OPA: EDP prepara-se para rejeitar oferta da China Three Gorges

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] EDP – Energias de Portugal prepara-se para rejeitar a Oferta Pública de Aquisição (OPA) que a China Three Gorges (CTG) anunciou que vai lançar, alegando que o valor proposto é baixo, avançou esta segunda-feira a agência Bloomberg.

O Conselho de Administração da EDP, que deverá reunir-se ainda esta semana, considera que a contrapartida de 3,26 euros por ação é demasiado baixa e que subvaloriza a elétrica, avança a agência de notícias, citando fontes conhecedoras do processo que pediram anonimato.

Segundo a mesma fonte, a EDP está já a trabalhar com consultores financeiros, incluindo o UBS para uma eventual defesa da OPA dos chineses da CTG.

A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e oferece uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, o que representa um prémio de 4,82% face ao valor de mercado e avalia a empresa em cerca de 11,9 mil milhões de euros.

As ações da EDP fecharam a avançar 9,32% para 3,40 euros.

Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis, a 7,33 euros por ação, um preço abaixo do valor da última cotação (7,85 euros).

15 Mai 2018

Comércio | Trump diz que trabalha para que ZTE possa retomar actividade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, indicou que está a trabalhar com o Presidente chinês, Xi Jinping, numa solução que permita ao grupo de telecomunicações chinês ZTE, alvo de sanções, “retomar depressa a sua actividade”.

“O Departamento do Comércio tem ordem para o fazer”, afirmou o Presidente norte-americano, numa mensagem na rede social Twitter, depois de a actividade do gigante ZTE ter sido afectada pela decisão das autoridades norte-americanas de proibir as exportações de componentes destinadas ao grupo chinês, uma sanção com a duração de sete anos.

Trump disse ainda que “muitos empregos foram perdidos na China” devido a esta crise.

Na quarta-feira, o grupo chinês de telecomunicações indicou que as suas principais operações foram interrompidas por causa da decisão norte-americana e que a sua sobrevivência estava mesmo ameaçada.

As autoridades norte-americanas anunciaram em Abril que decidiram proibir as exportações de componentes destinadas ao grupo chinês ZTE, devido a declarações fraudulentas numa investigação sobre o embargo imposto ao Irão e à Coreia do Norte.

Os Estados Unidos já tinham aplicado em Março de 2017 uma multa de 1,2 mil milhões de dólares ao grupo chinês de telecomunicações por ter violado o embargo aos dois países.

Neste caso, o grupo ZTE assumiu, em 2016, a responsabilidade por ter adquirido equipamentos aos Estados Unidos e os ter reexportado para o Irão e a Coreia do Norte, apesar das sanções impostas aos dois países.

Com sede em Shenzhen, no sul da China, o grupo ZTE é responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura 5G no país asiático e um dos maiores fabricantes de ‘smartphones’ do mundo.

15 Mai 2018

Direitos Humanos | Muçulmanos de Xinjiang obrigados a receber funcionários comunistas

As autoridades chinesas estão a impor a famílias no noroeste do país que recebam funcionários públicos em suas casas, parte de uma campanha repressiva sobre a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, denunciou uma organização não-governamental

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante estas visitas, que ocorrem desde o início do ano na região de Xinjiang, as famílias são obrigadas a revelar às autoridades informação sobre as suas vidas e posições políticas, e sujeitas a doutrinação política, revela a Human Rights Watch (HRW). “Famílias muçulmanas em Xinjiang comem e dormem agora literalmente sob o controlo do Estado nas suas próprias casas”, escreve Maya Wang, investigadora da HRW.

“Esta última política acrescenta-se a um controlo evasivo – e perverso – do dia-a-dia em Xinjiang”, afirma.

Desde 2014, que as autoridades de Xinjiang enviam funcionários de agências governamentais, firmas do Estado, e instituições públicas, em visitas regulares a casas de particulares. As autoridades dizem que esta prática visa “aproximar-se do coração da população”, com o intuito de “salvaguardar a estabilidade social”.

Em Outubro de 2016, as autoridades deram início a um programa relacionado, e designado “tornar-se família”. Desde o início deste ano, têm reforçado aquela campanha, mobilizando mais de um milhão de funcionários para passar uma semana na casa de famílias, sobretudo de etnia uigur.

Segundo a HRW, não existem provas de que as famílias possam recusar estas visitas.

Os funcionários estão encarregues de recolher e actualizar informação sobre as famílias, incluindo religião ou opiniões políticas, e reportar e corrigir “problemas” ou “situações inusuais” – que pode ir desde alcoolismo a fanatismo religioso.

Os funcionários fazem ainda doutrinação política, incluindo promover o “Pensamento de Xi Jinping [o Presidente chinês]” e advertir contra os perigos do “pan-islamismo”, e outras ideologias que o Governo considera uma ameaça.

Vigilância na cama

Como evidência, o relatório da HRW cita vários artigos difundidos na imprensa ou redes sociais chinesas sobre aquele programa.

Vídeos difundidos pelas agências governamentais que participam da iniciativa mostram os funcionários a viver com famílias, e a partilhar inclusive a vida doméstica, como refeições ou a dormir na mesma cama, ou a alimentar e educar crianças.

Os funcionários estão encarregues também de ensinar mandarim, a língua oficial da China, às famílias, o hino nacional do país e outras canções que celebram o Partido Comunista Chinês.

A China levou a cabo, nos últimos anos, uma agressiva política de policiamento dos uigures na região de Xinjiang.

Pequim diz que a repressão é necessária para combater o separatismo e extremismo islâmico, mas activistas uigures e organizações de defesa dos Direitos Humanos afirmam que serviu apenas para alimentar as tensões.

Em 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, que causaram 156 mortos e mais de 1.000 feridos. Pequim decidiu, entretanto, banir ou controlar várias práticas muçulmanas, incluindo manter a barba longa e jejuar durante o mês do Ramadão, afirmando que são símbolos do “extremismo islâmico”.

No ano passado, as autoridades passaram também a proibir os pais de darem nomes islâmicos aos filhos, numa tentativa de diluir a influência da religião na região.

Os uigures têm dificuldades em obter um passaporte, e os que já têm passaporte são forçados a deixá-lo com a polícia. Os hotéis são obrigados a notificar a esquadra de polícia local quando recebem hóspedes uigures, e muitas vezes recusam-nos, para evitar o incómodo. Postos de controlo e operações stop em Xinjiang permitem às autoridades parar pessoas e verificar os seus telemóveis, na procura por conteúdo suspeito.

15 Mai 2018

OPA/EDP: China Three Gorges, a empresa do Estado chinês que ‘privatizou’ a EDP

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China Three Gorges (CTG), fundada em 1993, para construir e administrar o maior projeto hidroelétrico do mundo, no centro da China, é tutelada diretamente pelo Governo chinês, à semelhança da maioria das principais empresas do país.

No seu portal oficial, a CTG apresenta-se como a “maior construtora de centrais hidroelétricas do mundo e o grupo líder chinês em energias limpas”.

Na China, a empresa construiu e administra a barragem das Três Gargantas, um dos maiores projetos de engenharia de sempre no país, com um orçamento de 180 mil milhões de renminbi (23,7 mil milhões de euros), e que levou à deslocação de pelo menos 1,2 milhões de pessoas, segundo dados oficiais.

Idealizada ainda pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong, durante a década de 1950, para acabar com o défice energético de Xangai e do delta do rio Yangtze, a barragem das Três Gargantas demorou 17 anos a ser construída. As 32 turbinas em funcionamento daquela estrutura, que corta o rio Yangtze a meio, têm uma capacidade instalada de 22.500 megawatts.

O processo de internacionalização da CTG iniciou-se em 2011, quando a empresa pagou ao Estado português 2.700 milhões de euros por 21,35% do capital da EDP.

Em 2015, arrematou em leilão os direitos de concessão por 30 anos das centrais hidroelétricas brasileiras da Ilha Solteira e da Jupia, num negócio que envolveu o pagamento de 13,8 mil milhões de reais (3,4 mil milhões de euros) ao Estado brasileiro.

