Assembleia Legislativa | Paul Chan Wai Chi defende nomeação de deputados portugueses

Paul Chan Wai Chi, ex-deputado e candidato nas últimas eleições, considera que o Chefe do Executivo deveria ter nomeado, pelo menos, um deputado português, por memória à Declaração Conjunta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo deputado e número dois de Sou Ka Hou nas últimas eleições considera que Chui Sai On falhou na escolha dos sete deputados nomeados para a Assembleia Legislativa (AL), pelo facto de não ter escolhido um membro da comunidade portuguesa ou macaense.

Em declarações ao HM, Paul Chan Wai Chi defendeu a existência de deputados portugueses nomeados no hemiciclo, lembrando que a assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, em 1987, previa a participação de portugueses no meio político local.

O também dirigente da Associação Novo Macau apontou que, desde a transferência de soberania de Macau para a China, o número de deputados portugueses tem vindo a diminuir, sendo que, na próxima legislatura, que arranca a 15 de Outubro, não haverá qualquer deputado nomeado de nacionalidade portuguesa.

Quanto a este ponto, Paul Chan Wai Chi confessou sentir-se desiludido e questiona se, caso o Governo e o próprio Governo Central afastem a necessidade de nomeação de deputados de origem portuguesa, será possível reduzir o número de nomeados e aumentar os assentos eleitos pela via directa.

O último deputado nomeado português nomeado ou de origem macaense foi o advogado Philip Xavier, que cessou funções em 2009. Nomes como o de José Manuel Rodrigues ou de José Manuel Baptista Leão chegaram a sentar-se no hemiciclo pela via da nomeação após 1999.

Nas últimas eleições legislativas antes da transferência de soberania, o governador Vasco Rocha Vieira nomeou José João de Deus Rodrigues do Rosário, Raimundo Arrais do Rosário (actual secretário para os Transportes e Obras Públicas), Joaquim Morais Alves, Jorge Neto Valente, José Manuel de Oliveira Rodrigues, António José Félix Pontes e o advogado Rui Afonso.

Sem representatividade

O antigo deputado disse ainda duvidar da representatividade dos novos sete deputados nomeados porque, na sua visão, não representam a diversidade de vozes que existe na sociedade.

Sobre os futuros obstáculos do hemiciclo, Paul Chan Wai lembra a saída de deputados com muita experiência, como é o caso de Leonel Alves ou Kwan Tsui Hang, o que vai obrigar a um maior esforço nos trabalhos de produção e análise de leis.

Eleições em debate

No próximo dia 15 de Outubro terá lugar, em Macau, um debate sobre as últimas eleições legislativas, que conta com organização do Jornal Observatório de Macau, dirigido por Paul Chan Wai Chi.

O evento terá lugar no Centro Pastoral Diocesano da Juventude em Macau e terá a presença de três oradores, um deles de Hong Kong. Trata-se de Chan Chi Wang, docente da Universidade de Hong Kong que é também residente de Macau.

Paul Chan Wai Chi espera que possam ser analisados aspectos como as insuficiências verificadas nas últimas eleições, a alteração da lei eleitoral, a reforma do sistema político e o aumento do número de deputados eleitos pela via directa na AL.

Chan Wai Chi espera que, com a presença do docente de Hong Kong, poder-se-á discutir os sistemas políticos das duas regiões administrativas especiais, analisar diferenças e avançar com sugestões para o futuro.

8 Out 2017

Portas do Cerco | Governo deve simplificar procedimentos administrativos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] terminal de autocarros das Portas do Cerco, o mais movimentado do território, deve ver agilizados os procedimentos para uma rápida reconstrução. A deputada reeleita por via indirecta no passado dia 17 de Setembro, Chan Hong, pede ao Governo para facilitar os procedimentos administrativos de modo a facilitar as obras a que vai ser sujeita a infra-estrutura, depois dos estragos causados pela passagem do tufão Hato.

O terminal tem sido alvo de queixas de vária ordem, mesmo quando estava em funcionamento. Em causa, recorda a deputada, estavam as más condições de funcionamento ligadas ao precário sistema de ventilação e à falta de luz.

Agora fechado o recinto para obras, as condições de circulação dos passageiros que têm de apanhar autocarros naquela área são mesmo perigosas, considera Chan Hong. Em causa está o grande fluxo de passageiros que, dados os condicionamentos à circulação de autocarros, coloca em perigo a circulação dos mais jovens e de idosos. “As condições são muito más para os passageiros e existe risco de segurança para estudantes na zona, assim como para os idosos e outros grupos vulneráveis da população”, refere.

A deputada queixa-se ainda, em interpelação escrita, que o estudo sobre o plano conceptual urbanístico da zona das Portas do Cerco e envolvente, concluído em 2012, ainda não foi concretizado em nenhuma das suas vertentes.

Dada a urgência da situação, Chan Hong considera que as obras a terem lugar no terminal devem ser concluídas o mais rapidamente possível e para o efeito pede ao Executivo que simplifique os procedimentos administrativos necessários.

Entretanto, a deputada sugere ainda que o Governo utilize um terreno situado entre a Avenida do Comendador Ho Yin e a Rua dos Currais para albergar um espaço temporário de paragem de autocarros.

8 Out 2017

Natália Io, estudante de português: “Gosto muito de bacalhau com natas”

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando chegou a Portugal sentiu-se “Lost in Translation”. Natália Io já tinha contactos com a língua em Macau, de onde é natural, mas foi para o outro lado do mundo que decidiu ir aprender melhor o idioma que está na moda. Em Portugal há três anos, Natália recorda ao HM os primeiros dias no país onde o sol é um privilégio.

“Achei logo que os portugueses eram muito próximos uns dos outros, porque a minha senhoria e colegas de casa cumprimentaram-me com beijinhos na cara. Sei que isso é um costume português, mas no início não estava nada habituada.”

Nos primeiros dias, o português era uma língua estranha, as expressões não tinham compreensão. “Pedia muitas vezes para as pessoas repetirem o que me diziam. Às vezes via expressões estranhas e perguntava às minhas colegas de casa o que significava aquilo. Elas eram simpáticas e explicavam-me. Com o tempo habituei-me à vida aqui.”

A estudante depressa se habituou ao clima, mas sobretudo à boa comida. “Sempre ouvi dizer que em Portugal as pessoas comiam sempre batatas, mas quando cheguei percebi que também comem arroz, massa e feijão. Gosto muito de bacalhau com natas, bacalhau à Brás, feijoada e arroz de marisco”, exemplifica.

Apesar de querer ficar em Macau, por ser a terra onde nasceu, Natália Io gosta de viver na terra das praias. “Gosto do ambiente aqui, é confortável e adequado para viver. A natureza também faz parte dos meus gostos, e gosto muito dos monumentos, que são magníficos.”

Natália só tem uma coisa a criticar: os portugueses gostam de aproveitar a vida e fazer as coisas de forma mais lenta. “Comparando com Macau as pessoas em Portugal têm um ritmo de vida mais lento, e para mim isso é bom, porque dá para aproveitar a vida. Mas no trabalho isso não é muito bom, uma vez que a eficiência e a produtividade das pessoas no local de trabalho pode aumentar.”

Uma longa viagem

Um dia, em criança, Natália encontrou-se com um amigo do interior da China que lhe perguntou se, em Macau, toda a gente falava português. “Quando ele me perguntou isto fiquei logo a sentir alguma coisa, e pensei que, se o português era língua oficial, talvez tivesse de aprender a falar um pouco.”

Na escola secundária, Natália Io acabaria por escolher o idioma como opção. “Felizmente tive um professor muito bom, ele tinha muita paciência connosco e assumia responsabilidades. Então aí fiquei cada vez mais interessada em aprender e quis melhorar.”

Natália estudou dois anos numa universidade e só mais tarde é que tomou conhecimento das bolsas de estudo disponibilizadas pelo Governo. Tinha chegado a altura de ir mais longe.

“Fiquei muito contente e surpreendida. Aqui em Portugal temos boas condições para aprender a língua, e depois do curso quero ficar mais tempo para me qualificar para ser professora.”

Pintura nos tempos livres

Quando não estuda a ligação entre caracteres e o alfabeto ocidental, Natália Io pratica caligrafia chinesa, por ser “uma maneira de relaxar e reduzir o stress”.

“Às vezes vou beber um café como fazem os portugueses, e comer algo. Se tiver uns feriados ou dias de férias vou visitar outras cidades portuguesas ou outros países, para que possa conhecer culturas diferentes e ver melhor o mundo.”

Apesar de já estar habituada a um estilo de vida europeu, Natália Lo quer regressar à terra de todas as oportunidades.

“Prefiro viver em Macau, porque foi onde nasci, onde tenho a minha família e amigos. Tenho um sentimento de pertença muito forte. Macau é um sítio onde posso fazer muitas escolhas e facilmente encontro as minhas comidas favoritas.”

Portugal é, para Natália, o sítio ideal para estudar, onde tem o seu espaço e onde aprende algo novo todos os dias. “Vou aos supermercados, ao banco, aos cafés e restaurantes, e encontro sempre palavras novas que uso no dia-a-dia. Esta é a maneira que mais gosto para aprender o idioma.”

6 Out 2017

Obras no Terminal das Portas do Cerco. Residentes querem ser ouvidos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s problemas relacionados com o Terminal das Portas do Cerco têm de ser resolvidos o mais rapidamente possível e devem incluir as sugestões dos residentes. A ideia foi transmitida ontem, pelo responsável de um grupo de moradores, Wu Wa In, em conferência de imprensa. Em causa está o fecho do terminal mais movimentado do território devido aos estragos causados pelo tufão Hato.

Para o responsável, o período de dois anos previsto para reabertura do terminal é muito prolongado. Por outro lado, adianta Wu Wa In, o Governo terá de proceder a obras de fundo que garantam o fim de problemas antigos, como as elevadas temperaturas que se registavam naquela zona.

