Bilhetes para espectáculo “A Haste Dourada” já estão à venda

[dropcap]J[/dropcap]á se encontram à venda os bilhetes para o espectáculo de acrobacias “A Haste Dourada”, organizado pelo Governo de Macau e pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. A iniciativa conta também com a coordenação do Instituto Cultural e do Departamento de Propaganda e Cultura do Gabinete de Ligação e com o apoio do Instituto do Desporto.

O espectáculo decorre no edifício Fórum de Macau, junto ao Instituto Politécnico, entre os dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, pelas 19h30. Os bilhetes, no valor de 100 patacas cada, podem ser adquiridos na Bilheteira Online de Macau.

A ideia por detrás do espectáculo “A Haste Dourada” é recordar os 70 anos da implantação da República Popular da China, tendo sido convidada a Companhia de Artes Acrobáticas de Nanjing.

O espectáculo de acrobacia “A Haste Dourada” é baseado na Jornada ao Oeste, e usa a haste dourada como um indício. Mostra o desenvolvimento da aprendizagem de Sun Wukong, derrota demónios e monstros, solidifica o rio Pei-Ho para sempre, para além de contar muitas outras lendas.

A Haste Dourada é, ao mesmo tempo, um utensílio e uma arma e um símbolo de justiça, sabedoria e força. É o primeiro drama encenado na China a integrar a tecnologia multimédia 3D com acrobacia tradicional e magia, combinando de forma harmoniosa as cenas do Monte Huaguo em Jiangsu, o Palácio do Dragão do Mar Oriental, a eliminação de espíritos malignos, para além de muitos outras cenas fantásticas.

Um comunicado oficial adianta que “a forma inovadora como o espectáculo é apresentado possibilita a utilização de mais meios para mostrar cores mitológicas e qualidades mágicas, podendo o público desfrutar de um espectáculo de acrobacia maravilhoso e incomparável”.

Por todo o mundo

A Companhia de Artes Acrobáticas de Nanjing já deu mais de uma centena de espectáculos por todo o mundo, tendo procurado introduzir várias inovações artísticas em palco.

O espectáculo “A Haste Dourada” foi seleccionado como o primeiro projecto financiado pelo Fundo Nacional de Artes da China, tendo obtido a primeira pontuação em acrobacia, tendo sido também escolhido para integrar o 20.º Festival Internacional de Artes de Xangai, China.

28 Ago 2019

Cinemateca Paixão | Ciclo de novo cinema chinês no início de Setembro

Entre 1 e 19 de Setembro, o ecrã da Cinemateca Paixão será tomado pelo novo cinema chinês. “Chinese camera, here and now” é o nome do ciclo, composto por quatro filmes, com dois retornos à tela da Travessa da Paixão. Os bilhetes já estão à venda

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando fizemos a selecção para o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, reunimos uma lista vasta de filmes, mas não tínhamos tempo para os mostrar todos. Então pensámos que deveríamos mostrar os que ficaram de fora. Foi daí que veio a ideia de exibir um pequeno ciclo dedicado ao novo cinema chinês.” As palavras de Rita Wong, directora da Cinemateca Paixão, revelam a génese do ciclo “Chinese camera, here and now”, que estará em exibição entre os dias 1 e 19 de Setembro.

Ao longo do evento vão ser mostrados quatro filmes. A película que inaugura o ciclo é “An Elephant Sitting Still”, um épico de 2018 com quase quatro horas de duração, realizado por Bo Hu. A narrativa do filme, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim, centra-se em torno da ideia de fuga e num ditado popular chinês sobre uma cidade do norte da China, Manzhouli, onde se diz que existir um elefante sentado que ignora, ostensivamente, o mundo.

A lenda do elefante e a vontade de escapar são os pontos unificadores que juntam num improvável grupo quatro personagens.

Visualmente deslumbrante, “An Elephant Sitting Still” desenrola-se ao longo de um só dia convergindo na linha ferroviária que liga a província de Hebei a Manzhouli. O filme será exibido no domingo, dia 1 de Setembro, às 16h e passado uma semana, a 8 de Setembro às 15h.

Película fêmea

“Girls Always Happy” é outro dos destaques no ciclo de novo cinema chinês e uma recomendação pessoal de Rita Wong. “Quando seleccionámos filmes para o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, eu e a curadora, a crítica de cinema Joyce Yang, uma coisa saltou à vista: tínhamos muitos filmes de autoria de mulheres. Foi muito interessante ver a forma como trazem um ponto de vista interessante para o cinema, com uma boa execução, tecnicamente muito boas”, explica a directora da Cinemateca Paixão. Rita Wong destaca “Girls Always Happy” por considerar que “mostra o poder do cinema chinês no feminino”.

Realizado pela jovem Yang Mingming, “Girls Always Happy” parte do desespero que é ultrapassado pelo poder do amor. A narrativa gira em torno de duas personagens, mãe e filha, que estão em contantes confrontos, num crescendo de repulsa, ódio e dor. O filme será exibido a 3 de Setembro às 19h30, depois no dia 7 às 21h30 e finalmente no dia 11 de Setembro às 19h30.

“Jinpa” é o outro regresso, além de “An Elephant Sitting Still”, à Cinemateca Paixão. Vencedor do Melhor Argumento (Prémio Horizontes Veneza), 75º Festival de Cinema de Veneza, o filme do realizador tibetano Pema Tseden foi produzido por Wong Kar-wai. Baseado no conto “Atropelei Um Carneiro” e na obra “O Carrasco”, do escritor tibetano Tsering Norbu, esta película conta a história de dois homens chamados igualmente Jinpa e do seu destino entrelaçado. O road film explora a redenção de quem assassinou. “Jinpa” será exibido no dia 4 de Setembro às 19h30, dois dias depois no 6 de Setembro às 21h30 e no domingo dia 8 de Setembro às 19h30.

Finalmente, “Meu Bom Amigo” é o filme restante do ciclo dedicado ao novo cinema chinês. Realizado por Yang Pingdao, o filme conta a história do velho Shuimu que vive com a esposa, Fang, numa aldeia do sul da China. O seu maior amigo, Zhongsheng, é mudo e trabalha como guarda de um reservatório. Quando tinham dez anos, os dois juraram viver e morrer juntos. O velho Zhongsheng sabe que têm os dias contados e recorda uma visita a uma aldeia com Shuimu, onde ouviram o rumor acerca do massacre de uma família e de um rapaz arrastado pelo rio. Vendo a crescente ansiedade do amigo, Shuimu decide levá-lo de volta às suas raízes.

Durante a viagem, os dois homens reencontram as suas infâncias e as suas jovens personalidades. “Meu Bom Amigo” será exibido a 5 de Setembro, às 19h30, no dia 7 às 16h30 e no dia 10 de Setembro às 19h30.

28 Ago 2019

Gonçalo Lobo Pinheiro ganha menção honrosa em festival no Brasil

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau desde 2010, arrecadou uma menção honrosa na Convocatória Portfólio do XV Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco (PEF) com a foto “Hope and belief”.

A fotografia, já premiada anteriormente por diversas ocasiões em concursos e festivais, é o retrato da migrante indonésia Ratna Khaleesy que trabalha em Macau em condições consideradas precárias. Gonçalo Lobo Pinheiro é, uma vez mais, o único português a conseguir um lugar na principal exposição do certame, considerado o melhor festival de fotografia da América do Sul e um dos mais conceituados do mundo.

“Que felicidade. Estou sem palavras. Este tem sido um ano fantástico e esta presença em Paraty é um sonho tornado realidade. Trata-se de um festival que dá visibilidade no mundo da fotografia e, após três participações, vejo finalmente um trabalho meu merecer destaque do júri, desta vez nos 15 anos do PEF. Como se costuma dizer: à terceira é de vez. Muito obrigado ao júri pela Menção Honrosa. E claro, um enorme obrigado a Ratna Khaleesy”, disse, citado por um comunicado.

Na categoria Ensaio, a vencedora foi Gabriela Vivacqua, pelo trabalho intitulado “Dukhan — Entre fumaça e fogo”, que retrata um ritual afrodisíaco milenar que persiste até aos dias de hoje no Sudão. A grande vencedora da categoria Foto Única, onde Gonçalo Lobo Pinheiro participou, foi Reiko Otake, com a imagem “Sem Título” repleta de potencial simbólico, que mostra um barco lotado de viajantes e rodeado por gaivotas.

A Convocatória Portfólio em Foco 2019 recebeu um total de 1.014 inscrições, 511 na categoria Ensaio e 503 na categoria Foto Única. O Festival Paraty em Foco agradece a participação de todos e convida à exposição, que reunirá vencedores, finalistas e menções honrosas e será realizada durante o evento, de 18 a 22 de Setembro, em Paraty-Rio de Janeiro, no Brasil.

27 Ago 2019

Ópera | “Paradise Interrupted” de Jennifer Wen Ma no MGM Theatre do Cotai

Uma instalação operática é a proposta vanguardista da premiada artista Jennifer Wen Ma, que sobe ao palco do MGM Theatre a 29 e a 31 de Agosto. “Paradise Interrupted” revisita sonhos de amor e jardins simbólicos na adaptação da antiga ópera chinesa “O Pavilhão das Peónias”

 

[dropcap]O[/dropcap] espectáculo visual e musical de “Paradise Interrupted” chega ao território este fim-de-semana, anos depois da aclamada tournée nos Estados Unidos da América em 2016, onde recebeu o entusiasmo do público e rasgados elogios de jornais como o New York Times ou o Wall Street Journal. Sob a direcção da premiada artista visual chinesa, Jennifer Wen Ma, esta instalação operática é uma adaptação livre de um excerto da obra-prima de Tang Xianzu, “O Pavilhão das Peónias”, composta no século XVI, que vai buscar sugestões também ao mito do Jardim do Éden.

A originalidade da peça parte de um conceito artístico criado pela directora e encenadora, onde esta combina os géneros presentes na ópera – música, teatro, dança, poesia – com efeitos visuais extraordinários inspirados nos origami de papel, nos jogos de luz e sombra, nas aguarelas e na caligrafia chinesa. E tudo isto potenciado por gráficos e projecções multimédia.

