Automóveis | Vendas caiem em Julho. Exportações aumentam

As vendas de automóveis na China registaram uma queda de 10 por cento, em Julho, em termos homólogos, informou na sexta-feira a Associação de Automóveis de Passageiros da China, enquanto as exportações aumentaram cerca de 20 por cento.

No total, foram vendidos 1,6 milhões de automóveis de passageiros no país asiático, um declínio de 10 por cento em relação ao ano anterior. As exportações de veículos de passageiros fabricados na China aumentaram mais de 20 por cento, para 399.000 unidades.

Mais de metade dos veículos vendidos em Julho foram eléctricos e híbridos.

Para tentar aumentar a procura, o governo alargou os incentivos para encorajar os condutores a trocarem os seus automóveis mais antigos, a gasolina e a gasóleo, por veículos eléctricos.

Embora as vendas globais de automóveis tenham permanecido fracas, as vendas de veículos eléctricos aumentaram quase 30 por cento em Julho em relação ao ano anterior, para cerca de 991.000. Desse total, 887.000 foram vendidos na China e 103.000 foram exportados.

As vendas dos fabricantes de automóveis estrangeiros estagnaram ou caíram este ano, o que demonstra a intensa concorrência de preços num mercado saturado.

A quota de vendas de automóveis detida pelos fabricantes chineses tem vindo a crescer rapidamente e atingiu dois terços de todas as vendas de veículos em Julho, uma vez que as vendas dos seus veículos aumentaram 10 por cento, segundo o relatório.

A maioria dos veículos vendidos na China entre Janeiro e Julho tinha preços entre 100.000 yuan e 150.000 yuan, disse a associação da indústria.

A BYD exportou 31.000 veículos eléctricos e híbridos em Julho, enquanto as exportações da Tesla totalizaram 28.000, segundo o relatório.

12 Ago 2024

Venetian | G2E Asia entre 7 e 9 de Maio de 2025

A feira de jogo G2E Asia vai regressar a Macau no próximo ano, entre 7 e 9 de Maio, de acordo com um comunicado dos organizadores, a empresa Reed Exhibition. A data do evento é antecipada em cerca de um mês em relação ao evento deste ano.

De acordo com os números dos organizadores, a edição de 2024 da feira G2E Asia atraiu a Macau mais de 6.300 profissionais ligados ao sector do jogo, com 65 por cento a serem considerados visitantes internacionais.

“O evento conjunto apresentou uma mostra espectacular de mais de 100 expositores, distribuídos por 22.000 metros quadrados de espaço de exposição. Complementando o salão de exposições, houve duas linhas de conferências com mais de 30 sessões e uma impressionante lista de mais de 100 oradores”, pode ler-se no comunicado. “Esta convergência facilitou a troca de uma grande quantidade de conhecimentos e ideias entre os participantes”, foi acrescentado.

12 Ago 2024

AMCM | Novos empréstimos para habitação sobem mais de 17%

A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) revelou na sexta-feira que os novos empréstimos para a habitação aprovados pelos bancos de Macau em Junho cresceram 17,1 por cento em relação ao mês anterior, para um valor total de 1,2 mil milhões de patacas. Deste universo, os empréstimos concedidos a residentes, que representaram 97,6 por cento do total, cresceram 16,8 por cento face a Maio, enquanto o componente não-residente registou uma subida de 30,3 por cento.

Por outro lado, os novos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias registaram uma quebra de 24 por cento entre Junho e Maio, totalizando 2,2 mil milhões de patacas.

No final de Junho, o rácio das dívidas não pagas nos empréstimos para a habitação manteve-se inalterado no nível de 3,5 por cento, quando comparado com o mês anterior, mas registou-se um crescimento dos 2,9 pontos percentuais em relação a Junho de 2023.

O rácio das dívidas não pagas nos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias no final de Junho também se fixou em 3,5 por cento, menos 1,1 por cento em relação a Maio, mas mais 1,8 por cento face a Junho do ano passado.

12 Ago 2024

Comissão Eleitoral | Filha de Ho Iat Seng escolhida

Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng, vai integrar a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE) como um dos 14 representantes de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). No caso do actual Chefe do Executivo se recandidatar a um segundo mandato, a filha poderá assim, pela primeira vez, votar no pai.

Ho Hoi Kei não é a única familiar do Chefe do Executivo a integrar a CECE, o mesmo aconteceu com a irmã Tina Ho, que foi deputada e actualmente é um dos principais membros da Associação das Mulheres. A eleição da irmã de Ho para a CECE foi um pro forma dado que concorreu por um sector com 50 candidatos para 50 lugares.

De acordo com a informação divulgada pelo jornal Ou Mun, a escolha dos 14 nomes foi feita ontem pelos 30 membros de Macau no Comité Nacional da CCPPC, que é integrado por pessoas como Leonel Alves, Wu Zhiliang, Chui Sai Cheong ou Ho Ion Sang. O encontro para votar os nomes decorreu no restaurante San Chok U, no Hotel Riviera.

A lista com os nomes para a CECE foi lida por Edmund Ho e votada por braço no ar, contando com o apoio de todos os 30 membros.

Além de Ho Hoi Kei, foram ainda escolhidos Edmundo Ho, primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, o empresário Chan Meng Kam, ou o ex-deputado e advogado Chan Wa Keong. Os restantes membros são Wong Cheng Wai, Cheong Meng Seng, Amber Li Jiaming, Lao Nga Wong, Zhang Zongzhen, Lee Chong Cheng, Chen Ji Min, Li Pengbin e Charles Choy Meng Vai.

12 Ago 2024

CECE | Eleição com maior participação face a 2019

Os resultados preliminares da eleição dos membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo revelam uma maior participação face às últimas eleições: 88 por cento face aos 87,20 por cento registados há cinco anos

 

Foram ontem eleitos os membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE), composta por 400 pessoas, e responsável pela escolha do próximo Chefe do Governo. As urnas encerraram ontem às 18h, sendo os resultados definitivos apresentados hoje.

Dados preliminares apontados ontem pela presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE), Song Man Lei, revelam uma maior participação eleitoral em relação às eleições de há cinco anos, com uma taxa de participação de 88 por cento, noticiou o jornal Ou Mun. Em 2019, a taxa de participação para escolher os membros da mesma Comissão foi de 87,20.

Song Man Lei afirmou ainda que estes números reflectem “um elevado nível de participação e forte apoio dos eleitores de diferentes sectores”, além do “elevado reconhecimento da nova lei eleitoral do Chefe do Executivo”. O universo de eleitores era de 6.200 pessoas, divididas por 576 pessoas colectivas, ou seja, associações com cariz político.

Estreia da declaração

O líder do Governo de Macau é eleito para um mandato de cinco anos pela CECE, após ser nomeado pelo Governo Central de Pequim conforme consta na Lei Básica e na respectiva lei eleitoral.

Na Lei Básica são definidos os três primeiros sectores representados nestas eleições, nomeadamente o industrial, comercial e financeiro, seguindo-se o cultural, educacional, profissional e, por fim, as áreas do trabalho, serviços sociais e religião.

