Xi Jinping e Donald Trump vão “reunir em breve”

O Presidente norte-americano eleito e o Presidente chinês combinam para breve uma reunião para trocar opiniões. Em cima da mesa estarão temas de “interesse mútuo”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o futuro homólogo norte-americano, Donald Trump, concordaram ontem reunir-se “em breve” para discutir a relação entre os dois países, noticiou a televisão estatal CCTV.

Numa conversa por telefone, Xi e Trump “prometeram manter um contacto próximo, construir boas relações de trabalho e reunir em breve para uma troca de opiniões em assuntos de interesse mútuo”, referiu o canal.

Durante a campanha eleitoral, o país asiático foi um dos alvos preferidos do magnata nova-iorquino, que acusou a China de “manipulação da moeda”, ou “batotice” e ameaçou taxar os produtos chineses em 45%.

Trump chegou a chamar a China de “inimigo” e prometeu enfrentar um país que diz considerar os EUA “palermas”.

O presidente eleito sugeriu, no entanto, que não se quer envolver em disputas externas e recusou o Tratado Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), um acordo que visa a criação da maior área de livre comércio do mundo e que a China vê como prejudicial aos seus interesses.

A CCTV cita Trump, que afirmou que “a China é um grande e importante país, cujo desenvolvimento surpreendeu o mundo”.

“Os EUA e a China podem beneficiar-se mutuamente”, disse.

O termo usado pela CCTV – “benefício mútuo” – é frequentemente utilizado pela diplomacia chinesa.

Mar de incógnitas

As posições contraditórias e ambíguas de Trump deixam dúvidas sobre a forma como lidará com a China, a segunda maior economia mundial e detentora de um poderoso aparelho militar.

Durante a administração de Barack Obama, Washington reforçou a presença militar e diplomática no leste asiático, levando Pequim a adoptar uma política assertiva, face ao que considera uma tentativa de conter a sua influência económica e geopolítica.

Mas Trump não propôs soluções para questões estratégicas que perturbam as relações, como as reclamações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China, o programa nuclear da Coreia do Norte ou o futuro de Taiwan.

O vencedor das eleições norte-americanas indicou ainda que os EUA estão cansados de pagar pela defesa dos seus aliados, como o Japão e a Coreia do Sul, sugerindo que estes países deviam desenvolver as suas próprias armas nucleares.

Mark Williams, analista da consultora Capital Economics, sugeriu anteriormente numa nota que se os “EUA estiverem menos envolvidos na Ásia, Pequim terá a oportunidade de definir a integração política e económica da região nos seus próprios termos”.

Isso poderá incluir um acordo comercial que exclua os EUA, como o TPP excluiu a China.

Em andamento

Pequim já está em negociações para instituir a Parceria Económica Compreensiva Regional (RCEP, na sigla em inglês), uma área de comércio livre que inclui países do sudeste da Ásia, a China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

No total, abarcará mais de 3.000 milhões de pessoas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália afirmou mesmo na quinta-feira passada que, caso o TPP falhe, “o vácuo que seria criado deverá ser preenchido com o RCEP”.

Questionado sobre a ameaça de Trump vir a taxar os produtos chineses, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês lembrou na semana passada que o comércio bilateral entre os dois países aumentou 200 vezes nas últimas décadas, beneficiando ambos os lados.

“Qualquer chefe de Estado nos EUA que considera os interesses dos seu país e do seu povo irá fazer a escolha certa”, disse.

15 Nov 2016

Pequim com plano para reunir progenitores migrantes com filhos deixados para trás

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a analisar formas de reunificar milhões de famílias separadas devido à migração interna, que resultou em que mais de nove milhões de crianças cresçam longe dos pais.

Segundo o jornal oficial China Daily, o novo ministro dos Assuntos Civis, Huang Shuxian, avançou com essa proposta esta semana, durante a sua primeira reunião após suceder no cargo a Li Liguo.

Devido ao alto custo de vida nas cidades e às restrições na autorização de residência, que limitam o acesso a serviços básicos como educação e saúde pública, milhões de trabalhadores optam por deixar os filhos ao cuidado de familiares. Em muitos casos, os pais só visitam as crianças uma vez por ano.

Um censo divulgado pelo Governo na quinta-feira estima que o total de crianças “deixadas para trás” ascende a 9,02 milhões.

Quase 90% – 8,05 milhões – vive com os avôs, 3% com outros familiares e 4% permanece só – quase 400.000 crianças.

Uma das soluções propostas por Huang, segundo o China Daily, seria conceder autorização de residência (Hukou, em chinês) aos menores que migram com os pais, para que possam ir à escola nas cidades ou recorrer ao serviço nacional de saúde.

A autorização de residência ‘Hukou’ é um sistema implantado em 1958, durante o Governo de Mao Zedong, para controlar a migração massiva dentro do país e assegurar a continuidade da produção agrícola e a estabilidade social nos centros urbanos.

O ministro propôs ainda a adopção de medidas para estimular os pais a voltar a casa e o apoio aos menores que abandonaram os estudos para que voltem à escola.

Campo de fatalidades

A ocorrência de tragédias envolvendo estas crianças é frequentemente notícia na imprensa chinesa.

No ano passado, quatro irmãos, com idades entre os cinco e os 14 anos, abandonados pelos pais durante meses, morreram depois de terem ingerido pesticida em Bijie, na remota província de Guizhou.

No total, cerca de 60 milhões de chineses cresceram longe dos pais, desde as reformas económicas lançadas no país no final da década de 1970, que resultaram na transição de uma sociedade maioritariamente agrária para uma urbano-industrial, a um ritmo ímpar na História da humanidade.

14 Nov 2016

Alibaba | Mais de 91 milhões de yuan em meio dia

O “Dia dos Solteiros” proporcionou ao gigante chinês um número astronómico de vendas sustentado nas promoções de empresas de todo o mundo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] gigante do comércio electrónico chinês Alibaba facturou nas primeiras 13 horas de sexta-feira, o “Dia dos Solteiros”, 91.200 milhões de yuan, aproximando-se da marca registada na totalidade do mesmo dia, em 2015.

O “Dia dos Solteiros” gera todos os anos fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia.

A iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro, foi criada em 2009 pelo fundador do Alibaba, Jack Ma.

Nos primeiros cinco minutos após a meia-noite de sexta-feira, as vendas do Alibaba atingiram os 900 milhões de euros.

Ao fim de uma hora, já iam em 4.800 milhões de euros.

“Conseguimos superar a nossa marca oito horas antes, face ao ano passado”, anunciou um mestre-de-cerimónias, num evento organizado para a ocasião na cidade de Shenzhen, sul da China.

Um ecrã gigante no local do evento dava conta da facturação das duas plataformas digitais do grupo, TMall.com e Taobao.com. Dezenas de milhares de vendedores em todo o mundo aderem a este dia.

Para todos os gostos

Este ano, mais de 11.000 marcas internacionais, entre as quais a Apple, Burberry, Disney ou Zara, fizeram promoções aos seus produtos no Taobao e Tmall.

A Gallo, a marca portuguesa de azeite, aproveitou também a data para lançar uma promoção na sua loja oficial no Tmall. Cada garrafa de 500 mililitros de azeite marcava 368 yuan (50 euros), quase 40% abaixo do preço habitual.

País mais populoso do mundo, com cerca de 18% dos habitantes na Terra, a China é responsável por quase 40% do conjunto mundial de vendas pela internet.

Pelas contas do Ministério do Comércio chinês, em 2015 o valor de vendas ‘online’ superou os quatro biliões de yuan  – mais do triplo do PIB português.

