Ana Correia, directora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da USJ: “A educação não precisa da sala de aula”

O ensino pode nunca mais voltar a ser como era. Depois da paragem de meses devido à pandemia, as aulas regressaram a Macau para um período escolar atípico. Ao HM, Ana Correia diz acreditar que a pressão está agora mais do lado dos professores e que o ensino online veio para ficar. Quanto à matéria que ficou por dar, a académica acha que “não haverá prejuízos”

 

[dropcap]Q[/dropcap]uais os principais desafios pedagógicos, que se colocam neste período escolar tão atípico?

São muitos os desafios e dizem respeito a professores, alunos, pais e às próprias instituições. Há muitos aspectos que estão aqui envolvidos e as pessoas não tiveram tempo para se preparar. Por isso, muitas das soluções encontradas acabam por ser apressadas ou encontradas por intuição para responder a problemas imediatos. Ou seja, devíamos ter sido preparados com muito mais tempo para entrarmos nesta viagem, que tem muitas surpresas e que não podemos evitar porque estamos todos nela. Falando dos alunos mais pequenos, é uma situação difícil porque não é possível mantê-los distanciados uns dos outros. Depois, os mais crescidos têm já uns meses de atraso porque houve indicações para não se introduzirem conteúdos novos. Portanto, os alunos estiveram ocupados a aprender, mas há espaços do programa curricular que não foram ensinados e isso vai ter consequências. Não digo que sejam insuperáveis, mas com certeza que no próximo ano, e nos anos seguintes, o currículo vai ter que ser repensado para colmatar este período em que andámos todos a marcar passo.

Quanto aos alunos que vão ser avaliados, existe pressão acrescida?

Isso está a ser discutido pelos responsáveis e aqui o princípio mais importante é não prejudicar os alunos, porque o que aconteceu não lhes é imputável, como também não é imputável às escolas. É necessário encontrar soluções que assegurem que os alunos não são de modo nenhum penalizados em termos de avaliação devido ao que está a acontecer. Não há soluções milagrosas. Penso que os professores, por exemplo, sentem essa pressão porque querem cumprir o programa o mais possível, mas não vai dar e, por isso, tem de haver compreensão de todas as partes e encontrar soluções que sejam o meio caminho entre o que é a perfeição e aquilo que é possível.

De que forma esta paragem forçada, onde deixou de haver rotina escolar, afectou os alunos, tanto a nível curricular como psicológico? 

Penso que os alunos devem estar muito contentes por regressar porque eles costumam gostar das férias, mas quando têm tempo limitado. Quando as férias são forçadas, os alunos costumam sentir saudades do convívio, da escola e daquela energia toda que anda ali à solta e, por isso, do ponto de vista da rotina, não haverá problema. Agora, não sei se do lado dos professores e dos pais será uma retoma total porque continua a haver receio de uma nova contaminação. Ou seja, há aqui um clima que é, por um lado, de alegria das crianças, mas por outro, um retorno à normalidade que, na verdade, é uma “nova normalidade”. Estamos todos mais ou menos em suspenso.

De que forma este período escolar atípico pode afectar os professores?

Para algumas escolas, as aulas vão terminar mais tarde e isso vai ter um preço. Não é por acaso que os anos lectivos têm paragens periódicas, a profissão docente é muito desgastante e intensiva. Por isso, os professores precisam de interrupções, precisam muitíssimo daquele período de Verão e agora, embora não tenham estado a trabalhar tão intensamente durante estes meses, não existiu uma paragem da actividade. Portanto, a sensação de recuperação de energias não existe. Acho que os professores vão chegar mais tarde desgastados ao Verão, porque há escolas que vão terminar no final de Junho e algumas até meio de Julho e receio que os professores não tenham tempo para recuperar, porque depois disso ainda há exames nacionais e a preparação do ano lectivo seguinte. Se não se decidir começar o próximo ano lectivo mais tarde, os professores vão ter um período muito pequeno de férias.

Que consequências antevê para o próximo ano lectivo?

As consequências vão existir para próximo ano lectivo, mas não só. Isto vai ter consequências para toda a educação, que não vai ser a mesma depois deste período. Há muita coisa que vai mudar. Estou convencida que o que nos está a acontecer é tão grave e tão profundo que vai ter implicações a todos os níveis. Até a própria arquitectura, as casas das pessoas vão ter que encontrar um modelo diferente porque a educação, percebeu-se agora, não precisa de acontecer numa sala de aula, numa escola. Há modelos de educação que já existiam e dos quais já se falava, mas que não eram levados a sério. Tenho a certeza que agora vão entrar no sistema com reconhecimento formal. Ou seja, vão deixar de ser só o trabalho de um grupo de professores carolas que gostam de ir ao encontro do que motiva os alunos, para fazer parte do sistema formal de educação. O uso das tecnologias digitais vai ganhar um peso muito maior na próxima reforma curricular.

Na sua opinião como tem corrido a aposta forçada no ensino online?

Temos aqui o exemplo da USJ, os alunos aprendem mais, estão mais motivados, estão mais presentes quando o ensino é online do que quando estavam nas salas de aula tradicionais. A diferença é incrível. Acredito completamente na integração entre diferentes tipos de aprendizagem, a todos os níveis. Desde a escola primária até à universidade penso que é possível. Não falo tanto do ensino infantil, mas acredito que a integração das tecnologias digitais vai acontecer muito mais rapidamente por causa da covid-19.

Na sua opinião que consequências podem resultar do ensino online? Os professores estavam preparados para esse desafio?   

O ensino online é complexo, interessante e variado. Temos aulas síncronas e aprendizagem assíncrona. Nas aulas síncronas, o professor está online directamente com os alunos. Temos softwares que nos permitem construir aulas interessantíssimas, como por exemplo o “Mentimeter” que permite fazer slides interactivos e outros que, entretanto, foram desenvolvidos e que vêm a enriquecer muito este novo tipo de ensino baseado na tecnologia. Depois temos a aprendizagem assíncrona, em que há tempo para a realização de tarefas autónomas que são carregadas através de uma plataforma digital. O factor tempo entra aqui como um elemento de controlo fundamental. Nas aulas tradicionais, muitos professores tendem a falar demais e a ocupar grande parte do tempo da aula e agora isso torna-se mais difícil, porque não há quórum. Como os alunos não estão lá fisicamente, o professor já sabe que na sua planificação tem que reservar um tempo para a aprendizagem centrada no professor e um segundo período da aula em que os alunos aprendem autonomamente. O factor tempo permite maior participação dos alunos, porque no ensino tradicional, outra tentação que por vezes existe é dar mais tempo aos alunos que aprendem mais rapidamente. Ou seja, são eles que falam, participam e os outros vão ficando na sombra.

De que forma a tecnologia pode estar mais presente no ensino?

As tecnologias digitais estão connosco há décadas, mas em segundo plano do sistema educativo, não estão integradas no currículo de forma transversal. Nós temos, por exemplo, a língua portuguesa que é transversal a todas as disciplinas do currículo, mas as tecnologias digitais, as chamadas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), não. Os alunos aprendem tecnologia na aula de tecnologia. Ora, isto é errado. As tecnologias deviam ser transversais, até porque é possível introduzi-las em todas as disciplinas. Para isso, é preciso formar professores. Penso que a situação vai mudar em relação a isso e mesmo as universidades e todas as instituições que têm a seu cargo a formação de professores, neste momento, estão com certeza a pensar em fazer uma reforma curricular e dar mais valor e reconhecimento às tecnologias digitais.

Que competências devem passar a ser privilegiadas pelos professores?

A primeira é a literacia digital. Os professores têm de saber trabalhar com os softwares que existem e têm de saber, pelo menos, tanto quanto os alunos. Depois os professores têm de ter consciência dos perigos que podem vir associados, por exemplo, à produção de vídeos, ou seja a questão da integridade académica. Sabemos que um vídeo pode facilmente ser carregado online e circular quase sem limite e num curtíssimo espaço de tempo. A usurpação de autoria de materiais e a circulação de materiais sem autorização é algo a que se deve prestar também atenção. Além da literacia digital e da questão deontológica da integridade académica diria que a terceira competência que um professor necessita é criatividade. Mais do que nunca os professores têm de ser criativos, têm de ir à procura e fazer auto-aprendizagem porque há milhares de ideias fantásticas online que podem ser adaptadas e, portanto, há uma parte que cabe a cada um. Deve haver desenvolvimento profissional organizado pelas escolas, pelas universidades e pela DSEJ, mas depois os professores também têm de fazer a sua parte.

Com tantas mudanças que pressão é colocada nos pais?

Os pais que têm crianças em casa vivem uma situação muito difícil por muitas razões. Porque as crianças não gostam de estar em casa, gostam de correr, têm uma necessidade enorme de gastar energia e em casa não o podem fazer. Por vezes, não existe um computador para cada membro da família, só existe um e isso pode gerar conflitos e porque os pais de facto não têm disponibilidade de assistir as crianças na realização dos trabalhos que os professores lhes pedem para eles fazerem. Felizmente, parece que estamos a chegar ao fim desse período, excepto nos casos do ensino especial e do ensino infantil. Em Macau, contudo, ao contrário de outros países, quase todas as famílias com crianças têm a ajuda de uma empregada doméstica.

Durante quanto tempo vamos correr contra o prejuízo curricular destes meses? O próximo ano lectivo será suficiente?

