Pequim considera um grande erro se a Argentina cortar relações com Brasil ou China

O Governo chinês afirmou ontem que a Argentina cometeria um “grande erro” se cortasse relações com “países tão grandes como Brasil e China”, uma possibilidade sugerida nos últimos meses pelo presidente eleito, Javier Milei, e alguns dos seus colaboradores. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, reagiu assim às recentes declarações feitas pela conselheira de política externa de Milei, Diana Mondino, que disse: “Vamos deixar de colaborar com os governos do Brasil e da China”.

Mao Ning observou que existem “discrepâncias” quanto ao significado das palavras de Mondino – cujo nome está a ser falado como possível chefe da diplomacia do novo governo argentino – e afirmou que “nenhum país pode separar as relações diplomáticas do desenvolvimento da cooperação económica e comercial”.

A China é o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o principal mercado de exportação dos seus produtos agrícolas, lembrou Mao, em conferência de imprensa. “As duas partes têm uma forte complementaridade económica e um grande potencial para cooperação”, acrescentou.

Citada pela agência de notícias russa Sputnik, Mondino disse que a “relação com os dois países – em referência à China e ao Brasil – vai ser excelente, como deve ser”, mas que “é preciso distinguir o que é o governo do que é o Estado”.

A China felicitou Milei na segunda-feira e disse que está disposta a trabalhar com a Argentina para “continuar a amizade entre os dois países”. Há dois anos, Milei garantiu que “não faria negócios com a China” e afirmou que o corte de relações com o país asiático “não seria uma tragédia macroeconómica”.

Em agosto passado, a China aconselhou Milei a visitar o país e a observar a sociedade chinesa, depois de o candidato ultraliberal ter afirmado que as pessoas na China “não são livres”.

A posição de Milei em relação à China contrasta com a do seu rival, Sergio Massa, que se deslocou a Pequim em junho passado, na qualidade de ministro da Economia argentino. Massa afirmou que a Argentina considera a China um parceiro económico e comercial importante e manifestou a sua vontade de reforçar a cooperação em várias áreas.

Pequim e Buenos Aires mantiveram boas relações nos últimos anos: a Argentina aderiu no ano passado à Iniciativa Faixa e Rota, o gigantesco projeto internacional de infraestruturas lançado por Pequim para consolidar a sua influência. A China tem investimentos na Argentina em áreas estratégicas como desenvolvimento de infraestruturas e exploração mineira, e um acordo para pagar as suas importações da Argentina na moeda chinesa, o yuan, e não em dólares norte-americanos.

Muitas empresas chinesas estão interessadas no país sul-americano, especialmente no sector agrícola e em recursos naturais como o lítio, matéria-prima fundamental para a indústria chinesa de carros elétricos, do qual a Argentina é o quarto maior produtor do mundo.

22 Nov 2023

China-Rússia | Partidos no poder afinam relações e estratégias

Xi Jinping e Vladimir Putin enviaram na segunda-feira cartas de felicitações à 10.ª reunião do mecanismo de diálogo entre os partidos no poder da China e da Rússia. Na sua carta de felicitações, Xi felicitou calorosamente a convocação da reunião. O presidente chinês afirmou que, “actualmente, estão a ocorrer a um ritmo cada vez mais rápido mudanças nunca vistas num século e que o mundo entrou num novo período de desordem e transformação”.

Segundo Xi, “as relações entre a China e a Rússia resistiram ao duro teste das mudanças no panorama internacional, mantiveram um elevado nível de desenvolvimento, deram o exemplo de um novo modelo de relações entre os principais países e desempenharam um papel estratégico mais proeminente na consecução da estabilidade e do desenvolvimento globais”.

Xi e a energia positiva

No ano que vem, quando se comemora o 75º aniversário do estabelecimento dos laços diplomáticos entre a China e a Rússia, Xi disse que “a China está disposta a trabalhar com a Rússia para compreender a tendência geral da história, desenvolver firmemente relações de amizade permanente de boa vizinhança, coordenação estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica, e promover vigorosamente o desenvolvimento e a revitalização de ambos os países para injectar mais estabilidade e energia positiva no mundo”.

Xi salientou ainda que os intercâmbios e a cooperação entre o PCC e o partido Rússia Unida constituem uma parte importante das relações China-Rússia na nova era, e que o mecanismo de diálogo entre os partidos no poder da China e da Rússia se transformou num canal e numa plataforma únicos para os dois países consolidarem a confiança política mútua, reforçarem a coordenação estratégica e promoverem uma cooperação mutuamente benéfica.

“Espera-se que as duas partes aproveitem a 10ª reunião do mecanismo de diálogo como uma oportunidade para o desenvolvimento das relações China-Rússia na nova era, salvaguardando a equidade e a justiça internacionais e promovendo a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade, disse Xi.

Putin e os projectos

Por seu lado, Putin afirmou na sua carta que a parceria estratégica abrangente de coordenação Rússia-China se encontra “ao mais alto nível da história” e que “os dois países estão a trabalhar em conjunto para fazer avançar uma série de projectos de cooperação em grande escala nos domínios da economia, transportes, energia e cultura, entre outros”.

Segundo o presidente russo, os dois países estão a coordenar posições através de canais bilaterais e de mecanismos multilaterais, como a Organização de Cooperação de Xangai e o BRICS, para “resolver questões internacionais importantes e promover a construção de uma ordem internacional mais justa e democrática”.

“Enquanto partidos no poder da Rússia e da China, o partido Rússia Unida e o PCC realizaram interacções de alto nível e construtivas e promoveram o rápido desenvolvimento da cooperação bilateral em vários domínios”, afirmou Putin. “Os órgãos do comité central e as instituições locais dos dois partidos mantiveram interacções institucionalizadas, trocaram experiências úteis sobre a construção do partido, a legislação e o trabalho social, e realizaram debates aprofundados sobre uma série de questões práticas das agendas bilateral e internacional”, acrescentou.

Também na segunda-feira, a agência Xinhua informou que Vyacheslav Volodin, presidente da Duma russa, deverá visitar a China de terça a quinta-feira, a convite do legislador chinês Zhao Leji.

Das palavras aos actos

Entretanto, em Pequim, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, e o seu homólogo russo, Andrei Belousov, acordaram aumentar a cooperação em matéria de investimento entre os dois países e “reforçar a coordenação e elaborar planos a longo prazo”.

Segundo a agência Xinhua, Ding, que recebeu Belousov na segunda-feira, propôs o “aprofundamento da cooperação em matéria de investimento” entre os dois países, para “implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado” nas suas recentes reuniões.

As propostas de Ding incluem “aumentar o planeamento e a direção da cooperação bilateral em matéria de investimento”, “reforçar o apoio e a orientação para as empresas dos dois países” e “promover a complementaridade regional, coordenar melhor o comércio, investimento, canais e construção de plataformas”. “Trata-se igualmente de aprofundar a cooperação prática nos domínios da agricultura e das infraestruturas de transportes”, frisou o vice-primeiro-ministro chinês.

