Li Keqiang diz que Hong Kong continuará a ter “alto grau de autonomia”

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou ontem que Hong Kong continuará a gozar de um alto grau de autonomia, num momento em que a opinião pública da região crítica as intervenções do Governo central em assuntos internos do território.
“O alto grau de autonomia não se alterou nem se alterará”, assegurou Li, na única conferência de imprensa que realiza todos os anos.
A afirmação do responsável chinês surge num período de deterioração nas relações entre Hong Kong e Pequim, devido à designada ‘revolução dos guarda-chuvas’.
Em 2014, aquele movimento levou milhares de pessoas para a rua em protesto por uma democracia plena no território e contra a intervenção do Governo central no processo de escolha dos líderes locais.
Em Fevereiro passado, uma operação policial contra a venda ambulante ilegal de comida nas ruas de Hong Kong acabou em confrontos violentos, com 90 pessoas feridas e 54 detidos.
Questionado sobre esse incidente, Li limitou-se a manifestar a sua confiança no executivo de Hong Kong e nos habitantes da região especial administrativa chinesa para enfrentar futuras dificuldades.
“Acreditamos que o Governo de Hong Kong tem a capacidade e o povo de Hong Kong a sensatez para gerir adequadamente os complexos assuntos (que ocorram) em Hong Kong”, afirmou, no encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês. “O futuro (do território) será brilhante”, frisou.

Uma China

Quanto a Taiwan, que Pequim considera uma província sua e não uma entidade política soberana, Li assinalou que o Governo central insiste na implementação de medidas para aumentar a cooperação económica e comercial entre ambos os lados.
Após anos de aproximação de Pequim, os eleitores do território elegeram no ano passado Tsai Ing-Wen, que se afirma a favor da identidade e soberania da ilha em relação a Pequim. “Enquanto ambas as partes reconheçam que existe apenas uma China, poderemos tratar de qualquer assunto”, vincou Li.

17 Mar 2016

Pequim “não vacilará” na protecção da soberania territorial

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou ontem que a China “não vacilará na determinação em defender a sua soberania e integridade territorial”, numa altura de crescente tensão em torno de disputas no Mar do Sul da China.
Pequim insiste que tem direitos históricos sobre a quase totalidade daquela área do Pacífico, onde disputa territórios reclamados também pelas Filipinas, Malásia, Taiwan, Vietname e Brunei.
E assegura que a instalação de unidades e equipamento militares nas ilhas que controla na região é uma resposta “à intrusão” norte-americana.
Em conferência de imprensa, Li Keqiang instou os países vizinhos e os EUA a esforçarem-se para “manter a estabilidade regional e a harmonia” na região e considerou “natural” que haja diferenças.
“Enquanto nos tratarmos com sinceridade e procurarmos soluções para as diferenças através de canais diplomáticos, a estabilidade regional será mantida”, afirmou.
No início do mês, a porta-voz da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês, Fu Ying, acusou os EUA de militarizar o Mar do Sul da China.
“A maioria das embarcações e aviões militares que atravessam aquele território são dos Estados Unidos da América”, afirmou a antiga vice-ministra dos Negócios Estrangeiros.
Pequim está também preocupada com a possibilidade de Washington instalar o sistema antimísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) na vizinha Coreia do Sul.
“O desenvolvimento é a nossa máxima prioridade, a China necessita de estabilidade nos países vizinhos e um ambiente pacífico para o seu desenvolvimento interno”, defendeu Li, perante centenas de jornalistas, no encerramento da sessão anual da ANP.

Algumas melhoras

Li vê ainda “sinais de melhoria” nas relações entre a China e o Japão, com quem mantém renovadas tensões em torno da soberania das ilhas Diaoyu, mas ressalvou que estas “ainda são frágeis e não estão plenamente estabilizadas”.
No entanto, o primeiro-ministro apostou no fortalecer das relações com Tóquio e a Coreia do Sul.
Em Novembro passado, os três países realizaram, em Seul, a primeira cimeira conjunta desde 2012, que se deverá repetir este ano na capital do Japão.
“Acredito que os três países podem ter uma forte cooperação no sector de manufactura avançada para desenvolver produtos de alta qualidade”, apontou.
O chefe do Governo defendeu ainda as relações com a Rússia, afirmando que os países “não cederão às pressões de terceiras partes, ou às alterações de circunstância na esfera internacional”. “A China mantém uma postura de não-alinhamento”, frisou.

17 Mar 2016

China | Plano quinquenal para crescimento anual de 6,5%

A Assembleia Nacional Popular (ANP) da China aprovou ontem o XIII plano quinquenal do país (2016-2020), que prevê um crescimento anual da economia de pelo menos 6,5%.
O plano quinquenal da China até 2020 é o primeiro desde a chegada do Presidente Xi Jinping ao poder e prevê que em 2020 o Produto Interno Bruto chinês (PIB) seja o dobro do de 2010.
Após quase duas semanas, o plenário da ANP, o órgão legislativo chinês, terminou ontem a sua reunião anual, dando luz verde ao documento.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, afirmou, numa conferência de imprensa no final da votação, que vê “mais esperanças do que dificuldades” na economia da China e descartou a possibilidade de o país vir a sofrer uma “aterragem forçada”.
Li disse estar confiante em que a segunda economia mundial cumpra os objectivos estabelecidos para este ano e defendeu que a China está numa “boa posição” para evitar riscos financeiros.
Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos e aquém dos 7% que tinha estimado.
No mesmo período, o sector dos serviços representou pela primeira vez mais de metade do PIB, à frente da indústria e agricultura.
As perspectivas para este ano indicam um crescimento entre 6,5 e 7% do PIB, que a inflação se mantenha em torno dos 3% e a criação de 10 milhões de postos de trabalho urbanos (depois de em 2015 terem sido gerados 13,12 milhões).

Outras metas

O documento prevê que a população chinesa chegue aos 1.420 milhões de pessoas em 2020 (actualmente ronda os 1.280 milhões), que 60% vivam em áreas urbanas (hoje são 50%), que não haja ninguém abaixo do limiar da pobreza e que a esperança média de vida aumente em um ano.
Segundo o documento aprovado pela ANP, Pequim vai criar um fundo de 100 mil milhões de yuan para subsídios e compensações para trabalhadores que percam o emprego no âmbito do processo de reestruturação industrial.
O XIII plano quinquenal pretende modernizar a indústria da China e responder à excessiva capacidade de produção industrial em certos sectores.
Por outro lado, a China vai aumentar o tecto máximo do seu défice público para 3% do PIB, para dinamizar o crescimento económico.
O documento prevê que as linhas ferroviárias de alta velocidade tenham 30 mil quilómetros em 2020, face aos 19 mil actuais, e que unam 80% das grandes cidades do país.
Segundo o XII Plano Quinquenal, a China vai investir 800 mil milhões de yuan na sua rede ferroviária e 1,65 mil milhões de yaun nas estradas.
A China tem a maior rede de comboios de alta velocidade do mundo, seis vezes superior à de Espanha, a segunda mais extensa.

17 Mar 2016

Hong Kong |”Balada de um batráquio” no festival de cinema

O filme de Leonor Teles “Balada de um batráquio” compete este mês na secção de curtas-metragens do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, depois de em Fevereiro ter sido premiado em Berlim.
O filme expõe comportamentos xenófobos em relação a membros da etnia cigana em Portugal, abordando a prática de colocar sapos de cerâmica em lojas, cafés e restaurantes para afastar os ciganos, que têm várias superstições ligadas ao animal.
A curta-metragem venceu a 20 de Fevereiro o Urso de Ouro da competição de curtas-metragens do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Segundo Leonor Teles, que tem raízes ciganas por parte do pai, o filme “não apresenta só uma problemática mas tenta, de certa forma, combatê-la”, uma vez que a própria realizadora sentiu a “urgência” de destruir vários desses sapos em frente à câmara.
O filme de Leonor Teles volta a uma competição internacional já este mês, no festival de cinema de Hong Kong, que arranca na segunda-feira e que integra na programação outros nomes portugueses.
Do programa geral do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong deste ano fazem parte “Visita ou memórias e confissões”, de Manoel de Oliveira, a trilogia “As Mil e uma noites”, de Miguel Gomes, e “Cartas da Guerra”, de Ivo Ferreira, que integrou a competição oficial do Festival de Berlim deste ano.
Integram ainda o cartaz de Hong Kong os documentários “Os Olhos de André”, premiado no festival de cinema Indie Lisboa, do realizador António Borges Correia, e “Eldorado XXI”, uma co-produção luso-francesa, realizada por Salomé Lamas.
Todos eles terão duas exibições em Hong Kong dentro da programação do festival, que dura 15 dias.
O cartaz junta mais de 240 filmes de um universo de 66 países e territórios, num alinhamento que a organização do festival define como sendo “o mais eclético de sempre”, contando com 63 estreias mundiais, internacionais e/ou asiáticas.
Fundado em 1976, o HKIFF (na sigla em inglês) é o mais antigo festival de cinema da Ásia e um dos mais reputados.

17 Mar 2016

Hotel Estoril | Demolição à vista

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]decisão está tomada. O edifício do antigo Hotel Estoril não será submetido ao processo para classificação. A decisão foi tornada pública por Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), depois da reunião de ontem do Conselho do Património Cultural. Numa votação secreta, 13 dos 15 membros do grupo mostraram estar contra a classificação devido há falta de valor arquitectónico que o edifício apresenta.
Em declarações à Rádio Macau, o arquitecto Carlos Marreiros não afastou a hipótese de demolição. “A demolição poderá ser uma realidade, mas isso já é outra história. Ao não se iniciar o processo [de classificação], acabou aqui. Portanto, fica em aberto à equipa projectista desenvolver o projecto, segundo o programa funcional que o Governo lhe irá propor (…) Agora o Governo pode e deve consultar a população em relação ao programa a encaixar lá dentro”, disse ao meio de comunicação.
Tomada a decisão, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, questionado pela Rádio Macau, diz que o próximo passo passa pela aposta na qualidade arquitectónica para a zona. “É preciso dar vida e uso aquela zona. E tem que se pensar num projecto mais abrangente, que inclua Tap Seac e São Lázaro que também está meio às moscas. A zona do Tap Seac é uma zona charneira e de comunicação entre as duas zonas do Património Mundial de Macau”, afirmou.

