Hoje Macau China / ÁsiaGoverno chinês ordena investigação a caso polémico de bebés que terão ADN alterado [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês ordenou ontem uma investigação ao caso envolvendo um cientista chinês que reclamou esta semana ter criado os primeiros bebés do mundo manipulados geneticamente, para os tornar resistentes ao vírus da Sida. Em declarações à televisão chinesa CCTV, o vice-ministro chinês da Ciência e Tecnologia, Xu Nanping, disse que foi ordenada uma investigação porque a experiência feita é ilegal e viola a ética. Xu Nanping adiantou que todas as actividades relacionadas com a experiência científica foram suspensas. À mesma televisão, o director-adjunto da Comissão Nacional de Saúde da China, Zeng Yixin, frisou que “os infractores” serão castigados. A actuação das autoridades chinesas acontece um dia depois de o cientista, He Jiankui, ter anunciado “uma pausa” nas experiências, após críticas da comunidade científica chinesa e internacional e de a universidade onde trabalha ter anunciado a abertura de uma investigação ao caso. Hoje, um grupo de 14 especialistas em manipulação genética defendeu que é demasiado cedo para se tentar fazer mudanças permanentes no material genético (ADN) que possam ser herdadas pelas gerações futuras. Em comunicado, os peritos, que participaram esta semana numa conferência sobre genética em Hong Kong, China, consideram que é irresponsável realizar experiências em óvulos, espermatozóides ou embriões por ainda não se saber o suficiente sobre possíveis riscos. He Jiankui disse esta semana que alterou o ADN de embriões que deram origem a duas gémeas que nasceram no início de novembro, para as tornar resistentes contra eventuais infeções pelo VIH. O cientista chinês usou a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 para modificar embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais. Todos os homens que participaram na experiência estavam infectados com o VIH, ao contrário das mulheres, e tiveram as suas infecções reprimidas por medicamentos padrão para o vírus da Sida. Os resultados da experiência não foram avaliados por pares nem publicados em revistas científicas.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping em Lisboa | Analistas prevêem investimentos em portos e ferrovias Arnaldo Gonçalves, especialista em relações internacionais, e José Luís Sales Marques, economista, disseram à agência Lusa que os acordos assinados entre a China e Portugal podem originar novos investimentos nas áreas dos portos e ferrovias, sem esquecer as ligações a África e América Latina [dropcap]E[/dropcap]specialistas em relações internacionais disseram à agência Lusa que a visita oficial do Presidente chinês a Portugal é uma oportunidade para garantir investimento em portos e na ferrovia, mas também em projectos tripartidos em África e América Latina. Os portos de Leixões e de Sines, a modernização da linha ferroviária que pode até passar pela privatização parcial ou total da Comboios de Portugal (CP), cooperação tripartida entre a China, Portugal e países africanos ou da América Latina para assegurar investimentos de grande escala são alguns dos exemplos dados por docentes e investigadores numa antevisão da visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, a Lisboa. “Esta é uma oportunidade para se passar das palavras aos actos, de dar uma expressão económica às boas relações entre Portugal e a China”, sublinha o presidente do Fórum Luso-Asiático, Arnaldo Gonçalves, lembrando que “Portugal, só entre 2010 e 2016, tornou-se no sétimo país europeu em que se registou mais investimento chinês”. “Na área das infra-estruturas, está em cima da mesa a possibilidade de a China investir nos portos portugueses. O porto de Roterdão [Holanda] está sobrecarregado. Se a China quer prosseguir o esforço no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ vai ter que ter um porto alternativo. Os portos de Leixões e Sines podem ser alternativas interessantes”, sustenta o professor de Ciência Política e Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Macau. Por outro lado, acrescenta, “Portugal precisa, mais tarde ou mais cedo, de modernizar a sua linha ferroviária”, defendendo que o país necessita de adoptar uma postura mais pró-activa. “Para além dos portos, a privatização total ou parcial da CP poderia ser uma opção”, adianta o investigador, lembrando, contudo, que a aposta chinesa em vias de comunicação terrestres e marítima “coloca problemas políticos delicados à União Europeia [UE]”, sobretudo “num quadro de reemergência do poder russo e da aproximação entre Xi [Jinping] e [Vladimir] Putin”. Ou seja, explica, Portugal tem que ter algum cuidado” e “acertar bem as agulhas com a União Europeia para, no fundo, não ser uma ‘lebre’ posta a correr por Pequim contra a própria política externa da UE”. A possibilidade de Portugal receber novos investimentos nestas áreas foi anunciada por Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros, aquando da sua recente visita a Macau. Santos Silva disse que a assinatura de um memorando de entendimento no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota” poderia ser assinado durante a presença de Xi Jinping na capital portuguesa, entre os dias 4 e 5 de Dezembro, ainda que este não será assinado “a qualquer preço”. O ministro português deixou também claro que o Porto de Sines é “o melhor ponto” para que a “nova Rota da Seda ancore na Europa”. “Um grande simbolismo” Já o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), José Sales Marques, acredita que ainda há espaço “para reforçar de forma significativa a cooperação” e que, também por isso, a visita de Xi Jinping a Portugal “é de grande simbolismo” porque “acontece num momento em que as relações estão num ponto muito alto” e após uma década “de forte expressão económica”. Sales Marques expressa a sua convicção de que, “a ser assinado um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’” durante a visita de Xi Jinping, é possível que se verifique um entendimento conjunto “sobre projectos como o porto de Sines e a ligação ferroviária [de alta velocidade] até Espanha”. O docente e investigador alerta, também, que os compromissos entre Portugal e a China não podem colidir com os interesses europeus, devendo “estar sujeitos a regras definidas pelo Tratado de Lisboa relativas a acordos sobre investimento estrangeiro”. O presidente do IEEM destaca a importância da “nova realidade ao nível das relações bilaterais entre os dois países”, mas admite que será interessante verificar “até que ponto podem surgir, em concreto, projectos de investimento trilateral entre Portugal, China e um país africano, lusófono ou não”. Uma opinião partilhada por Arnaldo Gonçalves, que junta a possibilidade de Lisboa e Pequim poderem acordar “investimentos tripartidos (…) não só em África, como também na América Latina”. Afinal, exemplifica, “houve investimentos brutais chineses que fizeram disparar a dívida interna brasileira e que aparentemente vão ser congelados pelo Presidente [Jair] Bolsonaro”, pelo que “Portugal pode limar, aí, algumas arestas”. Por seu lado, José Sales Marques, que faz questão em enumerar as manifestações das relações sino-portuguesas, como os ‘vistos gold’, aquisição da EDP, crescente fluxo turístico e até as celebrações em Portugal do Dia da China e do Ano Novo chinês como provas de que Lisboa “tem de continuar a olhar sem preconceitos e com naturalidade para o investimento” de Pequim. “A visita coloca Portugal no mapa”, conclui por sua vez Arnaldo Gonçalves, alertando para uma outra prioridade, a de que os responsáveis políticos portugueses têm de acautelar situações como a entrada de empresas lusas no mercado chinês. Visita presidencial antecipa Ano da China em Portugal O Presidente chinês, Xi Jinping, chega a Lisboa em visita oficial, na terça-feira, antecipando o arranque do ano da China em Portugal e preparando a comemoração de 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Quando for proclamado o Ano do Porco, a 5 de Fevereiro do próximo ano, uma enorme festa popular animará as ruas de Lisboa, não apenas para celebrar a chegada do novo ano chinês, mas também para recordar os 40 anos de história das relações diplomáticas entre Portugal e a China. A visita de Xi Jinping, que termina na próxima quarta-feira, vem antecipar e preparar essas celebrações, que terão o seu contraponto na China, com a declaração do ano de Portugal na China, em simultâneo, como foi anunciado em Julho passado pelo então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes. A deslocação do Presidente chinês foi avançada pela primeira vez por Marcelo Rebelo de Sousa, em Junho, e então classificada pelo Presidente português como “muito importante” e espelho da “capacidade de diálogo e de entendimento”. Xi vai reunir-se, em Lisboa, com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, António Costa. A delegação de Xi Jinping inclui Yang Jiechi, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista Chinês, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Conselheiro de Estado, Wang Yi, e o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico do país, He Lifeng. As celebrações do ano de Portugal na China e do ano da China em