Ka I esmagou Chiba com vitória por 8-0

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Ka I goleou o Chiba por 8-0 e lidera o Grupo B do torneio de futebol sete, após a primeira jornada da competição. No grupo A, o Kei Lun está na frente, após a vitória diante do Monte Carlo por 1-0.

Depois de vários meses de incerteza, o futebol de sete voltou a Macau e o Ka I e o Chiba foram as primeiras das oito equipas que entraram em acção na sexta-feira, no Canídromo. Nos minutos iniciais do encontro, o Chiba, embora com menor pendor ofensivo, deu boa conta de si e aguentou bem o adversário.

Porém, o golo de Baiano, aos 18 minutos, permitiu ao Ka I resolver o nó górdio da defesa do Chiba e o mudou o rumo do encontro.

Na segunda parte, com um Ka I menos perdulário o resultado foi ganhando uma dimensão inesperada, chegando aos 8-0. Baiano (18 e 33), William (23, 26 e 32) e Samuel Ramosoeu (28, 35 e 39) foram os autores dos golos.

No outro encontro do grupo B, o Sporting levou de vencida a Polícia A por 1-0. Os leões tiveram várias oportunidades de marcar mais golos, mas falharam quase sempre na altura da concretização.

Foi no segundo tempo que o jogo ficou resolvido com Felipe Souza, sem cerimónias e ao contrário do que tinha acontecido até então, a rematar à entrada da área com força. Em vantagem, o Sporting só precisou de gerir para garantir a vitória.

No grupo A, Lam Pak e Polícia B, formação também conhecida como Obra Social da PSP, não foram além do nulo, num jogo com pouco interesse.

No último encontro da noite, o Monte Carlo, apesar de ter uma equipa maioritariamente constituída por jovens, deu bom conta de si, mas perdeu por 1-0 diante do Kei Lun, com um golo de Oumar Diarra.

Acerto de contas

Contas feitas: o Kei Lun lidera o grupo A, com 3 pontos, seguido por Lam Pak e Polícia B, com um ponto. O Monte Carlo está no último lugar, com 0 pontos, os mesmos que Cheng Fung e os Sub-23, que só entram em acção na próxima sexta-feira.

No grupo B, Ka I e Sporting estão no primeiro lugar com três pontos, enquanto Chiba e Polícia A, somam 0 pontos. O Benfica só entra em acção na próxima jornada, defrontando o líder do grupo.

17 Out 2017

“Khanun”: SMG vão içar n.º 3 às 21h00

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos vão reduzir o sinal n.º8 para n.º3 durante às 21 horas. Nesta altura, o Tufão “Khanun” já se encontra a cerca de 230 quilómetros de Macau continuando a encaminhar-se para a península de Leizhou, na Província de Cantão. Foram até ao momento registados três feridos, que necessitaram de ser levados para o hospital.

Até às 19h00, as autoridades contabilizavam 67 ocorrências, entre as quais dois casos de danos em edifícios, quatro situações de queda de andaimes, 10 ocorrências de queda de árvores e antenas, quatro casos de inundação e dois incêndios. Ainda de acordo com as forças de segurança houve 40 casos de queda e suspensão de reclamos, toldos, placas metálicas, varas de ferro e janelas.

Em relação à subida do nível da água, no Porto Interior o trânsito foi suspenso no troço da Rua do Visconde Paço de Arcos, que fica entre a Ponte 16 e o Auto-Silo Pak Kong. Nesta altura a água atinge o meio da perna.Também a zona do Templo do Bazar na Rua Cinco de Outubro regista ligeiras inundações até à altura do passeio.

Além das áreas referidas, as vias entre o Ponte Cais de Sampanas Norte até à Travessa da Escama, na zona da Avenida de Demétrio Cinatt, e entre o The Riviera Macau até à Rua do Almirante Sérgio, na zona da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, estão igualmente fechadas ao trânsito devido a inundações.

15 Out 2017

“Khanun” paralisa Macau e causa 49 incidentes

Desde as 10h00 que a passagem do Tufão “Khanun” provocou 49 incidentes que exigiram a acção das forças de salvamento do território. A cidade está neste momento sem transportes públicos, os serviços de barco e os voos foram igualmente suspensos, não havendo previsão da altura em que o sinal n.º 8 vai ser reduzido para n.º 3.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]té às 16h00, as autoridades tinham registado dois casos de edifícios danificados com a queda de reboco ou outro objectos, quatro casos de queda de andaimes, sete árvores e antenas arrancadas pelo vento, um incêndio e uma inundação. Além disso, houve 34 situações de queda ou suspensão de reclamos, toldos, placas metálicas, varas de ferro e janelas. Na Zona do Porto Interior, as autoridades informam que se registam cheias ligeiras.

De acordo com a informação mais actualizada dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), às 15h00, o Tufão “Khanun” situava-se a 190 quilómetros a sul de Macau e encaminhava-se para a península de Leizhou, no extremo da Província de Cantão. O Governo prevê ainda que com o decorrer do dia os ventos fiquem mais fortes.

No que diz respeito aos transportes, os autocarros estão suspensos. A passagem do “Khanun” levou igualmente a que as pontes fossem encerradas ao trânsito, por volta das 11h25, estando aberto o tabuleiro inferior da Ponte Sai Van.

Já o Aeroporto informou que foram cancelados mais de 90 voos que chegavam ou partiam de Macau. Os responsáveis pela estrutura pedem assim aos passageiros que confirmem a situação dos respectivos voos com as companhias aéreas, antes de se dirigirem para o aeroporto. Foi também suspenso o serviço de barcos para Hong Kong e outros destinos no Interior do Continente.

Caos nas Portas do Cerco

A suspensão dos transportes públicos resultou numa grande concentração de pessoas junto às Portas do Cerco. Dependentes do serviço de táxis, e uma vez que o serviço de rádio-taxis está suspenso, o canal chinês da Rádio Macau informa que já se verificaram casos de cobrança excessiva.

Apesar das autoridades garantirem que estão no terreno para lidarem com este tipo de situações, o canal chinês da Rádio Macau avança com um caso em que um taxista exigiu 500 patacas para transportar um cliente do Venetian para a Ponte de Lótus. Também nas redes sociais surgem relatos de taxistas que cobraram 1500 patacas para levarem pessoas das Portas do Cerco ao Casino Lisboa.

Por outro lado, o Governo negou as notícias de que haveria carros privados a transportarem os turistas de regresso à cidade de Shenzhen.

15 Out 2017

Torneio de futebol sete arranca com “grupo da morte”

Entre as  equipas Benfica, Sporting, Ka I e Chiba apenas duas vão marcar presença nas meias-finais do torneio. A competição que substitui o campeonato Bolinha começa hoje, às 18h30, no Canídromo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós várias semanas de incerteza, o futebol de sete regressa a Macau, com o encontro entre Ka I e Chiba, às 18h30, no Canídromo. Esta partida do Grupo B será a primeira do dia, sendo seguido pelos jogos Sporting-Polícia A (19h30), Lam Pak-Polícia B (20h30) e Kei Lun-Monte Carlo (21h30).

Ditou o sorteio a criação de um verdadeiro “grupo da morte”, com Benfica, Sporting, Ka I, Polícia A e Chiba a ficarem todos no mesmo lote de equipas. Destas formações três vão ficar de fora nesta fase, sendo que pelo menos Benfica, Sporting, Chiba e Ka I terão fortes hipóteses de se apurar. Para dificultar ainda mais a tarefa, as equipas apenas se defrontam uma vez, pelo que não há grande margem pare recuperar de um jogo com um resultado desfavorável.

“Olhando para o nosso grupo, percebemos que temos de encarar este torneio jogo-a-jogo. É o grupo mais forte da competição, mas vamos fazer o melhor possível para nos apurar para a próxima fase”, disse, ontem, José Reis, director do Sporting de Macau, ao HM.

