Vietname | Deputados de 14 países pedem libertação de activistas

Um advogado e a assistente estão presos desde Dezembro do ano passado  acusados  de difundir “propaganda contra o Estado”. Apesar de alguns avanços na abertura social, estima-se que existam no país mais de duas centenas de presos políticos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m total de 73 deputados de 14 países enviaram uma carta aberta ao primeiro-ministro do Vietname, Nguyen Xuan Phuc, para pedir a libertação de um advogado e da sua assistente, detidos no país por activismo político.

O advogado Nguyen Van Dai e a sua assistente, Le Thu Há, foram detidos em Dezembro após serem acusados de disseminar “propaganda contra o Estado”, indicou ontem o colectivo de deputados da ASEAN para os Direitos Humanos (APHR, na sigla em inglês).

A ASEAN é a Associação de Nações do Sudeste Asiático, de que fazem parte dez estados membros.

Em comunicado, a APHR afirmou que a iniciativa partiu da deputada alemã Marie-Luise Dött e foi apoiada por outros deputados de países como Camboja, Chade, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, Lituânia, Nepal, Holanda, Portugal e Zimbabué, entre outros, bem como representantes de diversas organizações não-governamentais.

Os deputados recomendam a libertação “imediata e incondicional” do advogado e da sua assistente e pedem que os seus direitos sejam respeitados, de acordo com a lei internacional.

A bem do povo

“Nguyen Van Dai e Le Thu Ha estavam a prestar um serviço público valioso, defendendo os direitos dos seus concidadãos. As acusações contra eles deveriam ser retiradas”, afirmou Charles Santiago, deputado malaio e membro da APHR.

Os dois activistas foram detidos a 16 de Dezembro de 2015, um dia antes de uma reunião sobre direitos humanos entre as autoridades vietnamitas e uma delegação da União Europeia, que também pediu a libertação de ambos.

Nguyen Van Dai corre o risco de ficar 20 anos na prisão, ao abrigo do controverso artigo 88.º do Código Penal vietnamita que, segundo a Amnistia Internacional, é utilizado com frequência para prender activistas pacíficos.

O advogado fundou em 2006 o Comité dos Direitos Humanos do Vietname e foi um dos signatários originais de uma petição, divulgada na Internet, sobre a liberdade e democracia no país, que foi apoiada por milhares de pessoas.

Apesar das reformas económicas e de alguns sinais de abertura social no Vietname, o país conta actualmente com mais de uma centena de presos políticos.

26 Out 2016

6º Plenário do PCC | Analistas falam na consolidação do poder de Xi Jinping

Começou ontem em Pequim o encontro do movimento político com mais poder no mundo. O Sexto Plenário do Partido Comunista Chinês pode mudar a história do país, dizem os analistas. É que começa agora a luta pelos cargos mais importantes da estrutura

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão reuniões que acontecem no Hotel Jinxi, na capital chinesa, longe do olhar do público. Ao todo, participam quase 400 membros do Partido Comunista Chinês (PCC). Até à próxima quinta-feira, discutem mudanças em relação ao modo como o partido deverá ser gerido. O conclave, diz a Xinhua, “está focado nas questões da disciplina partidária”. A lacónica retórica oficial esconde o que está efectivamente em causa: jogam-se posições políticas e relações de força na segunda maior economia do mundo.

O Sexto Plenário, como o encontro é conhecido, acontece numa altura em que o PCC enfrenta mudanças significativas. Desde que assumiu os comandos do partido em 2012, o secretário-geral Xi Jinping tem tentado moldá-lo de acordo com os seus desígnios e tem controlado mais alavancas de poder do que qualquer outro líder desde Mao Zedong, escreve a France-Presse.

Depois, enquadra ainda a agência, a campanha de luta contra a corrupção dos últimos quatro anos alterou profundamente a composição do PCC, ao derrubar bastiões de poder que se julgava serem invencíveis – como o caso de Zhou Yongkang, antigo chefe da segurança –, e criando um receio generalizado por todo o país, que se traduz na dificuldade na tomada de decisões.

“Do ponto de vista histórico, é sempre uma reunião importante no PCC porque se definem ou clarificam-se políticas”, explica ao HM Arnaldo Gonçalves, especialista em relações internacionais. “Acontece, normalmente, a meio do mandato do secretário-geral e por isso é importante”, vinca, recordando que foi numa reunião deste género que foram definidas mudanças importantes na vida política da China, como “o encerramento da Revolução Cultural”.

O conclave que acontece por estes dias em Pequim “é importante porque estamos num período de transição”. A situação é, por ora, uma incógnita, mas como se sabe são sete membros [no Comité Permanente do Politburo] e há um grande falatório sobre a substituição daqueles que atingem os 70 anos – são cinco destes sete”, contextualiza Arnaldo Gonçalves.

O especialista faz alusão à “regra não escrita instituída por Deng Xiaoping, no pós-maoismo”, que determina que os dirigentes da primeira linha do PCC não devem ultrapassar o limite dos 70 anos, “porque é eternizarem-se no poder e é uma repetição da síndrome do Mao”. Até agora, a regra foi aceite por todas as lideranças, “mas não se sabe se vai ser alterada ou não”, continua o analista. “Este é um dos pontos importantes deste conclave.”

Uma vez que os políticos mais importantes do país estão no encontro de Pequim – “todo o poder central está lá” – e atendendo ao timing em que acontece, “é um tempo em que as pessoas que têm ambições de subir ao Politburo [ao grupo dos 25 membros] também se começam a posicionar”. Começa também “a corrida para o congresso do ano que vem, que vai ser um congresso decisivo em que se vai jogar quem vai ser o comité central, o comité permanente do Comité Central, e quem vai estar no futuro Governo da China, porque é provável que haja também mudanças a esse nível”.

Arnaldo Gonçalves sublinha, no entanto, que “há que esperar” – no final desta semana “Xi Jinping deve dar, nas entrelinhas, algumas directivas” do que será a vida política chinesa até ao próximo ano.

Um homem só

Xi Jinping descreveu o Partido como “a arma mágica” que pode ser usada para implementar reformas necessárias para atingir o objecto do “Grande Rejuvenescimento” da nação, uma ideia que diz, com frequência, ser o “sonho chinês”. Mas tem encontrado uma forte resistência nas tentativas de alteração do modo de funcionamento das empresas estatais, que controlam sectores estratégicos da economia e servem de apoio a políticos com importância na China.

“Estas reformas não foram a lado algum nos últimos três anos”, aponta à AFP Anthony Saich, especialista em política chinesa da Universidade de Harvard. “Claramente, Xi Jinping vê o PCC como o único motor para as reformas. Não acredita na sociedade ou no Estado como meios para levar por diante as reformas que deseja.”

No encontro de Pequim, acrescenta Saich, há um confronto entre “aqueles que são apoiados pelo secretário-geral e aqueles que são negativamente afectados pela campanha de luta contra a corrupção e pelas reformas que possam vir a ser feitas no sector empresarial detido pelo Estado”.

Para Xi Jinping, as melhorias ao nível da disciplina do partido são mais do que uma redução do mau comportamento dos elementos do PCC. “Tem sido muito ambicioso na conquista do poder, no modo como se apropria de poderes”, defende Willy Lam, académico da Universidade Chinesa de Hong Kong.

O analista considera que “a maior motivação” de quaisquer novas regras a serem aprovadas durante o plenário servirão para “consolidar a posição de Xi Jinping como grande líder”, destacando que várias medidas foram sendo introduzidas para garantir que os membros do Partido estão de acordo com a linha de pensamento de Xi Jinping, incluindo a “proibição de críticas sem fundamento”. “Só há uma pessoa no PCC que tem o direito a definir as regras políticas – chama-se Xi Jinping”, nota ainda.

Ao HM, Arnaldo Gonçalves recorda as dúvidas que tinha sobre o líder do Partido Comunista Chinês quando este passou a ser o homem mais importante da China, já lá vão quatro anos, até porque Xi “não abriu muito o jogo” na altura. O modo como tem desempenhado os cargos que ocupa – na liderança do Partido e como Presidente – levam o analista a considerar que “claramente é um homem de poder, com ambição de poder, com uma perspectiva para o exercer extremamente solitária, que não gosta muito das direcções colectivas – que foram a tradição desde Deng Xiaoping –, e prefere ser o tipo de Presidente com alguns adjuntos que o coadjuvam”. Para o analista, é importante ver “o que vai acontecer agora”.

O conclave acontece ainda numa fase em que aumenta a especulação em torno da possibilidade de Xi se manter no poder depois de 2022, altura em que deveria sair, por estarem cumpridos dois mandatos. Para o presidente do Mercator Institute for China Studies, Sebastian Heilmann, trata-se de uma possibilidade “extremamente arriscada, porque iria criar grandes fricções entre a elite política chinesa”.

