Taiwan | Pequim diz que reunificação está mais perto do que nunca

A China “está mais perto do que nunca” de alcançar a “reunificação total” com Taiwan, afirmaram ontem as autoridades chinesas, dias após o líder Xi Jinping ter obtido um terceiro mandato de cinco anos.

“Estamos mais perto do que nunca na nossa História e mais confiantes e capazes de que vamos alcançar o rejuvenescimento nacional e a reunificação completa da pátria”, enfatizou o porta-voz do Escritório para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Ma Xiaoguang, em Pequim, em resposta a perguntas sobre as palavras de Xi sobre Taiwan, na abertura do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC).

“As rodas da História estão a mover-se em direcção à reunificação da China”, disse Xi, que garantiu que a reunificação “vai ser concretizada”. O PCC elegeu, este fim de semana, a nova composição do Comité Central e do Comité Permanente do Politburo, mantendo Xi como secretário-geral da organização.

O actual líder da China emergiu durante a sua primeira década no poder como um dos líderes mais fortes na História moderna da China, quase comparável a Mao Zedong, o fundador da República Popular, que liderou o país entre 1949 e 1976.

26 Out 2022

Covid-19 | Xangai lança vacina tomada por via respiratória

A nova inoculação está a ser administrada gratuitamente e pretende convencer os mais reticentes em serem vacinados, além de actuar também como dose de reforço

 

A cidade chinesa de Xangai começou ontem a administrar uma vacina inalável contra a covid-19, no que parece ser a primeira inoculação deste género no mundo. A vacina, que é inalada pela boca, está a ser oferecida gratuitamente como dose de reforço para pessoas previamente vacinadas, de acordo com um anúncio publicado ontem por uma conta oficial do município nas redes sociais.

Esta inoculação visa persuadir quem está reticente em ser vacinado e a expandir a vacinação em países pobres, já que é mais fácil de administrar.

A vacinação contra a covid-19 não é obrigatória na China, mas o país pretende aumentar o rácio da população que recebeu doses de reforço, antes de relaxar as medidas de prevenção epidémica. O país mantém uma estratégia de tolerância zero à doença.

Depressa e bem

Um vídeo difundido pela imprensa estatal chinesa mostra pessoas num centro de saúde comunitário a colocar a ponta de um recipiente translúcido na boca. O texto que acompanha as imagens indica que, após inalar lentamente, a pessoa deve prender a respiração por cinco segundos. No total, o procedimento demora 20 segundos a ser concluído.

“Foi como beber um copo de chá com leite”, disse um morador de Xangai no vídeo. Uma vacina tomada pela via respiratória também pode afastar o vírus antes que ele atinja o resto do sistema respiratório, embora isso dependa em parte do tamanho das gotículas, disse um especialista citado pela imprensa local. Gotículas maiores treinariam defesas em partes da boca e da garganta, enquanto as menores penetrariam mais no corpo, descreveu.

Os reguladores chineses aprovaram a vacina para uso como dose de reforço em Setembro. A inoculação foi desenvolvida pela farmacêutica chinesa Cansino Biologics Inc., como uma versão em aerossol da vacina de dose única da mesma empresa, que usa um vírus relativamente inofensivo.

A Cansino disse que a vacina inalada completou testes clínicos na China, Hungria, Paquistão, Malásia, Argentina e México. Reguladores na Índia aprovaram uma vacina nasal, outra abordagem sem agulha, mas que ainda não está a ser usada. A vacina, desenvolvida nos Estados Unidos e licenciada para a fabricante indiana de vacinas Bharat Biotech, é esguichada no nariz. Cerca de uma dúzia de vacinas nasais estão a ser testadas globalmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

26 Out 2022

China espera que relação com o Reino Unido progrida com Rishi Sunak

A China espera que as suas relações com o Reino Unido progridam quando Rishi Sunak for nomeado primeiro-ministro, disse hoje o ministério dos Negócios Estrangeiros do país.

“A posição da China nas relações sino-britânicas sempre foi inequívoca. O desenvolvimento e proteção das relações dependem dos dois países”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin, em conferência de imprensa. Wang disse ter esperança de que as relações bilaterais entre Londres e Pequim “progridam no caminho certo”, com base no “respeito e benefício mútuos”.

Sunak foi eleito como novo líder do Partido Conservador Britânico e foi indigitado pelo Rei para ser o próximo primeiro-ministro do Reino Unido. O monarca encarregou o líder conservador de formar um novo governo.

As relações entre o Reino Unido e a China deterioraram-se nos últimos anos, com o governo de Londres a denunciar a campanha lançada por Pequim contra ativistas pró-democracia em Hong Kong. Londres impôs também sanções contra autoridades chinesas devido a violações dos Direitos Humanos na região de Xinjiang.

Em julho de 2020, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson proibiu a compra de equipamentos da Huawei, a gigante chinesa de telecomunicações, para as infra-estruturas do país, por motivos de segurança nacional.

O Governo chinês alertou, em agosto, que é “irresponsável que certos políticos britânicos exagerem a ‘ameaça da China’ ou culpem a China por todos os males”, apontando que “não é assim que vão resolver os problemas do Reino Unido”.

25 Out 2022

Câmbio | Yuan recua face ao dólar para valor mais baixo desde 2007

A moeda chinesa, o yuan, caiu ontem para o nível mais baixo em relação ao dólar norte-americano desde 2007, depois de o líder chinês, Xi Jinping, obter um terceiro mandato e elevar aliados a posições chave. Um dólar valia ontem 7,3060 yuans no encerramento do mercado na China – o nível mais baixo desde o final de 2007 e uma queda de cerca de 16 por cento, em relação ao pico atingido em Março passado. A taxa de câmbio no mercado internacional (‘offshore’) situou-se em 7,3345 yuan.

A moeda chinesa não é inteiramente convertível. O banco central chinês estabelece diariamente uma taxa de paridade para o valor do yuan em relação ao dólar norte-americano. A moeda chinesa pode oscilar até 2 por cento face a essa taxa de referência.

A taxa de câmbio oficial estabelecida pelo Banco Popular da China passou de 7,1230, na segunda-feira, para 7,1668 na terça-feira. A depreciação do yuan surge um dia depois de a Bolsa de Valores de Hong Kong ter afundado 6,3 por cento, para o nível mais baixo desde 2009.

Analistas consideram que a nova formação do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês aumentou o risco para as acções das empresas chinesas, face à ausência de reformistas económicos orientados para o mercado.

Na abertura do congresso, o líder chinês pediu “melhor regulação dos mecanismos de acumulação de riqueza” e a “prevenção da expansão desordenada do capital”, sinalizando crescente escrutínio sobre o capital privado.

25 Out 2022

Empresa chinesa enviou duas composições para o Metro do Porto

As composições, que partiram de Tianjin, são as primeiras a ser exportadas para a União Europeia

 

A fabricante estatal chinesa China Railway Rolling Stock Corp (CRRC) Tangshan enviou para Portugal as duas primeiras composições encomendadas pela Metro do Porto, anunciou a Administração Geral das Alfândegas chinesa.