“O Benfica vai alinhar na máxima força com os jogadores habituais. Mas também esperamos que o Chiba e o Ka I estejam muito fortes, por isso não faz sentido pensar que só vamos ter dificuldades num jogo”, acrescentou Reis, quando questionado se os encarnados seriam o principal obstáculo ao apuramento.

Sobre o encontro com a Polícia A, o membro da direcção do Sporting espera uma partida complicada, e realça a experiência do adversário ao nível da Bolinha.

“A Polícia é uma equipa muito experiente, com jogadores que já estão há muito tempo juntos, quer seja no futebol de sete ou no de 11. Mas estou confiante na equipa, apesar dos jogadores nunca terem estado juntos em competição”, apontou.

Jogadores no comando técnico

Devido ao elevado número de jogadores cedidos à selecção de Macau, que perdeu por 4-1 diante da Índia, na quarta-feira, o Benfica não entra em acção já neste fim-de-semana. Contudo também Duarte Alves, administrador do clube, prevê um grupo complicado.

“Vai ser um grupo muito interessante em que todos vão tentar alcançar as semifinais. Neste momento ainda é difícil fazer previsões porque ainda não conhecemos bem os adversários. Mas sabemos que qualquer equipa que nos defronta dá o máximo, e nós também vamos dar tudo”, afirmou Duarte Alves, ao HM.

A competição vê os atletas das águias Filipe Duarte e Cuco estrearem-se na posição de treinadores, que acumulam com a função de jogadores, uma aposta que já estava prevista para a Bolinha: “Faz parte do desenvolvimento deste projecto que já tem alguns anos. Parte dos jogadores começa a sentir o interesse em expandir o seu envolvimento para a equipa técnica e considerámos ser uma boa altura para o fazer”, explicou Duarte Alves. “É uma aposta na prata da casa”, frisou.

Já no Grupo A da competição, que é composto por seis equipas, ditou o sorteio  que os clubes Cheng Fung, Kei Lun, Lam Pak, Polícia B, Monte Carlo e Sub-23 tinham de se defrontar. Ao contrário do Grupo B, em que as equipas só fazem quatro jogos, neste lote as formações têm de realizar cinco encontros, passando à próxima fase os dois primeiros classificados.

13 Out 2017

Língua inglesa | Residentes com dificuldades em exame

Entre os examinados de 49 países e regiões, os residentes de Macau tiveram o 48.º pior desempenho, apenas à frente da Indonésia. Os resultados não surpreendem os professores e académicos ouvidos pelo HM sobre o nível de inglês

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre 49 países e regiões, Macau teve o 48.º pior desempenho ao nível dos conhecimentos de inglês para comunicação internacional, atrás do Interior da China, Hong Kong, Coreia do Sul ou Taiwan. A conclusão faz parte do relatório sobre os resultados do Teste de Inglês para Comunicação Internacional (TOEIC, na sigla inglesa), em 2016.

O exame TOEIC é composto por uma parte de audição e outra de leitura, com a pontuação máxima a ser de 990 pontos. A média dos candidatos ao exame de Macau não foi além dos 443 pontos, o que representa uma nota de 44,8 por cento.

Apesar do número de locais não ser revelado, o relatório indica que 51 por cento tinha menos de 20 anos. Já 49 por cento das pessoas de Macau que fizeram o exame admitiram que utilizam o inglês em menos de 10 por cento do tempo da vida quotidiana.

Ao HM, a professora de inglês Natacha Gonçalves, actualmente na Escola Kao Yp, não se mostrou surpreendida com os resultados. No entanto, sublinhou que em exames semelhantes a este, nomeadamente os tutelados pela Universidade de Cambridge, os resultados são normalmente muito mais elevados.

“Nas escolas chinesas os miúdos fazem muitos exames deste género, principalmente os de Cambridge, que acham que têm uma dificuldade acima da média. Nestes casos eles são muito bem preparados e não acredito que os resultados estejam neste nível”, disse Natacha Gonçalves.

Porém, a professora admite que o nível de inglês em Macau está longe de ser elevado: “Os alunos são muito ensinados através da memorização, mais do que a compreensão. Assim, quando fazem exames para os quais não estão preparados esses resultados baixos são normais, porque o nível de inglês é muito fraco em Macau”, explicou.

Ao mesmo tempo, Natacha admite que existe empenho da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e das próprias escolas para alterarem a forma como o inglês é ensinado.

Medo de praticar

Outro dos problemas ao nível da aprendizagem da língua inglesa em Macau é a falta de oportunidade para praticar. Esta é uma opinião que tanto Natacha Gonçalves, como a académica e futura deputada Agnes Lam partilham.

“Creio que ao nível do secundário, apenas alguns dos nossos estudantes conseguem falar inglês de forma fluente, mesmo nos casos em que as pessoas começam a aprender inglês muito cedo”, afirmou Agnes Lam, ao HM.

“Também o facto de não se usar muito a língua inglesa, nos círculos que frequentam, faz com acabem por não ter oportunidades para praticar e esqueçam o que aprenderam”, frisou.

Por outro lado, Agnes Lam diz que em Macau, e devido às influências de Hong Kong, existe uma pressão muito grande para falar inglês de forma correcta. Como resultado, os alunos têm medo de errar e falar inglês de forma rudimentar.

“Quando as pessoas não falam inglês, sentem o seu estatuto social em risco, havendo a ideia que não podem aspirar a ser classe média-alta ou alta. É uma pressão que chegou a Macau através da televisão de Hong Kong, mas que faz com as pessoas tenham medo de falar inglês”, explicou a académica. “Sentem que podem perder a face”, acrescentou.

Atrás da RAEM só ficou a Indonésia, com uma média de 397 pontos. O país com o melhor resultado foi o Canadá, com uma média de 833 pontos, tendo Portugal ficado em 11.º com 713 pontos. Em relação aos país mais próximos de Macau, a Coreia do Sul ficou no 19.º lugar, com 679 pontos, o Interior da China na 35.º posição com 586 pontos, Taiwan no 40.º lugar, com 534 pontos. Finalmente, Hong Kong alcançou o 42.º lugar, com uma média de 515 pontos.

13 Out 2017

Gabriel Tong, director da Faculdade de Direito da UM: “Tentei defender os valores em que acredito”

No domingo, Gabriel Tong deixa oficialmente de ser deputado, após dois mandatos no hemiciclo. Em entrevista, ao HM, o director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau confessa que quer voltar a focar-se mais na carreira de professor e admite estudar a polémica Lei de Terras, numa perspectiva académica, num futuro mais longínquo

Deixa oficialmente de ser deputado no domingo. Qual a sua opinião sobre os novos deputados nomeados?

Confio nas capacidades dos novos colegas que vão entrar na Assembleia Legislativa.

Faz ideia de se afastar da política?

Como cidadão vou continuar a acompanhar os assuntos, só que numa posição diferente e com outros olhos.

Vai estar disponível para participar em actividades da AL e com o Governo, se lhe pedirem?

Neste momento, acho que tudo é possível. Se houver áreas em que o Governo precisa de ajuda e que me interessem, não tenho razões para recusar.

Vai ter saudades de ser deputado?

Não sei, acho que só vou saber responder a essa pergunta no futuro.

Na altura de sair, recebeu agradecimentos do Chefe do Executivo?

Sim, ele agradeceu-me.

Sofia Margarida Mota

Explicou, antes da entrevista, que ainda não está na altura de reflectir sobre o seu percurso político, que precisa de mais tempo. Mas como é que se sente, agora que está de saída?

Tentei defender os valores em que acredito e desempenhar o meu papel.

Foi uma mais-valia esta oportunidade de participar na elaboração de várias leis?

Na política há sempre polémicas, mas é uma experiência muito valiosa e que contribuiu para a minha formação como pessoa, pensador do Direito, e que me deixou com outros conhecimentos. Percebo melhor as escolhas legislativas, que muitas vezes são criticadas pelos académicos. Esta experiência deu-me uma perspectiva interna da Assembleia Legislativa, e uma outra compreensão.