“Precisamos de oferecer em conjunto uma nova visão para a cooperação a longo prazo, reforçando as sinergias, de modo a criar um ambiente de investimento bilateral saudável”, disse Ding, citado pela Xinhua.

22 Nov 2023

Trabalhadores presos em túnel que desabou na Índia receberam refeições quentes

Os 41 trabalhadores da construção civil presos num túnel que desabou no norte da Índia há mais de uma semana receberam hoje refeições quentes, enquanto as equipas de resgate continuam a trabalhar num plano alternativo para os retirar.

As refeições – arroz e lentilhas – foram fornecidas através de um tubo de aço de 15,24cm instalado através dos escombros na noite de segunda-feira, disse Deepa Gaur, porta-voz do Governo. Nos últimos nove dias, os trabalhadores sobreviveram com comida seca enviada através de um tubo mais estreito. O oxigénio está a ser fornecido através de um outro tubo. As autoridades divulgaram na terça-feira um vídeo, depois de terem conseguido fazer chegar uma câmara aos trabalhadores.

As imagens mostravam os trabalhadores com os capacetes colocados, movendo-se pelo túnel bloqueado, enquanto comunicavam com as equipas de resgate por ‘walkie-talkies’. As famílias estão cada vez mais preocupadas e frustradas à medida que a operação de resgate se arrasta.

O túnel desabou no estado de Uttarakhand, uma região montanhosa que se revelou um desafio para a máquina de perfuração, que avariou enquanto as equipas de resgate tentavam cavar horizontalmente em direção aos trabalhadores presos.

As vibrações de alta intensidade da máquina também causaram a queda de mais destroços, levando as autoridades a suspender os esforços de resgate. Atualmente, as equipas estão a fazer uma estrada de acesso ao topo da montanha, de onde farão a escavação na vertical.

A perfuração do túnel levará alguns dias e poderão cair detritos durante os trabalhos, segundo disseram as autoridades na segunda-feira. Será necessário escavar 103 metros para alcançar os trabalhadores presos, quase o dobro da distância da perfuração horizontal anteriormente tentada. Contudo, as autoridades disseram que continuariam a escavar horizontalmente, desde a boca do túnel, em direção aos trabalhadores.

Os trabalhadores estão presos desde 12 de novembro, quando um deslizamento de terra fez com que uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir desabasse a cerca de 200 metros da entrada.

A região de Uttarakhand é repleta de templos hindus e a construção de rodovias e edifícios tem sido constante para acomodar o fluxo de peregrinos e turistas. O túnel faz parte da estrada para Chardham, um projeto emblemático que abarca um conjutno de quatro locais de peregrinação hindu.

21 Nov 2023

Gaza | MNE promete trabalho para “restabelecer paz”

A China quer trabalhar para “restabelecer a paz” no Médio Oriente, declarou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a uma delegação de diplomatas de países árabes ou de população maioritariamente muçulmana. “Vamos trabalhar juntos para acalmar rapidamente a situação em Gaza e restaurar a paz no Médio Oriente o mais rapidamente possível”, disse Wang, no discurso de abertura da reunião em Pequim.

“Uma catástrofe humanitária está a desenrolar-se” na Faixa de Gaza, disse Wang aos ministros dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Indonésia, Egito, Arábia Saudita e Jordânia, assim como o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica.

“A situação em Gaza afecta todos os países do mundo, pondo em causa a noção do correcto e do errado e os princípios fundamentais da humanidade”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa. “A comunidade internacional deve agir urgentemente e tomar medidas eficazes para evitar que esta tragédia se espalhe”, acrescentou Wang. “A China sempre estará ao lado da causa justa dos direitos legítimos”, disse o ministro.

O homólogo palestiniano, Riyad al-Maliki, agradeceu o convite para uma reunião que considerou ser “em nome do mundo árabe e islâmico pelos crimes cometidos por Israel em Gaza”. “Para Israel, esta é a guerra derradeira que acaba com todas as guerras (…). Eles querem eliminar todos os palestinianos”, acrescentou o ministro dos negócios estrangeiros da Autoridade Palestiniana, que controla a Cisjordânia, mas não Gaza.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, exigiu “um cessar-fogo imediato”, algo a que a China tinha apelado após o início da guerra no mês passado. Historicamente, Pequim é bastante favorável aos palestinianos e a favor da solução de dois estados para resolver o conflito israelo-palestiniano.

21 Nov 2023

China | Número de nascimentos cai pelo sétimo ano consecutivo

Especialistas chineses em demografia prevêem que o número de nascimentos na China vai continuar a cair em 2023, pelo sétimo ano consecutivo, face à contração no número de matrimónios e a casamentos tardios. De acordo com estatísticas oficiais do país asiático, 10,51 milhões de pessoas casaram-se pela primeira vez na China, em 2022, menos 9,16% do que no ano anterior e o nível mais baixo desde 1980. A idade média do primeiro casamento situou-se nos 28,67 anos, quase quatro anos acima da média registada em 2010.

Citado pelo jornal oficial Global Times, o demógrafo He Yafu disse que o número de nascimentos em 2023 deve situar-se “entre 8 e 9 milhões”, em comparação com os 9,5 milhões registados em 2022, embora tenha notado que é possível que, após o fim da política dos ‘zero casos’ de covid-19, no início deste ano, o número de nascimentos “recupere” em 2024.

No entanto, ele previu que a “tendência de declínio contínuo do número de nascimentos vai continuar, a menos que sejam implementadas políticas fortes de apoio à natalidade”. O declínio do número de pessoas que casam pela primeira vez no país asiático é “o resultado de vários factores”, incluindo a “diminuição da população em idade de casar”, “a mudança de atitudes em relação ao casamento e às relações” e “a falta de políticas de apoio”, acrescentou. “A geração mais jovem já não considera o casamento e a paternidade como uma experiência de vida obrigatória”, afirmou o especialista.

A China registou um declínio oficial de 850.000 pessoas em 2022 e fechou o ano com 1.411,75 milhões de habitantes. O país asiático aboliu a política de filho único em 2016, mas a decisão não surtiu grande efeito, devido aos custos com educação e saúde dos filhos e à prioridade dada pelos jovens às carreiras profissionais.

Durante o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, há um ano, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”. Em abril passado, as projeções da ONU indicavam que a vizinha Índia se tornaria o país mais populoso do mundo, depois de ter ultrapassado a China.

21 Nov 2023

Taiwan | Candidato William Lai escolhe Hsiao Bi-khim como aliada para eleições

William Lai, que é candidato a governar Taiwan, escolheu a representante de longa data de Taipé nos Estados Unidos como a sua candidata para o cargo de vice. O actual vice-líder Lai anunciou ontem, na sua página na rede social Facebook, a nomeação de Hsiao Bi-khim – nascida no Japão, filha de pai taiwanês e mãe norte-americana – como a sua aliada mais próxima para as eleições de Janeiro.