Portugal incluem apresentações de companhias de bailado, concertos e exposições, num programa que foi meticulosamente estudado entre os dois governos, durante uma visita do ministro da Cultura português à China, em Julho. Primeira desde Hu As relações diplomáticas entre Portugal e a China estabeleceram-se a 8 de Fevereiro de 1979, depois de as negociações formais entre representantes de Portugal e da China se terem iniciado, em Paris, em 1978, três anos depois de o novo regime democrático em Portugal ter reconhecido o governo da República Popular da China, em Janeiro de 1975. As celebrações também recordam os 20 anos da transferência da soberania de Macau para a República Popular da China, que aconteceu a 20 de Dezembro de 1999. “Macau joga um papel de grande importância” na relação entre os dois países, afirmou em Julho o então ministro da Cultura, mencionando a forma positiva como os dois países se entenderam para a transição de soberania daquele território. A visita de Estado de Xi Jinping é a primeira desde Novembro de 2010, quando o então Presidente da China, Hu Jintao, esteve em Lisboa. Em 2017, no momento de celebração do Novo Ano chinês, o Ano do Galo, um galo de Barcelos com 10 metros de altura, da autoria da artista Joana Vasconcelos, foi enviado para a China, simbolizando “a amizade entre os povos e os países”, como disse na altura o primeiro-ministro português, António Costa. Números capitais 3.393 milhões – Valor em dólares do saldo da balança comercial entre Portugal e a China, entre Janeiro e Julho deste ano. Durante aquele período, Portugal comprou ao país asiático bens no valor conjunto de 2.099 milhões de dólares (+1,43 por cento, em termos homólogos), e vendeu mercadorias num total de 1.294 milhões de dólares (+16,87 por cento). 13.º – A China era, em Julho deste ano, o 13.º cliente de Portugal e o seu sexto fornecedor. 10.000 milhões de euros – Montante investido em Portugal pela China, desde que, em 2012, a China Three Gorges (CTG) comprou uma participação de 21,35 por cento no capital da EDP. 256.735 – Turistas chineses que visitaram Portugal, em 2017, um acréscimo de 40,7 por cento, face ao ano anterior. 130 milhões de euros – Montante gasto pelos turistas chineses durante a sua estada em Portugal, no ano passado. 27.854 – Vistos emitidos pelas secções consulares portuguesas na China continental (exclui Macau e Hong Kong), em 2017. A China é o segundo país onde Portugal mais emite vistos, a seguir a Angola. 15 – Centros de vistos que Portugal tem na China, a cargo do grupo privado VFS Global. 3.952 – Cidadãos chineses que obtiveram a Autorização de Residência para a actividade de Investimento (ARI), os chamados vistos ‘gold’, desde que o programa entrou em vigor, em Outubro de 2012. 1.110 – Portugueses que residiam na China, em 2016. 100 – Treinadores portugueses de futebol a trabalhar na China. O ‘desporto-rei’ será a área que mais portugueses emprega no país, reflectindo a ambição de Pequim de elevar a selecção chinesa ao estatuto de grande potência. 25 – Universidades da China continental com licenciatura em língua portuguesa. 4 – Número de universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho – onde o Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua e cultura chinesas, está já implantado.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan vai lançar plano para atrair investimento de empresários da ilha no exterior [dropcap]O[/dropcap] Governo de Taiwan anunciou hoje que vai lançar, no início de 2019, um plano de ação para atrair o investimento de empresários da ilha no exterior, com incentivos fiscais e outras facilidades. Em comunicado, as autoridades disseram que a ilha vai oferecer, a partir do próximo ano, “serviços personalizados” às empresas para “simplificar procedimentos administrativos” e ajudar a satisfazer necessidades de terrenos, mão de obra, financiamento, fornecimento estável de energia e benefícios. O objectivo deste plano é atrair empresários da ilha com investimentos no exterior para “promover a modernização e transformação industrial e fazer de Taiwan um centro-chave na cadeia de abastecimento da indústria global”. Taipé considerou que “os próximos três anos são essenciais para atrair empresários” locais com investimentos no exterior, sobretudo na China, para que regressem à ilha. As empresas de Taiwan radicadas na China estão a ser afectadas pela guerra comercial entre Pequim e os Estados Unidos e as autoridades receiam que um agravamento do conflito resulte numa multiplicação de efeitos negativos, já que as empresas locais têm quase metade da capacidade produtiva instalada no exterior, principalmente na China. Muitas companhias de Taiwan, a operar na ilha, como a TSMC, primeiro fabricante mundial de semicondutores, manifestaram também preocupação perante a guerra comercial entre Washington e Pequim, já que fornece empresas locais, chinesas e de outras nacionalidades, instaladas em solo chinês. Grande parte das exportações de Taiwan para a China é de componentes destinados a empresas da ilha para produtos destinados à exportação, sobretudo para a Europa e os Estados Unidos. Em 2017, 41% das exportações de Taiwan destinaram-se aos mercados da China e de Hong Kong, num montante total de 130,2 mil milhões de dólares, de acordo com dados do Ministério da Economia da ilha, o que demonstra a forte dependência do território face ao mercado chinês. Na China encontram-se cerca de 50 mil companhias de Taiwan, muitas das quais orientadas para a exportação. O montante total do investimento acumulado de Taiwan na China é de cerca de 120 mil milhões de dólares, segundo dados de Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaSenadores dos EUA querem saber se chinesa ZTE violou sanções ao ajudar Venezuela [dropcap]D[/dropcap]ois senadores norte-americanos pediram ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que investigue se a empresa de chinesa de equipamento para telecomunicações ZTE estaria a violar as sanções impostas pelos EUA ao ajudar a Venezuela. O pedido foi feito na quarta-feira pelos senadores Marco Rúbio e Chris Van Hollen, através de uma carta e, segundo a imprensa norte-americana, em causa estaria a ajuda prestada pela ZTE “na monitorização e seguimento dos cidadãos venezuelanos, desde 2016”. Esta ajuda teria permitido a criação de uma base de dados, com o “cartão da pátria”, promovida pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) para supervisionar o comportamento da população. Os senadores querem ver determinado se a ZTE usou ilegalmente componentes norte-americanos ou ajudou o Governo do Presidente Nicolás Maduro a violar processos democráticos ou direitos humanos, bem como se terá trabalhado com indivíduos sancionados pelos Estados Unidos. Até ao momento não houve qualquer reacção oficial de parte do Governo de Maduro nem da empresa chinesa que, segundo a imprensa venezuelana, desenvolve vários projectos na Venezuela, em aliança com a telefónica estatal CANTV.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor | Ministra da Educação diz que método do ensino de português e tétum deixou “graves lacunas” [dropcap]O[/dropcap] método de ensino de português e tétum no início da escolaridade em Timor-Leste até 2014 “não conduziu a bons resultados”, deixando os alunos com “graves lacunas de conhecimentos” noutras áreas, defendeu a ministra da Educação timorense. “Apesar dos muitos esforços e da existência de um método coerente para o ensino das línguas, tal não conduziu a bons resultados, ou seja, não se mostrou eficaz para o nosso contexto, por várias razões”, afirmou Dulce Soares, em entrevista, por escrito, à Lusa. Dulce Soares concedeu uma entrevista à Lusa para analisar alguns dos aspectos relacionados com o trabalho do seu Ministério, com destaque para questões curriculares, de língua e de recursos educativos. A governante considera que os dados mostram que o método aplicado até 2014 – “que assentava no ensino da língua portuguesa e da língua tétum logo desde o 1.