A Associação do Ferro e do Aço da China previu ontem um impacto limitado das taxas de 25 por cento impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, mas advertiu para o efeito adverso para a indústria mundial.
Nas bolsas chinesas, nove das dez maiores empresas siderúrgicas chinesas registaram ontem perdas, mas no caso do alumínio, a Chalco e a China Hongqiao, as duas principais empresas deste sector, ganharam 4,63 por cento e 2,2 por cento, respectivamente.
No que diz respeito a esta medida imposta pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, que entrou ontem em vigor, a associação chinesa prevê um impacto “limitado”, já que as exportações de aço da China para os EUA “representam uma pequena percentagem”. No entanto, “a longo prazo, pode levar outros países a seguir o exemplo, reduzindo a competitividade das exportações de aço da China”.
O vice-secretário-geral da organização, Zhang Longqiang, disse à estação estatal CCTV que a medida é “um acto de proteccionismo comercial” e manifestou “firme oposição” às novas taxas porque “não são conducentes a um comércio saudável e justo e à concorrência no mercado”.
“O aumento das taxas não vai, em última análise, proteger a indústria siderúrgica dos EUA – pelo contrário. Além disso, numa perspectiva de médio e longo prazo, as taxas terão um impacto adverso na cadeia industrial e na cadeia de abastecimento da indústria siderúrgica mundial, incluindo a da China”, afirmou.
A porta-voz para o Comércio, He Yongqian, sublinhou ainda que “muitos países se opuseram explicitamente”. Pequim protestou na altura contra as taxas de 25 por cento impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, sublinhando que não há vencedores em disputas comerciais.
Embora os EUA não estejam entre os seus principais compradores – importaram cerca de 1,8 por cento das compras de aço do país asiático – a China exporta estes materiais para outros países como o Canadá e o México, que por sua vez os vendem ao país norte-americano.
Efeito dominó
Segundo os especialistas, alguns produtos são comprados por outros países e reenviados para os Estados Unidos, o que afectaria o aço semiacabado chinês, que é transformado em países como o México ou o Vietname antes de ser exportado para os Estados Unidos.
Os especialistas preveem também um efeito dominó, uma vez que as taxas aumentarão os preços do aço e do alumínio, em especial nos EUA, o que conduzirá a aumentos generalizados a nível mundial.
Outros consultores sugerem que as medidas se destinam a impedir a evasão das taxas, através do transbordo de aço e alumínio através de países terceiros, no que é conhecido como comércio “triangular”.
Na segunda-feira, entraram em vigor novas taxas chinesas sobre os produtos agrícolas dos EUA, em resposta às taxas anteriormente impostas por Washington sobre produtos chineses.