Ao quarto sector, pertencem os deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional, membros da comissão por inerência, e representantes dos deputados à Assembleia Legislativa de Macau, dos membros dos órgãos municipais e dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, eleitos por sufrágio interno.

Além das áreas educacional e laboral “em que o número de candidatos elegíveis excedeu mais dois candidatos para o seu número de membros, o número de candidatos elegíveis dos outros cincos sectores e subsectores é igual ao seu número de membros”, avançou a CAECE. Ou seja, dos 348 candidatos admitidos às eleições dos membros da comissão eleitoral, apenas 344 foram eleitos este domingo.

Pela primeira vez desde que há eleições para o Chefe do Executivo, o exercício de membro da CECE “depende da apresentação de declaração sincera, devidamente assinada, de defesa da Lei Básica e de fidelidade à RAEM da República Popular da China”.

O requisito consta da nova Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo, aprovada no ano passado, e, de acordo com o Governo, pretende “dar mais um passo na implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas'”.

A escolha do próximo líder do Governo de Macau pode acontecer a partir de 11 de Outubro, passado o prazo mínimo de 60 dias após a eleição da CECE, de acordo com a lei eleitoral. Ainda não se sabe se Ho Iat Seng vai concorrer a um segundo mandato, sendo que, para já, não foi oficializada qualquer candidatura.

O mandato de Ho termina em 19 de Dezembro, estando prevista a cerimónia de posse do futuro chefe do Governo em 20 de Dezembro, data em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da RAEM, na sequência da transferência da administração do território de Portugal para a China.

12 Ago 2024

Análise | Ho Iat Seng “está a preparar” a recandidatura a Chefe do Executivo

Analistas portugueses que acompanham a vida política em Macau afirmaram à Lusa que Ho Iat Seng “está a preparar-se” para se recandidatar, não obstante as críticas à sua governação marcada por três anos de pandemia

 

“Parece que ele está a preparar-se para se candidatar. Também apareceu um empresário [Jorge Chiang], que queria [candidatar-se], mas talvez só tenha aparecido para ele [Ho Iat Seng] reforçar a sua candidatura”, disse Cátia Miriam Costa, investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (CEI/ISCTE-IUL), especialista em assuntos de política externa da China e Macau.

Jorge Tavares da Silva, professor na Universidade da Beira Interior, especialista em assuntos de política externa chinesa, Macau e da Nova Rota da Seda, chamou a atenção para o “desaparecimento” por “umas semanas” de Ho Iat Seng. “O Chefe do Executivo desapareceu agora umas semanas, prolongou as férias, o que nos leva a supor que se encontrará em negociações”, disse. “Dá a ideia de que está a preparar nos bastidores todas as dinâmicas informais – o que denota que pode não ser assim tão consensual [a sua candidatura] – para depois, no acto solene, estar já tudo decidido”, acrescentou.

“Há ali um grande debate”, sublinhou igualmente Cátia Costa. “Quando [Ho Iat Seng] se apresentar, vai ter as continhas feitas e saber se consegue ganhar, ou seja, que percentagem daqueles 400 eleitores [membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE) de Macau] vai votar nele. Sem isso, não avança”, acrescentou a investigadora.

Mais de 6.200 eleitores mandatados por 576 pessoas colectivas elegeram ontem os seus representantes na CECE, que integra 400 membros de quatro sectores da sociedade, e irá eleger a partir de 11 de Outubro o futuro líder do Governo de Macau para os próximos cinco anos, que terá de ser nomeado formalmente pelo Governo Central, de acordo com a Lei Básica e a respectiva lei eleitoral.

Avaliação complicada

À semelhança do que acontece no Partido Comunista Chinês, “antes da votação, há uma grande disputa. Costumo dizer aos meus alunos: ‘quando vocês veem os cartõezinhos todos levantados numa votação plenária na China contemporânea, antes caíram muitos pelo caminho’”, ilustrou a investigadora do CEI/ISCTE-IUL.

Os dois antecessores de Ho Iat Seng – Edmundo Ho e Fernando Chui Sai on – cumpriram ambos dois mandatos, mas os investigadores portugueses admitem que Ho Iat Seng chega ao final do seu primeiro mandato em condições políticas diferentes.

“Ho Iat Seng enfrentou um período de alguma contestação, exactamente porque as pessoas achavam que não estava a dar o máximo do que era possível fazer. Agora, também temos de ver o contexto de governação que ele teve”, relativizou Cátia Costa.

“A avaliação da governação de Ho Iat Seng é muito difícil”, “estamos a analisar um período particularmente difícil, em que a China esteve fechada 3 anos” devido à covid-19, e esse balanço diz respeito a “um território que está muito dependente de fluxos externos, está muito exposto”, disse. “É evidente que não estamos a avaliar uma acção governativa em condições normais”, sublinhou a investigadora.

Por outro lado, exige-se ao líder do Executivo do território uma “competência” especial, que passa por conseguir “harmonizar as expectativas de Pequim com as expectativas locais, que são fundamentais, depois, na expressão do voto que esta grande comissão [CECE] vai fazer”, disse ainda Cátia Costa.

Esta circunstância torna-se mais relevante, segundo a professora do ISEG, se se atender ao facto de o período de governação de Ho Iat Seng ter coincidido com uma “situação de muita insatisfação” em Hong Kong, e “a verdade é que Macau absorveu muitas ondas de choque provenientes” do território vizinho. “Foi um contexto particularmente adverso e difícil. Provavelmente, as pessoas que vão elegê-lo tiveram oportunidade de confirmar se existe alguma alteração, algum maior empenho [com que Ho Iat Seng se tenha comprometido] em relação a alguma destas grandes questões, ou até alguma predisposição para alterar o curso que tem sido dado à governação do território”, previu Cátia Miriam Costa.

Electricidade estática

Os analistas consideram que as alterações à lei eleitoral da região administrativa especial, no ano passado, “condicionam” a escolha do próximo Chefe do Executivo.

“Esta nova lei [eleitoral, em vigor desde o final de 2023, que obriga candidatos ao Executivo a um juramente de fidelidade ao território e dá poderes a uma Comissão de Defesa da Segurança do Estado para verificar a “existência de violação do dever de defesa ou de fidelidade” por parte dos mesmos] pode ter implicações, e terá tido com certeza, sobretudo no sentido de as pessoas [candidatos] estarem mais atentas às directivas de Pequim”, afirmou Cátia Miriam Costa.

“Há uma tendência a um maior autocontrolo, apesar de ser admitido o criticismo à forma como as coisas são conduzidas, dentro de padrões mais técnicos, menos políticos”, acrescentou. O que “não é permitido”, sublinhou a investigadora, “é pôr em causa a existência e a soberania do partido [Comunista Chinês] e do Estado chinês sobre estes territórios” – Macau e Hong Kong.

Não obstante estas considerações, Cátia Costa manifestou dúvidas sobre “até que ponto” as alterações legislativas terão “mudado assim tanto o processo eleitoral, porque ele já estava muito montado neste sentido”, disse.

“Na prática, a nova lei talvez não tenha trazido tantas alterações a este processo. Veio reafirmar aqueles princípios de idoneidade, de amor à pátria, sucedâneos do que se passava em Hong Kong, onde o processo eleitoral para Chefe do Executivo estava a ser contestado” desde 2020, afirmou a investigadora.