Queixa para o Céu

Wu Wa In admite mesmo que, caso o Governo não se mostre cooperativo com as necessidades da população, as sugestões apresentadas pelos residentes para um melhor funcionamento futuro do Terminal do Cerco, podem seguir para o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau e à Assembleia Popular Nacional.

De acordo com o responsável, os moradores têm já algumas ideias que querem ver concretizadas, no sentido de melhorar o tráfego naquela zona. A medida envolve dois terrenos situados no lado leste do posto fronteiriço, sendo que uma das parcelas está, neste momento, a servir de estacionamento para autocarros dos hotéis e dos casinos.

Wu Wa In afirma que a população quer que o destino desta fracção seja alterado e que seja escolhido um outro local para tomada e largada de passageiros vindos dos espaços hoteleiros e de jogos. Em relação ao segundo terreno situando também perto do posto fronteiriço, Wu Wa In sugere que seja preparado para receber, temporariamente, alguns autocarros.

Por outro lado, o representante do grupo de residentes aponta que, devido ao ajustamento temporário das carreiras, os motoristas de autocarros estão cada vez com piores condições de trabalho e menos tempos de descanso, sendo que os trabalhos referentes ao Terminal das Portas do Cerco deverão ter este aspecto em conta e zelar pelas suas boas condições de trabalho.

5 Out 2017

Jacinta Zhang, estudante de português | Das línguas à gestão

[dropcap style≠’circle’]“[/dropcap]Estudar português trouxe-me uma experiência diferente para a minha vida.” A frase é de Jacinta Zhang, licenciada em Estudos Portugueses pela Universidade de Macau que, após a conclusão do curso, decidiu mudar de rumo. Hoje Jacinta está em Lisboa a frequentar um mestrado em Gestão e Estratégia Industrial na Universidade de Lisboa. A aprendizagem da língua de Camões foi um primeiro passo importante.

Jacinta é da cidade Handan, da província de Hebei, na China. Viveu em Macau quatro anos e deixou de ser uma menina que pouco ou nada sabia sobre o território. Hoje, Jacinta é uma jovem que sabe mais coisas sobre Macau e que diz adorar esta região do sul da China.

Foi graças a um amigo que Jacinta decidiu vir estudar para a RAEM, pois ouviu dizer que se tratava de um território multicultural. Além disso, cedo percebeu que aqui poderia aprender melhor o português, pelo facto de existir uma comunidade portuguesa e ser ainda língua oficial. Isso fê-la deixar a sua terra natal.

O primeiro contacto com o português fez-se não tanto por gosto, mas mais por necessidade. Jacinta Zhang percebeu que o idioma é um dos mais procurados no mercado e juntou o útil ao agradável: afinal, a aluna de mestrado já tinha um interesse natural pela aprendizagem de outros idiomas que não o seu.

Dificuldades e truques

Para aprender uma língua completamente diferente, Jacinta Zhang considera que não há propriamente um método a seguir. É preciso falar muito português, ouvir muito a língua, e aproveitar ao máximo a cultura. No dia-a-dia a estudante costuma ler jornais portugueses ou ver vídeos portugueses e brasileiros no Youtube.

A decisão de estudar gestão e não aprofundar os estudos de português surgiu quase de imediato, tendo optado por usar a licenciatura em Estudos Portugueses como uma “ferramenta”. A aluna já tinha estado em Lisboa e isso fê-la perceber melhor o que queria fazer e diminuiu as possíveis dificuldades que iria sentir caso se mudasse para a capital portuguesa.

Jacinta já pensou desistir do mestrado, pois gestão da estratégia industrial é uma área com a qual nunca teve contacto. Nos primeiros meses recorda que não entendia quase nada do que os professores diziam nas aulas. Foi a única aluna que não dominava o português de forma nativa, tendo sentido muito stress quando tinha de fazer trabalhos de grupo, onde analisava vários casos de administração em empresas.

A aluna depressa teve de arranjar soluções, como comprar livros em mandarim. Além disso, teve a ajuda dos amigos e colegas, e também dos pais, algo essencial para que não desistisse do curso logo no início.

Das saudades

Apesar de ter saído de Macau, Jacinta Zhang assume ter saudades deste pequeno território onde deixou boas amizades e espera um dia poder voltar. Aqui aprendeu mais sobre a cultura ocidental e adoptou outros pontos de vista. Gostou logo da comida local e considera que, aqui, os residentes têm acesso a pratos de todo o mundo.

O facto de Macau ser um território pequeno trouxe-lhe um sentimento de proximidade, o que a ajudou nos primeiros tempos, pois não dominava o cantonês.

Face ao futuro, e uma vez que lhe falta apenas um ano para acabar o mestrado, Jacinta Zhang não se arrepende de ter estudado português, por, através desta língua, poder vir a obter muitas vantagens.

O seu país está a apostar nas relações comerciais com os países de língua portuguesa e Jacinta gostaria de fazer parte dessa estratégia. Nos próximos anos, a mestranda afirma que vai continuar a aprender sempre mais e mais, para que possa ser um símbolo dessa ponte que se está a construir com países como Portugal, Angola, Brasil ou Cabo Verde. Os conhecimentos sobre administração de empresas também terão de ser aprofundados, admitiu.

29 Set 2017

Mak Soi Kun quer empregadas domésticas de outras províncias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado reeleito Mak Soi Kun escreveu uma interpelação escrita ao Governo onde pede o alargamento da política de importação de empregadas domésticas do continente a outras províncias do país. Actualmente o Governo apenas permite que venham para Macau empregadas de Fujian e Guangdong.

Mak Soi Kun entende que os residentes têm vindo a mostrar reacções satisfatórias em relação a esta política, uma vez que as empregadas domésticas ajudam a reduzir a pressão familiar sentida pelas mulheres. Além disso, a ideia de alargar esta política a outras províncias do continente está relacionada com a vinda de investidores para o território. Desta forma, mais pessoas de outras províncias também poderão vir para Macau efectuar trabalhos domésticos.

Devido à variedade do povo chinês em termos de hábitos, línguas e culturas, Mak Soi Kun está preocupado com a falta de empregadas domésticos em Macau vindos de outras regiões chinesas além de Fujian e Guangdong. A ideia é que se possa cobrir uma necessidade que venha a surgir no futuro, com a possibilidade de estabelecimento de mais empresários em Macau, no âmbito das políticas “Uma Faixa, Uma Rota” ou da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

27 Set 2017

Táxis | Poder do Povo queixa-se de cobranças abusivas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação Poder do Povo entregou ontem uma carta junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) onde fala da cobrança de tarifas acima do valor previsto por lei por parte dos taxistas na zona das Portas do Cerco.

Quanto ao reordenamento do trânsito na zona, a Poder do Povo espera que as obras no terminal não sejam de grande dimensão e que possam ficar concluídas antes de 2019, uma vez que Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, alertou a população para não ter grandes expectativas em relação ao novo terminal de autocarros.

A Poder do Povo exige, portanto, mais explicações por parte do Governo e saber que medidas serão adoptadas para melhorar o sistema de funcionamento das paragens provisórias dos autocarros públicos, uma vez que será difícil aguentar as más condições até 2019.

A associação espera também que o terreno do Campo dos Operários seja recuperado para que se transforme no terminal de autocarros públicos de forma provisória. É, por isso, pedida a cooperação com a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), para que a população obtenha benefícios deste reordenamento temporário do trânsito.

26 Set 2017

Lisboa Palace | Incêndio vai influenciar data de inauguração

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau, falou ontem, à margem de um evento, sobre o mais recente incêndio que deflagrou nas obras do Lisboa Palace, empreendimento que a operadora está a construir no Cotai. A empresária disse que a investigação da Polícia Judiciária (PJ) ainda está em curso e que não se inteirou ainda dos estragos causados no local.

Angela Leong acrescentou que continua à espera do relatório de engenharia para ficar a conhecer a situação e poder estimar os custos dos prejuízos. A SJM também ainda não tem em mãos o relatório do incêndio ocorrido em Março deste ano.

A directora-executiva da SJM garantiu também que a data de inauguração do Lisboa Palace vai ser afectada pelos dois incêndios que já ocorreram este ano, não conseguindo prever, para já, uma data concreta para a abertura.

Angela Leong lamentou ainda o facto de não saber a data concreta da abertura do hotel Jai Alai, junto ao Reservatório. Sobre a revisão da lei laboral, cujo processo de consulta pública já arrancou, disse não temer a possibilidade de mais custos na qualidade de empregadora, tendo-se revelado satisfeita com a concessão de mais dias de descanso aos trabalhadores.

26 Set 2017

Shuttle bus | Angela Leong quer manter estacionamento nas Portas do Cerco

Angela Leong considera que os autocarros públicos devem ficar estacionados na zona do Campo dos Operários, dada a importância dos autocarros de turismo para o transporte de turistas. Já Agnes Lam defende que parte dos shuttle bus podem partir da fronteira localizada no Cotai, próxima da maioria dos empreendimentos de jogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão Hato por Macau causou graves inundações no terminal de autocarros das Portas do Cerco, danificando várias instalações. Depois do Governo ter anunciado que as obras de reparação só estarão concluídas em 2019, tem-se discutido a melhor forma de organizar o fluxo de autocarros na zona.

Angela Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e deputada reeleita nas últimas eleições, emitiu ontem um comunicado onde defende que os autocarros de turismo devem permanecer estacionados no mesmo local, sendo que os públicos devem ficar no parque de estacionamento provisório do Campo dos Operários, juntamente com as paragens.

A empresária disse ainda entender os pedidos da população para resolver o problema e adiantou que o Governo deve sempre tomar uma decisão com base naquilo que os cidadãos defendem.

Angela Leong frisou a importância dos autocarros de turismo, tendo lembrado que, além dos turistas, vários residentes têm beneficiado deste serviço gratuito, dada a insuficiência dos transportes públicos.

Mesmo que haja a necessidade de uma alteração do local de estacionamento dos shuttle bus, a empresária frisou que o Executivo necessita de ter em conta as necessidades dos turistas e as facilidades de transporte e de acesso.