Sempre valorizou muito a vida académica. Sente-se aliviado, agora que vai ter mais tempo para se dedicar a esta área?

Não posso dizer que é um alívio, porque ter tido a oportunidade de participar na política foi uma experiência muito preciosa. Agradeço à sociedade de Macau por me ter proporcionado esta oportunidade tão importante.

A Lei de Terras gerou muita polémica, com pessoas descontentes e deputados a dizerem-se enganados. Equaciona fazer um estudo académico sobre o assunto?

Um dia vou ponderar sobre esse assunto, mas não será brevemente porque tenho outras prioridades como professor e director da Faculdade de Direito. Mas posso dizer que esta experiência não vai ser em vão, no sentido académico.

Quando apresentou uma proposta na AL para alterar a Lei de Terras, um grupo estudantes pediu a sua demissão enquanto académico. As suas opções políticas algumas vez dificultaram as suas funções académicas?

Nunca misturei as minhas funções políticas com as académicas. Claro que não deixei de ser a mesma pessoa, mas como professor sempre adoptei critérios muito claros, separei as coisas, e empenhei-me ao máximo em ensinar e incentivar os alunos, cumprindo as minhas tarefas da melhor forma que sei.

Mas houve esta contestação…

Nem todas as pessoas conseguem entender esta capacidade para não misturar as coisas. Há pessoas diferentes e isso gera opiniões diferentes, mas eu considero que o papel de deputado é conciliável com o de académico.

Assumiu o cargo de director da Faculdade de Direito e um dos objectivos passa por fazer com que o curso de Direito receba acreditação por parte de entidades em Portugal. Como está o processo?

Para que o curso possa ser acreditado é necessário que preenchamos todos os requisitos exigidos por essas entidades. É um ponto em que ainda estamos a trabalhar e que esperamos alcançar. Estamos a dedicar um grande esforço a este objectivo porque há colegas que usam a língua portuguesa e outros bilingues. Essa acreditação seria muito positiva.

Acreditação que vai ser alcançada brevemente?

Não vai ser fácil conseguir isso brevemente, porque há várias limitações, nomeadamente precisamos de ter um certo número de professores doutorados, que não conseguimos contratar de um dia para o outro. Mas sem dúvida que vamos trabalhar para criar sempre as melhores condições para os nossos alunos.

A questão do reconhecimento directo do curso em Portugal, e por inerência na União Europeia, está totalmente afastada?

Neste momento um reconhecimento directo já não é possível. Juridicamente e politicamente não é possível. Não é porque tenha havido alterações do nosso lado, mas o reconhecimento directo implicaria que o Direito de Portugal se aplicasse em Macau. Isto, pelo menos neste momento, sem um esforço diplomático entre os dois países torna-se difícil.

Recentemente foi aprovada a nova Lei do Ensino Superior, que alterações podem ser introduzidas nos cursos da Faculdade de Direito?

Com estas alterações os cursos e a estrutura dos nossos programas vão ter espaço para evoluir. Por exemplo, acredito que podemos atrair alunos de outras faculdades, que poderão querer fazer uma ou duas disciplinas na área do Direito, mas que não querem fazer um licenciatura na área.

E em relação aos mestrados, também espera alterações?

Existe uma tendência mundial para que os mestrados apostem mais em aulas, em vez de uma dissertação muito desenvolvida. O mestrado está a tornar-se uma continuação da licenciatura que é concluído com a frequência de muitas aulas. Assim, estende-se o tempo de formação dos alunos em matérias essenciais.

Essas mudanças estão para breve?

Neste momento estamos a equacionar a proposta apresentada pelos meus coordenadores, para ver o que precisamos de mudar no nosso mestrado.

Como se atrai estudantes para o curso de Direito de Macau, se nada garante que depois de 2049, quando expira a validade da Lei Básica, este Direito continue em vigor?

Eu nunca ouvi dizer que o Direito de Macau ia acabar após 2049. Podemos imaginar esse cenário, mas nunca ouvi que ia acabar. Pelo contrário, ouvi muita gente a dizer que em 2049 é uma primeira etapa [de integração], mas que o modo de vida vai continuar.

Não há nada que garanta que a transição não vai ser abrupta…

Essa opção não me parece ser do interesse de ninguém. Há uma estrutura social e um tipo de actividades que funcionam há centenas de anos, por isso não me parece que vão ser mudados num instante. Independentemente do que possa acontecer, a vida quer académica, económica, as estruturas do Governo, a banca… Parece-me muito difícil que possamos cortar com esta Era até 2049, sem causar grandes danos.

Está convicto que o Direito de Macau vai existir além de 2049?

Sim, a vida vai continuar e vai haver uma evolução, um desenvolvimento dentro deste enquadramento jurídico e o Direito de Macau vai continuar a existir. E a Faculdade de Direito tem papel muito importante nesse aspecto.

Que papel?

As nossas licenciaturas são o mais importante centro de produção dos futuros juristas de Macau, que têm um profundo conhecimento do nosso sistema e das técnicas inerentes ao nosso modo de vida. Temos a responsabilidade de formar essas pessoas.

E a renovação dos quadros docentes da Faculdade de Direito, como têm garantindo a renovação para formar esses juristas?

Esse é um trabalho muito importante e contratámos recentemente dois docentes. Mas não é muito fácil porque a escolha até tem aumentado mas não é muito grande. Nesta fase queremos contratar jovens porque temos uma equipa docente com muitos profissionais com 40 anos, mas é preciso ter alguém para suceder a estes docentes. Temos de preparar a renovação dos quadros docentes principalmente para o ensino do Direito de Macau.

Que papel pode desempenhar a Faculdade de Direito dentro da Grande Baía?

A Grande Baía vai envolver três jurisdições diferentes, a de Macau, Hong Kong e do Interior da China, sendo que há vertentes que vão implicar o Direito e que nem podem funcionar sem ele. É aí que vão surgir as oportunidades. Em colaboração com os colegas da China e de Hong Kong podemos criar um ambiente jurídico favorável ao desenvolvimento da Grande Baía.

Desde Julho do ano passado que assumiu as funções de director da Faculdade de Direito. Como está a correr a experiência?

É uma posição em que, para ser sincero, me sinto muito confortável e que tenho gostado. Acredito que não vai haver problemas e as coisas estão a funcionar bem.

Esta promoção, sentiu que foi um passo natural na sua carreira académica?

Acho que sim. Estou na Universidade de Macau há 20 anos, estudei e trabalhei cá, também estive envolvido em outras posições de direcção, como vice-director, e acompanhei o desenvolvimento da Faculdade de Direito.

Quais são as principais diferenças face à posição de vice-director?

Tenho de pensar mais e de forma independente sobre o que se pretende para a Faculdade de Direito, e partilhar com os colegas a minha visão para a faculdade. Considero que as pessoas estão a receber bem essas ideias e o ambiente de faculdade é muito bom.

13 Out 2017

Autocarros passam na ponte Nobre de Carvalho mesmo que excedam peso máximo autorizado

O governo reconhece que as carreiras n.º 22 e n.º 52 violam a lei ao atravessarem a Ponte Nobre de Carvalho, promete alterar a situação, mas não revela se estão a ser aplicadas as respectivas multas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar da lei impedir, por razões de segurança, que veículos com mais de 15 toneladas atravessem a Ponte Nobre de Carvalho, os autocarros n.º 22 e n.º 52, operados pela TCM, estão a fazê-lo com o conhecimento do Executivo. A situação foi admitida pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), após ter sido questionada sobre este assunto pelo Hoje Macau.

“Uma vez que a carreira n.º 22 e n.º 52 transporta diariamente mais de 15 mil passageiros, depois de ajustar o seu percurso e o tipo de veículo, irão também ser cumprida as disposições relevantes do Regulamento da Ponte Governador Nobre de Carvalho”, pode ler-se na resposta da DSAT, cujo português apresenta várias incorrecções gramaticais.