Não é por acaso que Jennifer Wen Ma foi uma das artistas responsáveis pelas cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e viria a receber um Emmy norte-americano pela transmissão internacional do espectáculo.

A banda-sonora dramática é recriada pelo compositor sino-americano Huang Ruo, combinando elementos da tradicional ópera chinesa (Kunqu) com modernas técnicas inspiradas na música clássica ocidental. E o que podia ter resultado num estranho cliché de fusão de sonoridades, tem sido amplamente aclamado por públicos e imprensa especializada.

Huang Ruo é também reconhecido pela classe como um dos jovens compositores mundiais de destaque, que nas suas obras vai buscar influências à música tradicional e ao folclore chinês, para as fazer conviver com sons de vanguarda, rock e jazz mais ocidentais, numa técnica a que o próprio chama de “dimensionalismo”. O compositor tem peças escritas para orquestra, música de câmara, ópera, teatro, dança moderna, instalações sonoras e cinema. Foi recentemente nomeado como compositor-residente do Royal Concertgebuow em Amesterdão e é membro da Mannes College of Music em Nova Iorque.

A mulher em palco

A interpretação e a voz da soprano Qian Yi, que foi apelidada pelo The New York Times de “princesa soberana da ópera chinesa”, é também um dos trunfos desta ópera especial. A intensa performance no papel da protagonista – uma mulher em busca de amor e de sentido na vida – é um projecto exigente e ambicioso ao longo dos 90 minutos de espectáculo, onde canta, dança e interpreta quase sempre presente em palco.

Qian Yi estudou ópera chinesa clássica (Kunqu) na Escola de Ópera de Xangai desde os dez anos de idade. Mais tarde, como membro da Companhia de Ópera de Xangai percorreu o mundo e ficou conhecida pelo imenso repertório de obras a que emprestou a voz como cantora principal.

Além da carreira artística em palco, a cantora ensinou também ópera chinesa na Barnard College, da Columbia University, nos Estados Unidos, e deu inúmeras palestras em universidades e museus. Foi também reconhecida pelo Ministro da Cultura chinês como uma das melhores intérpretes de Kunqu do país.

“Paradise Interrupted” começa com uma mulher sozinha em palco. Esta sonha com um encontro amoroso e com o seu amante ideal, iniciando “uma viagem psicológica através de um jardim simbólico, estranho e surreal, feito de dinâmicas esculturas de papel”, que interagem com a protagonista respondendo aos registos da sua voz, como se todo o palco fosse uma nova personagem, descreve a produção do espectáculo.

O palco, que começa envolto em branco e com uma linha horizontal de luz, transforma-se num jardim abstracto e meditativo à medida que o ponto de vista da protagonista muda, contraindo e expandindo até acabar num lago de tinta negra, onde ela finalmente entende que pode escrever a sua realidade conforme bem quiser.

Contracenam com a soprano Qian Yi o contratenor John Holiday, como a poderosa voz do vento, e o tenor Joshua Dennis como o seu amante de sonho, com quem contracena num “tocante dueto”, sob a batuta do maestro Chien Wen-Pin na condução da orquestra Hong Kong New Music Ensemble.

O espectáculo sobe ao palco do MGM Theatre a 29 e a 31 de Agosto, quinta e sábado, às 19h e às 20h respectivamente. A entrada é livre.

27 Ago 2019

Obras de Chen Zhifo do Museu de Nanjing inaugura amanhã

[dropcap]Q[/dropcap]uietude e Claridade: Obras de Chen Zhifo da Colecção do Museu de Nanjing” é o título da mostra que é hoje inaugurada às 18h30, no Museu de Arte de Macau (MAM), e abre ao publico amanhã, dia 24, dando a conhecer as obras do mestre da pintura chinesa que fazem parte da colecção do Museu de Nanjing.

Chen Zhifo foi um importante artista chinês, “conhecido pelas suas pinturas de flores-e-pássaros de estilo meticuloso, além de ter sido um educador de arte e pioneiro das artes e do artesanato chineses do século XX”, segundo revela o comunicado sobre a exposição. “As suas obras, com representações delicadas e cuidadosas, são elegantes e brilhantes, em tons subtis, exalando um encanto gracioso e majestoso. Ao usar padrões criativos com um toque decorativo, foi um artista inovador que abriu novos caminhos para este género de pintura”.

No MAM vão estar expostas 166 obras do artista, que incluem pinturas, esboços, materiais e utensílios utilizados em diferentes períodos, num conjunto que abrange exemplos diversos da evolução da sua arte, com o objectivo de aprofundar a compreensão do público para o estilo do autor, que passou seis anos a estudar a pintura de detalhe em Tóquio, no Japão, no início do século passado.

Mestre contemporâneo da pintura de pássaros-e-flores em estilo “gongbi”, Chen Zhifo foi pioneiro nas modernas artes aplicadas chinesas, tendo sido o primeiro bolseiro do governo chinês a frequentar um curso de design de padrões no Japão em 1918. Depois de regressar à China, ensinou na Escola de Artes Orientais de Xangai, na Universidade de Artes de Xangai, na Universidade Nacional Central e no Colégio Nacional de Arte, do qual também foi director.

“Profundamente dedicado ao ensino artístico na China, contribuiu decisivamente para a formação de muitos profissionais. A forma como fez uso da cor e da composição para dar brilho, clareza, elegância e delicadeza às suas pinturas de pássaros-e-flores, e ainda o toque decorativo, ajudou a abrir novos caminhos para o progresso desta nobre arte tradicional”, lê-se no texto do MAM.

O pintor nasceu em 1896 em Yuyao, província de Ningbo, e viria a falecer em 1962 na cidade de Nanjing, a capital da província de Jiangsu na República Popular da China, onde se encontra hoje grande parte da sua obra.

Palestras e workshops

A exposição é co-organizada pelo Museu de Arte de Macau do Instituto Cultural e pelo Museu de Nanjing e vai estar patente até 17 de Novembro. A par das obras está previsto um programa educativo que inclui três palestras temáticas, nos dias 1 e 14 de Setembro, e dia 12 de Outubro, dois workshops sobre pintura de pássaros-e-flores, em Outubro e Novembro, e ainda concertos e visitas guiadas através da obra de Chen Zhifo.

A primeira palestra, “Entre Figura e Criatividade”, será feita por He Jianping, um premiado designer chinês radicado na Alemanha, que se propõe “apresentar o design de padrões criativo de Chen Zhifo e explicar aos participantes como os temas transmitem mensagens e como se transforma um motivo num fragmento tridimensional criativo”, já a 1 de Setembro, domingo.

23 Ago 2019

Dança | “Flights” chega ao CCM para dois espectáculos no sábado e domingo

Um bailado composto por movimentos coreografados, na busca humana de ganhar asas e voar, chega este fim-de-semana ao CCM. “Flights” é para crianças e adultos, trazido pela companhia espanhola “Aracaladanza”, que falou ontem aos jornalistas

 

[dropcap]O[/dropcap] espectáculo “Flights” traz de regresso a Macau a companhia espanhola de dança contemporânea “Aracaladanza”, para duas exibições este fim-de-semana, dia 24 às 19h30 e dia 25 às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

Acabados de chegar ao território, o director e dois bailarinos falaram ontem à tarde à comunicação social sobre o projecto inspirado no legado do pintor italiano Leonardo da Vinci, no ano em que se celebra o 500º aniversário da sua morte. “A inspiração para a coreografia do espectáculo não foi tanto a obra do pintor, mas a sua obsessão pela possibilidade de voar”, revelou Henrique Cabrera, o criador e responsável pela companhia.

A ideia de voar está presente em todas as civilizações e culturas, mas também em cada um de nós desde a mais remota infância, comentou. “Eu também sonhava com isso quando era menino”, portanto a coreografia explora essa vontade através das imagens e do movimento. “Queria mostrar esse apelo em diferentes fases do espectáculo, com diversos adereços, com asas e penas, com momentos em que pequenos pássaros pousam nas mãos” e outras surpresas ao longo do bailado.

O trabalho da “Aracaladanza” é geralmente concebido para um público mais novo, composto por crianças e famílias, “mas eu acho que todos os nossos espectáculos são para as pessoas de todas as idades”, sublinhou o director. “Não pretendo educar as crianças para a arte e para a dança, nem quero contar uma história, prefiro que eles sintam os movimentos”, disse.

A coreografia não obedece a uma narrativa específica, nem existe uma linha condutora. Como defendeu Henrique Cabrera, “desenvolvemos a dramaturgia como se fosse um sonho, confuso na lógica dos acontecimentos, mas fazendo sentido para quem lá está no meio”, explicou. É que “voar para mim significa liberdade e imaginação”.

Voos pelo mundo

A expectativa do grupo é agradar à audiência, “espero que as pessoas apreciem o espectáculo, que não é só de dança contemporânea, é muito mais. Tem adereços fantásticos, um impressionante trabalho de design e vídeo-projecções, uma banda sonora original, e cinco excelentes bailarinos”. A cenografia, contam, é composta por diferentes tipos de asas, paus, marionetas, cavalos, espelhos, poliedros, e uma mesa para a última ceia, tudo composto nos tons em que Leonardo pintou e desenhou as suas máquinas voadoras, pára-quedas e outros engenhos.

“O sépia, o ocre, o vermelho e o negro”, são as cores da performance, a que se juntam as texturas dos figurinos de Elisa Sanz e os sons electrónicos da música original composta por Luis Miguel Cobo. O espectáculo demorou cerca de quatro meses a tomar forma, desde o conceito inicial, passando pelos ensaios com os bailarinos, até à data da estreia que aconteceu em 2015, na cidade de Madrid.