Jorge Tavares da Silva considerou que Pequim foi “reforçando o seu controlo sobre o território e desafiando a própria Lei Básica, nomeadamente com estas medidas mais recentes da lei eleitoral, que quase obrigam a uma subserviência ao Partido Comunista Chinês”.

Os candidatos têm que “declarar um respeito, quer dizer, uma subjugação àquilo que o partido diz”, reforçou. “Claro que [a lei se autojustifica] por razões ‘patrióticas’ [segundo o princípio ‘Macau governado por patriotas’], mas na essência é isso, portanto, nunca desafiando o poder central”, afirmou Tavares da Silva.

O investigador, à semelhança de Cátia Costa, também sublinhou a importância dos tumultos em Hong Kong em 2019 e 2020, e a forte repercussão dos mesmos em Macau, mas entendeu que o “habitat político” da segunda região administrativa não justificava as alterações legislativas.

“Pequim teve o receio de haver um contágio de Hong Kong a Macau, mas a grande diferença de Macau para Hong Kong é que Macau não tem partidos políticos. Podemos dizer que as associações são um bocadinho como os partidos políticos, mas não é a mesma coisa. Há um ‘habitat político’ – ou havia – em Hong Kong de mais liberdade, de discussão política, mais efervescente”, disse.

“Macau absorveu muita onda de choque proveniente de Hong Kong, acabando [por ser afectado] por tabela, por o seu vizinho estar com uma série de problemas, que começaram com a eleição directa do Chefe do Governo, ou da contestação ao método eleitoral em Hong Kong, mas depois também se foi espraiando a outros níveis, como, por exemplo, à Lei de Segurança Nacional”, que Macau já tinha, e Hong Kong acabou entretanto por criar, levando em paralelo Macau a rever essa lei – que “protegia [o território] da ingerência a partir de Pequim”, sublinhou a investidora do CEI/ISCTE-IUL.

12 Ago 2024

Evergrande | Liquidatários intentam acção judicial contra auditor PwC

Os liquidatários da empresa chinesa Evergrande intentaram uma acção judicial contra a empresa de auditoria PwC em Hong Kong pelo seu papel na adulteração das contas do gigante imobiliário, informou na quarta-feira a Bloomberg News.

A acção faz parte dos esforços para recuperar os investimentos dos credores depois de um tribunal de Hong Kong ter ordenado, em Janeiro, a liquidação da Evergrande, o antigo gigante imobiliário da China.

Uma vez que a Evergrande está sediada na China continental, onde as leis são diferentes das de Hong Kong, a administração do grupo indicou que a decisão do tribunal não teria qualquer impacto nas suas operações na China continental e, de facto, continuou as suas actividades, apesar de uma dívida estimada em mais de 300 mil milhões de dólares.

A PwC e a PricewaterhouseCoopers Zhong Tian LLP – a sucursal da empresa de auditoria no continente – foram citadas numa acção judicial intentada em Março, informou a Bloomberg com base em documentos judiciais. As acções judiciais visam a “negligência” e as “deturpações” da PwC nos seus relatórios sobre as demonstrações financeiras da Evergrande relativas a 2017 e ao primeiro semestre de 2018, segundo a Bloomberg.

A Evergrande, que entrou em incumprimento em 2021, tornou-se emblemática da crise no mercado imobiliário da China.

As autoridades chinesas e de Hong Kong estão interessadas na PwC, que foi auditora da Evergrande durante mais de dez anos, antes de se demitir em 2023, na sequência de desacordos sobre a auditoria das contas da empresa relativas a 2021.

A PwC e a Evergrande não quiseram comentar. A negociação das acções da Evergrande em Hong Kong está suspensa desde Janeiro.

9 Ago 2024

Faixa e Rota | Embaixador considera “fundamental” inclusão do Brasil

O embaixador chinês em Brasília disse na quarta-feira que China e Brasil “não devem estar satisfeitos com o estado actual da cooperação” e descreveu a adesão brasileira a um importante programa da política externa chinesa como “fundamental”.

Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, Zhu Qingqiao, que participou num evento do Conselho Empresarial Brasil – China, em São Paulo, na véspera do 50.º aniversário das relações entre os dois países, defendeu que a inclusão do Brasil na Iniciativa Faixa e Rota seria uma “demonstração de estabilidade” na “relação de cooperação de longo prazo”.

Designada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa adquiriu, na última década, dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa, incluindo quase todas as nações da América Latina.

As empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias, centrais eléctricas e outras infra-estruturas em todo o mundo, numa tentativa de impulsionar o comércio e o crescimento económico. O programa cimentou também o estatuto da China como líder e credora entre os países em desenvolvimento.

O Brasil tem, no entanto, enviado apenas diplomatas de baixo escalão para participar nos fóruns em Pequim, contrastando com vários dos seus países vizinhos, que se fizeram representar por chefes de Estado ou de Governo.

“A adesão poderia trazer benefícios mútuos e facilitar a identificação de sinergias entre a procura brasileira e os interesses chineses nos sectores mais estratégicos”, afirmou o embaixador.

“Acreditamos que a iniciativa é altamente consistente com a estratégia de desenvolvimento do Governo de Lula da Silva, como os planos de reindustrialização, as rotas de integração sul-americana e o projecto de aceleração do crescimento”, acrescentou.

Na América do Sul, apenas o Brasil, Colômbia e Paraguai ainda não aderiram à iniciativa de Pequim.

Em particular, as autoridades brasileiras procuram financiamento para obras que ajudariam o Brasil a conectar-se com o Oceano Pacífico, especialmente o porto de águas profundas em Chancay, no Peru, que foi construído com financiamento chinês e deve ser inaugurado em Novembro.

“Penso que as empresas chinesas estão muito interessadas em envolver-se de alguma forma” na ligação do Brasil a Chancay, explicou o embaixador chinês, citado pelo SCMP. A crescente influência da China no Brasil e na América Latina tem, no entanto, levado a advertências por parte de Washington.

Termos não convencem

Em Maio passado, a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, em visita ao Rio de Janeiro para exercícios militares conjuntos, disse à imprensa local que “as democracias do Brasil e dos Estados Unidos partilham uma história de 200 anos, enquanto a parceria com a China tem apenas 50 anos”. “Como democracias, respeitamo-nos mutuamente. Respeitamos a soberania uns dos outros”, disse.

Richardson alertou que Brasília terá de prestar atenção às “condições impostas” por Pequim, no âmbito de uma possível adesão à Iniciativa Faixa e Rota.

“O que aprendemos é que a iniciativa parece muito boa na superfície, mas há muitas letras miúdas”, acrescentou. “É preciso ler as letras miudinhas para ver todas as condições e como a soberania é retirada ao longo do tempo se os empréstimos não forem reembolsados e coisas do género”, alertou.

Em resposta, a embaixada chinesa acusou Richardson de “adoptar uma mentalidade típica da Guerra Fria” e de seguir uma “lógica hegemónica”. Na América Latina, os EUA utilizaram a “democracia” e os “direitos humanos” como pretexto para “atacar, sancionar e interferir nos países da região”, acrescentou-se no comunicado da embaixada.

