Automobilismo | Rui Valente apronta regresso do quarteto macaense

Depois de um pódio e dois abandonos consecutivos, Rui Valente, o piloto de matriz portuguesa há mais tempo no activo, está confiante para a próxima prova, aquela que juntará novamente quatro nomes portugueses que escreveram alguns capítulos da história do automobilismo e motociclismo de Macau nas últimas quatro décadas

 

No fim de semana de 9-11 de Abril, no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), Rui Valente disputou a sua terceira corrida da temporada, ele que foi até agora o único piloto da RAEM a realizar corridas de automobilismo esta temporada de 2021. Após uma qualificação prometedora, onde colocou o Honda Integra DC5 na primeira linha da grelha de partida, e uma perseguição inicial ao primeiro classificado à geral na corrida, um mais potente Lotus Exige, o experiente piloto do território viu-se traído por um problema eléctrico na sua viatura, o que o obrigou a abandonar.

Este infortúnio não foi o primeiro revés sofrido este ano. Na prova de abertura do “GIC Super Track Festival”, em Janeiro, Rui Valente terminou em terceiro lugar, mas na corrida anterior a esta, em Março, um problema da válvula de pressão do tanque de gasolina não permitiu que o nº14 realizasse uma corrida isenta de problemas. Depois de uma longa paragem nas boxes, Rui Valente ainda viria a ver a bandeira de xadrez, mas já muito longe dos lugares da frente.

Mesmo assim, a confiança continua alta antes da próxima prova, aquela que reunirá novamente no mesmo carro um quarteto de luxo composto por Rui Valente, Belmiro Aguiar, Ricardo Lopes e José Mariano da Rosa. Nos últimos dois anos, o piloto português com mais participações no Grande Prémio de Macau fez questão de tirar do retiro os seus ex-rivais de outros tempos que assim se viram “forçados” a ir buscar ao fundo do armário o fato e o capacete para alinharem nas corridas de longa duração organizadas pelo circuito dos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing.

A equipa ainda terá avaliado a aquisição de um carro novo, mas, por agora, o “velhinho” Integra DC5 continuará a ser o “cavalo de batalha” nestas corridas de longa distância, aonde a fiabilidade e o consumo acabam por ter mais peso que a potência ou velocidade de ponta. Para enfrentar as agruras que terá pela frente, o carro japonês vai passar por uma cura de rejuvenescimento. “O carro vai receber um novo motor e uma nova caixa de velocidades e vamos resolver o problema dos ‘relays’ (ndr: um interruptor eletromecânico) de uma só vez”, explicou Rui Valente ao HM.

De forma a dinamizar a indústria do automobilismo na província de Guangdong, o GIC organiza este ano um campeonato com dez corridas com a duração de uma hora, aquelas que Rui Valente participa a solo, com o nome de “GIC Super Track Festival”, e três provas de seis, sete e oito horas de duração, que compõem o campeonato “GIC Super Endurance Race”, em que o quarteto macaense irá alinhar.

Expectativas à medida

A prova de seis horas está agendada para o fim de semana de 4 e 5 de Maio. Acima de tudo, esta é uma iniciativa em que os intervenientes querem desfrutar do prazer de voltar a competir, deixando para segundo plano os resultados.

Contudo, ninguém acredita que o quarteto lusófono da RAEM vá participar só por participar, e em termos desportivos o objectivo está bem definido, como refere Rui Valente, e passa por “fazer melhor que no ano passado”.

Entretanto, enquanto não há ainda datas oficiais para as corridas de apuramento para o Grande Prémio de Macau, o MINI Cooper S preparado na oficina situada no GIC está pronto para mais uma temporada em cheio. “É só mudar óleos, rever os travões e pronto”, revela o seu proprietário que o ano passado regressou ao pódio do Grande Prémio, com um terceiro lugar na categoria “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau.

19 Abr 2021

GP F3 | Prestígio da prova aguenta um segundo cancelamento

O anúncio da pretérita semana dos organizadores do Campeonato da China de Fórmula 4, em que se revelou que o Grande Prémio de Macau faz parte do calendário para 2021, relembra-nos que se a evolução da pandemia não melhorar, uma tradição com quase quarentena anos poderá novamente não se repetir este ano: o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3

 

Como dizia Trevor Carlin, o fundador da equipa de Fórmula 3 Carlin, “Novembro não é Novembro, sem a ida a Macau”. Sem surpresas, portanto, o último Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) decidiu colocar a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA no calendário internacional, mas esta acção não é vinculativa.

A última palavra, sobre a realização da prova, está sempre do lado da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e das autoridades de saúde. Recorde-se que no ano passado a prova de Fórmula 3 não se realizou, pois os catorze dias de quarentena obrigatórios à chegada não eram viáveis para as equipas provenientes do estrangeiro.

O macaense Mário Sin, ex-membro da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, acredita que hoje as prioridades são outras. “O Grande Prémio de Macau é propriedade do Governo, não tem um problema de sobrevivência, daí a prioridade que o Governo tem agora é evitar ao máximo o contágio da COVID-19. Sendo assim, é muito provável que não vá baixar a guarda que tem tido até agora”, afirma esta figura incontornável do automobilismo local, acrescentando que “possivelmente não vamos receber a corrida de Fórmula 3 e outras se [o Governo] achar que a situação não é aconselhável. Veja que a China, por causa da pandemia, também abdicou da sua corrida de Fórmula 1. Por isso, se Macau tiver que desistir [da corrida de F3], está apenas a seguir os ‘bons’ conselhos de segurança da China em relação ao novo coronavírus”.

O piloto português Álvaro Parente, campeão britânico de Fórmula 3 em 2005 e que correu no Circuito da Guia tanto na prova de Fórmula 3, como na Taça do Mundo de GT da FIA, reconheceu ao HM que “é evidente que não é a situação ideal, dado que seria já o segundo ano sem competições internacionais em Macau. Mas atendendo à situação actual, é compreensível, dado que vão muitos pilotos e equipas da Europa e existem riscos na presente conjectura. Contudo, penso que o Grande Prémio de Macau é um nome muito forte no mundo do automobilismo e acredito que conseguirá manter o seu estatuto depois de dois anos sem provas internacionais”.

Estatuto intacto

O rumo que a FIA escolheu para a Fórmula 3 não é consensual. O que em tempos era uma competição que colocava frente a frente diversos construtores de chassis e motores é hoje uma competição monomarca Dallara-Mecachrome, o que tem sido alvo de várias críticas de alguns sectores.

“A F3 real perdeu a sua tradição quando a FIA passou de uma fórmula livre com competições em vários países para uma competição única, a FIA F3. Infelizmente, [Gerhard] Berger não ajudou enquanto presidente da Comissão de Monolugares da FIA, pois quis fechar os campeonatos nacionais para tornar a F3 europeia mais forte”, explicou ao HM Peter Briggs, ex-presidente da FOTA – Formula Three Association.

O inglês e ex-chefe de equipa que em tempos colaborou com Barry Bland, quando este último co-organizava a corrida de Fórmula 3 no território, afirma que “infelizmente, com o GP a tornar-se um evento de uma competição só (FIA F3), perdeu o seu sabor internacional de quando as equipas japonesas podiam encontrar as equipas europeias”.

Contudo, nem todos partilham da mesma opinião, como esclarece Álvaro Parente: “É um evento em que muitos pilotos gostam e querem participar. Estou seguro de que quando voltar a ter provas internacionais, Macau voltará a ser um evento com a projecção de que gozou até ao ano passado.”

Mesmo que não se realize a prova de Fórmula 3 nas ruas da RAEM este ano, tudo indica que isto não quererá dizer que a prova vai perder fôlego. Aliás, enquanto Macau conseguiu manter o seu evento de pé em 2020, outros, como o Grande Prémio de Pau, em França, ou até mesmo o Grande Prémio do Mónaco, não foram capazes de o fazer.

“O circuito da Guia não tem outro igual para uma prova de Fórmula 3 e a FIA há-de voltar com a Taça do Mundo”, sustenta Mário Sin. “Precisamos é manter a ‘nossa tradição’ de continuamente organizar o Grande Prémio de Macau, todos os anos e sem interrupção quaisquer que sejam as circunstâncias. É o único circuito que correu 65 anos sem parar, isto é uma mais valia que temos no nosso Grande Prémio de Macau e não deve haver um outro circuito das mesmas condições”.

A escolha possível

A escolha do campeonato chinês de Fórmula 4, como prova de substituição da corrida de Fórmula 3, fez franzir alguns sobrolhos, mas a realidade é que esta foi a única alternativa à disposição da organização do evento, visto que nenhuma outra competição de monolugares estava disposta a cumprir as zelosas imposições das autoridades de saúde locais. Para Peter Briggs, a solução encontrada “foi boa para os locais, mas para mais ninguém”.

“Caso o Governo consiga eliminar a situação obrigatória da quarentena para entrar em Macau, todo o problema ficará resolvido”, realça Mário Sin, no entanto, “quem sabe, um dia, um dos pilotos chineses que correram em Macau aparece nos campeonatos internacionais e possivelmente chegue até à F1. Daqui a alguns anos podemos orgulhosamente mencionar que este ou aquele piloto chinês correu aqui no Circuito da Guia”.

O Grande Prémio de Macau está agendado provisoriamente de 18 a 21 de Novembro, pendendo ainda de uma decisão final do Governo sobre se o evento avança e se sim, em que moldes. Para além de estar no calendário internacional como Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 e aparecer no Campeonato da China de Fórmula 4, o Grande Prémio também faz parte dos calendários da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR e do Campeonato da China de GT.

7 Abr 2021

China F4 anuncia corrida no Grande Prémio Macau

A organização do Campeonato da China de Fórmula 4, o MiTime Group, anunciou ontem nas redes sociais o calendário para a temporada de 2021, aonde se destaca um possível regresso ao Circuito da Guia no mês de Novembro.

Segundo a publicação, o campeonato “irá ao Circuito da Guia Macau pelo segundo ano consecutivo, tornando-se o destaque da 68ª edição do Grande Prémio de Macau”. Ainda é possível ler que “a grandiosidade do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 ainda está fresco na nossa memória.

Na temporada de 2021, o Campeonato da China de F4 Shell Heineken da FIA e o Grande Prémio da China Fórmula na sua corrida final irá novamente colocar um pé na Região Administrativa Especial de Macau, com duas corridas como foco do 68º Grande Prémio de Macau, com os pilotos e as equipas em acção no Circuito da Guia”.

O calendário de quatro provas ontem anunciado revela que o início da temporada está agendado para o fim de semana de 19 e 20 de Junho aqui ao lado, no Circuito Internacional de Zhuhai. Depois, a caravana da Fórmula 4 chinesa desloca-se ao circuito citadino de Wuhan, numa data a designar no mês de Setembro. Por fim, os monolugares Mygale-Geely irão acompanhar a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo – WTCR em Ningbo, quinze dias antes da deslocação a Macau.

Este anúncio acaba por ser uma surpresa, pois acontece três semanas depois da Federação Internacional do Automóvel (FIA) ter colocado a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA em Macau no calendário internacional. O regresso das máquinas de Fórmula 3 ao evento de automobilismo da RAEM está obviamente pendente do alívio das restrições impostas à chegada de estrangeiros ao território.

A presença da Fórmula 3, não impede, no entanto, que haja também a corrida de Fórmula 4. No passado, houve programas do Grande Prémio de Macau que incluíram a prova de Fórmula 3, em concomitância com outras corridas de monolugares, como a Fórmula Renault, a Fórmula BMW, a Fórmula Masters China, a Fórmula Ásia ou a Fórmula Campus.

A estreia da Fórmula 4 em Macau aconteceu no ano passado, como alternativa ao cancelamento da habitual corrida de Fórmula 3, que se disputou ininterruptamente de 1983 a 2019. Charles Leong, piloto da RAEM, foi o vencedor de uma corrida que colocou em pista dezassete concorrentes.

1 Abr 2021

WTCR anuncia que correrá na China 15 dias antes do Grande Prémio de Macau

A organização da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR anunciou ontem que irá disputar uma corrida na China Continental, nos dias 6 e 7 de Novembro, quinze dias antes da edição deste ano do Grande Prémio de Macau.

No seguimento de um acordo entre o grupo chinês MiTime e o promotor da WTCR, a Eurosport Events, a competição de carros de Turismo da FIA vai visitar pela terceira vez o circuito de Ningbo, na província de Zhejiang. Inaugurado 2017, o traçado de quatro quilómetros de perímetro pertence ao Grupo MiTime, uma subsidiária do Geely Auto Group, os donos das marcas automóveis Volvo, Lotus ou Lynk & Co.
Xavier Gavory, o director da WTCR e da Eurosport Events, disse que “a perspectiva de ter a WTCR a regressar ao Ningbo International Speedpark é bastante excitante e significa que a temporada de 2021 está completa”.

Já Weng Xiaodong, o presidente do grupo MiTime, acrescentou que foi “um acontecimento histórico trabalhar com a Eurosport Events para tornar possível o regresso de um evento da FIA WTCR à China. Estamos confiantes que faremos o melhor evento da história da WTCR”.