Melhor gestão

Agnes Lam, que se estreia como deputada na próxima legislatura da Assembleia Legislativa, deslocou-se no domingo à zona das Portas do Cerco. Segundo o Jornal do Cidadão, a deputada eleita pede que se estude a possibilidade de uma melhor integração dos autocarros de turismo cuja última paragem seja perto das Portas do Cerco, para que possam ser daí retirados e, assim, deixar mais lugares disponíveis. Para a académica, parte destes autocarros poderia ficar no Posto Transfronteiriço Flor de Lótus, no Cotai.

Agnes Lam lembrou que a maioria dos autocarros dos casinos estacionados nas Portas do Cerco fazem percursos semelhantes, ou seja, quase todos terminam no Cotai, pelo que é necessária uma melhor coordenação.

26 Set 2017

Leong Sun Iok, deputado recém-eleito: “Vamos prestar mais atenção aos assuntos sociais”

Há mais de 14 anos a trabalhar na Federação das Associações dos Operários de Macau, Leong Sun Iok é mais do que o número dois de Ella Lei na Assembleia Legislativa. É um dos novos deputados eleitos e responsável pela renovação do sector dos Operários. Leong Sun Iok assume que o emprego e habitação serão os seus cavalos de batalha e afirma que há “condições” para que haja mais deputados eleitos pela via directa

 

Foi eleito deputado pela primeira vez. Quais as suas prioridades quando tomar posse?

As eleições deste ano foram muito intensas e, em termos gerais, revelaram a vontade dos residentes em mudar algo na Assembleia Legislativa (AL). Não tenho muita experiência no trabalho de deputado, mas vou fazer um esforço para ser deputado a tempo inteiro. Espero que a população me dê sugestões. Sobre as prioridades, tenho a dizer que uma das maiores solicitações dos residentes está relacionada com a habitação, e também com o emprego. Nos últimos anos os preços do imobiliário aumentaram muito. Por isso uma das prioridades vai ser proporcionar boas condições de habitação para os cidadãos. Se compararmos Macau com outras regiões, em termos de número de habitações públicas e pessoas que habitam nessas casas, os números são ainda relativamente baixos. Um trabalho importante será ver como é que o Governo vai aproveitar os terrenos desaproveitados para construir mais casas públicas.

E em relação ao emprego?

É do conhecimento geral que a taxa de desemprego está num nível baixo, e o Governo justifica a situação do emprego em Macau com esses dados. Mas isso não significa que haja empregos de qualidade.

Como assim?

Vemos que no sector do jogo passou a registar-se um crescimento desacelerado e há uma menor necessidade de mão-de-obra. Ou seja, com este equilíbrio dinâmico que já foi atingido no mercado laboral, temos de pensar em como podemos disponibilizar mais oportunidades para que os bons cargos sejam ocupados pelos locais. Só assim poderemos aumentar o nível de vida dos residentes.

Foto: Pedro André Santos

Falou na taxa de desemprego, que é de 1,9 por cento, o que significa que há pleno emprego. Porque é que a FAOM insiste na redução dos trabalhadores não residentes (TNR)? Os dados estatísticos provam que uma ínfima parte da população não trabalha e que há falta de mão-de-obra.

O mais importante é garantir emprego de qualidade. A taxa de desemprego é baixa, mas as pessoas não têm boas condições de emprego. Se há essa necessidade de importar mão-de-obra, porque é que há tanta oposição face aos TNR? Isso acontece porque os TNR trouxeram, nos últimos anos, um impacto negativo aos seus empregos, há muitos os vêem como uma ameaça. Nos últimos anos surgiram muitos ilegais e há muitas carências na política de contratação de pessoas ao exterior. Enquanto essas questões não forem resolvidas não é possível que a sociedade chegue a um consenso. Então o essencial é mesmo melhorar as condições de emprego dos locais. Quando a habitação e o emprego não fizerem parte das preocupações dos residentes, não haverá críticas na sociedade.

Há vozes que apontam que os TNR podem ajudar ao desenvolvimento de Macau, por terem outro tipo de formação. Se reduzirmos o número de TNR, isso pode impedir o desenvolvimento de alguns sectores económicos?

A importação de TNR será sempre para ocupar vagas para as quais não existem trabalhadores locais em número suficiente. Deve existir o princípio de deixar os bons empregos para os locais e deixar as vagas que ninguém quer ocupar para os TNR. Quando este modelo for atingido não haverá contradições. É por isso que é essencial fazer um mecanismo eficaz para a fiscalização dos TNR e aumentar a sua transparência. Esta é a única maneira de resolver as contradições que surgiram nos últimos anos.

O seu trabalho como deputado será diferente do de Ella Lei, e também do trabalho desempenhado pelos deputados Lam Lon Wai e Lei Chan U [eleitos pela via indirecta para o sector do trabalho]?

Eu e Ella Lei vamos prestar mais atenção aos assuntos sociais que abrangem também questões laborais. Os nossos dois deputados eleitos pela via indirecta também estão focados em defender os interesses e direitos dos trabalhadores. É um facto que nós, dos dois lados, vamos estar atentos aos assuntos da sociedade, teremos trabalhos em comum.

A eleição como deputado mudou, de certa forma, a sua vida e os seus hábitos?

É um desafio muito grande para mim, porque cada voto que obtivemos representa o contributo dos nossos colegas e todas as responsabilidades que temos de assumir. Os resultados finais mostram que tenho uma missão a cumprir, e sinto um grande desafio. O apoio da minha família também é importante. Nos próximos quatro anos vou fazer o que estiver ao meu alcance para não desiludir os residentes.

Antes de ser eleito deputado, o que fazia na FAOM?

Trabalho na FAOM há mais de 14 anos. Trabalhei muito na área da defesa dos direitos dos trabalhadores do jogo e dei formação nessa área. Lidei ainda com alguns casos relacionados com pedidos de ajuda. Sempre me foquei em assuntos sociais e na defesa dos direitos laborais. Como formador sempre tive contacto com os meus alunos, que também me pediam ajuda para problemas que tinham, relacionados com a habitação ou o emprego. Deparei-me com muitos casos, muito diversos e muitos deles comoventes.

Nasceu e cresceu em Macau?

Sou de Fujian [na China], mas em 1984 vim para Macau. Cresci aqui e tenho um sentimento forte em relação ao território. Esta é uma terra boa, onde as pessoas vivem em harmonia e se entreajudam. É também um território com muita segurança.

Voltando às eleições. A sua lista teve resultados muito bons [mais de 17 mil votos]. Que análise faz desses resultados? Que factores levaram a que tenha sido uma das listas mais votadas?

Na noite das eleições estive muito tranquilo, porque achei que, qualquer que fosse o resultado, não teríamos vergonha nenhuma. Nos últimos quatro anos a nossa equipa fez o melhor para tratar de todos os casos e sempre disponibilizamos serviço de ajuda aos residentes. Por isso o nosso sucesso não dependeu apenas da campanha eleitoral, mas também do que fizemos nos últimos anos. Cada voto foi ganho com o nosso esforço. Então enquanto os votos eram contados pensei: “mesmo que não tenhamos muitos votos, pelo menos a nossa solidariedade já venceu”. Estava feliz, sem nenhuma vergonha, satisfeito.

O que pensa do aumento dos deputados eleitos pela via directa?

É verdade que um sistema mais democrático é uma solicitação da sociedade e há condições para que, no futuro, aumentem o número de deputados directos, para que ocupem metade do actual número de deputados [33]. É viável que este assunto seja abordado. Podemos seguir as regras que já estão definidas na Lei Básica para fomentar o desenvolvimento do sistema democrático.

Com a eleição de quatro deputados ligados aos Operários, tem esperança na aprovação do projecto de lei sindical?

O mais importante é que a sociedade concorde com isso. No passado, mesmo com sete tentativas, não conseguimos dar esse passo, mas, no futuro, vamos continuar a lutar pela lei sindical. Esperamos, além do apoio dos trabalhadores, o apoio de outros sectores, para que a lei sindical tenha efeitos positivos tanto para o patronato como para os trabalhadores. A existência de uma plataforma de comércio entre o sector do comércio e os sindicatos pode ajudar a resolver muitos problemas. Por isso temos de dar a conhecer essa lei à população.

Os quatro deputados ligados à FAOM são bem mais novos do que Kwan Tsui Hang ou Lam Heong Sang. Isto traz alguma mudança na representação dos Operários na AL?

É capaz de aumentar um pouco a dinâmica do hemiciclo. Nós os quatro temos uma idade média de 40 anos e, para a política, somos relativamente jovens. Mas temos alguma experiência em trabalhos sociais e aprendemos com os deputados que já saíram. Lau Cheok Va [ocupou o cargo de presidente da AL antes de Ho Iat Seng], apesar de já estar reformado, fala muito connosco e dá-nos sugestões. Todos estes esforços vão ajudar a desempenharmos as nossas funções na AL.

Que expectativas coloca em relação aos deputados que serão nomeados pelo Chefe do Executivo?

Os deputados nomeados não devem expressar opiniões que apenas visem os seus próprios interesses ou os interesses do seu sector. Isto porque estes deputados, apesar de serem nomeados pelo Chefe do Executivo, também devem representar os interesses da sociedade. Nos últimos anos vimos que alguns nomeados lutaram para obter benefícios relacionados com os seus interesses. Isto é indevido, porque esses deputados também têm uma missão. No entanto, as regras definidas no regimento da AL não regulamentam estes actos, mas os deputados nomeados devem ter essa noção. No futuro espero que tenham em conta os benefícios em prol de toda a sociedade e que possam mudar a sua imagem dentro do hemiciclo.

25 Set 2017

Seminário | Dificuldades e desafios da Função Pública

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Federação das Associações dos Trabalhadores da Função Pública de Macau realizou ontem um seminário sobre a eficiência de funcionamento dos serviços públicos, onde participaram académicos de outras regiões.

Cheung Chi Kong, director-executivo do Centro da Pesquisa sobre “Um País, Dois Sistemas” de Hong Kong disse que, não só em Macau e na região vizinha, mas em todo o mundo, a administração de serviços públicos está a atravessar um período de dificuldades.