Em 2016, comprou 80% da Meerwind, operadora de um dos maiores parques eólicos em alto mar da Alemanha, ao fundo norte-americano Blackstone Group.

Em entrevista à agência Lusa, no mesmo ano, o vice-presidente executivo da CTG International Wu Shengliang enalteceu o contributo da EDP para a internacionalização da estatal chinesa.

“Hoje, a CTG é a segunda maior geradora de energia com capital privado no Brasil, (…) temos projetos conjuntos com a EDP em Inglaterra e França, e presença em Itália, Polónia e Portugal”, afirmou.

Na sexta-feira, a China Three Gorges lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, o que representa um prémio de 4,82% face ao valor de mercado e avalia a empresa em cerca de 11,9 mil milhões de euros.

À semelhança da maioria das 115 empresas chinesas que constam na lista das “500 mais” da Fortune, a CTG pertence ao Estado e é diretamente tutelada pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission), ilustrando um sistema que a China designa como economia de mercado socialista.

“Os grupos estatais são cada vez menos, mas continuam a dominar os setores chave da economia chinesa”, explica à Lusa Wang Hao, professor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim. “É uma forma de a elite do Partido Comunista Chinês (PCC) assegurar o controlo da economia” diz.

No último congresso do PCC, em outubro passado, o Presidente da China, Xi Jinping, apelou ao desenvolvimento das empresas estatais, para que se tornem “maiores” e “mais fortes”, provando que a tendência será reforçar o papel do Estado na segunda maior economia mundial.

Serão precisamente os grandes grupos do Estado chinês que materializarão a “Nova Rota da Seda”, o gigante plano de infraestruturas lançado por Xi Jinping, e que visa colocar a China no centro da futura ordem mundial.

Uma malha ferroviária até à Europa, gasodutos desde o Turquemenistão e Birmânia ou novos portos em Moçambique e Geórgia são alguns dos projetos daquela iniciativa, que vai abranger 65 países – 70% da população mundial –, três quartos dos recursos energéticos do planeta e 28% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

“As empresas estatais têm hoje uma base comercial”, afirma Wang Hao. “Mas também obedecem a diretrizes políticas”, acrescenta.

15 Mai 2018

EDP | China Three Gorges quer acabar com limites de voto na eléctrica

A China Three Gorges quer acabar com a regra que impede que cada accionista da EDP tenha mais de 25 por cento dos direitos de voto, sendo uma das condições da OPA sobre a eléctrica, segundo o anúncio preliminar da operação

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o documento divulgado na sexta-feira à noite, entre as condições que o grupo chinês China Three Gorges (CTG) põe para a Oferta Pública de Aquisição (OPA) avançar está a alteração dos estatutos da EDP para “remover qualquer limite à contagem de votos emitidos por um só accionista”.

Actualmente, os estatutos da eléctrica dizem que “não serão considerados os votos emitidos por um accionista, em nome próprio ou como representante de outro, que excedam 25 por cento da totalidade dos votos correspondentes ao capital social”.

Ou seja, à luz das regras actuais, mesmo que um accionista tivesse mais de 25 por cento do capital social (o que não acontece porque o maior accionista é precisamente a CTG com 23,27 por cento), só poderia votar em assembleia-geral com o máximo de 25 por cento, limitando o seu poder.

Como o grupo chinês quer ficar, no âmbito da OPA, com pelo menos 50 por cento do capital da EDP, quer alterar esta regra.

Na sexta-feira à noite, a CTG (que entrou no capital da EDP em 2012, na reprivatização lançada durante a intervenção da ‘troika’) lançou uma OPA voluntária sobre o capital da EDP que não detém, oferecendo 3,26 euros por cada acção (mais 4,82 por cento face ao fecho do mercado na sexta-feira, de 3,11 euros), avaliando a empresa em cerca de 11,9 mil milhões de euros.

Segundo o grupo chinês, o preço oferecido representa “um prémio de cerca de 10,8 por cento em relação ao preço médio ponderado das acções” nos últimos seis meses (2,94 euros) e “cerca de 17,9 por cento em relação ao preço médio ponderado ajustado das ações” nos mesmos seis meses (2,77 euros).

No anúncio preliminar da OPA, o grupo detido pelo Estado chinês descreveu a extensa lista de autorizações que precisa para a operação avançar, sendo essas as da Comissão Europeia, ao abrigo da Lei da Concorrência, Estados Unidos (Comissão de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos e Comissão Federal Reguladora de Energia), Polónia (Departamento de Regulação Energética da Polónia), França (ministro da Economia e das Finanças), Roménia (Conselho Supremo de Defesa Nacional), Espanha (Autoridade Portuária de Gijón e Autoridade Portuária de Avilés), Brasil (Conselho Administrativo da Defesa Económica e Agência Nacional de Energia Elétrica Brasileira) e Canadá (Divisão de Análise de Investimentos do Canadá, Concorrência Federal do Canadá e Operador do Sistema Eléctrico Independente Canadiano).

Oportunidade para Mexia

O grupo pede ainda, para a operação avançar, a não oposição do Governo português, uma vez que há uma lei que lhe permite salvaguardar o controlo de activos considerados estratégicos para o interesse nacional por entidades de países fora da União Europeia. Na sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que não tem “nenhuma reserva a opor”.

A CTG tem de conseguir pelo menos 26,73 por cento do capital da EDP que não detém (já que é dona de 23,27 por cento) para conseguir controlar 50 por cento da eléctrica. Contudo, é expectável que a empresa chinesa CNIC (que tem 4,98 por cento) vote favoravelmente.

Os outros accionistas da EDP são a consultora de investimentos norte-americana Capital Research and Management Company (12 por cento), a espanhola Oppidum Capital (7,19 por cento), o fundo de investimentos americano BlackRock (5 por cento), a Senfora SARL, detida pelo Governo de Abu Dhabi (4,06 por cento), o fundo de pensões do BCP e a Fundação Millennium BCP (2,44 por cento) e a petrolífera argelina Sonatrach (2,38 por cento).

Compõem ainda a estrutura accionista a Qatar Holding, com 2,27 por cento, o banco central da Noruega (Norges Bank), com 2,75 por cento, e a própria EDP, com 0,6 por cento (através de acções próprias).

Um terço do capital da EDP (33,06 por cento) está nas mãos dos restantes accionistas, nomeadamente de pequenos acionistas.

A imprensa tem avançado que esta OPA poderá ser uma reacção preventiva da CTG a movimentações do sector das eléctricas e à vontade de outras empresas fazerem propostas sobre a EDP, pelo que não estará posto de parte que possa surgir uma contra-OPA.

Quanto aos objectivos da CTG para a EDP, no anúncio preliminar é dito que quer a eléctrica “venha a liderar as operações e a expansão do grupo na Europa, nas Américas e nos países lusófonos”.

O grupo chinês diz ainda que quer reduzir “o rácio de alavancagem” da EDP (endividamento), fazer “poupança de custos” e que poderá vir a aportar “activos relevantes” à empresa para “fortalecer” a sua posição no mercado.

A CTG afirma que pretende manter a sede da EDP em Portugal e a empresa cotada na bolsa de Lisboa. Por fim, refere que “procurará manter uma política de dividendos estável, não abaixo do que foi divulgado no último plano de negócios”.

Relativamente a 2017, ano em que teve lucros de 1.113 milhões de euros, a EDP pagou dividendos de 19 cêntimos por acção, no total de 695 milhões de euros. Após o anúncio preliminar da OPA, a CTG tem até final de Maio para entregar o prospecto da operação no regulador dos mercados financeiros, com o pedido de registo da operação.

Já a administração da EDP, liderada por António Mexia, tem oito dias para divulgar um documento sobre “a oportunidade e as condições da oferta”.

Mexia foi reconduzido no início de Abril como presidente executivo da EDP, após 12 anos de liderança, num momento em que está envolvido num processo judicial ligado às rendas da energia e de informações que dão conta de uma relação conturbada com o acionista CTG.

