China | Governo planeia dar continuidade à abertura do país

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China tem actualmente em mãos planos para alargar os limites de propriedade por entidades estrangeiras em sectores como a electrónica automóvel, baterias de veículos movidos a novas energias e motociclos, numa altura em que o país altera o campo de acção do mundo dos negócios, segundo declarou o porta-voz do Ministério do Comércio na quinta-feira passada.

Sun Jiwen disse que o governo tem vindo a expandir os seus esforços no sentido de abrir ainda mais o sector manufactureiro de ponta ao investimento estrangeiro.

Sun disse, durante uma conferência de imprensa em Pequim, que uma versão revista do Catálogo para a Orientação das Indústrias de Investimento Estrangeiro será lançada e validada num futuro próximo.

Resposta pronta

Os comentários de Sun surgem no seguimento das afirmações da ministra da Economia alemã, Brigitte Zypries, nas quais referiu que os limites do investimento estrangeiro da China não são consentâneos com a posição do país no comércio livre internacional.

Sun enfatizou que a absorção de investimento estrangeiro é uma parte importante da política de abertura chinesa. O governo chinês, reiterou, tem movido esforços no sentido de abrir progressivamente o país, seguindo as normas da OMC.

De acordo com dados do ministério, o investimento directo estrangeiro totalizou 286,4 mil milhões de yuans nos primeiros quatro meses deste ano, uma queda de 0,1% face ao ano anterior.

Durante o período homólogo, 9,726 empresas internacionais estabeleceram-se ao longo do país, um aumento de 17,2% face ao mesmo período no ano passado.

Juntamente com o sector manufactureiro, a orientação deverá oferecer mais acesso ao investimento estrangeiro no sector de serviços e na indústria mineira, bem como reduzir o número de medidas restritivas de 93 para 62.

31 Mai 2017

Pequim reforça controlo na fronteira com a Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] responsável máxima pela diplomacia norte-americana no leste asiático considerou sexta-feira que a China tem reforçado a fiscalização ao longo da fronteira com a Coreia do Norte, visando cumprir com as sanções impostas pela ONU a Pyongyang.

Num encontro com jornalistas em Pequim, Susan Thornton disse que a China está cada vez mais consciente da urgência de pressionar a Coreia do Norte no sentido de suspender os testes nucleares e de mísseis balísticos.

Em Abril passado, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um renovado apelo ao homólogo chinês, Xi Jinping, para ajudar nesses esforços.

Thornton afirmou que os EUA observaram uma “mudança de ênfase” na abordagem da China ao seu vizinho e aliado ideológico.

Pequim “disse que intensificou o controlo nas fronteiras, reforçando o policiamento e as inspecções”, exemplificou.

Sem avançar detalhes, a responsável norte-americana afirmou que Pequim também fez “uma série de outras coisas a empresas” que têm negócios com Pyongyang.

Pedidos e respostas

Washington tem apelado a Pequim para que tome medidas contra firmas específicas e aguarda acções da China, disse.

Pequim aprovou as sanções da ONU e adoptou a suspensão total das importações de carvão oriundas da Coreia do Norte até ao final do ano.

O principal aliado comercial e diplomático de Pyongyang continua a opor-se, no entanto, a que “qualquer país estrangeiro, incluindo os Estados Unidos, mudem o regime pela força”, disse à agência Lusa Wang Li, professor de Relações Internacionais na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte.

Thornton afirmou ainda que os EUA, a China e outros países estão também a debater uma futura resolução para a Coreia do Norte, visando reduzir o tempo necessário para adoptar acções na sequência de outro teste nuclear ou com mísseis.

“Estamos a estudar outra série de medidas, que seriam tomadas após outra provocação”, afirmou Thornton.

Essas medidas podem incluir o reforço da pressão económica sobre a Coreia do Norte, apontando como alvo o comércio de bens, possivelmente têxteis, acrescentou.

Enquanto a China tem repetidamente apelado ao diálogo directo entre Washington e Pyongyang, Thornton defende que Pequim percebe agora que é preciso colocar mais pressão antes que isso aconteça.

A responsável revelou ainda que a China parece também ter reconhecido que as acções da Coreia do Norte estão a “prejudicar a própria segurança chinesa de forma fundamental”.

No ano passado, Pyongyang realizou dois testes nucleares, um dos quais reclama ter sido uma bomba de hidrogénio.

Imagens de satélite sugerem que pode estar preparada para realizar o seu sexto teste atómico a qualquer momento.

Na segunda-feira, Pyongyang disse estar pronta para iniciar a produção em massa de um novo míssil de médio alcance, após ter realizado um teste no fim de semana que confirmou a sua capacidade para ser usado em combate.

O objectivo do regime é produzir um míssil balístico intercontinental capaz de atingir o território dos Estados Unidos.

29 Mai 2017

Kim Jong-un supervisiona testes de novo sistema de defesa anti-aéreo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte supervisionou os testes de um novo sistema de defesa antiaéreo e ordenou a sua produção em massa para o implantar em todo o país asiático, informou ontem a agência de notícias norte-coreana KCNA.

A agência, que não especificou a data do ensaio, disse que ao ver o “teste bem sucedido” organizado pela Academia Nacional da Ciência de Defesa, Kim Jong-un destacou a perfeição do sistema de orientação e elogiou o progresso “notável” na detecção e mapeamento de alvos, e a melhoria da precisão.

O líder norte-coreano supervisionou em Abril de 2016 os testes de um sistema guiado antiaéreo.

“O sistema, cuja capacidade operativa foi plenamente verificada, deve ser produzido em massa para ser implementado em todo o país, tais como em florestas, para assim destruir completamente os sonhos selvagens do inimigo de dominar o ar, potenciando a supremacia aérea e o poder das armas”, disse Kim no recente teste.

O líder norte-coreano estava acompanhado de figuras importantes do regime como o considerado “número dois”, Hwang Pyong-lo, e o vice-chefe do Estado-Maior do Exército e director do Escritório Geral de Operações, Ri Yong-gil, segundo a KCNA .

O novo ensaio da Coreia do Norte ocorre num momento de tensão na região perante os seus repetidos testes, que levaram também a uma escalada verbal com Washington, que chegou a insinuar que estuda possíveis ataques preventivos.

No sábado Pyongyang acusou a Coreia do Sul de violar o seu espaço aéreo com um aparelho não tripulado, um incidente que qualificou como uma “grave provocação militar”, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA.

29 Mai 2017

Go | Computador volta a derrotar campeão chinês

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m computador derrotou ontem pela segunda vez o campeão chinês de go, jogo de tabuleiro oriundo da China, num teste à capacidade de intuição da inteligência artificial, que Pequim tem censurado por envolver a Google.

Ke Jie voltou a perder, apesar de o sistema criado pela Google AlphaGo indicar que foi o melhor jogo que qualquer adversário já realizou contra si, segundo Demis Hassabis, fundador da subsidiária que desenvolveu o computador.

Na terça-feira, o Alpha Go tinha já derrotado Ke, um prodígio de 19 anos, no primeiro jogo de uma série de três que decorre em Wuzhen, costa leste da China, parte de um evento que coloca computadores a competir contra os melhores jogadores chineses.