Mesmo com restrições

As 13ª e 14ª corridas da temporada da WTCR serão realizadas entre a prova no Inje Speedium, na Coreia do Sul, e a prova do Grande Prémio de Macau, que deverá fechar a temporada, de 19 a 21 de Novembro. Contudo, neste momento, são mais as dúvidas que as certezas, devido às restrições nas viagens internacionais, principalmente para o continente asiático. Por isso, existe uma ressalva no comunicado enviado às redações que diz que os “três eventos estão pendentes da redução das restrições que estão a afectar as viagens a nível mundial e os movimentos marítimos”.

Num mundo perfeito, esta prova na cidade costeira de Ningbo serviria os intentos de vários pilotos de carros de Turismo de Macau que quisessem preparar a sua participação na Corrida da Guia, ou numa outra corrida onde pudessem usar os seus carros da categoria TCR.

31 Mar 2021

Automobilismo | Cancelamento do GP seria doloroso para a indústria local

Além de ser um grande evento internacional de elevada importância para o Turismo local, o Grande Prémio de Macau também tem uma enorme influência na pequena, mas vibrante, indústria ligada ao automobilismo da região da Grande Baía. Um eventual cancelamento do maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM seria infausto para os intervenientes, mas não fatal para a indústria

 

A província de Guangdong é um dos maiores polos da indústria ligada aos desportos motorizados na República Popular da China. É do outro lado das Portas do Cerco que estão localizados o circuito de Zhuhai, o primeiro circuito permanente construído no país, e o circuito de Guangdong (Zhaoqing), que servem de base para as dezenas de pequenas e médias empresas que fazem mover o desporto. Sendo o Grande Prémio de Macau o evento mais importante do sul da China, este é uma locomotiva de referência para o desenvolvimento e sustento de muitas empresas da região.

“O Grande Prémio é muito importante para as equipas que estão envolvidas e para todos nós que fazemos vida disto. 2020 foi um ano difícil, com muito poucas corridas, tanto na China Continental, como em todo o continente asiático. O facto de termos tido o Grande Prémio no ano passado foi uma ajuda”, esclareceu ao HM, Rodolfo Ávila, que combina as suas actividades de piloto profissional, com o cargo de director desportivo da Asia Racing Team, uma das mais fortes equipas com base operacional em Zhuhai e com múltiplas passagens pelo Grande Prémio de Macau nas corridas de GT, Fórmulas e Turismos.

O piloto Rui Valente, um conhecedor da realidade das equipas sediadas no circuito dos arredores de Zhaoqing, partilha da mesma opinião. “Sem o Grande Prémio de Macau, esta malta deixava de facturar como seria naturalmente, pois não vinha cá ninguém. Seriam carros parados, sem pilotos para andar neles, transportadoras sem nada para transportar, mecânicos e equipas sem trabalho fora do continente, fornecedores de pneus, combustível, tudo em contentores. Seria com certeza um ano sem muitos renminbis para muitos”, explicou ao HM.

Para além de ser uma montra internacional altamente respeitada, a prova que se realiza tradicionalmente no terceiro fim de semana de Novembro no Circuito da Guia reveste-se de real importância, não só para equipas e pilotos, como para uma vasta panóplia de provedores e prestadores de serviços que flutuam na órbita das corridas de automobilismo.

“O Grande Prémio é um fim de semana só, mas gera entusiasmo e serve como alavanca para a realização de outros eventos. Antes do evento, há corridas de apuramento e preparação, treinos privados e uma série de preparativos que proporcionam o sustento a uma série de empresas e pessoas que não têm outro meio de sobrevivência sem ser as corridas”, refere Rodolfo Ávila.

Preparadas para o impacto

Por estarem no topo da pirâmide, as equipas locais seriam as primeiras a sentir o forte impacto de um possível cancelamento do evento. Contudo, com o crescente nas duas últimas décadas do profissionalismo no desporto neste ponto do globo, estas foram diversificando as suas actividades para outras competições e outras áreas de negócio para não ficarem tão dependentes de um só evento.

“Se o Grande Prémio de Macau fosse cancelado, teria certamente um impacto financeiro nas equipas participantes”, reforçou ao HM, Paul Hui, o chefe de equipa da Teamworks, a equipa que venceu a Taça de Macau de Carros de Turismo por uma série de vezes e a Corrida da Guia em 2020. “Contudo, a maioria das equipas serão capazes de navegar num cancelamento de curto termo. As maiores equipas diversificaram os seus fluxos de receitas estabelecidos no seu modelo de negócios. As equipas locais serão capazes de utilizar a sua flexibilidade para compensar a falta de diversidade. Em suma, um cancelamento de curto termo irá afectar as equipas, mas não irá danificá-las de forma permanente”.

Rui Valente refere também que a anulação do evento da RAEM “não seria terminal para a grande maioria das equipas”, isto porque, nos tempos que correm, “muitas ainda têm as corridas da China e agora tu tens muitos campeonatos”.

Importância da Grande Baía

O Grande Prémio de Macau representa o cartaz desportivo internacional mais antigo na região da Grande Baía, que para além do território e da RAE de Hong Kong, inclui nove outras cidades da província de Guangdong – Jiangmen, Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan e Zhaoqing. Desde 2018 que há no programa do Grande Prémio uma corrida destinada aos pilotos da Grande Baía, mas a integração do evento na estratégia da região deverá acentuar-se nos próximos anos.

“O Grande Prémio de Macau deve ir para além de ‘Macau’, mas posicionar-se para servir como evento especializado situado na região da Grande Baía, ajudando a apoiar as indústrias relacionadas com o apoio e desenvolvimento automóvel e performance”, afirma Paul Hui. “Mas claro, eu não sei se a indústria automóvel faz parte das indústrias-alvo para a estratégia da região da Grande Baía.”

18 Mar 2021

GP | FIA marca Taça do Mundo de F3 no cartaz internacional

O Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA), realizado na passada sexta-feira em Genebra, determinou a colocação da Taça do Mundo FIA de Fórmula 3, no Circuito da Guia, no calendário internacional de provas de 2021. Contudo, esta decisão ainda não é a confirmação que haverá Grande Prémio de Macau este ano.

É possível ler no comunicado publicado pela federação internacional que: “A Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA foi confirmada no Calendário Desportivo Internacional e está agendada para ter lugar a 21 de Novembro de 2021, em Macau, China (sujeito a contrato com o promotor)”.

A data da 68.ª edição do Grande Prémio de Macau já era conhecida, pois a prova consta do calendário de 2021 da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR. Todavia, as autoridades locais ainda não decidiram se o evento, que nunca foi interrompido desde 1954, irá acontecer este ano. O Governo da RAEM ainda estará a analisar a evolução da pandemia na Europa para depois tomar uma decisão. Ao contrário de 2020, o evento deste ano não terá qualquer contrato em vigor com promotores internacionais.

O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época em Macau, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin, nos Estados Unidos da América. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova.

Recorde-se que no ano passado, pela primeira vez desde 1983, a tradicional corrida de Fórmula 3 não se realizou no Circuito da Guia, tendo sido substituída por uma prova do Campeonato da China de Fórmula 4. A corrida, que marcou a estreia da Fórmula 4 em Macau, foi ganha por Charles Leong da RAEM.

Em Novembro do ano passado, Jean Todt, o presidente do organismo que tutela o automobilismo, afirmou que gostaria de ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau em 2021. No entanto, do primeiro Conselho Mundial da FIA deste ano não saiu qualquer observação sobre a Taça do Mundo de GT da FIA, que poderá, ou não, ser realizada na RAEM. Na pretérita edição, a Taça GT Macau realizou-se com a participação de vários concorrentes do Campeonato da China de GT, competição que já revelou o seu calendário para este ano, constando novamente Macau como prova de encerramento de temporada.

Vencedor das motas em 2017 quer voltar

Se houver Grande Prémio de Motos de Macau em 2021, o vencedor da fatídica edição de 2017 não esconde que se tiver uma oportunidade regressa à prova. Glenn Irwin foi declarado vencedor na corrida de 2017, que foi interrompida à sétima volta devido ao acidente fatal na Curva dos Pescadores do inglês Dan Hegarty. O piloto da Irlanda do Norte disse numa entrevista recente à publicação News Letter que hoje se sente mais confiante em regressar ao desafiante circuito citadino do território.

Esta mudança de atitude do vencedor de 2017, que voltou a elogiar o evento e a pista, segundo o próprio, deve-se também ao envolvimento de Stuart Higgs e Mervyn Whyte na co-organização da corrida. O Grande Prémio de Motos de Macau não se realizou no ano passado devido à falta de quórum, visto que grande parte dos pilotos considerou inviável a quarentena obrigatória à chegada a Macau.

8 Mar 2021

Ex-motoclista Mike Silva é a favor de uma academia para jovens locais

O Grande Prémio de Macau de 2020 foi o primeiro em cinquenta e três anos sem corridas de motos no programa. Para o retirado piloto local Mike Silva, que nos anos 1970s e 1980s venceu por várias ocasiões no Circuito da Guia, os tempos agora são outros e para trazer novos talentos locais para motociclismo são precisas várias iniciativas com apoio das entidades oficiais

 

Antes da presença habitual de pilotos provenientes de Portugal no Grande Prémio, algo que aconteceu pela primeira vez em 1986, existiam dois pilotos lusófonos que somavam vitórias nas corridas de motos do Grande Prémio: Belmiro Aguiar de Macau e Mike Silva de Hong Kong. Se o macaense cedo se dividiu entre as corridas de duas e quatro rodas, o português residente na antiga colónia britânica teve uma longa carreira no motociclismo, incluindo participações em vários grandes eventos internacionais, como Ilha de Man TT, North West 200, Grande Prémio da Malásia, Grande Prémio de Penang, para além de provas nas Filipinas, Tailândia e Hong Kong.

O Grande Prémio de Macau de Motos nasceu em 1967 e quatro anos depois, em 1971, foi realizada a primeira corrida de apoio para motos, chamada de “Corrida de Motocicletas (Handicap)”. Esta tradição de ter mais que uma corrida de motos no programa durou até 2003, ou 2007 se contarmos com as cinco edições da corrida das scooters.

O ano passado, quando ficou claro que as estrelas internacionais de “Road Racing” não iriam visitar Macau, a possibilidade de realizar uma corrida de motos para os pilotos da região não terá sido sequer colocada em cima da mesa.

Estas corridas de suporte permitiam aos pilotos das motos locais ganharem experiência no Circuito da Guia antes de competirem com os “gigantes” no Grande Prémio de Motos. Com a regulamentação da prova a apertar, a presença dos pilotos locais das motos no evento desapareceu. Aqui e ali, ouvem-se vozes a pedir que estas corridas se voltem a realizar. Mike Silva considera que “seria bom”, mas admitiu ao HM que “é algo que não acontece há muito tempo. Penso que actualmente não haverá um número suficiente de novos e bons pilotos, de Macau e de Hong Kong, para fazer uma boa corrida”.

O ex-piloto português, que corria com a licença desportiva de Hong Kong, acredita que “talvez existam bons pilotos nas provas de mini-motos de Macau – pilotos oriundos de Hong Kong, de Macau e da China – e alguns que correm em provas no circuito de Zhuhai. Contudo, num circuito de estrada difícil e de elevadas velocidades como o Circuito da Guia, o desafio é totalmente diferente”.

Mudam-se os tempos…

Retirado das lides, o ainda residente de Hong Kong reconhece que os tempos mudaram e o risco dos desportos motorizados é agora visto doutra forma pela sociedade. “As gerações mais novas são mais protegidas pelas suas famílias e têm menos desportos e hobbies perigosos à sua disposição”.

Por outro lado, a evolução espectacular da tecnologia, aliada aos progressos feitos em termos de segurança, trouxe consigo uma outra realidade. “O custo da preparação das motos de corridas é hoje muito mais oneroso, comparado com o que era antes”.

Academia para jovens era um bom começo

Com os critérios de selecção a serem ainda mais rigorosos, desde 2012 que não há pilotos de motociclismo da RAEM no Circuito da Guia. Para contornar este cenário que não deverá sofrer alterações nos próximos anos, Mike Silva considera que é preciso implementar uma série de iniciativas com o aval do poder de decisão.

“Seria necessário o apoio dos organismos oficiais, como a HKAA ou o AAMC, apoio dos importadores de motos e bons patrocinadores”, explica Mike Silva. “Uma Academia de Corridas de Motociclismo para jovens talentos deveria ser montada. Uma classe de 300cc e organizado um troféu monomarca, similar à Asia Talent Cup, em vários e diferentes circuitos, permanentes ou citadinos”.

“Uma Academia de Corridas para a nova geração de pilotos seria benéfico”, reconhece o ex-piloto do Grande Prémio de Motos de 1975 a 1985. “Deve existir um objetivo de fazer com que alguns dos melhores pilotos locais participem e ganhem em campeonatos ou séries internacionais de renome”.