16 Mar 2016

HK | Eléctrico já circula com pinturas do português Vhils

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m eléctrico intervencionado pelo português Alexandre Farto, que assina como Vhils, começou esta semana a circular nas ruas de Hong Kong, no âmbito da primeira exposição individual do artista na região vizinha. A exposição “Derbis” é inaugurada apenas no dia 21, no Cais 4, mas já é possível apreciar-se a arte de Vhils a circular em Hong Kong, onde o artista português também realizou intervenções em paredes e onde está há a convite da HOCA – Hong Kong Contemporary Art.

Em “Derbis”, que levou “meses de preparação”, Vhils apresenta uma “multidisciplinaridade de trabalhos”, de acordo com informação disponível no site oficial do artista.

Com esta exposição, pretende-se “encorajar os visitantes a explorarem a cidade e reflectirem na natureza do ambiente urbano pela lente do artista”.

Nos trabalhos apresentados, Vhils desconstrói imagens com recurso a várias técnicas, como perfuração, colagens de cartazes, caixas de néon e escultura.

FOTO: José Pando Lucas
FOTO: José Pando Lucas

Alexandre Farto, de 29 anos, captou a atenção a escavar muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já o levou a vários cantos do mundo.

A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Em Julho de 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.

Esse ano ficaria também marcado, na carreira do artista português, pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”.

No ano passado, o trabalho de Vhils chegou ao espaço. Em Setembro, uma obra do artista esteve na Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

Foi a primeira vez que um artista português colaborou com a Estação Espacial Internacional, com uma instalação artística que esteve colocada na cúpula da EEI e que retrata o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen.

Apesar de trabalhar e expor em todo o mundo, e até fora dele, Alexandre Farto não se esquece de Portugal. Em 2015, criou, entre outros, o rosto de Amália Rodrigues, em calçada portuguesa, em Alfama, Lisboa.

16 Mar 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 4. O homem sem rosto

* José Drummond

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]u tens dois olhos enormes. Duas consonantes que acompanham as vogais das lágrimas. As minhas mãos são, neste momento, as de um pianista. Um pó de morcego com voo inquieto. O teu coração faz tic-tac, tic-tac, tic-tac. Mas não é por amor. Não é por amor. O teu coração faz tic-tac porque as flores murcham. E o coração murcha. Porque os quartos são obscuros. Porque o coração é obscuro. Porque os fantasmas não são esperança. Porque o coração é um fantasma. Porque o amor não é esperança. Não é mais esperança.
Tu tens dois olhos enormes e o teu coração faz tic-tac porque as minhas mãos procuram um piano. Em crescendo lamento tanto digo amor como digo morte. Tanto digo choro como digo que as flores murcham. Tanto digo que o teu pescoço é um piano como é um caminho que se destrói. Um caminho que se destrói porque te tornaste numa mulher de vertigem. Tornaste-te numa vertigem. Eu era indiferente. Fui indiferente. Fechei os olhos. Não quis saber. Mas não agora. Mas não aqui. Aqui… Aqui e agora as minhas mãos tocam piano. O som da tua voz inaudível, com o seu encanto próprio, roda misteriosamente pelo lamento crescente dos teus olhos. Consonantes esticadas que olham as vogais. Os teus olhos já foram vogais soltas e rebeldes. Agora são consonantes que acompanham a melodia que imponho no teu pescoço. Esse pescoço que tem teclas desenhadas. Os teus olhos apagam-se. Será a porta do inferno que oiço na melodia que imponho? Será a cor do mal? Será o teu rosto uma pluma ao vento? Uma pluma que se desintegra com o crescendo do martelar no piano a que eu obrigo.
Foi assim. Disto não sabe a viúva. Esta velha que parece saber tanto sobre nós. Antes disto a última coisa que me lembro é de estar ao balcão de um bar. Não me consigo mexer e não faço ideia sobre o que irá ela fazer-me? Recordo-me dos teus olhos. Essas consonantes naquela tarde. Que consigo eu saber só de olhar para ela? Sinto a cabeça dormente. Retornar depois de vinte anos para isto. Retornei por ti. Ela não sabe que os teus olhos apagaram-se porque eram consonantes. Porque não eram mais vogais. Ela não sabe que depois de os teus olhos se apagarem foram os meus que se tornaram em consonantes. Que possibilidade haveria de me reconhecerem? Assim pensava eu. A plástica deu-me vários rostos. Mas agora sei que não.
E que poderia eu fazer? Deixar-te ir sem fazer nada? Deixar-te fugir com ele? Poderia te ter dito algo. Poderia te ter dito antes de fazer aquilo que fiz qual a razão. Poderia te ter dito apenas uma palavra. Poderia. Apenas uma palavra. Desejo. Vingança. Ciúmes. Os teus olhos a apagarem-se. Os teus olhos enormes a apagarem-se todos os dias e todas as noites. Duas consonantes a apagarem-se. A transferirem-se dos teus olhos para os meus. Com vogais em cada lágrima. Já me resignei. Tive que o fazer. Mas se, por acaso, me tivesses dito, cara-a-cara, honestamente, que tudo não tinha passado de um devaneio. Se, por acaso, me tivesses dito que gostarias de deixar tudo no passado. E havia tantas coisas que eu te poderia ter dito. Mas nada. Nem uma palavra. Nada. Não me disseste nada. Nem uma palavra. Nada. As consonantes nos teus olhos e as vogais das tuas lágrimas não foram mais que sons. Ainda me lembro de me estares a apertar o braço naquela tarde de primavera enquanto as minhas mãos tocavam piano no teu pescoço. Os teus olhos aflitos. Ainda me lembro de me teres dito que querias ser minha amiga. Mas, na verdade, simplesmente não podia fazê-lo. Aquela tarde…
Talvez seja melhor não desejar que alguma coisa fosse diferente. Aconteceu aquilo que tinha que acontecer. Se estivesses viva e se tivéssemos ficado juntos talvez continuasses desapontada. Talvez te tivesses transformado numa aborrecida trabalhadora de escritório com aparência cansada. Talvez te tivesses tornado numa mãe frustrada a gritar com os filhos. Talvez nem sequer tivéssemos algo em comum para falar. Esta é a possibilidade mais real. E eu, por outro lado, perderia algo precioso que guardei todos estes anos. A imagem dos teus olhos enormes em lamento. Duas consonantes que estenderam a ideia de que o amor é para sempre. Até que a morte nos separe. Se houvesse outra possibilidade teria que ser para sempre. Mas não, eu tinha certeza de que não seria assim. Intrépidos movimentos perdidos num desvario de temperamento. Uma determinação que o tempo poderia ter desgastado. Aquela viagem foi para me dizeres que era o fim. Lembro-me daquela palavra. Amantes. Uma palavra que não sei o que significa mais. Ambos insanamente apaixonados.
Talvez isto seja agora apenas a minha imaginação. Talvez esta viúva seja um fantasma. Talvez seja um sonho mau. Aquela pintura com aquela árvore de ameixa. Reconheço-a. Uma pintura com pigmentos minerais, fortemente sobrepostos, com a árvore um pouco abaixo e à esquerda do centro da imagem. O estranho espaço luminoso dessa porção sobreposta. Essa pintura estava no nosso quarto. Como aparece ela aqui nesta sala? Sabes que sempre a detestei. Esta pintura quase sem ramos, nem tronco. Deixa-me olhar apenas para aquela última flor de ameixa. Uma flor com duas pétalas vermelhas e duas pétalas brancas. Cada uma das pétalas vermelhas foi pintada numa estranha combinação de tons claros e escuros de vermelho.
“Notícia de Última Hora! A polícia prendeu um homem de 23 anos suspeito de estar ligado aos assassinatos das mulheres. O suspeito estava num bar a causar desordem quando terá confessado ser o responsável. A polícia foi chamada ao local e o homem foi levado para interrogações.”

16 Mar 2016

Thiago Pethit – “1992”

“1992”

Se você quiser me encontrar
Na noite mais escura
Eu estarei na rua
Como um rebelde noir
Com minha calça gasta
Enquanto o sol se afasta

Eu sei que assim como eu
Você faz do escuro seu lugar seguro
Venha como você quiser
E seja como é, um anti-herói qualquer

I still smell beer and leather
Running under your sweater
C’mon c’mon
como quiser
C’mon c’mon como você é

Venha se esconder por aqui
E só sair com a lua correndo no rua
I’ve got lust for youth
C’mon c’mon
como quiser
C’mon c’mon como você é
C’mon c’mon c’mon c’mon come on

Thiago Pethit

16 Mar 2016

Cristina Branco, fadista : “O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa”

Esteve em Macau para um concerto onde mostrou o Fado bem português, ao lado de Mário Laginha. Convidada do Rota das Letras, Cristina Branco fala do percurso marcante da literatura na sua vida, de ser mulher e do sentimento único de ser fadista

De estudante de Comunicação Social à música e, mais concretamente, ao Fado. Como é que este caminho aconteceu?