º ano de escolaridade e que assumia o português como língua de instrução” – sacrificou “aprendizagens noutras áreas, por (…) valorizar mais a língua portuguesa do que a língua tétum”. “O recenseamento nacional de 2015 mostra que 80% da população afirma ter a língua tétum como primeira, segunda ou terceira língua, enquanto que apenas 5% afirmam o mesmo em relação à língua portuguesa. Quando analisamos os dados relativos às crianças em idade escolar, essa percentagem, em relação à língua portuguesa, cai para os 0,04%”, adiantou. Um exemplo do impacto sente-se entre alguns das universidades que estão a receber alunos “fruto desse método anterior a 2014” que manifestam “graves lacunas em termos de conhecimentos (…) que são resultado desse método anterior”. A análise dos falhanços desse método levou o Governo a avançar com a sua polémica reforma curricular de 2015, com a aposta na progressão linguística do tétum ao português: “era altura de mudar, de experimentar outra coisa”, defendeu a governante. Além da revisão curricular, acrescentou, foram aprovados “instrumentos reguladores da progressão linguística, determinando, em cada ano de escolaridade, como deverá ser realizada essa progressão, e onde o tétum começa por servir como base e depois o português é introduzido gradualmente”. Ainda é cedo, sustentou, dois anos depois, para avaliar se o novo método “afectou negativamente a aprendizagem da língua oficial”, sendo necessário continuar a “investir mais na formação dos professores e assegurar a distribuição dos materiais didácticos”. “Quem sabe, daqui a 10 ou 15 anos, iremos analisar o contexto e, de acordo com a evolução da nossa sociedade, avaliaremos o método novamente e podemos determinar um outro método, podendo até voltar ao método inicial, caso as condições já forem as favoráveis para ser implementado”, explicou. Dulce Soares insistiu que os desafios no sector educativo em Timor-Leste não são resolvidos apenas com alterações ou aprovações legislativas, sendo necessárias outras medidas mais amplas. “A legislação base para a educação existe! Agora, há é uma tendência de alguns em, por vezes, ‘culpar’ a legislação e achar que a legislação irá trazer impactos directos no sucesso escolar, mas políticas educativas e o alcance de sucesso escolar num país democrático não se atingem com receitas tão simples”, afirmou. Ministra rejeita que projeto piloto de ensino divida país Dulce Soares rejeitou que o projecto piloto de recurso a línguas locais maternas como línguas de ensino e instrução cause divisões no país, sendo ainda cedo para determinar o seu nível de sucesso. “Valorizar a cultura e identidade dos cidadãos não provoca divisão, mas antes a valorização de todos e a valorização de uns pelos outros. Portanto, não acredito que este projeto vá criar divisões na sociedade. O caminho a percorrer é diferente, mas o resultado esperado é o mesmo”, afirmou a ministra. “Queremos preparar crianças capazes de, no futuro, serem cidadãos activos na sociedade, capazes de pensar e analisar e com o domínio das duas línguas oficiais do país. Todos começam no mesmo patamar, uns fazem um percurso e outros fazem outro, mas têm de atingir ao mesmo tempo o mesmo objetivo”, sustentou. A ministra lembrou que a própria constituição defende a valorização das línguas nacionais e que “não há nenhum país que tenham valorizado as línguas locais e que isso tenha conduzido à divisão do país”. Entre as medidas polémicas do Governo conta-se um projeto piloto introduzido em dez das mais de 1.700 escolas do país onde é usada, em cada uma, a língua nacional materna dos seus alunos como língua de ensino e instrução. Na prática, explicou, trata-se de um projecto para perceber as vantagens e desvantagens de um processo de progressão linguística “da língua nacional para a língua tétum e depois para a língua portuguesa”. “Apesar de o ensino de uma língua e das outras áreas disciplinares ser feito inicialmente na língua primária do aluno, no final do 6.º ano estas crianças terão de ter uma forte base de literacia nas duas línguas oficiais, tétum e português, tal como as restantes crianças que fazem um percurso escolar regular”, adiantou. “Nas escolas do 1.º e 2.º ciclo que seguem o currículo nacional, as línguas nacionais podem ser usadas apenas como apoio ou facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, quando necessário, para assegurar a igualdade de todos no direito a aprender e apenas nos primeiros anos de escolaridade”, acrescentou. Dulce Soares – que foi vice-ministra da Educação no VI Governo e tutela a pasta no atual VIII Governo – explicou que, no caso deste projecto piloto, foram produzidos materiais didácticos nas línguas oficiais e dada formação aos professores para os poderem aplicar, com o seu desempenho “também avaliado por falantes da respectiva língua”. Mais exclusão? A governante rejeitou as conclusões de um relatório de maio desde ano, produzido pelo Ministério da Educação do VII Governo, que considera que o projecto “não está a obter o sucesso esperado junto das comunidades locais”. No documento refere-se que os professores dizem que a sua implementação “agrava o sentimento de exclusão” face a outras escolas e ao resto do país e que o método é “confuso e sem repercussões positivas no futuro académico dos alunos”. “Para podermos proceder a uma análise aprofundada e que permita concluir sobre os índices de sucesso e as repercussões positivas no futuro académico dos alunos que estudam nessas dez escolas que integram o programa-piloto, devemos realizar testes e usar outros instrumentos válidos para determinar o nível de aprendizagem escolar”, afirmou. Em contrapartida, Dulce Soares citou um relatório de Outubro de 2016, sobre o mesmo projecto, que aponta dados positivos, incluindo “fortes ganhos de desempenho” que acelera o desenvolvimento académico das crianças. “Concordo com o que é expresso no relatório de maio de 2018, de que alguns professores e dirigentes podem partilhar do ‘sentimento de exclusão’ face a outras escolas e ao resto do país”, fundamentou. “Por isso, quando tomei posse determinei ser necessário aprovar formalmente o programa-piloto da língua materna, pois é importante regular este programa, assim como os outros programas, como o programa do CAFE, alimentação escolar, entre outros”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Cientista que terá criado bebés geneticamente manipulados suspende experiências O cientista chinês que anunciou ter modificado geneticamente o ADN de duas gémeas para que se tornassem imunes ao vírus da Sida, anunciou que iria interromper temporariamente os ensaios clínicos. A experiência já foi condenada por vários cientistas, um pouco por todo o mundo [dropcap]O[/dropcap] cientista chinês que alega ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados no mundo anunciou ontem que vai fazer uma “pausa” nas suas experiências, após as reações da comunidade científica internacional. “Vai realizar-se uma pausa nos ensaios clínicos, dada a situação actual”, disse ontem He Jiankui durante uma conferência de especialistas em Hong Kong, na qual reiterou a sua declaração de segunda-feira, em como era responsável pelo nascimento de gémeas cujo ADN foi manipulado para as tornar resistentes ao vírus da Sida. Na mesma conferência internacional, um antigo prémio Nobel, David Baltimore, afirmou que o trabalho do cientista chinês mostrou uma falha de auto-regulação entre os cientistas. Baltimore sublinhou que o trabalho de Jiankui “seria considerado irresponsável” porque não atendia a critérios com os quais muitos cientistas concordaram há vários anos, antes que a manipulação genética pudesse sequer ser considerada. David Baltimore falava numa conferência internacional em Hong Kong, onde o cientista chinês He Jiankui, de Shenzhen, fez as suas primeiras declarações públicas desde que o seu trabalho foi revelado. Jiankui disse que as gémeas nasceram este mês e que foram concebidas de forma a que pudessem resistir a possíveis futuras infecções pelo vírus da Sida. Baltimore adiantou que os membros que formam a comissão da conferência vão reunir-se e divulgar uma declaração na quinta-feira sobre o futuro neste campo científico. Outro proeminente cientista norte-americano que discursou na conferência, o reitor da Escola de Medicina de Harvard, George Daley, alertou contra uma reação adversa à alegação de He. Daley argumentou que seria lamentável se um passo em falso com um primeiro caso levasse cientistas e órgãos reguladores a rejeitar o bem que poderia advir da alteração do ADN para tratar ou prevenir doenças. Ainda não há confirmação independente da alegação do cientista chinês, mas cientistas e reguladores foram rápidos em condenar a experiência como antiética e não-científica. A Comissão Nacional de Saúde ordenou que as autoridades locais na província chinesa de Guangdong investigassem as acções de He Jiankui, enquanto o seu empregador, a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, anunciou também que abriu um inquérito. Novo mapa Na segunda-feira, o cientista chinês afirmou ter ajudado a criar os primeiros bebés geneticamente manipulados do mundo, gémeas cujo ADN He Jiankui disse ter alterado com tecnologia capaz de reescrever o ‘mapa da vida’. O cientista, He Jiankui, da cidade de Shenzhen, disse que alterou os embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais, tendo resultado numa gravidez até agora. Jiankui afirmou que o objectivo não é curar ou prevenir uma doença hereditária, mas tentar criar uma capacidade de resistência a uma possível infecção futura de VIH-Sida. Nos últimos anos, os cientistas descobriram uma maneira relativamente fácil de manipular genes. A ferramenta, chamada de CRISPR-cas9, torna possível alterar o ADN para fornecer um gene necessário ou desactivar um que esteja a causar problemas. Jiankui estudou nas universidades de Rice e Stanford nos Estados Unidos antes de regressar à terra de origem para abrir um laboratório na Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, onde também tem duas empresas de genética. Um cientista norte-americano garantiu ter trabalhado com Jiankui nesse projecto. Trata-se de um professor de física e bioengenharia, Michael Deem, que foi seu conselheiro na Universidade de Rice, em Houston. Deem também detém “uma pequena participação” nas duas empresas de Jiankui, disse. Todos os homens do projecto tinham VIH, enquanto que todas as mulheres não, mas a manipulação genética não visava evitar o pequeno risco de transmissão, explicou.