A peça tem viajado, entretanto, por todo o mundo e conta já com cerca de 300 exibições. Sobre o trabalho com o director da “Aracaladanza”, os dois bailarinos presentes na conferência de imprensa de ontem – Jonatan de Luis Mazagatos e Elena García Sánchez – confessaram ser, sobretudo, “divertido e lúdico também”. Curiosamente, a companhia nunca passou por Portugal nem pela Argentina, de onde Henrique Cabrera é natural. Porquê? “Não fazemos ideia!”, mas gostariam muito de lá ir.

Em Macau, a “Aracaladanza” trouxe em 2014 o espectáculo “Constellations”, concebido a partir do imaginário do pintor espanhol Joan Miró. As quatro exibições no pequeno auditório do CCM esgotaram completamente. Para “Flights”, amanhã e domingo, ainda existem alguns bilhetes à venda. Os preços variam entre 100, 140 e 180 patacas.

23 Ago 2019

Cinema | Novo filme da saga 007 estreia em Abril de 2020

[dropcap]O[/dropcap] novo filme da saga 007, realizado por Cary Fukunaga chama-se “No time to die” e estreia-se no Reino Unido e nos Estados Unidos da América em Abril de 2020, foi ontem anunciado.

“Daniel Craig regressa como James Bond, 007 em… No Time to Die. Estreia-se no Reino Unido a 3 de Abril de 2020 e a 8 de Abril de 2020 nos Estados Unidos”, lê-se numa publicação na página oficial da saga no Twitter.

“No time to die” é o 25.º filme da saga centrada na figura do agente secreto James Bond, nome de código 007. Esta é a quinta vez que o britânico Daniel Craig interpreta o papel de 007, depois de “Casino Royale” (2006), “Quantum of Solace” (2008), “Skyfall” (2012) e “Spectre” (2015), o filme mais recente da saga, tendo os dois últimos sido realizados por Sam Mendes.

Neste filme, o papel de vilão foi entregue ao norte-americano Rami Malek, cuja interpretação do cantor Freddie Mercury no filme “Bohemian Rhapsody” lhe valeu vários prémios. Do elenco de “No time to die” fazem ainda parte, entre outros, a francesa Léa Seydoux e o britânico Ralph Fiennes.

O argumento de “No time to die” volta a ser da autoria de Neal Purvis e Robert Wade, que escreveram os filmes de James Bond desde “O Mundo Não Chega” (1999). “Goldfinger”, realizado em 1964 por Guy Hamilton e com Sean Connery no papel principal, é o primeiro filme da saga criada por Ian Fleming.

Depois de Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan também deram vida a James Bond.

22 Ago 2019

Exposição | Creative celebra 16º aniversário com “Our Family” a 28 de Agosto

A “Nossa Família” é o tema da mostra colectiva que assinala os 16 anos do Centro das Indústrias Criativas – Creative Macau, pensada como ponto de encontro dos artistas locais em torno de uma ideia comum e um elo de pertença

 

[dropcap]O[/dropcap] Centro das Indústrias Criativas – Creative Macau – celebra o 16º aniversário com a inauguração da exposição colectiva “Our Family” no dia 28 de Agosto, às 18h30. São 29 artistas locais, que se preparam para exibir trabalhos onde interpretam de forma livre o seu conceito de família, restrita ou mais abrangente, nuclear ou alargada, real ou imaginária, presente, passada ou futura.

Foi este o desafio lançado pela coordenadora do Creative Macau, Lúcia Lemos, que definiu o tema familiar como um pretexto para estimular a imaginação dos participantes e oferecer a oportunidade de se exprimirem como entendessem a partir deste conceito. Foi também uma forma de celebrar a família artística local que, ao longo deste tempo, tem passado por aquela galeria.

“O convite foi feito aos membros da associação há alguns meses, com a intenção de assinalar o aniversário da Creative Macau nesta exposição colectiva”. Cerca de três dezenas de autores manifestaram interesse em participar, acabando por ficar vinculados ao projecto 29 artistas no final, cada um incumbido de apresentar uma obra alusiva a essa temática.

“Já recebemos a maior parte dos trabalhos, que são muito diversos e com várias técnicas, como por exemplo pintura, desenho, gravura, fotografia, instalação artística, escultura, vidro, e outros. Foi completamente livre a interpretação do tema”.

A ideia de família pode ser tal como está no título, “mas também pode sugerir uma abstracção do conceito, uma coisa mais psicológica com que cada um se identifique. É aquilo que os artistas quiserem, pode ser um sentimento de pertença, não têm que ser pessoas, podem ser lugares”, explicou Lúcia Lemos.

O comunicado de imprensa refere também que “historicamente, em muitas civilizações, a composição dos membros de uma família podia ser pequena ou enorme, extensiva a animais, escravos e outras figuras reais ou imaginárias. Muitos “retratos de família” desses tempos ficaram registados de diversas formas. E hoje o mundo está a aceitar a emergência de novas estruturas familiares como unidades sociais”.

Artistas locais

Dos trabalhos recebidos, têm surgido ideias fora do normal. A própria coordenadora apresenta também uma visão sua de família nesta mostra e, embora não tenha querido revelar muito, adiantou que se trata de “uma instalação de dois livros, feitos à mão, criados e desenvolvidos por mim”. De resto, o resultado tem sido interessante, contou, “as pessoas fizeram coisas bastante diferentes, umas representaram alguns elementos da própria família, outras interpretaram o conceito de família desde a antiguidade, a origem da família e a religiosidade, há fotografias com elementos bizarros, representação de ícones, ideias zen da mitologia chinesa, recriações da árvore da família, e coisas muito variadas”.

Os trabalhos expostos contam com as assinaturas de Alex Ao, Alice Leong, Anita Fung, António Mil-Homens, Arlinda Frota, Cheong Ut Man, Cristina Vinhas, Denis Murrell, Duarte Esmeriz, Fernando Simões, Francisco Ricarte, Gordon Zheng, Jason Lei, Jovina António, Kai Zhang, Leong Leng, Lo Yuen Yi, Lúcia Lemos, M.Chow, Madalena Fonseca, Maria Sequeira, Mavin Zin, Patrícia Mouzinho, Regina Leong, Ricardo Meireles, Rodrigo de Matos, Sou Chon Kit, Sou Un Fong e Yaia Vai, por ordem alfabética.

Cada artista terá a oportunidade de exibir uma obra, “que pode ser uma pequena composição”, das famílias possíveis no imenso mundo da criação. A mostra vai estar patente ao público até 21 de Setembro.

22 Ago 2019

Fotografia | “Made in China”, de Bruno Saveedra, na FRC em Setembro 

De Lisboa para Macau. “Made in China” é o olhar do fotógrafo Bruno Saveedra sobre a comunidade chinesa residente na capital portuguesa e que acaba por viver numa verdadeira “Chinatown”, sem se relacionar com os portugueses ou outras comunidades. A exposição chega à Fundação Rui Cunha em Setembro

 

[dropcap]F[/dropcap]oi em 2017 que Bruno Saveedra decidiu apresentar as fotografias que integraram a exposição “Made in China”, sobre a comunidade chinesa residente no bairro do Intendente, em Lisboa. Desta vez, a exposição emigra para Macau, ficando patente na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) entre os dias 2 e 11 de Setembro.

Ao HM, o fotógrafo, que residiu em Macau durante três anos, fala de uma iniciativa não só da FRC mas também da Casa de Portugal em Macau (CPM), que entretanto foi alvo de mudanças, uma vez que a mostra ganhou três novas fotografias.

“Em Lisboa a exposição estava numa espécie de instalação em que uma parede estava pintada com jornais vermelhos chineses. E em Macau a exposição não vai ter essa instalação, será algo mais clássico onde irei mostrar três fotografias novas”, contou ao HM.

Ao fotografar, Bruno Saveedra tentou retratar a frieza que diz existir no seio da comunidade chinesa em Portugal, sobretudo junto dos mais velhos. “Estas imagens transmitem um olhar fotográfico muito próprio meu sobre essa comunidade. Quando estava a fotografar senti que é uma comunidade muito fria e distante. Tinha vindo de Macau há pouco tempo e quando lá estive tive o cuidado de me integrar, e através do meu olhar tentei transmitir também essa frieza. Era como se houvesse sempre uma barreira. Através de pequenos pormenores tentei transmitir isso. Infelizmente não consegui ultrapassar essa barreira enquanto cidadão.”

Com este trabalho, o fotógrafo quis entender os rostos por detrás das fotografias. “Quis tentar encontrar e entender quem são os chineses que vivem no bairro do Intendente em Lisboa. Durante dois meses andei à procura dessas pessoas e da sua identidade para tentar encontrar e perceber que tipo de pessoas vivem lá, e encontrei pessoas com histórias incríveis.”

Nas mais velhas reside o sonho do regresso à China, mas no seio das novas gerações os sentimentos são bem diferentes. Os mais jovens “não se identificam com os costumes e a cultura chinesa e vivem como os portugueses cá, quase que rejeitam essa cultura”.

“Achei isso muito engraçado e tentei encontrar o paralelo entre as duas formas de viver em Lisboa. Foi a partir daí que desenvolvi o projecto”, acrescentou.

Novo plano

Bruno Saveedra confessa que passou por várias dificuldades para conseguir fotografar os membros da comunidade chinesa em Lisboa que surgem retratados em “Made in China”.

“Com este trabalho quero mostrar que existe uma China dentro de Lisboa, porque eles vivem completamente isolados. É uma Chinatown dentro de um bairro de Lisboa, e mesmo que haja uma multiculturalidade nesse bairro a comunidade chinesa vive praticamente isolada.”

“Tive muitas dificuldades, porque entrava nas lojas e supermercados e tentava comunicar com eles e parecia que eles não queriam falar em português. É isso que eu quero mostrar. Estou muito ansioso, é a primeira vez que vou fazer uma exposição em Macau e regresso a um local onde vivi três anos. Vai ser incrível. Quero sentir o cheiro do ar, que é muito específico”, apontou.

O regresso é vivido com tanta expectativa que o fotógrafo está mesmo a planear fazer um novo projecto com a comunidade macaense.