Outro especialista ouvido pela AFP, Mao Shoulong, entende que o Sexto Plenário vai ser aproveitado como uma oportunidade de fortalecer a posição do secretário-geral na liderança e a base de poder”. Mao Shoulong repara também que a campanha contra a corrupção interferiu em áreas que não tinham sido afectadas.

Bondade ou jogo político

A eficácia da grande luta desencadeada por Xi Jinping é o tema de um editorial do jornal “Procura pela Verdade”, uma publicação importante do PCC. Na sexta-feira passada, na antecipação do Sexto Plenário, o jornal escrevia que a campanha contra a corrupção pode ter enfraquecido o partido que Xi pretende salvar, ao destacar a “universalidade e a gravidade da corrupção dentro do Partido Comunista Chinês”. Os castigos aplicados a milhares de membros e funcionários “enfraqueceram seriamente as fundações do Partido e a sua capacidade para governar”.

Há críticos do regime que entendem a campanha é uma forma interna de luta entre facções e, uma vez que não existem reformas sistémicas dentro da estrutura, não são eliminadas as causas da corrupção.

Arnaldo Gonçalves foca precisamente estas várias leituras em torno do principal cavalo de batalha de Xi Jinping. “Há quem diga que é importante a campanha anticorrupção para limpar o partido, para o dignificar, para o legitimar de novo, limpá-lo dos corruptos que a máquina tem criado”, diz. “Há quem diga que é um pretexto, como tem acontecido nalguns regimes mais ou menos musculados da Ásia, para aproveitar a campanha anticorrupção para se libertar de alguns adversários políticos, que foram adversários dele à medida que foi subindo no partido.”

Ressalvando que não tem “certezas destas avaliações”, o especialista sublinha que a composição do próximo Comité Central vai ser esclarecedora. “Perante este [Comité Central], acho que tem uma relação de grande respeito por Li Keqiang, que se irá manter, de certeza; por Wang Qishan, que é o homem da comissão de disciplina do Comité Central, uma área importante, e por Zhang Dejiang. Tem uma relação de respeito por estes três homens, os dois últimos mais velhos”, aponta, recordando que tanto Wang Qishan, como Zhang Dejiang deverão abandonar os cargos que detêm por atingirem a tal regra não escrita do limite de idade.

À AFP, e ainda sobre a questão da corrupção, Hu Xingdou, analista do Instituto de Tecnologia de Pequim, espera que da reunião de Pequim saiam novas regras para garantir a transparência de acção dos membros do Partido, dando o exemplo do registo de propriedades. “No passado, foram produzidas regulamentações que acabaram por não ser implementadas”, recorda. Desta vez, “espero que possa passar a haver a divulgação pública de bens”. Para o especialista, “só assim é que podem conquistar o respeito de toda a nação”.

25 Out 2016

Literatura de Macau em Lisboa até 3 de Novembro

Maria João Belchior

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem uma iniciativa que acontece pela primeira vez e que junta editores, livreiros, autores, académicos e o público em geral interessado na temática de Macau. Organizado pela Associação de Amigos do Livro em Macau, este é o primeiro fórum dedicado à literatura e a estudos académicos sobre o território a realizar-se em Lisboa. É uma semana e meia de eventos, com conferências e mesas redondas que têm lugar em diferentes instituições na capital.

O Centro Científico e Cultural de Macau recebeu no primeiro dia as duas conferências inaugurais do Fórum. Luís Filipe Barreto, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau, apresentou “Macau: Livros e Leituras. Século XVI e XVII”, numa viagem pelo início daquele que pretende ser também um caminho literário pela história da região.

Ainda no dia de abertura, teve lugar a conferência de José Carlos Seabra Pereira intitulada “O Delta Literário de Macau.”

Reunidas numa iniciativa lançada pela Associação de Amigos do Livro em Macau, liderada pelo editor Rogério Beltrão Coelho, várias editoras de Macau estão representadas na Feira do Livro que se realiza livraria da Delegação Económica e Comercial de Macau.

A variedade da agenda de eventos deste projecto pioneiro permite abordar diferentes temáticas, desde os estudos literários ao Direito. Na Universidade Católica em Lisboa terá lugar uma conferência, apresentada por Filipa Guadalupe, no próximo dia 31, tendo por tema “A importância dos livros de Direito de Macau na preservação de Um País, Dois Sistemas”.

Hoje, o segundo dia do Fórum, Margarida Duarte modera uma mesa redonda acerca dos livros sobre Macau publicados em Portugal. Vão estar presentes os escritores Maria Helena do Carmo e Fernando Sobral, assim como o escritor e editor José António Barreiros.

Língua portuguesa em destaque

O português como linha estratégica essencial vai ser o mote para uma das conferências do Fórum. O Instituto Politécnico de Macau (IPM) criou, em 2012, o Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, sendo um dos objectivos principais o apoio do ensino do Português em Macau e no interior da China. Neste sentido, a actividade editorial tem crescido através de vários estudos publicados sobre a língua Portuguesa e o seu ensino. É neste contexto que vai ser apresentada pela primeira vez em Lisboa, a obra de Carlos Ascenso André, intitulada “Uma Língua para ver o Mundo”. A apresentação está marcada para quinta-feira e será feita pelo Luís Filipe Barreto. Nessa sessão deverão ser divulgados os títulos já publicados pelo IPM, assim como anunciados alguns dos projectos futuros.

Homenagem a Maria Ondina Braga

No último dia do Fórum, a 3 de Novembro, terá lugar na Biblioteca Nacional em Lisboa uma palestra inteiramente dedicada à escritora Maria Ondina Braga, cuja vida ficou marcada por Macau, um território dentro e fora de si, descrito nos seus livros. A sessão apresentada pelo editor José António Barreiros, que há vários anos estuda a obra da escritora, mantendo também uma página na Internet sobre a vida e os livros de Maria Ondina Braga, acontece às 18h30. Esta apresentação pretende, de certa forma, colmatar uma falta de divulgação e conhecimento generalizado sobre a riqueza da sua obra. Como escreve José António Barreiros, “será, pois, um regresso através dos seus livros, a revisitação e o desocultamento, cerimonial de purificação, a reconstrução do ser através do verbo”.

25 Out 2016

Fundador do China Minsheng Bank compra seguradora dos EUA

O grupo que acordou a compra da seguradora norte-americana Genworth Financials quer também 50% do Novo Banco

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] maior accionista e fundador do China Minsheng Bank, que em Portugal apresentou uma oferta não vinculativa por 50% das acções do Novo Banco, chegou a acordo para adquirir a seguradora norte-americana Genworth Financials.

O China Oceanwide Holdings ofereceu 5,43 dólares por cada acção do Genworth, numa transacção em dinheiro e avaliada em 2,7 mil milhões de dólares, de acordo com um comunicado emitido pelas duas empresas no domingo.

Fundado em 1871, o Genworth tem quase quatro milhões de clientes no sector dos seguros de vida e oferece também seguros hipotecários, segundo o seu ‘site’ oficial.

“Vamos fornecer um apoio financeiro crucial nos esforços do Genworth para reestruturar o seu negócio no ramo dos seguros de vida”, afirmou o presidente executivo do Oceanwide, Lu Zhiqiang, em comunicado.

Senhor milhões

Lu é o nono homem mais rico da China, com um património líquido avaliado em 85 mil milhões de yuan, de acordo com a unidade de investigação chinesa Hurun Report.

A Oceanwide, que tem sede em Pequim, prometeu ainda disponibilizar 600 milhões de dólares  à Genworth, para liquidar as suas dívidas que vencem em 2018, e realizar uma injecção de capital de 525 milhões de dólares no ramo de seguros de vida da empresa.

Tom Mclnerney, presidente e chefe executivo da Genworth, considerou o grupo chinês um “proprietário ideal”, afirmando que o investimento será do interesse dos accionistas da empresa, que tem sede no Estado norte-americano da Virgínia.

A Oceanwide controla várias entidades financeiras, incluído o Minsheng Bank, que segundo o jornal Público fez uma proposta não vinculativa de aquisição da maioria de capital do Novo Banco.

Segundo o seu ‘site’ oficial, a Oceanwide investiu em vários empreendimentos imobiliários na costa oeste dos Estados Unidos da América, incluindo uma torre que será em breve a segunda mais alta de São Francisco e um condomínio de mil milhões de dólares em Los Angeles.

O negócio, que precisa ainda da aprovação dos accionistas, deverá ser concluído em meados de 2017.

De acordo com o Ministério do Comércio chinês, em 2015, a China investiu 145.000 milhões de dólares fora do país, um valor que representa um crescimento homólogo de 18% e ultrapassa o valor do investimento directo estrangeiro no país – 135,6 mil milhões de dólares.