Esta é uma excepção admitida, apesar do Regulamento da Ponte Nobre Carvalho, no artigo 7.º,  ser claro: “é proibida a circulação de veículos pesados, de carga ou passageiros, com peso igual ou superior a 15 toneladas”. Em alguns casos, os autocarros em causa podem chegar às 18 toneladas.

Ainda de acordo com o regulamento da ponte, quando os autocarros pesam mais de 15 toneladas estão sujeitos a uma multa que varia entre as 2.500 e as 12.500 patacas. No entanto, no caso destas carreiras, o organismo liderado por Lam Hin San não clarificou se anda a cobrar as multas devidas, ou se outra autoridade da RAEM o faz. A DSAT também não revelou quantas multas deste género foram passadas às empresas de autocarros nos últimos tempos.

Perguntas sem resposta

As opções da DSAT para lidar com o problemas foram outras: “esta Direcção de Serviços realizou uma revisão abrangente das carreiras de autocarros que passaram pela Ponte em causa”, é explicado.

“Por razões de segurança, esta Direcção de Serviços insta as operadoras de autocarros a providenciar o tipo de veículos adequado para explorar as carreiras relevantes e fazer o ajustamento do percurso das carreiras para garantir a segurança da ponte”, é acrescentado no mesmo documento.

A DSAT admitiu que os percursos e os tipos de autocarros das carreiras n.º 50, n.º 73, n.º MT1 e n.º MT2, operadas pela Nova Era e TCM, já sofreram alterações, após terem cometido infracções. Mas a pergunta, do HM, sobre os autocarros n.º 25 , n.º 25X e n.º 33, todos operados pela Transmac, foi ignorada, não merecendo qualquer referência.

Ainda ontem, de acordo com uma fotografia do canal chinês da Rádio Macau, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, esteve dentro de um autocarro desta operadora, no âmbito da Semana da Ciência.

O HM também procurou saber junto da DSAT se os autocarros que não respeitaram a lei tiveram uma autorização especial. Porém o organismo liderado por Lam Hin San também não respondeu.

Redução nos subsídios às operadoras

Raimundo do Rosário admitiu, ontem, que o aumento dos subsídios do Governo às operadoras de autocarros pode descer dos mil milhões de patacas para os 700 ou 800 milhões, com o aumento dos preços dos bilhetes. As declarações são citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, e foram proferidas durante a visita a Semana da Ciência.

12 Out 2017

André Couto quer recuperar a tempo da próxima época

Apesar de reconhecer que não faz ideia da duração da recuperação do acidente sofrido em competição, André Couto admitiu que gostaria de estar pronto para competir em Março

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ndré Couto espera recuperar a tempo do início da próxima época, mas reconhece que, nesta altura, apenas pode pensar em retomar os movimentos que tem estado impossibilitado de fazer, após o acidente em Zhuhai. As declarações do piloto foram feitas, ontem, durante uma visita à exposição de pintura “Abstraccionismo”, de José Estorninho.

“Se as coisas correrem bem, gostaria de ter tudo pronto para a próxima época [do campeonato GT japonês]. Mas só o médico me poderá dizer quando estou ponto para correr. Nesta altura ainda não sei se estarei bom em Março. Estou a pensar dia-a-dia”, disse André Couto, à margem da visita.

“Agora, mesmo que quisesse correr, não era capaz. Por isso não sei como vou estar no futuro. Espero estar bem e que seja possível correr”, frisou.

André Couto sofreu um acidente a 8 de Julho no Circuito Internacional de Zhuhai, quando competia no Campeonato GT da China. Como consequência do embate partiu a vértebra L1. Após três meses, o piloto vai voltar a Hong Kong, onde foi acompanhado.

“Não sei bem se vou fazer uma ressonância magnética ou um raio-X, mas vai ser um desse exames. Depois de visto o estado da calcificação do osso, vamos traçar novos objectivos para a recuperação”, explicou. “Nesta próxima fase, espero poder começar a fazer movimentos que ainda não posso fazer, como dobrar-me para a frente ou para trás”, admitiu.

Actualmente, a recuperação de André Couto passa por realizar fisioterapia diariamente e estar de pé para acelerar o processo de calcificação da vértebra partida.

Fora do Grande Prémio

O piloto abordou também a ausência do Grande Prémio de Macau, que se realiza no próximo mês, entre 16 e 19 de Novembro: “É uma pena não poder estar presente. Quando vejo as ruas a ficarem prontas, essa sensação torna-se mais forte”, confessou.

Esta é a segunda vez que André Couto falha a prova, depois de em 2003 ter sido forçado a ficar de fora, por ter outra competição no mesmo fim-de-semana. No entanto, revelou que na altura do acidente já estava a fazer contactos exploratórios para participar na prova de GTs.

Na exposição “Abstraccionismo”, organizada pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, André Couto tem direito a um canto em sua homenagem, com três quadros, pintados pelo artista.

José Estorninho explicou que esta opção pretende apoiar o piloto na recuperação, dado que Couto é uma figura incontornável do Grande Prémio. André Couto foi o único local a ganhar a corrida de Fórmula 3, em 2000.

O artista e também presidente da APDCGM voltou igualmente a assumir o compromisso da associação em tornar o Circuito da Guia em Património Mundial da UNESCO, mas reconheceu que nessa tarefa a ajuda do Executivo é fundamental.

12 Out 2017

Problema da habitação só se resolve por volta de 2023

Os residentes vão ter de esperar cerca de seis anos para verem o problema da habitação resolvido, segundo o estudo sobre as necessidades de fracções públicas em Macau. Arnaldo Santos, presidente do IH, diz que os resultados trazem optimismo ao Governo

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] problema da falta de habitação social e económica só vai ser resolvido por volta de 2023, altura em o número de fracções disponíveis vai ser superior às necessidades da famílias. A conclusão faz parte do estudo sobre as necessidades de habitação pública em Macau, encomendado pelo Governo, que foi apresentado ontem.

Segundo o relatório, apenas por volta de 2023 a procura e a oferta vão ser equivalentes. Depois desse ponto, à medida que continuarem a ser acabadas as construções nos novos aterros, o número de fracções públicas vai mesmo ultrapassar as necessidades da população. Mesmo assim, em 2021, prevê-se que a oferta seja inferior em cerca de 9.273 casas face às necessidades dos residentes de Macau.

“Percebemos pelo estudo que há uma diferença entre a procura e a oferta de habitação pública e que isto vai continuar a acontecer durante alguns anos, porque sem terrenos não podemos fazer construção”, disse Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH).

“Com o terreno à frente do aeroporto e a zona A, que já está praticamente aterrada, vamos ter a oportunidade de acompanhar a procura. Nós percebemos que existe um problema, mas com a nova disponibilidade dos terrenos e com a projecção da procura, temos uma visão optimista no médio e longo prazo”, justificou.

 

Executivo sem medidas

O relatório sobre o estudo foi apresentado, ontem, durante uma reunião do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública, na sede do IH. Para já, o Governo não tem previstas mais medidas de apoio às famílias que não conseguem aceder a este tipo de habitação, devido à oferta insuficiente.

“Neste momento não temos resposta para a pergunta sobre a criação de mais apoios. O que podemos dizer é que a longo e médio prazo temos uma perspectiva optimista sobre a resolução dos problemas da habitação em Macau”, respondeu Arnaldo Santos, após ter sido questionado.

O estudo assume ainda que a habitação pública dos “projectos na zona oeste do Cotai, na Avenida Wai Long e na Zona A dos Novos Aterros Urbanos” deverá ser “suficiente para responder às necessidades dos próximos dez anos”. No entanto, o relatório reconhece que dificilmente estas construções ficaram prontas no curto prazo.