“Vou ficar em Macau durante 15 dias e quero desenvolver alguma coisa lá, mas não sei muito bem o quê, pois estou a tentar perceber como vai ser o meu regresso e a forma como vou agora olhar Macau. Acho que Macau está muito diferente de quando saí de lá. E coloco a hipótese de ser um projecto com a comunidade macaense”, rematou.

21 Ago 2019

Governo entregou a Paula Rego a condecoração de Mérito Cultural

[dropcap]É[/dropcap] um gesto simbólico, com tudo o que isso significa, mas faltava este reconhecimento com a Medalha de Mérito Cultural do Governo do seu país, do Governo de Portugal, e que era importante que fosse feito”, disse, sexta-feira, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, após uma visita ao estúdio da artista, na capital britânica.

A entrega da condecoração foi feita em privado, com a presença de dois dos filhos de Paula Rego, Caroline e Nick Willing, e da assistente e modelo, Lila Nunes, além do embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes.

Graça Fonseca disse que, “de facto, é a última homenagem [que faltava]”, elegendo Paula Rego como “seguramente uma das nossas maiores [artistas portuguesas], senão mesmo a maior. Tenho alguma dificuldade com a maior, porque temos óptimos artistas”.

A condecoração coincide com uma grande exposição retrospectiva da obra da pintora em Milton Keynes, cidade a norte de Londres, que a ministra vai visitar na próxima quarta-feira, e que se centra na consciência social e política de alguns dos seus trabalhos.

“Paula Rego: Obediência e Desafio”, no museu MK Gallery, abrange a obra desde os anos 1960 até 2011, com mais de 80 trabalhos, desde desenhos e gravuras em papel a colagens e pinturas em grandes telas.

A exposição vai estar em digressão, primeiro no museu Scottish National Gallery, em Edimburgo, de 23 de Novembro a 26 de Abril de 2020, e depois para o Irish Museum of Modern Art, em Dublin, de 25 de Maio de 2020 a 1 de Novembro de 2020, sendo a primeira primeira retrospectiva da obra de Paula Rego tanto na Escócia como na Irlanda.

Da mostra fazem partes quadros produzidos durante a ditadura portuguesa, como “Salazar a Vomitar a Pátria”, de 1960, e sobre o aborto, alguns dos quais produzidos após o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, em 1998, repetido em 2007, resultando na despenalização apenas à segunda tentativa.

A marcar gerações

“Paula Rego marcou-me muito a mim, mas também marcou muitas gerações. A campanha, a série que ela fez sobre o aborto, o quadro extraordinário do Padre Amaro, teve uma importância gigante na altura, porque é uma série que nos abana e que nos faz pensar, que coloca um enfoque completamente diferente numa questão social na altura muito séria e que conquistámos, quem defendia, e em grande parte devemos isso à Paula Rego. Há aqui várias homenagens que devemos à Paula Rego”, disse a ministra.

O embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, realçou que Paula Rego “é uma pintora reconhecida, amada [pelos britânicos], que vai ter uma grande exposição aqui em 2021, e mais que merecedora desta condecoração, aliada a uma personalidade que é fascinante e uma pessoa de uma simpatia e humanidade absolutamente fantásticos”.

Percurso de excelência

Nascida em Lisboa, Paula Rego, que completou 84 anos em Janeiro deste ano, viajou para Inglaterra aos 16 anos para terminar os estudos secundários numa escola privada e ingressou, no ano seguinte, na Slade School of Fine Art.

Desde 2009 que a obra da artista tem um museu dedicado em Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego, o qual tem mostrado várias vezes a obra do marido, Victor Willing, falecido em 1988.
Possui dupla nacionalidade, portuguesa e britânica, e em 2010 foi distinguida com o grau de Dame Commander of The Order of the British Empire pela rainha Isabel II, pela sua contribuição para as artes.

20 Ago 2019

Exposição | Santiago Ribeiro apresenta “Industrial of Apples”, em Pequim

Santiago Ribeiro mostra a partir desta sexta-feira, em Pequim, um dos seus trabalhos na Exposição Internacional de Arte Contemporânea. O criador do projecto “Surrealism Now” conta como sempre se distanciou da ideia do surrealismo estabelecida por André Breton em Paris e depois por nomes como Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas em Portugal

 

[dropcap]N[/dropcap]atural de Coimbra, Portugal, Santiago Ribeiro expõe pela primeira vez na China depois de ter percorrido o mundo com o seu trabalho. A sua obra “Industrial of Apples” chega à capital chinesa onde estará presente na Exposição Internacional de Arte Contemporânea, inserida no evento “Art Week in China”, entre os dias 23 e 28 deste mês, organizado pela União das Artes da Eurásia, a Fundação Mundial para as Artes e o Centro Cultural da Rússia, em Pequim.

Em entrevista ao HM, o artista fala de como surgiu a oportunidade de expor na China, depois de o seu trabalho ter passado por Belgrado e Moscovo. “Fiquei surpreendido porque essa organização russa foi criando representantes em vários países, e eles é que organizam o mesmo projecto que é feito na Rússia. Têm apoio da Casa da Rússia em Pequim que também apoia esta exposição. Não há apoios de portugueses”, confessou.

Santiago Ribeiro adiantou que já há muito desejava expor na China, depois de ter marcado presença em Taiwan. Macau também está nos planos do artista, mas este só expõe “por convite”, assume.

Na China, Santiago Ribeiro acredita que o público “vai achar piada” à sua obra. “A minha pintura é abrangente, não tem política e não ataca ninguém, consegue passar em todo o lado. Não sei se irão muitas pessoas ver a exposição, mas acho que vão achar piada ao que faço, porque é um jogo de paciência, o que vai de encontro à célebre paciência de chinês.”

“Não pinto o Trump”

Santiago Ribeiro assume-se como “o grande mentor mundial” do movimento surrealista do século XXI, graças a um projecto por si criado em 2010. É a “Surrealism Now”, uma exposição internacional que começou por ter lugar em Coimbra, com o apoio da Fundação Bissaya Barreto, e que hoje agrega trabalhos de mais de 120 artistas, oriundos de 52 países. Esta exposição já passou por várias cidades do mundo. “Ao realizar esta exposição criei muitos contactos internacionais e muitos deles convidaram-me a expor, o que acabou por ser o caso de Pequim.”

O artista português assume que aborda, sobretudo, o tema da massificação e das grandes cidades nos seus quadros. “Não falo de política ou de temas da actualidade directamente. Faço muitas figuras por causa disso, dessa massificação, e cada figura tem um movimento próprio, a sua personalidade, porque não podemos ser números, temos um nome. Hoje as instituições não conseguem tratar-nos de forma personificada.”

Santiago Ribeiro diz não fazer retratos de Donald Trump, tal como não faria, à partida, o retrato de Xi Jinping.

“Não faço ou uso retratos do Trump. Na minha pintura não faço uma coisa focada na imagem de um político ou de um personagem, mas eles estão na pintura de forma indirecta.”

No caso de Xi Jinping, Santiago Ribeiro assume estar perante sentimentos contraditórios.

“O Presidente chinês é uma figura bastante simpática, mas a China tem outro sistema, é outro mundo. Pintaria Xi de forma muito simpática, vê-se que é uma pessoa afável. Mas não nos podemos esquecer que ele pode ser Presidente para sempre, e isso é andar para trás.”

O distanciamento, neste caso, seria fundamental para uma eventual pintura. “Só indo à China é que poderia retratar melhor o Presidente chinês. Nunca iria pintar o retrato do Presidente chinês sem ele estar a sorrir, porque ele está sempre a sorrir.”

Surrealismo livre

Apesar de se afirmar como pintor surrealista, Santiago Ribeiro diz nada ter a ver com os artistas portugueses que deram nome ao movimento em Portugal, como é o caso de Mário Cesariny ou Cruzeiro Seixas. Muito menos com André Breton, que, em 1924, publicou o Primeiro Manifesto Surrealista, em Paris.

Este afastamento não é apenas artístico, mas também ideológico. “Não tenho nada que me aproxime do Cesariny ou do Cruzeiro Seixas, até porque a única coisa que me aproxima deles é o conceito sobre o mito do sonho. De resto, eles falam em liberdade, mas a liberdade deles não tem nada a ver com a nossa, do século XXI.”

“Eles seguiam umas ideologias mais de esquerda e quem não partilhasse do seu ponto de vista não era considerado surrealista. No surrealismo do século XXI todos podem estar numa exposição e ter a sua própria forma de pensar, e não têm de obedecer a uma ideologia sectarista”, acrescentou o artista.

A título de exemplo, o projecto “Surrealism Now”, por si criado, afirma-se livre na sua essência. “Não temos só surrealistas, temos também outros artistas ligados a outras vertentes, como a arte visionária ou a arte fantástica. Estes partilham dos mesmos ideais, que é a liberdade de criar e de pensar.”

Santiago Ribeiro acusa André Breton e os seus seguidores de terem ficado parados no tempo. “Na altura do Breton atravessavam-se tempos muito complicados, com guerras mundiais, e eles ainda viviam muito os reflexos da Revolução Industrial. Os surrealistas sectários desses manifestos não deixavam as coisas evoluir, por isso é que diziam que o surrealismo estava morto, porque não evolui.”

O artista português considera que o surrealismo não só não está morto como ainda vive, ainda que de uma maneira diferente. “Continua a ter uma componente política como tudo, pois esta está em todo o lado. Mas é uma política onde temos sempre a palavra liberdade, pois somos livres para pensarmos como queremos. Não somos obrigados a pensar de acordo com os mesmos ideais. Acho Freud muito mais importante do que o Breton, pois o Breton era um político. O Freud era um filósofo e cientista que tentou explicar o inexplicável do sonho, e isso é importante para os artistas do século XXI”, exemplifica.

20 Ago 2019

Filme de Pedro Costa conquista Locarno

[dropcap]O[/dropcap] filme “Vitalina Varela”, do realizador português Pedro Costa, conquistou no sábado, o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, anunciou a organização.