9 Ago 2024

Poesia chinesa e psicanálise – Lacan em Pequim

Por M. Ângela Andrade

O que há de peculiar na forma na poesia chinesa, que leva Demiéville a comparar a sua tessitura com a arte de “fritar peixinhos sem destroçá-los”? Há uma alusão à sua leveza e subtileza. Mas esse savoir-faire implica ainda exercitar-se pela repetição, pois os chineses imitam e repetem sempre os códigos poéticos, os mitos e os ritos ancestrais.

Para além do saber fazer, da habilidade, o que confere à poesia charme irresistível é o estilo e a singularidade, tal como o demonstra a caligrafia chinesa. O que se apreende é que a repetição chama o novo. Na tessitura de uma poesia provisória, a apreensão do ser sempre escapa. Daí ser “poesia ténue, sempre prestes a se desfazer na via do apagamento, sempre capaz de evitar o desaparecimento, ameaçada de extinção e, no entanto, sempre renascendo. Afinal inextinguível, por tocar nos contrastes da língua em si, da qual se desprende a linguagem.”

Antes de prosseguir lendo como Albert Nguyen articula as relações entre poesia chinesa e psicanálise, cumpre notar dados historiográficos da relação de Lacan com a China, sua língua e pensamento: Jacques Lacan sempre fora atraído pelo Extremo Oriente e sabe-se que, durante a Ocupação, havia aprendido o chinês na Escola de Línguas Orientais. Em 1969, quando elaborava sua teoria do discurso a partir da divisão wittgensteiniana do dizer e do mostrar, voltou a mergulhar com paixão no estudo da língua e da filosofia chinesa.

Em outra ocasião procurei tratar aqui das referências sobre a língua chinesa nos seminários de Lacan, principalmente as do seminário XVIII. No presente trabalho busco apresentar aspectos das indicações de Lacan a respeito de poesia chinesa: “Se vocês são psicanalistas, verão que é o forçamento por onde um psicanalista pode fazer ressoar outras coisas, outra coisa que o sentido. (….) O sentido, isto tampona; mas com a ajuda daquilo que se chama escritura poética podem ter uma dimensão do que poderia ser a interpretação analítica. É absolutamente certo que a escritura não é aquilo pelo que a poesia, a ressonância do corpo, se exprime. É aliás completamente surpreendente que os poetas chineses se exprimam pela escritura e que para nós o que é preciso é que tomemos na escritura chinesa a noção do que é a poesia. Não que toda poesia… seja tal que a possamos imaginar pela escritura, pela escrita poética chinesa, mas talvez vocês sintam aí alguma coisa que seja outra, outra que aquilo que faz que os poetas chineses não possam fazer de outra forma senão escrever…”

A poesia chinesa, porém, só pode ser lida conhecendo o contexto em que brota, ou seja, os fundamentos filosóficos, particularmente daoístas em que está alicerçada. Ainda sobre o contexto: o solo em que florescem essas tradições gerou uma combinação particular de vertentes filosóficas heterogéneas que, no entanto, se revelam bastante assimiladas na cultura chinesa.

Nguyen indica ainda os trabalhos de Isabelle Robinet e François Julien que demonstram indiscutivelmente a incidência e força destas doutrinas, tanto na poesia como na estratégia e política da China. O artigo em questão destaca três grandes poetas chineses para ilustrar cada tradição: Wang Wei (budista), Li Po (taoísta) e Du Fu (confucionista). Escolhi para ilustrar a presente exposição, a poesia de Wang Wei.

Atalho pela velha floresta; nenhum vestígio

No coração do monte, um som de sino; vindo de onde?

À tarde, sobre o lago deserto, meditando,

Alguém aprisiona o dragão venenoso.

Em Televisão, Lacan fala do estatuto provisório da poesia, fazendo dela uma arte do desprendimento, como aquela que o poeta Wang Wei pratica. No encontro de poesia chinesa e psicanálise surgem interferências e diferenças. Nguyen destaca a ressonância, termo que equivale à interferência, como o alvo da interpretação psicanalítica. As interferências ou ressonâncias são:

1. A natureza, que na poesia chinesa indica o lugar do vazio, o furo. “Lugar de ressonância, lugar de interferência: nada pode ressoar sem um furo: aquilo que no saber constitui o sintoma analítico, aquilo que deixa o poema e o livro inacabados, aquilo da ruptura da tradição que provoca a rã de Bashô, que se lança no poço, plof! e tantas outras indicações desta interferência da ressonância.”

2. A relação com o real. Essa segunda interferência assenta-se no lugar concedido ao real. A relação ao real é distinta na psicanálise. Na poesia chinesa, o real surge como realidade derradeira, sinónimo de Dao. Já a psicanálise confere ao sujeito o estatuto de separado, cortado definitivamente de todo o mundo e de toda cosmologia. Assim, separação, exclusão do sujeito, em oposição à integração daoísta. Poderíamos, talvez, aproximar essa relação ao real no taoísmo com a música tonal, enquanto que a relação ao real na psicanálise com a música atonal. Ou ainda com Badiou: “O real, para Lacan, se dá como ausência de sentido. Mas o que é preciso entender bem, é que ausência de sentido para Lacan, nunca quer dizer não-sentido. Há uma função de sentido do real, enquanto ausência de sentido. Há uma ausência no sentido, uma subtracção ao sentido que não é um não-sentido. É essencial compreender a diferença entre ausência de

sentido (ab-sens) e não-sentido (non-sens).”

3. A mistura, mestiçagem (métis) da linguagem ou do real com a linguagem do simbólico. É a que se contrapõe à linguagem unívoca do Um fálico; a mestiçagem favorece a maleabilidade de espírito.

Efeito de sujeito, afânise, ou o estatuto provisório, evanescente do ser? O sentido de “poesia provisória” diz respeito ao caminho no qual a apreensão do ser sempre escapa.

O analisante e o poeta seriam, nesta perspectiva, um efeito poético. Nguyen conclui seu trabalho com o que nomeia de Lacan chinês. Diz ele, “Como situar esta possibilidade do passo suplementar que Lacan realiza sobre o taoísmo e a poesia? A resposta é dupla. Por um lado, Lacan, ao formular a estrutura, não deixa de examinar o registo da consequência (desenvolvida nesse mesmo seminário). A causa não porta somente efeito, mas consequências. E por outro lado, esse passo suplementar é autorizado pelo que nomeio de “Lacan chinês” para designar o lugar sempre marcado de referências chinesas em seu ensino, do início ao fim.

Lacan começa seu ensino com o Zen e todos conhecem a referência à Índia de Prajapati e o Deus Trovão dos Escritos, mas é principalmente a partir do seminário “A Angústia”, seminário sobre o afeto certeiro da angústia, central em sua elaboração da teoria da causa, que Lacan, a partir do vazio e do feminino – pois é também este um seminário sobre a abordagem do feminino juntamente a uma tentativa de visualizar um para além da rocha freudiana da castração para o final de análise – com Kuan Yin, a fêmea misteriosa da qual ele extrai o olhar como causa, olhar faltante, olhar vazio, começa a marcar aquilo que será uma insistência sobre as referências chinesas.”