25 Out 2016

“Os Resistentes – Retratos de Macau” #2

“Os Resistentes – Retratos de Macau” de António Caetano Faria • Locanda Films • 2014


Realizador e Editor: António Caetano Faria
Produtores: Tracy Choy e Eliz L. Ilum
Câmara e Cor: Gonçalo Ferreira
Som: Bruno Oliveira
Assistente de Câmara: Nuno Cortez-Pinto
Editor Assistente: Hélder Alhada Ricardo
Sonorização e Mistura de Som: Ellison Keong
Música: Orquestra Chinesa de Macau – “Capricho Macau” de Li Binyang
24 Out 2016

MIF termina com celebração de mais de 50 protocolos

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]epresentantes de mais de 50 países e regiões estiveram no território para mais uma edição da Feira Internacional de Macau. O tufão roubou um dia ao certame mas o IPIM garante que, ainda assim, o balanço é positivo

Teve um dia a menos do que seria suposto, por causa da passagem do tufão Haima nas imediações do território, mas ainda assim correu bem. O balanço feito pela organização da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa), que vai já na 21a edição, é francamente positivo. Pelas contas do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), foram realizadas 380 sessões entre empresários na zona de bolsas de contactos. Na MIF deste ano foram celebrados mais de 50 protocolos.

Com uma área superior a 30 mil metros quadrados e com mais de 1600 stands, o evento contou com delegações oriundas de mais de 50 países e regiões. A grande novidade da edição teve que ver com o facto de haver um “país parceiro” e uma “cidade parceira”: Portugal e Pequim foram os convidados.

O IPIM destaca ainda a realização, mais uma vez, da Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa, sublinhando que se trata de uma forma de promover a consolidação do papel de Macau como plataforma para a cooperação entre o espaço lusófono e a China.

Em comunicado, a organização do certame sublinha também o lançamento da zona especial de serviços comerciais para as pequenas e médias empresas sino-lusófonas.

Durante a MIF, foram efectuadas várias actividades relacionadas com os países de língua portuguesa, incluindo a 6ª Cimeira para o Desenvolvimento Comercial e Industrial da Província de Jiangsu, de Macau e dos Países de Língua Portuguesa.

Mais perto da capital

Pequim participa na MIF desde 2010 mas, este ano, apresentou-se no evento como cidade parceira, com dois pavilhões e uma delegação organizada pelo município da capital.

A cidade trouxe até à feira de Macau representantes dos sectores de comércio de serviços e da medicina tradicional chinesa, entre outros. Nota ainda para a promoção que Pequim já está a fazer dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Noutros domínios, quem passou pela zona da capital na MIF pôde ver artesanato tradicional chinês, como a maquilhagem facial e o corte de papel.

Já há data para a próxima edição da Feira Internacional de Macau: a 22a edição terá lugar entre 19 a 21 de Outubro do próximo ano.

24 Out 2016

Tufão Haima menos forte do que se esperava

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau parou na sexta-feira passada por causa do Haima, numa altura em que o território recebia vários eventos que acabaram por ser afectados. O vento mudou de direcção e a tempestade pouco se sentiu. Em Hong Kong, a história foi outra: o tufão fez uma vítima mortal

Depois de ter destruído casas, escolas e campos agrícolas nas Filipinas, o Haima perdeu o título de super-tufão e atravessou o Mar do Sul da China para passar ao largo de Macau sem grandes estragos: entre as 8h30 e as 15h30 da passada sexta-feira, período em que esteve içado o sinal 8, os ventos trazidos pela tempestade tropical causaram 14 incidentes – quatro em imóveis e 10 na via pública.

O Instituto de Acção Social abriu as portas do Centro de Sinistrados da Ilha Verde, em Macau, e do Centro de Serviço Social da Taipa e Coloane, instituições que receberam 10 pessoas que se abrigaram do vento, sem terem pedido qualquer tipo de apoio adicional.

O facto de o dia ter começado com o sinal 8 içado fez com que tivessem sido adiados vários eventos – desde a inauguração de exposições a concertos agendados no âmbito do Festival Internacional de Música de Macau. Também a organização da Feira Internacional de Macau foi afectada pelo Haima, uma vez que o certame esteve encerrado na sexta-feira, tendo sido prolongado o horário de funcionamento no sábado.

Bancos, escolas e serviços públicos estiveram fechados, assim como a maioria dos estabelecimentos comerciais. A cidade recuperou algum movimento a meio da tarde, com a abertura das pontes entre a península e a Taipa, e o reinício das operações dos transportes públicos.

De acordo com a Rádio Macau, durante o tufão, a Polícia de Segurança Pública multou 67 táxis – 57 por terem cobrado valores excessivos e outros 10 por terem recusado transportar clientes. As autoridades multaram ainda 12 veículos por transporte ilegal de passageiros, sendo que seis pertenciam à Uber.

Morrer na praia

Em Hong Kong, o tufão fez-se sentir com mais força. Em mais de duas décadas, foi a primeira vez que foi içado o sinal 8. A imprensa local conta que a cidade não sofreu grandes estragos mas, ainda assim, os negócios que não se fizeram terão resultado em perdas na ordem dos cinco mil milhões de dólares de Hong Kong. O aeroporto da região vizinha teve um fim-de-semana complicado, com mais de 700 voos a terem de ser reorganizados.

Apesar das indicações das autoridades em relação às medidas de segurança a adoptar, o South China Morning Post conta que foram muitas as pessoas a saírem à rua para sentirem o vento, tirarem fotografias e filmarem a tempestade, sobretudo em zonas costeiras.

Foi precisamente junto ao mar, em Tseung Kwan O, que foi encontrado um homem de 50 anos, sem vida. A polícia suspeita que estaria a andar sozinho numa zona rochosa junto à praia quando caiu e se magoou na cabeça. Foi descoberto às 16h30 por um adolescente que passava no local.

Treze pessoas receberam tratamento hospital por causa de ferimentos causados pelo tufão. O sinal número 8 esteve içado em Hong Kong ao longo de 11 horas.

Na China Continental, o Haima originou muita chuva e algumas inundações. A Agência Xinhua não teve conhecimento de vítimas do tufão.

24 Out 2016

Mar do Sul | Pequim critica passagem de navio de guerra dos EUA

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais um episódio nas agitadas águas do Mar do Sul da China. Na sexta-feira um contra-torpedeiro norte-americano entrou em águas territoriais  chinesas junto às ilhas Paracel. Pequim classificou o acto como uma provocação deliberada

Pequim descreveu a passagem de um navio de guerra dos Estados Unidos perto de uma zona disputada no Mar do Sul da China na sexta-feira como um “acto ilegal grave” e “deliberadamente provocador”.

Num comunicado publicado na madrugada de sábado no seu portal na Internet, o Ministério da Defesa chinês indica que dois navios de guerra chineses dissuadiram um contra-torpedeiro norte-americano de prosseguir a sua rota após ter penetrado “em águas territoriais chinesas” perto das ilhas Paracel, que a China controla e cuja soberania é reivindicada pelo Vietname e Taiwan.

“A entrada [do navio norte-americano] em águas territoriais chinesas é um acto ilegal grave e deliberadamente provocador”, refere o comunicado.

Numa outra nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês declara que a acção norte-americana “violou gravemente a soberania, os interesses de segurança da China e as leis chinesas e internacionais”.

Contraponto

O Pentágono indicou na sexta-feira ter enviado o USS Decatur para perto das Paracel, detalhando que o navio não tinha, contudo, penetrado no perímetro de 12 milhas náuticas das ilhas – limite definidor de águas territoriais, à luz da lei internacional.

O contra-torpedeiro respeitou “o procedimento habitual e legal, sem ser escoltada por outros navios e sem incidentes”, frisou o Pentágono.

A manobra norte-americana figura como a terceira operação de “libertação da navegação”, levada a cabo desde o início do ano pelos Estados Unidos que, por diversas vezes, sublinharam ignorar as “excessivas” pretensões marítimas por parte da China.

Tratou-se, contudo, da primeira desde que o Tribunal Permanente de Arbitragem considerou ilegítimas as reivindicações chinesas, dando razão às Filipinas, que expuseram o caso, numa decisão favorável para outros países da região, como Vietname, que também disputam parte das estratégicas águas.

Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.

24 Out 2016

Rodrigo Duterte diz que não vai romper aliança com EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou sexta-feira que não vai romper a aliança do seu país com os Estados Unidos, ao esclarecer o anúncio que fizera de que estava a planear “uma separação”.

“Não se trata de cortar laços. Rompimento é cortar relações diplomáticas. Não posso fazer isso. Porquê? É do interesse do meu país que eu não faça isso”, explicou Duterte à imprensa na sua cidade natal, Davao, depois de regressar de uma visita à China.

O controverso chefe de Estado filipino afirmou na quinta-feira, durante uma visita de quatro dias a Pequim, que tencionava pôr fim à aliança de 70 anos das Filipinas com os Estados Unidos, em favor da China e da Rússia.

“Anuncio a minha separação dos Estados Unidos”, declarou Duterte perante um grupo de empresários chineses.