A medida deve reforçar o apoio a William Lai entre os membros do Partido Democrático Progressista, actualmente no poder. Lai e Hsiao enfrentam uma oposição dividida, liderada pelo Partido Nacionalista, também conhecido como Kuomintang, que tem procurado atrair candidatos independentes para a sua candidatura.

Lai é o actual vice de Taiwan. A actual líder, Tsai Ing-wen, está prestes a terminar o seu segundo mandato de quatro anos. O exercício do cargo no território está limitado a dois mandatos.

Na sua publicação no Facebook, Tsai disse que Hsiao foi crucial para a cooperação com os EUA, o principal aliado e fornecedor de armamento de Taiwan. “Esta equipa, após oito anos no poder da líder Tsai, está completamente preparada para enfrentar todos os desafios, tanto internos como da China”, afirmou Lai.

Hsiao Bi-khim, de 52 anos, ocupa o cargo de representante de Taipé nos Estados Unidos desde 2020. Ela é considerada uma diplomata astuta e com bons contactos, que tem conseguido navegar entre as tensões geopolíticas que dividem Washington e Pequim.

21 Nov 2023

Pequim felicita Milei e afirma disposição para colaborar com a Argentina

A China felicitou ontem o vencedor das eleições presidenciais argentinas, Javier Milei, e afirmou que está disposta a trabalhar com a Argentina para “continuar a amizade entre os dois países”. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse que o seu país e a Argentina “procuraram benefícios mútuos” e “trataram-se com igualdade e respeito” nas últimas décadas. O desenvolvimento das relações entre Pequim e Buenos Aires “trouxe benefícios tangíveis para ambos os povos”, apontou.

Apesar de a China ser actualmente o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o segundo maior destino das exportações argentinas, Milei chegou a afirmar durante a campanha que, se ganhasse, continuariam a ser parceiros comerciais do sector privado chinês, mas que o Estado não negociaria com Pequim, por ser um “regime comunista”.

Mao assegurou que a China “atribui grande importância ao desenvolvimento dos laços com a Argentina” numa “perspectiva estratégica a longo prazo” e que as relações bilaterais mostraram recentemente uma “boa dinâmica de desenvolvimento”. “Os laços China – Argentina tornaram-se um consenso em ambas as sociedades”, acrescentou.

Mao também garantiu que “não está ciente” dos planos do presidente eleito de paralisar a entrada da Argentina no bloco de economias emergentes BRICS, uma possibilidade que Milei aventou durante a sua candidatura. Há dois anos, Milei, que obteve cerca de 55% dos votos nas eleições presidenciais de domingo, garantiu que “não faria negócios com a China” e afirmou que o corte de relações com o país asiático “não seria uma tragédia macroeconómica”.

Em Agosto passado, a China recomendou a Milei que “visitasse” o país para “observar” a realidade chinesa, depois de o candidato libertário ter afirmado que os chineses “não são livres”.

A posição de Milei em relação à China contrasta com a do seu rival, Sergio Massa, que se deslocou a Pequim em junho passado, na qualidade de ministro da Economia da Argentina, onde afirmou que Buenos Aires considerava o país asiático um parceiro económico e comercial importante e manifestou vontade de reforçar a cooperação em várias áreas.

Pequim e Buenos Aires mantiveram boas relações nos últimos anos: a Argentina aderiu no ano passado à Iniciativa Faixa e Rota, o gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado por Pequim. A China tem investimentos na Argentina em áreas estratégicas como desenvolvimento de infraestruturas e exploração mineira, e um acordo para pagar as suas importações da Argentina na moeda chinesa, o yuan, e não em dólares norte-americanos.

Muitas empresas chinesas estão interessadas no país sul-americano, especialmente no setor agrícola e em recursos naturais como o lítio, matéria prima fundamental para a indústria chinesa de carros elétricos, do qual a Argentina é o quarto maior produtor do mundo.

21 Nov 2023

Índia | 40 trabalhadores presos há sete dias num túnel

Quarenta trabalhadores continuavam ontem, pelo sétimo dia, presos num túnel rodoviário desmoronado no norte da Índia, enquanto os socorristas esperam uma nova máquina para perfurar os escombros. Na sexta-feira, a perfuração foi interrompida quando alguns rolamentos da máquina ficaram danificados devido à quebra de rochas e à remoção de escombros, disse um responsável da sala de controlo Vijay Singh.

As autoridades indicaram esperar que uma nova máquina chegasse ao local durante o dia, permitindo retomar a perfuração dos escombros e destroços, iniciada na passada quinta-feira.

Até agora, foi perfurada uma extensão de 24 metros, mas pode ser necessário ir até aos 60 metros para permitir a saída dos trabalhadores, disse Devendra Patwal, da agência de gestão de catástrofes. As autoridades indianas esperavam concluir a perfuração até sexta-feira à noite e criar um túnel de fuga com tubos soldados entre si.

Os trabalhadores da construção civil estão presos desde o dia 12 de Novembro, quando um aluimento de terras levou ao desabamento de uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir, a cerca de 200 metros da entrada.

O local fica em Uttarakhand, um estado montanhoso repleto de templos hindus que atraem muitos peregrinos e turistas. A construção de auto-estradas e edifícios tem sido constante para receber o elevado número de visitantes. O túnel faz parte da movimentada estrada Chardham, um projecto federal emblemático que liga vários locais de peregrinação hindu.

As autoridades de Uttarakhand disseram ter contactado especialistas tailandeses que participaram no resgate de uma equipa de futebol juvenil presa numa gruta na Tailândia em 2018, disse o administrador do governo do estado, Gaurav Singh. Também foi contactado o Instituto Geotécnico Norueguês para uma possível ajuda.

20 Nov 2023

Autoridades palestinianas e de países muçulmanos visitam a China

Uma delegação de ministros dos Negócios Estrangeiros da autoridade palestiniana e de quatro países predominantemente muçulmanos vai visitar a China entre hoje e amanhã, anunciou ontem Pequim. Esta delegação integrará os ministros dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia, Arábia Saudita, Jordânia, Egipto e Indonésia, assim como o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica.

“Durante a visita, a China fará uma profunda comunicação e coordenação com a delegação conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros de países árabes e muçulmanos para promover uma desaceleração no conflito israelo-palestiniano, a protecção de civis e uma solução justa para a questão palestiniana”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em comunicado.

Após o início da guerra no mês passado, muitas autoridades chinesas, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, pediram um cessar-fogo imediato e uma “acalmia” da situação. Historicamente, Pequim é bastante favorável aos palestinianos e a favor da solução de dois estados para resolver o conflito israelo-palestiniano.

Sem dó

Em 07 de Outubro, o movimento islamita Hamas desencadeou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas em Gaza e impondo um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade, acções condenadas pelo direito internacional e que configuram crimes de guerra.