As composições foram colocadas num barco que partiu do porto de Tianjin, no norte da China, revelou a Administração Geral, num comunicado divulgado na segunda-feira, que sublinhou que estas são as primeiras carruagens chinesas exportadas para a União Europeia.

As primeiras composições, cujo fabrico terminou em Julho, foram enviadas para um período de testes na cidade de Tangshan, na província de Hebei, também no norte da China, disse na altura a CRRC Tangshan.
Zhou Junnian, presidente da CRRC Tangshan, disse num comunicado que, devido ao “impacto adverso trazido pela covid-19”, a produção da primeira composição só arrancou “em Novembro de 2021”, sendo concluída “após mais de oito meses de esforços”.

A empresa chinesa tinha recebido em Outubro de 2020 autorização para iniciar o fabrico de 18 composições, após a Metro do Porto ter obtido um visto prévio do Tribunal de Contas (TdC).

Na altura, fonte oficial da Metro do Porto disse à Lusa acreditar que a CRRC Tangshan poderia entregar pelo menos “uma ou duas unidades” até ao final de 2021, com as restantes composições entregues até 2023, ao ritmo de um por mês.

Segundo a fabricante chinesa, cada uma das composições terá 72 carruagens, uma capacidade máxima de 346 passageiros e velocidade máxima de 80 quilómetros por hora.

Cortar caminho

O contrato assinado em Janeiro de 2020, no valor de 49,57 milhões de euros, inclui serviços de manutenção durante cinco anos, avançou o Ministério do Comércio chinês.

As composições irão servir as novas linhas Rosa, no Porto, entre São Bento e a Casa da Música, e o prolongamento da linha Amarela, entre Santo Ovídio e Vila d’Este, em Vila Nova de Gaia, ambas já em construção. Estas novas linhas vão acrescentar seis quilómetros e sete estações à rede, representando um investimento global na ordem dos 300 milhões de euros.

Actualmente, a frota da Metro do Porto é constituída por 102 veículos: 72 do tipo Eurotram e 30 do tipo Tram-train. Com o investimento em 18 veículos da CRRC Tangshan, a frota do Metro do Porto passará a contar com 120 unidades.

O Metro do Porto opera em sete concelhos da Área Metropolitana do Porto com uma rede de seis linhas, 67 quilómetros e 82 estações.

25 Out 2022

Ministro japonês demite-se devido a ligações com seita Moon

O ministro japonês da Revitalização Económica, Daishiro Yamagiwa, demitiu-se após críticas às suas ligações com a Igreja da Unificação, também conhecida como “seita Moon”.

A sua demissão pretende travar o desgaste que o Executivo liderado pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, está a sofrer devido as ligações de numerosos membros do partido no poder com esta controversa organização religiosa.

Yamagiwa, que fazia parte do gabinete de Kishida desde a sua nomeação há um ano, comunicou hoje a sua demissão ao primeiro-ministro, que aceitou a sua decisão, explicou o político em declarações aos meios de comunicação.

“Concluímos que era melhor tomar esta decisão agora. Queria ter certeza que o meu problema não teria consequências para o Governo”, disse Yamagiwa sobre o momento da sua renúncia, no final da comissão parlamentar de orçamento.

O ministro japonês recebeu numerosas críticas da oposição desde que foi divulgado que havia participado em eventos da Igreja da Unificação e participado em reuniões com o seu líder.

Yamagiwa não informou, inicialmente, que havia participado em tais eventos e reuniões, quando o seu partido está a realizar uma investigação interna sobre o assunto.

O ministro japonês admitiu ter participado nesses atos, embora tenha afirmado que “não fez nada de ilegal”, sublinhando ainda que as poucas informações divulgadas publicamente aconteceram devido “ao facto de não haver registos suficientes” sobre esses eventos.

O governante Partido Liberal Democrático (PLD) ordenou aos seus membros em agosto passado que tornassem públicos os seus laços com a seita, no auge do escrutínio das práticas desta organização após o assassínio do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe.

Abe foi atacado num ato eleitoral em 08 de julho por um homem que culpava a seita Moon pelos problemas financeiros da sua família e decidiu atacar Abe por considerar que o antigo primeiro-ministro havia apoiado essa organização religiosa. Shinzo Abe morreu no mesmo dia, na cidade de Nara, após ter sido baleado com uma arma de fogo artesanal.

As investigações internas do PLD revelaram que cerca da metade dos parlamentares da formação tinha alguma ligação com o grupo ou organizações filiadas, o que confirmou as críticas ao partido e aprofundou o desgaste da imagem do Executivo Kishida, que passa pelo pior momento de apoio popular.

Nesse contexto, Kishida também promoveu outra investigação para tentar determinar se as práticas da Igreja da Unificação estão de acordo com os regulamentos das organizações religiosas. Fundado em 1954 na Coreia do Sul por Sun Myung Moon, conhecido como reverendo Moon, esse grupo é conhecido pelos seus casamentos em massa.

A seita gera grande polémica no Japão pelas chamadas “vendas espirituais”, em que alegadamente os membros da igreja são coagidos a comprar objetos a preços exorbitantes, prática que gerou vários processos judiciais no país.

25 Out 2022

Fosun suspende contrato com agência de ‘rating’ Moody’s

O grupo chinês Fosun, que detém várias empresas em Portugal, anunciou que cessou a colaboração com a agência de notação financeira Moody’s, que, em agosto passado, cortou o ‘rating’ da empresa para B1, apontando “escassa” liquidez.

“A empresa notificou formalmente a Moody’s, no dia 12 de outubro de 2022, que vai cessar a sua cooperação comercial para serviços de notação [financeira] e deixar de fornecer informações relevantes a partir dessa data”, lê-se no comunicado difundido no portal oficial da Fosun, que em Portugal detém a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30% no banco Millennium BCP ou mais de 5% da REN – Redes Energéticas Nacionais.

Em agosto passado, a Moody’s baixou o ‘rating’ da Fosun de Ba3 para B1, refletindo a “escassa” liquidez do grupo e “elevada pressão” de refinanciamento, num período de “crescente aversão” ao risco por parte dos investidores no mercado de dívida.

A agência de classificação apontou também para o perigo de contágio pelos vastos interesses comerciais da Fosun, que se estendem pela China, Europa e Estados Unidos.

O conglomerado, que soma uma dívida equivalente a mais de 38 mil milhões de euros, anunciou, na semana passada, que planeia vender a sua participação maioritária na Nanjing Nangang Iron & Steel United, que está cotada na Bolsa de Xangai.

A concretizar-se este negócio, o grupo desfez-se já do equivalente a mais de cinco mil milhões de euros em ativos este ano, em comparação com 100 milhões de euros, em 2021, segundo dados da Dealogic, fornecedora global de conteúdo e análise para o setor financeiro.

Desde o início do ano, as ações da Fosun International, a principal entidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, caíram quase 50% e estão agora a negociar perto do valor mínimo dos últimos dez anos.