Foi tudo muito rápido. De facto, era estudante de Comunicação Social e em determinado momento comecei a interessar-me pelo Fado. Pela música já era muito interessada, já ouvia imenso Zeca Afonso, Chico Buarque, os brasileiros… muito jazz, muito blues. Gostava muito de cantar, mas para mim, claro. Estava tudo lá, apesar de nunca ter imaginado ser cantora na minha vida. A determinada altura surge um convite para ir ouvir uma noite de fados, fui porque na altura estava a descobrir, não o Fado, mas a voz da Amália Rodrigues, porque o meu avô me tinha dado um disco [dela] pelo qual me apaixonei. E fui pela curiosidade de ouvir o som das guitarras ao vivo. Alguém perguntou se podia cantar. Eu cantei e fiquei completamente rendida àquela magia. De facto, sempre que o fado acontece e há aquela empatia com o público, há qualquer coisa ali. Ainda no outro dia, alguém em França me disse isso: há um misticismo que se passa naquela relação dos instrumentos com a voz, da voz com o público, há uma empatia muito grande. Há coisas que não se explicam e foi assim que comecei. Na verdade, todo o meu trabalho de fim de curso foi sempre à volta da música, com o ritmo, com a interpretação…

Está aqui no âmbito do Rota das Letras, mas também na sua carreira a literatura está muito presente.
Sempre gostei muito de literatura, gosto muito de literatura portuguesa, gosto muito escrever e acima de tudo gosto da Língua Portuguesa. Tenho a certeza de que de cada vez que se pega num poema em Língua Portuguesa, um poema de um autor que seja menos conhecido, só pelo facto de ser cantado passa para um público muito mais vasto. Pessoas que se calhar não conhecem determinado autor passam a conhecer, pelo simples facto de alguém o cantar. Porque a música é mais imediata, porque há pessoas que não lêem mas ouvem música. Há uma série de condicionantes para que isso aconteça, portanto a literatura entra por aí e por um gosto especial. Na minha casa sempre houve muitos livros, portanto também faz parte da minha educação.

cristina branco Criou personagens para o álbum “Alegria”. Como é que surgiu esta ideia, normalmente também tão associada à literatura?
A intenção não era que fosse um disco exclusivamente virado para a literatura mas no fundo são todos um bocadinho, porque vou sempre pedir [letras] a autores. Os meus discos têm uma vertente muito literária porque eu peço-as a muitos escritores portugueses. No caso do “Alegria” foi talvez mais específico, porque é uma leitura feita por mim antes dos autores. Construi as personagens, fui eu que lhes fiz o BI, disse o que é que elas faziam, como é que se chamavam, de onde vinham e para onde iam, quais eram os sonhos e as angústias e depois dei cada uma aos seus autores e pedi-lhes que escrevessem um poema à volta daquela pessoa. No fundo era criar quase um livro sonoro.

A sua carreira é recheada de colaborações. Como é que funciona este processo?
É por empatia acho. E isso acontece quando se gosta muito de determinado autor. As coisas têm que acontecer de forma espontânea e, no caso do Mário [Laginha], uma vez que vamos estar com ele, também foi assim. Trabalhamos na mesma companhia, com a mesma gente, e as coisas acabaram por acontecer naturalmente. A primeira vez que o Mário colaborou comigo foi com “Margarida” que o Camané também gravou e cantou. Na verdade o tema foi feito para o Camané, mas fui eu a primeira pessoa que o gravou. Perguntei se o Mário gostava de fazer uma música para mim e ele disse ‘olha porque é que não tentas o ‘Margarida’?’ Por acaso, não tenho certeza se foi assim que começou, mas depois fomos fazendo mais coisas. O Mário entra nos meus discos com várias composições. Acontece sempre por acaso, não é uma coisa premeditada. Não acredito na premeditação.


O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa?
O Fado só pode ser cantado na Língua Portuguesa porque é Português.
Só se canta em Português porque é uma língua que surge naquele país e é a música certa para se cantar naquela língua. Ao cantarmos noutra língua estaremos a descaracterizar aquilo que é o Fado e, se é suposto termos algo que é nosso, o Fado será certamente uma dessas coisas. Não é que não haja uma tentativa de apropriação, antes pelo contrário, até acho que é um privilégio ver que pessoas de outras culturas cantam o Fado. Mas tenho a certeza que essas pessoas vão cantar o Fado na Língua Portuguesa e não nas suas. Porque isso não seria Fado. Não que também não cante noutras línguas, ou o faça com a guitarra portuguesa, mas interpretar uma música noutra língua com guitarra portuguesa é uma música noutra língua interpretada com guitarra portuguesa. Fado, Fado é em Português.
A Cristina tem uma carreira internacional. Como é que acha que os ouvintes que não entendem a Língua Portuguesa percepcionam o fado?

As pessoas não percebem Português e acontecem várias coisas nesse processo. Existem pessoas que desconhecem a Língua Portuguesa e de repente se apaixonam e querem saber mais só porque ouviram Fado, outras já conhecem a língua e descobrem o Fado pelo gosto que têm pela língua. Existem várias formas de chegar a uma convergência, que é o Fado.

Cantar no Oriente é muito diferente do Ocidente?

Cantar não, porque estamos a fazer o que sabemos fazer. Mas é diferente. Aqui há uma delicadeza qualquer que não se explica, é tudo muito diferente. Repare neste facto: temos que enviar rigorosamente o nosso repertório para que seja traduzido ao mínimo detalhe, o que impossibilita que possamos fazer alterações ao programa. Isso condiciona tudo, muda tudo. E depois a forma como as pessoas ouvem e o respeito imenso por aquilo que estamos a fazer. Ao deixar cair a última nota, às vezes não sabem muito bem como é que é, onde reagir, como é que fazemos. Batemos palmas agora, ou batemos palmas depois? Nota-se uma certa tensão que é positiva. Acho que há um carinho especial neste género de público quando ouve a nossa música.

Vem aí um novo álbum, “Menina”. Qual a expectativa?

Acho que é grande. Acho que o último disco é sempre o mais maduro, pelo menos do meu ponto de vista. Não consigo fazer um disco sem que tenha algo para dizer. Nunca aparece um disco que seja só uma imposição editorial. É mesmo porque tem que ser e, normalmente, são discos que marcam períodos importantes da minha vida. A minha história. O “Menina” é um disco que fala de mulheres. O disco fala de uma mulher que ao chegar a determinada idade, e de ter passado por vários estágios na sua vida, consegue concluir que está de bem com o que aconteceu. “Menina” é também “meninas”, “menina” é várias mulheres também em Português, é a “menina” solteira, é a “menina” prostituta. Na verdade, chamamos a tudo “menina”.

Este disco pode ser um auto-retrato, portanto.

Acho que é uma homenagem à condição feminina, sendo eu profundamente feminista.

Feminista, mulher, mãe, cantora. Como é a gestão desta vida de mulher?

É muita coisa. O meu marido costuma dizer que eu consigo abrir e fechar janelas com muita facilidade. A verdade é que quando entro em casa, entro em modo mãe, só e exclusivamente mãe. Não só por mim, mas também por imposição dos meus filhos. Não há cantora, não há artista. Tenho que ser exclusivamente aquilo que eles querem e gosto de o ser. Não gosto de misturar as tintas, mas na verdade, umas coisas entram nas outras necessariamente. A minha atitude enquanto cantora muda a partir do momento em que sou mãe. As coisas acabam por se misturar, é inevitável.

Neste estar em Macau, sente alguma identificação?
Há sempre qualquer coisa, porque a partir do momento em que vamos andando pela rua e há palavras que surgem em Português, há qualquer coisa que desperta de repente e pensamos: como é que é possível? A dada altura da história de um país, termos entrado em meia dúzia de cascas de noz e chegado a sítios tão longe… isso impressiona nesse sentido. Depois acho que somos sobejamente diferentes para percebermos que estamos a fazer com que haja uma afirmação da Língua Portuguesa e da cultura portuguesa num território que já se afastou de nós. E afastou-se tanto que a língua já só reside apenas em monumentos. O que acho que talvez seja menos correcto é que a língua não seja mais falada, não se ouça mais pela rua, ou que não existam mais referências à Língua Portuguesa. Passou também a ser um monumento.

15 Mar 2016

UM | Conferência sobre tecnologia com Rui Martins

Rui Martins orienta, na próxima quarta-feira, uma conferência sobre a evolução do Laboratório de Referência do Estado de Sinais Análogos e Mistos VLSI da Universidade de Macau (UM). Na conferência, o professor irá abordar a história do laboratório desde a sua criação há 20 anos, até aos dias de hoje, onde se assume como um dos principais laboratórios da especialidade na China. Em discussão, também a sua afirmação no mundo competitivo da electrónica de ponta.
Os Laboratórios de Referência do Estado são uma iniciativa do Governo Chinês que surgiu durante o período da política de abertura do início dos anos 80. Estabelecidos em 1984, estes laboratórios têm como premissa permitirem aos cientistas e académicos mais reputados do país conduzirem investigações nas mais diversas áreas para apoiarem o desenvolvimento tecnológico e económico do pais. 
Rui Martins é vice-reitor da UM e ganhou reconhecimento internacional por via das suas conquistas ao longo dos anos na área da microelectrónica, tendo chegado à instituição em 1992. Recentemente, foi eleito por unanimidade como Membro Correspondente da Academia Portuguesa de Ciências.
A conferência acontece amanhã, pelas 17h00 no Edifício de Investigação da UM. As entradas serão gratuitas mas requerem inscrição prévia no site da instituição.

15 Mar 2016

Portugal | Casa de Macau celebra 50 anos e pede testemunhos

A Casa de Macau em Portugal festeja 50 anos e, para comemorar a efeméride, vai lançar um livro que relata os principais acontecimentos desde a sua fundação em 1966. Por isso, se souber de histórias que se enquadrem neste percurso de meio centenário da Casa, ou se tiver fotografias é convidado a enviar-lhes o seu testemunho. Para efeito, pode mandar um texto até 500 palavras e ainda juntar fotos ou outros documentos que entender relevantes para a história da CMP.

