Taiwan vai enviar delegação para cimeira climática apesar da oposição da China

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan vai enviar uma delegação para a 22.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Novembro, em Marrocos, informou ontem o Ministério de Negócios Estrangeiros, citado pela agência de notícias Efe. Depois de ter sido excluída da reunião trienal da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) celebrada em Montreal (Canadá), Taiwan vai enviar uma delegação sob a bandeira do Instituto de Investigação em Tecnologia Industrial (IITI), como organização não-governamental, informaram as autoridades diplomáticas da ilha Formosa.
A COP22 terá lugar em Marraquexe, entre 7 e 18 de Novembro, e a representação não oficial de Taiwan já tinha sido excluída de participar em actividades complementares da conferência, devido à pressão da China, disseram funcionários sob anonimato.
Taiwan pretende participar como observador no encontro, mas devido à oposição da China e à deterioração das relações com Pequim desde a tomada de posse da actual presidente, Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progresista (PDP), não avança no pedido de adesão, apesar do apoio dos Estados Unidos e de outros países.
A ilha Formosa foi excluída da reunião da OACI, celebrada entre 27 de Setembro e 7 de Outubro, devido à frontal oposição da China. Taiwan foi convidada para anterior reunião trienal da OACI, em 2013, quando as suas relações com Pequim eram melhores e o então presidente, Ma Ying-jeou, aceitava o “Consenso 1992”, ao abrigo do qual as duas partes reconhecem que existe apenas uma China, mas cada uma delas faz a sua interpretação desse princípio.
Num evento académico realizado no sábado, a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen disse que a ilha não vai abandonar o objectivo de ampliar a sua presença internacional, apesar das dificuldades por parte da China.

5 Out 2016

Chefe do Executivo de Hong Kong apela à união com a China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe do Executivo de Hong Kong apelou à união sob o sistema político da cidade, durante um discurso para assinalar o Dia Nacional da China interrompido por protestos. CY Leung descreveu o sistema como o “mais benéfico e prático” para Hong Kong. Também encorajou os jovens de Hong Kong a visitarem a China, afirmando que há “profundos laços de sangue” entre os dois lados da fronteira.
Deputados pró-democracia interromperam o discurso de CY Leung, gritando palavras de ordem a pedir a sua demissão, antes de serem retirados pelos seguranças. Entre os deputados que protestaram estava James To, do Partido Democrático, que disse que CY Leung “causou divisões na cidade e fez com que os residentes sintam que não podem continuar (com Leung no poder)”.
Vários novos deputados que ganharam assento no Conselho Legislativo (LegCo) nas eleições de Setembro e que apelam à autodeterminação e mesmo independência de Hong Kong boicotaram o evento.
Nathan Law, que aos 23 anos se tornou o mais jovem membro do LegCo, foi um dos ausentes. “Enquanto eles não reconhecerem que o estão a fazer é errado, não devemos ir e celebrar este tipo de data”, disse Law, apontando a Revolução Cultural e o caso dos desaparecimentos de cinco livreiros em Hong Kong no ano passado como algumas das violações de direitos humanos cometidas pela China.
Desde as manifestações pró-democracia e ocupação das ruas em 2014 uma nova vaga de grupos designados ‘localists’ aumentou os pedidos de ruptura em relação à China. A jovem deputada Yau Wai-ching, do grupo Youngspiration, também não participou no evento. “Não é um dia nacional para os residentes de Hong Kong”, disse à AFP.
Longas faixas vermelhas com mensagens a apelar à independência de Hong Kong foram penduradas em edifícios de várias universidades na cidade.
Um grupo de manifestantes, liderado pelo deputado radical Leung Kwok-hung, conhecido como “Long Hair” (“Cabelo Comprido”), reuniu-se fora do centro de convenções onde decorriam as celebrações e pediu a libertação de presos políticos na China.

5 Out 2016

Homem mais rico da China diz que imobiliário é a “maior bolha da História”

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ang Jianlin, o homem mais rico da China, disse na quarta-feira que o mercado imobiliário chinês é a “maior bolha da História”, numa altura em que os preços das habitações continuam a disparar nas principais cidades do país. Em entrevista à estação televisiva CNN, Wang lembrou que os preços do imobiliário continuam a subir nas grandes cidades chinesas, mas que estão em queda nas restantes, onde várias habitações continuam por vender.
“Eu não vejo uma solução viável para este problema”, afirmou o fundador do grupo Wanda, que começou por se impor no sector imobiliário, mas que nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo. “O Governo adoptou todo o tipo de medidas, mas nenhuma funcionou”, disse.
O imobiliário é um sector chave para a economia chinesa, a segunda maior do mundo e o principal motor da recuperação global, mas que no último ano cresceu ao ritmo mais lento do último quarto de século. Segundo um relatório difundido este mês pelo Bank for International Settlements (BIS), entre Janeiro e Março, o desvio do rácio entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu 30,1%, o nível mais alto de sempre e bem acima dos 10%, o patamar que “acarreta riscos para o sistema bancário”.
O BIS alertou para os riscos iminentes no sistema bancário chinês, nos próximos três anos. A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Analistas chineses e estrangeiros alertam, no entanto, que o rápido aumento da dívida e do crédito mal parado poderá resultar numa crise financeira.
Wang disse não estar preocupado com um súbito abrandamento da economia chinesa, afirmando que “o problema é que a actividade económica ainda não recuperou”. “Se retirarmos os estímulos muito rápido, a economia deverá ressentir-se. Por isso, temos de esperar até que a actividade económica recupere. Só então podemos reduzir os estímulos e a dívida”, disse.
O grupo Wanda está a negociar a compra da produtora Dick Clark Productions, a empresa que organiza os Globos de Ouro nos EUA, segundo um comunicado difundido pela empresa esta semana. O Wanda detém já a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos Estados Unidos. No início do ano, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.

30 Set 2016

RPC 67 anos | Que China é esta e que China vem aí?

Saída de uma guerra civil, a República Popular da China nascia em 1949 como um país onde só o socialismo imperava. Hoje, 67 anos depois, é a segunda potência mundial com um desenvolvimento económico invejável. Finalmente, transformou-se realmente num país que ocupa o centro do mundo

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á 67 anos a China era aquele grande país em desenvolvimento na Ásia-Pacífico, como se fosse “um homem doente”, nas palavras de Wang Jianwei, docente de Ciência Política da Universidade de Macau (UM). Mao Zedong idealizou uma república socialista onde os intelectuais trabalhavam nos campos e tudo era feito no contexto do Grande Salto em Frente e da Revolução Cultural.
Em 1979, com Deng Xiaoping e a abertura económica, tudo mudaria. A China começava então uma escalada para ser potência mundial, algo que conseguiu. Amanhã celebram-se os 67 anos da República Popular da China (RPC), hoje liderada por Xi Jinping, um Presidente diferente dos seus antecessores, e com uma economia que dá sinais de abrandar.

Do zero ao 100

“A China é hoje um país muito mais desenvolvido e também mais unificado. É o país mais influente no mundo; naquela altura a China não tinha grande coisa a dizer. É um país mais forte em termos económicos e militares”, disse ao HM Wang Jianwei. Apesar da economia estar agora a dar sinais de abrandamento, após crescimentos anuais de 10%, a verdade é que as reformas foram um milagre.
“A China tem atingido todos os objectivos a que se tem proposto nestes 67 anos”, disse o académico Arnaldo Gonçalves ao HM. “Está concluído o processo de abertura ao exterior e a economia chinesa tem-se desenvolvido a um ritmo veloz. Nos últimos anos tem havido alguma desaceleração, mas é normal, porque nestes processos de crescimento há sempre uma primeira parte mais acentuada e depois uma parte mais reduzida. As taxas de crescimento do PIB revelam que esse crescimento está numa segunda fase”, frisou ainda o especialista em Relações Internacionais.
Arnaldo Gonçalves alerta para a existência de “estrangulamentos” económicos, os quais passam pela queda do investimento externo e interno. “Há um retraimento da parte dos investidores chineses na economia, o qual se tem acentuado nos últimos dois anos. A indústria chinesa, de bens essenciais, indústria pesada e de infra-estruturas precisa muito do investimento privado.”