Questionado se o preço das rendas e habitações vai aumentar face a uma procura maior do que a oferta, Arnaldo Santos recusou fazer previsões: “Não sei se o valor das rendas vai aumentar, são dados macroeconómicos. Mas vamos fazer um acompanhamento mais apertado desses dados, com a regularidade de um ou dois anos”, defendeu.

Assim, de acordo com o estudo, em 2021 vão existir 31.247 famílias para 21.947 fracções de habitação pública, ou seja 9.273 agregados familiares não vão ter acesso a este tipo de casas. Já em 2026, quando se espera que a RAEM ultrapasse o problema, serão cerca de 42.401 agregados para um total de 48.873 fracções.

 

Revisão de lei económica

Arnaldo Santos afirmou também que espera que a nova lei da habitação social chegue ao hemiciclo brevemente: “Esperamos a curto prazo ter a lei da habitação social pronta para ser entregue na Assembleia Legislativa. Quando à lei da habitação económica, ainda estamos a fazer a revisão interna”, justificou.

Entre os envolvidos no estudo, esteve o académico Xiaochun Qiao, professor no Instituto de Pesquisa da População, na Universidade de Pequim. Segundo o especialista, com os aterros, o Governo passa a ter as condições necessárias para resolver o problema da habitação e planear o futuro a longo prazo.

“Esperamos que o Governo cumpra a promessa de ir ao encontro das expectativas da população. Agora há espaço para o Governo construir em prol das necessidades”, afirmou Xiaochun Qiao.

“O mais urgente é que o Governo continue a planear, percebendo bem as expectativas da população ao nível das necessidades das casas. A médio prazo a oferta ainda é limitada, por isso é preciso que o Governo acelere o processo do aumento da oferta”, acrescentou.

Desde ontem que o estudo está disponível no portal do IH, sendo os cidadãos convidados a enviarem as suas opiniões.

11 Out 2017

Consulado de Portugal fora de torneio substituto da Bolinha

A associação deu o dito por não dito e o Monte Carlo confirmou inscrição à última da hora. Na 2.ª Divisão, o Consulado de Portugal é a grande baixa, numa decisão justificada com a presença em outros torneios e a falta de informação por parte da associação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]nze equipas vão participar na 1.ª divisão do torneio de futebol que vai substituir o campeonato ‘Bolinha’, confirmou ontem a Associação de Futebol de Macau (AFM), ao HM. As cinco equipas Lun Lok, Night Walker, Keng Seng, Chong Wa e Kin Wa optaram por ficar do campeonato, que se vai disputar no Canídromo.

“Foram 11 as equipas que nos manifestaram vontade de participar e que se inscreveram. Cinco equipas optaram por não participar na competição”, disse Daniel Sousa, vice-presidente da AFM, ao HM.

“No que diz respeito à primeira divisão, a Associação de Futebol de Macau prevê que o formato da competição sejam dois grupos, um constituído por cinco equipas e outro por seis. Inicialmente, ainda se pensou fazer quatro grupos, mas não deve ser essa a opção tomada face às inscrições”, acrescentou.

Benfica, Sporting, Polícia A, Polícia B, Cheng Fung, Lam Pak, Chiba, Sub-23, Kei Lun, Ka I, e Monte Carlo são os nomes das equipas que amanhã vão ser sorteados para definir os grupos. O sorteio está agendado para as 18h30, na sede da Associação, e a competição deverá arrancar logo na sexta-feira.

Confirmação de última hora

Apesar de ser uma das formações participantes, o Monte Carlo esteve em dúvida até muito próximo do fecho das inscrições, que aconteceu ontem às 18h30. O caso foi relatado pelo presidente do clube, Firmino Mendonça.

“O nosso pessoal, quando foi fazer a inscrição, pediu para retirar da lista os jogadores estrangeiros, que já foram embora de Macau, e inscrever locais. Mas foi-nos dito que não podíamos”, revelou Firmino Mendonça.

“Nesse caso, tínhamos falta de jogadores porque não íamos inscrever apenas nove elementos, sendo que o máximo de inscritos é 14. Assim, estivemos mesmo para não participar. Só que depois recebemos um telefonema da Associação de Futebol de Macau a dizer que já poderíamos alterar a inscrição e lá nos inscrevemos, acrescentou.

Consulado de fora

Em relação à 2.ª Divisão, o número de formações inscritas é de 105, que fica abaixo da participação normal na Bolinha. Contudo, o Consulado de Portugal não vai participar, uma vez que já tinha compromissos assumidos.

“Não inscrevemos a equipa. Já tínhamos compromissos assumidos para a participação em outros torneios, temos um este sábado, temos outro muito em breve, fora de Macau”, começou por dizer Carlos Wilson, director desportivo da equipa, ao HM.

“Não sabemos os moldes em que a competição vai ser disputada. Parece que até hoje [ontem] à tarde a maioria das pessoas não sabia o formato. Sem sabermos os moldes, não podemos assumir o compromisso, porque já assumimos a presença noutras competições”, acrescentou.

No que diz respeito ao escalão secundário, as 105 equipas, onde consta a Casa de Portugal, deverão ser divididas em 35 grupos, cada um com três formações.

O torneio de futebol sete, também conhecido como Bolinha, foi cancelado devido aos efeitos do tufão Hato e à impossibilidade de remover todos os pedaços de vidro do sintético.

11 Out 2017

DSEJ lança plataforma para orientar escolas e alunos

[dropcap style≠'circle']A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude lançou um serviço para fornecer às escolas informação sobre as necessidades dos alunos ao nível da saúde física. A apresentação da chamada “Plataforma de Educação para a Saúde”, que foi lançada este ano, decorreu ontem e foca essencialmente três pontos: prática de exercício físico, alimentação e sono saudáveis.

Com esta plataforma, as escolas vão informar o Governo sobre os dados físicos dos alunos e em troca vão saber os aspectos em que devem apostar para que a condição das turmas seja mais saudável.

“Vamos recolher informações para depois termos uma boa imagem da saúde dos alunos. Após essa recolha dos dados, vamos fazer uma análise e depois entregar um relatório a professores, alunos e pais. A partir desse relatório eles ficam a saber onde precisam de melhorar”, disse, ontem, Cheong Man Fai, Chefe de Divisão de Desporto Escolar e Ocupação de Tempos Livres da DSEJ.

Ontem foram entregues os primeiros relatórios às 53 escolas primárias e 24 secundárias que decidiram participar no projecto, num total de 19 mil alunos. Entre as participantes consta a Escola Portuguesa de Macau.

“Nós queremos que os problemas com a saúde dos alunos sejam encontrados o mais depressa possível. Esta plataforma está numa fase preliminar e talvez ainda precise de algumas articulações com as escolas. Mas a Universidade de Macau vai enviar especialistas às escolas para ensinar como fazer a análise de dados”, explicou Cheong Man Fai.

 

Uma vez três

Por sua vez, Walter King-yan Ho, professor auxiliar da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Macau, destacou que a plataforma foca-se principalmente em três aspectos: exercício físico, alimentação e sono. O académico foi um dos responsáveis pelo programa “Viver em movimento 1,2,3”, que há vários anos avaliação a condição física de grupos de estudantes.

“A situação dos alunos está a melhorar, é isso que nos mostram os dados recolhidos nos últimos anos. Claro que há áreas em que não estamos tão bem, mas tem havido melhorias”, afirmou Walter King-yan Ho.

O académico explicou, depois, que o programa da DSEJ tem áreas inovadoras, como as orientações nas escolas com académicos: “Em certas áreas este programa é muito avançado, mesmo mais do que noutras regiões, como no fornecimento de orientações às escolas”, justificou.