14 Nov 2016

Assessor de Trump quer ver EUA na Rota da Seda

O ex-director da CIA diz que a oposição norte-americana ao Banco Asiático de Investimento foi uma falha e espera que a Administração liderada por Trump se associe ao plano da Nova Rota da Seda lançado pela China

[dropcap style≠’circle’]U[dropcap]m assessor de Donald Trump, Presidente eleito dos Estados Unidos, afirmou sexta-feira desejar que o seu país participe na iniciativa chinesa Nova Rota da Seda, e apelou a Pequim para que contribua mais nas questões internacionais.

James Woolsey, assessor para a Segurança Nacional, Defesa e Serviços Secretos, disse também que a decisão de Barack Obama em se opor ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) foi um erro.

“Em Washington, reconhece-se hoje que a oposição da administração Obama ao BAII foi um erro estratégico”, escreveu Woolsey, num artigo de opinião difundido pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Fundado no início deste ano, o banco proposto por Pequim foi visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, duas instituições sediadas nos EUA e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus.

Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.

Portugal tem uma participação de cerca de 13 milhões de dólares e o Brasil é o único membro em todo o continente americano e o nono maior accionista.

Sobre a iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático, Woolsey diz que espera “uma resposta muito mais clara da próxima administração”.

Segundo as autoridades chinesas, aquela iniciativa vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas – cerca de 60% da população mundial – e inclui a construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa.

Apelos e visões

O assessor de Trump apelou ainda às economias emergentes como a China, “que beneficiam muito do mercado global”, para que desempenhem um maior papel nas acções multilaterais contra o terrorismo, missões de ajuda humanitária ou operações militares para salvaguardar a paz.

O ex-director da CIA (1993 a 1995) disse que o novo Governo dos EUA “provavelmente continuará a proteger os seus aliados contra abusos da China”, afirmando que “a presença norte-americana na Ásia não é guiada por ambições territoriais”.

As duas maiores economias do mundo devem assim chegar a um “acordo tácito”, em que Pequim respeita o estado actual da região e os EUA não desafiam o sistema social e político da China.

“[O sistema chinês], mesmo que não gostemos, não temos necessariamente de fazer algo nesse sentido. Vejo a emergência de um grande acordo em que os EUA aceitam as estruturas sociais e políticas da China e se comprometem a não alterá-las, a troco de um compromisso em que a China não desafia o actual status quo da Ásia”, escreveu.

“Será um empreendimento arriscado”, reconheceu.

14 Nov 2016

Seul | Centenas de milhares protestam contra Presidente

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]entenas de milhares de pessoas saíram este sábado à rua na capital da Coreia do Sul, numa das maiores manifestações antigovernamentais da história do país, para reclamar a demissão da presidente Park Geun-Hye, envolvida num escândalo político.

A polícia, que inicialmente esperava uma multidão de 170 mil pessoas, estimou depois em 260.000 o número de manifestantes, enquanto os organizadores do protesto falam em um milhão de pessoas na rua.

Esta é a terceira de uma série de manifestações semanais contra Park, que luta pela sua sobrevivência política.

As autoridades apelaram à calma e cerca de 25.000 polícias foram mobilizados na capital, bloqueando todos os acesso à Casa Azul, a sede da presidência em Seul.

Durante a noite, uma maré humana invadiu a avenida Gwanghwamun, empunhando velas e cantando slogans em que pediam a demissão da presidente.

Cuidado com os amigos

O escândalo que envolve Park Geun-Hye há três semanas deve-se à sua amiga Choi Soon-Sil, que está detida e acusada de fraude e abuso de poder.

Os procuradores estão a investigar alegações de que Choi, de 60 anos, usava a sua amizade com a Presidente para conseguir donativos de grandes empresas como a Samsung para fundações sem fins lucrativos que ela própria criara e usava para fins pessoais.

Choi é também acusada de interferir nos assuntos do Estado e de aceder a documentos confidenciais apesar de não ter qualquer cargo oficial ou habilitações de segurança.

Os relatos da influência nefasta de Choi sobre Park lançaram as taxas de aprovação da Presidente para cinco por cento, um mínimo histórico para um Presidente em exercício.

Na manifestação de sábado ouviram-se ainda outras críticas, desde a queda do preço do arroz até à forma como as autoridades coreanas lidaram com o naufrágio do ferry Sewol em 2014, que fez mais de 300 mortos, entre os quais 250 estudantes.

Tentando apaziguar a cólera popular, a Presidente apresentou várias desculpas, demitiu altos responsáveis e até aceitou renunciar a algumas das suas prerrogativas, mas em vão.

Park reconheceu ser responsável pelo escândalo, admitindo ter sido, por amizade, “negligente” e pouco vigilante.

No entanto, recusou ter participado, sob influência daquela a quem os media sul-coreanos chamam de “Raspoutine”, num culto religioso de inspiração xamânica.

A amiga de 40 anos da Presidente é filha de um misterioso chefe religioso, Choi Tae-Min, que se tornou no seu mentor após o homicídio da mãe em 1974.

A manifestação de sábado é a maior na Coreia do Sul desde 10 de Junho de 2008, quando uma vigília contra a decisão governamental de pôr fim à importação de carne dos EUA reuniu 80 mil pessoas, segundo a polícia, ou 700 mil, segundo a organização.

No verão de 1987, milhões de pessoas manifestaram-se durante semanas em Seul e em outras cidades até que o então governo militar cedeu a realizar eleições presidenciais livres.

14 Nov 2016

Hong Kong | Acção para invalidar juramentos pró-democratas

O  antigo presidente de uma associação de taxistas pede que o Tribunal Superior de Hong Kong declare nulos os juramentos de oito deputados pró-democracia

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma acção foi intentada ontem junto do Tribunal Superior de Hong Kong para invalidar os juramentos de oito deputados pró-democracia do LegCo (Conselho Legislativo, parlamento), informam os meios de comunicação social da antiga colónia britânica.

Trata-se da primeira acção do género depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China – constitucionalmente o “supremo órgão do poder de Estado” – ter considerado, na segunda-feira, que dois deputados pró-independência de Hong Kong não podem repetir o juramento do cargo e tomar posse.

O pedido de revisão judicial contesta a validade dos juramentos de Leung Kwok-hung (conhecido por ‘Long Hair’, da Liga Social Democrata); Nathan Law (o mais jovem deputado, do partido Demosisto); Cheng Chung-tai (do grupo independentista Civic Passion); Raymond Chan (People Power); Chu Hoi-dick (independentista que centrou a campanha na equidade do uso das terras nas zonas rurais); e Lau Siu-lai, Edward Yiu e Shiu Ka-chun.

“Dado o seu comportamento, discurso, vestuário e adereços, estes [oito deputados] agiram em violação da interpretação” feita pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, afirmou Robin Cheng Yuk-kai, antigo presidente de uma associação de taxistas, autor da acção que pede ao tribunal que declare inválidos os juramentos dos cargos e lhes retire os assentos no parlamento.

Além disso, solicita ao tribunal que analise a decisão do presidente do Legco, Andrew Leung, de ter permitido que Baggio Leung e Yau Wai-ching, do Youngspiration, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, repetissem os juramentos a 18 de Outubro, depois de os primeiros que fizeram, cinco dias antes, não terem sido aceites.

Isto porque ambos se desviaram do ‘script’, pronunciando a palavra China de uma forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas às do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

No mesmo saco

Na acção ontem apresentada é assim questionada a ‘validação’ dos juramentos de outros seis deputados, a 12 de Outubro.

O autor da acção surgiu nas notícias em 2014 quando intentou acções judiciais contra os organizadores do movimento pró-democracia ‘Occupy’ devido aos prejuízos por causa dos protestos, que tomaram conta da antiga colónia britânica.