Corrupção, essa praga

Uma das bandeiras de Xi Jinping tem sido o combate à corrupção e nunca, como agora, o país viu tantos líderes partidários serem presos e condenados. O caso Bo Xilai e da mulher Gu Kailai foi um dos mais mediáticos.
“Já Hu Jintao (anterior presidente) pretendia acabar com a corrupção, mas a liderança de Xi Jinping tem tido uma determinação sem precedentes a este nível. Não penso que vá desistir. A questão é como a China pode construir um sistema que pode prevenir a corrupção”, defendeu Wang Jianwei.
Jorge Morbey, historiador e docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), alerta para o poder das elites políticas na China de hoje. “A corrupção é uma praga que penetra nos sistemas totalitários. Este esforço do presidente da RPC é no sentido de uma purificação do sistema. Até que ponto é que os equilíbrios existentes permitem a continuação ou inversão desta política anti-corrupção é algo que ainda não está claro que aconteça. Há o desejo de pôr fim à corrupção nas elites do Partido, mas a China é muito grande e não me parece que esteja antecipadamente garantida esta política de anti-corrupção.”
Arnaldo Gonçalves alerta para a existência de um duplo sentido nesta política, já que esta poderá servir para limpar a imagem do Partido, mas também para afastar os inimigos.
“Há uma continuidade da acção de Xi Jinping na consolidação do poder interno e na própria tentativa de prestigiar o Partido Comunista Chinês. Há sinais de situações contraditórias, em que é preciso saber se o projecto dele vem no seguimento de Deng Xiaoping e Hu Jintao, em que o PCC é responsável por este desenvolvimento, ou se pelo contrário ele vai fazer o reforço do poder pessoal contra os inimigos internos, e que a política anti-corrupção seja uma táctica para eliminar esses inimigos. Há uma divisão dos analistas nestas duas perspectivas mas teremos de ver próximos desenvolvimentos”, alertou.

Uma III Guerra?

O conceito de “Um país, dois sistemas” vigora hoje e trouxe a coexistência dos sistemas socialista e capitalista. Mas Jorge Morbey alerta para a pedra no sapato que permanece por resolver.
“A própria China acabou por desenvolver um sistema capitalista, embora não assumidamente, de forma a que hoje não sabemos se a evolução da China vai no sentido de uma de uma agudização do sistema comunista ou do aperfeiçoamento capitalista. Tanto mais que a questão de Taiwan continua sem uma solução política. Não será fácil encontrar aqui uma inversão do caminho daquilo que foi feito em 1997 e 1999 com as questões de Hong Kong e Macau.”
Olhando a nível internacional, Arnaldo Gonçalves não esquece as disputas no mar do sul da China e prevê mesmo a ocorrência de uma III Guerra Mundial. “Teremos de ver como a China se relaciona com os países da Ásia-Pacífico. Ao nível da defesa, o país tem uma relação ríspida com os EUA por causa do Mar do Sul da China. Os EUA nunca autorizarão que a China leve por adiante o controlo de 80% daquela bolsa marítima. Assistiremos neste século a uma III Guerra Mundial que se vai travar no Pacífico pelo controlo dos mares.”

Que Direitos Humanos?

A nível interno do país, o mandato de Xi Jinping tem sido marcado pela prisão de vários advogados ligados aos Direitos Humanos e pela implementação de uma lei que restringe a acção das organizações não-governamentais (ONG). Para Arnaldo Gonçalves isto parte de uma visão muito própria do presidente.
“Já percebemos o tipo de líder que ele é. É diferente de Deng Xiaoping ou Hu Jintao: é mais pró-activo, mais afirmativo, com uma visão própria do posicionamento das elites. É muito pouco sensível aos apelos ocidentais sobre os Direitos Humanos. Ele acha que o colectivo está acima da afirmação dos direitos individuais e tem uma visão muito restrita no que respeita [a esses direitos]”, concluiu.
Arnaldo Gonçalves prevê algumas mudanças ao nível dos ministros, que compõem o Governo Central, já que dois membros do Politburo deverão sair devido à sua idade avançada. Na sua óptica, Xi Jinping e Li Keqiang deverão continuar a liderar o país até 2022. Até lá os objectivos, frisados no último Plano Quinquenal, é de que a economia possa crescer 6,5% ao ano e que toda a sociedade possa viver confortavelmente, apesar das desigualdades sociais causadas pelos rápido desenvolvimento.
“A economia tem crescido 10% ao ano, mas não se pode continuar com esse crescimento para sempre. É normal uma desaceleração. O país tem sofrido vários desafios. Se o Governo conseguir manter um crescimento de 6,5% ao ano será bom, o país terá de apostar nas exportações, estimular a procura interna para mudar o modelo de desenvolvimento. Esses são os desafios mas não penso que a China não consiga manter um desenvolvimento estável”, rematou Wang Jianwei.

30 Set 2016

Rússia e China desafiam supremacia aérea militar dos EUA

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Rússia e a China estão a gastar elevados recursos financeiros na criação de novas tecnologias militares, desafiando os Estados Unidos e os seus aliados europeus no ar e estimulando uma corrida armamentista, escreve The Wall Street Journal.
“O desafio mais actual para a Força Aérea dos EUA é o surgimento de forças adversárias iguais, com potencial militar desenvolvido e que não são inferiores às nossas capacidades”, disse o Chefe de Estado-Maior da Força Aérea dos Estados Unidos general David Goldfein.
Nos próximos anos, Moscovo e Pequim podem obter novos modelos de tecnologia aeronáutica, bem como de defesas anti-aéreas, disse o jornal. A modernização é realizada num momento em que a Rússia e a China demonstram a sua força em pontos quentes do Médio Oriente e do mar do Sul da China, por isso os estrategistas militares ocidentais também começam a insistir activamente na construção da nova geração de aviões de combate.
A Força Aérea dos EUA tem o caça F-35 e o caça-bombardeiro F-22, que também é capaz de recolher informações sobre o território do inimigo. No entanto, 76% dos aviões de combate dos EUA são aviões ultrapassados: o F-15 está activo na Força Aérea dos EUA desde 1975, o F-16 desde 1979 e o caça F/A-18 da Marinha dos EUA foi entregue pela primeira ao serviço em 1978. Estes aviões bastante velhos também formam a base da Força Aérea de muitos dos aliados dos EUA na Europa e na Ásia, acrescentou o WSJ.
A Rússia planeia adoptar o seu próprio caça invisível T-50 em 2018, diz o artigo. A China, por sua vez, aposta há muito tempo em modelos russos, usando projectos antigos ou criando novos usando licenças, mas o país também tem novos projectos – o J-20 e o FC-31, que têm um aspecto semelhante aos F-22 e F-35 americanos.
A comunidade militar dos EUA não está apenas preocupada com os meios aéreos da Rússia e da China, lê-se no artigo. Moscovo e Pequim estão a adoptar sistemas de mísseis anti-aéreos mais modernos, como o S-400, que é capaz de abater aviões inimigos a uma distância de 380 quilómetros, o que é duas vezes mais do que anteriormente. “São desafios muito sérios para a realização de quaisquer operações militares”, disse o tenente-general na reserva da Força Aérea dos EUA David Deptula.

29 Set 2016

TAP vai ter quatro voos para a China antes do verão de 2017

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s primeiros voos directos da TAP para a China podem acontecer antes do verão de 2017, avançou esta terça-feira um dos principais accionistas da TAP, David Neeleman, à margem da III Cimeira do Turismo que decorreu no Museu do Oriente, em Lisboa.
“Inicialmente falámos com os nossos accionistas chineses, a HNA, na possibilidade de fazer dois voos, mas depois fomos à China e eles disseram que podíamos fazer quatro voos semanais e portanto vamos fazer quatro voos para Pequim já no ano que vem e acredito que seja possível antes do verão”, disse.
Neeleman até comentou que, da próxima vez que for à China, ainda consegue chegar acordo para se fazerem não quatro, mas sim sete voos semanais para a China e comentou mesmo, referindo-se à HNA: “É bom ter um tio rico”.
A HNA obteve autorização para lançar uma rota para Portugal no início de Junho deste ano e a concretizar-se como Neeleman e a TAP estão a planear será a primeira ligação aérea directa entre Portugal e a China.
O problema pode mesmo ser o aeroporto de Lisboa que Neeleman diz ser cada vez mais pequeno para os objectivos de crescimento da empresa. “Nós precisamos de mais pistas, mais terminais. Há muita coisa que queríamos fazer, mas não podemos”, comentou.
Para Neeleman, uma das soluções é mesmo o Portela+1, usando a base do Montijo que ficaria para as low cost como a Easy Jet ou a Ryan Air. O empresário acredita que estas duas empresas não teriam qualquer entrave em mudar a sua base de operações para lá, principalmente a Easy Jet que, assim, libertaria o Terminal 2 do aeroporto de Lisboa para a TAP e isso já permitiria à empresa crescer.