O derradeiro confronto realiza-se no sábado.

Desde há alguns anos que os computadores dominam o xadrez e outros jogos, nas devido à intuição necessária para jogar go, os jogadores esperavam que fosse preciso mais uma década até que os sistemas de inteligência artificial conseguissem disputá-lo.

Em 2015, no entanto, o AlphaGo surpreendeu ao derrotar o campeão europeu. No ano passado, venceu um dos melhores jogadores sul-coreanos.

Apesar de decorrer na China e envolver o campeão chinês, a televisão estatal CCTV e os grandes serviços de transmissão via internet do país, como os gigantes Tencent e Sina, não transmitiram o jogo em directo.

A única plataforma de partilha de vídeos que transmite em directo os confrontos é o Youtube, que está bloqueado na China.

O evento tem tido também pouca cobertura na imprensa estatal.

Segundo informa o jornal South China Morning Post, a imprensa chinesa recebeu ordem para não mencionar a Google ao noticiar o torneio e para referir apenas a DeepMind, a subsidiária da Google, com sede no Reino Unido, que desenvolveu o AlphaGo.

A multinacional norte-americana mantém um diferendo com o Governo chinês desde 2010, quando acusou Pequim de espiar o correio electrónico no Gmail de dissidentes e rejeitou compactuar com a censura do regime.

Desde então, o motor de busca encontra-se bloqueado no país.

A resposta de Pequim ilustra o conflito entre as ambições do Governo em desenvolver a tecnologia do país e em limitar o acesso do público à informação.

O Partido Comunista Chinês encoraja os cibernautas a usar a Internet para negócios e ensino, mas censura conteúdo considerado subversivo.

Fontes oficiais chinesas indicam que o país emprega dois milhões de pessoas na monitorização permanente da rede. Outra medida ‘orwelliana’ inclui a contratação de internautas para fazerem comentários pró-Governo em fóruns ‘online’.

Da perfeição

O sistema AlphaGo considerou ontem que Ke Jie fez um jogo “perfeito” nas primeiras 100 jogadas, afirmou Hassabis em conferência de imprensa.

“Nas primeiras 100 jogadas é o melhor jogo que algumas vez vimos alguém fazer contra a versão mestre do AlphaGo”, disse.

Ke disse que o computador fez jogadas inesperadas.

“Da perspectiva de um ser humano, alargou-se um pouco e eu fiquei surpreendido a certo ponto”, disse.

“Eu também pensei que estava perto de vencer o jogo a meio”, afirmou. “Podia sentir o meu coração a pulsar. Mas talvez por estar demasiado excitado, fiz algo de errado ou jogadas estúpidas. Será esse talvez o ponto mais fraco dos seres humanos”, acrescentou.

Oriundo da China, o go é considerado mais difícil do que o xadrez, devido ao número quase infinito de possíveis posições que as pedras pretas e brancas vão alternadamente ocupando.

O AlphaGo foi projectado para simular a intuição na resolução de problemas complexos.

Funcionários da Google dizem que querem aplicar aquela tecnologia em áreas como assistência para smartphones e na resolução de problemas do mundo real.

Com cerca de 730 milhões de cibernautas, a China tem a mais larga população ‘online’ do mundo.

26 Mai 2017

Greenpeace encontra 226 substâncias nocivas próximo de parque industrial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização ambiental Greenpeace revelou ontem ter encontrado 226 substâncias poluentes em amostras de águas, ar e solo, recolhidas em torno de um conhecido parque industrial químico no leste da China.

“O parque de Lianyungang demonstra uma chocante negligência em termos de segurança”, assegurou ontem em comunicado Cheng Qian, responsável da Greenpeace no leste asiático.

Segundo a organização, o complexo recebeu desde a abertura mais de duzentas multas, tanto das autoridades provinciais como municipais, “por incumprimento das normas ambientais”.

“Os trabalhadores, a saúde pública e o meio ambiente estão em sério risco devido aos danos causados pelos químicos”, acrescentou.

A Greenpeace detectou ainda nas amostras três Poluidores Orgânicos Persistentes – substâncias químicas tóxicas para a saúde e o meio-ambiente – e assegurou que aquelas substâncias são “ilegais”, segundo a legislação chinesa e internacional.

A investigação, realizada nas imediações do Parque Químico Industrial Lianyungang, revelou que entre as referidas substâncias nocivas havia “até 16 de tipo cancerígena para o ser humano”, sobretudo metais prejudiciais para a saúde.

Ponta do iceberg

Os resultados da investigação são “sintomáticos de um problema muito maior de gestão negligente da indústria química na China”, nota a organização.

Apesar de a China ser o maior produtor de químicos do mundo e onde o sector cresce ao ritmo mais acelerado, a gestão desta indústria no país é “extremamente negligente”, denuncia.

A Greenpeace aconselha as autoridades a adoptar um sistema para que a “indústria não se desenvolva como uma bomba relógio”.

Em 2016, a indústria química chinesa alcançou 8,7 biliões de yuan  em volume de negócios, com 25.000 empresas a operar no sector, entre as quais 18.000 produzem “químicos nocivos”.

A Greenpeace estima que a indústria química chinesa crescerá em média 66%, por ano, entre 2012 e 2020. Acidentes complexos químicos acontecem regularmente.

Em Agosto de 2015, uma explosão num armazém no porto de Tianjin, no norte do país, devido á armazenagem ilegal de químicos, provocou 173 mortos.

26 Mai 2017

China | Polícia reforça vigilância à “baleia azul”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa reforçou a vigilância das redes de comunicação utilizadas pelos jovens, depois da chegada ao país da “baleia azul”, uma série de desafios feitos pela Internet que induzem à auto-mutilação e ao suicídio.

O jornal Shanghai Daily avançou ontem que, nas últimas semanas, foram detectados alguns casos no país, como o desmantelamento de um grupo ‘online’, na província de Zhejiang, depois de uma mãe o ter denunciado.

“Se cravar uma baleia azul no meu braço, fará cicatriz?”, perguntou um jovem à mãe, que contactou as autoridades.

No grupo foram encontradas mensagens de um dos fundadores, que distribuía as tarefas.

Na cidade de Ningbo, em Zhejiang, foi encontrado outro grupo, fundado por uma menina de 12 anos.

Zhu Wei, da Universidade da China de Ciência Políticas e Direito, explicou ao Global Times que serviu de consultor jurídico para as autoridades e assegurou que se estão a tomar medidas para evitar a difusão do fenómeno “baleia azul”.

A polícia está a monitorar qualquer menção ao termo nas redes sociais e fóruns e, uma vez detectadas mensagens ou discussões envolvendo este, são eliminadas imediatamente.

Em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, as autoridades apelaram às escolas primárias e secundárias que informem os pais sobre o jogo, avança o Shanghai Daily.

O gigante tecnológico Tencent, proprietário de algumas das redes sociais mais populares do país, informou que encontrou pelo menos 12 grupos no seu serviço de mensagens instantâneas QQ relacionados com o jogo e alertou que o número está a aumentar.