10 Out 2017

Pilotos de cera no Museu do Grande Prémio

O Governo vai pagar 16,5 milhões para que a empresa responsável pelo museu Madame Tussauds faça oito figuras de cera com pilotos que se destacaram no Grande Prémio de Macau

[dropcap style’circle’]O[/dropcap] Museu do Grande Prémio vai acolher oito figuras de cera de pilotos que se destacaram no Circuito da Guia, feitas pela empresa Merlin Attractions, responsável pelos museus Madame Tussauds. A informação foi publicada, ontem, no Boletim Oficial e confirmada, ao HM, pela directora da Direcção de Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes.

Como parte do acordo, o Governo, através do Fundo de Turismo, compromete-se a pagar 16,5 milhões de patacas à Merlin Attractions. O pagamento de metade do montante é feito já este ano, o restante vai ser feito em 2019.

“É uma opção que faz sentido também à luz das palavras do secretário Alexis Tam, que realçou a importância de ter conteúdos de nível mundial no museu. Não fazia sentido apenas limitarmo-nos a expandir as instalações e não trazer conteúdos fortes”, disse Maria Helena de Senna Fernandes.

“É uma colaboração para oito modelos de cera, que é o forte deles [Merlin Attractions]. Isto não quer dizer que não se possa estender a outras áreas, como a venda de lembranças no museu. É algo que ainda está em fase de análise”, explicou.

Em relação aos pilotos que vão estar representados no museu, Maria Helena de Senna Fernandes admitiu que existe uma lista com o nome dos desejados, mas que não é definitiva. No entanto, garante que houve a preocupação de ter várias categorias representadas, além dos talentos de Fórmula 3, que acabaram por ser campeões mundiais de Fórmula 1.

“Temos uma lista com os pilotos que pretendemos ter representados em cera, mas ainda estamos na fase das negociações para saber os oito finalistas. Depois, também precisamos de obter autorização dos pilotos, ou das famílias, no caso de já terem falecido”, explicou.

“A maioria dos pilotos tem estatuto internacional e correu em Macau. Por outro lado, temos a preocupação de manter um certo equilíbrio. Não queremos apenas pilotos da Fórmula 3 que foram campeões de Fórmula 1. Queremos que as motas e os carros de turismo também estejam representados”, sublinhou.

 

Parceria inovadora

 

A responsável da DST revelou ainda que a parceria é inovadora, visto esta ser a primeira vez que a empresa produz figuras de cera para terceiros. Um cenário novo que exigiu mais preparação do que o habitual.

“É um modelo de colaboração que resultou de uma negociação trabalhosa. Não se pode dizer que tenha sido difícil, porque não foi esse o caso. Só que é a primeira vez que eles estão a produzir estátuas de cera para ficarem em espaços que não são geridos por eles”, revelou.

“Foi uma parceria possível porque eles viram os nossos planos para o futuro do museu e gostaram. Consideraram que era uma oportunidade para desenvolverem um modelo para novas colaborações no futuro”, justificou.

As estimativas do Governo apontam para que o museu do Grande Prémio reabra as portas em 2019.

10 Out 2017

Saídas de deputados obrigam a mudanças na Mesa da Assembleia Legislativa

Com o início da nova legislatura, a Mesa da AL, que define os deputados da comissões, vai ser sofrer alterações. Leonel Alves defende a abertura da Mesa da AL a deputados eleitos pela via directa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-deputado Leonel Alves defende que a Mesa da Assembleia Legislativa devia ter na sua constituição, pela primeira vez desde 1999, deputados eleitos pela via directa. Segundo o advogado, esta alteração é essencial para que o órgão legislativo sofra uma verdadeira mudança.

A Mesa da AL, que é constituída pelo presidente, vice-presidente, primeiro secretário e segundo secretário, assume especial importância pelo papel que desempenha na definição das comissões de trabalho. É da Mesa que parte a proposta para a distribuição dos deputados pelas comissões. Tradicionalmente, a AL aprova as sugestões da Mesa.

“Mais importante é saber qual será a composição da Mesa da AL, porque a Mesa tem sido ocupada sempre, desde 1999, por deputados eleitos pela via do sufrágio indirecto”, afirmou Leonel Alves, ontem, ao HM.

“Parece que há uma certa discriminação face aos deputados eleitos pela via do sufrágio directo. Aí [Mesa], se não houver mudanças, parece-me que tudo fica na mesma”, considerou.

Na Legislatura que vai começar a 16 de Outubro, não há dúvidas que a Mesa vai sofrer alterações. Mesmo que Ho Iat Seng, Chui Sai Cheong e Kou Hoi In se mantenham como presidente, primeiro secretário e segundo secretário, respectivamente, a saída do hemiciclo de Lam Heong Sang, vice-presidente, obriga a alterações. Neste cenário, os deputados eleitos pela via indirecta, Chui Sai Cheong, irmão de Chui Sai On, e Vong Hin Fai têm sido apontados como os principais candidatos ao lugar. Os membros da Mesa são votados pelos restantes deputados, através de voto secreto.

 

Comissões com mudanças

 

Por sua vez, José Pereira Coutinho revela que já começou a atribuição das cadeiras nos bastidores, através de negociações entre os vários deputados. Manobras que depois se reflectem também na escolha dos presidentes das Comissões Permanentes.

“Para mim, muda o disco e toca a mesma música. Vai ser tudo debatido nos bastidores, incluindo a presidência, vice-presidência e a Mesa. Está tudo cozinhado. É por isso que o Ng Kuok Cheong, que está na AL desde 1992, nunca assumiu uma presidência [de uma comissão]”, afirmou José Pereira Coutinho, ao HM.

Com as saídas de Kwan Tsui Hang e Cheang Chi Keong do hemiciclo, duas das três comissões permanentes ficam sem presidente. Chan Chak Mo, na segunda comissão, é o único resistente.

Contudo, Coutinho nega participar nestas movimentações: “É errado a presidência [das comissões] ser liderada por negociações de bastidores”, defende.

Em relação a estes cargos, Gabriel Tong, deputado que também deixa a AL, realçou a vantagem de ser uma pessoa com conhecimento dos procedimentos internos: “A experiência conta sempre muito quando se desempenham cargos importantes como estes”, disse, ontem, ao HM.

Neste contexto, Ho Ion Sang, ligado aos Kaifong, e Mak Soi Kun, apoiado pelo comunidade de Jiangmen, surgem como possíveis hipóteses para presidir a comissões. Ho tem experiência como presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas e Mak como presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas.

Porém, Gabriel Tong recusou avançar com qualquer nome para os lugares, até porque, explicou, já não acompanha o assunto de perto, visto que está de saída da AL.

9 Out 2017

Filipe de Souza com jornada decepcionante em Zhejiang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] macaense Filipe de Souza (Volkswagen) somou um oitavo lugar e uma desistência, no Circuito Internacional de Zhejiang. Num fim-de-semana que juntou os pilotos dos campeonatos TCR China e TCR Asia, Souza admitiu que o resultado foi “uma desilusão”, face ao andamento do carro preparado pela equipa Teanwork Motorsport.

Devido ao formato do campeonato, o macaense só entrou em acção na segunda corrida das três disputada no fim-de-semana. Na primeira prova, o Volkswagen foi tripulado por Samuel Hsieh, colega de equipa de Souza. Porém, o piloto de Hong Kong acabou por desistir, numa prova ganha pelo francês Jean-Karl Vernay.

Na tarde de sábado, Filipe de Souza entrou finalmente em acção e alcançou o oitavo lugar à geral, e quarto melhor classificado entre os inscritos no campeonato TCR China. Após as 19 voltas ao circuito de Zhejiang, o macaense ficou a 30,8 segundos do vencedor, Tin Sritrai (Honda Civic), apesar de uma penalização de cinco lugares na grelha de partida, por ter trocado de motor após a ronda anterior do campeonato.

“O carro estava muito bem afinado e os tempos que fizemos mostram que poderíamos ter lutado pela vitória. Mas o circuito é estreito e tem poucos lugares para ultrapassar pelo que não conseguimos recuperar mais lugares. Foi uma desilusão”, afirmou Filipe de Souza, ao HM.