29 Set 2016

Óbito | Shimon Peres não resistiu a um AVC

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á tinha sido internado durante o mês de Janeiro, devido a complicações cardíacas. Depois de ter implantado um cateter para alargar uma artéria, voltou a dar entrada no hospital com um episódio de arritmias. Ontem, o Prémio Nobel da Paz Shimon Peres não resistiu e morreu depois de sofrer um AVC.
A notícia da morte do líder histórico foi avançada pelo médico. Apesar de ter nascido na actual Bielorrússia, é em Israel, para onde se mudou com apenas 11 anos, que Peres desenvolve o seu percurso político. Primeiro integra as fileiras do Haganah, que viria a tornar-se, aquando da formação do Estado Judeu em 1948, as Forças Armadas de Israel. Aos poucos foi desenvolvimento habilidade política e tornando-se numa peça chave nos corredores do governo, acabando por ser eleito pela primeira vez em 1959 para o Knesset, parlamento israelita.
Shimon Peres esteve à frente de vários ministérios mas ambicionava comandar Israel. Candidatou-se cinco vezes às eleições legislativas, mas nunca conseguiu ser escolhido. Apesar de ter sido um perdedor neste capítulo, conseguiu atingir o cargo, mas sem ter sido eleito para o fazer. A primeira vez foi na década de 80, quando o seu partido se uniu ao rival histórico, o Likud. Em 1995 foi novamente chamado para ocupar o cargo maior, desta vez para substituir Itzhak Rabin, assassinado por um fanático.
Incontornável foi a sua ambição de pacificar o território, marco que lhe valeu o Nobel da Paz dividido com outros dois protagonistas deste período: Ytzhak Rabin e Yasser Arafat, em 1994.
Os acordos de Oslo assinados em 1993, entre Israel e o Líder da OLP Yasser Arafat são outro marco no seu percurso político, desta feita enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Rabin. Neste documento, Israel comprometia-se a desocupar militarmente a faixa de gaza e a Cisjordânia além de reconhecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como entidade administradora transitória dos territórios palestinos. Poderia ter sido o início de uma nova fase, mas as bases políticas nunca chegaram a ser consolidadas devido a grupos extremistas de ambos os lados que dificultaram o processo de pacificação.
O ultimo cargo político que ocupou foi o de Presidente do Estado de Israel, entre 2007 e 2014. Depois disso dedicou-se ao Centro Peres pela Paz, fundado com o dinheiro do prémio Nobel da Paz, que promove a co-existência entre judeus e árabes.
Shimon Peres gostava de dizer que o segredo da sua longevidade se devia a dois copos diários de um bom vinho, exercício físico e uma boa alimentação. O pacificador do Médio Oriente morreu ontem aos 93 anos. Em sete décadas de carreira, foi primeiro-ministro por duas vezes, ministro em 16 governos, deputado durante 48 anos e chefe de Estado ao longo de sete.

29 Set 2016

Eleições EUA | Donald Trump focado na China no primeiro debate presidencial

No primeiro debate dos candidatos à Casa Branca, a China foi por diversas vezes alvo de acusações de Donald Trump. Mas o republicano tem diversas ligações ao país, que passam por dinheiro de apoio na sua campanha a produtos que vende precisamente em tempo de eleições

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Vejam bem o que a China está a fazer aos EUA.” Foi assim que Donald Trump iniciou uma série de acusações ao continente, naquele que foi o primeiro debate que colocou frente-a-frente os candidatos às presidenciais norte-americanas. O discurso do, provavelmente, mais polémico candidato na corrida à Casa Branca teve mais foco na China – e no facto desta “roubar” diversas coisas aos EUA – do que propriamente nas políticas que pretendem tornar o país “great again”.
Enquanto os EUA esperam, expectantes, o seu destino, Donald Trump vai-se zangando com Xi Jinping. Mas há factos, confirmados pelo próprio candidato, que contrariam a sua retórica: será que Trump sabe que Macau – de onde vem parte do dinheiro que o ajuda na corrida – é, também, China? E será que se recorda que, apesar de apontar o dedo à segunda maior economia do mundo, também ele faz negócios com a China?

Doar mas menos

Depois de dizer publicamente estar disposto a contribuir com cem milhões de dólares americanos para apoiar Trump, Sheldon Adelson – dono do império Sands, que detém casinos em Macau – quase voltou com a palavra atrás. Quase, porque só mudou o valor da doação: o magnata do Jogo não vai apostar tanto nesta corrida, mas mantém o título de “maior financiador” do Partido Republicano, já que prometeu, em conjunto com a mulher, doar aproximadamente 45 milhões de dólares ao partido que nomeou Donald Trump como seu candidato.
Ainda que nem todo o dinheiro vá directamente para Trump, como indica a CNN, o donativo pode transformar os últimos dois meses de campanha do empresário do imobiliário. Trump vai receber de Adelson cinco milhões de dólares americanos, algo que o fará ficar mais perto de Hillary Clinton, que lidera em termos de apoios.
O magnata do Jogo doa ainda 20 milhões de dólares para o Fundo de Liderança do Senado, um ‘super PAC’ (comités de acção política na sigla em Inglês) ligado ao influente Karl Rove, braço-direito do ex-Presidente George W. Bush, e ao líder do partido no Senado, Mitch McConnell. Um cheque de idêntico valor deve seguir para o fundo de liderança do Congresso, outro ‘super PAC’ similar focado na Câmara dos Representantes.
Os valores representam um histórico investimento na esperança do Partido Republicano nas eleições presidenciais de Novembro. Mais do que manter Sheldon Adelson como o maior doador da campanha, a decisão do magnata – que muitos analistas norte-americanos dizem ser mais para derrubar Clinton do que ajudar Trump – pode levar a que outros grandes doadores do Partido lhe sigam os passos, o que pode resultar num “significativo impulso para Donald Trump”.
Isto chega depois de, um mês após a eleição de Trump como candidato republicano, Adelson ter contribuído com 1,5 milhões de dólares americanos para a Convenção Republicana, como relembrava ontem o New York Times.
Menos de 0,01% é o valor do apoio de Adelson a Trump quando comparado com o valor das receitas totais do ano passado da Sands, já que só a Sands China obteve lucros líquidos de 1,45 mil milhões de dólares em 2015.
Mas, mais do que o dinheiro, as palavras de Adelson – que até teve direito a quatro lugares na fila destinada aos convidados VIP de Trump no debate de ontem – estão também registadas. O bilionário instou Trump a moderar as acusações contra a sua concorrente, mas também o classificou como um “homem forte” e capaz de liderar os EUA. Adelson convidou inclusive os colegas republicanos “a fazerem o mesmo”.
O homem da Sands dizia “sentir realmente que alguém com nível de experiência como CEO está suficientemente bem treinado para o trabalho de presidente. Isso é exactamente o que temos com Trump: ele é um candidato com experiência como CEO, moldado pelo compromisso e risco de utilizar o seu próprio dinheiro em vez do público. Ele é um CEO com uma história de sucesso, que exemplifica o espírito de auto-determinação americano, compromisso para uma causa e boa gestão de negócios.”
O magnata não mencionava, por exemplo, as mais de duas dezenas de negócios montados por Donald Trump que não foram “bem geridos”. Notícias correntes na imprensa norte-americana mostram esses casos – aliás motivo de chacota nos mais populares programas de comédia na televisão. São os bifes de Trump (um ano em funcionamento), o Trump Game (igual ao Monopólio, mas versão Trump, menos de um ano em produção), um restaurante (três meses), um motor de busca de viagens (um ano), água Trump Ice (menos de um ano), uma revista que durou dois anos e até uma universidade que acabou processada por diversos alunos porque, durante os seis anos em que funcionou, nunca conseguiu cursos acreditados.