Tenho uma visão da educação que é por princípios e não por conteúdos. Penso que muito do que as crianças e os jovens aprendem nas escolas são pretextos para aprenderem a aprender e durante este período ficaram sem esses pretextos. Por isso, vão continuar o seu percurso e penso que não será um grande prejuízo. O que importa é que aprendam a aprender. Se não deram o conteúdo A ou o conteúdo B, terão as ferramentas que os habilitarão a ir à procura desses conteúdos e vão recuperá-los. Não estou convencida que seja um grande problema. Eu andava na escola secundária quando se deu o 25 de Abril em Portugal e também perdi muitos conteúdos e não penso que me tenham feito falta. Isso aconteceu desde Abril até Junho, por isso foi mais ou menos o mesmo período de tempo. Hoje em dia, se me perguntar se me prejudicou, respondo que não creio, porque a educação é algo maior que os conteúdos disciplinares cobertos num semestre, é um processo que começa quando entramos no jardim escola e que não termina enquanto estamos vivos. Porque o que nós queremos é que eles aprendam para a vida e o nosso modelo de ensino deve ser esse. A educação passa por criar-lhes a motivação. Se sabem os rios ou as montanhas, isso não interessa. Eles depois vão lá se quiserem.

15 Mai 2020

Uma questão de carne

[dropcap]N[/dropcap]ão raras vezes o tema da carne (normalmente a de porco) tem vindo a lume nas mais inusitadas situações. Assim de repente, como se não houvesse mais nada para trincar, lembro-me por exemplo de ouvir o Chefe do Executivo a dissertar pormenorizadamente, por ocasião da apresentação das LAG, acerca do flagelo que é constatar a forma como o actual tamanho dos suínos (cada vez mais diminuto) tem contribuído para agravar o preço de venda da sua carne em Macau.

No dia seguinte, o tema voltou a ser abordado em debate no plenário, uma vez mais para argumentar sobre os incontornáveis efeitos do preço da carne suína. No entanto, aparentemente, a carne pode ter poderes que a própria carne desconhece, tendo sido inclusivamente usada como arma de arremesso na guerra de palavras que tem resultado da procura de responsabilizar a China pela origem do surto da covid-19.

Isto porque na terça-feira, conta o South China Morning Post, em resposta ao apoio demonstrado pela Austrália para com uma investigação internacional acerca das origens da pandemia, a China decidiu banir a importação de carne bovina de quatro das principais fábricas transformadoras de carne do país, situadas em Queensland e Nova Gales do Sul.

Segundo analistas citados pelo Post, na base da decisão pode estar a necessidade de “abrir espaço” para o aumentar as importações de carne oriunda dos EUA, de forma a cumprir a primeira fase do acordo comercial entre os dois países. Pelos vistos, parece que a carne tem um inesperado papel a cumprir nos dias que correm. A sorte é que para este problema há sempre alternativa.

14 Mai 2020

Candidaturas ao financiamento para cursos na Universidade do Porto abrem a 25 de Maio

[dropcap]O[/dropcap]s residentes de Macau que pretendam frequentar cursos na Universidade do Porto (UP) podem candidatar-se a um plano de financiamento do Fundo do Ensino Superior entre 25 Maio e 7 de Julho.

Segundo uma nota divulgada ontem pela Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES), o plano de apoio oferece 15 vagas para alunos que queiram frequentar cursos de licenciatura ou de mestrado integrado e no curso preparatório de língua portuguesa da UP.

Os beneficiários vão receber por ano lectivo 29 mil patacas, no caso de frequência do curso preparatório e 48 mil patacas, no caso de frequência dos cursos de licenciatura. Quanto aos cursos de mestrado, esclarece a DSES, “o montante financiado corresponde ao valor atribuído, em cada ano, para as bolsas de mérito para estudos pós-graduados”.

Os alunos apoiados vão fazer o curso preparatório de língua portuguesa em duas fases, com o primeiro semestre ministrado pelo Instituto Português do Oriente (400 horas) e, o segundo semestre, na UP (300 horas). Quanto aos cursos que conferem grau académico, a DSES refere que “a Universidade do Porto oferece 51 cursos em áreas especializadas, com vista a satisfazer as necessidades de formação dos estudantes de Macau”.

Os candidatos devem ser portadores do BIR, Passaporte da RAEM, ter realizado o Exame Unificado e apresentar as suas classificações das disciplinas de Língua Chinesa, Língua Inglesa e Matemática.

14 Mai 2020

São Januário | Paciente espanhol continua sem pagar a conta após tratamento da covid-19

[dropcap]O[/dropcap] turista espanhol a quem foi concedida alta médica no passado dia 12 de Abril continua sem pagar pelos tratamentos que recebeu enquanto esteve internado em Macau. A informação foi dada ontem por Alvis Lo Iek Long, médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, por ocasião da conferência de imprensa diária.

De acordo com o responsável, se o cidadão espanhol continuar a fugir ao pagamento de 44 mil patacas que lhe foi imputado serão tomadas medidas mais eficazes. “Quanto aos recuperados há um cidadão espanhol que pediu prolongamento por 30 dias do prazo de pagamento. Como fez a declaração e nós permitimos a sua saída, se não pagar temos um procedimento que passa por emitir uma carta de cobrança. Se continuar a não pagar, vamos tomar medidas mais exigentes nomeadamente através do departamento de finanças”, explicou o médico. Recorde-se que, segundo a lei, que os turistas têm de pagar o dobro do valor das respectivas despesas de tratamento.

13 Mai 2020

Macau integra equipa de combate à pandemia da covid-19 em África

Uma equipa composta por cinco profissionais de saúde de Macau ruma hoje à Argélia para se juntar à Equipa Nacional de Resgate Médico de Emergência da China destacada para combater a pandemia em África

 

[dropcap]P[/dropcap]artem hoje para a capital da Argélia cinco membros da Equipa Internacional de Emergência Médica de Macau, com o objectivo de ajudar o país africano no combate à covid-19. A equipa de Macau conta com o apoio da Comisão Nacional de Saúde da China e é composta por médicos, enfermeiros e especialistas. O anúncio foi feito ontem na conferência de imprensa diária sobre a covid-19.

“O grupo de Macau é composto por cinco elementos (…) e a missão tem como objectivo partilhar a nossa experiência no combate à covid-19, fazer um intercâmbio entre académicos, especialistas e médicos locais, dar orientações para planos de prevenção e controlo às instituições médicas locais (…) e formação aos trabalhadores das instituições públicas locais”, explicou ontem o médico Mio Chi Fong, que lidera o grupo de Macau que parte amanhã para a Argélia.

A equipa nacional, à qual se vão juntar os cinco profissionais de saúde de Macau, é uma das sete que participam na missão da China que visa combater a covid-19 em África e “obteve a acreditação da Organização Mundial de Saúde”. Congo, Etiópia, Costa do Marfim, Zimbabué são outros dos países onde vai ser prestada assistência.

Na conferência de imprensa, Mio Chi Fong disse ainda que a ajuda a ser prestada na Argélia vem no seguimento do país ser um dos mais afectados em África e de as suas equipas médicas estarem “sob grande pressão”. Segundo o responsável, desde o início da pandemia, a Argélia, que conta com 42 milhões de habitantes, registou mais de 4.800 casos e 470 mortes.

Num discurso publicado após a conferência, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Leong, referiu que a integração da equipa de Macau na missão de combate à pandemia em África é um “reconhecimento da capacidade de combate à epidemia de Macau” e ainda uma “oportunidade única para aumentar a capacidade prática da Equipa de Emergência Médica de Macau”.

Aliviar a pressão

Na conferência de imprensa, foi ainda anunciado que, após uma visita de responsáveis do Governo ao Terminal Marítimo do Pac On onde se registaram nos últimos dias longas filas para a realização dos testes de ácido nucleico, foram dadas instruções para minimizar os tempos de espera provocados pelo elevado afluxo de pessoas ao local.

Segundo Lei Tak Fai, Chefe de Relações Públicas da PSP, após a visita dos responsáveis, o espaço destinado à espera foi alargado à zona de estacionamento e foram instaladas tendas para “melhorar o ambiente de espera”. Lei Tak Fai revelou ainda que foram adicionadas novas paragens provisórias de táxis e autocarros.

Autocarro dourado | Mais de 300 passageiros em três dias

Ao fim de três dias, desde a retoma do serviço de autocarros Hong Kong-Zhuhai-Macau, foram transportadas 249 pessoas de Hong Kong para Macau e 77 passageiros no sentido contrário. A informação foi avançada ontem por Inês Chan dos serviços de turismo por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a covid-19. A responsável acrescentou ainda que o desconhecimento da obrigatoriedade de fazer quarentena à entrada em Macau levou a que alguns passageiros que pretendiam entrar no território tivessem regressado a Hong Kong. Macau cumpriu ontem 34 dias sem novos casos, havendo apenas três pacientes internados.

13 Mai 2020

Deputado Sulu Sou apresenta reclamação contra presidente da Assembleia Legislativa

Deputado acusa Kou Hoi In de violar o regimento da Assembleia Legislativa ao impedir um protesto oral contra Wong Sio Chak, durante o debate das LAG para a área da segurança. Na altura, Sulu Sou acabou por abandonar o plenário em sinal de desagrado

 

[dropcap]S[/dropcap]ulu Sou apresentou uma reclamação formal dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, por ter sido impedido de protestar contra o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que ocorreu no passado dia 29 de Abril.

Na reclamação apresentada na passada sexta-feira e divulgada no domingo pelo deputado pró-democracia na sua página de Facebook, são invocados os artigos 63º e 64º do Regimento da AL para acusar Kou Hoi In de ter violado o direito de protesto oral para os casos em que está em causa a defesa da honra.
“[Artigo 63º] O Deputado que pedir a palavra para reclamações, recursos ou protestos, limita-se a indicar sucintamente o seu objecto e fundamento. [Artigo 64º] A palavra para explicações pode ser pedida quando ocorrer incidente que justifique a defesa da honra e dignidade de qualquer Deputado”, pode ler-se no Regimento da AL.