Depois de ter sido distinguido em Locarno, em 2014, com o prémio de melhor realização por “Cavalo Dinheiro”, Pedro Costa regressou este ano ao festival estreando o filme sobre uma mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, mas o novo filme é totalmente dedicado a esta cabo-verdiana de 55 anos.

A actriz cabo-verdiana também foi distinguida na sexta-feira com o Prémio Boccalino d’Oro para melhor actriz, disse à agência Lusa a produtora Optec Filmes.

O Boccalino d’Oro é um prémio paralelo ao Festival Internacional de Cinema de Locarno, entregue por um júri independente, tendo sido criado por um grupo de programadores e cineastas no ano 2000.

Só um realizador português conquistou antes o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno: José Álvaro Morais, em 1987, pelo filme “O Bobo”.

Realizador independente

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa é um cineasta independente, herdeiro das experiências feitas em 16mm no documentário pelos seus pares do chamado Novo Cinema, tendo-se formado na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

Iniciou a actividade nos anos 1990, tendo sido assistente de realização de Jorge Silva Melo e de João Botelho, criando, até hoje, 15 longas e curtas-metragens como “Ne Change Rien” (2009), “Juventude em Marcha” (2006), “Ossos” (1997), “Casa de Lava” (1994) e “O Sangue” (1989).

O filme “No Quarto da Vanda” deu-lhe o Prémio France Culture para o Cineasta Estrangeiro do Ano, no Festival de Cannes de 2002.

O novo filme de Pedro Costa estará ainda em competição, em Setembro, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, e no 57.º Festival de Cinema de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde tem garantida distribuição em 2020.

No Festival de Cinema de Locarno foram também exibidos filmes dos realizadores portugueses Basil da Cunha e João Nicolau, na competição internacional.

Felicitações presidenciais

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou o cineasta português Pedro Costa por ter conquistado o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça. “Felicito o cineasta Pedro Costa pelo Leopardo de Ouro que o Festival de Locarno atribuiu a ‘Vitalina Varela’”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem publicada na página oficial da Presidência da República. O Presidente português considera ainda que, “se o reconhecimento internacional de um cineasta luso é sempre motivo de regozijo, é-o ainda mais quando demonstra que o cinema pode ser empatia intransigente e rigor fulgurante”.

19 Ago 2019

Teatro | “Rua de Macau – Sabores”, de Cheong Kin I, no CCM dia 24

A encenadora Cheong Kin I volta a Macau para mostrar o seu novo espectáculo, onde conta experiências de uma geração anterior e a história especial de como o seu pai fugiu da China e aqui se fixou nos idos 1980. É já no próximo sábado, às 16h e às 20h

 

[dropcap]O[/dropcap] espectáculo “Rua de Macau – Sabores” traz de regresso ao território Cheong Kin I, encenadora local radicada em Taiwan, para apresentar o seu mais recente trabalho no contexto dos concertos teatrais “Rapsódia de Música do Cavalo Fantasma”, um evento organizado anualmente desde 2013 e integrado nos “Espectáculos para os Cidadãos” da Fundação Macau.

O argumento da peça resulta da colaboração entre Cheong Kin I e o dramaturgo local Perry Fok. São várias histórias baseadas na experiência da geração precedente à sua e mergulha os espectadores numa certa nostalgia da cidade de Macau. Em cena irão decorrer vários actos, um dos quais directamente inspirado num romance inédito escrito pelo pai da encenadora. Este é sobre a história verídica de como o autor fugiu da China e chegou ao território a nado, conseguindo escapar à atenção dos guardas da fronteira chinesa, numa época em que Macau ainda se encontrava sob administração portuguesa.

Segundo revelou Cheong Kin I, no texto de imprensa, “a essência da peça é feita das experiências das gentes de Macau. Entre as vagas de imigração dos anos 70 e 80, muitos chineses do continente chegaram clandestinamente a Macau e Hong Kong. Nestas vagas de imigração esteve o meu pai, que atravessou ilegalmente o mar a nado para alcançar Macau”.

Esta narrativa autobiográfica é um testemunho “das gentes da geração passada que arriscaram a sua vida, que se lançaram resolutamente à água, sem temer o que lhes poderia acontecer, a fim de atingir a margem que pretendiam alcançar: Macau”, lê-se no excerto. É também uma homenagem ao “espírito trabalhador” de quem “não tinha medo de colocar a sua vida em jogo, nem de trabalhar duramente para sobreviver e alimentar as suas famílias”. As novas oportunidades no território “eram tudo aquilo para que lutavam naquela época, e os esforços individuais foram, no final, compensados”, nas palavras de Cheong Kin I.

O espectáculo integra diferentes estilos musicais, desde as composições clássicas ao pop moderno, com os actos teatrais. No elenco estão nomes de artistas locais como Raymond Chan, presidente da Associação de Piano de Macau e também maestro da peça, Sean Pang e Alex Ao Ieong, cantores de pop cantonês, Ho Pak Wang, compositor e presidente da assembleia geral da Associação dos Instrumentistas de Macau, Perry Fok, co-argumentista da peça, e ainda Joe Lei, letrista do pop cantonês de Macau, que continua profissionalmente activo em Hong Kong desde 1999.

A peça sobe ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) já no próximo dia 24, sábado, para duas exibições, às 16h e às 20h.

Ilusão eterna

Cheong Kin I é uma presença recorrente na cena teatral local e tem trazido vários projectos seus ao território. O ultimo trabalho que cá apresentou foi a peça “A Reunificação das Duas Coreias”, em Fevereiro de 2018, a partir da sua interpretação do texto do dramaturgo francês Joël Pommerat.

À época, em entrevista ao Hoje Macau, Cheong Kin I revelou quais eram os seus maiores desafios enquanto encenadora e artista. “Aspiro criar a minha própria realidade, mas vai ser sempre só um processo de procura, porque, como digo, a realidade não existe. É uma ilusão eterna. É uma grande ironia que sempre procuramos ao falar de tudo o que vimos a acumular, como percepções e experiências de vida”.

Nessa altura já se encontrava a desenvolver a ideia que agora vem colocar em cena. “Vou continuar a trabalhar nos temas identitários, directamente ou indirectamente. Não acho que possa mudar nada, mas pelo menos penso que sou capaz de me mudar a mim própria”, falando das histórias que a tocam pessoalmente e da cidade onde nasceu.

Cheong Kin I é natural de Macau, onde teve o primeiro contacto com o teatro. A sua admiração pela dramaturgia levou-a até Taiwan, para estudar na Escola de Teatro da Universidade Nacional de Artes de Taipé. Aí decidiu permanecer e apostar na carreira, após a conclusão dos estudos, voltando ao território sempre que tem novos trabalhos em mãos.

19 Ago 2019

CIFAM | Mais fogos-de-artifício nos céus de Macau em Setembro e Outubro

São doze as equipas que este ano chegam do exterior para apresentar a sua arte pirotécnica no 30º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (CIFAM). A Malásia e a Austrália estreiam-se nesta edição, que arranca a 7 de Setembro e termina a 5 de Outubro

 

[dropcap]É[/dropcap] a primeira vez que a organização convida 12 países para participar no 30º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (CIFAM), que este ano se realiza durante seis noites, entre 7 de Setembro e 5 de Outubro. Em ano comemorativo do 20º aniversário da transferência de soberania do território, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) estendeu o período festivo e acrescentou novidades ao programa das celebrações.

Duas equipas estreiam-se pela primeira vez no evento, provenientes da Malásia e da Austrália, que serão respectivamente a primeira e a última a actuar. As restantes equipas vêm, por ordem de apresentação, das Filipinas, de Portugal, da Coreia, do Reino Unido, da Roménia, da África do Sul, do Canadá, de França, da China e do Japão. Os espectáculos acontecem na baía em frente à Torre de Macau.

As noites de espectáculos acontecem nos dias 7, 13, 21 e 28 de Setembro, e nos dias 1 e 5 de Outubro, entre as 21h e as 22h. A competição decorrerá com a actuação de duas equipas por noite, cada uma com direito a 18 minutos para mostrar a sua criatividade na arte da pirotecnia, num total de 12 exibições.

A população é convidada a votar no seu espectáculo preferido, até um máximo de seis votos por pessoa, através do sistema de telecomunicações disponibilizado pela CTM, parceira do evento. Os votantes que tiverem acertado na equipa vencedora, em cada noite, ficam habilitados ao sorteio de prémios variados. A TDM também irá transmitir os fogos-de-artifício em directo pela televisão e a rádio emitirá as bandas-sonoras que acompanham os elementos visuais.

O 30º CIFAM coincide este ano também com o Festival do Bolo Lunar e prolonga-se até à semana dourada do 70º aniversário da República Popular da China, a 1 de Outubro, pelo que a DST aproveitou a oportunidade para organizar uma série de actividades paralelas com a intenção de “enriquecer o conteúdo do programa” e aumentar a atracção do evento para residentes e turistas.

O orçamento para esta edição excedeu os 24 milhões de patacas, já com o acréscimo de 10 por cento em relação à verba despendida em 2018. A directora da DST, Helena de Senna Fernandes, justificou ontem em conferência de imprensa que o 30º CIFAM é um evento maior do que no ano transacto, “porque cresceu o número de equipas e de espectáculos”, sendo este um ano especial de “dupla celebração” dos aniversários da RAEM e da RPC.

Em complemento

Diversas iniciativas estão programadas para acompanhar as noites de espectáculo, com workshops de artesanato dedicados às famílias, palestras sobre a arte da pirotecnia, arraiais com música, jogos e gastronomia entre as 17h e as 23h, e já os tradicionais concursos de fotografia e de desenho para estudantes. O conjunto de actividades de animação popular conta com o apoio da União Geral das Associações dos Moradores de Macau.

Este ano são lançados dois novos concursos alusivos ao CIFAM, para a “Produção de Curta Metragem” e “Design de Cartaz”, cuja entrega de propostas deverá ser feita online de 7 de Setembro até 31 de Outubro. Voltam também os concursos lançados no ano passado, de “Composição de Canção” e de “Design do Troféu CIFAM”. A canção vencedora em 2018, “Light Your Fire”, vai estar integrada nas bandas-sonoras musicais de todas as equipas concorrentes, e o design vencedor de 2018 será a actual figura do troféu entregue ao melhor fogo-de-artifício deste ano.