25 Mai 2017

Pequim critica Moody’s por baixar ‘rating’ da dívida do país

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a decisão da Moody’s de baixar a nota da dívida do país e considerou que a agência de notação financeira utilizou um “sistema inapropriado” para analisar a situação na segunda maior economia mundial.

A Moody’s baixou a classificação da dívida chinesa a longo prazo de Aa3 para A1, devido às expectativas de que a saúde financeira do país venha a sentir nos próximos anos os efeitos do aumento da dívida.

Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês assegurou que o endividamento do Governo central vai crescer a um “ritmo adequado” e disse estar confiante de que a crescente dívida dos governos locais e empresas estatais não se acrescentará à dívida soberana.

Para as autoridades chinesas, a Moody’s exagerou, “em certo sentido, as dificuldades que a economia chinesa enfrenta” e “subestimou a capacidade do Governo chinês para aprofundar” as reformas económicas, perante o excesso de capacidade de produção no sector secundário.

Outras perspectivas

A agência de notação indicou que a importância que Pequim atribui à manutenção de um forte crescimento económico vai traduzir-se em maiores estímulos, o que vai contribuir para um aumento da dívida.

A Moody’s mudou a perspectiva da dívida chinesa de “negativa” para “estável”, já que no nível “A1” os “riscos são equilibrados”, destacando os mecanismos do país para atacar a instabilidade financeira.

Pequim garantiu que a tendência da economia é “estável” e expressou confiança na manutenção do actual ritmo de crescimento económico, de 6,7%.

As autoridades chinesas acrescentaram que o ‘ratio’ da dívida pública relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB) se situou em 36,7%, em 2016, valor “inferior ao limite definido pela União Europeia”.

25 Mai 2017

Combatentes islâmicos decapitam polícia no sul das Filipinas

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ombatentes islâmicos que têm semeado o caos numa cidade do sul das Filipinas decapitaram um chefe da polícia local, afirmou ontem o Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

“O chefe da polícia de Malabang foi parado quando regressava a casa (…) pelos terroristas e creio que o decapitaram no local”, declarou o Presidente para justificar a lei marcial imposta no sul das Filipinas.

Duterte disse que poderá declarar aquele regime de excepção “em todo o país para proteger a população”.

O Presidente impôs na terça-feira a lei marcial na região de Mindanao, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas, depois de se terem registado violentos confrontos entre as forças armadas filipinas e combatentes com ligações ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

A lei marcial, imposta em caso de emergência ou de perigo, implica a submissão total das autoridades civis aos comandos militares.

A ferro e fogo

O arcebispo Socrates Villegas, presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, disse ontem que os extremistas islâmicos entraram na catedral de Marawi e sequestraram um padre, 10 fiéis e três trabalhadores.

Os combates em Marawi, cidade com 200.000 habitantes de maioria muçulmana, começaram com um assalto das forças de segurança contra uma casa que se pensava ser um esconderijo de Isnilon Hapilon, comandante do grupo extremista Abu Sayyaf e “rosto” do Estado Islâmico nas Filipinas.

Os ‘jihadistas’ pediram reforços e uma centena de homens armados de um grupo aliado, o Maute, entraram em Marawi e incendiaram alguns edifícios.

Segundo o arcebispo, o grupo Maute é também o responsável pelo sequestro do padre e das restantes pessoas e os combatentes querem que o governo retire as suas forças.

“Apelamos ao grupo Maute que diz utilizar as armas em nome de um Deus misericordioso e clemente – o mesmo Deus que nós cristãos veneramos – a honrar verdadeiramente o Deus único pela misericórdia e benevolência”, disse Socrates Villegas.

“Na altura da sua captura, o padre Chito exercia as suas funções. Não é um combatente. Não tinha armas. Não ameaçava ninguém. A sua captura e a dos seus companheiros violam todas as normas de um conflito civilizado”, adiantou.

25 Mai 2017

Pequim | Autoridades investigam rede ilegal de venda de placentas humanas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas lançaram uma investigação a vários serviços obstétricos e de maternidade de Pequim, acusados numa reportagem do jornal Beijing News de participar numa rede ilegal de venda de placentas humanas, informou a imprensa local.

A Comissão de Saúde e Planeamento Familiar de Pequim pretende averiguar se a informação avançada este domingo pelo Beijing News está correcta.

Segundo o jornal, os traficantes podem obter uma placenta por 400 yuan no Hospital Obstétrico e Ginecológico de Pequim e duplicar o seu valor ao processar o órgão.

Uma vendedora, identificada como Li Ping, assegurou ao Beijing News que podia conseguir duas ou três placentas por dia – e a partir de cada uma fabricar 112 comprimidos -, ganhando até 100.000 yuan por mês.

Cada comprimido custa 10 yuan.

A direcção do centro hospital desmentiu que haja envolvimento do seu pessoal na operação e disse estar a cooperar com a polícia para resolver a situação.

A placenta humana só pode ser entregue à mulher que deu à luz e, caso esta prescinda da mesma, é da responsabilidade do hospital conservá-la e assegurar-se que não é vendida, segundo uma regulação aprovada pelas autoridades sanitárias, em 2005.

Entre os problemas que podem derivar da ingestão de placenta de origem desconhecida está o risco de contaminação por hepatite B, sida ou sífilis.

Comer a própria placenta após dar à luz é uma tradição com mais de 2.000 anos na China, onde se crê que esta contém propriedades curativas e previne o envelhecimento.

A medicina tradicional chinesa excluiu-a, no entanto, em 2015, apesar de medicina feita com placenta continuar a ser vendida nas farmácias do país.

24 Mai 2017

Polícia de Hong Kong detém 21 motoristas da Uber

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia de Hong Kong lançou ontem uma nova operação contra a Uber, que resultou na detenção de 21 motoristas suspeitos de trabalharem no transporte de passageiros em veículos descaracterizados naquela cidade asiática.

Os motoristas foram detidos sob suspeita de fazerem negócio sem terem licença e seguro contra terceiros.

O inspector chefe Edwin Lau, da unidade de trânsito de West Kowloon, disse que 20 homens e uma mulher com idades entre 21 e 59 anos foram detidos e os seus veículos apreendidos.

“Quero sublinhar que a polícia continua em acção e que não posso excluir a possibilidade de mais condutores serem detidos”, disse aos jornalistas, sem referir o nome da Uber.

A polícia disse que os 21 detidos – que trabalhavam para a Uber há apenas dias ou há anos – cobravam entre 50 e 150 dólares de Hong Kong  por trajecto.

Lau disse que os suspeitos têm de fornecer documentos válidos à polícia no prazo de três dias para provar que são inocentes.

Agentes agiram à paisana e depois de recolherem provas revelaram a operação.

Lau disse que as forças de segurança tinham provas suficientes para sustentar que os motoristas estavam a usar os veículos sem terem licença adequada.

Com história

Em Março, um tribunal de West Kowloon multou cinco motoristas da Uber em 10.000 dólares de Hong Kong depois de terem sido considerados culpados por conduzirem veículos para alugar sem autorizações e seguro contra terceiros.

Os cinco motoristas foram detidos numa série de operações da polícia em 2015.

Dois outros motoristas da Uber, que se declararam culpados dos mesmos crimes, receberam uma multa de 7.000 dólares de Hong Kong cada.

