap]O[/dropcap] Escritório Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados (Lektou) assinou ontem um protocolo de cooperação com a Universidade Católica Portuguesa que inclui, entre outras áreas, colaboração na leccionação de cadeiras e seminários da licenciatura, programas de estágio, bolsas sociais, prémios de excelência, divulgação de programas académicos, cursos especializados de formação profissional em áreas jurídicas e promoção de colóquios e conferências sobre temas de natureza jurídica.

Segundo um comunicado, enviado às redacções, através do protocolo foi incluída no plano de estudos, em Setembro, uma nova cadeira do curso daquela instituição subordinada ao Direito da RAEM que tem como regente Jorge Pereira da Silva, director da Escola de Lisboa. Conta também com a colaboração dos advogados da Lektou Frederico Rato, Pedro Cortés, Óscar Alberto Madureira, bem como com Beatriz Madureira.

Já no segundo semestre, os alunos podem ainda frequentar a cadeira de Direito do Jogo, um sector fulcral na economia de Macau e de relevada importância para aqueles que pretendam desenvolver a sua carreira em Macau.

De acordo com a mesma nota, o escritório compromete-se com a divulgação na RAEM e nas suas áreas de influência (China e Hong Kong) dos programas académicos da instituição de ensino superior, em especial os programas de Mestrado (LLM) da Católica Global School of Law.

30 Out 2018

Música | Orquestra de Macau apresenta “Artes Florescentes” esta sexta-feira

[dropcap]“A[/dropcap]rtes Florescentes” titula o concerto que a Orquestra de Macau (OM) apresenta na próxima sexta-feira, pelas 20h, na Igreja de S. Domingos. A entrada é livre e os bilhetes vão ser distribuídos no local uma hora antes da actuação.

Em comunicado, o Instituto Cultural indica que vão subir ao palco juntamente com a OM, sob a batuta do maestro assistente, Francis Kan, Law Tak Yin e Kelly Chan Wing Ka, premiados no 36.º Concurso para Jovens Músicos de Macau, e Shihan Wang, vencedor do 1.º prémio na Categoria de Violino no 2.º Concurso Internacional para Jovens Músicos Mozart de Zhuhai.

Na primeira parte vão ser interpretados o Concerto para Violino e Orquestra em Ré Maior (1.º andamento) de P. I. Tchaikovsky e o Concerto para Flauta n.º 7 em Mi menor (1.º andamento) de Devienne, enquanto na segunda o Concerto para Violino n.º 3 em Sol Maior de W. A. Mozart.

30 Out 2018

Cinema | Extensão a Macau do DocLisboa entre 5 e 10 de Novembro

A extensão a Macau do DocLisboa está à porta. Entre os dias 5 e 10 de Novembro, vão ser exibidos 14 filmes, com destaque para a estreia no Oriente de “Pé San Ié – O poeta de Macau”, um ensaio visual sobre o exílio de Pessanha. A edição deste ano apresenta ainda os filmes vencedores do Sound & Image Challenge 2017 e EU Short-film Challenge 2017

 

[dropcap]E[/dropcap]stá aí a grande festa do cinema documental. Pela sexta vez, chega a Macau a extensão do festival DocLisboa, que já vai na 16ª edição. Entre os dias 5 e 10 de Novembro, vão ser exibidos 14 filmes, com início na Cinemateca Paixão e continuação na Sala Dr. Stanley Ho, no Consulado-Geral de Portugal em Macau.

A cerimónia de abertura do evento, organizado pelo IPOR, tem como destaque a estreia em “casa” de “Pé San Ié – O poeta de Macau”. A sessão inaugural marca a primeira vez que o ensaio cinematográfico sobre o “exílio do maior poeta simbologista português: Camilo Pessanha” é exibido em Macau, lê-se no comunicado que anuncia a extensão do DocLisboa. Da autoria de Rosa Coutinho Cabral, produzido por Maria Paula Monteiro, o filme conta com a participação de Carlos Morais José, que “interpreta vários personagens e ajuda a realizadora a encontrar a singularidade deste poeta “fin de siécle”, na longínqua cidade de Macau onde viveu, escreveu e morreu”. O filme será exibido às 18h de 5 de Novembro na Cinemateca Paixão.