Na corrida de resistência, em que os dois pilotos conduzem o carro, Souza conseguiu colocar o Volkswagen no terceiro lugar à geral. Porém, depois de ter assumido o volante, Hsieh embateu em Andy Yan (Audi), acabando por desistir.

As atenções do macaense focam-se agora na próxima ronda do campeonato, realizada em Ningbo, entre 28 e 29 de Outubro. Uma prova que o piloto admitiu servir também para preparar o Grande Prémio de Macau, onde vai competir na Taça de Carros de Turismo de Macau.

“É uma ronda que me vai ajudar a manter o ritmo para preparar Macau. Mas claro que há diferenças porque em Ningbo vou competir com o Volkswagen na Guia vou correr com o Chevrolet”, frisou Filipe de Souza.

Anteriormente chegou a estar em cima da mesa a possibilidade do piloto competir em Macau integrado no Campeonato Mundial de Turismos, mas a possibilidade de lutar pela vitória na Taça CTM, fez com que optasse por esta última categoria.

9 Out 2017

André Pires: Piloto português corre para melhorar 13.º lugar

André Pires já prepara o regresso a Macau onde vai tripular a Kawasaki ZX10R, com que competiu ao longo da temporada. Apesar de uma preparação com limitações, o piloto ambiciona ficar classificado acima do 13.º lugar, o seu melhor registo no território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] motociclista André Pires vai estar à partida do Grande Prémio de Macau e definiu como objectivo melhorar o 13.º lugar, conquistado na edição de 2013. Apesar das condições estarem longe de ser as ideais para poder ambicionar lutar pelos lugares da frente, o português admite estar mais bem preparado do que no ano passado, por correr com a moto que utilizou ao longo da época.

“Estou confiante porque vou participar com a Kawasaki ZX10R com que estou a participar no Campeonato Nacional de Velocidade, em Portugal. Temos uma boa mota, que conheço, e com que me sinto muito bem, por isso acho que se as coisas correrem bem dá para fazer um bom lugar”, afirmou André Pires, ao HM.

“Não gosto de apontar posições porque durante a prova pode acontecer muita coisa. Mas claro que o meu objectivo é ficar acima da minha melhor participação, que foi o 13.º lugar em 2013”, acrescentou.

No entanto, a tarefa não se avizinha fácil. Não só porque a concorrência é muito forte mas também porque a preparação não foi melhor, depois de alguns problemas sentidos ao longo do ano.

“A preparação não correu tão bem quanto eu queria, porque este ano tive alguns problemas com a equipa com que corro no Nacional. Não cumpriram o prometido e tive de ser eu a pegar na equipa, o que exigiu um grande esforço”, explicou.

“As coisas têm corrido bem, apesar de tudo. Só que não treinei nem pude desenvolver a moto como gostava. Mas sinto-me mais bem preparado do que no ano passado, porque vou competir com uma mota que conheço. Isso é muito diferente de andar o ano todo com uma mota, e depois chegar a Macau e ter de competir com outra mota com que nunca andei”, justificou.

Moto de origem

Ainda assim, a Kawasaki ZX10R é uma moto muito pouco alterada face à versão original. Apesar do regulamento permitir alterações que melhoram o desempenho das motos, o piloto do Team Portugal admite que a falta de patrocínios não lhe permite investir nesse capítulo.

“A nossa mota vai basicamente de origem. Em Macau o regulamento permite fazer uma preparação melhor das motas, mas nós não temos patrocínios para isso e é um processo dispendioso. Também em Portugal o regulamento não permite alterar as motas. Vai ser difícil combater os verdadeiros ‘aviões’ que aparecem da concorrência”, anteviu.

Em relação a cuidados especiais por competir em Macau, André Pires realçou ainda a necessidade de se preparar para lidar com o clima local, e principalmente a forte humidade.

“Os cuidados necessários passam por preparar-me bem fisicamente, para me adaptar ao clima e à forte humidade que se sente”, explicou.

A 64.ª edição do Grande Prémio de Macau realiza-se entre 16 e 19 de Novembro, e, caso não haja alterações imprevistas, a prova para as motos realiza-se no dia 18.

9 Out 2017

Jogo | Sector com menos deputados, mas com o mesmo poder

O futuro da indústria do jogo vai ser um dos grandes temas da próxima Legislatura. As saídas de deputados associados ao casinos e as entradas de Sulu Sou, Leong Sun Iok e Agnes Lam abrem o espaço para uma maior representação do sector laboral. Contudo, o espectro de uma mudança com tradução nas grandes decisões está longe do hemiciclo

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om as concessões das operadoras de jogo a expirarem entre 2020 e 2022, espera-se que o futuro da indústria seja um dos temas mais presentes na Assembleia Legislativa, ao longo dos próximos quatro anos. As saídas de deputados ligados ao casinos, como Chan Meng Kam, Melinda Chan ou Fong Chi Keong, e a entrada de legisladores mais próximos dos trabalhadores, como Leong Sun Iok, Sulu Sou ou Agnes Lam, fazem antever um maior equilíbrio entre as diferentes vozes.
Neste cenário seria de antever também um maior equilíbrio na altura de tomar as decisões. Porém, não é esse o entendimento dos analistas ouvidos pelo HM, apesar de admitirem a existência de uma maior pluralidade no hemiciclo.
“Os debates sobre o jogo vão ser mais diversificados e acredito que vamos ouvir mais opiniões contrárias, mesmo dentro da indústria. As opiniões que defendem mais direitos para os trabalhadores vão ser mais constantes porque os deputados já não se vão limitar a defender os interesses das operadoras, como aconteceu no passado”, disse Larry So, académico, ontem, ao HM.
O académico explicou esperar que o número dois da lista apoiada pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Leong Sun Iok, seja uma das vozes pró-trabalhadoras mais activas. O futuro deputado é o responsável na FAOM por lidar com as queixas apresentadas pelos empregados do sector.
“Só que não creio que a maior pluralidade vá limitar a capacidade de expressão dos interesses ligados aos patrões do jogo. Podemos olhar para a saída de Melinda Chan [derrotada nas eleições]. Contudo permanecem no hemiciclo deputados ligados a esses interesses, como Angela Leong”, sublinhou.

Via directa para Pequim

Também Bill Chou, académico e activista político, acredita que as vozes dos donos dos casinos vão ter menos tempo na AL. Porém, recusa encarar esse facto como uma perda de poder para os interesses do jogo.
“Não há dúvidas que têm menos deputados. Mas é preciso não esquecer que os patrões mais poderosos da indústria são as concessionárias. E algumas delas têm contactos directos com Pequim”, afirmou Bill Chou.
“Os donos dos casinos vão ser menos ouvidos. No entanto, por exemplo, Chan Meng Kam continua a ser membro do Conselho do Executivo, que é um órgão muito mais importante do que a AL”, frisou.
Por sua vez, Johnson Ian, candidato não-eleito da lista Sinergia de Macau, liderada por Ron Lam, defende que a situação não vai sofrer grandes alterações. “Conto cerca de 10 deputados que têm ligações à indústria do jogo. Angela Leong, Zheng Anting, Vong Hin Fai, Chan Chak Mo, Davis Fong, Vitor Cheung são alguns deles. Os interesses da indústria continuam a estar muito bem representados entre deputados, quer sejam eleitos de forma directa, indirecta ou nomeados”, começou por dizer o ex-jornalista.
“Sulu Sou e Leong Sun Iok podem ter um papel muito importante nas reivindicações laborais, porque sempre tiveram essa postura de pedir às operadoras para que assumam responsabilidades sociais maiores. Mas no essencial não creio que haja uma grande alteração nos equilíbrios na AL”, acrescentou.
Por outro lado, Bill Chou defende que Agnes Lam vai colar-se ao interesses dos casinos durante os debates, fazendo com que não se assuma como uma voz próxima do sector laboral: “Ela não é independente e nunca expressa opiniões que causem danos aos grandes negócios”, acusou.
O activista realçou igualmente as limitações de Sulu Sou: “não foi eleito com os votos das associações laborais. Acredito que esse facto vai fazer com que acabe por não ter muito impacto, apesar das reivindicações que vai fazer”, frisou.