Negócios da China

“Vejam bem o que a China está a fazer aos EUA.” Chapéus, gravatas e ursos de peluche, pelo menos, é o que a China está, certamente, a fazer para os EUA. E para Trump. No debate presidencial frente à antiga Secretária de Estado, Donald Trump voltou a uma questão antiga: ódio contra a China.
Lester Holt, moderador do debate, foi quem lançou a questão: como é que o futuro presidente, que vai ocupar a cadeira de Barack Obama, tenciona criar mais postos de trabalho para os norte-americanos? Para Trump, a resposta foi fácil: além do México, “acabar com a ameaça” que é o País do Meio.
“A China está a roubar os nossos postos de trabalho. As pessoas não conseguem trabalho porque não os há, porque a China tem-nos e o México tem-nos”, frisou o candidato. “Eles desvalorizam a moeda deles e ninguém no nosso Governo está disposto a lutar contra isso. Eles usam o nosso país como porquinho mealheiro para reconstruir a China.”
A acusação da desvalorização propositada do yuan pela China é antiga, tendo o candidato mencionado antes que a China era “a maior manipuladora de moeda que já existiu à face da terra”. Ainda que até tenha um fundo de verdade, como defendem economistas, a teoria de analistas é que a acusação vem tarde: “a China fê-lo há uns anos, mas agora tem intervindo para controlar esse problema”, frisa o New York Times.
Trump já acusou também a China de vender produtos abaixo do preço que realmente custam. Mas as declarações fizeram o candidato perpetrar mais um momento bipolar: enquanto acusa o continente de roubar postos de trabalho e vender coisas ao desbarato, o próprio empresário vende objectos “made in China”. Como, aliás, admite.
“Um amigo meu é um grande produtor. E, vocês sabem, a China vem cá, atira com as suas coisas todas e eu compro. Compro porque, francamente, não tenho obrigação de o fazer, mas eles desvalorizam a sua moeda de forma tão brilhante…”
T-shirts, ursos de peluche, chapéus e gravatas com a marca Trump têm sido vendidos nos EUA sem que as etiquetas “made in China” – ou outros países, como é o caso de fatos completos que vêm da Turquia – sejam retiradas.
Donald Trump comprometeu-se ainda a acabar com “estas relações”, dizendo por exemplo que iria, assim que se tornasse presidente, impor taxas “pesadas” nas importações dos EUA à China, esquecendo-se que, ainda que tal seja mau para a economia chinesa, bens como as peças da marca americana Apple são, na realidade, fabricadas no continente.

Como começou o ódio à China?

Entre acusações de que o aquecimento global era uma “fraude perpetrada pelos chineses” e outras, Trump repetiu a palavra China, de acordo com o The Guardian, “meia dúzia de vezes”. Mas de onde vem tanto ódio ao país? A imprensa da região vizinha e o New York Times dizem que tudo começou há algumas décadas, quando negócios com empresários chineses não correram como Trump esperava.
Em 1994, “Trump estava quase na bancarrota, devido ao colapso do mercado imobiliário dos EUA, quando um consórcio entre os bilionários Henry Cheng Kar-shun e Vincent Lo Hong-shui vieram em sua salvação”.
Os dois empresários de Hong Kong terão comprado 77 hectares do Riverside South, uma propriedade de Trump em Nova Iorque, num negócio que culminaria com uma visita de Trump à região vizinha. Em 2005, os dois empresários terão vendido o projecto por mais de 1,7 mil milhões de dólares. Trump clama não ter sido avisado e processou Lo e Cheng por danos, mas acabou por perder o caso em tribunal.
Nem Macau fica de fora nos negócios frustrados do candidato. Como relembrava o Macau Daily Times, há cerca de dois meses, Trump perdeu um caso no Tribunal de Segunda Instância, quando uma decisão dava conta que a Trump Companhia Limitada – em nada ligada ao candidato – foi autorizada a usar a marca, que tinha registado em 2006, para desagrado do candidato. Segundo a TDM, Trump – que parece estar de olho, e muito, na China, chegou a interpor recurso da decisão para o Tribunal de Última Instância, que não o aceitou.

Wynn à espera de um adulto

Steve Wynn continua “à espera que um adulto” tome uma posição na campanha presidencial. Tal como já tinha referido em Macau, aquando da abertura do seu mais recente projecto no Cotai, o Wynn Palace, o magnata do Jogo não parece que vá abrir os cordões à bolsa para apoiar qualquer um dos candidatos.
Steve Wynn “desaprova Barack Obama”, ao ponto de o comparar ao ex-presidente Richard Nixon, envolto num escândalo de escutas. Mas, ao contrário de Adelson, o facto de Wynn não gostar de Obama poderia não o impedir de apoiar Hillary Clinton, candidata pelos Democratas, como o próprio empresário chegou a dizer no início da campanha. Mas as coisas não parecem favoráveis nem para Trump, nem para Hillary.
“O que temos ouvido são promessas de gastar mais dinheiro, para dar mais coisas, sem qualquer discussão sobre como é que essas coisas vão ser pagas”, disse à CNBC no mês passado. “Não me comprometi com ninguém porque quero alguém que assuma a responsabilidade pelo verdadeiro bem-estar do povo americano. Gostava de ter esse adulto na [corrida]. Estou à espera que essa pessoa apareça nesta campanha.”
Wynn disse mesmo que acreditava que a população da China está, neste momento, mais confiante no seu Governo do que o povo americano.

28 Set 2016

Advogados confessam ligações a organizações estrangeiras

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês activistas chineses dos direitos laborais foram condenados a penas suspensas, de entre dois e quatro anos, avançou a imprensa estatal, que cita o seu envolvimento com “organizações estrangeiras hostis à China”
Zeng Feiyang, que era o director do escritório de advogados Panyu Workers’ Centre, foi punido com três anos de pena suspensa, enquanto os seus colegas Tang Huanxing e Zhu Xiaomei foram condenados a 18 meses de pena suspensa, segundo a agência oficial Xinhua.
Os três ajudavam trabalhadores da província de Guangdong, que reclamavam salários em atraso e bónus não pagos aos seus empregadores, mas foram condenados por “ignorar as leis nacionais e organizar encontros de massas que perturbaram a ordem social”, afirma a Xinhua.
Sindicatos independentes são proibidos na China. Apenas o oficial All-China Federation of Trade Unions é reconhecido pela lei, apesar dos críticos afirmarem que frequentemente falha na protecção dos direitos dos trabalhadores.
“Eu aceitei treino e financiamento de uma organização estrangeira hostil à China e, atendendo ao seu pedido, incitei e organizei trabalhadores para protegerem os seus direitos de uma forma extrema”, afirmou Zeng, citado pela Xinhua. “Espero que outros aprendam uma lição com o meu caso e evitem ligações a este tipo de organizações”, acrescentou.
Um relatório difundido na segunda-feira pelo Ministério de Segurança Pública acusa Zeng de ter desviado fundos de “múltiplos grupos e embaixadas de países estrangeiros”, desde 2010. Os três acusados confessaram os crime de que são acusados e disseram que não vão recorrer da decisão.
Guangdong, que confina com Hong Kong e Macau, é uma das mais ricas províncias da China, mas enfrenta agora várias dificuldades, à medida que muitas fábricas no Delta do Rio das Pérolas fecham ou optam por deslocar a produção para outros locais, com mão de obra mais barata.
Durante a liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