15 Mar 2016

Capacidade financeira de Macau “é estável”

Uma nota da agência de notação Fitch Rattings indica que “a capacidade financeira de RAEM é estável, o estado das receitas e despesas é positivo, o enquadramento da política é estável e o PIB per capita é comparativamente elevado”. Assim, Macau continua com a notação de crédito de AA-, com “perspectivas de estabilidade no futuro”. Contudo, a agência Moody’s Investors Service colocou Macau no grau de Aa2, na lista de observação associada à “downgrade review”, ontem, sendo que em três meses irá tomar uma decisão final.
Num comunicado à imprensa, a Autoridade Monetária de Macau (AMM) indicou que actualmente “as finanças públicas e a situação financeira de Macau são muito estáveis”. Estável está também o mercado de emprego, continuando a taxa de desemprego a situar-se em níveis inferiores a 2,0%. “Relativamente ao sector bancário, em 2015, os lucros após impostos e a dimensão dos activos foram marcados por recorde histórico, com aumentos de 16,3% e 14,2%, correspondendo respectivamente ao valor de 12,8 mil milhões de patacas e 134,08 mil milhões de patacas”, descreveu ainda o organismo.

14 Mar 2016

Futebol | CPK, 0 – Benfica, 2

Para o Benfica, qualquer que fosse o resultado resultava no primeiro lugar. Já o CPK precisava de pontos para colar-se à liderança. Calhou ao Benfica ganhar mas também fez mais por isso. Mas não muito mais. Um jogo aborrecido quase sem remates à baliza. Os que foram deram golo

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi um jogo de meio campo, com várias picardias e com ambos os guarda-redes praticamente como espectadores. A melhor notícia foi o relvado: muito melhor do que ambas as equipas estavam habituadas, agora que o campeonato se mudou para o Estádio de Macau. Pesado devido à chuva, e nda ter aprentemente no campo. redes como espectadores.lo. om grande qualidade que sep osicionam por seu lado ia gritando té certo, mas com relva algo que há muito não se vê para as bandas do MUST.
Quatro minutos e meio passados, e saía o primeiro canto da partida para o Benfica mas sem consequências dignas de nota. Os encarnados começaram mais agressivos, com um futebol mais apoiado, mais posse bola mas sem efeitos práticos pois o CPK estava claramente disposto a fazer-lhes a vida difícil sempre bem posicionado no campo. Oportunidades dignas de nota, zero… para ambos os lados. 
Sensivelmente a partir dos 20 minutos de jogo a bola esteve praticamente sempre no meio campo defensivo do CPK mas, apesar disso, o Benfica não conseguia incomodar Domingos Chan, o histórico guarda-redes do CPK. 
Aos 29 minutos, uma falta feia de Lo Chin Fong sobre Iuri que se tentava escapulir pelo corredor direito terá sido dos momentos mais emocionantes do período. Domingos Chan apenas fez a primeira defesa à meia hora de jogo em resposta a um remate frouxo de Niki, na pequena área, depois de uma jogada de certo envolvimento do ataque do Benfica com vários remates a embater na defesa do CPK.
O primeiro remate do CPK deu-se por volta dos 38 minutos e por intermédio de Lo Chin Fong após uma desatenção da equipa do Benfica que permitiu o contra-ataque da equipa vestida de negro. O remate viria a sair ao lado.

Cuco acorda o estádio ao minuto 96
O Benfica começou logo por tentar mudar as coisas ao intervalo com a entrada de Alison Brito para o lugar de Iuri mas continuava tudo igual à primeira parte até que, ao minuto 53, o Benfica finalmente inaugurou o marcador, numa daquelas jogadas onde pouco o faria esperar. Um bom primeiro remate, precisamente de Alison, Domingos fez uma defesa incompleta com a bola a ressaltar para Niki que conseguiu coloc2, 0 – Benfica,o dirieto rra do golo num belo es. algum tempo atlo que ns parecia ndor do Benfica, por seu lado ia gritando tá-la por debaixo do guarda-redes que ficou muito mal na fotografia ao denotar alguma passividade no lance. 
O golo teve o mérito de dar alguma genica à equipa do CPK mas o guarda-redes do Benfica continuava a ser um espectador. O treinador do Benfica, por seu lado, ia gritando à equipa para insistir na pressão, dizendo aos seus jogadores para não deixarem o CPK  sair a jogar. O jogo continuava embrulhado ao meio campo e, nas bancadas, ouvia-se quem pedisse aos jogadores que rematassem à baliza mas os apelos caiam em saco roto. O CPK raramente passava do meio do meio campo do Benfica e as águias de Macau, apesar de normalmente instaladas no meio campo adversário, continuavam a não chegar à baliza.
De parte a parte, muitos jogadores iam caindo por terra e o jogo era interrompido com frequência. Numa dessas vezes até a equipa da Cruz Vermelha demorou em aparecer, talvez anestesiada pelo que não se passava no relvado ficando o jogo parado durante algum tempo até que a maca finalmente surgiu para assistir Niki que acabaria por ser substituído por lesão. As interrupções obrigaram o árbitro a dar seis minutos de tempo extra, numa fase em que já se registavam muitas picardias entre os jogadores. Mesmo no final do jogo, e quando já nada o fazia esperar, depois de muitas discussões, o Benfica viria a marcar o segundo golo na sequência de um pontapé de canto do lado direito. Cuco, o número 10 do Benfica, aproveitou bem a sobra da bola para a entrada da área e rematou forte, de primeira, sem hipóteses para Domingos Chan, apesar daquela ainda ter aparentemente deflectido num jogador do CPK. E o estádio acordou. E o jogo acabou.

Paulo Conde, treinador do CPK – “O Benfica ainda não pode cantar vitória”

O treinador do CPK confessou que “era um jogo contra os campeões de Macau” e por isso não foi fácil para eles. Todavia, garantiu que “não viemos para este jogo para defender.” Em relação à sua equipa, atenta que “é bastante jovem” mas garante que ainda tem uma palavra a dizer na segunda volta. Em relação ao jogo considera que “o Benfica tem uma equipa excelente mas não pensem que podem cantar vitória”. De qualquer forma, acha que “a vitória do Benfica é justa, pois eles têm uma equipa bem forte, com um bom banco”.

Henrique Nunes, Treinador do Benfica – “Estas vitórias sabem melhor”

O treinador encarnado estava visivelmente feliz após o encontro pois, como adiantou, “estas vitórias contra o Ka I e o CPK, porque são adversários directos sabem melhor”. Em relação ao jogo, Henrique Nunes acha que foram a melhor equipa em campo e a que procurou mais o golo. “Fomos uns vencedores justos”, disse, explicando ainda que “não foi fácil porque são equipas que trabalham tão bem como nós, com jogadores de grande qualidade e que se posicionam bem no campo”.

14 Mar 2016

China |Empresas estrangeiras proibidas de publicar na Internet

Uma normativa que entrou ontem em vigor na China proíbe as empresas estrangeiras de publicarem conteúdo na Internet chinesa, em mais um esforço de Pequim para controlar aquele que ainda é considerado o espaço mais livre do país.
O novo documento, designado “regulamento para a gestão dos serviços publicitários online”, obriga ainda as empresas chinesas com capitais estrangeiros a obterem a aprovação das autoridades antes de difundir conteúdos no espaço cibernético chinês.
A medida, abrangerá sobretudo as “indústrias criativas” de jogos, animação, banda desenhada e gravações de áudio ou vídeo, mas também livros, jornais e revistas, segundo o jornal oficial Global Times.
A regulamentação anterior, que data de 2002, permitia às empresas estrangeiras difundir conteúdo “criativo” directamente no espaço cibernético.
As alterações tinham sido já anunciadas, no ano passado, pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), o organismo ministerial chinês encarregue do planeamento económico, e o próprio Ministério do Comércio.

Valores socialistas

Os conteúdos online deverão, a partir de agora, “promover valores socialistas essenciais” e “transmitir princípios morais que sirvam para melhorar o país e promover o desenvolvimento económico”, detalha o Global Times.
“A proibição do investimento estrangeiro em serviços de publicação ‘online’ destina-se a proteger a segurança ideológica e cultural da nação”, disse àquele jornal Wang Sixin, professor na Universidade de Comunicação da China.
“Ajudará também a prevenir que a nossa cultura seja influenciada por culturas estrangeiras”, acrescentou.
Na quarta-feira, as contas oficiais do jornal do South China Morning Post nas principais redes sociais chinesas – Sina Weibo, Tencent Weibo e Wechat – foram encerradas.

Solo nacional

A população online da China atingiu os 688 milhões de pessoas em 2015, mas Pequim esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”.
Aquele mecanismo censura sítios como o Facebook, Youtube e Google. Nos últimos anos, foi aperfeiçoado, bloqueando selectivamente páginas com termos “sensíveis” em vez de uma censura integral do site.
Desde que Xi subiu ao poder, em 2012, uma lei de segurança nacional que visa “a protecção da soberania do espaço cibernético” foi aprovada, enquanto as autoridades têm vindo a reforçar a monitorização da rede.
Em Fevereiro passado, ao discursar na Conferência Mundial sobre a Internet em Wuzhen (leste da China), o Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que cada país deve controlar a sua própria Internet, uma vez que “liberdade e ordem” devem andar de mãos dadas na rede.