A contribuir para a atmosfera do evento estará a iluminação das ruas, decoradas para o “4º Festival Internacional de Lanternas de Macau”, que se realiza este ano entre os dias 7 de Setembro e 15 de Outubro, no espaço em frente aos Lagos Nam Van e na zona pedonal ribeirinha da Avenida de Sagres, entre o One Central e o Wynn Macau.

Uma outra novidade é também o patrocínio de uma empresa de passeios de barco, que se associou ao CIFAM para proporcionar aos interessados a experiência de poderem assistir aos espectáculos de luz e cor a partir da água. Os bilhetes deverão ser adquiridos online com antecedência, estando a informação disponível no site da DST.

16 Ago 2019

Exposição | Yao Feng dá workshop de poesia no MAM

O poeta Yao Feng foi convidado pelo MAM para fazer uma oficina criativa de poesia, no dia 24 de Agosto, inspirada na pintura da exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e Portugal”, patente até 4 de Novembro. O evento será em chinês, mas fica a sugestão da visita para quem ainda não foi

 

[dropcap]G[/dropcap]raças à poesia, você morreu sem a morte. Graças à poesia, você encontrou uma lâmpada para suportar o peso da sombra. A poesia é o único que lhe resta, sendo uma possibilidade dentre as impossibilidades”. As palavras de Yao Feng são um excerto da poesia que escreveu, inspirada no quadro sobre a vida do poeta português Camilo Pessanha, pintado pelo artista e arquitecto local Carlos Marreiros.

O poema é um exemplo do que vai acontecer na oficina criativa de “Poesia inspirada na Pintura”, marcada para dia 24 de Agosto, no Museu de Arte de Macau (MAM), e apresentada por Yao Feng, pseudónimo artístico do professor Yao Jingming, também director do departamento de português da Universidade de Macau.

A ideia partiu do MAM, que convidou o conhecido poeta e professor a lançar um repto em língua chinesa aos Amigos do Museu, para que se inspirem num dos quadros da exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e Portugal”, patente ao público desde 13 de Julho até 4 de Novembro de 2019, e escrevam um poema alusivo ao tema da pintura escolhida. Ou mais, não há limite. Os textos devem ser enviados por email para o Museu até dia 21 de Agosto.
Yao Feng fará a triagem dos trabalhos na preparação do workshop de dia 24, onde irá procurar despertar, incentivar e orientar a veia criativa dos participantes, num encontro de ideias e sensibilidades que pode até ser o início de uma forma diferente de se estar vida. “Acho que cada pessoa é um poeta potencial, essa capacidade poética pode estar a dormir em cada pessoa, mas então basta acordá-la”, respondeu o professor ao HM.

A inspiração é, por vezes, o que falta. Daí a iniciativa do MAM, em que Yao Feng vai orientar os participantes “no uso da sua imaginação, despertada pelas obras de que mais gostaram, para criarem poemas integrando as conotações da pintura na poesia, expressando sentimentos induzidos pela arte”, conforme divulga a organização do evento.

Poetas e pintura

Sob o tema “Poesia Lírica”, a exposição integrou o 2º “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, apresentando mais de 90 obras destacadas da colecção MAM, criadas por 60 autores que se estabeleceram ou exibiram os seus trabalhos em Macau – chineses, macaenses e portugueses – desde a década de 1980.

São pinturas a óleo, acrílicos e aguarelas, gravuras de técnica mista, esculturas e instalações “que reflectem a criatividade dos artistas contemporâneos, bem como ricas conotações culturais chinesas e portuguesas”. A singularidade da mostra é a inclusão de sete poemas, da autoria de quatro poetas locais, que estabelecem uma relação com as obras expostas. O MAM convidou, na altura, além de Yao Feng, também Wong Man Fai, Ling Gu e Un Sio San, estando os poemas igualmente em exibição nas línguas chinesa e portuguesa.

“Quatro palavras sobre Camilo Pessanha” foi a proposta de Yao Feng para a exposição, partindo da pintura de Carlos Marreiros sobre o poeta simbolista português, nascido em 1867, que viveu e trabalhou no território entre 1894 e 1926, onde viria a falecer. O poema é sobre fases da vida – que passam pelas palavras “amor”, “mar”, “arte” e “poesia” – do renomado autor de “Clepsidra”, obra traduzida para chinês pelo próprio professor.

Milagre da poesia

O workshop de poesia a partir da pintura será uma continuação desta ideia do MAM, que se estende agora à população interessada. É a primeira vez que Yao Feng faz uma oficina criativa com o Museu, mas o exercício não difere muito do que acontece na sua sala de aulas. “De facto, já tenho feito isto com os meus alunos, eu gosto sempre de dar um tema, ou uma palavra que seja muito usada e nada criativa, para que os alunos escrevam uma frase ou um verso, mas com uma linguagem criativa”, dá como exemplo.

É que “a palavra é capaz de fazer milagres”, descrever e tornar “uma coisa muito comum, muito banal, numa coisa fantástica”. Como acredita e gosta de partilhar com os seus formandos, “na poesia o improvável pode acontecer”.

O workshop é gratuito, organizado em língua chinesa, e terá um limite de 20 participantes. A inscrição deverá ser feita online no sítio electrónico do Museu. A comunidade portuguesa pode, também, aproveitar a sugestão e visitar a mostra em busca de inspiração poética.

“Aprender a observar, a olhar o mundo com olhos poéticos, também é importante para o dia a dia, porque traz novidades, traz mais beleza para a nossa vida pessoal”, é a proposta deixada por Yao Feng.

15 Ago 2019

Assédio sexual | Plácido Domingo acusado por nove mulheres

Oito cantoras e uma bailarina afirmaram ter sido importunadas sexualmente pelo cantor espanhol. Testemunhos de mais de 30 pessoas ligadas ao meio musical confirmam já ter assistido a comportamentos incorrectos do tenor. O poder de Plácido Domingo e o receio de represálias profissionais terá levado a que apenas a meio soprano Patricia Wulf tenha dado a cara, mantendo-se as outras alegadas vítimas no anonimato

 

[dropcap]O[/dropcap] cantor espanhol Plácido Domingo terá assediado sexualmente várias mulheres e usou a sua posição para as punir quando o recusavam, tendo a agência de notícias Associated Press divulgado ontem relatos de profissionais do meio a confirmar estes comportamentos.

Numa extensa investigação por parte da agência norte-americana, oito cantoras e uma bailarina disseram ter sido assediadas sexualmente por Plácido Domingo, numa série de acontecimentos que ocorreram ao longo de três décadas, em espaços que incluíam companhias de ópera onde o cantor ocupava cargos de direcção. Muitas dizem ter sido avisadas por colegas para nunca ficar a sós com Domingo.

Seis outras mulheres relataram à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.

Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do espanhol de 78 anos.

Uma das mulheres que acusam Plácido Domingo de assédio sexual contou à AP que o espanhol enfiou a mão dentro da sua saia e três outras acusam-no de as ter beijado à força em camarins, num quarto de hotel e num almoço.

“Um almoço não é algo estranho”, disse uma das cantoras. “Alguém a tentar segurar a tua mão durante um almoço de negócios é estranho – ou a colocar a sua mão no teu joelho. Ele estava sempre a tocar-te de alguma maneira e sempre a beijar-te”.

Das nove pessoas que acusam o cantor, apenas a meio soprano Patricia Wulf aceitou divulgar o seu nome, tendo as restantes pedido anonimato por temer represálias profissionais e pessoais.
Sete das nove mulheres disseram acreditar que as carreiras sofreram por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.

Uma delas disse que teve relações sexuais com o cantor em duas ocasiões e que, numa delas, quando Plácido Domingo saiu do quarto, deixou uma nota de 10 dólares na cómoda: “Não quero que te sintas como uma prostituta, mas também não quero que tenhas de pagar para estacionar”.

Rede de poder

Contactado pela AP, Placido Domingo não respondeu às questões específicas sobre as acusações, declarando que “as alegações destas pessoas, cujo nome não é divulgado e que remontam até há 30 anos, são profundamente perturbadoras e – da forma como são apresentadas – imprecisas”.

“Ainda assim, é doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou causado desconforto, não importa há quanto tempo e apesar das minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interacções e relações foram sempre bem-vindas e consensuais. Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente magoasse, ofendesse ou embaraçasse outra pessoa”, acrescentou o cantor, que diz que “as regras e padrões” de hoje são “muito diferentes do que foram no passado”.

A influência do cantor no meio – membro do conjunto de Três Tenores, com José Carreras e Luciano Pavarotti, director-geral da Ópera de Los Angeles, presidente da Europa Nostra, presidente da administração da Federação Internacional da Indústria Fonográfica e responsável pelo concurso Operalia, que se realizou em Lisboa no ano passado – é tamanha que só Wulf aceitou dar a cara em declarações à AP.

Muitas das pessoas admitiram sentir-se fortalecidas pelo movimento #MeToo e decidiram que a maneira mais eficaz de atacar a má conduta sexual na indústria era denunciar o comportamento da figura mais proeminente da ópera.

Lista negra

Em Agosto do ano passado, o maestro titular da Orquestra Real do Concertgebouw, na Holanda, Daniele Gatti, foi afastado do cargo, depois de reveladas acusações de que teria atacado duas mulheres no seu camarim. Meses depois, foi contratado para a Ópera de Roma.

Outro maestro, Charles Dutoit, foi afastado de várias orquestras com quem colaborava na sequência de denúncias de conduta imprópria ao longo de mais de duas décadas. Passado pouco tempo, tornou-se maestro convidado da Filarmónica de São Petersburgo.

Também James Levine foi pela Ópera Metropolitana de Nova Iorque, sem que se conheçam novas ocupações do maestro.