28 Set 2016

Acordos portugueses com a China só durante a visita de António Costa

O ministro dos Negócios Estrangeiros deslocou-se aos Açores para se encontrar com Li Keqiang. Na mesa esteve a candidatura de António Guterres e a visita do primeiro-ministro à China. Resultados só no fim do jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ministro dos Negócios Estrangeiros disse que Portugal poderá assinar acordos com a China durante a visita de António Costa, alegando que a reunião com o primeiro-ministro chinês na ilha Terceira serviu para preparar essa visita. “Para além deste gesto de cortesia, o sentido do encontro foi também preparar a visita do primeiro-ministro de Portugal à China, que se fará no início de Outubro. Essa visita será a ocasião para avançar nos trabalhos que estão em curso, para assinar já alguns acordos e para dar algumas notícias. Vamos esperar”, salientou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, na base aérea n.º4, nas Lajes, à saída de uma reunião de poucos minutos com o primeiro-ministro chinês.
Li Keqiang, primeiro-ministro da República Popular da China, e a sua comitiva chegaram segunda-feira à ilha Terceira, nos Açores, onde farão uma escala de dois dias, na viagem de regresso a casa, após uma visita a Cuba.
Questionado sobre a possibilidade de se ter discutido no encontro o alegado interesse da China no porto da Praia da Vitória e na economia do mar dos Açores, o ministro dos Negócios estrangeiros português disse apenas que a reunião foi um “gesto de cortesia” de Portugal a um país com quem tem “relações históricas”. “As relações políticas e diplomáticas são excelentes. O processo de transição de Macau foi conduzido de forma exemplar pelo então primeiro-ministro António Guterres e pelas autoridades chineses e cimentou a nossa colaboração recíproca”, frisou.
Na curta reunião com o primeiro-ministro chinês, houve tempo para falar precisamente da candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU e, segundo Augusto Santos Silva, a China reafirmou o seu critério nesta matéria. “A República Popular da China considera que o único critério que deve contar na selecção do próximo secretário-geral é a sua capacidade pessoal, as suas qualidades políticas e a sua experiência. E como Portugal entende que o engenheiro António Guterres é uma personalidade especialmente qualificada, com experiência bastante, quer do ponto de vista político, quer na gestão do alto comissariado para os refugiados, Portugal fica muito confortável com este critério”, salientou.
Por sua vez, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, que também participou na reunião, disse apenas que era “uma honra e um gosto” receber o primeiro-ministro chinês na ilha Terceira, fugindo às questões sobre o possível interesse da República Popular da China no Porto da Praia da Vitória. “Os objectivos, os propósitos, a agenda oficial desta visita são públicos e, portanto, é disso que se trata”, adiantou.
Questionado sobre a possibilidade de as visitas de governantes chineses aos Açores pressionarem os Estados Unidos da América, que iniciaram um processo de redução militar na base das Lajes, Vasco Cordeiro rejeitou essa hipótese.
O primeiro-ministro chinês visitou ontem, terça-feira, os principais pontos turísticos da ilha Terceira, antes de regressar à China. Em Julho de 2014, esteve também na ilha Terceira o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, durante cerca de oito horas, numa escala entre o Chile e Pequim, em que aproveitou para se reunir com o então o vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas. Já em 2012, tinha estado na ilha Terceira o primeiro-ministro chinês da altura, Wen Jiabao, acompanhado por uma comitiva de mais de 100 pessoas, numa escala técnica entre o Chile e a China, que demorou cerca de cinco horas. Em Junho deste ano, o presidente do Governo Regional dos Açores, recebeu, em Ponta Delgada, o ministro do Mar da China, Wang Hong, que destacou o potencial dos Açores na área do mar.

28 Set 2016

Wang Jianlin ultrapassa Li Ka-Shing como homem mais rico da Ásia

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ang Jianlin ultrapassou o empresário de Hong Kong Li Ka-shing como o homem mais rico da Ásia, graças aos preços crescentes das acções A e H listadas do Wanda Group nos últimos meses. Com uma fortuna de US$ 38,1 mil milhões, Wang ultrapassou Li como a pessoa mais rica da China, de acordo com dados da Bloomberg Chinese Rich List e Asia Rich List de 1 de Maio de 2015.
Nessa data, Wang Jianlin classificou-se como o 11º mais rico do mundo, o fundador do Alibaba Group Jack Ma o 17º, com uma fortuna de US$ 35,1 mil milhões e Li Ka-shing o 19º, com US$ 34,7 mil milhões. A classificação de Wang superou a de Li e Ma no final de Abril.
De acordo com as listas de ricos divulgadas antes pela Bloomberg e Forbes, Wang Jianlin tinha uma fortuna de apenas US$ 24,2 mil milhões, mostrando que o aumento acentuado no valor de mercado de três empresas listadas de Wang nesse período tornou-se um factor-chave da sua riqueza crescente.
Em 4 de Maio, as acções na Dalian Wanda Commercial Properties, uma empresa listada em Hong Kong do Wanda Group, subiu para HK$ 68/acção após a abertura, empurrando o seu valor de mercado acima de HK$ 300 mil milhões pela primeira vez. Uma vez que Wang e a sua família detinham 2,43 mil milhões de acções da Dalian Wanda Commercial Properties através do Wanda Group, o valor de mercado das acções da Dalian Wanda Commercial Properties detidas apenas por ele e pela sua família já ultrapassa US$ 20 mil milhões.
Além da Dalian Wanda Commercial Properties, Wang Jianlin também detém uma participação de 60,71% em acções A listadas Wanda Cinema Line (002739.SZ) por meio da Wanda Investment Co., Ltd, que tinha um valor de mercado de cerca de RMB 57,2 mil milhões com base no valor de mercado da Wanda Cinema Line em 4 de Maio. Dalian Wanda Group Wang Jianlin
Além das duas empresas listadas acima, Wang Jianlin também detém uma participação de 78% na AMC, uma operadora de cinema listada nos EUA com um valor de mercado de cerca de RMB 14,5 mil milhões, com base nos preços das acções em 4 de Maio, elevando o valor das participações de Wang Jianlin nas três empresas listadas para cerca de RMB 200 mil milhões ou US$ 32 mil milhões.
Notavelmente, as ações da Dalian Wanda Commercial Properties e da Wanda Cinema Line subiram em Abril 33% e 74%, respectivamente.
Em relação ao desempenho das duas empresas no mercado de capitais, alguns analistas do sector acreditavam que era devido, principalmente, à reavaliação dos investidores das suas valorizações. Em particular, a estratégia recentemente proposta do Wanda Group de sua quarta reestruturação, ou seja, de “asset-heavy” para “asset-light”, ajudou a aliviar os estrangulamentos financeiros que há muito tempo inibiam a velocidade de expansão da Dalian Wanda Commercial Properties. Os investidores vão, portanto, também reavaliar a velocidade de expansão de activos da Dalian Wanda Commercial Properties.
Além disso, com a crescente presença em cultura, turismo, e-commerce e finanças, o Wanda Group construirá um ecossistema fechado que consiste de tráfego de clientes, logística, fluxo de capital e fluxo de informações com base no consumo off-line.
“Com as suas propriedades comerciais maciças no continente, acreditamos que a Dalian Wanda Commercial Properties beneficiará da política do governo central para impulsionar o consumo doméstico. Devido à poderosa influência da marca de Wanda na China, os seus bens serão favorecidos pelos comerciantes nacionais e estrangeiros. Acreditamos que, à medida que as suas propriedades comerciais amadurecem, ainda há espaço para Wanda aumentar os rendimentos.”

27 Set 2016

Li Keqiang faz “escala técnica”nos Açores

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China disse ontem que a estada de dois dias do primeiro-ministro, Li Keqiang, na ilha Terceira, nos Açores, se trata apenas de uma “escala técnica”, optando por não comentar o alegado interesse geoestratégico no território. Li chegou aos Açores, depois de ter realizado um périplo pelo continente americano, que incluiu visitas à sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Canadá e Cuba.
“Pelo que sabemos, o primeiro-ministro Li estará na ilha Terceira para uma escala técnica”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, numa conferência de imprensa, em Pequim.
Trata-se da terceira visita de um responsável chinês ao território insular, no espaço de cerca de quatro anos.
Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, efectuou uma escala técnica de cerca de oito horas na ilha Terceira, onde se encontrou com o então vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas. Dois anos antes, o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, escalou também naquela ilha. As visitas ocorreram depois de os Estados Unidos da América terem anunciado a redução da sua presença na Base das Lajes.
No ano passado, o presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou, em entrevista à RTP, a possibilidade de aquela infra-estrutura ser usada por outro país que não os EUA, dando o exemplo da China, com quem Portugal tem “uma relação diplomática” que é “muito anterior” àquela que tem com Washington. Na Praia da Vitória, concelho onde se localiza a Base das Lajes, existe também um porto oceânico no qual os chineses podem ter interesse.
Questionado pela agência Lusa, o porta-voz do MNE chinês não confirmou nem desmentiu um interesse geoestratégico no território. Geng salientou antes que as relações entre Portugal e China “atravessam um período de progresso estável”, com os dois países “a realizarem frequentemente visitas e intercâmbios” e a gozarem de “forte confiança política mútua”.
“A China vai-se esforçar, junto com Portugal, para impulsionar a parceria estratégica global estabelecida entre os dois países”, acrescentou. O acordo luso-chinês de “parceria estratégica global”, um dos primeiros do género que a China estabeleceu com nações europeias, foi assinado em dezembro de 2005 em Portugal pelos chefes de governo dos dois países.
Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, rejeitou também a existência de “uma agenda escondida” na reunião que terá hoje com Li Keqiang, na Base das Lajes, afirmando que esta visa apenas preparar a viagem do primeiro-ministro português, António Costa, à China.