Depois de o presidente do Legco ter decidido dar uma oportunidade aos dois deputados do Youngspiration de repetirem o juramento, o chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal.

O juiz decidiu contra o pedido do chefe do Executivo, que teria impedido a repetição dos juramentos, mas deu luz verde a uma revisão judicial, também pedida por CY Leung.

O veredicto dessa revisão judicial ainda não é conhecido, mas o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular decidiu antecipar-se, entendendo oportuno e adequado intervir para travar o separatismo na Região Administrativa Especial, ao considerar que os dois deputados “representam uma grave ameaça à soberania e segurança nacional”.

O chefe do Executivo de Hong Kong afirmou que vai “implementar plenamente” a interpretação de Pequim e impedir a entrada no LegCo dos dois deputados.

Milhares de pessoas – 13 mil segundo os organizadores e 8.000 de acordo com as autoridades – protestaram no domingo contra a intenção de Pequim intervir neste caso.

Um grupo entrou em confrontos com a polícia, recriando cenas que lembraram o movimento ‘Occupy’, com manifestantes a utilizarem guarda-chuvas – símbolo do protesto de 2014 – para se protegeram do gás lacrimogéneo.

Esta foi a quinta vez, desde a transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997, que Pequim interpretou a Lei Básica da região.

11 Nov 2016

Taiwan teme proteccionismo e isolamento norte-americano

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan, bastante dependente dos Estados Unidos em segurança nacional e como segundo mercado de exportações, teme que a eleição de Donald Trump como Presidente leve a nação norte-americana ao proteccionismo e isolamento.

No campo económico há receios que a mudança nas políticas económicas sob a gestão de Trump leve a uma subida nas tarifas aduaneiras e à necessidade de as empresas mudarem as suas linhas de produção.

“Empresas de Taiwan como a Foxconn (Hon Hai Precision Industry), fabricante do iphone e iPad da Apple, podem ver-se forçadas a relocalizar as suas linhas de produção nos Estados Unidos”, disse o presidente do Instituto de Investigação Económica de Taiwan, Jeff Lin, em declarações difundidas ontem na imprensa de Taiwan.

Na segurança, Taiwan desempenha um papel importante na reorientação norte-americana em direcção à Ásia Oriental e a ilha depende dos Estados Unidos como principal fornecedor de equipamentos bélicos, que servem de dissuasão para a não invasão da China.

Um ex-ministro da Defesa Lin Chong-pin disse ontem à imprensa em Taiwan que a administração Trump vai manter a venda de armamento à ilha e vai apoiar Taiwan para desafiar a China com “a sua democracia e liberdade”, mas não ao ponto de poder desencadear um conflito bélico.

A prioridade de Trump no estreito da Formosa será “não haver conflito nem guerra”.

Perante um eventual isolamento norte-americano, a China passará a preencher esse vazio e a sua influência internacional aumentará, consideram vários especialistas.

Taiwan terá que esquecer o Acordo Transpacífico e focar os seus esforços na entrada na Associação Económica Regional Integral (RCEP, na sigla em inglês), liderada pela China, e na assinatura de acordos de livre comércio com outros países, incluindo os Estados Unidos, sugeriu Jeff Lin.

11 Nov 2016

Xi Jinping visita América Latina

O Presidente chinês estará, entre 17 e 23 deste mês, na América do Sul para dar um novo impulso às relações económicas. A viagem de Xi passa desta vez pelo Equador, Peru e Chile

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer elevar a cooperação económica com a América Latina para um novo patamar, durante o périplo que o Presidente chinês, Xi Jinping, iniciará pela região na próxima semana, e que inclui visitas a três países.

Entre os dias 17 e 23 de Novembro, Xi vai reunir com os seus homólogos do Equador, Peru e Chile, com quem assinará acordos de cooperação, sobretudo na área económica, visando reforçar os vínculos comerciais e de investimento.

“A relação bilateral está a ganhar novo impulso”, afirmou ontem Wang Chao, vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que a cooperação entre Pequim e a região “continuará a aprofundar-se”.

Trata-se da terceira visita de Xi Jinping à América Latina, desde ascendeu ao poder, em 2012, e será centrada nos países na costa do Oceano Pacífico, com os quais Pequim mantém uma importante relação económica e política.

“A China considera muito importante o desenvolvimento da cooperação económica e comercial com a América Latina e o Caribe”, assinalou Li Baodong, outro vice-ministro chinês.

Li destacou o potencial que existe para investir na “capacidade produtiva” da região, um térmico técnico para a indústria, numa altura em que a queda do preço das principais matérias-primas afecta os países da região.

Pequim importa sobretudo minérios e petróleo da América Latina.

Todos a ganhar

Nos últimos anos, os Governos dos países latino-americanos têm apelado a um investimento no tecido industrial e nas infra-estruturas, algo que convém à China, que procura internacionalizar as suas empresas.

“Ambas as partes são altamente complementares”, afirmou Wang.

Xi visitará primeiro o Equador, onde vai assinar acordos nas áreas de cooperação económica, cultura e judicial, revelou Wang, numa conferência de imprensa na sede do ministério dos Negócios Estrangeiros.

No Peru, além de participar na cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia Pacifico (APEC), entre os dias 19 e 20, o líder chinês realizará uma visita de Estado.

A China é o maior parceiro comercial do Peru e a primeira deslocação ao exterior do Presidente Pablo Kuczynski, após ser eleito em Julho passado, foi precisamente a Pequim.

Os acordos entre os dois países incluem os sectores da mineração, energia, infra-estruturas e financiamento.

No Chile, Xi vai reunir com a Presidente Michelle Bachelet, com quem assinará acordos nas áreas da economia, comércio e comunicações.

Estes acordos “darão um novo impulso” à relação bilateral, disse Wang.

A China tem acordos de livre comércio com o Peru e o Chile e durante o fórum da APEC, em Lima, os países vão discutir a criação de uma zona de Livre Comércio Ásia Pacífico (FTAAP, na sigla em inglês).

Wang Chao insistiu que Pequim vê “positivamente” a América Latina e o Caribe, apesar das recentes “dificuldades”, causadas pela queda dos preços das matérias-primas e fraca procura global.

As dificuldades “são temporais” e a região tem “um grande potencial de desenvolvimento. As perspectivas são boas”, disse.

11 Nov 2016

Hong Kong | Plenário volta a ser interrompido

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] plenário do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento) de Hong Kong foi suspenso duas vezes ontem de manhã devido a conflitos no hemiciclo, com deputados pró-democracia a tentarem impedir um colega de ser expulso da sala.

Segundo a emissora pública RTHK, o deputado do partido Democrata Ted Hui recebeu ordem de saída depois de criticar o presidente do LegCo, Andrew Leung, por não permitir discussão sobre a interpretação de Pequim à Lei Básica de Hong Kong, que concluiu que dois deputados pró-independência da região, recém-eleitos, não podem repetir o seu juramento e, portanto, ficam impedidos de ocupar os assentos que conquistaram nas urnas.

Leung começou por dar um aviso a Hui e pediu-lhe para se cingir à agenda da reunião, alerta que o democrata ignorou. Hui foi então ordenado a sair da sala, levando vários deputados da oposição a correr para o seu lugar para tentar impedir os seguranças de o tirarem do hemiciclo.

Os deputados pró-democracia acusaram os seus rivais de tentarem sabotar todo o plenário.

Mais do mesmo

A reunião foi então suspensa por uma segunda vez pouco depois de ter recomeçado, com deputados pró-democracia a entoarem ‘slogans’ exigindo que Leung saia da presidência do LegCo.

Os últimos três plenários do LegCo foram suspensos devido a episódios de caos, com um parlamento cada vez mais dividido devido ao caso dos juramentos dos novos deputados favoráveis à independência de Hong Kong.