Em Dezembro de 2017, as pessoas que denunciaram casos de assédio e abuso sexual, num movimento colectivo denominado #MeToo, surgido nos Estados Unidos, foram nomeadas “Personalidade do Ano” pela revista norte-americana Time.

Um dos casos mais mediáticos envolveu o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de 80 mulheres, entre as quais várias estrelas de Hollywood, como Gwyneth Paltrow, Ashley Judd e Angelina Jolie.

Depois destas denúncias, através de investigações pelo jornal The New York Times e a revista The New Yorker, e que levaram Harvey Weinstein a ser despedido da empresa que cofundou e à sua expulsão de várias associações e organizações, nomeadamente da Academia de Hollywood, outros casos foram surgindo.

Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má-conduta sexual, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K.

14 Ago 2019

Bienal de Veneza 2020 | Candidaturas abertas para Pavilhão de Macau

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) anunciou ontem que estão abertas até 25 de Setembro as candidaturas para apresentação de propostas para o Pavilhão de Macau-China na 17ª Bienal de Arquitectura de Veneza, que se realiza em Maio de 2020.

O tema da Bienal é “Como iremos viver juntos?” e conta com a curadoria de Hashim Sarkis, Director da Escola de Arquitectura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

A representação de Macau no Pavilhão de Macau-China cabe ao Museu de Arte de Macau, sob a alçada do Instituto Cultural (IC), em colaboração com a Associação dos Arquitectos de Macau e com a equipa que for escolhida através deste concurso público.

As equipas concorrentes deverão ser constituídas por dois membros, no mínimo, com um curador e um ou mais expositores, todos maiores de 18 anos e portadores de Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Macau. É obrigatório um dos membros da equipa ter formação académica em Arquitectura ou Planeamento Urbano, não havendo restrições quanto à formação dos outros elementos da equipa.

O júri será composto por arquitectos locais e estrangeiros, e por representantes do IC. A equipa seleccionada será anunciada no mês de Outubro, podendo receber um valor máximo de 600 mil patacas para cobrir os custos de produção, bem como apoio para o transporte entre Macau e Veneza e alojamento para três pessoas no máximo.

A Bienal de Arquitectura de Veneza, que se realiza desde 1980, é um dos eventos de arquitectura mais influentes do mundo.

14 Ago 2019

Exposição | Armazém do Boi organiza retrospectiva com artistas do Delta 

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Fluxos Ardentes – Retrospectiva de Artes do Delta do Rio das Pérolas em Macau” e é a nova exposição que estará patente no Armazém do Boi a partir do dia 23 deste mês até ao dia 13 de Outubro. Esta mostra parte de uma parceria com a Academia de Belas-Artes do Museu de Arte de Guangzhou e conta com curadoria de Hu Bin, director do museu, e Noah Ng, presidente do Armazém do Boi.

De acordo com um comunicado, o principal objectivo desta mostra é “olhar para o meteórico progresso do Delta do Rio das Pérolas em termos de urbanização e fenómeno cultural com um dualismo considerável”. Neste contexto, a exposição nasce de parcerias já antes estabelecidas, onde é feito um escrutínio daquilo que tem vindo a ser realizado nas cidades que compõem esta zona “nas mais diversas comunidades criativas, colectividades e instituições”.

Ao longo dos tempos “tem vindo a ser estabelecida uma forte ligação na esperança de estimular uma ecologia não ortodoxa e práticas artísticas”. Em 2016 foi feita uma exposição semelhante onde se revelaram trabalhos de nove artistas.

Três anos depois da segunda edição da exposição, a “Hot Flows” volta a mostrar nove artistas que prometem mostrar a sua “trajectória de integração num modelo orientado para a comunidade no contexto do Delta do Rio das Pérolas”, onde a questão ambiental desempenha um importante papel.

A exposição conta com artistas como Fong Fo, Xi San Chorus, Luwei HD e Jin Society, entre outros, incluindo os grupos Macau Comuna de Pedra e Soda City Experimental Workshop. A mostra vai estar patente na Rua do Volong, 15 e conta com os apoios do Instituto Cultural e Fundação Macau.

13 Ago 2019

Clockenflap 2019 | Mumford & Sons e The Kooks entre os primeiros nomes

O Festival Clockenflap já tem datas e os primeiros nomes do cartaz da 12ª. edição. No fim-de-semana de 22 e 24 de Novembro, o Harbourfront em Central Hong Kong será o epicentro da região em termos de música ao vivo. Mumford & Sons, The Kooks, Halsey e Lil Pump são alguns dos destaques na primeira leva de bandas anunciadas

 

[dropcap]N[/dropcap]os dias que correm é difícil imaginar alguma coisa divertida a acontecer em Hong Kong. Mas o anúncio das datas e do primeiro grupo de bandas do Clockenflap 2019 faz-nos recordar que Hong Kong está muito para lá do gás lacrimogénio e da violência.

No fim-de-semana de 22 e 24 de Novembro, no passeio marítimo do Harbourfront em Central, a música será tudo o que interessa e, a avaliar pelos primeiros nomes anunciados, parece que o alinhamento da 12.ª edição do Clockenflap está orientado para o público mais jovem.

Entre os primeiros nomes anunciados, Mumford & Sons é uma das bandas que faz o equilíbrio num naipe mais virado para o público juvenil. Pela primeira vez em Hong Kong, os britânicos vão trazer alguma paz a quem não faz a mínima ideia quem é Lil Bump e a quem foge a sete pés quando ouve o nome Justin Bieber. Com cinco discos ao longo da carreira, os Mumford & Sons foram hábeis a cavalgar a onda de renascimento do folk do início do século XXI, a reboque de nomes mais indie como Devendra Banhart, Iron & Wine, Bom Iver, por aí fora.

Para já, um dos maiores nomes apresentados são os The Kooks, o trio indie britânico movido a ritmos post-punk e pop rock, apimentados com algum ska e funk. Desde que rebentaram na cena do rock britânico, em 2006 com o disco “Inside In/Inside Out”, os The Kooks lançaram mais quatro discos e uma compilação dos maiores êxitos. Aliás, espera-se que no retorno a Hong Kong, depois do concerto de 2008, os britânicos ofereçam ao público um alinhamento repleto com os temas mais populares.

Para os mais novos

Nesta primeira fornada de bandas e artistas, destaque para dois jovens norte-americanos com um culto de seguidores considerável e, provavelmente, desconhecidos para melómanos que, por exemplo, salivaram a ver no ano passado David Byrne: Halsey, a estrela em ascensão da pop, e o controverso rapper Lil Pump.

A norte-americana Halsey, de 24 anos, subiu a pulso na escalada pela notoriedade lançando a sua música nas redes sociais. A popularidade crescente levou-a a concretizar o sonho de assinar pela Astralwerks e a lançar o seu primeiro registo em 2014, o EP “Room 93”, a que se seguiu o disco de estreia “Badlands” no ano seguinte. Estava lançada para o estrelado. “Badlands” valeu a subida ao segundo lugar no US Billboard 200 e recebeu o disco de platina pela associação RIAA. O terceiro single tirando do primeiro disco de Halsey, “Colors” chegou mesmo à dupla platina, que corresponde aos dois milhões de vendas.

Em 2016, a norte-americana de New Jersey atingiu outros públicos ao participar com os Chainsmokers na música “Closer”, que rebentou os charts um pouco por todo o mundo. Halsey chega a Hong Kong com uma série de distinções da indústria musical e dois discos na bagagem.

Outro dos nomes mais badalados entre o público mais novo é Lil Pump, um rapper com 18 anos de Miami. Com temas que podem criar alguma irritação, como, por exemplo, “Gucci Gang”, que tem milhões de visualizações no Youtube, o jovem rapper da Florida é um bom lembrete das saudades que os Beastie Boys deixaram.

Entre os restantes nomes revelados nesta primeira fornada de bandas conta-se o duo electrónico britânico Honne acompanhado pela vocalista de Taiwan Crowd Lu. Da Austrália chegam os australianos King Gizzard and the Lizard Wizard com o experimentalismo do rock psicadélico e os norte-americanos Deafheaven para amantes de sonoridades mais metálicas.

Entre os artistas asiáticos, destaque para a curiosa banda feminina de metal japonesa Babymetal, para mostrar o lado fofinho da agressividade com tendências homicidas. Da Coreia do Sul chegam-nos os rockeiros electrónicos Chai e a banda indie Say Sue Me. A representar as Filipinas, o Clockenflap apresenta o indie folk de Ben&Bem.

A organização do festival promete novidades para breve. Os bilhetes já se encontram à venda. O passe para os três dias custa 1.720 HKD, enquanto o ingresso para um dia vale 930 HKD.

13 Ago 2019

Festival | “This is my City” chega a cinco cidades portuguesas

O festival “This is my City” regressa a Portugal pela terceira vez, passando desta vez por Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria e Montemor-o-Novo. Para Manuel Correia da Silva, o projecto apresenta-se agora mais “maduro e com maior experiência.” As expectativas são de que, a exemplo do ano passado, o festival possa também regressar a Zhuhai, Shenzhen, e São Paulo

 

[dropcap]M[/dropcap]acau vai exportar o festival “This is my City” para cinco cidades portuguesas com o objectivo de dar a conhecer a cultura da região do delta do rio das Pérolas, disse sexta-feira à Lusa um dos organizadores do evento.

A banda da China continental Wu Tiao Ren e o projecto local NOYB, liderado pelo português Rui Farinha, foram os projectos artísticos escolhidos pelo festival “This is my City” para a sua “migração” a Portugal, iniciando os espectáculos no dia 30 Agosto no Jornal de Notícias, na cidade do Porto, e no dia seguinte na Casa da Música.

O festival vai ainda a Leiria (2, 3, 4 e 7 de Setembro), ao Salão Brazil em Coimbra (5 de Setembro), ao Musicbox em Lisboa (6 de Setembro) e termina no dia 8 de Setembro nas Oficinas do Convento em Montemor-o-Novo.

O objectivo passa por mostrar “a cultura contemporânea urbana” presente na região do delta do rio das Pérolas, explicou à Lusa o co-fundador do festival, Manuel Correia da Silva.