A Fosun disse, no mês passado, que a sua posição financeira permanece “sólida e saudável”. O grupo tem ainda a pagar 8 mil milhões de dólares em títulos de dívida até ao final de 2023, segundo dados compilados pela agência Bloomberg.

A revista chinesa de informação económica Caixin informou recentemente que o presidente do grupo, Guo Guangchang, está em negociações para garantir um empréstimo de 2,1 mil milhões dólares, liderado pelo estatal Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) e o China Minsheng Bank, um dos maiores credores privados da China.

O pacote de resgate pode incluir promessas de partilha de ativos no setor farmacêutico, de acordo com a Caixin.

Em março, o conglomerado chegou a acordo para vender a sua divisão de moda, Lanvin Group, através de uma entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mediante uma empresa de aquisições para fins específicos (SPAC, na sigla em inglês). No mês seguinte, a empresa acordou a venda da seguradora norte-americana AmeriTrust Group Inc à Accident Fund Insurance Company of America, subsidiária integral do AF Group, com sede nos Estados Unidos.

Entre os ativos vendidos este ano pelo grupo constam ainda uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5% do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6% do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros, de acordo com a cotação atual no mercado.

A Moody’s observou que a qualidade de crédito da empresa, que afeta diretamente a sua capacidade de refinanciamento, vai provavelmente enfraquecer devido à venda de ativos, o que significa uma queda nas receitas com dividendos.

Os principais ativos do grupo incluem participações em mais de 40 empresas nas áreas saúde, turismo, gestão de ativos, mineração, siderurgia e tecnologia.

Entre os ativos mais conhecidos constam a cadeia hoteleira Club Med e o clube inglês de futebol Wolverhampton Wanderers. Em 2021, a receita total do grupo fixou-se em 161 mil milhões de yuans e os seus ativos valiam, no conjunto, 806 mil milhões de yuans, de acordo com a empresa.

25 Out 2022

Chanceler alemão Olaf Scholz visita China no início de Novembro

O Governo alemão anunciou esta segunda-feira que o chanceler Olaf Scholz vai visitar Pequim no início de Novembro, reunindo-se com o líder chinês, Xi Jinping, que obteve no domingo um terceiro mandato.

Steffen Hebestreit, porta-voz de Scholz, indicou que o chanceler considera “necessário e correto” fazer finalmente a sua visita inaugural a Pequim, impossibilitada até agora pelas restrições ligadas à pandemia da covid-19.

Scholz vai viajar acompanhado por uma “pequena delegação económica” e não passará a noite na China devido a restrições “complexas”. O país asiático mantém as suas fronteiras praticamente encerradas, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19. Quem chega ao país tem que cumprir dez dias de quarentena em instalações designadas pelas autoridades. O chefe de Governo da Alemanha vai a seguir visitar o Vietname e Singapura.

Hebestreit enfatizou que os contactos com o Governo chinês ocorrem regularmente e que Scholz e Xi se vão encontrar novamente em meados de Novembro, em Bali, por ocasião da cimeira do G20, e posteriormente por ocasião da cimeira sino-alemã, que se vai realizar em Berlim, em janeiro de 2023.

Questionado sobre o incidente com o ex-presidente Hu Jintao durante o encerramento do congresso do Partido Comunista Chinês, o porta-voz disse que Scholz acompanhou o assunto na imprensa e percebeu que existem “grandes dúvidas e especulações”.

No entanto, o chanceler alemão só pode fazer “palpites” sobre o que aconteceu com Hu, que foi afastado do evento, aparentemente contra a sua vontade.

Sobre a possibilidade da estatal chinesa Cosco comprar parte de um terminal no porto de Hamburgo, Hebestreit destacou que o conselho de ministros ainda não tomou uma decisão.

O porta-voz lembrou que a gigante chinesa tem participações nos portos de Roterdão, Antuérpia-Bruges, Pireu e 24 outras instalações no continente europeu, pelo que as críticas de que tal operação é “ingénua” devem ter isso em consideração.

“Quando se trata de infra-estruturas essenciais, é sempre correto examinar os negócios. O nosso governo leva isso muito a sério”, afirmou.

Hebestreit esclareceu, no entanto, que, neste caso, o porto de Hamburgo vai continuar sob controlo da autarquia e que a Cosco apenas adquiriria participações (um terço, segundo a imprensa) num dos operadores.

Na semana passada, vários órgãos de comunicação alemães afirmaram que o chanceler está a tentar autorizar a operação, contra a vontade de todos os ministérios competentes, incluindo aqueles que são geridos pelos seus próprios colegas social-democratas.

Em particular, o ministro da Economia e vice-chanceler, Robert Habeck, já se manifestou contra a venda, devido à importância estratégica do porto, aludindo ao erro cometido com a dependência do gás russo.

25 Out 2022

Grupo étnico diz que ataque aéreo por militares de Myanmar matou 60 pessoas

Ataques aéreos levados de militares de Myanmar mataram mais de 60 pessoas durante uma celebração da principal organização política da minoria étnica Cachim, acusaram esta segunda-feira membros do grupo e um elemento da equipa de resgate.

O ataque relatado ocorreu três dias antes de os ministros dos Negócios Estrangeiros do sudeste asiático realizarem uma reunião especial na Indonésia para discutir o aumento da violência em Myanmar (antiga Birmânia).

O número de vítimas na celebração de domingo à noite da Organização da Independência de Cachim, no estado com o mesmo nome, a confirmar-se seria o mais elevado num ataque aéreo desde que os militares tomaram o poder, em fevereiro do ano passado, derrubando o governo eleito de Aung San Suu Kyi.

Embora não tenha sido possível confirmar de forma independente detalhes do ataque, meios de comunicação social simpatizantes com o movimento de Cachim divulgaram vídeos mostrando imagens do que dizem ser o rescaldo do ataque. Não houve comentários imediatos por parte dos meios de comunicação militares ou governamentais.

Myanmar vive há décadas rebeliões de minorias étnicas que reclamam a autonomia, mas a resistência antigovernamental aumentou acentuadamente em todo o país com a formação de um movimento armado pró-democracia que se opôs à tomada de posse militar do ano passado.

A celebração de domingo do 62º aniversário da fundação da Organização da Independência de Cachim decorreu numa base também usada para treino militar pelo Exército da Independência de Cachim, a ala armada do movimento.

Um porta-voz da associação de artistas de Cachim disse à Associated Press, por telefone, que aviões militares lançaram quatro bombas quando entre 300 e 500 pessoas estavam presentes, pedindo para não ser identificado por temer punição pelas autoridades.

25 Out 2022

Taiwan | Deputados alemães avaliam “tensão”

Uma nova delegação de parlamentares alemães chegou a Taiwan para analisar em primeira mão a “tensa situação de segurança” na ilha, avançou a agência de notícias CNA, uma semana antes do chanceler alemão Scholz visitar Pequim para conversações, sobretudo económicas, com o Governo chinês.