Na segunda-feira, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China considerou que dois deputados pró-independência de Hong Kong não podem repetir o juramento do cargo e tomar posse no LegCo.

A 12 de Outubro, à semelhança dos outros deputados, Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Os juramentos não foram aceites e o presidente do LegCo decidiu dar a oportunidade aos deputados de os repetirem, no entanto, o chefe do executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal. O veredicto judicial ainda não é conhecido.

Pequim em acção

Entretanto, o Comité Permanente da APN decidiu avançar com uma interpretação da Lei Básica de Hong Kong (uma miniconstituição da região), que comunicou na segunda-feira.

Um juramento que não respeite a lei de Hong Kong “deve ser considerado inválido e não pode ser repetido”, disse o Comité Permanente ANP, constitucionalmente definido como o “supremo órgão do poder de Estado” da China, numa rara interpretação da Lei Básica da ex-colónia britânica.

O chefe do Governo de Hong Kong disse que vai “implementar plenamente” a interpretação de Pequim e impedir a entrada no parlamento dos dois deputados.

CY Leung também sublinhou que Hong Kong é uma “inalienável parte do país” e que “as pessoas de Hong Kong têm o dever de defender a unidade nacional, integridade territorial e segurança, assim como a dignidade e interesses do povo chinês”.

Esta é a quinta vez desde 1997, quando Hong Kong foi entregue pelos britânicos à China, que Pequim interpreta a Lei Básica da região.

O anúncio da intervenção de Pequim neste caso gerou uma manifestação com milhares de pessoas no domingo na antiga colónia britânica.

10 Nov 2016

Pequim vende mil autocarros a Angola

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Transportes de Angola, Augusto Tomás, esclareceu que a compra de “cerca de 1.000 autocarros” será feita à China e abrigo de uma linha de crédito concedida pelo Governo chinês.

De acordo com o governante, em declarações reproduzidas esta terça-feira pela comunicação social local, os autocarros começam a chegar a Angola a partir do final do ano, para servir as 18 províncias do país.

Essas entregas deverão estar concluídas “durante o primeiro semestre de 2017”, explicou.

Em paralelo, disse ainda, serão adquiridas à China, pelo Estado angolano, viaturas pesadas para transporte de carga.

Milhões a entrar

O financiamento chinês a Angola ronda já os 15 mil milhões de dólares, desde 2004, apoio que o Governo angolano pretende ver reforçado para a execução dos seus programas de desenvolvimento.

A posição foi expressa segunda-feira, em Luanda, pelo ministro e chefe da Casa Civil da Presidência da República, Manuel da Cruz Neto, na abertura do Fórum de Investimento Angola-China, em que participam mais de 450 empresários chineses.

A Lusa noticiou a 20 de Setembro que o Governo angolano vai comprar, através do Ministério dos Transportes, para vários fins, quase 4.500 viaturas, inclusive autocarros para transporte escolar para reduzir o absentismo dos alunos, num investimento público de quase 710 milhões de euros.

A informação constava de três diferentes despachos assinados pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com data de 15 de Setembro, autorizando os respectivos contratos para aquisição das viaturas, ligeiras e pesadas, que globalmente ascendem ao equivalente a 783 milhões de dólares.

O primeiro desses contratos prevê a compra à empresa ASPERBRAS de 1.500 autocarros para transporte escolar, por 383,5 milhões de dólares. A medida visa “implantar o conceito de transporte escolar com prioridade para os estudantes e reduzir os índices de absentismo nas escolas”, lê-se no respectivo despacho.

O segundo autoriza a compra à Amer-Com Corporation de 1.272 viaturas para “ampliar a oferta de serviços de transportes de passageiros e de mercadorias e apoiar a actividade produtiva”, num negócio de 191,5 milhões de dólares.

Por último, o terceiro despacho autoriza igualmente o Ministério dos Transportes a comprar também à Amer-Com Corporation 1.700 viaturas, por 208,3 milhões de dólares, “para concluir o plano de reposição e distribuição dos meios que foram destruídos pela acção da guerra e que se encontravam ao serviço do Estado”.

Esta última compra visa, nomeadamente, apoiar a actividade agrícola, piscatória, pecuária, desenvolvimento rural, actividade produtiva e o comércio local, ao nível dos municípios e comunas do país.

10 Nov 2016

Britânico declarado culpado do homicídio de duas mulheres em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] britânico Rurik Jutting, ex-funcionário do banco Merryl Linch, foi hoje declarado culpado do homicídio de duas mulheres em Hong Kong em 2014.

Os nove elementos do júri do tribunal de Hong Kong que julgou o caso foram unânimes em considerar Rurik Jutting, de 31 anos, culpado da morte de duas mulheres indonésias.

Rurik Jutting incorre agora numa pena que pode chegar à prisão perpétua.

No início do julgamento, a 24 de outubro, o britânico declarou-se culpado do homicídio involuntário das duas mulheres encontradas no seu apartamento em Hong Kong, mas alegou “responsabilidade diminuída”.

Seneng Mujiasih e Sumarti Ningsih, ambas na casa dos 20 anos de idade, foram encontradas mortas no apartamento de Jutting na madrugada de 01 de novembro de 2014, após o próprio chamar a polícia.

Jutting foi considerado apto para ser julgado, após avaliação psiquiátrica.

Os investigadores encontraram Seneng Mujiasih nua, na sala, com ferimentos de arma branca nas pernas e nádegas. O corpo em decomposição de Sumarti Ningsih foi encontrado horas mais tarde dentro de uma mala na varanda.

Durante o julgamento, o tribunal mostrou ao júri vídeos em que Rurik Jutting tortura e admite ter matado uma das duas mulheres.

O júri assistiu a cerca de 20 minutos de imagens do telemóvel de Jutting, em que este ataca Sumarti Ningsih, de 23 anos.

Segundo a acusação, a mulher foi torturada durante três dias depois de ter entrado no apartamento de luxo de Jutting a 25 de outubro de 2014, após o britânico lhe ter oferecido dinheiro em troca de sexo.

A acusação mostrou depois uma série de vídeos em que Jutting fala para a câmara após matar Ningsih.

“Há cerca de cinco minutos matei, assassinei esta mulher”, diz.

“Tomei muita cocaína. Torturei-a muito”, acrescenta.

O início das imagens mostra um breve vislumbre do corpo de Ningsih deitada no chão do chuveiro.

“Sinto-me um pouco triste porque ela era boa pessoa, mas não me sinto culpado”, afirma para a câmara.

9 Nov 2016

Um em cada mil chineses é milionário

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] República Popular da China tem 1,34 milhões de milionários, segundo uma unidade de investigação com sede em Xangai, o que pressupõe que um em cada mil chineses tem mais de um milhão de dólares.

De acordo com a análise da Hurun Report Inc, até Maio deste ano houve mais 130.000 chineses que se tornaram milionários, um aumento de 10,7%, face ao mesmo período do ano passado.

Segunda maior economia do planeta, a seguir aos Estados Unidos da América, a China é também o país mais populoso, com 1.368 milhões de habitantes – cerca de 18% da humanidade.

No total, 0,1% da população chinesa, ou um em cada mil chineses, tem mais de um milhão de dólares.

A Hurun, considerada a Forbes chinesa, estima ainda que existam agora 89.000 de bilionários no país, mais 11.000 do que em 2015.

Guangdong, no sul da China, é a província que concentra mais milionários – cerca de 240.000 – destronando Pequim.

Mais de metade dos chineses com uma fortuna superior a um milhão de euros vive nas províncias de Guangdong e Zhejiang, no sul e leste do país, respectivamente, e nos municípios de Pequim e Xangai.