Sobre o sistema económico, Cheung Chi Kong lembrou que a desproporção de rendimentos tem vindo a piorar nos últimos 20 anos, o que, na sua visão, tem influenciado o sistema político. Este factor tem vindo também a dificultar a administração dos governos, acrescentou.

Na opinião do académico, os governos de todo o mundo devem compreender as solicitações da população e proporcionar uma resposta o mais rapidamente possível. Cheung Chi Kong lembrou que os governos devem olhar também para o factor responsabilidade, pois “a demissão dos funcionários públicos não é aquilo que os cidadãos desejam; estes querem um Governo que faça bem os seus trabalhos”.

Wang Jingbo, professora da Universidade Chinesa de Ciência Política e Direito, apresentou o estudo focado no processo de divulgação das informações na Função Pública, desenvolvido no interior da China e que, segundo a académica, melhorou o funcionamento da administração pública no continente.

A docente considerou ainda que a proposta pode ser aplicada em Macau e em todo o mundo, uma vez que sugere um acesso mais facilitado dos cidadãos aos serviços públicos. Ainda assim, Wang Jingbo alertou para a necessidade de implementar legislação que possa regulamentar esse acesso.

25 Set 2017

Portas do Cerco | Pedidas soluções com menos impacto para a população

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]eputados mostram-se preocupados com as obras no Terminal das Portas do Cerco e pedem ao Executivo que tome medidas para facilitar a vida da população

A Associação Novo Macau realizou ontem, na zona das Portas do Cerco, uma conferência de imprensa, e Sulu Sou avançou com uma proposta para atenuar o trânsito naquela zona, na sequência do encerramento do terminal de autocarros, devido às inundações causadas pelo tufão Hato.

O recém-eleito deputado entende que devido à suspensão do terminal das Portas do Cerco, os residentes têm de atravessar caminhos que estão longe de oferecer as condições ideais, só para poderem chegar às paragens temporárias.

Na mesma proposta, o pró-democrata sugere que o terminal seja utilizado para o estacionamento de autocarros e shuttle-bus dos casinos, defendendo também a necessidade de instalar geradores temporários de electricidade, assim como a recuperação dos sistemas de iluminação e ventilação.

Quanto à a superfície das Portas do Cerco, actualmente destinada ao estacionamento de autocarros dos casinos, deve ser aproveitada, a título provisório, diz o pró-democrata, para a tomada e largada de passageiros dos autocarros públicos. Porém, deixa o aviso: é necessário instalar coberturas para proteger os passageiros do sol e da chuva.

Sistema prioritário

Também Ron Lam U Tou, presidente da Associação da Sinergia de Macau, afirmou, ao Jornal do Cidadão, que os autocarros públicos são um dos principais meios de transporte na RAEM e que devem ter prioridade na utilização dos locais para poderem parar.

Através do ajustamento das paragens de autocarros, Lam U Tou acredita que se pode melhorar as rotas e a frequência dos shuttle-bus. Ainda sobre os autocarros dos casinos, o presidente da Associação da Sinergia de Macau revelou que é essencial que se utilize o mínimo de espaço possível, porque diz ver frequentemente essas viaturas quase vazias. Segundo Ron Lam U Tou, ao utilizar-se menos espaços seria possível proceder a um ajustamento das rotas e frequências.

Lam U Tou reiterou que a zona de superfície das Praça das Portas do Cerco é um bom local para a paragem de autocarros, o que pode ser provado pelo facto de a referida área já ser utilizada há vários anos para esse propósito.

Por sua vez, o vice-presidente do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Leong Hong Sai, declarou, ao mesmo jornal, que após o anúncio da Administração de que o terminal seria suspenso durante dois anos, os cidadãos tiveram uma forte reacção. Esta resposta foi justificada com a inconveniência na deslocação das pessoas, principalmente dos idosos, e ainda pelos receios de puderem surgir problemas ligados à segurança.

Por isso, Leong Hong Sai sugere que, antes do arranque dos trabalhos de recuperação do terminal, sejam consertadas as instalações básicas, como iluminação e ventilação, para disponibilizar temporariamente algumas rotas de autocarros mais utilizadas pelos cidadãos. O objectivo passa por reduzir o impacto junto da população dos trabalhos desenvolvidos.

Já na visão de Agnes Lam, que esteve presente num programa promovido pela Ou Mun Tin Toi, citado pelo Jornal do Cidadão, o terminal de autocarros das Portas do Cerco tem problema em termos de design. A deputada recém-eleita defendeu que esta questão mostra a deficiente fiscalização do Governo. A académica quer que as autoridades expliquem à população as razões para o longo período de obras e que divulguem pormenores sobre as despesas. Agnes Lam pede ainda que se faça uma audiência dos profissionais do sector, no sentido de tratar das questões mais graves, e que se divulguem os relatórios.

Autocarros | Carreira 5AX começa a operar amanhã

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem que a carreira rápida 5AX começa a operar amanhã. Segundo um comunicado, a nova carreira passa pelas zonas das Portas do Cerco, centro e Barra, permitindo “acelerar a rotatividade dos autocarros, escoando a afluência de passageiros”. Segundo a DSAT, “esta nova carreira será um reforço nos trabalhos de alteração aos itinerários afectados devido à suspensão do funcionamento do terminal das Portas do Cerco, permitindo ao mesmo tempo, responder melhor às necessidades de deslocações dos passageiros para os locais de trabalho e escolas”.

22 Set 2017

Eleições | Equilíbrios e tendências depois de domingo

A Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau promoveu ontem uma conferência sobre as eleições legislativas de domingo. Figuras do meio académico falam num maior equilíbrio entre a ala pró-democrata e pró-Pequim, lembrando a busca da sociedade por uma mudança no meio político

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntrou Agnes Lam na sua terceira tentativa, saiu Melinda Chan, reforçou-se o campo pró-democrata com a eleição de Sulu Sou, ligado à Associação Novo Macau.

Assim foram as eleições de domingo, que deram a vitória aos tradicionais e habituais, como Mak Soi Kun (que obteve mais de 17 mil votos), mas também Ella Lei, ligada aos Operários, que conseguiu eleger o seu número dois e manter um lugar que durante anos foi ocupado pela histórica Kwan Tsui Hang. 

Finalizada a contagem dos votos, a semana tem sido pródiga em análises sobre aquilo que poderemos ver na Assembleia Legislativa (AL) nos próximos quatro anos. Ontem a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) promoveu uma palestra sobre o assunto.

Fang Quan, vice-coordenadora executiva da Faculdade de Direito da MUST, considerou que os resultados das eleições revelam, acima de tudo, uma “mudança na estabilidade”.

“A estabilidade significa que, quer a estrutura social, quer as necessidades dos residentes estão numa fase estável em termos comparativos, não se verificando uma grande mudança”, referiu.

A responsável lembrou que em Macau, sobretudo nos votos por sufrágio directo, há ainda uma geração dos “votos de ferro”, ou seja, eleitores, que ao invés de darem mais atenção dos programas políticos, debates ou à experiência do passado, estão mais atentos à ligação social das listas e ao lado humano.

“Apesar de se afirmar que na próxima legislatura vão existir três rostos novos, na verdade só temos um [Agnes Lam], porque os outros dois deputados eleitos pertencem a grupos que já tiveram membros na AL [Sulu Sou, da Novo Macau, e Leong Sun Iok, dos Operários]. Isto é um sinal de estabilidade”, defendeu Fang Quan.

“As listas 8 e 9 [lideradas por Song Pek Kei e Si Ka Lon] ganharam, em conjunto, em 2013, 29,12 por cento dos votos, mas este ano só ganharam 24,44 por cento, por isso é uma diminuição dos votos. Isso prova que os eleitores fizeram uma escolha diferente, apesar da estabilidade.”

Fang Quan lembrou ainda a estreia de Lam U Tou, ex-Operários e líder da Poder de Sinergia.

“A lista foi candidata pela primeira vez e teve um bom resultado, superior a sete mil votos. Por isso acho que os jovens estão mais atentos à sociedade e preocupam-se mais com assuntos sociais. É uma das prioridades e os eleitores estão atentos.”

A surpresa Agnes

Sobre a vitória de Agnes Lam, Fang Quan considera que representa “uma mudança”. “Penso que foi eleita por representar a classe média e os sectores profissionais. Esta não foi a primeira vez que se candidatou, insistiu várias vezes na participação nas legislativas e obteve os seus frutos. Com isto percebemos que há novas solicitações da sociedade.”

A académica fala também de um novo olhar dos eleitores, mais afastado das associações tradicionais, como é o caso dos Operários ou Kaifong (moradores).

“Os cidadãos das classes sociais mais baixas dependem muito das associações tradicionais, que conseguem de facto melhorar a vida dos residentes. Mas com a evolução da sociedade, as pessoas pensam como resolver os problemas sociais de outra forma. E aí são necessários profissionais”, rematou.

Qualidade vs capacidade

Para a coordenadora da faculdade de Direito, nem o tufão Hato levou mais gente às urnas, apesar de se ter verificado uma afluência de jovens.

“Não se registou um aumento aparente da taxa de votação, pois nos últimos quatro anos foi de 59 por cento. Isso mostra que a paixão pela política não é muito elevada.”

Fang Quan explica as razões. “A Lei Básica determina o tipo e conteúdo das propostas de lei que os deputados podem apresentar no hemiciclo, e pensa-se que não se conseguem fazer muitas coisas.”

“No sufrágio directo a capacidade dos deputados é igual à qualidade dos seus eleitores. Quer sejam resultados satisfatórios ou não, ou se se criticam mutuamente, têm sempre um voto na mão. Daqui para a frente, vamos ver se os eleitores da ‘geração de ferro’ usam os seus direitos para o futuro do território e votam de modo racional. Deve-se prestar atenção aos jovens e profissionais, para que se resolvam as necessidades mais prementes.”