Hoje Macau China / ÁsiaG20 | Donald Trump e Xi jinping debatem disputas comerciais [dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, vai ter esta semana oportunidade de se colocar à prova como negociador, quando reunir com o homólogo chinês, Xi Jinping, para debater uma guerra comercial que ameaça a economia mundial. Trump, que diz ser um “grande negociador”, vai reunir com Xi, durante a cimeira do G20, que se realiza em Buenos Aires, sexta-feira e sábado. Caso os dois líderes não estabeleçam tréguas, as disputas comerciais deverão intensificar-se: as taxas alfandegárias que Trump impôs sobre quase metade das importações oriundas da China estão configuradas para aumentarem de 10 por cento para 25 por cento, no início de 2019. Pequim deverá retaliar. Os analistas duvidam de um acordo final, que termine de vez com a guerra comercial. No entanto, os mais optimistas esperam que os dois lados concordem com uma espécie de “cessar-fogo”, que permita manter o diálogo e adiar o agravar das disputas. Mas numa entrevista publicada terça-feira pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal, Trump disse ser “altamente improvável” que a Casa Branca venha a aceitar o pedido de Pequim, de suspender o agravamento das taxas alfandegárias. Trump voltou ainda a ameaçar com a possibilidade de alargar as taxas alfandegárias a todos os produtos importados da China. O Presidente norte-americano mostrou-se confiante: “Estou muito bem preparado. Não é como se precisasse de me sentar e estudar. Eu sei o que estou a fazer. Sei melhor do que qualquer outra pessoa. E a minha intuição sempre esteve certa”. Wendy Cutler, vice-presidente do Instituto de Estudos Asiáticos e antigo funcionário norte-americano para o Comércio, que negociou com a China, considerou que as “expectativas”, para o encontro no G20, “são muito baixas”. “Vai ser uma negociação muito difícil. Os assuntos em questão não são de solução fácil”, disse. Trump impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos. Washington justificou a decisão com tácticas “predatórias” por parte de Pequim, na sua ambição em competir em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável ou robótica, visando quebrar com o domínio industrial norte-americano. A Casa Branca alega que Pequim força a transferência de tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês, ou usurpa segredos comerciais às empresas norte-americanas. Pequim nega as acusações e afirma que as sanções de Trump visam apenas conter a ascensão do país. As disputas levaram já a quedas nas praças financeiras em todo o mundo, sobretudo na China, onde a bolsa de Xangai recuou mais de 20 por cento, desde que o início das disputas, este Verão. Divisões internas Na semana passada, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa a previsão do crescimento da economia mundial de 3,7 por cento para 3,5 por cento, citando as disputas comerciais como um dos principais motivos. Grupos empresariais norte-americanos têm apelado ao Governo para que chegue a um acordo com a China, mas o panorama actual é pouco encorajador. Na semana passada, o representante do Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, afirmou que os esforços da China para usurpar segredos comerciais de firmas norte-americanas “aumentaram em frequência e sofisticação”. “A China, fundamentalmente, não alterou as suas acções, políticas e práticas, relativas à transferência de tecnologia, propriedade intelectual e inovação, e parece mesmo que adoptou outras medidas irracionais, nos últimos meses”, afirmou, num relatório. Mas a Casa Branca parece também dividida entre defensores de uma política mais agressiva face à China, como o conselheiro para o comércio Peter Navarro, e defensores do comércio livre, como o conselheiro máximo para a política económica, Larry Kudlow. No início deste mês, Navarro afirmou num discurso que Trump não se interessa sobre o que Wall Street pensa sobre a sua política de confronto com a China. Mas quatro dias depois, Kudlow considerou os comentários de Navarro “infundados”. “Não foram autorizados por ninguém”, disse Kudlow. “Penso mesmo que ele fez um mau serviço ao Presidente”, afirmou.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaXi Jinping chegou ontem a Madrid e reuniu com Felipe VI [dropcap]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping chegou ontem à capital espanhola para uma visita oficial de três dias, seguindo depois para Lisboa e posteriormente para a América Latina. De acordo com a agência noticiosa Xinhua, Xi Jinping reuniu com o rei Filipe VI com o intuito de reforçar laços de amizade e de cooperação entre a China e Espanha. No encontro, que decorreu no Palácio de Zarzuela, Xi Jinping lembrou que os dois países estabeleceram uma “parceria estratégica” em 2005 e que desde então têm vindo a reforçar os laços bilaterais, bem como “a confiança política mútua”. “Os laços sino-espanhóis estão no melhor período da sua história. Estou plenamente confiante no futuro desta relação bilateral”, apontou Xi Jinping, citado pela Xinhua. O presidente chinês disse também que “os dois lados devem intensificar a cooperação em áreas como a economia, comércio, turismo e mercados terceiros com ligação à iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, bem como trazer a parceria sino-espanhola para um novo nível que possa trazer melhores benefícios a ambas as populações”. Do lado espanhol, o rei Felipe VI lembrou que este ano marca os 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, bem como os 40 anos da primeira visita realizada à China por parte do anterior rei e pai de Felipe VI, Juan Carlos I. “Espanha valoriza a amizade e cooperação com a China”, frisou. O jornal espanhol ABC publicou uma carta assinada por Xi Jinping, intitulada “De mãos dadas para o esplendor de uma Nova Era”. A viagem de Xi Jinping ao ocidente acontece também devido à presença do governante na cimeira do G20, que acontece em Buenos Aires, capital da Argentina. Uma passagem pelo Panamá também está na agenda.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump vai reunir-se com líderes da Rússia e China na cimeira do G20 [dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos da América vai ter reuniões bilaterais com vários líderes na cimeira do G20, que decorre na sexta-feira e no sábado na Argentina, incluindo os seus homólogos da Rússia e da China, foi ontem anunciado. “O Presidente e a delegação [dos EUA] vão interagir com vários dirigentes, incluindo reuniões bilaterais com o Presidente da Argentina, o Presidente da Rússia, o primeiro-ministro japonês e a chanceler da Alemanha, e um jantar de trabalho com o Presidente chinês”, disse Sarah Sanders, porta-voz do executivo norte-americano. O Presidente norte-americano, Donald Trump, também irá reunir-se com os líderes da Turquia, Índia e Coreia do Sul, segundo afirmou John Bolton, conselheiro da Segurança Nacional. Questionado se estava previsto um encontro entre Donald Trump e o príncipe saudita Mohammed bin Salman na cimeira do G20, John Bolton respondeu negativamente, explicando que o programa de reuniões bilaterais “já está completo”. Apesar das declarações de Bolton, Sarah Sanders não descartou a hipótese de uma reunião informal com os sauditas. A reunião do grupo das 20 principais economias do mundo realiza-se em Buenos Aires.