Em comunicado, a organização destaca o sucesso com que o género documental tem contribuído para a internacionalização do cinema português, “como atestam os mais de vinte prémios nacionais e internacionais que vários títulos portugueses inseridos neste género fílmico receberam, só durante a primeira metade de 2018”. A extensão do DocLisboa tem como objectivo celebrar esse sucesso e reforçar “o desenvolvimento das trocas culturais entre Portugal e a RAEM”, “naquilo que é hoje um eixo fundamental da estratégia nacional para a promoção da cultura e das artes”.

Som e imagem

Outro dos pilares do cartaz deste ano da passagem do DocLisboa por Macau é a exibição dos filmes vencedores dos concursos Sound & Image Challenge 2017 e EU Short-film Challenge 2017.

Assim sendo, a partir das 18h do dia 6 de Novembro, terça-feira, são exibidos no Auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-Geral de Portugal em Macau, uma série de películas premiadas nos concursos mencionados. Este dia arranca com a exibição de “Cheirar o cheiro”, de autoria de Chu Hio Tong, que venceu o Prémio Identidade Cultural de Macau do Sound and Image Challenge. O filme gira em torno do início da relação amorosa entre John e Faye, um fascínio totalmente dominado pelo olfacto e que leva a uma frustrante troca de identidade desvendada, precisamente, pelo cheiro.

O dia prossegue com a exibição de “Overlunch”, que ganhou o prémio EU short film challenge / EU short film challenge award. A película, de autoria de Helen Chai Sam I, foca-se na forma como quatro funcionários de escritório decidem o sítio onde vão almoçar. Diariamente, os diversos cenários por onde passam os colegas de trabalho reflectem ângulos e visões sobre “propaganda eleitoral, política e as implicações morais da persuasão”. Ainda no dia 6 de Novembro é exibido “Vira Chudnenko”, de Inês Oliveira. O filme foca-se num episódio trágico que chocou Portugal, quando quatro cães esfacelaram uma mulher até à morte.

Documentos lusófonos

Na quarta-feira, dia 7 de Novembro, é exibido “Spell Reel”, de Filipa César. O filme resulta do arquivo de material audiovisual de Bissau e explora a forma apaixonada como nasce o cinema guineense, “enquanto parte da visão descolonizadora de Amílcar Cabral, o líder da libertação assassinado em 1973”. A película de Filipa César é exibida às 18h30, no Auditório Dr. Stanley Ho.

No dia seguinte, o destaque vai para “O Canto do Ossobó”, de autoria de Silas Tiny, um filme que retrata as maiores roças de produção de cacau em São Tomé e Príncipe durante o período colonial português. A película fez-se com o regresso do cineasta ao seu país onde encontrou vestígios de um passado marcado pelo trabalho forçado frequentemente equiparado à escravatura.

“Ramiro”, de Manuel Mozos, é exibido no dia 9 de Novembro, também às 18h30 no Auditório Dr. Stanley Ho nas instalações do consulado. O filme retrata a vida de Ramiro, um “alfarrabista em Lisboa e poeta em perpétuo bloqueio criativo. Vive, algo frustrado, algo conformado, entre a sua loja e a tasca, acompanhado pelo cão, pelos fiéis companheiros de copos e pelas vizinhas: uma adolescente grávida e a avó a recuperar de um AVC”.

A sexta sessão da extensão de Macau do DocLisboa é marcada por “Altas cidades de ossadas”, de João Salaviza, um filme que explora as questões filosóficas sobre o que é o ser humano num contexto despido de tecnologia.

Finalmente, a fechar a extensão de Macau do DocLisboa, é exibido no dia 10 de Novembro, às 17h30, no Auditório Dr. Stanley Ho, o documentário “Camilo Pessanha – 150 anos depois”, de autoria de Rosa Coutinho Cabral. A película centra-se na vida e obra do autor de Clepsydra e encerra, em beleza, a festa do cinema documental.

30 Out 2018

Conferência assinala 40 anos de Portugal-China e 20 anos de RAEM

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos portugueses (CCISP) vão organizar, na primeira metade do próximo ano, uma conferência comemorativa dos 40 anos do restabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e a China e os 20 anos da RAEM. A informação consta de um comunicado divulgado ontem pelo IPM que não faculta, porém, mais detalhes.

Segundo a mesma nota, o presidente do IPM, Im Sio Kei, esteve reunido na sexta-feira com o presidente do CCISP, Pedro Dominguinhos, um encontro que teve como objectivo reforçar a cooperação estratégica entre o sistema de ensino superior de Macau e de Portugal, iniciada em 2004. Uma colaboração em múltiplas áreas que, de acordo com o IPM, traduziu-se já em inúmeras iniciativas, desde palestras à publicação conjunta de materiais didácticos, bem como na participação de mil estudantes portugueses e chineses em programas de intercâmbio entre o IPM e membros do CCISP.