“A América perdeu. Realinhei-me com a vossa corrente ideológica e talvez vá também à Rússia falar com [o Presidente, Vladimir] Putin e dizer-lhe que somos três contra o mundo: China, Filipinas e Rússia. É a única maneira”, sustentou.

Confusão instalada

O porta-voz do departamento de Estado, John Kirby, disse na quinta-feira que os Estados Unidos pediriam às Filipinas um esclarecimento sobre o comentário da “separação”.

“Não é claro para nós o que isso quer exactamente dizer e quais as suas implicações”, observou.

Kirby indicou também que os Governos asiáticos estão a ficar cada vez mais nervosos por causa de Duterte, que tem sido duramente criticado no Ocidente por ordenar uma guerra contra o crime na qual milhares de pessoas foram mortas.

“Não são só os Estados Unidos que estão confusos com essa retórica. Ouvimos de muitos dos nossos amigos e parceiros na região que também eles estão confusos sobre a direcção que isto leva”, declarou.

No sábado, Rodrigo Duterte emitiu uma série de comentários para clarificar as suas afirmações.

“Romper é cortar. Separar é apenas adoptar outra forma de fazer as coisas”, sustentou.

“Aquilo a que estava realmente a referir-me era à separação da política externa, porque no passado, e até eu me tornar Presidente, sempre seguimos as indicações dos Estados Unidos”, explicou.

Duterte vai visitar o Japão na próxima semana para “reforçar a forte parceria estratégica” entre Manila e Tóquio, durante a qual irá ser presenteado com um pacote de ajuda financeira, segundo os ‘media’ locais.

24 Out 2016

Beidaihe

António Graça de Abreu

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s praias de Beidaihe estão ligadas à história recente da China. O marechal Lin Biao (1907-1971) foi um dos mais destacados comandantes militares e dirigentes da revolução chinesa, nomeado sucessor de Mao Zedong no Congresso do Partido em Abril de 1969. Logo depois azedaram as relações com Mao e hoje não restam dúvidas de que Lin Biao, com o seu filho Lin Liguo e a esposa Ye Qu, mais umas centenas de militares de sua confiança preparavam em Setembro de 1971 uma espécie de golpe de Estado que passaria pelo assassínio de Mao. Lin Biao e a família encontravam-se então exactamente em Baidaihe, fruindo as delícias deste afamado lugar e elaborando planos inconsequentes para aniquilar Mao e mudar a história da China. O complot foi descoberto graças à ingenuidade de Duoduo, a filha de Lin Biao que acompanhava o pai na estadia na praia e resolveu transmitir aos guardas pessoais do marechal as actividades do progenitor, pedindo-lhes mais protecção para o progenitor. Perseguidos pelas tropas fiéis a Mao, na noite de 13 de Setembro de 1971, Lin Biao, com o filho e a esposa correram para Shanhaiguan, o aeroporto que serve Beidaihe. Aí, um avião Trident voou com Li Biao e os seus em direcção à União Soviética. No aeroporto de Shanhaiguan, na urgência da fuga, não houve tempo de reabastecer convenientemente o avião que largou com os depósitos de gasolina com menos de metade da sua capacidade. A tripulação de recurso era também reduzidíssima, apenas o piloto e três mecânicos. Após hora e meio de voo desde Beidaihe, o piloto do Trident com Lin Biao, a esposa e o filho a bordo, comprova que não tem gasolina suficiente para chegar à União Soviética. Tenta uma aterragem de emergência numa pradaria da Mongólia. O avião desfaz-se, incendeia-se e morrem os nove tripulantes e passageiros.

Sem Lin Biao, a China vai mudar. Mao Zedong e sobretudo Zhu Enlai, o primeiro-ministro, põem em prática uma política menos radical, recuperam os quadros perseguidos durante a Revolução Cultural, reaparece Deng Xiaoping, concretizam-se as relações com os Estados Unidos da América (Nixon visita a China em 1972), respiram-se no velho império as primeiras brisas dos tempos diferentes.

A estância de Beidaihe, as enseadas, as areias, as águas límpidas do mar, naturalmente insensíveis às maquinações e mil desvairos dos homens, continuam, ano após ano, a abrir-se para receber as gentes da China e dos quatro cantos do mundo.

Razão para eu vir até cá.

Beidaihe, 26 de Julho de 1978

Beidaihe não é só praia, política, sopas e descanso.

Visita ao grande porto de Qinhuangdao e a esta região aqui à volta. Semi-artificial, o porto começou a ser construído em 1900, aproveitando-se algumas reentrâncias da linha de costa. Encavalitado sobre o mar, o porto é feio, tem treze molhes e noves cais para a carga e descarga de mercadorias, enegrecidos e sujos onde navios de pequena e média dimensão carregam carvão originários das minas da Manchúria, aqui a norte.

O Fu Ligang veio connosco, é o tradutor e assessor logístico. Dá uma boa ajuda para entender por onde é que eu ando.

Depois de uns vinte quilómetros de estrada, para o interior, levam-nos para a albufeira da barragem do Shijiang , o rio da Pedra, onde embarcamos numa lancha grande para o passeio fluvial. Falam-nos da construção da enorme represa, 44,6 metros de altura, 50 metros de largura, 336 metros de comprimento, 90 metros de vão até às comportas, a água a correr em abundância, a irrigar os campos e a abastecer as cidades, a jusante. Como acontece com outros rios da China, de caudais desequilibrados entre a estação das chuvas e a estação seca, este rio da Pedra também costuma provocar inundações. Agora é um enorme lago bonito entre montes, repleto de peixes, com a paisagem à volta algo semelhante à das albufeiras das barragens do rio Cávado, no nosso Gerês.

De tarde, viagem curta até à comuna popular Chang Qing (Sempre Verde) que aproveita as águas do rio da Pedra e que fornece a cidade de Qinhuangdao com todo o tipo de hortaliças e legumes. Nesta comuna vivem 170 famílias e dizem-me que antes da Libertação (1949), ou seja, a tomada do poder pelos comunistas, a miséria assolava esta região, faltava comida e roupa, eram incontáveis os mendigos. Hoje a realidade parece ser muito diferente. As pessoas, as crianças bonitas estão bem alimentadas e decentemente vestidas. Houve ida à escola primária, os miúdos a cantaram e dançaram em homenagem a estes obtusos estrangeiros que hoje os foram conhecer. É tempo das colheitas de Verão, há milho, tomate, melancia, sementes de girassol, sorgo um pouco por toda a parte. Dizem-me que têm agora tractores e camionetas próprias, cada pessoa ganha 1,60 yuans por dia e todos beneficiam do que chamam os Dez Gratuitos, ou seja, são grátis a escola, o corte de cabelo, a confecção de vestuário, os legumes, o veterinário, o funeral, o cinema, a casa, o gás e o tratamento médico. Cozinham com gás obtido a partir da fermentação de excrementos animais. Neste ano de 1978, com adubos orgânicos e químicos, esperam produzir 4 milhões de quilos de vegetais de legumes o que dá, com algumas contas complicadas, 15.000 quilos por família. A comuna conta com 720 porcos, número exactamente igual ao total dos habitantes da aldeia. Muitos dos animais criados e engordados na pequena parcela de terra privada pertencem a cada família.

Interessante, o lugar. Gente humilde, com a subsistência garantida, sem um sinal de ostentação ou riqueza.

No dia seguinte, ida a Shanhaiguan 山海关, o lugar onde termina (ou onde começa!) a Grande Muralha da China que aqui entra suavemente no mar após 6.000 quilómetros de espantosa construção, subindo e descendo dez mil montes e montanhas. Nesta primeira Passagem Debaixo do Céu 天下第一关, a Muralha tem 9 metros de altura, 4 de largura e foi levantada em 1381. Dizem-me que foi a primeira relíquia cultural a ser restaurada, quando os comunistas tomaram o poder em 1949.

Tudo claro e autêntico, China, China.

24 Out 2016

Eleições | Sónia Chan espera colaborar com “ricas redes comunitárias”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, esteve ontem reunida com várias associações para o debate da acção do Governo, onde se incluem a Associação Comercial de Macau, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e a União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), entre outras. Segundo um comunicado oficial, a Secretária quer poder contar com o trabalho das associações para uma maior ligação da população à política. Sónia Chan “espera que, com as ricas redes comunitárias das associações, se possa reforçar o conhecimento dos cidadãos sobre o sistema eleitoral e a consciência de eleições íntegras”, sendo que com a nova lei eleitoral o Governo pretende “assegurar os princípios básicos da equidade, justiça, transparência e integridade nas eleições”. O encontro, que ocorreu no âmbito da realização de reuniões com associações para a preparação das Linhas de Acção Governativa, serviu ainda para debater temas como a criação de órgãos municipais sem poder político, a “reestruturação administrativa, a optimização do sistema dos órgãos consultivos, a promoção do governo electrónico ou a elevação do nível dos serviços públicos”. Foram ainda abordados temas como a necessidade de “ajustamento das funções dos serviços, do reforço da gestão do pessoal da administração pública, da concretização da centralização da coordenação dos trabalhos legislativos e da simplificação do procedimento administrativo de autorização de licenciamento”. Quanto à Lei Básica, Sónia Chan prometeu a divulgação “de forma inovadora, com mais flexibilidade, detalhes e aproximação à vida, na base da actual comunicação estreita e boa cooperação com as associações”.