Hoje Macau China / ÁsiaPelo menos 22 mortos em explosão junto a fábrica de produtos químicos na China [dropcap]P[/dropcap]elo menos 22 pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas numa explosão perto de uma fábrica de produtos químicos na cidade chinesa de Zhangjiakou, no norte da província de Hebei, segundo as autoridades locais. Fontes do governo local citadas pela agência de notícias estatal Xinhua informaram que a explosão ocorreu às 00h41 de hoje e que os feridos foram transportados para o hospital. O fogo que resultou da explosão que ocorreu perto da Hebei Shenghua Chemical Industry de Zhangjiakou alastrou para 38 camiões e 12 outros veículos. A televisão pública CGTN noticiou na sua conta na rede social Twitter que o fogo foi controlado. Fotografias publicadas no Twitter pelo jornal oficial Diário do Povo mostram veículos carbonizados e uma espessa nuvem de fumo preto num recinto vedado. As autoridades estão a investigar as causas que motivaram a explosão.
Hoje Macau China / ÁsiaBrasil e China assinam memorandos de entendimento sobre pescado e fruta [dropcap]D[/dropcap]ois memorandos de entendimento foram ontem assinados entre os governos da China e do Brasil, na área do pescado e da fruta, informou o Governo brasileiro em comunicado. Um dos memorandos abrange a área de pescado, para avançar a partir do próximo ano, e o outro foi assinado com o objectivo de finalizar um protocolo relativo à comercialização de fruta. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro, Blairo Maggi, e o ministro da Administração Geral da Alfândega Chinesa, Ni Yuefeng, que é responsável pela autorização da entrada no país de animais e vegetais, assinaram os documentos numa audiência realizada em São Paulo, no Brasil. O governante brasileiro informou ainda que está em curso uma missão chinesa no Brasil, no âmbito da carne de aves e bovina. “Caso haja aprovação, haverá um novo e grande impulso nas exportações de produtos de origem animal para aquele país. O Brasil já é o maior exportador de carne bovina para a China”, afirmou Blairo Maggi. Os memorandos de entendimento surgem depois da polémica entre a República Popular da China e o recém-eleito Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, quando este último criticou o país asiático durante toda a sua campanha eleitoral. Através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, a China avisou Jair Bolsonaro de que se seguir a linha do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira. Antes, em Fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que também não agradou a Pequim. No entanto, Jair Bolsonaro negou no passado dia 10 ter problemas com a China e afirmou querer estabelecer comércio com vários países sem “viés ideológico”. “Alguma imprensa fala que vamos ter problemas com a China. Não temos problemas nenhuns com a China. Recebi na semana passada o embaixador da China e conversámos bastante. Já recebi também o embaixador dos Estados Unidos da América. (…) Alguns países estão muito felizes com a nossa eleição porque deixarão de fazer comércio com o Brasil com o viés ideológico”, afirmou Jair Bolsonaro, na sua conta da rede social Facebook.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente tanzaniano critica Ocidente que ameaça retirar apoios e elogia China [dropcap]O[/dropcap] Presidente da Tanzânia, John Magufuli, criticou ontem a posição de vários países e organizações ocidentais, que ameaçam retirar apoios financeiros, e elogiou a presença chinesa no país, que diz “oferecer ajuda sem condições”. “As coisas grátis são na verdade caras, essencialmente quando são dadas por alguns países”, disse o chefe de Estado, aludindo à posição tomada por alguns países doadores, que ameaçaram retirar fundos de ajuda fundamentais para o país. As declarações surgem depois de alguns dos países e organizações doadoras terem ameaçado retirar fundos necessários ao país, justificando as medidas com a deterioração das condições humanitárias na Tanzânia. A Dinamarca está a reter as 65 milhões de coroas (cerca de 8,7 milhões de euros) em ajuda externa ao país, depois de o comissário regional de Dar Es Salam ter feito “comentários homofóbicos inaceitáveis” que também levaram a União Europeia a rever o seu apoio financeiro. O Banco Mundial suspendeu um empréstimo de 300 milhões de dólares destinado à educação, depois da proibição criada pelo Estado em readmitir alunas que tenham estado grávidas. “As únicas coisas realmente grátis são as fornecidas pela China”, afirmou Magufuli, durante a abertura da biblioteca da Universidade de Dar Es Salam, capital do país, uma infraestrutura de 90 mil milhões de xelins (cerca de 34.630 milhões de euros) construída com um fundo chinês. “A China é uma verdadeira amiga que oferece ajuda sem condições”, acrescentou o chefe de Estado da Tunísia, citado pela Bloomberg. Vários grupos de defesa dos direitos humanos avisaram que a economia tanzaniana está a ser prejudicada. As autoridades da Tanzânia são acusadas de deter membros da oposição e defensores da liberdade de imprensa, assim como de recusar serviços médicos e tratamento para o VIH a membros da comunidade Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual e Intersexo (LGBTI).
Hoje Macau China / ÁsiaONG pede à Índia que abandone buscas por norte-americano morto por indígenas [dropcap]U[/dropcap]m grupo de defesa dos direitos humanos pediu às autoridades indianas que abandonem os esforços para recuperar o corpo de um norte-americano que terá sido morto por indígenas numa ilha onde apenas é permitida a presença a locais. A organização não-governamental (ONG) Survival International, que trabalha para proteger os povos indígenas, alertou em comunicado na segunda-feira que os habitantes locais podem ser expostos a doenças mortais se os elementos das equipas de resgate pisarem na ilha Sentinela do Norte, onde John Allen Chau foi morto no início deste mês. As notas que Chau deixou para trás revelaram que o missionário queria levar o cristianismo aos indígenas. Equipas das autoridades indianas viajaram por várias vezes nos últimos dias perto daquela ilha remota, mas ainda não procederam a qualquer desembarque. Os estudiosos acreditam que os indígenas são descendentes de africanos que migraram para aquela área há cerca de 50 mil anos. Os indígenas terão matado o turista norte-americano que se arriscou a chegar a uma ilha indiana remota no arquipélago de Andamão e Nicobar, no Oceano Índico, cujo acesso é proibido para proteger o povo que a habita, disse fonte policial. “O turista é cidadão norte-americano e foi visto pela última vez no passado dia 16 de Novembro pelos pescadores que o acompanharam até à ilha Sentinela do Norte”, explicou Jatin Narwal, porta-voz da Polícia de Andamã, na baía de Bengala. As autoridades desconhecem até agora de que forma o turista morreu, ainda que segundo a imprensa local a vítima tenha morrido pelo impacto de flechas, pouco depois de ter posto os pés na ilha. Ao longe Frequentemente descrita como a tribo mais isolada do planeta, os habitantes da ilha Sentinela do Norte vivem num regime de autossuficiência. O Governo indiano proíbe a aproximação a menos de cinco quilómetros da ilha. Segundo a Survival International, os indígenas que habitam a ilha há 55.000 anos mataram em 2006 dois pescadores que se aproximavam da costa. A população indígena das ilhas Andamã conta com 28.077 indivíduos, segundo dados da Comissão Nacional Para as Tribos (NCST). As ilhas Andamão e Nicobar, situadas a cerca de mil quilómetros do território da Índia, eram pouco visitadas até à época colonial, permitindo que as tribos mantivessem intacta a sua forma de vida.