O intercâmbio de estudantes e a mobilidade de professores no âmbito de futuros programas de mestrado e doutoramento e o desenvolvimento de projectos de investigação conjuntos em áreas como a inteligência artificial, tradução e ensino de línguas figuram entre as linhas de intervenção prioritárias identificadas para o futuro.

30 Out 2018

Colecção de biografias de personalidades da cultura portuguesa vai ser lançada em 2019

[dropcap]A[/dropcap] editora Contraponto projecta iniciar, no próximo ano, uma coleção de biografias de “Grandes Figuras da Cultura Portuguesa” “nossas contemporâneas”, que não “sejam meros repositórios de factos por ordem cronológica”, disse o seu editor.

Agustina Bessa-Luís, Herberto Helder, José Cardoso Pires, Natália Correia, Manoel de Oliveira e Amália são as seis primeiras “grandes figuras” da coleção, que se expandirá a outras personalidades, ao longo dos próximos anos, com o objetivo de “dar mais força ao género biográfico”.

Em declarações à agência Lusa, Rui Couceiro, editor responsável da Contraponto, editora do grupo Bertrand/Círculo, afirmou que o projeto visa “figuras ligadas ao século XX”. Para escrever as suas biografias, convidou, maioritariamente, escritores, pois não quer que estas obras “sejam meros repositórios de factos por ordem cronológica”.

“Queria sobretudo que os leitores destas biografias conhecessem bem as extraordinárias personalidades dos biografados, mas, sobretudo, que tivessem prazer ao lê-las e daí a escolha dos cinco ficcionistas, sendo João Pedro George uma exceção, mas com méritos comprovados”, disse Rui Couceiro, aludindo à biografia do escritor Luiz Pacheco (1925-2008), “Puta Que os Pariu!” (2011), escrita pelo sociólogo, que agora assinará o volume dedicado ao poeta Herberto Helder (1930-2015).

A primeira das seis biografias previstas para a primeira fase será dedicada a Agustina Bessa-Luís, é de autoria de Isabel Rio Novo, e vai sair nos começos do próximo ano. Na primeira semana de janeiro, aliás, a editora vai fazer uma apresentação oficial deste projeto, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, antecipou Rui Couceiro à Lusa.

Bruno Vieira Amaral vai escrever a biografia do escritor José Cardoso Pires (1925-1998), Filipa Martins, a da escritora Natália Correia (1923-1993), Filipa Melo, a da fadista Amália Rodrigues (1920-1999), e Paulo José Miranda faz a do cineasta Manoel Oliveira (1908-2015).

Rui Couceiro afirmou que, “ainda no primeiro semestre de 2019, será editada uma outra biografia”, sem revelar qual, referindo que não está previsto uma regularidade definida para novas obras da coleção, mas este é um projeto para continuar “para lá de 2020″, havendo já outras em perspetiva.

O editor lembrou que, em Portugal, “não há uma tradição, nem de aposta nem de leitura de biografias, e, “com esta coleção, a Contraponto pretende esbater esta tendência”.

“Acreditamos que é possível dar mais força ao género biográfico. E acredito muito no género, acho que há espaço de mercado no sentido de as pessoas começarem a ler mais biografias. É, aliás, uma tendência internacional, até porque há personalidades extraordinárias para biografar, de que as seis já escolhidas são um exemplo”, disse Rui Couceiro.

Quanto às biografias, o editor afirmou: “O nosso objetivo não é o de criar polémica. Nesse sentido, tenho mantido contactos com os familiares/herdeiros e amigos dos biografados, pois sei que são sensíveis ao revelar determinadas informações, daí que tenhamos tido este cuidado”.

“Limitámo-nos a perguntar-lhes se queriam ou não colaborar, e a maioria tem sido muito recetiva e colaborante”, acrescentou, referindo que “há outras pessoas que não se sentem confortáveis para falar, mas nem sempre isso é o fundamental”.

“Procuramos retratos completos, rigorosos, e muito bem escritos destas personalidades”, sentenciou Rui Couceiro.