Já Pequim é a cidade com mais milionários ‘per capita’, com um em cada 100 residentes na capital chinesa a possuir mais de um milhão de dólares.

Activos de fora

A Hurun destaca ainda que os milionários chineses preferem investir além-fronteiras, principalmente em divisas estrangeiras.

O yuan, a moeda chinesa, caiu 9%, desde Agosto de 2015, levando muitos investidores chineses a procurar activos denominados em dólares ou euros.

A China representa 10% da riqueza mundial e desde o início do século o Produto Interno Bruto (PIB) chinês quintuplicou.

Apesar de a Constituição continuar a definir o país como “um Estado socialista liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário camponesa”, o fosso social mantém-se acima do “nível alarmante” definido pela ONU.

Segundo os critérios do Banco Mundial, cerca de 200 milhões de chineses vivem na pobreza.

9 Nov 2016

Pequim faz “esforços constantes” para melhorar relações com o Vaticano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem realizar “esforços constantes” para melhorar as relações com o Vaticano e que quer alcançar “novos resultados”, numa altura em que ambas as partes estarão a negociar um acordo sobre a ordenação dos bispos.

“Estamos sinceramente dispostos a melhorar as nossas relações e fazemos esforços constantes nesse sentido”, disse ontem Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa em Pequim.

Segundo páginas na Internet de informação ligada à igreja católica, a Santa Sé e Pequim estão a negociar um acordo que prevê que o papa reconheça quatro dos oito bispos da Associação Patriótica dos Católicos Chineses, que anteriormente recusou consagrar.

Aquele organismo estatal é o único reconhecido pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e todos os seus bispos são nomeados pelo Governo, sendo independente do Vaticano.

A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas desde 1951 e uma das maiores divergências entre ambos os lados reside precisamente na nomeação dos bispos.

Lu Kang assegurou que “existem canais de comunicação (com o Vaticano) nesse sentido” e que Pequim gostaria de cooperar com a Santa Sé para “impulsionar os laços bilaterais e alcançar novos resultados”.

Caminho papal

Oficialmente, o número de cristãos na China continental rondará os 24 milhões, o que não chega a dois por cento da população.

A Academia Chinesa de Ciências Sociais estima que haja cerca de 130 milhões de cristãos ligados às chamadas “igrejas clandestinas”, aquelas que se mantêm aliadas ao Vaticano.

Desde que foi eleito, em 2013, o papa Francisco tem procurado uma reconciliação com a República Popular da China, tendo já assumido o desejo de visitar o país, o que seria um acontecimento inédito.

Nos últimos meses, ambas as partes manifestaram a sua vontade em melhorar as relações e Pequim apelou por várias vezes ao Vaticano para que dê “passos concretos”.

O Governo chinês exige ainda que a Santa Sé rompa os laços diplomáticos que mantém com Taiwan e que não interfira nos assuntos internos do país.

9 Nov 2016

Fórum | Angola pede capital e tecnologia à China

Quase 500 empresários chineses estiveram reunidos em Luanda, durante um Fórum de Investimento, onde terão sido assinados acordos estimados em mais de 1,2 mil milhões de dólares

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Economia de Angola reiterou ontem, em Luanda, o desejo angolano de contar com o capital e recursos intelectuais, de gestão e tecnológicos da China, para promover o desenvolvimento nacional.

Abraão Gourgel discursou ontem no encerramento do Fórum de Investimento Angola-China, que durante dois dias reuniu, em Luanda, mais de 450 empresários chineses, tendo resultado na assinatura de acordos de intenção e tramitação de projectos de investimentos privados, avaliados em mais de 1,2 mil milhões de dólares.

Prioridades definidas

O ministro afirmou que as infra-estruturas continuam a ser as prioridades do Governo de Angola, que conta com uma maior participação do sector privado, inclusive o de estrangeiro, sob certas condições e com as garantias adequadas.

Segundo Abraão Gourgel, os sectores do agro-negócio, da indústria, da geologia e minas, comércio externo e turismo dispõem também de oportunidades de investimento com taxas de retorno diferenciadas e grande potencial de crescimento.

“O Estado angolano continuará, para esse efeito, a assegurar as necessárias garantias jurídicas aos investidores privados, bem como a implementar os quadros reguladores adequados à protecção dos interesses nacionais”, referiu o ministro.

O titular da pasta da economia de Angola frisou que o Governo tem desenvolvido todos os esforços para mitigar as vulnerabilidades provocadas pela baixa do preço do petróleo no mercado internacional, com reformas estruturais “para abraçar um modelo de desenvolvimento assente nas forças endógenas do país”.

Para Abraão Gourgel, o fórum permitiu dar início a um novo momento das relações económicas e empresariais bilaterais entre Angola e a China, o “momento do investimento directo privado chinês em Angola”.

“Os números do evento são claros e expressivos, podemos estar em presença do maior evento empresarial a nível bilateral entre os dois Estados, o que traduz bem a vontade e o interesse do sector privado chinês em participar de forma activa e conjuntamente com o empresariado angolano no processo de desenvolvimento económico e social do nosso país”, frisou.

O fórum é ainda, segundo Abraão Gourgel, a demonstração da abertura do Estado angolano ao investimento privado externo e do suporte institucional e político que Angola concede à construção de parcerias empresariais mutuamente vantajosas.

9 Nov 2016

Pequim substitui três ministros, incluindo o das Finanças

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] órgão máximo legislativo da China aprovou ontem uma remodelação do Governo que substitui três ministros, incluindo o das Finanças, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.

Lou Jiwei, 65 anos, era ministro das Finanças desde Março de 2013 e a Assembleia Popular Nacional apontou como seu sucessor Xiao Jie, de 59 anos e vice-secretário-geral do Conselho de Estado da China, informou a Xinhua, sem avançar com mais detalhes.

Xiao, natural da província de Liaoning, no nordeste do país, trabalhou durante quase 20 anos no Ministério das Finanças e ocupou o cargo de director da Administração Estatal Tributária desde 2007.

Contra o populismo

Lou, que faz parte do Conselho de Administração do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas, tem sido um dos principiais interlocutores sobre a economia chinesa, a segunda maior do mundo.

No mês passado, Lou advertiu para a ascensão de políticos populistas, com posições contra o livre comércio e a globalização, afirmando que estão a colocar a economia mundial em perigo.

“Esta tendência de profundo populismo contra a globalização inspirou ‘slogans’ de campanhas de políticos que procuram conquistar o apoio e votos dos eleitores. Isto trouxe-nos até à incerteza”, afirmou, em Washington, no encontro anual dos ministros da Finanças dos países do G20.

“Precisamos de reconhecer os riscos políticos nas campanhas eleitorais em alguns países e economias grandes”, acrescentou, no que a imprensa norte-americana considerou ser uma referência ao candidato republicano nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump, que se realizam esta terça-feira.

A China anunciou ontem também a substituição do ministro da Segurança, que controla os tribunais, polícia e a polícia secreta do país, Geng Huichang, por Chen Wenqing, de 56 anos, que era responsável pelo órgão máximo de disciplina do Partido Comunista Chinês.

Li Liguo foi substituído por Huang Shuxian como ministro dos Assuntos Civis.

8 Nov 2016

Coreia do Sul | Presos dois ex-assessores da Presidente

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades sul-coreanas prenderam ontem dois antigos assessores presidenciais no âmbito da investigação ao escândalo político envolvendo uma colaboradora próxima da Presidente, Park Park Geun-hye, suspeita de manipular o poder.

O tribunal distrital central de Seul, acedendo ao pedido do Ministério Público, emitiu mandados de prisão para Ahn Jong-beom, ex-secretário para a coordenação política de Park, suspeito de pressionar empresas a fazerem donativos a organizações sem fins lucrativos controladas por Choi Soon-sil, a amiga de Park que está no centro do caso; e Jung Ho-sung, outro antigo assessor suspeito de lhe ter passado documentos confidenciais, indicou Shin Jae-hwan, porta-voz do tribunal.