Caso a OPA à EDP tenha sucesso, a CTG lançará também uma OPA à EDP Renováveis, tal como obriga a lei, oferecendo 7,33 euros por cada acção, um preço abaixo do valor da cotação de sexta-feira (7,84 euros).

15 Mai 2018

Cardeal de Hong Kong espera boas notícias este ano sobre relações Vaticano-China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, disse este sábado, em Fátima, que espera boas notícias sobre as relações entre o Vaticano e Pequim este ano.

Ao falar na conferência de imprensa da peregrinação internacional aniversário de 12 e 13 de maio, John Tong admitiu que “ainda este ano poderão ser anunciadas boas notícias”.

Segundo o cardeal, há várias questões nas negociações entre Pequim e o Vaticano, sendo que a nomeação dos bispos locais é um dos pontos mais importantes.

“Este é o ponto chave”, declarou o prelado, que destacou a devoção à Virgem de Fátima na China, onde o Centenário das Aparições foi celebrado em igrejas locais.

Ainda assim, John Tong considerou que “a Igreja na China continua a viver atualmente numa situação atípica”, assinalando que o Governo privilegia a Igreja oficial, a Associação Patriótica, implementando medidas restritivas para a comunidade que segue as orientações do Vaticano.

O cardeal admitiu, contudo, que a situação da Igreja na China “continua aberta a grandes possibilidades”, destacando a “grande coragem em muitas comunidades católicas na defesa da sua fé”.

Já o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, considerou que se está “a viver um momento delicado e esperançoso no diálogo” entre a Santa Sé e a China, manifestando o desejo de “que possa abrir caminho ao reconhecimento da Igreja católica na China e que permita aos católicos chineses serem cidadãos plenamente católicos e plenamente chineses, porque é isso que está em questão no fundo”.

“Queremos ter esta intenção presente nesta peregrinação”, afirmou António Marto, pedindo para que este diálogo “chegue a bom termo” e “seja frutífero a breve tempo”.

Pequim e a Santa Sé estarão prestes a quebrar mais de meio século de antagonismo com a assinatura de um primeiro acordo sobre a nomeação dos bispos.

Os dois Estados romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo Governo chinês.

Em 12 de março, a China disse que está a trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações bilaterais, numa altura em que ambos os Estados estão prestes a assinar um acordo sobre a nomeação dos bispos, segundo observadores.

“A nossa posição é clara, estamos contentes por trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, em conferência de imprensa.

Já em 03 de abril, a China considerou que limitar o controlo do Vaticano na nomeação dos bispos não restringe a liberdade religiosa dos crentes chineses.

O vice-diretor da Administração de Assuntos Religiosos da China Chen Zongron reafirmou a noção de que os grupos religiosos do país não podem ser controlados por “forças estrangeiras”.

“A constituição chinesa afirma claramente que os grupos e assuntos religiosos não podem ser controlados por forças estrangeiras, e que estas não devem interferir de forma alguma”, referiu.

14 Mai 2018

Cardeal de Hong Kong pede aos peregrinos em Fátima que tornem Cristo visível na sociedade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, pediu este domingo aos peregrinos em Fátima para que através do modo de viver e exemplo façam com que Cristo seja visível na sociedade.

“Com o nosso modo de viver e o nosso exemplo devemos fazer com que Cristo seja visível hoje na nossa sociedade”, diz o cardeal na homilia que escreveu, mas lida pelo reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, na missa final da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima, a que assistem cerca de 300 mil fiéis.

O bispo emérito de Hong Kong aponta o exemplo da Virgem para dizer que Maria ajudará a “levar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo”, tornando as pessoas abertas e atentas “às necessidades dos outros” e a partilharem “o tesouro e a alegria” da fé.

Segundo o cardeal, esta tarefa deve ser realizada a partir da Eucaristia, para acrescentar: “A nossa assembleia litúrgica é já testemunho vivo da presença de Cristo”.

“Jesus, com o seu Espírito, forma em nós uma nova humanidade. Ele próprio nos impele na procura da liberdade, da dignidade, da justiça, da responsabilidade, ou melhor, fortalece o nosso próprio desejo de construir um mundo mais justo e mais unido”, afirma o prelado.

Na missa, que está a ser concelebrada por 227 sacerdotes e 18 bispos, o cardeal John Tong refere-se depois à comunidade de crentes que, “consciente de ter recebido um mandato divino, plena de fervor missionário e de alegria pascal, torna-se no mundo testemunha da nova realidade da vida realizada em Cristo”.

“Esta nova realidade manifesta-se nos pequenos gestos que realizamos nas nossas vidas quotidianas, nas realidades terrestres e nos nossos compromissos de cada dia que fazemos com o novo Espírito do Senhor. Acima de tudo, quando nos dedicamos à libertação espiritual e à promoção humana dos outros”, salienta.

O cardeal John Tong menciona ainda o seu percurso pessoal, para destacar o impacto que teve “o exemplo dos serviços caritativos dos missionários estrangeiros quando, em criança, vivia em Cantão, logo depois do final da Segunda Guerra Mundial”.

“O seu espírito missionário e caritativo suscitou em mim o desejo de os imitar, fizeram nascer em mim a vocação sacerdotal e decidi entrar para o seminário em Macau, pouco antes da minha família se refugiar em Hong Kong”, lê-se na homilia, na qual pediu também aos milhares de peregrinos que encheram o recinto de oração para que, ao regressarem à vida quotidiana, se comprometam a “partilhar a fé e o amor”.

A peregrinação internacional aniversária, que hoje termina, um ano depois do Centenário das Aparições, da canonização de Francisco e Jacinta Marto e da visita do papa Francisco, tem como tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”.

Segundo informação do santuário, cerca de 37 mil peregrinos deslocaram-se a pé para Fátima para a peregrinação, número que superou as expetativas. Anunciaram-se ainda no santuário 148 grupos, com um total de nove mil peregrinos de 26 países.

Numerosos santuários marianos na China lembram proteção da Virgem – cardeal de Hong Kong

O cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, afirmou no Santuário de Fátima que “os numerosos santuários marianos na China ajudam a relembrar constantemente ao povo” a proteção da Virgem.

“Na História da Igreja na China registam-se várias intervenções de Nossa Senhora. Por exemplo, em 1900, durante a perseguição dos Boxers, ocorreram duas aparições, uma em Pequim, onde a Virgem Maria apareceu acompanhada do arcanjo São Miguel e rodeada por uma multidão de anjos”, refere o cardeal na homilia que escreveu, mas lida pelo reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, na missa que hoje encerra o primeiro dia da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima.

Concelebrada por 147 sacerdotes e 13 bispos, na eucaristia, após a procissão das velas, a que assistem o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, e a chefe de Estado da Cróacia, Kolinda Grabar-Kitarovic, o prelado aponta que “a segunda aparição ocorreu na cidade de Donglu, perto de Baoding, na província de Hebei, onde Maria apareceu no céu e, escutando as súplicas do povo, preservou a cidade da destruição”.

“Uma aparição mais recente, pouco depois da perseguição da Revolução Cultural, ocorreu na Basílica de Sheshan, próximo de Xangai, quando, na primavera de 1980, os pescadores católicos lá voltaram encontraram as portas fechadas”, continua o bispo emérito, para acrescentar: “Forçando-as, entraram e ajoelharam-se na igreja vazia, enquanto rezavam e cantavam durante longas horas, Nossa Senhora apareceu diante deles”.

O cardeal John Tong salienta depois que “a causa das piores desgraças humanas é o pecado” e que Maria “sempre mostrou ter uma forte preocupação pelos pecadores”, para sublinhar que “a presença do pecado, da dor e da morte no mundo persiste ainda”.

Referindo-se à Mensagem de Fátima, lembra na homília que Maria “recomendou com insistência aos três videntes que rezassem e fizessem penitência pela conversão dos pecadores, pelo fim da guerra e pela paz no mundo, de forma a evitar tribulações para o mundo e perseguições para a Igreja”.