Currículo invejável

Mike Silva foi uma presença habitual nas corridas de suporte de motos do Grande Prémio de Macau entre 1974 a 1989. O motociclista português venceu a Corrida de Iniciados em 1974 e depois de três subidas ao pódio na corrida dos Seniores, Mike Silva voltou a vencer no Circuito da Guia em 1981, precisamente na corrida dos Seniores. No seu currículo ainda consta um nono lugar à geral no Grande Prémio de Motos, em 1981, e um terceiro lugar na corrida de Superbikes, também conhecida por Corrida de Motociclos Senior, de 1987.

“O Circuito da Guia é o meu favorito. É a minha corrida caseira”, relembra o ex-piloto da Suzuki e Yamaha. “Todos os anos no final do Grande Prémio, não podia esperar pelo ano seguinte. Alguns anos, nem toquei na mota durante o ano todo, devido compromissos no trabalho e família, mas tão ansioso de voltar a pilotar e correr de mota em Macau que lá ia eu. Era incrível”.

5 Mar 2021

Autor de Macau faz livro de banda desenhada sobre o Grande Prémio

Para aqueles que seguem de perto o desporto automóvel local, a banda desenhada “Heróis do Circuito” já faz parte da grande família do automobilismo de Macau. MP Man é o Jean Graton de Macau e espera que através do seu trabalho a nona arte receba no território a atenção e o devido crédito que merece.

Apaixonado pelas histórias aos quadradinhos e confesso devoto pelos desportos motorizados, é do lápis deste residente de Macau que nasceram as bandas desenhadas “Escola de Polícia” e “Heróis do Circuito”, sendo que esta última transpõe os heróis do Circuito da Guia para a “BD”.

“Eu gosto de banda desenhada desde criança, e comecei a aprender quando tinha cerca de dezasseis anos”, explicou MP Man ao HM. “Gosto muito de carros, gosto de conduzir e também adoro ver os desenhos animados japoneses, como o ‘Initial D’. Tenho esta habilidade de desenhar, espero desafiar-me a mim próprio, criando histórias com as pessoas de Macau. Espero que uma banda desenhada autêntica possa ser reconhecida em todos os círculos e Macau também possa ter uma banda desenhada de alta qualidade”

Há menos de cinco anos, a banda desenhada era apenas um entretém, mas a partir de 2017 tudo mudou. “Em 2017 e 2018, publiquei uma banda desenhada inspirada nas forças de seguranças, chamada Escola de Polícia 1 e 2. Em Novembro 2019, publiquei a primeira banda desenhada sobre as corridas desenhada por um local, chamada Heróis do Circuito 1”, relembra o desenhista. “Na altura, colocámos à venda nos quiosques e nas lojas que vendem miniaturas de automóveis, assim como em cinco lojas da Digital Hang Seng. Devido ao longo tempo de produção, o lançamento do Heróis do Circuito 2 que estava planeado para 2020 deverá ser agora publicado até ao final da primeira metade deste ano”.

Reconhecimento como objectivo

Ainda apenas disponível na língua chinesa, apesar do autor fazer questão de ter o título em português na capa de todos os seus livros, MP Man acredita que o seu trabalho poderá ajudar outros artistas locais a se afirmarem nesta área.

“Espero que as minhas bandas desenhadas consigam chamar a atenção de entusiastas de todos os sectores da sociedade e que o que é feito em Macau possa avançar”, afirma.

“As bandas desenhadas das corridas, e não só, não estão apenas disponíveis no Japão. Macau também pode produzir produtos de alta qualidade”.

A RAEM tem feito uma aposta grande nas indústrias criativas nos últimos anos e MP Man quer dar o seu contributo: “Espero que as pessoas fiquem a saber que estas são bandas desenhadas de Macau. O Heróis do Circuito é uma banda desenhada cuja marca pertence às pessoas de Macau. Esse é o meu objectivo”.

Mas afinal quando é que o Heróis do Circuito 2 chega às bancas? “O lançamento do segundo número está agendado provisoriamente para antes do mês de Abril.” E quantos mais livros vêm ai? “Isso não está decidido, mas eu continuarei a desenhar enquanto existirem leitores para apoiar, o “Heróis do Circuito” não irá terminar”.

Outras oportunidades

A criatividade do artista local abriu-lhe novas oportunidades, dentro e fora da RAEM. “O Heróis do Circuito irá cooperar com eventos de eSports e irá realizar algumas competições este ano”. Por outro lado, MP Man tem produzido decorações para carros de corrida da vida real, incluindo alguns que participam no Grande Prémio de Macau, como o McLaren 570S GT4 com que o veterano Leong Iok Choi correu na última Taça GT Macau.

“Através dos meus trabalhos, tive contacto com vários pilotos e equipas que me deram o seu apoio. Desde 2018 que tenho vindo a trabalhar nesta área. Nos últimos três anos, fiz as decorações para a equipa World Motor Racing e por causa disso, a marca Heróis do Circuito tem sido reconhecida por amigos da indústria dos desportos motorizados”.

Mas as iniciativas em redor dos seus livros não se ficam por aqui. “No Museu do Grande Prémio de Macau, que deverá abrir este ano, haverá um mural com ilustrações minhas na área aonde estarão os carros de GT”, salienta com algum orgulho, sem esquecer que “também fizemos uma cooperação na China para lançar uma miniatura (ndr: Mercedes AMG GT-R 1/18 e 1/43) que está a ser comercializada”.

Heróis do Circuito

Para quem não teve a oportunidade de se cruzar com esta banda desenhada, aqui fica um pequeno resumo feito pelo autor: “O primeiro número é a história do campeão de F3 de 2000, o André Couto, e a corrida com Michael Ho, o primeiro piloto chinês a participar nas corridas de F3. O protagonista da manga, que é uma personagem imaginária, chama-se Siu Fung. Ele trabalha numa garagem. Todas as noites vê passar os carros a acelerar na sua rua. Mais tarde, acaba por ser influenciado por outros pilotos e decide participar oficialmente nas corridas, onde se irá tornar num verdadeiro herói.

Há a participação de pilotos reais e imaginários, o que é bastante interessante. No segundo número, o Billy Lo Kai Fung irá juntar-se. O André Couto não irá aparecer neste segundo número. Temos que esperar pelo terceiro, até porque ele é o ídolo do personagem principal. Espero que mais pilotos se queiram juntar à banda desenhada no futuro”.

24 Fev 2021

Kimi Räikkönen | Em 2000 foi recusado, hoje seria algo extraordinário

Dos vinte pilotos que perfazem a grelha de partida do mundial de Fórmula 1 de 2021, apenas dois não participaram no Grande Prémio de Macau e um deles não o fez porque não foi aceite à partida. Contudo, quem rejeitou a sua participação na altura sempre disse que, quando este deixasse a Fórmula 1, gostaria de o convidar para um dia correr no Circuito da Guia. A oportunidade ainda não surgiu, mas poderá estar para breve.

Estávamos no ano 2000 quando Kimi Räikkönen se sagrou campeão britânico de Fórmula Renault. Mesmo sem ter qualquer experiência na Fórmula 3, Steve Robertson, o seu “manager” da altura, queria que o jovem de 21 anos participasse no Grande Prémio. “O ‘manager’ do Räikkönen pediu-me um convite para a prova e disse-me: ‘aponta aí as minhas palavras, ele vai estar na Fórmula 1 no próximo ano’. Na altura não acreditei nele. Era algo improvável e uma cantilena que ouvimos dezenas de vezes”, dizia frequentemente Barry Bland, o mentor da Fórmula 3 em Macau, quando questionado qual era o piloto mais promissor que um dia lhe tinha “escapado”.

Steve Robertson sabia o que dizia. Um mês antes do Grande Prémio de Macau, no circuito italiano de Mugello, Räikkönen testara pela Sauber, tendo impressionado a equipa suíça. Apesar de ter sido logo contratado, a Sauber quis manter o seu novo piloto em segredo, até porque havia dúvidas se a FIA lhe daria a Super-Licença que o autorizaria a participar nos Grande Prémios em 2011. Barry Bland, o homem que geriu os destinos da Fórmula 3 no território de 1983 a 2015, reconhecia que “apesar de provavelmente me arrepender de não o ter convidado, ele não se qualificava para um convite, mas não deixa de ser uma pena”. O inglês acreditava que “um dia que ele deixe a Fórmula 1, pode ser que tentemos convencê-lo a correr connosco. Não será fácil, quem sabe…”

Infelizmente, Barry Bland, que faleceu em Julho de 2017, não teve essa oportunidade. Räikkönen continua a bater recordes de participações na categoria máxima do automobilismo e quando a temporada de 2021 arrancar a 28 de março no Bahrein, o piloto nórdico vai para o seu 331º Grande Prémio de Fórmula 1. Todavia, “Iceman” sabe que o seu percurso na Fórmula 1 está a chegar ao fim e não rejeita aventurar-se noutras disciplinas do desporto automóvel.

Depois da Fórmula 1

Quando perdeu o seu lugar na Ferrari, no final do ano 2009, o campeão do mundo de 2007 decidiu deixar o “Grande Circo” para experimentar os ralis, cumprindo duas temporadas do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) e realizando duas excursões em competições da norte-americana NASCAR. Em 2012, o finlandês regressou à categoria rainha do automobilismo com a Lotus F1 Team, para voltar à Ferrari em 2014, onde completou cinco épocas consecutivas antes de rumar à Alfa Romeo Racing.

Numa entrevista dada à revista holandesa “Formule 1”, o piloto de 41 anos abriu um pouco o livro do que quer fazer no pós-F1: “Há uma série de coisas engraçadas que posso fazer, mas não penso nelas até terminar com a Fórmula 1. Não sei se será ralis, NAScAR ou algo completamente diferente”.

Questionado se gostaria de participar nas 24 Horas de Nurburgring, uma das provas principais das corridas de GT, com o seu grande amigo e compatriota Toni Vilander, Räikkönen não negou que isso “poderia ser divertido”, sorrindo, algo raro no piloto nórdico, mas relembrando que “há muitas coisas giras para fazer”. Pois bem, pode ser que lhe tome o gosto pelas corridas de GT e que duas décadas depois os astros se alinhem…

Raras excepções

Diz a história que Alan Jones foi o único campeão do mundo de Fórmula 1 que regressou ao Circuito da Guia para conduzir numa outra corrida que não a do Grande Prémio. O campeão do mundo de 1980 voltou ao território para alinhar na Corrida da Guia de 1987, aceitando o convite da Toms Toyota para conduzir um dos Toyota Supra (MA70). Infelizmente, a presença de Jones foi curta, pois abandonou à sétima volta com um problema no turbo do seu carro.

É muito raro ver um piloto de Fórmula 1 a regressar ao Grande Prémio de Macau, até porque nem sempre as regras o permitiram. Em 1985, o português César Torres conseguiu o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, a retirar a proibição da vinda de pilotos de Fórmula 1 a Macau. E logo nesse ano, a organização conseguiu convencer o francês René Arnoux, que havia sido despedido da Scuderia Ferrari, a aventurar-se na corrida. Sem qualquer experiência de Fórmula 3 no seu currículo, o ex-campeão europeu de F2 qualificou-se a meio da tabela e terminou em sexto no cômputo das duas mangas.

O último piloto ex-F1 que quis correr em Macau foi Nelson Piquet Jr em 2016. Todavia, o piloto brasileiro, que até tinha um acordo com a equipa Carlin para estar à partida da corrida de Fórmula 3, foi barrado pela FIA. Segundo o então Presidente da Comissão de Monolugares da FIA e agora responsável máximo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, a participação de Nelsinho ia “contra o espírito da categoria”.

18 Fev 2021

GP | Contrato para o mundial de MotoE não impede André Pires de vir a Macau

André Pires, o único piloto luso que preenche os requisitos para participar no Grande Prémio de Motos de Macau, irá tornar-se este ano no segundo português a alinhar no mundial de velocidade em motociclismo, depois de Miguel Oliveira, e será o primeiro a tripular motas eléctricas. Contudo, a tradicional vinda à Macau no mês de Novembro não está em causa

 

Na passada sexta-feira, numa cerimónia curta e cumprindo todas as medidas sanitárias e de distanciamento necessárias, André Pires foi oficialmente apresentado como piloto da Avintia Esponsorama. É com a equipa de Andorra com a qual vai alinhar na próxima Taça do Mundo MotoE, competição realizada em conjunto com algumas etapas do mundial MotoGP e que utiliza em exclusivo as Energica EGP Corsa, motos de propulsão eléctrica que vão para a sua terceira temporada no mais elevado patamar do motociclismo mundial.

“Estou muito contente pela oportunidade que me dá a equipa Avintia Esponsorama para correr no campeonato do mundo. É um sonho tornado realidade que me faz muito feliz. Vou tentar aprender e dar o máximo para obter os melhores resultados e ser competitivo por mim, pela minha equipa e pelos meus patrocinadores”’, revelou o piloto de Vila Pouca de Aguiar no decorrer da cerimónia realizada no centro do Principado.

A Taça do Mundo MotoE é o primeiro campeonato global realizado em exclusivo com motos de propulsão eléctrica construídas em Itália pela Energica. O modelo utilizado é o Ego Corsa que reclama 163 cavalos de potência máxima e 270 km/h de velocidade máxima. Dezoito pilotos de todo o mundo irão discutir o terceiro ano da competição, que terá sete provas no seu calendário e dois testes de pré-temporada.