O editor enfatizou que “a dialética entre o biografado e o biógrafo é especial e distingue estes livros, porque os biógrafos já têm os seus leitores e são, de alguma maneira, consagrados, e vão biografar pessoas de referências na nossa cultura”.

29 Out 2018

Arte de rua | Festival Out Loud a 3 e 4 de Novembro

O festival local dedicado à arte de rua – Out Loud- tem lugar nos próximos dias 3 e 4 de Novembro no Armazém Tai Fung. É também aqui que Thomas Lo vai mostrar a sua primeira obra de grande dimensão através de uma instalação que pretende tirar o público do frenesim quotidiano

 

[dropcap]“H[/dropcap]ealing” é a primeira obra de grande dimensão do artista local Thomas Lo e que vai estar patente ao público na próxima edição do Out Loud, festival de arte de rua. O evento decorre nos próximos dias 3 e 4 de Novembro no Armazém Tai Fung, na ponte do cais nº8.

Para o artista que tem estado ligado à Gantz, a trupe local conhecida pelos murais que desenha com grafite, o festival é um marco importante na divulgação do que se faz em Macau na área da arte de rua.
Com esta instalação, Thomas Lo pretende convidar o público a um momento de isolamento. O trabalho que inclui elementos em betão, iluminação e projecção de vídeos vai representar um espaço para “as pessoas estarem com elas próprias”, afirmou ao HM. “Espero que as pessoas consigam, ao verem a exposição, desligar-se da sociedade. Espero que consigam sair da sua vida quotidiana”, disse.

A razão é simples. Para Lo, as pessoas estão demasiado absorvidas pelas rotinas do dia a dia e “vivem como se fossem robots”. Por isso, considera importante ter um trabalho que possibilite sair desse estado, acrescentou.

Thomas Lo admite porém que “Healing” não é um trabalho que possa ser num primeiro momento classificado como arte de rua, mas “tem elementos que a integra,” apontou. Por outro lado, é através deste tipo de diversidade de trabalhos que se pode atrair mais interessados na intervenção de rua, considera.

Território fraco

O artista lamenta os fracos progressos que esta área artística tem tido no território. Sem menosprezar o que considera ser “grandes esforços daqueles que estão ligados a esta expressão”, Lo sublinha que não há um interesse visível por parte dos jovens locais quando se fala de street art, sendo que “os jovens de Macau são preguiçosos e não se focam em objectivos claros”.

Como solução, Thomas Lo sugere que festivais como este em que a gama de actividades vai além do tradicional grafitti, possam vir a despertar a atenção dos mais novos. “É necessário realizar actividades diferentes para poder atrair mais gente e ter uma perspectiva diferente tanto acerca da arte de rua como de projectos apresentados sob outras formas”, apontou.

Por outro lado, seria fundamental trazer artistas estrangeiros ao território para poderem trocar conhecimentos com os locais e mudar a dinâmica do que tem acontecido neste sentido, até porque, “têm estado em Macau alguns artistas importantes mas apenas para apresentarem o que fazem e sem trocarem informações com quem cá está”, disse.

Enquanto expressão artística, a arte de rua podia trazer ainda algumas mais valias ao território: “Podia ajudar a mostrar às pessoas que Macau é mais do que casinos, restaurantes e lojas onde se compram produtos de luxo”, rematou.

29 Out 2018

FIMM | Festival encerra com obras de Schumann

[dropcap]O[/dropcap] XXXII Festival Internacional de Música de Macau (FIMM), apresenta nos dias 27 e 28 de Outubro, pelas 20h00, o concerto “Christian Thielemann e a Staatskapelle Dresden”. Os concertos têm lugar no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau e marcam o final de mais uma edição do FIMM.

“A Staatskapelle Dresden é uma das orquestras mais antigas e tradicionais do mundo e uma das principais na interpretação da música alemã”, refere o Instituto Cultural em comunicado. Dirigida por Christian Thielemann, a orquestra apresentará, em dois concertos, as sinfonias completas de Schumann.

A organização promove uma conversa pré-espectáculo no dia do concerto, entre as 19h00 e as 19h45, na Sala de Conferências do Centro Cultural de Macau em que o director musical e maestro do Coro da Universidade Chinesa de Hong Kong, Leon Chu vai explicar os conteúdos do espectáculo. Nos dias 26 e 27, o quarteto de guitarras Los Romero, conhecido como “A Família Real da Guitarra”, apresenta-se no Teatro Dom Pedro V, pelas 20h00.

26 Out 2018