Os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar já causaram mais de 16 mil mortos, na maioria civis, na Faixa de Gaza, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde do Governo de Gaza, controlado pelo Hamas. Apesar dos constantes apelos internacionais para pausas humanitárias e de cessar fogo, as forças israelitas continuam o massacre na região.

20 Nov 2023

Hong Kong | Líder da Igreja Católica chinesa conclui visita histórica

O líder da Igreja Católica chinesa, Joseph Li, concluiu este fim de semana uma visita histórica a Hong Kong, de que saíram apelos do topo do clero local à unidade, incluindo em Macau.

O arcebispo Li chegou a Hong Kong na segunda-feira, a convite de Stephen Chow, recém-designado cardeal católico da cidade, e que em Abril se tornou o primeiro a visitar a capital chinesa em quase três décadas, marcando uma aproximação entre o fragmentado catolicismo chinês.

Num seminário na quarta-feira, Chow afirmou o papel da igreja de Hong Kong como uma “igreja de ponte”, acrescentou a mesma publicação. Em declarações ao Kung Kao Po, Li prometeu melhorar a igreja chinesa, aproveitando a visita enquanto “oportunidade para aprender muitas coisas”.

Em setembro, a China disse que deseja “fortalecer a confiança mútua” com o Vaticano, um dos poucos Estados com os quais não tem relações diplomáticas, após o papa ter enviado um telegrama a desejar felicidades ao povo chinês.

“A China está disposta a manter um espírito de conciliação com o Vaticano, envolver-se num diálogo construtivo, reforçar a compreensão e a confiança mútua e promover o processo de melhoria das relações bilaterais”, afirmou Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

20 Nov 2023

APEC | Xi Jinping garante que China vai continuar “desenvolvimento pacífico”

O Presidente da China disse que o país vai continuar a “manter-se no caminho do desenvolvimento pacífico” para “melhorar a vida do povo chinês e não [para] substituir ninguém”. Xi Jinping sublinhou a vontade da China de “trabalhar em conjunto” para alcançar mais resultados na cooperação na região Ásia-Pacífico, durante um discurso proferido na cerimónia de encerramento da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na sexta-feira, em São Francisco.

O líder chinês apelou à criação de “uma comunidade aberta, dinâmica, resiliente e pacífica” naquela região, para a qual propôs a aposta em áreas como a inovação tecnológica, a abertura económica e a integração regional, o desenvolvimento verde e a redução das desigualdades. Xi apelou a esforços conjuntos para “criar em conjunto mais 30 anos dourados” para a região.

Os Presidentes das duas maiores potências económicas do mundo tiveram esta semana um encontro há muito esperado, após um ano sem contactos, numa altura em que ambos procuram estabilizar a relação bilateral, que tem estado tensa nos últimos anos.

No encontro, que durou cerca de quatro horas, concordaram em retomar as comunicações militares e, de acordo com a Casa Branca, chegaram a um acordo para que a China controle os precursores químicos utilizados no fabrico do fentanil, opiáceo que mata cerca de 200 norte-americanos por dia.

Durante a estada em São Francisco, Xi defendeu a “construção de pontes” com os Estados Unidos e garantiu que a China está pronta para ser “um parceiro e um amigo” da nação norte-americana com base nos princípios fundamentais do respeito e da coexistência pacífica.

O líder chinês assegurou ainda que o país “está feliz por ver uns Estados Unidos confiantes, abertos, em constante crescimento e prósperos”, embora tenha acrescentado esperar que Washington “dê as boas-vindas a uma China pacífica, estável e próspera”.

Xi também aproveitou a cimeira da APEC para demonstrar a influência na região, mantendo um encontro com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e para aprofundar os laços com os parceiros latino-americanos, especialmente aqueles que se queixam de que Washington relegou a região para segundo plano, face às guerras na Ucrânia e no Médio Oriente.

No primeiro dia da cimeira, o Presidente chinês encontrou-se com os homólogos do México, Andrés Manuel López Obrador, e do Peru, Dina Boluarte, para reiterar a vontade de reforçar os laços comerciais.

Dos dois encontros, Xi recebeu um convite para visitar o México nos próximos meses e o Peru, quando este país acolher a cimeira dos líderes da APEC no próximo ano.

Criada em 1989, a APEC reúne 21 territórios asiáticos e americanos que fazem fronteira com o oceano Pacífico: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Singapura, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos e Vietname.

20 Nov 2023

Xi Jinping pede construção de “mais pontes” com EUA

O Presidente chinês apelou ontem para a construção de “mais pontes” com os Estados Unidos, num jantar com empresários norte-americanos em São Francisco, no qual participaram Elon Musk e Tim Cook, entre outros. “Temos de construir mais pontes e pavimentar mais estradas para que os povos dos dois países interajam. Não devemos erguer barreiras (…)”, afirmou o líder chinês, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Xi considerou que Washington não devia ver a China como o principal concorrente e garantiu que o país está pronto para ser um “parceiro e amigo” dos EUA, com base nos princípios fundamentais do “respeito, coexistência pacífica e cooperação para benefício mútuo”.

“Se uma das partes encarar a outra como o principal concorrente, desafio geopolítico e ameaça, isto só conduzirá a políticas desinformadas, acções mal orientadas e resultados indesejáveis”, afirmou. “A China não vai travar uma guerra fria ou quente com ninguém. Independentemente do nível de desenvolvimento que alcançar, a China nunca vai procurar a hegemonia ou a expansão e nunca vai impor a sua vontade aos outros”, explicou.

O líder chinês mencionou igualmente as principais iniciativas multilaterais de Pequim, incluindo o gigantesco projecto de infra-estruturas internacional Faixa e Rota e as iniciativas de Desenvolvimento Global, Segurança Global e Civilização Global, “sempre abertas a todos os países”.

Anunciou igualmente que o país está disposto a convidar 50 mil jovens norte-americanos a viajar para a China, nos próximos cinco anos, no âmbito de programas de intercâmbio e académicos destinados a reforçar as relações entre os dois povos.

O jantar, realizado à margem do fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), que termina hoje em São Francisco, reuniu magnatas e presidentes executivos como Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, Tim Cook, da Apple, Jane Fraser, em representação do banco Citigroup, Darren Woods, da petrolífera ExxonMobil, e Satya Nadella, da Microsoft. O preço por cada mesa de oito lugares foi de 40.000 dólares.

Más apostas

O Presidente chinês, Xi Jinping, instou ontem os Estados Unidos a “não apostarem contra a China” e “não interferirem nos assuntos internos” do seu país, durante um jantar com empresários norte-americanos em São Francisco. “A China nunca aposta contra os Estados Unidos e nunca interfere nos seus assuntos internos.

A China não tem qualquer intenção de desafiar os Estados Unidos ou de destituir o país. Pelo contrário, ficaremos felizes por ver os Estados Unidos confiantes, abertos, em constante crescimento e prósperos”, afirmou o líder chinês, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Xi expressou a esperança de que Washington “dê as boas-vindas a uma China pacífica, estável e próspera”.