Macau em Novembro

Apesar de embarcar neste novo projecto com todo o afinco, o piloto português, que foi campeão nacional de 125cc em 2011, de Superstock 600 em 2012 e de Superbikes em 2014, planeia regressar em Novembro à RAEM para o 54º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize.

“Este contrato com a equipa apenas é para mundial de MotoE”, começou por explicar ao HM André Pires, esclarecendo que “não tenho nenhum tipo de cláusula que não me permita correr noutros campeonatos ou provas.”

André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

“Tenho que me manter activo e por isso Macau está nos planos para Novembro. Espero estar à partida da prova do Grande Prémio para acabar o ano em grande”, disse ao HM um dos poucos pilotos de motociclismo que no passado estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória de catorze dias para participar no evento.

Um sonho

Para cumprir o sonho de correr no mundial, André Pires disse à agência Lusa que provavelmente irá deixar o emprego a tempo inteiro. “É um campeonato do mundo, com um nível de exigência muito grande, pelo que terei de me dedicar a tempo inteiro à preparação”, afirmou. O objetivo para esta sua estreia numa disciplina diferente do motociclismo passa por “aprender” e “tentar ser o melhor dos oito estreantes” do campeonato.

Um dos poucos apoios com que conta para esta aventura é o do município de onde é natural, mas acredita que “é possível” encontrar parceiros que o apoiem. “Se não conseguir patrocínios, vou ter de por o dinheiro do meu bolso e hipotecar tudo, a casa, o carro, o cão, tudo, mas não quero perder esta oportunidade”, frisou à agência Lusa.

8 Fev 2021

GP Macau vai (e tem que) caminhar para um futuro sustentável

Ainda não é certo quando será realizada a 68ª edição do Grande Prémio de Macau, mas uma coisa é certa, se no fim de semana de 18 a 21 de Novembro a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR realizar a sua prova final no Circuito da Guia, como está escrito no calendário internacional da FIA, então será aberto um novo capítulo no evento – a estreia dos biocombustíveis.

A organização da WTCR anunciou na passada sexta feira que os carros da WTCR serão alimentados pela primeira vez por uma gasolina especial com 15% de componentes renováveis. Estes componentes não-fósseis são derivados do bioetanol produzido através da celulose e biomassa lenhosa, assim como de combustível bio-sintético (totalmente renovável). “A nomeação da P1 Racing Fuels como fornecedor oficial de gasolina da WTCR é um importante primeiro passo em direcção ao uso de um combustível 100% sustentável no campeonato, como delineado no roteiro de implementação que temos definido para a introdução dos biocombustíveis na WTCR”, disse Alan Gow, o presidente da Comissão de Carros de Turismo da FIA.

Apesar de ser uma novidade numa prova como o Grande Prémio de Macau, o uso de biocombustíveis no desporto não é novidade, como relembrou ao HM o engenheiro macaense Duarte Alves, que em Inglaterra “já em 2006 corríamos com um Aston Martin DBRS9 que usava E85 (85% de etanol). E em 2007, quando estive nos EUA, com um Aston Martin Vantage GT2, este também usava E85. No entanto, obrigava-nos a ter um depósito de combustível muito maior e a utilizar pressões mais altas no sistema de injeção. Julgo que, em termos de balanço ‘ecológico’, era complicado, pois utilizava 30% mais de combustível em termos de volume. Na altura, não pegou muito porque a tecnologia ainda estava nos seus primórdios e os custos que implicava não a justificam”.

Com a indústria automóvel em plena transformação, o automobilismo não escapará à tendência e, por ser um alvo fácil, está rapidamente a passar das palavras aos actos. A questão da sustentabilidade energética e da produção de gases que contribuem para o efeito de estufa são uma preocupação para a FIA. Por isso, não é por acaso que assistimos a um crescente de novos campeonatos com carros eléctricos, enquanto que as principais competições apostam em sistemas híbridos – F1, WRC, WEC, etc – e outras tecnologias mais amigas do ambiente.

O hidrogénio é a aposta futura para os organizadores do Dakar e de Le Mans. Por seu lado, a F1, que pretende chegar à neutralidade carbónica em 2030, acredita que a gasolina sustentável, sobretudo os “e-fuels” – que recorrem ao carbono presente na atmosfera para sintetizar petróleo – serão o futuro da indústria automóvel e do automobilismo, uma vez que, no limite, haverá um circuito fechado que não acarretará um aumento de dióxido de carbono para a atmosfera.

Não há marcha-atrás

Para Duarte Alves, o responsável pelo carro vencedor da classe principal das Thailand Super Series no ano passado e do Audi que terminou em segundo na Taça GT, o Grande Prémio de Macau precisa de olhar atentamente para esta questão ambiental se quiser conservar a relevância no panorama internacional. “Sem dúvida que Macau também deveria ter pelo menos uma categoria destas que promovam um futuro sustentável. Isto, se realmente quiser estar à frente e ser uma referência como evento a nível mundial”.

Por outro lado, Duarte Alves acredita que “juntar o legado do Grande Prémio a tecnologias ecológicas será um bom argumento para dar uma boa imagem do evento”, referindo, que do outro lado da moeda, “há sempre um problema a ultrapassar que neste caso são os elevados custos que implicam às equipas e obviamente a disponibilidade de equipamento ou carros”.

Os sistemas híbridos ou célula de combustível (hidrogénio) são por agora inacessíveis em massa, enquanto que os carros eléctricos de competição pecam pela autonomia ou têm ainda limitações técnicas que impossibilitam a sua utilização num circuito tradicional, como o Circuito da Guia. Já os biocombustíveis têm no seu custo actual o maior entrave, mas permitem manter a base dos sistemas de combustão actual e até o som do roncar dos motores, uma das críticas principais dirigidas às corridas com carros eléctricos pelos adeptos mais conservadores do automobilismo. Uma coisa é certa, a gasolina tal como a conhecemos tem os dias contados.

Igual nas motas

A aplicação de energias sustentáveis na categoria de duas rodas não será muito diferente daquela que está acontecer nas quatro rodas, basta lembrar que a Ilha de Man TT tem há vários anos uma categoria exclusiva para as motas eléctricas, a “TT Zero”. Em 2018, Michael Rutter disse ao HM que acreditava que uma moto de TT seria capaz de completar as 12 voltas do Grande Prémio de Motos. Sobre a possibilidade de no futuro a corrida combinar na mesma corrida as motos convencionais, com as motos eléctricas, Rutter, um também vencedor na “TT Zero”, afirmou que tal cenário não é de todo inconcebível.

“Definitivamente, isso não seria impossível, dependendo da gestão da potência e da velocidade por volta (das motas eléctricas). Mas só experimentando no circuito de Macau é que seria realmente possível perceber a diferença por volta destes dois tipos diferentes de motos”, explicou ao HM o britânico sobre algo que provavelmente um dia poderá ser avaliado. “A maior diferença de uma moto eléctrica para uma moto com motor a combustão é o ‘feeling’ que tens da mota”, esclareceu o veterano natural de Stourbridge. “Principalmente quando aceleras. Não há o atraso habitual, não tens de esperar (que a potência seja entregue à roda). Não consegues pôr a roda traseira a patinar”.

1 Fev 2021

Automobilismo | Rui Valente subiu ao pódio em Guangdong

Rui Valente deu início à temporada desportiva de 2021 da mesma forma como terminou a época de 2020, subindo ao pódio. O primeiro piloto de Macau a correr no ano 2021, terminou na terceira posição da geral, vencendo a sua classe, na prova de abertura do “GIC Challenge”, realizada durante o fim de semana no Circuito Internacional de Guangdong.

O veterano piloto português alinhou na primeira das dez corridas de uma hora que compõem a competição organizada pelo segundo circuito permanente da Província de Guangdong. Depois de ter arrancado do quarto lugar da grelha de partida, Rui Valente rapidamente ascendeu à segunda posição, posição essa que parecia confortável na posse do representante da RAEM, mas infelizmente a mecânica do seu tradicionalmente fiável Honda Integra DC5 traiu-o já ao cair do pano.

“Eu andei em segundo durante toda a corrida, mas a doze minutos do fim a bomba de gasolina ou os filtros pregaram-me uma partida”, esclareceu Rui Valente ao HM. “O carro começou a falhar nas (mudanças) altas, pois a gasolina falhava e o velhinho Type R começou a fazer birra” e o piloto do DC5 nº14 não conseguiu fazer mais do que levar o carro em ritmo lento até à bandeira de xadrez. “Resultado, fiquei sem o segundo lugar batido por um outro Honda”, lamentou o piloto de matriz portuguesa de Macau há mais tempo no activo.

Apesar do terceiro lugar da geral, Rui Valente subiu ao lugar mais alto do pódio entre os concorrentes da categoria do seu Honda; carro que ainda ostenta no tejadilho o autocolante da sua última corrida no Circuito da Guia, em 2013. O piloto de Macau já pensa na próxima corrida, “que em princípio será em Março, pois em Fevereiro não há nada devido ao período festivo”.

A prova foi ganha pelo KTM X-BOW GT4 de Chan Shien Shang, o mesmo carro que terminou no segundo lugar na edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía.

Depois do terceiro posto na categoria 1600cc Turbo, na última edição da Taça de Carros de Turismo de Macau, Rui Valente vê ainda margem de progressão no seu MINI Cooper S e vai aproveitar os meses que antecedem à maior prova do ano – o Grande Prémio de Macau – para preparar condignamente o carro inglês. Neste momento, o Cooper S está a recuperar das mazelas sofridas no passado mês de Novembro na RAEM, até porque as datas para as corridas de apuramento para o Grande Prémio ainda não são conhecidas.

Nos últimos dois anos, Rui Valente fez questão de tirar do descanso ex-rivais de outros tempos e este ano espera fazer o mesmo. Ricardo Lopes, Belmiro Aguiar e José Mariano da Rosa – pilotos que escreveram várias páginas do desporto automóvel local nas últimas quatro décadas – tiraram o fato e o capacete do armário e participaram ao lado de Rui Valente em provas de maior duração no circuito dos arredores da chinesa continental de Zhaoqing. Ricardo Lopes e Belmiro Aguiar assistiram à prova de Rui Valente “in loco”, enquanto José Mariano Rosa ficou retido em Macau por motivos pessoais.

Este ano, segundo Rui Valente, “o plano passa por fazermos mais provas, de seis e quatro horas de duração, que não contam para o GIC Challenge”. Obviamente, o incansável Honda Integra DC5 será o “cavalo de batalha”.

26 Jan 2021

Dakar | Leiriense mantém viva a tradição sino-portuguesa no automobilismo

Terminou na sexta-feira passada, em Jeddah, o rali Dakar 2021, a prova rainha de Todo-o-Terreno que já não percorre o trajecto de Paris à capital senegalesa, mas este ano disputou-se ao longo de 8000 quilómetros, divididos por 12 etapas, inteiramente na Arábia Saudita. A dupla portuguesa Ricardo Porém/Jorge Monteiro, a única nos automóveis, chegou com sucesso ao fim da prova, com a particularidade de o ter feito ao volante de um carro de uma marca chinesa, seguindo uma tradição

 

Ao volante de um Borgward BX7 DKR Evo, um carro que foi construído na Holanda há dois anos, tendo como base o Mitsubishi Racing Lancer, a dupla portuguesa terminou a prova na 20.ª posição da geral. “Estamos naturalmente satisfeitos com o resultado alcançado. A Wevers Sport e a Borgward Rally Team prepararam-nos uma viatura que conseguiu superar uma prova como o Dakar sem um único problema mecânico nos mais de 8,000 quilómetros de corrida, sendo que todos os problemas que o Borgward sentiu, fruto da dureza das etapas, foram prontamente resolvidos por esta equipa fantástica que me acompanhou na prova”, disse o piloto de Leiria.

Com mais de quarenta e quatro horas de competição, a edição 2021 do rali Dakar foi vencida nos automóveis pelo francês Stéphane Peterhansel (MINI), enquanto que o argentino Kevin Benavides (Honda) tornou-se o primeiro sul-americano a vencer nas motas. A representação chinesa esteve particularmente bem nos automóveis, com os três BAIC oficiais a terminarem a prova classificados na 13ª, 14ª e 15ª posições da geral, com a dupla Binglong Lu/Wenke Ma a serem os melhores iniciados na prova. O buggy SMG pilotado por Wei Han, a maior estrela do todo-o-terreno chinês e que conta com o apoio do maior construtor automóvel privado chinês, a Geely, terminou no 18º lugar.

O rali Dakar é das poucas provas internacionais em que os construtores de automóveis chineses se aventuram com regularidade. O Borgward BX7 DKR foi construído como ferramenta promocional a pensar na prova, isto quando a marca alemã falida em 1961 foi ressuscitada pela Foton Motor, uma subsidiária do BAIC Group. O objectivo era vender 800,000 viaturas por ano, mas este nunca foi concretizado. Após mais de 4 mil milhões de yuans de prejuízo e de ter feito um investimento inicial da mesma ordem, a Foton decidiu vender dois terços da sua participação à Ucar, uma empresa chinesa de partilha e aluguer de curta duração de automóveis.