A delegação alemã, que aterrou em Taipé, é chefiada por Peter Heidt, membro da Comissão de Direitos Humanos e Ajuda Humanitária do Parlamento alemão, e é o segundo grupo de representantes do país europeu a visitar Taiwan este mês.

À CNA, antes da visita, Heidt disse que o objectivo era conhecer em primeira mão a “situação tensa de segurança” em Taiwan e deixar clara a posição da delegação de que “não aceitariam um vizinho maior a atacar o seu vizinho mais pequeno”. A visita anterior dos parlamentares alemães, a primeira desde o início da pandemia, teve lugar no início deste mês e foi liderada pelo presidente do grupo de amizade parlamentar germano-taiwanês, Klaus-Peter Willsch.

Esta é a segunda visita de representantes alemães desde a viagem da líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha, no início de Agosto.

25 Out 2022

China critica pacto militar Japão-Austrália

O Japão e a Austrália assinaram no sábado um inédito acordo bilateral de segurança que abrange a cooperação militar, de inteligência, de cibersegurança e espacial, o que comentadores chineses afirmaram “demonstrar a vontade dos dois países de serem peões dos EUA, ameaçando ao mesmo tempo a paz e a segurança regionais”, disseram ao jornal oficial Global Times.

“Não há qualquer menção à China no pacto, mas a maior parte dele é claramente dirigido à China”, salientaram os observadores chineses, considerando que a cooperação em matéria de segurança entre os dois países é “impulsionada pela Estratégia Indo-Pacífico liderada pelos EUA, o que apenas os tornará trampolins para os EUA”.

A Declaração Conjunta sobre Cooperação em matéria de Segurança, um pacto assinado pela primeira vez em 2007, foi o principal resultado da reunião do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida com o seu homólogo australiano Anthony Albanese em Perth, informou a AP no sábado.

Os observadores chineses encaram este novo acordo como “uma sequela de um tratado assinado pelos dois países em Janeiro que permite às forças militares de ambos os países treinar nas bases um do outro e colaborar em missões humanitárias”. É o primeiro acordo deste tipo que o Japão celebra com qualquer outro país que não os EUA.

O Japão anunciou que as suas Forças de Auto-Defesa irão treinar e participar em exercícios com os militares australianos no norte da Austrália pela primeira vez ao abrigo do acordo, disse o relatório da AP.

Está dentro das expectativas que o alvo do novo pacto de segurança tenha mudado em relação ao anterior, assinado há 15 anos atrás, uma vez que a estratégia dos EUA mudou significativamente do contra-terrorismo para o actual Indo-Pacífico, e o Japão e a Austrália – aliados próximos dos EUA – seguiram os EUA neste novo jogo, disse Song Zhongping, um especialista militar chinês, no domingo.

“Isto mostra que o Japão e a Austrália não têm iniciativa diplomática ou independência, e estão dispostos a ser peões dos EUA”, disse Song. “Embora o novo pacto de segurança não mencione a China pelo nome, é claro que a cooperação reforçada entre o Japão e a Austrália visa a China”, disse Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos e director do Centro de Estudos Australianos na Universidade Normal da China Oriental, acrescentando que embora o pacto tenha sido assinado entre o Japão e a Austrália, “é claro que a importante força motriz são, claramente, os EUA”.

“O Japão está a tentar dar relevância o seu estatuto no âmbito do Quad, que também tem os EUA, Austrália e Índia como membros, e procura avanços diplomáticos e militares através deste quadro, uma vez que o governo japonês está a procurar gastar mais com as suas forças armadas como resultado do seu crescente militarismo”, disse Chen.

Além disso, ao estabelecer um mecanismo de partilha de informação com a Austrália, o Japão está mais próximo de adquirir acesso à Five Eyes Alliance, uma aliança de inteligência composta pela Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA, de acordo com Chen.

Os observadores chineses advertiram que o reforço dos laços militares pode não ser tão bom para o Japão e a Austrália como parece. “Tanto o Japão como a Austrália estão a tentar fazer propaganda da ameaça chinesa e a tentar atrair países extraterritoriais para o seu pequeno grupo. Mas isto coloca os países regionais em alerta e ameaça a estabilidade regional”, comentou Da Zhigang, director do Instituto de Estudos do Nordeste Asiático da Academia Provincial de Ciências Sociais de Heilongjiang.

25 Out 2022

EUA querem produzir armas em Taiwan

Os EUA estão a planear coproduzir armas em Taiwan, depois de meios de comunicação ocidentais terem afirmado que a China procura acelerar o seu calendário para a reunificação. A informação surge numa altura em que os EUA enfrentam dificuldades na entrega de produtos acabados devido ao aumento da procura por parte da Ucrânia.

O governo dos EUA está a considerar um plano de produção conjunta de armas com a ilha de Taiwan, numa iniciativa destinada a acelerar as transferências de armas para reforçar a “dissuasão” da ilha contra o continente chinês, informou a Reuters na quarta-feira, citando Rupert Hammond-Chambers, presidente do US-Taiwan Business Council, que conta como membros numerosas empresas de defesa dos EUA.

“Ainda está por determinar que armas seriam consideradas como parte do esforço, embora provavelmente se concentrasse em fornecer à ilha de Taiwan mais munições e tecnologia de mísseis há muito estabelecida”, disse Hammond-Chambers.

As possibilidades incluiriam os EUA a fornecer tecnologia para produzir armas em Taiwan, ou a produzir as armas nos EUA utilizando peças da ilha, noticiou na quarta-feira o jornal japonês Nikkei.

Mas Hammond-Chambers disse também que qualquer medida desse tipo exigiria aos fabricantes de armas a obtenção de licenças de co-produção dos departamentos do Estado e da Defesa dos EUA, e poderia haver resistência no seio do governo dos EUA à emissão de licenças de co-produção devido ao desconforto sobre a aprovação de tecnologia crítica para uma plataforma estrangeira.

De acordo com a Reuters, os EUA aprovaram mais de 20 mil milhões de dólares em vendas de armas a Taiwan desde 2017, mas as entregas dessas armas estão a enfrentar atrasos devido a dificuldades na cadeia de fornecimento e atrasos causados pelo aumento da procura de alguns sistemas devido à crise da Ucrânia.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados ontem, assinalando uma recuperação da actividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano.

Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.
O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

Comércio externo subiu 8,3%

Também o comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

24 Out 2022

Coreia do Norte e Coreia do Sul trocam tiros de aviso na fronteira marítima

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul trocaram hoje tiros de advertência e acusações de violação da fronteira marítima, num novo episódio num contexto de crescente tensão nas últimas semanas.

Numa primeira momento, um navio mercante norte-coreano ultrapassou esta madrugada a fronteira marítima perto da ilha de Baengnyeong, recuando depois de a marinha sul-coreana ter disparado tiros de aviso, disse Seul.

“As contínuas provocações e reivindicações imprudentes do Norte minam a paz e a estabilidade da península coreana e da comunidade internacional”, disseram os Chefes de Estado-Maior Conjunto, exortando Pyongyang a acabar com essas ações.