“Estamos extremamente decepcionados com a acção policial hoje (ontem), estamos [solidários] com os 21 parceiros condutores”, disse a Uber em comunicado, acrescentando que irá ajudá-los e dar apoio jurídico.

A empresa, sediada em São Francisco, informou que tem uma apólice de seguro compartilhado, a qual está em conformidade com os requisitos legais de Hong Kong e cobre até 100 milhões de dólares de Hong Kong.

“O transporte partilhado não devia ser crime. Hong Kong é uma cidade internacional conhecida pela sua aceitação das tendências económicas globais e novas tecnologias, mas os regulamentos de transporte actuais não conseguiram acompanhar a inovação”, disse a Uber.

Em 2015, a polícia fez rusgas aos escritórios de Hong Kong da Uber e confiscou computadores e documentos.

24 Mai 2017

Pequim pede “equilíbrio adequado” entre ambiente e economia na Antártida

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m líder chinês pediu ontem um “equilíbrio adequado” entre a protecção do ambiente e os interesses económicos na Antártida, numa altura de crescente preocupação quanto ao impacto das alterações climáticas na região polar.

“É necessário um equilíbrio adequado entre a protecção e a utilização da Antártida, para conseguir um desenvolvimento sustentável e verde do continente e libertar o seu potencial e valor na promoção do progresso científico, crescimento económico e sustentabilidade cultural da humanidade”, afirmou durante o 40.º encontro do Tratado da Antártida.

Pequim acolhe até 1 de Junho um encontro entre os países que supervisionam a Antártida, ilustrando a vontade da China em desempenhar um papel maior no futuro daquela zona do globo.

Cerca de 400 representantes, oriundos de 42 países e dez organizações internacionais, participam no 40.º encontro do Tratado da Antártida.

O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, disse aos participantes que a sobrevivência humana dependerá do futuro do frágil ambiente antártico.

“Na exploração e utilização da Antártida, devemos procurar medidas apropriadas e coordenadas para gerir os problemas”, afirmou Zhang.

A dividir

Sete países reivindicam território na Antártida. Os Estados Unidos e a Rússia afirmaram que não reconhecem as reivindicações, mas reservaram para si o direito de reclamarem partes do território.

A pesquisa científica no continente, coberto de gelo, é feita de acordo com um tratado datado de 1959, que designa a Antártida como uma reserva natural, onde é proibida a extracção de recursos para fins comerciais.

A China assinou o tratado em 1983 e, desde então, já abriu quatro estações de pesquisa permanentes na Antártida.

Pequim planeia iniciar a construção de uma pista de aterragem para aviões até ao fim deste ano e de uma quinta estação de pesquisa até 2018.

24 Mai 2017

Relações entre Pequim e Pyongyang mais distantes

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] professor chinês de Relações Internacionais Wang Li diz que a política da China para a Coreia do Norte “não se alterou”, mas admite que a actual liderança chinesa se distanciou do regime de Kim Jong-un.

“Os princípios da política externa chinesa não se alteraram: a China opõe-se a que qualquer país estrangeiro, incluindo os Estados Unidos, mudem o regime pela força”, disse Wang à agência Lusa.

Para além da afinidade ideológica, Pequim e Pyongyang combateram lado a lado na Guerra da Coreia (1950-53).

Nos mapas chineses impressos até há cerca de 20 anos, a península coreana correspondia a apenas um país, a Republica Democrática Popular da Coreia, com a capital em Pyongyang. Seul tinha então o estatuto de cidade de província.

O Tratado de Cooperação e Assistência Mútua sino-norte-coreano, assinado em 1961, é tido como uma garantia de que a China intervirá em caso de uma agressão contra o país vizinho.

A retórica na imprensa estatal dos dois lados, contudo, aponta para um deterioramento nas relações, com a agência noticiosa de Pyongyang a acusar a China de “comentários irresponsáveis” sobre o seu programa nuclear, e um jornal oficial do Partido Comunista Chinês a avisar que Pequim poderá cortar o fornecimento de petróleo ao país vizinho, caso este persista com os testes atómicos.

Wang Li, professor da Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, reconhece mudanças numa relação até há pouco tempo descrita como sendo “unha com carne”.

O meu tio

Desde que, em 2013, ascendeu ao poder, o Presidente da China, Xi Jinping, nunca se encontrou com Kim Jong-un, tendo-se mesmo tornado no primeiro líder chinês a visitar a Coreia do Sul antes de ir à Coreia do Norte.

Segundo Wang, a postura de Xi deve-se à decisão de Kim Jong-un de executar o seu próprio tio Jang Song-Thaek, considerado a segunda figura do governo norte-coreano e interlocutor do regime com Pequim.

O académico refere que Jang terá aceitado a proposta da China de adoptar reformas económicas e abdicar do programa nuclear em troco do apoio de Pequim.

“Quando Kim Jong-un descobriu, mandou executar o tio”, conta.

O académico chinês admite que o líder norte-coreano, que assumiu o poder em 2011, com apenas 27 anos, “não deve ser sobrestimado”.

“Ele é jovem, mas muito maduro politicamente”, defende. “É cruel e esperto; um tipo perigoso”.

Para além de executar o tio e dezenas de outros altos quadros do Governo, Kim Jong-un terá mandado assassinar o seu meio irmão Kim Jong-nam, que vivia em Macau sob protecção da China, num outro golpe que não caiu bem em Pequim.

“Não há agora ninguém que possa desafiar Kim”, comenta o professor.

Wang Li admite que é “muito difícil” para a China lidar com a situação na península coreana.

“O Partido [Comunista Chinês] e o exército [da China] não querem perder um aliado no norte”, afirma.

Pequim “deseja, no entanto, manter boas relações com os EUA e estabilizar as relações económicas com a Coreia do Sul e Japão, mas a Coreia do Norte age como uma criança e gera problemas para todas as partes”, diz.

Em entrevista à agência Lusa, o professor Wang Li compara a actual situação na Coreia do Norte à da China durante a Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada pelo fundador da China comunista, Mao Zedong, entre 1966 e 1976, que mergulhou o país no caos e isolamento.

“A comida é racionada. Os vegetais, carne e leite são escassos”, conta. “Eu vivi a Revolução Cultural e senti isso também”.

Em Jilin, vivem cerca de dois milhões de chineses de étnica coreana; muitos têm familiares no país vizinho para os quais enviam frequentemente roupa e alimentos.

“Excepto pelo ar fresco e ruas limpas, não há muito mais na Coreia do Norte”, diz. “Pode-se sobreviver, mas existe escassez de quase tudo”.

23 Mai 2017

Global Times nega que China tenha morto espiões da CIA

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) negou ontem que a China tenha morto pelo menos dez informadores dos serviços de inteligência norte-americanos CIA, entre 2010 e 2012, como avançou no sábado o The New York Times (NYT).

A publicação, que cita funcionários norte-americanos, revelou que entre 18 e 20 fontes da CIA na China foram assassinadas ou obrigadas a deixar de colaborar com uma rede de espionagem que “demorou anos a construir”.