A banda Wu Tiao Ren junta quatro habitantes de Haifeng, um bairro da cidade de Shantou, na província de Guangdong e as “suas composições versam sobre as vidas de marginais na China: um voyeur solteirão que passa horas a ver operárias a entrar e sair de fábricas, um ciclista que passeia um porco, um vendedor de divisas no mercado negro, um jovem revolucionário de Haifeng assassinado por Chiang Kai-shek em 1929”, lê-se no comunicado divulgado pelo “This is my City”.

Do lado de cá

Já o projecto NOYD, que antecede os Wu Tiao Ren, explicou Manuel Correia da Silva, é “um projecto experimentalista” que através de imagem, vídeo e som pretende “transmitir o que é esta zona” ao público português e “transportá-los para este lado”.

Esta é a terceira vez que o festival vai a Portugal, mas desta vez, defendeu o co-fundador, o evento está com “mais maturidade, com bastantes datas e com mais experiência”.

Em 2018, o festival esteve nas cidades chinesas de Zhuhai, Shenzhen, em Macau, e terminou em São Paulo, Brasil. A expectativa é que o evento possa também este ano estar nestes mesmos locais, apontou Manuel Correia da Silva.

12 Ago 2019

Arquitectura | Governo aceita propostas para bienal de urbanismo em Shenzen

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC), em colaboração com a Associação dos Arquitectos de Macau e o Instituto de Planeamento Urbano de Macau, está a aceitar projectos a fim de serem seleccionados para a presença no Pavilhão de Macau na “8.ª Bienal Bi-citadina de Urbanismo/ Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong (Shenzhen) 2019”.

De acordo com um comunicado oficial, as propostas podem ser entregues até ao dia 6 de Setembro, podendo ser apresentadas de forma individual ou em grupo. O objectivo, de acordo com o IC, é “reforçar a cooperação entre Macau e Shenzhen, promover o intercâmbio cultural entre Macau e o mundo exterior e dar a conhecer melhor aos residentes de Macau as tendências culturais no âmbito do urbanismo e da arquitectura, a nível nacional e internacional”.

Dedicada ao tema “Interacções Urbanas”, a bienal deste ano terá lugar em Dezembro de 2019 na Estação Ferroviária de Alta Velocidade de Futian (Shenzhen) e em demais locais de exposição nas proximidades. A ideia é partilhar com um público mais abrangente o crescente processo de interligação global e integração regional, incluindo os fenómenos de ligação e integração na Região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

A bienal é organizada em Shenzen, desde 2005, e é a única a nível mundial dedicada exclusivamente à temática da cidade, contando já com sete edições, no âmbito das quais foram expostas mais de 1.155 obras provenientes de todo o mundo e organizados mais de 900 eventos e fóruns, atraindo assim mais de 1,65 milhões de visitantes.

9 Ago 2019

Israel recupera documentos de Franz Kafka 

[dropcap]A[/dropcap] Biblioteca Nacional de Israel revelou esta quarta-feira documentos recuperados do escritor judeu checo Franz Kafka, terminando uma saga judicial sobre a sua propriedade com mais de dez anos. Quando lutava contra a tuberculose num sanatório austríaco, o autor de “O Processo”, sobre os labirintos e extravagâncias do sistema judicial, e “A Metamorfose” pediu ao seu amigo Max Brod para destruir todos as suas cartas e escritos.

Após a morte do escritor em 1924, Brod, nascido em Praga e também judeu, sentiu não poder responder aquele pedido. Em 1939, quando trocou a antiga Checoslováquia ocupada pelos nazis por Telavive, levou os papéis de Kafka numa mala. Publicou depois numerosas obras e contribuiu para a celebridade póstuma de Kafka, considerado uma das principais figuras literárias do século XX.

Mas a morte de Brod em 1968 deu início a uma “história kafkiana” sobre o destino daqueles arquivos, resumiu a porta-voz da Biblioteca Nacional de Israel, Vered Lion-Yerushalmi.

O tesouro foi dividido e uma parte roubada antes de ser posta à venda na Alemanha. Desde Março de 2008, a Biblioteca Nacional lutava para juntar e guardar a colecção em Israel, disse o seu presidente, David Blumberg, numa conferência de imprensa.

“A Biblioteca Nacional reivindicou a transferência dos arquivos pois era o que Brod dizia querer no seu testamento”, declarou, adiantando: “Iniciámos um processo que levou 11 anos e terminou há duas semanas”.

Em Maio, após a decisão de um tribunal alemão, Berlim entregou milhares de artigos e manuscritos que terão sido roubados há dez anos em Telavive para serem depois vendidos aos Arquivos literários alemães de Marbach e a coleccionadores privados. Outros documentos encontravam-se no frigorífico de um apartamento em ruínas em Telavive, assim como em cofres bancários na mesma cidade. Um último lote encontrava-se num cofre-forte da sede do banco suíço UBS, em Zurique, e foi uma decisão recente da justiça suíça sobre este lote que permitiu à Biblioteca Nacional de Israel acabar com a saga.

9 Ago 2019

Casa Garden | World Press Photo 2019 chega em Setembro 

As fotografias vencedoras da edição deste ano do World Press Photo regressam à Casa Garden, espaço da Fundação Oriente, no próximo mês de Setembro. O drama vivido na fronteira entre o México e os Estados Unidos e a miséria no rio Pasang, nas Filipinas, são alguns relatos fotográficos que podem ser visitados pelo público

 

[dropcap]A[/dropcap]s fotografias premiadas no concurso World Press Photo 2019 vão estar patentes em Macau entre 29 de Setembro e 21 de Outubro, numa iniciativa que a organização disse à Lusa esperar atrair cerca de 2.500 pessoas.

No total vão ser exibidas na Casa Garden 157 fotografias, entre as quais a fotografia vencedora do World Press Photo 2019, tirada em 12 de Junho de 2018 por John Moore, onde se vê uma criança hondurenha (à data com dois anos de idade) a chorar agarrada à mãe enquanto os oficiais da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos a revistam, depois de terem cruzado ilegalmente a fronteira EUA-México perto de McAllen, no estado do Texas.

A imagem, que valeu ao fotógrafo norte-americano um prémio de 10 mil euros foi capa da revista Time e gerou a contestação ao programa do Presidente norte-americano, Donald Trump, que levou à separação das famílias de imigrantes.

Mãozinha da CPM

A 12.ª edição do evento em Macau espera atrair cerca de 2.500 pessoas, disse à Lusa a coordenadora da Casa de Portugal em Macau, Diana Soeiro, acrescentando que orçamento desta iniciativa se cifra nas 180 mil patacas. Tal como nos anos anteriores as legendas das fotografias vão estar traduzidas também em chinês “de forma a atrair um público mais variado”.

Entre os premiados deste ano está a imagem do fotojornalista português Mário Cruz, premiado na categoria Ambiente, com o título “Living Among What’s Left Behind” (“Viver entre o que foi deixado para trás”), resultado de um projecto desenvolvido a título pessoal, sobre comunidades de Manila, nas Filipinas, que vivem sem saneamento e rodeadas de lixo.

A imagem vencedora mostra uma criança que recolhe materiais recicláveis deitada num colchão rodeado por lixo que flutua no rio Pasig, declarado biologicamente morto na década de 1990.

Para o fotojornalista, esta imagem “é um apelo que merece reacção rápida”. “Nós vemos imagens de praias com lixo no areal e ficamos incomodados, mas estas pessoas em Manila [capital das Filipinas] estão rodeadas de lixo diariamente, já há muitos anos, e isto merece a nossa reacção rápida”, afirmou Mário Cruz em declarações à Lusa, aquando do anúncio da nomeação para o World Press Photo.

A fotografia vencedora foi captada nesse sentido: “No fundo é um apelo para que não se ignore o que não pode ser ignorado”, disse.

Os habitantes daquelas comunidades tentaram, sem sucesso, ir viver para a capital das Filipinas e acabaram por criar construções ilegais junto ao rio, onde vivem, sem saneamento, e muitos deles da reciclagem do lixo que é atirado fora.

“É um problema que se arrastou, e está a agravar-se tomando dimensões preocupantes”, alertou o fotojornalista, acrescentando que viu estuários, criados para impedir as cheias, cheios de lixo.

“Neste momento só se vê lixo. É dramático olhar para um canal de água e não ver a água, só plástico, e isso merece sem dúvida uma reacção”, reiterou Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal.

9 Ago 2019

Taiwan | Pequim proíbe participação chinesa em festival de cinema

[dropcap]A[/dropcap] China informou ontem que proibiu actores e filmes chineses de participarem no Prémio Golden Horse, de Taiwan, uma das mais prestigiadas distinções da indústria cinematográfica na Ásia, em mais uma medida para pressionar Taipé.

O anúncio, difundido pelo China Film News, um jornal afiliado à agência que regula a indústria no continente chinês, não detalhou os motivos para a suspensão, mas a medida ocorre no momento em que Pequim exerce crescente pressão financeira e diplomática sobre Taiwan.

Mesmo sem aquela proibição, seria difícil para os artistas chineses participarem na cerimónia, que decorre no final de Novembro.

Pequim proibiu recentemente viagens individuais a Taiwan, alegando o deteriorar das relações com a ilha democraticamente governada.

A participação chinesa já estava em dúvida, desde que a cerimónia do ano passado ficou marcada pelo descontentamento chinês com o discurso do produtor de documentários Fu Yue, que apelou ao mundo para reconhecer Taiwan como um país independente, algo que menos de vinte nações fazem actualmente.

Os participantes chineses recusaram-se então a subir ao palco e fizeram observações pontuais sobre Taiwan e China serem membros da mesma família. No final, recusaram-se a comparecer no banquete de recepção.

Citado pela agência noticiosa Associated Press, o comité organizador disse lamentar a notícia, mas confirmou que o evento continuará como planeado.

Os participantes chineses são os grandes vencedores do evento, desde que foram convidados pela primeira vez a participar, em 1996.

8 Ago 2019