“Estrutura demográfica está a mudar”

Lok Wai Kin, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, falou sobretudo de uma mudança de paradigma daqueles que vão às urnas. “Este ano tivemos um aumento do número de eleitores, e embora a Comissão de Assuntos Eleitorais da AL não tenha apresentado dados estatísticos sobre o número de jovens que foram votar, parece que desta vez votaram mesmo mais jovens. E porquê? Porque que há uma mudança na estrutura demográfica”, apontou.

“A ala mais afastada de Pequim é composta agora por quatro listas, lideradas por Au Kam San, Ng Kuok Cheong, Sulu Sou e José Pereira Coutinho. Estas quatro listas tiveram mais nove mil votos dos novos votantes. Já as listas ligadas a Pequim, como as de Ella Lei, Ho Ion Sang e Wong Kit Cheng, receberam mais dez mil votos dos novos eleitores. Quem representa a classe média, como a Agnes Lam e o Lam U Tou, receberam mais três mil votos e sete mil, respectivamente”, frisou o professor.

Estes dados mostram que “a sociedade tem opiniões diferentes em relação à política mas não significa que as listas afastadas de Pequim consigam atrair os novos eleitores. Os resultados dizem-nos que a comunicação junto dos jovens deve ser destacada”.

A importância da economia

Lok Wai Kin defendeu também que “os programas políticos com conteúdos sobre economia e assuntos sociais atraíram mais votantes”. “Isto é uma inspiração para aqueles que querem estar na política. Quem se focar apenas nos assuntos políticos pode não ganhar apoios suficientes”, frisou o docente de Direito.

“Todos os programas mostraram ter algo em comum: a necessidade de aumento da fiscalização do Governo. A maioria das pessoas está de acordo nesta matéria e o Executivo deve, no futuro, aumentar a sua eficiência e transparência”, acrescentou.

Cadeiras equilibradas

Para Yang Jia Long, doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau, “a ala pró-democrata ocupa agora na AL uma proporção semelhante à ala próxima de Pequim”, graças à eleição de José Pereira Coutinho, Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou. “Olhando para os programas dos candidatos, focaram-se sobretudo em temas como a habitação, trânsito, saúde e educação. Os preços do mercado imobiliário foi outra das prioridades. Assuntos relacionados com a cultura e indústrias criativas não mereceram grande interesse por parte das listas mais tradicionais.” Ainda assim, Yang Jia Long lembrou que “as fontes dos votos obtidos por estas listas foram sobretudo eleitores acima dos 40 anos”. Por isso, “assuntos da preservação da cultura poderão interessar mais aos jovens”.

Eleitores vs população

He Ning Yu, doutorando do Instituto para Pesquisa Social e Cultural da MUST, lembrou que Macau registou, nos últimos cinco anos, um aumento em termos de população e também de eleitores. Se a população registou um aumento na ordem dos 10,8 por cento, o número de eleitores subiu para 307 mil. O académico disse que grande parte dos eleitores rondam uma faixa etária acima dos 40 anos, ainda que “os eleitores jovens, entre os 25 e os 34 anos, ocupem uma certa proporção”. He Ning Yu defendeu que, nas últimas cinco eleições, houve uma tendência de aumento em termos de número de listas, sendo que os candidatos com uma ligação ao sector financeiro também registaram uma tendência de aumento.

21 Set 2017

Carl Ching pede recontagem de votos da sua lista e de Ho Iong Sang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cabeça-de-lista da candidatura da Nova Ideais de Macau, entregou ontem um requerimento ao Tribunal de Última Instância (TUI) a pedir a recontagem dos votos que a sua lista obteve nas eleições passadas de 17 de Setembro. Carl Ching pediu também que os votos da lista de Ho Iong Sang sejam contados novamente.

A razão por detrás do requerimento prende-se com a caução de 25 mil patacas que Carl Ching pagou para participar nas eleições para a Assembleia Legislativa. Como o candidato não conseguiu o número de votos suficientes para reaver a caução paga na altura em que apresentou a sua lista, enquanto mandatário da sua lista, Ching entende que este dinheiro não deve ficar nas mãos do Governo. O candidato não quer que a verba que teve de desembolsar contribua para “engordar” os membros do Executivo com cargos importantes, até porque considera que o Governo não tem ferramentas de fiscalização eficazes para a utilização de fundos.

Descubra as diferenças

Carl Ching admite que caso não tivesse este problema com a caução prestada não iria apresentar o pedido de recontagem dos votos. A justificação para este pedido para o TUI é a semelhança entre os símbolos da lista Nova Ideais de Macau e a lista 2, de Ho Iong Sang. Ambos usam o preto e o branco no boletim de voto. Como tal, Carl Ching entende que os trabalhadores responsáveis pela contagem nas assembleias de votos podem ter falhado, subtraindo votos à sua lista e influenciado o resultado final que obteve no sufrágio de domingo.

O líder considera que como entregou 602 assinaturas aquando da propositura de candidatura à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, não se entende que haja tamanha discrepância para a quantidade de votos que angariou.

O mandatário da lista Nova Ideais de Macau diz não contar com nenhum apoio legal no pedido que fez ao tribunal de última instância e que precisa de reaver o dinheiro pago à CAEAL uma vez que este lhe fora emprestado por amigos que precisam ser ressarcidos.

Além disso, Carl Ching anunciou a criação de um grupo de fiscalização do Governo de forma a acelerar a compensação aos residentes afectados pelo tufão Hato.

21 Set 2017

Eleições | Susana Chou acredita na vitória de Lam U Tou em 2020

A antiga presidente da Assembleia Legislativa manifestou nas redes sociais o seu apoio a Lam U Tou, que obteve mais de sete mil votos nas eleições, através da lista Poder de Sinergia. Susana Chou acredita que este candidato, ex-membro dos Operários, pode vir a ser deputado

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]am U Tou foi um dos nomes que surpreendeu na noite eleitoral de domingo, tendo obtido mais de sete mil votos com a lista Poder de Sinergia. O resultado alcançado pelo antigo membro da Associação Geral dos Operários de Macau (AGOM) provou, segundo analistas, que este pode vir a representar uma nova força política daqui a quatro anos.

O candidato da lista 15 obteve o apoio público de Susana Chou, antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), que na sua página de Facebook defendeu que Lam U Tou pode muito bem vir a ser eleito nas próximas legislativas.

“Espero que continuem a lutar por um futuro mais brilhante em Macau e que façam coisas benéficas em prol da sociedade e população. Espero também que daqui a quatro anos a mesma lista se recandidate às eleições. Acredito que vão conseguir [ser eleitos]”, considerou.

Susana Chou lembrou que os resultados foram bastante satisfatórios para a estreia da Poder da Sinergia nas legislativas, tendo em conta os poucos recursos de que dispunham os candidatos.

“A lista 15 candidatou-se pela primeira vez sem grandes apoios e sem ir atrás de dinheiro. Mas conseguiram ter mais de sete mil votos. É óbvio que fizeram um bom trabalho. É por isso que digo que, apesar de não terem ganho, ficaram com a glória e toda a gente deve ficar contente por eles”, acrescentou a empresária e ex-presidente do hemiciclo.

Sem arrependimentos

Lam U Tou já garantiu aos jornalistas que, daqui a quatro anos, se candidata novamente às eleições pela via do sufrágio directo. Apesar da derrota, Susana Chou deixou bem claro que não se arrepende de ter apoiado publicamente este candidato.

“Vários amigos me perguntaram se fiquei desiludida por não existir nenhum candidato da lista 15 no grupo dos deputados eleitos. O que posso responder é que não estou desiludida e nem me arrependo de apoiar esta lista”, frisou.

Susana Chou revelou ainda na sua página de Facebook que chegou a ser aconselhada a não apoiar a lista liderada por Lam U Tou.

“Houve amigos que me disseram para não apoiar a lista 15 de uma forma aberta, porque caso revelasse o meu apoio publicamente poderia ofender muita gente. Mas sempre insisti na honestidade e nunca quis dizer coisas falsas. A esses amigos disse que sempre escolhi pessoas talentosas e não pessoas que conheço há muito tempo”, referiu.

Admitindo, apesar de tudo, que conhece Lam U Tou há muitos anos, devido ao seu passado associativo, Susana Chou adiantou que este “é um jovem talentoso e não há muitos em Macau”.

“Aprecio especialmente o seu bom carácter. Vi o programa político da lista 15 e percebi que foi uma lista composta por jovens com ideais, ambições e vontade de fazer coisas na prática. Por isso decidi apoiá-los sem reservas”, apontou.

20 Set 2017

Imposto de selo | Governo quer alterar regulamento

A entrada em vigor da lei das rendas veio instaurar os contratos de arrendamento com um mínimo de três anos. A Direcção dos Serviços de Finanças vai, por isso, rever o regulamento do imposto de selo, com o objectivo de reduzir a pressão fiscal dos contribuintes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) está a estudar a possibilidade de alterar o regulamento do imposto de selo após a entrada em vigor da nova lei de rendas. Em resposta a uma interpelação escrita dos deputados Chan Meng Kam e Song Pek Kei, o director da DSF, Iong Kong Leong, garantiu que o objectivo é reduzir a pressão fiscal dos que assinam contratos de arrendamento de longa duração.

Com o alargamento do período mínimo de arrendamento de dois para três anos, imposto pela nova lei de rendas, a DSF está a ponderar fazer mudanças. Neste momento, a ideia preliminar é devolver parte do imposto aos contribuintes que cessem o contrato de arrendamento antes da sua data final. O montante a devolver será contabilizado desde o fim da relação de arrendamento até à data final que consta no contrato.

A DSF adiantou ainda que o estudo sobre a alteração do regulamento será iniciado o mais depressa possível, para que se possam proceder aos trabalhos seguintes.

Em Agosto deste ano na Assembleia Legislativa (AL) foi aprovado na especialidade o regime jurídico do arrendamento previsto no Código Civil, com o intuito de instaurar um mecanismo de controlo dos aumentos das rendas, o que veio a ser rejeitado pelos deputados. O estabelecimento da obrigatoriedade de contratos com um mínimo de três anos, ao invés dos habituais dois anos, foi uma das medidas aprovadas pelo hemiciclo.