27 Set 2016

OMC | Brasil não deverá opor-se a estatuto de mercado da China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Brasil não vai seguir os Estados Unidos e questionar abertamente o estatuto de economia de mercado da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas manterá uma postura agressiva para proteger produtores locais de bens chineses mais baratos, disseram duas fontes familiarizadas com a decisão à Reuters.
A China está a pressionar parceiros para ser reconhecida como economia de mercado, quando o seu protocolo de admissão à OMC expirar em Dezembro.
Os Estados Unidos alertaram a China em Julho, argumentando que não havia sido feito o suficiente para se qualificar para o estatuto de economia de mercado, especialmente nos sectores de aço e alumínio. A União Europeia está a ponderar a sua posição sobre o estatuto da China, mas rejeitou afrouxar a sua defesa comercial. O Brasil, um grande participante da OMC e o quinto país mais populoso do mundo, vai manter-se à margem dessa discussão, disseram duas altas autoridades, que pediram para permanecer no anonimato porque não são autorizadas a falar publicamente sobre o assunto.
“Não é necessária uma declaração formal de que a China é economia de mercado ou não é”, disse uma autoridade directamente envolvida no tema. “Onde houver dumping e dano à indústria local, agiremos como temos que agir.” O governo brasileiro está a estudar um método alternativo para calcular os preços dos produtos chineses, disse a fonte. Tal como os seus parceiros da OMC, o Brasil tem usado preços de terceiros para reflectir os subsídios estatais da China.
Considerada a mais fechada das grandes economias das Américas, o Brasil é um dos campeões mundiais em implementar medidas antidumping para proteger a sua indústria local, que tem visto a sua participação na economia cair pela metade desde a década de 1980.
Outra fonte disse que manter o silêncio sobre o estatuto de economia de mercado da China ajudaria o Brasil a evitar potenciais desafios do seu principal parceiro de comércio. Espera-se que a China crie disputas comerciais contra países que rejeitarem o seu estatuto em Dezembro.
Produtores de aço brasileiros, que enfrentam uma recessão de dois anos em casa, estão a pressionar o governo para tomar uma posição contra a China, a quem acusam de estar a inundar os mercados globais com aço barato. “Como a China se coloca no mercado internacional, o fenómeno das empresas estatais e subsidiadas fazem muito mal tanto aqui no Brasil quanto nos nossos mercados principais”, disse Marco Polo de Mello Lopes, chefe do Instituto Brasileiro de Aço, que representa produtores de aço brasileiros.
Reconhecer o novo estatuto levaria à falência de 4811 companhias no Brasil e custaria à já enfraquecida indústria brasileira 397476 postos de trabalho, segundo um estudo da consultoria Barral M. Jorge, que foi contratada pelo instituto.
O protocolo de admissão da China permitiu que países da OMC não considerassem a China uma economia de mercado para as suas defesas comerciais. Agora que o protocolo está prestes a expirar, a China argumenta que os membros da OMC deveriam automaticamente conceder o estatuto.

27 Set 2016

Empresa do homem mais rico da China anuncia parceria em Hollywood

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]conglomerado chinês Wanda Group anunciou que vai investir na produção de filmes da Sony Pictures, em mais um passo que visa converter o grupo num importante operador da indústria cinematográfica de Hollywood. Fundado no final da década de 1980 em Dalian, no nordeste da China, o Wanda Group começou por se impor no sector imobiliário, mas nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo.
O acordo é o primeiro do grupo dirigido por Wang Jianlin – o homem mais rico da China -, com um dos principais estúdios de Hollywood e um marco importante na sua conversão num peso pesado da indústria do entretenimento. “A aliança vai permitir reforçar o poder de influência do Wanda na indústria de cinema global, e estabelecer um bom precedente para os produtores de filmes chineses nos seus investimentos além-fronteiras”, afirmou a empresa em comunicado. A mesma nota refere que irá “empenhar-se por destacar elementos chineses nos filmes em que investir”, sem acrescentar mais detalhes.
O grupo Wanda mediatizou-se nos últimos anos pelos investimentos em grandes activos na Europa e Estados Unidos da América. Em 2012, adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA e da britânica Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior distribuidor.
No ano passado, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares (3.240 milhões de euros). Wang Jianlin financiou a produção do filme “Spotlight”, Óscar da Melhor Fotografia deste ano.
O grupo detém ainda uma participação de 20% no clube de futebol espanhol Atlético de Madrid e a empresa Triathlon Corporation, proprietária dos direitos de provas desportivas de resistência como Ironman, mas o seu principal foco tem estado em Hollywood.
Wang “tem todo Hollywood na mira” e “talvez o seu próximo passo seja trabalhar directamente com todos os ‘Big Six'”, os seis maiores estúdios de cinema de Hollywood, refere o comunicado.
Em Maio passado, o grupo abriu o seu primeiro parque temático, um investimento de 3,35 mil milhões de dólares, localizado na cidade de Nanchang, capital da província de Jiangxi, numa tentativa de competir com o novo parque da Disney, inaugurado no mês seguinte, em Xangai.

26 Set 2016

Xangai | Restaurante com estrela Michelin encerrado por falta de licença

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Xangai obrigaram a encerrar o restaurante Taian Table por funcionar sem licença, pouco depois de obter uma estrela no primeiro guia Michelin da cidade, noticiou o jornal local Shanghai Daily. O Taian Table, dirigido pelo chefe de cozinha alemão Stefan Stiller, foi um dos 26 restaurantes reconhecidos com estrelas pelo guia Michelin de Xangai, que foi apresentado esta semana e é o primeiro na China.
No entanto, desde quinta-feira está afixado na porta um aviso do que o estabelecimento suspendeu o seu funcionamento para “uma revisão interna”.
O Gabinete de Gestão e Supervisão do Mercado do distrito Changning, em Xangai, responsável pelo encerramento do restaurante, justificou a sua decisão alegando que o local carecia das licenças necessárias de negócios e de ‘catering’.
Em Xangai, qualquer restaurante deve contar com uma autorização geral de negócios, emitido pelo Gabinete de Comércio e Indústria da cidade, e com outro específico para os serviços de comida, concedido pela Administração de Fármacos e Alimentos.
O estabelecimento pediu ambas as autorizações no passado mês de Abril, quando abriu portas, mas estas foram-lhe negadas por se encontrar num edifício residencial.
As autoridades locais, refere o jornal, advertiram em várias ocasiões o Taian Table sobre a sua situação de irregularidade, mas apenas o fecharam depois de ter sido identificado pelo guia Michelin como um dos mais destacados de Xangai.
Stiller declarou ao jornal que pretende transferir o seu restaurante para um local que cumpra os requisitos das autoridades e que espera reabrir em Novembro.

26 Set 2016

Cuba | Li Keqiang assina 30 acordos bilaterais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, de visita a Cuba, salientou a importância da cooperação económica e comercial, assinando cerca de 30 acordos durante o seu encontro, no sábado, com o Presidente da ilha, Raúl Castro. Li e Castro conversaram sobre as “excelentes relações entre os dois países, os principais projectos de cooperação” e o fortalecimento dos vínculos bilaterais, segundo uma nota oficial sobre o encontro.
Após a reunião, os dois líderes presidiram a assinatura de cerca de 30 instrumentos jurídicos para favorecer a cooperação, incluindo um protocolo que oficializa a redução da dívida da ilha para com a China, segundo a televisão estatal cubana.
Foram também assinados acordos que fixam doações chinesas para a modernização das alfândegas cubanas e para a compra de painéis solares, bem como um acordo para um “projecto de reforma ligado à imprensa e materiais gráficos”.
Estes acordos abrangem também áreas como ambiente, informática, indústria, biotecnologia, energias renováveis e sector bancário.
Li, que chegou a Havana no sábado para uma visita que se estende até segunda-feira, disse que entre os objectivos da sua viagem está a “intensificação da confiança mútua política” e a “injecção de uma nova dinâmica às relações bilaterais”.
Para o primeiro-ministro chinês, Cuba “conquistou êxitos extraordinários na construção e desenvolvimento nacionais, opondo-se resolutamente à ingerência externa e resistindo ao contínuo bloqueio estrangeiro” dos Estados Unidos.
Cuba e a China mantêm relações estreitas, com um intercâmbio que nos primeiros nove meses de 2015 chegou aos 1.596 milhões de dólares, um crescimento de quase 57% em relação ao ano anterior, de acordo com dados oficiais.
Em 2014, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Cuba, para onde começaram a realizar-se voos direitos a partir da China no final de 2015.
O primeiro-ministro chinês chegou a Cuba após participar na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque e de uma visita ao Canadá. A sua estadia em Cuba estender-se-á até hoje, segunda-feira.
Cuba e China mantêm relações muito próximas, nas quais o país asiático figura como o segundo maior parceiro comercial da ilha, com trocas comerciais de US$ 1,596 mil milhões, nos primeiros nove meses de 2015, o que representa um crescimento de quase 57% em relação a 2014, de acordo com dados oficiais.
A chegada de Li ocorre numa semana de intensa actividade bilateral para o governo cubano, que nos últimos dias também recebeu na ilha o presidente do Irão, Hassan Rohani, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