23 Out 2016

UM organiza palestra sobre colonialismo português

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre a próxima terça e sexta-feira a Universidade de Macau (UM) acolhe a palestra com o tema “Discursos Memorialistas e Construção da História”, organizada em parceria com o departamento de português da UM e o Centro de Investigação de Estudos Luso-Asiáticos (CIELA). Segundo um comunicado, a conferência irá servir para “questionamento teórico e epistemológico das memórias, entendidas como ‘locais de construção da nação’, dos actores políticos nos processos históricos em Macau e nos países africanos de língua portuguesa (nos períodos coloniais e pós-independência).

Será dado um “particular destaque ao ‘lugar incomum’ que Macau ocupa nas margens dos países de língua portuguesa, bem como aos seus actores políticos e seus escritos memorialistas, contribuindo para mapear os seus ‘lugares de memória”. No encontro participam académicos oriundos de vários países de língua portuguesa, tais como Lourenço do Rosário, da Universidade Politécnica de Moçambique, que irá falar sobre “Memória, História e Ficção: o significado das autobiografias”, enquanto que o professor Rogério Puga, da Universidade Nova de Lisboa, vem falar do “Papel Pioneiro de Macau nas Relações Sino-Ocidentais: o Primeiro Museu (1829-1834) e a Biblioteca de Língua Inglesa (1806-1834)”. Já Valdemir Zamparoni vem da Universidade Federal da Bahia, Brasil, para falar sobre “África e Africanos: Caminhos da Identidade Brasileira”. Todas as sessões da palestra vão decorrer na sala G035, edifício E22 do campus da UM.

23 Out 2016

Tufão vai estar perto de Macau entre a tarde e a noite de hoje

É um fim-de-semana com vento e chuva fortes mas, se tudo correr como as previsões, o sol deverá voltar lá para domingo. O tufão Haima deverá fazer-se sentir com força durante o dia de hoje em Macau. Para trás, nas Filipinas, deixou mortos e muitos estragos.

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m cinco dias, dois tufões – e o que à hora de fecho desta edição se estava a aproximar de Macau promete ventos e chuvas mais fortes do que a tempestade tropical do início desta semana. Ontem, ao final do dia, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) explicaram ao HM que só durante a noite iria ser considerada a possibilidade de elevar o sinal para 3, “consoante a situação meteorológica”.

A aproximação do Haima fez com que, logo pelas 10h, tenha sido içado o sinal 1. Ainda de acordo com as informações conhecidas ao princípio da noite de ontem, a trajectória do tufão levava a crer que hoje se vai aproximar “da costa leste do Estuário do Rio das Pérolas e encaminhar-se para a província de Guangdong”. O tufão ficará mais perto de Macau “entre a tarde e a noite” de hoje. “É provável que cruze a região a cerca de 200 quilómetros a leste” do território, explicaram os SMG.

Quanto à previsão meteorológica para os próximos dias, o tempo será instável. “O céu vai apresentar-se muito nublado, havendo aguaceiros, às vezes muito fortes, acompanhados de vento muito forte”, dizem os serviços. “No fim-de-semana, vai afastar-se da região e, após atingir terra novamente, espera-se que o Haima fique mais fraco e os ventos enfraqueçam.” No sábado deverá chover, com aguaceiros ocasionais e vento com rajadas, mas para domingo são esperados períodos de sol.

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos aconselham à população que preste atenção e acompanhe as informações que vão sendo divulgadas, para que possam ser tomadas medidas preventivas.

Entretanto, o Instituto Cultural apelou ontem aos responsáveis de edifícios históricos e patrimoniais para estarem atentos às consequências da aproximação do tufão, para que possam ser tomadas as medidas de protecção necessárias.

Além do adiamento do Festival da Lusofonia para o próximo fim-de-semana – deveria começar hoje – há mais eventos a serem cancelados no território. O Fundo de Segurança Social decidiu desmarcar o “Dia de promoção do regime da segurança social 2016”, agendado para amanhã no Jardim do Mercado Municipal de Iao Hon. Há já uma nova data: vai realizar-se no dia 29. O mesmo acontece com o dia da abertura ao público da Assembleia Legislativa, que deveria acontecer estes sábado e foi adiado uma semana.

Também a organização da Feira Internacional de Macau tomou e divulgou medidas de prevenção que passam sobretudo pelas horas de abertura do certame a participantes e público em geral.

Ventos fatais

O Haima é descrito pelas agências internacionais de notícias como um dos tufões com maior força a atingir as Filipinas. A tempestade tropical fez, pelo menos, quatro vítimas mortais e destruiu casas, escolas e árvores de grande porte, tendo ainda arrasado zonas agrícolas, com estragos que estão ainda por calcular.

O super-tufão chegou ao país na quarta-feira à noite com ventos semelhantes aos sentidos por altura do tufão Haiyan, em 2013, que matou 7350 pessoas. O Haima atingiu sobretudo as cidades costeiras do Oceano Pacífico, com ventos de 225 quilómetros por hora e rajadas que chegaram aos 315 quilómetros.

Durante a noite, o tufão perdeu força e encaminhou-se para o Mar do Sul da China.

23 Out 2016

Duterte anuncia em Pequim separação dos Estados Unidos

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]odrigo Duterte decidiu em Pequim proclamar o distanciamento dos Estados Unidos, virando-se agora para a China como o principal parceiro na área dos negócios. As questões territoriais do Mar do Sul da China parecem, para já, ter passado para segundo plano

O presidente das Filipinas anunciou ontem, em Pequim, “a separação dos Estados Unidos”, aliado tradicional do arquipélago, e uma aproximação da China.

“Anuncio a minha separação dos Estados Unidos”, declarou Rodrigo Duterte durante um fórum económico, desencadeando os aplausos do público.

Duterte realiza uma visita de Estado de quatro dias à China, acompanhado por uma delegação de 400 membros.

O relacionamento entre os dois países registou, nos últimos anos, uma forte deterioração na sequência do diferendo sobre a soberania de ilhas no mar do Sul da China.

Rodrigo Duterte afirmou querer “adiar (este dossier) para outra altura” para dar prioridade à cooperação económica, e declarou na televisão chinesa procurar “a ajuda” do grande vizinho neste domínio.

Essa posição foi saudada pela China, cujo presidente, Xi Jinping, recebeu Duterte no Palácio do Povo, na praça Tiananmen.

“É importante tratar com diálogo e consultas bilaterais as divergências sobre a questão do Mar do Sul da China”, declarou Xi, citado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O chefe de Estado chinês afirmou estar pronto a “deixar temporariamente de lado as questões difíceis”.

Duterte qualificou a reunião com Xi Jinping de histórica: “Ela vai melhorar e desenvolver as relações entre os nossos dois países”, considerou.

A disputa territorial no mar do Sul da China (pelo atol de Scarborough ou ilhas do arquipélago das Spratly) tem inibido as relações bilaterais nos últimos anos.

A tensão agravou-se em 2012 depois de Pequim ter ocupado áreas que Manila considera parte da sua zona económica exclusiva. E, no ano seguinte, as Filipinas iniciaram um procedimento contra a China junto Tribunal de Arbitragem Permanente.

O tribunal internacional, com sede em Haia, deu razão às Filipinas em Julho último.

Apesar do veredicto favorável, Rodrigo Duterte, que tomou posse em Junho, decidiu deixá-lo de parte e reiniciar o diálogo bilateral com a China, tal como quer Pequim.

“As raízes dos nossos laços são muito profundas e não podem ser danificadas facilmente”, disse Duterte.

Marco histórico

O Presidente das Filipinas foi recebido com honras em Pequim pelo homólogo chinês, que qualificou a visita como um “marco” nas relações entre os dois países.

“Isto é verdadeiramente um marco para as relações sino-filipinas”, afirmou Xi Jinping, ao reunir-se com Rodrigo Duterte após a clássica cerimónia militar com a qual a China dá as boas-vindas aos líderes estrangeiros.

Após a recepção, reuniram-se com a única presença de um tradutor, no seu primeiro encontro oficial desde que Duterte tomou posse, em Junho, e deu, a partir de então, uma volta de 180 graus à política externa filipina.

Vamos ao que interessa

“Tudo o que quero são negócios”, disse o chefe de Estado filipino, numa conferência de imprensa, na noite de quarta-feira, em Pequim, acrescentando que não iria abordar com os líderes chineses a questão das tensões territoriais, a não ser que os próprios abordassem o tema, por “cortesia oriental”.