Na nota explicativa que acompanha o texto da reclamação, Sulu Sou aponta assim que, de acordo com as regras, o presidente da AL “violou o direito de falar” no momento quando foi recusado o pedido para protestar após uma intervenção de Wong Sio Chak que, segundo o deputado, foi proferida em tom ofensivo.

Outro dos pontos de acusação apresentados por Sulu Sou na reclamação dirigida a Kou Ho Ion diz respeito ao facto de o presidente da AL ter dito ao deputado para fazer uso dos habituais dois minutos que cada deputado dispõe na ronda de respostas, para responder a Wong Sio Chack. Isto, porque a lei estipula que o tempo usado em caso de apresentação de protesto, não deve ser contabilizado no tempo normal do debate.

“Não concordo com a decisão do presidente e considero que tais protestos e explicações devem ser apresentados de imediato, sem que o tempo do uso da palavra seja tido em conta para o cumprimento da agenda da sessão plenária. O presidente deve corrigir e clarificar esta situação o quanto antes”, pode ler-se na reclamação.

Discussão acesa

Recorde-se que no dia do debate, Sulu Sou abandonou o plenário em protesto contra Wong Sio Chak, após o secretário o ter acusado de tentar angariar votos durante uma intervenção sobre o tempo de descanso dos agentes da linha da frente durante a pandemia. Tendo considerado as palavras do secretário ofensivas, Sulu Sou pediu a Kou Hoi In para usar da palavra para se defender. No entanto, o presidente da AL viria a bloquear o protesto de defesa do deputado.

“O senhor deputado Sulu Sou parece que não está satisfeito com as respostas prestadas pelo secretário. Nesta fase, ainda pode utilizar o período que resta para pedir esclarecimentos. Temos instruções que têm de ser respeitadas, não queremos que o período da reunião seja afectado”, disse na altura Kou Hoi In.
Em resposta, antes de abandonar o plenário, Sulu Sou ainda teve tempo para demonstrar o seu desagrado com a situação.

“Posso invocar o regimento para defender a minha dignidade. O senhor secretário, como dirigente, pode falar dessa maneira? Vou ausentar-me da sala do plenário em protesto. Não é justo, está a falar pelo secretário”, disse a Kou Ho In.

12 Mai 2020

Casinos | Governo prevê lucrar 49,97 mil milhões em impostos

O Executivo reviu em baixa as previsões das receitas provenientes do imposto sobre o jogo para 2020. Relativamente à estimativa original avançada em Novembro de 2019 no orçamento anual, a revisão agora divulgada aponta para um corte de quase 50 por cento

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo espera lucrar 49,97 mil milhões de patacas em 2020 com os impostos provenientes das concessionárias de jogo, incluindo lotarias e corridas. A informação foi divulgada na semana passada pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) através da publicação da segunda revisão do Mapa Síntese do Orçamento Anual de 2020.

De acordo com a revisão agora publicada, o total de receitas previstas para 2020 incluem 45,5 mil milhões de patacas que dizem directamente respeito ao imposto especial sobre as receitas brutas de jogo, o que reflecte uma queda de 50 por cento em relação à estimativa inicial do Executivo apresentada em Novembro, onde constavam previsões de receitas de 91 mil milhões de patacas para este parâmetro.

Quanto às receitas provenientes das comissões dos promotores de jogo (junkets), a revisão do Governo aponta para lucros de 210 milhões de patacas, uma queda de 41,7 por cento em relação às provisões iniciais.

Também as previsões relativas às receitas das contribuições para o desenvolvimento urbano, promoção turística e segurança social foram revistas em baixa, com o valor previsto a fixar-se em 2,6 mil milhões de patacas, menos 50 por cento em relação às previsões iniciais.

Recorde-se que a taxa aplicada pelo Govervo sobre as receitas brutas dos casinos de Macau é de 35 por cento. Recentemente, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, descartou a possibilidade de vir a reduzir os impostos às concessionárias, derivado da crise provocada pela covid-19. “Não há plano para a redução de impostos”, disse Ho por ocasião da apresentação das linhas de Acção Governativa (LAG) no dia 20 de Abril.

Melhores dias virão

Desde que os casinos se viram forçados a fechar portas durante 15 dias em Fevereiro por imposição do Governo como forma de prevenção face ao novo tipo de coronavírus, as receitas brutas de jogo têm vindo a cair para níveis históricos. De acordo com dados da DSF, no primeiro trimestre de 2020 as receitas provenientes dos impostos de jogo caíram 37,6 por cento relativamente ao mesmo período de 2019, fixando-se em 18,48 mil milhões de patacas.

Olhando para os números de Abril as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 96,8 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 754 milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 23,58 mil milhões de patacas.

De acordo com uma nota da Sanford C. Bernstein, citada pelo GGR Asia, o cenário poderá vir a registar ligeiras melhorias a partir do momento em que as restrições fronteiriças entre Macau e o Interior da China começarem a ser levantadas.

12 Mai 2020

Ho Iat Seng pede sintonia e menos despesismo para executar LAG

[dropcap]H[/dropcap]o Iat Seng quer maior partilha entre serviços e mais poupança das despesas públicas. No rescaldo da apresentação e debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2020, o Chefe do Executivo sublinhou, numa reunião que teve como objectivo “uniformizar o pensamento governativo”, que cada serviço deve estar comprometido a concretizar os trabalhos das LAG nos próximos sete meses, seguindo o plano e as etapas definidas. A informação foi divulgada ontem através de uma nota oficial.

Dada a crise provocada pelo novo tipo de coronavírus e o forte impacto que está a ter na economia de Macau, Ho Iat Seng fez questão de frisar no encontro que teve lugar no sábado, que “as receitas do Governo irão descer significativamente”.

Perante esse cenário, o Chefe do Executivo deixou ainda um alerta aos serviços públicos para “gastar apenas quando precisam”, poupando as despesas públicas, em particular, nos gastos administrativos relacionados com recepções, lembranças e viagens ao estrangeiro.

Numa referência à maior implementação do governo electrónico, Ho Iat Seng abordou ainda a necessidade de reforçar a partilha e interacção de dados entre os vários serviços públicos como forma de prevenir o ”isolamento de informações”. Além disso, de acordo com o Chefe do Executivo, para que a promoção do governo electrónico seja uma realidade, é preciso conhecer melhor as necessidades dos residentes.

A reunião intitulada “sessão de discussão: execução e seguimento do trabalho governativo em 2020” teve lugar no centro de Ciência de Macau e contou com cerca de 260 representantes dos gabinetes dos secretários e dirigentes de todos os serviços públicos.

Novamente a poupança

Recorde-se que desde que tomou posse, o discurso de Ho Iat Seng tem vindo a ser marcado, a espaços, pelo maior controlo sobre os gastos públicos. Em Dezembro de 2019, dias depois de ser empossado, o Chefe do Executivo de Macau reforçou a ideia, acusando inclusivamente ex-secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, de despesismo e esbanjamento.

“Ser esbanjador é o maior crime, é o que posso dizer. A corrupção não é o único crime. Apenas um dos elementos. Mas ser esbanjador está também entre os maiores crimes”, disse na altura Ho Iat Seng.

11 Mai 2020

Hong Kong | Sindicato quer alívio na fronteira com Macau

A federação sindical de Hong Kong está a pressionar o Governo de Carrie Lam para coordenar com Macau e Guangdong o alívio do controlo fronteiriço. O aumento do desemprego no território vizinho, motivado pela quase inexistência de negócio, é a razão

 

[dropcap]A[/dropcap] Hong Kong Federation of Trade Unions (HKFTU na sigla inglesa) está preocupada com os efeitos económicos da pandemia da covid-19 e quer que o Governo de Carrie Lam alivie as medidas de controlo nas fronteiras com Macau e Guangdong. Em especial, a obrigatoriedade de fazer quarentena durante 14 dias à chegada a Hong Kong.

De acordo com informações do portal RTHK, o sindicato pró-Pequim, está a pressionar o Executivo de Hong Kong para iniciar contactos com os governos das regiões vizinhas com o objectivo de travar a escalada de desemprego e as condições precárias dos trabalhadores dos sectores do turismo, transportes, retalho e catering.

Citado pela mesma fonte, e dando os exemplos de Macau e Guangdong, o secretário-geral da HKFTU, Wong Kwok, refere ainda que as restrições nos locais onde a situação epidémica melhorou devem ser aliviadas. No entanto, defende a manutenção das medidas nas regiões onde o surto ainda não foi contido.

No seguimento da ideia, Wong Kwok lembra que Macau não regista casos de infecções locais há pelo menos três meses e que em Guangdong não há novos casos de origem local há nove dias.

O responsável aponta ainda que o encerramento prolongado das fronteiras tem afectado de forma dramática a economia de Hong Kong, levando muitos trabalhadores inclusivamente a endividar-se e a viver em condições precárias.

“Muitos trabalhadores do sector dos transportes estão desempregados há meio ano e alguns dependem apenas do adiantamento obtido através dos cartões de crédito. Os funcionários dos hotéis e do sector do catering têm sido forçados a tirar licenças sem vencimento”, referiu Wong Kwok, segundo a RTHK.