Depois, John Tong recorda o exemplo dos videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, os dois primeiros tornados santos há um ano em Fátima pelo papa Francisco, que aceitaram o convite da Virgem e “empenharam-se na oração, no sacrifício e no jejum”, para perguntar aos milhares de fiéis presentes no recinto de oração qual a sua decisão.

O bispo emérito de Hong Kong dirige, ainda, uma palavra aos doentes, destacando que a Virgem “permanece junto de todos” para lhes “infundir coragem”.

“A Mãe celeste está agora aqui connosco, está ao lado de todos vós, irmãos e irmãs doentes”, lê-se na homilia, na qual o cardeal pede aos fiéis para renovarem a confiança na intercessão e no cuidado da Virgem, e que é a esperança que deve sempre sustentar as pessoas “nas dificuldades e no sofrimento”.

14 Mai 2018

Estado Islâmico reivindica atentados a três igrejas na Indonésia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] movimento extremista Estado Islâmico reivindicou ontem a responsabilidade pelos ataques com bombistas suicidas, todos da mesma família, em três igrejas de Surabaya, na Indonésia, que provocaram, pelo menos, 11 mortos. “Três ataques ‘kamikazes'” fizeram mortos e feridos “entre os cristãos da cidade de Surabaya”, segundo a entidade que divulga a informação do grupo extremista, a agência Amaq.

Segundo a polícia da Indonésia, os bombistas suicidas eram todos da mesma família e entre eles estavam crianças e adolescentes. O último balanço das autoridades apontam para 11 mortos e mais de 40 feridos em resultado dos ataques a três igrejas cristãs, durante a manhã, quando decorriam missas ou cultos.

O responsável da polícia local Tito Karnavian, disse que a família esteve na Síria, país onde o movimento Estado Islâmico controlava vastas áreas, até há pouco tempo. Acrescentou que o pai fez explodir um carro bomba, dois filhos, de 18 e 16 anos, usaram uma mota num dos ataques, enquanto a mãe estava com duas crianças de 12 e nove anos na terceira igreja.

As explosões registaram-se em Surabaya, a segunda maior cidade da Indonésia, com o primeiro ataque a ocorrer na igreja cristã de Santa Maria, onde morreram quatro pessoas, uma delas um bombista, disse aos jornalistas no local o porta-voz da polícia Frans Barung Mangera, acrescentando que entre os feridos estão dois agentes policiais.

Seguiu-se o ataque à igreja protestante de Diponegoro, minutos depois, com a terceira situação a ocorrer na igreja de Pentecostes de Arjuro.

Um polícia já tinha dito à agência AP que os explosivos eram transportados por, pelo menos, cinco bombistas suicidas, incluindo uma mulher que tinha duas crianças, uma situação igualmente descrita por uma testemunha que estava na igreja de Diponegoro.

A associação da igreja da Indonésia, em Jacarta, já condenou os ataques e apelou às pessoas para aguardarem a investigação da polícia.

Perigosa diversidade

A Indonésia tem realizado alguma pressão desde que bombistas radicais da Al-Qaida mataram 202 pessoas em Bali, em 2002, e nos últimos anos o país enfrentou uma nova ameaça com o aumento da influência do movimento Estado Islâmico no Médio Oriente.

A província de Java oriental é um dos palcos de ataques de movimentos extremistas islâmicos, já que a sua capital, Surabaya, é uma das cidades com maior diversidade religiosa naquele que é o mais populoso país muçulmano do mundo.

Os ataques a alvos cristãos acontecem dias depois de as autoridades indonésias terem posto fim a uma crise de reféns num centro de detenção perto de Jacarta, uma acção reivindicada pelo movimento extremista Estado Islâmico.

Os cristãos, muitos deles da etnia minoritária chinesa, representam cerca de 9 por cento da população da Indonésia, que atinge 260 milhões de habitantes, enquanto os muçulmanos são 88 por cento do total.

O país fica em alerta máximo nas semanas que antecedem o Ramadão, que começa na terça-feira, já que é uma época escolhida pelos ‘jihadistas’ para realizar ataques.

14 Mai 2018

Região | Pyongyang anuncia desmantelamento do complexo de testes nucleares

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte anunciou no fim-de-semana que está a tomar “medidas técnicas” para desmantelar o seu complexo de ensaios nucleares e que convidará jornalistas estrangeiros para uma cerimónia de lançamento do processo entre 23 e 25 de Maio.

“Uma cerimónia de desmantelamento do complexo de ensaios atómicos está prevista para entre 23 e 25 de Maio, em função das condições meteorológicas”, indicou a agência estatal norte-coreana KCNA, citando um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O Ministério adianta que o desmantelamento incluirá a explosão dos túneis, o bloqueamento das entradas e a eliminação de todas as instalações de observação, centros de investigação e estruturas de unidade de guarda no terreno e também a “área circundante será completamente fechada”.

Durante a histórica cimeira entre as duas Coreias, a 27 de Abril, o dirigente norte-coreano Kim Jong-un propôs a Seul encerrar em Maio o seu único complexo conhecido de ensaios nucleares, Punggye-ri, uma instalação secreta perto da fronteira com a China.

Foi neste complexo subterrâneo que se realizaram os seis testes nucleares realizados por Pyongyang, o último dos quais em Setembro do ano passado.

Os Estados Unidos declararam na sexta-feira estar “prontos” para ajudar a economia norte-coreana e dar “garantias” a Kim Jong-un se Pyongyang tomar “medidas corajosas” para uma “desnuclearização rápida” e “completa”. “Se a Coreia do Norte tomar medidas corajosas para uma desnuclearização rápida, os Estados Unidos estão prontos a trabalhar com a Coreia do Norte para a levar ao mesmo nível de prosperidade dos nossos amigos sul-coreanos”, declarou o secretário de Estado, Mike Pompeo, de regresso da Coreia do Norte onde se encontrou com o dirigente norte-coreano para preparar a cimeira com o Presidente Donald Trump.

14 Mai 2018

Reportagem | A ascensão de Xi no século de afirmação da China

Por João Pimenta, jornalista da agência Lusa

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]unto à entrada do Wujing Yiyuan, um dos maiores hospitais públicos de Pequim, uma faixa com oito metros de comprimento e dois de altura dita: “Ouçam as ordens do Partido Comunista, sigam o Presidente Xi”

Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi Jinping tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes da história recente do país, comparável ao fundador da República Popular, Mao Zedong.

No mês passado, numa única sessão do legislativo chinês, Xi conseguiu abolir o limite de mandatos para o seu cargo, criar um organismo com poder equivalente ao executivo para supervisionar a aplicação das suas políticas e promover aliados a posições chave do regime.

“É enorme; é histórico”, afirma à agência Lusa Xie Yanmei, analista de política chinesa do centro de investigação Gavekal, com sede em Hong Kong. “Requer grande margem de manobra e muito capital político”, diz.

Xi Jinping anunciou já o início de uma “nova era” para a China, com dois objectivos: construir uma “sociedade moderadamente próspera”, até 2035, e depois firmar a posição do país como grande potência, até 2050.

“Ele tem uma visão para o país e quer usar os meios institucionais para cumprir essa visão”, explica Xie Yanmei. Entre aqueles “meios institucionais”, destaca-se a criação da Comissão Nacional de Supervisão, que acumula poderes comparados aos do executivo, legislativo ou judicial, e abrange toda a função pública.

Trata-se de uma “organização política e não de aplicação da lei”, que “pode ser potencialmente transformativa”, defende Xie. “A Comissão estará encarregue de garantir que as decisões do partido são rigorosamente implementadas”, através do envio de inspectores para as empresas estatais e diferentes organismos do Governo, afirma.

Trata-se de uma forma de institucionalizar a mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada por Xi após ascender ao poder, e que puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).

Grandeza recuperada

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”.

David Kelly, director da unidade de investigação China Policy, de Pequim, defende, no entanto, que é no plano internacional que Xi quer deixar o seu “grande legado”. “A China vai trazer para o mundo moderno a sua sabedoria milenar e recuperar a grandeza de outrora. Vai oferecer ao mundo uma solução chinesa. E isto vai ser atribuído a Xi”, aponta o analista, sobre a nova narrativa do regime.