Após o encontro, Duterte e Xi testemunharam a assinatura de uma série de acordos de cooperação, com o líder filipino interessado sobretudo em empréstimos “brandos” que possam ser pagos “num calendário generoso”, reconheceu na mesma conferência de imprensa.

A visita de Duterte à China – a primeira que realiza ao estrangeiro à margem da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – reflecte o interesse do actual Presidente filipino em aproximar-se de Pequim, enquanto multiplica as críticas aos Estados Unidos, o seu principal parceiro comercial e de apoio no domínio da segurança no último século.

Criticado pelos Estados Unidos, UE e ONU pela campanha anti-criminalidade, que já fez mais de 3.700 mortos – indica uma contagem oficial – Duterte pode contar com o apoio da China.

Pequim “apoia o novo governo filipino na luta contra a droga, terrorismo e criminalidade, e está disposto a cooperar com Manila nestas questões”, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Duterte reuniu-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Dejiang.

23 Out 2016

Starbucks planeia abrir duas mil lojas na China em cinco anos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] rede americana Starbucks parece estar confiante no desenvolvimento dos negócios na China, aponta o site CNN Money. De acordo com o site, os planos da companhia são de abrir uma nova loja por dia na segunda maior economia do mundo nos próximos cinco anos, totalizando quase duas mil novas unidades no país.

O CEO da empresa Howard Schultz parece não estar preocupado com o facto da economia chinesa estar em no menor ritmo dos últimos 25 anos. “Penso que se olhar para os 45 anos de história da nossa companhia, uma das coisas que nós temos feito bem é planearmos sempre a longo prazo”, disse numa entrevista em Xangai.

A reportagem da CNN comenta que o Starbucks abriu a primeira loja na China há 17 anos, desacreditado pelo mercado que não acreditava que a operação resultaria. Actualmente, a expectativa é de que, eventualmente, a China supere os EUA como o maior mercado da empresa, sendo que já é o segundo.

“Uma das coisas que penso que temos feito muito bem é que temos investido significativamente acima da curva de crescimento em pessoas e em sistemas. Acabamos de terminar um fantástico ano na China onde os resultados foram mais fortes do que nunca”, comenta o executivo.

“Tanto numa cidade pequena como  numa grande cidade, pensamos que a maneira de ser bem sucedido é se as lojas são operadas pelo pessoal do Starbucks”, disse em referência a outras marcas americanas de alimentação que procuram parceiros de fora para cuidar das suas operações na China, como a McDonalds e o KFC. “Acreditamos que o futuro do Starbucks na China ainda está a  começar”.

23 Out 2016

Caso Crown | Detenção de funcionários da operadora com impacto em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] detenção de 18 funcionários da Crown Resorts poderá ser um aviso aos casinos explorados por estrangeiros, mas está também a perturbar os negócios de Macau, escreve a Bloomberg, num longo artigo sobre os acontecimentos dos últimos dias. Os promotores locais de jogo pensam agora duas vezes antes de passarem a fronteira

É um caso em que teoria e prática poderão não estar em consonância. A detenção dos trabalhadores da empresa australiana no final da passada semana não deveria afectar os casinos de Macau e poderia até contribuir para um escrutínio mais rigoroso de quem entra na China. Mas, escreve a agência Bloomberg, um olhar mais atento por parte do Governo Central não é aplaudido por uma indústria que sofreu consequências directas da campanha contra a corrupção levada a cabo por Pequim nos últimos anos.

Poucas horas depois de se ter ficado a saber da detenção dos 18 funcionários da Crown, pelo menos três promotores do jogo de Macau – que pediram para não serem identificados – disseram ter cancelado encontros com apostadores VIP da China Continental.

O sector do jogo, que atravessou dois anos de quedas consecutivas, tem apresentado sinais de retoma. Para a Bloomberg, resta agora saber se esta ligeira recuperação tem condições para resistir a uma atenção renovada das autoridades pelos operadores que têm o mercado de apostadores no Continente. “O incidente da Crown está a gerar preocupação no mercado de Macau”, afirmou Ben Lee, gestor da empresa de consultoria IGamiX. “Prevê-se uma diminuição dos segmentos VIP e premium.”

As autoridades chinesas não deram detalhes sobre o caso dos funcionários detidos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros limitou-se a dizer que são suspeitos de crimes relacionados com apostas, ao abrigo da lei do país. O jogo é ilegal na China mas, nas proibições relacionadas com a actividade, incluem-se também a promoção de apostas e a tentativa recuperação de dinheiro em dívida, crimes que podem ser punidos com pena de prisão.

A história dos funcionários da Crown teve impacto imediato na bolsa de Hong Kong. Ainda assim, para a JPMorgan Chase é pouco provável que, a médio prazo, os casinos de Macau saiam prejudicados. O analista DS Kim recorda, numa nota, que “não houve um impacto significativo nos mercados VIP ou premium depois dos incidentes dos casinos coreanos, no ano passado”. “Não vemos por que razão o caso australiano possa ser diferente”, remata.

As próximas semanas vão determinar se as detenções no universo da Crown vão ter um efeito mais alargado. Os casinos de Macau deverão adoptar medidas de contenção no que diz respeito às viagens, para o outro lado da fronteira, de funcionários da área do marketing, que ajudam também na transferência de fundos. Para evitarem problemas, continua a agência, os junkets avisaram já que não vão ao encontro de jogadores na província de Guangdong e em Xangai, alterando assim os planos que tinham para as próximas semanas.

“É quase certo que Macau vai sentir, nestes primeiros tempos, algumas pressões em termos operacionais”, comentou o analista Jamie Soo, da Daiwa Capital Markets de Hong Kong. “Não se sabe quanto tempo durará este impacto porque depende dos próximos passos que a China der.”

Lá fora como aqui

O caso Crown não vai ter repercussões apenas em Macau – também a concorrência deverá dar um passo atrás nas acções de marketing na China, com consequências para as receitas do sector VIP, assinala o especialista da JPMorgan. Os casinos da Coreia do Sul, das Filipinas e de Singapura, acrescenta DS Kim, deverão ter dificuldade em angariar novos jogadores.

As autoridades chinesas detiveram operadores de dois casinos sul-coreanos em Junho do ano passado. Os 13 funcionários foram entretanto libertados, depois de terem cumprido penas de prisão.

As detenções recentes também contribuem para um clima de incerteza em relação aos negócios do milionário australiano James Packer, incluindo o modo como vai gerir a questão do casino de Macau. A ideia inicial seria isolar o australiano Crown do resto do grupo, por causa dos resultados obtidos na RAEM. A Crown ainda detém 30 por cento da Melco Crown, cotada na NASDAQ.

20 Out 2016

Global Media | Novo administrador garante conteúdos e funcionários

A Global Media vai manter conteúdos e funcionários. A informação é dada directamente pelo actual administrador da empresa, Kevin Ho que adianta ainda a integração do semanário local “Plataforma” no grupo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] administrador da empresa de Macau KNJ, que a partir de Março controlará 30% da Global Media, detentora do DN, JN e TSF, garantiu ontem que o conteúdo dos “media” do grupo não sofrerá alterações e não haverá despedimentos.

“O conteúdo não será afectado. O departamento editorial é sempre independente, nunca iremos afectar o lado editorial”, disse Kevin Ho, questionado sobre os seus planos para o grupo que inclui o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF.

Também no que toca à cobertura de assuntos relacionados com a China, o empresário negou qualquer restrição.

“Estamos a investir numa empresa porque acreditamos nas suas actividades “core”. A Global Media é uma empresa de reputação em Portugal. E, acima de tudo, somos de Macau. Macau faz parte da China, mas nós não somos um fundo da China”, afirmou, à margem do Fórum de Jovens Empreendedores da China e Países de Língua Portuguesa, em Macau.

Voltando a sublinhar que o primeiro grande objectivo da KNJ é investir em ‘novos media’, Ho assegurou que tal será feito sem alterar o funcionamento base do grupo.

“As operações vão continuar a ser geridas pelos profissionais existentes”, disse, indicando também que não há planos para despedimentos, tendo em conta a reestruturação da empresa que, em 2014, concluiu um processo de despedimento colectivo que levou à saída de 134 pessoas.

Ainda assim, a injecção de 17,5 milhões de euros da KNJ vai reflectir-se na nomeação de membros para o conselho de administração e a comissão executiva.

Contra, mas nem tanto

O empresário confirmou que houve alguma resistência dos actuais accionistas do grupo à entrada da KNJ, mas “não tanta quanto foi noticiado”. “Não estavam era completamente esclarecidos sobre qual era a nossa intenção. Expliquei os meus planos e garanti que não vamos afectar as operações”, disse.