Testes rápidos

A partir do momento em que as restrições sejam aliviadas, o sindicalista sugere a criação de checkpoints nas fronteiras com testes rápidos ou que seja dada isenção de quarentena para quem apresentar atestados de saúde.

Lam Ching Choi, membro do Conselho Executivo de Hong Kong e médica, é da mesma opinião, tendo referido, em comentários ao portal Ming Pao, que os especialistas da área da saúde do território confiam no trabalho feito em Macau.

Citada pelo portal GGR Asia, Lam acrescenta ainda que o facto de a situação estar controlada, tanto em Macau como em Hong Kong, por “um período de tempo relativamente longo”, oferece garantias para a criação de uma “bolha de circulação” que permita a livre movimentação de residentes entre os dois territórios, sem que haja obrigatoriedade de cumprir quarentena.

Recorde-se que no final de Abril, o Executivo de Hong Kong prolongou até 7 de Junho, a quarentena obrigatória de 14 dias para quem vem do exterior. As únicas excepções previstas são para quem vem do Interior da China, e está ligado ao sector da educação ou a alguns ramos de negócio “benéficos para Hong Kong”.

11 Mai 2020

Receitas da Wynn caem 60,9% no primeiro trimestre

[dropcap]A[/dropcap]s receitas da Wynn em Macau caíram 60,9 por cento nos três primeiros meses do ano, fixando-se em 489 milhões de dólares (norte-americanos). Isto, quando as receitas durante o mesmo período de 2019 foram de 1.250 milhões de dólares.

Segundo os resultados divulgados ontem pela Wynn Resorts, comparativamente com as receitas alcançadas em território americano, Macau registou as maiores perdas provocadas pela crise do novo tipo de coronavírus.

Para além de referir o período de 15 dias em que os casinos de Macau foram forçados a encerrar em Fevereiro, o relatório aponta ainda que a existência de restrições à circulação, a obrigatoriedade de fazer quarentena para quem vem do exterior e a redução do número de lugares nas mesas de jogo, contribuíram para a actual situação. “Ainda não conseguimos determinar quando é que estas medidas serão levantadas”, pode ler-se no documento.

As receitas do Wynn Palace, na Taipa, fixaram-se em 259.9 milhões de dólares, registando uma queda de 64,3 por cento, comparativamente aos 726.6 milhões de dólares de receita alcançados nos primeiros três meses de 2019.

Já o Wynn Macau obteve receitas de 229.5 milhões de dólares, uma queda de 56.2 por cento, quando comparada com os 526.9 milhões de dólares do primeiro trimestre de 2019.

Quanto a resultados globais do primeiro trimestre de 2020, a Wynn Resorts registou perdas de receitas de 402 milhões de dólares, uma queda de 42,3 por cento, face às receitas de Janeiro a Março de 2020 com 953.7 milhões de dólares, ao passo que em igual período de 2019 chegaram ao 1.65 mil milhões de dólares.

Margem de manobra

De acordo com o presidente da Wynn Resorts, Craig Billings, citado pelo portal GGR Asia, as operações dos empreendimentos que o grupo detém em Macau têm um custo diário entre 2.0 e 2.5 milhões de dólares. O responsável espera que a situação se mantenha até que se verifique um alívio das restrições de combate à pandemia.

“Até à reintrodução da emissão de vistos e reabertura das fronteiras com Hong Kong, esperamos ter perdas diárias situados entre 2.0 e 2.5 milhões de dólares em Macau”, afirmou. Contudo, o responsável garante haver liquidez necessária para fazer face às perdas, revelando que a 30 de Abril existiam reservas de 1.8 mil milhões de dólares.

8 Mai 2020

Autocarros para Hong Kong voltam a operar um mês depois

[dropcap]O[/dropcap] serviço de autocarros que faz a ligação entre Macau e Hong Kong através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau volta hoje a operar. A informação foi avançada ontem através de um comunicado da HZM Bus, empresa responsável pelo serviço que se encontrava suspenso desde o passado dia 6 de Abril.

Também conhecido como “autocarro dourado”, o serviço retomado hoje passa contudo, a ser prestado de forma limitada, já que apenas estão previstos seis trajectos nos dois sentidos da ponte do Delta entre as 10h30 e as 20h30, com uma frequência de, sensivelmente, duas horas.

Com o retorno da actividade, esta passa a ser a única travessia comercial a acontecer entre Macau e Hong Kong, já que as travessias marítimas continuam ainda suspensas.

Apesar do reinício, os serviços de saúde de Macau reiteraram ontem que nada muda relativamente às restrições nas fronteiras entre as duas regiões, ou seja, tanto residentes de Macau como de Hong Kong continuam obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias à entrada das duas regiões especiais. Alvis Lo Iek Long, médico da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário sublinhou ainda que a decisão de retomar a ligação não partiu do Governo.

“Não recebemos qualquer informação sobre a retoma dos autocarros dourados e a empresa não explicou porque foi retomado o seu funcionamento. Com os autocarros dourados (…) vão manter-se as restrições de entrada e saída, ou seja, é meramente mais uma opção de transporte”, explicou Alvis Lo Iek Long, por ocasião da conferência diária sobre a covid-19.

Mais de 300 testados

Na conferência de imprensa, Alvis Lo Iek Long revelou ainda que entre as 9 e as 16 horas de ontem, 330 residentes de Macau já tinham feito o teste de rastreio de ácido nucleico, obrigatório para quem quer passar a fronteira para o interior da China e que, desde ontem, passou a ser feito em Macau em vez de Zhuhai. O responsável fez um balanço positivo do primeiro dia de testes do lado de cá da fronteira.

“Não há mudanças nas medidas para os residentes que entram em Zhuhai, é só uma questão na forma de fazer o rastreio, por isso, temos de observar também se são pessoas isentas de fazer quarentena. Aqueles que não têm isenção, mesmo com o resultado do teste de ácido nucleico, não quer dizer que estejam isentos de cumprir quarentena ao entrar em Zhuhai. São duas coisas diferentes”, explicou o médico.

Recorde-se que os testes são feitos diariamente no Terminal Marítimo do Pac On. O primeiro teste é gratuito, sendo que nos restantes será cobrada uma taxa de 180 patacas.

Covid-19 | Governo admite estudar máscaras reutilizáveis

O Serviços de Saúde (SS) admitiram ontem vir a estudar a eficácia das máscaras reutilizáveis a ser distribuídas em Hong Kong, tendo em vista uma eventual aplicação de uma medida semelhante em Macau. “Vamos verificar o efeito desta política (…) e prestar atenção às mascaras reutilizáveis usadas em Hong Kong. É uma coisa nova e por isso ainda não temos resultados claros, nem podemos comentar muito sobre esta política”, explicou o médico Alvis Lo Iek Long, por ocasião da conferência diária sobre a covid-19. O médico referiu ainda que Macau cumpriu ontem o 29º dia consecutivo sem novos casos de covid-19, havendo ainda cinco pacientes internados com sintomas ligeiros. Ao todo, 40 pacientes já tiveram alta.

8 Mai 2020

Ilações de consumo

[dropcap]O[/dropcap] início do programa dos vales de consumo pôs a descoberto alguns problemas de aplicação. Obviamente que é impossível antecipar todas as vertentes de utilização de um plano desta natureza mas o sobreaproveitamento da situação por parte das cadeias de supermercado podia ter sido antecipado.

Os supermercados foram durante grande parte de Fevereiro, altura em que Macau parou devido ao covid-19, dos poucos (ou únicos) estabelecimentos onde a população se podia dirigir quando saía de casa e por isso acabaram por nunca fechar totalmente as portas.

Com a reabertura progressiva dos estabelecimentos e chegado o momento de activar o programa de apoio foi nos supermercados que a maioria da população optou por investir as suas patacas electrónicas oferecidas pelo Governo, contribuindo muito provavelmente por remeter novamente para segundo plano, a maioria dos pequenos estabelecimentos do comércio local, já por si mais frágeis.

Recentemente uma trabalhadora não residente foi apanhada a utilizar um cartão de consumo que não lhe pertencia, podendo vir a ser criminalizada por isso. O programa dos vales de consumo é uma medida de louvar mas com um enquadramento diferente é muito provável que os seus efeitos pudessem ser muito mais benéficos. Porque não limitar a utilização dos vales de consumo a espaços de menor dimensão? E alargar o plano de apoio aos trabalhadores não residentes, que muito provavelmente constitui a franja que mais dificuldades está a passar neste momento? Talvez na próxima ronda haja alterações. É que vêm aí mais cinco mil patacas para distribuir.

7 Mai 2020

Subida de preços | Publicação de lista negra de estabelecimentos colhe consenso de deputados

Após o aumento súbito dos preços, os deputados Ho Ion Sang e Agnes Lam vêem com bons olhos a publicação de uma “lista negra” que inclua todos estabelecimentos que revelaram práticas desonestas. Há também quem defenda que além de perder o selo de qualidade devia ser aplicada a lei do “preço ilícito” que prevê penas de prisão para os casos mais graves

 

[dropcap]A[/dropcap]s ondas de choque geradas pelo aumento de preços desde a entrada em vigor do cartão de consumo no passado dia 1 de Maio continuam a subir de tom, pedindo-se que a responsabilização dos estabelecimentos vá além da punição simbólica.

Depois da cadeia de supermercados Royal ter perdido o “símbolo de qualidade de loja certificada”, o deputado Ho Ion Sang revelou ontem ao Jornal do Cidadão estar de acordo com a publicação de uma “lista negra” que identifique todos os estabelecimentos que tiveram práticas desonestas.