Contribuição na mesma

Os deputados à Assembleia Legislativa questionaram ainda o Governo sobre a possibilidade de reduzir a contribuição predial, mas Iong Kong Leong disse que não há, para já, qualquer calendário para uma eventual alteração.

O director da DSF acrescentou que o grupo de trabalho para a promoção do desenvolvimento sustentável do mercado imobiliário avançou, há sete anos, com uma série de medidas destinadas a estabilizar o sector.

Uma delas prende-se com a alteração do regulamento da contribuição predial urbana, que visou reduzir a contribuição predial, para que houvesse um equilíbrio em relação aos outros impostos cobrados sobre os rendimentos.

Dada a implementação desta medida em 2010, a DSF não tem ainda uma proposta certa para uma redução da contribuição predial para os proprietários, sendo necessário um novo estudo sobre a matéria, apontou o responsável do Governo.

20 Set 2017

Eleições | Ho Ion Sang e Song Pek Kei agradecem aos eleitores

Com mais ou menos votos que o esperado ontem foi dia de agradecer ao eleitorado. Ho Ion Sang e Song Pek Kei andaram na rua e, mais ou menos satisfeitos, garantem o cumprimento dos programas a que se propuseram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ntem foi dia de agradecimentos por parte de algumas das listas que elegeram deputados nas eleições de domingo. Ho Ion Sang e Song Pek Kei, mantêm os lugares na Assembleia Legislativa e dirigiram-se à população para garantir que a aposta não será esquecida.

Ho Ion Sang, eleito pela “União Promotora Para o Progresso” e ligado aos Kaifong está satisfeito com o apoio dos residentes. Ao HM, o candidato eleito, refere que vai manter o contacto próximo com os vários sectores sociais do território. “Vou deslocar-me e visitar as comunidades locais para melhor compreender as necessidades e solicitações dos residentes”, apontou. Esta é também a forma de retribuir o voto de confiança que lhe foi dado nas urnas e é uma responsabilidade à qual não pode nem quer fugir. O único candidato eleito da sua lista, Ho Ion Sang está ainda assim “satisfeito”.

A “União Promotora Para o Progresso” arrecadou cerca de 12 mil votos e a lista liderada por Wong Kit Cheng, a “Aliança do Bom Lar” também ligada aos moradores mas que se candidatou separadamente, obteve 9500 votos. “Com as duas listas conseguimos um total de mais de 21 mil votos, número que representa uma subida significativa em relação às eleições passadas”, disse. Para Ho Ion Sang não há nada para lamentar e a divisão dos candidatos ligados aos Kaifong em duas listas separadas foi uma aposta ganha com a eleição de dois deputados.

O trabalho que tem pela frente vai ter como prioridade os assuntos sociais, sendo que no topo da agenda de Ho Ion Sang está o pedido ao Governo de um calendário para 40 mil fracções de habitação pública, para a reconstrução dos bairros antigos do território e para as medidas contra inundações.

O objectivo, sublinhou, “é fazer com que os residentes consigam ter uma vida confortável no território”.

Relativamente aos comentários acerca de pessoas ligadas aos Kaifong que terão acompanhado eleitores às mesas de votos, Ho Ion Sang não adianta comentários e argumenta que não tem conhecimentos detalhados acerca da situação.

Vitória menor

Já Song Pek Kei passou o dia de ontem entre a Areia Preta, o Fai Chi Kei e a Rua da Praia do Manduco onde, entre agradecimentos aos residentes, foi apoiada pelos eleitores e recebeu mais um apelo para que lute pelas necessidades da população.

Em declarações ao HM, a número um da lista “Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau” refere que os “objectivos básicos” foram atingidos, embora os resultados estejam longe do satisfatório.

Com pouco mais de 10.000 votos, Song Pek Kei admite agora que as listas em separado e a ausência de Chan Meng Kam foram factores determinantes para a perda de um deputado no hemiciclo.

A deputada eleita não deixa de querer alcançar os objectivos do programa que propôs aos eleitores ao mesmo tempo que pretende lutar pelo aumento da qualidade de vida dos residentes.

Apesar da aparente derrota, Song Pek Kei considera que o processo eleitoral decorreu sem grandes incidentes, o que se deve à actual lei eleitoral. No entanto, aponta, “há ainda faltas a colmatar na legislação e nos trabalhos da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), nomeadamente medidas relativas aos actos de propaganda.

 

Eleições| Ruas do contentamento

Mak Soi Kun e Zheng Anting, candidatos eleitos da lista “União de Macau-Guangdong” foram ontem à Rua da Praia do Manduco para agradecer o apoio dos eleitores. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, os candidatos eleitos foram recebidos por comerciantes e prometeram ter em conta as necessidades deste sector. Em relação aos novos rostos no hemiciclo, Mak Soi Kun considera que “qualquer pessoa é bem-vinda” desde que consiga trazer benefícios à legislatura que vai começar e mais-valias à sociedade.

Também Wong Kit Cheng, candidata eleita pela lista “Aliança de Bom Lar”, foi agradecer aos eleitores pelos votos. A localização escolhida foi a zona da Rua do Campo onde vários residentes deram os parabéns à deputada “Associação Geral das Mulheres”.

Wong Kit Cheng mostrou ainda o seu contentamento por poder continuar no hemiciclo mas considera que há eleitores que têm de ser conquistados. A candidata eleita vai continuar a encaminhar as propostas ligadas aos assuntos sociais que não foram completadas na 5ª legislatura.

Wong Kit Cheng sublinhou ainda que respeita “os deputados eleitos pelos votos da população, e espera que todos os deputados no hemiciclo cooperem em conjunto, para uma melhor fiscalização do Governo a uma melhor vida dos residentes”.

19 Set 2017

Operários de Macau conseguem eleger dois deputados

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi uma das grandes vitoriosas da noite. A lista União para o Desenvolvimento (UPD) – que, nas últimas eleições, tinha sido a grande derrotada ao perder um deputado, reelegendo apenas Kwan Tsui Hang – volta a estar representada na Assembleia Legislativa por dois tribunos.

Ella Lei, deputada eleita por via indirecta em 2013, mudou de sufrágio e deu-se bem na sua primeira corrida eleitoral por via directa: a UPD foi a segunda lista mais votada. A cabeça-de-lista conseguiu 16.694 votos e vai estar acompanhada por um novo rosto: Leong Sun Iok foi o último a conquistar uma assento, com 8347 votos.

No momento em que se soube que os candidatos tinham sido eleitos, houve lágrimas de alegria na sede de campanha da UPD, à mistura com muitas manifestações de alegria. Ella Lei e Leong Sun Iok agradeceram o apoio dado pelos eleitores. A cabeça-de-lista garantiu que a equipa vai continuar a esforçar-se para corresponder às expectativas da sociedade e tratar das sugestões dos residentes que foram recolhidas durante o período da campanha eleitoral.

Leong Sun Iok não deixou de referir que as eleições foram “intensas e difíceis”, uma batalha que foi ganha com a ajuda de voluntários e funcionários do universo dos Operários.

O deputado eleito realçou que as eleições decorreram de “um modo muito calmo”, com um número de votantes recorde, para defender que demonstram uma evolução social. Quanto à expressiva votação na lista ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau, Leong entende que se trata do resultado do trabalho feito ao longo dos tempos.

Houve ainda tempo para falar do que se segue: o número dois de Ella Lei promete trabalhar para que sejam criadas melhores condições de trabalho para os residentes.

Também a deputada definiu prioridades: proteger os terrenos de Macau e o modo de vida da população local, objectivos que reconhece serem difíceis de alcançar sem o esforço de todos. Ella Lei atribui o sucesso eleitoral ao facto de terem passado das palavras à acção, uma ideia que pretende continuar a colocar em prática.

Por fim, Leong Sun Iok recordou ainda que, à semelhança do que aconteceu há quatro anos, a UPD foi alvo de difamação. Mas os resultados desta madrugada, salientou, demonstram que a população sabe a verdade, pelo que finalmente se fez justiça, também para Kwan Tsui Hang.

18 Set 2017

Cloee Chao, croupier e candidata às eleições: “Os meus votos não são os de Angela Leong”

Passou de activista a candidata e diz que a sua lista, a Linha da Frente dos Trabalhadores dos Casinos, é a única exclusivamente composta por funcionários de jogo das camadas mais baixas. Cloee Chao lidera a lista número 25 e promete lutar pela melhoria das regalias dos trabalhadores do jogo, caso seja eleita para a Assembleia Legislativa

 

É presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, que realizou várias actividades de manifestação como a entrega de cartas. Tem dados estatísticos sobre o número de queixas que recebeu este ano?

Não, mas recebemos, em média, uma ou duas solicitações por mês. Uma vez recebemos oito queixas sobre um caso de aumentos salariais e, através da nossa associação, falámos com a empresa para melhorar a situação. Só quando o assunto não é resolvido é que decidimos manifestar-nos e tornar o assunto público. Recebemos um caso ligado à Sands China, em que um grupo de engenheiros continuava com o estatuto de estagiários ao fim de três anos de trabalho. Os engenheiros que estavam a ser recrutados recebiam 15 mil patacas de ordenado, mas esse grupo de trabalhadores continuava a receber 11 mil patacas, sem qualquer aumento.

Que assunto gera queixas mais frequentes?

Recebemos muitas queixas sobre a questão da proibição de fumo. A lei diz que não é permitido fumar em algumas salas de jogo, mas a empresa permite que os clientes fumem. Até há fiscais que fumam e usam os copos de água como se fossem cinzeiros. Se os croupiers se queixarem, os fiscais ficam do lado dos clientes e criticam os trabalhadores. Por isso, temos vindo a contactar com o Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo e os Serviços de Saúde para que resolvam estes casos. A situação melhora durante uns tempos, mas depois volta a repetir-se.

O seu programa político foca-se na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores de jogo. Mas o que defende em relação a outras áreas, como a habitação e o trânsito, por exemplo?