“Este artigo foi muito citado, mas a sua autenticidade continua por verificar”, escreveu em editorial o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

“E quanto ao relato de que um informador foi morto com um tiro em frente aos seus colegas, no pátio de um edifício governamental, é uma história puramente fabricada, com provavelmente um pouco de imaginação ao estilo americano”, acrescentou.

O Global Times lembra que as actividades de contra-espionagem da China são “justas e legais”, enquanto que as operações exercidas pela CIA são “ilegítimas”.

“Se este artigo é verdadeiro, gostaríamos de aplaudir as actividades chinesas de contra-espionagem”, ironiza o jornal.

E acrescenta que “a imprensa norte-americana devia renunciar ao seu narcisismo moral, quando reporta sobre espionagem da CIA na China”.

“É absurdo que, na sua descrição, os EUA estão sempre do lado nobre, quer quando capturam espiões, quer quando os enviam”, diz.

23 Mai 2017

Pequim acolhe encontro entre países que supervisionam a Antártida

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim acolhe desde ontem um encontro entre os países que supervisionam a Antártida, ilustrando as ambições da China naquela zona do globo, numa altura de crescente preocupação quanto ao impacto das alterações climáticas na região polar.

A pesquisa cientifica no continente, coberto de gelo, é feita de acordo com um tratado datado de 1959, que designa a Antártida como uma reserva natural, onde é proibida a extracção de recursos para fins comerciais.

A China assinou o tratado em 1983 e, desde então, já abriu quatro estações de pesquisa permanentes na Antártida. Pequim planeia iniciar a construção de uma pista de aterragem para aviões até ao fim deste ano e de uma quinta estação de investigação até 2018.

Cerca de 400 representantes, oriundos de 42 países e 10 organizações internacionais, são esperados no 40.º encontro do Tratado da Antártida, que decorre até 1 de Junho.

A delegação chinesa é liderada pelo chefe da diplomacia, Yang Jiechi, e pelo vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli.

Causa séria

A participação destes representantes ilustra a importância que a China atribui à sua crescente capacidade cientifica e tecnológica, que inclui a aterragem de uma sonda lunar na Lua, em 2013, um exército mais sofisticado e o voo inaugural do primeiro avião chinês de grande porte que teve lugar este mês.

Segundo o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Pequim emitiu durante a reunião um relatório, denominado “A Causa da China para a Antártida” e assinou acordos de cooperação com os Estados Unidos, Rússia e Alemanha.

As alterações climáticas e o turismo estão também na agenda.

Na semana passada, investigadores da Universidade de Exeter, do Reino Unido, publicaram um estudo que descreve as “mudanças generalizadas e fundamentais” na península da Antártica, à medida que os glaciares derretem e mais áreas aparecem cobertas por musgo. Os representantes das nações que assinaram o tratado vão agora discutir as adptações às mudanças.

Mais de 38.000 turistas visitaram a Antártida e áreas próximas, nos últimos dois anos, um aumento de 29%, face há uma década, segundo dados divulgados pela Associação Internacional de Operadores Turísticos da Antártida.

A China é dos principais contribuintes para este aumento.

23 Mai 2017

Taiwan | Presidente continua à procura de nova relação com Pequim

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aipé pediu a Pequim para reactivar os mecanismos de diálogo e negociação, suspensos unilateralmente há um ano, depois da eleição de Tsai Ing-wen, a Presidente nacionalista que continua a defender nova relação com a China.

O Conselho para os Assuntos da China Continental de Taiwan (CACC) indicou que o “Governo insiste em manter os actuais mecanismos entre as duas partes do Estreito da Formosa, tendo em conta os direitos e interesses do povo”.

O mesmo órgão reiterou “o compromisso de manter o ‘status quo'” na relação com a China continental, ou seja, não declarar a independência da ilha.

A Presidente do Partido Democrático Progressista instou Pequim a confrontar-se com “novas realidades, novas interrogações e novas formas” nas relações bilaterais e na situação no estreito.

“Recordamos à China que umas relações estáveis no estreito são benéficas para todos, incluindo Taiwan, a China continental e outros países da região”, acrescentou a responsável.

Desde que tomou posse a 20 de Maio de 2016, depois de derrotar Ma Ying-jeou, candidato do Kuomintang (nacionalista e defensor de uma aproximação a Pequim), o discurso de Tsai não se alterou e a intenção de manter o ‘status quo’ no estreito tem sido declarada em várias ocasiões.

Os pilares de Tsai em relação à China são o respeito da vontade popular, cumprimento dos princípios democráticos e salvaguarda da liberdade de escolha da população em relação a Pequim.

Tensões acumuladas

As relações entre Taiwan e a China não atravessam o melhor momento devido à insistência do gigante asiático para que Tsai aceite o chamado “Consenso 1992”, como condição para a restauração das relações e afrouxamento das pressões internacionais sobre a ilha.

O “consenso 1992” refere-se a um entendimento tácito alcançado em 1992 entre a China e Taiwan, na altura com um governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o significado.

Após a vitória da primeira mulher na presidência da ilha, Pequim interrompeu as negociações e contactos oficiais com Taipé, enviou navios e aviões militares para zonas mais próximas da Formosa, e tem procurado isolar o Governo de Tsai.

Uma das medidas foi conseguir, em Dezembro passado, que São Tomé e Príncipe reconhecesse Pequim e cortasse as relações diplomáticas com Taipé.

Apenas 21 países e governos mantêm actualmente relações oficiais com Taiwan e a maioria do mundo e das Nações Unidas não reconhecem formalmente a ilha, mas mantêm importantes relações económicas.

O Vaticano, único Estado europeu com relações diplomáticas com Taiwan, está a negociar uma aproximação com Pequim, o que pode resultar numa mudança de laços.

Achas para a fogueira

A situação entre a China continental e a ilha agravou-se também na sequência de um telefonema entre Donald Trump, a 2 de Dezembro passado, depois de ter vencido as eleições presidenciais norte-americanas, e Tsai.

A República Popular da China conseguiu também impedir a participação dos representantes da República da China em reuniões da Organização de Aviação Civil Internacional e na Assembleia Mundial de Saúde, principal órgão de decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que começa na segunda-feira em Genebra.

Taiwan condenou a decisão e pediu à OMS para considerar que o objectivo do organismos é contrário a qualquer exclusão.

“Qualquer acção que exclua e pressione Taiwan não só é contrária aos objectivos da OMS e injusta para a população da ilha, como também tem efeitos negativos imprevisíveis na saúde mundial”, indicou em comunicado o gabinete da Presidente Tsai.

“Nunca sucumbiremos à pressão de Pequim e continuaremos a fazer ouvir a nossa voz na comunidade internacional e lutaremos pelo nosso direito a participar em organizações internacionais”, disse o CACC.

Para o Governo chinês, Taiwan só poderá participar em actividades de instituições internacionais se aceitar o princípio de “uma só China”.

Só assim e mediante consultas entre Taipé e Pequim, “será possível finalizar acordos para a participação de Taiwan” em fóruns internacionais.

A actual posição chinesa “causa tensão na região e ansiedade entre as populações” dos dois lados do estreito, afirmou em Janeiro a Presidente.

A ilha é independente desde 1949, data em que os nacionalistas do Kuomintang (KMT) ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelos comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

Pequim considera Taiwan parte da China, que deverá ser reunificada, se necessário pela força.