O líder chinês considerou que é um “erro” ver a China, que está “empenhada no desenvolvimento pacífico”, como uma ameaça, e alinhar num pensamento de “tudo ou nada” contra o seu país. “A China está a procurar um desenvolvimento de alta qualidade e os Estados Unidos estão a revitalizar a sua economia. Há muito espaço para a nossa cooperação e somos plenamente capazes de nos ajudarmos mutuamente a ter sucesso e a alcançar resultados mutuamente benéficos”, afirmou o Presidente chinês.

17 Nov 2023

Encontro | Biden e Xi concordam em restaurar comunicações militares

O Presidente norte-americano, Joe Biden, e o homólogo chinês, Xi Jinping, concordaram na quarta-feira em restaurar algumas comunicações militares entre as duas Forças Armadas, numa reunião em São Francisco.

Ambos os lados prometeram uma cooperação para aproximar os Estados Unidos e a China do regresso a conversações regulares no âmbito do que é conhecido como Acordo Consultivo Marítimo Militar, que até 2020 foi usado para melhorar a segurança aérea e marítima.

No final do encontro, Biden considerou que a reunião com Xi levou a “progressos importantes”, de acordo com uma mensagem do Presidente norte-americano, divulgada na rede social X (antigo Twitter). “Acabei de concluir um dia de reuniões com o Presidente Xi e acredito que foram algumas das discussões mais construtivas e produtivas que tivemos”, disse.

“Baseámo-nos no trabalho de base estabelecido ao longo dos últimos meses de diplomacia entre os nossos países e fizemos progressos importantes”, concluiu.

Xi Jinping afirmou, depois da reunião, que os dois líderes concordaram em retomar os diálogos militares de alto nível com base na equidade e no respeito, de acordo com um comunicado divulgado pela emissora estatal chinesa. Os responsáveis militares norte-americanos têm vindo a manifestar repetidas preocupações sobre a falta de comunicações com a China, especialmente porque o número de incidentes entre os navios e aeronaves dos dois países aumentou.

Um funcionário dos EUA, que pediu para não ser identificado, disse, após o fim da reunião entre Biden e Xi, que os acordos de comunicação militar significam que o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, poderá reunir-se com o homólogo chinês, assim que este for nomeado.

Isto também abre a porta para acordos a outros níveis, incluindo permitir que o comandante das forças dos EUA no Pacífico, com base no Havai, se envolva em conversações com comandantes homólogos, disse o funcionário. O acordo provavelmente significará ainda compromissos operacionais entre os condutores de navios e outros a níveis muito mais baixos em cada país.

Relações essenciais

Os EUA consideram as relações militares com a China essenciais para evitar erros e manter em paz a região do Indo-Pacífico. Os dois líderes reuniram-se na quarta-feira numa bucólica propriedade rural nos arredores de São Francisco, à margem do fórum da Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC).

A reunião é a primeira no espaço de um ano entre os dois líderes, depois de um encontro de cerca de três horas, em Novembro de 2022, em Bali, na Indonésia, à margem da cimeira do G20. A última vez que Xi se deslocou aos Estados Unidos foi em 2017, altura em que se reuniu com o então Presidente Donald Trump (2017-2021), na mansão do empresário em Mar-a-Lago, na Florida.

17 Nov 2023

EUA | China é principal origem de estudantes estrangeiros

A China continua a ser o maior emissor de estudantes estrangeiros para universidades dos Estados Unidos, segundo dados do Instituto de Educação Internacional (IIE) divulgados ontem. No total, mais de 289 mil chineses estudam actualmente nos EUA, de acordo com a mesma fonte.

O número de estudantes norte-americanos na China caiu, no entanto, para o nível mais baixo em mais de uma década. Apenas 211 norte-americanos estudaram na China continental, que exclui Hong Kong e Macau, no ano lectivo 2021/2022. Isto pode reflectir em parte o efeito da política de ‘zero casos’ de covid-19 adoptada pelo país asiático, que ditou o encerramento das fronteiras ao longo de quase três anos.

A posição da China como principal país de origem dos alunos estrangeiros nos EUA surge apesar da preocupação com um maior escrutínio nas fronteiras pelas autoridades norte-americanas. De acordo com a embaixada chinesa em Washington, nos últimos dois anos, pelo menos 70 estudantes chineses com vistos legais foram “interrogados, assediados e deportados” pela polícia norte-americana após aterrarem no país.

Apesar de existirem alguns indícios de que os estudantes chineses estão a procurar alternativas face ao deteriorar das relações, os EUA continuam a acolher quase o dobro de chineses em comparação com o segundo maior anfitrião, o Reino Unido. Cerca de metade dos alunos chineses nos EUA estudaram matemática, ciências informáticas, engenharia e outras disciplinas do ramo ciência e tecnologia.

Os alunos oriundos da Índia, a segunda maior fonte de estudantes estrangeiros nos EUA, atingiram um recorde histórico de 268.923, no ano lectivo 2022/2023, um aumento de 35 por cento, em relação ao ano lectivo anterior.

16 Nov 2023

Taiwan/Presidenciais | Forças da oposição concorrem unidas

O Kuomintang (KMT) e o Partido Popular de Taiwan (TPP), as duas principais forças da oposição em Taiwan, chegaram ontem a um acordo para apresentar um candidato conjunto às eleições presidenciais, marcadas para 12 de Janeiro.

O acordo foi comunicado após uma reunião de duas horas e meia entre o candidato do KMT, Hou Yu-ih, o candidato do TPP, Ko Wen-je, e o presidente do KMT, Eric Chu, tendo como testemunha o antigo Presidente de Taiwan Ma Ying-jeou (KMT), noticiou o canal de televisão local SETN News.

Os dois partidos tencionam desafiar o candidato do Partido Democrático Progressista, no poder, e actual vice-Presidente, William Lai, que as sondagens indicam ser o favorito.

O acordo estabelece que cada um dos partidos vai nomear um perito em estatística para examinar e avaliar as sondagens publicadas por vários meios de comunicação social e as sondagens internas dos partidos, embora a forma como as avaliações vão ser efectuadas não tenha sido explicada em pormenor.

Se houver uma diferença superior à margem de erro estatística entre os dois candidatos, o que tiver mais apoio será o candidato presidencial e o outro será apresentado como candidato a vice-Presidente.

No caso de a diferença estar dentro da margem de erro, Hou será o candidato presidencial e Ko a vice-Presidente. Os resultados vão ser anunciados no sábado, após o que os dois partidos devem criar uma comissão de campanha para apoiar a nomeação de um ou outro candidato.