Jogo em discussão

No que ninguém tem dúvidas é que a discussão do futuro do jogo vai ser um dos grandes temas da VI Legislatura, que se inicia a 16 de Outubro. Um assunto que vai ter um enorme impacto no futuro de Macau, dada a dependência económica face ao sector.
“Estamos numa fase em que as empresas de jogo cresceram muito e estão disponíveis para fazer o que o Governo lhes pedem. Mas acredito que a situação vai mudar”, anteviu Johnson Ian, “Quando se começar a definir o futuro modelo do jogo, com as discussões de impostos e o possível aumento do número de concessões para sete ou oito, o debate vai ser muito intenso. Nessa altura, as vozes da indústria vão ser mais activas na tentativa de pressionar o Governo e pedirem o mesmo à sociedade”, complementou.
Larry So, que partilha a opinião de Johnson Ian, também espera que o tema comece verdadeiramente a ser debatido quando se souberem as condições para a atribuição das licenças. “Vai ser o grande tema e desafio da Legislatura. O Governo está neste momento a olhar para o processo [renovação das licenças], e qualquer movimentação na indústria pode ter um impacto no futuro do jogo. Por isso, nesta fase, estão todos à espera para ver quais são as condições”, apontou.
Existem actualmente três concessões atribuídas a Sociedade de Jogos de Macau, Galaxy e Wynn Resorts, além das três subconcessionárias: Venetian Macau, MGM e Melco. A primeira concessão a expirar é a da SJM, em 2020, sendo que as outras vão expirando progressivamente até 2022.

O dilema de Angela Leong

Apesar de ter sido eleita com 10.447 votos, as opiniões de Angela Leong sobre a indústria do jogo podem facilmente transformar-se num calcanhar d’Aquiles. Antes das eleições, vários analistas acreditavam que a quarta mulher de Stanley Ho ia eleger dois deputados, devido ao apoio de William Kuan. Só que a eleição do segundo candidato ficou longe e a perda do apoio laboral pode colocar a directora executiva da SJM numa situação complicada.

“Em muitos assuntos ela vai ter de ficar no meio da estrada, principalmente quando estivermos mais perto da altura das eleições. Nessa fase ela não pode ser colada a medidas que prejudiquem os interesses dos trabalhadores”, afirmou Larry So. “Por outro lado, ela não tem interesse em ver as licenças serem renovadas com condições prejudiciais para os lucros das operadoras. Vai ter de ser muito inteligente na forma como vai abordar estes assuntos”, defendeu So.

Bill Chou acredita que o espectro de Melinda Chan vai mesmo pairar sobre Angela Leong. A mulher de David Chow falhou a eleição para deputada, e alguns dos apoiantes explicaram o insucesso com a incapacidade para mobilizar os trabalhadores do grupo liderado pelo marido. “O exemplo de Melinda Chan vai estar presente na mente de Angela Leong. Por outro lado, ela também nunca utilizou muito a AL para defender os interesses dos casinos. Percebe que os contactos directos com o Governo e com Pequim são mais importantes”, sublinhou.

Johnson Ian explica as dificuldades com uma mudança nos eleitores: “Antes, os empregados do jogo tinham menos opções de voto. E os trabalhadores da SJM confiavam muito em Angela Leong. Só que essa situação mudou”, explicou. “A deslocação do votos dos empregados do jogo para listas não ligadas aos seus patrões é uma tendência que se vai acentuar”, acrescentou.

A incógnita Davis Fong

Académico especializado na indústria do jogo, Davis Fong é a grande incógnita da futura legislatura. Entre as opiniões interessadas ligadas a proprietários de casinos e à força laboral, Davis Fong pode assumir-se como um homem capaz de construir consensos com opiniões mais académicas. Contudo, como nomeado pelo Chefe do Executivo, vai ter dificuldades para se descolar da imagem de voz do Governo, caso tenha essa ambição.

“Não acredito que vá trazer para a sociedade novas ideias para o sector do jogo. Está lá para ‘moderar’ o debate sobre as licenças e, como nomeado pelo Governo, vai reflectir as opiniões do Executivo”, disse Johnson Ian, que revela ter poucas esperanças face ao deputado, em termos de um novo discurso.

Enquanto académico, Davis Fong esteve à frente do estudo intercalar sobre o sector do jogo, publicado no ano passado e encomendado pelo Governo. Larry So considera que os resultados do estudo vão orientar a actuação do futuro deputado: “O estudo vai ser uma referência para a sua actuação. Mas está lá para defender as posições do Governo, por isso não espero que tenha opiniões muito próximas do sector laboral”, considerou.

Bill Chou foi o que se mostrou mais pessimista face ao deputado nomeado, recordando o percurso de Davis Fong, que é o director do Instituto para o Estudo do Jogo Comercial, da Universidade de Macau.

“Não tenho expectativas sobre ele. O centro de pesquisa que lidera na Universidade de Macau está dependente do financiamento dos casinos”, começou por dizer. “Portanto, não acredito que com ele aumente o número de deputados a falar em nome dos trabalhadores do sector”, frisou.

8 Out 2017

Kiang Wu | Associação vai construir edifício com casas e lojas

O Governo autorizou a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu a juntar dois terrenos, na Rua de Camilo Pessanha, e transformar o espaço num edifício com seis pisos. O imóvel vai ser utilizado para a recolha de fundos para a associação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu garantiu a autorização necessária para anexar dois terrenos na Rua de Camilo Pessanha e construir um edifício com seis pisos para fins habitacionais e comerciais. A informação foi publicada em Boletim Oficial, com a associação presidida pelo deputado Tommy Lau a pagar 3,38 milhões de patacas, pela revisão do contrato de concessão dos terrenos.

O edifício vai ser utilizado para arrecadar fundos para a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, o que supõe a venda ou arrendamento do mesmo.

“Uma vez que o edifício a construir no terreno não se destina ao seu uso [da associação], a mesma apresentou deliberação do órgão social competente a autorizar a prática do acto, o qual visa a recolha de fundos para a prossecução dos seus fins”, é explicado no despacho de Raimundo Rosário, que revelou a informação.

Actualmente, a associação está na posse da concessão dos terrenos n.º 24 e n.º 26 na Rua de Camilo Pessanha, que têm 38 m2 e 39 m2, respectivamente. Com a anexação, a área global passa a ser de 77m2.

Segundo os planos apresentados, no novo edifício a área destinada a habitação é de 409 m2 e ao comércio de 57 m2. O prazo de reaproveitamento é de 36 meses, ou seja, três anos.

Presidente ausente

O contrato de reaproveitamento do terreno em causa foi assinado por Tommy Lau Veng Seng, no cargo de presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, e Ho Weng Pio, na posição de vice-presidente.

O HM entrou ontem em contacto com Tommy Lau para perceber melhor os detalhes do projecto, mas o ainda deputado não quis comentar o assunto através do telemóvel, por se encontrar no Interior do Continente.

O reaproveitamento do terreno foi autorizado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, a 8 de Maio deste ano, com base num parecer de Raimundo do Rosário, com a data de 10 de Abril. Antes disso, as alterações propostas já tinham recebido um parecer favorável da Comissão de Terras, a 30 de Março de 2017.

Recorde-se que Chui Sai On desempenhou anteriormente o cargo de director executivo na Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu. Além disso, vários deputados fazem parte da direcção do Instituto de Enfermagem do Kiang Wu, que pertence à associação. Entre os legisladores em causa estão Tommy Lau, presidente, Dominic Sio, Fong Chi Keong, Vitor Cheung Lup Kwan e Chan Meng Kam.

8 Out 2017