Xi Jinping felicita novo dirigente do Kuomintang

O Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou o antigo vice-presidente de Taiwan, Wu Den-yih, pela sua eleição como novo dirigente do Partido Nacionalista Kuomintang (KMT), e defendeu a importância do ‘Consenso de 1992’, informou ontem a agência Xinhua. Xi expressou, no sábado à noite, na sua mensagem de felicitação a Wu, a sua oposição à independência da ilha e apelou à adesão do ‘Consenso de 1992’, ao abrigo do qual ambas as partes reconhecem o princípio de “Uma só China”. O Presidente do Partido Comunista da China (PCC) sublinhou o seu desejo de que os dois partidos “tenham em mentem o bem estar dos seus compatriotas dos dois lados do Estreito (de Taiwan)”. “O PCC e o KMT deveriam manter-se na direcção certa para um desenvolvimento pacífico das relações dos dois lados do Estreito e tentar alcançar o rejuvenescimento da nação chinesa”, acrescentou. Wu, que vai assumir o cargo oficialmente no próximo dia 20 de Agosto, sublinhou também o seu desejo de “continuar a consolidar” o acordo de 1992, segundo a agência estatal chinesa. A vitória de Wu aconteceu na noite de sábado com 52,4% dos votos.

22 Mai 2017

Coreia do Norte lança novo míssil balístico de médio porte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte disparou ontem um “projéctil não identificado”, uma semana depois do mais recente ataque com um míssil, disseram as autoridades do Ministério da Defesa sul-coreano.

“A Coreia do Norte disparou esta tarde (ontem) um projéctil não identificado em Pukchang na província de Pyongyang Sul”, disse em comunicado do Estado-Maior das Forças Armadas.

Entretanto, a Casa Branca informou também ontem estar ciente de que a Coreia do Norte lançou um míssil balístico de médio porte.

Funcionários da Casa Branca que acompanham o Presidente norte-americano, Donald Trump, numa viajem à Arábia Saudita, indicaram que o sistema, que foi testado pela última vez em Fevereiro, tem um alcance menor do que os mísseis lançados nos testes mais recentes da Coreia do Norte.

A Coreia do Norte lançou no passado domingo o “Hwasong-12”, o projéctil do programa de armamento que exibiu revelou melhor rendimento até à data.

O míssil percorreu quase 800 quilómetros e podia ter superado os 4.000 se tivesse sido lançado com um ângulo mais perpendicular, disseram especialistas.

Os dados mostraram os avanços de Pyongyang no desenvolvimento de um míssil nuclear intercontinental que possa alcançar território norte-americano e servir de elemento dissuasor.

Este lançamento é o último de uma longa lista de testes de armamento que o regime do Kim Jong-un tem vindo a realizar e que geraram tensão na península coreana e um agravamento do tom de Washington desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca.

22 Mai 2017

China apoia criação de Zona Económica Especial na ilha de São Vicente

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai apoiar a criação de uma Zona Económica Especial ligada ao mar na ilha cabo-verdiana de São Vicente, um projecto que o governo cabo-verdiano acredita estará concluído até ao final da legislatura.

A decisão de apoiar o projecto, que tinha sido apresentado pelo primeiro-ministro cabo-verdiano ao seu homólogo chinês durante o Fórum Macau, em Outubro, foi confirmada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, sábado na cidade da Praia, durante uma reunião com o chefe da diplomacia cabo-verdiana, Luís Filipe Tavares.

“A China vai apoiar a criação da Zona Económica Especial de São Vicente, um projecto na área da economia marítima muito importante para o país, que tem o apoio total e incondicional do governo chinês”, disse Luís Filipe Tavares.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde anunciou que o Governo chinês irá financiar também a construção de uma nova maternidade em São Vicente, para servir a região norte do país.

Durante o encontro, os dois ministros passaram em revista a cooperação económica e política entre os dois países, actualmente traduzida em 12 projectos, num valor estimado de 30 milhões de euros.

Luís Filipe Tavares adiantou que Cabo Verde vai começar agora a fazer o estudo de viabilidade económica dos projectos da Zona Económica Especial e da maternidade, estimando que estejam a funcionar até final da legislatura.

“Há uma firme vontade e uma decisão de apoiar estes projectos de Cabo Verde, nomeadamente a Zona Económica Especial que vai transformar São Vicente num grande centro de economia marítima e criar milhares de postos de trabalho”, disse.

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi lembrou que a cooperação chinesa tem sempre em atenção as necessidades do país, garantido o apoio necessário aos projectos cabo-verdianos.

“A economia chinesa começou a descolar a partir da criação das Zonas Económicas Especiais. Temos experiências consolidadas, boas e bem-sucedidas e capacidade para as construir. Se Cabo Verde quiser podemos fazer uma parceria importante na construção da zona de São Vicente”, disse.

Os novos trilhos

O chefe da diplomacia chinesa sublinhou a importância da posição geográfica de Cabo Verde, adiantando que o Governo cabo-verdiano “manifestou vontade de participar na iniciativa “Uma faixa, Uma rota”, do Governo chinês.

A iniciativa, também conhecida como a “Nova Rota da Seda”, pretende recriar a Rota da Seda que uniu a China aos mercados ocidentais durante séculos.

Na prática, trata-se de um conjunto de percursos ferroviários e rodoviários, oleodutos e portos, que se estendem da China até à Europa, com percursos alternativos que passam por países do Sul da Ásia, Índia, Irão e Turquia, e chegam a África.

Mais de meia centena de países aderiram à ideia.

Além da reunião como o homólogo cabo-verdiano, o ministro chinês tem encontros de cortesia agendados com o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva e com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.

22 Mai 2017

Filipinas rejeitam ajuda da UE para desenvolvimento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo filipino anunciou ontem que deixou de aceitar ajuda ao desenvolvimento da UE por considerar que Bruxelas tenta interferir nos assuntos internos das Filipinas e “põe em risco” a autonomia do país.

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, “aprovou a recomendação do Departamento das Finanças de não aceitar mais doações da UE”, comunicou o porta-voz do gabinete presidencial, Ernesto Abella, numa conferência de imprensa em Manila.

Esta decisão representa uma perda de 250 milhões de euros nos próximos projectos de ajuda de desenvolvimento, destinada sobretudo à melhoria das condições de vida das regiões mais empobrecidas do sul do arquipélago.

Estas doações pertencem a projectos que têm o potencial de afectar a autonomia do país”, argumentou o porta-voz presidencial, que acusou a UE de tentar “interferir na política interna das Filipinas”.

Em meados de Março, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução para condenar e pedir o fim da “guerra contra as drogas” liderada por Duterte e que causou mais de 7.000 mortos – de acordo com estimativas das organizações não-governamentais – desde que o chefe de Estado filipino tomou posse, no final de Junho de 2016.

Desde então, Duterte ameaçou, em várias ocasiões, rejeitar a ajuda por considerar que Bruxelas exerce pressões para determinar as políticas internas do país.

Os bons milhões

Ao mesmo tempo, o Presidente filipino assegurou milhares de milhões de euros em doações da China, o novo aliado com quem tem vindo a estreitar laços à medida que se afasta dos Estados Unidos e da UE.