Pelo seu lado, os militares de Pyongyang disseram que um navio militar sul-coreano violou a fronteira minutos depois e que o exército norte-coreano (KPA) disparou dez tiros de aviso, a partir da costa ocidental.

“As unidades de defesa da costa ocidental da KPA tomaram uma contramedida inicial para repelir poderosamente o navio de guerra inimigo”, disse um porta-voz em comunicado.

“Mais uma vez emitimos um aviso severo aos inimigos, na sequência das provocações marítimas, além do fogo de artilharia e da transmissão de mensagens transfronteiriças através de altifalantes”, acrescentou.

A “zona tampão” marítima foi estabelecida num acordo de 2018, concebido para evitar tensões entre os dois países.

Mas estas intensificaram-se nas últimas semanas, com Pyongyang a efetuar vários lançamentos de mísseis e disparos de artilharia nas águas das costas leste e oeste, visando esta fronteira, o que é considerado como uma provocação pela Coreia do Sul e pelo Japão.

A Coreia do Norte também aumentou recentemente os testes de armas descritos como ataques “nucleares táticos” simulados contra alvos na Coreia do Sul.

Seul e Washington disseram esperar que Pyongyang, que acredita estar ameaçada pelas manobras militares norte-americanas, sul-coreanas e japonesas na região, retome em breve os testes nucleares. As tensões têm vindo a aumentar na península coreana desde o início do ano.

No mês passado, a Coreia do Norte também declarou o seu estatuto nuclear “irreversível”, fechando definitivamente a porta às negociações de desarmamento, e avisou que avançaria para ataques preventivos se fosse ameaçada.

A troca de tiros de advertência acontece no mesmo dia em que a secretária de Estado-adjunta dos EUA, Wendy Sherman, viaja para o Japão para conversações tripartidas com os aliados de Washington, Tóquio e Seul, numa demonstração de unidade após as ações da Coreia do Norte.

24 Out 2022

Economia chinesa recupera no terceiro trimestre do ano e cresce 3,9%

A economia da China registou um crescimento homólogo de 3,9%, no terceiro trimestre do ano, de acordo com dados divulgados hoje, assinalando uma recuperação da atividade económica, mas ainda abaixo da meta estipulada por Pequim.

Os dados representam uma recuperação em relação ao ritmo de crescimento de 0,4% alcançado no trimestre anterior, entre março e junho, quando várias cidades importantes do país foram sujeitas a bloqueios rigorosos, incluindo Xangai, a ‘capital’ económica do país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19.

No conjunto, a economia chinesa cresceu 3% entre janeiro e setembro, muito aquém da meta oficial de crescimento estipulada pelo Governo chinês para 2022, de “cerca de 5,5%”. O Banco Mundial reviu já em baixa a sua previsão de crescimento do PIB da China este ano, de “entre 4% e 5%” para 2,8%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) adiou subitamente o anúncio, sem oferecer qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20.º Congresso do Partido Comunista devido às medidas de prevenção epidémica.

Os dados do PIB no terceiro trimestre superaram a expectativa dos analistas, que previam uma recuperação de 3,4%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,5% em relação ao segundo trimestre do ano. Na comparação com o trimestre anterior, a economia chinesa cresceu também 3,9% entre junho e setembro.

O GNE também divulgou dados relativos a setembro sobre a produção industrial (aumento de 6,3%, em termos homólogos), vendas no comércio a retalho (+2,5%), investimento em imobiliário (subida de 5,9% no conjunto dos três primeiros trimestres) ou a taxa oficial de desemprego urbano, que passou de 5,3% para 5,5%.

24 Out 2022

Comércio externo da China cresce 8,3% em setembro impulsionado pelas exportações

O comércio externo da China, denominado na moeda chinesa, o yuan, registou um crescimento homólogo de 8,3%, em termos homólogos, em setembro, segundo dados oficiais divulgados hoje pela Administração Geral das Alfândegas do país asiático.

As exportações aumentaram 10,7%, para 2,19 biliões de yuans. Esta taxa de crescimento foi, novamente, muito superior à das importações, que subiram 5,2%, para 1,62 biliões de yuans. No conjunto, em setembro, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo ascenderam a cerca de 3,81 biliões de yuans.

O excedente comercial do país asiático fixou-se assim nos 573.570 milhões de yuans. No acumulado deste ano, o comércio externo chinês cresceu 9,9%, em relação ao mesmo período de 2021. As exportações cresceram 13,8% e as importações subiram 5,2%.

A publicação dos dados estava marcada para o dia 18 de outubro, mas as autoridades adiaram subitamente o anúncio, sem oferecerem qualquer explicação, o que suscitou suspeitas entre alguns analistas.

Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o atraso deveu-se ao facto de o responsável pela assinatura dos documentos físicos para publicação dos dados estar isolado na ‘bolha sanitária’ do 20º Congresso do Partido Comunista, devido às medidas de prevenção epidémica.

24 Out 2022

Igreja | Vaticano renova acordo com Pequim sobre nomeação de bispos

O Vaticano e o regime comunista de Pequim renovaram por dois anos o acordo histórico assinado em 2018 sobre a questão da nomeação de bispos na China, anunciou no passado sábado o Estado sede da Igreja Católica.

“A Santa Sé e a República Popular da China, após as devidas consultas e avaliações, concordaram em prorrogar por dois anos a validade do acordo provisório sobre a nomeação de bispos, assinado em 22 de Setembro de 2018”, anunciou o Vaticano em comunicado.

Este “acordo provisório”, renovado uma primeira vez em 2020, teve como objectivo reunir os católicos divididos entre as igrejas oficial e ‘clandestina’, dando ao Papa a última palavra na nomeação de bispos chineses.
Um total de seis prelados foram escolhidos desde a entrada em vigor do acordo.

O Vaticano “pretende continuar o diálogo respeitoso e construtivo com a China, para a implementação frutífera do acordo e para o desenvolvimento das relações bilaterais, com vista a promover a missão da Igreja Católica e o bem-estar do povo chinês”.

“O procedimento previsto pelo acordo foi cuidadosamente estudado, levando em consideração as características particulares da história e da sociedade chinesa e os desenvolvimentos […] da Igreja na China”, disse o cardeal Pietro Parolin, em entrevista à equipa de comunicação do Vaticano.

Diante das “inúmeras situações em que as comunidades católicas se encontraram, algumas vezes, nas últimas décadas”, explicou, “pareceu prudente e judicioso levar em conta tanto as necessidades expressas pelas autoridades do país quanto as necessidades das comunidades católicas”.

Após a ruptura entre a China e o Vaticano na década de 1950, os cerca de 10 milhões de católicos chineses foram divididos entre uma igreja oficial, controlada por Pequim, e uma igreja clandestina.

Sob os termos do acordo anunciado em 2018, o Papa Francisco concordou em reconhecer a nomeação de sete bispos nomeados pelo Governo chinês unilateralmente.