Este ano, a concorrência nas eleições é enorme e muitas das listas já abordaram de forma detalhada esses assuntos. É por isso que decidimos enfatizar os problemas que existem na nossa indústria. Das 24 listas candidatas, a nossa é a que dá mais destaque às solicitações dos trabalhadores do jogo, mas isso não quer dizer que ignoremos os outros assuntos. Ao nível da habitação, é difícil para um trabalhador do jogo candidatar-se à obtenção de uma casa económica, porque há muitos jovens a candidatar-se. Com o regime em vigor, os interessados demoram 20 anos a conseguir entrar na lista. Quanto à habitação social, só mesmo os desempregados é que conseguem uma fracção, porque uma família com membros que tenham emprego não consegue ter esse direito. No sector privado, é preciso, no mínimo, um milhão de patacas para adquirir uma casa muito básica. Um casal, em que ambos sejam croupiers, leva para casa todos os meses cerca de 40 mil patacas. Isso não dá para pagar as prestações, porque também existem outras despesas. Concordamos com o candidato Ng Kuok Cheong quanto à ideia de “terra de Macau destinada às gentes de Macau”, porque é preciso ajudar os jovens a comprar uma casa e combater os actos de especulação.

Foto: Sofia Margarida Mota

Tem medo de perder votos, uma vez que o seu programa político não dá destaque aos assuntos sociais?

Pensámos rigorosamente sobre isso e decidimos cortar essas áreas do nosso programa. Penso que as pessoas não têm compreendido muito bem a nossa lista, porque acham que a nossa candidatura vai roubar votos às outras listas. O nosso objectivo é aumentar as fontes dos votos. A sociedade julga que os trabalhadores do jogo não dão muita atenção à política, mas vão começar a prestar mais atenção quando começarem a pensar nas condições de vida nos próximos anos. Os empregados dos casinos querem melhores condições de trabalho, por isso vão estar mais atentos à política, mesmo que não tenham direito a votar. Com base nessa ideia, decidimos eliminar as propostas sobre habitação, trânsito e assuntos sociais. 

Acredita que vai conseguir roubar votos a Angela Leong (candidata pela União do Desenvolvimento de Macau)?

A minha fonte de votos é diferente da de Angela Leong. Há também outras listas que estão ligadas ao sector do jogo, mas os seus líderes ocupam cargos de chefia. Somos a única lista composta apenas por trabalhadores das camadas base. Isto é óbvio e não causa qualquer confusão. 

Num debate televisivo foi confrontada por Kou Meng Pok, candidato que luta pelos direitos dos investidores do Pearl Horizon. O candidato fez-lhe uma pergunta sobre a protecção do direito à propriedade privada, prevista na Lei Básica, mas depois foi interrompida. O que pensa de facto sobre esse assunto?

Concordo com esse ponto da Lei Básica e também com a implementação da Lei Sindical. Esperamos que seja implementada porque nos últimos anos não tem passado de papéis em branco. Nesse momento queria responder a Kou Meng Pok que concordava com ele, que quero garantir a protecção da Lei Básica e a implementação da Lei Sindical. Defendemos o direito à propriedade privada, mas essa é uma solicitação deles. 

Caso seja eleita, qual vai ser a sua prioridade como deputada à Assembleia Legislativa (AL)?

Vou focar-me no aumento das regalias dos trabalhadores dos jogos, para que sejam iguais às dos funcionários públicos. Apesar de as operadoras de jogo serem empresas privadas, são concessionárias e, nos últimos anos, os juízes têm aplicado as infracções aos funcionários de jogo como se trabalhassem para o Executivo, com os mesmos critérios. Os trabalhadores, caso sejam culpados, merecem ser punidos, mas então não teriam também direito a regalias iguais? Aquando da liberalização do sector do jogo, foi feita a promessa de que os trabalhadores seriam bem tratados, mas vimos agora que as receitas estão estáveis. É altura de as operadoras cumprirem com aquilo que prometeram. O prazo para a renovação das licenças está a terminar, mas as operadoras ainda não cumpriram o prometido.

Caso não seja eleita, que planos tem para o futuro?

Tenho trabalhado na associação e esse trabalho não vai parar. Sou também vice-presidente do conselho fiscal da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, pelo facto de o jogo ser uma parte essencial do desenvolvimento comunitário. Vou lutar pela melhoria das condições providenciadas pela indústria, que envolve milhares de famílias. Espero que haja uma mudança.

Manterá então o trabalho que tem vindo a fazer.

Sim. Vamos continuar a exigir às operadoras de jogo mais acções antes da renovação das licenças. Será sempre melhor ser eleita, claro, mas caso não o seja, ao menos mostramos à sociedade o que pensamos, o nosso programa político, se bem que já atingimos esse objectivo. Se obtiver, por exemplo, seis mil votos e não for eleita, ao menos sei que há seis mil pessoas que me apoiam. Quando chegar a altura da renovação das licenças, acredito que o Governo não vai ignorar essas solicitações.

A sua lista tem menos recursos do que as outras?

Muitos questionaram-nos sobre a origem dos nossos fundos e recursos. A nossa lista tem oito candidatos e recorremos às nossas poupanças para comprarmos as coisas e fazermos as actividades. Não gastámos muito dinheiro porque os panfletos foram feitos por nós, bem como os vídeos. A nossa música de campanha foi feita pela minha filha.

O facto de terem poucos recursos vai afectar os resultados das eleições?

Se compararmos com as associações tradicionais, temos menos vantagens. Nos últimos dias temos feito muitas acções de campanha durante a noite, mas não é a falta de recursos que nos impede de fazer mais. A única coisa que podemos fazer é distribuir panfletos, divulgar o nosso programa político e dizermos quem somos. Temos aproveitado muito as redes sociais para mostrar o nosso programa político.

Em 2014 esteve muito activa nos protestos em defesa dos croupiers. Depois afastou-se. Este ano voltou como candidata. Deixou de sofrer pressões de algum tipo?

Não foi bem assim. Em 2013 já estava activa nas manifestações, um ano depois tornei-me secretária-geral da Forefront of Macau Gaming e nessa altura realizávamos protestos duas a três vezes por mês. Depois disso muitos colegas meus deixaram de ir para as ruas e fiquei sozinha a contribuir para essas iniciativas. Talvez devido aos nossos recursos limitados não tenham recebido as informações e, por isso, pense que estive mais afastada. Os trabalhadores do jogo sabem que estive sozinha a trabalhar nesta área. Muitos dos meus colegas começaram a ser pressionados pela empresa onde trabalhavam e também nas redes sociais, e depois deixaram de aparecer. Várias notícias sobre as nossas acções não foram publicadas de propósito, e daí surgir essa ideia de desaparecimento.

Durante os protestos de 2014 sofreu pressões da empresa?

No início houve algumas pressões, mas depois no meu local de trabalho começaram a ficar habituados porque, como os problemas não se resolviam, os trabalhadores continuaram a aparecer e a fazer queixas. Várias empresas começaram a aceitar as nossas reivindicações. Neste momento, em alguns casos, já nem precisamos de enviar cartas, os problemas começam logo a ser solucionados.

Está satisfeita com o que tem feito ao longo destes anos? Acha que conseguiu resultados?

Há muitos aspectos que foram melhorados. Valeu a pena, mas também passei pouco tempo com a minha família. Os resultados que obtive levaram-me a participar nestas eleições.

17 Set 2017

Eleições | Paul Chan Wai Chi queixa-se ao Ministério Público da PSP e CAEAL

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um gesto de antecipação, o cabeça-de-lista da Associação do Novo Progresso de Macau enviou uma carta para o Ministério Público a queixar-se da actuação da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Em causa está o episódio noticiado ontem, em que Paul Chan Wai Chi estaria a ser indiciado da prática do crime de desobediência agravada depois de uma acção de campanha no Fai Chi Kei.

Tudo começou com a afixação de uma bandeira por parte de um voluntário pró-democrata fora dos 19 locais designados pela CAEAL. De acordo com o líder da lista Associação do Novo Progresso de Macau, a versão apresentada no auto de denúncia, onde se diria que admitia ter dado a ordem para a afixação da bandeira, não corresponde à verdade.

Após uma esgrima de argumentos jurídicos, os agentes da autoridade decidiram escrever um auto de denúncia onde constava Paul Chan Wai Chi como o responsável pelo alegado acto irregular.

O cabeça-de-lista ligado à Associação Novo Macau sentiu-se particularmente agravado com o comunicado que a PSP publicou no Gabinete de Comunicação Social onde constava que Paul Chan Wai Chi teria admitido a crime de desobediência agravada. O candidato explica na carta ao MP que sentiu a necessidade de se responsabilizar pela actuação dos voluntários, uma vez que estava a coordenar os trabalhos da lista no Fai Chi Kei.

Na sequência deste incidente, o activista Jason Chao não teve dúvidas em categorizar a actuação das autoridades como abuso de poder.

Direitos em linhas tortas

Estes foram os motivos por detrás da carta enviada por Paul Chan Wai Chi para o procurador Ip Son Sang, onde é argumentado que este caso representa uma enorme injustiça para o candidato às eleições para a Assembleia Legislativa. Além disso, a carta do candidato mencionou também a jurisprudência feita no Tribunal de Última Instância (TUI), nomeadamente um acórdão onde se decidiu que não se pode proibir plenamente nos locais públicos a colocação de informação relativa ao direito à reunião. O mais elevado órgão judicial considerou que as ordens da CAEAL não eram uma restrição razoável a um direito consagrado na Lei Básica.

Paul Chan Wai Chi estende as suas críticas à actuação da CAEAL. No entender do cabeça-de-lista dos pró-democratas, existem incongruências nas instruções dadas pela comissão eleitoral. O candidato enumera um comunicado divulgado pela entidade presidida por Tong Hio Fong, de 4 de Setembro, onde se estabelece que durante a realização de propaganda eleitoral que não tenha a natureza de reunião nas vias públicas, não é permitida a colocação de meios de propaganda.

Dois dias depois, de acordo com o comunicado da Associação do Novo Progresso de Macau, a CAEAL acrescenta que, mesmo em caso de reuniões, manifestações e desfiles, não é permitido colocar qualquer propaganda gráfica.