26 Set 2016

Taiwan | Agente duplo condenado a 18 anos de prisão

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Taiwan condenou um antigo funcionário dos serviços secretos a 18 anos de prisão por trabalhar como ‘agente duplo’ e espiar para a China. Wang Tsung-wu foi condenado na quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Taiwan por envolvimento em espionagem bem como violação das leis nacionais de segurança e inteligência. O tribunal não divulgou mais informação, alegando restrições relacionadas com a segurança nacional.
Segundo a imprensa local, Wang foi alegadamente ‘convertido’ pela China quando foi para lá enviado como agente secreto do Gabinete dos Serviços Secretos Militares de Taiwan. Wang espiou a mando de Pequim durante mais de uma década, segundo a imprensa.
O homem foi recrutado pela China em 1995 e passou informação confidencial antes de se reformar em 2005. Wang também recrutou o coronel reformado Lin Han em 2013 para ajudar a recolher informação, de acordo com o jornal de Hong Kong Apple Daily.
Lin viajou para Singapura e para a Malásia para se encontrar com agentes chineses e transmitiu informação sobre as identidades de agentes do gabinete de Taiwan e as suas missões, segundo o jornal de Taipé Liberty Times. Wang recebeu cerca de 90 mil dólares e Lin cerca de 70 mil pela informação que passaram. Lin foi condenado a seis anos de prisão por violar as leis nacionais de informação, segundo o tribunal.
Taiwan e China espiam-se mutuamente desde que se separaram em 1949, no final da Guerra Civil.

26 Set 2016

Cinco detidos na China por despejo de centenas de toneladas de lixo num lago

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]polícia chinesa deteve cinco pessoas por alegado envolvimento no despejo ilegal de centenas de toneladas de lixo no lago Tai, um popular destino turístico na cidade de Suzhou, na costa leste da China. Pilhas de entulho e lixo doméstico, com sete metros de altura, e amontoadas num espaço equivalente a três campos de basquetebol, terão sido encontradas em Julho passado nas margens do lago, segundo a imprensa local.
O jornal Shanghai Daily detalha que mais de 22 mil toneladas de lixo foram transportadas, por oito barcos, a partir de Xangai, a “capital” económica da China, que fica a 100 quilómetros de distância.
Situado no delta do rio Yangtsé, o Tai é o terceiro maior lago de água doce da China, com 2.400 quilómetros quadrados, servindo como fonte de água potável para várias comunidades locais.
Dois representantes da Jinlu Construction and Engineering, a empresa de construção responsável pelo despejo, a pessoa que terá forjado o aterro sanitário, e dois funcionários encarregues de supervisionar aquela área, foram detidos. Estão acusados de causar danos ambientais e incumprimento do dever.
O caso ilustra o impacto ambiental da rápida urbanização da China e aumento dos índices de consumo que, segundo os analistas, não são acompanhados pelo desenvolvimento de sistemas de processamento de lixo. Segundo dados citados pelo jornal oficial Global Times, só o município de Xangai, cujo número de residentes supera os 24 milhões, produziu no ano passado 89 milhões de toneladas de resíduos de construção. A mesma fonte detalha que a “capital” económica da China gera, em média, 20.000 toneladas de lixo doméstico por dia.
Em Dezembro passado, um deslizamento de terras num parque industrial em Shenzhen, o centro da indústria tecnológica da China, situado na província de Guangdong, que confina com Macau e Hong Kong, resultou na morte de 70 pessoas e enterrou 33 edifícios.
O acidente deveu-se à excessiva acumulação ilegal de resíduos de construção em montes com 100 metros de altura. O governo de Shenzhen admitiu, na altura, as dificuldades em processar os 30 milhões de metros cúbicos de entulho que a cidade gera anualmente.

26 Set 2016

Internautas reagem a imagens de secção da Grande Muralha pavimentada

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]otos de uma secção da Grande Muralha da China transformada numa recta lisa e plana, coberta de cimento, após os trabalhos de restauro, motivaram esta semana duras críticas por parte dos internautas chineses. Situado na província de Liaoning, nordeste da China, o trecho Xiaohekou, cuja construção remonta a 1381, compõe oito quilómetros daquele monumento, considerado património da humanidade pela Unesco.
As imagens postas a circular nas redes sociais mostram que o seu piso acidentado e degraus irregulares, onde ervas brotavam, foram pavimentados, dando lugar a uma longa faixa branca de betão.
“Isto parece obra de um grupo de pessoas que nem o ensino básico completou”, afirmou um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês. “Se as obras serviram para isto, o melhor era terem rebentado com tudo”, disse. Outro internauta reagiu assim: “Um tratamento tão mau dos monumentos deixados pelos nossos ancestrais! Como é que pessoas com um nível de cultura tão baixo podem ocupar posições de liderança?”. Em declarações à televisão estatal CCTV, o próprio vice-director do departamento de Cultura de Liaoning admitiu que o resultado da reparação “é bastante feio”.
A Grande Muralha, construção da Dinastia Ming, não é uma estrutura única, integrada, mas sim uma construção por secções que se estende por milhares de quilómetros a partir de Shanhaiguan, na Costa Leste de Jiayuguan, atravessando as areias do deserto de Gobi.
Em alguns locais a estrutura está tão deteriorada que as estimativas da sua extensão total variam entre 9.000 e 21.000 quilómetros, dependendo se as secções que entretanto desapareceram são incluídas ou não.
Os trabalhos de restauração de Xiaohekou foram iniciados em 2012, visando “evitar maiores danos e degradação”, devido “a problemas graves na estrutura e inundações”, e completados em 2014, segundo um comunicado difundido pela Administração Estatal de Património Cultural.
O organismo governamental anunciou já uma investigação sobre quem aprovou e conduziu os trabalhos de reparação, afirmando que irá punir seriamente os responsáveis.
Mais de 30% da Grande Muralha da China desapareceu ao longo do tempo, devido a condições meteorológicas adversas e à actividade humana, como a retirada de tijolos para construção de casas, segundo estimativas divulgadas pela imprensa estatal.
De acordo com regulamentos citados pelo jornal oficial Global Times, retirar tijolos da Grande Muralha é punível com multa até 5.000 yuan, mas a vegetação e o turismo continuam a contribuir para deteriorar a mais longa construção humana do mundo.