O construtor fundado em 1929 concentra agora a maior parte das suas vendas na China, onde terá vendido 5,000 unidades na primeira metade de 2020. Na Europa apenas tem uma concessionária no Luxemburgo. O escritório central na Alemanha fechou portas e o projecto do SUV eléctrico terá sido cancelado. O facto do fundador da Ucar, Charles Zhengyao Lu, estar a ser investigado pelos negócios da Luckin Coffee, não abona a favor do futuro da marca.

O resultado de Ricardo Porém com certeza não irá mudar o futuro da Borgward, mas pelo menos deixou um registo positivo de uma marca chinesa entre os adeptos e entusiastas europeus.

Outros feitos

Apesar da curta história da indústria automóvel chinesa no automobilismo, a verdade é que a combinação “carro chinês-piloto português” tem dado bons resultados. Com mais de uma década e meia de participações no Dakar, a primeira, e única até aqui, etapa vencida por um carro chinês aconteceu em 2014 pelas mãos de um piloto português. Carlos Sousa venceu a primeira etapa da 33ª edição do rali Dakar, quando este ainda se disputava na América do Sul, ao volante de um Haval da Great Wall Motors, um feito nunca mais igualado.

Os pilotos portugueses de Macau também têm dado um contributo precioso para o sucesso das marcas chinesas no desporto. Rodolfo Ávila foi vice-campeão do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) pela SAIC Volkswagen e foi vice-campeão do Campeonato TCR China com o único carro da categoria construído na China Interior, o MG6 XPower TCR. André Couto venceu a sua única prova do CTCC também com um SAIC Volkswagen, enquanto que Helder Assunção conquistou a Taça da Corrida Chinesa do 64ª edição do Grande Prémio de Macau, um troféu monomarca para os Senova D50 “Made in China”.

18 Jan 2021

Adiamento do GP China abre portas ao GP Portugal

O mais que provável adiamento do Grande Prémio da China de Fórmula 1 deverá permitir o regresso da principal categoria do automobilismo pelo segundo ano consecutivo a Portugal em 2021

 

A incerteza quanto ao início da temporada deste ano do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 continua. Com a corrida da Austrália, em Melbourne, que deveria ser a prova de abertura de temporada, praticamente adiada devido às condicionantes criadas pela pandemia da COVID-19, as dúvidas quanto à realização da prova chinesa na data inicialmente prevista, 11 de Abril, foram crescendo ao longo das últimas semanas, parecendo uma inevitabilidade o seu adiamento.

Yibin Yang, o responsável pela Juss Event, a empresa que tem os direitos de promoção da Fórmula 1 na República Popular da China, confirmou no sábado à imprensa local que “temos estamos em contacto [com a F1] via videoconferência quase todas as semanas. Apesar do calendário se manter intacto, penso que é altamente incerto que a [nossa] corrida de F1 tenha lugar na primeira metade do ano, em Abril”. Para o responsável chinês, o objectivo da organização que lidera é “trocar a data original para a segunda metade do ano e apresentamos formalmente o pedido e esperamos transferir [o evento] para a segunda metade do ano.”

Caso a Formula One Management (FOM) concorde em adiar as provas da Austrália e da China, depois do Grande Prémio do Bahrein, marcado para o último fim-de-semana de Março, apenas o Grande Prémio de Espanha está confirmado, a 9 de Maio, uma vez que o fim-de-semana de 25 de Abril – quando se deveria realizar a prova do Vietname – está também em aberto, dado o desinteresse em que caiu o evento prometido a Hanoi. Isto obriga a que a FOM encontre soluções para garantir um arranque de época sustentado, sendo o Autódromo Internacional do Algarve, em Portugal, e o circuito italiano de Imola as opções em cima da mesa para que se cubra o hiato entre o Bahrein e Espanha.

De acordo com o calendário que anda a circular, a temporada terá o seu início em Sakhir, a 28 de Março, seguindo-se o Grande Prémio de Portugal a 11 de Abril, na data da prova da China, e o Grande Prémio de Emilia Romagna, a 25 de Abril, para quando estava prevista a ronda do Vietname. Tanto a Austrália como a China esperam poder realizar os seus eventos na segunda metade do ano, o que poderá criar ainda mais alterações no calendário, dado que, com vinte e três provas previstas para este ano, são poucos os fins-de-semana livres para um novo reagendamento.

Reagendamento complicado

Embora tenha um número de casos diários francamente melhor que a média mundial, a República Popular da China continua bastante fechada ao resto do mundo. Uma série de eventos desportivos marcados para os primeiros meses do ano foram cancelados ou adiados, como os campeonatos de recinto coberto da Associação Asiática de Atletismo em Hangzhou, previstos para o mês de Fevereiro, o Campeonato do Mundo de Atletismo Indoor, agendado para Nanjing, que tinha sido programado para Março de 2021, foi adiado para Março de 2023, ou a prova do Campeonato FIA de Fórmula E que seria disputada a meio de Março nas ruas de Sanya.

Apesar da vontade do organizador em realizar o evento do Circuito Internacional de Xangai na segunda metade do ano, a última palavra será das entidades oficiais da cidade. “Tudo depende do plano do governo da cidade. Se colocamos todos os eventos internacionais na segunda metade do ano, a cidade ficará sobrelotada. Para a realização de eventos em sucessão, são necessários recursos públicos em massa, como polícia e secretarias de saúde. Se tivermos que acolher todos os maiores eventos na segunda metade do ano, iremos enfrentar falta de recursos públicos, assim como conflitos em termos de marketing entre eventos”, explicou Yibin Yang.

O ano transacto foi bastante negativo para os desportos motorizados no país da Grande Muralha, tendo todas as competições internacionais sido canceladas, incluindo a prova do mundial de Fórmula 1. O 67º Grande Prémio de Macau foi o único evento de automobilismo internacional a ser realizado em território chinês em 2020 e o imponente Circuito Internacional de Xangai realizou apenas uma corrida em todo o ano, neste caso a “ Porsche Sports Cup China” para clientes da marca de automóveis de luxo germânica.

11 Jan 2021

Automobilismo | Mak Ka Lok explica a aposta na Taça da Grande Baía

Mak Ka Lok é um dos pilotos há mais tempo no activo no automobilismo de Macau, fazendo parte de uma geração praticamente extinta de pilotos que começaram nas “corridas ilegais” e transitaram para o automobilismo via Grande Prémio no final da década de 1980s. Anos passaram desde a estreia nas pistas em 1988, mas a vontade de acelerar continua intacta, com a particularidade do experiente piloto de matriz chinesa ter sido um dos pioneiros da Taça GT – Corrida da Grande Baía, conceito que elogia

 

A competição para carros de GT menos desenvolvidos, que teve o seu berço em Macau e reúne carros da categoria GT4 e Lotus do antigo troféu monomarca, foi criada a pensar nos pilotos da região da Grande Baía, mas também permite a participação de pilotos de outras paragens da China Interior, assim como de Taiwan. Com carros a custarem entre um e dois milhões de patacas, mas já a saírem de fábrica prontos a competir, sem por isso necessitarem de mais transformações, a Corrida GT – Taça da Grande Baía tem cativado vários pilotos locais. Mak Ka Lok vê na estabilidade dos regulamentos e na desnecessidade de investimentos de vulto na evolução das viaturas como principais trunfos para apostar nesta categoria.

“Desde o início da minha carreira no automobilismo, que a maior parte dos meus carros de corrida eram modificados por mim, com a excepção dos carros com que competi nas provas do WTCC. Percebi que, se continuasse por esse caminho, isso não me iria trazer melhores resultados, porque as modificações requerem orçamentos altos e eu não tinha os apoios suficientes”, explicou Mak Ka Lok ao HM a sua escolha. “Quando descobri no primeiro ano da Taça da Grande Baía que esta seria organizada com os Lotus Exige e com uma regulamentação monomarca, em que todos os carros seriam iguais, eu sabia que essa era a minha oportunidade, pois não tinha que me preocupar com despesas inesperadas. Portanto, decidi agarrar a oportunidade e finalmente consegui uma pole-position e finalizar em terceiro lugar.”

O Lotus Exige tem sido a aposta de Mak Ka Lok, um carro que cumpre a regulamentação GT4, mas pode alinhar nas provas locais da Taça Grande Baía. O veterano piloto da RAEM reconhece que o carro da marca britânica “está muito longe da comparação de desempenho com os carros GT4 oficiais”, mas elogia a sua “base de regulamento de troféu monomarca”, muito mais em conta para os pilotos com orçamentos mais limitados. “Também tenho que admitir que adoro carros com tracção traseira. É o meu estilo de condução favorito”, afirma o piloto que completou três décadas a conduzir carros de Turismo antes de transitar para os pequenos GT.

GP tem que continuar

Enquanto o Governo da RAEM se prepara para decidir o futuro da 68ª edição do Grande Prémio de Macau, o influente piloto da comunidade chinesa considera que o evento é uma mais valia para o território e que, independentemente da evolução da pandemia fora de portas, este deve cumprir a tradição de nunca ter sido interrompido nos mais de sessenta anos de história.

“Penso que, independentemente do estado do vírus, o Grande Prémio de Macau deve avançar. Isto porque o evento é um cartão de visita de Macau. Precisamos de relançar a economia do turismo de Macau assim que a COVID-19 esteja terminada”, diz Mak Ka Lok. “O evento está agendado para o fim de 2021. Ainda temos muito tempo para ver como a pandemia se irá desenrolar. De certeza que somos capazes de fazer um Grande Prémio melhor do que em 2020”.

Parar ainda não

Tal como a temporada de 2020, aquela que agora vai iniciar-se não será fácil para os pilotos, devido às limitações da circulação de pessoas e à expectável diminuição de verbas provenientes de patrocinadores. “Eu continuo positivo quanto a 2021. Os piores tempos já passaram”, admite com um óbvio optimismo Mak Ka Lok. “A vacina estará disponível em breve, mas não sei se o Grande Prémio voltará ao normal ou se será semelhante a 2020. Eu planeio participar em alguns eventos na China para preparar melhor Macau”, realça o sétimo classificado da Taça GT – Corrida da Grande Baía, ele que teve problemas eléctricos na sua viatura no evento do passado mês de Novembro.

Na sua já longa carreira destacam-se as quatro participações na Corrida da Guia, todas elas pontuáveis para o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCC), a última vez em 2017, quando conduziu o seu carro favorito: “o Lada Vesta TC1, que me trouxe a volta mais rápida que alguma fiz ao Circuito da Guia (2 minutos 34 segundos)”. E ao fim de estes anos todos, parar ainda não está na agenda. “Eu tenho pensado sobre isso. Decidirei quando não for mais competitivo em pista, então aí irei parar”. Enquanto essa chamada do destino não chega, venha a próxima corrida.

8 Jan 2021

“E-racing” | Corridas virtuais ganham o seu evento na RAEM

Num ano atípico, a temporada de automobilismo em Macau não terminou com o habitual Grande Prémio Internacional de Karting, que este ano não se realizou, mas sim com o primeiro grande torneio de “sim racing” organizado na RAEM

 

Para aqueles que não estão familiarizados com o fenómeno, o “sim racing” (ou “e-racing”) é a modalidade dos e-sports, ou desportos electrónicos, que engloba as corridas de carros que têm por base simuladores de automóveis, que conseguem reproduzir praticamente tudo o que acontece num verdadeiro carro de competição. Um simulador é diferente das corridas de videojogos e consolas, pois estas não conseguem reproduzir estes efeitos. Estes simuladores, a um nível menos complexo, são usados há muito tempo pelas equipas de Fórmula 1.

O GBA Sim Racing Grand Prix (SRGP) ficará para a história como o primeiro grande evento de “sim racing” organizado em Macau. Com 500 mil yuans de prémios monetários, o dobro que ofereceu o Grande Prémio de Macau este ano, este torneio, que usou a plataforma Assetto Corse, foi lançado em meados de Outubro em Jiangmen, Guangzhou, Zhuhai, Hong Kong e Macau, tendo só a eliminatória de Zhuhai reunido mais de quinze mil participantes “online” e “offline”. No anfiteatro do “The House of Dancing Water”, no City of Dreams, realizaram-se as pré-finais e a grande final. Durante quarenta minutos, ou dezoito voltas ao Circuito da Guia virtual, os dezoito finalistas, todos ao volante do mesmo carro (Audi R8 GT3), discutiram o triunfo. Yin Zheng de Pequim veio à Grande Baía levar a melhor sobre Zheng Zhaojie de Shenzhen e Huang Kuisheng de Guangzhou.

A selecção dos pilotos de Macau para a final foi feita no local, com uma corrida de qualificação para os vinte mais rápidos nas voltas de selecção e que apurou os três representantes do território. E do trio da RAEM, o melhor na decisiva corrida foi Filipe Veloso Chan que acabou na quarta posição, deixando uma boa imagem dos praticantes do território. “Temos jogadores com muito potencial em Macau e espero que haja mais participantes em torneios de e-racing no futuro”, disse Filipe Veloso Chan no final do evento.