23 Out 2022

Moeda | Yuan recua face ao dólar para valor mais baixo desde 2008

O yuan registou uma queda acentuada na sexta-feira, o que levou os bancos estatais chinesas a venderem dólares norte-americanos no mercado de câmbio doméstico, numa tentativa de estabilizar a moeda

 

A moeda chinesa, o yuan, caiu na passada sexta-feira para o nível mais baixo em relação ao dólar norte-americano, desde a crise financeira global de 2008, apesar dos esforços de Pequim para conter a queda. Um dólar valia sexta-feira 7,2494 yuans no encerramento do mercado na China – o nível mais baixo da moeda chinesa desde Janeiro de 2008 -, e uma queda de mais de 15 por cento, em relação ao pico atingido em Março passado.

A desvalorização do yuan é sobretudo motivada pelo rápido aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que leva os investidores a converterem dinheiro em dólares, na tentativa de obter melhores retornos.

O yuan registou uma breve recuperação, na quinta-feira, após a agência de notícias Bloomberg ter noticiado que a China está a considerar reduzir o período de quarentena para quem chega do exterior.

Um yuan mais fraco ajuda os exportadores chineses, ao tornar os seus produtos mais baratos nos mercados externos, mas incentiva a fuga de capital. Isto aumenta os custos de financiamento para as empresas chinesas e atrasa os esforços do Partido Comunista para impulsionar o crescimento económico do país.

Em contraste com a Reserva Federal dos EUA, que elevou as taxas de juros por cinco vezes este ano, visando combater a inflação, o Banco Popular da China reduziu as taxas de juros, para impulsionar o crescimento económico, que caiu para 2,2 por cento, em relação ao ano anterior, nos primeiros seis meses de 2022 – menos de metade da meta oficial de 5,5 por cento. Na quinta-feira, o banco central manteve a taxa de referência do país em 3,65 por cento.

Tentar estabilizar

A taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2 por cento por dia. Isto evita grandes oscilações diárias, mas vários dias consecutivos de queda podem resultar em mudanças significativas.

Para reforçar a taxa de câmbio, Pequim cortou já o volume de depósitos em moeda estrangeira que os bancos chineses devem manter como reservas, de 8 por cento para 6 por cento. Ao aumentar a quantidade de dólares e outras moedas estrangeiras disponíveis para comprar yuans as autoridades visavam valorizar a moeda chinesa.

Os principais bancos estatais chineses realizaram também vendas de dólares norte-americanos no mercado de câmbio doméstico, numa tentativa aparente de estabilizar a moeda local.

23 Out 2022

Arábia Saudita e China acordam manter estabilidade no mercado de petróleo

Arábia Saudita e China comprometeram-se sexta-feira a cooperar para manter a estabilidade no mercado mundial de petróleo, segundo a imprensa oficial, depois de o reino árabe ter sido alvo de críticas por parte de Washington.

De acordo com a agência noticiosa saudita SPA, o ministro da Energia, Abdulaziz bin Salman bin Abdulaziz, e o director da Administração Nacional de Energia da China, Zhang Jianhua, “afirmaram a sua vontade de cooperar para garantir a estabilidade no mercado petrolífero mundial, manter uma comunicação eficaz e fortalecer a cooperação, visando enfrentar desafios futuros”, durante uma reunião por videoconferência.

As duas partes apontaram para a “importância de trocar pontos de vista, como dois dos mais importantes produtores e consumidores de energia do mundo”, segundo a mesma fonte, acrescentando que as duas partes sublinharam a importância de um fornecimento confiável de petróleo a longo prazo, para garantir a estabilidade no mercado de petróleo.

O mercado de petróleo enfrenta “muitas incertezas, como o resultado de condições internacionais complexas e em mudança”, disse a agência, sem dar mais detalhes.

Cooperação activa

A Arábia Saudita enfatizou que continua a ser o “parceiro e exportador mais confiável de suprimentos de petróleo bruto para a China”.

Ambos os lados acordaram ainda “cooperar, no âmbito do acordo de cooperação bilateral para o desenvolvimento de energia nuclear, negociado entre os governos da China e da Arábia Saudita”.

Os 13 membros da OPEP+, liderados pela Arábia Saudita e Rússia, decidiram, em 5 de Outubro, reduzir as cotas de produção, para impedir uma queda no preço do petróleo bruto, uma decisão que abalou a relação entre Riade e Washington.

A Casa Branca disse que vai “rever” o seu relacionamento com a Arábia Saudita, que acusou de “alinhar com a Rússia”, com aquela medida.

A Arábia Saudita defendeu o acordo da OPEP+ para reduzir a oferta de petróleo, afirmando que se trata de uma decisão puramente económica, algo que foi apoiado por muitos países, especialmente da região do Golfo Pérsico.

23 Out 2022

Pequim diz estar “mais perto” do centro na governação internacional

A China assegurou ontem que está “cada vez mais perto” do centro na governação dos assuntos internacionais, afirmando que a “grande ameaça à ordem mundial” é quem “insiste no confronto e intimidação”, numa referência aos Estados Unidos.

“O mundo atravessa mudanças sem precedentes e a tendência histórica actual é de paz, desenvolvimento e cooperação, mas existem forças que insistem em manter uma mentalidade da Guerra Fria”, disse Ma Zhaoxu, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa realizada à margem do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que decorre, esta semana, em Pequim.

Numa alusão implícita aos Estados Unidos e aos seus aliados, Ma disse que há forças que “criam panelinhas, traçam linhas ideológicas, incitam o confronto e baseiam a sua política externa no poder hegemónico”.

“Essas são a grande ameaça à ordem mundial”, acusou. “Um mundo dividido não beneficia ninguém e o confronto só leva a becos sem saída”, acrescentou.

Na mesma conferência de imprensa, Shen Beili, vice-ministro do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, disse que a China “luta pelo progresso de toda a humanidade” e “está a aproximar-se cada vez mais do centro da governação dos assuntos internacionais”.

Compromissos e defesa

O vice-ministro Ma Zhaoxu ressaltou que o país asiático está comprometido com o “verdadeiro multilateralismo” e que, durante a próxima cimeira do G20, a China “vai desempenhar um papel positivo na promoção da recuperação económica global”.

O governante também citou outros campos de cooperação, como a “energia, cadeias alimentares e segurança”, mas não confirmou se Xi Jinping vai participar na cimeira, que se realiza, no próximo mês, em Bali, na Indonésia.

“Estamos num período de grande instabilidade e transformação. Xi tem uma visão global profunda, com novas iniciativas que reflectem claramente o mundo que a China quer promover, o que inclui permanecer firme para defender a justiça e defender-nos contra quem nos ataca”, disse.

Ma acrescentou que o PCC “defende a sua liderança e o seu sistema” e “rebateu vigorosamente” a recente visita da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, e outras “acções malignas”.

“Nós opomo-nos firmemente contra quem defende a ‘independência de Taiwan’ e impedimos qualquer interferência de forças estrangeiras nesta questão”, disse.