A tomada de posição vem no seguimento da chuva de críticas e reacções iradas de consumidores, que chegaram mesmo a solicitar a publicação da lista dos estabelecimentos comerciais desonestos. No entanto, o Conselho de Consumidores (CC) já afastou a ideia.

Afirmando que não há justificação possível para que os empregados dos supermercados tenham falhado todos ao mesmo tempo, Ho Ion Sang espera que o Governo acelere a legislação da lei de protecção dos direitos e interesses do consumidor e que, ao retirar a certificação aos estabelecimentos que continuarem a indicar preços de forma desonesta, estes sejam do conhecimento da população.

Ho Ion Sang pede ainda ao Governo que antes do lançamento da segunda fase do cartão de consumo, faça um balanço da experiência adquirida com a implementação da primeira fase, evitando que os cidadãos se inclinem para um determinado sector ou tipo de consumo.

Agnes Lam é da mesma opinião e considera que a lista pode demover os estabeleciemtnos de práticas incorrectas, apontando também que a população não aceita o argumento do CC de que “a lista negra não pode ser alterada depois de publicada”.

Elogiando a actuação do Governo, a deputada refere ainda que a perda da certificação tem um efeito dissuasor pela condenação moral e propõe que todos os estabelecimentos aderentes do cartão de consumo sejam obrigados a assinar um contrato que assegure uma base ética para preços praticados, e garanta que, em caso de aumento, os preços não possam subir mais de cinco por cento.

Restaurantes a reboque

Por seu turno, o presidente da direcção da associação Aliança do Povo Lei Leong Wong revelou ontem ao jornal Ou Mun ter conhecimento de casos em que estabelecimentos do sector da restauração terão subido os preços, em algumas situações, até 20 por cento.

O mesmo responsável acredita que, embora o Governo não possa impedir o funcionamento do mercado livre, deve ser melhorada a forma como é feita a divulgação dos preços, dando o exemplo de que a actualização mais recente do preço de alguns produtos era referente ao mês de Fevereiro.

Lei Leong Wong lamentou ainda que não tenha sido aplicado o Regime Jurídico das Infracções contra a Saúde Pública e Contra a Economia que prevê que seja aplicada uma punição para os casos em que os consumidores encontrem preços de venda superiores ao preço marcado na etiqueta. Segundo a lei, é considerado crime de “preço ilícito” sempre que o preço de venda final seja superior “aos que constem de etiquetas, rótulos, letreiros ou listas elaboradas pela própria entidade vendedora ou prestadora do serviço”, podendo ser punido com pena de prisão de seis meses a três anos.

7 Mai 2020

Portugal | Consulado afasta cenário de repatriamento

[dropcap]O[/dropcap] consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong afirmou ontem através de uma nota oficial que não está em curso qualquer operação geral de repatriamento de cidadãos portugueses que estão em Macau e pretendam regressar a Portugal.

“O Consulado Geral de Portugal gostaria (…) de esclarecer não estar em curso uma operação geral de repatriamento de cidadãos portugueses que no presente se encontrem em Macau e desejem regressar a Portugal, nem tão pouco está a ser criado um corredor humanitário entre a RAEM e o Aeroporto Internacional de Hong Kong”, pode ler-se no comunicado.

O esclarecimento, assinado pelo Cônsul Geral Paulo Cunha Alves, surge no seguimento das declarações proferidas ontem à tarde por Inês chan, dos Serviços de Turismo, durante a conferência de imprensa diária sobre a covid-19. A responsável revelou que existem, no total, 10 pedidos de ajuda de cidadãos estrangeiros, incluindo de cinco portugueses, para regressar aos países de origem, estando o Governo disponível para colaborar com os consulados para materializar essa operação.

“Se estas pessoas quiserem sair de Macau e regressar para o seu local de origem devem recorrer aos seus consulados para pedir ajuda. Macau vai dar todo o apoio possível para ajudar essas pessoas a regressar ao seu país de origem”, disse Inês Chan.

Motivos de força maior

No comunicado, o consulado sublinha ainda que desde o dia 24 de Março que Hong Kong impõe a realização de uma quarentena obrigatória a “todos quantos desejem entrar no seu território, pela via terrestre ou via Aeroporto Internacional de Hong Kong”, incluindo os detentores de BIR da RAEM, e que a isenção da obrigatoriedade de cumprir quarentena apenas poderá ser concedida “a título excepcional, e com base em argumentos devidamente fundamentados e documentados”.

“Tal poderá acontecer quando o viajante apresentar, individualmente, razões de ordem humanitária, razões de saúde ou razões que sirvam o interesse público de Hong Kong. A isenção será baseada em necessidades genuínas e urgentes que devem ser devidamente justificadas”, detalha o comunicado.

A nota oficial esclarece, por fim, que os pedidos de ajuda submetidos ao consulado geral de Portugal serão “considerados individualmente e com base nos méritos próprios”.

6 Mai 2020

Covid-19 | Portugueses pedem ajuda ao GGCT para voltar a casa

Ao todo 10 cidadãos estrangeiros pediram ajuda para voltar ao seu país de origem. De acordo com as autoridades de saúde que garantem estar a dar “todo o apoio possível”, cinco destes casos dizem respeito a portugueses. Já o reconhecimento mútuo do código de saúde entre Macau e o Interior da China será anunciado em breve

 

[dropcap]U[/dropcap]ma dezena de cidadãos estrangeiros pediram ajuda ao Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) para voltar aos seus países de origem. Segundo Inês Chan dos Serviços de Turismo, cinco deles são portugueses, estando garantido que Macau irá prestar toda a ajuda necessária aos consulados que solicitem o apoio.

“Recentemente, pessoas de nacionalidade estrangeira querem sair de Macau para o seu país de origem. No entanto muitos países já implementaram medidas restritivas à entrada. Se estas pessoas quiserem sair de Macau e regressar para o seu local de origem devem recorrer aos seus consolados para pedir ajuda. Macau vai dar todo o apoio possível para ajudar essas pessoas a regressar ao seu país de origem”, explicou Inês Chan por ocasião da conferência de imprensa diária da covid-19.

Segundo os serviços de turismo, além dos cinco portugueses, há ainda pedidos de ajuda provenientes de dois cidadãos italianos e três cidadãos indonésios. O apoio prestado será dado sobretudo ao nível do transporte e da coordenação fronteiriça com Hong Kong, sendo que algumas destas pessoas deverão conseguir sair de Macau em meados de Maio. Entretanto uma pessoa de nacionalidade tailandesa já conseguiu sair do território.

“Alguns deles vão sair de Macau já em meados de Maio e os restantes vão ficar por um período mais longo. As ajudas que fornecemos são basicamente relacionadas com o transporte e temos também de verificar se com o passaporte que detêm podem ou não entrar em Hong Kong e se precisam de se sujeitar a quarentena ou não para fazermos os trabalhos de coordenação”, acrescentou Inês Chan.

Cores comuns

Na conferência de ontem foi ainda avançado que está para muito breve, o anúncio dos moldes em que será feita a articulação do novo código de saúde de Macau com o do Interior da China. A intenção, avançada na segunda-feira pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Iong, no debate das LAG da sua tutela, será comunicada oficialmente assim que possível na conferência de imprensa das autoridades de saúde.

“Quanto ao reconhecimento do código de saúde entre os dois lados temos contactado as autoridades do Interior da China para ver quando é que o reconhecimento pode ser activado. Em princípio, muito em breve, podemos dar informações actualizadas”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas.

Quando as fronteiras estiverem abertas, acrescentou a responsável, as medidas relacionadas com o teste de ácido nucleico e a comunicação com as autoridades do outro lado das fronteiras têm de estar coordenadas. “Temos que ter as políticas, as medidas e elas têm também que ser conhecidas para serem lançadas”, acrescentou.

Recorde-se que desde domingo Macau passou a ter um código de saúde com as cores verde, amarelo e vermelho, um mecanismo que substituiu a declaração de saúde anteriormente em vigor.

Para “todas as possibilidades”

Alvis Lo Iek Long partilhou ontem que Macau se encontra há 27 dias sem registar novos casos, existindo apenas seis pacientes a receber tratamento para a covid-19. Questionado sobre se estão a ser tomadas previdências para combater um eventual surto de maior intensidade no próximo Inverno, o médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário respondeu que, apesar da “evolução da pandemia ser muito imprevisível”, o facto de Macau já ter passado por duas vagas, permite às autoridades “preparar cada vez melhor todas as possibilidades”.

Máscaras | Mais duas rondas garantidas

O Governo garantiu ontem que o plano de fornecimento de máscaras será assegurado, pelo menos, atá à 13ª ronda. De acordo com o médico Alvis Lo Iek Long, do Centro Hospitalar Conde de São Januário, o plano de fornecimento está dependente da evolução da pandemia. “Em Maio, o Governo vai garantir o programa de venda de máscaras pelo menos até à 13ª ronda. Este plano de fornecimento de máscaras pode continuar dependendo da evolução da pandemia, assim como a oferta do mercado. Ainda estamos em Maio e temos alguns dias para fazer avaliação (…) e observar para termos uma decisão final”, sublinhou. Questionado sobre se o aumento das temperaturas aliado ao uso de máscaras pode afectar a saúde dos cidadãos, Alvis Lo Iek Long afirmou não existir uma “relação directa” entre o calor e o uso do equipamento no Verão. No entanto, os cidadãos devem “mudar de máscara sempre que esta estiver molhada”, aconselhou o médico.