Com o apoio de várias entidades de peso de Guangdong, a competição foi transmitida em directo em plataformas online da CCTV e da iQiyi Sports, aguçando assim o apetite de muitos que perderam esta oportunidade e que não quererão perder uma próxima. Até porque a promessa do sucesso deste ano é para repetir para em 2021.

Razões para repetir

Este evento não contou com a colaboração da Associação SimRacing Macau-China, que apesar de tudo se manteve atenta ao que foi realizado. Para o piloto das corridas de carros de Turismo locais, Sabino Osário Lei, que começou o seu trajecto desportivo nas corridas virtuais, este evento foi um sucesso e o interesse que gerou em seu redor é merecedor de uma repetição. “Macau é uma cidade especial, onde se incluí o Circuito da Guia e sua história, portanto como é que não poderia existir um evento de ‘sim racing’ aqui?”, interrogava-se o também participante do primeiro SRGP do território. “É algo novo para Macau. Honestamente, não sabia que o evento ia ser tão grande, só me apercebi da sua dimensão quando cheguei ao City of Dreams. Fui ver a corrida final e os lugares sentados estavam todos ocupados, até eu tive que ficar de pé para ver a corrida”, afirmou ao HM.

Lawrence Ho, o CEO da Melco, em comunicado, reconheceu o porquê desta aposta: “O turismo desportivo é um segmento chave do turismo actual, com mais e mais pessoas a viajarem pelo mundo para participar. Os e-sports são um desporto emergente com um grande potencial”.

Mais próximo do real

As provas de simuladores viram a sua exposição mediática crescer abruptamente com a pandemia de COVID-19. Com os circuitos fechados e campeonatos parados, os pilotos profissionais, como as estrelas de Fórmula 1 Max Verstappen ou Charles Leclerc, viraram-se para o “sim racing”, trazendo toda atenção mediática e dos fãs consigo. Contudo, esta já era uma actividade em crescimento por todo o mundo, com uma cada vez maior proximidade ao mundo real, proximidade essa que começa também a acontecer na Ásia.

A SRO Motorsports Group, co-organizadores da Taça do Mundo de GT da FIA no Grande Prémio de Macau e do GT World Challenge Asia, organizou o seu primeiro campeonato virtual, um exemplo seguido pela FRD Sports de Hong Kong que fez o mesmo com o Campeonato Asiático de Fórmula Renault e o troféu Renault Clio. A proximidade entre o virtual e o real nunca esteve tão perto e até as equipas com base em Zhuhai seguem a tendência. A Champ Motorsport organizou o primeiro torneio do género na cidade vizinha, a Absolute Racing vai participar na competição virtual World eX e a Asia Racing Team fez este ano uma parceria com a equipa virtual Team Squadios.

“O nosso foco claro é continuar a interagir com uma nova geração de jovens fãs do automobilismo”, explica Rodolfo Ávila, o Chefe de Equipa da Asia Racing Team. “A acessibilidade que o ‘sim racing’ oferece uma nova entrada no mundo das corridas para apaixonados das corridas e novos fãs. Espero que esta parceria (com o Team Squadios) nos ajude a ligar o ambiente virtual com o desporto na vida real na China e na região da Ásia-Pacifico”.

30 Dez 2020

GP Macau | FIA e organizadores na expectativa quanto a nova edição

À margem das comemorações do 21º aniversário da RAEM, a secretária Elsie Ao Ieong esclareceu que Macau mantém a intenção de realizar o Grande Prémio no próximo ano, apesar de nenhuma decisão ter sido tomada a esse respeito. Enquanto o Instituto do Desporto está a terminar o relatório sobre o Grande Prémio da edição deste ano, para que as autoridades competentes tomem a decisão se o evento, que nunca foi interrompido em 67 anos de história, se realizará ou não em 2021, as organizações internacionais vão planeando o ano que aí vem, aguardando uma definição de Macau

 

Apesar do contexto de pandemia, as normas de segurança e sanitárias impostas pela FIA e seus associados durante os eventos permitiram a realização da maior parte das competições em 2020. Porém, ninguém espera um 2021, mais fácil, a começar por Jean Todt, o Presidente da FIA. “A temporada acabou e não começamos a nova a partir de uma folha branca. Ainda existem confinamentos e o vírus continua cá. A próxima metade de 2021, na minha opinião, não será normal. Fizemos progressos, estamos à espera da vacina, e isso será bom para todos no planeta.

Penso que nos próximos dias podemos ver muitas mudanças nos potenciais calendários”, disse o dirigente francês.
A data do 68.º Grande Prémio já está reservada no calendário internacional, no fim de semana de 20 e 21 de Novembro, mantendo a tradição com mais de sessenta anos de se colocar de pé o evento no terceiro fim de semana do penúltimo mês do ano. Do último Conselho Mundial da FIA do ano de 2020 não saiu qualquer decisão de vulto respeitante a Macau. No comunicado emitido pela federação internacional, o território aparece apenas mencionado uma vez, no calendário provisório da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR), como prova de encerramento da temporada. O formato da prova de Macau também foi dado a conhecer, com dois treinos livres, uma sessão de qualificação dividida em três secções e duas corridas (n.d.r: em vez de três corridas como nas duas edições anteriores).

Jean Todt deixou claro, no mês passado, que queria ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau no próximo ano. Como dizia recentemente Trevor Carlin, proprietário da equipa de F3 com o mesmo nome, para as equipas da disciplina de monolugares foi um Novembro “muito estranho, sem ter que apanhar o ‘jetfoil’ de Hong Kong para Macau”. O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época entre nós, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente dos Estados Unidos da América para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova.

A Taça do Mundo de GT da FIA, cujas cinco edições tiveram palco em Macau, também não foi anunciada, mas esta é uma competição que a federação internacional apenas costuma revelar informação mais tarde no ano. Apesar de existirem vontades para deslocalizar a prova para um circuito convencional, preferencialmente na Europa, no calendário de provas da SRO Motorsport Group enviado às equipas, onde se destaca o campeonato GT World Challenge Asia, há uma menção a Macau “por confirmar”. Questionado pelo HM sobre um eventual regresso, Benjamin Franassovici, o coordenador para a Ásia da influente empresa de Stéphane Ratel, o “pai das corridas de GT” nos últimos vinte e cinco anos, disse que “tivemos bons tempos com equipas e pilotos de topos. Portanto, nunca dizemos nunca a um regresso a Macau com a Taça do Mundo…”

Por outro lado, o Campeonato da China de GT, competição que mais concorrentes providenciou à Taça GT Macau este ano, incluindo o vencedor Leo Ye Hongli, já tem um calendário provisório para a temporada vindoura. O HM teve acesso a este documento, que ainda não é público, e onde Macau aparece como a sexta e última corrida da época. É de recordar que a organização chinesa revelou o ano passado um acordo de dois anos para competir no Circuito da Guia. Neste calendário, a prova que antecede Macau será a homóloga a realizar no circuito citadino de Wuhan, evento que este ano não avançou devido à pandemia.

Motas em maus lençóis

Após um ano para esquecer, em que nenhuma das suas corridas principais teve lugar, o calvário do motociclismo de estrada poderá prolongar-se em 2021. Com a crise sanitária por resolver no “velho continente”, o Governo da Ilha de Man achou por bem cancelar a Ilha de Man TT, prova que estava marcada de 29 de Maio a 12 de Junho. A Southern 100, a Classic TT e o Grande Prémio de Manx, três outros eventos que se realizam anualmente durante o Verão nesta dependência da coroa britânica, não estão ainda garantidos que se realizem. Na Irlanda, a North West 200, inicialmente marcada para meados de Maio, e que é o maior evento ao ar livre do país, deverá ser adiada para os meses de Verão, enquanto o futuro do Grande Prémio de Ulster continua em risco.

Michael Rutter e John McGuinness, dois veteranos de Macau, já expressaram publicamente a sua consternação com a situação actual. O Grande Prémio de Motos de Macau arrisca-se a regressar à posição ingrata que ocupou este ano, onde foi a única prova grande de estrada a poder ser realizada. Infelizmente, a 54ª edição da mais importante prova de motociclismo da actualidade em território chinês não teve lugar este ano, pois não foi possível reunir um número mínimo aceitável de participantes, após vários intervenientes se terem recusado a aceitar os catorze dias de quarentena impostos pelas autoridades de saúde, uma medida que visava proteger a população. A única boa notícia é que a Ilha de Wight, a sul de Portsmouth, quer organizar um evento em Outubro, mas por outro lado, poderá ter impacto na logística e transporte do material para Macau.

28 Dez 2020

Automobilismo | Luciano Lameiras tem-se afirmado nas corridas locais na última década

Apesar de discreto, tanto dentro, como fora da pista, Luciano Castilho Lameiras tem sido um dos principais intervenientes nas corridas de carros de Turismo de Macau, tendo obtido resultados bastante interessantes nos últimos nove anos. Depois de ter subido ao pódio no 66.º Grande Prémio de Macau, o piloto de 32 anos tem como grande objectivo um dia lá regressar

Ao volante de um Mitsubishi Evo9, Luciano não conseguiu repetir o feito de 2019, onde inscrito na classe “1950cc e Acima” da Taça de Carros de Turismo de Macau, a exemplo deste ano, terminou na terceira posição da categoria. “Tive algumas contrariedades este ano. Na primeira sessão de treinos obtive a primeira posição, mas depois disso o carro teve alguns problemas”, revelou o piloto ao HM. “Este ano houve duas corridas, com a melhor volta das duas sessões de treinos livres e da qualificação a determinar a posição de partida. Portanto, no sábado ainda arranquei do terceiro lugar e mantive a posição durante três voltas. Depois disso, o motor começou a ter o problema de sobreaquecer e a única forma era abrandar o ritmo. O resultado de sábado não foi bom e tive de arrancar de trás para a corrida de domingo”.
Contudo, no domingo, a sorte voltou a não estar do seu lado, terminando na décima sétima posição, a duas voltas do carro vencedor, “pois tive um pequeno acidente e tive de vir às boxes para reparar o carro. Foi um ano infeliz, mas espero ter melhores resultados no próximo ano”. Mas o piloto da SpeedHeart Racing Team consegue tirar positivos do fim-de-semana desportivo mais importante da temporada: “O meu companheiro de equipa obteve um bom resultado e fiquei feliz por isso”, referindo-se ao triunfo à geral de Wong Wan Long.

Limites da realidade

Com o ano 2021 à porta, Luciano não tem planos para realizar muito mais provas do que aquelas que sejam necessárias para se qualificar para o maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. E “dar uma perninha” no estrangeiro? “Talvez não, desta vez, mas em 2021, as provas de qualificação do Grande Prémio de Macau serão num novo circuito na China, o Circuito Internacional de Zhuzhou”, o que, a concretizar-se, será uma novidade em relação ao tradicional binómio Circuito Internacional Zhuhai-Circuito Internacional de Guangdong.
O objectivo para a próxima temporada, e para um futuro próximo, é “voltar a terminar numa posição do top-3 outra vez em Macau”. Ciente das suas limitações, Luciano não sonha com participações futuras nas corridas de GT ou na Corrida da Guia. “Não há muito dinheiro disponível para trocar de carro. Nas corridas actuais, o nosso carro ainda está relativamente aperfeiçoado e tem uma vantagem larga”, esperando poder utilizar nas provas locais a sua actual viatura ainda “nos próximos três anos”.

Bilhete de entrada

A oportunidade de entrar no pequeno mundo das corridas de automóveis de Macau surgiu quando um amigo mais velho tinha um carro atractivo para venda, estávamos nós em 2012. “Ele tinha um Nissan Z33 Fairlady de corridas que nesse ano ninguém usou. Ele não queria desperdiçá-lo e por um preço muito baixo tentou apoiar-me. E assim comecei. Se não tivesse aparecido aquela oportunidade, talvez nunca tivesse a chance de correr no circuito de Macau”.

Tal como a grande parte dos iniciados nestas andanças, Luciano sofreu das mesmas e conhecidas dificuldades crónicas de quem opta por um desporto pouco acessível, enumerando por esta ordem os obstáculos que encontrou: “primeiro, dinheiro, segundo, a falta de experiência, e por fim, em terceiro, a falta de apoio de alguns membros da família”. Este último obstáculo já foi ultrapassado, reconhecendo o piloto que “habitualmente as pessoas pensam que as corridas de automóveis são muito perigosas”.
Para além do automobilismo, Luciano também tem outra grande paixão. Como grande aficcionado da pesca desportiva, é um dos organizadores da Taça de Macau da pesca do robalo.

19 Dez 2020

Automobilismo | Delfim Mendonça Choi quer tentar a WTCR

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que escasseiam novos valores do automobilismo de Macau nos palcos internacionais, Delfim Mendonça Choi tem intenções de fazer a sua estreia na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) em 2021 e quiçá em mais provas internacionais da categoria TCR.