Os dois partidos também se comprometeram a formar um Governo de coligação se ganharem as eleições, em que o quarto concorrente, também em último lugar nas intenções de voto, é o milionário Terry Gou, fundador da empresa tecnológica Hon Hai Precision Industry, que monta o iPhone e outros aparelhos eletrónicos e é conhecida internacionalmente como Foxconn. O resultado destas eleições vai definir o rumo da política de Taiwan em relação à China.

16 Nov 2023

Dados pessoais | Europa “optimista” com projecto transfronteiriço

Um grupo empresarial europeu disse ontem ter acolhido “com optimismo” o projecto sobre regulação e promoção do fluxo transfronteiriço de dados da Administração do Ciberespaço da China, “um passo importante” para optimizar as normas no país.

A Câmara Europeia afirmou, na apresentação do projecto de estudo, em Pequim, que a avaliação completa vai depender do texto final e da aplicação prática dos limiares relevantes. “Trata-se de uma evolução positiva, mas a verdadeira medida virá com a aplicação efectiva dos regulamentos”, afirmou o vice-presidente da Câmara Europeia, Stefan Bernhart.

O inquérito mostrou que 96 por cento das empresas europeias na China transferem dados internamente, sobretudo informações pessoais de empregados e clientes. Sobre os regulamentos planeados, Bernhart disse que, embora “aprecie as isenções propostas”, é “necessária mais clareza”, especialmente em termos como “grandes volumes de dados” e “informações pessoais”.

As empresas defenderam um limiar mais elevado para a avaliação da segurança, visando permitir a transferência dos dados necessários para a gestão dos contratos e dos recursos humanos, e sugeriram a revisão das isenções relativas ao fluxo destes dados, a fim de incluir, entre outros, os familiares dos funcionários, que veriam benefícios associados comprometidos.

Mais de 40 por cento dos inquiridos salientaram a necessidade de sincronizar as novas regras com as regras existentes em matéria de transferência transfronteiriça de dados. O inquérito mostrou também que a regulação actual aumentou os custos de conformidade, mas 31 por cento das empresas declararam que, em contrapartida, reforçaram os mecanismos de protecção de dados.

16 Nov 2023

UE | Pequim pede melhor ambiente para empresas chinesas

A China instou ontem a União Europeia (UE) a ouvir as sugestões das empresas chinesas que operam no bloco e a oferecer-lhes um ambiente de negócios “justo, transparente, estável e previsível”.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, referiu um relatório da Câmara de Comércio Chinesa na UE, que analisa o desenvolvimento das empresas chinesas no mercado europeu e propõe uma série de medidas para melhorar a sua situação.

A responsável enfatizou as preocupações das empresas chinesas, incluindo a tendência da UE para “politizar” questões económicas e comerciais, o impacto da política de redução de riscos (‘derisking’) do bloco, os “obstáculos à cooperação científica” e a “falta de eficiência e comunicação” no ambiente empresarial.

“As empresas chinesas estão a manter um crescimento sólido na Europa e a contribuir para a recuperação e transformação do continente com os seus projectos em áreas como o ambiente, economia digital, inovação e cooperação sustentável”, frisou.

A porta-voz sublinhou que as empresas do país asiático “assumem a sua responsabilidade social” e “promovem o emprego e o bem-estar local”, tornando-se “partes interessadas importantes” na UE.

A China e a UE são “forças importantes” na construção de uma “economia mundial aberta” e ambas as partes devem “manter a direcção certa da globalização económica, facilitar o comércio livre e o investimento, reduzir e evitar a criação de novas barreiras”, frisou.

“Esperamos que a parte europeia ouça atentamente as sugestões razoáveis das empresas chinesas e satisfaça as suas exigências legítimas”, disse. O comissário europeu para o mercado interno, Thierry Breton, afirmou na semana passada, em Pequim, que a China e a UE estão a trabalhar para realizar uma cimeira, a primeira do género em quatro anos, nos dias 7 e 8 de Dezembro.

16 Nov 2023

Economia chinesa dá sinais de retoma apesar da persistente debilidade no imobiliário

A economia da China deu sinais de retoma, em Outubro, com as vendas a retalho e a indústria transformadora a crescerem, embora o sector imobiliário continue a contrair, indicam dados oficiais ontem divulgados. Em Outubro, a produção industrial aumentou 4,6 por cento, em termos homólogos. As vendas a retalho subiram 7,6 por cento, ajudadas pelo forte consumo durante a semana de férias do Dia Nacional.

O investimento em imobiliário caiu 9,3 por cento e as autoridades reconheceram que o sector ainda se encontra em “plena fase de ajustamento”, depois de, há dois anos, uma campanha de desalavancagem lançada por Pequim ter suscitado uma crise de liquidez.

As perturbações na indústria transformadora, nos transportes, nas viagens e em praticamente toda a actividade económica durante a pandemia terminaram há quase um ano, quando os dirigentes chineses abandonaram a estratégia ‘zero casos’ de covid-19.

A melhoria dos dados económicos de Outubro reflecte também o efeito base de comparação face à paralisia da actividade no ano anterior. Os recentes indícios de que a segunda economia mundial está novamente a ganhar força surgem numa altura em que o Presidente chinês, Xi Jinping, se prepara para se reunir com o homólogo dos EUA, Joe Biden, na Califórnia.

Novos ritmos

Liu Aihua, porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, sublinhou repetidamente a transição da China para novos modelos de crescimento, após décadas de rápida industrialização e grandes investimentos em fábricas, portos e outras infra-estruturas, para um ritmo mais sustentável, liderado pelo consumo interno.

A economia continua a melhorar com “políticas eficazes”, embora a recuperação esteja a passar por um “desenvolvimento semelhante a uma onda e um progresso tortuoso”, afirmou. “A pressão externa ainda é grande, os constrangimentos suscitados pela insuficiente procura interna ainda são proeminentes, as empresas têm muitas dificuldades na produção e operação, e os riscos ocultos em alguns domínios exigem muita atenção”, descreveu Liu.

Os dados indicam que o consumo está a desempenhar um papel cada vez mais importante no crescimento económico. O consumo contribuiu em 83,2 por cento para o crescimento do produto interno bruto (PIB) entre Janeiro e Outubro, mais 6 por cento do que no mesmo período do ano anterior. Dado o grande fosso entre os rendimentos dos habitantes das cidades e os das pessoas que vivem nas zonas rurais, há grande margem para crescer, disse Liu.

O desemprego manteve-se em 5 por cento em Outubro. O Governo chinês deixou de anunciar a taxa de desemprego dos jovens trabalhadores há alguns meses, quando esta atingiu os 20 por cento. Liu disse que o gabinete de estatísticas e outros departamentos relevantes estão a estudar a questão e a trabalhar para melhorar a recolha de estatísticas e que serão publicadas actualizações sobre a situação “no momento oportuno”.