A ideia, afirmou Ho, é trazer a Global Media aos seus “tempos de glória” com um plano a dez anos que está actualmente a ser elaborado em conjunto com os outros accionistas e que será focado, numa primeira fase, na migração para os meios digitais, e numa segunda, numa expansão para outros países de língua portuguesa.

“Como investidor de Macau, e tendo em conta que a Global Media já tem um investidor angolano, António Mosquito, é natural expandir para os países de língua portuguesa. Esta será uma boa jogada em termos empresariais e para mim, como cidadão de Macau e da China”, explicou, apontando em particular para Angola e Brasil.

Quanto ao investimento em “novos media”, Ho frisou que se trata de seguir uma tendência global e criar valor acrescentado: “Vamos sempre ter jornais. Não somos nós que queremos que a empresa tenha só jornais digitais, mas é a tendência do mundo. Temos de nos adaptar à tendência para poder crescer”.

Sobre o papel de Macau, o empresário – que é sobrinho do antigo chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, e director do banco Tai Fung, voltou a falar da criação de um centro, mas não adiantou pormenores, indicando apenas que, por agora, o plano não é estabelecer meios de comunicação em Macau.

“Não vamos ter aqui um jornal”, afirmou, abrindo no entanto a possibilidade de integrar no grupo o semanário de Macau Plataforma, dirigido pelo jornalista Paulo Rego, o mediador das negociações entre a KNJ e a Global Media.

20 Out 2016

Hong Kong | Deputados pró-independência impedidos de prestar juramento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] parlamento de Hong Kong viu-se ontem envolto em caos quando membros da ala pró-Pequim impediram o juramento de tomada de posse de dois dos novos deputados, favoráveis à independência da cidade.

O conflito surge numa altura em que são crescentes os receios de um ‘cerco’ de Pequim à região administrativa especial, com maior controlo sobre as liberdades de que a cidade goza, a par com Macau, e que não existem no resto da China.

Quando os novos deputados Yau Wai-ching e ‘Baggio’ Leung iam iniciar o seu juramento, membros do campo pró-Pequim abandonaram o hemiciclo. Os deputados do Conselho Legislativo (LegCo) de Hong Kong fizeram o seu juramento na semana passada, mas o destes dois não foi considerado válido, já que os jovens adicionaram palavras, dizendo, por exemplo, que se comprometiam a servir a “nação de Hong Kong”.

A saída da sala dos deputados pró-Pequim fez com que a sessão fosse cancelada, impedindo Yau e Leung de prestarem o juramento, que lhes permite assumirem os assentos que venceram nas urnas.

Confusão instalada

Após a saída dos deputados, geraram-se acesas discussões, com o deputado da Liga dos Sociais-Democratas Leung Kwok-hung, também conhecido por “Long Hair”, a atirar um pedaço de carne processada aos seus opositores. Outro deputado pró-democracia foi rodeado por seguranças depois de virar ao contrário as bandeiras da China e de Hong Kong colocadas nas mesas dos deputados pró-Pequim.

Por seu lado, estes deputados gritaram “Peçam desculpa!”, dirigindo-se a Yau e Leung.

Na semana passada, quando prestaram pela primeira vez juramento (não aceite), os dois jovens envergaram uma bandeira com as palavras “Hong Kong não é China”.

Ambos prestaram depois o juramento por inteiro, em inglês, mas recusaram-se a pronunciar “China” correctamente.

Os dois tiveram permissão para voltar a prestar juramento ontem, mas a sessão foi cancelada devido ao número insuficiente de deputados no hemiciclo.

“Se querem que as pessoas respeitem os seus juramentos, têm de expressar arrependimento em relação ao seu comportamento na semana passada e pedir desculpa a todos os chineses, em todo o mundo”, disse a deputada pró-Pequim, Priscilla Leung.

Yau e Leung disseram desejar completar o seu juramento, mas recusaram-se a pedir desculpa.

20 Out 2016

Grupo sul-coreanos vai processar Samsung por causa do Galaxy Note 7

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de 38 pessoas que comprou o ‘smartphone’ Galaxy Note 7, que tem problemas de segurança, na Coreia do Sul vai apresentar uma queixa colectiva contra o fabricante, a Samsung Electronics.

Cada uma reclama uma compensação de 300.000 wones (243 euros) pela perda do serviço decorrente dos problemas que afectaram o novo modelo da Samsung obrigando a empresa a deixar de o fabricar e a pedir aos consumidores que parem de o usar por motivos de segurança, indicou o escritório de advocacia que representa o grupo à agência noticiosa espanhola Efe.

Na acção, que vai ser interposta junto de um tribunal de Seul no próximo dia 24, alega-se ainda que os problemas causaram ansiedade aos clientes que se viram obrigados a recorrer, por diversas vezes, ao apoio técnico para verificar os seus dispositivos ou trocá-los.

Em face da jurisprudência que existe ao nível deste tipo de acções relacionadas com produtos defeituosos na Coreia do Sul é elevada a probabilidade de a queixa ser bem-sucedida.

<h4>Outras queixas</h4>

Os meios de comunicação social norte-americanos informaram da existência de uma acção idêntica movida por um grupo de pessoas que comprou o Galaxy Note 7 contra o gigante tecnológico sul-coreano.

A Samsung anunciou na semana passada a suspensão da produção do Galaxy Note 7 e parou as vendas do modelo, lançado há apenas dois meses no mercado, em todo o mundo.

A decisão foi uma tentativa de travar uma bola de neve que não tem parado de crescer desde o alerta recente do regulador norte-americano dos consumidores para o perigo potencial.

Os clientes do Note 7 em todo o mundo vão poder reaver o dinheiro dos aparelhos ou reinvesti-lo na aquisição de quaisquer outros modelos da empresa.

A Samsung recolheu há pouco mais de um mês 2,5 milhões unidades do Note 7 em dez mercados em todo o mundo, numa reacção a queixas dos consumidores de que a bateria de íon-lítio explodia quando recarregava.

A empresa divulgou, também na semana passada, uma estimativa de perdas superiores a três mil milhões de dólares nos próximos dois trimestres devido aos problemas com o ‘smartphone’ Galaxy Note 7.

O caso golpeou de tal modo a imagem da marca do maior fabricante mundial de ‘smartphones’ que alguns analistas acreditam que o caso pode mesmo afectar a sua quota de mercado no sector da telefonia móvel.

20 Out 2016

Indonésia | Defendida castração química acabar com pedofilia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Indonésia, Joko Widodo, defendeu o uso da castração química como método para “varrer” do país os crimes sexuais, incluindo a pedofilia, numa entrevista transmitida ontem pela cadeia televisiva britânica BBC.

“Na minha opinião, a castração química, se aplicada de forma consistente, reduzirá os crimes sexuais e com o tempo varrê-los-á”, defendeu.

O parlamento indonésio aprovou, na semana passada, uma nova legislação que endurece as penas para os crimes de violência sexual contra menores, que incluem a pena de morte.

A reforma foi adoptada apesar de metade do hemiciclo a ter rejeitado e das objecções éticas levantadas por associações de médicos.

O Presidente indonésio advertiu que se os médicos recusarem levar a cabo a castração, a justiça poderá recorrer a médicos militares para a realizar.

“A nossa Constituição respeita os direitos humanos mas quando se trata de crimes sexuais não pode haver concessões. Vamos ser duros e muito firmes”, afirmou Widodo.

Widodo propôs a mudança legislativa em Maio depois de uma menina de 14 anos ter sido vítima de uma violação colectiva e, posteriormente, assassinada numa escola da ilha de Samatra.

O caso desencadeou manifestações de activistas e incendiou as redes sociais com apelos para endurecer as penas para os crimes de pedofilia.

Widodo tomou posse como Presidente da Indonésia em Outubro de 2014, depois de ganhar as eleições de Março desse ano, graças à sua imagem de político limpo e reformista.

Conserva uma elevada popularidade no país, apesar de a sua imagem a nível internacional se ter deteriorado após ter retomado as execuções de presos condenados por narcotráfico, a maioria do quais estrangeiros, depois de anos de uma moratória de facto.

20 Out 2016

Duterte elogia  a China durante visita a Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, elogiou ontem a China em Pequim, expressando a vontade de pôr de lado um espinhoso diferendo marítimo bilateral e de se afastar dos Estados Unidos.

“A China está bem. Nunca invadiu um único objectivo do meu país durante todas estas gerações”, declarou em conferência de imprensa Duterte, cujo país foi uma colónia norte-americana até 1946.

O polémico chefe de Estado filipino falou também longamente sobre as intervenções norte-americanas em todo o mundo, nomeadamente no Iraque, em 2003.

“Durante a Guerra Fria, a China foi apresentada como a má da fita, e durante todos esses anos, o que lemos nos manuais escolares era apenas propaganda fabricada pelo Ocidente”, sustentou.