26 Set 2016

China | Ex-chefe de Segurança Interna finalmente acusado

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]romotores chineses acusaram na passada sexta-feira o ex-director de segurança interna Zhou Yongkang de corrupção, abuso de poder e revelação intencional de segredos de Estado, abrindo caminho para que seja julgado, numa potencial exposição dos trâmites internos do Partido Comunista.
Zhou, de 72 anos, é a autoridade chinesa mais graduada a ver-se envolvida num escândalo de corrupção desde que o partido chegou ao poder em 1949. A decisão de processar Zhou ressalta o compromisso do presidente chinês, Xi Jinping, em combater a corrupção nos níveis mais altos do governo.
Na denúncia, Zhou é acusado de “tirar vantagem de sua posição e buscar benefícios para outros”, “aceitar ilegalmente os activos de outras pessoas”, “abusar de poder” e “causar grandes perdas contra a propriedade pública, o Estado e o povo”, disse a Procuradoria Suprema do Povo da China num comunicado publicado no seu portal. “O impacto sobre a sociedade é vil, as circunstâncias são especialmente sérias”, disse o órgão, sem dar mais detalhes sobre as denúncias.
Segundo o comunicado, os supostos crimes de Zhou foram cometidos durante décadas, incluindo o período em que ocupou os cargos de director-geral da China National Petroleum Corporation (CNPC), de chefe do partido na província de Sichuan, no sudoeste do país, e de ministro de segurança pública, bem como de membro do Comité Permanente do Politburo.
Zhou foi informado sobre seus direitos legais e ouviu as opiniões do seu advogado, acrescentou o comunicado, sem especificar o local onde Zhou, que não aparece em público desde Outubro de 2013, se encontra detido.
Nenhuma data foi marcada para o julgamento, mas os media disseram no mês passado que a China conduziria um julgamento público, com a intenção de preservar a transparência. Especialistas legais dizem, no entanto, que o partido corre o risco de que Zhou ameace revelar segredos de Estado.
No ano passado, a China anunciou a prisão de Zhou e sua expulsão do partido, acusando-o de vários crimes, desde aceitar propina a vazar segredos estatais.

26 Set 2016

Estratégia de globalidade dá bons resultados

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] aposta da China em investir além-fronteiras superou, em 2015, pela primeira vez, o valor investido por outros países na China, numa altura em que Pequim encoraja as aquisições no estrangeiro, como parte da transição para um novo modelo económico.
A China investiu no total 145.000 milhões de dólares fora do país, no ano passado, um valor que representa um crescimento homólogo de 18% e ultrapassa o valor do investimento directo estrangeiro no país, 135.6 mil milhões de dólares, segundo dados do ministério do Comércio chinês.
O marco surge como resultado da “melhoria da capacidade nacional da China”, aprofundamento da cooperação e a estratégia de Pequim de encorajar empresas chinesas a “tornarem-se globais”, lê-se no relatório do ministério. As empresas chinesas “têm de usar os recursos e mercados internacionais para se transformarem e actualizarem”, afirmou Zhang Xiangchen, porta-voz do ministério do Comércio. “Sentimos que as empresas estão agora interessadas em se internacionalizarem e procurarem activamente a integração na inovação, manufactura e mercados globais”, acrescentou.
A economia chinesa registou no ano passado o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos 25 anos e tem continuado a abrandar à medida que Pequim enceta uma transformação do modelo económico, apostando no consumo e serviços como novos motores de crescimento.

23 Set 2016

Justiça | Advogado especialista em direitos humanos condenado

O advogado Xia Lin, especialista em direitos humanos, foi acusado em 2014 de fraude e condenado agora a 12 anos de pena de prisão. A comunidade internacional e a sua defesa consideram a sentença demasiado pesada e um acto de repressão

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou o causídico Lin a 12 anos de prisão, naquele que é o mais recente caso de repressão de defensores de direitos humanos no país, informou ontem a sua defesa. Xia ficou conhecido pela defesa do artista Ai Weiwei e do seu colega, também advogado na área dos direitos humanos, Pu Zhiqiang, que foi detido após um seminário privado em que se discutiu o massacre de Tiananmen, em 1989. “O tribunal condenou Xia Lin a 12 anos de prisão por fraude”, disse o seu advogado, Dong Xikui, à agência AFP.
A polícia deteve Xia em Novembro de 2014, e mais tarde acusou-o de obter, através de fraude, 100 milhões de yuan para pagar dívidas de jogo, de acordo com um comunicado da defesa. O julgamento começou em Junho deste ano, em Pequim. “Declarámo-nos inocentes, mas o tribunal aceitou apenas parte da nossa defesa e reduziu o valor da fraude de mais de 100 milhões para 48 milhões”, indicou o seu advogado.
O Presidente chinês, Xi Jinping, tem vindo a reforçar o controlo à sociedade civil desde que assumiu o poder em 2012, acabando com as possibilidades de activismo que tinham aberto nos últimos anos. Apesar de inicialmente o Governo incidir sobre activistas políticos e pessoas envolvidas em campanhas por direitos humanos, tem cada vez mais focado a sua atenção nos profissionais legais que os representam. Só no ano passado as autoridades detiveram mais de 200 pessoas na chamada “repressão 709”, assim apelidada devido à data das detenções, 9 de Julho, incluindo advogados que aceitaram casos de direitos civis considerados sensíveis pelo Partido Comunista Chinês.
Pu, o advogado detido por participar no evento sobre Tiananmen, recebeu uma pena suspensa de três anos de prisão em Dezembro por “incitar ódio étnico” e “gerar conflitos e problemas”.
A sentença de Xia foi invulgarmente severa, e de acordo com Maya Wang, uma investigadora para a Ásia da organização de defesa dos direitos humanos da Human Rights Watch, vai “provocar um profundo arrepio à comunidade de advogados de direitos humanos que tem sido alvo de repressão continuada pelo governo de Xi no último ano”, afirmando ainda “a sentença é chocante, não apenas pela sua extensão, mas também porque foi aplicada a um advogado de direitos humanos que tem tentado proteger-se ao adoptar uma postura discreta e técnica no seu trabalho”.

23 Set 2016

Hong Kong | Mais de 21.000 detidos em operação contra tríades

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 21.000 pessoas foram detidas em Hong Kong numa campanha de combate ao crime organizado realizada nos últimos dois meses em conjunto com as polícias de Macau e da província chinesa de Guangdong, informou ontem a imprensa local.
A designada “Operação Trovoada”, que todos os anos envolve agentes dos três territórios, levou a acções de fiscalização em mais de 3.000 locais, incluindo bares e espaços de entretenimento, e centros de jogos.
Na operação deste ano, as forças de segurança reforçaram o combate às actividades de tráfico humano depois de observarem uma tendência de aumento destes crimes, disse o superintendente Brian Lowcock, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Outras detenções estão relacionadas com crimes como tráfico de droga, branqueamento de capitais, e posse de armas.
As autoridades apreenderam drogas como heroína e cocaína no valor de cerca de 70 milhões de dólares de Hong Kong (oito milhões de euros).
Cerca de 70 pistolas de ar comprimido ilegalmente alteradas foram também apreendidas.

23 Set 2016

Global Times | Assistência do ocidente a refugiados não é superioridade moral

Pequim comprometeu-se, em sede da ONU, a doar 100 milhões de dólares para ajudar a crise dos refugiados, mas absteve-se de os receber no seu território. Ainda assim, criticou o discurso moralista do ocidente, a quem atribui a responsabilidade de vários conflitos que culminaram em vagas de refugiados

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) culpou os Estados Unidos da América e a Europa pela crise dos refugiados, argumentando que a assistência que prestam “não constitui uma prova de superioridade moral” acusando ainda que “com uma mentalidade arrogante, Europa e EUA precipitaram o Médio Oriente para adoptar uma democracia ao estilo ocidental, contribuindo para o fluxo de refugiados”, diz o Global Times, jornal do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Em editorial, a publicação sustenta que “estes países deviam sentir-se arrependidos” e não “moralmente superiores”, após terem “promovido guerras e revoluções coloridas”, que “levaram povos ao desespero, sem outra opção que não fugir”.
Durante uma cimeira promovida esta semana pelos EUA, na sede das Nações Unidas, os líderes dos 193 Estados-membros da organização aprovaram a Declaração de Nova Iorque, que pretende criar condições para um melhor tratamento dos refugiados e migrantes. Segundo Washington, 52 países e organizações comprometeram-se a “duplicar o número” de refugiados que acolheram no ano passado e a elevar o apoio em 4,5 mil milhões de dólares.

Demos o melhor

Pequim comprometeu-se a doar mais 100 milhões de dólares, um valor inferior ao anunciado pela maioria das grandes economias, optando ainda por não receber refugiados. “A China fez o seu melhor e cumpriu com as suas responsabilidades”, defende o jornal, argumentando que Pequim “foi sempre contra intervenções no Médio Oriente e revoluções coloridas”, acrescentando que “o ocidente deve assumir a culpa pela sua incessante interferência em países não ocidentais”.
Mais de 4,8 milhões de sírios deixaram o seu país devido à guerra, que já matou mais de 300.000 pessoas, desde Março de 2011. China e Rússia são os principais aliados do regime do presidente sírio, Bashar al Assad.

23 Set 2016