6 Mai 2020

Habitação económica | Preço de venda exclui poder de compra dos candidatos

[dropcap]O[/dropcap] cálculo do preço de venda das habitações económicas vai mudar. De acordo com a proposta de lei que se encontra a ser discutida pela 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), a definição dos preços da habitação económica vai ter em conta o prémio da concessão do terreno, os custos de construção e os custos administrativos. De fora das contas fica o poder de compra dos candidatos.

“Segundo a lei vigente, o preço de venda é definido de acordo com a capacidade de aquisição, que tem em conta o rendimento total do candidato e o facto das prestações bancárias não poderem ultrapassar 30 por cento dos rendimentos. Na nova proposta de lei existem três factores que vão ser levados em consideração na afixação do preço”, detalhou Ho Ion Sang, após uma reunião que contou com a presença do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.

De acordo com o deputado, a alteração vai permitir ao Governo recuperar os custos de construção que estão a ser canalizados para a habitação económica e “um pouco” dos custos administrativos.

Questionado sobre se o preço da habitação económica vai ficar mais caro, Ho Ion Sang admitiu o cenário, mas contrapôs que a proposta de lei prevê que o montante final a pagar seja definido através de despacho do Chefe do Executivo, permitindo assim alguma flexibilidade.

“Penso que a habitação económica ficará entre 30 a 40 por cento mais cara. De acordo com uma simulação que fizemos com o Governo, o custo de uma habitação económica da tipologia T2 com 45 metros quadrados de área é actualmente de 1,5 milhões de patacas. No futuro, esta habitação irá custar 2,2 milhões. Isto é apenas uma simulação e saliento que o Chefe do Executivo tem uma certa flexibilidade na definição dos preços. Ou seja, só se o Governo decidir cobrar 100 por cento é que o custo será de 2,2 milhões. Se a percentagem for menor, o preço será reduzido. Tudo depende da decisão do Chefe do Executivo”, explicou.

Revenda exclusiva

Ho Ion Sang referiu ainda que, no futuro, as habitações económicas só poderão ser revendidas ao Instituto de Habitação (IH) e após decorridos seis anos desde a aquisição do imóvel.

Sobre o preço de revenda este só poderá ser calculado daqui a “mais ou menos 10 anos” porque “é necessário incluir o tempo de construção das habitações”. As fracções serão revendidas pelo preço de compra original subtraindo as despesas com obras de manutenção levadas a cabo pelo IH. Também aqui o valor final é definido através de despacho do Chefe do Executivo.

5 Mai 2020

Wonderland | MJ Lee e Maing Hee Won, artistas: No país das bizarrias

Aberta aos olhos dos visitantes até ao próximo dia 24 de Maio no Armazém do Boi, Wonderland é uma exposição que parte em busca do lado oculto e menos óbvio de Macau. Nas mesmas ruas, religião e superstição convivem cordialmente com prostituição disfarçada. O enquadramento é oferecido pela obra das sul-coreanas MJ Lee e Maing Hee Won, onde a lama, os néons e a mitologia grega albergam os paradoxos de uma cidade próspera, mas rebuscada. Boa sorte

 

 

[dropcap]D[/dropcap]e que forma Macau e as suas camadas serviram de base para materializar as obras que podemos ver em Wonderland?

MJ Lee: Como residente de Macau e esposa de um macaense é interessante observar o estilo de vida do meu marido, metade português e metade chinês. Vamos à missa no dia de Natal e aos templos para rezar durante o ano novo chinês e isso acaba por ser, de certa forma, bizarro. Eu cresci como cristã, onde rezar a outro Deus é quase insultuoso. Mas em Macau, no geral, não sinto esse peso e o culto acaba quase por assumir uma perspectiva mais cultural do que religiosa e por isso, as pessoas têm prazer em ir rezar em família aos templos ou numa missa. É complicado e bizarro e é o que sinto em relação a esta cidade. Por exemplo, junto às ruínas de São Paulo existe um templo, algo que seria impossível na Coreia do Sul, porque aqui as religiões e as culturas têm coexistido de forma pacífica há mais de 500 anos e é bonito que assim seja.

Maing Hee Won: Acho que me foquei num ponto muito mais específico dessas camadas que todos sabemos que existem em Macau. A mistura de culturas é muito interessante, mas sempre me atraiu mais o negócio dos casinos. Fico sempre à espera de encontrar algo mais parecido com Las Vegas. Quando vi pela primeira vez os grandes hotéis, deu-me a sensação de estar num enorme parque de diversões e fiquei com muita vontade de entrar. Mas quando entrei senti que era muito pouco interessante. É tudo igual, o Venetian, o Parisian… todos os hotéis parecem ser o mesmo lugar por dentro e não há muito para ver. Por isso, continuei a pensar o que faz de Macau um lugar único, ou seja, que tipo de cenários resultam do negócio gerado em torno dos casinos. Continuei a questionar-me sobre isto e deparei-me finalmente com as saunas que têm aqui características únicas.

Como decidem por onde começar a trabalhar um determinado tema e como surgiu a ideia da exposição?

ML: Por estar há muito tempo fascinada com o estilo de vida das pessoas de Macau, tentei imaginar de que forma poderia mostrar a minha perspectiva, ou seja, as emoções que sinto quando testemunho a ligação que as pessoas têm com os rituais religiosos. Por isso, dei por mim a pensar qual seria a melhor forma de criar algo que transmitisse, simultaneamente, este tipo de sentimento bizarro e a minha crença de que nada é permanente. Quando pensámos numa exposição chamada Wonderland [País das Maravilhas], decidimos que íamos fazer algo, lá está, bizarro, mas próspero e ao mesmo tempo instável, quase como que uma ilusão. Esta exposição foca-se nas contradições e no carácter irónico de Macau. No entanto, acho que as pessoas de Macau não sentem esta cidade tão bizarra como eu, talvez porque cresceram aqui. Mas agora, mesmo esse lado mais oculto faz parte do ar que respiram.

MHW: Normalmente começo por algo que me faz ficar zangada. Acho que o principal sentimento que associo ao meu trabalho é a raiva. Sinto que perante a sociedade, e porque persigo a feminilidade, tenho de agir de determinada forma. Isso faz-me continuar a questionar a sociedade e a mim própria. Gosto de coisas bonitas, mas não sei se é um gosto pessoal ou um outro que fui forçada a adquirir. Na verdade, acho que é algo que vem de fora e por isso pergunto-me sempre quem é e de onde vem essa força que decide sobre o que é o sentido estético. Quando me deparei com as saunas de Macau, não posso dizer que senti raiva, mas fez-me lembrar que a sociedade continua a ser dominada por uma perspectiva masculina sob vários aspectos, apesar de considerar que actualmente existe bastante igualdade entre géneros.

O que pode simbolizar um santuário que mistura elementos tão diferentes como a argila, ouro e uma televisão?

MJ Lee: Gosto das emoções que resultam da colisão entre materiais heterogéneos e essa combinação transforma-se em algo estranho. Quando vejo figuras religiosas ou estátuas de porcelana nas ruas de uma cidade cosmopolita como Macau, fico sempre com a sensação de serem apenas decorativas e desprovidas de significado. Gosto das emoções que resultam da mistura de materiais diferentes e até lhes poderia atribuir algum significado, mas acho que assim estaria a limitar a imaginação de quem vê as obras. O meu objectivo era fazer combinações bizarras e focar-me na materialidade e não tanto no significado. A fragilidade é outros dos pontos principais do meu trabalho. Na obra que fiz podemos ver um objecto de barro que aos poucos se vai desfazendo na água. Eu própria quando fiz a instalação tive medo que a televisão fosse cair devido ao seu peso e à instabilidade do material que a suporta. Queria criar algo capaz de provocar ansiedade às pessoas quando vissem estes materiais, que não são propriamente estáveis ou sólidos.

Nos dias que correm, marcados pela pandemia, que papel podem ter as superstições e as crenças religiosas?

MJ Lee: Acho que a crise da covid-19 tornou mais clara a forma como vejo o mundo, ou seja, nada é para sempre. Estamos a testemunhar a destruição da civilização tal como a conhecemos e a forma como de um momento para o outro se instalou o caos, com enormes perdas económicas e humanas. Isto tudo faz-me pensar que, na vida, não existe nada que valha a pena adorar ou que nos faça ficar obcecados. As superstições não podem ajudar a acabar com este incidente, certo? Acho que, neste momento, há cada vez mais pessoas a deixar de acreditar na religião e não nos podemos esquecer que ela também faz parte da civilização e que foi criada por pessoas. Uma vez perguntaram ao Dalai Lama se seria possível travar o aquecimento global e os problemas inerentes a essa questão. Ele respondeu que o planeta também reencarna e que tal como todos nós nasceu e um dia vai morrer. Ou seja, é impossível impedir a destruição do mundo. Temos de aceitar este tipo de mudanças e desastres. No final, vamos acabar todos por ser apenas uma porção de poeira sem importância. É isto que quero transmitir com a minha obra. É obscuro e triste, mas acho que é precisamente isso que fundamenta a existência humana.

Se tudo é assim tão ténue, o que devemos procurar ao longo da vida?

ML: Não sei a resposta. Como artista, penso que é importante colocar as questões às pessoas, mas não lhes dar as respostas. Temos de continuar a questionarmo-nos e tentar perceber o que realmente importa na vida. Pode ser diferente de pessoa para pessoa, mas para mim o que é importante é o sentimento que tiramos de cada momento. Não é uma coisa física, é algo que pode ser desmaterializado. Por exemplo, quando as pessoas têm experiências de quase morte elas vêem apenas momentos importantes das suas vidas. O meu pai experienciou este tipo de sensação e contou-me que foi quase como um filme, em que viu momentos da sua vida em catadupa. Por isso, o que ele viu talvez seja o que realmente importa para ele. Para mim, cada momento é muito importante.