9 Ago 2024

“Macau Saudável”| Governo define 20 objectivos

Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SS), disse que o Governo definiu 20 objectivos e 52 indicadores de avaliação no âmbito do “Plano de Acção para uma Macau Saudável” até 2030. Esta informação foi referida naquela que foi a primeira reunião do sexto mandato do Conselho para os Assuntos Médicos.

Serão, assim, “planeadas uma série de medidas de intervenção e políticas de saúde”, a fim de promover “um ambiente e promoção de comportamentos saudáveis”. Alvis Lo disse ainda que, com este Plano, são propostas “três orientações políticas principais”, tal como “descentralizar recursos, mudar o paradigma e a mentalidade”.

Segundo um comunicado, foi referido que os principais trabalhos dos membros do quinto mandato do Conselho foi “melhorar leis e medidas complementares”, nomeadamente a lei de técnicas de procriação medicamente assistida, o regime jurídico para o exercício de actividade das instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde”, regulamentos de publicidade médica e informações para as actividades de Desenvolvimento Profissional Contínuo, destinadas aos profissionais de saúde.

9 Ago 2024

Casas-Museu | IC garante a “supervisão rigorosa” de obras

A presidente do Instituto Cultural, Deland Leong Wai Man, garante que vai manter uma “comunicação e coordenação amplas” com o Instituto para os Assuntos Municipais durante as obras para substituir a calçada das Casas-Museu da Taipa. A questão está a causar polémica devido ao valor histórica da calçada, no entanto, o IC aceitou que o piso fosse substituído.

Após a polémica, Deland Leong veio ontem afirmar que o IC vai fazer uma “supervisão rigorosa”, principalmente a nível a “dos materiais e os procedimentos da obra”. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a responsável explicou aos membros do Conselho do Património Cultural que o Governo deseja melhorar as condições pedonais na zona.

Por seu turno, o conselheiro Wu Chou Kit apontou que o conselho considera que o Governo podia ter feito os trabalhos de melhor forma, dado que o Executivo não discutiu antecipadamente as obras em público.

9 Ago 2024

DSAL | Feiras de emprego com 168 vagas a 15 e 16 de Agosto

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três sessões de feiras de emprego, disponibilizando um total de 168 vagas, nos dias 15 e 16 de Agosto, para os sectores do retalho, transportes públicos e de turismo e hotelaria.

Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 14 de Agosto.

A primeira sessão está marcada para a manhã de 15 de Agosto, com a oferta de 100 vagas para trabalhar em supermercados nos cargos de empregado de loja, operador de caixa, operador de mercadoria, processador de carnes, empacotador de fruta e legumes. Na parte da tarde do mesmo dia, será a vez do sector transportes públicos e de turismo, com a oferta de 39 vagas, para condutor, chefe de terminais, encarregado de segurança e agente de segurança nocturno.

No dia 16 de Agosto, de manhã, será a vez da hotelaria, numa sessão que disponibiliza 99 vagas para os cargos de gerente por turnos, subgerente do departamento de contabilidade, técnico de engenharia, recepcionista, auditor e bagageiro. As três sessões vão decorrer no Edifício da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2-6.

9 Ago 2024

Piscinas | Orientações revistas após acidente mortal

O sub-director dos Serviços de Turismo, Cheng Wai Tong, afirmou ontem que o Governo está a estudar a possibilidade de tornar obrigatória a presença de nadador-salvador em todos as piscinas.

Em declarações ao jornal Ou Mun, o responsável destacou que as orientações para a segurança nas piscinas não só envolvem os hotéis, mas também as piscinas fora dos hotéis, nomeadamente das instalações desportivas e municipais, onde já é obrigatório a presença de nadadores-salvadores.

As declarações de Cheng Wai Tong surgem no seguimento da morte de uma criança de 12 anos que foi encontrada no domingo sem sinais vitais na piscina da Pousada de Coloane. O responsável notou que na altura do incidente não havia nadador-salvador na piscina, mas que o hotel tinha um aviso a alertar para isso e a indicar a necessidade de acompanhamento de menores de 16 anos por parte dos pais.

Por esta razão, o responsável apontou que o hotel não violou as orientações de segurança de piscinas.

8 Ago 2024

Tailândia | Dissolvido partido da oposição e banido líder

O Tribunal Constitucional da Tailândia decidiu ontem dissolver o partido pró-democracia Move Forward, sob a acusação de tentar desestabilizar a monarquia, e banir da actividade política o seu líder Pita Limjaroenrat por dez anos.

“O Tribunal Constitucional votou por unanimidade a dissolução do (partido) Move Forward e a interdição por dez anos dos membros da comissão executiva que exerceram funções entre 25 de Março de 2021 e 31 de Janeiro de 2024 (…)”, incluindo Pita Limjaroenrat, declarou o juiz Punya Udchachon.

Depois de ter vencido as eleições gerais do ano passado, o partido Move Forward não conseguiu formar governo porque os membros do Senado, na altura um órgão conservador nomeado pelos militares, se recusaram a apoiar o seu candidato a primeiro-ministro. O Move Forward passou então a liderar a oposição.

A Comissão Eleitoral apresentou uma petição contra o partido progressista depois de o Tribunal Constitucional ter decidido, em Janeiro, que este devia deixar de defender alterações à lei, conhecida como artigo 112º, que protege a monarquia de críticas com penas que podem ir até 15 anos de prisão por cada infracção.

Nas alegações apresentadas junto das instâncias judiciais tailandesas, o partido argumentou que o Tribunal Constitucional não tem jurisdição para se pronunciar e que a petição apresentada pela Comissão Eleitoral não seguiu os trâmites por não ter proporcionado uma oportunidade de defesa antes de o caso ser apresentado à justiça.

O tribunal garantiu ser competente e que a sua decisão anterior, a de Janeiro, era prova suficiente para a Comissão Eleitoral apresentar o caso sem ter de ouvir mais provas do partido.

Procura-se casa

À luz da sentença agora conhecida ainda não é claro o destino dos restantes deputados não executivos, mas Pita já tinha declarado à agência noticiosa Associated Press que o partido assegurará uma “transição suave para uma nova casa”, ou seja, um novo partido.

Os deputados de um partido político dissolvido podem manter os seus lugares no parlamento se mudarem para um novo partido no prazo de 60 dias.

Esta acção judicial é uma das muitas que têm suscitado críticas generalizadas e que são vistas como parte de um ataque de vários anos ao movimento progressista do país por parte das forças conservadoras que tentam manter o seu controlo sobre o poder.

8 Ago 2024

FRC | Livro “A Campanha”, de Vítor Carmona, lançado hoje

É hoje apresentado, na Fundação Rui Cunha (FRC), aquele que é o primeiro romance histórico de Vítor Carmona e que faz parte de uma trilogia a sair até ao próximo ano. “A Campanha” relata a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, no ano de 1793 em França e traz ao público uma estória relativamente esquecida, destaca o autor

 

“A Campanha”, primeiro romance histórico de Vítor Carmona, é hoje apresentado na Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. Trata-se de uma obra que “explora um tema inédito no campo da ficção nacional, e pouco estudado pelos historiadores: a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, na França de 1793.