11 Mar 2016

China | Inflação cresce 2,3% em Fevereiro

O Índice de Preços no Consumidor da China (IPC), um dos principais indicadores da inflação, subiu para 2,3% em Fevereiro, face ao mesmo mês do ano passado, segundo anunciou o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país.
Trata-se do maior aumento em quase dois anos e supera a projecção de 1,8%, avançada pela agência financeira Bloomberg.
O preço dos alimentos disparou durante o período do Ano Novo Lunar, com os preços da carne de porco e dos vegetais a subirem 25,4% e 30,6%, respectivamente.
No mesmo período, o Índice de Preços ao Produtor caiu 4,9%, em termos homólogos, uma ligeira recuperação face à queda de 5,3% registada em Janeiro.
A subida nos preços dos alimentos é ainda justificada pelas sucessivas vagas de frio que atingiram grande parte da China em Fevereiro, assume o analista do GNE, Yu Qiumei, em comunicado.
“Tempestades de vento, queda da temperatura, chuva e nevões, em meados de Fevereiro, afectaram a produção e transporte de vegetais frescos”, justificou Yu, detalhando que os preços dos vegetais avançaram 29,9% face a Janeiro, a maior subida desde Março de 2008.
A escassez de pessoal em alguns sectores, durante aquele período, contribuiu também para o aumento dos preços, explicou Yu.
Os preços no sector dos transportes e nos locais turísticos registaram também uma subida acentuada, reflectindo o aumento da procura durante o Ano Novo Chinês.

Sinal mais

É o 48.º mês consecutivo em que o principal indicador da inflação no sector grossista regista uma queda, reflectindo o impacto do excesso de produção que afecta grande parte do sector secundário chinês.
Uma inflação moderada pode beneficiar o consumo, estimulando os consumidores a comprarem na expectativa que os preços subirão, enquanto uma queda encoraja os clientes e empresas a adiarem as encomendas.
O aumento da inflação constitui, por isso, um sinal positivo para a economia chinesa, que cresceu no ano passado ao ritmo mais lento do último quarto de século (6,9%).
Pequim está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando um maior ênfase no consumo, em detrimento do investimento em grande obras públicas ou exportações.

11 Mar 2016

Daniel Pires lança Dicionário Cronológico da Imprensa Periódica de Macau

[dropcap]O[/dropcap] investigador português Daniel Pires apresenta, no dia 15, o “Dicionário Cronológico da Imprensa Periódica de Macau do Século XIX (1822-1900)”, um trabalho iniciado há 26 anos e que se debruça sobre uma “fundamental fonte histórica”. Cerca de 80 periódicos – a maioria em Português, mas também alguns em Inglês – foram publicados ao longo do século XIX em Macau, abrindo uma janela para a “sociedade, economia, política, educação” da época, considera Pires, que participa no Rota das Letras.

Estes jornais eram importantes pela informação comercial que disponibilizavam numa cidade cuja principal função era ser um entreposto comercial. “As pessoas precisavam de saber que vinha aí a seda, quanto custava o metro, tinham de saber os câmbios, as datas de chegada e partida dos barcos”, explicou à Lusa.

Eram também jornais marcadamente políticos – divididos entre os da oposição e do Governo – apesar da forte censura.
“Mesmo quando não havia censura em Portugal, a censura aqui existia. Era uma cidade pequena, não tinha Taipa e Coloane, era a foz do Rio das Pérolas e acabou. Imagine-se o que era em termos de lutas, conflitos de interesses.”

Os conflitos “resolviam-se com uma repressão forte”, que tinha a censura como aspecto fundamental mas também outros: “As pessoas que não obedeciam eram espancadas, enviadas para o degredo, Timor”. Esse foi o destino de alguns “jornalistas de grandíssimo valor e grandíssima coragem” que “fizeram frente ao poder discricionário”, como foi o caso do médico Francisco da Silva Magalhães, director do Gazeta de Macau.

“Era um idealista, queria participar na construção da sociedade e era crítico – ser crítico nesta altura pagava-se caro, foram dois anos de castigo no degredo em Timor”, disse, lembrando um homem “muitíssimo inovador a vários níveis”.

Ser jornalista em Macau no século XIX “não era fácil” e a pressão surgia de todos os lados. “Havia formas de dissuadir. Dizia-se ‘És director do jornal, cuidado com o que escreves ou o teu filho pode não ter emprego’”, exemplificou Pires.

Passado marcado

Entre os temas mais recorrentes nos periódicos da época, o investigador salientou, além do comércio, a relação entre portugueses e chineses – “uma relação difícil” –, a luta entre o Leal Senado [câmara] e o governador, a Guerra do Ópio e o tráfico de cules, emigrantes chineses que vinham para Macau e eram depois enviados para trabalhar na América Latina, “eram contratados, com mentiras à mistura, na China”.

“Em Macau era-lhes dado um passaporte português, tornavam-se cidadãos portugueses sem saberem contar até três, e depois eram levados para o Peru e para Cuba, onde eram exploradíssimos. A primeira coisa que lhes faziam era retirar o passaporte”, contou.

Para o investigador, que viveu três anos em Macau e publicou obras relacionadas com Camilo Pessanha, Wenceslau de Moraes e Bocage, “os jornais são absolutamente fundamentais como fonte histórica, talvez até sejam a principal fonte”.

“Pode ter havido uma censura tal que as pessoas estivessem amordaçadas e houve muitos momentos em que estiveram, mas ali está tudo o que foi possível publicar”, conclui.

O “Dicionário Cronológico da Imprensa Periódica de Macau do Século XIX (1822-1900)”, editado pelo Instituto Cultural de Macau, é lançado no dia 15 pelas 18h30, na Academia Jao Tsung-I.

11 Mar 2016

Privilégios em Coloane

Mário Duarte Duque

A regra que protege os terrenos na Ilha de Coloane localizados a acima da cota 80 medida ao nível médio do mar é uma regra insipiente e avulsa que remonta a 1992, a qual movida em âmbito histórico e cultural, mas sem participação de especialidade ambiental ou de pressão em dar resposta a isso.
Por isso, a regra serve de resguardo mas não serve para administrar esse território natural.
Volvidos mais de 20 anos, a manutenção da mesma regra só pressupõe que nada houve a acrescentar à definição daquele território ou ao conhecimento do que ali existe e que é diferenciador.
A paisagem natural resulta dos chamados “caprichos da natureza” e não se entende, nem se define, na mesma forma sistemática em que é possível definir a paisagem urbana.
Enquanto num edifício se admitem definições do tipo de até determinado andar a finalidade poder ser comércio, por exemplo, e acima desse andar poder ser habitação, por exemplo, na paisagem natural a diferenciação já não se processa na mesma maneira, porque está longe de poder ser homogénea altimetricamente.
A paisagem natural caracteriza-se por relevos e por vegetação diferenciada, pontos conspícuos, uns naturais, outros já construídos, e por atributos de enquadramento visual.
Na cultura da região, não é por acaso que as sugestões morfológicas do relevo natural são muitas vezes origem de santuários ou de mitos.
A prova de que essa regra altimétrica não serve a totalidade dos recursos ambientais e paisagísticos na ilha de Coloane reside também no facto de que dela se excluiu a cota 0.00, que numa ilha corresponde exactamente à frente de mar e a lugares que tanto são de notáveis atributos paisagísticos, como são de vulnerabilidade acrescida.
Por isso, a regra de resguardo, apenas acima dos 80 m de altitude, só pode ser entendida como medida cautelar enquanto melhor definição de especialidade esteja em preparação. Não serve para antecipar intervenções de grande impacto, nem serve de confiança para adiar melhor definição.
Por outro lado, se a vocação da ilha de Coloane não é de santuário natural, e se se admite que a fruição de uma paisagem natural seja por via da construção de infraestruturas, as mesmas devem ser criteriosas, e dificilmente serão em número suficiente para atender exclusivamente todos os promotores interessados.
Por isso, nesses lugares, o equilíbrio reside na possibilidade de essas infraestruturas serem de iniciativa pública, por se tratar de recursos demasiado limitados para serem alienados a particulares, em exclusividade ou em permanência.
E tanto que assim é que quando a ilha de Coloane foi recentemente palco de uma iniciativa habitação pública em grande escala, em Siac Pai Van, cujo impacto paisagístico está longe de ser pequeno, essa iniciativa não foi objecto da mesma polémica que hoje envolve o lote adjudicado ao empresário Sio Tak Hong, e a isso não é estranho o facto de a iniciativa e as contrapartidas em Siac Pai Van terem sido públicas.
Já a polémica em torno da construção em altura é outro mito recorrente. A construção faz-se em altura sempre que é necessário ser distinguida, avistada, atingir um ponto geográfico alto ou assegurar o máximo de utilização, com o mínimo de afectação de solo.
As obrigações que recaem na construção em altura resultam do facto de ser uma presença conspícua. Por isso, a posição de uma torre deve ser criteriosa, e não deve prescindir de atributos visuais e estéticos no seu desenho. Tanto que assim é que, quando viajamos, torres de igreja, de televisão e faróis, todas chamam a nossa atenção e merecem a nossa admiração.
Nessas construções paira também um sentido elitista, seja de recursos de engenho, seja de recursos financeiros, e também não é por acaso que as torres exprimem o prestígio de quem teve a iniciativa de as construir ou, no caso dos edifícios civis, o prestígio de quem lá mora.
Enquanto lugar, as torres são por vezes também expressão do lado miserável do egotismo da condição humana. Daí as expressões “torre de marfim” e “torre de babel”, ou a letra de “sittin’ on the top of the world” ou de “down in the depths of the 90th floor”.
A torre já significa perigo eminente, senão destruição, enquanto expressão de ambições desmesuradas, construídas sobre falsas premissas, tal como na carta XVI do Tarô.
Quando as torres deixam de ser elegantes e passam a ser gordas, ou todos os edifícios passam a ser torres, os atributos das torres extinguem-se e todos esses edifícios passam a parecer uma mole indistinta de edifícios altos.
Quando nessa mole de construções todas as torres são icónicas, as mesmas acabam por sucumbir na indiferença ao ruído urbano.