16 Nov 2023

Gaza | ONU indica que há 200 mil deslocados no sul

Os combates entre as tropas israelitas e as forças do Hamas no norte da Faixa de Gaza provocaram a fuga de mais 200 mil pessoas para o sul do enclave nos últimos 10 dias, informou ontem o gabinete humanitário da ONU. O gabinete humanitário das Nações Unidas (OCHA), disse ainda que só um hospital no norte do território tem capacidade para tratar doentes.

Alguns dos combates ocorrem em torno dos hospitais, onde os doentes, os recém-nascidos e os médicos ficam retidos, sem electricidade e com poucas provisões. Ontem, a aviação israelita destruiu cerca de 200 “alvos terroristas” enquanto a as forças navais atacaram um campo militar utilizado pela unidade naval do Hamas para “treino e armazenamento de armas”, informou o Exército.

Israel reiterou a acusação contra o Hamas pela alegada utilização de hospitais como cobertura para os combatentes, alegando que o principal centro de comando está instalado no hospital de Shifa. ​​​​Tanto o Hamas como os médicos do hospital Shifa negam as alegações israelitas.

​​​​​​​Por outro lado, a zona sul de Gaza mantém-se insegura porque Israel efectua frequentes ataques aéreos contra alvos que diz serem militantes mas que muitas vezes atingem civis, incluindo crianças. A cidade de Gaza, a maior área urbana do território, é o centro da campanha militar de Israel contra o Hamas, na sequência da incursão do grupo no sul de Israel, a 07 de Outubro e que desencadeou a guerra.

​​​​​​​Mais de 1.200 pessoas morreram em Israel, a maioria das quais durante o ataque do Hamas, e cerca de 240 reféns foram levados de Israel para Gaza pelas forças do movimento que governa o enclave. Mais de 11.000 palestinianos, dois terços dos quais mulheres e menores, foram mortos desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde de Gaza e 2.700 pessoas estão dadas como desaparecidas.

15 Nov 2023

Nepal proíbe TikTok por “perturbar a harmonia social”

O Governo do Nepal anunciou na segunda-feira a proibição da rede social TikTok por “perturbar a harmonia social”, juntando-se à lista de países que proibiram a plataforma, como a sua vizinha Índia. “Apesar da liberdade de expressão ser um direito básico, o Governo decidiu proibir o TikTok pois há uma tendência crescente na perturbação da harmonia social”, disse o porta-voz do Governo nepalês, Rekha Sharma, numa conferência de imprensa.

A data exacta da entrada em vigor da proibição ainda não foi anunciada. A medida foi recebida com várias críticas, inclusive na coligação frágil governamental do país, liderada pelo Partido Centro Maoísta (CPN-Maoísta), do primeiro-ministro Pushpa Kamal Dahal. “Parece que a intenção do Governo é sufocar a liberdade de expressão e a individualidade. O Governo deve recuar”, declarou Gagan Thapa, deputado e secretário-geral do partido do Congresso do Nepal, que faz parte da coligação no poder.

A proibição suscitou ainda queixas entre alguns profissionais da imprensa asiática. “Considero esta decisão caprichosa e prevejo que não irá durar muito tempo, dada a ausência de dados substanciais ou de investigação para apoiar a proibição”, afirmou o jornalista Krishna Acharya.

Nova lei

A medida surge dias após o Conselho de Ministros do Nepal ter aprovado um conjunto de regras para regular as redes sociais. O porta-voz do Ministério das Comunicações e Tecnologias de Informação, Netra Prasad Subedi, informou que as autoridades irão implementar a decisão do gabinete a nível técnico.

As regras incluem, entre outros, a proibição dos utilizadores de criarem perfis falsos ou de publicarem conteúdos relacionados com o trabalho e exploração infantil ou tráfico humano. Redes sociais como o Facebook, o X ou o Youtube terão que abrir gabinetes de ligação no Nepal, sob ameaça de verem o seu acesso bloqueado pelas autoridades, caso não cumpram com a exigência.

Este anúncio assemelha-se às decisões tomadas por outros países, como a vizinha Índia, embora por razões diferentes. Nova Deli proibiu o TikTok em 2020, juntamente com dezenas de outras aplicações desenvolvidas pela China.

A proibição aconteceu após uma crise diplomática com Pequim, na sequência de um confronto fronteiriço entre as forças de segurança dos dois países nos Himalaias ocidentais, que causou a morte de pelo menos 20 soldados indianos e mais de 70 feridos.

15 Nov 2023

Deputada timorense denuncia detenção de jovens por exibirem bandeira palestiniana

A deputada da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) denunciou ontem no Parlamento timorense a detenção de dois jovens pela polícia, no domingo, por circularem com a bandeira palestiniana. “No dia em que celebramos 32 anos [do massacre de Santa Cruz], dois jovens timorenses foram detidos por estarem a circular com bandeiras do Estado da Palestina, em solidariedade” com o povo palestiniano de Gaza, disse Nurima Ribeiro Alkatiri.

“Segundo o que circula na ‘media’ social, esta detenção foi feita por percepção de poderem ser terroristas”, denunciou. Numa declaração, lida na sessão parlamentar, a deputada lembrou que Timor-Leste apoia a “solução de reconhecimento de dois Estados” e sempre defendeu a “independência do Estado palestino, bem como a liberdade do povo palestino”.

“Acredito que muitos de nós ao ouvir as palavras ‘opressão’, ‘violência’, ‘tortura’, lembramo-nos do nosso recente passado sob a ocupação ilegal de um regime autoritário. Hoje, conseguimos viver como nação soberana, livre e independente, depois de uma luta de resistência longa e dura, porque conseguimos também apoio e solidariedade de outras nações e outros povos”, afirmou Nurima Ribeiro Alkatiri.

“Como não nos juntamos aos que exigem o cessar-fogo e fim destas mortes? Por que razão tentamos calar e intimidar aqueles que, por iniciativa própria, procuram demonstrar solidariedade com quem sofre? Já esquecemos que bem recentemente era a nossa população em situação semelhante? Já esquecemos que bem recentemente éramos nós os que muitos tentavam fazer que fossem esquecidos como povo e Estado?”, questionou a deputada da Fretilin.

Afirmando que não se vai calar e continuar a exigir um cessar-fogo em Gaza, a deputada apelou a todos os timorenses para se “juntarem aos que querem construir a paz na Palestina e oporem-se ao ódio e perseguição que em nada contribuirá para a construção de um clima de entendimento e de uma relação sã e sustentável entre os povos, entre as civilizações, entre as nações”.

Apanhados de surpresa

Os dois jovens detidos fazem parte da Frente Maubere da Solidariedade Internacional, que, na segunda-feira, também denunciou, em comunicado, a detenção, que considerou “ilegal e uma violação dos direitos humanos”.

“Os jovens caminhavam pacificamente e exibiam as bandeiras para expressar solidariedade e não cometeram crimes, não perturbaram a situação, apenas ouviram música e seguraram as bandeiras”, refere a Frente Maubere da Solidariedade Internacional. A organização não-governamental referiu também que vai apresentar uma queixa ao Provedor de Direitos Humanos e ao Ministério Público.