20 Out 2022

Défice da balança comercial do Japão mais que triplica em setembro

O Japão registou um défice comercial de 2,1 biliões de ienes (14,3 mil milhões de euros) em setembro, mais de três vezes superior ao registado em igual mês do ano passado, avançou hoje o Governo.

De acordo com dados oficiais divulgados pelo Ministério das Finanças japonês, o valor de setembro foi ainda assim 25,7% inferior ao de agosto, mês em que o país tinha registado um défice recorde, de 2,82 biliões de ienes. Setembro foi o quarto mês consecutivo em que a terceira maior economia mundial teve um défice na balança comercial.

Apesar do défice as exportações cresceram 28,9%, para 8,8 biliões de ienes. No entanto, as importações subiram ainda mais, 45,9%, para 10,9 biliões de ienes.

O défice japonês deveu-se sobretudo às trocas com a China, o maior parceiro comercial nipónico, nas quais Tóquio teve um défice de 575,8 mil milhões de ienes, quase o dobro do registado em setembro de 2021.

Pelo contrário, o Japão teve um resultado positivo de 606,9 mil milhões de ienes nas trocas comerciais com os Estados Unidos, a maior economia do mundo, mais 54,8% do que em igual mês do ano passado.

Com a União Europeia, o terceiro maior parceiro comercial japonês, o país asiático registou um défice de 183,5 mil milhões de ienes, uma descida homóloga de 16%. Já o défice do Japão com o Brasil subiu 38,6% em setembro para 88,7 mil milhões de ienes.

20 Out 2022

Chefe do executivo de Hong Kong aposta na atração de talento estrangeiro e inovação

O chefe do executivo de Hong Kong, John Lee, comprometeu-se ontem a atrair talentos estrangeiros, promover a cidade como centro de inovação, aumentar a oferta de habitação e aprofundar os laços da região administrativa chinesa com a China continental.

Num discurso político no Conselho Legislativo (LegCo), Lee anunciou uma série de estratégias, incluindo permitir que os trabalhadores com rendimentos elevados e os licenciados das 100 melhores universidades do mundo permaneçam em Hong Kong durante dois anos sem inicialmente receberem uma oferta de emprego.

“Nos últimos dois anos, a força de trabalho local diminuiu em cerca de 140.000 pessoas”, afirmou Lee, assegurando que “para além de encorajar e reter ativamente os talentos locais, o governo irá procurar incessantemente por talentos em todo o mundo”.

Lee, eleito chefe do executivo em maio, também revelou um plano milionário para reindustrializar a região de Hong Kong e estabelecê-la como um centro de inovação e tecnologia.

O projeto terá como objetivo atrair empresas estrangeiras de tecnologias de informação para criar empresas em Hong Kong, financiar investigadores universitários e desenvolver as “Metrópoles do Norte” (“Metropolis of the North”) na parte norte da cidade.

Ao mesmo tempo, alguns escritórios governamentais atualmente localizados no distrito empresarial de Hong Kong serão relocalizados para a metrópole, que tirará partido da sua proximidade com a fronteira continental para criar sinergias com cidades do sul da China, como Shenzhen e Cantão.

Este plano de inovação anunciado por Lee surgiu duas semanas depois do governo dos EUA ter anunciado um movimento para cortar o acesso da China a semicondutores (‘chips’) feitos em qualquer parte do mundo com equipamento dos EUA.

Quanto à habitação, Lee prometeu aumentar a oferta pública em 25% e reduzir os tempos de espera dos candidatos num território recentemente classificado como a cidade mais cara do mundo para se viver, de acordo com um relatório anual da empresa de mobilidade global ECA International.

No entanto, o político de Hong Kong não fez qualquer menção a uma nova mudança nas restrições impostas para enfrentar a pandemia, apesar das últimas semanas de esperança e especulação de que as medidas anticovid de Hong Kong seriam ainda mais relaxadas.

Desde 26 de setembro, Hong Kong retirou a exigência de quarentena obrigatória nos hotéis como medida de precaução e requer apenas um período de observação de três dias para as chegadas ao estrangeiro. Não obstante, para viajantes internacionais, as pessoas que atravessam a fronteira para a China continental ainda têm de fazer uma semana de isolamento num hotel.

Comentando o discurso político de Lee, George Leung, diretor da Câmara Geral de Comércio de Hong Kong, disse que a atual fuga de cérebros de Hong Kong tem sobretudo a ver com as regras anticovid da cidade.

Acrescentou que embora novas medidas para atrair talento ajudassem, não são particularmente mais atrativas do que as oferecidas por lugares como Singapura e Londres.

20 Out 2022

Mercado rural na China é agora um espaço de oportunidades de negócios

O mercado rural chinês, devido às políticas recentes da China, está a transformar-se num espaço vibrante para o consumo, o que tem atraído alguns empresários ocidentais, mas sobretudo chineses. Recentemente, a Harvard Business Review (HBR) explicou aos seus leitores como ter lucros no mercado chinês, despertando as multinacionais ocidentais para o papel frequentemente negligenciado do enorme mercado rural da China na sustentação do sucesso empresarial.

Segundo a HBR, o mercado chinês está para além dos seus centros urbanos, devido à rápida ascensão do consumo no mercado rural, resultado da luta contra a pobreza, fomentada pelo governo chinês na última década.

O enorme mercado rural, o local de nascimento de muitos trabalhadores com rendimentos médios e de um grande número de pessoas que aspiram a uma vida melhor, será cada vez mais utilizado pelas empresas nacionais e estrangeiras para venderem os seus produtos, refere a HBR.

O artigo da HBR, datado de 12 de Outubro, serve como um alerta para as empresas ocidentais alinharem as suas estratégias de mercado na China de acordo com o recente e vibrante mercado de consumo rural do país.

“Talvez valha a pena considerar a ideia de que em muitos casos o problema não é tanto geopolítico como estratégico”, lê-se no artigo do HBR, que cita exemplos contrastantes de multinacionais que tiveram de se retirar do mercado chinês ou continuar a ter sucesso nesse mesmo mercado.

A escolha da estratégia de entrada no mercado decidiu o destino diferente do gigante americano da electrónica Best Buy e da empresa de semicondutores AMD, também sediada nos EUA. A Best Buy optou por “concentrar-se nos centros urbanos chineses, mais ricos mas disputados” enquanto a AMD “concentrou-se na venda de produtos mais baratos para atrair consumidores sensíveis aos preços nos mercados rurais”.

Eventualmente, a Best Buy decidiu sair do mercado chinês, anos depois da sua incursão nos maiores centros urbanos da China, com a abertura de enormes lojas com gigantescas salas de exposições. Em forte contraste, “o sucesso da AMD forçou a Intel a responder com uma estratégia semelhante, desenvolvendo processadores e telefones de preços acessíveis para o mercado rural”. O artigo da HBR aponta o enorme mercado rural da China como uma parte frequentemente negligenciada das histórias de sucesso da China.