Editado pela Saída de Emergência, o livro saiu em Maio de 2023 em Portugal e faz parte de uma trilogia a ser apresentada até ao final do ano, conforme disse o autor ao HM. “O segundo volume vai ser lançado em Outubro e o terceiro em Maio. Desde o início que planeei escrever uma trilogia sobre uma campanha militar pouco conhecida dos portugueses e esquecida pelos historiadores”, contou.

Vítor Carmona diz que “A Campanha” é um livro para leitores que “mesmo que não gostem de História, gostem de boas estórias”, contendo partes ficcionadas de um episódio histórico factual ocorrido há mais de 200 anos. “Achei que esta campanha militar tinha todos os ingredientes que fazem uma boa estória, com conflito, personagens interessantes, uma conjuntura europeia com grande turbulência, nos anos seguintes à Revolução Francesa. Peguei em factos que são verídicos e depois coloquei ficção com personagens que poderiam ter existido.”

Trata-se de uma campanha que levou cinco mil soldados portugueses para combaterem, juntamente com os espanhóis, as tropas francesas na zona de Rossilhão, província francesa, após o regicídio de Luís XVI, em plena Revolução Francesa.

Nessa época, alguns países europeus, nomeadamente Inglaterra, Polónia, Espanha e Portugal, tomaram providências militares e diplomáticas face ao perigo de um ataque por parte da França. É neste contexto que, com a declaração de guerra da Inglaterra à França, Luís Pinto de Sousa exerceu esforços diplomáticos para firmar uma aliança militar com a Espanha e a Inglaterra. A 15 de Julho foi assinada a convenção luso-espanhola de auxílio mútuo e a 26 de Setembro assinou-se a convenção com a Inglaterra. O exército português de auxílio a Espanha e com destino ao Rossilhão foi comandado pelo tenente-general João Forbes Skellater e constituído por seis regimentos de infantaria e uma brigada de artilharia com 22 bocas de fogo, num total de 6.000 efectivos, descreve-se no portal do Arquivo Histórico-Militar do Ministério da Defesa em Portugal.

O grupo militar português incluía “militares de grande prestígio como os marechais-de-campo D. António Soares de Noronha, D. Francisco Xavier de Noronha e D. João Correia de Sá, o conde de Assumar e o coronel Gomes Freire de Andrade, entre outros”.

A campanha do Rossilhão durou até ao final de 1794. As conquistas de Ceret, Villellongue, entre outras praças, trouxeram bastante prestígio aos generais portugueses, embora o Inverno de 1793 provocasse a perda de todas as vantagens militares até aí conseguidas. Na Primavera de 1794, os franceses obrigaram as tropas aliadas a retirar para a Catalunha, onde muitos portugueses morreram ou ficaram feridos. Em Novembro, os franceses venceram a batalha da Montanha Negra, que levou os espanhóis a negociar em separado a assinatura do tratado de paz em Junho de 1795 na cidade de Basileia. Após o regresso das tropas a Portugal, a paz foi assinada em 20 de Agosto de 1797, lê-se ainda no mesmo portal.

A história de Diogo

O livro contém um personagem, Diogo Saraiva, “recém-promovido a capitão, [que] procura transformar a sua companhia de granadeiros numa eficiente unidade de combate, mas duas mulheres determinadas e um criminoso sem escrúpulos atravessam-se no seu caminho”, descreve-se na sinopse do livro.

Enquanto isso, “dois jovens amigos de Campo de Ourique decidem alistar-se para a campanha militar em busca de aventura e fortuna”, sendo que, após uma “penosa viagem marítima até aos Pirenéus Orientais, o que aguarda os soldados portugueses é uma sequência de terríveis e encarniçados combates contra o exército mais poderoso da Europa”. Trata-se, segundo a mesma sinopse, de um romance feito de “paixão, guerra e morte, mas também esperança, coragem e lealdade”.

Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Diz ser um apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica. Há dez anos criou a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão dos combates levados a cabo por Napoleão Bonaparte. A.S.S.

8 Ago 2024

MNE condena assassinato do líder do Hamas em conversa com homólogo egípcio

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, condenou ontem o recente assassinato no Irão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, durante uma conversa com o homólogo egípcio, Badr Abdelatty.

Wang, que expressou a sua “preocupação com a contínua crise humanitária causada” pelo conflito em Gaza e alertou que “a violência apenas perpetua um ciclo vicioso de retaliação”, propôs uma iniciativa em três etapas para resolver a situação.

“Alcançar um cessar-fogo abrangente, promover a administração pós-crise do território sob o princípio do ‘domínio palestiniano sobre a Palestina’ e implementar efectivamente a ‘solução de dois Estados'”, são as três etapas, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

A China “continuará a apoiar a justiça internacional, a reforçar a solidariedade com os países árabes e a trabalhar com todas as partes para evitar uma deterioração do conflito”, disse o chefe da diplomacia chinesa, que apelou a que não se apliquem “dois pesos e duas medidas” à situação em Gaza.

Abdelatty lamentou a “dificuldade acrescida em chegar a um acordo de cessar-fogo após o assassinato de Haniyeh, o que pode desencadear uma guerra em grande escala na região”.

O representante egípcio sublinhou que a região “não pode suportar mais conflitos e agitação” e que a comunidade internacional “deve trabalhar em conjunto para evitar uma deterioração”. Abdelatty saudou os esforços de Pequim para “facilitar a reconciliação interna palestiniana”, expressando o desejo do Egipto de “manter uma cooperação estreita com a China para evitar o agravamento do conflito”.

Surpresa fria

Haniyeh “morreu em resultado de um ataque sionista traiçoeiro”, afirmou um comunicado do Hamas, prometendo que Israel “não ficará impune”. O líder do Hamas, que vivia em auto-exílio no Qatar, estava de visita a Teerão para assistir à cerimónia de tomada de posse do reformista Masoud Pezeshkian como presidente do Irão, que ameaçou retaliar.

Em Pequim, o Hamas assinou recentemente uma declaração em que se compromete com a formação secular da Fatah, com a qual tem estado em conflito desde 2007, e com outras facções palestinianas a formar um “governo temporário de unidade nacional” com autoridade sobre todos os territórios palestinianos (Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental).

A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” perante os ataques israelitas contra civis em Gaza.

Funcionários chineses realizaram várias reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.

8 Ago 2024

Mar do Sul | Exercícios militares perto de recife disputado

A China anunciou ontem que está a realizar um exercício militar no Mar do Sul da China, perto do recife de Scarborough, uma ilhota controlada por Pequim, mas reivindicada por Manila, num contexto de tensões bilaterais recorrentes.

Estas manobras oficiais do Exército, pouco frequentes em torno deste recife, surgem numa altura em que as Filipinas lançaram dois dias de exercícios marítimos e aéreos conjuntos com os Estados Unidos, Canadá e Austrália na região.

Esta actividade militar de ambos os lados surge após vários incidentes nos últimos meses em torno de ilhotas no Mar do Sul da China cuja soberania é reivindicada por Pequim e Manila.

A China está a “conduzir uma patrulha de combate conjunta no mar e no espaço aéreo perto da ilha de Huangyan”, o nome chinês para o recife de Scarborough, disse a unidade de operações do sul do Exército num comunicado.