O porta-voz presidencial também assegurou ontem que as Filipinas “estão a crescer e a melhorar” a um ritmo sólido, pelo que podem permitir-se abandonar a “atitude de mendicidade” e enfrentar os desafios económicos de forma autónoma.

Ontem foram publicados os dados sobre o crescimento do PIB filipino entre Janeiro e Março, que foi de 6,4%, o que representa um recuo ao ser o menor desde o terceiro trimestre de 2015.

19 Mai 2017

EUA treinam ataques a depósitos de armas de destruição maciça de Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s tropas dos Estados Unidos estacionadas na Coreia do Sul realizaram um exercício em que simularam a destruição de depósitos de armas de destruição maciça norte-coreanos, foi ontem anunciado.

Soldados de duas divisões de infantaria participaram no exercício, denominado “Warrior Strike 7”, realizado em Camp Stanley, no norte de Seul, e num complexo próximo da fronteira coreana.

A informação e as imagens da operação, cuja data não foi divulgada, foram publicadas no portal Flickr e na conta oficial da rede social Facebook da Segunda Divisão de Infantaria das Forças dos Estados Unidos na Coreia do Sul (USFK, na sigla inglesa).

A operação consistiu no desembarque em terra de unidades transportadas por via área, a partir do maior navio da Marinha sul-coreana, “Dokdo”, que depois se infiltraram em diferentes instalações para destruir ou tomar controlo de arsenais de armas de destruição maciça.

As fotografias mostram operações e protocolos relacionados com a infiltração em depósitos de armas radioactivas, biológicas ou químicas, ou a desactivação de ogivas.

Pressão contínua

O simulacro aconteceu num momento de tensão na península coreana perante os insistentes testes de armamento do regime de Kim Jong-un e o endurecimento do discurso de Washington após a chegada à Casa Branca de Donald Trump. O último teste de um míssil norte-coreano foi realizado no domingo.

A nova administração norte-americana chegou a insinuar a possibilidade de efectuar ataques preventivos contra a Coreia do Norte se Pyongyang insistir no desenvolvimento do programa nuclear e de mísseis.

O último míssil lançado pelo exército norte-coreano, e que Pyongyang definiu como um novo tipo de projéctil, mostrou um bom rendimento, o que representa um novo avanço para a Coreia do Norte.

Pyongyang quer desenvolver um míssil nuclear capaz de alcançar o território norte-americano.

19 Mai 2017

Pequim e Buenos Aires prometem reforçar laços

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês Xi Jinping reuniu-se esta quarta-feira com o seu homólogo argentino Mauricio Macri, tendo ambas as partes prometido expandir a cooperação de benefícios mútuos em todas as áreas e promover ainda mais os laços bilaterais.

Xi apelou a que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” fosse tida em conta na estratégia de desenvolvimento da Argentina, ampliando a cooperação em indústrias de infra-estruturas, energia, agricultura, mineração e manufactura, e implementando os principais projectos de cooperação existentes nos vários sectores, incluindo o hidroeléctrico e o ferroviário.

Saudando o apoio e a participação da Argentina na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, Xi enfatizou que a América Latina é uma extensão natural da Rota da Seda Marítima do Século XXI, informa o Diário do Povo.

A Argentina expressou vontade em aderir ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura (BAII) a fim de aumentar as opções de financiamento para os seus investimentos públicos em infra-estruturas, de acordo com uma declaração conjunta publicada após o encontro.

Outros entendimentos

Ambos os países assinaram um memorando de entendimento sobre a cooperação ao nível de futebol, o que oferecerá um maior apoio ao desenvolvimento do futebol na China, disse Zhu Qingqiao, director de Assuntos da América Latina do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, acrescenta a publicação estatal.

Este ano marca o 45º aniversário da fundação das relações diplomáticas entre a China e a Argentina.

O gigante asiático está a postos para manter a coordenação com a Argentina em assuntos internacionais, tais como a governação económica global, as mudanças climáticas, a agenda de desenvolvimento sustentável 2030 e o apoio à Argentina para a realização da Cimeira do G20, em 2018, afirmou Xi.

Macri, cuja visita de estado, iniciada no dia 14, terminou ontem, assistiu também ao Fórum “Uma Faixa, Uma Rota para a Cooperação Internacional”, encerrado na última segunda-feira em Pequim.

Macri congratulou Xi pelo sucesso da iniciativa, dizendo que a Argentina está empenhada em impulsionar os laços bilaterais e reforçar a cooperação de benefícios mútuos com base no respeito e na confiança mútua.

A Argentina respeita a política de Uma Só China e promete se esforçar-se para aprofundar as relações com a América Latina e aumentar a comunicação e coordenação em assuntos internacionais, acrescentou Macri. 

19 Mai 2017

Rota da Seda não é ‘Plano Marshall’ chinês, diz Jorge Costa Oliveira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, rejeitou ontem que a Nova Rota da Seda seja um ‘Plano Marshall’ chinês, considerando antes que se trata de um projecto internacional.

“Acho que estamos ainda no início de um grande projecto”, afirmou à agência Lusa, em Pequim, Costa Oliveira, adiantando estar convicto que “a Nova Rota da Seda vai transformar-se num projecto internacional, em que o empenho dos países que hoje fazem parte do projecto se vai traduzir numa participação a vários níveis, incluindo financeira”.

Divulgada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a Nova Rota da Seda visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste asiático.

Inclui uma malha ferroviária, portos e auto-estradas, abrangendo 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas – cerca de 60% da população mundial.

Críticos acusam Pequim de querer assim reiterar a proeminência da China como poder dominante na Ásia, onde a sua cultura e economia exerceram outrora forte influência sobre os países vizinhos.

Bem comum

Jorge Costa Oliveira diz que “é normal que a China, nesta altura, para garantir o sucesso do empreendimento, assuma grandes compromissos”, mas acredita que “sendo do interesse de vários países”, as nações envolvidas terão uma “comparticipação a vários títulos”.

O secretário de Estado participou esta semana num fórum internacional dedicado à iniciativa, onde estiveram 28 chefes de Estado.

Entre os países cujos presidentes participaram do fórum constam a Rússia, Turquia, Cazaquistão, Bielorrússia, Filipinas, Argentina ou Chile.

Espanha, Itália, Polónia, Malásia ou Mongólia enviaram os respectivos primeiros-ministros.

No entanto, a maioria dos países ocidentais, nomeadamente Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha ou França, não tiveram representantes ao mais alto nível.

Jorge Costa Oliveira rejeita que as potências ocidentais queiram boicotar o projecto, afirmando que as ausências se devem antes ao actual momento nas relações entre a China e os respectivos países.

“Tenho a certeza que vários países que não estiveram aqui vão acabar por se empenhar” na iniciativa, disse. “Até porque a pressão das empresas e das associações empresariais vai ser grande para não perderem as oportunidades que se vão gerar”.

18 Mai 2017

Coreia do Norte repudia condenação da ONU pelo último míssil

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte rejeitou ontem a condenação da ONU do teste de míssil de médio alcance, efectuado no domingo passado, e lembrou que os Estados Unidos também testaram projécteis intercontinentais sem serem alvo de crítica.