11 Mar 2016

Miguel Rosa Duque: “Partilhar conhecimentos é essencial e um prazer”

Miguel tem 39 anos, nasceu em Macau, é mestre em Design de Ambientes Virtuais pela Universidade de São José e bacharel em Multimédia (Artes) da Curtin University em Perth, Austrália. Foi para lá em 1999 após terminar o liceu em Macau pois, por estes lados, não existia qualquer oferta de formação na área da multimédia como ele pretendia.
Considera-se um escultor digital, que define como “uma forma de arte e um meio de exprimir a imaginação por via da tecnologia”. Para além disso, atenta que é uma actividade que lhe permite “trabalhar de maneira aleatória dando forma a várias [ideias] e pensamentos”.
Uma especialidade que, para além da aplicação na indústria cinematográfica pode, inclusivamente, gerar outras áreas de negócio: “imagina produzir a tua imagem num ambiente virtual e depois imprimi-la em 3D. Ficas com um bonequinho que és tu.” Produzir retratos realistas de pessoas em 3D é mesmo uma paixão “porque é um grande desafio”, considera. “Há inúmeros detalhes a que precisamos de ter atenção. E conseguir fazer algo em que a pessoas se reconhecem é um gozo”, garante.
Teve mesmo dois trabalhos em 3D que foram publicados em dois números diferentes da 3D Artist Magazine, uma revista britânica de impacto no sector. Eram elas “Alien Cherokee” e “Captain Beleza”.
Actualmente, trabalha como Director Criativo na Hogo Digital onde gere uma equipa de mais três designers, dedicando-se, não só mas especialmente, à produção de websites – uma actividade a que se dedica há 22 anos e na qual se especializou. Um sector que o jovem entende necessitar muito de evoluir em Macau, especialmente no que se refere à usabilidade e acessibilidade dos sítios, considerando que grande parte dos existentes têm graves lacunas a esse nível.
Para Miguel, facilitaria o trabalho de mudança de consciências para a necessidade de comunicar melhor se o Governo tivesse mais cuidado com os seus próprios sítios. “Vamo-nos deixar de bonecadas”, diz Miguel, “porque um website do Governo é feito para adultos, para informar e deve preocupar-se mais com a estrutura, com a forma, com a navegação e menos com decorações acessórias e ridículas”, explica. Um assunto, aliás, que na sua opinião, daria para um grande debate.

Daqui para Hollywood? Não

Trabalhar em Hollywood na produção de objectos digitais para cinema, “podia ser uma hipótese mas apenas como experiência”, diz Miguel Duque, porque o que gosta mesmo é de ensinar “e fazer pesquisa”, garante.
Foi professor durante quase cinco anos no Politécnico. Dava aulas nocturnas, em part-time, porque ainda não tinha o doutoramento, algo em que está realmente focado agora, inscrito no curso de Comunicação, com especialização em Negócios Online e Redes Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau.
“Gosto é de dar aulas e espero fazê-lo a tempo inteiro”, confessa-nos. Para Miguel “partilhar conhecimentos é essencial e um prazer”. Além disso, como apaixonado pela pesquisa, foca-se na área das tendências do design no mundo online e em formas de comunicação tanto a nível pessoal e de relacionamentos como de negócio. Na experiência que teve como professor ficou a achar que “apenas uma mão cheia dos alunos sabe o que quer”. Para Miguel Duque “há uma falta de foco” na maioria dos aprendizes de designer, algo que desconfia estender-se também um pouco aos jovens de Macau em geral.

Quem sou

A mãe é de Santarém, o pai de cá… “macaense como eu, mistura”, explica Miguel, referindo ainda origens escocesas e, claro, chinesas, o que nos leva a pensar num dos assuntos do dia: a identidade macaense. Miguel enfrenta o debate de uma forma desassombrada dizendo: “nós estamos em vias de extinção porque o que faz o macaense é a fusão do chinês com o português e isso hoje acontece menos”, explica.
A extinção acontece “porque os portugueses já não olham tanto para os chineses de Macau, mas sim para os orientais de uma forma geral, de Taiwan à Tailândia”, diz Miguel.
Os porquês dessa realidade, ele atribui-os à mudança da sociedade de Macau que “tornou-se muito materialista”, diz, e talvez daí as razões de procurar amor noutras paragens.
Orgulhoso dos seus dois filhos – “tenho uma filha linda de 11 anos, em Inglaterra, de mãe inglesa e o meu chinoquinha, como eu lhe chamo, que tem uma mãe sino-americana, que vive cá e vai fazer 6 anos em breve” – Miguel considera que ser pai é uma grande responsabilidade, mas algo difícil em Macau pelo tempo e, especialmente, pelo dinheiro que isso requer. As questões económicas são mesmo a grande razão pela qual não pensa em ter mais filhos.
“É muito caro e as casas estão pela hora da morte”, diz-nos, adiantando que “ou o Governo se mete no meio ou estamos todos tramados com os preços das casas porque a tendência parece ser só subir”.
O que nos leva à sua opinião sobre viver por aqui. Macau, confessa-nos, é para si “o pior sítio para se começar uma família”. Para além do preço das habitações, a falta de espaços verdes “essenciais para que as crianças se liguem à Natureza” e a poluição do ar, que considera ser “do pior”, são factores decisivos para a sua opinião. “Agora até querem acabar com Coloane”, lamenta-se.
Mas nem tudo é mau, considerando que a grande vantagem de Macau “é ser pequeno” pois isso permite mais tempo para a família e amigos. Além disso, define a terra como um verdadeiro hub que permite partir para lugares completamente diferentes em muito pouco tempo e com viagens a preços acessíveis. “Essa é mesmo a maior vantagem de Macau”, garante.

11 Mar 2016

Director da PJ não sabe se subcomissário está em segurança

O director da Polícia Judiciária (PJ) disse ontem não “ter quaisquer informações sobre a segurança” do subcomissário Iao, dado como desaparecido desde o dia 28 de Fevereiro. Questionado pelos jornalistas sobre o caso deste agente, Chau Wai Kuong recusou divulgar mais informações do que aquelas tornadas públicas pelo Secretário para a Segurança.
“Já foi dito que este indivíduo foi interrogado aqui (…) e como é testemunha não é conveniente revelar mais nada”, respondeu, citado pela rádio Macau, sem esclarecer se o subcomissário Iao saiu do território por livre vontade ou se é uma testemunha-chave no caso dos seis agentes policiais suspeitos de associação criminosa, corrupção passiva e usurpação de funções por terem facilitado entradas ilegais no território.
O director da PJ adiantou, no entanto, estar ainda longe de terminar a investigação ao caso dos agentes, que terão operado em grupo durante quatro anos, com ligação a seitas. No âmbito desta colaboração, os polícias permitiram a entrada e saída ilegal de pessoas da China, que desejavam frequentar casinos, mediante pagamentos.
 

10 Mar 2016

António Aguiar | Presidente da Associação de Patinagem de Macau

A Associação de Patinagem de Macau anda feliz pois tem um pavilhão novo onde praticar. Para trás ficam as más recordações do piso do D. Bosco que servia mais para gerar lesões do que para rodar. Até já conseguem organizar torneios Internacionais, o que vai acontecer de 23 a 27 de Março. Uma conversa com o presidente, António Aguiar, onde ficamos a saber que o hóquei tradicional vive no limite da sobrevivência mas a versão em linha está em plena explosão

Têm um novo quartel general ao que sabemos…
É verdade, depois de muitos anos à espera finalmente temos uma casa para a patinagem – é o antigo pavilhão da Universidade de Macau.

Que vantagens estas novas instalações vão trazer ao desenvolvimento da modalidade?
Em primeiro lugar o piso. O D. Bosco era o pior possível, agora temos um piso próprio. Antes tínhamos imensas lesões por causa disso. Mas era lá que fazíamos tudo, mesmo jogos internacionais. Estávamos confinados ao D. Bosco e isso prejudicava-nos a evolução, as rodas prendiam, os miúdos desanimavam… Por outro lado, temos mais tempo para treinar e organizar competições. No D. Bosco estávamos limitados a quatro dias por semana e duas horas por cada um desses dias. Oito horas por semana para todas as selecções de hóquei, tradicional e em linha. Era manifestamente pouco.

Quantos atletas estão envolvidos nas diversas modalidades?

Cerca de 300 contando com as escolas de patinagem. As escolas onde ensinamos os miúdos a patinar, sobretudo miúdos. Depois seguem para as outras modalidades, hóquei e corrida.

Vão às escolas ensinar?
Sim. Neste momento estamos no Colégio Anglicano, na Escola Portuguesa, onde vamos começar agora, no Yuet Wah e no Colégio D. Bosco.

Com monitores profissionais?
Temos quatro monitores profissionais contratados por nós que trabalham a tempo inteiro para a associação.

Qual é o orçamento anual necessário para gerir todas essas actividades?
Se excluirmos estes eventos extraordinários, como este torneio que aí vem e as deslocações a campeonatos internacionais, o orçamento regular, incluindo pagamento de pessoal, ronda as 800 mil patacas.

Em termos de adesão de novos praticante para a modalidade. Qual é a situação?
Isso é algo que nos satisfaz bastante. Esta associação viveu durante muitos anos exclusivamente do hóquei em patins e houve uma altura, ainda antes de 1999, em que era vista como uma associação quase exclusivamente de portugueses, sem qualquer capacidade de penetração na comunidade chinesa.

Isso mudou entretanto?
Mudou precisamente graças ao hóquei em linha. Por razões que eu não consigo explicar mas que penso ter a ver com o facto de ser muito mais fácil aprender a patinar em linha do que no patim tradicional. Nós estimamos que um miúdo de seis anos que comece a aprender a patinar, se lhe dermos um par de patins em linha, na segunda aula já se consegue manter de pé e andar um pouco, o que não acontece com o patim tradicional.

O hóquei em linha está a destronar o tradicional.
Sim, já destronou.

Porque é que o hóquei tradicional se resume praticamente a Portugal, Espanha, Itália e Argentina?
É a escola. Vem tudo da escola. Em Macau tivemos sempre uma equipa boa de hóquei porque sempre tivemos portugueses na base.

E porque é que os outros países não desenvolvem a modalidade?

Porque não é uma modalidade olímpica.