O objectivo da operação é “testar as capacidades de reconhecimento e de alerta precoce, de manobra rápida e de ataque conjunto das suas tropas”, afirmou.

“Todas as actividades militares que perturbam a situação no Mar do Sul da China, criam pontos de tensão e comprometem a paz e a estabilidade regionais estão sob controlo”, sublinhou o Exército chinês, numa aparente referência às manobras actualmente conduzidas pelas Filipinas com os seus aliados ocidentais.

A China reivindica a posse de uma grande parte das ilhas e recifes do Mar do Sul da China. Outros países vizinhos, como o Vietname, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, têm reivindicações concorrentes e por vezes sobrepostas.

Águas bravas

Em 2012, Pequim assumiu o controlo do recife de Scarborough, onde se está a realizar o exercício militar. Desde então, a China tem enviado navios que, segundo as Filipinas, assediam a sua frota e os pescadores que tentam aceder a esta zona.

As actuais manobras que envolvem as Filipinas, os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá estão também a decorrer no Mar do Sul da China, segundo um porta-voz do Exército filipino, sem especificar a sua localização exacta.

De acordo com um comunicado de imprensa da Marinha dos Estados Unidos, este exercício conjunto tem como objectivo “apoiar” a emergência de uma “região do Indo-Pacífico livre e aberta”.

Esta expressão, frequentemente utilizada pelos Estados Unidos, refere-se a uma zona da Ásia-Pacífico livre de influências hegemónicas. Uma forma velada de criticar a China e as suas reivindicações territoriais na região.

Nos últimos meses, as tensões entre a China e as Filipinas atingiram níveis que não se registavam há vários anos.

Têm sido frequentes os confrontos verbais e físicos em torno do atol de Segundo Thomas. Os soldados filipinos estão aí estacionados num navio militar que foi deliberadamente encalhado por Manila em 1999 para afirmar a sua reivindicação de soberania.

Este diferendo entre a China e as Filipinas está a alimentar o receio de um potencial conflito que poderia levar à intervenção de Washington, devido ao seu tratado de defesa mútua com Manila. A China acusa regularmente os Estados Unidos de apoiarem deliberadamente os países que competem consigo em matéria de reivindicações territoriais, a fim de contrariar a sua ascensão.

8 Ago 2024

Governo subsidia visitas guiadas no centro histórico ao fim-de-semana

Durante este mês, associações locais vão organizar passeios com o objectivo de desvendar os segredos do centro histórico de Macau. O programa, que tem o apoio financeiro da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), divide-se em três itinerários na península de Macau durante o mês de Agosto.

O itinerário “Story Telling in Ancient‧Streets In-depth Tour” realiza-se no sábado e domingo, com sessões de manhã (das 10h às 12h30) e de tarde (15h às 17h30). Com visitas guiadas em cantonense e inglês, “os participantes são guiados pelos vestígios históricos das ruas do Património Mundial de Macau, desde a Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens até à Rua da Felicidade, desvendando, passo a passo, a história de Macau”. O passeio culmina com um workshop de desenhos em espuma de leite, num local com vista para o centro histórico.

Também aos sábados e domingos, até 25 de Agosto, realiza-se o passeio guiado em cantonense e mandarim “Jornada pela Rua dos Ervanários”, que parte das Ruínas de S. Paulo, seguindo pela Travessa da Paixão, Rua dos Ervanários, Rua de Cinco de Outubro e a zona do Largo do Pagode do Bazar.

Templos e iguarias

O itinerário “Jornada pelos Templos Chineses – Rota da Península de Macau”, que também decorre sábados e domingos até 25 de Agosto com uma sessão de manhã e outra à tarde, leva os participantes “numa visita guiada a emblemáticos templos de cultura chinesa da península de Macau – o Templo Na Cha, o Templo Pao Kong e o Templo Loi Tsou”, culminado num workshop de incenso artesanal na Casa do Mandarim. Os passeios de 25 de Agosto terão a opção de inglês.

O preço destes três passeios é de 50 patacas, mas os participantes recebem um voucher de consumo no mesmo valor.

A DST propõe ainda um workshop de confecção de comida tradicional, que terá lugar na Casa do Mandarim, entre a segunda quinzena deste mês e Dezembro com oito sessões previstas que vão desvendar alguns dos segredos da gastronomia da região.

As quatro actividades são financiadas pelo Programa de Apoio Financeiro de 2024 para o Turismo Comunitário “Viajar por Macau”, que tem como meta “estimular ainda mais a economia comunitária de Macau”, indicou ontem a DST.

8 Ago 2024

Pagamentos móveis | Valor das transacções em quebra

O valor das transacções com pagamentos móveis registou uma quebra de 1,7 por cento entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, de acordo com os dados publicados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

No primeiro trimestre, as transacções com pagamentos móveis tinham atingido 7,3 mil milhões de patacas, no entanto, no segundo trimestre caíram para 7,2 mil milhões de patacas.

Apesar do montante transaccionado ter registado uma quebra, houve quase mais 5 milhões de transacções entre Abril e Junho do que no período de Janeiro a Março. Como consequência, o valor médio por cada transacção sofreu uma redução de 90,2 patacas por transacção para 83,3 patacas por transacção.

Ainda de acordo com a AMCM, até finais de Junho “o número de aparelhos que aceitam o pagamento móvel e os suportes de Código QR em Macau atingiu 102.667 unidades”.

Apesar da redução do valor dos pagamentos móveis, numa tendência contrária, o valor utilizado com recurso a crédito registou uma subida de 1 por cento, entre os primeiros trimestres do ano, para 5,9 mil milhões de patacas.

No pólo oposto, o valor das transacções com cartões de débito teve uma redução de quase um terço, entre o primeiro e o segundo trimestre. Segundo a AMCM, as transacções com cartão de débito no primeiro trimestre tinham sido de 851,4 milhões de patacas e caíram para 589,6 milhões de patacas, uma quebra de 30,8 por cento.

8 Ago 2024

Future Bright | Trimestre com resultados negativos

O grupo Futuro Bright, controlado pelo empresário Chan Chak Mo, deixou um alerta na bolsa de Hong Kong, a preparar os investidores para perdas de 8,2 milhões de dólares de Hong Kong, no segundo trimestre.

De acordo com a informação disponibilizada, os prejuízos no segundo trimestre em Macau vão ser de 6,3 milhões de dólares de Hong Kong, enquanto na RAEHK o grupo acumulou perdas de 1,9 milhões. Os resultados contrastam com a situação dos primeiros três meses do ano, em que a Future Bright alcançou lucros de 5,6 milhões de dólares de Hong Kong em Macau, e de 3,1 milhões na antiga colónia britânica.

Quando o balanço é feito para a primeira metade do ano, o grupo alcança um lucro de 500 mil dólares de Hong Kong, dado que no primeiro trimestre tinha registado um lucro de 8,7 milhões de dólares de Hong Kong.

O agravar dos resultados é justificado com a redução das receitas da empresa em quase todos os tipos de restaurantes e serviços de comida disponibilizados. Em termos dos restaurantes com comida chinesa, a redução foi de 28 por cento das receitas, para 22,5 milhões e dólares de Hong Kong. Nos restaurantes de franchise a quebra foi de 14,2 por cento e nos serviços de catering houve uma diminuição de 12,7 por cento. A excepção foram os restaurantes em food courts, onde as receitas subiram 49,7 por cento, para 28 milhões.