A “solução chinesa” materializa-se na “Nova Rota da Seda”, um gigantesco plano de infraestruturas lançado por Xi e avaliado em 900 mil milhões de dólares, visando reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

A proposta chinesa surge numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração.

“Xi projecta a imagem de um líder no comando, com uma visão estratégica de longo prazo e rodeado de uma equipa capaz”, afirma Xie Yanmei. “É um contraste nítido com a imagem agora projectada por Washington”, nota.

Na faixa junto à entrada do Wujing Yiyuan, Xi Jinping está com as duas mãos juntas, palma contra palma, à altura do peito. Veste um uniforme militar verde-oliva. Atrás, a Grande Muralha, um dos símbolos mais expressivos da China, serpenteia por um vasto terreno montanhoso.

14 Mai 2018

Justiça | Fundador de grupo que queria o Novo Banco condenado a 18 anos

[dropcap style=’circle’] U [/dropcap] m tribunal chinês condenou ontem o fundador do grupo Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, a dezoito anos de prisão, por ter angariado milhares de milhões de dólares de forma fraudulenta.
O Tribunal Popular Intermédio Nr.1 de Xangai considerou Wu Xiaohui, que fundou a Anbang em 2004, culpado de ter enganado investidores e abusado do seu cargo em benefício próprio, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O magnata foi detido em 2017 e, em Fevereiro passado, o regulador chinês assumiu as operações do Anbang Insurance Group, depois de uma vaga de aquisições por todo o mundo ter suscitado dúvidas sobre a origem do dinheiro e a sustentabilidade do grupo.
Em Março passado, o empresário surgiu na televisão estatal chinesa a declarar-se culpado, apesar de ter inicialmente negado as acusações, segundo documentos do tribunal. O magnata possuía e controlava mais de 200 empresas que detinham participações na Anbang, de forma a assegurar um “controlo absoluto” sobre o grupo.
Em 2011, por decisão de Wu, a seguradora lançou um novo produto para investidores e falsificou documentos para obter a aprovação da Comissão Reguladora de Seguros da China. O regulador impôs limites às vendas daquele produto, com base no estado financeiro da Anbang, mas Wu emitiu relatórios de contas falsos para convencer os investidores da sustentabilidade do grupo. Até Janeiro passado, aquele produto captou mais de 93 mil milhões de euros a partir de 10,6 milhões de investidores, superando os limites de capital estipulados pelos reguladores.

Seguros tremidos
Segundo o tribunal, Wu usou mais de oito mil milhões de euros para investir em projectos, saldar dívidas e “levar um estilo de vida luxuoso”. A mesma nota detalhou ainda que Wu ordenou altos executivos da empresa a destruírem informação para encobrir os seus crimes.
Em Agosto de 2015, o grupo Anbang não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.
Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1,9 mil milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China. A mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.
A indústria dos seguros na China foi nos últimos dois anos abalada por vários casos de fraude. Em Setembro passado, o anterior director da Comissão Reguladora de Seguros da China foi julgado por receber subornos, enquanto executivos do sector foram punidos por corrupção e má gestão.
Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o ‘site’ oficial.

11 Mai 2018

Economia | Empresários “apavorados” face a possível guerra comercial

[dropcap style=’circle’] E [/dropcap] mpresários chineses estão “apavorados e indignados” perante uma possível guerra comercial entre Washington e Pequim, que ameaça indústrias inteiras nos dois países, testemunham exportadores radicados na China, na véspera de nova ronda de negociações.
“Existem fábricas com 300 funcionários que provavelmente vão parar”, contou Ricardo Geri, cofundador da Plan Ahead, empresa com sede em Pequim que exporta pedra artificial à base de quartzo para os Estados Unidos. Para cumprir uma das principais promessas eleitorais, o Presidente norte-americano, Donald Trump, exigiu à China uma redução do crónico défice comercial dos EUA com o país em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020.
Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos. Caso estas exigências não sejam satisfeitas, o chefe da Casa Branca ameaçou subir os impostos sobre um total de 150.000 milhões de dólares de exportações chinesas para os EUA.
“Há uma certa indignação entre os empresários chineses, que investiram muito dinheiro para aumentar a produção”, admitiu Geri, natural do estado brasileiro de Rio Grande do Sul e radicado em Pequim há cinco anos. No caso particular dos produtos de quartzo, “a China fornece 70 por cento do mercado norte-americano” e, nos últimos anos, “fábricas que tinham duas linhas de produção, passaram a ter quatro, seis ou até nove”, beneficiando da recuperação do sector da construção nos EUA e taxas alfandegárias inferiores a 2 por cento, contou o empresário.
No entanto, aproveitando a crescente tensão entre Washington e Pequim, o fabricante líder norte-americano de produtos de quartzo, o Cambria Co., apresentou ao Departamento de Comércio dos EUA uma petição para subir as taxas sobre as importações oriundas da China para 455 por cento, acusando os produtores chineses de receberem subsídios ilegais e prática de ‘dumping’, venda abaixo do custo de produção.

Cenário de risco
Em Setembro, Washington irá decidir a taxa preliminar e, em Julho do próximo ano, sairá a taxa final, com os produtos importados entre aquele período a serem taxados retroactivamente.
“Criou-se um cenário de alto risco, que parará praticamente todas as importações”, afirmou Ricardo Geri.
Pedro Ribeiro, empresário português radicado em Cantão, no sul da China, e que também exporta para os EUA, lembrou que as disputas comerciais poderão afectar também os exportadores norte-americanos de produtos alimentares.
“A China tem muito a perder nesta guerra”, refere Pedro Ribeiro. O empresário refere ainda que não acredita que o que “os EUA anunciaram entre em efeito na totalidade”. “Esta é apenas a forma como o Trump negoceia”, concluiu.
Porém, a China advertiu ontem que vai manter a posição na próxima ronda de negociações com os Estados Unidos, que visa encontrar uma solução para as crescentes disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
“A posição chinesa é muito clara: opomo-nos ao unilateralismo e ao proteccionismo comercial. Os EUA devem retirar as suas ameaças”, disse Gao Feng, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Na véspera de uma delegação chinesa, chefiada pelo vice-primeiro-ministro Liu He, retomar as negociações com o secretário de Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, em Washington, Gao advertiu: “A posição chinesa não mudou e não mudará”. O porta-voz disse esperar que a nova ronda de negociações permita que a China e EUA “avancem, em conjunto, no desenvolvimento da cooperação económica e comercial e que alcance benefícios mútuos para os povos de ambos os países e do mundo”.
A viagem de Liu a Washington segue-se a uma primeira ronda de conversações, realizada na semana passada, em Pequim, entre uma delegação norte-americana chefiada por Mnuchin, e da qual não resultaram acordos concretos.

11 Mai 2018

Cimeira entre Kim e Xi reafirmam papel da China na península coreana – analistas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cimeira surpresa entre os líderes da Coreia do Norte e da China terá servido para garantir que a voz de Pequim será ouvida quando Kim Jong-un reunir com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmam analistas.

“Penso que Xi [Xi Jinping, o Presidente chinês] quer evitar um resultado imprevisível na cimeira entre Trump e Kim”, afirma Bonnie Glaser, conselheiro do Centro Estratégico e de Estudos Internacionais, em Washington, citado pela agência Associated Press.

O Presidente chinês, Xi Jinping, quer proteger os interesses estratégicos da China na península coreana, ao manter um país aliado como Estado-tampão, face às tropas norte-americanas, estacionadas na Coreia do Sul.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, chegou hoje a Pyongyang, um dia depois de Kim reunir com Xi Jinping, para preparar a cimeira entre o líder norte-coreano e Donald Trump.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, entretanto, realçou o seu desejo de que a China participe no diálogo, sobretudo com o seu apelo a uma desnuclearização “faseada e sincronizada”, em oposição à exigência de Trump, de que Pyongyang termine imediatamente com o seu programa nuclear.

Xi e Kim reuniram na terça-feira, na cidade chinesa portuária de Dalian, pela segunda vez no espaço de um mês, ilustrando um reaproximar de dois aliados ideológicos.