Hoje Macau China / ÁsiaQuénia | Três funcionários chineses acusados de suborno [dropcap]T[/dropcap]rês cidadãos de nacionalidade chinesa foram ontem acusados num tribunal em Mombaça, no sudeste do Quénia, de subornos e tentar influenciar uma investigação criminal sobre um escândalo de corrupção no maior projecto de infra-estruturas do país. De acordo com a agência noticiosa Efe, os três acusados são funcionários da construtora China Road and Bridge Corporation (CRBC), subsidiária da empresa estatal Communications Construction Company (CCCC), e negaram no tribunal as acusações que enfrentam. Os três homens são acusados de tentar subornar, com 5.000 dólares, uma equipa que investigava um caso de corrupção na construção do terminal de comboios da Standard Gauge Railway (SGR, na sigla em inglês) de Mombaça. Segundo a acusação, foram registados outros subornos, em períodos posteriores, no valor de 2.000 dólares. Para evitar que os arguidos tentassem influenciar o processo judicial, o juiz não permitiu que os três homens saíssem em liberdade mediante o pagamento de uma caução. O Departamento de Investigação Criminal acompanha, ainda, um alegado caso de manipulação de bilhetes de comboio, que poderá ser parte de uma fraude multimilionária que levou à detenção de vários funcionários quenianos da CRBC, operadora da linha ferroviária do SGR Madaraka Express. Com um custo estimado de 3.600 milhões de dólares, que a torna na infraestrutura mais cara no Quénia desde a sua independência, em 1963, a SGR foi construída principalmente pela CRBC. Ainda que a primeira viagem oficial na linha se tenha realizado em 1 de Junho de 2017, dia de Madaraka, que comemora a independência do país e que baptizou a linha, esta só começou o seu serviço de forma regular em 1 de Janeiro deste ano.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Agregador de notícias Jinri Toutiao paga a internautas que desmontem rumores A plataforma de notícias chinesa tem em curso uma campanha de “limpeza” de conteúdos indesejáveis. Os melhores artigos que desmascarem boatos podem receber até três mil yuans [dropcap]O[/dropcap] popular agregador de notícias chinês, Jinri Toutiao, está a oferecer recompensas em dinheiro até três mil yuans por artigos que desmontem rumores, noticiou ontem o South China Morning Post (SCMP). Apelidado de “100”, o projecto foi lançado na segunda-feira e vai premiar os 100 melhores artigos que desmascarem rumores. A aplicação é gerida pela Bytedance, com sede em Pequim, uma das ‘startups’ mais valorizadas do mundo. A campanha de “limpeza” visa qualquer conteúdo considerado como inapropriado, incluindo notícias políticas sensíveis, rumores que tenham as celebridades como alvo, denúncias de incidentes violentos e piadas entendidas como desagradáveis, segundo o SCMP. No início do mês, o órgão regulador dos ‘media’ chineses informou que as pessoas podem ser recompensadas com valores até 600 mil yuans por reportarem conteúdo pornográfico e “ilegal”, online ou impresso, a partir de 1 de Dezembro. O Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista da China, alertou em Outubro os criadores de conteúdo de que os “rumores não podem possuir a mente das pessoas”, e apelou a todos os internautas a não criarem rumores ou a acreditarem em especulações. Jinri Toutiao, que significa “manchetes de hoje”, foi lançado em 2012 como o primeiro aplicativo de notícias da China baseado em algoritmos de inteligência artificial para recomendar diferentes notícias a diferentes leitores. A popular aplicação, no entanto, não escapou à campanha de “limpeza” chinesa, já que em Abril foi removido de todas as plataformas de aplicações por duas semanas devido a “conteúdo obsceno”, recordou o SCMP na sua edição de ontem. Nesse período, o fundador e executivo-chefe da Bytedance, Zhang Yiming, escreveu um pedido público de desculpas em que prometia “auto-reflexão”. Rede cercada A Toutiao recuperou o quarto lugar no ‘ranking’ de aplicações com maior número de downloads na loja chinesa de ‘apps’ para iOS no mês passado, segundo a empresa de pesquisa de aplicações para dispositivos móveis App Annie. Segundo o SCMP, a campanha do Governo chinês para reprimir o conteúdo online colocou mais pressão sobre os operadores de plataformas para contratarem mais pessoas para monitorizar e remover conteúdo em tempo real. De resto, Zhang terá prometido reforçar a sua equipa de censura de seis mil para dez mil pessoas em Abril. Toutiao anunciou ter interceptado mais de 500 mil artigos contendo rumores e baniu 9.026 conteúdos que espalharam rumores desde Maio, através do uso de censores humanos e tecnologia de inteligência artificial. A empresa também informou que se juntou à Universidade de Michigan para utilizar tecnologias de inteligência artificial.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Carlos Ghosn suspeito de usar fundos da Nissan para cobrir perdas pessoais [dropcap]O[/dropcap] ex-presidente da Nissan Motor Carlos Ghosn terá utilizado fundos da empresa japonesa para cobrir perdas de investimentos pessoais no valor de cerca de 13,2 milhões de euros, noticiou hoje a agência nipónica Kyodo. De acordo com a agência, que cita fontes ligadas ao processo, Ghosn sofreu essas perdas durante a crise financeira de 2008. Esta revelação junta-se a uma série de actos de má conduta financeira que Ghosn supostamente cometeu nos últimos anos e que levaram à sua detenção em 19 de Novembro. Ghosn, que está detido numa prisão de Tóquio, a aguardar detalhes da acusação, foi demitido como presidente da Nissan e também das mesmas funções na empresa japonesa Mitsubishi. No domingo, a Renault lançou uma auditoria interna sobre as remunerações de Ghosn, que também é presidente executivo da empresa francesa, e ‘arquitecto’ da aliança Renault-Nissan. Além de Ghosn foi também detido o seu principal colaborador, o norte-americano Greg Kelly. Segundo as informações divulgadas esta manhã pelo canal público NHK, Carlos Ghosn negou as acusações que lhe são imputadas de ocultar rendimentos e de má gestão do dinheiro da empresa.
Hoje Macau China / ÁsiaSismo de magnitude 5 sentido em Tóquio [dropcap]U[/dropcap]m sismo de magnitude 5 na escala de Richter e com epicentro a norte de Tóquio foi sentido na noite de segunda-feira na capital japonesa, anunciaram as autoridades locais. De acordo com a Agência Meteorológica do Japão, que fornece informações sobre desastres naturais, o sismo foi registado às 08h33 locais, coincidindo com a hora de deslocação das pessoas para os locais de trabalho. O epicentro, registado a uma profundidade de 50 quilómetros, localizou-se na região de Ibaraki-ken Nambu, ao norte da baía de Tóquio, com a agência japonesa a descartar a possibilidade de ‘tsunami’. O sismo, de curta duração, foi sentido especialmente na periferia norte da capital, não existindo, até ao momento, a informação de qualquer vítima. Este é terceiro sismo com magnitude igual ou superior a 5 na escala de Richter registado no Japão nos últimos sete dias. Os dois anteriores ocorreram mais longe da capital e em nenhum deles se registaram vítimas.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente Duterte aconselha filipinos a evitarem igrejas católicas [dropcap]O[/dropcap] Presidente das Filipinas reacendeu o confronto com os bispos e padres católicos do país, onde mais de 85% da população professa o catolicismo, aconselhando os filipinos a não irem à igreja para pagar contribuições. “Construam uma capela nas vossas próprias casas e rezem lá, assim não há necessidade de ir à igreja para pagar a esses idiotas”, disse Rodrigo Duterte, na segunda-feira, durante a inauguração do sistema de abastecimento de água na cidade de Davao, no sul das Filipinas. O Presidente destacou que as “crenças católicas são arcaicas” e que os seus ensinamentos não podem ser aplicados ao presente porque estão reféns de uma fé com três mil anos. Na semana passada, Duterte acusou o bispo de Caloocan, Pablo Virgilio David, de roubar, por pedir contribuições aos fiéis mais pobres. O prelado respondeu, afirmando que o Presidente não sabe o que diz, “porque está doente”. Duterte insistiu, dizendo acreditar num Deus diferente, que “não cobra dinheiro” e que não é “estúpido”. Após um diálogo com a hierarquia católica no país, ambas as partes acordaram uma trégua na troca de acusações, entretanto quebrada por Duterte. O confronto entre o Presidente das Filipinas e a Igreja Católica remonta a Fevereiro de 2017, quando a conferência episcopal criticou a sangrenta guerra contra as drogas, apelidando-a de um “reinado de terror”, uma posição à qual Duterte reagiu com insultos dirigidos aos bispos.