“Demasiadas empresas apostaram nos mercados urbanos, o que fez com que as exigências do mercado urbano se tornassem saturadas, enquanto que a concorrência nos mercados rurais é escassa”, afirma Li Guoxiang, um investigador do Instituto de Desenvolvimento Rural da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O sucesso chinês na batalha contra a pobreza, bem como o seu projecto de prosperidade comum, foi fulcral para a construção deste emergente mercado. “A população rural é de cerca de 500 milhões na China, cuja escala é ainda relativamente grande. Isto irá provocar uma grande quantidade de consumo básico”, explica Chen Ming, um investigador do Instituto de Ciência Política da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

“A capacidade de consumo da população rural tem vindo a aumentar significativamente, o que significa que parte da população rural terá passado de uma prosperidade moderada para a riqueza”, acrescenta Chen Ming.

No relatório ao 20º Congresso Nacional do CPC no domingo, Xi Jinping disse que o PCC no seu centenário deu início a uma nova era de socialismo com características chinesas, erradicando a pobreza absoluta e construindo uma “sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, completando assim o Primeiro Objectivo do Centenário”, disse ele, chamando aos três grandes eventos “façanhas históricas”.

Xi prometeu construir “uma economia de mercado socialista de alto nível, modernizar o sistema industrial, promover a revitalização rural, promover o desenvolvimento regional, e promover um nível de vida elevado”.

De acordo com o relatório, estão também “a ser envidados esforços no sentido de promover a revitalização constante de empresas, talentos, cultura, ecossistemas e organizações”. Segundo Xi, “o país continuará a colocar o desenvolvimento agrícola e rural em primeiro lugar, prosseguirá o desenvolvimento integrado das zonas urbanas e rurais”.

O caminho chinês para o desenvolvimento rural

Segundo o governo chinês, “o caminho socialista para o desenvolvimento rural depara-se como tendo incubado um vasto mercado no interior, uma componente menos conhecida, mas substancial da ascensão da economia como motor do crescimento global”. Hong Tao, director do Instituto de Economia Empresarial da Universidade de Tecnologia e Negócios de Pequim, disse que, tendo sido direccionado um grande volume de investimento para a revitalização, os mercados rurais tornar-se-ão cada vez mais activos. “Mas o desenvolvimento rural tem as suas próprias características distintivas, e os investidores devem preparar-se para investimentos a longo prazo neste sector”, adverte.

“Tudo considerado, face ao contexto de revitalização rural e ao desenvolvimento integrado das indústrias primárias, secundárias e terciárias nas zonas rurais, o PIB da China rural congregar-se-á e a sua proporção aumentará gradualmente. Em particular, as indústrias secundárias e terciárias das zonas rurais assistirão a uma melhoria da qualidade e escala industrial”, disse Hong.

Além disso, a escala e a proporção do mercado de consumo rural também irá aumentar gradualmente. “É possível que as zonas rurais contribuam para mais de 15% do consumo total da China a curto prazo”, afirmou Hong.
Tian Yun, economista, disse que “embora o consumo rural não seja o maior contribuinte em termos de proporção de consumo, o seu crescimento ultrapassará o do consumo urbano”. Uma das razões por detrás deste fenómeno é a política de diminuição da pobreza e revitalização da economia rural, o que resultou na colocação de um grande número de recursos públicos nas zonas rurais do país, tais como infra-estruturas.

Por outro lado, os salários rurais aumentaram significativamente, já que muitas pessoas estão a trabalhar na indústria ou no sector dos serviços, depois da produtividade agrícola aumentar continuamente, graças à mecanização, observou Tian.

Com este pano de fundo, os economistas salientam que os mercados rurais podem efectivamente proporcionar um mercado com enorme potencial para as empresas, tanto da China como estrangeiras, e tornar-se no seu novo ponto de crescimento, agora que os mercados urbanos estão praticamente saturados após estas décadas de desenvolvimento.

Na fase actual, os clientes rurais podem ainda preferir produtos de baixo custo. Mas, no futuro, necessitarão também de mais produtos com elevado valor acrescentado à medida que os seus rendimentos vão aumentando.

Espera-se que “o crescimento do consumo na China rural ultrapasse o consumo urbano em um a dois pontos percentuais nos próximos anos”, referiu o economista.

“Penso que as zonas rurais serão um poderoso impulso para o crescimento do consumo futuro da China, uma vez que a base da população rural é muito elevada, e as suas exigências para uma vida de qualidade estão longe de ser satisfeitas”, concluiu.

Segundo Tian, “este mercado proporcionará oportunidades tanto para empresas nacionais como estrangeiras. Especialmente para estas últimas que, no entanto, necessitam de equipas de localização que possam compreender as exigências e desejos dos clientes rurais”.

19 Out 2022

Secretário-geral da ONU critica histórico dos direitos humanos na Índia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou hoje o histórico dos direitos humanos da Índia, que, segundo observadores, regrediu durante o mandato do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi.

“Como membro eleito do Conselho de Direitos Humanos, a Índia tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em todo o mundo e de proteger e promover os direitos de todos os indivíduos, incluindo membros de comunidades minoritárias”, disse Guterres durante um discurso em Mumbai.

Saudando o desenvolvimento da Índia desde a sua independência do Reino Unido em 1947, o responsável da ONU, no entanto, lamentou que a noção da “diversidade ser uma riqueza” não esteja a “ser garantida” no país.

Este pensamento, segundo o secretário-geral da ONU, deve “ser nutrido, fortalecido e renovado a cada dia”.

Os ativistas dos direitos humanos dizem que desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 num país de maioria hindu e com cerca de 1,4 mil milhões pessoas, houve um aumento da perseguição e do discurso de ódio contra minorias religiosas.

A minoria muçulmana foi particularmente atingida na parte indiana da Caxemira, desde que o Governo de Modi impôs a sua autoridade direta na região em 2019.

A pressão também aumentou sobre críticos do Governo e jornalistas, especialmente mulheres jornalistas, que estão a ser violentamente assediadas na internet.

A Índia deve “proteger os direitos e liberdades de jornalistas, dos ativistas de direitos humanos, de estudantes e de académicos” e garantir “a manutenção da independência do sistema judicial indiano”, declarou ainda António Guterres.

“A voz da Índia no cenário mundial só pode ganhar autoridade e credibilidade a partir de um forte compromisso com a inclusão e o respeito pelos direitos humanos no país”, disse.

Guterres enfatizou que “muito ainda precisa ser feito para promover a igualdade de género e os direitos das mulheres”. “Peço aos indianos que sejam vigilantes e invistam mais em comunidades e sociedades inclusivas, pluralistas e diversas”, afirmou o secretário-geral da ONU.

Em fevereiro, especialistas em direitos humanos da ONU pediram o fim dos ataques “misóginos e sectários” na internet contra uma jornalista muçulmana que criticou fortemente o primeiro-ministro Modi.

Os Repórteres Sem Fronteiras classificaram a Índia no 142.º lugar do seu índice mundial de liberdade de imprensa, sublinhando que está a “aumentar a pressão sobre os meios de comunicação para seguir a linha do Governo nacionalista hindu”.

19 Out 2022