Incongruências à parte, esta não é a primeira eleição em que os candidatos pró-democratas enfrentam uma situação destas. Também por isso, Paul Chan Wai Chi pede a intervenção do MP para realizar uma investigação, por entender que os seus direitos civis enquanto candidato foram violados.

14 Set 2017

Eleições | Song Pek Kei não aparece em acção de campanha na Taipa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] três dias do fim da campanha eleitoral, a lista Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau dirigiu-se para a zona do Edifício do Lago, na Taipa, para distribuir panfletos e contactar os eleitores. Enquanto o tempo para apelar ao voto se esgota, os dois principais candidatos, Song Pek Kei e Loi Chi On, não apareceram na acção de campanha.

Apesar do intenso calor que se fez sentir ontem, os voluntários da lista fizeram-se à rua, mesmo sem os dois principais nomes. Lei Leong Wong, o número quatro da candidatura do universo político de Chan Meng Kam, explicou ao HM que a cabeça-de-lista não se encontrava presente por ter ido acudir a uma solicitação urgente de um residente.

O mesmo candidato acrescentou que este tipo de pedido é algo frequente e que extravasa o período da campanha eleitoral. De acordo com Lei Leong Wong, a maioria dos agravos recebidos por membros da candidatura prendem-se com assuntos relacionados com habitação, em especial a habitação pública.

“A maioria dos residentes tem dificuldade em conseguir uma casa no mercado de imobiliário privado, segundo as solicitações que recebemos nas ruas, quer seja jovem ou pessoa com idade média, a maioria depende da habitação pública”, revela Lei Leong Wong.

Data de queixas

Os restantes problemas dos residentes que chegam aos ouvidos dos membros da Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau são relativos aos serviços de saúde, trânsito e às baixas pensões de reforma dos idosos.

Lei Leong Wong não tem ainda uma contabilidade para o número de queixas recebidas pela candidatura, uma matemática que será feita finda a campanha eleitoral. O candidato acrescentou ainda que estes agravos não vão cair em saco roto, e que serão debatidas na 6.ª legislatura da AL.

No que diz respeito à maior polémica ocorrida nos debates entre candidatos na TDM, no qual Song Pek Kei trouxe o caso pessoal dos filhos de Pereira Coutinho, Lei Leong Wong referiu que, para já, a sua lista não tem qualquer tipo de próximo passo programado.

Recorde-se que a mandatária da lista Nova Esperança, Rita Santos, apresentou uma queixa à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) devido ao comportamento de Song Pek Kei. O presidente da comissão, Tong Hio Fong, considerou que o caso não está sob a alçada de competências da CAEAL, tendo remetido o caso para a direcção da TDM.

14 Set 2017

Eleições | Na Rotunda Carlos da Maia, a política não importa muito

Ella Lei, líder da lista União para o Desenvolvimento, queixa-se de ser alvo de difamações anteriormente feitas à sua antecessora, Kwan Tsui Hang. A candidata fez ontem campanha junto à Rotunda de Carlos da Maia, mas os potenciais eleitores mostraram-se mais interessados nos espectáculos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s 24 listas candidatas às eleições legislativas do próximo domingo têm percorrido as ruas com panfletos e actividades. Ontem foi a vez de Ella Lei, número um da lista União para o Desenvolvimento, que esteve presente numa acção de campanha junto à Rotunda de Carlos da Maia.
Junto ao mercado dos Três Candeeiros, os apoiantes da lista envergavam roupa de cor vermelha com corações, a imagem oficial da lista 16. No meio de panfletos e holofotes, a plateia, na sua maioria idosa, mostrou-se mais atenta à música e ao espectáculo do que às ideias políticas que ali se iam discutir.
Duas pessoas com quem o HM falou afirmaram que se dirigem à Rotunda de Carlos da Maia todas as vezes que se realizam actividades das listas candidatas às eleições. Num dos locais mais populosos do território, junto à Avenida Horta e Costa, o objectivo de quem ali vai não parece ser ouvir debates políticos ou pensar sobre o trabalho dos deputados, mas sim ver os espectáculos organizados pelas listas candidatas à Assembleia Legislativa.
Sou, de 90 anos, disse que as actividades realizadas no local trazem mais dinamismo a quem ali vive. Política à parte, este residente considera que o Governo deveria organizar mais eventos naquela pequena rotunda, para impulsionar mais o bairro.
Quando questionados sobre o sistema político, os dois idosos deram respostas vagas, revelando mais incertezas do que ideias concretas. “Não sei muito sobre assuntos sociais”, disse Wong, de 67 anos. Mesmo sem uma opinião formada, Wong admitiu que vai votar no próximo domingo, por ser uma obrigação que deve cumprir como residente permanente.

Actos e acusações

À margem da actividade de apelo ao voto, Ella Lei disse que a concorrência este ano é uma das maiores da história política do território, tendo assumido a existência de vários desafios nos últimos dias de campanha.
A candidata garantiu que, apesar de ter trabalhado muito desde que o arranque da campanha, os trabalhos relacionados com os assuntos sociais não têm parado.
Ella Lei contou ainda ter vindo a ser alvo de boatos difamatórios nos últimos dias, que já estariam associados a Kwan Tsui Hang quando esta era número um da candidatura ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau. A candidata explicou ainda que, como Kwan Tsui Hang está de saída da Assembleia Legislativa, os actos de difamação foram transferidos para si.
O caso já estará em tribunal, mas Ella Lei adiantou que os actos de difamação não terminaram. Segundo a candidata, grupos de pessoas terão empunhado cartazes com fotografias suas na zona das Portas do Cerco, com várias frases de acusação.
Nessas acções, Ella Lei foi acusada de participar em actividades de incitamento ao voto, mas a candidata disse não ter estado sequer presente. A líder da lista 16 acrescentou que já foi feita uma queixa junto da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa.

13 Set 2017

Eleições | Lam U Tou defende intervenção urgente em casos de catástrofes naturais

Se for eleito nas eleições do próximo domingo, Lam U Tou, cabeça-de-lista da Poder da Sinergia, promete dedicar-se às questões ambientais. A promessa foi deixada ontem numa conferência de imprensa em que o candidato falou ainda dos efeitos da passagem por Macau do tufão Hato

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pontando que muitas árvores do território sofreram com a força do vento, Lam U Tou defendeu um plano de intervenção urgente. O candidato diz saber que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) pretende plantar novas árvores a partir do próximo ano, mas considera que é preciso tratar já daquelas que, não tendo sido totalmente derrubadas, ficaram danificadas. O também director da Associação da Sinergia de Macau (ASM) vincou que podem ser afectadas por bactérias e morrerem por falta de trabalhos de preservação. Neste contexto, entende que este trabalho deve ser adjudicado a uma empresa que possa resolver o problema com a máxima celeridade.

Ainda sobre as zonas arborizadas que se perderam devido ao Hato, o aspirante a deputado defende que o Governo deve divulgar o plano que tem para a recuperação das áreas verdes, sendo importante que ouça a sociedade. Lam U Tou não concorda, por exemplo, com a ideia apresentada pelo IACM em relação à plantação de árvores com um elevado nível de resistência ao vento. “Deve haver espécies diferentes de árvores para poderem desempenhar funções variadas no território, incluindo a protecção da chuva e do sol”, argumenta.

Já sobre a protecção ambiental, Lam U Tou lamenta que o Governo não tenha ainda avançado com um plano concreto para criação de uma área de protecção mais rigorosa, medida que consta do planeamento oficial para os anos 2010 a 2020. Por isso, o candidato garante que o assunto será uma das prioridades na sua agenda, se conseguir um assento na Assembleia Legislativa.

Também a reciclagem de resíduos alimentares preocupa o deputado, uma vez que as autoridades não têm actualmente capacidade para tratar convenientemente deste tipo de lixo. Não há um terreno disponível para a criação de uma central de reciclagem de resíduos alimentares. Lam U Tou quer que os Serviços de Protecção Ambiental e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes arranjem uma solução quanto antes.

Dinheiro mais fácil

Ambiente à parte, o candidato pronunciou-se sobre questões ligadas ao funcionamento da lista que encabeça, referindo que “o caminho tem sido difícil”. Assegurando que os membros da ASM trabalham em regime de voluntariado, congratulou-se com o que tem sido possível fazer com uma associação criada recentemente e que funciona de forma independente.

Lam U Tou explicou que recebeu apoio financeiro de residentes, enfatizando que o dinheiro arrecadado tem sido tratado de acordo com a lei e as contas serão apresentadas às autoridades depois da campanha eleitoral. Ainda a este propósito, o cabeça-de-lista da Poder da Sinergia defende futuras alterações à lei, para que seja mais fácil aos residentes contribuírem financeiramente para as candidaturas que apoiam.

12 Set 2017

Justiça | Continua a esgrima entre Andrew Cheong, da Novo Macau e Caruso Fong

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] luta entre dois membros da Novo Macau que rebentou no mês passado quando Caruso Fong acusou a direcção dos pró-democratas de aceitarem subornos de Andrew Cheong teve um novo episódio.

A Novo Macau apresentou uma queixa por denúncia caluniosa contra Caruso Fong, presidente da Associação dos Assuntos Jurídicos e Sociais, que entendeu que “este é o método que Andrew Cheong adopta sempre”. Em comunicado, Caruso Fong explica que a queixa tem como objectivo transferir o foco do assunto, algo que não perturba o presidente da Associação dos Assuntos Jurídicos e Sociais.

O comunicado da associação dirigida por Caruso Fong diz que Andrew Cheong está a ser investigado pelo Ministério Público (MP), depois de ser acusado de prestar falsas declarações em tribunal, ou seja perjúrio, no julgamento do caso de Ho Chio Meng.

Aquando da queixa do presidente da Associação dos Assuntos Jurídicos e Sociais, foi também pedido ao MP que investigasse se Andrew Cheong tinha, ou não, usado métodos ilegais para conseguir um projecto de obras da Direcção para os Assuntos do Tráfego. O projecto em questão estava orçamentado em 30 milhões de patacas.

11 Set 2017