As autoridades também citaram ontem para interrogatório Woo Byung-woo, antigo secretário presidencial para os assuntos civis, que culpam por ter falhado em evitar que Choi Soon-sil interferisse nos assuntos de Estado e que está a braços com um outro caso suspeito de corrupção envolvendo a sua família.

Na rua

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram no sábado a pedir a demissão da presidente sul-coreana, Park Geun-hye, naquele que foi o maior protesto anti-governamental na capital em quase um ano.

A polícia estimou em 45.000 o número de pessoas que se juntaram à manifestação, enquanto os organizadores falaram, por seu turno, em 200.000 participantes.

O protesto teve lugar mesmo depois de Park Geun-Hye ter feito na sexta-feira um discurso à nação, em que voltou a pedir desculpa ao país e afirmou aceitar ser investigada formalmente.

Park Geun-Hye reconheceu, no discurso transmitido pelas televisões, que o escândalo envolvendo a sua amiga de longa data Choi Soon-Sil foi culpa sua, afirmando sentir-se “devastada”.

“Estes últimos acontecimentos são todos culpa minha, foram causados pela minha imprudência”, declarou, explicando que “baixou a guarda” relativamente a Choi Soon-sil acusada de se ter aproveitado da relação pessoal com a Presidente para aceder a documentos confidenciais e intervir em assuntos de Estado, incluindo na nomeação de membros do Governo ou na revisão de discursos.

Choi Soon-sil, de 60 anos, amiga íntima da Presidente, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.

Na segunda-feira foi detida preventivamente até que na quinta-feira um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão, sob a acusação de prática dos crimes de tentativa de fraude e de abuso de poder.

Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013.

A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin.

A Presidente sul-coreana fez, nos últimos dias, uma remodelação governamental, substituindo nomeadamente o primeiro-ministro e despedindo oito assessores, na tentativa de responder à onda de críticas que se gerou no país devido ao caso conhecido como “Choi Soon-sil Gate”.

Contudo, partidos da oposição descreveram as mudanças como cosméticas.

Uma sondagem nacional divulgada na sexta-feira coloca a taxa de aprovação de Park nos 5% – o valor mais baixo alguma vez alcançado por um Presidente na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980 após décadas de ditadura militar.

O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses. Caso Park se demita antes, a lei determina que têm de ser realizadas eleições presidenciais no prazo de 60 dias.

7 Nov 2016

Hong Kong | Pequim diz que tem de agir para travar separatismo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China afirmou ter de intervir na disputa em Hong Kong para travar os defensores da independência daquela Região Administrativa Especial, classificando tais actos como uma ameaça à segurança nacional.

A agência oficial chinesa Xinhua noticiou, na noite de sábado, que o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular – constitucionalmente definido como o “supremo órgão do poder de Estado” da China – afirmou que Pequim não pode dar-se ao luxo de não fazer nada diante dos desafios colocados à autoridade da China em Hong Kong.

A disputa tem que ver com a manifestação de um sentimento anti-China por parte de dois deputados pró-independência, eleitos em Setembro, durante a cerimónia dos seus juramentos no mês passado.

A Xinhua cita um comunicado do órgão que refere que as acções dos dois deputados “representam uma grave ameaça à soberania e segurança nacional”.

À semelhança dos restantes 68 deputados, Baggio Leung e Yau Wai-ching, dois ‘localists’ do Youngspiration eleitos nas legislativas de 4 de Setembro prestaram juramento a 12 de Outubro, mas recorreram ao uso de várias formas de protesto.

Ambos desviaram-se do ‘script’, pronunciando a palavra China de uma forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas às do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Esses juramentos não foram aceites e o presidente do LegCo decidiu dar a oportunidade aos deputados de os repetirem.

No entanto, o chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal.

O juiz decidiu contra o pedido do chefe do Executivo, que teria impedido a repetição dos juramentos, mas deu luz verde a uma revisão judicial, também pedida por CY Leung, desafiando a decisão do presidente do Legco. O veredicto dessa revisão judicial ainda não chegou.

Tempo para agir

Contudo, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China decidiu discutir a interpretação de um artigo da Lei Básica (miniconstituição) de Hong Kong sobre os juramentos dos deputados do LegCo (Conselho Legislativo, parlamento), considerada necessária e oportuna pelos seus membros, segundo a Xinhua.

Um editorial do Global Times, jornal do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista da China, publicou no sábado um editorial em que defende que Pequim deve “responder com firmeza” aos deputados independentistas de Hong Kong.

No artigo de opinião refere-se que “é hora” de Pequim solucionar o actual conflito em Hong Kong, onde a justiça ainda analisa se irá inabilitar os dois deputados por utilizarem linguagem desrespeitosa em relação à China durante o seu juramento no LegCo.

Pequim confirmou, porém, na sexta-feira que irá intervir, num acto que, na opinião de algumas franjas de Hong Kong, mina a autonomia jurídica e política de Hong Kong ao abrigo do princípio “Um País, dois sistemas”, estabelecido desde a transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997.

O Global Times argumenta, contudo, que “é sobejamente sabido que o artigo 158.º da Lei Básica de Hong Kong define que a ANP tem o direito de interpretar a lei” e considera ser “responsabilidade” do órgão legislativo chinês intervir na situação política de Hong Kong para manter a “estabilidade”.

Espera-se que a Comissão Permanente da ANP publique a sua interpretação até segunda-feira, termo da sua sessão bimensal que começou no início da semana.

Na antiga colónia britânica foi marcada uma mobilização para terça-feira: uma marcha silenciosa em protesto contra a nova “intrusão” de Pequim na região.

Desde a transferência da soberania, em 1997, que Hong Kong, com o estatuto de Região Administrativa Especial, beneficia de um regime de “elevada autonomia”. Contudo, nos últimos anos tem aumentado a preocupação com a interferência de Pequim nos assuntos de Hong Kong.

7 Nov 2016

Banco asiático “corrige falta de investimento em infra-estruturas”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo embaixador do Brasil em Pequim considerou que o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, “corrige a falta de investimento em infra-estruturas” de outros bancos multilaterais.

“Os bancos multilaterais de desenvolvimento, como o Banco Mundial, fizeram um erro há 20 anos, quando praticamente deixaram de financiar a infra-estrutura e o crescimento, e se concentraram apenas na área económico-social”, afirmou Marcos Caramuru de Paiva.

Em entrevista à agência Lusa, o diplomata notou que o BAII “vem corrigir” essa “queda expressiva nos investimentos em infra-estruturas”, registada “em quase todos os países em desenvolvimento”.

Fundado no início deste ano, o banco proposto por Pequim foi visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, duas instituições sediadas nos Estados Unidos e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus.

Apesar do seu carácter multilateral – mais de vinte países fora da Ásia, da Austrália à Alemanha, aderiram ao BAII -, a instituição tem sede em Pequim e a China é o accionista maioritário, com 29,78% do capital.

Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.

O Brasil é o único membro em todo o continente americano e o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dólares; Portugal tem uma participação de cerca de 13 milhões de dólares.

Quem pode, pode

“Os bancos multilaterais de desenvolvimento tradicionais já não têm recursos para financiar infra-estruturas, mas a China tem esses recursos”, apontou o embaixador do Brasil.

“Tem uma [taxa de] poupança interna de 46% do PIB e uma quantidade extraordinária de reservas”, notou.

O diplomata apontou ainda a “explosão de oportunidades” que existe na nação sul-americana para as empresas chinesas que actuam no sector das infra-estruturas.