A cimeira de Dalian é também significativa porque seria expectável que Xi visitasse Pyongyang antes do líder norte-coreano voltar a deslocar-se à China.

Ao visitar o país por duas vezes seguidas, o líder norte-coreano mostra aceitar a sua posição de “parceiro menor” na relação com Pequim, segundo Michael Mazza, da unidade de investigação American Enterprise, citado pela AP.

Segundo a imprensa chinesa, Kim disse a Xi que a Coreia do Norte está comprometida com a desnuclearização, caso uma das “partes interessada” acabe com a sua “política hostil e ameaças à segurança” do país, numa referência evidente a Washington.

A visita ocorre poucos dias depois de Pyongyang mostrar o seu desagrado com os comentários de Washington, que sugeriu que Kim Jong-un foi forçado a negociar, devido à pressão e sanções impostas pelos EUA.

Glaser considera que Xi quer garantir que os interesses chineses são protegidos durante as conversas entre Pyongyang e Washington.

Essa visão foi enfatizada no editorial da versão de hoje do Global Times, jornal do Partido Comunista Chinês.

“Como resolver a questão da península, incluindo a questão nuclear, não poder ser decidido apenas por Washington”, lê-se. Os EUA, “devem respeitar as opiniões e interesses de Pequim, visto que pediram muitas vezes à China que cooperasse”, lembrou.

Nos anos 1950, China e Coreia do Norte lutaram juntos contra os EUA. Até há pouco tempo, as relações entre os dois países eram descritas como sendo de “unha com carne”.

Nos últimos anos, no entanto, a China afastou-se do país, desagradada com a insistência de Pyongyang em desenvolver o seu programa nuclear e consciente de que este representa cada vez mais uma fonte de tensão regional.

A China, que representava 90% do comércio externo da Coreia do Norte, passou a aprovar as sanções impostas pelas Nações Unidas ao país, contribuindo ainda mais para o seu isolamento.

“Para Xi, a mensagem importante é simplesmente de que a China é um elemento-chave para resolver a questão da península coreana e o encontro [em Dalian] serviu para reafirmar essa mensagem”, afirmou Steve Tsang, diretor do Instituto da China, na Escola de Estudos Orientais e Africanos, em Londres.

Kim, por seu lado, quis mostrar que a “China continua a ser um aliado da Coreia do Norte e que estará lá para apoiar o país, caso Trump exija demasiado durante as negociações”, acrescentou.

10 Mai 2018

UE quer igualdade de tratamento para as empresas europeias na China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] representante da União Europeia (UE) para a China apelou ontem a Pequim que dê “igualdade de tratamento” às empresas europeias que operam no país, alertando que, caso contrário, o investimento estrangeiro poderá ser afectado. Desde 2013 que as autoridades chinesas e da UE negoceiam um acordo de investimento, visando aumentar a transparência e reciprocidade dos investimentos.

Numa altura de renovadas tensões entre Pequim e Washington, em torno de questões comerciais, o embaixador Hans Dietmar Schweisgut disse esperar que o “actual contexto internacional” incentive a China a avançar nas negociações. “A igualdade de tratamento que temos vindo a negociar desde há muito precisa de ser estabelecida”, afirmou Schweisgut, numa conferência de imprensa à margem das celebrações do Dia Europeu, em Pequim. O responsável da UE afirmou que “a mudança na disposição e ambiente” para o investimento estrangeiro está já a acontecer e pode tornar-se mais evidente. “Garantir um sistema internacional de comércio aberto e justo é essencial para ambos os lados”, afirmou. “Como uma das maiores economias do mundo e a maior potência comercial, a China poderia fazer uma enorme contribuição”, acrescentou.

Uma delegação da Comissão de Comércio do Parlamento Europeu está também na China esta semana para abordar questões comerciais com as autoridades do país. Segundo um comunicado da delegação da UE, os eurodeputados vão abordar as taxas recentemente impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, o excesso de capacidade de produção, um acordo bilateral de investimento, acesso ao mercado chinês e direitos de propriedade intelectual.

10 Mai 2018

Cimeira | Pyongyang insta Washington a não minar actual clima de diálogo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] órgão de propaganda de Pyongyang adverte ontem o Governo norte-americano quanto à dureza do seu discurso, instando-o a não minar o clima de diálogo criado antes da cimeira que juntará os respetivos líderes, Donald Trump e Kim Jong-un.

“Os EUA deveriam saber que é melhor absterem-se de palavras e actos que possam estragar o bom ambiente excepcionalmente criado para as conversações” que em breve se realizarão entre Trump e Kim para debater a desnuclearização da península, lê-se num editorial ontem publicado no diário Rodong Sinmun, o jornal oficial do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia. O texto sugere ainda que Washington “também deve esforçar-se por mostrar atitudes sinceras e genuínas, à altura das actuais circunstâncias”.

Já no passado fim de semana, a agência de notícias KCNA tinha acusado os Estados Unidos de “manipularem a opinião pública”, ao afirmarem que a intenção de se desnuclearizar expressa por Pyongyang após a sua recente reunião com Seul era “resultado da pressão e das sanções” impulsionadas pela Administração Trump.

Esta nova advertência da Coreia do Norte sobre o discurso de linha dura da nova equipa negocial norte-americana surge precisamente no mesmo dia em que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, chegou a Pyongyang para preparar a cimeira entre os dois dirigentes.

10 Mai 2018

Diplomacia | Pequim, Tóquio e Seul prometem cooperar sobre Coreia do Norte

Os líderes da China, Japão e Coreia do Sul demonstraram ontem apoio ao acordo alcançado entre Pyongyang e Seul sobre a “total desnuclearização” e a paz duradoura na península coreana, comprometendo-se a cooperar para alcançar tais objectivos

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a primeira cimeira trilateral em mais de dois anos entre os três vizinhos do nordeste da Ásia, realizada em Tóquio, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o primeiro-ministro chinês, Li Kegiang concordaram em unir esforços e concentrar-se no diálogo aberto com o líder do regime norte-coreano, Kim Jong-un, com vista ao abandono irreversível do programa nuclear da Coreia do Norte.

O primeiro-ministro nipónico destacou a importância do acordo intercoreano para a estabilidade na região, sublinhando que partilha com Pequim e Seul “uma posição comum sobre as resoluções das Nações Unidas para resolver os problemas norte-coreanos”, declarou Shinzo Abe, durante um intervenção conjunta dos três líderes, à margem da cimeira.

Shinzo Abe apelou a Kim Jong-un para que tome medidas concretas em relação à desnuclearização do regime norte-coreano, aludindo à necessidade de manter as sanções impostas pela comunidade internacional a Pyongyang até que a desnuclearização seja uma realidade. Este último ponto não foi corroborado pelos restantes dois países presentes na cimeira.

O primeiro-ministro chinês, por sua vez, destacou o encaminhamento do diálogo na península, expressando o seu apoio a “todas as partes que estão a aproveitar este momento para resolver o conflito”. Li Kegiang declarou ainda que Pequim “fará todos os esforços para conseguir a desnuclearização da Coreia do Norte” e destacou a importância de trabalhar com Seul e Tóquio “para alcançar uma cooperação estável e saudável”, demonstrando ainda confiança no bom andamento do diálogo entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Kim Jong-un.

À espera de Trump

Já o presidente sul-coreano sinalizou o “grande apoio” manifestado por Li e Abe à chamada “Declaração de Panmunjom” assinada entre Seul e Pyongyang na cimeira de 27 de Abril, prometendo fazer “o possível” para implementar este pacto.

A cimeira de ontem realizou-se depois da histórica cimeira intercoreana e antes do encontro do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o líder do regime norte-coreano, Kim Jong-un, para debater a desnuclearização da península, que deverá realizar-se em meados de Junho, em Singapura. A reunião surgiu também poucos dias depois da visita-surpresa de Kim Jong-un à cidade portuária de Dalian, no norte da China, onde se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping.

Esta é a sétima cimeira entre os três vizinhos do nordeste asiático desde que as reuniões trilaterais foram criadas em 2008, mas é a primeira desde 2015.