8 Ago 2024

Lixo | Ausência de reciclagem deixa alunos “tristes”

O deputado Lam Lon Wai afirmou ontem que os alunos das escolas ficam “tristes”, porque apesar de separarem o lixo para ser reciclado, os funcionários que recolhem os resíduos acabam por juntar tudo no mesmo recipiente. A situação foi denunciada ontem pelo legislador da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), numa questão colocada ao Executivo, na Assembleia Legislativa.

“Os alunos separam os resíduos, mas depois os trabalhadores que fazem a recolha juntam tudo novamente. Os alunos ficam tristes, porque fizeram o trabalho de separação, mas não teve efeito”, relatou Lam Lon Wai. “Os alunos acabam por muitas vezes levarem os seus sacos para as escolas, e depois colocam o lixo nesses sacos e enviaram para a DSPA [Direcção de Serviços de Protecção Ambiental], para garantir que é feita reciclagem”, acrescentou.

O também subdirector da Escola Secundária para Filhos e Irmãos dos Operários queixou-se ainda de que, ao contrário do que acontecia no passado, as escolas deixaram de ter trabalhos de recolha de jornais para efeitos de reciclagem.

Em resposta às denúncias, o director da DSPA, Raymond Tam, prometeu que o assunto vai ser tratado pelos serviços e que haverá uma maior promoção da necessidade de reciclar nas escolas.

8 Ago 2024

Energia | Governo estuda aposta no hidrogénio

Macau está a estudar a possibilidade de apostar na energia do hidrogénio, anunciou ontem o Governo, referindo que já seleccionou uma entidade “para desenvolver os respectivos estudos”.

“Vamos tomar uma decisão depois de ter um estudo efectuado, para ver como vamos desenvolver os trabalhos de utilização da energia do hidrogénio”, disse o responsável da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

Raymond Tam falava numa sessão de interpelações na Assembleia Legislativa, quando questionado por um deputado sobre a utilização de uma energia “que já está a desenvolver-se em Hong Kong”.

A região vizinha de Macau anunciou em Junho uma estratégia para o desenvolvimento do hidrogénio, com o secretário para o Meio Ambiente e Ecologia a lembrar que “para enfrentar o desafio das mudanças climáticas, o mundo está empenhado em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acelerar a transição energética”.

“A energia do hidrogénio é considerada uma energia com baixo teor de carbono e com potencial de desenvolvimento, e países de todo o mundo estão a promover activamente o desenvolvimento da indústria da energia do hidrogénio”, referiu Tse Chin-wan.

Sobre Macau, o director da DSPA realçou que “é uma cidade pequena” e para a “utilização do hidrogénio é necessário haver gasodutos”. “Sabemos que no futuro, aquando da substituição das peças das centrais de CEM [Companhia de Eletricidade de Macau], e dos geradores, vamos solicitar à respectiva empresa para ver se é possível instalar geradores para a produção de hidrogénio”, afirmou.

8 Ago 2024

Hiroshima | Recordados mortos no aniversário da primeira bomba atómica

A cidade japonesa de Hiroshima recordou ontem as cerca de 140 mil vítimas mortais da primeira bomba atómica, com um minuto de silêncio observado no momento exacto em que o ataque ocorreu, há 79 anos.

A homenagem foi realizada às 08:15 no Parque da Paz, localizado perto do centro da explosão nuclear, após soar o sino que marca todos os anos o bombardeamento. Foi nesse momento, a 6 de Agosto de 1945, que o avião B-29 Enola Gay da Força Aérea dos EUA largou o ‘Little Boy’, nome com que os Estados Unidos baptizaram a primeira bomba nuclear lançada contra um alvo inimigo.

O minuto de silêncio foi assinalado no âmbito de uma cerimónia em que participaram o autarca de Hiroshima, Kazumi Matsui, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e para a qual foram convidados dignitários estrangeiros de mais de uma centena de países, bem como bem como representantes de organizações internacionais como as Nações Unidas ou a Organização Internacional de Energia Atómica.

A bomba lançada sobre Hiroshima, no oeste do Japão, tinha uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT e explodiu a cerca de 600 metros acima do nível do mar, muito perto do local onde hoje se situa o Parque da Paz, causando a morte imediata de cerca de 80 mil pessoas.

O peso da guerra

O balanço mortal aumentou para perto de 140 mil até ao final de 1945, embora o número exacto de vítimas causadas pelo bombardeamento e os efeitos subsequentes da radiação seja desconhecido.

A 9 de Agosto de 1945, três dias após o ataque a Hiroshima, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, levando à rendição do Japão, seis dias depois, e pondo fim à Segunda Guerra Mundial. As duas cidades japonesas permanecem até hoje os únicos alvos de bombardeamentos nucleares contra alvos civis na história da humanidade.

7 Ago 2024

FRC apresenta exposição “Brilho do Sol nas Montanhas”

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Mostra de Ensino Voluntário do Colégio Chao Kuang Piu, intitulada “Brilho do Sol nas Montanhas”, que apresenta o projecto solidário de uma equipa de alunos universitários que, duas vezes por ano, se dedicam a ensinar crianças isoladas e desfavorecidas, na região interior e montanhosa da província de Guizhou, no sudoeste da China.

A mostra faz uma retrospectiva destas campanhas pedagógicas, através de 25 imagens fotográficas das viagens mais recentes, um conjunto de cartas escritas pelas crianças às equipas de professores voluntários, e outros artefactos relacionados.

Após a inauguração, foi ainda projectado um documentário de 25 minutos com o mesmo nome da exposição, tendo-se seguido uma sessão de partilha de testemunhos, apresentada por Eliza Lei, locutora sénior e produtora de programas de TV e Rádio em Macau, com alguns participantes do projecto.

Apoiar as crianças

O Colégio Chao Kuang Piu (CKPC), uma das dez instituições residenciais da Universidade de Macau, celebra este ano o seu décimo aniversário, tendo alojado cerca de 500 alunos anualmente num ambiente colectivo multidisciplinar.

“Desde Dezembro de 2018 que a Equipa de Ensino Voluntário do CKPC realiza ensino voluntário todos os invernos e verões na Escola Primária Gantuan Mei’e, no município autónomo de Congjiang, província de Guizhou, na China. Congjiang era uma das zonas mais pobres de Guizhou e muitas crianças pertencentes às minorias étnicas são chamadas de ‘crianças deixadas para trás’ [ao cuidado de familiares], uma vez que os seus pais trabalham longe de casa”, descreve uma nota da FRC sobre a mostra.

Nesta actividade na China, os estudantes universitários “servem de irmãs e irmãos mais velhos durante estas visitas”. Através do ensino, que abrange disciplinas como o inglês, a arte, o desporto, a música e as ciências, e realização de actividades de grupo, as crianças “são ensinadas sobre o mundo e a cultivar bons hábitos e empatia”. A mostra pode ser vista na galeria da FRC até ao dia 10, na próxima semana.

7 Ago 2024