Que equação é esta capaz de ligar a mitologia grega e o Renascimento ao submundo das saunas de Macau?

MHW: Os mitos gregos e os clássicos são uma ferramenta que uso para dar mais força às minhas imagens, inspiradas nas personagens do Manga japonês. Normalmente a principal estética das mulheres do Manga japonês fixa-se na imagem da juventude. São raparigas com cara de bebé, olhos enormes, bochechas gigantes, narizes pequenos, mas de corpo amadurecido, seios enormes e tudo aquilo que possamos desejar. É possível encontrar uma ligação entre essa estética, o ideal de beleza do Renascimento e as deusas dos mitos gregos. Todos os estes elementos transportam-nos para a existência de um desejo comum. A partir daí, transformar estes objectos de desejo em formas de arte clássicas, de certa forma recatadas e alinhadas em série numa linha sem fim à vista, foi a forma que arranjei para pôr a nu esse paradoxo. No final da linha onde estão expostas todas as mulheres, tal como acontece nas saunas de Macau, surge a figura de Vénus inspirada na obra de Botticelli [Nascimento de Vénus], como símbolo de algo precioso e elevado. Desenhei-a ao estilo do Manga japonês, mas na sua vertente pornográfica. Na minha obra, Vénus não tem nada a esconder e apresenta-se de forma erótica. Perante isto, questiono-me sobre se uma deusa como Vénus pode, ao mesmo tempo, ser reduzida a um objecto de desejo e ser contemplada, sem qualquer tipo de perversão.

O que pensa do negócio da prostituição em Macau?

MHW: Às vezes sinto raiva, mas não fico particularmente zangada em relação a este negócio. Há mulheres que lucram com a prostituição e querem fazê-lo porque conseguem ganhar muito dinheiro e esse dinheiro faz com que muitas mulheres de diferentes países venham parar a Macau. No entanto, é um negócio feito às escondidas. Actualmente o poder que as mulheres detêm na sociedade está a crescer e por isso acho que é natural que ainda haja algum sigilo, mas também significa que vivemos numa sociedade dominada por homens. Os homens querem que este negócio exista para que possam continuar a sentir-se como os imperadores que existiam noutros tempos.

Então qual é a solução?

MHW: Acho que não há solução. Porque tal como referi na minha obra, esta é uma questão que vai continuar a existir para sempre. Por outro lado, se a prostituição fosse legalizada talvez pudessem existir ambientes seguros e justos.

Quando pensam em executar uma obra, existe a preocupação de mudar mentalidades?

ML: Acho que a arte é uma boa plataforma para servir de escape para as pessoas contactarem com diferentes perspectivas, por isso, através dela podemos colocar essas questões às pessoas. Quando as pessoas têm uma vida ocupada não têm tempo para se questionarem, mas a arte é uma boa plataforma para trazer à ribalta algumas dúvidas sobre a vida. Acho que é por isso que a arte existe, porque nós artistas somos em menor número e estamos sempre a duvidar de alguma coisa e não estamos inseridos no funcionamento normal da sociedade.

MHW: Sou uma pessoa muito sarcástica. Acho que a arte não tem a capacidade para mudar o mundo, mas pode ser quase como uma guloseima. Às vezes podemos dar uma trincadela num rebuçado estranho e picante. Acho que a arte pode acordar as pessoas e fazer barulho, mas acho que não pode mudar o mundo e a sociedade.

5 Mai 2020

Ensino | DSEJ reúne com escolas para ultimar reinício das aulas

[dropcap]O[/dropcap]s alunos do ensino secundário complementar regressam hoje à escola e para ultimar o reinício das aulas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) reuniu com representantes das 77 escolas de Macau nos passados dias 28 e 29 de Abril.

Segundo uma nota oficial da DSEJ, durante as sessões foi abordado o plano de testes de despistagem de covid-19 para pessoal docente, não docente e alunos transfronteiriços, a limpeza das instalações escolares, a organização de actividades de lazer e ainda os moldes em que será feita a avaliação.

De acordo com a DSEJ, a avaliação dos alunos deve resultar da “combinação entre a avaliação formativa e avaliação sumativa” e ser “tratada com flexibilidade”, devendo ser mais tolerante e menos restritiva. A avaliação da aprendizagem realizada em casa durante a suspensão das aulas pode ser feita nas duas primeiras semanas de aulas.

Já as actividades de lazer e extracurriculares não devem, para já, ser realizadas entre turmas nem por muitos alunos e devem respeitar “as directivas das autoridades de saúde”.

Em comunicado, a DSEJ reiterou ainda que além do currículo regular, as escolas podem também oferecer aulas de compensação, destinadas aos alunos com mais dificuldades.

Depois do ensino secundário complementar, os alunos do ensino secundário geral regressam às aulas no dia 11 de Maio. “O retorno às escolas dos alunos dos ensinos Infantil, Primário e Especial será anunciado posteriormente e de acordo com a situação epidémica”, sublinhou ainda a DSEJ.

4 Mai 2020

Construção Civil | Ng Kuok Cheong pede apoios para trabalhadores

[dropcap]N[/dropcap]g Kuok Cheong acusa o Governo de ter deixado de fora os trabalhadores da construção civil, das medidas de combate à covid-19. Em causa está o apoio de 15 mil patacas, a distribuir em tranches de cinco mil patacas durante três meses, destinado a residentes.

De acordo com o deputado, muitos trabalhadores da construção civil não vão receber qualquer apoio do Governo pelo facto de a maioria dos contratos de trabalho actuais do sector serem em regime parcial.

“Nos últimos cinco anos, os contratos de trabalho de longo prazo dos trabalhadores locais caíram 90 por cento. O sector da construção civil privilegia o regime de subcontratação e um ritmo de trabalho contínuo que inclui a contratação por objectivos alargada ao exterior. O Governo da RAEM deve proceder a uma revisão atempada e cuidadosa para evitar o ressurgimento de contradições na sociedade”, aponta Ng Kuok Cheong.

Questionando se o Governo considera grave que existiam funcionários locais que, embora trabalhem em regime parcial, têm uma relação de vários anos com a mesma entidade patronal, Ng Kuok Cheong sugere que o Executivo possa alocar medidas de combate à pandemia a estes trabalhadores.

4 Mai 2020

Jogo | Casinos com quebra de receitas de 96,8% em Abril

Pela primeira vez desde a liberalização do jogo em Macau, as receitas brutas mensais ficaram abaixo de mil milhões de patacas. Potenciado pelas restrições fronteiriças impostas pela província de Guangdong, o mínimo histórico de Abril materializou-se em 754 milhões de patacas

 

[dropcap]N[/dropcap]unca a indústria de jogo em Macau teve um desempenho tão negativo. De acordo com dados divulgados na passada sexta-feira pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Abril de 2020, as receitas brutas dos casinos registaram uma queda de 96,8 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 754 milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 23,58 mil milhões de patacas.

O registo abaixo das mil milhões de patacas traduz um novo recorde em termos mensais, pelo menos desde a liberalização da indústria do jogo, em 2004. Apesar de menos dramáticas, perdas avultadas aconteceram também em Fevereiro deste ano, quando os casinos foram obrigados a encerrar durante duas semanas devido às medidas tomadas pelo Governo para combater o novo tipo de coronavírus. Na altura, os casinos de Macau registaram uma queda de 87,7 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 3,10 mil milhões de patacas.

Em relação à receita bruta acumulada de 2020, segundo a DICJ, registou-se uma queda de 68,7 por cento, nos primeiros quatro meses do ano. Isto, dado que o montante global gerado de Janeiro a Abril de 2020 foi de 31,24 mil milhões de patacas, ou seja menos 68,49 mil milhões de patacas do total acumulado nos primeiros quatro meses de 2019 (99,73 mil milhões).

Os números de Abril podem ser explicados com a entrada em vigor de novas medidas de combate à covid-19, como a imposição de quarentena obrigatória de 14 dias para quem cruza a fronteira anunciada pelas autoridades de Guangdong no mês passado, provocando uma considerável diminuição do número de entradas em Macau, provenientes do território vizinho.

Contudo, outras medidas como a suspensão do transporte que atravessa a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau ou a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para a covid-19 para quem pretende viajar de avião para o território, também contribuíram negativamente para o desempenho histórico da indústria do jogo em Macau.

Marcar passo

De acordo com uma nota da Sanford C. Bernstein, citada pelo portal GGR Asia, o cenário poderá registar ligeiras melhorias a partir do momento em que as restrições fronteiriças entre Macau e o Interior da China começarem a ser levantadas, algo que pode acontecer “algures nas próximas semanas”, com especial enfoque para a concessão de vistos.

“É ainda incerto quando é que a emissão de vistos individuais vai regressar, mas se a actual trajectória do número de casos [de covid-19] se mantiver, a expectativa é que isso possa acontecer já em Junho, podendo a emissão ser alargada a grupos no final do Verão”. A mesma correctora estima ainda que em Maio as perdas anuais se fixem entre os 90 e os 95 por cento.

MGM | Perdas de 63% no primeiro trimestre

A MGM China, detentora de dois casinos em Macau, registou perdas de 63 por cento nas receitas líquidas do primeiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. Segundo o Inside Asia Gaming, no comunicado divulgado ontem pela empresa norte-americana MGM Resorts, que detém parte do capital da MGM China, o grupo revelou assim que a receita líquida em Macau se fixou em 272 milhões de dólares. O MGM China apresentou ainda prejuízos de 22 milhões de dólares de EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações), nos primeiros três meses do ano. A MGM China acrescentou ainda que está a ter prejuízos diários de cerca de 1,5 milhões de dólares no conjunto das duas infra-estruturas que detém em Macau, valor que “excede significativamente os lucros”.