Os três países do nordeste da Ásia estão intimamente ligados em termos económicos. Contudo, o sentimento anti-Japão permanece bem vivo entre alguns cidadãos chineses e sul-coreanos, devido a disputas territoriais que remontam ao período da colonização da península coreana e à invasão da China na primeira metade do século XX, por parte do Japão.

10 Mai 2018

Coreia do Norte | Seul espera que Pyongyang liberte três norte-americanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte deverá libertar ontem três cidadãos norte-americanos, durante a visita a Pyongyang do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, anunciou um responsável da Presidência sul-coreana, citado pela agência noticiosa Yonhap.

Pompeo chegou a Pyongyang para discutir os preparativos da cimeira entre o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o arsenal nuclear da Coreia do Norte.

A data e o local do encontro histórico não foram ainda oficialmente anunciados, mas um diário sul-coreano citando fontes diplomáticas norte-americanas noticiou que a cimeira se realizará em Singapura, em “meados de Junho”. Mas a questão dos três cidadãos norte-americanos presos na Coreia do Norte é sensível para os Estados Unidos, e Trump deu a entender na semana passada que o desfecho do caso estava próximo.

De acordo com algumas fontes, eles foram deslocados antecipando uma possível libertação. “Esperamos que ele (Pompeo) leve de volta os presos”, declarou o responsável da Casa Azul, a Presidência sul-coreana, citado pela Yonhap.

Kim Dong-Chul, um empresário e pastor norte-americano de cerca de 60 anos, foi condenado em Abril de 2016, na Coreia do Norte, a dez anos de trabalhos forçados, após ter sido detido no ano anterior por subversão e espionagem.

Kim Hak-Song e Kim Sang-Duk, também conhecido como Tony Kim, ambos norte-americanos, trabalhavam para a Universidade de Ciências e Tecnologia de Pyongyang (USTP) quando foram detidos, no ano passado, por “actos hostis”.

Seis cidadãos sul-coreanos estão igualmente detidos na Coreia do Norte e Seul está a exercer pressão para obter a sua libertação.

 

10 Mai 2018

Disputa | Vietname pede retirada do equipamento militar das Ilhas Spratly

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades vietnamitas pediram à China que retire o seu equipamento militar das Ilhas Spratly, arquipélago desabitado no Mar do Sul da China, reiterando que tais acções violam a soberania de Hanói e aumentam as tensões regionais.

Este apelo do Vietname surge poucos dias depois de uma reportagem da estação televisiva norte-americana CNBC ter divulgado a instalação de mísseis de cruzeiro anti-navio e sistemas de mísseis terra-ar em três postos avançados nas Ilhas Spratly, por parte das autoridades chinesas. Estas ilhas desabitadas no Mar do Sul da China são há muito tempo reivindicadas pelo Vietname como sendo parte do seu território.

Em comunicado, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrageiros vietnamita declarou que o Vietname tem bases legais suficientes e evidências históricas para reivindicar quer as ilhas Spratly, quer as ilhas Paracel, também localizadas no Mar do Sul da China e ocupadas pela República Popular da China.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês declarou na sexta-feira passada que a instalação de mísseis de cruzeiro anti-navio e sistemas de mísseis terra-ar em três postos avançados são “construções pacíficas e instalações defensivas” com o objectivo de “atender à necessidade de salvaguardar a soberania e a segurança nacional, que é também o direito de um Estado soberano”.

10 Mai 2018

Activismo | UE quer solução “em breve” para casos de Liu Xia e Gui Minhai

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia (UE) quer uma solução “em breve” para os casos de Liu Xia, viúva do Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, e do cidadão sueco Gui Minhai, ambos detidos pelas autoridades chinesas sem acusações formais.

“Veremos uma solução em breve porque, num caso, não há qualquer indício de infração, e no outro falamos de um cidadão comunitário, cujos direitos não estão a ser respeitados”, disse o embaixador da UE em Pequim, Hans Dietmar Schweisgut.

Uma carta divulgada no início deste mês pelo escritor chinês exilado Liao Yiwu revela que Liu Xia, que está em prisão domiciliária desde que o marido ganhou o Nobel, em 2010, está disposta a morrer em casa, como forma de protesto. Liu Xiaobo morreu no ano passado, de cancro no fígado, sob custódia da polícia. Foi condenado, em 2009, a 11 anos de prisão por subversão, depois de ter exigido reformas democráticas na China. Desde então, vários governos estrangeiros pediram a libertação da sua mulher, que caiu em depressão, e que se permita a sua saída do país.

Gui Minhai

Gui Minhai foi detido, em Janeiro passado, pelas autoridades chinesas, quando viajava de comboio até Pequim, acompanhado de diplomatas suecos, para uma consulta médica na embaixada do seu país. Gui era o coproprietário de uma editora de Hong Kong que vendia livros críticos do Partido Comunista Chinês. Em finais de 2015, desapareceu na Tailândia e reapareceu meses mais tarde, sob custódia da polícia na China.

O embaixador da UE em Pequim lembrou que estes “não são os únicos” casos de desrespeito pelos direitos humanos no país, referindo os vários advogados detidos há quase três anos, durante uma campanha repressiva contra activistas. “Todos estes casos são de grande preocupação, já que não respeitam as leis e constituição chinesas”, afirmou Schweisgut. “Referimo-los em várias reuniões” com as autoridades chinesas e “não vão desaparecer” da política da UE, garantiu.

10 Mai 2018

Hong Kong | Washington indicia antigo agente da CIA por ligações a Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento de Justiça dos Estados Unidos indiciou na terça-feira Jerry Chun Shing Lee, antigo agente dos serviços de inteligência CIA, suspeito de passar informação para agentes secretos da China. O norte-americano entrou na agência nos anos 90 e é residente de Hong Kong

O homem, de 53 anos, foi acusado de conspiração, por reunir e passar informação sobre a Defesa dos EUA a um Governo estrangeiro, e de ter ilegalmente retido documentos com informação classificada como secreta.

Os procuradores dizem que Lee, que é fluente em chinês, reteve ilegalmente documentos que incluem nomes e números de agentes secretos da CIA e os locais onde se reuniam. Lee, cidadão norte-americano naturalizado que reside em Hong Kong, começou a trabalhar para a CIA em 1994.

Segundo a imprensa norte-americana, ele é suspeito de estar relacionado com o desmantelamento de uma rede de informadores da CIA na China.

“As acusações neste caso são perturbadoras. Conspirar com agentes estrangeiros constitui uma ameaça real e grave para a nossa segurança nacional”, afirmou Tracy Doherty-McCormick, procuradora norte-americana.

Detido no aeroporto

O advogado de Lee, Edward MacMahon, negou as acusações: “Lee não é um agente chinês. É um americano leal, que ama o seu país”.

A acusação diz que três anos após deixar a CIA, em 2007, Lee foi abordado por dois agentes chineses, que lhe ofereceram dinheiro em troca de informação. “Lee fez vários depósitos de dinheiro não declarado e mentiu repetidamente ao Governo norte-americano quando questionado sobre as suas viagens à China e as suas ações fora do país”, afirma a acusação.

Em Janeiro passado, o antigo agente foi detido à chegada ao aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova Iorque, por posse ilegal de informação classificada como secreta.

10 Mai 2018

Antigo político favorito à liderança chinesa condenado a prisão perpétua

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou esta terça-feira a prisão perpétua Sun Zhengcai, antigo alto quadro do Partido Comunista que era considerado um dos favoritos à liderança nacional, por aceitar subornos no valor de 22 milhões de euros.

Segundo o veredito do Tribunal Popular Intermédio de Tianjin, Sun será privado dos seus direitos políticos para toda a vida e as suas propriedades e ativos serão confiscados.

A televisão estatal CCTV difundiu imagens do antigo político em tribunal a afirmar que não vai recorrer da sentença.

Sun ocupou o cargo de secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) no município de Chongqing até julho passado, quando foi anunciado que estava a ser investigado pela Comissão de Inspeção e Disciplina do partido.