Tendo-se estreado em 2017 nas corridas de carros de Turismo, Delfim nunca escondeu que a maior ambição na sua carreira desportiva passa por um dia “vencer uma corrida no Grande Prémio de Macau”, no entanto, agora a prioridade é outra. “Em princípio, para o ano vou correr na corrida da WTCR em Macau”, explicou o piloto macaense ao HM. “Este ano, eu queria correr na Corrida da Guia com um Audi RS 3 LMS TCR, igual ao do Filipe Souza, mas o meu chefe de equipa disse que como é um carro com volante à esquerda, e requer mais prática, pediu-me para o conduzir apenas no próximo ano”.

Tal como todos os pilotos do território, devido às limitações nas viagens para o estrangeiro e dos constrangimentos financeiros, Delfim reconhece que planear a próxima temporada desportiva não é uma tarefa simples, no entanto, há uma coisa que o piloto da RAEM tem em mente para 2021: “Antes de Macau talvez vá à China correr na WTCR para me familiarizar com o carro da categoria TCR”. Outra possibilidade será fazer corridas do “TCR China ou do TCR Ásia, mas ainda não está definido”.

Uma coisa é certa, Delfim vai trocar o volante do seu habitual Mitsubishi Evo9 por um Audi RS 3 LMS TCR, também preparado pela SLM Racing Team, equipa que este ano colocou em pista o carro de Ng Kin Veng na Corrida da Guia. A escolha do Audi deve-se à “melhor condução” do carro germânico que no Grande Prémio foi em pista o único a conseguir rivalizar directamente com os Lynk&Co e MG oficiais.

Edição 2020 não muito feliz

Candidato a um dos três lugares do pódio na Taça de Carros de Turismo de Macau, na categoria “1950cc ou Superior”, a 67ª edição do Grande Prémio de Macau não correu de feição ao ex-campeão do AAMC Challenge. “Correu muito mal, foram três dias em que o meu carro teve problemas”, relembra o piloto do Mitsubishi Evo9 preparado pela SLM Racing Team. “Este ano, estava muito concentrado na obtenção de um bom resultado, mas o carro não me ajudou nessa tarefa”.

Depois de ter sido o décimo primeiro mais rápido no cômputo dos treinos livres e qualificação, Delfim apenas cumpriu três voltas na Corrida de Qualificação e desistiu na corrida de domingo ao fim de nove. “O motor estava sempre em altas temperaturas. Não conseguimos resolver o problema e no sábado meti um outro motor, mas voltamos a ter o mesmo problema, o que foi muito mau”.

Para o ano, se a pandemia em curso assim o permitir, Delfim vai medir forças com os melhores pilotos de carros de Turismo da actualidade. Obviamente, o desafio que tem pela frente é enorme, mas provavelmente é isso de que Macau precisa, de jovens pilotos que arrisquem a sair da sua zona de conforto.

3 Dez 2020

GP Macau | Charles Leong não sabe se vitória o levará mais longe

[dropcap]H[/dropcap]á uma semana Charles Leong Hon Chio arrancava para o fim-de-semana que o tornaria o segundo piloto de Macau a vencer a prova principal do Grande Prémio de Macau. Após ter conquistado um dos troféus mais cobiçados do automobilismo internacional, o jovem piloto da RAEM está bastante cauteloso no que respeita às expectativas do seu futuro no automobilismo.

Depois de duas participações no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, Leong fez prevalecer o seu estatuto de favorito, dominando os acontecimentos praticamente durante todo o pretérito fim-de-semana, com a excepção do primeiro treino-livre, onde um problema na suspensão do seu Mygale M-14 Geely o impediu de ser o mais rápido. O ex-campeão da China de Fórmula 4 e da Ásia de Fórmula Renault não cedeu à pressão, vencendo a corrida do final da tarde de domingo por meio segundo de avanço sobre o conterrâneo, e igualmente experiente nestas andanças, Andy Chan.

Questionado pelo HM sobre qual a sensação após o feito alcançado na sua corrida caseira, Leong confessou que “foi fantástico, não sei como descrever, porque o sentimento é como um sonho… mas aconteceu. Foi muito bom!”.

Para o piloto de 19 anos este sucesso tem um sabor ainda mais especial, pois a quatro meses do Grande Prémio não tinha nada sólido para regressar à prova. Devido à pandemia, Leong esteve onze meses afastado das pistas e caso a Fórmula 3 tivesse corrido no território, as probabilidades de voltar a conduzir no Circuito da Guia este ano eram muito reduzidas devido à impossibilidade de testar antes.

Num passado não muito distante, uma vitória no Grande Prémio de Macau era meio bilhete para a entrada no mundial de Fórmula 1. Nas duas últimas décadas, quase todos os vencedores da prova rainha do cartaz desportivo da RAEM passaram ao lado de uma carreira no “Grande Circo”, tendo apenas o japonês Takuma Sato, vencedor em 2001, e o brasileiro Lucas di Grassi, vencedor em 2005, sido os únicos a ganhar um Grande Prémio de Macau e a competir na Fórmula 1 a tempo inteiro. Embora a vitória na tradicional prova de monolugares continue a abrir portas no automobilismo, Leong não sabe qual o impacto que terá a sua vitória no primeiro Grande Prémio de Macau de Fórmula 4.

“Para ser honesto, não tenho a certeza, porque devido à COVID-19 tudo é imprevisível”, reconhece conscientemente Leong. “Provavelmente irá ajudar um pouco, mas de um modo geral, não estou seguro quanto ajudará mais tarde”.

Mais dúvidas que certezas

Nos últimos anos, Leong tem sido a aposta da RAEM nos desportos motorizados, mas sem grandes hipóteses de progresso, a sua carreira desportiva estava prestes a ficar estagnada. Num território onde a probabilidade de encontrar no sector privado um forte apoio para continuar a competir ao mais alto nível no estrangeiro é reduzida, o amparo das entidades governamentais relevantes acaba por ser vital. Todavia, Leong tem dúvidas que Macau o posso ajudar muito mais.

“Não tenho a certeza se este feito vai ajudar ou não. Vamos a ver se vão querer continuar a apoiar-me, pois este apoio requer também o apoio de outras pessoas, da população em geral”, admite Leong. “Lembro-me que quando recebi o apoio do governo, que não era suficiente, houve pessoas de outros desportos que se queixaram dos apoios dados ao automobilismo. Não é também fácil para eles apoiarem-me. E agora já não têm mais o programa para jovens atletas para mim, porque é apenas para praticantes sub-18, o que acho que não é ideal, portanto, não faço ideia do que irá acontecer”.

Num mundo idílico, Leong, que continua empenhado na sua vida académica, continuaria a subir degraus na pirâmide do automobilismo, objectivo que o próprio não esconde. “Espero continuar a minha jornada em monolugares, porque fórmulas são aquilo que eu sempre quis conduzir, portanto se tivesse que escolher uma disciplina, seria a Fórmula 3”, afirma o piloto que começou a competir nos monolugares em 2016.

Devido à crise sanitária mundial em curso, não se espera um 2021 mais fácil para o automobilismo que o ano que agora caminha para o fim. Portanto, mais do que qualquer outro seu antecessor, para Leung capitalizar deste triunfo vai precisar que todos os astros se alinhem e daquela estrelinha da sorte que acompanham sempre os campeões.

26 Nov 2020

GP Macau | Antevisão de um fim-de-semana invulgar

[dropcap]O[/dropcap] programa do 67º Grande Prémio de Macau contempla cinco corridas de automóveis, já que o Grande Prémio de Motos foi cancelado devido à falta de quórum, não tendo sido possível encontrar uma prova substituta. Numa edição inédita, devido às perturbações causadas pela pandemia da covid-19, não há Taças do Mundo da FIA para atribuir este ano e também não haverá estrelas internacionais, com a excepção de Rob Huff, que assumirá o mesmo papel que Dieter Quester há precisamente cinquenta anos.

O facto de o nível competitivo não ser comparável ao que estávamos habituados a ver nas últimas três ou quatro décadas, poderá não ter impacto no espectáculo, que deverá ser tão ou mais animado dentro de pista do que em anos anteriores, visto que o factor imprevisibilidade é ainda maior. Ainda para mais quando é esperada a visita da chuva no sábado.

 

Grande Prémio de Macau de Fórmula 4

Dada a inexperiência da maior parte dos dezassetes participantes em circuitos citadinos, o favoritismo da corrida pesa todo nos dois pilotos locais: Andy Chang e Charles Leong. Será quase como um “tira-teima” entre os dois pilotos em quem a RAEM mais investiu na última década. Numa jornada que vale pontos a dobrar para o Campeonato Chinês de F4, para o qual os dois pilotos de Macau não pontuam, Zijian He lidera destacado e deverá sagrar-se campeão. Ainda à geral, há que contar com a inscrição de última hora de Kang Ling, um piloto chinês que fez quatro épocas de monolugares na Europa ao mais algo nível.

Corrida da Guia Macau

Talvez a corrida que terá maior cobertura além fronteiras este ano tem três motivos de interesse. Primeiro, Rob Huff irá tentar bater o seu recorde de nove vitórias em corridas no Circuito da Guia e para isso terá que triunfar na corrida de domingo. Segundo, há um enorme interesse para ver quem sai vencedor do duelo entre os dois gigantes da indústria automóvel chinesa – Lynk&Co (Geely) e MG (SAIC). E por fim, a decisão do título do campeonato TCR China, onde Ma Qing Hua (Lynk&Co) tem oito pontos de vantagem para Rodolfo Ávila (MG), sendo que ambas as corridas valem pontos. A prova, que teve o máximo de inscritos possível, contará com a presença dos pilotos macaenses Filipe Souza, Eurico de Jesus e o regressado Jo Merszei.

Taça GT Macau

A corrida para carros das categorias FIA GT3 e GT4 será um duelo entre os “veteranos” de Hong Kong Darryl O’Young e Marchy Lee, que terá como engenheiro Duarte Alves, e a nova geração de pilotos chineses, bem representadas por Leo Ye Hongli e David Chen. Será também um duelo a seguir muito atentamente em Ingolstadt e Affalterbach, as sedes dos departamentos de competição da Audi e Mercedes-AMG respectivamente.

Taça de Carros de Turismo de Macau

Praticamente um assunto entre pilotos de Macau este ano, a popular corrida para os pilotos locais irá coroar novamente os vencedores de duas categorias determinadas pela cilindradas das viaturas participantes: 1950cc e Acima e 1600cc Turbo. A corrida ,que por tradição costuma ser animada e ter a participação de vários pilotos macaenses e nomes portugueses, este ano não é excepção contando com a participação de Rui Valente, Sabino Osório Lei, Delfim Medonça Choi, Luciano Lameiras, Jerónimo Badaraco e Célio Alves Dias.

Taça GT – Corrida da Grande Baía

Na teoria, a menos interessante de todas as corridas, junta alguns carros da classe GT4 e carros da defunta Taça Lotus nas suas diferentes iteracções. O vencedor da edição passada, Kevin Tse de Macau, não está inscrito, pois reside em Hong Kong e não teve disponibilidade para cumprir a quarentena obrigatória.

Curiosidades

– Lo Pak Yu, Lo Ka Chun e Lo Hung Pui são respectivamente filho, pai e avô, naquela que será a primeira vez que três gerações participam numa mesma corrida (Taça GT Macau).

– Antes de Rodolfo Ávila, outro português conduziu um MG no Circuito da Guia – Macedo Pinto em 1954. No arranque, estava tão nervoso que ficou com as calças presas na alavanca de velocidades e esqueceu-se de desengatar o travão de mão.

O Mercedes-AMG GT4 de e Eric Kwong n.º23 da Taça GT Cup tem um autocolante a dizer “Obrigado pai e mãe”. Os pais do piloto de 38 anos eram contra a sua participação na corrida de Macau e na sua primeira participação inscreveu-se “Eric K” para evitar ser apanhado em flagrante delito.

Os únicos dois pilotos estrangeiros que ganharam corridas na China Interior em 2020 foram dois portugueses e de Macau: Rodolfo Ávila, no TCR China, e Rui Valente, no GIC Challenge.