4 Mai 2020

Hong Kong | Quarentena obrigatória foi prolongada e prevê excepções

Hong Kong estendeu a quarentena obrigatória para quem vem do exterior, incluindo Macau, mas há excepções no sector da saúde e das actividades económicas para quem vem do Interior da China. No mesmo dia em que foi anunciada mais uma alta, os Serviços de Saúde recusaram-se a comentar a situação na conferência de imprensa diária

 

[dropcap]A[/dropcap] quarentena de 14 dias vai continuar a ser obrigatória em Hong Kong, pelo menos até 7 de Junho. No entanto, a reboque do prolongamento da medida, para quem vem do Interior da China, pode também haver um alívio das restrições em alguns casos.

De acordo com a responsável pelos serviços de saúde de Hong Kong, citada pelo South China Morning Post, Sophia Chan, pessoas ligadas ao sector da educação e a alguns ramos de negócio “benéficos para Hong Kong” serão autorizados a entrar no território, sem que haja obrigatoriedade de cumprir quarentena. As novas regras entraram em vigor às 00h00 de hoje.

Perante as novas medidas anunciadas por Hong Kong, os Serviços de Saúde (SS) de Macau remeteram para mais tarde eventuais reacções ou novas regras transfronteiriças para quem vem em sentido contrário, afastando para já também a hipótese de retomar o corredor especial de transporte entre os dois territórios.

“Em relação a esta questão, não temos novas medidas. Iremos dar novidades em tempo oportuno”, disse ontem Alvis Lo Iek Long, da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, por ocasião da conferência diária dedicada à covid-19.

Nova alta médica

Na conferência de ontem foi ainda anunciada a alta hospitalar de mais um paciente infectado com o novo tipo de coronavírus.

“Trata-se de um homem de 58 anos, residente de Macau, está numa situação estável e após os exames que fizemos confirmamos que está recuperado”, revelou o médico.

O responsável confirmou ainda que o paciente vai ser transferido para o centro clínico do alto de Coloane, onde ficará mais 14 dias de convalescença em isolamento. Macau conta actualmente com 12 doentes internados, oito no Centro Hospitalar Conde São Januário.

Convidado a aprofundar o caso do paciente que voltou a acusar positivo para a covid-19, Lo Iek Long reforçou que esta é uma questão científica ainda sem respostas precisas e que é preciso estar atento à especificidade de cada caso.

“Em todo o mundo há milhares de pacientes com sintomas diferentes. O seu processo de desintoxicação pode ser diferente em cada caso, ou mais rápido ou mais devagar. O mais importante é como podemos garantir segurança do paciente e da sociedade”, sublinhou Lo Iek Long.

Despistagem alargada

Depois dos professores, os SS anunciaram ainda o alargamento dos testes de ácido nucleico a pescadores e funcionários de lares e prisões. Consoante a evolução da pandemia, o bem-estar da população ficará assegurado independentemente da situação, garantiram as autoridades de saúde.

“Vamos reforçar o nosso trabalho nos testes, especialmente aos grupos específicos, incluindo as pessoas que se encontram em recintos relativamente fechados, por exemplo, nos hospitais, estabelecimentos prisionais ou lares de idosos”, afirmou Lo Iek Long.

Sobre o calendário para a realização de testes, Lo Iek Long afirmou que não há pressa e que existe um plano para identificar as pessoas prioritárias.

O responsável anunciou ainda que desde a meia-noite, os pescadores que cheguem a Macau estão obrigados a uma quarentena de 14 dias, que poderá ser feita na própria embarcação ou nos hotéis do Governo.

Saúde mental | Ansiedade entre os casos mais comuns

O presidente da Comissão de Saúde Mental, Ho Chi Weng, avançou ontem que os casos de ansiedade ligeira têm sido os mais comuns desde o início da crise provocada pelo novo tipo de coronavírus. “De acordo com dados estatísticos há casos que precisam dos nossos serviços por causa da pressão gerada durante a pandemia. A maioria dos casos estão relacionados com a ansiedade ou são sintomas leves”, apontou.

Garantindo que com o renício das aulas, o trabalho de apoio psicológico vai ser reforçado, Ho Chi Weng afirmou ainda que se os alunos precisarem de ajuda para lidar com a “pressão ou ansiedade” poderão contactar “as escolas ou centros de saúde”. Os serviços serão prestados, no máximo, no prazo de uma semana e “imediatamente” se o caso for urgente.

De acordo com o responsável, entre as pessoas que pediram consulta “apenas pediram aconselhamento para aliviar a pressão durante a epidemia”. Houve ainda três casos de pessoas que estiveram a fazer quarentena e a quem a comissão prestou apoio através do fornecimento de medicamentos psiquiátricos.

Máscaras | Três queixas por crimes na venda

As autoridades receberam três queixas, duas por burla, relatadas a 24 de Abril, e outra por utilização de documento de identificação por parte de terceiro, denunciada a 25 de Abril, relacionadas com a venda de máscaras. No primeiro caso, uma pessoa tentou comprar máscaras online e perdeu 300 patacas, sem que nunca tenha recebido os produtos. No segundo, a situação foi praticamente idêntica, mas a vítima tinha de concordar em pagar 400 patacas pelas máscaras. Finalmente, uma mulher local foi a uma farmácia na Taipa para adquirir as máscaras disponibilizadas pelo Governo, mas quando apresentou o seu documento de identificação foi informada que já alguém tinha utilizado aquele Bilhete de Identidade de Residente para proceder à transacção. As autoridades estão agora a proceder à investigação das três denúncias.

29 Abr 2020

Covid-19 | Deputados pedem terceira ronda de apoios para empresas 

Alguns deputados defenderam ontem uma terceira ronda de apoios a empresas no âmbito da crise gerada pela covid-19. No entanto, o secretário para a Economia e Finanças disse esperar pelo regresso à normalidade e pela necessidade de usar o erário público de forma racional

 

[dropcap]N[/dropcap]o dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças, vários deputados defenderam que o Governo deve apostar numa terceira ronda de apoios tendo em conta as profundas dificuldades com que se deparam as empresas. No entanto, Lei Wai Nong, não quis comprometer-se com uma decisão.

“Isso diz respeito ao erário público e temos de o gastar de forma correcta, e só assim é que podemos sair dessas dificuldades. Estamos a dar atenção à situação da pandemia e das pequenas e médias empresas (PME). Primeiro temos de voltar à normalidade nos negócios nas relações com Hong Kong e o Interior da China”, frisou o secretário da tutela.

O deputado José Pereira Coutinho foi um dos membros do hemiciclo que fez o pedido. “Quais são as medidas e propostas para as empresas que vão enfrentar a situação de encerramento? É possível fazer uma terceira ronda de medidas de apoio?”, questionou.

Não chega

Também a deputada Song Pek Kei alertou para o facto de muitas empresas considerarem que os apoios já criados “não satisfazem as suas necessidades”. “Falo de empresas com mais de 100 trabalhadores, mas que não chegam ao estatuto das concessionárias. Sem turistas, os salários podem ter sido reduzidos a um quarto. Haverá ou não novas medidas para estabilizar a economia e o emprego?”, inquiriu.

Lei Wai Nong assegurou que o Governo não tem capacidade para pagar as rendas suportadas pelas PME. “O Governo não dispõe de condições para pagar as rendas pelas empresas e apenas podemos dar subsídios para que possam subsistir.”

Uma das medidas já anunciadas diz respeito à criação de uma linha de crédito com juros bonificados no valor de 10 mil milhões de patacas. Encontra-se também em vigor o Plano de Apoio a PME da responsabilidade da Direcção dos Serviços de Economia, ao qual se candidataram quase três mil empresas.

28 Abr 2020

Lei sindical | Consulta pública no terceiro trimestre

[dropcap]L[/dropcap]ei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, revelou ontem que será feita uma consulta pública ainda em 2020 com o objectivo de avançar com a lei sindical.

“Quanto à lei sindical, já dissemos que o Governo vai lançar o projecto de lei. Esperamos que no terceiro trimestre possamos lançar o documento de consulta e que os 770 mil habitantes possam apresentar as suas opiniões”, sublinhou o secretário para a Economia e Finanças durante o debate das LAG da sua tutela.

28 Abr 2020

Covid-19 | China dá “forte garantia” de recuperação da economia, diz secretário

[dropcap]N[/dropcap]a apresentação das LAG para a tutela da Economia e Finanças, Lei Wai Nong afirmou que actualmente o cenário do Interior da China oferece garantias de estabilização económica. “Actualmente, o cenário favorável registado no Interior da China no que concerne à prevenção e controlo da situação epidémica tende a tornar-se cada vez mais solidificado, proporcionando assim uma forte garantia para a plena recuperação da ordem socioeconómica do país”, apontou.

Para os trabalhos da fase de revitalização económica, o Governo de Macau reservou já 3,2 mil milhões de patacas do Fundo Específico de Apoio ao Combate da Epidemia (no valor total de 10 mil milhões de patacas). Lei Wai Nong referiu ainda que nos primeiros dois meses de 2020, o número de visitantes de Macau diminuiu 56,9 por cento em termos anuais, enquanto as receitas do jogo registaram também uma descida homóloga de 60 por cento. “Estes dados reflectem uma inevitável queda notória da economia de Macau”, acrescentou.

28 Abr 2020