Com 54 anos, era um dos membros mais novos do Politburo do PCC, que reúne os 25 mais poderosos da China, pelo que constava entre os favoritos para suceder ao atual secretário-geral do PCC e Presidente da China, Xi Jinping.

Sun “admitiu a sua culpa, mostrou-se arrependido e assinalou que aceita a sentença”, informou o tribunal.

Em troca de subornos, Sun terá beneficiado empresas e individuais com contratos para projetos públicos e negócios, precisa o veredito. A liderança e a imprensa da China, no entanto, tornaram claro que as falhas de Sun foram também de natureza política.

Durante o Congresso do PCC, em outubro passado, um alto quadro do regime admitiu que Sun e outras figuras do partido atingidas pela campanha anticorrupção de Xi Jinping, “conspiraram abertamente para usurpar a liderança do partido”.

Sun foi substituído como secretário-geral em Chongqing por Chen Miner, ex-chefe de propaganda de Xi.

A campanha anticorrução lançada há cinco anos pelo Presidente chinês puniu já mais de um milhão e meio de membros do PCC e investigou 440 altos quadros do regime. Entre os altos funcionários investigados, 43 faziam parte do Comité Central do PCC – os 200 membros mais poderosos da China.

Sun é visto como próximo da Liga da Juventude Comunista, fação associada ao antecessor de Xi, Hu Jintao, e que o atual Presidente chinês afastou durante o seu processo de consolidação do poder.

Em Março passado, Xi conseguiu abolir da Constituição do país o limite de mandatos para o exercício do seu cargo.

9 Mai 2018

Homem detido no sudoeste da China por “tráfico de esposas” vietnamitas

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m homem foi detido no sudoeste da China por trazer ilegalmente três vietnamitas para o país, uma para casar consigo e mais duas para os amigos, ilustrando o “tráfico de esposas” do Vietname para a China.

Segundo a imprensa chinesa, que cita a polícia, o homem, identificado como Hu, atravessou a fronteira com as mulheres e os seus familiares, depois de uma das vietnamitas ter acordado casar com ele por 140.000 yuan (18,5 mil dólares).

As outras duas mulheres iriam negociar o ‘dote’ com os amigos de Hu, mas o grupo acabou por ser detido em Nanchang, capital da província de Jiangxi, quando viajavam de comboio sem documentos legais.

O dote de casamento, pré-requisito essencial para selar o matrimónio na China rural, tem-se tornado um encargo demasiado grande para as famílias, face ao défice de noivas.

Fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, a política de filho único, que vigorou entre 1980 e 2016, gerou um excedente de 33 milhões de homens na China.

A dificuldade em ‘seduzir’ noivas chinesas leva homens do interior da China a procurar mulher no sudeste asiático, sobretudo no Vietname, alimentando uma rede de tráfico humano entre os dois países vizinhos.

Em 2014, cem vietnamitas fugiram depois de se casarem com chineses da cidade de Quzhou, na província de Hebei, incluindo a mulher que tinha arranjado os casamentos, arrecadando assim centenas de milhares de yuan.

9 Mai 2018

Coreia do Norte: Kim Jon-un visita novamente a China a semanas de cimeira inédita com Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jon-un, deslocou-se esta semana novamente à China e reencontrou-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, a semanas da aguardada cimeira com o seu homólogo norte-americano Donald Trump, divulgaram hoje os ‘media’ estatais chineses.

A comunicação social chinesa referiu-se a esta deslocação como uma “visita surpresa” e, por exemplo, a televisão pública chinesa CCTV mostrou Kim Jon-un e Xi Jinping a caminharem lado a lado num parque à beira mar na cidade de Dalian, na região nordeste da China, e a conversarem posteriormente à mesa.

Segundo a agência noticiosa Xinhua (Nova China), os líderes reuniram-se hoje e segunda-feira.

É a segunda deslocação de Kim Jon-un à China em pouco mais de um mês. O líder norte-coreano esteve em Pequim em finais de março e encontrou-se nessa ocasião com Xi Jinping. Tratou-se da sua primeira visita a um país estrangeiro desde que assumiu a liderança do regime de Pyongyang em finais de 2011.

Esta nova visita demonstra os esforços de Pequim e de Pyongyang em dar um novo impulso às suas relações bilaterais, de acordo com as agências internacionais. O apoio da China às sanções económicas aprovadas no seio da ONU para tentar travar o programa nuclear norte-coreano abalou as relações entre os dois países.

Segundo vários especialistas, a China, um aliado histórico da Coreia do Norte, não deseja ficar marginalizada perante as recentes aproximações diplomáticas de Pyongyang com outros países.

Kim Jon-un encontrou-se com o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em finais de abril numa cimeira qualificada como histórica e prepara-se para reunir dentro de semanas, num encontro inédito, com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Após a minha primeira reunião com o camarada Presidente [Kim], as relações entre a China e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC, Coreia do Norte) registaram progressos positivos, assim como a situação na península coreana. Estou feliz por isso”, declarou Xi Jinping, citado pela Nova China.

“São positivos os resultados da minha reunião histórica com o camarada secretário-geral (Xi)”, disse o líder norte-coreano, segundo a mesma fonte.

Na segunda-feira, o diário sul-coreano Chosun Ilbo noticiou que a tão aguardada cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un vai realizar-se em meados de junho em Singapura.

Trump disse na sexta-feira que a data e o local do encontro já tinham sido definidos e que seriam anunciados em breve.

9 Mai 2018

Economia | Vice-primeiro-ministro em Washington na próxima semana

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês Liu He desloca-se “na próxima semana” a Washington, para retomar as negociações com as autoridades norte-americanas, visando evitar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta, informou a Casa Branca.

Liu He, principal encarregado da política económica do país asiático, liderou na semana passada uma primeira ronda de negociações com uma delegação norte-americana chefiada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
As conversações não terminaram, no entanto, com um acordo que permita pôr fim às crescentes disputas comerciais.
“O responsável pelas questões económicas do executivo chinês, o vice-primeiro-ministro, virá a Washington na próxima semana para continuar as discussões” com a administração de Donald Trump, anunciou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.
Liu He, antigo aluno da universidade norte-americana de Harvard, é conhecido pelo seu domínio da língua inglesa.
O Presidente dos EUA quer reduzir o deficit na balança comercial com a China e exige que Pequim garanta às empresas norte-americanas uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual. Segundo um documento divulgado pela agência Bloomberg, e apresentado como ponto de partida para as negociações em Pequim, Trump exige uma redução do deficit comercial dos EUA com a China de “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020. Trump exige ainda que as taxas alfandegárias chinesas sejam reduzidas para os valores praticados pelos EUA e o fim de subsídios estatais para certos sectores industriais estratégicos.

Em recuperação
As exportações chinesas recuperaram no mês passado, depois de caírem em Fevereiro, segundo dados ontem divulgados, que revelaram ainda um aumento no superavit com os Estados Unidos, fonte de uma intensa disputa comercial com Washington.
As alfândegas chinesas anunciaram uma subida das exportações de 21,5 por cento, face a Abril de 2017, depois de terem recuado 2,7 por cento, em Março.
As importações medidas em dólares aumentaram 12,9 por cento, fixando o superavit chinês em 28,8 mil milhões de dólares. No mês passado, a balança comercial chinesa registou um raro deficit de 5 mil milhões de dólares.
No mesmo mês, o superavit da China nas trocas comerciais com os EUA fixou-se em 22,2 mil milhões de dólares, depois de em Março se ter fixado nos 15,4 mil milhões.
Os dados ontem anunciados surgem numa altura de crescente tensão entre Washington e Pequim, em torno do crónico deficit norte-americano nos negócios com a China. Entre Janeiro e Abril, a China registou um superavit de 80,4 mil milhões de dólares nas trocas comerciais com os EUA.
Pelas contas do Governo chinês, no ano passado, a China registou um superavit de 275,8 mil milhões de dólares no comércio com os EUA. As contas de Washington fixam o superavit chinês ainda mais acima, em 375,2 mil milhões de dólares.

9 Mai 2018