A 7 de Outubro, o movimento islamita Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade.

Os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar causaram pelo menos 11.240 vítimas, na maioria civis, na Faixa de Gaza, indicou o Ministério da Saúde do Hamas.

15 Nov 2023

Aviação | Air China retoma ligação aérea Pequim – Washington

A companhia aérea estatal chinesa Air China anunciou na segunda-feira a retoma dos voos directos entre Pequim e Washington a partir de 21 de Novembro, um gesto simbólico nas vésperas de os líderes dos dois países se reunirem.

A companhia aérea vai operar dois voos semanais de ida e volta entre as capitais das duas maiores economias do mundo, no âmbito da retoma das ligações aéreas entre os dois países, suspensas desde o início da pandemia da covid-19, que coincidiu com o deteriorar das relações entre Pequim e Washington.

A Air China informou ainda, em comunicado, que vai retomar a ligação directa entre Pequim e Los Angeles, com frequência de três voos por semana, a partir de 30 de Novembro. No mês passado, China e Estados Unidos acordaram em aumentar de 48 para 70 o número de voos directos semanais de passageiros entre os dois países.

Os responsáveis norte-americanos manifestaram então o desejo de prosseguir um “diálogo produtivo” com as autoridades chinesas, para facilitar uma reabertura gradual e mais alargada das ligações aéreas. O reduzido número de voos entre os dois países desde 2020 e a lenta retoma das rotas fizeram com que os preços dos bilhetes entre as maiores economias do mundo se mantivessem invulgarmente elevados.

O encontro entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o homólogo chinês, Xi Jinping, decorre esta semana à margem do fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC).

15 Nov 2023

Israel | Pequim retirou todos os seus cidadãos de Gaza

O Governo chinês anunciou ontem que retirou com sucesso todos os seus cidadãos da Faixa de Gaza, onde prossegue a incursão terrestre do Exército israelita. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que as autoridades chinesas “prestaram grande atenção” à segurança dos seus cidadãos na zona de conflito.

Segundo Mao, várias missões diplomáticas chinesas no estrangeiro “têm estado em contacto com os cidadãos chineses” no território, desde o início da escalada do conflito israelo-palestiniano. “Graças aos esforços de várias partes, todos os cidadãos chineses deixaram Gaza em segurança há alguns dias”, disse, sem especificar o número de pessoas retiradas.

Na segunda-feira, a China apelou a uma “cessação imediata das hostilidades” em Gaza para “proteger os civis” e aumentar a ajuda face à “situação humanitária extremamente grave” no enclave palestiniano. Mao instou a comunidade internacional a “tomar medidas concretas” e a “envidar mais esforços para aliviar a crise humanitária” em Gaza, onde mais de 11 mil pessoas morreram e 27.000 ficaram feridas na sequência do ataque do Hamas em solo israelita, a 7 de Outubro, que causou 1.200 mortos.

15 Nov 2023

Diplomacia | Biden e Xi vão “falar sobre paz e desenvolvimento”

Um ano depois do encontro na Indonésia, os Presidentes das duas maiores economias mundiais voltam a trocar argumentos sobre as grandes questões globais da actualidade

 

Os líderes dos Estados Unidos e China, Joe Biden e Xi Jinping, vão discutir a “paz e desenvolvimento” no mundo, disse na segunda-feira Pequim, nas vésperas de um encontro em São Francisco. Os dois dirigentes vão reunir-se hoje pela primeira vez em quase um ano à margem do fórum da Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC), em São Francisco, que acolhe desde sábado mais de 20 países da região e que se prolonga até sexta-feira.

“Os dois chefes de Estado vão manter um diálogo aprofundado sobre questões estratégicas, gerais e direccionais, relativas às relações entre China e Estados Unidos, bem como sobre questões fundamentais relativas à paz e ao desenvolvimento no mundo”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.

A responsável pediu aos EUA que “respeitem sinceramente as preocupações razoáveis da China e os seus direitos legítimos ao desenvolvimento, em vez de se concentrarem apenas nas suas próprias preocupações, prejudicando os interesses da China”.

Biden e Xi vão discutir questões bilaterais, regionais e globais, bem como formas de “gerir a concorrência de forma responsável”, de acordo com a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. Segundo um alto funcionário dos EUA, o objectivo da reunião é “estabilizar” as relações bilaterais.

Espera-se que a reunião aborde um vasto leque de divergências, incluindo sobre Taiwan, onde as próximas eleições, dentro de dois meses, podem desencadear novas tensões com Pequim.

Jogo político

A cimeira Biden – Xi ocorre após várias reuniões nos últimos meses entre altos funcionários dos dois países. Este é o primeiro encontro entre os chefes de Estado desde Novembro de 2022, em Bali.

A APEC foi criada há 30 anos, quando os políticos norte-americanos acreditavam que um comércio vigoroso aproximaria os países banhados pelo Oceano Pacífico. Esta visão é hoje repudiada em Washington, por preocupações com direitos laborais e segurança nacional.

“Como os tempos mudaram”, afirmou Nicholas Szechenyi, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um grupo de reflexão (‘think tank’). “Os parceiros querem ter acesso ao mercado e querem a liberalização do comércio. Mas os EUA já não estão para aí virados”.

Ambos os países apelam a uma maior estabilidade nas suas relações económicas e políticas, mas como uma visita a Washington é politicamente inviável, a APEC oferece a Xi uma oportunidade única de ver o seu homólogo em solo norte-americano.

Enquanto utilizam recursos diplomáticos consideráveis para se reaproximarem da China, os Estados Unidos estão a tentar isolar a Rússia, que também é membro da APEC, devido à invasão da Ucrânia. Moscovo vai ser representada pelo vice-primeiro-ministro Alexei Overtchouk. É o visitante russo de mais alto nível a visitar os Estados Unidos desde o início da guerra.

Em termos de diplomacia, Biden, ao contrário do seu antecessor e rival Donald Trump, tem feito questão de enfatizar as alianças, em particular através de novos formatos, como o pacto militar tripartido com a Austrália e o Reino Unido.

Os aliados dos EUA na APEC incluem o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que visitou Washington e Pequim no mês passado, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol.

Antes de viajar para São Francisco, Biden recebeu na Casa Branca o Presidente cessante da Indonésia, Joko Widodo. Os Estados Unidos cobiçam as vastas reservas de níquel do arquipélago, que são essenciais para produzir baterias para veículos eléctricos, mas a China domina a produção local.

É improvável que a cimeira ofereça uma pausa na questão diplomática que tem dominado a atenção de Biden no último mês: a guerra entre Israel e o Hamas.

Os membros da APEC incluem não só a Indonésia, o maior país de maioria muçulmana do mundo, mas também a vizinha Malásia. O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, desloca-se a São Francisco apesar dos apelos da oposição a um boicote, devido ao apoio dos EUA a Israel.

15 Nov 2023