Factos:

O programa do 67º Grande Prémio de Macau é o mais pequeno de sempre desde 1966

É a primeira vez desde 1967 que não há uma corrida de motas

– É a primeira vez desde 1983 que não haverá corrida de F3

– É a primeira vez desde 1986 que não haverá pilotos portugueses residentes em Portugal à partida em nenhuma das corridas

– Será a primeira vez que Macau acolherá uma prova de F4

 

Sexta-feira

6h00: Fecho do Circuito
6h30-7h00: Inspecção do Circuito
7h20-7h50: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste
8h00-8h35: Taça de Carros de Turismo de Macau – Treino livre 1
8h50-9h25: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Treinos livres 1
9h40-10h15: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Treinos livres 1
10h30-11h05: Corrida da Guia Macau – Treinos livres 1
11h20-11h55: Taça GT Macau – Treinos livres 1
12h25-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau – Treinos Livres 2
13h15-13h50: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Treinos livres 2
14h05-14h40: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Treinos livres 2
14h55-15h30: Corrida da Guia Macau – Treinos livres 2
15h45-16h20: Taça GT Macau – Treinos livres 2
18h00: Abertura do Circuito

Sábado

6h00: Fecho do Circuito
6h30-7h00: Inspecção do Circuito
7h30-7h50: Taça de Carros de Turismo de Macau – Cronometrado
8h15-8h35: Taça GT – Corrida da Grande Baía – Cronometrado
9h00-9h20: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – Cronometrado
9h45-10:05: Corrida da Guia Macau – Cronometrado
10h30-10h50: Taça GT Macau – Cronometrado
11h35-12h05: Evento Especial
12h30-13h00: Taça de Carros de Turismo de Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas
13h25-13h55: Taça GT – Corrida da Grande Baía (Prova Classificativa) – 8 voltas
14h20-14h50: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 (Prova Classificativa) – 8 voltas
15h15-15h45: Corrida da Guia Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas
16h10-16h40: Taça GT Macau (Prova Classificativa) – 8 voltas
18h00: Abertura do Circuito

Domingo

6h00: Fecho do Circuito
6h30-7h00: Inspecção do Circuito
7h30-8h30: Carros de Segurança e Intervenção Rápida -Voltas de teste
9h00-9h40: Taça de Carros de Turismo de Macau – 12 voltas
10h05-10h45: Taça GT – Corrida da Grande Baía – 12 voltas
11h40-12h20: Corrida da Guia Macau – 12 voltas
12h45-13h25: Taça GT Macau – 12 voltas
13h40-14h30: Evento Especial
15h10-15h20: Dança do Leão
15h30-16h10: Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 – 12 voltas
18h00: Abertura do Circuito

19 Nov 2020

Motociclismo | Faye Ho lança a sua equipa no circuito internacional

Precisamente no dia em que a organização do Grande Prémio de Macau anunciava que a 54ª edição do Grande Prémio de Macau de Motos não se realizará este ano, uma das mais reputadas estruturas internacionais do motociclismo da última década era adquirida pela empresária de Macau, Faye Ho

 

[dropcap]A[/dropcap]pós ter apoiado vários pilotos no Grande Prémio de Macau de Motos, a neta de Stanley Ho subiu a parada e comprou o equipamento da equipa Smiths Racing, que cessará actividade no final da temporada de 2020. A FHO Racing irá também “herdar” da Smiths Racing, a estrela britânica Peter Hickman, talvez o mais forte piloto de motociclismo de estrada da actualidade. Entre a Ilha de Man TT, Grande Prémio do Ulster, North West 200 e o Grande Prémio de Macau, Hickman e a Smiths amealharam vinte e um triunfos.

“Apoiei pela primeira vez equipas de motociclismo no Grande Prémio de Macau em 2009 e no ano seguinte conseguimos a vitória com Stuart Easton e a PBM”, disse Faye Ho, em comunicado. “O que me impressionou imediatamente nas corridas de duas rodas foi o entusiasmo e paixão que as equipas e os pilotos assumem cada vez que estão em pista. Eu sempre gostei de desportos motorizados e em particular de motociclismo, portanto surgiu a oportunidade de assumir a equipa Smiths e pareceu ser a oportunidade ideal para me envolver. Quando ouvi que a equipa Smith ia abandonar, tendo conhecido o Alan e a Rebecca Smith, os donos da equipa, em Macau, senti que era a altura perfeita para ajudar a dar o passo para construir uma nova equipa.”

A FHO irá participar em 2021 no Campeonato Britânico de Superbikes (BSB) e nas principais provas de estrada a nível internacional, sendo esperada obviamente a presença no Grande Prémio de Macau, se as condições assim o permitirem. “Estou entusiasmada para avançar, este é provavelmente o maior desafio que alguma vez realizei e, no final de contas, temos o desejo de querer vencer corridas”, explicou a empresária.

Um novo dia

Para “Hicky”, que obteve três triunfos no Grande Prémio de Macau, este novo passo na carreira é “algo excitante para mim, para a equipa e também penso que para as corridas no geral, já que ganhamos na Faye uma nova apaixonada dona de equipa. Eu conheço a Faye há já alguns anos como uma generosa apoiante das corridas em Macau e o mais importante é que ela quer que ganhemos. Tive quatro anos fantásticos na Smiths Racing, crescemos juntos como um grupo, obtendo sucessos no BSB e nas estradas, portanto penso que podemos construir a partir daí e irmos para um novo patamar. Após um ano tão mau globalmente, é positivo ter uma nova equipa e um novo patrocinador na arena”.

Para além de ter assegurado os serviços de alguns dos técnicos da Smiths Racing, incluindo o chefe de equipa Darren Jones, Hickman conseguiu garantir para a sua equipa as BMW M 1000 RR Superbike. A equipa terá a seu cargo uma parte substancial do desenvolvimento desta máquina que é o primeiro modelo M da BMW Motorrad. O espanhol Xavi Fores irá ser o companheiro de equipa de Hickman nas provas do britânico de Superbikes, enquanto que Alex Olsen fará as provas do britânico de SuperStock 1000.

8 Nov 2020

GP Macau | André Couto lamenta ausência no circuito da Guia

Quando na passada quarta-feira foram reveladas as listas de inscritos para a 67ª edição do Grande Prémio de Macau, evento que este ano terá uma forte componente local, obviamente que saltou à vista a ausência do único piloto da RAEM a ter até hoje conquistado o troféu mais importante da prova, André Couto

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar dos esforços para participar num evento que lhe é tão querido, o piloto português vai pelo segundo ano consecutivo faltar à maior manifestação desportiva do território. “É com muita mas muita pena minha que não vou poder participar no Grande Prémio deste ano. Infelizmente, não consegui reunir os apoios para participar na prova de GT e portanto não vou estar presente”, esclareceu ao HM o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000.

Numa edição que precisava desesperadamente de todos os heróis locais para colmatar a falta das habituais estrelas estrangeiras, e assim justificar o seu alto estatuto internacional, o facto daquele que é um dos “nomes grandes” do automobilismo da região estar novamente ausente não deixa de ser desapontante. O piloto luso de Macau terá tido a oportunidade de correr numa das equipas de topo, com um carro competitivo, na Taça GT Macau, mas por diversos motivos, com o principal a ser de indole financeira, tal não se materializou.

“Confesso que é um desgosto grande não estar este ano à partida, porque sei que teria boas hipóteses de dar uma grande alegria à população de Macau que tanto me tem apoiado ao longo de toda a minha carreira”, admite Couto. “Contudo, não existe o apoio necessário, quer institucional, quer por parte de entidades privadas, para levar a cabo a minha participação. Ao contrário do passado, não sinto que haja, dentro das entidades competentes, quem realmente puxe para que haja pilotos de Macau a vencer nas corridas principais do Grande Prémio. Se houvesse interesse em oferecer alguma glória desportiva à RAEM, provavelmente a atitude seria outra.”

Caso a participação de Couto se tivesse concretizado, certamente que o piloto da casa seria um sério candidato à conquista Taça GT Macau, troféu que nunca foi ganho por um piloto de Macau desde a implantação da corrida em 2008. Como não haverá Couto à partida, teremos então um duelo entre dois “veteranos” de Hong Kong, como são Darryl O’Young (Mercedes AMG) e Marchy Lee (Audi), contra o “sangue novo” oriundo da China Interior, David Chen (Audi) e Leo Ye Hongli (Mercedes AMG).

Final no Japão é possível

A temporada de 2020 de Couto foi severamente afectada pela pandemia de COVID-19. O piloto de Macau tem contrato com a equipa JLOC (Japanese Lamborghini Owners Club) para o campeonato japonês Super GT, mas devido às restrições impostas à entrada de estrangeiros no país do sol nascente, só realizou os testes de pré-temporada no circuito de Okayama com o Lamborghini Huracán GT3 Evo. Contudo, Couto está a tentar estar à partida na última prova do campeonato, no fim-de-semana de 28 e 29 de Novembro, em Fuji.

De acordo com o piloto, a sua participação em “tudo vai depender dos tramites das burocracias em curso”, existindo a real possibilidade do ex-campeão da classe GT300 voltar ao cockpit do Huracán GT3 Evo para o fim de época. O japonês Yuya Motojima tem ocupado o lugar de Couto ao lado de Takashi Kogure no “touro” com o nº88, e a duas provas do final, o duo nipónico está na 11ª posição da classificação de pilotos.

5 Nov 2020

TCR China | Duelo de gigantes será decidido no Circuito da Guia

[dropcap]A[/dropcap] Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau vai este ano celebrar a sua 49ª edição. Quando o Automóvel Clube de Portugal e a Hong Kong Automobile Association decidiram introduzir esta corrida para carros de Turismo, em 1972, certamente estavam longe de imaginar que passado quase meio século esta seria o palco do maior confronto desportivo entre construtores automóveis chineses num palco internacional até à data. Esta circunstância só foi possível devido à resiliência do piloto de Macau Rodolfo Ávila.

Nas quatro corridas da jornada dupla do passado fim-de-semana no Circuito Internacional Jiangsu Wantrack, Ávila venceu a segunda corrida e terminou no pódio nas restantes, numa performance que no início do ano seria pouco plausível dada a falta de evolução dos MG 6 XPower TCR. Ávila ainda passou por um susto na terceira corrida, onde uma carambola, em que foi inocente, quase provocava a sua desistência. Quem desistiu nesse acidente foi o favorito Ma Qing Hua, que lidera as contas do campeonato de pilotos e que venceu o primeiro embate.

Numa pista que desconhecia, Ávila recuperou 22 pontos a Ma Qing Hua, quando ainda estão em jogo 36 pontos a atribuir em duas corridas no Circuito da Guia. A vantagem do ex-piloto de testes da Fórmula 1 sobre o vice-campeão do TCR Asia de 2015 poderia ser ainda menor, mas por razões que só a MG XPower Racing saberá explicar, Ávila não teve “luz verde” para ultrapassar o seu companheiro de equipa Sun Chao na última corrida do fim-de-semana passado.

“Após estas duas últimas provas estamos mais confiantes, mas Macau será uma história diferente, pois é uma pista onde tudo pode acontecer e trata-se de um circuito em que a MG nunca correu, ao contrário dos nossos maiores adversários, cujo carro venceu as três corridas da WTCR no ano passado”, reconheceu o piloto de nacionalidade portuguesa da MG XPower Racing, em comunicado, ele que tem sido o maior contribuinte para o facto da MG liderar folgadamente sobre a Lynk&Co na classificação de marcas.

No fim-de-semana de 21 e 22 de Novembro, a Lynk&Co, com um carro construído pelas mesmas pessoas que fizeram os Volvo do WTCC, e a MG, com um automóvel produzido em Xangai com assessoria europeia, vão medir forças pela primeira vez num palco internacional, com vantagem teórica para a Lynk&Co que já escreveu o seu nome na galeria dos vencedores da Corrida da Guia.

Souza fez a primeira parte

Presente também no circuito de Jiangsu Wantrack esteve o macaense Filipe Souza. Após a jornada menos feliz em Tianma, em que uma miriade de problems técnicos impediram um resultado melhor, Filipe Souza aproveitou esta jornada nos arredores de Nanjing para preparar o Grande Prémio. O piloto do território apenas disputou as duas corridas de sábado, rumando propositadamente mais cedo a casa. Na primeira corrida do programa, Souza foi nono classificado, mas na segunda contenda de 28 voltas, o piloto da RAEM terminou num animador quinto lugar, tendo sido o melhor dos pilotos privados. Filipe Souza será certamente um dos mais fortes representantes de Macau na Corrida da Guia dentro de três semanas.

Huff esperado

Apesar de não estar oficialmente confirmado, tudo indica que Rob Huff poderá estar à partida da Corrida da Guia este ano, o que lhe dará automaticamente o estatuto de favorito. O ex-campeão do mundo, e por nove vezes vencedor no Circuito da Guia, tinha planos para realizar esta corrida desde o início do ano, tendo mostrado as suas intenções ao HM no início do ano. A quarentena obrigatória não terá demovido o britânico de 41 anos que este ano se sagrou campeão sueco de carros de Turismo. “Huffy” ainda não revelou os seus planos para a prova, mas muito provavelmente deverá alinhar ou com um Volkswagen Golf TCR ou num dos carros oficiais da MG.

Ávila encerra época do CTCC

Num fim-de-semana em que disputou oito corridas de dois campeonatos diferentes, Rodolfo Ávila encerrou a temporada 2020 do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) no exíguo Circuito Internacional de Jiangsu Wanchi, voltando a subir ao pódio e cumprindo o objectivo de ajudar a equipa oficial da SAIC Volkswagen a renovar um dos títulos do campeonato, neste caso o de pilotos. Depois do acidente, quando seguia em primeiro e um disco de travão literalmente explodiu, na última corrida de Zhuhou, que Ávila ficou relegado a segunda opção dentro da equipa, tendo que abdicar de resultados para dar espaço ao seu chefe de fila, Zhang Zhen Dong, que acabaria por se sagrar campeão. Mesmo assim, Ávila, que foi novamente o piloto mais rápido da equipa este fim-de-semana nos arredores de Nanjing, ficou em quinto no campeonato.

2 Nov 2020