Em 2015, durante a visita ao Brasil do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, os dois países anunciaram acordos bilaterais no valor de cerca de 53,3 mil milhões de dólares.

Em Setembro passado, o Presidente do Brasil, Michel Temer, anunciou um programa de leilões, prevendo a concessão ou venda de mais de 30 projectos nas áreas de energia, aeroportos, rodovias, portos, ferrovias e mineração.

Caramuru de Paiva diz ter a “convicção de que esses planos vão ser lançados no final deste ano e, sobretudo, ao longo de 2017”.

“Nas conversas que tenho tido com os chineses isso é muito claro. Eles estão dispostos a aplicar aquele volume de recursos, seja porque são recursos oriundos das reservas ou do sistema financeiro”, disse.

Antigo cônsul-geral do Brasil em Xangai, Marcos Caramuru de Paiva já esteve colocado em Kuala Lumpur e foi director executivo do Banco Mundial, em Washington.

Vive há nove anos na China, onde é também sócio e gestor da KEMU Consultoria, empresa com sede em Xangai.

A China tornou-se, em 2009, no principal parceiro económico do Brasil, ultrapassando os EUA, e no seu maior investidor externo.

No ano passado, o volume das trocas comerciais bilaterais cifrou-se em 71,80 mil milhões de dólares, menos 17,37%, face a 2014.

Os dois países integram também o grupo BRICS, o bloco de grandes economias emergentes, que é ainda composto por Rússia, Índia e África do Sul.

7 Nov 2016

Pequim quer que Alemanha facilite investimento chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou na quarta-feira ao ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, para que facilite o investimento de empresas chinesas na Alemanha, depois de Berlim ter vetado uma compra por uma empresa chinesa.

Durante um encontro em Pequim, Li afirmou que os dois países deviam impulsionar a liberalização e facilitar o comércio e o investimento, para enviar “um sinal claro contra o proteccionismo”, segundo a agência oficial Xinhua.

A visita de Gabriel à capital chinesa ocorre após o Executivo alemão ter impedido a aquisição da Aixtron, empresa do sector tecnológico, por um grupo chinês, “por razões de segurança nacional”.

Berlim está agora a analisar a proposta de investidores chineses pela divisão de lâmpadas da empresa alemã Osram, o segundo maior fabricante do mundo de dispositivos de iluminação.

Pequim espera que as recentes investigações sejam “uma excepção” e que a Alemanha assegure um ambiente “justo” para as empresas chinesas, assinalou na quarta-feira o porta-voz do ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, em conferência de imprensa.

“A China abrirá de forma mais ampla as portas ao mundo e receberá com agrado o aumento do investimento por parte das firmas dos dois países”, afirmou, por seu lado, Li Keqiang.

A Alemanha é o segundo maior destino do investimento chinês na Europa, ultrapassada apenas pelo Reino Unido. Portugal é o quarto, logo a seguir à França.

4 Nov 2016

Xi Jinping condena “conspirações” dentro do PCC

Após ter sido declarado líder “central” do PCC, durante o sexto plenário do Partido, o Presidente chinês define o rumo para combater o nepotismo e as ambições políticas pessoais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, condenou na quarta-feira as “conspirações” dentro do Partido Comunista da China (PCC), afirmando que a corrupção e fraude nas votações prejudicam a governação e que é necessário maior controlo ideológico.

O comentário surge após Xi ter sido na semana passada declarado líder “central” do PCC, após uma reunião de quatro dias entre a elite do partido, que anunciou ainda uma reforma “das directrizes para a vida política” dos seus membros.

Após ascender ao poder, em 2012, Xi lançou uma campanha anti-corrupção, hoje considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista.

Na quarta-feira, o Diário do Povo, jornal oficial do PCC, publicou dois documentos em que detalha as decisões tomadas durante a reunião, acompanhados de um comentário de Xi.

“Existe um grupo de altos funcionários do partido, que dominados pela ambição política e sede de poder, recorrem à conspiração, trabalhando com pretensa dedicação, enquanto formam grupos, que visam interesses egoístas”, escreve Xi.

“O nepotismo e as fraudes nas votações perduram”, afirma o líder chinês, acrescentando que o “abuso de poder, a corrupção e as violações da disciplina e da lei têm aumentado”.

Ecologia política

Xi Jinping destaca ainda vários altos quadros do regime punidos por corrupção, incluindo o ex chefe da Segurança Zhou Yongkang, o mais alto líder da China condenado por este crime desde a fundação da República Popular, em 1949, e que a imprensa estatal acusou de conspirar para alterar a liderança do Partido.

O seu comportamento “expõe não só os seus sérios problemas com a corrupção, mas também expõe os seus sérios problemas políticos”, afirma Xi, também secretário-geral do PCC.

A campanha anti-corrupção lançada por Xi Jinping resultou já na punição de um milhão de membros do partido.

Os alvos incluíram oficiais menores, a que o líder chinês se refere como “moscas”, mas também mais de uma centena de “tigres” – altos quadros do partido, com a categoria de vice-ministro ou superior.

No braço político do exército, a Comissão Militar Central, que era considerada intocável até então, dois ex-vice-presidentes foram já investigados por corrupção.

A campanha terá também servido para alterar o funcionamento interno do partido.

“Como na ecologia natural, a ecologia política é também vulnerável à poluição”, escreveu Xi. “Uma vez que os problemas surgem, temos que pagar um alto preço para restaurar o seu estado original”.

As novas “regras de disciplina interna” do PCC declaram um controlo ideológico mais rigoroso, apelando aos membros do partido para se oporem a acções contrárias à liderança da organização.

“Nenhum membro do Partido deve fazer ou difundir afirmações contrárias à teoria, princípios, caminho, políticas e decisões” do PCC, refere o documento.

As medidas que visam reduzir a corrupção não incluem, porém, a instituição de regras de transparência, como a declaração de bens dos líderes do partido ou a supervisão da organização por um organismo independente.

4 Nov 2016

Poluição | UNICEF congratula-se com esforços feitos pela China

É sempre possível fazer mais, mas o Governo Central está no bom caminho no combate à poluição atmosférica. Na semana em que a UNICEF publicou um aterrador relatório sobre os efeitos do ar sujo nas crianças, a delegação em Pequim diz estar satisfeita com os progressos alcançados

[dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap] UNICEF louva o Governo chinês pelos passos que foram dados no combate à poluição, ao introduzir sistemas de quantificação do problema, implementando padrões rigorosos para as emissões e prestando atenção às indústrias mais poluentes.” É assim que a delegação de Pequim da agência das Nações Unidas comenta a situação actual do país, em declarações feitas ao HM na sequência da publicação de um relatório, no início desta semana, sobre as consequências da poluição atmosférica para as crianças ao nível mundial.

O estudo – o primeiro do género a ser feito pela UNICEF – indica que cerca de 300 milhões de crianças vivem em locais onde os níveis de poluição são tão elevados que podem ter consequências graves para a saúde. Em termos globais, uma em cada sete crianças respira ar na rua que é, pelo menos, seis vezes mais poluído do que o recomendado nas directrizes internacionais. A poluição atmosférica é, neste momento, um dos principais factores para a mortalidade infantil.

Ao contrário do que tem vindo a ser norma, a China não é retratada no estudo como sendo dos casos mais problemáticos – Shenzhen é, de resto, apontada como uma cidade que soube trabalhar para ter um ar mais puro e que continua empenhada para atingir níveis melhores.

A UNICEF China confirma os progressos alcançados um pouco por todo o país. “As metas definidas no 13o Plano Quinquenal, o compromisso com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e a ratificação do Acordo de Paris são passos que irão permitir que a China se torne mais saudável.”