Hoje Macau China / ÁsiaBanca | Empresa de Hong Kong adquiriu parte do BANIF, que ganhou o nome de Bison Bank [dropcap]O[/dropcap] Bison Bank é a nova designação do BANIF – Banco de Investimento que foi lançada ontem em Portugal, estando focado nos segmentos de ‘wealth management’, gestão de activos e banca de investimento, anunciou hoje o Bison Capital Financial Holdings. Em comunicado, os chineses da Bison Capital Financial Holdings (Hong Kong) Limited, que adquiriram a parte do BANIF que estava na Oitante, destacam que “é com base na ligação privilegiada ao mercado asiático que o Bison Bank irá distinguir-se das restantes entidades financeiras no nosso país”, em “especial neste actual contexto em que Portugal se posiciona como o segundo país europeu que mais investimento chinês recebe, quando ponderado pela sua dimensão económica”. “Os recursos que a Bison detém nos mercados asiáticos permitem que o banco potencie uma rede sólida e distinta de conhecimentos que, entre outros, dará possibilidade aos actuais clientes de beneficiarem de uma plataforma de oportunidades de investimento nos mais variados países”, refere. Segundo adianta, o banco irá “servir ainda como ponte financeira entre a Ásia, Europa e vice-versa: “Os nossos objectivos passam por criar uma ligação intercontinental sólida entre os continentes asiático e europeu apoiando um fluxo constante de ligações que aproximam os mercados de investidores em todo o mundo”. “Com esta aquisição e o lançamento do Bison Bank iremos apoiar clientes asiáticos interessados em investir e expandir a actividade internacionalmente, bem como investidores internacionais interessados na China”, refere a presidente não-executiva do Bison Bank, Lijun (Lily) Yang, citada no comunicado. A proposta dos chineses, cujo valor não foi divulgado, foi apresentada como “aquela que apresentava as condições mais favoráveis à maximização da venda” da instituição. No final de Junho deste ano, o Banco de Portugal anunciou que pediu o início da liquidação judicial do BANIF, na sequência da revogação pelo Banco Central Europeu da autorização para o exercício da actividade de instituição de crédito. Em Dezembro de 2014, o BANIF foi alvo de uma medida de resolução, por decisão do Governo e do Banco de Portugal, o que levou a que muitos clientes se viessem a afirmar como lesados por aquela instituição bancária. Entre os lesados estão cerca de 3.500 obrigacionistas, em grande parte oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, mas também das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que perderam 263 milhões de euros. Além destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil accionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira. Parte da actividade do Banif foi adquirida pelo Santander Totta por 150 milhões de euros, tendo sido ainda criada a Oitante, para onde foi transferida a actividade bancária que este comprador não adquiriu. Desde a resolução do Banif, investidores do banco têm andado em ‘luta’ por uma solução que os compense pelas perdas.
Hoje Macau China / ÁsiaCooperação em energia, infra-estruturas e tecnologia na agenda de Xi Jinping em Lisboa [dropcap]P[/dropcap]ortugal e a China vão assinar, durante a visita a Lisboa do Presidente Chinês, Xi Jinping, em Dezembro, acordos de cooperação em vários domínios, incluindo os sectores da energia, infra-estruturas e ciência e tecnologia, segundo a Xinhua. De acordo com a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, que cita o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Chao, os acordos a assinar durante a visita do chefe de Estado chinês a Portugal cobrem áreas que vão desde as infra-estruturas, à cultura, educação, ciência e tecnologia, conservação de água, controlo de qualidade, energia e finanças. Segundo o vice-ministro, durante a visita, que decorre a 4 e 5 de Dezembro, Xi Jinping terá encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e com o primeiro-ministro, António Costa. Portugal é um de quatro países que o líder chinês vai visitar entre 27 de Novembro e 5 de Dezembro, para reforçar os respectivos laços bilaterais. Xi Jinping vai ainda até Espanha, Panamá e Argentina, onde irá decorrer a cimeira do G20. Bom momento No âmbito da deslocação será ainda assinada uma declaração conjunta entre Portugal e a China, avança a Xinhua, sem especificar o teor. O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, tinha adiantado, em Outubro, aquando de uma deslocação a Pequim, que Portugal e a China estavam a ultimar um memorando de entendimento no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, centrada no investimento de infra-estruturas. Não adiantou, no entanto, se tal memorando seria assinado durante a visita oficial de Xi Jinping a Portugal. A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, proposta em 2013 pelo Presidente chinês tem como objectivo reforçar as ligações e dinamizar o comércio entre várias economias da Ásia, do Médio Oriente, da Europa e de África, através do investimento em infra-estruturas. Na ocasião, Santos Silva destacou o momento “particularmente auspicioso” das relações com a China, adiantando que durante a visita do chefe de Estado chinês a Portugal será assinalada ” a excelência das relações políticas e diplomáticas” bem como o desenvolvimento da relação económica entre Portugal e a China.