Duterte, que efectua uma visita de Estado de quatro dias à China, explicou que foi procurar ajuda económica de Pequim. Manila está a levar a cabo uma espectacular aproximação diplomática ao gigante asiático, em detrimento de Washington.

“Venho pedir a vossa ajuda”, disse o responsável filipino numa entrevista à televisão pública chinesa CCTV, ontem transmitida.

“A única esperança económica das Filipinas é a China”, insistiu.

As Filipinas são um dos mais fiéis aliados de Washington na Ásia. Os dois países estão ligados por um tratado de defesa mútua.

Mas desde que assumiu o cargo, no final de Junho, Duterte tem-se feito declarações que colocam em causa as opções de política externa do seu país, virando-se para a China e a Rússia.

Criticou várias vezes duramente Washington e o Presidente norte-americano, Barack Obama, cancelou patrulhamentos conjuntos com os Estados Unidos no mar da China meridional (uma zona disputada entre Manila e Pequim) e repetiu que não fará mais manobras militares conjuntas com os norte-americanos.

Uma radical mudança de posição em relação à do seu antecessor Benigno Aquino, que obteve em Julho de um tribunal internacional de arbitragem a condenação das pretensões chinesas no mar da China meridional, onde Pequim disputa a soberania de muitas ilhotas a países costeiros (Vietname, Filipinas, Brunei e Malásia).

Mas Duterte, que chegou ao poder pouco antes do veredicto, não mostrou qualquer intenção de lhe dar seguimento.

“A sentença arbitral dá-nos o direito. A China tem o direito histórico. Devemos combater-nos, ou apenas discutir? Eu diria: deixem-nos adiar isto para outra altura”, declarou.

Bem-vindo sr. Presidente

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, saudou o avanço para uma resolução do diferendo “pela consulta e pelo diálogo”.

“Eis como dois vizinhos amigáveis devem tratar-se mutuamente”, sublinhou.

Um sinal do estreitamente de relações entre os dois países é o facto de Rodrigo Duterte ter direito a todas as honras durante a sua visita, que terminará na sexta-feira.

Acolhido à saída do avião, na terça-feira à noite, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, o chefe de Estado filipino será recebido esta quinta-feira pelo Presidente, Xi Jinping, e pelo primeiro-ministro, Li Keqiang.

20 Out 2016

Preços do Turismo mantêm tendência de queda

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s preços dos produtos turísticos em Macau voltaram a cair no terceiro trimestre, tendência que se mantém desde há um ano, de acordo com dados oficiais divulgados ontem.

O Índice de Preços Turísticos (IPT) caiu 3,5 por cento, em comparação com o mesmo período de 2015. Os Serviços de Estatística e Censos atribuem a contracção, “principalmente, à redução dos preços do alojamento em hotéis e dos bilhetes de avião”.

Os preços do alojamento caíram 15,45 por cento e os dos “transportes e comunicações” desceram 14,45 por cento por cento, comparando com o período homólogo do ano passado.

O IPT caiu pela primeira vez desde 2003, na comparação anual, no terceiro trimestre do ano passado.

Apesar da queda contínua desde há um ano, em termos homólogos, no terceiro trimestre deste ano o IPT subiu 1,33 por cento em relação aos três meses anteriores (Abril a Junho últimos).

No mês passado já se tinha sabido que os lucros da indústria hoteleira do território em 2015 se situaram nos 2,76 mil milhões de patacas, menos 44,4 por cento comparativamente ao ano anterior.

As receitas do sector dos hotéis e similares atingiram 26,04 mil milhões de patacas em 2015, uma queda de 6,6 por cento.

A directora dos Serviços de Turismo de Macau desvalorizou esta queda nas receitas da hotelaria, destacando que está a aumentar o número de hóspedes e o tempo de estadia na cidade.

“O número de hóspedes tem subido e o número de pessoas a pernoitar em Macau também subiu”, disse Helena Senna Fernandes, sublinhando que em Junho e Julho deste ano, ao contrário do que é frequente, o número de turistas “que ficaram mais do que um dia em Macau” foi maior do que o de pessoas que visitaram a cidade em menos de 24 horas.

Senna Fernandes sublinhou que abriram novos hotéis em Macau e, “com mais quartos disponíveis”, o preço dos quartos, naturalmente, baixa. “Ao mesmo tempo, a taxa média de ocupação está na ordem dos 80 por cento (…). Se calhar estivemos muito acostumados a taxas de ocupação na ordem dos 90 por cento, mas acho que não há muitos destinos no mundo que tenham este tipo de taxa de ocupação”, afirmou, acrescentando que “tem de haver equilíbrio entre os preços dos quartos e a taxa de ocupação”.

19 Out 2016

Habitação | Preço médio do metro quadrado desceu 2,1 por cento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] península de Macau é a zona do território onde as casas estão cada vez mais acessíveis. Os valores desceram em Setembro e há mais compradores interessados

O preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu, no mês passado, 81.769 patacas, traduzindo uma diminuição ligeira face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais divulgados esta semana.

Estatísticas disponibilizadas no portal dos Serviços de Finanças, respeitantes às transacções de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo, indicam que o preço médio do metro quadrado sofreu uma descida de 2,1 por cento em termos anuais e de 1,2 por cento em termos mensais.

Já o número de fracções transaccionadas registou uma subida de 49,8 por cento face a igual mês do ano passado – com 934 casas vendidas contra 466 – reflectindo ainda um crescimento face a Agosto, mês em que foram transaccionadas 745.

Das três áreas de Macau, a península foi a única que registou uma queda do preço médio do metro quadrado – o valor caiu de 80.993 para 77.432 patacas – e aquela onde se verificou o maior número de transmissões.

O preço das casas manteve-se em alta na ilha de Coloane, com o valor médio a atingir 106.803 patacas, o mais elevado das três zonas, onde foram vendidas em Setembro apenas 21 fracções (menos três relativamente a 2015).

Já na ilha da Taipa, aumentaram, em termos anuais homólogos, tanto os preços das casas, como o número de vendas (de 70 para 185).

Desde a liberalização de facto do jogo em Macau, em 2004, o sector imobiliário tem estado sempre em alta. No entanto, os preços começaram a cair no início de 2015, registando desde então flutuações. O preço médio do metro quadrado das casas em Macau caiu 13 por cento no ano passado face a 2014.

19 Out 2016

Aniversário | Pequim celebra 80 anos desde o fim da Longa Marcha

A China celebra este mês, com séries de televisão, documentários ou exibições, 80 anos desde o fim da Longa Marcha, a epopeia que consagrou o Partido Comunista Chinês (PCC) e o seu líder Mao Tse-Tung

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]erante o cerco do exército da República da China, então controlada pelo Partido Nacionalista Kuomintang (KMT), os guerrilheiros comunistas empreenderam, a partir de Outubro de 1934, uma travessia de 6.000 quilómetros.

Durante essa retirada, que começou no sul da China e terminou em Yanan, aldeia do norte onde os comunistas estabeleceram uma base a partir da qual conquistariam o país, morreram mais de 90% dos combatentes.

O aniversário tem sido celebrado ao longo deste mês, com a difusão diária de notícias e artigos assinados, séries de televisão, programas de rádio, concertos ou exibições, que exaltam o heroísmo dos fundadores do PCC e a necessidade de o país realizar uma “nova Longa Marcha”.

“A China está no início de uma nova Longa Marcha, rumo ao rejuvenescimento da nação chinesa”, proclamou o jornal oficial do PCC, o Diário do Povo, num editorial assinado no início deste mês.

A agência oficial Xinhua destacou ainda a “inteligência e vontade” daquela epopeia como inspiração para o mundo e a China de que se pode “tornar possível o impossível”.

Deixem-me sonhar

O Presidente chinês, Xi Jinping, celebrou a ocasião com visitas a museus na região de Ningxia, noroeste da China, e em Pequim.

O líder chinês afirmou que o partido tem de adoptar o espírito daquela marcha, para alcançar o “sonho chinês” de rejuvenescimento da nação e o objectivo de construir uma “sociedade moderadamente confortável”, até 2021, quando o PCC celebra 100 anos desde a fundação.

“Nós, a nova geração, devemos concretizar a nossa Longa Marcha”, disse.

Evocar a lenda é “uma lembrança para todos de que o partido, de facto, significou e significa algo”, apesar de ter perdido o “propósito e legitimidade”, afirmou à agência France Presse Trey McArver, analista político na Trusted Sources, em Londres.

As referências de Xi à Longa Marcha reflectem o seu desejo de canalizar a autoridade de Mao, disse à AFP Liu Tong, historiador na Universidade de Jiaotong, em Xangai.

A administração da China tornou-se mais centrada na figura do líder, desde que Xi ascendeu ao poder, um estilo que se “assemelha ao de Mao em muitos aspectos”, afirmou o historiador, acrescentando que celebrar a Longa Marcha relaciona Xi com o “símbolo de triunfo dos comunistas”.

19 Out 2016