E acha que alguma vez vai ser?
Não. Experimentou-se uma vez nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 92, como modalidade de exibição e correu muito mal.

Qual foi o problema?

As equipas participantes, especialmente as que referiu, queriam tanto ganhar para serem considerados os primeiros campeões olímpicos que as exibições foram terríveis. Ainda não existiam as regras novas de anti-jogo e houve vários jogos com as equipas a reterem a bola atrás da baliza e a acabarem sem golos. Isso não é normal no hóquei em patins.
É muito difícil tirar a bola a um jogador de hóquei em patins. Não é como no futebol. A técnica é tudo. Um jogador virtuoso e tecnicista, como é o caso de muitos em Portugal, consegue ficar com a bola minutos se assim pretender. Nesta modalidade isso é uma eternidade e foi péssimo para o espectáculo.

Se é mais fácil patinar em linha e temos uma escola de patinagem clássica porque é que Portugal não cresce no hóquei em linha?
Em Portugal não existe. Mesmo. Nem equipa tem. A Espanha tem mas Portugal nunca quis investir nisso. As melhores são as de leste.

Por causa do gelo?

Sim, muitos jogadores jogam no gelo no Inverno e em linha no Verão.

É mesmo muito diferente…
Sim, são modalidades completamente diferentes. Aqui há uns anos fez-se uma experiência: permitir a jogadores praticarem hóquei tradicional com patins em linha. Foi um desastre. É perfeitamente incompatível. Se colocarmos dois jogadores ao lado um do outro, cada com o seu tipo de patins, a correr em direcção a uma bola no outro lado do campo, o de patins em linha chega lá muito antes mas enquanto tenta travar e controlar a bola o de patins clássicos chega e tira-lha. O hóquei em patins é um jogo de técnica pura. Quem não a tiver não consegue jogar. O hóquei em linha é um jogo de força e velocidade. Até porque nem é uma bola. É um puck.

Então se quisermos comparar o número de praticantes em Macau nas duas modalidades? Quem tem mais?

O hóquei em linha, claro. No hóquei em patins jogadores preparados para competir não temos mais de 15. Muito poucos porque a renovação não tem sido feita. E estamos a utilizar jogadores com 40 anos e mais…

E o que vai acontecer? Os campeões asiáticos vão desaparecer?

Nos próximos cinco a seis anos ainda temos garantia de termos equipa.

E trazer jogadores de fora?
Têm de ser residentes para jogar na selecção e isso dificulta.

E se começarem já?
Já tentámos trazer jogadores que depois acumulavam as funções de monitores de patinagem mas não funcionou. Tivemos vários problemas de adaptação e resolvemos não continuar nessa política. Era um esbanjar estúpido de dinheiro.

Qual a solução?
Investir nalguns miúdos da Escola Portuguesa que treinam connosco.

Então isso quer dizer que os campeões asiáticos estão em risco de extinção…

Não! Enquanto cá estiver isso não vai acontecer. Nem que tenha de os ir buscar aos patins em linha (risos). E digo mais: já se colocou essa possibilidade várias vezes e demos sempre a volta. António Aguiar_GLP_16

Como darão a volta?

Com os miúdos. Neste momento, de entre cada dez que temos a aprender a patinar, nove vão para o inline. Mas um em dez já chega. Mantemos é sempre o hóquei em patins no limiar da sobrevivência, ai isso sim. Mas acabar não. Recuso-me liminarmente a utilizar esse termo.

Perspectivas para o próximo campeonato asiático
Renovar o título.

Quais são os principais concorrentes?
O Japão, Taiwan e talvez a Índia. Mas nunca se sabe com a Índia, porque apesar de terem uma base de recrutamento grande, estão sempre a mudar de equipa, sempre a começar de novo. Às vezes aparecem com uma equipa forte, outras vezes não. Acontece sistematicamente.

E como treinam, então?
Entre nós. Tem de ser. Por isso precisamos destes torneios internacionais. Às vezes vamos a torneios fora como fomos a Montreux duas vezes. Mas é de vez em quando. De dois em dois anos, de três em três anos… é esporádico. Nesta zona do mundo não temos com quem jogar. Para melhorarmos o nível de forma consistente temos de treinar com equipas iguais ou mais fortes e todas elas estão muito longe. O centro competitivo do hóquei em patins é a Europa e a América do Sul e isso sai muito caro.

E o hóquei em linha? Quais as perspectivas?
Ir subindo e transformarmo-nos numa equipa com ambições sérias. Começámos há cinco anos e no último mundial, no ano passado, ficámos em 14º lugar entre 18 equipas. Ainda estamos na metade inferior da tabela, o que quer dizer que temos muita margem de progressão. Vamos ver como vai ser o mundial em Itália em Junho deste ano. E o asiático, em Outubro, na China. No último ficámos em 6º entre nove equipas e na Ásia há equipas muito fortes como a China, campeã asiática e Taiwan vice-campeã. E vêm cá todas no nosso torneio da Páscoa, escolhemos equipas que nos podem dar luta, que nos podem ajudar a progredir.

A equipa de hóquei em linha é maioritariamente composta por jogadores chineses?
Todos. Nem um português.

E porque é que os portugueses do hóquei clássico não vão para a modalidade?

Já tentaram. Não dá. Torcem os tornozelos, as técnicas de travagem, de arranque, é tudo diferente. Nas classes mais jovens há portugueses porque, como lhe disse, a maior parte dos miúdos escolhe o inline.

Mas não são tão bons como os chineses…
Não. É curioso e até me atreveria a dizer, sem qualquer base científica claro, que é genético. Não consigo entender porquê. O que é facto o limitadas a corridadas em estrada por falta de pista obrevivencia de terem uma base de recrtutamento grande estchega primeirééeé que os miúdos chineses têm uma facilidade tremenda em praticar hóquei em linha. São muito superiores.

Um desejo para a patinagem em Macau?
Uma pista.

É viável?
Acho que sim. Já apresentámos vários projectos ao governo para a colocar em diversos espaços porque a ideia que temos é que dinheiro não será o problema desde que arranjemos o espaço. Já apresentámos diversas soluções. Nem é preciso muito. São 200 metros com um relevé nas curvas. O nosso grande projecto é mesmo uma pista com um rinque ao meio. E digo-lhe uma coisa: ia ser um sucesso. Porque os miúdos gostam. É uma modalidade bonita.

Patins há muitos

A APM nasceu com o hóquei mas o mundo da patinagem é bastante vasto. Hoje em dia a Federação Internacional inclui nove modalidades diferentes. Em Macau a associação local já tem 33 anos de idade e nasceu com o hóquei em patins, durante bastante tempo a sua única modalidade. Nos últimos anos, para acompanhar a evolução surgiu o hóquei em linha e as corridas de patins em linha, que em Macau estão limitadas à estrada por falta de pista. “Temos cerca de 20 atletas que praticam na marginal da Taipa às 7 da manhã ou às 10 da noite quando há menos gente”, diz-nos António Aguiar. Em breve esperam iniciar o free style, uma combinação entre patinagem artística e a técnica de patinagem e, em relação à qual estão previstas exibições para o torneio que se avizinha.

Torneio de Páscoa

Para prepararem os campeonatos do mundo e asiático em hóquei em patins e em linha e aproveitando o facto de terem novas instalações, o antigo pavilhão universitário na Taipa, a APM vai organizar um torneio nas duas modalidades. Para o de hóquei em patins foram convidadas as equipas seniores do Japão, Taiwan, Austrália e o Sesimbra, da II divisão de Portugal, mais a selecção do País 
Basco que virá com uma equipa de sub 23. O torneio sénior de hóquei em linha contará com a presença de quatro das mais fortes equipas asiáticas (China, Taiwan, Coreia e Hong Kong) e, pela primeira vez na Ásia, um torneio de sub15 de hóquei em linha com a presença dos mesmos países, ao ponto de António Aguiar confessar que “vai ser uma surpresa pois nem eles nos conhecem a nós, nem nós a eles”. Entre atletas, dirigentes e técnicos este evento movimentará cerca de 300 pessoas e vai custar pouco mais de um milhão de patacas, um valor que será pago, conforme julga António Aguiar, a cerca de 90% pelo Governo de Macau. Em homenagem aos dois actuais vice-presidentes da APT, que António Aguiar classifica como “as duas únicas pessoas que há 33 anos colaboram e trabalham na associação”, os torneios vão ostentar os seus nomes. Vamos ter, por isso “Gentil Noras Cup” no hóquei em Patins e a “Manuel da Luz Cup” para o hóquei em linha. Como diz, o presidente da APT, “é mais do que justa esta homenagem a pessoas que dedicaram uma vida à modalidade”. O torneio realiza-se de 23 a 27 de Março no antigo pavilhão da Universidade Macau na Taipa. A entrada é livre.

10 Mar 2016

Meteorologia | Fim-de-semana a bater o dente

Segundo os Serviços de Meteorologia e Geofísicos, prevê-se que uma nova vaga de frio visite o território devido a uma frente fria que vai atravessar a costa meridional da China. A descida da temperatura deve vir acompanhada de chuva, trovoada e vento com rajadas. Hoje será o dia em que a descida de temperatura se fará sentir mais acentuadamente, com os termómetros a cair para os oito graus, acompanhado de períodos ocasionais de chuva. Nos próximos três a quatro dias, a situação deverá manter-se sem grandes alterações. Ou seja, tempo frio com temperaturas inferiores aos 12ºC.