“O lançamento (…) do ‘Hwasong 12’ é de grande e especial importância para assegurar a paz e a estabilidade na península coreana e na região”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, citado pela agência estatal norte-coreana KCNA.

O ‘Hwasong 12’ mostrou um melhor rendimento e novamente os avanços do regime de Kim Jong-un no desenvolvimento de um futuro míssil intercontinental, capaz de alcançar os Estados Unidos.

No dia seguinte ao lançamento, o Conselho de Segurança da ONU condenou, em comunicado, a acção e declarou-se disposto a agravar as sanções contra o país asiático.

A Coreia do Norte “rejeita de maneira categórica e total o comunicado de condenação do Conselho de Segurança das Nações Unidas que põe em dúvida o reforço da dissuasão nuclear para autodefesa”, acrescentou o mesmo comunicado.

Questão de soberania

O porta-voz dos Negócios Estrangeiros norte-coreano lembrou que “recentemente e no espaço de uma semana (nos dias 26 de Abril e 3 de Maio), os Estados Unidos realizaram dois lançamentos de testes de mísseis balísticos intercontinentais, apesar de o Conselho de Segurança nunca os mencionar”.

O porta-voz disse que a autodefesa é uma questão de soberania nacional em que organismos como a ONU não devem intervir e ameaçou novamente os Estados Unidos com uma resposta imediata a qualquer “provocação militar” de Washington.

“Os sistemas de armas mais aperfeiçoados do mundo não serão nunca propriedade exclusiva interna dos Estados Unidos, e certamente chegará o dia em que a RPDC [Coreia do Norte] use meios de represália correspondentes”, afirmou o porta-voz.

“Será então que os Estados Unidos vão ver por si mesmos se os mísseis balísticos da RPDC representam uma verdadeira ameaça ou não”, concluiu o texto.

O último lançamento norte-coreano aconteceu num momento de especial tensão na península, devido aos insistentes testes de armas do regime, que motivaram um agravamento da retórica da administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, que insinuou a possibilidade de realizar ataques preventivos contra Pyongyang.

Seul admite possibilidade de confrontos

O novo Presidente sul coreano Moon Jae-In admitiu ontem a possibilidade de confrontos militares fronteiriços com a Coreia do Norte devido às tensões provocadas pelo programa nuclear de Pyongyang. “Vivemos uma realidade em que existe uma elevada possibilidade de confrontos militares”, disse o chefe de Estado referindo-se à fronteira marítima, disputada entre Pyongyang e Seul e à fronteira terrestre entre os dois países, altamente militarizada. Moon Jae-In falou da possibilidade de confrontos com a Coreia do Norte após uma visita ao Ministério da Defesa sul coreano.

18 Mai 2017

Cimeira | Pequim estreita relações com ONU 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês Li Keqiang apelou à cooperação reforçada com a Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a paz, estabilidade e prosperidade mundial.

Li proferiu estas declarações quando se reuniu com o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a cimeira “Uma Faixa, Uma Rota” para a Cooperação Internacional.

Segundo o primeiro-ministro, a China é um apoiante firme da ONU e do seu papel fundamental para garantir a paz e a segurança mundial, bem como para impulsionar o desenvolvimento global.

“Estamos dispostos a desempenhar o nosso papel em plataformas tais como a ONU, para realizar a agenda do desenvolvimento sustentável 2030 e fazer esforços concertados para a paz, estabilidade e prosperidade mundial,” disse Li.

O primeiro-ministro chinês apontou ainda que a promoção da paz, desenvolvimento e cooperação mundial se tornou um objectivo consensual entre todos, considerando a globalização uma tendência histórica irreversível.

Li Keqiang afirmou também que os problemas causados pela globalização devem ser abordados enquanto o fenómeno está em andamento, reafirmando o apoio da China à globalização e facilitação do comércio e investimento.

António Guterres, por sua vez, disse que a China é um pilar vital para defender o multilateralismo, o livre comércio e o avanço justo e ordenado da globalização.

A ONU quer estabelecer uma relação de cooperação com a China e combinar a agenda do desenvolvimento sustentável da organização com a estratégia de desenvolvimento da China para promover a paz e a estabilidade mundial, acrescentou Guterres.

17 Mai 2017

Uma Faixa, Uma Rota | Xi Jinping apela à união contra o proteccionismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, apelou segunda-feira à união de cerca de três dezenas de dirigentes mundiais que estiveram reunidos em Pequim para o projecto “Novas Rotas da Seda” contra o proteccionismo.

“A globalização enfrenta ventos adversos”, resumiu Xi no segundo dia de uma cimeira que juntou na capital da China os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, mas muito poucos de grandes países ocidentais.

Num comunicado final divulgado na segunda-feira ao final do dia, os países participantes “recusam todas as formas de proteccionismo”.

Xi Jinping lançou em 2013 a iniciativa “Novas Rotas da Seda”, um conjunto de projectos de infra-estruturas para ligar a Ásia à Europa e a África a exemplo das caravanas que na Antiguidade atravessavam a Ásia central.

Já no princípio do ano, quando da entrada em funções de Donald Trump e o receio de uma deriva proteccionista norte-americana, Xi defendeu o comércio livre e a mundialização, num discurso muito comentado proferido no Fórum Económico de Davos.

Trump fez da China um dos alvos favoritos da sua campanha eleitoral, acusando Pequim de “roubar” milhões de empregos nos Estados Unidos, mas depois de entrar em funções moderou o discurso.

Na semana passada, Pequim e Washington anunciaram mesmo um acordo comercial, mas Trump não participou nesta cimeira em Pequim. À excepção do presidente italiano, Paolo Gentiloni, nenhum dirigente do G-7 se deslocou à capital chinesa.

Rota dos milhões

No domingo, Xi Jinping anunciou milhares de milhões de dólares para projectos que integrem a iniciativa Novas Rotas da Seda, no discurso de abertura do fórum de cooperação internacional “Uma Faixa, Uma Rota”, versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”.

A China vai contribuir com 100.000 milhões de yuan adicionais para o Fundo da Rota da Seda e providenciar ajuda, nos próximos três anos, no valor de 60.000 milhões de yuan a países em desenvolvimento e a organizações internacionais que participem na iniciativa.

“Devemos construir uma plataforma aberta de cooperação e manter e desenvolver uma economia mundial aberta”, afirmou Xi, na abertura do fórum, onde Portugal se faz representar pelo secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira.

“A antiga rota da seda floresceu em tempos de paz, mas perdeu o seu vigor em tempos de guerra. A iniciativa das ‘Novas Rotas da Seda’ requer um ambiente pacífico e estável”, realçou o líder chinês, insistindo que os “benefícios” “serão partilhados por todos”.

A iniciativa foca-se em países asiáticos, europeus e africanos, mas Xi garantiu que está aberta a todos e que a China não tem a intenção de criar um pequeno grupo prejudicial à estabilidade: “Todos os países, sejam da Ásia, Europa, África ou Américas, podem participar na iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, afirmou, indicando que a China espera “criar uma grande família de coexistência harmoniosa”.

17 Mai 2017