Hoje Macau China / ÁsiaCientista chinês alega ter criado primeiros bebés geneticamente manipulados [dropcap]U[/dropcap]m cientista chinês afirmou hoje que ajudou a criar os primeiros bebés geneticamente manipulados do mundo, gémeas cujo ADN He Jiankui disse ter alterado com tecnologia capaz de reescrever o ‘mapa da vida’. A revelação foi feita pelo próprio em Hong Kong a um dos organizadores de uma conferência internacional sobre manipulação de genes que deve começar na terça-feira e, anteriormente, em entrevistas exclusivas à agência de notícias Associated Press (AP). “A sociedade decidirá o que fazer a seguir”, argumentou na entrevista. O cientista He Jiankui, da cidade de Shenzhen, disse que alterou os embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais, tendo resultado numa gravidez até agora. Jiankui afirmou que o objectivo não é curar ou prevenir uma doença hereditária, mas tentar criar uma capacidade de resistência a uma possível infecção futura de VIH-Sida. O cientista adiantou que os pais envolvidos não quiseram ser identificados ou entrevistados e não disse onde estes moram ou onde o trabalho foi realizado. Não há confirmação independente da reivindicação de He Jiankui, que tão pouco foi publicada ou examinada por outros especialistas. Alguns cientistas ficaram espantados ao terem conhecimento da alegação e condenaram-na com veemência. É “inconcebível… uma experiência em seres humanos que não é moralmente ou eticamente defensável”, criticou um especialista em manipulação de genes da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos), Kiran Musunuru, e editor de uma revista de genética. “Isso é prematuro demais”, declarou o diretor do Scripps Research Translational Institute (estado norte-americano da Califórnia), Eric Topol. No entanto, um famoso geneticista, George Church, da Universidade de Harvard (estado norte-americano do Massachusetts), defendeu a manipulação de genes para combater o vírus do VIH-Sida, que apelidou de “uma grande e crescente ameaça à saúde pública”. “Acho que isso é justificável”, defendeu Church. Nos últimos anos, os cientistas descobriram uma maneira relativamente fácil de manipular genes. A ferramenta, chamada de CRISPR-cas9, torna possível alterar o ADN para fornecer um gene necessário ou desativar um que esteja a causar problemas. Só recentemente foi tentado em adultos para tratar doenças mortais, mas as mudanças estão confinadas a essa pessoa. A manipulação de espermatozóides, óvulos ou embriões é diferente, já que as alterações podem ser herdadas. A China proíbe a clonagem humana, mas não especificamente a manipulação de genes. Jiankui estudou nas universidades de Rice e Stanford nos Estados Unidos antes de regressar à terra de origem para abrir um laboratório na Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, onde também tem duas empresas de genética. Um cientista norte-americano garantiu ter trabalhado com Jiankui nesse projecto. Trata-se de um professor de física e bioengenharia, Michael Deem, que foi seu conselheiro na Universidade de Rice, em Houston. Deem também detém “uma pequena participação” nas duas empresas de Jiankui, disse. O investigador chinês referiu que praticava a manipulação genética de ratos, macacos e embriões humanos no laboratório há vários anos e solicitou patentes sobre a sua metodologia. He Jiankui acrescentou que optou por testar a manipulação genética de embriões para o VIH, porque o vírus é um grande problema na China. O cientista tentou desactivar um gene chamado CCR5, que forma uma porta proteica que permite que o VIH, o vírus que causa a Sida, entre numa célula. Todos os homens do projecto tinham VIH, enquanto que todas as mulheres não, mas a manipulação genética não visava evitar o pequeno risco de transmissão, explicou. Os pais tiveram as suas infecções profundamente reprimidas por medicamentos padrão para o VIH e existem maneiras simples de evitar que infectem descendentes que não envolvem a alteração de genes. Em vez disso, a intenção era oferecer aos casais afectados pelo VIH a hipóteses de terem um filho que pudesse ser protegido de um destino semelhante. He Jiankui recrutou casais através de um grupo de defesa de casos relacionados com o vírus da Sida, Baihualin, que tem a sua sede em Pequim. O seu líder, conhecido pelo pseudónimo “Bai Hua”, afirmou à AP que não é incomum na China que pessoas com VIH percam empregos ou que tenham problemas para obter assistência médica se as infecções forem divulgadas.
Hoje Macau China / ÁsiaFuncionários presos na China por tentarem formar sindicato sem acesso a família e advogados [dropcap]A[/dropcap] Amnistia Internacional (AI) denunciou sábado a situação em que vivem vários funcionários presos na China por tentarem formar um sindicato, que estão impedidos de verem as famílias e com um acesso restringido aos advogados. “Há preocupação com o seu bem-estar e com o acesso a um julgamento justo”, refere esta organização defensora dos direitos humanos em comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE, acrescentando que os quatro homens enfrentam “dificuldades contínuas” para se encontrarem com os respectivos advogados desde que foram detidos. Perante esta situação, a AI pediu ao governo chinês que os quatro homens “sejam libertados ou julgados de acordo com os padrões internacionais em julgamentos justos, e não pelo exercício pacífico dos seus direitos à liberdade de expressão e reunião”. A organização exigiu também que os presos tenham “acesso regular e irrestrito aos seus parentes e advogados”. Desde Maio, os funcionários da empresa tecnológica Jasic, que tem fábricas nas cidades de Shenzhen e Chengdu, empregando ao todo 1.200 funcionários, têm vindo a reivindicar os seus direitos, depois de a empresa demitir os trabalhadores mais críticos. Os funcionários também protestam contra os baixos salários, as más condições de trabalho e outras práticas de gestão abusivas por parte da entidade patronal. Em Julho deste ano, vários funcionários foram presos e acusados de “provocar discussões e problemas”, estando, pelo menos três destes trabalhadores detidos, além de uma representante de uma Organização Não Governamental que foi presa por gritar palavras de ordem em apoio aos trabalhadores em frente a uma esquadra da polícia. Além disso, denúncia AI, alguns representantes dos trabalhadores foram demitidos e outros espancados por pessoas não identificadas depois de tentarem voltar a trabalhar na fábrica.
Hoje Macau China / ÁsiaOsaka, no Japão, volta a sediar Expo em 2025 [dropcap]A[/dropcap] cidade de Osaka, no Japão, vai acolher a Exposição Universal em 2025 (Expo 2025), pela segunda vez na história, depois de ultrapassar Ecaterimburgo, na Rússia, e Baku, capital do Azerbaijão, numa votação realizada sexta-feira em Paris. “Estou muito feliz (…) que o Japão tenha sido escolhido como sede da Expo”, disse o primeiro-ministro Shinzo Abe, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, no qual expressou gratidão “pela amizade e solidariedade dos países que apoiaram o Japão”. Osaka foi palco da Exposição Universal em 1970, sob o tema “Progresso e Harmonia para a Humanidade”. Desta vez, apresenta-se ao mundo com o tema “Conceber a sociedade do futuro, imaginar a nossa vida amanhã”, entre Março e Novembro de 2025. O líder nipónico descreveu a notícia como uma “grande oportunidade para transmitir o encanto do Japão ao mundo” e mostrou-se convicto de que o evento irá contribuir para o aumento do número de turistas no país e para a revitalização das economias regionais. As Exposições Universais são realizadas a cada cinco anos, podem durar até seis meses e permitem que os países participantes construam seus próprios pavilhões. A última Expo teve lugar em Milão, em 2015, sob o tema “Alimentar o planeta, energia para a vida”. A próxima será realizada em 2020, no Dubai, que venceu a ‘corrida’ com o tema “Unindo mentes, criando o futuro” e com a intenção de abordar três sub-temas: mobilidade, sustentabilidade e oportunidade. Será a primeira vez que a Expo se realizará no Médio Oriente. A Expo é o terceiro maior evento internacional em termos de impacto económico e cultural, atrás do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwaneses dizem não ao casamento ‘gay’ em referendo [dropcap]O[/dropcap]s taiwaneses aprovaram este sábado um referendo contra o casamento ‘gay’, um passo atrás que pode dificultar a ordem do Supremo Tribunal para legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo em 2019. A votação vai contra a decisão histórica tomada pela Justiça taiwanesa em Maio do ano passado, que deu luz verde ao reconhecimento entre pessoas do mesmo sexo e estabeleceu o prazo de dois anos para que fosse aprovada uma legislação. Os taiwaneses também rejeitaram alterar o nome da ilha em competições desportivas. Propunha-se adoptar “Taiwan” em vez da actual “Taipé chinesa”, um claro desafio a Pequim. No mesmo dia, em que se realizaram dez referendos, o partido no poder, pró-independência, sofreu uma pesada derrota nas eleições locais, levando a presidente Tsai Ing-wen a deixar a direcção da formação. A China já saudou os resultados. O Kuomintang, principal partido da oposição, mais aberto a compromissos com a China, disse ter conquistado a presidência de 15 dos 22 municípios, quando no anterior escrutínio tinha obtido apenas seis. O Partido Progressista Democrático (PPD), que tinha 13, indicou ter conseguido seis. Tsai e o PPD são assim penalizados pela deterioração dos laços com a China, que continua a considerar Taiwan como parte integrante do seu território. “Enquanto dirigente do partido no poder, assumirei a total responsabilidade pelo resultado das eleições locais de hoje. Demito-me do meu cargo de presidente do PPD”, anunciou Tsai à imprensa. “Os nossos esforços não foram suficientes e desiludimos os nossos apoiantes”, adiantou a Presidente, apresentando as suas “sinceras desculpas”. Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.