10 Mar 2016

A manga, as líchias e o marido ideal 毛佬佬与习大大

* por Julie O’Yang

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]os tempos que vivemos torna-se cada mais pertinente fazer uma reflexão sobre o culto de personalidade do Grande Líder Chinês. Vamos começar pelo episódio das mangas.
Há cinquenta anos atrás, a China viveu a década mais turbulenta e traumática da sua história recente – a Revolução Cultural. Durante 10 anos, a nação mergulhou numa espécie de adoração histérica: uma obsessão, não por Mao, mas por… mangas!
Corria o ano de 1966 quando Mao convocou os Guardas Vermelhos para se rebelarem contra os “reaccionários” que integravam o Governo central. Pretendia “reestruturar a sociedade purgando os elementos “burgueses” e as formas de pensar tradicionais”. Na realidade tratava-se de uma forma eficaz, mas também cruel, de se ver livre dos seus rivais políticos e das vozes discordantes. Durante o Verão de 1968 o País estava mergulhado num clima de hostilidades e cada uma das facções políticas em confronto agitava mais alto o Livrinho Vermelho, para demonstrar a sua lealdade ao Secretário-geral. Antecipando a eminência de uma carnificina, Mao decidiu enviar 30.000 trabalhadores à Universidade de Qinghua, em Pequim. Os estudantes atacaram-nos com setas e ácido sulfúrico. Os trabalhadores venceram a contenda. Para lhes agradecer, Mao enviou cerca de 40 mangas como presente, que tinha recebido no dia anterior do Ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês.
O gesto de Mao teve um impacto enorme.
No norte da China ninguém sabia o que eram mangas. Por isso os trabalhadores passaram a noite acordados a olhá-las e a acariciá-las, maravilhados com o poderoso odor e a forma exótica. Foi então que estes trabalhadores receberam a ‘mensagem sagrada’ de Mao: o proletariado deverá liderar em todas as frentes! Foi este o ponto de viragem do poder, que se transferiu dos estudantes para os operários e camponeses, unidos pelo mágico poder das mangas!
As mangas de Mao provocaram intensos debates nos locais de trabalho. Um representante militar chegou a uma fábrica segurando uma manga nas mãos e deu inicio à discussão: o que fazer com ela, comê-la ou conservá-la? Acabaram por levar a fruta a um hospital e pô-la em formol! Neste ponto, os responsáveis da fábrica decidiram passar a produzir mangas de cera, cobertas com uma campânula de vidro. Cada uma destas réplicas seria oferecida aos trabalhadores revolucionários, que deveriam transportar o fruto “sagrado” solene e reverentemente e que seriam admoestados se falhassem a missão. A manga tornou-se um fruto destinado a altos voos! Conta-se também que quando uma manga apodrecia, os trabalhadores pelavam-na, ferviam-na em água, e cada um deles sorvia um golo do “santo” xarope. Uma das mangas de cera foi transportada por um representante dos trabalhadores em procissão acompanhada pelo rufar dos tambores, desde a fábrica até ao aeroporto, de onde partiria para uma fábrica de Xangai, enquanto as pessoas nas ruas se inclinavam à sua passagem!
As mangas percorreram o País de lés a lés e foram “passeadas” solenemente em muitas procissões. A fruta tornou-se objecto de intensa devoção, com rituais inspirados nas tradições Budista e Taoista, chegando a ser colocada em altares nas fábricas para que os operários lhe pudessem vir prestar homenagem. “Ver as mangas douradas / É o mesmo que ver o Grande Líder Mao!” era parte de um poema que circulava na altura.
A China tem uma longa história de simbolismos associados a alimentos que representam noções culturais importantes, tais como “profunda bondade” (pêssego), “longevidade” (cogumelos), estando o amor romântico inevitavelmente associado às líchias e a Yang Guifei.
Yang Gui Fei, 杨贵妃. A Consorte Imperial Yang foi uma das quatro beldades da antiga China. Nasceu em 719 CE e recebeu o nome de Yang Yu Huan 杨玉环. Na corte foi baptizada “Guifei” 贵妃, uma consorte de grande categoria, e passou a ser conhecida como Yang Guifei ou a Dama Yang.
As pinturas da Dinastia Tang mostram que, à semelhança de outras beldades da época, Yang Guifei era uma mulher corpulenta. Para lhe agradar, o Imperador mandou fazer grandes obras no Palácio das Termas de Huaqing onde, lânguida, ela passava muitas horas banhando-se para conservar a frescura da pele. As líchias, o seu fruto preferido, eram todas as semanas trazidas de pónei desde Guangzhou, cobrindo uma distância de cerca de 2000 Kms. Estou convencida que Yang Guifei foi uma espécie de cruzamento entre Eva e Helena de Tróia. Os historiadores afirmaram muitas vezes que o Imperador Tang, Xuanzong, se deixava levar pelos prazeres da carne em detrimento das suas responsabilidades na corte. Yang foi a causa directa da queda da Dinastia Tang e o Imperador acabou por lhe ordenar que se enforcasse. Desde essa altura que o amor romântico ganhou má fama na China. Compreende-se muito bem porquê!
Mas as líchias são bem melhores que as maçãs, digo-vos eu, carnudas e sumarentas, macias como a pele dum bebé. Da próxima vez que as comerem, peço-vos que se lembrem dos lascivos lábios húmidos da Dama Yang. Ganham muito se forem comidas numa noite escura de Inverno.
A minha nota final vai para uma canção que se tornou viral a semana passada, sobre o actual Presidente chinês, Xi Jinping. O Imperador Tang, o Secretário-geral Mao e o Presidente Xi Jinping foram considerados maridos chineses ideais. Então porque é que prefere brutos?
“Se quiseres casar, escolhe alguém como o Xi Dada (Tio Xi), um homem heróico com amor para te dar; não importam as mudanças, nem os escolhos no caminho, ele não deixa de avançar.”
https://bit.ly/1X6PO RV

9 Mar 2016

Aviação | Construção de terceira pista em Hong Kong pode causar problemas

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de 90% das partidas do aeroporto de Macau e quase 43% das aterragens em Shenzhen (China) podem ser afectadas por problemas de espaço aéreo causados pela construção de uma terceira pista em Hong Kong, conclui um estudo citado na imprensa. O trabalho é citado pelo jornal South China Morning Post, que indica que o grupo ambientalista Green Sense, juntamente com o Airport Development Concern Network, recorreu a dados dos portais FlightAware e Flightradar24 para analisar 1628 partidas de aviões de Macau em Janeiro, que representam cerca de metade do total dos movimentos aéreos.
Foram também analisados mais de 16 mil movimentos aéreos de um total de 24 mil que chegaram e partiram do aeroporto Bao An de Shenzhen no mesmo mês.
Pelo menos 5200 chegadas e 304 partidas de e para Shenzhen ficam em risco de se cruzarem com três rotas aéreas de Hong Kong. No caso de Macau, quase todas as partidas do aeroporto analisadas podem potencialmente chocar com saídas da pista norte de Hong Kong.
Contactada pela agência Lusa, a Autoridade de Aviação Civil de Macau explica que “a gestão do tráfego aéreo da região do Delta do Rio das Pérolas é uma das mais complicadas do mundo” e que, por esse motivo, as autoridades da China, Macau e Hong Kong recorrem a um “mecanismo tripartido” para operarem.
“Quaisquer alterações de procedimentos de voo ou desenvolvimentos no Delta do Rio das Pérolas têm de ser discutidas e acordadas entre as três partes, sob o princípio de que qualquer desenvolvimento nos aeroportos da região não pode prejudicar o desenvolvimento de outros aeroportos”, indica o organismo.
Assim, “os procedimentos de voo da terceira pista do Aeroporto Internacional de Hong Kong estão a ser estudados e desenvolvidos e serão discutidos no âmbito do mecanismo referido em tempo oportuno”.

Divisões de risco

O South China Morning Post cita o director-executivo da Green Sense, Roy Tam Hoi-pong, que acredita que os problemas de conflito de rotas, se não forem solucionados, podem fazer com que Hong Kong tenha de ceder algum espaço aéreo à China continental, violando o princípio ‘Um país, dois sistemas’ e gerando uma repetição de uma polémica em torno da ligação ferroviária de alta velocidade para Cantão.
Durante a reunião do conselho de planeamento da cidade este ano, o Departamento de Aviação Civil sugeriu que o espaço aéreo fosse dividido em dois, com Hong Kong a gerir a zona inferior e a China a superior. No entanto, Tam acredita que tal iria violar o artigo 130.º da Lei Básica de Hong Kong, que estipula que o território é responsável pelas matérias de gestão empresarial e técnica da aviação civil.
“Se ainda acreditamos no princípio ‘Um país, dois sistemas’, então Hong Kong tem de gerir o seu espaço aéreo”, disse, pedindo que o projecto fosse arquivado.
A construção de uma terceira pista no aeroporto de Hong Kong, aprovada em 2012, tem sido criticada por organizações ecologistas que alertam para impactos no ruído, poluição e biodiversidade.

9 Mar 2016

Campanha contra a corrupção chega a Macau e Hong Kong

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado passou a estar sob a alçada da Comissão Central de Inspecção e Disciplina do Partido Comunista da China, organismo que tem levado a cabo a campanha contra a corrupção no país. A notícia é avançada pela RTHK, que cita Li Qiufang, inspectora da Comissão Central de Inspecção e Disciplina. Li Qiufang falava aos jornalistas à margem de um encontro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, em Pequim.
No passado dia 25 de Fevereiro, o jornal Epoch Times noticiou que o gabinete do Conselho de Estado responsável pelas duas regiões administrativas especiais estava “pela primeira vez” sob a fiscalização do organismo que combate a corrupção. Na altura, relembra a rádio Macau, a publicação com ligações ao movimento espiritual Falun Gong, proibido na China, escreveu que podia acontecer a demissão de titulares de altos cargos públicos em Macau e Hong Kong “a qualquer momento”.
Dois dias depois, a 27 de Fevereiro, foi detido em Macau o ex-procurador Ho Chio Meng, acusado de corrupção. Em declarações sobre este caso, Chui Sai On disse que Pequim foi informado da investigação a Ho Chio Meng, mas o Chefe do Executivo garantiu que não houve interferências no processo.

9 Mar 2016