De pequenino

A delegação da agência explica que está a colaborar com as entidades governamentais do país para estudar os efeitos da saúde ambiental nas crianças, prometendo ainda apoiar o desenvolvimento de um plano de acção para a saúde ambiental infantil como parte do plano nacional sobre a matéria. A UNICEF participa também em actividades de educação dos jovens, “aumentando a consciência sobre as alterações climáticas, dando assim instrumentos às crianças para que possam ser futuros líderes na resolução dos problemas relacionados com o ambiente”.

Rana Flowers, representante da UNICEF para a China, defende que as autoridades não podem ser as únicas entidades públicas chamadas à colação quando em causa está o combate ao ar difícil de respirar. “É preciso fazer mais para proteger as crianças das consequências da poluição atmosférica, não só pelos governos, mas por todos nós. Reduzir a poluição ao ar livre é um objectivo a longo prazo, mas podem ser dados passos imediatos para diminuir a poluição nos recintos fechados”, sustentou ao HM.

“A utilização de combustíveis limpos, a boa ventilação, a construção de casas e escolas com eficiência energética, e o fim do consumo do tabaco em espaços fechados” são alguns exemplos apontados por Rana Flowers. “Os pais também podem dar passos para proteger as crianças contra os efeitos da poluição, ao evitarem expô-las ao fumo do tabaco e prevenirem a má nutrição”, continua, alertando para os benefícios da amamentação exclusiva dos bebés até aos seis meses de idade, e das vantagens no investimento em vacinação e tratamentos para a pneumonia.

3 Nov 2016

Terceira semana de caos no hemiciclo de Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]nquanto se aguarda por uma decisão do tribunal sobre se os deputados pró-independência podem ocupar os seus lugares no parlamento, a balbúrdia regressou ao LegCo, com os ‘localists’ a serem cercados e arrastados pela segurança

Dois deputados de Hong Kong pró-independência envolveram-se em confrontos com a segurança ontem no Conselho Legislativo (LegCo), com um a ser arrastado do parlamento, onde estão proibidos de entrar até ser conhecida uma decisão judicial.

Na terceira semana consecutiva de caos no LegCo, Baggio Leung e Yau Wai-ching, dois deputados pró-independência, entraram no parlamento apesar de terem sido proibidos de o fazer enquanto se aguarda uma decisão judicial sobre se podem ocupar os seus assentos.

Yau Wai-ching correu até à tribuna, montou o seu microfone e começou a ler o seu juramento até ser cercada por agentes da segurança e levada quando começou a resistir.

Baggio Leung, por seu turno, foi rodeado por outros deputados pró-democracia, enquanto o grupo foi cercado por agentes da segurança.

Déjà vu

A reunião no LegCo foi de novo adiada, como nas semanas anteriores, depois de a segurança ter falhado em retirar Baggio Leung do parlamento.

À semelhança dos restantes 68 deputados, os dois ‘localists’ do Youngspiration eleitos nas legislativas de 4 de Setembro prestaram juramento a 12 de Outubro, mas usaram várias formas de protesto.

Ambos pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas às do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Esses juramentos não foram aceites e o presidente do LegCo decidiu dar a oportunidade aos deputados de os repetirem. Mas o chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal.

O juiz deu luz verde a uma revisão judicial, que é esperada na quinta-feira.

Ontem os dois parlamentares voltaram a desafiar a proibição de entrarem no parlamento até à decisão do tribunal, depois de na semana passada terem também já tentado repetir os juramentos.

3 Nov 2016

Pequim pede que UE cumpra obrigações sob entrada do país na OMC

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]as vésperas da visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang ao Quirguistão, Letónia e Rússia, Pequim pressiona a União Europeia a honrar as promessas feitas relativas à entrada da China na Organização Mundial do Comércio

A China espera que a União Europeia (UE) possa cumprir com as obrigações definidas no Artigo 15 do Protocolo sobre a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), disse esta segunda-feira um alto diplomata do país.

“Estas são obrigações e promessas internacionais da UE”, disse o ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros Liu Haixing em conferência de imprensa sobre a próxima visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang ao Quirguistão, Letónia e Rússia.

Durante sua estada na Letónia, Li participará na Quinta Cimeira da China e dos Países da Europa Central e Oriental (16+1) em Riga.

Ao enfatizar que a China cumpriu com as suas promessas desde que entrou na OMC em 2001, Liu disse que o bloco europeu também tem a obrigação de honrar suas promessas.

“Esperamos que a UE possa cumprir nítida e completamente as suas obrigações relacionadas com a OMC até 11 de Dezembro sem nenhuma condição adicional”, disse Liu à imprensa.

As obrigações da OMC exigem que a UE abandone o “sistema de país substituto” até 11 de Dezembro de 2016, sob o qual os custos de produção num terceiro país são usados para calcular o valor dos produtos das economias que não são de mercado.

Ao responder se a China “pressionará” os países da Europa Central e Oriental sobre o assunto, Liu disse que o país “não pressionará os 16 países, mas que negociará com eles”.

“Há 11 membros da UE entre os 16 países da Europa Central e Oriental, esses países certamente esclarecerão as suas posições dentro da UE”, disse Liu.

“Esperamos que tomem a decisão correcta e estimulem a UE a cumprir com as suas obrigações dentro do devido tempo”, acrescentou.

1 Nov 2016

Birmânia | ONG insta Nações Unidas a investigar abusos contra minoria

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Human Rights Watch (HRW) denunciou ontem a queima de aldeias rohingya no oeste da Birmânia, apelando à ONU para investigar os relatos de abusos das forças de segurança cometidos contra aquela minoria desde o início do mês.

O exército birmanês declarou como “zona de operações” o norte do estado Rakhine, na fronteira com o Bangladesh, onde vive a maioria dos rohingya, após o ataque de um grupo armado contra três postos da polícia fronteiriça a 9 de Outubro.

O assalto e posteriores distúrbios causaram pelo menos 40 mortos entre polícias, militares, assaltantes e moradores, e levou ao destacamento do exército, a quem activistas locais acusam de execuções, violações e saques contra os rohingya.

A HRW utilizou imagens de satélite para fundamentar a nova denúncia, que fez horas antes da chegada ao local de uma delegação das Nações Unidas e do Governo birmanês, criticado pela organização não-governamental por causa das “desculpas” para impedir o acesso das agências humanitárias àquela zona.

“Novas imagens de satélite revelam destruição em Rakhine que exige uma investigação imparcial e independente, algo que o Governo birmanês ainda não foi capaz de fazer”, afirmou o sub-director da HRW para a Ásia, Phil Robertson, em comunicado.

Danos desconhecidos

Segundo a HRW, as imagens mostram rastos de incêndios que coincidem com as denúncias de organizações locais e alertou que, apesar de o número de habitações afectadas ser “incerto”, os danos na zona podem ter sido subestimados.

Os rohingya vivem na Birmânia (Myanmar) há séculos mas não são reconhecidos como cidadãos birmaneses nem como imigrantes bengalis.

Aproximadamente 120 mil rohingya – minoria apátrida que as Nações Unidas consideram uma das mais perseguidas do planeta – vivem confinados em 67 acampamentos e sofrem todo o tipo de restrições desde o surto de violência sectária em 2012 entre esta minoria muçulmana e a maioria budista da região, que causou pelo menos 160 mortos.

Os rohingya são um assunto sensível na política birmanesa, condicionada por grupos budistas radicais que levaram o anterior Governo a adoptar múltiplas medidas discriminatórias contra aquela minoria, como a privação da liberdade de movimento.

O actual Governo, liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, criou em Agosto uma comissão liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, incumbida de elaborar um relatório com recomendações para solucionar o conflito sectário.

1 Nov 2016